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GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PLANEJAMENTO COMPANHIA ESPÍRITO SANTENSE DE SANEAMENTO ESTUDOS POPULACIONAIS PARA CIDADES, VILAS E POVOADOS (CONVÊNIO CESAN) PERFIL DOS POVOADOS DO ESPÍRITO SANTO INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES

GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO … · Pouco se conhece sobre a vida dos povoados do Espírito Santo, sua evolu ção histórica, suas especificidades, suas formas de inserção

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  • GOVERNO DO ESTADO DO ESPRITO SANTO

    COORDENAO ESTADUAL DO PLANEJAMENTO

    COMPANHIA ESPRITO SANTENSE DE SANEAMENTO

    ESTUDOS POPULACIONAIS PARA CIDADES, VILAS E POVOADOS

    (CONVNIO CESAN)

    PERFIL DOS POVOADOS DO ESPRITO SANTO

    INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES

  • ESTUDOS POPULACIONAIS PARA CIDADES, VILAS E POVOADOS

    (CONVNIO CESAN)

    PERFIL DOS POVOADOS DO ESPRITO SANTO

  • GOVERNO DO ESTADO DO ESPRITO SANTO

    COORDENAO ESTADUAL DO PLANEJAMENTO

    COMPANHIA ESPRITO SANTENSE DE SANEAMENTO

    INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES

    ESTUDOS POPULACIONAIS PARA CIDADES, VILAS E POVOADOS

    (CONVNIO CESAN)

    PERFIL DOS POVOADOS DO ESPRITO SANTO

    DEZEMBRO/1985

  • GOVERNO DO ESTADO DO ESPRITO SANTOGerson Camata

    COORDENAO ESTADUAL DO PLANEJAMENTOOrlando Caliman

    COMPANHIA ESPRITO SANTENSE DE SANEAMENTO

    INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVESManoel Rodrigues Martins Filho

    3

  • 4

    APRESENTAO

    Pouco se conhece sobre a vida dos povoados do Esprito Santo, sua evolu

    o histrica, suas especificidades, suas formas de insero na economia,

    bem como seus aspectos demogrficos e fsico-espaciais. Desconsiderados,

    histrica e metodologicamente, para efeitos de anlise, e de captao de

    dados, pela maioria das instituies de governo,so vistos como zona rural, muito embora, mais recentemente, reconhea-se estarem vinculados aumllstatus quollurbano. Pertencem a uma mesma dinmica de reproduo dogrande capital hegemnico, esto inseridos no mesmo processo de massifi

    cao da cultura, onde hbitos e necessidades urbanas lhe so oferecidos,

    alm de seconstituirem em extenso de mercado, dentro dos espaos geo-ecQ

    nmicos.

    Haveria, com base nessa tica, a dicotomia urbano x rural? E, em caso

    afirmativo, qual seria o seu papel? Essas preocupaes comeam a ganhar

    importncia, medida em que se avana na investigao acerca das formas

    que assumem a nova diviso internacional do trabalho, notadamente no que

    se refere cooptao desses espaos na reproduo do capital. Contudo, de se reconhecer a exiguidade de informaes existentes que permitam

    formar um amplo espectro de manifestaes dessa realidade.

    Com efeito, verifica-se que muitos povoados possuem atividades econmicas

    inexpressivas, constituindo-se em meros apndices do meio rural. Entreta~

    to, outros apresentam um volume de atividades e um nvel de especializ~o que superam a situao demuitas sedes municipais. E por trs das re

    laes econmicas, h vidas em esperana e expectativas vividas.

    Foram essas as preocupaes ao se elaborar o presente documento. Aprovei

    tando o ensejo de coletar dados apra a realizao de uma projeo popul~

    cional para o Esprito Santo, a equipe de Estudos Populacionais do IJSNresolveu ampliar a sua base de informaes e buscou reunir o maior nme

  • 5

    ro possvel de subsdios para elaborar o presente perfil. Pretende-se,com ele, iniciar um processo de reconstituio da historiografia desses

    povoados, espelhando a situao colhida, por cada pesquisador, procurandoretratar as mutaes sofridas por cada espao ao longo do tempo.

    Foram visistados cerca de 90 povoados, mantidos contatos com moradoresmais antigos, analisados os espaos de ocupao, feito um levantamento

    fotogrfico e analisada a carta do IBGE, com vistas a sua atualizao,

    atravs de croquis de localizao. Com base nessas informaes, procurou

    -se elaborar, discritivamente, sua historiografia, analisar sua situao

    scio-econmica e espacial, verificar as condies de equipamentos e in

    fra-estrutura existentes, e descrever suas singularidades. Os resulta-dos esto a seguir.

    Contudo, a equipe no considera esse um trabalho acabado. Ao contrrio,

    espera que seja ele apenas um incio das atividades de recuperao e de

    registro da dinmica existente. Uma srie de outros estudos podem serdesenvolvidos a partir das informaes obtidas, tanto para uso instituciQ

    nal como pelos prprios segmentos da sociedade capixaba. Acredita-se que

    ele subsidiar a melhor compreenso da prpria dinmica geo-econmica das

    regies do Esprito Santo e, com isso, ampliar as bases de entendimento

    da prpria realidade estadual. E, atravs de um maior conhecimento de

    suas especificidades, ampliar a viso atual desse contexto, encarado como

    simples segmento da zona rural, sem sujeito e sem predicados, simples ob

    jeto.

    H que se considerar, ainda, os resultados mais subjacentes dessa exp~

    rincia. A partir do momento em que o IJSN aliou-se CESAN, visandorequisitar um contingente de tcnicos para um trabalho de campo, estava

    deixando de lado a postura tecnocrtica, assumida durante muitos anos.

    Dessa forma, o Estado passou a patrocinar a essa equipe uma oportunidade

    de sair dos gabinetes de trabalho, na Capital, para ir ver de perto um

    universo fora de seu quotidiano.

  • 6

    No um universo de aglomerados que resguardam um prolongamento do meio de

    vida das grandes cidades, mas um ambiente estreitamente ligado ao meio

    rural: os chamados patrimnios. Esses locais so extremamente depende.!:!.tes, dbeis em relao s mudanas conjunturais e estruturais, e, por

    isso mesmo, desconhece-se os destinos que a maioria desses embries de

    cidade tomaro, podendo, no futuro, vir a se tornarem sedes de municpio~

    talvez grandes cidades, setenciados estagnao, desaparecimento ou mes

    mo engolidos por um grande centro.

    No entanto, h que se partir de um fato inexorvel: sua existncia. A p~pulao desses ncleos est vivendo, trabalhando, lutando, buscando

    gua em poo, capinando a terra, plantando e colhendo suas ddivas.

    Isso tudo sem receber quaisquer atenes de Governo, muitas vezes sucepti

    vel inoperncia, justificada atravs de um conflito de competncias, nas

    diferentes instncias de poder. No desejam esses habitantes ser lembra

    dos apenas nos perodos pr-eleitorais, mas em carter permanente, como

    fora de trabalho que engravida a terra e desejam apenas ser fel iz.

    o documento Perfis dos Povoados do Esprito Santo um veculo de transmisso do pensamento e da palavra desses habitantes, que as externaram

    nas entrevistas levadas a efeito. Documentou-se sua luta quotidiana por

    melhores condies de vida, assumindo a equipe uma postura de absoluta

    fidedignidade de reproduo dos relatos e, por isso mesmo, passando a

    constituir mais um veculo de manifestao de suas reivindicaes.

    Ao publicar tais depoimentos, no se ofereceu nada a seus colaboradores,

    a no ser a prpria oportunidade de disseminao do contedo manifesto,

    ratificado ainda atravs de um acervo fotogrfico levantado nessas localldades. Nele esto resgatadas as imagens interioranas, suas formas, suas

    paisagens, seus legados histricos e sua paisagem natural, alm, claro,

    da imagem simples do homem do campo.

    No entanto, muito h que resgatar, a partir da historiografia levantada.

    Pois, afinal, abrem caminho para novas interpretaes acerca das relaes

  • 7

    sociais existentes: quem conhece o seu Joo Neves, um dos desbravadoresdo interior de Nova Vencia, que abriu a primeira clareira onde existe,atualmente, extenses de terra plantadas com caf? Quem conhece D. Doro

    thia, que aglutinou e organizou os trabalhadores rurais de Santa Leopol

    dina num sindicato? Quem conhece os irmos Isaias e Rafael Alto. que

    fundaram, em 1951, a primeira Cooperativa de Cafeicultores de Jacigu?

    Esses personagens constituem memria viva de um perodo que est prestes

    a perder seu registro, caso no venham a ser documentados. Ainda h tempo, enquanto essas fontes ainda vivem as informaes. Basta atenda para

    as necessidades de as novas geraes conhecerem esse universo, evitando

    que elas venham a se sentir sem passado, sem histria.

    Por tudo isso, a equipe dedica esse trabalho a essa populao e aos admi

    nistradores pblicos que to bem saibam entender as revelaes expressas

    no presente documento.

  • SUMARIO

    APRESENTAO

    1. INTRODUO

    PAGINA

    14

    8

    REGIO Ib - REA DE INFLUNCIA DA GRANDE VITRIA 27

    - Ib.l - MUNICPIO DE UNHARES............................. 28

    Ib.l.l. Povoado: Juncado 28Ib.l.2. Povoado: Comendador Rafael................ 31

    Ib.l.3. Rio Quartel 34Ib.l.4. Povoao ...................... 35Ib.l.5. Povoado Farias 36

    - Ib.2 - MUNICPIO DE RIO BANANAL 39

    Ib.2.1. Povoado: So Jorge do Tiradentes 39

    - Ib.3 - MUNICPIO DE ARACRUZ ............... 43Ib.3.1. Povoado: Jacupemba 43

    Ib.3.2. Barra do Riacho........................... 46

    Ib.3.3. Barra do Sahy............................. 48

    Ib.3.4. Crrego D'gua 51

    - Ib.4 - MUNICPIO DE IBIRAU 54

    Ib.4.1. Povoado: Cavalinho 54

    Ib.4.2. Povoado: Cristal... 56

    Ib.4.3. Povoado: Santo Afonso..................... 58

    Ib.4.4. Povoado: Piraqueau 60

  • - Ib.5 - MUNICPIO DE SANTA TEREZA

    Ib.5.1. Santo Antnio de Pdua

    - Ib.6 - MUNICPIO DE AFONSO CLUDIO .Ib.6.1. Fazenda Guandu .Ib.6.2. So Francisco .Ib.6.3. So Luis de Miranda .

    1.7 - MUNICPIO DE SANTA LEOPOLDINA .1.7.1. Caramuru .1.7.2. Santa Maria de Jetib .1.7.3. Alto Possmouser .

    PAGINA

    6363

    666667

    68

    69697582

    9

    - Ib.8. MUNICPIO DE DOMINGOS MARTINS 87Ib. 8. 1. Povoado: Ponto A1to 87Ib.8.2. Povoado: Perobas 90

    - Ib.9. MUNICPIO DE CONCEIO DO CASTELO 93Ib.9.1. Povoado: So Joo de Viosa 93

    - Ib.l0 - MUNICPIO DE CACHOEIRO DO ITAPEMIRIM 97Ib. 10. 1. Pvoado: So Jos de Fruteiras 97

    REGIO 11 - CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM 100- 11.1. MUNICPIO DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM 101

    II . 1.1. Crrego dos Monos 10111.1.2. Sambra 10311.1.3. Gironda 106II .1.4. Boa Esperana.................................. 110

  • 10

    PAGINA

    11.1.5. Prosperidade................................. 114

    - 11.2. MUNICPIO DE ITAPEMIRIM 119

    I 1.2. 1. Povoado: Gomes 119

    11.2.2. Povoado: Grana.............................. 121

    11.2.3. Brejo dos Patos.............................. 124

    - 11.3. MUNICPIO DE ICONHA

    11.3.1. Bom Destino

    128

    128

    - 11.4. MUNICpIO DE ATLIO VIVACQUA . 131

    11.4.1. Praa do Oriente............................. 131

    - 11.5. MUNICpIO DE CASTELO .. 135

    11.5.1. Estrela do Norte............................. 135

    - 11.6. MUNICPIO DE DORES DO RIO PRETO 140

    11.6.1. Mundo Novo................................... 140

    - 11.7. MUNICPIO DE PRESIDENTE KENNE Y 143

    I 1.7.1. Santo Eduardo 1. 143

    11.7.2. Jaqueira '. 145

    REGIO 111 - BOM JESUS DO ITABAPOANA RJ) 150

    - IIl.l - MUNICPIO DE APlAC..... 151

    II L 1. 1. Bom Sucesso 1. 151

  • REGIO IV - MANHUAU (MG) .

    REGIO V - COLATINA .

    - V.l - MUNICPIO DE COLATINA .

    V. 1.1. So Joo Grande .

    V.l.2. Divisa .

    V. 1.3. More 110 .

    - V.2 - MUNICpIO DE NOVA VEN~CIA .

    V.2.1. Cristalino .

    V.2.2. So Joo da Cachoeira Grande .

    V.2.3. Santo Antnio do XV .

    V.2.4. Praa Rica .

    V.2.5. So Luiz Rei .

    V.2.6. Todos os Santos .

    - V.3. MUNICPIO DE MARILNDIA .

    V.3.1. Monte Sinai ....................................

    - V.4. MUNICpIO DE UNHARES .

    V.4.1. So Jorge da Barra Seca .

    - V.5. MUNICpIO DE SO GABRIEL DA PALHA , .

    V.5.1. So Roque da Terra Roxa

    - V.6. MUNICpIO DE BOA ESPERANA .

    V.6.1. Santo Antnio .

    V.6.2. Sobradinho .

    1 1

    PAGINA

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    188

    191

    191

    195

    195

    198

  • 12

    PAGINA

    - V.7. MUNICipIO DE BAIXO GUANDU 202

    V. 7. 1. Mascarenhas 202

    - V.8. MUNICPIO DE PANCAS 205

    V.8.1. Monte Carmelo 205

    REGIO VI - MANTENA (MG) 208

    - VI.l - MUNICrPIO DE BARRA DE SO FRANCISCO. 209

    VI.l.l. Vargem Alegre................................. 209

    VI.1.2. Cafelndia 211

    VI.l.3. Bom Destino................................... 214

    VI.l.4. Santa Luzia do Crrego Azul.. 218

    VI.1.5. Monte Senir 221

    - VI.2 - MUNICpIO DE ECOPORANGA 224

    VI. 2. 1. Itapeba 224

    VI.2.2. Muritiba 226

    VI.2.3. Prata dos Baianos ou Vila Prata 227

    VI.2.4. Santa Rita.................................... 229

    VI.2.5. Santa Terezinha 231

    VI.2.6. So Geraldo 232

    VI.2.7. Ribeirozinho 234

    - VI.3.1 -CEDROLNDIA

    VI.3.2 - Boa Vista

    236

    239

  • 13

    PAGINA

    - VI.4 - MUNICpIO DE MANTENOPOLIS 242VI.4.l. So Jos 242

    REGIO VI I - NANUQUE (MG) 244- VII.l - MUNICpIO DE MONTANHA 245

    VII. 1. 1. Povoado: So Sebastio do Norte 245

    - VII.2 - MUNICpIO DE MUCURICI ,. 247VII.2.1. Povoado: Ponto Belo...................... 247VII.2.2. Povoado: gua Boa........................ 250

  • 1.

    14

    INTRODUO

    A histria dos povoados capixabas se confunde com a prpria histria eco

    nmica que marca as relaes sociais no Esprito Santo, desde a ocupao

    de seu territrio, at sua gradativa insero na diviso internacional do

    trabalho. O nascimento, crescimento ou estagnao desses povoados sempre

    esteve ligado s grandes transformaes scio-econmicas que ocorreramno Estado.

    Na fase de ocupao territorial, os povoados assumem um papel de apoio

    produo primria, inicialmente participando do ciclo de desmatamento e,em seguida, participando diretamente na produo cafeeira e pecuria. Com

    a hegemonia do caf, muitos desses constituiram-se em elos da cadeia de

    intermediao na comercializao dessa monocultura, ou mesmo na distribui

    o de bens e de servios populao rural. Com a erradicao do caf,o rtmo de crescimento desses povoados sofre uma reverso, pois o que os

    mantinha em asceno era justamente a vinculao ao capital comercial,

    que perde a sua hegemonia.

    Nesse perodo, a economia do Estado sacudida pelo advento dos grandes

    projetos, pela consolidao de um grande plo de produo, distribuio

    e consumo, na Grande Vitria, pelo crescimento acelerado do poder de atr~

    o desse plo, pela emergncia do capital agrrio e industrial na economia capixaba, surgindo uma nova paisagem sobre a rede urbana do Estado.

    Esses fatos vo provocar uma redefinio dos papis dos aglomerados urba

    nos, por meio de um modelo que se constitui, ao mesmo tempo, concentrador

    e desconcentrador onde a mesma lgica pressupe o inchamento da Grande Vidtria e proximidades, ao mesmo tempo em que se verifica um verdadeiro

    pipocamento de pequenas aglomeraes em reas de produo e de consumo re

    centes.

  • 15

    A gnese e a evoluo desses ncleos descreve um movimento pendular, orase inserindo na rede urbana, atravs de suas diferentes armaes, ao lon

    go do tempo, ora excludos, por sua inoperncia, de acumulao do capital,pois a situao vigente diretamente responsvel pela combinao de fato

    res que determinam o crescimento, a estagnao e o declnio dos ncleos

    urbanos. Compreender essa realidade significa analisar as principais ~

    nifestaes da dinmica scio-econmica e espacial, bem como as especifl

    dades de cada povoado na regio onde se insere.

    As informaeos que so agregadas a nvel de cada localidade subsidiaro a

    conformao de um Perfil dos Povoados do Esprito Santo, fornecendo ele

    mentos para melhor compreenso de como se rebate no espao as principais

    transformaeos da realidade capixaba. No conjunto, as especificidades e~tudadas, a partir de cada povoado, no conformam um entendimento global

    dessa realidade, j que essa maior do que o prprio somatrio das pa~

    teso Entretanto, esse estudo possibilita alguns indicadores de como se

    espacializa a prpria dinmica dos subespaos econmicos, notadamente em

    relao forma que assume o modo de produo capitalista onde se inserem

    esses povoados.

    Infere-se paralelamente as formas que assumem os movimentos migratrios

    internos a esses subespaos, no qual cada um detm, a cada momento, parc~

    las maiores ou menores dessa dinmica, em relao aos perodos de distri

    buio populacional interespacial correspondente. Tais movimentos so in

    dicativos das estruturas motoras, ligadas massa de salrios, valor de

    produo e pessoal ocupado, verificando-se que o incremento populacional

    est sempre relacionado gerao de valor, aos quais sustentam os pesos

    demogrficos nos vrios espaos do Esprito Santo.

    canse

    desemp~

    ocupa naum quadro

    norte do

    Assim, as leis que determinaro essas atraes ou expulses sero

    quncia do movimento geral da economia e do papel que cada espao

    nha na reproduo dessa, bem como o papel que cada aglomeradorede urbana. Com efeito, observa-se que essa dinmica conforma

    geral de distribuio das especializaes no espao. O extremo

  • 16

    Esprito Santo apresenta uma reglao rural especializada em pecuarla decorte, enquanto que o extremo sul em pecuria leiteira, a Regio I-b cen

    tral, prxima a Grande Vitria, com tendncias a especializar-se em olerl

    cultura e o litoral norte bem mais diversificado, que a rea de penetr~

    o das culturas ligadas indstria moderna (cana e eucalipto).

    o eucalipto, como matria-prima para a Aracruz Celulose, o carvo vegetaldestinado s siderrgicas mineiras, e a cana, dentro do programa de expa~

    so do Pr-lcool. Essa regio apresenta, ainda, rea de grandes fazen

    das de pecurias e cacau, e de culturas modernas, como pimenta-do-reino,mamo etc., altamente rentveis e produzidas sobre relaes de produotipicamente capitalistas, ou seja, pela utilizao do assalariado.

    Essa reglao apresenta transformaes marcantes, com alto indice de con

    centrao de terra, tendo se constituido ai um mercado de trabalho tpico

    dessas culturas, ou seja, com base no trabalhador temporrio, o que se

    reflete no surgimento de um grande nmero de povoados de bias-frias ao

    longo da BR 101 e na inchao da cidade de So Mateus.

    Segundo o documento Estudos Populacionais para Cidades, Vilas e Povoados,

    ao qual o presente estudo gravita, trs momentos so especficos no prQ

    cesso que consolidou essa nova agricultura. O primeiro foi a erradicaodos cafezais e sua substituio pela pecuria, acompanhado por um forte

    xodo rural, concentrao da propriedade e da consolidao do capital ~grarlo. O segundo momento a entrada do capital agroindustrial (na r~s

    gio ao longo da BR 101 norte), atravs do eucalipto e da cana, e do capl

    tal agrrio, atravs de culturas como a pimenta-do-reino, mamo, produzl

    das no pela relao tradicional, no Estado, ou seja, mo-de-obra fami

    liar, mas, sim, pelo assalariado temporrio. uma forma de produo tlpicamente capitalista, cujo objetivo da unidade produtiva a acumulao.

    O terceiro momento, marcado pelo replantio do caf, principalmente a

    partir de 1975, e j em 1980 o nmero de cafeeiros existentes no Esprito

    Santo se equipara novamente ao existente em 1960 (antes da erradicao).No obstante a modernizao do setor agricola, o capital industrial que

  • 17

    vai assumir o papel hegemnico. Visando a economia de escala, a espaci~

    lizao desse capital se d na regio de Vitria e ao longo da BR 101. O

    capital comercial possui variantes com a entrada de capital forneo, numaaproximao a economia nacional.

    Assim, o conjunto de cidades, inseridas ou no na rede urbana, est, agQ

    ra, vinculados prpria reproduo da economia modernizada, enquanto que

    a configurao espacial manifesta essa relao.

    Assim que a reglao central a que mais se desponta nesse processo, cre~cendo enceflicamente e inibindo, ao mesmo tempo, o surgimento de novas

    aglomeraes, dado o tipo de especializao que assume. Essa regio co~

    sol ida-se como centro industrial e de servios especializados, tendo, em

    sua rea de influncia direta o surgimento de centros importantes, como

    So Mateus e Linhares, ao norte (que at 1968 no passavam de cidades locais), como mudanas marcantes.

    Vitria e seus munlclploS limtrofes constituir-se-o direo prefere~

    cial dos fluxos migratrios. H um espao, denominado rea metropolitan~

    cuja reproduo a reproduo do grande capital aqui instalado. Sua re

    produo se d sempre no sentido da especializao e diversificao, no

    sobrando espao para outras cidades exercerem funes semelhantes.

    A reglao central, em Linhares, dever crescer em virtude da transferncia

    de certos servios e bens s possveis na rea central para Linhares, em

    virtude do mercado existente no norte. Nessa regio, foram pesquisados22% do universo, 25 povoados, nmero considerado significativo. Desses,17 povoados, cerca de 70%, surgiram num perodo anterior dcada de 70.

    Do total observado, repartem-se em igual proporo o nmero de povoados

    que apresentam um processo de urbanizao ordenado, malha urbana adensa

    da ou dispersa.

    Cerca de 60% desses apresentam um processo de crescimento populacional v~

    getativo ou negativo. A economia desses em sua grande maioria, est lig~

  • 18

    dos produo rural, prevalecendo o caf, como cultura dominante. Em re

    lao infra-estrutura e aos equipametnos observa-se uma situao parit!

    ria. A mairia das habitaes, nesses povoados, so de alvenaria, possuemrede de gua e de luz, sendo bem servidos de transportes. No entanto,

    a situao dos esgotos ainda precria, prevalecendo o sistema de fossasou eliminao de dejetos in natura. Em relao s comunicaes, so bemservidos, tanto no que concerne recepo de sinais das emissoras de fdio, de televiso, como pela rede telefnica.

    A Regio 11 - Cachoeiro de Itapemirim constituda por um centro indus

    trial e agroindustrial, localizado na cidade de Cachoeiro de Itapemirimao lado de uma regio rural a qual no mantm interao produtiva, onde

    predomina o leite, que passa a ser industrializado em seu parque indus

    trial, j bem diversificado, e o caf. uma regio que tende manuteno do status quo. Os povoados pesquisados nessa regio, num total de

    14, cerca de 15% do universo, so anteriores dcada de 60. Apenas a metade desses apresenta uma ocupao ordenada, assim como o nmero dos queapresentam uma malha urbana dispersa praticamente igual ao nmero de

    povoados que apresentam malha urbana dispersa. Na maioria desses preVi

    lecem habitaes de alvenaria.

    A maioria dos povoados situados na regio de Cachoeiro, apresenta cresci

    mento prximo ao vegetativo, poucos sendo aqueles que se despovoaram, em

    funo da erradicao do caf. Apresentam uma diversificao de culturas primrias, destacando-se a olericultura, a pesca, o abacaxi, a mandio

    ca e o caf (no de forma dominante). A extrao do mrmore est entre

    as atividades principais da economia de dois desses povoados.

    Em relao situao dos equipamentos, infra-estrutura e servios, obser

    va-se uma diviso paritria entre o nmero de residncias servidas por r~de de gua e por captao individual, por meio de poos. Prevalecem, tam

    bm, o nmero de habitaes em alvenaria, sendo bem servidos por rede eltrica, mas insuficientemente servidos em relao rede de esgotos. A

    maioria dos povoados adota o sistema de despejo de detritos sanitrios

  • 19

    in natura. Em relao aos trans ortes, a maioria dos povoados bem servida, mantendo linhas de nibus que facilitam a acessibilidade aos pri~cipais centros do Estado, recebendo bem os sinais das emissoras de rdioe televiso da Capital. No entanto, os sistemas telefnico e postagensainda so carentes, em relao aos servios que prestam.

    A Regio V - Colatina mantm uma constituio clssica de configurao,

    sendo articulada por Colatina que polariza centros urbanos em sua reglao

    de influncia, mas deles dependendo para reproduzir-se enquanto centro r~gional. A integrao se d via capital comercial, atravs da comerciali

    zao do caf e, tambm, pelo capital industrial, que domina a produo

    de carne (os dois principais produtos da regio). Essa centralizao ta~

    to na comercializao, quanto da industrializao desses produtos por CQ

    latina se faz com que fique retido a grande parte do excedente e isso

    lhe d dinmica de reproduo e diversifcao, mas a torna dependente emrelao ao entorno agrcola.

    bem diferente da forma como se estrutura a regio de Colatina, pois

    essa tipicamente industrial, no tendo vinculao direta com a produo

    rural. Observa-se que a regio de Colatina mantm a mesma estruturao

    desde a dcada de 60, embora tenha havido um processo de especializao

    de funes dos centros maiores, diversificando funes entre Colatina,

    Nova Vencia e So Gabriel da Palha. Assim que os povoados situados

    nessa regio reproduzem o status quo vigente.

    Dessa forma, a ocupao desses povoados anterior dcada de 60, sendo

    a maioria engajada num processo de crescimento positivo, e tendo no cafo sustentculo de sua economia, aparecendo, como atividade secundria, a

    pecuarla uo a cana. As aglomeraes so, em geral, em sua maioria, ord~

    nadas, adensadas, predominando o tipo de habitao de alvenaria. Aprese~

    tam um crescimento positivo, lento ou rpido, em funo da retomada do c~f, sendo bem servidas pelos transportes coletivos, de ligao a outros

    centros.

    Em relao s condies ambientais, verifica-se que a maioria possui ca

  • 20

    rncia de abastecimento de gua, feito por meio de nascentes ou poos a~

    tesianos. A energia eltrica est presente na maioria desses, assim comoa populao da maioria dos povoados est ligada ao contexto nacional atravs das emissoras de rdio e de televiso.

    J a Regio VI - Mantena formada por ncleos urbanos que se ligam ao

    centro regional apenas por exercer funes de oferta debens e servios.

    Isso se d pela proximidade dessa cidade com Colatina. No que se refere

    produo econmica, pecuria e caf, a subordinao se d totalmente

    por Colatina. Barra de So Francisco, que Ja exerce funo de cidade

    local para seu entorno, e por reter parte significativa do excedente daproduo de arroz, tende a ganhar dinmica e especializar-se e confor

    mar-se como cidade local para essa rede de pequenas cidades. Nesse n

    vel, Mantena no cumpriria mais o papel de complementar as funes dessaregio e a ligao se daria com a cidade de Coaltina, a nvel regional

    como j ocorre hoje.

    Por isso mesmo a tipologia de ocupao, bem como a estrutura econmica se

    assemelha s caractersticas da regio de Colatina. A maioria das aglom~raes nasceu na dcada de 50, possui um tipo de ocupao ordenado e aden

    sado, sendo suas habitaes de taipa ou de alvenaria. A grande maioria

    possui um crescimento positivo, lento ou acelerado, de acordo com a en

    trada do caf, embora em muitos deles predomine ainda a pecuria. Em re

    lao s condies fsico-espaciais, a maioria possui sistemas de ilumina

    o eltrica, mas so carentes em relao rede de gua e esgotos. Pred~minam os sistemas de captao de gua por nascentes ou por poos artesianos individuais. So deficientes em relao situao sanitria, j que

    os dejetos so depositados in natura ou fossas.

    So bem servidos por linhas de nibus intermunicipais, assim como recebembem os sinais emitidos por emissoras de rdio ou televiso. No entanto,

    so carentes em relao a servios telefnicos e de postagens.

    Em relao a Regio VII - polarizada por Nanuque, h uma predominncia

    das atividades pecurias. Por tratar-se de grandes propriedades que tra

  • 21

    balham com o assalariado permanente, suas cidades tm pouca integrao

    com o espao agrcola e se apresentam com poucas especializaes. A cida

    de de Montanha assume funes de cidade local para essa pequena rede decidades, e serve ainda como ponto de primeira intermediao da carne,

    que tem como destino vrios locais: Nanuque, Bahia, Colatina e Vitria.

    Nesse sentido, no tem muita ligao com Colatina no que se refere a su

    bordinao econmica. Os frigorficos de Colatina no monopolizam a co

    mercializao da produo desse espao. Est situada na fronteira da

    agricultura capitalista moderna. A penetrao do capital agrrio, via

    cultura da cana deve acontecer, j que, por tratar-se de grandes fazendas

    de pecuria, nenhuma resistncia oferece. De qualquer forma, a tendncia

    de constituir-se em mercado de trabalho, com base no assalariado temp~

    rrio e de integrao da dinmica da regio de So Mateus. A polarizaopara consumo pode continuar por Nanuque.

    Nessa reglao, h poucos povoados pesquisados, num total de trs, numa cla

    ra aluso sua representatitivade em relao ao universo estudado. Os

    trs so anteriores dcada de 60, sendo Ponto Belo, gua Boa e So Se

    bastio do Norte redutos tradicionais de pecuria que apresentam uma gr~

    dativa introduo da cana, como cultura alternativa. Em dois desses pr~

    dominam, de forma absoluta, as habitaes de taib, onde se deduz o nvel de renda baixo de seus habitantes. A aglomerao constitui stio

    adensado, porm de forma desordenada, apresentando rtmo de crescimento

    dispares. Ponto Belo cresce aceleradamente, devido influncia de Mucu

    rici, captado um comrcio que se constitui mais diversificado do que da

    prpria sede. Isso favorecido pela topografia, pela capacidade deabsoro de mo-de-obra nas farinheiras, alm de se constituir em fator

    gerador de circulao de uma pequena massa de dinheiro, devido massa

    de salrios e a falta de importncia da sede, Mucurici.

    gua Boa ainda vive os reflexos da erradicao do caf, por no ter en

    contrado alternativas econmicas, apresentando crescimento negativo. J

    So Sebastio do Norte se reproduz de forma lenta, provocada pela prpriareproduo da fora-de-trabalho diarista, que trabalha na cana. O abaste

  • 22

    cimento de gua deficiente em dois deles, So Sebastio do Norte e

    gua Boa. Ponto Belo j dispe de rede, enquanto os demais de apenas p~

    os individuais de captao de gua. A energia eltrica atende demandadesses povoados, mas os esgotos so despejados em fossas. O sistema de

    transportes atende frequentemente demanda, mas a telefonia e os servi

    os de postagens so deficientes. Apenas So Sebastio do Norte aprese~ta agncia postal. Em relao comunicao de massa, os sinais emiti

    dos pelas emissoras de televiso e rdio da capital so bem recebidos emtodos os povoados.

    A ltima das regies analisadas, a Regio VIII - So Mateus, rene 16 p~voados, 18% do universo. Essa regio apresentou mudanas significativas

    em sua economia. De uma regio basicamente de economia de subsistncia,

    sem muita integrao com a dinmica da economia cafeeira, passou a eng~

    jar-se ao atual processo de reproduo do grande capital, facilitado pela

    penetrao do capital agrarlo e agroindustrial que a modifica radicalmen

    te e num curto espao de tempo.

    As culturas de cana e de eucalipto e as usinas de lcool que ai se insta

    lam pasam a demandar uma massa de trabalhadores que no se constitui ap~nas pelos ex-proprietrios e parceiros desapropriados. Atrai populao,

    principalmente do sul da Bahia que passa a fixar-se tanto em So Mateus,

    como provocam o nascimento de uma srie de povoados que outra funo no

    tm alm de servirem de mroadia para os bias-frias.

    A reproduo dos ncleos urbanos e em especial de So Mateus est embric~

    da com a forma como se reproduz o capital agroindustrial. Por um lado

    concentra a propriedade da terra e cria um mercado de trabalho assalaria

    do de baixa renda e, por outro, gera emprego para um pequeno nmero de

    funcionrios altamente especializados e remunerados. Essas cidades no

    tm, portanto, nenhuma dinmica prpria de reproduo, no que diz respel

    to gerao de valor. O excedente retido se d via consumo assalariados que viabiliza a reproduo do capital comercial e do tercirio.

  • 23

    Em relao aos ncleos pesquisados, verifica-se que seu surgimento sempre posterior dcada de 60, esto vinculados economia rural e tem no

    caf, nos complexos agropecurios, no eucalpto, na cana e sua atividademaior. O nvel das habitaes precrio, pois a maioria dos povoados

    pesquisados apresentam construes de taip ou madeira. A maioria possui

    ocupao dispersa e desordenada, crescimento populacional rpido ou lent~

    mas sempre positivo. So maus servidos, em relao gua, a maioria dis

    pondo apenas de coleta de poos, individuais, sendo o sistema de esgotoso de fossas. Boa parte desses est situada junto BR 101 e, por isso

    mesmo, so bem servidos, em relao demanda de transportes coletivos.

    Em relao s comunicaes, a maioria recebe bem os sinais das emissoras

    de televiso e rdio da Capital, mas so carentes no que se refere tel~fonia e servios de postagens. Seis desses povoados pertencem a dois mu

    nicpios recentemente emancipados: Pedro Canrio e Pinheiro.

    Alguns outros parmetros podem ser traados, em relao conjuntura exa

    minada, quando confrontadas s realidades encontradas. Em relao ao se

    tor educacional, a situao somente se agrava em relao ao quadro esta

    dual. No Esprito Santo, de cada 100 crianas matriculadas na primeira

    srie do l grau, apenas 46 passam para a segunda srie, 12 terminam aquarta srie e nove concluem o 2 grau. Tais dados so sujeitos revi

    so, j que um sistema de acompanhamento do aluno no permite uma anlise

    concreta da situao, embora seja reconhecida a prpria precariedade do

    sistema de ensino pela Secretaria de Educao.

    No so poucos os estudos acerca da questo da evaso escolar, bem como

    da repetncia e analfabetismo. A repetncia e a evaso escolar so um

    dos aspectos de destaque, atribudos como produto marginal do sistema edu

    cacional, prova concreta de sua inadequao sociedade. Essa evaso tem

    suas causas nas condes scio-econmicas das famlias marginalizadas doprocesso de acumulao, onde crianas so ingressadas muito cedo no mercado de trabalho. A prpria migrao tambm acarreta reflexos no sistema

  • 24

    educacional, onde a mobilidade assegura explicaes em relao aos altosndices de transferncias.

    A pesquisa elaborada pelos Estudos Populacionais para Cidades, Vilas e PQ

    voados procurou analisar alguns dados coletados, sem que isso tenha signl

    ficado a aplicao de rigorosos critrios cientficos. Serviu mais como

    um pano de fundo para explicar a aplicao das equaes, visando a proj~o populacional do Esprito Santo at o ano 2.010. Por isso mesmo que o

    resultado serve apenas como um indicativo s anlises mais cientficasque venham a ser realizadas nesse campo. Alm disso, o universo retra

    tado diz respeito apenas aos povoados, sem que os dados coletados sejam

    passveis de cruzamento com a situao encontrvel em ncleos urbanos maiores.

    A partir do levantamento de dados de matrcula e do aproveitamento esco

    lar dos povoados includos no projeto, referente ao ano de 1984, verifi

    ca-se que a situao se aproxima tendncia encontrada a nvel nacional,

    o elevado ndice de alunos repetentes, matriculados na primeira srie do

    l grau, ndice esse que incide diretamente sobre a abertura de novas vagas.

    verdade que, se todas as crianas matriculadas na prmeira srie do l

    grau fossem aprovadoas, regularmente, em cada srie e no houvesse evasoescolar, o nmero de classes, em casa uma das sries mais avanadas seria

    igual aquele da primeira. Isso determinaria um acrscimo real de salas

    de aula para os alunos que completam a faixa etria de sete anos, a cada

    ano. Como a evaso alcana um ndice elevado, 14% em mdia, para os PQ

    voados includos no levantamento - o expediente de se manter maior nmerode vagas na primeira sri~ do l grau e nmero menor de salas nas sries

    seguintes, faz com que seja possvel absorver, anualmente, a clientela

    esperada, formada por gra~de parcela de novos alunos que procuram matrcula e parte do contingente de reprovados e evadidos que retornam escola.

    Entretanto, dado o elevado nvel de abandono e de reprovao, nos povo~

  • 25

    dos considerados no presente levantamento, muitas crianas permanecem fo

    ra da escola, dada a demanda excedente de matrcula na primeira srie,

    representada pelos ingressantes que completaram 7 anos, pelos reprovados

    e pelos evadidos que retornam escola. O ndice de 62% aferido, para

    aprovao mdia, ligeiramente superior mdia nacional que, em 1984,foi igual a 50% na l srie.

    Na tentativa de se encontrar possveis fatores determinantes dos diferen

    tes ndices de reprovao, aprovao, abandono e transferncia encontra

    dos foram calculados os ndices mdios para diferentes regies.

    Com relao ao ndice de aprovao, verificou-se que nos povoados situa

    dos na regio de Cachoeiro, foi de 67%, ndice superior ao da regio de

    Linhares, que apresentou 61%. Os menores ndices de aprovao encontra

    dos foram na regio de Barra de So Francisco, 58%, e Colatina, com 60%.

    Com relao ao ndice de reprovao, os povoados da regio de So Mateus

    tiveram os ndices mais altos, 19%, e em 2 lugar Linhares, com 18%. Asdemais regies tiveram ndices de reprovao semelhantes, em torno de

    16%.

    O maior ndice de abandono escolar verifica-se a maior incidncia na re

    gio de Colatina, com 16%, seguindo-se as regies de Barra de So Francis

    co, com 15%, e finalmente Linhares, com 13%, alm de So Mateus e Cachoei

    ro, ambas com 12% de abandono.

    Seria interessante analisar os possveis motivos da reprovao e abandono

    expressivos, provavelmente ligados ao tipo de escola (unidoscente ou no),

    produo econmica da regio e a qualificao dos professores, alm de

    outras.

    Em relao s condies ambientais, observa-se um predomnio das terrasutilizadas com pastagens, descanso ou improdutivas. As reas que ainda

    abrigam matas naturais no chegam a constituir 2% do total, sendo inex

    pressivas as reas com reflorestamento. Os povoados, de uma maneira g~

  • 26

    ral, esto localizados em stios planos, so dispersos e no planejados,

    situando-se s margens dos rios. A tipologia de habitao varia de acor

    do com o tempo de existncia desses ncleos, sendo melhores dotados,

    em relao infra-estrutura, pela oferta de energia eltrica. A situa

    o de esgotos precria, mas em relao ao provimento de gua, esses

    so resolvveis, em sua maioria, de forma individual, pela instalao depoos artesianos. O sistema de coleta de lixo existe apenas em um pequ~no nmero desses, quase inexistindo na grande maioria dos povoados pesqulsados.

    A grande maioria dos povoados no possui pavimentao das ruas, nem um

    sistema de drenagem adequados. O sistema de transportes coeltivos atende

    demanda, mas no de forma absoluta. As estradas variam de acordo com o

    grau de acessibilidade, j que muitos povoados apresentam dificuldades

    nos perodos chuvosos, devido s dificuldades provocadas pelo ausncia

    de pavimentao e de constituio dos stios, muitos deles situados em

    regio acidentada. Em relao aos equipamentos urbanos, h uma precari~

    dade quase absoluta.

    A igreja passa a ser um dos elementos aglutinadores na organizao so

    cial. Geralmente ela quem promove os principais eventos desses povo~

    dos, catalizando a maioria das populaes residentes no meio rural. Pos

    suem pouca representatividade poltica, em relao s bases eleitorais do

    interior do Estado. No foram observados conflitos de terra, embora as

    informaes acerca da organizao social e suas formas de controle sejam

    insuficientes para formar um diagnstico.

    Em relao s perspectivas futuras, h que se acrescentar uma tendncia

    futura de a economia estadual, consolidando a hegemonia do capital agrQ

    industrial, estabelecendo especializaes cada vez maiores dos espaos,mantendo a estrutura produtiva das regies e inserindo a realidade desses

    povoados nas mesmas leis que regem o jogo combinado de fatores que dete~minam o crescimento, a estagnao e o declnio dos vrios espaos ao qual

    esto inseridos.

  • 27

    REGIO Ih - REA DE INFLUNCIA DA GRANDE VITRIA

  • Ih - 1.

    Ib - 1.1. POVOADO: JUNCADO

    28

    MUNICPIO DE LINHARES

    Este povoado est situado ao norte do estado, como tambm encontra-se na

    mesma posio em relao a sede do municpio, distando desta, cerca de

    30km. O relevo desta regio totalmente plano e as possibilidades deexpanso deste aglomerado no encontram nenhum entrave de ordem fsico-geo

    grfica. Devido as suas resa planas, esta regio apresenta fcil formao de lagoas e em consequncia, deteriorao da qualidade de suas estra

    das, o que, no perodo de chuvas (principalmente vero) vem dificultar

    circulao de automveis e nibus, atrapalhando assim o escoamento da prQ

    duo e trnsito das pessoas residentes.

    o stio urbano formado basicamente por uma rua principal que corta opovoado em toda a sua extenso, alm de outras poucas ruas paralelas e

    transversais. No centro deste stio est situada a igreja que tem a sua

    volta um largo campo gramado reservado para as festas e promoes da co

    munidade.

    o histrico de Juncado data do incio da dcada de 60, poca em que afamlia Cezar Fornazier comprou uma rea de um alqueire para plantio de

    milho e feijo, e exerceu estas atividades durante 2 anos; passado este

    perodo, a localidade tinha constitudo um centro de rezas, o que atraa

    os moradores das reas vizinhas, que l se reuniam para exercerem seuscultos; com a consequente consolidao deste processo, o Sr. Cesar resol

    veu lotear a rea (102 lotes) e construir uma igreja, devido a estes fatos e a facilidade de acesso a alguns servios instalados, alguns colonosresolveram se instalar em Juncado, o que determinou definitivamente a

    instalao do aglomerado.

  • 29

    A atividade econmica predominante era a extrao da madeira, o que origi

    nou 04(quatro) serrarias, das quais, atualmente, s resta uma e que noexerce muitas influncias sobre a localidade.

    Recentemente alguns pequenos proprietrios tem constitudo moradias em

    Juncado, deixando seus estabelecimentos sob a superviso de trabalhadores, que passam a ocupar a antiga casa do patro.

    Tais fatos, por si s, no tem servido para fazer esta localidade se de

    senvolver, pois, apesar da chegada de alguns novos habitantes, outros tm

    sado para a sede do municpio ou ento para outros estados (principalmente para Rondnia). Como consequncia deste movimento, a vida comunit

    ria, outrora bastante animada, encontra-se um tanto desagregada, sendo

    prova de tal fenmeno, o fechamento da igreja h aproximadamente 02 anos.

    A dinmica da economia dada basicamente pela produo familiar de ca

    f, milho e feijo, que representam as atividades de maior agregao da

    mo-de-obra, utilizando em seus servios, uma pequena parcela de parcei

    ros e assalariados temporrios.

    Alm destas culturas, destaca-se a presena da pecuria, exercida de for

    ma extensiva mas que, ao nvel interno de Juncado, no exerce muitas

    influncias, pois utiliza pouca mo-de-obra e os proprietrios no resi

    dem no aglomerado.

    Ao nvel da atividade industrial, aparece Ol(uma) serraria, que utiliza

    05 a 07 pessoas em seus servios, mas que est, ano a ano, reduzindo sua

    produo, derivada da escassez de matria-prima na reglao, que outrora fQra uma abundante rea para o fornecimento de madeiras de diversos tipo~

    e que hoje encontra-se praticamente reduzida a reserva de Sooretama, como

    exemplo do passado.

    A atividade comercial serve basicamente a satisfao da demanda por ali

  • 30

    mentos, e em caso de outras necessidades o fluxo orientado para a sedede Linhares.

    A infra e superestrutura esto caracterizadas da seguinte forma:

    - Rede Escolar: Escola de l a 7 sries.

    - Rede Bancria: Os servios so executados em Crrego D'gua e na sedede Linhares.

    Rede Hospitalar: Atendimento na sede do municpio.

    Comunicao: Os nicos meios de comunicao existentes so o posto tele

    fnico e a televiso, os quais funcionam regularmente.

    - gua: utilizam cisterna.

    - Esgotos: O lanamento realizado em fossas.

    - Coleta de Lixo: no existe.

    Drenagem e Pavimentao de Ruas: no existem.

    - Transportes coletivos: dois horrios/dia para Linhares.

    As evidncias verificadas para o povoado de Farias levam a crer que a n

    vel populacional est tender a descrever, pois sua populao nos ltimos

    05 anos passou de 492 habitantes em 1980 para 424 em 1985, assim, se no

    houver uma inverso dos fatores ora existentes, com uma respectiva maior

    dinamicidade de sua economia, atualmente inserida na rede de Linhares,

    esta comunidade no lograr progredir.

  • 31

    Ib - 1.2. 20VOAD@: COMENDADOR RAFAEL

    o povoado de Comendador Rafael est situado ao norte do Estado, aproxim~damente a 25km da sede do municpio de Linhares, as margens da Lagoa Jupa

    ran - na parte final desta, partindo-se da BR 101 no sentido do interior

    do municpio e cortado pela antiga estrada (de cho) que fazia a lig~o dos municpios de Linhares, So Mateus, Colatina, Conceio da Barra

    e caminhava rumo a Bahia.

    o stio urbano formado basicamente por duas ruas, nas quais situam-sealgumas lojas de comrcio e as residncias, sendo que estas encontram-se

    tambm distribudas pelos morros que conformam o perfil desta aglomera~

    o clima predominantemente quente durante todo o ano e tal fato, aliadoao solo, torna esta regio propcia ao desenvolvimento das culturas de fei

    jo, milho, caf e arroz.

    A data de formao desta aglomerao remonta ao incio do sculoquando ento existia, na regio, um grande contingente indgena.

    famlias pioneiras na ocupao foi a famlia Gama.

    XX,Uma das

    Os atrativos principais de formao foram: a pesca, pois a Lagoa Jupar~

    n, encostada no aglomerado, representava um farto celeiro de pescado

    (37km de extenso); extrao de madeira, o que levou a constituio de

    04(quatro) serrarias, as quais encontram-se atualmente desativadas e o

    grande fl uxo de ni bus que 1i gava Li nhares com o norte do estado, promo

    vendo, assim, um grande incentivo ao comrcio.

    Enquanto estes trs elementos formavam a base de sustentao da dinmica

    local, o aglomerado exercia um papel importante na regio, mas com a es

    cassez de matrias-primas para as serrarias, dado o simples processo dedesmatamento, e a constituio da BR 101, que passa ao largo do povoado,esta localidade passa ento a conhecer, nos ltimos 15 anos, um processo

    contnuo de esvaziamento populacional e perda da importncia relativa do

    seu outrora florescente comrcio.

  • 32

    Por sua vez, a pesca, que representava uma atividade muito mais centrada

    no prprio consumo do que no processo da comercializao, no representa,por si s, uma atividade capaz de sustentao da populao residente,

    assim que so introduzidas atividades de carter como o caf (princlpal atividade agrcola), feijo, mandioca, milho e arroz.

    Dadas as novas caractersticas de utilizao de mo-de-obra, onde estase assalaria diariamente ou temporariamente, comum encontrar, na maio

    ria dos moradores, esta categoria de trabalhadores, que vivem num misto

    de atividades, entre a pesca e a agricultura.

    o comrcio, atualmente, s atende a demanda por gneros de primeiras necessidades, sendo que o restante suprido pela sede de Linhares.

    A infra e superestrutura pode ser. caracterizadas da seguinte forma:

    - Rede Escolar: Escola Singular Lagoa Juparan, que atende da l a 4srie e possui 03 professores e 04 salas de aulas. A escola que lecio

    na a partir da 4 srie est localizada em Crrego D'gua, e devido a

    distncia, muito raro algum sair para estudar fora.

    - Rede Bancria: Todo o atendimento realizado na sede de Linhares.

    Rede Hospitalar: Existe a sede do posto de sade, mas no est funcionando, e, em casos de necessidades, desloca-se para a sede do munic

    pio.

    - Comunicao: Chegam, de forma irregular, jornais e revistas; recebem,

    normalmente, imagens de televiso e o posto telefnico funciona reg~

    larmente.

    - gua: Atendimento da SAAE.

    - Energia Eltrica: Boa qualidade.

    - Esgotos: Lanamento a cu aberto, fossa negra ou ento na Lagoa Jupar~

    no

  • 33

    - Coleta de Lixo: No existe.

    - Drenagem e Pavimentao de Ruas: No existem.

    - Transportes Coletivos: Existem 6 horrios que saem de Linhares, sendo 2

    (dois) com destino a Jaquar, e l(um) para Colatina, So Gabriel

    da Palha, Tiradentes e Nova Vencia (todos eles cortam o povoado).

    Este um povoado que vem decrescendo, devido a sua perda de funes, pois

    sua populao que era de 468 habitantes em 1980, passou para 313 em

    1985, assim, dada a qualificao da dinmica de sua economia, de pr~

    ver-se que este ncleo, atualmente ligado a regio de Linhares, tende a

    continuar decrescendo nos prximos anos.

  • Ib - 1.3. RIO QUARTEL

    34

  • Ib - 1.4. POVOAO

    35

  • 36

    1.5. POVOADO: FARIAS

    Situado numa regio formada de pequenos morros, o povoado de Farias cor

    tado por uma vrzea de dimenses aproximadas 700 hectares, o que, de

    certa forma, representa um entrave a expanso ou aglomerao do stiourbano. Esta rea que est localizada ao norte do estado, recebe grandes

    influncias da sede do municpio, devido a pequena distncia que os sep~

    ra, o qu~ significa algo em torno de 18km. O clima quente, predominante

    ao longo do ano, permite decifrar as potencialidades econmicas oriundas

    do setor primrio, ou seja, culturas como mandioca, feijo e milho esto

    diretamente associadas s condies climticas e de solo da localidade.

    O surgimento deste povoado deve-se chegada da famlia Farias por voltada dcada de 40, perodo em que existia nesta regio uma densa mata, a

    qual originou uma serraria de mdio porte e que serviu para atrair outros

    moradores.

    Com o deslanchar deste processo houve a instalao de um loteamento, o

    que consolidou em definitivo a ocupao da localidade. Com a afluncia

    cada vez maior de pessoas, oriundas, principalmente do munlclpio de Ara

    cruz (italianos), comeou-se a cultivar a mandioca em escala comercial,que, no incio, era enviada para Presidente Kennedy, e que, dado ao prQ

    gresso desta atividade, resultou na criao de uma farinheira, e, a pa~tir de ento, a mandiocultura foi se expandindo, apresentando atua1ment~

    05(cinco) farinheiras instaladas, e com perspectivas de ampliao.

    Apesar da predominncia da mandioca, que atravs das farinheirsa, apre

    senta capital circulante na ordem semanal de Cr$ 150.000.000 (cento e cin

    quenta milhes/semana), existem outras atividades agrcolas, de menor ex

    panso, que so: caf, milho, feijo e arroz, sendo que, os trs ltimos

    sofrero um maior incremento a partir da drenagem de 700 hectares d vrzea existentes prximo a localidade, o que vir a acrescentar m iores

    perspectivas econmicas ao povoado.

  • 37

    A mo-de-obra existente na localidade no suficiente para atender a

    sua demanda, e a alternativa existente ir busc-la em Canivete, distrito vizinho, que fica a aproximadamente 7km de Farias, e que est localizado s margens da BR 101.

    Canivete um aglomerado tpico de ocupao por bias-frias, os quais su

    prem, praticamente, toda a regio circunvizinha do distrito. Tamanha a

    importncia deste reduto de mo-de-obra, que s para Farias, ele fornece

    aproximadamente 250 trabalhadores/dia, em perodo de pico, e segundo a

    opinio de moradores locais existe tanta oferta de trabalhadores que dat para escolher.

    A farinha processada comercializada em grande parte em So Paulo e Mi

    nas Gerais e em menor escala em Vitria e Rio de Janeiro.

    Alm das inddstrias de farinha, destacam-se tambm a presena da LASA(Linhares Alcooleira S/A) que tem suas instalaes industriais estabeleci

    das a 3km de Farias, e que, no contexto geral, no provoca grandes altera

    es no locus urbano do aglomerado.

    o comrcio de Farias atende basicamente ao consumo de gneros de l necessidade, sendo o fluxo maior no sentido de Linhares, onde compram-se tele

    vises, geladeiras, carro~etc.

    A infra e superestrutura existentes podem ser assim caracterizados:

    - Escola: l Grau Prof. Efignia Sizenando, a qual atende da l a 6 sries. A 7 e 8 no funcionam devido a falta de alunos e, garotos da

    6 srie tm desistido de estudar devido a oferta de trabalhos. O hor

    rio de funcionamento de manh e de tarde.

    - Bancos: Todo o servio realizado em Linhares.

    - Rede Hospitalar: Existe um posto de sade que se encontra fechado e osservios de sade so realizados em Linhares.

    - Comunicao: Existe um posto telefnico que insuficiente no atendi

  • 38

    mento, pois a LASA praticamente o monopoliza. O restante dos servios realizado na sede do municpio.

    - gua: Abastecido por rede da SAAE.

    - Energia Eltrica: Boa qualidade.

    - Esgotos: O lanamento de detritos feito atravs de fossa negra e aoar livre, o que propicia o surgimento de mosquitos e a proliferao de

    doenas.

    - Coleta de Lixo: No existe, o lanamento do lixo realizadoem matagaisprximos.

    - Drenagem e Pavimentao de Ruas: No existe drenagem e nem pavimentao.

    - Transportes Coletivos: Existem 6 horrios dirios ligando Farias e sede

    do municpio.

    De acordo com a dinamicidade da economia observada para o povoado de Farias, entende-se que este aglomerado apresenta perspectivas de desenvolvi

    mento e crescimento, quer seja industrial-transformao de produtos prl

    mrios (agrcolas) - bem como da sua populao, a qual passou de 250 pe~

    soas em 1980 para 644 em 1985. Aliada a tal perspectiva, destaca-se

    tambm a pequena distncia da sede do municpio, que exerce enorme influncia na localidade, cuja administrao municipal tem efetivado algu

    mas aes (drenagem de vrzea) que intensificam ainda mais a economia de

    Farias.

  • Ib - 2.

    39

    MUNICPIO DE RIO BANANAL

    Ib - 2.1. POVOADO: SO JORGE DO TIRADENTES

    o povoado de So Jorge do Tiradentes est situado no norte do estado, e aextremo norte do municpio de Rio Bananal, prximo a linha divisria do

    municpio de Colatina, distando da sede de Bananal aproximadamente l5km,

    atravs de acessos em mau estado de conservao, que apresentam declivida

    de ascendente de baixa altitude.

    Esta uma reglao de grande fertilidade, apresentando at bem pouco tempo

    uma densa mata que foi praticamente dizimada atravs da atividade carvoei

    ra, a qual serviu de base introdutria a cafeicultura alm de promover

    um grande fluxo de mo-de-obra necessria ao processamento do carvo.

    o stio urbano se caracteriza por apresentar um aglomerado situado atravs de uma longa rua, ao longo da qual, estabeleceram o comrcio princi

    pal e os estabelecimentos residenciais. Esta rua; no sentido sul-norte,

    possui uma ladeira extensa, em cujo fim cortada por um crrego, que

    divide o aglomerado; seguindo pelo acesso principal, aps passar a ponte,

    chega-se a escola de l grau, alm de algumas poucas residncias, as

    quais determinam o limite final da aglomerao.

    A localidade de So Jorge do Tiradentes banhada por dois rios: So

    Joo e Tiradentes, de pequenos volumes d'gua, e que no tm muita impo~

    tncia ao nvel econmico desta rea.

    o processo histrico de formao deu-se atravs da existncia de um armazm de secos e molhados, para onde confluiram moradores das cercanias.No princpio, devido a rea ser cortada por um rio, cada uma das partes

    recebia um nome distinto, uma chamava-se So Joo do Tiradentes e a outra

    So Paulo.

  • 40

    Toda esta rea era de propriedade do Sr. Luiz de Souza, residente em Cam

    pos (Rio de Janeiro), o qual conservava a propriedade com pura mata.

    Com a chegada do Sr. Jorge Pereira Torres, comeou o primeiro loteamento,

    em 1955, e estabeleceu-se definitivamente o nome de So Jorge do Tiraden

    teso A partir deste momento deslanchado um processo efetivo de ocup~

    o com a vinda de imigrantes, inicialmente de Campos, MInas Gerais, e

    posteriormente de Castelo, Iconha e outros municpios do sul do EspritoSanto.

    Este fenmeno foi provocado devido as perspectivas de explorao da ativl

    dade carvoeira alm da possibilidade de aquisio de terras a preos mdicos.

    Aps a instalao do armazm, e com o adensamento populacional, seguiu-se

    a construo de outros estabelecimentos comerciais.

    caf apresentava bons lucros na dcada de 50, e com isto So Jorge ch~gou prosperamente a possuir bares, padaria, 03 farmcias, 09 lojas (con

    feces e secos e molhados) alm de uma srie de outras atividades comer

    ciais.

    Com a erradicao dos cafezais, em meados dos anos 60, este quadro se in

    verte, e o que se ve e um processo de emigrao populacional com destino

    a Rondnia, o que acarretou uma regresso no outrora prspero crescimen

    to do povoado.

    Atualmente o que se encontra uma populao apresentando um pequeno ndi

    ce de crescimento, sendo atendida por uma farmcia e alguns poucos estabelecimentos comerciais, acreditando que a melhora dos preos do caf

    possa trazer ao povoado o crescimento j experimentado anteriormente.

    caf, milho, feijo e o arroz, constituem a base econmica de So Jorge, sendo que os trs 61timos apresentam uma produo mais voltada para asubsistncia, enqunto que o caf a principal atividade comercial, e o

  • 41

    seu destino para Vitria e Colatina, atravs de compradores locais.

    Alm destas atividades, destaca-se a carvoaria, que, ainda representa, no

    contexto geral, uma funo intensificadora na utilizao de mo-de-obra,e que serve para aquecer a dinmica econmica local.

    A indstria representada por uma fbrica de aguardente, a qual, alm

    de pequeno plantio de cana de reserva, trz matria-prima de Conceio

    da Barra e comercializa seus produtos em todo o Esprito Santo.

    o comrcio encontra-se formado por Ol(uma) farmcia, 04(quatro) lojas degneros alimentcios e 04(quatro) bares, e atende a uma pequena demanda

    por parte da comunidade, a qual compra a maior parte de seus produtso na

    sede do municpio de Rio Bananal. Os comerciantes locais so, tambm,

    proprietrios de terras na regio.

    A infra e superestrutura caracterizam-se da seguinte forma:

    - Rede Escolar: Escola de l Grau Barra do Tiradentes atende da l a 4sries e CENEC (Companhia Nacional de Escolas de Comunidades) de 5 a

    8 sries.

    A Escola Barra do Tiradentes tem mais de 30 anos de existncia, e se

    encontra em pssimo estado de conservao, sendo que a comunidade quem tem se encarregado de sua manuteno, atravs de meios prprios.

    Um problema enfrantado pelo sistema educacional, a evaso de alunos

    que nesta regio representa aproximadamente a 25% de estudantes que no

    concluem o ano letivo.

    Dois elementos podem ser caracterizados como os responsveis por estefenmeno; um a cafeicultura, que nos perodos de colheita, arregimen

    ta, indistintamente, crianas e adultos, num processo competitivo, o~

    de se remunera por rea ou saco colhido diariamente, fazendo com queos pais, num artifcio para elevar a renda familiar, retirem seus fi

    lhos da escola, inutilizando o ano letivo. Outro fator a atividadecarvoeira, que, em seu declnio, tem desempregado vrios trabalhadores,

  • 42

    os quais partem para outras regies em busca de trabalho, levando seusfilhos, fazendo com que estes, numa consequncia lgica, percam seusestudos do ano.

    Vale ressaltar que tal fenmeno no ocorrncia exclusiva deste povo~

    do, e sim de todo o estado, onde a sazonal idade da fora de trabalho seimpe como imperativo ao fluxo migratrio.

    Rede Bancria: Rio Bananal e Linahres (nmero maior de bancos).

    Rede Hospitalar: Atendimento mdico uma vez por semana, na igreja. Hospital em Linhares.

    Comunicao: Tem posto telefnico, correio e televiso, com bom atendimento e funcionamento; existe uma biblioteca pblica a cargo da administrao municipal.

    - gua: SAAE.

    Rede Eltrica: Atendimento precrio.

    - Rede de Esgoto: Poucas casas possuem fossas, o resto do despejo na rua.

    - Coleta de Lixo: realizada 02(duas) vezes por semana, a cargo da Prefeitura.

    - Drenagem e Pavimentao de Ruas: No existem.

    - Transportes Coletivos: Existem 04(quatro) horrios diris que saem deLinhares e vo para Colatina e vice-versa, alm de um horrio que sai

    do povoado para Linhares.

    Uma avaliao rpida a respeito deste povoado, que est inserido na rede

    de Linhares, mostra que atravs do processo histrico a deciso de erra

    dicao aos cafezais provocou todo um desarranjo estrutural no seu quadro

    econmico e populacional, que no primeiro momento decresceu, e s aps

    quase 20 anos depois deste processo, volta a se equilibrar, com sua pop~lao, retomando timidamente um crescimento interrompido, pois o: nQmero

    de habitantes que em 1980 estava em 422, em 1985 encontrava-se em 470,e, caso no haja nenhuma alterao nas perspectivas vigentes, esta ser

    a tendncia de crescimento de So Jorge do Tiradentes.

  • Ih - 3.

    Ib - 3.1. POVOADO: JACUPEMBA

    Caracterizao da Vila de Jacumpemba

    Distrito de Guaran

    43

    MUNICPIO DE ARACRUZ

    Jacupemba est situado s margens da Rodovia BR 101, na divisa com o muni

    cpio de Linhares. formado, basicamente por trs aglomerados urbanos:

    Jacupemba, que o ncleo central, aproximadamente 280 casas, o bairro

    So Jos, onde se localiza a fbrica de carrocerias Mambrini, que conta

    com 60 domiclios e o bairro de Nova Colatina, com 144 casas. Sua situao geogrfica a seguinte: regio plana, sobre solos de Formao Barreiras e banhado pelo Rio do Norte e pelo Crrego So Jos. O stio urbano

    apresenta uma rea de grandes dimenses, que servir para expanso, ao

    sul do aglomerado. Pelo asfalto est a 50km da sede do municpio. H

    uma rodovia estadual no pavimentada que liga Aracruz, via Crrego

    D'gua, com o percurso menor. Jacupemba tem muita facilidade no que serefere a transportes, pois h nibus a todo instante passando pela BR 101,

    com destino aos grandes centros.

    A populao de Jacupemba apresenta os seguintes dados: 1980 = 2.475, 1985

    = 2.420 e para o ano 2010, o nmero de habitantes chegar a 3.430.

    Um dos fundadores do povoado o Sr. Salvador Baioco. O relato do velhodesbravador cheio de emoo, pois ao chegar na regio onde hoje situa

    o aglomerado, no existia nada, a no ser a mata rica em madeiras nobres.

    Fomos encontr-lo s voltas com as crianas, com um cajado na mo, esbra

    vejando, pois elas insistiam em desapropriar suas belas laranjas. Segun

    do o Sr. Baioco, o povoamento de Jacupemba, teve incio por volta de

    1950. Sua esposa tambm participou desse processo como professora daescola local por mais de 12 anos, enquanto o marido e outros pioneiros da

  • 44

    vam conta da mata, que circundava o embrio urbano.

    Contam, que uma viagem at Vitria custava um dia inteiro e s tinha um

    nibus, via Santa Cruz. J a estrada que ligava a Linhares, passava

    dentro do logradouro, o que muito contribuiu para o desenvolvimento pop~

    lacional. Com a retirada da madeira surgiram as serrarias e iniciou uma

    importante atividades econmica, no comeo dos anos 60. Com o refugo

    dos desmatamentos e o aproveitamento das madeiras menos nobres, aparec~

    ram as carvoarias, que gerou uma nova fonte de trabalho na regio. Na

    dcada de 70, com o asfaltamento da BR 101, o aglomerado cresceu ao longoda estrada e uma nova dinmica econmica comeou a se desenvolver.

    As grandes propriedades rurais comearam a fixar seus trabalhadores dia

    ristas no aglomerado. Hoje Jacupemba consolida sua condio de bolso de

    bia-fria, formado pelo contingente de trabalhadores das plantaes decaf, mamo (essa atividade desenvolvida nas fazendas de Linhares, e,

    todo dia os caminhes chegam ao povoado para levar e trazer os trabalha

    dores), cana-de-aucar, eucalipto para a Acesita, pecuria e na criaode porcos.

    Algumas indstrias tambm se instalaram em Jacupemba. A BRASAGRO, que

    uma fbrica de rao para porcos e emprega mo-de-obra local. A fbrica

    de carrocerias para caminhes MAMBRINI, onde se formou o bairro So Jos

    e um alambique, que conta com 20 empregados do povoado. Por ter essasqualificaes, Jacupemba passa hoje por um processo de inchao popula

    cional. Isso se deve por oferecer condies de fixao residencial, um

    atrativo para as populaes que se movimentam em busca de trabalho e mo

    radia; e claro, pelo fcil acesso ao aglomerado.

    H em Jacupemba quatro casas de comrcio, vendendo basicamente gneros

    de primeira necessidade, pois pela proximidade de Linhares, impede o

    surgimento de um comrcio mais sofisticado. Conta ainda com cinco barese alguns botequins sem registro. Segundo alguns moradores, o Posto de

  • 45

    atendimento do BANESTES, se prepara para atuar na rea de financiamento.

    Como forma de organizao social, o povoado conta com um Centro Comunitrio, que exerce um papel muito importante para a comunidade. Alm de

    ser um veculo para a populao fazer suas reivindicaes, tambm a se

    de do Posto de Sade, que tem uma enfermeira, que diariamente d assistn

    cia aos habitantes. Trs vezes por semana uma mdica comparece ao Posto.

    A Igreja quem controla a administrao do Centro Comunitrio. O agl~merado est ligado aos grandes centros atravs de um posto telefnico e

    um posto dos correios. A rede escolar conta com o ensino de l e 2

    Graus, a Escola Dlio Penedo teve 770 alunos matriculados em 1984. H tam

    bm um curso de contabilidade em funcionamento em Jacupemba.

    No tocante a infra-estrutura bsica, o problema de maior relevncia paraos moradores, so o estado das ruas. No existe pavimentao e quando

    ocorre a poca de chuva, suas ruas ficam intransitveis, pois no existe

    uma rede de drenagem pluvial. Jacupemba conta com uma estao de trata

    mento e distribuio de gua, administrao pela SAAE, que considerada

    pela comunidade, satisfatrio o fornecimento. Energia eltrica tambmatinge a maioria da populao. Um equipamento que pode ser considerado ra

    ro nos aglomerados do interior, o sistema de tratamento de esgotos, fo~

    mado por 3 filtros anaerbicos localizados estrategicamente em 3 pontos,

    masque s atende o ncleo central. Tambm em Jacupemba, no tendo em

    Nova Colatina e Bairro So Jos, h coleta de lixo diariamente.

    O processo de urbanizao que vem se desenvolvendo em Jacupemba, j apr~senta consequncias demogrficas e econmicas. O aumento da populaodisponvel para o trabalho assalariado, um novo indicador social aparece:

    a formao de favelas s margens da rodovia, constituda basicamente por

    famlias dos trabalhadores diaristas na agricultura e pecuria. Esse

    aglomerado, conhecido como Nova Colatina, por causa dos primeiros moradores procederem desse municpio, conta hoje com 144 casas, sem nenhuma infra-estrutura, das quais, 28 casas nem luz eltrica possui. Por ter umcrescimento reflexivo, natural o aumento da populao, pela atrao de

    de bias-frias.

  • 46

    Ih - 3.2. BARRA DO RIACHO

    SITUAO: Zona Urbana Isolada

    A - APRESENTAO

    Aglomerado do distrito de Riacho, tinha, em 1980, 502 casas e 2.046 habltantes, nmero este atualmente reduzido para 468 e 1908, respectivamente,pois correspondia aquele, ao momento em que diversas obras da Aracruz Celulose e Florestal estavam em andamento. Situa-se no litoral, ao norte a

    l8km de Santa Cruz e a 5km de Barra do Sahy, pela ES-010, 10km ao sul de

    Riacho e a 25km a leste de Aracruz pela ES-257. Foi utilizada como rea

    piloto para testagem da metodologia e treinamento da equipe; consequent~mente as informaes coletadas ficaram bastante pulverizadas.

    B - INTRODUO

    Barra do Riacho localiza-se em rea razoavelmente plana, e cercada por

    plantaes de eucaliptos, o que, com a foz do Riacho, dificulta sua expanso urbana. A 3km, onde era a praia, foi construido o pier de pedraque constituiu o remanso onde foi instalada a Portocell, de embarque de

    celulose semi-processada. O acesso ao porto se faz atravs de uma ferro

    via que o liga diretamente fbrica da Aracruz, localizada a cerca de

    4km. O povoado, outrora longingua aldeia de pescadores, pequenos propri~

    trios e eventuais turistas, serviu de abrigo mo-de-obra no especiallzada (aquela qualificada foi localizada em Coqueiral, projetada e instala

    da com essa finalidade) das empreiteiras, durante as obras civis de instalao da Aracruz Celulose e da Aracruz Florestal, adquirindo o carter

    de acampanhamento livre, com todos os problemas sociais consequentes.

    C - APRESENTAO DO STIO URBANO

    Situado entre a barra e o eucaliptal, o povoado cortado pela ES-010,que constitui sua rua principal, onde esto localizados o comrcio, a es

    cola de l e 2 Graus, a praa da igreja, o ponto inicial do nibus, a

  • 47

    discoteca,etc. Nesta e nas paralelas imediatas, as casas so em alvena

    ria, todavia sua qualidade piora medida em que se afasta, havendo mesmo

    um bairro de barracos e choupanas, no lado oeste. Na sada sul, h um

    bairro de aspecto abandonado, que se constitua na zona de prostituio,

    hoje praticamente desativada. Apenas as ruas principais so paviment~

    das, nos trechos prximos ao centro; em todas as outras a conservao precarla. A drenagem pluvial se resume ao trecho pavimentado. H ener

    gia eltrica, iluminao pblica e abastecimento de gua, todavia muitas

    famlias se abastecem de poos, provavelmente contaminados, pois no htampouco sistema de esgotos. O lixo recolhido uma vez por semana e

    lanado perto do cemitrio, in natura e ao ar livre. H ainda posto mdi

    co com atendimento 3 vezes por semana e escola de l 4 srie sendo

    que os nveis mais acima so cursados em Aracruz. Os servios bancrios

    so tambm realizados na sede, visto no haver agncia no povoado, assim

    como as compras e servios mais especializados. H um posto telefnicoe outro de correio, de pequeno porte. O transporte coletivo feito pela

    guia Branca e pela Viao Caboclo Bernardo, empresa que j teve sua sede

    no povoado e que iniciou suas operaes h cerca de dez anos, quando co

    meou a fbrica. H linhas para Vitria e para Aracruz, passando por

    outros aglomerados.

    D - PERFIL DE DIAGNSTICO

    Barra do Riacho tem aspecto do que realmente : uma cidade que passou porum ciclo. Dizem ter chegado a abrigar 8 mil trabalhadores de empreitei

    ras, atraindo aventureiros, comerciantes e prostitutas. A populao ain

    da tem aspecto amedrontado ao relatar fatos como a tentativa de invaso

    da escola, o desencaminhamento das filhas e dos filhos do local, a vidanoturna. Tudo como numa noite de pesadelos que ainda no terminou, pois

    h ainda alguns trabalhadores de obras e muitos porturios, que ficam a

    vagar enquanto aguardam a chegada dos navios, e para os quais est sendo

    construdo um alojamento pelo sindicato martimo.

  • 48

    A atividade mais perene a pesca, realizada de maneira no artesanal,

    utilizando barcos pequenos pertencentes a pequenos armadores. So cerca

    de 200 empregados na pesca e reparos de barcos, com uma produo de aprQ

    ximadamente 1,5 toneladas por semana. As vendas so realizadas principal

    mente em Vitria, de onde trazido o gelo. A atividade no tem se expa~dido, inclusive porque a barra no comporta barcos de maior porte. ACapitania dos Portos no dispe de posto no local, apenas de um fiscal.Os

    empregos permanentes que foram gerados na indstria e no porto foram ocu

    pados por trabalhadores originrios de fora. As mulheres no trabalham

    ou o fazem como empregadas domsticas em Coqueiral ou para algumas po~cas famflias de renda maior em Barra do Riacho.

    E - FUNES, GRAU DE ESPECIALIZAO E VINCULAO REDE URBANA

    Verifica-se a impossibilidade de reproduo do capital no local, que ser

    ve como bolso de reserva de mo-de-obra e de infra-estrutura urbana.Seu nfvel de atividades residual, dependendo do nfvel de empregos e deremunerao do complexo da Aracruz. O surgimento de novas atividades

    tambm uma possibilidade remota, pois as terras pertencem tambm Ara

    cruz. A nica atividade no subsistente, a pesca, dominada por grupos

    restritos de capital mdio, com poucas possibilidades de expanso. Inse

    re-se na rede urbana com a funo de cidade embrionria, sob influncia

    de Aracruz.

    Ib - 3.3. BARRA DO SAHY

    Caracterizao do povoado de Barra do Sahy

    Distrito de Riacho

    O povoado de Barra do Sahy est localizado na faixa litornea norte doEstado do Espfrito Santo. Para se chegar ao aglomerado existe dois cami

  • 49

    nhos: A Via BR 101 e a ES 257, que passa pela sede do municpio, AracruL

    Essa estrada a ligao de Aracruz fbrica Aracruz Celulose. Inclusi

    ve o bom estado de conservao da rodovia, que no asfaltada, se deveao interesse da inddstria, pois a estrada singra as matas homogneas de

    eucalpto e a produo da matria prima escoada por ela. O outro aces

    so feito pela ES 010, litornea, via Santa Cruz, onde a travessia sobre

    o Rio Pirquaeau feita por balsa. A est localizada a reserva indg~na dos remanescentes dos Tupiniquins e Guaranis.

    Barra do Sahy um povoado sui generis. Por ser uma antiga colnia de

    pescadores, esta atividade, hoje, est colocada em segundo plano, j que

    a principal ocupao dos habitantes do aglomerado oferecido pela Aracruz Celulose. Isto transformou radicalmente a atividade produtora pes

    queira em trabalho nas plantaes de eucalpto. A situao de balnerio

    que se proclama para o povoado, choca com a proximidade da fbrica, loca

    lizada a menos de 4km do povoado (pode-se ver as chamins do complexo

    industrial), pois atingido periodicamente pela descarga de agentes p~

    luidores, inundando o aglomerado, no s com um forte cheiro de repolho

    azedo, como tambm da presena da fumaa contendo elementos, que com a

    frequncia em que a populao respira, vai perdendo aos poucos a capacldade sensitiva desse olfato.

    A ampliao do permetro urbano, aumentou a rea ocupada e hoje o povoado

    conta com 400 lotes na faixa litornea e j est em andamento o dimensio

    namento de um conjunto habi~acional, patrocinado pela prefeitura com mais

    de 240 casas, j dentro das matas de eucalipto que circundam o povoado.

    A respeito da origem do povoado, as informaes foram coletadas princl

    palmente com o Sr. Cleris Matos, 68 anos, antigo pescador profissional e

    hoje trabalhando no departamento de guas e esgotos. Antiga colnia de

    pescadores na Barra do Crrego Sahy, o loteamento do povoado se iniciouh 13 anos, atravs do atual prefeito, cujas terras eram de sua propriedade. A inteno era fazer da localidade uma rea de turismo, que pudesse

    receber os funcionrios da Aracruz, os habitantes da cidade de Aracruz etambm os funcinrios da Vale do Rio Doce, que reisdem em Joo Neiva. Por

  • 50

    isso foi feito um investimento no povoado, o que no comum na maioria

    deles por todo o estado. Para se ter uma idia, o sistema de transporte,

    conta com vrias linhas de nibus, ligando o Bairro Coqueiral, fbricae a cidade de Aracruz, e tambm vila de Santa Cruz.

    Hoje a populao de Barra do Sahy de 398 hab., sendo previsto para o

    ano de 2010 um contingente de 923 hab. Por ter uma caracterstica nica

    entre os povoados do estado, o de ser balnerio, Barra do Sahy conta com

    158 domiclios de uso ocasional em 1985 e passar a ter no ano 2010,

    273. Sua populao flutuante, gira em torno de 247 visitantes em 85 econtar com 573 em 2010.

    No povoado de Barra do Sahy no h qualquer atividade agrcola, pelo sim

    ples fato de no possuir reas para plantio, no entorno. Isto se deve a

    total utilizao do espao para o plantio de eucalpto. Portanto a pop~lao totalmente dependente de Aracruz, at para adquirir um p de alfa

    ce, como diz o Sr. Cleris. O povoado est localizado no complexo agro

    de eucalpto. A atividade pesqueira, que seria o principal meio de subsistncia, conta hoje com apenas 04 barcos, num total de 20 pescadores.

    Os demais trabalhadores esto ocupados na Aracruz Celulose, ou na cons

    truo civil de casas de veraneio.

    O comrcio varejista conta com 04 vendas de gneros de l necessidade. O

    consumo superior feito em Aracruz. Ainda apresenta uma rede de restau

    rantes especializados em alimentao base de frutos do mar, que funcio

    nam nos fins de semana e nos perodos de veraneio. A produo matria-

    -prima para esses restaurantes quase toda vinda de Barra do Riacho, co

    mo atesta os informantes.

    No que se refere a educao, existe apenas uma escola de l Grau, Escola

    de l Grau Povoao do Sahy, que atende da l 4 srie. O nmero dematrculas caiu muito nos ltimos anos, passando de 90 em 1980, para 73matrculas em 1984. H promessa do prefeito no sentido de se viabilizar

    a construo ou ampliao da escola para atender tambm at a 8 srie.

  • 51

    o abastecimento de gua um dos melhroes, em termos de povoado, poisconta com uma estao de tratamento, inaugurado em 1982, num convnio en

    tre a FSESP/SAAE/PMA. Nesse perodo contava com 72 ligaes e hoje j

    chega a 189, o nmero de domiclios beneficiados. Energia eltrica atende todo o povoado, porm h carncia nos sistemas de esgotos e coleta de

    lixo. Suas ruas no so pavimentadas e no h drenagens pluviais. Oposto de sade, conta com um mdico, que atende uma vez por semana, sendo

    necessrio se dirigir a Aracruz para uma emergncia. H no povoado umposto telefnico, porm no conta com posto dos correios.

    Da anlise concluiu-se que Barra do Sahy no se insere na Rede Urbana do

    Esprito Santo, mas pela condio de balnerio e por contar com uma bela

    orla martima, com bonitas praias, uma infra-estrutura voltada para aten

    der aqueles que al procuram lazer, fatalmetne o aglomerado se dimensiona

    r dentro de uma rede turistca do Estado e do Pas, j que h interesse

    da administrao municipal pois o restante do municpio est comprometido

    com as plantaes de eucalpto.

    Ib - 3.4. CRREGO D'GUA

    Caracterizao do povoado de Crrego D'gua

    Distrito de Guaran

    O acesso ao povoado se faz

    prximo Vila de Guaran.

    no pavimentada, que segue

    pela BR 101, at o entroncamento com a

    Do trevo at o povoado so 3km de

    ligando a Aracruz.

    ES 124,

    estrada

    Ao chegar a localidade h um pequeno aclive onde desponta o stio urba

    no. O casaria concentra-se ao longo da estrada, com algumas ruelas - aflu

    entes. A direita de quem chega, ergue-se a imponente Igreja de So Jos,

    smbolo de um passado de riqueza e prosperidade. A igreja est localiza

    da no adro, caracterstico de muitas cidades em que a igreja exercia gra~de influncia na comunidade. Como todo patrimnio do Brasil, no faltaum campo de futebol, que est atrs da igreja, e tem um gramado verdinho

  • 52

    e quando no h jogo, a criao pasta solene. Nesse conjunto encontram-

    -se, ainda um campo de bocha, a parada de coletivos e o comrcio local.

    Trs riachos cortam o povoado: Crrego D'gua, Crrego Santo Antnio e

    Crrego Cuiabano. As fazendas que circundam o povoado, apresentam culturas de caf, cana e, em dimenses maiores a criao de gado, que transfor

    maram a paisagem frtil, em imensas pastagens. Crrego D'gua servidopor uma nica linha de nibus, que faz o trajeto Guaran x Aracruz viaES 124, com um horrio dirio.

    A populao do patrimnio est muito dispersa, a impresso que se tem, de uma cidade fantasma, j que todo mundo, inclusive as crianas, traba

    lham o dia inteiro nas fazendas. Nos ltimos 5 anos o crescimento da

    populao foi negativo, j que em 1980 o povoado contava com 200 habitan

    tes e em 84 no passa de 165. Dentro desse quadro, a projeo popul~

    o, diminuiu ainda mais, passando a contar com 132 habitantes no ano

    de 2010, conformando uma participao insignificante na distribuio pe~centual na populao total do municfpio.

    As informaes sobre a origem do patrimnio foram narradas durante uma

    conversa, na nica venda do povoado, com o Sr. Joo Franchiotti, 64 anos,

    nascido no local, trabalhador do campo e hoje aposentado pelo FUNRURAL.

    Segundo ele, o movimento provocado pelos madereiros, que chegaram para

    a extrao a madeira, foi o principal motivo do nascimento do aglomer~

    do. A medida que desmatavam, comearam a surgir as primeiras plantes

    de caf, e os agricultores, ento, se fixavam na reglao. Nesse perodo,

    surgiram os primeiros meeiros, que formaram o ncleo urbano. O povoado

    progredeiu, chegando a contar com 7 casas de comrcio de secos e molha

    dos. Tambm se instalou uma carvoaria no entorno, gerando um contingentede trabalhadores que iam ao povoado gastar o dinheiro, movimentando os

    fins de semana de Crrego D'gua. Com a erradicao do caf e o fechamento da carvoaria, o processo se inverteu e o povoado deu pr trs. Os

    pequenos proprietrios venderam suas terras e juntamente com os meeirosforam embora, para o Par, Paran e Rondnia. Hoje a situao do povoado

  • 53

    a seguinte: predominncia de grandes proprietrios no seu entorno, que

    empregam toda populao economicamente ativa, inclusive as crianas, nas

    culturas de caf e cana-de-acar; e na pecuria, predominando o sistema

    de diaristas. Crrego D'gua se insere nos complexos pecurios e de eu

    calpto. Esse quadro compromete por demais o meio-ambiente e proporcionaum processo destrutivo, para a sobrevivncia vital.

    Sua conformao urbana e infra-estrutura so bastantes precrias. Aenergia eltrica abastece o aglomerado, sem contudo, proporcionar algo

    mais do que a iluminao. Somente 26 casas contam com gua encanada. Utilizam fossa negra, pois no h qualquer sistema de coleta de esgoto, e

    nem to popuco de lixo; este o jogado nos fundos dos quintais ou na

    beirada dos crregos. A Escola Singular Alcidlia Cardoso, a nica do

    povoado, e atende de l 4 srie do l Grau, e em 1984 obteve 31 matr

    culas, contra 44 em 1980. O posto de sade est fechado e qualquer emer

    gncia direcionada para a sede do municpio. No conta com posto tele

    fnico, nem correios.

    O crescimento negativo detectado em relao a populao chega a consti

    tuir um indicativo, dos motivos de no insero do povoado na Rede Urbana

    do Esprito Santo. Caracterizando, assim apenas uma funo pequena de

    produo, no complexo agropecurio da regio, notadamente caf, eucal~

    to, cana e pecuria.

    Nessas pequenas comunidades nota-se um descanso das foras polticas e ad

    ministrativas do municpio, em relao ao dinamizadora em outras reas

    de interesses oficiais. As reivindicaes relatas por seu Joo, no so

    diferentes de outras localidades do estado.

  • Ib - 4.

    Ib.- 4.1. POVOADO~ CAVALINHO

    54

    MUNICPIO DE IBIRAU

    Situado s margens da rodovia 259, que liga Vitria ao municpio de Cola

    tina, no sentido norte do estado, cavalinho encontra-se encravado no meio

    de algumas elevaes montanhosas de mdio porte, e que em suas bases

    conforma um vale que cortado pela estrada de ferro da CVRD, a qual di

    vide o aglomerado em duas partes. O clima tpico da regio mediana en

    tre a capital e o extremo norte do estado, o que significa uma temperatu

    ra que varia de semi-temperado para quente-mido, no decorrer do ano.

    A Histria da localidade comeou no final do sculo passado, com o proce~so de imigrao italiana, em que os migrantes adquiriam pequenas glebasde terras com o intuito de cultiv-las.

    Desta forma, a cultura do caf, cedo implantada na regio, fez com que a

    localidade prosperasse economicamente, atraindo e constituindo um comr

    cio prspero e uma rede de servios e infra-estrutura bsica muito bem

    estruturada at meados da dcada de 60; como exemplo do que existia at

    ento vale citar: indstria de mveis, posto do correio, padaria, restau

    rante e hotel, farmcia, aougue, consultrio mdico e odontolgico, e~

    tao ferroviria, correspondente bancrio (Banco do Brasil), grupo esco

    lar (hoje escola singular), indstria de madeira e pila de arroz e caf.

    Alm do destaque econmico, Cavalinho exerceu influncias na poltica do

    estado, representado por um integrante da famlia Del'Caro, que exerceu

    mandato de senador da repblica no perodo auge da localidade.

    Mas, por si s, nem o caf nem a influncia poltica foram suficiente p~

    ra assegurar um processo consolidado de desenvolvimento, e o que ocorreu

    com o processo de erradicao dos cafezais, em meados da dcada de 60,

  • foi o incio do processo de regresso, desaparecendo uma srie deos e o fechamento de lojas comerciais.

    55

    servi

    Outro fator inibidor do crescimento de Cavalinho o cercamento do stio

    urbano, promovido por algumas famlias que so proprietrios de estabele

    cimentos rurais (ex: Del'Caro, Favarato, Sfalsin e Castiglioni) que fazemfronteira com a rea do aglomerado, e que no aceitam promover novos lo

    teamentos, sendo comum ouvir-se comentrios que estas famlias tm maior

    interesse em fazer de Cavalinho uma extenso dos seus pastos.

    As linhas de ferro da CVRD se, para algumas localidades do estado, promQ

    veu desenvolvimento, em Cavalinho no pode-se dizer que isto ocorreu, pois

    na poca em que mudaram de Joo Neiva para Piraqueau as linhas de trem,

    o efeito em Cavalinho foi que o novo traado separou o bairro Vila Nova

    do centro de aglomerado, impedindo, concretamente, que uma grande rea

    intermediria se conurbasse. Em 1973, com a duplicao das linhas, a

    CVRD fechou a rea, obrigando a se fazer o trnsito entre o bairro e o

    centro, atravs de uma grande volta, com retorno at o asfalto, o que

    prejudica em muito a comunicao entre ambos.

    Atravs desta srie de fatores que influenciaram negativamente no cresci

    mento da localidade, constatou-se que a populao vem decrescendo, to

    mando-se como exemplo os ltimos cinco anos, onde, em 1980 existiam 98 do

    miclios (482 residentes) e passou para 78 em 1985 (384 residentes).

    comum ver-se casares abandonados com a populao esto centradas na

    pecuria mista, caf (pequena incidncia) e nas empreiteiras da CVRD.

    O processo de trabalho nas atividades agrcolas atravs de

    temporrios e no mais de parceria.

    contratos

    O comrcio local supre as necessidades por gneros bsicos sendo que aaquisio de outras mercadorias complementares realizada em Joo Neiva.

  • 56

    A infra e a superestrutura local apresentam as seguintes caractersticas:

    - Rede Escolar: Escola unidoscente de Cavalinho, atende de l 4 srie~e a complementao, quando ocorre em Joo Neiva.

    - Rede Bancria: Atendimento em Joo Neiva.

    - Rede Hospitalar: Existe um posto mdico que atende regularmente e orestante dos servios em Joo Neiva.

    - Comunicao: S rdio e televiso.

    - gua: No centro a distribuio feita por encanamento, com algum tratamento, e em Vila Nova a gua de nascente, sem tratamento.

    - Esgotos: Algumas casas possuem rede de esgoto ou ento fossa, por isto,esta modalidade de servio no apresenta grandes problemas.

    - Coleta de Lixo: O destino dado de forma individual.

    Drenagem e Pavimentao de Ruas: Estes servios encontram-se centrados

    na rua principal, sendo que nas outras ruas no existe nada.

    - Transportes Coletivos: Grande frequncia, principalmente os nibus quecirculam pela BR 259.

    - Energia Eltrica: Bom atendimento.

    A ordem econmica e estrutural relacionadas, apontam para um processo deestagnao do aglomerado, pois, sua populao, que j no encontra meios

    de vnculos com a localidade, tem procurado migrar para outras reas onde

    possa reencontrar as condies anteriormen~ existentes em Cavalinho.

    Ib - 4.2. POVOADO