Got a Salina

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  • Projeto de iniciao didtica

    REPRODUO DA EXPERINCIA DA GOTA SALINA

    Relatrio final

    Bolsista: EVELIN BARBOSA e-mail:[email protected]

    Orientadora: Prof. Maristhela Passoni de Arajo Marin Departamento de Engenharia Qumica - FEI

    e-mail: [email protected] Colaborador: Prof. Dr.Rodrigo Magnabosco

    Departamento de Engenharia Mecnica - FEI e-mail: [email protected]

    Maro/2004

  • 1

    RESUMO

    O presente trabalho procura estudar a natureza eletroqumica da corroso de

    ferro em meio aquoso, reproduzindo a experincia da gota salina de Evans, realizada em

    1926, uma experincia clssica que ilustra de forma clara as reaes eletroqumicas num

    processo corrosivo. Este estudo foi realizado atravs da caracterizao da forma e

    superfcie aparente das regies andica e catdica numa superfcie finamente polida de

    ao baixo-carbono, aps adicionar uma gota de mistura entre as solues 3,5% em

    massa de NaCl, 3,5% em massa de NaCl aerada, 3,5% em massa de KCl, 1N em

    Na2SO4 e 0,5M em CuSO4 e o indicador de corroso ferroxil (mistura de fenolftalena e

    ferricianeto de potssio). Atravs dos experimentos, observou-se que as regies catdica

    e andica se caracterizam em tempos bem definidos para misturas com as solues de

    NaCl, NaCl aerada, KCl e Na2SO4 e que as reaes eletroqumicas que ocorrem so

    facilmente identificadas, o que implica na existncia de reprodutibilidade para o

    experimento com estas solues. J para a soluo de CuSO4, verifica-se que ocorre

    deposio de cobre, no havendo utilidade, portanto, a presena do indicador ferroxil.

  • 2

    I. OBJETIVOS

    O principal objetivo deste trabalho foi caracterizar a forma e superfcie aparente

    das regies andica e catdica numa superfcie finamente polida de ao baixo-carbono,

    aps adicionar uma gota de misturas entre solues 3,5% em massa de NaCl, 3,5% em

    massa de NaCl aerada, 3,5% em massa de KCl, 1N em Na2SO4 e 0,5M em CuSO4 e o

    indicador de corroso ferroxil (mistura de fenolftalena e ferricianeto de potssio).

    Pretendeu-se ainda, com este projeto, descrever a implementao de nova experincia

    nas aulas de Qumica Tecnolgica II (QC 622), em que o enfoque o processo

    corrosivo de diferentes materiais metlicos em diversos meios corrosivos e a proteo

    contra corroso das superfcies metlicas.

    II. REVISO BIBLIOGRFICA

    Os processos de corroso so considerados reaes qumicas heterogneas ou

    reaes eletroqumicas que se passam geralmente na superfcie de separao entre o

    metal e o meio corrosivo. Considerando-se como oxidao-reduo todas as reaes

    qumicas que consistem respectivamente em ceder ou receber eltrons, pode-se afirmar

    que os processos de corroso so reaes de oxidao dos metais, isto , o metal age

    como redutor, cedendo eltrons que so recebidos por uma substncia, o oxidante,

    existente no meio corrosivo. [GENTIL, 1996]

    Essa transferncia de eltrons pode ocorrer atravs de um mecanismo qumico,

    chamado corroso qumica, ou atravs de um mecanismo eletroqumico, chamado

    corroso eletroqumica. No primeiro caso, a transferncia de eltrons se faz diretamente

    entre as duas espcies qumicas envolvidas. O doador e o receptor de eltrons situam-se

    no mesmo ponto da superfcie do metal. So exemplos [GEMELLI,2001]:

  • 3

    Corroso por um gs na ausncia de camada protetora;

    Corroso em solues no-aquosas (alguns solventes orgnicos);

    Corroso de materiais no-metlicos.

    Na corroso eletroqumica, os eltrons so transferidos indiretamente, ou seja,

    so conduzidos atravs da superfcie do slido (metal ou filme) at um ponto onde so

    recebidos pelo elemento do meio (oxidante). Nesse caso, o doador e o receptor

    encontram-se em lugares diferentes. Esse processo faz com que haja a gerao de

    corrente eltrica na interface slido/meio corrosivo. A regio onde ocorre oxidao

    chamada de nodo e aquela em que os eltrons so consumidos denomina-se ctodo. A

    maioria das reaes de corroso abaixo listadas ocorre por um processo eletroqumico

    [GEMELLI,2001]:

    Corroso por solues aquosas;

    Corroso por um gs em presena de uma camada de corroso (filme);

    Corroso atmosfrica;

    Corroso no solo.

    Um conceito importante quando se trata de processos de corroso o de

    potencial de eletrodo, que mostra a tendncia de uma reao se passar no eletrodo, isto

    , d a medida da facilidade com que os tomos do eletrodo metlico perdem eltrons

    ou da facilidade com que os ons recebem eltrons. Evidentemente, a medida de um

    potencial no pode ser realizada sem um valor de referncia ou de um potencial padro.

    Pode-se medir o potencial de um eletrodo ligando-o a um voltmetro e tomando um

    segundo eletrodo como referncia. Devido diferena de potenciais desses eletrodos,

    haver um fluxo de eltrons do eletrodo de maior potencial para o outro. Assim, valores

    relativos de potenciais podem ser determinados experimentalmente usando-se o eletrodo

  • 4

    padro, ou normal de hidrognio, que foi escolhido como referncia e, arbitrariamente,

    fixado como tendo potencial zero. [GENTIL, 1996]

    O potencial de eletrodo padro de um elemento , ento, a diferena de potencial

    expressa em Volt entre o elemento e uma soluo 1M de seus ons em relao ao

    eletrodo normal de hidrognio. A tabela II mostra alguns dos potenciais de eletrodos

    padro.

    Tabela I: Trecho da Potenciais de Eletrodos Padro [GENTIL, 1996, p.19] Potencial de Oxidao

    E0(V) Reao do Eletrodo Potencial de Reduo

    E0(V) Soluo Aquosa cida

    +2,925 K+ + e K -2,925 +2,870 Ca2+ + 2e Ca -2,870 +2,714 Na+ + e Na -2,714 +2,370 Mg2+ + 2e Mg -2,370 +1,660 Al3+ + 3e Al -1,660 +1,630 Ti2+ + 2e Ti -1,630 +1,180 Mn2+ + 2e Mn -1,180 +0,740 Cr3+ + 3e Cr -0,740 +0,440 Fe2+ + 2e Fe -0,440 +0,410 Cr3+ + e Cr2+ -0,410 +0,403 Cd2+ + 2e Cd -0,403 +0,277 Co2+ + 2e Co -0,277 +0,250 Ni2+ + 2e Ni -0,250 +0,126 Pb2+ + 2e Pb -0,126 0,000 2 H+ + 2e H2 0,000 -0,337 Cu2+ + 2e Cu +0,337 -0,521 Cu+ + e Cu +0,521 -0,799 Ag+ + e Ag +0,799 -1,980 Ag2+ + 2e Ag +1,980

    Na prtica no sempre possvel ter-se as concentraes inicas das espcies

    presentes iguais a 1M ou atividade unitria. Assim sendo, tem-se valores de potenciais

    diferentes dos apresentados na tabela de potenciais padro. Para determinao desses

    novos potenciais, emprega-se a equao desenvolvida por Nernst:

  • 5

    E = E0 a

    aln Fn T R

    oxid Est.

    red Est. ou E = E0 +

    a

    aln Fn T R

    red Est.

    oxid Est.

    Sendo:

    E: potencial observado;

    E0: potencial padro;

    R: constante dos gases perfeitos;

    T: temperatura, em graus Kelvin;

    n: nmero de eltrons envolvidos;

    F: constante de Faraday;

    aEst. Red. : atividade do estado reduzido do eletrodo

    aEst. Oxid.: atividade do estado oxidado do eletrodo

    Para fins prticos, usam-se os valores

    R= 8,314 J.K-1.mol-1

    T=298 K (25C a temperatura mais utilizada para medidas eletroqumicas)

    F= 96500 coulombs

    e transforma-se o logaritmo neperiano em logaritmo decimal, introduzindo-se o

    fator 2,303. Assim, escreve-se a equao de Nernst da seguinte forma:

    E = E0 a

    a log

    n

    0,0591oxid Est.

    red Est. ou E = E0 +

    a

    a log

    n

    0,0591oxid est.

    red Est.

    Sabe-se que a quantidade mxima de energia que se pode obter de uma reao

    qumica, sob forma de energia eltrica, igual variao da energia livre da reao.

    Termodinamicamente se prova que o potencial de oxidao (E) de um eletrodo,

    funcionando reversivelmente, est relacionado com a variao de energia livre de Gibbs

    (G) do sistema da seguinte forma:

    E0 < 0 G0 > 0 : reao no-espontnea

  • 6

    E0 > 0 G0 < 0 : reao espontnea

    Deve-se levar em considerao, porm, que um valor negativo de G mede

    somente a espontaneidade de uma reao e no a velocidade dessa reao. Assim, um

    valor de G muito negativo pode ou no ser acompanhado de uma velocidade elevada

    de reao, podendo esta ser rpida ou lenta dependendo de vrios fatores. Entretanto,

    pode-se, com certeza, afirmar que a reao no se passa nas condies estipuladas se o

    valor de G for positivo.

    A corroso eletroqumica pode ocorrer sempre que existir heterogeneidade no

    sistema material metlico-meio corrosivo, pois a diferena de potencial resultante

    possibilita a formao de reas andicas e catdicas [GENTIL,1996].

    A aerao diferencial, um dos casos mais comuns de heterogeneidade existente,

    origina-se onde, devido geometria do sistema ou outros fatores, mais oxignio difunde

    para algumas partes em relao s outras. Sob estas circunstncias, a concentrao do

    oxignio ser maior em uma parte do sistema do que na outra, e pode levar corroso

    localizada. Regies do metal em contato com soluo contendo uma maior concentrao

    de oxignio geralmente tornam-se o ctodo, e as regies em contato com uma

    concentrao mais baixa (ou zero) de oxignio geralmente tornam-se o nodo da clula

    de corroso. Pourbaix, por outro lado, mostrou que o princpio da aerao diferencial

    aplicvel apenas a certos valores de pH. Quando o pH em ambas as zonas, aeradas e no

    aeradas, menor que 8, a velocidade de corroso em ambas as zonas aumenta, enquanto

    que, se o pH for entre 8 e 10, as regies em contato com a soluo contendo uma maior

    concentrao de oxignio tornam-se passivas e atuam como um ctodo.

    [RAMANATHAN]

    As experincias clssicas realizadas por Evans com gotas de cloreto de sdio (ou

    de potssio) e de sulfato de sdio (ou de potssio) sobre chapas horizontais de ao ou

  • 7

    zinco so, sem dvida, os exemplos mais simples que mostram a corroso por aerao

    diferencial quando ocorre passivao do metal nas regies deste em contato com a

    soluo aerada.

    Uma das experincias realizadas por Evans que teve seus resultados publicados

    em um artigo de 1926, aquela onde sobre uma chapa de ao, previamente limpa,

    colocada uma soluo de cloreto de sdio contendo o indicador ferroxil (mistura de

    fenolftalena e ferricianeto de potssio).

    No incio ocorre a corroso generalizada do ferro em contato com a gota, uma

    vez que a concentrao de oxignio uniforme. Observa-se, assim, pequenas reas

    rseas onde ocorre a reao catdica com produo de ons hidroxila, alcalinizando o

    meio nestes locais. A cor rsea da fenolftalena ocorre em pH=8, acusando a

    alcalinizao, sendo esta suficiente para passivar o ao. Observa-se, ainda, outras

    pequenas reas de colorao azul, indicativa da presena de ons de ferro (Fe2+). A cor

    azul, azul da Prssia, devida formao de ferricianeto ferroso. [PANOSSIAN,1993]

    Segundo EVANS [1926], 2 a 4 minutos aps colocar uma gota de uma mistura

    entre o indicador ferroxil e uma soluo de cloreto de sdio, surge uma regio central

    azul envolvida por uma regio rosa na periferia. Isso indica que a poro perifrica,

    onde o oxignio tem mais acesso, catdica, enquanto o centro andico, onde o ferro

    est passando para a soluo.

    Em solues aproximadamente neutras, a reao de reduo do gs oxignio a

    nions hidroxila termodinamicamente e cineticamente favorvel. Metais menos

    reativos, como o ferro, so estveis em solues aproximadamente neutras e sem

    oxignio. Em solues cidas, os ons desse metal so termodinamicamente estveis,

    enquanto em solues neutras (ou aproximadamente neutras), os xidos do metal so

    estveis.[RAMANATHAN]

  • 8

    A reao de reduo do oxignio tambm ocorre em etapas, uma das quais

    torna-se determinante da velocidade:

    a) Transferncia de oxignio atravs da interface soluo/ atmosfera.

    b) Transferncia de oxignio atravs da soluo por conveco ou por difuso

    para regies na soluo prximas superfcie metlica.

    c) Transporte de oxignio para a interface soluo/ metal.

    d) Transferncia de carga na superfcie do eletrodo.

    Geralmente, a etapa (d) determinante da velocidade quando o suprimento de

    oxignio para a superfcie metlica rpido, de outro modo a difuso do oxignio

    determinante da velocidade.[RAMANATHAN]

    Segundo WEST (1970, p. 58-62) pode ocorrer a reao de reduo do gs

    oxignio a nions hidroxila segundo a reao:

    O2 + 2H2O + 4e 4OH- (eq. II.1)

    Apesar de ANTROPOV (1972, p.442-51) tratar deste fenmeno atravs da

    reao andica, ou seja, como a oxidao dos nions hidroxila a gs oxignio pode-se

    assumir como vlidas as reaes inversas (reduo do gs oxignio a nions hidroxila).

    Assumindo como vlida, para solues alcalinas, a equao II.1 j descrita, o autor

    destaca inmeros mecanismos possveis, uma vez que a presena de quatro eltrons

    nesta reao possibilitam a formulao de diversas etapas diferentes. Tais mecanismos

    esto descritos na Tabela II.

  • 9

    Tabela II: possveis mecanismos para a evoluo de oxignio em solues alcalinas, modificada para reao catdica (ANTROPOV, 1972, p.447)

    Mecanismo Etapas

    I

    O2 2 O

    2 O + 2e 2 O-

    2 O- +2H2O 2 OH + 2 OH-

    2OH + 2e 2 OH-

    II

    2 MOx + O2 2 MOx+1

    2 MOx+1 + 2e 2 O- + MOx

    2 O- +2H2O 2 OH + 2 OH-

    2OH + 2e 2 OH-

    III

    2M + O2 2 MO

    2 MO + 2 M + 2 H2O 4 MOH

    4 MOH + 4e 4 OH- +4M

    IV

    O2 + 2e O22-

    O22- + 2 H2O 2 H2O2-

    2 H2O2- 2 OH + 2 OH-

    2 OH + 2e 2 OH-

    No centro da gota, nodo, onde a concentrao de oxignio se torna desprezvel

    devido ao consumo do oxignio inicialmente dissolvido na gota, ocorre a corroso do

    ferro, indicada pela colorao azul no centro da regio coberta pela gota, e expressa pela

    seguinte equao:

    Fe Fe2+ + 2e (eq. II.4)

  • 10

    Uma outra conseqncia das duas reaes eletroqumicas bsicas a

    precipitao do produto marrom. Trata-se de um produto final do processo corrosivo,

    mais conhecido como ferrugem [WOLYNEC,1994]. Segundo EVANS [1926] pouco

    depois da formao das regies andica, de colorao azul (localizada no centro da

    gota) e catdica de colorao rosa (localizada na periferia da gota), se desenvolve entre

    essas regies, um anel praticamente incolor, que indica que o cloreto frrico (o produto

    andico) e o hidrxido de sdio (o produto catdico) esto interagindo para formar

    hidrxido de ferro e fazendo com que sais solveis de ferro na verdade desapaream da

    zona intermediria. Alm disso, EVANS [1926] tambm diz que algumas vezes o

    hidrxido ferroso (Fe(OH)2) pode ser observado como um anel branco de precipitado,

    que, aps alguns minutos, comea a se tornar marrom atravs da oxidao a hidrxido

    frrico (Fe(OH)3). A ferrugem tem uma composio complexa, porm basicamente

    constitudo por compostos da forma FeOOH (xido de ferro hidratado) e Fe3O4

    (magnetita). A formao de FeOOH ocorre por uma reao no eletroqumica do tipo

    [WOLYNEC,1994]:

    2Fe2+ + 4OH- + O2 2FeOOH + H2O (II.5)

    enquanto a magnetita seria formada a partir do primeiro por uma reao eletroqumica

    catdica do tipo:

    8FeOOH + Fe2+ + 2e 3Fe3O4 + 4H2O (II.6)

    Conforme indicado pela equao (II.5) a ferrugem resultante da reao entre os

    ons ferrosos formados na rea andica e a hidroxila formada na rea catdica, razo

    porque a sua precipitao ocorre entre as duas reas da gota depositada em

    conseqncia do encontro dos dois ons [WOLYNEC,1994]. Segundo EVANS [1926],

    as interaes entre os nions hidroxila e os ons ferrosos fazem com que a cor azul

    central comece a desaparecer (caracterizando o que o autor chama blue fading) e

  • 11

    finalmente (aproximadamente meia hora aps o incio do experimento) a cor azul

    desaparece, aparentemente pela adsoro dos sais de ferro no hidrxido precipitado.

    Finalmente, ocorre mais uma reao em conseqncia das duas reaes

    eletroqumicas bsicas. Na regio perifrica, devido elevao do pH provocado pela

    produo dos ons hidroxila, criam-se condies favorveis formao de uma pelcula

    de xido na superfcie do metal de acordo com a reao:

    3Fe + 4H2O Fe3O4 + 8H+ + 8e (II.7)

    Esta pelcula, que aderente ao metal e extremamente fina (da ordem de 2 a

    3nm), conhecida como pelcula passiva, enquanto a reao (II.7) designada como

    reao de passivao. Na regio em que se forma a pelcula passiva o metal

    praticamente no corrodo devido s propriedades protetoras dessa pelcula. No

    entanto, ela no evita a passagem dos eltrons, necessrios para a ocorrncia da reao

    (II.1), pois trata-se de um xido semicondutor. [WOLYNEC ,1994]

  • 12

    III. MATERIAIS E METODOS

    III.1.MATERIAIS

    O material metlico a ser utilizado nos ensaios foi retirado de chapas de ao

    baixo-carbono ABNT 1020. Como meio oxidante foram usadas solues aquosas 3,5%

    em massa de NaCl (com e sem aerao), 3,5% em massa de KCl, 1N de Na2SO4 e 0,5M

    de CuSO4 e os indicadores de corroso foram a soluo aquosa 1% em massa de

    ferricianeto de potssio e a soluo alcolica 1% em massa de fenolftalena.

    III.2.MTODOS

    III.2.1.Preparao da chapas

    As chapas de ao baixo carbono usadas no ensaio foram laminadas a frio, para se

    obter homogeneidade microestrutural. Para garantir material sempre semelhante em

    termos estruturais, facilitando a interpretao de resultados, foi realizada a medio da

    dureza em durmetro Vickers com 1 kgf de carga, efetuando-se quinze medies por

    amostra.

    As amostras, na forma de chapas de 10x10x7 mm, tiveram suas superfcies lixadas e

    foram embutidas em baquelite, revelando seo paralela superfcie das chapas at

    condio superficial dada por polimento com pasta de diamante de 1m de

    granulometria. O polimento foi imprescindvel para evitar estagnao de soluo em

    descontinuidades superficiais e facilitar a observao da reas andicas e catdicas.

  • 13

    III.2.2.Preparo das solues

    2.2.1.Soluo 3,5% em massa de NaCl

    A soluo 3,5% em massa de NaCl foi preparada pesando-se 35g de NaCl em

    um balo volumtrico de capacidade 1 litro e avolumando-se com gua destilada at a

    capacidade do recipiente.

    2.2.2.Soluo aerada 3,5% em massa de NaCl

    A soluo aerada 3,5% em massa de NaCl foi preparada borbulhando-se

    oxignio em uma soluo 3,5%NaCl por cerca de 2 minutos.

    2.2.3. Soluo 3,5% em massa de KCl

    A soluo 3,5% em massa de KCl foi preparada pesando-se 17,5g de KCl em

    um bquer de capacidade de 1 litro e completando-se com gua destilada at 500g de

    soluo.

    2.2.4. Soluo 1N de Na2SO4

    A soluo 1N de Na2SO4 foi preparada pesando-se em um balo volumtrico de

    capacidade de 1L cerca de 160g de sulfato de sdio hidratado em gua e avolumando-se

    com gua destilada at a capacidade do recipiente.

    2.2.5. Soluo 0,5M de CuSO4

    A soluo 0,5M de CuSO4 foi preparada pesando-se em um balo volumtrico

    de capacidade de 1L cerca de 125g de sulfato de cobre hidratado em gua e

    avolumando-se com gua destilada at a capacidade do recipiente.

  • 14

    2.2.6.Soluo 1% em massa de ferricianeto de potssio

    A soluo 1% em massa de ferricianeto de potssio foi preparada pesando-se 1g

    de ferricianeto de potssio em um balo volumtrico de capacidade 100 mL e

    avolumando-se com gua destilada at a capacidade do recipiente.

    2.2.7.Soluo alcolica 1% em massa de fenolftalena

    A soluo alcolica 1% em massa de fenolftalena foi preparada pesando-se 1g

    de fenolftalena em um balo volumtrico de capacidade 100 mL. No balo volumtrico

    foram adicionados 80 mL de lcool etlico e completou-se o volume restante com gua

    destilada.

    III.2.3.Reproduo da experincia da gota salina

    Nesta experincia [EVANS, 1926] uma gota de soluo 3,5% em massa de NaCl

    contendo o indicador ferroxil vertida sobre a superfcie finamente lixada de uma chapa

    de ao. Cada 100mL soluo de NaCl contm 0,5 mL de soluo alcolica a 1% em

    fenolftalena e 3 mL de soluo a 1% de ferricianeto de potssio. Alm do experimento

    com soluo 3,5% em massa de NaCl, foram realizados experimentos com a soluo

    3,5% em massa de NaCl aerada com oxignio por 2 minutos e com as solues 3,5% em

    massa de KCl, 1N de Na2SO4 e 0,5M de CuSO4 , preparando-se as misturas com o

    indicador ferroxil nas mesmas propores descritas anteriormente.

  • 15

    IV. RESULTADOS EXPERIMENTAIS

    Atravs da realizao de testes preliminares, encontrou-se 20L como o melhor

    volume de gota para a reproduo da experincia, e a partir deste volume foi dada

    continuidade ao trabalho, sendo, portanto, os resultados aqui apresentados referentes ao

    volume mencionado acima e a uma temperatura de 222C.

    Quando da colocao de uma gota da mistura entre a soluo de NaCl 3,5% em

    massa e o indicador ferroxil sobre a superfcie do metal previamente lixada e polida,

    percebe-se, quase instantaneamente, uma distribuio primria com reas de colorao

    rosa e azul distribudas ao acaso sobre a superfcie, sendo esta distribuio mais

    aparente passados dois minutos do incio do experimento, como mostra a figura 1.

    Figura 1: Distribuio aleatria das regies andica e catdica sobre a superfcie metlica, com regies de colorao azul (andicas) e rosa (catdicas) distribudas ao acaso, imediatamente aps a colocao da gota de NaCl 3,5% em massa sobre o metal.

    Passados mais dois minutos (quatro minutos aps o incio de experimento),

    pode-se perceber a distino de duas regies (figura 2), sendo a azul localizada no

    centro da gota (regio andica) e a rosa na periferia da gota (regio catdica). Porm,

    oito minutos aps o incio do experimento, verifica-se que comea a surgir uma outra

    regio situada entre as reas rosa e azul que , algumas vezes, inicialmente, possui um

    aspecto meio esbranquiado, tornando-se marrom logo em seguida. Esta nova regio

    chamada ferrugem e torna-se bastante aparente onze minutos contando a partir do incio

    do experimento, como mostra a figura 3.

  • 16

    Figura 2: Distino das regies andica e catdica sobre a superfcie metlica, sendo a regio andica a de colorao azul (localizada no centro da gota) e a regio catdica a de colorao rosa (localizada na periferia da gota), que ocorre dois minutos aps o incio do experimento realizado com a soluo 3,5% em massa de NaCl.

    Figura 3: Formao das trs regies: andica no centro, catdica na periferia da gota e da ferrugem entre elas, sendo a ferrugem produto da interao entre os nions hidroxila gerados na regio catdica e os ons ferrosos provenientes da regio andica. A formao da ferrugem comea a ocorrer oito minutos aps o incio do experimento, porm torna-se mais aparente somente trs minutos mais tarde, utilizando-se uma gota de soluo 3,5% em massa de NaCl.

    A partir desta nova configurao adquirida pelo sistema, tem-se um aumento

    progressivo da regio marrom (figuras 4 e 5) tanto em direo ao centro da amostra

    quanto em direo periferia, sendo, porm, mais efetivo em direo ao centro da

    amostra, que onde se localiza a regio andica.

    Devido ao aumento da ferrugem, a regio andica vai diminuindo, at que

    passados trinta minutos do incio do experimento o azul da regio andica desaparece

    caracterizando o que se chama de blue fading (figura 6).

  • 17

    Figura 4: Aumento progressivo da regio marrom (ferrugem), tanto em direo ao centro da gota como em direo periferia, sendo, porm, mais efetiva em direo ao centro da gota, mostrado dezoito minutos aps o incio do experimento com soluo 3,5% em massa de NaCl.

    Figura 5: Diminuio da colorao azul central, demonstrando o avano da regio marrom em direo ao centro, que ocorre devido ao consumo dos ons ferrosos presentes na regio andica pela formao da ferrugem, aqui demonstrado vinte e cinco minutos aps o incio do experimento com uma soluo 3,5% em massa de NaCl.

    Figura 6: Desaparecimento total da regio azul, caracterizando o que Evans [1926] costumava chamar blue fading, que ocorre trinta minutos aps o incio do experimento com soluo 3,5% em massa de NaCl.

  • 18

    Ao realizar o experimento com a soluo 3,5% em massa de NaCl previamente

    aerada com oxignio, observa-se que um minuto aps a colocao da gota sobre a

    superfcie h o aparecimento de regies de colorao azul (andicas), de forma aleatria

    e em pequena quantidade e de uma grande regio rosa (catdica) como mostra a figura

    7.

    Figura 7: Distribuio aleatria das regies andica e catdica sobre a superfcie metlica, com regies de colorao azul (andicas) e rosa (catdicas) distribudas ao acaso, aps um minuto da colocao da gota de uma soluo aerada 3,5% em massa de NaCl sobre o metal.

    Passados mais dois minutos (trs minutos aps o incio do experimento),

    percebe-se que h uma regio azul mais central e de maior proporo com relao s

    outras regies azuis dispersas na periferia da gota, podendo-se dizer que neste momento

    ocorre a distino das regies catdica, de colorao rosa e localizada na periferia da

    gota, e andica, de colorao azul localizada ao centro da gota (figura 8).

    Figura 8: Distino das regies andica e catdica sobre a superfcie metlica, sendo a regio andica a de colorao azul (localizada no centro da gota) e a regio catdica a de colorao rosa (localizada na periferia da gota), que ocorre trs minutos aps o incio do experimento com soluo aerada 3,5% em massa de NaCl.

  • 19

    Aps seis minutos do incio do experimento, observa-se que comea a se formar

    uma regio esbranquiada entre a regio rosa e a regio azul (figura 9), que aos poucos

    vai avanando, tanto em direo ao centro quanto em direo periferia da gota, sendo,

    porm, mais efetiva em direo periferia (figura 10).

    Figura 9: Aparecimento de uma terceira regio que inicialmente apresenta uma colorao esbranquiada, localizada entre as regies andica (azul) e catdica (rosa), aps seis minutos do incio do experimento com soluo aerada 3,5% em massa de NaCl .

    Figura 10: Avano da regio de colorao esbranquiada tanto em direo ao centro da gota quanto em direo periferia, aqui mostrada oito minutos aps o incio do experimento com soluo aerada 3,5% em massa de NaCl.

    Em seguida (com doze minutos de experimento) verifica-se que a regio

    esbranquiada comea a ficar com uma colorao bege (figura 11), a qual passa a se

    intensificar cada vez mais (tornando-se cada vez mais marrom), assim como o avano

    desta regio em direo periferia da gota (figura 12).

  • 20

    Figura 11: Mudana da colorao da regio esbranquiada para um tom bege (marrom), enquanto h um avano desta regio em direo periferia da gota, doze minutos aps o incio do experimento com soluo aerada 3,5% em massa de NaCl.

    Figura 12: Intensificao da colorao bege (marrom) da terceira regio, formada entre as regies andica e catdica, aqui mostrada vinte minutos aps o incio do experimento com soluo aerada 3,5% em massa de NaCl.

    Aps vinte e cinco minutos do incio do experimento observa-se uma diminuio

    significativa na intensidade da colorao azul correspondente regio andica e

    tambm na extenso da regio catdica (figura 13).

    Figura 13: Expanso da regio marrom, com considervel diminuio tanto da extenso da regio rosa (catdica), como da intensidade da colorao azul da regio andica, vinte e cinco minutos aps o incio do experimento com soluo aerada 3,5% em massa de NaCl.

  • 21

    Devido ao aumento da regio marrom, a regio andica vai diminuindo, at que

    passados trinta minutos do incio do experimento o azul da regio andica desaparece

    caracterizando o que se chama de blue fading (figura 14).

    Figura 14: Extino da colorao azul da regio andica, caracterizando o que Evans [1926] costumava chamar blue fading, que ocorre trinta minutos aps o incio do experimento com soluo aerada 3,5% em massa de NaCl.

    Quando da realizao do experimento com a soluo 3,5% em massa de KCl,

    observa-se que instantaneamente aps colocao a gota sobre a superfcie metlica h o

    aparecimento de reas de colorao rosa (regies catdicas) e reas de colorao azul

    (regies andicas) distribudas ao acaso e de forma aleatria como mostra a figura 15.

    Figura 15: Distribuio aleatria das regies andica e catdica sobre a superfcie metlica, com regies de colorao azul (andicas) e rosa (catdicas) distribudas ao acaso, aps um minuto da colocao de uma gota de soluo 3,5% em massa de KCl sobre o metal.

    Passado mais meio minuto (um minuto e meio aps o incio do experimento),

    percebe-se que h uma regio azul mais central e de maior proporo com relao s

  • 22

    outras regies azuis dispersas na periferia da gota, podendo-se dizer que neste momento

    ocorre a distino das regies catdica, de colorao rosa e localizada na periferia da

    gota, e andica, de colorao azul localizada ao centro da gota. Em seguida, aps trs

    minutos de experimento, percebe-se que comea a se formar uma regio de colorao

    esbranquiada entre as reas andica e catdica (figura 16).

    Figura 16 : Distino das regies andica e catdica sobre a superfcie metlica, sendo a regio andica a de colorao azul (localizada no centro da gota) e a regio catdica a de colorao rosa (localizada na periferia da gota), aps um minuto e meio do incio do experimento com uma soluo 3,5% em massa de KCl, sendo seguida pelo aparecimento de uma regio esbranquiada entre as reas andica e catdica, aqui mostrado cerca de trs minutos aps o incio do experimento.

    Aps o incio da formao da regio esbranquiada, descrito anteriormente, essa

    acaba por se expandir tanto em direo periferia da gota como em direo regio

    central (sendo, porm, mais efetiva em direo periferia da gota) e aos poucos vai

    mudando sua colorao para uma tonalidade mais bege, indicando a formao da

    ferrugem, enquanto h uma diminuio significativa da colorao azul central

    (caracterstica da rea andica), como mostra a figura 17.

  • 23

    Figura 17: Avano da regio de colorao esbranquiada tanto em direo ao centro da gota quanto em direo periferia da gota com uma mudana progressiva dessa colorao para uma tonalidade mais bege (ou marrom) enquanto h uma diminuio significativa da colorao azul central, aqui mostrada seis minutos aps o incio do experimento com uma soluo 3,5% em massa de KCl.

    Oito minutos aps o incio do experimento verifica-se que h a extino

    completa da colorao azul caracterizando o blue fading (figura 18), fazendo com

    que o centro da gota passe a apresentar uma colorao bege (ou marrom). H ainda uma

    pequena expanso da regio central que termina aos doze minutos de experimento

    (figura19).

    Figura 18: Extino completa da regio azul caractrerizando o blue fading , passando o centro da gota a apresentar uma colorao marrom, aps oito minutos do incio do experimento com uma soluo 3,5% em massa de KCl.

    Figura 19 : Aumento da regio central, agora de colorao marrom, que termina aos doze minutos de experimento com uma soluo 3,5% em massa de KCl.

  • 24

    Realizando-se o mesmo experimento, mas agora com uma soluo 1 N em

    Na2SO4, puderam ser observadas muitas diferenas com relao aos trs experimentos

    apresentados anteriormente. Um minuto aps o incio do experimento, h indcios de

    regies andicas (caracterizadas pela colorao azul) dispersas sobre a superfcie

    metlica, enquanto observa-se que somente a borda da gota comea a apresentar uma

    colorao rsea (caracterstica da regio catdica) quase imperceptvel como mostra a

    figura 20.

    Figura 20: Incio do aparecimento da colorao rsea nas bordas da gota (caracterstica da regio catdica), com indcios do aparecimento de regies andicas dispersas pela superfcie da gota, aqui mostrado um minuto aps o incio do experimento com uma soluo 1 N em Na2SO4.

    Passados mais dois minutos, observa-se que as diversas regies de colorao

    azul, dispersas pela superfcie da gota comeam a apresentar uma colorao

    esbranquiada, enquanto a colorao rsea, caracterstica da regio catdica comea a

    se intensificar (figura 21).

  • 25

    Figura 21: Intensificao da colorao rsea na borda da gota, enquanto as regies azuis se tornam esbranquiadas, trs minutos aps o incio do experimento com uma soluo 1 N em Na2SO4.

    Em seguida (cerca de seis minutos aps o incio do experimento) percebe-se que

    as regies esbranquiadas comeam a se agrupar (figura 22), at que cerca de dezesseis

    minutos aps iniciado o experimento tem-se a distino de uma regio esbranquiada ao

    centro da gota, enquanto a periferia apresenta uma colorao rsea (figura 23).

    Figura 22: Incio do agrupamento das reas esbranquiadas a fim de formar uma regio central, permanecendo a periferia com uma colorao rsea, seis minutos aps o incio do experimento com uma soluo 1 N em Na2SO4.

    Figura 23: Distino de duas regies, sendo uma de colorao esbranquiada localizada ao centro da gota e a outra de colorao rsea localizada na periferia, dezesseis minutos aps o incio do experimento com uma soluo 1 N em Na2SO4.

  • 26

    Aps essa nova configurao adquirida pelo sistema, percebe-se que h uma

    expanso da regio central em direo periferia (figura 24) que cessa aos trinta

    minutos de experimento (figura 25).

    Figura 24: Expanso da regio central em direo periferia da gota, esquerda mostrada aos vinte minutos de experimento e direita aos vinte e cinco minutos com uma soluo 1 N em Na2SO4.

    Figura 25: Trmino do experimento, quando a regio central pra de expandir em direo periferia, aos trinta minutos de experimento com uma soluo 1 N em Na2SO4.

    Ao realizarmos o experimento com uma soluo 0,5M em CuSO4, verifica-se

    que instantaneamente aps colocada uma gota da mistura sobre a superfcie metlica h

    a deposio de cobre, no havendo a formao de reas andicas e catdicas (figura 26).

    Ao enxugarmos o lquido da gota percebe-se que houve a formao de uma pelcula de

    cobre, como mostra a figura 27.

  • 27

    Figura 26: Deposio de cobre sobre a superfcie metlica instantaneamente aps a colocao de uma gota contendo CuSO4, no havendo, portanto a formao de reas andicas e catdicas.

    Figura 27: Essa figura mostra o detalhe de como fica a superfcie metlica quando enxugamos o lquido da gota contendo uma soluo 0,5 M de CuSO4.

  • 28

    V.DISCUSSO DOS RESULTADOS Primeiramente, pode-se atribuir o carter aleatrio do surgimento de reas

    andicas e catdicas (quase instantaneamente aps ser colocada uma gota da mistura

    sobre o metal) ao fato de que a distribuio do oxignio no interior da gota

    inicialmente uniforme ao longo de toda a gota (figuras 1, 7, 15 e 20). Essa uniformidade

    na distribuio do oxignio se deve, ainda, dissoluo de oxignio na soluo,

    proveniente da atmosfera (diz-se que esta uma soluo naturalmente aerada, apesar

    de um dos experimentos utilizar soluo aerada Figuras 7 a 14.

    Quando todo o oxignio presente na gota consumido, mais oxignio tem, de

    alguma forma, que passar para a soluo. O que acontece, na realidade, a transferncia

    do oxignio por difuso atravs da interface soluo/ atmosfera, seguida de sua

    conveco ou difuso at regies mais prximas da superfcie metlica, at que este

    oxignio atinja a interface soluo/ metal. Neste ponto onde ocorre a transferncia de

    carga entre o eletrodo e o oxignio, que o ponto de partida para a reduo do oxignio

    a nions hidroxila. Tal mecanismo de reduo do oxignio a nions hidroxila est

    descrito na equao II.1 e nas equaes da Tabela I. O processo descrito anteriormente

    acontece na regio perifrica da gota, que chamada regio catdica, justamente onde o

    oxignio tem mais acesso pela maior proximidade entre o metal e a atmosfera,

    facilitando a transferncia de carga.

    Quando da formao dos nions hidroxila, estes se encarregam de promover a

    alcalinidade do meio evidenciada pela colorao rosa adquirida pela fenolftalena

    (figuras 2, 8, 16 e 21) .J na regio central da gota, onde a presena de oxignio se torna

    desprezvel devido ao consumo prvio desse gs (inicialmente quando se formam reas

    andicas e catdicas aleatoriamente) e tambm dificuldade de transferncia de

  • 29

    oxignio para esta regio, tem-se a regio andica da gota. nessa regio que h a

    corroso do ferro, com a liberao de ons de ferro evidenciados pela colorao azul do

    ferricianeto de potssio (figuras 2, 8, 16 e 21).

    A regio de contato entre as reas andica e catdica ponto de partida para o

    aparecimento da terceira regio, de colorao marrom e composio bastante complexa,

    a qual se denomina ferrugem. A ferrugem produto da interao entre os ons de ferro

    formados na regio andica e as hidroxilas da regio catdica, por isso sua formao

    ocorre entre essas duas regies (figuras 3, 9 e 17). Este produto da corroso

    extremamente importante, pois, devido grande produo de nions hidroxila na regio

    perifrica e da interao destas com os ons ferrosos, forma-se uma pelcula de xido

    sobre o metal, chamada pelcula passiva. Essa pelcula capaz de proteger o metal na

    regio onde se forma, mas no impede que o restante do material continue a corroer,

    pois os eltrons continuam a ser conduzidos no metal.

    de grande importncia ressaltar tambm o que leva ferrugem aumentar

    progressivamente e de forma mais efetiva em direo regio andica (figuras 4, 5, 10,

    11, 12, 13 e 17). Uma das explicaes mais plausveis a de que a formao de nions

    hidroxila (provenientes da reduo do oxignio) bastante rpida na periferia da gota,

    sendo que a formao dos ons ferrosos mais lenta, fazendo com que seja mais fcil

    extinguir os ons ferrosos e, promovendo um avano da ferrugem em direo ao centro

    da gota. O blue fading (figuras 6, 14 e 18) descrito por Evans ocorreria justamente

    devido ao mecanismo descrito anteriormente.

    As discusses realizadas at aqui servem, portanto, para explicar os mecanismos

    de corroso em quase todos os experimentos mostrados no item anterior. Na realidade,

    somente o experimento realizado com a soluo de CuSO4 no se encaixa nessas

    explicaes.

  • 30

    Para explicar o fenmeno da deposio do cobre ocorrido quando se utiliza a

    soluo de CuSO4 ser empregado o conceito de potencial de eletrodo. Recorrendo

    tabela II apresentada no item III deste relatrio, observa-se que os potenciais de reduo

    do cobre e do ferro so, respectivamente, E0=0,337V e E0= -0,440V. Como a

    concentrao da soluo de CuSO4 utilizada era de 0,5M h a necessidade de se corrigir

    o valor do potencial de reduo do cobre, o qual ser feito atravs da Equao de

    Nernst:

    E = E0 a

    a log

    n

    0,0591oxid Est.

    red Est.

    E = E0 0,51

    log n

    0,0591

    E=0,337 0,089 = 0,328 V

    Sabe-se que o ferro oxida por ter maior potencial de oxidao (ou menor

    potencial de reduo) do que o cobre e, portanto, o cobre reduz :

    Fe Fe2+ + 2e E0= 0,440V Cu2+ + 2e Cu E = 0,328 V Cu2+ + Fe Fe2+ + Cu E= 0,768V

    Como o E dessa reao positivo, isso implica em um G negativo e, portanto,

    a reao espontnea e por isso h a deposio de cobre sobre a superfcie metlica.

    Um ponto interessante a ser discutido o das diferenas cinticas entre os

    experimentos realizados com diferentes solues. A princpio se torna bastante evidente

    as diferenas entre os experimentos realizados as solues 3,5% em massa de NaCl e

    3,5% em massa de NaCl aerada, sendo inicialmente mais lenta a formao das regies

    andica e catdica, e posteriormente da ferrugem, no experimento realizado com a

    soluo 3,5% em NaCl aerada. Essas diferenas, mostradas na tabela III, podem ser

    explicadas pelo fato de na soluo que foi previamente aerada havia mais oxignio

  • 31

    dissolvido do que naquela que no sofreu aerao, levando-se, portanto, um tempo

    maior para que se iniciasse a difuso de oxignio na soluo aerada, retardando-se o

    processo de aerao diferencial. No entanto, o blue fading, tanto para a soluo

    aerada como para a no aerada ocorre trinta minutos aps o incio do experimento.

    Outra comparao que merece destaque a entre os experimentos realizados

    com a solues 3,5% em massa de NaCl e 3,5% em massa de KCl, onde observa-se que

    a formao e distino das regies ocorre de forma mais acelerada no experimento

    realizado com a soluo 3,5% em massa de KCl, como mostra a tabela III.

    Tabela III: Comparao entre as diferentes solues e os tempos de formao das regies (sempre em relao ao incio do experimento).

    Soluo de NaCl 3,5%

    Soluo de NaCl 3,5%(aerada)

    Soluo de KCl 3,5% em massa

    Aparecimento de reas aleatrias

    imediata 1minuto imediata

    Distino das regies andica e catdica

    2 minutos 3 minutos 1minuto e meio

    Aparecimento da Ferrugem

    8 minutos 12 minutos 6 minutos

    Blue Fading 30minutos 30 minutos 12 minutos

    J o experimento realizado com a soluo 1N em Na2SO4 apresenta

    caractersticas muito peculiares, como a no formao de uma regio azul central e sim

    de uma regio central esbranquiada, o que acaba por dificultar a comparao deste com

    os outros experimentos.

  • 32

    VI. CONCLUSES Pode-se concluir que a experincia da gota salina de Evans apresenta

    reprodutibilidade, ou seja, a caracterizao das regies andica e catdia acontecem em

    tempos bem definidos e so facilmente identificveis atravs das coloraes assumidas

    pelos indicadores de corroso utilizados (ferricianeto de potssio e fenolftalena),

    quando realizadas com as solues 3,5% em NaCl, 3,5% em NaCl aerada, 3,5% em KCl

    e 1 N em Na2SO4, podendo, portanto, este experimento ser implementado nas aulas da

    disciplina QC622 para exemplificar um caso de corroso eletroqumica por aerao

    diferencial. Entretanto, a utilizao da soluo de CuSO4 no indicada para a

    realizao deste experimento por haver a deposio de cobre sobre a superfcie

    metlica, inibindo a ao do indicador ferroxil.

    Conclui-se tambm que, apesar de simples, este experimento extremamente

    vlido para se demonstrar a corroso eletroqumica por aerao diferencial, por serem

    muito claras as reaes ocorridas e tambm os motivos e explicaes que levam a estes

    resultados, validando o uso deste experimento na disciplina QC622 para o estudo de

    corroso eletroqumica por aerao diferencial.

  • 33

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    EVANS,U.R. The Metal Industry, London,1926. P.481,482,507,508.

    GEMELLI,E. Corroso de Materiais Metlicos e Sua Caracterizao.

    LTC Livros Tcnicos e Cientficos Editora, 2001. 183p.

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    3edio, 1996, 345p. P.39,66.

    PANOSSIAN, Z. Corroso e Proteo Contra Corroso em

    Equipamentos e Estruturas Metlicas. IPT Instituto de Pesquisas Tecnolgicas, vol. 1, 1 edio, 1993. P.147.

    MAGNABOSCO, R. Estudo do Comportamento do Ao AISI M2 em

    NaOH Utilizando Tcnicas de Polarizao Poteciodinmica e

    Potencioesttica. So Paulo, 1996, 133p. Dissertao (Mestrado)

    Escola Politcnica da Universidade de So Paulo. Departamento de

    Engenharia Metalrgica e de Materiais.

    RAMANATHAN, L.V. Corroso e Seu Controle. Hemus Editora, 339p.

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    disciplina PMT781). Departamento de Engenharia Metalrgica e de

    Materiais da EP-USP ,1994.