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GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO – SEED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE PIONEIRO – UENP

CAMPUS DE CORNÉLIO PROCÓPIO

VERA LÚCIA SAVÓIA CAPOTE

UNIDADE DIDÁTICA

O ESPAÇO RURAL E A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA

CARLÓPOLIS – PR

2011

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GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO – SEED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE PIONEIRO – UENP

CAMPUS DE CORNÉLIO PROCÓPIO

VERA LÚCIA SAVÓIA CAPOTE

UNIDADE DIDÁTICA

Esta Unidade didática proposta é uma forma de Apoio Pedagógico, apresentada à Secretaria de Estado da Educação do Paraná, como solicitação necessária à formação de professores /PDE. Este trabalho foi elaborado sob a orientação do Prof. Me. Ricardo Aparecido Campos

CARLÓPOLIS – PR

2011

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1 FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: O espaço rural e a modernização da agricultura

Autor Vera Lúcia Savóia Capote

Escola de Atuação Escola Estadual Profª Hercília de Paula e Silva. EF.

Município da escola Carlópolis - PR

Núcleo Regional de Educação Jacarezinho

Orientador Prof. Me. Ricardo Aparecido Campos

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP

Disciplina/Área Geografia

Produção Didático-pedagógica Unidade didática

Relação Interdisciplinar Artes, Língua Portuguesa e História

Público Alvo Alunos da 7ª série do Ensino Fundamental

Localização Escola Estadual Profª Hercília de Paula e Silva. EF.Avenida Elson Soares, n° 34

Apresentação

Atualmente com a mecanização os trabalhadores rurais estão sendo expulsos de suas terras, gerando assim o que chamamos de êxodo rural. Com a modernização da agricultura houve uma grande concentração fundiária, favorecendo alguns produtos e produtores, fortalecendo assim a monocultura que é voltada para exportação e tornando-a uma atividade empresarial seguindo o modelo capitalista de produção. Os trabalhadores rurais expulsos do campo dirigem-se para a cidade e passam a ser assalariados e vão para a periferia pois não possuem mão de obra qualificada. Muitos moram na zona urbana mas atuam no campo são os chamados bóias-frias. Faz-se necessário uma reforma agrária urgente, pois são os pequenos e médios produtores que produzem para abastecer o mercado interno. Sendo assim é necessário valorizar o homem do campo, qualificando-o e incentivando-o para manter a sua permanência no campo.

Palavras-chaveConhecimento direto. Reforma agrária. Êxodo rural. Mecanização do campo.

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2 APRESENTAÇÃO

A intenção dessa unidade didática, que tem por objeto o estudo da disciplina de

Geografia, com abordagem na valorização do homem do campo, trata do processo de

modernização no espaço rural brasileiro, que apresentou desigualdades e privilégios.

No entanto, não é somente a modernidade e as novas tecnologias no espaço

rural que levou o trabalhador a deixar o campo, mas também a busca de empregos com

melhores remunerações, a fuga de desastres naturais, incentivos agrícolas que são

cortados, baixo preço dos produtos entre outros, acarretando a migração rural – urbana

e acentuando as desigualdades sociais.

É fato que da década de 20 até hoje que, se antes, a maioria da população

brasileira habitava o campo, agora é minoria. Os dados disponibilizados pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam tal situação, quando no senso

de 2000, apontou que 81,2% dos brasileiros moram nas cidades e apenas 18,8% no

campo, o que demonstra um intenso deslocamento populacional, que acarretou

mudanças radicais de hábitos, transformação da cultura, da organização social e

política e das atividades econômicas do povo brasileiro.

Esses fatores justificam a unidade didática, como tema importante e atual na

sociedade brasileira, além de valorizar-se o trabalho do homem do campo, assim como

se faz necessária uma adequação para aproveitamento do trabalhador rural,

qualificando-o para que permaneça no espaço rural se for de sua vontade.

O projeto de implementação será aplicado aos alunos da 7ª série do Ensino

Fundamental, do turno matutino, no terceiro período do programa de desenvolvimento

educacional – PDE, com o objetivo de compreender a luta dos movimentos sociais pela

reforma agrária no país, para que o trabalhador rural possa permanecer no campo, com

o entendimento do êxodo rural na dinâmica cultural demográfica e a influência que o

mesmo causa na cidade e no campo.

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3 PROCEDIMENTOS

As ações terão apoio de recursos didáticos como livros, revistas, jornais, que

possibilitarão pesquisas sobre o tema.

Propõe-se a utilização de filmes/documentários para embasamento e análise do

assunto êxodo rural e Reforma Agrária, além de uso de fotografias e outras imagens,

assim como de desenhos elaborados pelos alunos.

A atividade extra-classe será uma visita à Fazenda Machado, localizada no

município de Carlópolis, para que os alunos vivenciem a realidade de vida do homem

do campo.

4 CONTEÚDOS DE ESTUDO

A sociedade mundial e brasileira, atualmente, está se urbanizando rapidamente,

e gerando a industrialização no campo e, consequentemente, acabou formando um

grande número de trabalhadores rurais-urbanos, dando origem ao chamado “bóia-fria”,

produzindo o modo industrial capitalista de produzir.

Desse modo, o espaço rural brasileiro iniciou o então processo de modernização,

a qual apresentou desigualdades e privilégios. Trouxe um aumento da economia

nacional, beneficiando a produção para exportação, e aumentando os lucros dos

latifundiários, mas causando impactos ambientais, contribuindo para o desemprego

rural e consequentemente a saída do trabalhador do campo para a cidade, o que se

chama de êxodo rural.

Deve-se lembrar, também, que não é somente a modernidade e as novas

tecnologias no espaço rural que levou o trabalhador a deixar o campo, mas também a

busca de empregos com melhores remunerações, a fuga de desastres naturais,

incentivos agrícolas que são cortados, baixo preço dos produtos, entre outros,

acarretando a migração rural – urbana e acentuando as desigualdades sociais.

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Após a ditadura do presidente Getúlio Vargas, camponeses e trabalhadores

rurais se organizaram em associações, surgindo as primeiras Ligas Camponesas no

Brasil. Foi com as ligas camponesas que a luta pela reforma agrária tornou-se nacional.

Esse movimento tinha o objetivo de lutar pela reforma agrária e a posse da terra

e deve se entendido como manifestação nacional pelas injustiças sofridas pelos

trabalhadores rurais e também com as grandes desigualdades do desenvolvimento

capitalista no Brasil. A partir daí o governo cria órgãos federais para a execução da

reforma agrária no país.

Com o golpe militar de 1964, o projeto de reforma agrária acabou e houve uma

grande perseguição às lideranças sindicais que atuavam nas ligas camponesas.

Durante os vinte anos de governos militares nada foi feito pela reforma agrária no

Brasil. Somente na década de 1980 que o governo organizou o Plano Nacional da

Reforma Agrária. Com os órgãos criados pelo governo começaram a surgir várias

denúncias pela mídia de grilagem e venda de terras para estrangeiros, sobretudo na

Amazônia mostrando assim para a sociedade a intensa corrupção nesses órgãos que

deveriam fazer a reforma agrária brasileira.

Pressionado pela sociedade o Congresso Nacional criou uma Comissão

Parlamentar de Inquérito (CPI), ficando comprovada a corrupção dos órgãos

coordenadores da reforma agrária no Brasil.

Os recursos internacionais junto aos organismos financeiros mundiais estavam

atrelados à necessidade de uma reforma agrária, um grande foco de tensão no campo.

O governo militar do Marechal Castelo Branco não tinha intenção de fazer a

reforma agrária, e sua implementação foi sendo adiada. Com a visita da FAO – Food

Agricultural Organization, órgão da ONU, foi sugerido à criação de um único organismo

para melhor programar a reforma agrária, nascendo assim o INCRA, com o Decreto Lei

nº 1.110, de 09/07/70.

No governo Sarney, ficou provado mais uma vez a demagogia populista do

governo com relação à reforma agrária e consolidando a estrutura política agrária dos

latifúndios brasileiros. Enfim, governo militar, Sarney, Collor de Melo, Itamar Franco,

Fernando Henrique, Luís Inácio (Lula), nenhum deles realmente tiveram a intenção de

realizar a reforma agrária no Brasil.

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Com a concentração da propriedade privada da terra – latifúndios – faz com que

a luta pela posse de terra que os camponeses estão engajados, torne-se cada vez mais

violenta, fazendo com que muitos sejam expulsos da terra dirigindo-se para as cidades

tornando-se um assalariado.

Os camponeses brasileiros lutam para permanecerem na terra produzindo

alimento que é fundamental para a sociedade brasileira, pois os latifundiários produzem

para exportação e não para abastecer o mercado interno do país. Assunto que Oliveira

(2007, p.134) destaca que "a maioria dos filhos dos camponeses com superfície inferior

a 10 hectares jamais terão condição de se tornarem camponeses nas terras de seus

pais, a eles caberá apenas um caminho: a estrada [...] à cidade".

A luta pela terra é marcada desde a ocupação do Brasil e a violência tem sido

uma marca constante. Vale lembrar também que existem hoje no Brasil vários

movimentos de luta do campesinato1 e, sem dúvida nenhuma, o principal deles é o

Movimento dos Sem Terra (MST).

A modernização da agricultura gerou os camponeses expulsos do campo que

lutam pelo acesso a terra e estes passaram a ocupar as propriedades improdutivas,

lutando pela reforma agrária que nunca chega.

A economia neoliberal acarretou danos no meio rural, crescendo a pobreza, a

desigualdade, o êxodo, a falta de trabalho e de terra, aumentando ainda mais a

desigualdade social.

A modernização da agricultura veio acompanhada de crescente concentração

fundiária, seguindo o modelo capitalista favorece determinados produtos e produtores,

fortalecendo a monocultura, tornando-a uma atividade empresarial, abrindo espaço

para um mercado de consumo, para as indústrias de insumos e máquinas agrícolas

modernas favorecendo os grandes proprietários e ficando cada vez mais distantes dos

pequenos e médios produtores.

É na década de 1950 que se originou o processo de modernização agrícola no

Brasil, mas somente na década de 1960 que o setor industrial se voltou para a

produção de equipamentos e insumos agrícolas.

Segundo Brum (1988), as principais razões da modernização da agricultura são:

1 s.m. Conjunto de agricultores de uma região, de um Estado.Condição dos camponeses. Disponível em: http://www.dicio.com.br/campesinato/. Acesso em: 10 jun. 2011.

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a) Elevação da produtividade do trabalho visando o aumento do lucro;

b) Redução dos custos unitários de produção para vencer a concorrência;

c) Necessidade de superar os conflitos entre capital e latifúndio, visto que a

modernização levantou a questão da renda da terra;

d) Possibilitar a implantação do complexo agroindustrial no país.

É através da modernização da agricultura que os produtores buscam maior

produtividade, visto que com o avanço tecnológico esperam alcançar maior

rentabilidade, pois com a mecanização poderá ampliar as áreas cultivadas e aumentar

a produção.

A partir da década de 1970, o setor agrário apresentou um maior

desenvolvimento e a agricultura passou a atender a sociedade urbana industrial.

Na década de 1970 a agricultura fica subordinada a indústria e a estrutura

fundiária brasileira é voltada para os latifúndios, marginalizando os pequenos e médios

produtores rurais.

Os trabalhadores que são expulsos do campo dirigem-se para as áreas urbanas

ou para outras regiões, formando os chamados sem-terras. Esses trabalhadores que

moram na zona urbana chamados de “bóias-frias”, vendem sua força de trabalho no

campo.

Assim o processo de modernização levou um grande número de agricultores à

decadência: forçou grande parte da força de trabalho rural a se favelizar nas periferias

urbanas, fez aumentar o número de pobres rurais, elevando a níveis insuportáveis a

violência, a destruição ambiental e a criminalidade (VEIGA, 2000).

Com a modernização da agricultura ela vai se tornando cada vez mais cara e

teremos a exclusão dos produtores e trabalhadores menos favorecidos.

É somente na década de 90, que as lutas pela reforma agrária se aprofundam. O

desenvolvimento capitalista que chegou à zona rural concentra a terra e expulsa o

trabalhador do campo para a cidade, gerando uma grande quantidade de pobres e

miseráveis na sociedade brasileira.

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5 ORIENTAÇÕES DO USO DA PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA AOS

PROFESSORES

A proposta de trabalho é que os alunos tomem conhecimento do tema êxodo

rural e reforma agrária a partir de pesquisa em livros, revistas, jornais e observem em

filmes/documentários o modo de vida do homem do campo assim como os movimentos

que ocorrem para que este consiga retornar ao campo e produzir alimentos.

As ações devem focalizar-se em:

• Leitura do texto2 "O menino que não chorava";

• Interpretação oral, conduzida pela professora PDE, para compreensão do

texto;

• Debate entre duas equipes, sendo uma representando o homem do campo e

outra o homem da cidade, em que cada uma deve usar argumentos

defendendo seu modo de vida;

• Assistir a um filme sobre a vida do homem do campo e o êxodo rural;

• Registrar, através de texto, a análise do filme;

• Entrevistar pessoas moradoras da cidade que migraram do campo para

conhecer o processo de mudança na vida delas;

• Pesquisar, em revistas e jornais, notícias que tratem sobre o tema Reforma

Agrária no Brasil;

• Fazer um painel com as notícias, provocando a conscientização da

comunidade escolar para o tema;

• Visitar a Fazenda Machado, seguindo um roteiro elaborado em conjunto,

alunos e professora PDE;

• Registrar um levantamento, através de um texto, sobre as observações feitas

com a visita;

• Desenhar as impressões colhidas até essa etapa;

2 PORTELA; VESENTINI. Êxodo rural e urbanização. 17 ed. São Paulo: Ática, 2004. p. 9.

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• Escrever sobre as impressões obtidas antes e depois das atividades

propostas.

6 PROPOSTA DE AVALIAÇÃO

A avaliação deve seguir uma perspectiva de processo diagnóstico, contínuo e

formativo.

Terá resultados satisfatórios a partir do momento que o aluno for capaz de

perceber as mudanças ocorridas a partir do êxodo rural; sensibilizar-se, de maneira a

entender e a valorizar o trabalho do homem do campo e sua luta pela terra e de sua

participação no contexto das atividades propostas, demonstrando interesse.

Desta forma, a avaliação procede conforme as Diretrizes Curriculares para a

Educação Básica (2008, p. 78) que indica "a avaliação deve estar a serviço da

aprendizagem de todos os alunos, permeando o conjunto das ações pedagógicas, e

não como elemento externo a este processo".

7 INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

BRUM, Argemiro J. Modernização da Agricultura – Trigo e Soja. Petrópolis: Vozes,1988.

GONÇALVES NETO, Wenceslau. Estado e Agricultura no Brasil. São Paulo: Hucitec, 1997.

GRAZIANO NETO, Francisco. Questão Agrária e Ecologia; Crítica da AgriculturaModerna. São Paulo: Brasiliense, 1985.

MOREIRA, Ruy. Formação do espaço agrário brasileiro. São Paulo, Brasiliense, 1990.

OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Modo de Produção Capitalista, Agricultura e Reforma Agrária. São Paulo: Labur Edições, 2007.

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PARANÁ. SEED. Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Geografia, do Estado do Paraná. Curitiba, 2008.

PORTELA, Fernando; VESENTINI, José William. Êxodo rural e Urbanização. 17 ed. São Paulo: Ática, 2004.

PRADO JR, Caio. A Questão Agrária no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1978.

SILVA, José Graziano da. A Nova Dinâmica da Agricultura Brasileira. São Paulo:Editora da Unicamp, 1996.

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