Greve Nas Federais e Movimento Estudantil - Karina

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Greve nas federais e movimento estudantil15 de abril de 2015Categoria:BrasilComentar|ImprimirResta saber se ns estudantes continuaremos submissos e a reboque dos docentes at em momentos de mobilizao ou se teremos a capacidade de nos organizarmos e darmos o devido apoio, mas um apoio que no seja unilateral.Por KarinaA movimentao sobre uma possvel greve unificada de docentes e servidoras e servidores federais j se iniciou, sendo o indicativo para a primeira quinzena de maio. Nesse cenrio fundamental pensarmos a nossa atuao enquanto estudantes, tanto para no ficarmos passivas e passivos diante da situao quanto para no ficarmos a reboque dos tcnicos, tcnicas e, principalmente, docentes. Resgatar a experincia de 2012 fundamental para no repetirmos os mesmos erros. Para isto, resgatarei a experincia na UFG [Universidade Federal de Gois], mas que creio que seja semelhante de outras cidades.Tal como em 2012, o sindicato que hoje tem a representao legal dos docentes da UFG a ADUFG [Associao dos Docentes da UFG], que por sua vez federada ao PROIFES [Federao de Sindicatos de Professores de Instituies Federais de Ensino Superior]. poca, houve uma conturbada assembleia em que a direo do sindicato diante de forte presso de docentes e estudantes abandonou a mesa da assembleia, finalizando a mesma sob o pretexto de que estes estudantes e docentes estavam tumultuando-a e, portanto, inviabilizando-a. Contudo, os docentes prosseguiram mesmo sem a direo do sindicato e a contragosto destadeflagaram a greve. O sindicato buscou por todos os meios deslegitimar tal deciso,declarando a greve ilegal, mas no adiantou, esta prosseguiu com forte adeso dos docentes. Hoje o sindicato j se adiantou na desmobilizao, chegando ao absurdo de deliberar por meio de procurao a formao de um sindicato estadual, dentre outros absurdos que podem ser conferidosaqui, ento, possivelmente, caso a UFG entre em greve, tal como em 2012, ser s por meio de uma forte mobilizao e atropelo do sindicato.Por sua vez, a greve de servidoras e servidores federais j faz parte de um roteiro. Ano aps ano entram em greve, mas dada a intensa burocratizao do sindicato, estas acabam sendo incuas, contando com pouca mobilizao, limitando suas aes a manifestaes e reunies em Braslia com pouca ou nenhuma aproximao com estudantes, docentes e populao. Contudo, em meio a uma greve conjunta, ao menos em 2012, servidoras e servidores se mobilizam mais do que em suas greves anuais, sendo a categoria que mais se mobilizou, diferentemente dos docentes, cujas mobilizaes podiam ser contado nos dedos.Em meio a isto tudo, ns estudantes tentvamos nos encontrar e fazer algo para fortalecer o movimento estudantil e contribuir para as reivindicaes da greve. Numa assembleia convocada pelo Diretrio Central dos Estudantes (DCE), alguns dias antes da dos docentes, deflagramos uma greve estudantil. O movimento estudantil aqui to precrio que em um universo de mais de 20.000 estudantes, uma assembleia que conta com 300 pessoas vista como uma assembleia vitoriosa e legtima. Pois bem, iniciamos a greve, mas sem pautas e sem perspectivas de mobilizao. A verdade que entramos em greve porque os docentes entrariam. No tnhamos fora poltica nenhuma para prosseguir e nem perspectivas de aumento de mobilizao. At porque, pela ausncia de reivindicao, esta greve no tinha sentido nenhum, mas samos da assembleia satisfeitas e satisfeitos pela suposta radicalidade estudantil e autonomia frente aos docentes. Aps isto, pressionamos para que houvesse a deflagrao da greve, formamos um comando estudantil, o DCE tentou atrapalhar a j fraca mobilizao; participamos de atos, fizemos uma ocupao na faculdade de direito e, por fim, acabou tendo um racha que culminou na formao de outro grupo chamado OCUPA-UFG. Nacionalmente houve uma lastimvel e interminvel assembleia estudantil no Rio de Janeiro, com disputas da ANEL [Assembleia Nacional dos Estudantes Livre] e UNE [Unio Nacional dos Estudantes], que resultou em um comando estudantil em Braslia, mas que, dada a ausncia de uma base e de pautas concretas, acabou sendo incuo.Aps 3 meses a greve acabou. Voltamos normalidade. O professor meu amigo, mexeu com ele mexeu comigo se esvaiu. Via de regra, os docentes no se mobilizam quando mexem com ns estudantes, at porque geralmente so estes mesmo que mexem conosco. Ao que parece, esta amizade no to slida e nem se solidifica aps uma greve, pois, passado esta, voltam a exercer controle sobre ns e a decidirem os rumos da universidade, e ns continuamos sem qualquer poder nas instncias deliberativas da universidade e mesmo na sala de aula. A propsito, a solidariedade entre docentes e estudantes acaba quando entra-se na sala. certo que a solidariedade com servidores e docentes federais uma solidariedade de classe e uma luta contra a precarizao das universidades federais travada pelo governo do PT [Partido dos Trabalhadores] em benefcio das universidades privadas. Contudo, isto no justifica darmos um apoio cego e de mo nica. Se direitos so inegociveis, se reivindicaes no devem ser cessadas mesmo diante de cortes de verbas e anunciada crise, justamente em meio a esse cenrio, que conta com uma intensa mobilizao na universidade, que devemos intensificar nossa luta e reivindicaes.Contudo, o cenrio no se mostra favorvel. Se poca o DCE era composto por setores governistas PT e PCdoB, hoje composto pela JCA (Juventude Comunista Avanando), que possui relao estreita com docentes e a prpria direo do ANDES [Associao Nacional dos Docentes do Ensino Superior]. Ou seja, h poucas perspectivas de conflitos com o movimento docente por parte destes. Alm disso, este DCE vem caracterizando-se por uma intensa atuao em distintos setores, o que, intencionalmente ou no, acaba por deslegitimar aes autnomas. No suficiente, o movimento estudantil autnomo mostra-se completamente debilitado, dando sopros de vida somente diante de ameaas iminentes como a padronizao da carga horria e morrendo logo em seguida, e depois volta a aparecer travando interminveis e infrutferas brigas com o DCE e, ao invs de construir alternativas ao mesmo, morremos na crtica. Assim, ainda que as possibilidades de reivindicaes sejam muitas e vo da esfera local federal tais como aumento do repasse de verba para assistncia estudantil, democracia nas instncias deliberativas da universidade, construo de centros de convivncia, segurana nos campus, dentre outras possibilidades a mobilizao mostra-se como um grande desafio.

Para alm das reivindicaes, com uma greve na universidade abre-se possibilidades de construirmos novas relaes no espao universitrio e talvez at um novo espao universitrio. Com a ausncia da obrigatoriedade de se estar nas aulas, resta-nos tempo livre e cria-se toda uma gama de possibilidades diante disto. Debates acerca da realidade universitria e fora dos seus muros, criao de espaos de convivncia, apropriao dos espaos, construo de relao e projetos com moradoras e moradores prximos da universidade, grupos de estudos autogestionados, eventos culturais, festas, enfim, possibilidades de aprendizado e criao no restritas passiva sala de aula, possibilidades de organizao no burocrticas e hierarquizadas e, por fim, possibilidades de socializao horizontais e no marcadas pelo cansao e correria do cotidiano. Com a greve, ao menos por um tempo, passamos a ter certa autonomia na universidade e possibilidades de construes no aqui e agora o futuro libertrio que tanto almejamos.Resta saber se ns estudantes continuaremos submissos e a reboque dos docentes at em momentos de mobilizao ou se teremos a capacidade de nos organizarmos e darmos o devido apoio, mas um apoio que no seja unilateral e, assim, nos opormos a precarizao da universidade, da condio de trabalho e de cortes de direitos trabalhistas, como tambm enfrentarmos a burocracia e pautarmos uma universidade mais democrtica, em que tenhamos papel ativo nos seus rumos e nos nossos prprios estudos. E se ns, enquanto militantes autnomos, ficaremos a reboque dos DCEs e sua burocracia e centralizao ou se conseguiremos atuar para alm da crtica e construir uma sada autogestionria para o fatdico movimento estudantil.Etiquetas:Ensino,Greves,Trabalho_e_sindicatosComentrios1 Comentrio on "Greve nas federais e movimento estudantil"amanda em 24 de abril de 2015 14:00

Ponto comum no Movimento Estudantil a angstia de estudantes autnomos que, por no estarem organizados, no conseguem apontar respostas efetivas para o movimento e recaem eterna negativa.Cito o trecho do recente texto publicado no passa palavra: No suficiente, o movimento estudantil autnomo mostra-se completamente debilitado, dando sopros de vida somente diante de ameaas iminentes como a padronizao da carga horria e morrendo logo em seguida, e depois volta a aparecer travando interminveis e infrutferas brigas com o DCE e, ao invs de construir alternativas ao mesmo, morremos na crtica. Cada vez mais a prtica tem mostrado que a construo do Rizoma (https://rizoma.milharal.org) foi a coisa mais acertada que poderamos ter feito para a atuao libertria no movimento estudantil da USP. Que a experincia que temos acumulada no Rizoma possa ser compartilhada com os compas de todos os lugares, para que seja superado esse vcio de sempre querer reinventar a roda partindo do zero.(o acordo com o texto no total, mas serve de disparador para o ponto da necessidade de organizao).Avante compas!Organize-se e lute!