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GRATO PELA LEITURA E COLABORAÇÕES – www.refazimentos.com.br Editor : Paulo Timm AL MANAk_ Julho,22 -2015 Em 22 de julho de 1944, termina a Conferência Internacional Monetária de Bretton Woods. O encontro estabeleceu a criação do FMIl e do Banco Mundial e criou medidas para assegurar estabilidade monetária internacional e restringir a especulação com as moedas mundiais. Tinha início a etapa de hegemonia do dólar no mercado mundial sob o império da Pax Americana. Notícias: EL PAÍS Brasil http://brasil.elpais.com/ Artigos diversos - http://indicedeartigosetc.blogspot.com.br/

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GRATO PELA LEITURA E COLABORAÇÕES – www.refazimentos.com.br

Editor : Paulo Timm

AL MANAk_ Julho,22 -2015

Em 22 de julho de 1944, termina a Conferência Internacional Monetária de Bretton Woods. O encontro estabeleceu a criação do FMIl e do Banco Mundial e criou medidas para assegurar

estabilidade monetária internacional e restringir a especulação com as moedas mundiais. Tinha início a etapa de hegemonia do dólar no mercado mundial sob o império da Pax Americana.

Notícias: EL PAÍS Brasil http://brasil.elpais.com/

Artigos diversos - http://indicedeartigosetc.blogspot.com.br/

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REFAZIMENTOS – Coletivo

Forum 21

Democracia – Economia –Cultura

Participantes - Contatos

Benedito Tadeu César , C.Político, POA - <[email protected]>

Paulo Timm, Economista, POA - < [email protected]>

Sergio F. Endler, Jornalista, POA <[email protected]>

João Pedro Casarotto, POA <[email protected] >

Diego Pautasso , POA - <[email protected]>

Bruno Lima Rocha, C.Social, POA <[email protected]>

Jaime Rodrigues, Urb. ,POA < [email protected]>

Zeca Barradas, Médico,S.Maria < [email protected]>

E. Giovenardi,Soc., Brasília <[email protected]>

REFAZENDO AOS BERROS

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Eugenio Giovenardi

Enchentes, alagamentos de casas e ruas E AS REPRESAS MEIO CHEIAS

Por que o nível da água das represas está abaixo de 50% de sua capacidade apesar das chuvas? Vamos aos cálculos. - 70% da energia vêm das hidrelétricas.

- para gerar um KW de energia são necessários 6.660 litros de água. - cada pessoa usa por dia, em média, 190 litros de água para suas

necessidades individuais. - cada pessoa utiliza por dia, em média, 3KW de energia que multiplicado por

6.660 litros resulta em 19.980 litros. Somados aos 190, cada pessoa compromete, por dia, 20.170 litros.

- Os cidadãos brasilienses (2.800.000) chupam por dia 56, 476 bilhões de litros de água que vêm de represas fora do Distrito Federal.

- Brasil? É só multiplicar 200 milhões (habitantes) por 190 litros de água. Multiplicar 200 milhões por 3 KW e este resultado por 6.660 litros e somar os

resultados. Esta soma trilionária é por dia = 4,034 trilhões de litros. O ano tem 365 dias.

Em 2030, quem viver, verá. Não há chuva que dê jeito. Se quisermos água temos que apagar a luz. Ou

investir em energia solar, eólica etc. e, ao mesmo tempo, frear o crescimento da população que, além de consumir água, destrói as nascentes e as floresta

Paulo Ghiraldelli Júnior

FILÓSOFO AGORA no Brasil é o cara que não leu Hegel, fala para você que "Marx é marqueteiro", diz que tudo que você fizer de bom não vale nada e, por fim, que o melhor que você tem que fazer é ser de direita. Em lugar nenhum do

mundo em nenhuma época ocorreu isso. O Brasil está mesmo inovando.

MÁXIMAS E MÍNIMAS

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NAVEGAR É PRECISO: Pero cuide que no naufrague tu vivir...

A CHINA REAL

(Norton Seng)

http://www.velhosamigos.com.br/Colaboradores/Diversos/johndale.html

BREVE APRESENTAÇÃO

Norton Seng e eu trabalhamos juntos em Brasília, e nos distanciamos quando ele se candidatou a trabalhar na China, onde permaneceu por doze anos. Por lá casou-se, teve filhos e, recentemente, já aposentado, retornou a São Paulo, onde tem residência. Agora, está novamente em Beijing, onde pretende ficar por um ano, prazo máximo que aquele superpopuloso país concede a estrangeiros visitantes. E de lá ele me escreve, mostrando a espantosa diferença que se comprova existir entre um grande país, que é administrado segundo os próprios interesses, como parece ser o caso da nação asiática, e outro grande país, o nosso, que – ao contrário – é administrado por interesses externos. Seu relato é impressionante. Pedi-lhe autorização para repassá-lo.

RESPOSTA Estimado Tollendal, certamente que autorizo, meu caro. Aliás, creio que não existe povo mais espoliado pelo próprio governo e empresas forâneas do que o povo brasileiro. Um absurdo o que se faz em nosso país, com a incrível aquiescência e a indecente e incestuosa anuência de nosso governo tíbio, pusilânime e subserviente. Que Deus se apiede de nosso Brasil e de todos nós.

RELATO SOBRE A CHINA ATUAL

Voltei a habitar o país com o visto de residência (anual) em virtude de ser casado com uma cidadã local. E não importa que os meus filhos tenham nascido aqui, pois o Governo não concede o que conhecemos por “visto permanente” (ainda vou me informar se houve alguma modificação neste ano e meio em que estive ausente do país).

A cidade é cosmopolita não ficando nada a dever às outras grandes capitais do Mundo. Uma cidade com mais de 17 milhões de pessoas (considerando a população flutuante de + ou - 3 milhões de pessoas). Com imensos e bem cuidados parques, dotados de lagos com pedalinhos e barquinhos para o entretenimento dos visitantes. Suas amplas avenidas cortam a cidade em todas as direções. Um verdadeiro complexo de anéis viários, com serpenteantes elevados que se enovelam, indo em várias direções, o que facilita sobremaneira o intenso tráfego na cidade.

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Ostenta prédios modernos, imensos, inteligentes e com tanto luxo, que não temos no Brasil nada que chegue perto da ostentação que aqui vemos.

Os hotéis, em número assustador, são verdadeiros palácios. Os shoppings-centers (maiores do mundo) são verdadeiros templos de consumo. Só para você ter uma idéia, Beijing tem mais de 200 lanchonetes MacDonald's, mais de 80 KFCs (Kentucky Fried Chicken), mais de 30 Starbuck Cafes (no Brasil não temos nenhum, pois o baixo poder aquisitivo do brasileiro não permite a um número considerável de cidadãos se dar o luxo de pagar de 8 a 15 reais por um cafezinho (não é mesmo?).

Além da maioria das grifes internacionais. Suas ruas estão cheias de carros novos, a maioria deles fabricados na China. As montadoras do mundo estão aqui e que se situam numa faixa de preço que supera os 80 mil reais por unidade. É comuníssimo vermos passando por nós Caiennes, BMWs, Mercedes, Cadillacs, Bentleys, Rav4s, CRVs, Buicks, Hondas Accord, Toyotas Camry, enfim, um contraste com a maioria de carros pequenos e médios brasileiros que abundam as ruas de SP. Respira-se no ar a riqueza e temos diante dos olhos uma passarela de exuberância e beleza, que só o desenvolvimento pode mostrar.

Ainda mais surpreendente pois, em 1992, quando aqui cheguei e fiquei os primeiros 10 anos, o cenário era de pobreza, tristeza, sacos plásticos rolando pelas ruas sujas e escuras. Enfim tudo cinzento. Até mesmo nas roupas da maioria de seus cidadãos, não importando se homens, mulheres, velhos ou crianças. O cinzento era a cor dominante. As lojas mostravam uma sujeira que já não se vê mais. E como num passe de mágica (investimento em educação, trabalho, esforço hercúleo e gerenciamento preciso, correto e profissional do governo) hoje vivemos num país onde o cenário monocromático e monótono de antes passou para o brilho incandescente de um fulgurante arco-íris multicolorido. À noite o espetáculo de luzes é feérico. De todas as cores e em tal intensidade que passa a ser desnecessário o ato de se ligar ou não as luzes do carro, pois não se nota nenhuma diferença (enquanto isso, no Brasil, pagamos a energia mais cara do Mundo...)

Acho curioso como ainda muitos jornalistas (brasileiros e estrangeiros em geral) insistem em dizer que a China está cheia de mão-de-obra escrava e que os operários trabalham 12 horas por dia. Uma deslavada mentira, pois onde moro atualmente (fora do perímetro urbano) encontram-se algumas fábricas e milhares de lojas e escritórios que cumprem o horário ocidental de trabalho. E nos supermercados e fábricas, que funcionam mais de 8 horas (ou 24 horas ininterruptas, como os hospitais), é adotado o conhecido “turno de trabalho”, onde cada turno não trabalha mais de 8 horas. E, se trabalhar (como sempre ocorreu e ainda ocorre no Brasil), por vontade própria e interesse do trabalhador, ele percebe horas-extras (procedimento comum até nos nossos bancos).

Enfim, as lendas são muitas sobre este país. Mas meus mais de 12 anos vivendo aqui me autorizam a dizer o que vi e constatei com os meus próprios

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olhos e a minha modesta experiência.

Outra brutal distorção é a comparação (imbecil, devo dizer) que fazem os “jornalistas” e “economistas” ao se referirem aos baixos salários chineses. Como? Se os “altos” salários brasileiros são drenados pelo governo e pelas absurdas tarifas que todos pagam, além dos transportes, escolas, material escolar, hospitais, remédios, entre tantos outros itens? Enquanto isso, os chineses gastam menos de 1% do que ganham com transporte e remédios. E parece que essas pessoas se esqueceram de que não se compara bananas com tomates, mas, sim, bananas com bananas e tomates com tomates.

E além do mais não se pode tomar como base de comparação o salário, pura e simplesmente como esses “doutos” fazem no Brasil e Mundo afora.

Veja um bom exemplo: há poucos dias comprei aqui um filtro (computadorizado) para purificar o ar dentro de casa. No Brasil (em SP) esse mesmo filtro custava 4 mil reais (desisti de comprar). Paguei aqui o equivalente a 800 reais... pode? A bicicleta do meu filho custou o equivalente a 80 reais quando uma similar no Brasil não se compra por menos 700 reais. Pode? E por aí vai... roupas, medicamentos, brinquedos (estes, meu caro, encontram-se por volta de um quinto do que custam no Brasil), entre tantos outros itens.

Por isso, a China cresce astronomicamente. Segredo? Tem governo. Tem gerenciamento. Disciplina. Pena de morte. Por aqui, não se vêem Marcolas e nem Fernandinhos Beira-mar sendo transportados e tratados como “estrelas de cinema” ou “autoridades” e nenhum marginal vive ocupando a mídia em notícias sensacionalistas. A prisão é a mesma e todos quebram pedra, fazem sapatos, cintos, plantam e cultivam em prisões agrícolas. E não há rebelião em presídio e em Febens.

Além disso, o governo adota a política de juros estáveis e baixos (6%) e tarifas que se situam na faixa média de 4%. Por isso, ninguém se sente motivado a sonegar. Sonegar para quê? Além do ridículo do que seria “poupado” o sonegador enfrentaria a Lei (que é severa como devem ser as Leis) e um regime judicial que... funciona. Sim! Que funciona... e funciona rápido. Julgamentos do cidadão-infrator por aqui costumam ser rápidos, quando não sumários.

E assim o país cresce de forma ordeira e continuada. As pessoas andam nas ruas mostrando um semblante de paz com o ambiente, confiança no futuro e muitos estampam um sorriso no rosto. Grupos de jovens e adultos que andam rindo, conversando e se abraçando. Bares e restaurantes cheios. Quiosques com frutas de todos os tipos e vendidas por preços baixos em quase todas as esquinas. Enfim, estão orgulhosos com o seu país e com as suas vidas.

Enquanto isso, para minha tristeza como brasileiro, no ano e meio que passei em SP o que vi - em todas as ruas, tanto nos Jardins como no centro da cidade - foram pessoas com fisionomia séria e triste. Mulheres andando celeremente e com suas bolsas agarradas de encontro ao corpo. Para não falar na insegurança que ultrapassou todos os limites

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suportáveis (e, inexplicavelmente, parece que os brasileiros se acostumaram com isso...). O noticiário diário e da mídia em geral, mostra os tentáculos da violência em ação em todo o Brasil. Para não falar nos escândalos do governo e de todos... e os autores continuam impunes e cada vez mais ricos. E ainda falam que a corrupção na China é enorme... (?!?). Dá para entender?

Enquanto isso, a China responde com sua moeda estável há mais de 10 anos; com suas reservas (exclusive ouro) de mais de 1 trilhão de dólares (só a reserva chinesa é quase o dobro do PIB brasileiro, pode?); crescimento acima de 10% ao ano; e a maior desova anual de cientistas, engenheiros e técnicos do Mundo.

Enfim, os dados são tantos e imensos que eu teria que escrever muito mais (o que estou fazendo em meu livro, que espero concluir dentro de 5 meses). E, finalizando, para os que contradizem, alegando: "mas a China tem 1 bilhão e 380 milhões de pessoas", eu treplico dizendo que há 20 anos a China ocupava a 32ª posição no cenário mundial, e hoje, com seu vertiginoso crescimento e efetiva política governamental, ela, a China, já ocupa a 3ª posição.

O segredo da China, além do investimento em educação e do bom gerenciamento do governo, está em sua extensa, ampla e dominante economia de escala. Enquanto isso, o Brasil que há 12 anos ocupava a 8ª posição mundial, está hoje na 14ª posição. E continua caindo.

Enquanto isso, o nosso “governo” e os nossos “economistas” ainda se vangloriam, dizendo que a economia brasileira "está crescendo". Onde? Crescendo onde, estúpidos? (Plagiando o brilhante ex-presidente americano Bill Clinton).

Enfim, as estatísticas (principalmente no Brasil) servem conforme a vontade do expositor pois ele pinça o diminuto lapso que lhe interessa. O que temos mesmo é que fazer comparações com o resto do mundo e num espaço e tempo igual para todos. Mas, sabemos, o Brasil é o país das distorções. Em tudo. Infelizmente.

Bem, vou parar agora, para atender aos meus filhos que estão ansiosos para sair. Só resta uma entidade divina salvar o nosso país, pois nas mãos em que está, tudo só piorará.

Um grande abraço, Norton Seng

Autor: Norton Seng Enviado por: John Dale

NERVO EXPOSTO: Kill Bill

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Quando 15 anos parecem um século

No mundo tecnológico, um curto espaço de tempo faz uma diferença

enorme. Num salto de 2000 para 2015, conheça quanto a tecnologia

mudou nossa vida nesse especial do Valor

http://www.valor.com.br/valor15anos/tecnologia

Quando 15 anos parecem um século

João Luiz Rosa

Vamos supor que exista uma máquina capaz de mandá-lo de volta ao passado, algo parecido com o túnel do tempo, para lembrar a clássica série de TV dos anos 60. Você entra e ajusta os controles para o ano 2000. Parece uma boa data: longe o suficiente para provocar saudade, mas não a ponto de causar estranheza. As rádios tocavam “Amor I Love You”, da Marisa Monte, as salas de cinema exibiam “Gladiador” e a novela das nove era “Laços de Família”, aquela da cena na qual a Carolina Dieckmann chora copiosamente enquanto raspa a

cabeça. Familiar, não?

Nem tanto. Para a tecnologia, meu amigo, 15 anos podem parecer um século. Você logo perceberia isso ao colocar a mão no bolso e dar por falta do seu smartphone. O que aconteceu? Esses aparelhos simplesmente não existiam. O iPhone, por exemplo, só surgiu em 2007 e o Galaxy, em 2009. Nada de aplicativos, portanto. Você teria de encontrar outra maneira de chamar o táxi, pedir comida, checar o

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trânsito... WhatsApp? Nem pensar. Também é de 2009. Contente-se com o ICQ, que então tinha perto de 100 milhões de usuários, ou teste uma novidade lançada pela Microsoft apenas um ano antes, em 99: o MSN Messenger.

Linha do tempo dos últimos 15 anos: algumas "novidades" nasceram antes do que você imagina

Agora que você percebeu o tamanho da encrenca, talvez queira fazer uma pesquisa rápida na internet, certo? Pois bem, vá para o Yahoo. Sim, Yahoo! Ou algum concorrente como o Altavista, o Excite ou o Cadê. O Google era uma companhia promissora, mas muito recente. Gestada em 1998, só começou a cobrar anúncios associados à busca – os links patrocinados, seu pote de ouro até hoje – no ano 2000, quando também lançou seu serviço em português. Na época, a companhia ainda dependia de recursos de investidores privados. A oferta pública inicial de ações do Google na Nasdaq – um momento histórico para o setor de tecnologia – só ocorreria em 2004.

Mas veja o lado positivo: se tivesse voltado meses antes, teria de reviver toda a tensão do “bug do milênio”, a falha de computador que então ameaçava derrubar aviões, deixar a população sem luz, implodir o sistema financeiro mundial... Tudo no noite de 31 de dezembro de 99, quando um erro relativo à data provocaria uma pane global. Para evitar o desastre, as empresas gastaram dinheiro em software e consultoria, mas ao fim nada de grave aconteceu.

O mesmo não se pode dizer de outra ameaça que pairava à época: a explosão da bolha pontocom. Eis a história: desde 97, os investidores internacionais vinham enterrando montanhas de dinheiro em companhias nascentes de internet, muitas delas inconsistentes, sem projeção de lucro à vista. Na virada de 99 já havia sinais de que a farra estava para acabar, mas era impossível saber com certeza quando ocorreria o “crash” e qual seria sua dimensão. Em meados do ano 2000, fileiras de pontocom fecharam as portas praticamente da noite para o dia, numa onda que também afetou as ações de grupos de tecnologia sólidos. Foi o fim da expressão “nova economia”. O epitáfio dessa era veio da revista “The Economist”, em um artigo intitulado “easy.com, easy.go”.

A explosão da bolha abalou a confiança de Wall Street nos negócios digitais, mas não tirou o apetite das pessoas pela web. No ano 2000 havia 10 milhões de pessoas com acesso à internet em casa no Brasil, um número significativo para a época, mas muito concentrado. “Era

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um perfil de usuário bastante restrito”, diz José Calazans, analista de mercado da Nielsen Ibope. Basicamente, quem navegava em casa eram homens, com educação superior e economicamente bem-sucedidos. Muitos eram executivos.

Números de internautas no Brasil(Pessoas com acesso residencial à

internet, em milhões)

Fonte: Nielsen Ibope. *Dados de março.

Esse perfil perdurou até 2004. “Durante esse período, o comércio eletrônico e a publicidade on-line se desenvolveram, mas não havia uma modificação significativa no número de usuários”, diz Calazans. Um dos fatores que ajudaram a mudar esse cenário foi a chegada das redes sociais ao Brasil. Mas não o Facebook... O Orkut!

Em 2004, o Facebook era novidade até nos EUA, onde foi lançado em fevereiro daquele ano. A versão brasileira, em português, só chegaria em 2008. Durante todo esse tempo, o Orkut reinou no Brasil. Só foi ultrapassado pelo Facebook em 2011, e mesmo assim por uma diferença relativamente pequena: 30 milhões contra 29 milhões de usuários brasileiros. A partir daí, o Orkut foi se esvaziando até seu fechamento pelo Google no ano passado.

Antônio Rodrigues Filho, o “Sonrisal”

O interesse em torno do Orkut gerou preocupação para muito pai e mãe e acabou caracterizando outra fase da web no Brasil – o ingresso de usuários mais pobres no mundo digital. Primeiro, jovens das classes A e B, que tinham computador e acesso à internet em casa, aderiram à rede social. Quem não tinha, tratou de encontrar uma alternativa: as “lan houses”. Originalmente destinadas aos jogos on-line, essas lojas multiplicaram-se pelo país, principalmente nas regiões mais pobres. Em setembro de 2007, o Valor foi até o bairro de Heliópolis, um dos mais pobres de São Paulo. Contou o caso do cearense Antônio Rodrigues Filho, o “Sonrisal”. Dono de um mercadinho e de uma loja de artigos fotográficos, ele viu rapidamente sua lan house superar os demais negócios. Não havia lugar suficiente para tanto cliente, que pagava R$ 1 por hora de uso. Então com 125 mil moradores, Heliópolis contava com mais de 30 lan houses. Na Rocinha, no Rio, o número ficava entre 80 e 100. Mas esse movimento durou pouco. Em 2012, o Valor voltou até a lan house de

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“Sonrisal”. Havia apenas 13 computadores na loja e só um estava em uso quando a reportagem chegou.

Comércio eletrônico no Brasil Fonte: E-bit. *Projeção

Aos poucos, porém, o movimento começou a ganhar força, com crescimentos da ordem de 50% a 60% ao ano durante a década. As lojas virtuais atiraram-se com afinco à tarefa de conquistar o consumidor e passaram a oferecer vantagens como frete grátis, preços mais baixos que os das lojas físicas, prazos flexíveis de pagamento. O consumidor gostou. O resultado é que em houve anos em que muita gente ficou sem presente na noite de Natal porque os sites não conseguiam dar conta das entregas a tempo.

“A partir de 2006 começou uma onda de consolidação”, diz Guasti. O negócio mais representativo dessa fase foi a fusão do Submarino com a Americanas.com. O investimento no setor tornou-se mais intensivo, com empresas de logística e tecnologia sendo adquiridas pelos grupos especializados em vendas digitais. “O comércio eletrônico ainda é um adolescente de 15 anos, mas desde 2010 e 2011 segue uma linha de profissionalização. Não há mais espaço para o amadorismo”, afirma o especialista.

Uma maneira de entender o que aconteceu com a tecnologia nos últimos quinze anos é acompanhar a trajetória de alguns dos principais nomes do setor. Foi no ano 2000 que Bill Gates, o cofundador da Microsoft, deixou a presidência da companhia. Foi nesse ano também que Steve Jobs assumiu definitivamente a presidência da Apple, para a qual voltara em 1997, na condição de presidente interino. O computador pessoal – coração da Microsoft – declinaria lentamente nos anos seguintes, cedendo o lugar principal para dispositivos que marcariam a ascensão da Apple. O iPod, lançado em 2001, mudou as regras na indústria da música. O iPhone, de 2007, deu rosto ao segmento dos smartphones; o iPad, de 2010, fez pegar a até então cambaleante categoria dos tablets.

Fãs fizeram vigílias em várias partes do mundo

Gates, ainda hoje o homem mais rico do mundo, retirou-se aos poucos para sua organização humanitária – a Fundação Bill & Melinda Gates – arrastando atrás de si uma fileira de bilionários convencidos a doar a

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maior parte de suas fortunas ainda vivos. Passou a ser visto na África, um dos alvos da fundação. Jobs morreu em 2011, vítima de um câncer pancreático. Acostumados a fazer fila na porta das lojas para comprar as novidades da Apple, os fãs fizeram vigílias nas ruas. Nas mãos, carregavam velas digitais em seus iPads.

Novos nomes surgiram no período: Mark Zuckerberg, do Facebook, um desconhecido até 2000, foi eleito personalidade do ano pela revista “Time” apenas uma década depois. Jeff Bezos, da Amazon, usou sua fortuna pessoal para adquirir um dos maiores ícones do jornalismo americano, o “The Washington Post”, em 2013.

Personalidade do ano pela revista “Time”

Ao longo dos últimos 15 anos, várias tecnologias surgiram ou ganharam força. Outras tantas morreram. Em alguns casos, as duas coisas no mesmo intervalo. As mudanças nos hábitos foram dramáticas. Você provavelmente nunca tirou tanta foto como hoje. Mas onde estão os filmes para revelar? Nunca consumiu tanta música, mas cadê os CDs? Lembra da Blockbuster? Sumiu. O ritual de ir à locadora foi substituído pela conveniência de ver os filmes sem sair de casa, com a vantagem de não ter de disputar uma cópia dos lançamentos mais populares. Olá Netflix, adeus cultura da escassez.

“No futuro, não será mais possível saber quando se está conectado à internet ou não. Tudo será conectado e navegável”, diz Cris Camargo, diretora executiva do IAB Brasil, organização internacional de mídia e propaganda digital. A publicidade percebeu rapidamente aonde o público estava indo e o acompanhou na direção da internet. Os dados sobre publicidade digital no país são recentes, mas indicam crescimento. No ano passado, os anúncios on-line movimentaram R$ 8,35 bilhões, segundo levantamento do IAB e da comScore, empresa que mede o mercado digital, com estimativa de chegar a R$ 9,5 bilhões neste ano.

Para as empresas de mídia ainda é difícil entender o comportamento dessa audiência on-line – muito mais fragmentada e menos fiel – o que se reflete na dificuldade de remunerar seus serviços digitais. A migração dos anúncios para a internet muitas vezes não compensa a perda da receita publicitária em seus meios originais, nem cobre totalmente os custos de investir na web. Mas novas tecnologias estão melhorando a maneira de medir a audiência dos sites, o que também é bom para os anunciantes. A medição tradicional por cliques começa

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a ser substituída por métricas mais amplas e precisas, afirma Cris, ao mesmo tempo em engatinham tecnologias capazes de, por exemplo, medir a intenção de compra a partir da movimentação do mouse.

Nos últimos anos, a tecnologia tornou-se tão relevante que extrapolou os círculos técnicos a que costumava ficar restrita para influenciar a vida de praticamente qualquer pessoa. Séries de televisão como “The Big Bang Theory” tornaram-se sucessos de público apesar de fazer piadas com temas complexos, enquanto o cinema explorou personagens reais como Steve Jobs e Mark Zuckerberg em filmes como “A Rede Social” e “Jobs”. É o fascínio da tecnologia. Ou você já viu algum filme sobre a vida de um executivo da Coca-Cola ou da GE, por exemplo?

Agora, a inovação parece caminhar numa direção especial – a mobilidade. Você já deve ter visto algum filme antigo em que o personagem tira da bolsa um aparelho que mais parece um tijolo com antenas. Sim, os primeiros celulares eram enormes. Com o tempo, diminuíram e voltaram a crescer para poder exibir aplicativos e vídeos. O barateamento dos smartphones – os celulares com a acesso à internet – e a melhoria da infraestrutura de comunicação levaram muitos brasileiros que não tinham computador a ingressar no mundo digital diretamente pelo telefone. Hoje, no Brasil, há mais celulares que gente.

1983

Motorola - DynaTac 8000x

O primeiro celular do mundo tinha 30 cm, pesava 1 quilo e custava US$ 4 mil.

Armazenava 30 números de telefone

1993/94

IBM - Simon

Considerado o primeiro smartphone da história, pesava 510 gramas. Vendeu

apenas 50 mil unidades nos EUA

1996

Motorola - StarTAC

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O modelo com flip tinha outra novidade para a época: vibrava quando seu dono

recebia uma chamada. Pesava 80 gramas

1999

Nokia - 7110

Foi o primeiro aparelho a contar com um WAP browser, um programa de

navegação pelo qual se acessavam serviços diferentes

2000

Samsung - SPH-M100 (UpRoar)

Tornou-se o primeiro aparelho vendido nos Estados Unidos com capacidade

para reproduzir arquivos de som em MP3

2002

Sanyo - SCP 5300

Trata-se do primeiro a contar com uma câmera integrada, acionada por um

botão. A resolução das imagens? 0,3 megapixel

2002

BlackBerry - 5810

É considerado o fundador da dinastia, mas o usuário precisava plugar um fone

de ouvido para fazer chamadas

2004

Motorola - RAZR V3

Quarto aparelho mais popular da história, com 110 milhões de unidades

vendidas no mundo

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2005

Nokia - 1110

Básico, tornou-se o campeão na preferência do público, vendendo 250 milhões

de unidades, um recorde até hoje

2007

Nokia - N95

Deu o tom dos smartphones modernos, ao reunir várias tecnologias, como

GPS, Bluetooth, Wi-Fi e câmera de 5 megapixels

2007

Apple - iPhone

O modelo de estreia da Apple nunca chegou ao Brasil, que só começou a

receber o aparelho em sua segunda versão, em 2008

2008

HTC - T-Mobile G1

Pouco lembrado, o aparelho é o primeiro a rodar o sistema operacional

Android, do Google, o mais usado atualmente

2009

Samsung - Galaxy

O primeiro da série com a qual a Samsung passou a desafiar o domínio da

Apple no mercado mundial de smartphones

2013

Nokia - Lumia 1020

Com câmera de 41 megapixels, salientava o sistema Windows Phone, a

resposta da Microsoft ao iOS, da Apple, e ao Android

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O modelo dos aparelhos pode variar de acordo com o poder aquisitivo do consumidor, assim como os planos de serviços, mas os hábitos de

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navegação são praticamente os mesmos entre os mais ricos e os mais pobres, diz Calazans, da Nielsen Ibope. “Dos 20 aplicativos mais acessados nos smartphones, por exemplo, cinco são de bancos”, afirma.

Sites estão sendo redesenhados para ser vistos no celular, e há uma preocupação especial entre os produtores de conteúdo para que suas criações sejam vistas confortavelmente na tela reduzida dos smartphones. As vendas on-line acompanham a tendência. “A nova classe média que entrou no comércio eletrônico com os smartphones e não teve oportunidade de comprar pelo computador está adquirindo produtos caros, como TVs, computadores e notebooks”, diz Guasti, da E-bit.

Número de celulares no Brasil Fonte: Teleco. *Dados de fevereiro

Agora, depois de trafegar pelo túnel do tempo, talvez o ano 2000 não pareça assim tão próximo e você sinta saudades das comodidades de 2015. Podia ter sido pior: em 98, quando as telecomunicações foram privatizadas no Brasil, as pessoas esperavam dois anos para ter um telefone fixo, ao preço de US$ 1 mil, ou tinham de se submeter às bolsas de telefones, nas quais uma linha chegava a US$ 10 mil. Isso, sim, era a pré-história.

Cinco tecnologias que se firmaram nos últimos 15 anos...

Drones

Os veículos aéreos não tripulados surgiram com fins militares e contam com uma longa ascendência. Os primeiros da espécie foram os “balões austríacos”, um nome autoexplicativo: no século XIX, a Áustria encheu balões com explosivos para bombardear Veneza. Ao longo do tempo, os drones passaram por aperfeiçoamentos sucessivos, com participações na I e na II Guerra e no conflito do Vietnã. Só nos últimos anos, porém, ganharam a atenção do público em geral, com aplicações que vão de monitorar o trânsito até detectar vazamentos de água. A Amazon anunciou, no fim de 2013, planos para entregar encomendas por drones em até 30 minutos. Em inglês, drone quer dizer “zangão”, o que remete ao barulho feito pelo aparelho. A sigla em português, pouco utilizada, é Vant (de veículo aéreo não tripulado). Um problema é que ainda não há legislação específica para regular seu uso.

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Impressão 3D

O nome engana. Não se trata de “imprimir” alguma coisa, mas produzir objetos tridimensionais a partir de arquivos digitais. Daí também ser chamada de “additive manufacturing” ou fabricação aditiva. É possível trabalhar com material como plástico, metal e cerâmica. Os primeiros movimentos datam da década de 80, mas a impressão 3D só ganhou força recentemente, à medida que o custo dos equipamentos ficava mais baixo. Hoje, até alimentos podem ser “impressos”. Ainda parece longe o dia em que as pessoas terão impressoras 3D em casa, como preveem seus defensores, mas o potencial da tecnologia é enorme – criar produtos sob encomenda para o consumidor, a um custo parecido com o de itens feitos aos milhões. Ou seja, a possibilidade de subverter as regras da economia de escala.

Alta definição

Em um mundo de telas – disponíveis em todos os lugares e de todos os tamanhos –, a corrida pela alta definição da imagem nunca foi tão concorrida. O Full HD é, atualmente, o padrão dominante entre as melhores telas, mas trata-se de uma questão de tempo para que seja substituído pelo 4K, que tem uma resolução quatro vezes melhor. No ano passado, foram vendidas 11,6 milhões de TVs 4K no mundo, segundo a consultoria Futuresource Consulting, o equivalente a 5% do total. A estimativa é de um crescimento médio anual superior a 70% nos próximos anos, com 100 milhões de TVs 4K vendidas em 2018. A substituição é estimulada pela queda nos preços: os primeiros modelos 4 K chegavam a custar R$ 100 mil apenas três anos atrás. Hoje, há modelos a menos de R$ 3 mil. O conteúdo é o “xis” da questão: a programação em 4K, capaz de aproveitar todas as vantagens da tecnologia, ainda é minúscula.

Computadores de vestir

Não há uma boa tradução em português para “wearables”, os dispositivos com capacidade de computador que permitem navegar na web e são usados como roupas ou acessórios. Os mais comuns até agora são os relógios “inteligentes”, mas mesmo essa categoria falhou em cair no gosto do consumidor. A expectativa é que o Watch, da Apple, consiga reverter esse quadro e capturar a atenção do público,

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como a empresa já fez com outros produtos, como o tablet. O Apple Watch mais barato custa US$ 549; o mais caro, US$ 17 mil. Há também uma grande expectativa em torno do Glass, os óculos do Google, que depois de mudanças no cronograma não têm data para chegar ao mercado. Apesar das dúvidas, a projeção de mercado é que sejam vendidos US$ 5,1 bilhões em “wearables” neste ano, um crescimento de 133% em relação ao ano passado.

Smartphones

Basta chegar a um bar para observar um fenômeno interessante: não raro, as pessoas à mesa estão ao celular, teclando silenciosamente em vez de conversar umas com as outras. Mas elas não estão falando ao telefone – estão navegando na web, enviando fotos, “curtindo” postagens em redes sociais, jogando, vendo vídeos. Tudo isso só é possível graças aos smartphones, os celulares com acesso à internet. No Brasil, o cálculo é que há 38,8 milhões de usuários de smartphones. O país só perde para China, EUA, Índia, Japão e Rússia. No mundo, os usuários de smartphones somam 1,6 bilhão. O crescimento dos smartphones explica o sucesso dos aplicativos, os programas que permitem fazer de tudo, de chamar um táxi a pedir comida. Segundo o site Developer Economics, a economia dos aplicativos vai movimentar US$ 143 bilhões no mundo no ano que vem.

...e cinco que desapareceram

Máquina de escrever

É difícil estabelecer com certeza a origem da máquina de escrever, já que vários inventores se lançaram à tarefa de criar um aparelho desse tipo. Algumas cronologias citam até um brasileiro, o padre Francisco José de Azevedo, que teria apresentado um dispositivo em 1861, sendo condecorado pelo imperador Pedro II. A história mais aceita remonta a 1867, com o americano Christopher Latham Sholes. O inventor patenteou seu segundo modelo um ano depois e em 1873 fechou contrato para produção com a Remington. As vendas começaram em 1874. O computador praticamente extinguiu a máquina de escrever, mas seu fim definitivo também é incerto. Em 2011, o jornal britânico “Daily Mail” divulgou que a última fabricante do planeta, a indiana Godrej and Boyce, tinha fechado as portas, mas a

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notícia foi contestada – a empresa de Mumbai não seria a última da espécie.

Palm

Os primeiros modelos, lançados em 1996, tornaram-se sinônimo de uma categoria inteira de produtos: os PDAs, a sigla em inglês para assistentes pessoais digitais. A memória interna da versão original mais potente tinha 512 kilobytes. Para comparar, o iPad mais básico, hoje, tem 16 gigabytes. Ou seja, em um iPad dá para armazenar o equivalente a 32 mil dos primeiros Palm. O dispositivo tinha uma alfabeto próprio, chamado Graffiti, e podia ser sincronizado com um computador por um cabo serial, uma espécie de avô dos atuais USB. Os smartphones sepultaram o PDA como uma categoria independente, mas não mataram o desejo das pessoas de ter uma secretária digital. O melhor exemplo são os sistemas Siri (Apple), Google Now e Cortana (Microsoft), que atendem a comandos de voz. No filme “Ela”, de 2013, Joaquin Phoenix se apaixonava por sua assistente digital, que tinha a voz de Scarlett Johannson.

Conexão discada

Parece incrível, mas houve uma época – e não faz tanto tempo assim – que o acesso à internet não era automático. Era preciso pedir pela conexão e esperar até conseguir. Um barulhinho característico marcava o ritmo da ansiedade. Não dava para falar ao telefone fixo e navegar ao mesmo tempo, e frequentemente o acesso caía no meio de um download. Assim eram as coisas na era da conexão discada, com modem e linha telefônica. A banda larga, em seus vários formatos, deixou esse tempo para trás para a maioria dos brasileiros, mas não para todos. Segundo um levantamento do Cetic.br, um centro de estudos da internet, 10% dos mais de 27 milhões de domicílios brasileiros com acesso à rede mundial ainda usavam conexão discada no fim de 2013. Mas a chamada banda estreita está caindo. Em 2009, a participação era de 20%. A banda larga móvel, via celular, aumentou de 6% para 22% no período.

Netbooks

A princípio, parecia uma grande ideia: notebooks pequenos e leves, que podiam ser carregados para qualquer lugar e custavam uma

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fração dos equipamentos maiores. Tanto parecia bom que muita gente embarcou na onda – as vendas globais dos netbooks, o nome dado aos dispositivos, aumentou de 550 mil unidades em 2007 para mais de 13 milhões no ano seguinte, até chegar ao pico de 32 milhões em 2010. Mas a euforia durou pouco. Em 2012 as vendas já haviam caído para 14 milhões. O consumidor percebeu que os aparelhos não tinham grande capacidade de processamento. O sistema operacional demorava a carregar e não era possível fazer muitas atividades ao mesmo tempo. Mas o pior foi a concorrência dos tablets, especialmente do iPad, que se mostraram mais adequados para quem queria mobilidade e recursos via internet. A consultoria IHS iSuppli previu para este ano a extinção dos netbooks.

Second Life

Lançado em 2003 pela Linden Lab, de San Francisco, o mundo virtual parecia destinado ao sucesso. O serviço existe até hoje, mas está longe do que prometia. A proposta era fazer com que as pessoas criassem vidas puramente digitais e as vivessem por meio de figuras em 3D, ou avatares. Trabalhar, construir casas, divertir-se, comprar produtos, casar-se – tudo é possível no Second Life. Existe até uma moeda própria, o Linden Dollar. Em 2007, o serviço chegou a reunir 4 milhões de usuários no mundo. A Petrobras fez uma palestra nesse universo paralelo naquele ano, e o TSE discutiu, em 2008, se os partidos políticos podiam ou não criar comitês eleitorais com avatares, como parte de um debate sobre a web. Com as redes sociais, porém, as pessoas perderam o interesse. Facebook e Twitter se mostraram muito mais efetivos para cruzar o real e o virtual, a ponto de não se saber onde um começa e termina o outro.

Edição e coordenação – Paula Cleto

Textos - Camila Dias, Raquel Balarin, Denise Neumann, Maria Cristina Fernandes e João Luiz Rosa

Vídeos – Tatiana Schnoor, Gil Silva e Carlo Chiapinelli

Criação e desenvolvimento - Antonio Matias e Valmir Jr., com supervisão de Luciana Alencar

Produção – Paula Cleto, Margot Pavan e Gustavo Brigatto

© Valor Econômico S. A

10 tendências tecnológicas para 2015

Gartner lista conceitos que tendem a despontar no mercado de TI ao longo do próximo ano COMPUTERWORLD 08 de outubro de 2014 - 08h05

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http://computerworld.com.br/tecnologia/2014/10/08/10-tendencias-tecnologicas-para-2015/

Chegamos aquele momento em que consultorias começam a soltar as primeiras previsões para o próximo ano. O Gartner, que realiza um evento nos Estados Unidos essa semana, revelou sua lista com as 10 tendências tecnológicas para 2015.

A consultoria colocou grande parte de suas fichas no conceito de internet das coisas (IoT), que traz a reboque um universo de componentes complementares como máquinas inteligentes, análises pervasivas e impressão 3D.

Eis as apostas do Gartner:

1. Computação em toda parte – Para a consultoria, o mundo caminha para

um acesso total e ubíquo a toda capacidade tecnologia. Telas inteligentes

e dispositivos conectados se proliferarão em diversas formas, tamanhos e

tipos de interação.

2. Internet das coisas – A consultoria manda um recado para os CIOs:

experimentem, avaliem e incentivem projetos para desenvolver

utilizações de sensores e dispositivos conectados em suas empresas.

3. Impressão 3D – Ok, não se trata de uma tecnologia nova. Aliás, vamos

fazer justiça que o conceito ronda por aí desde 1984. Contudo, agora é

que atinge níveis importantes de maturidade. Enquanto o tema ganha

atenção no campo de consumo, a verdadeira revolução tende a vir de sua

aplicação nas corporações.

4. Análises avançadas, pervasivas e invisíveis – Toda aplicação é um

app de análises nos dias de hoje.

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5. Sistemas contextuais ricos – Conhecer o usuário, sua localização, tudo

que ele fez no passado, suas preferências, conexões sociais e outros

atributos fornecerão inputs para as aplicações.

6. Máquinas inteligentes – A capacidade de executar tarefas com precisão

e apreenderem com rotinas dará nova dimensão aos mais diversos

equipamentos.

7. Nuvem e client computing – Esse é tópico central para evolução da

nuvem. Isso significa que uma aplicação estará baseada em nuvem e

será capaz de se estender a múltiplos clients.

8. Aplicações e infraestruturas definidas por software –Tecnologia

precisa misturar estruturas de maneira dinâmica, com elementos pré-

definidos e bem menos complexidade.

9. Web-scale IT – Tópico que se assemelha ao modelo já usado por

grandes provedores de soluções em nuvem, incluindo sua cultura

abrangente de riscos e alinhamentos de colaboração.

10. Segurança – Em particular, a tendência é de mais atenção para

aplicações com autoproteção. Grande parte dos pontos que compõem a lista aponta para a fusão entre o mundo real e virtual, e a forma como isso impacta as rotinas das empresas, que se transformam em organismos cada vez mais digitais.

Com base nesse cenário, o Gartner vem alertando executivos de TI para a necessidade de que ajustem seus perfis de liderança a fim de explorarem as oportunidades de negócio. A visão é que digitalização das organizações permite a empresas adotarem uma postura tecnológica menos amarrada a eficiência operacional de processos internos e mais como uma habilitadora para o desenvolvimento de modelos de negócios, serviços e produtos disruptivos.

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“A arte salvará o mundo” – Dostoievski - eis que da natureza do

homem, como a natureza é a arte de Deus (Baylei)

VIDEO

Confira os vídeos integrais do IV Curso Livre Marx-Engels, coordenado José Paulo Netto

Publicado em 07/11/2014 |

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Vem aí o aguardado Livro II de O capital, de Marx, sobre o processo de circulação do capital. A edição será a primeira no mundo a basear-se no conjunto publicado recentemente pela MEGA-2, considerada por muitos estudiosos a versão definitiva da obra – com documentos inéditos, a edição reconstrói os manuscritos em sua totalidade, preservando os apontamentos e as lacunas do texto. O livro já está em gráfica, e chega às livrarias junto com o guia de leitura, de David Harvey, Para entender O Capital, Livros II e III. Enquanto isso, que tal conferir o IV Curso Livre Marx-Engels, que publicamos recentemente no YouTube? Com curadoria de José Paulo Netto, as aulas seguem um duplo critério – cronológico e teórico –, e apresentam uma da obra marxiana desde os textos ditos de juventude até O capital. Clique aqui para baixar gratuitamente a apostila do IV Curso Livre Marx-Engels, com um texto de apoio para cada aula assinado pelo professor responsável, além de artigos complementares de Karl Marx, Francisco de Oliveira, Michael Löwy, Leandro Konder, Virgínia Fontes, uma cronologia completa de Marx e Engels, entre outros materiais de estudo. 1. Alysson Mascaro | Marx, Engels e a crítica do Estado e do direito Nesta aula de abertura do IV Curso Livre Marx-Engels, ministrada pelo jurista e filósofo do direito Alysson Leandro Mascaro, revelam-se elementos para teorizar na perspectiva marxista o poder, a política, o Estado, as relações de classe e o direito. As leituras desta aula são voltadas principalmente às seguintes obras:

◫ Crítica da filosofia do direito de Hegel, de Karl Marx (1844-45)

◫ O 18 de brumário de Luís Bonaparte, de Karl Marx (1852)

◫ O socialismo jurídico, de Friedrich Engels e Karl Kautsky

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2. Antonio Rago | A crítica do idealismo em Marx e Engels Esta segunda aula do IV Curso Livre Marx-Engels, ministrada por Antonio Rago, procura mostrar o avanço em relação ao Marx de 1844: a tese do “papel histórico universal” do proletariado (que aparece com a primeira crítica à cultura alemã pós-hegeliana, A sagrada família) e a elaboração do conceito crítico-negativo de ideologia, que surge na continuidade da citada crítica, precisamente em A ideologia alemã (1846), com a crítica feita a Feuerbach e a colocação da questão do método “que ascende da terra ao céu”.

◫ A sagrada família, de Karl Marx e Friedrich Engels (1845)

◫ A ideologia alemã, de Karl Marx e Friedrich Engels (1845-46)

3. José Paulo Netto | A atualidade do Manifesto Comunista O Manifesto do Partido Comunista, ou simplesmente Manifesto Comunista (1848), demonstra a madurez de Marx e Engels, com 30 e 28 anos respectivamente. Nesta aula, ministrada por José Paulo Netto, curador desta quarta edição do Curso Livre Marx-Engels, faz um tratamento cuidadoso desse texto fundamental, com ênfase em sua atualidade.

◫ Manifesto Comunista (1848), de Karl Marx e Friedrich Engels

4. Osvaldo Coggiola | Análises concretas da luta de classes Nesta aula (que implica um salto cronológico em relação ao andamento da primeira à terceira), mostra-se como os princípios elementares do “Manifesto Comunista” mais a maturação metodológica propiciada pela militância de Marx e Engels convertem-se em suportes de preciosas “análises concretas de situações concretas” (Lenin caracterizava assim o marxismo). Aula dedicada a Marx e Engels como “analistas de conjuntura”, baseada principalmente nas seguintes obras:

◫ Lutas de classes na Alemanha, de Karl Marx e Friedrich Engels (1848)

◫ Lutas de classes na França, de Karl Marx (1850)

◫ A guerra civil na França, de Karl Marx (1871)

5. Ricardo Antunes | A constituição da classe trabalhadora O eixo desta aula, ministrada pelo sociólogo do trabalho Ricardo Antunes, é a passagem de Marx à posição revolucionária, com o aparecimento formal do proletariado e sua emersão efetiva (com o peso do trabalho na constituição do ser social, um ser da práxis) nos Manuscritos econômico-filosóficos (1844). É fundamental a importância de Engels nesse período da evolução de Marx, em seu ensaio nos Anais Franco-Alemães (1844) e A situação da classe trabalhadora na Inglaterra (1845):

◫ Crítica da filosofia do direito de Hegel, de Karl Marx (1844-45)

◫ Manuscritos econômico-filosóficos, de Karl Marx (1844)

◫ A situação da classe trabalhadora na Inglaterra, de Friedrich Engels (1845)

6. Mario Duayer | A crítica ontológica do capital Nesta aula a questão central é Marx e a crítica da economia política, recorrendo especialmente aos “Grundrisse” (1857). Mario Duayer procura expor como determinada leitura desses textos deu origem a uma vertente alternativa de teoria crítica, voltada para a dimensão dominadora da ontologia do trabalho.

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◫ Grundrisse, de Karl Marx (1857/58)

◫ Tempo, trabalho e dominação social, de Moishe Postone (Boitempo, 2014)

7. Jorge Grespan | A crítica da economia política em Marx Nesta aula a questão central é novamente Marx e a crítica da economia política, recorrendo desta vez principalmente a “O capital”, de Marx. Compreender a arquitetônica obra de Marx nos seus três níveis, produção, circulação e consumo, bem como as relações internas dos conceitos em cada um, é o objetivo da aula em questão.

◫ O capital, de Karl Marx (1867)

8. Ruy Braga | Democracia, trabalho e socialismo em Marx e Engels Nesta última aula do IV Curso Livre Marx-Engels, ministrada por Ruy Braga, a ênfase é em como Marx concebe o papel do programa do partido na luta democrática e sua concepção da transição socialista; o texto básico é a Crítica do programa de Gotha (1875) e, subsidiariamente, O socialismo jurídico (1887).

◫ Crítica do programa de Gotha, de Karl Marx (1875)

◫ Grundrisse, de Karl Marx (1857/58)

◫ O capital, de Karl Marx (1867)

Homenagem | Chico de Oliveira As três primeiras edições do Curso Livre Marx-Engels (realizadas respectivamente na PUC-SP, na UERJ e no Sindicato dos Bancários de São Paulo) contaram com mais de 3 mil alunos e homenagearam os intelectuais marxistas Jacob Gorender, Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho. O escolhido desta vez foi o sociólogo Francisco de Oliveira, professor titular aposentado de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP) e autor de extensa obra, da qual destacamos Noiva da revolução: elegia para uma re(li)gião (Boitempo, 2008) e Crítica à razão dualista: o ornitorrinco (São Paulo, Boitempo, 2003). ***

Gostou? Não deixe de se inscrever no canal da Boitempo no YouTube e receba atualizações semanais de aulas, debates, conferências, entrevistas, booktrailers, e outros conteúdos ligados à maior editora do pensamento crítico em língua portuguesa! Lá você encontrará, por exemplo, vídeos dos outros cursos livres Marx-Engels, organizados pela Boitempo, com aulas magistrais de nomes como Chico de Oliveira e Michael Löwy, entre outros…

CINEMA

http://www.adorocinema.com - http://cadernodecinema.com.br

http://cinemacomrapadura.com.br/criticas/83074/kill-bill-volume-2-2004-83074/

http://www.museudocinema.com.br/

10 clássicos europeus para ver no Youtube

O CINECLUBE selecionou alguns clássicos do cinema europeu disponíveis na

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íntegra no Youtube, com legenda em português. São filmes de gênios como Fritz...

OCINECLUBE.COM

LIVROS

Um país se faz com homens e livros – M.Lobato

Fórum de Davos é ação cínica de propaganda da elite, diz jornalista

RODOLFO LUCENA - DE SÃO PAULO - 11/07/2015 02h00

O Fórum Econômico Mundial de Davos, que reúne a nata das grandes

corporações multinacionais e se apresenta como evento que considera os

destinos do planeta, não passa de uma grande operação de relações públicas.

O objeto é transmitir uma mensagem de ética corporativa, que não se sustenta

na realidade e é coberta de cinismo.

Essa, pelo menos, é a tese do jornalista britânico Andy Robinson, 54, que há

oito anos acompanha as idas e vindas na pequena cidade da suíça.

"Um fenômeno muito palpável em Davos é um discurso duplo. Defendem a

responsabilidade social, mas os homens de Davos e suas empresas não

pagam impostos. A outra face do capitalismo filantrópico -filantrocapitalismo-é a

evasão fiscal", diz Robinson em entrevista à Folha em São Paulo, onde esteve

nesta semana para divulgar o lançamento de seu livro "Um Repórter na

Montanha Mágica" em que tenta desmascarar a face benévola das

corporações.

O discurso duplo, aponta ele, também acontece agora em relação à crise

grega, que Robinson também acompanha de perto desde 2010, produzindo

reportagens para o jornal espanhol "La Vanguardia".

"Ao longo desses anos em que tenho visitado a Grécia, constatei que a

intervenção feita pela Tróica (Fundo Monetário Internacional, Banco Central

Europeu e Comissão Europeia) foi cruel e contraproducente. Optaram por

políticas ortodoxas, de corte de gastos públicos, corte de pensões, aumentos

de impostos para a classe média e para a classe trabalhadora, que afundaram

a economia e agravaram a crise."

Tais medidas, afirma ele, vão contra análises feitas pelo próprio FMI. "O

Departamento de Análise Macroeconômica, em Washington, fez uma série de

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estudos econométricos demonstrando que as medidas de austeridade

agravaram o problema da dívida grega. Apesar disso, os técnicos do FMI e das

outras entidades credores europeias seguem com as mesmas políticas", afirma

ele.

Confira a seguir os principais trechos da entrevista.

Folha - O subtítulo de seu livro é "Como a elite econômica de Davos

afundou o mundo". É isso mesmo? A elite afundou o mundo?

Andy Robinson - Davos é um microcosmo. Trata-se de uma elite global, que

está concentrando uma parte cada vez maior do patrimônio mundial. Está mais

poderosa, do ponto de vista econômico, do que há 30 anos.

A diferença entre o 1% mais rico e o resto do mundo se alargou. Estamos

falando, por exemplo, de executivos que estão ganhando 400, 500 vezes mais

que os salários médios de suas empresas. E essa desigualdade gera

problemas de sustentabilidade para o próprio sistema capitalista.

Se você tem uma economia em que 60%, 70%, 80% da população têm seus

salários congelados ou reduzidos é muito difícil gerar poder aquisitivo para

manter as necessidades de consumo que nosso modelo de capitalismo tem,

sem acumular volumes enormes de dívida.

Todo o crescimento antes da crise de 2008 foi impulsionado por um aumento

do endividamento, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa: muita

utilização de cartão de crédito, de hipotecas, as pessoas usando as próprias

casas como garantia para conseguir mais crédito.

Enquanto isso, essa elite, de Davos, consome uma parte muito menor de sua

renda e busca investimentos.

Então temos, de um lado, uma classe consumidora, trabalhadora, ou classe

média, que está cada vez mais dependente de endividamento para poder

consumir e viver; e, de outro, uma classe dominante, essa elite de Davos, que

converte a dívida em instrumentos especulativos, gerando uma instabilidade

muito perigosa no sistema.

Danilo Verpa/Folhapress

jornalista britânico Andy Robinson, autor de ""Um repórter na montanha mágica", sobre Fórum de Davos

Como reverter isso?

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Há soluções, que são a redistribuição de renda por meio de um sistema

progressivo de impostos, um estado de bem-estar para manter um mínimo para

os aposentados ou com necessidades especiais, sindicatos para manter

salários dignos etc. Tudo isso vem desaparecendo nos últimos 30 anos, até

mesmo nos países europeus que tinham uma vertente socialdemocrata.

Estamos todos seguindo o caminho neoliberal, que é muito perigoso, não só do

ponto de vista da sociedade como também do ponto de vista da própria

economia de mercado.

A desigualdade desestabiliza a economia de mercado, que é exatamente o que

eles, os de Davos, dizem defender. É uma espécie de instinto suicida na lógica

de acumulação capitalista.

Davos tem como lema o compromisso com melhorar a situação do mundo...

Davos faz grandes esforços para transmitir uma mensagem de ética. Davos é

uma operação de relações públicas. O livro trata de desmistificar isso. Os

departamentos de responsabilidade social das grandes corporações vão a

Davos e comparecem a sessões com ONGs porque têm uma necessidade de

utilizar Davos como uma operação de imagem.

Isso consiste em fazer apresentações mostrando como a Coca-cola vai

enfrentar a escassez de água junto com a ONG water.org, representada em

Davos pelo ator Matt Damon. Mas basta analisar um pouquinho para que as

políticas de engarrafamento e venda de água da Coca e da Pepsi são

responsáveis importantes pela geração de pegadas de carbono. Na Índia, por

exemplo, há lutas, batalhas campais entre lavradores e polícia em protesto

contra as novas unidades de engarrafamento da Pepsi e da Coca, que estão

fazendo investimentos de milhões de dólares na Índia e estão secando

aquíferos subterrâneos...

E há a questão dos impostos...

Há um capítulo do livro sobre a cidade de Zuq, onde há 15 mil habitantes e 30

mil empresas registradas, entre elas grandes corporações multinacionais, como

a Burger King, que tem um brasileiro como principal acionista, Jorge Paulo

Lemann.

Elas não pagam impostos e se registram m uma pequena cidade porque aí

podem fazer transferências de benefícios e não pagar impostos.

Essa evasão fiscal endêmica corporativa está criando problemas de solvência

para os Estados. O discurso filantrópico em Davos, o filantrocapitalismo, é

complemento da evasão fiscal.

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Ao debilitar o Estado e ao tornar quase impossível manter os níveis de serviço

público dos anos da social democracia, no que se refere à educação, saúde

pública etc, criaram espaço para novas políticas filantrópicas, que são cada vez

mais estratégias financeiras.

Um Repórter na Montanha Mágica

AUTOR Andy Robinson - EDITORA Apicuri - (224 págs.)

TELEVISÃO

Arte 1 – O Canal - arte1.band.uol.com.br/o-canal/ O Arte 1 é o primeiro canal brasileiro com uma programação inteiramente dedicada

àarte e à cultura. Dança, música clássica e popular brasileira, cinema

TV Escola: Principal

tvescola.mec.gov.br/

A TV Escola é o canal da educação. É a televisão pública do Ministério da Educação destinada aos professores e educadores brasileiros, aos alunos e a todos .

BOLETINS DE NOTÍCIAS E ANÁLISES

www.estrategiaeanalise.com.br -

www.sul21.com.br - www.outraspalavras.com.br - www.cartamaior.com.br www.desenvolvimentistas.com.br - http://www.auditoriacidada.org.br/

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www.patrialatina.com.br - http://resistir.info/

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