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Grandes Esperanças – Charles Dickens Ilustração: Beatriz Teixeira 9.E Grandes Esperanças é uma das obras de um dos mais famosos e ver- sáteis escritores clássicos. Neste romance, a ação é baseada na perspeva de Pip, uma das personagens principais, a qual vai desvendando os segredos que todos escondem. O livro é uma críca à sociedade da época e também tem alguns aspetos que se podem rever nos tempos atuais, como a ganân- cia, o ódio, a vingança e o dinheiro. A obra como um todo é sublime. Ela mostra-nos de forma impressio- nante como a vida e a personalidade de Pip é moldada pelas pessoas e o am- biente à sua volta. Charles Dickens narra os erros, acertos e arrependimen- tos de Pip da forma mais humana possível. O enredo pode até parecer co- mum, mas é cheio de profundidade, cheio de reflexões, com passagens belís- simas. Compreende desde a infância até a vida adulta do protagonista, dei- xando-nos assim a perceção de todas as suas mudanças sicas e psicológicas. A úlma parte do enredo é cheia de revelações e reviravoltas. Passa- mos a entender ainda mais as personagens à volta de Pip, descobrindo liga- ções entre elas que não imaginaríamos exisrem. É aqui também que Pip começa a reconhecer os seus erros e a amadurecer ainda mais. É o momento de sua verdadeira mudança. Há alguns exageros nesses momentos, mas que não chegam nem perto de rar o brilho do enredo como um todo e princi- palmente do desenvolvimento das personagens. Mais do que nos dar um retrato inesquecível das possibilidades de ascensão social e das esperanças da classe média na sociedade inglesa da primeira metade do século XIX, parece que Dickens nos mostra, de uma for- ma simultaneamente comovente e subl, que a ficção faz parte de toda e qualquer autobiografia, que há uma connuidade entre aquilo que somos e as nossas fantasias e que, muitas vezes, isso acontece porque a consciência é uma coisa terrível quando acusa um homem ou uma criança”. Sendo as- sim, Dickens não faz de Pip um representante de uma classe social, mas sim um representante da humanidade inteira. Entendemos o medo que algumas pessoas têm de clássicos. Muitas vezes, o medo é simplesmente não entender o que o escritor quer dizer por causa de uma escrita muito rebuscada ou porque a maneira como ele escre- ve é demasiado complexa. Mas podemos dizer que Charles Dickens é um es- critor que poderia ter exisdo ontem. O seu livro flui de maneira muito natu- ral, a sua escrita é leve e ainda que ulize um eslo comum da sua época, o livro não é dicil, para além de ter momentos diverdos ou, no mínimo, sar- cáscos, sendo por isso recomendado por nós a todos os apreciadores de um dos maiores romancistas de sempre. Texto de Alexandre Ribeiro 12ºC Nº1 e de Samanta Fonseca 12ºC Nº24

Grandes Esperanças – Charles Dickens · Grandes Esperanças – Charles Dickens 9.E Grandes Esperanças é uma das obras de um dos mais famosos e ver-sáteis escritores clássicos

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Grandes Esperanças – Charles Dickens

Ilust

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ira

9.E

Grandes Esperanças é uma das obras de um dos mais famosos e ver-

sáteis escritores clássicos. Neste romance, a ação é baseada na perspetiva de

Pip, uma das personagens principais, a qual vai desvendando os segredos

que todos escondem. O livro é uma crítica à sociedade da época e também

tem alguns aspetos que se podem rever nos tempos atuais, como a ganân-

cia, o ódio, a vingança e o dinheiro.

A obra como um todo é sublime. Ela mostra-nos de forma impressio-

nante como a vida e a personalidade de Pip é moldada pelas pessoas e o am-

biente à sua volta. Charles Dickens narra os erros, acertos e arrependimen-

tos de Pip da forma mais humana possível. O enredo pode até parecer co-

mum, mas é cheio de profundidade, cheio de reflexões, com passagens belís-

simas. Compreende desde a infância até a vida adulta do protagonista, dei-

xando-nos assim a perceção de todas as suas mudanças físicas e psicológicas.

A última parte do enredo é cheia de revelações e reviravoltas. Passa-

mos a entender ainda mais as personagens à volta de Pip, descobrindo liga-

ções entre elas que não imaginaríamos existirem. É aqui também que Pip

começa a reconhecer os seus erros e a amadurecer ainda mais. É o momento

de sua verdadeira mudança. Há alguns exageros nesses momentos, mas que

não chegam nem perto de tirar o brilho do enredo como um todo e princi-

palmente do desenvolvimento das personagens.

Mais do que nos dar um retrato inesquecível das possibilidades de

ascensão social e das esperanças da classe média na sociedade inglesa da

primeira metade do século XIX, parece que Dickens nos mostra, de uma for-

ma simultaneamente comovente e subtil, que a ficção faz parte de toda e

qualquer autobiografia, que há uma continuidade entre aquilo que somos e

as nossas fantasias e que, muitas vezes, isso acontece porque “a consciência

é uma coisa terrível quando acusa um homem ou uma criança”. Sendo as-

sim, Dickens não faz de Pip um representante de uma classe social, mas sim

um representante da humanidade inteira.

Entendemos o medo que algumas pessoas têm de clássicos. Muitas

vezes, o medo é simplesmente não entender o que o escritor quer dizer por

causa de uma escrita muito rebuscada ou porque a maneira como ele escre-

ve é demasiado complexa. Mas podemos dizer que Charles Dickens é um es-

critor que poderia ter existido ontem. O seu livro flui de maneira muito natu-

ral, a sua escrita é leve e ainda que utilize um estilo comum da sua época, o

livro não é difícil, para além de ter momentos divertidos ou, no mínimo, sar-

cásticos, sendo por isso recomendado por nós a todos os apreciadores de

um dos maiores romancistas de sempre.

Texto de Alexandre Ribeiro 12ºC Nº1 e de Samanta Fonseca 12ºC

Nº24