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Cortejo fúnebre romano num relevo de um sarcófago de Amitemum, final do século i a. C. Na fila de cima vêem-se dois tocadores de corno e um de lítuo, ambos instrumentos de sopro metálicos etmsco-romanos. Abaixo destes vemos quatro tocadores de tíbia, que era semelhante ao aulo grego (Aquila, Museo Cívico) numa linha melódica pura e despojada; (2) a idéia da melodia intimamente ligada às palavras, especialmente no tocante ao ritmo e à métrica; (3) uma tradição de inter- pretação musical baseada essencialmente na improvisação, sem notação fixa, em que o intérprete como que criava a música de novo a cada execução, embora segundo convenções comummente aceites e servindo-se das fórmulas musicais tradicionais; (4) uma filosofia da música que concebia esta arte, não como uma combinação de belos sons no vácuo espiritual e social da arte pela arte, mas antes como um sistema bem ordenado, indissociável do sistema da Natureza, e como uma força capaz de afectar o pensamento e a conduta do homem; (5) uma teoria acústica cientificamente fundamentada; (6) um sistema de formação de escalas com base nos tetracordes; (7) uma terminologia musical. Parte desta herança (n. os 5, 6 e 7) era especificamente grega; o resto era comum à maior parte, se não à totalidade, do mundo antigo. Os conhecimentos e as idéias no domínio da música foram transmitidos, embora de maneira incompleta e imperfeita, ao Ocidente por diversas vias: a igreja cristã, cujos ritos e música derivaram inicial- mente, em grande medida, de fontes judaicas, se bem que despojados dos instrumen- tos e danças que os acompanhavam no templo, os escritos dos Padres da Igreja e os tratados enciclopédicos do princípio da Idade Média, que abordavam a música jun- tamente com uma quantidade de outros temas. Os primeiros séculos da igreja cristã Algumas características da música da Grécia e das sociedades mistas orientais- -helemsticas do Mediterrâneo oriental foram seguramente absorvidas pela igreja cristã nos seus dois ou três primeiros séculos de existência. Mas certos aspectos da vida musical antiga foram üminarmente rejeitados. Um desses aspectos foi a idéia de cultivar a música apenas pelo prazer que tal arte proporciona. E, acima de tudo, as formas e tipos de música associados aos grandes espectáculos públicos, tais como 34 festivais, concursos e representações teatrais, além da música executada em situações de convívio mais íntimo, foram por muitos considerados impróprios para a Igreja, não porque lhes desagradasse a música propriamente dita, mas porque sentiam a neces- sidade de desviarem o número crescente dos convertidos de tudo o que os ligava ao seu passado pagão. Esta atitude chegou mesmo a suscitar, de início, uma grande desconfiança em relação a toda a música instrumental. A HERANÇA JUDAICA — Durante muito tempo os historiadores da música pensaram que os primeiros cristãos tinham copiado os serviços religiosos pelos da sinagoga judaica. Os especialistas mostram-se hoje mais cépticos em relação a esta teoria, dado que não há provas documentais que a confirmem. Julga-se até que os primeiros cristãos terão evitado copiar os serviços judaicos por forma a sublinharem o carácter distinto das suas crenças e rituais. É necessário estabelecer uma distinção entre as funções religiosas do templo e da sinagoga. O templo — ou seja, o segundo templo de Jerusalém, que existiu no mesmo lugar do primeiro templo de Salomão de 539 a. C. até à sua destruição pelos Romanos em 70 d. C. — era um local de culto público. Esse culto consistia prin- cipalmente num sacrifício, em geral de um cordeiro, realizado por sacerdotes, assis- tidos por levistas, entre os quais se contavam vários músicos, e na presença de leigos israelistas. Umas vezes o sacerdote e outras também o crente leigo comiam parte do animal «assado». Estes sacrifícios realizavam-se diariamente, de manhã e de tarde; no sabbath e nas festas havia sacrifícios públicos suplementares. Enquanto decorria o sacrifício, um coro de levitas — com doze elementos, pelo menos — cantava um salmo, diferente para cada dia da semana, acompanhado por instrumentos de cordas. Nas festas mais importantes, como a véspera da Páscoa, cantavam-se os salmos 113 a 118, que têm refrões em aleluia, enquanto os crentes faziam os sacrifícios pessoais, e em seguida um instrumento de sopro semelhante ao aulo vinha associar-se ao acompanhamento de cordas. Os crentes também rezavam no templo ou voltados para o templo, mas a maior parte das orações fazia-se em casa ou na rua. Há um paralelismo evidente entre o sacrifício no templo e a missa cristã, que era um sacrifício simbólico, em que o sacerdote partilhava do sangue sob forma de vinho e os crentes se associavam à partilha do corpo de Cristo sob forma de pão. Todavia, sendo a missa igualmente uma comemoração da última ceia, imita também a refei- ção judaica dos dias de festa, como a refeição ritual da Páscoa, que era acompanhada por música cantada. A sinagoga era um centro de leituras e homílias, bem mais do que de sacrifícios ou orações. Aí, em assembléias ou serviços, as Escrituras eram lidas e comentadas. Determinadas leituras eram feitas nas manhãs normais do sabbath e nos dias de mercado, segundas-feiras e quartas-feiras, enquanto havia leituras especiais para as festividades das peregrinações, para as festividades menores, para os dias de jejum e para os dias de lua nova. Após a destruição do templo, o serviço da sinagoga incorporou elementos que substituíam os sacrifícios do templo, mas esta evolução deu-se já, provavelmente, demasiado tarde — no final do século i ou no século n — para servir de modelo aos cristãos. Segundo parece, o canto quotidiano dos salmos só começou a realizar-se bastante depois de iniciada a era cristã. O que a liturgia cristã ficou a dever à sinagoga foi principalmente a prática das leituras associadas a um calendário e o seu comentário público num local de reunião dos crentes. 35

GROUT e PALISCA Os Primeiros Seculos Da Igreja Crista

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Page 1: GROUT e PALISCA Os Primeiros Seculos Da Igreja Crista

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imen

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im

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ial-

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os

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n-

tam

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dade

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outr

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ros

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ient

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iter

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uram

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igre

ja c

rist

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as p

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que

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cion

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e m

úsic

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ndes

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ectá

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s pú

blic

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tais

com

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34

fest

ivai

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epre

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uito

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o a

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ício

, um

a gr

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em

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úsic

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stru

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tal.

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A —

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ante

mu

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po o

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da m

úsic

a pe

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amqu

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pri

mei

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cris

tãos

tin

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cop

iado

os

serv

iços

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igio

sos

pelo

s da

sin

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aju

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ca.

Os

espe

cial

ista

s m

ostr

am-s

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je m

ais

cépt

icos

em

rel

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a e

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teor

ia,

dado

que

não

prov

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ocum

enta

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ue a

con

firm

em.

Julg

a-se

até

que

os

pri

mei

ros

cris

tãos

ter

ão e

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opia

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ser

viço

s ju

dai

cos

por

form

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inha

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o c

arác

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dist

into

das

sua

s cr

ença

s e

ritu

ais.

É n

eces

sári

o es

tabe

lece

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a di

stin

ção

entr

e as

fun

ções

rel

igio

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o e

da

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agog

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plo

— o

u s

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o s

egun

do t

empl

o d

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rusa

lém

, qu

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isti

u no

mes

mo

lug

ar d

o p

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eiro

tem

plo

de

Sal

omão

de

539

a.

C.

até

à su

a de

stru

ição

pel

osR

oman

os e

m 7

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. C

. — e

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m l

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Ess

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lto

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sist

ia p

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de

um

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vár

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m o

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nte

leig

o c

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iam

par

te d

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imal

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sac

rifí

cios

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diar

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ente

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hã e

de

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sa

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e n

as f

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s ha

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sacr

ifíc

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icos

sup

lem

enta

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Enq

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o d

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ria

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acri

fíci

o, u

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de

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tas

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ento

s, p

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os —

can

tava

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salm

o, d

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par

a ca

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a se

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a, a

com

panh

ado

por

inst

rum

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s de

cor

das.

Nas

fes

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mai

s im

port

ante

s, c

omo

a v

éspe

ra d

a P

ásco

a, c

anta

vam

-se

os s

alm

os 1

13a

118,

que

têm

ref

rões

em

ale

luia

, enq

uant

o o

s cr

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s fa

ziam

os

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ifíc

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pes

soai

s,e

em s

egui

da u

m i

nstr

umen

to d

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pro

sem

elha

nte

ao a

ulo

vin

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ciar

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aoac

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de

cord

as.

Os

cren

tes

tam

bém

rez

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no

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plo

ou

vol

tado

s pa

rao

te

mplo

, m

as

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aior

part

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s or

açõe

s fa

zia-

se

em c

asa

ou

na

rua.

um

para

leli

smo

evi

dent

e en

tre

o s

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fíci

o no

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mis

sa

cris

tã,

que

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umsa

crif

ício

sim

bóli

co,

em q

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erdo

te p

arti

lhav

a do

san

gue

sob

for

ma

de v

inh

o e

os

cre

ntes

se

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ciav

am à

par

tilh

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po d

e C

rist

o s

ob f

orm

a de

pão

. Todav

ia,

send

o a

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sa i

gual

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te u

ma

com

emor

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da

últ

ima

ceia

, im

ita

tam

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a r

efei

-çã

o ju

dai

ca d

os d

ias

de f

esta

, co

mo

a r

efei

ção

ritu

al d

a P

ásco

a, q

ue e

ra a

com

panh

ada

por

mús

ica

cant

ada.

A si

nago

ga e

ra u

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entr

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itur

as e

hom

ília

s, b

em m

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do q

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crif

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sou

ora

ções

. A

í, e

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ssem

bléi

as o

u s

ervi

ços,

as

Esc

ritu

ras

eram

lid

as e

com

enta

das.

Det

erm

inad

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leit

uras

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m f

eita

s na

s m

anhã

s no

rmai

s do

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bb

ath

e n

os d

ias

dem

erca

do,

segu

ndas

-fei

ras

e qu

arta

s-fe

iras

, en

quan

to h

avia

lei

tura

s es

peci

ais

para

as

fest

ivid

ades

das

per

egri

naçõ

es,

para

as

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ivid

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men

ores

, pa

ra o

s di

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e je

jum

e

para

os

dias

de

lu

a no

va.

Apó

s a

dest

ruiç

ão

do t

empl

o, o

ser

viço

da

si

nago

gain

corp

orou

ele

men

tos

que

subs

titu

íam

os

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ifíc

ios

do t

emplo

, m

as e

sta

evol

ução

deu-

se j

á, p

rova

velm

ente

, dem

asia

do t

arde

— n

o f

inal

do

séc

ulo

i ou

no

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ulo

n —

pa

ra s

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r de

mod

elo

aos

cri

stão

s. S

egun

do p

arec

e, o

can

to q

uoti

dian

o d

os s

alm

ossó

com

eçou

a re

aliz

ar-s

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stan

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epoi

s de

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iada

a e

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rist

ã. O

que

a li

turg

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ãfi

cou

a de

ver

à si

nago

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pri

ncip

alm

ente

a p

ráti

ca d

as l

eitu

ras

asso

ciad

as a

um

cale

ndár

io e

o s

eu c

omen

tári

o pú

blic

o nu

m l

ocal

de

reun

ião

dos

cren

tes.

35

Page 2: GROUT e PALISCA Os Primeiros Seculos Da Igreja Crista

À m

edid

a qu

e a

igre

ja c

rist

ã pr

imit

iva

se e

xpan

dia

de J

erus

além

par

a a

Ási

a M

enor

e pa

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Oci

dent

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hega

ndo a

Áfr

ica

e à

Eur

opa,

ia

acum

ulan

do e

lem

ento

s m

usic

ais

prov

enie

ntes

de

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rsas

zon

as.

Os

mos

teir

os e

igr

ejas

da

Sír

ia t

iver

am u

m p

apel

impo

rtan

te n

o d

esen

volv

imen

to d

o c

anto

dos

sal

mos

e d

os h

inos

. Est

es d

ois

tipo

s de

cant

o r

elig

ioso

par

ecèm

ter

-se

difu

ndid

o a

par

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da S

íria

, v

ia B

izân

cio,

até

Mil

ão e

ou

tros

cen

tros

oci

dent

ais.

O c

anto

dos

hin

os é

a p

rim

eira

act

ivid

ade

mus

ical

doc

umen

-ta

da d

a ig

reja

cri

stã

(Mat

., 2

6,3

0;

Mar

., 1

4,2

6).

Por

vol

ta d

o a

no 1

12 P

líni

o, o

Jo

vem

,

faz

refe

rênc

ia a

o c

ostu

me

cris

tão

de c

anta

r «u

ma

canç

ão a

Cri

sto

com

o s

e el

e fo

sse

um

deus

» na

pro

vínc

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e qu

e er

a go

vern

ador

, a

Bit

ínia

, na

Ási

a M

eno

r18.

O c

anto

dos

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tãos

era

ass

ocia

do a

o a

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e se

com

prom

eter

em a

trav

és d

e um

jur

amen

to.

BIZÂ

NCIO

— A

s ig

reja

s or

ient

ais,

na

ausê

ncia

de

um

aut

orid

ade

cent

ral

fort

e, d

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-vo

lver

am l

itu

rgia

s di

fere

ntes

nas

vár

ias

regi

ões.

Em

bora

não

sub

sist

am m

anus

crit

osan

teri

ores

ao

séc

ulo

rx c

om a

mús

ica

usad

a ne

stes

rit

os

orie

ntai

s, a

lgum

as i

nfer

enci

aspo

dem

ser

fei

tas

quan

to a

os p

rim

ord

ios

da m

úsic

a re

ligio

sa n

o O

rien

te.

A ci

dade

de

Biz

ânci

o (o

u C

onst

anti

nopl

a, h

oje

Ista

mb

ul)

fo

i re

cons

truí

da p

orC

onst

anti

no e

des

igna

da e

m 3

30 c

omo c

apit

al d

o s

eu i

mpé

rio

reun

ific

ado.

A p

arti

rde

395

, da

ta e

m q

ue f

oi i

nsta

urad

a a

divi

são

perm

anen

te e

ntre

Im

péri

o do

Ori

ente

e

do O

cide

nte,

até

à s

ua c

onqu

ista

pel

os T

urco

s, e

m 1

453,

ou s

eja,

po

r u

m p

erío

do d

em

ais

de m

il a

nos,

est

a ci

dade

' per

man

eceu

co

mo c

apit

al d

o I

mpé

rio

do O

rien

te.

Dur

ante

boa

par

te d

este

laps

o d

e te

mpo

Biz

ânci

o fo

i a

sede

do g

over

no m

ais

pode

roso

da E

urop

a e

o c

entr

o d

e um

a cu

ltur

a fl

ore

scen

te,

onde

se

com

bina

vam

ele

men

tos

hele

níst

icos

e

orie

ntai

s. A

prá

tica

mus

ical

biz

anti

na

dei

xo

u m

arca

s no

can

toch

ãooc

iden

tal,

par

ticu

larm

ente

na

clas

sifi

caçã

o do

rep

ortó

río

em o

ito

mod

os e

num

cer

tonú

mer

o de

cân

tico

s im

port

ados

pel

o O

cide

nte

em m

omen

tos

dive

rsos

ent

re o

séc

ulo

vi e

o s

écul

o rx

.

As

peça

s m

ais

perf

eita

s e

mai

s ca

ract

erís

tica

s da

mús

ica

med

ieva

l bi

zant

ina

eram

os h

inos.

Um

dos

tip

os m

ais

impo

rtan

tes

é o k

onta

kio

n e

stró

fico

, es

péci

e de

ela

bo-

raçã

o po

étic

a so

bre

um

text

o b

íbli

co. O

mai

s al

to e

xpoe

nte

da c

ompo

siçã

o de

ko

nta

kia

foi

um

ju

deu

sír

io c

onve

rtid

o q

ue e

xerc

eu a

sua

act

ivid

ade

em C

onst

anti

nopl

a na

prim

eira

met

ade

do s

écul

o v

i, S

. R

oman

o M

elód

io.

Out

ros

tipo

s de

hin

os t

iver

amor

igem

nos

bre

ves

resp

onso

s (t

rop

ari

a)

inte

rcal

ados

ent

re o

s ve

rsíc

ulos

dos

sal

mos

e qu

e fo

ram

mus

icad

os c

om b

ase

em m

elod

ias

ou

gén

eros

mus

icia

is, t

alve

z, d

a S

íria

ou d

a P

ales

tina

. E

stas

inse

rçõe

s fo

ram

gan

hand

o i

mpo

rtân

cia

cres

cent

e e

algu

mas

de

entr

e el

as a

caba

ram

por

se

conv

erte

r em

hin

os i

ndep

ende

ntes

, de

que

exi

stem

doi

sti

pos

pri

nci

pai

s: o

s st

ich

era

e os

kanones.

Os

stic

her

a

eram

ca

ntad

os e

ntre

os

vers

ícul

os d

os s

alm

os n

orm

ais

do o

fíci

o. U

m k

anon e

ra u

ma

com

posi

ção

em n

ove

part

es,

base

ada

nos

nove

cân

tico

s ou

ode

s da

Bíb

lia1

9.

Cad

a- u

ma

dess

as p

arte

s

'18 P

línio

, C

arta

s, 1

0, 9

6.1

9 Os

nov

e câ

ntic

os b

íblic

os,

text

os l

íric

os s

emel

han

tes

aos

salm

os,

mas

não

incl

uído

s no

Liv

ro

dos

Salm

os,

são

os

segu

inte

s: (

1) c

ânti

co d

e M

oisé

s dep

ois

da p

assa

gem

do

mar

Ver

mel

ho,

Êxo

do,

15,

1-19

; (2

) câ

ntic

o de

Moi

sés

ante

s de

mor

rer,

Deu

tero

nóm

io,

32,

1-43

; (3

) câ

ntic

o de

Han

nah,

1 S

am

uel

, 2,

1-1

0;

(4)

cânt

ico

de H

abac

uc,

Ha

ba

cuc,

3,

2-1

9;

(5)

cân

tico

de

Isaí

as,

Isaí

as,

26,

9-19

; (6

) câ

nti

co d

e Jo

nas,

Jon

as,

2, 3

-10;

(7)

cân

tico

das

Trê

s C

rian

ças,

pri

mei

ra p

arte

, E

van

gel

hos

Apó

cri-

fos,

D

anie

l, 3,

26-

45,

52-5

6; (

8) se

gund

a p

arte

do

mes

mo,

ibid

.,

57-8

8; (

9) c

ânti

co d

aab

enço

ada

Vir

-gem

Mar

ia,

Mag

nif

icat,

Luc

as,

1, 4

6-55

; (1

0) s

egun

da p

arte

do

mes

mo,

Ben

edic

tus

36

corr

espo

ndia

a u

ma

das

odes

, e

toda

s co

ntin

ham

vár

ias

estr

ofes

, ou

tro

pa

ria,

cant

a-da

s co

m a

mes

ma

mel

odia

. A

pri

mei

ra e

stro

fe d

e ca

da o

de e

ra o

seu

heir

mos,

ou

estr

ofe—

mod

elo,

e a

s re

spec

tiva

s m

elod

ias

eram

com

pila

das

em l

ivro

s de

nom

inad

osherm

olo

gia

. C

erca

do

séc

ulo

x a

seg

unda

ode

com

eçou

a s

er h

abit

ualm

ente

om

itid

a.O

s te

xtos

dos

kanones

biza

ntin

os n

ão e

ram

cri

açõe

s in

teir

amen

te o

rigin

ais,

mas

sim

col

agen

s de

fra

ses

este

reot

ipad

as.

Do m

esm

o m

odo,

as

suas

mel

odia

s ta

mbé

mnã

o er

am i

ntei

ram

ente

ori

gin

ais;

era

m c

onst

ruíd

as s

egun

do u

m p

rinc

ípio

com

um a

to

da a

mús

ica

ori

enta

l, c

ham

ado

ce

nto

niz

áçã

o,

igua

lmen

te o

bser

váve

l na

lgun

s câ

n-ti

cos

ocid

enta

is.

As

unid

ades

est

rutu

rais

não

era

m u

ma

séri

e de

not

as o

rgan

izad

asnu

ma

esca

la,

mas

ant

es b

reve

s m

oti

vos

ou f

órm

ulas

; de

ent

re e

stes

esp

erav

a-se

que

o c

riad

or d

a m

elod

ia e

scolh

esse

alg

uns

e os

com

bina

sse

para

com

por

a su

a m

etóâ

ia.

Alg

uns

dos

moti

vos

devi

am s

er u

sado

s no

pri

ncíp

io,

outr

os n

o m

eio e

out

ros

aind

ano

fin

al d

e um

a m

elod

ia, e

nqua

nto o

utro

s se

rvia

m d

e el

os d

e li

gaçã

o; h

avia

tam

bém

fórm

ulas

orn

amen

tais

pad

roni

zada

s (m

eli

smas)

. N

ão sab

emos

ao c

erto

até

que

pon

toa

esco

lha

das

fórm

ulas

fic

ava

ao c

rité

rio

do c

anto

r in

divi

dual

ou e

ra p

revi

amen

tefi

xad

a po

r um

«co

mpo

sitO

D>.

Qua

ndo,

por

ém,

as m

elod

ias

vier

am a

ser

reg

ista

das

emm

anus

crit

os c

om n

otaç

ão m

usi

cal,

o r

epor

tórí

o de

fór

mul

as j

á er

a pr

atic

amen

te

fixo

.

Os

tipo

s ou

mod

os d

e m

elod

ias

têm

des

igna

ções

dif

eren

tes

nas

dive

rsas

cul

tura

sm

usic

ais

— r

ág

a n

a m

úsic

a hi

ndu,

maqam

na

mús

ica

árab

e, e

chos

na g

regM

úzan

-ti

na —

e e

m h

ebra

ico s

ão c

onhe

cido

s po

r vá

rios

ter

mos

tra

duzí

veis

^por

ínoí

/o.

Um

rág

a,

maqam

, echos

ou m

odo

é,

ao m

esm

o t

empo

, u

m v

ocab

ulár

io d

as n

otas

dis

po-

níve

is e

um

rep

ortó

rio

de m

oti

vo

s m

elód

icos

; os

mo

tiv

os

de c

ada

grup

o t

êm c

omo

deno

min

ador

com

um o

fac

to d

e ex

pri

mir

em m

ais

ou m

enos

a

mes

ma

gam

a de

sent

imen

tos,

o d

e se

rem

com

patí

veis

em

mel

od

ia e

rit

mo

e o d

e de

riva

rem

da

mes

ma

esca

la m

usic

al.

A e

scol

ha d

e de

term

inad

o r

ág

a o

u m

odo

pod

e de

pend

er

da'n

atur

eza

do t

exto

que

se

pret

ende

can

tar,

da

ocas

ião

em q

ue v

ai s

er c

anta

do,

da e

staç

ão d

o a

noou

mes

mo (

com

o a

cont

ece

na m

úsic

a hi

ndu)

da

hora

do

dia

. A

mús

ica

biza

ntin

a ti

nh

aum

sis

tem

a de

oit

o echoi,

e a

s co

mpi

laçõ

es d

e m

elod

ias

para

kanones

orga

niza

vam

¬-s

e de

aco

rdo c

om e

ste

sist

ema.

Os

oito

echoi

biza

ntin

os a

grup

avam

-se

em q

uatr

opa

res,

e o

s qu

atro

par

es t

inham

por

not

as f

inai

s, r

espe

ctiv

amen

te,

Ré, M

i, F

á e

Sol.

A ex

empl

o d

o q

ue s

uced

ia e

m B

izân

cio,

pas

sara

m a

dis

ting

uir-

se, p

or v

olta

do

séc

ulo

vm o

u r

x, o

ito

mod

os d

ifer

ente

s no

can

to o

cide

ntal

, e a

s fi

nai

s ac

ima

indi

cada

s er

amta

mbé

m a

s fi

nai

s do

s qu

atro

par

es d

e m

odos

oci

dent

ais.

Ass

im,

as b

ases

do s

iste

ma

ocid

enta

l de

mod

os p

arec

em t

er s

ido i

mpo

rtad

as d

o O

rien

te,

embo

ra a

ela

bora

ção

teór

ica

do s

iste

ma

de o

ito

mod

os d

o O

cide

nte

tenh

a si

do f

orte

men

te i

nflu

enci

ada

pela

teor

ia m

usi

cal

greg

a, t

al c

omo f

oi

tran

smit

ida

por

Boé

cio.

LITU

RGIA

S O

CIDE

NTAI

S •—

No O

cide

nte,

com

o n

o O

rien

te,

as i

grej

as l

ocai

s er

am d

ein

ício

rel

ativ

amen

te i

ndep

ende

ntes

. E

mbo

ra p

arti

lhas

sem

, é

clar

o, u

ma

ampl

a ga

ma

de p

ráti

cas

com

uns,

é p

rová

vel

que

cada

reg

ião

do O

cide

nte

tenh

a re

cebi

do a

her

ança

orie

ntal

sob

um

a fo

rma

lige

iram

ente

dif

eren

te; e

stas

dif

eren

ças

orig

inai

s co

mbi

nará

m-

-se

com

as

cond

içõe

s lo

cais

par

ticu

lare

s, d

ando

ori

gem

a v

ária

s li

turg

ias

e co

rpos

de

Dom

inu

s, L

ucas

. 1,

68-

79.

Na

igre

ja b

izan

tina

todos

est

es n

ove

cân

tico

s er

am c

anta

dos

no o

fíci

o da

man

hã,

exce

pto

na

Qua

resm

a, e

m q

ue s

ó se

can

tava

m t

rês.

A i

grej

a ro

man

a tin

ha u

m c

ânti

co d

oA

ntigo

Tes

tam

ento

por

dia

, às

lau

das,

e o

s tr

ês c

ânti

cos

do N

ovo

Tes

tam

ento

(L

uca

s, 1

, 46

-45,

1,

68-7

4, e

2,

24-3

2) à

s la

udas

, vé

sper

as e

com

ple

tas

de t

odos

os

dias

.

37

Page 3: GROUT e PALISCA Os Primeiros Seculos Da Igreja Crista

cânt

icos

dis

tint

os e

ntre

os

sécu

los

v e

vm

. C

om

o p

assa

r do

tem

po a

mai

ori

a da

sve

rsõe

s lo

cais

(a

ambr

osia

na é

um

a da

s ex

cepç

ões)

des

apar

ecer

am o

u f

oram

abs

or-

vida

s pe

la p

ráti

ca u

nifo

rme

que

tin

ha

em R

oma

a su

a au

tori

dade

cen

tral

. E

ntre

o

sécu

lo r

x e

o s

écul

o x

vi,

na

teor

ia e

na

prát

ica,

a l

itur

gia

da i

grej

a oc

iden

tal

foi-

sero

man

izan

do c

ada

vez

mai

s.D

uran

te o

séc

ulo

vn e

o p

rinc

ípio

do

séc

ulo

vm o

con

trol

e da

Eur

opa

ocid

enta

les

tava

repa

rtid

o e

ntre

Lom

bard

os,

Fra

ncos

e G

odos

, e

cada

uma

des

tas

divi

sões

polí

tica

s ti

nha

o s

eu r

epor

tórí

o de

cân

tico

s. N

a G

ália

— t

erri

tóri

o qu

e co

rres

pond

ia,

apro

xim

adam

ente

, à

Fra

nça

actu

al —

hav

ia o

can

to g

ali

ca

no,

no S

ul

da I

táli

a, o

b

en

aven

tin

o,

em

Rom

a, o

can

to

rom

ano anti

go,

em E

span

ha,

o

visi

tico

ou

mo

çára

be,

na

reg

ião

de M

ilão

, o

am

bro

siano.

(Mai

s ta

rde

a In

gla

terr

a de

senv

olve

uo s

eu d

iale

cto d

o c

anto

gre

gori

ano,

cha

mad

o s

aru

m,

e qu

e su

bsis

tiu d

o f

inal

da

Idad

eM

édia

até

à R

efor

ma.

)

CA

H

XÎj

œnz

Cio

BU

S:—r

aíf

c —

r^^

eíS

Cft

ò3ca

LxÚ

r_

cyJ

mu

^^

hzu

Tw

ne

Líuw

A^

&n

¿hi <

xctU

fU c

xzh

Mcx

„ A

}.

.S

- t

.•.¿tr

• :

-r •

~ T;.-

.^..

..

»

.7»:-

.

, ;

.í -

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Ca

/iío

ga

lica

no.

Fól

io d

o g

radu

al

de S

t. Y

rieu

, do

séc

ulo

xi,

con

ten

do

ora

ções

da

litu

rgia

ga

lica

na.

A m

úsic

a des

ta p

ágin

a é

uma

llta

nia

para

a f

esta

do

eva

ng

elis

ta S

. M

arco

s

A l

itur

gia

gali

cana

, qu

e in

cluí

a el

emen

tos

célt

icos

e b

izan

tino

s, e

stev

e em

vig

oren

tre

os F

ranc

os q

uase

até

ao

fin

al d

o s

écul

o vm

, mom

ento

em

que

foi

supri

mid

a po

rP

epin

o e

pel

o s

eu f

ilho

Car

los

Mag

no, q

ue i

mpu

sera

m o

can

to g

rego

rian

o n

os s

eus

dom

ínio

s. E

sta

litu

rgia

foi

tão

rad

ical

men

te s

upri

mid

a qu

e po

uco s

e sa

be a

cerc

a de

la.

Em

con

trap

arti

da,

cons

erva

ram

-se

quas

e to

dos

os a

ntig

os t

exto

s hi

spân

icos

e a

sre

spec

tiva

s m

elod

ias,

mas

num

a no

taçã

o qu

e at

é ho

je d

esaf

iou t

odas

as

tent

ativ

as d

etr

ansc

riçã

o, p

ois

o s

eu s

iste

ma

torn

ou-s

e ob

sole

to a

ntes

de

o c

anto

pas

sar

a se

r re

gis-

tado

em

Unh

as d

e pa

uta.

Os

usos

his

pâni

cos

tom

aram

for

ma

defi

nida

no

Con

cili

o de

Tol

edo

de 6

33,

e ap

ós a

con

quis

ta m

uçul

man

a do

séc

ulo

vm e

sta

Utu

rgia

rec

ebeu

o

seu n

ome

de m

oçá

rab

e,

embo

ra n

ão h

aja

mo

tiv

os

para

pre

ssup

or i

nflu

ênci

a ár

abe

nam

úsic

a. O

rit

o hi

spân

ico

só e

m 1

071 f

oi

ofi

cial

men

te s

ubst

ituí

do p

elo

rit

o ro

man

o,e

aind

a ho

je s

ubsi

stem

del

e al

guns

ves

tígi

os e

m c

erta

s ig

reja

s de

Tol

edo,

Sal

aman

cae

Val

lado

lid.

Des

cobr

iram

-se

afin

idad

es m

usic

ais

entr

e os

ofe

rtor

ios

ambr

osia

nos

e gr

egor

iano

s e

a ca

tego

ria

corr

espo

nden

te e

m E

span

ha,

deno

min

ada

sacr

ific

io.

38

O c

anto

rom

ano a

ntig

o é

um

rep

ortó

río

que

subs

iste

em

man

uscr

itos

de

Rom

aco

m da

tas

que

vão

do

séc

ulo

xi

ao s

écul

o x

m,

mas

cuj

as

orig

ens

rem

onta

m p

elo

men

os a

o s

écul

o vm

. Julg

a-se

que

est

a U

turg

ia r

epre

sent

aria

um

uso

mai

s an

tigo

, que

terá

per

sist

ido e

con

tinu

ado a

des

envo

lver

-se

em R

oma

mes

mo d

epoi

s de

o r

epor

tórí

ogr

egor

iano

, fo

rtem

ente

im

preg

nado

de

infl

uênc

ias

do N

ort

e, d

o p

aís

dos

Fra

ncos

, se

ter

difu

ndid

o pe

la E

urop

a. O

rei

no f

ranc

o, f

unda

do p

or C

arlo

s M

agno

(74

2-81

4),

ocup

ava

a zo

na q

ue h

oje

corr

espo

nde

à F

ranç

a,

à S

uíça

e

à pa

rte

ocid

enta

l da

Ale

man

ha.

Cro

no

log

ia

313:

Con

stan

tino

I pr

omul

ga o

édi

to d

e M

ilão.

330:

Con

stan

tinop

la é

des

igna

da c

omo

nova

capi

tal

do I

mpé

rio

Rom

ano.

386:

in

trod

uzi

da

em M

ilão

, no

bis

pad

o de

Am

bros

io,

a sa

lmod

ia e

m e

stilo

de

resp

on-

sóri

o.39

5:

sepa

raçã

o do

s Im

pér

ios

Rom

anos

do

Ori

ente

e d

o O

cide

nte.

413:

San

to A

gost

inho

(35

4-43

0),

A C

idade

de

Deu

s.50

0 (a

prox

imad

amen

te):

Boé

cio

(480

-524

), D

e in

stit

uti

on

e m

usi

ca.

520

(apr

oxim

adam

ente

): R

egra

de

S. B

ento

(de

Núr

sia)

.52

9: f

unda

ção

da o

rdem

ben

editi

na.

590:

ele

ição

do

papa

Gre

gori

o M

agno

(c.

540

¬-6

04).

633:

o C

onci

lio d

e T

oled

o re

conh

ece

a lit

urgi

ahi

spân

ica.

735:

mor

te d

o ve

nerá

vel

Bed

a.75

4: P

epin

o (f

. 76

8) c

oroa

do r

ei d

os F

ran-

cos.

768:

Car

los

Mag

no (

742-

814)

rei

dos

Fra

ncos

.78

9: C

arlo

s M

agno

impõ

e o

uso

do rit

o ro

man

oem

tod

o o

ter

ritó

rio

do i

mpé

rio.

800:

Car

los

Mag

no c

oroa

do i

mpe

rado

r p

elo

papa

.80

0-82

1: r

egra

de

S.

Ben

to i

ntro

duzi

da e

m te

r-ri

tóri

o fr

anco

.84

0-85

0: A

urel

iano

de

Réo

me:

pri

mei

ro t

rata

doso

bre

o ca

nto

greg

oria

no.

Sécu

lo

rx:

antif

onar

io d

e C

arlo

s,

o C

alv

o —

pr

imei

ro a

ntifo

nari

o gr

egor

iano

par

a o

ofí-

cio

(sem

not

ação

).Sé

culo

rx

(fin

al):

pri

mei

ros

man

uscr

itos

com

nota

ção

do g

radu

al g

rego

rian

o.10

71:

cant

ochã

o hi

spân

ico

subs

titu

ído

pel

ogr

egor

iano

em

Esp

anha

.

Qua

is f

oram

ent

ão a

s m

elod

ias

traz

idas

de

Rom

a pa

ra t

erra

s fr

anca

s?

Nin

guém

pode

res

pond

er c

om

seg

uran

ça a

est

a pe

rgun

ta.

Os

tons

da

reci

taçã

o, o

s to

ns d

ossa

lmos

, e

algu

ns d

os o

utro

s gé

nero

s m

ais

sim

ples

era

m m

uit

o a

ntig

os e

pod

erão

ter

sido

pre

serv

ados

pra

tica

men

te i

ntac

tos

desd

e os

tem

pos

mai

s re

mot

os;

cerc

a de

tri

nta

ou q

uare

nta

mel

odia

s de

ant

ífon

a po

derã

o te

r ti

do o

rigem

na

époc

a de

S.

Gre

gori

o e

bo

a pa

rte

das

mel

odia

s m

ais

com

plet

as —

tra

ctos

, gr

adua

is,

ofer

tori

os,

alel

uias

deve

rão

ter

sido

usa

das

(tal

vez

em v

ersõ

es m

ais

sim

ples

) em

Rom

a an

tes

de s

edi

fund

irem

par

a nort

e; a

lém

dis

so,

é po

ssív

el q

ue a

lgum

as d

as m

elod

ias

mai

s an

tiga

sse

ten

ham

con

serv

ado

nos

man

uscr

itos

do

can

to r

oman

o a

ntig

o. S

eja

com

o f

or,

pode

mos

de

duzi

r qu

e no

seu

nov

o l

ocal

de

aco

lhim

ento

gra

nde

part

e, s

e n

ão a

to

taU

dade

, des

ta m

úsic

a im

port

ada

terá

sof

rido

mod

ific

açõe

s an

tes

de, f

inal

men

te, s

erre

gist

ada

sob a

for

ma

em q

ue h

oje

a en

cont

ram

os n

os m

ais

anti

gos

man

uscr

itos

do

Nor

te.

Alé

m d

isso

, m

uita

s no

vas

mel

odia

s e

nova

s fo

rmas

de

cant

ochã

o de

senv

olve

-ra

m-s

e no

Nort

e já

dep

ois

do s

écul

o rx

. E

m s

uma,

pra

tica

men

te t

odo

o c

orpo

do

cant

ochã

o, t

al c

omo h

oje

o c

onhe

cem

os,

prov

ém d

e fo

ntes

fra

ncas

, qu

e, p

rov

avel

-m

ente

, se

bas

eara

m e

m v

ersõ

es r

oman

as,

com

acr

esce

ntos

e c

orre

cçõe

s da

res

pon-

sabi

üdad

e do

s es

crib

as e

mús

icos

loca

is.

39

Page 4: GROUT e PALISCA Os Primeiros Seculos Da Igreja Crista

Um

a ve

z qu

e a

mai

ori

a do

s m

anusc

rito

s tr

ansm

item

um

rep

ortó

río

e um

a ve

rsão

do

can

toch

ão c

om

pil

ada

e co

rrig

ida

no r

eino f

ranco

, os

est

udio

sos

fora

m l

evad

os a

cr

er q

ue b

oa p

arte

do

can

toch

ão f

oi co

mpost

o e

tom

ou a

form

a de

fini

tiva

no

s ce

ntro

sre

ligio

sos

do

No

rte.

No e

ntan

to,

com

para

ções

rec

ente

men

te e

fect

uad

as e

ntr

e as

ver

-sõ

es f

ranc

a e

rom

ana

anti

ga

vie

ram

ref

orça

r a

conv

icçã

o de

que

a r

oman

a an

tiga

repr

esen

ta o

fundo

ori

gina

l, q

ue a

pen

as te

rá s

ofr

ido

Lig

eira

s al

tera

ções

ao s

er a

colh

ido

na G

ália

. O

can

toch

ão c

onse

rvad

o n

os m

ais

import

ante

s m

anusc

rito

s fr

anco

s, n

esta

per

spec

tiva,

tra

nsm

ite

o r

epor

tórí

o ta

l co

mo

ter

á si

do r

eorg

aniz

ado s

ob a

ori

enta

ção

do p

apa

Gre

gori

o (

590-

604)

e

de u

m s

eu im

port

ante

suce

ssor,

o p

apa

Vit

alia

no

(657

-672

).

Em

vir

tud

e do p

apel

que

Gre

gori

o I

ter

á su

post

amen

te

des

empen

had

ones

te p

roce

sso,

ta

l re

port

órío

re

cebe

u

o n

om

e de

g

reg

ori

an

o.

Dep

ois

de

Car

los

Mag

no t

er s

ido c

oro

ado e

m 8

00

com

o c

hefe

do S

acro

Im

péri

o R

om

ano,

ele

próp

rio

e os

seu

s su

cess

ore

s pro

cura

ram

im

po

r es

te r

epor

tórí

o gre

gori

ano e

su

pri

mir

os

dive

rsos

dia

lect

os

do c

anto

chão

, co

mo o

cél

tico

, o

gal

ican

o,

o m

oçá

rab

e, o

am

bro

-si

ano,

mas

não c

onse

guir

am e

lim

inar

por

com

ple

to o

s uso

s lo

cais

. O

s m

onge

s da

abad

ia b

ened

itin

a de

Sol

esm

es,

em F

ranç

a, o

rgan

izar

am n

os s

écul

os x

rx e

xx

edi

ções

fac-

sim

ilad

as e

com

enta

das

das

font

es d

o c

anto

gre

gori

ano

na

séri

e P

alé

og

rafp

hie

musi

cale

. L

ança

ram

tam

bém

edi

ções

mod

erna

s do

can

toch

ão e

m n

otaç

ão n

eum

átic

a,co

lig

ind

o-o

em

volu

mes

sep

arad

os

para

cad

a ca

tegori

a de

can

to;

em 1

90

3 o p

apa

Pio

X c

onfe

riu

a es

ta o

bra

o e

stat

uto d

e ed

ição

ofi

cial

do

Vat

ican

o.

Com

a p

rom

oção

da

mis

sa e

m l

íngu

a ve

rnác

ula

pel

o C

on

cili

o V

atic

ano I

I (1

962-

1965

), es

tes

livr

os p

as-

sara

m a

ser

mu

ito

pouco

usa

dos

nos

serv

iços

rel

igio

sos

mod

erno

s e

dei

xar

am d

e se

rre

gula

rmen

te r

eedit

ados.

O m

ais

import

ante

cen

tro d

a ig

reja

oci

den

tal

a se

guir

a R

om

a er

a M

ilão

, ci

dad

efl

ores

cent

e li

gad

a a

Biz

ânci

o e

ao O

rien

te p

or

laço

s cu

ltura

is m

uit

o fo

rtes

; fo

i a

resi

dênc

ia p

rin

cip

al d

os i

mper

ador

es d

o O

ciden

te n

o s

écul

o rv

e m

ais

tard

e v

eio a

ser

a ca

pit

al d

o r

eino

lom

bar

do, no

Nort

e da

Itá

lia,

que

tev

e a

sua

époc

a de

flo

resc

imen

to

—TS

7-TY

r~

r-A

rv

rjr—

:-.

êníi

irJiî'

icTl

iionu

mcu

;iï|u

:r! fi

tioti-

-'

\J

- .

|. "

-

V.

•.'

..-is*!

Jcu

.r.-.

c' m

ctTtbi

íf fcf

rúi c

rjtim

rum

/sita

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tnltíf

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ttíi

r iuM

éruï

» co

f V

.V-

{/ï

'N'V

j d-.

r-

; &

¿V

s ¿H

,1,1

titTc

inic

» at

icfW

tôt q

uoi t

nôcf

,-;

,

** "

cv.

\ vj

yiic

cn i L

iner

ctri

fzm

ncm

i ca

m

íi'l

JíA

* A

ty\

H-

, I ?

" fV

- -

•••

-̂(Unn

* ^i

/i:o

tiit

ni tn

crcr

-nf

fui*

'¿jli

íb'ii

. hf

caxj

-ínu

&au

<?f

rx'

¡nca

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ftaaott

ty

íax

lbe¿

€ef

fz^f

^rrf

-^jr

rrjU

f fi

lou-

in

fan

c

tcjo

nfi

' cj

utxm

p

íürí

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Tào

Ln

?-

fuct

cõtt

úm

itiX

.tiaf

-

Can

to m

oçár

abe,

de

um

mis

sal

do r

ito

moç

árab

e qu

e co

nté

m m

issa

s p

ara

as fe

stas

dos

san

tos.

Est

a

pági

na

ap

rese

nta

um

a p

art

e d

o o

fici

o p

ara

as fe

stas

de

S. S

erva

nd

o e

S.

Ger

ma

no.

As

mel

odia

s sã

o

inde

cifr

ávei

s (L

on

dre

s, B

riti

sh L

ibra

ry)

40

•¡.1

: "V

v""

-"«

t/ .

.1 .

" 'rSW

: n

irri

íxrr

utn

c-'c

ruic

ini m

tu-.

im

iion;

nier

í&iíi

n..-t

fjdt

rasá

-cjV

ír

, .

Ti

..,!

..

~ V

V

.j .V

l .<

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, . -

'I

,

rríh

nwnt

T

fTO

tt

tnau

fpct

u

rcpja

n.

«mon

• ¥

• ..v

^i'

; "-

• .

,1-

. .

..

" 1

t '."

V"

I •

- •

ly'

]•-

wrrf

uTO

c bx

c v

LeK

irtpt

mr-

miti

itC

• •

--._

a

1

.—r

rii

T

~r—

-J

iíí

~.

t

1 '

'tn

tne-

nt

tmtt

rihf

toia

ímur

ami.-

'•

.•

m

an-

ti

::1 "• a

Can

/o a

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rosi

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o,

de

um

man

uale

am

bros

iano

do

séc

ulo

xn

. Est

e fó

lio

con

tém

part

e d

o o

fíci

o e

da m

issa

da

fest

a d

a d

ecap

itaç

ão d

e S

. Joã

o B

ap

tist

a

entr

e 5

68

e 7

44

. De

37

4 a

39

7 fo

i bis

po d

e M

ilão

San

to A

mb

rosi

o,

a quem

se

deve

a in

trod

ução

da

salm

odia

em

res

pons

ório

no O

ciden

te. O

pap

a C

eles

tino I

inco

rpor

ou¬

-a m

ais

tard

e na

mis

sa e

m R

om

a. D

ada

a im

port

ânci

a de

Mil

ão e

a e

ner

gia

e g

rand

ere

puta

ção

pes

soal

de

San

to A

mb

rosi

o, a

Utu

rgia

e a

mús

ica

mil

anes

as e

xerc

eram

um

afo

rte

infl

uênc

ia n

ão s

ó e

m F

ran

ça e

Esp

anha

, m

as t

ambé

m e

m R

om

a. O

s câ

ntic

os d

ori

to m

ilan

ês v

iera

m m

ais

tard

e a

ser

reco

nhec

idos

por

ca

nto

am

bro

sia

no, e

mbo

ra s

eja

duvid

oso

que

alg

um

a da

mús

ica

que

cheg

ou a

té n

ós

dat

e do t

empo d

o p

rópr

io S

anto

Am

bro

sio

. A

Utu

rgia

am

bros

iana

, co

m o

seu

corp

o c

om

ple

to d

e câ

ntic

os,

man

teve

¬-s

e, e

m c

erta

med

ida,

em

Mil

ão a

té a

os d

ias

de h

oje

, ap

esar

de

ter

hav

ido

vár

ias

tenta

tivas

par

a a

sup

rim

ir.

Mu

ito

s do

s câ

ntic

os,

na s

ua f

orm

a ac

tual

, são

sem

elhan

tes

aos

da i

gre

ja d

e R

om

a, i

ndic

ando, q

uer

um

int

ercâ

mbi

o, q

uer

um

a ev

oluç

ão,

a p

arti

rde

um

a fo

nte

co

mu

m.

Nos

caso

s em

que

duas

ver

sões

da

mes

ma

mel

odia

, qu

ando

esta

é d

e ti

po o

rnam

enta

do (

com

o, p

or

exem

plo

, u

m a

lelu

ia),

a a

mbr

osia

na é

, ger

al-

men

te,

mai

s el

abor

ada

do q

ue a

rom

ana;

nas

de

tip

o m

ais

desp

ojad

o

(com

o u

msa

lmo),

a a

mbr

osia

na é

mai

s si

mple

s do q

ue a

rom

ana.

A P

REEM

INEN

CIA

DE

RO

MA —

Com

o c

apit

al im

per

ial,

a R

om

a do

s p

rim

eiro

s sé

culo

s da

noss

a er

a al

ber

gou u

m g

rand

e nú

mer

o de

cri

stão

s, q

ue s

e re

unia

m e

cel

ebra

vam

os

seus

rito

s em

seg

redo

. E

m 3

13

o i

mper

ador

Const

anti

no

con

cede

u a

os c

rist

ãos

osm

esm

os d

irei

tos

e a

mes

ma

prot

ecçã

o qu

e ao

s pra

tica

ntes

das

out

ras

reU

giõe

s do

imp

ério

; des

de lo

go a

Igre

ja e

mer

giu

da

sua

vid

a su

bter

râne

a e

no d

ecur

so d

o s

écul

orv

o l

atim

subst

ituiu

o g

rego

com

o l

íngu

a of

icia

l da

Utu

rgia

em

Rom

a. À

med

ida

que

dec

ün

ava

o p

retí

gio

do i

mper

ador

rom

ano,

o d

o b

ispo d

e R

om

a ia

aum

enta

ndo,

e

com

eçou

gr

adua

lmen

te

a se

r re

conhec

ida

a au

tori

dad

e pre

emin

ente

de

Rom

a em

ques

tões

de

fé e

dis

cip

lin

a.

Com

um

núm

ero

cres

cente

de

conver

tidos

e ri

quez

as c

ada

vez

mai

s av

ulta

das,

a

Igre

ja c

omeç

ou a

const

ruir

gra

ndes

bas

ílic

as,

e os

ser

viço

s dei

xar

am d

e poder

rea

U-

41

Page 5: GROUT e PALISCA Os Primeiros Seculos Da Igreja Crista

zar-

se d

e fo

rma

rela

tiva

men

te i

nfor

mal

, co

mo

se

cele

brav

am n

os p

rim

eiro

s te

mpo

s.E

ntre

o s

écul

o v

eo

sécu

lo v

n m

uito

s pa

pas

se e

mpe

nhar

am n

a re

visã

o da

lit

urgi

a e

da m

úsic

a. A

R

egra

de

S.

Ben

to (

c. 5

20),

co

njun

to d

e in

stru

ções

det

ennin

ando

a

form

a de

org

aniz

ar u

m m

oste

iro,

men

cion

a um

ch

an

tre,

mas

o in

dica

qua

is e

ram

os s

eus

deve

res.

Nos

séc

ulos

seg

uint

es,

poré

m,

o ch

an

tre m

onás

tico

tor

nou-

se u

ma

fig

ura

-chav

e do

pan

oram

a m

usic

al, u

ma

vez

que

era

resp

onsá

vel

pela

org

aniz

ação

da

bibl

iote

ca e

do

scri

pto

rium

e

orie

ntav

a a

cele

braç

ão d

a H

turg

ia.

No

sécu

lo v

m e

xist

iajá

em

Rom

a um

a sc

hola

ca

nto

rum

, um

gru

po b

em d

efin

ido

de c

anto

res

e pr

ofes

sore

sin

cum

bido

s de

for

mar

rap

azes

e h

omen

s par

a m

úsic

os d

e ig

reja

. N

o sé

culo

vi e

xist

iaum

cor

o, e

atr

ibui

-se

a G

rego

rio.

I (G

rego

rio

Mag

no),

pap

a de

590

a 6

04,

um e

sfor

çode

re

gula

men

taçã

o e

unif

orm

izaç

ão

dos

cânt

icos

li

túrg

icos

. A

s re

aliz

açõe

s de

Gre

gori

o fo

ram

obj

ecto

de

tal

adm

iraç

ão q

ue

em m

eado

s do

séc

ulo

rx c

omeç

ou a

to

mar

for

ma

uma

lend

a se

gund

o a

qua

l te

ria

sido

ele

pró

prio

, so

b in

spir

ação

div

ina,

quem

com

puse

ra t

odas

as

mel

odia

s us

adas

pel

a Ig

reja

. A

su

a co

ntri

buiç

ão

real

,em

bora

pro

vave

lmen

te m

uito

im

port

ante

, fo

i se

m d

úvid

a m

enor

do

que

aqui

lo q

ue a

tr

adiç

ão m

edie

val v

eio

post

erio

rmen

te a

im

puta

r-lh

e. A

trib

uem

-se-

lhe

a re

codi

fica

ção

da

litu

rgia

e

a re

orga

niza

ção

da

schola

ca

nto

rum

; a

desi

gnaç

ão

de d

eter

min

adas

part

es d

a li

turg

ia p

ara

os v

ário

s se

rviç

os r

elig

ioso

s ao

lon

go d

o an

o, se

gund

o u

ma

orde

m q

ue p

erm

anec

eu q

uase

ina

lter

ada

até

ao s

écul

o x

vi;

alé

m d

isto

, te

ria

sido

ele

o im

puls

iona

dor

do m

ovim

ento

que

lev

ou à

ado

pção

de

um r

epor

tórí

o un

ifor

me

decâ

ntic

os e

m t

oda

a cr

ista

ndad

e. U

ma

obra

tão

gran

dios

a e

tão

vast

a nã

o po

deri

a, c

omo

é ev

iden

te,

ter

sido

rea

liza

da e

m a

pena

s ca

torz

e an

os.

Os

cânt

icos

da

igre

ja r

oman

a sã

o um

dos

gra

ndes

tes

ouro

s da

civ

iliz

ação

oci

den-

tal.

Tal

com

o a

arq

uite

ctur

a ro

mân

tica

, er

guem

-se

com

o u

m a

utên

tico

mon

umen

to à

rel

igio

sa d

o ho

mem

med

ieva

l e

fora

m a

fon

te e

a i

nspi

raçã

o de

boa

par

te d

oco

njun

to d

a m

úsic

a oc

iden

tal

até

ao s

écul

o x

vi.

Con

stit

uem

um

dos

m

ais

anti

gos

repo

rtór

ios

voca

is a

inda

em

us

o no

m

undo

int

eiro

e

incl

uem

alg

umas

das

m

ais

notá

veis

re

aliz

açõe

s m

elód

icas

de

to

dos

os

tem

pos.

Ain

da

assi

m,

seri

a um

er

roco

nsid

erá-

los

pura

men

te c

omo

mús

ica

para

ser

ouv

ida,

poi

s nã

o é

poss

ível

sep

ará-

los

do s

eu c

onte

xto

e d

o se

u pr

opós

ito

Htú

rgic

os.

Os

PADR

ES D

A IG

REJA

— E

sta

pers

pect

iva

está

em

sin

toni

a co

m a

con

vicç

ão d

os P

adre

sda

Igr

eja

de q

ue o

val

or d

a m

úsic

a re

sidi

a no

seu

pod

er d

e el

evar

a a

lma

à co

ntem

-pl

ação

das

coi

sas

divi

nas.

Ele

s ac

redi

tava

m f

irm

emen

te q

ue a

mús

ica

podi

a in

flue

n-ci

ar, p

ara

mel

hor

ou p

ara

pior

, o

cara

cter

de

quem

a o

uvia

. O

s fi

lóso

fos

e os

hom

ens

da I

grej

a da

alt

a Id

ade

Méd

ia n

ão d

esen

volv

eram

nun

ca a

idé

ia —

que

nos

nos

sos

dias

tem

os p

or e

vide

nte

— d

e qu

e a

mús

ica

po

dia

ser

ouv

ida

tend

o a

pena

s em

vis

tao

gozo

est

étic

o, o

pra

zer

que

prop

orci

ona

a co

mbi

naçã

o de

bel

os s

ons.

Não

neg

avam

clar

o, q

ue

o so

m

da m

úsic

a é

agra

dáve

l, m

as

defe

ndia

m q

ue

todo

s os

pra

zere

sde

vem

ser

julg

ados

segu

ndo

o p

rinc

ípio

pla

tóni

co d

e qu

e as

coi

sas

bel

as e

xist

em p

ara

nos

lem

brar

em a

bel

eza

perf

eita

ë d

ivin

a; p

or c

onse

guin

te,

as b

elez

as a

pare

ntes

do

mun

do q

ue

apen

as i

nspi

ram

o d

elei

te e

goís

ta,

ou

o de

sejo

de

poss

e, d

evem

se

rre

jeit

adas

. E

sta

atit

ude

está

na

orig

em d

e m

uita

s da

s af

irm

açõe

s so

bre

a m

úsic

a qu

een

cont

ram

os n

os e

scri

tos

dos

Pad

res

da I

grej

a (e

, m

ais

tard

e, n

os d

e al

guns

teó

logo

sda

ref

orm

a pr

otes

tant

e).

Mai

s es

peci

fica

men

te,

a su

a fi

loso

fia

dete

rmin

ava

que

a m

úsic

a fo

sse

serv

a da

reli

gião

. S

ó é

dign

a de

ser

ouv

ida

na i

grej

a a

mús

ica

que

por

mei

o do

s se

us e

ncan

tos

42

abre

a a

lma

aos

ensi

nam

ento

s cr

istã

os e

a p

redi

spõe

par

a pe

nsam

ento

s sa

ntos

. U

ma

vez

que

não

acre

dita

vam

que

a m

úsic

a se

m l

etra

pud

esse

pro

duzi

r ta

is e

feit

os,

excl

u-ír

am,

a pr

incí

pio,

a m

úsic

a in

stru

men

tal

do c

ulto

púb

lico

, em

bora

foss

e pe

rmit

ido

aos

fiéi

s us

ar u

ma

lira

par

a ac

ompa

nhar

em o

can

to d

os h

inos

e d

os s

alm

os e

m s

uas

casa

se

em r

euni

ões

info

rmai

s. N

este

pon

to o

s P

adre

s da

Igr

eja

deba

tiam

-se

com

alg

umas

difi

culd

ades

, po

is o

Ant

igo

Tes

tam

ento

, esp

ecia

lmen

te o

Liv

ro dos

Salm

os,

est

á ch

eio

de r

efer

ênci

as a

o sa

ltér

io,

à ha

rpa,

ao

órgã

o e

a ou

tros

ins

trum

ento

s m

usic

ais.

Com

oex

plic

ar e

stas

alu

sões

? O

rec

urso

hab

itua

l er

a a

aleg

oria

: «A

lín

gua

é o

'sal

téri

o' d

oS

enho

r [.

..] p

or '

har

pa'

dev

emos

ent

ende

r a

boca

, qu

e o

Esp

írit

o S

anto

, qua

l pl

ectr

o,fa

z vi

brar

[...

] o

'órg

ão'

é o

noss

o c

orpo

[...

]» E

stas

e m

uita

s ou

tras

exp

lica

ções

da

mes

ma

orde

m e

ram

típ

icas

de

uma

époc

a qu

e se

com

praz

ia e

m a

lego

riza

r as

Esc

ri-

tura

s. A e

xclu

são

de c

erto

s ti

pos

de m

úsic

a do

s se

rviç

os r

elig

ioso

s da

igr

eja

prim

itiv

ati

nha

tam

bém

mot

ivos

prá

tico

s. A

s pe

ças

voca

is m

ais

elab

orad

as,

os g

rand

es c

oros

,os

ins

trum

ento

s e

a da

nça

asso

ciav

am-s

e no

esp

írit

o do

s co

nver

tido

s, m

ercê

de

uma

trad

ição

de

long

a da

ta, a

os e

spec

tácu

los

pagã

os. E

nqua

nto

a s

ensa

ção

de p

raze

r li

gada

a ta

is t

ipos

de

mús

ica

não

pôde

, po

r as

sim

diz

er,

ser

tran

sfer

ida

do t

eatr

o e

da

praç

ado

mer

cado

par

a a

igre

ja, es

sa m

úsic

a fo

i ob

ject

o d

e um

a gr

ande

des

conf

ianç

a; a

nte

s«s

er s

urdo

ao

som

dos

ins

trum

ento

s» d

o qu

e en

treg

ar-s

e a

esse

s «c

oros

dia

bóli

cos»

,a

essa

s «c

ançõ

es l

asci

vas

e pe

rnic

iosa

s».

«Poi

s nã

o se

ria

absu

rdo

que

aq

uele

s qu

eou

vira

m a

voz

mís

tica

do

quer

ubim

dos

céu

s ex

puse

ssem

os

seus

ouv

idos

às

canç

ões

diss

olut

as e

às

mel

odia

s al

ambi

cada

s do

tea

tro?

» M

as D

eus,

api

edan

do-s

e da

fra

quez

ahu

man

a, «

junt

ou

aos

prec

eito

s da

re

ligi

ão

a do

çura

da

m

elod

ia

[...]

as

mel

odia

sha

rmon

iosa

s do

s sa

lmos

for

am i

ntro

duzi

das

par

a qu

e aq

uele

s qu

e sã

o ai

nda

cria

nças

este

jam

, af

inal

, a

form

ar a

s su

as a

lmas

, mes

mo q

uand

o ju

lgam

est

ar a

pena

s a

cant

ara

sica

20»

.«H

á qu

em d

iga

que

enfe

itic

ei a

s pe

ssoa

s co

m a

s m

elod

ias

dos

meu

s hi

nos»

, di

zia

San

to A

mbr

osio

, ac

resc

enta

ndo

com

org

ulho

, «e

não

o n

ego

21.»

Hav

ia c

erta

men

te n

aIg

reja

que

m d

espre

zass

e a

mús

ica

e te

ndes

se a

con

side

rar

toda

a a

rte

e a

cult

ura

com

oin

imig

as d

a re

ligi

ão,

mas

ha

via

tam

bém

hom

ens

que

não

só d

efen

diam

a a

rte

e a

lite

ratu

ra p

agãs

, co

mo e

les

próp

rios

, tã

o pr

ofun

dam

ente

sen

síve

is à

sua

bel

eza,

che

-ga

vam

a r

ecea

r o

praz

er q

ue

sent

iam

ao

ouvi

rem

mús

ica,

mes

mo

na

igre

ja.

As

céle

bres

pal

avra

s de

San

to A

gost

inho

exp

rim

em e

ste

dile

ma

(v.

vinh

eta)

.E

m 3

87 d

. C. S

anto

Ago

stin

ho c

omeç

ou a

esc

reve

r um

tra

tado

, Da M

úsi

ca,

de q

ueco

mpl

etou

sei

s li

vros

. O

s ci

nco

prim

eiro

s, a

pós

uma

bre

ve

defi

niçã

o in

trod

utór

ia d

am

úsic

a, t

rata

m d

os p

rinc

ípio

s da

mét

rica

e d

o ri

tmo.

O s

exto

, rev

isto

por

vol

ta d

e 40

9,ab

orda

a p

sico

logi

a, a

éti

ca e

a e

stét

ica

da

mús

ica

e do

ri

tmo.

S

anto

Ago

stin

hopr

ojec

tara

ini

cial

men

te o

utro

s se

is l

ivro

s co

nsag

rado

s à

mel

odia

.O

con

flit

o en

tre

o sa

grad

o e

o p

rofa

no n

a ar

te n

ão é

exc

lusi

vo d

a Id

ade

Méd

ia.

Sem

pre

foi

obje

cto

de

cons

enso

ger

al a

idé

ia d

e qu

e ce

rtos

tip

os d

e m

úsic

a, p

or e

ste

ou a

quel

e m

otiv

o, n

ão s

ão p

rópr

ios

par

a se

rem

ouv

idos

na

igre

ja.

As

dive

rsas

igre

jas,

as d

iver

sas

com

unid

ades

, as

div

ersa

s ép

ocas

, tr

açar

am a

fro

ntei

ra e

m p

onto

s di

fere

n-

20 S

. Je

róni

mo,

S.

Bas

ilio,

S.

João

Cri

sóst

omo,

in

Thé

odor

e G

erol

d, L

es P

ères

de

l'Égl

ise,

Par

is,

1931

, pp

. 86

, 92

e 9

4-96

; pa

ra u

ma

lista

de

cita

ções

sup

lem

enta

res

sobr

e es

tes

assu

nto

, v.

Her

man

nA

bert

, D

ie M

usi

kan

sch

au

un

g d

es M

itte

lalt

ers,

H

alle

, 19

05,

p. 7

7,

nota

1.

21

Mig

ne,

Pa

tro

log

iae,

1,

16

, 10

17.

43

Page 6: GROUT e PALISCA Os Primeiros Seculos Da Igreja Crista

tes,

se

bem

que

esse

lim

ite

nem

sem

pre

seja

nít

ido.

O m

otiv

o por que

nos

prim

eiro

ste

mpo

s do

cri

stia

nism

o el

e fo

i por

vez

es f

ixad

o tã

o p

róxi

mo

do

asc

etis

mo

mai

sex

trem

o p

rend

e-se

com

a s

itua

ção

hist

óric

a. A

Igr

eja,

nos

seu

s co

meç

os,

era

um g

rupo

min

orit

ário

a

braç

os co

m a

tar

efa

de

conv

erte

r to

da a

pop

ulaç

ão

da

Eur

opa

aocr

isti

anis

mo.

Par

a o

faz

er t

inha

de

inst

aura

r um

a co

mun

idad

e cr

istã

cla

ram

ente

sep

a-ra

da

da

soci

edad

e pa

gã q

ue

a ro

deav

a e

orga

niza

da p

or f

orm

a a

proc

lam

ar,

por

todo

sos

mei

os p

ossí

veis

, a

urgê

ncia

de

subo

rdin

ar t

odas

as

cois

as d

este

mun

do a

o b

em¬

-est

ar e

tern

o d

a al

ma.

Ass

im,

na o

pini

ão d

e m

uita

gen

te, q

ual e

xérc

ito

avan

çand

o pa

rao

cam

po d

e ba

talh

a, n

ão

pod

ia d

ar-s

e ao

lux

o de

leva

r co

nsig

o u

m e

xce

sso

de

baga

gem

sob

a f

orm

a de

mús

ica

que

não

fos

se e

stri

tam

ente

ind

ispe

nsáv

el à

sua

mis

são.

Na

gran

de m

etáf

ora

de T

oynb

ee, a

Igre

ja e

ra «

a cr

isál

ida

dond

e sa

iu a

nos

saso

cied

ade

ocid

enta

l». A

sua

«se

men

te d

e po

der

cria

don>

- no

dom

ínio

da

mús

ica

teve

por

enca

maç

ão o

can

to g

rego

rian

o. O

s m

issi

onár

ios

cris

tãos

que

perc

orri

am a

s an

ti-

gas

estr

adas

rom

anas

no

iní

cio

da

Idad

e M

édia

lev

aram

est

as m

elod

ias

a to

das

asre

giõe

s da

Eur

opa

ocid

enta

l. E

las

fora

m u

ma

das

font

es q

ue,

com

o p

assa

r do

tem

po,

vier

am a

dar

ori

gem

à m

úsic

a oc

iden

tal.

Q0

^>

SAN

TO A

GO

STIN

HO

, C

onfi

ssõe

s,

ACER

CA D

OS

PRAZ

ERES

E P

ERIG

OS

DA

MÚS

ICA

Qu

an

do m

e le

mbro

das

lágr

imas

der

ram

adas

ao

ou

vir

os

cânt

icos

da v

oss

a i

gre

ja n

os

pri

mord

ios

da

min

ha

con

vers

ão

à fé

, e

ao s

enti

r-m

e ag

ora

atr

aído

, nã

o p

ela

mús

ica,

mas

pel

as

letr

as

des

sas

mel

odia

s,

can

tadas

em v

oz

lím

pida

e

mod

ulaç

ão

ap

rop

ria

da,

reco

nheç

o,

de

novo

, a g

ran

de

uti

lidade

des

te c

ost

um

e. A

ssim

flu

tuo e

ntr

e o

per

igo d

o p

raze

r e

os

salu

tare

s be

nefí

cios

qu

e a

exp

eriê

ncia

n

os

most

ra.

Po

rta

nto

, se

m p

rofe

rir

uma

sent

ença

ir

revo

gáve

l,

incl

ino

-me

a a

pro

var

o c

ost

um

e de

can

tar

na

ig

reja

para

qu

e, p

elos

del

eite

s do

ou

vid

o,

o

espí

rito

, d

emasi

ad

o fra

co,

se e

leve

até

aos

afe

ctos

da p

iedade.

Qu

an

do,

às

veze

s, a

mús

ica

me

sen

sibil

iza m

ais

do q

ue

as

letr

as

que

se c

an

tam

, co

nfe

sso,

com

dor

, qu

e p

equ

ei.

Nes

tes

caso

s,

por

cast

igo,

pre

feri

a n

ão o

uvi

r ca

nta

r. E

is e

m q

ue e

sta

do

me

enco

ntr

o.

Ch

ora

i co

mig

o,

chora

i por

mim

, vó

s qu

e p

rati

cais

o b

em n

o v

oss

o i

nte

rio

r,

don

de

nasc

em as

boas

acçõ

es.

Est

as

cois

as,

Sen

ho

r, n

ão

Vos

podem

im

pre

ssio

nar,

porq

ue

não a

s se

ntís

. P

orém

, ó

meu

Sen

ho

r e

meu

Deu

s, o

lhai p

or

mim

, o

uvi

-me,

ved

e-m

e, c

om

pa

dec

ei-v

os

de

mim

e c

ura

i-m

e. S

ob o

Voss

o

olh

ar

tran

sform

ei-m

e, p

ara

mim

mes

mo,

num

en

igm

a qu

e é

a m

inh

a p

rópr

ia e

nfe

rmid

ade.

San

to A

go

stin

ho

, C

onfi

ssõe

s,

x,

cap

. 3

3,

trad

, d

e J

. O

live

ira

San

tos

e A

. A

mb

rosi

o d

e P

ina,

Liv

rari

a A

post

ola

do

da I

mp

ren

sa,

6."

éd

., P

orto

, 1958,

p. 2

78

.

BOÉC

IO —

A t

eori

a e

a fi

loso

fia

da

mús

ica

do

mun

do a

ntig

o —

ou

aqui

lo q

ue

dela

sco

ntin

uava

ace

ssív

el a

pós

a qu

eda

do

Im

péri

o R

oman

o e

as

inva

sões

bár

bara

s —

fo

ram

sen

do c

olig

idas

, re

sum

idas

, m

odif

icad

as e

tra

nsm

itid

as a

o O

cide

nte

ao l

ongo

dos

prim

eiro

s sé

culo

s da

era

cri

stã.

Os

auto

res

que

mai

s se

ass

inal

aram

nes

te p

roce

sso

fora

m M

arti

anus

Cap

pell

a, c

om o

seu

trat

ado

enc

iclo

pédi

co i

ntit

ulad

o A

s N

up

cia

s d

e

Mer

cúri

o

e d

a F

ilo

log

ia

(pri

ncíp

io d

o sé

culo

v)

e A

nici

us M

anii

us S

ever

inus

Boe

tius

(c.

480-

524)

, co

m a

sua

De i

nst

itu

tio

ne m

usi

ca

(p

rin

cíp

io d

o s

écu

lo v

i).

- A

rnol

d J

. T

oynbee

, S

tudy

of

His

tory

, 10

vol

s.,

Lon

dres

, 19

35-1

939,

1, 5

7-58

.

44

A o

bra

de M

arti

anus

era

ess

enci

alm

ente

um

man

ual

sobr

e as

set

e ar

tes

libe

rais

:gr

amát

ica,

dia

léct

ica,

ret

óric

a, g

eom

etri

a, a

ritm

étic

a e

harm

onia

, por

esta

ord

em.

As

prim

eira

s tr

ês —

as

arte

s da

pal

avra

— v

iera

m a

ser

agr

upad

as s

ob o

nom

e de

triv

ium

Ret

rato

s fa

nta

sioso

s de

Boé

cio

e P

itág

oras

e,

em b

aix

o,

Pla

tão

e N

icóm

aco.

Boé

cio

é re

pre

-se

nta

do

a d

eter

min

ar

a m

edid

a das

no

tas

num

mon

ocór

dio.

P

itág

oras

to

ca ca

mp

ain

has

com

um

de

entr

e vá

rios

mart

elos.

Pla

tão

e N

icóm

aco,

dois

au

tore

s g

reg

os,

são r

etra

tados

com

o a

uto

ridades

con

sag

radas

no

dom

ínio

da

mús

ica

45

Page 7: GROUT e PALISCA Os Primeiros Seculos Da Igreja Crista

(o t

ripl

o ca

min

ho

), e

nqua

nto

as

quat

ro ú

ltim

as r

eceb

eram

de

Boé

cio

a de

sign

ação

de

qu

ad

riviu

m (

o q

uádr

uplo

cam

inho

) e

cons

titu

íam

as

arte

s m

atem

átic

as.

Mar

tian

us r

ecor

reu

ao

art

ifíc

io d

e ap

rese

ntar

as

suas

int

rodu

ções

a e

stes

tem

asco

mo

dis

curs

os d

as d

amas

de

hono

r no

cas

amen

to d

e M

ercú

rio

com

Fil

olog

ia.

A p

arte

cons

agra

da

à ha

rmon

ia b

asei

a-se

, em

gra

nde

med

ida,

no

aut

or g

rego

ecl

écti

co d

osé

culo

iv

Ari

stid

es Q

uint

ilia

no,

que,

po

r se

u t

urn

o,

foi

busc

ar a

s su

as c

once

pçõe

ste

óric

as a

Ari

stóx

eno,

em

bora

in

tro

du

zin

do n

a su

a ex

posi

ção

idéi

as n

eopl

atón

icas

.B

oéci

o fo

i a

auto

rida

de m

ais

resp

eita

da

e m

ais

infl

uen

te n

a Id

ade

Méd

ia n

odo

mín

io d

a m

úsic

a. O

seu

tra

tado

, es

crit

o n

os p

rim

eiro

s an

os d

o s

écul

o v

i, a

inda

na

juv

entu

de

do

auto

r,

era

um

com

pênd

io

de

mús

ica

enqu

adra

do

no e

sque

ma

doq

ua

dri

viu

m,

serv

indo

, por

con

segu

inte

, co

mo

as

rest

ante

s di

scip

lina

s m

atem

átic

as,

depr

epar

ação

par

a o

est

udo

da

filo

sofi

a. P

ouca

coi

sa n

este

tra

tado

era

fru

to d

o p

rópr

ioB

oéci

o, p

ois

trat

ava-

se d

e um

a co

mpi

laçã

o da

s fo

ntes

gre

gas

de q

ue d

ispu

nha,

com

espe

cial

des

taqu

e pa

ra u

m l

ongo

tra

tado

de

Nic

ómac

o, q

ue n

ão s

ubsi

stiu

até

aos

noss

os d

ias,

e p

ara

o p

rim

eiro

liv

ro d

a H

arm

on

ia d

e P

tole

meu

. B

oéci

o re

digi

um

anua

is s

imil

ares

par

a a

arit

mét

ica

(que

sob

revi

veu,

com

plet

o, a

té à

act

uali

dade

) e

para

a g

eom

etri

a e

a as

tron

omia

, que

des

apar

ecer

am. T

radu

ziu

tam

bém

do

gre

go p

ara

o l

atim

os

quat

ro t

rata

dos

de A

rist

ótel

es s

obre

lóg

ica,

que

, no

con

junt

o, s

ão c

onhe

-ci

dos

por

Org

an

um

. E

mbo

ra o

s le

itor

es m

edie

vais

pos

sam

não

se

ter

aper

cebi

do d

ade

pend

ênci

a de

Boé

cio

em r

elaç

ão a

out

ros

auto

res,

com

pree

nder

am q

ue a

aut

orid

ade

da t

eori

a m

usic

al e

da

mat

emát

ica

greg

as e

stav

a naq

uil

o q

ue B

oéci

o di

zia

sobr

e es

tes

tem

as.

Não

os

afli

giam

m

uit

o a

s co

ntra

diçõ

es d

o D

e i

nst

itu

tio

ne m

usi

ca, c

ujos

pri

-m

eiro

s tr

ês l

ivro

s er

am d

ecid

idam

ente

pit

agór

icos

, en

quan

to o

qua

rto

con

tinh

a el

e-m

ento

s pr

oven

ient

es d

e E

ucli

des

e A

rist

óxen

o e

o q

uint

o, b

asea

do e

m P

tole

meu

, er

apa

rcia

lmen

te a

ntip

itag

óric

o. A

men

sage

m q

ue a

mai

ori

a do

s le

itor

es a

pree

ndia

m e

raqu

e a

mús

ica

era"

um

a ci

ênci

a do

núm

ero

e qu

e os

quo

cien

tes

num

éric

os d

eter

min

a-va

m o

s in

terv

alos

adm

itid

os n

a m

elodia

, as

cons

onân

cias

, a

com

posi

ção

das

esca

las

e a

afin

ação

dos

ins

trum

ento

s e

das

voze

s. N

a pa

rte

mai

s or

igin

al d

o li

vro,

os

capí

tu-

los

de a

bert

ura,

Boé

cio

divi

de a

mús

ica

em t

rês

géne

ros:

músi

ca

mu

nd

an

a (

«mús

ica

cósm

ica»

), a

s re

laçõ

es n

umér

icas

fix

as o

bser

váve

is n

o m

ovim

ento

dos

pla

neta

s, n

asu

cess

ão d

ás e

staç

ões

e no

s el

emen

tos,

ou

sej

a, a

har

mon

ia n

o m

acro

cosm

os;

músi

ca

hu

ma

na

, a

que

dete

rmin

a a

uniã

o do

cor

po e

da

alm

a e

das

resp

ecti

vas

part

es,

o

mic

roco

smos

, e m

úsi

ca in

stru

men

tal,

ou

mús

ica

audí

vel

prod

uzid

a po

r in

stru

men

tos,

incl

uind

o a

voz

hum

ana,

a q

ual

ilus

tra

os m

esm

os p

rinc

ípio

s de

ord

em,

espe

cial

men

teno

s qu

ocie

ntes

num

éric

os d

os i

nter

valo

s m

usic

ais.

A im

agem

dos

cos

mos

que

Boé

cio

e os

out

ros

escr

itor

es a

ntig

os d

elin

eara

m n

as s

uas

diss

erta

ções

sob

re a

músi

ca m

un

-

da

na e

a m

úsi

ca h

um

an

a v

eio

a re

flec

tir-

se n

a ar

te e

na

lite

ratu

ra d

a Id

ade

Méd

ia m

ais

tard

ia, n

omea

dam

ente

na

estr

utur

a do

«P

araí

so»

no ú

ltim

o ca

nto

da

Div

ina

C

om

édia

de D

ante

. V

estí

gios

da

doutr

ina

da m

úsi

ca

hu

ma

na

per

sist

iram

ao

lon

go d

e to

do o

R

enas

cim

ento

e m

esm

o a

té a

os n

osso

s di

as s

ob a

for

ma

da a

stro

logi

a.B

oéci

o su

bli

nhou

tam

bém

a i

nflu

ênci

a da

mús

ica

no c

arác

ter

e na

mor

al.

Em

virt

ude

diss

o, c

onfe

re à

mús

ica

um

pap

el im

port

ante

, po

r di

reit

o pr

ópri

o, n

a ed

ucaç

ãodo

s jo

ven

s, c

onsi

dera

ndo-

se a

inda

com

o u

ma

intr

oduç

ão a

os e

stud

os f

ilos

ófic

os m

ais

avan

çado

s.A

o co

loca

r a

músi

ca in

stru

men

tal —

a m

úsic

a ta

l com

o h

oje

a en

tend

emos

— e

mte

rcei

ro l

ugar

, to

man

do-a

, pr

esum

ivel

men

te,

com

o a

cat

egor

ia m

enos

im

por

tant

e,B

oéci

o m

ostr

ava

bem

que

, a

exem

plo d

os s

eus

men

tore

s, c

once

bia

a m

úsic

a m

ais

46

com

o u

m o

bjec

to d

e co

nhec

imen

to d

o q

ue c

omo

um

a ar

te c

riad

ora

ou

um

a fo

rma

deex

pres

são

de s

enti

men

tos.

A m

úsic

a, d

iz e

le,

é a

disc

ipli

na q

ue s

e oc

upa

a ex

amin

arm

inuc

iosa

men

te a

div

ersi

dade

dos

son

s ag

udos

e g

rave

s po

r m

eio

da

razã

o e

dos

sent

idos

. P

or c

onse

guin

te,

o v

erda

deir

o m

úsic

o n

ão é

o c

anto

r ou

aqu

ele

que

faz

canç

ões

por

inst

into

sem

con

hece

r o

sen

tido

daq

uil

o q

ue f

az, m

as o

fil

ósof

o, o

crí

tico

,aq

uele

«q

ue a

pres

enta

a f

acul

dade

de

fo

rmu

lar

juíz

os,

segu

ndo

a es

pecu

laçã

o o

ura

zão

apro

pria

das

à m

úsic

a, a

cerc

a do

s m

odos

e r

itm

os,

do g

éner

o da

s ca

nçõe

s, d

asco

nson

ânci

as,

de t

odas

as

cois

as»

resp

eita

ntes

ao

ass

unto

23.

Bib

liog

rafi

a

Fo

nte

s

São

apr

esen

tada

s tr

ansc

riçõ

es d

e to

das

as m

elod

ias

e fr

agm

ento

s gr

egos

con

hec

idos

em

Ege

rt P

ohlr

nann

, D

enk

ma

ler

alt

gri

ech

isch

er F

rag

men

te u

nd

Fãl

schu

ngen

, N

urem

berg

a, C

arl,

1970

. A m

aior

ia d

os t

exto

s gr

egos

ref

erid

os n

este

cap

ítul

o ex

iste

m e

m t

radu

ção

ingl

esa.

Str

unk

incl

ui

uma

sele

cção

cui

dada

de

exce

rtos

de

Ari

stót

eles

, P

latã

o, A

rist

óxen

o e

Cle

ónid

es n

o ca

p. 1

de

Sou

rce

Rea

din

gs in

Mu

sic

His

tory

, Nov

a Io

rqu

e, N

orto

n,

1950

, p

p.

3-4.

An

dre

w B

arke

r(e

d.)

, G

reek

Mu

sica

l W

riti

ngs,

i,

The

Mu

sici

an a

nd

His

Art

, C

ambr

idge

, C

ambr

idge

Un

iver

sity

Pre

ss,

1984

, co

ntém

tex

tos

de p

oeta

s, d

ram

atur

gos

e fi

lóso

fos,

in

clu

ind

o u

ma

nov

a tr

aduç

ãoda

obr

a do

Pse

ud

o-P

luta

rco,

Da

Mús

ica.

Pod

em a

ind

a se

r co

nsu

ltad

as

as s

egu

inte

s tr

aduç

ões:

A

rist

óxen

o,

Th

e H

arm

onie

s of

A

rist

oxen

us,

tra

d.,

nota

s e

intr

od.

de H

enry

S.

Mac

ran,

O

xfor

d,

Cla

ren

don

Pre

ss,

1902

;E

ucü

des

, S

ecti

o ca

non

is,

trad

, de

J. M

ath

iese

n,

«A

n a

nnot

ated

tra

nsl

atio

n o

f E

uclid

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258;

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34.

47

Page 8: GROUT e PALISCA Os Primeiros Seculos Da Igreja Crista

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279.

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251,

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47.

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327.

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74,

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372,

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, 19

67,

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67.

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84,

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9,

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, 19

87,

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ão»

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48

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5,

1985

, 29

-51.

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16,

1978

, 1-

45.

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ton,

19

66,

pp.

545-

559.

V.

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J.

W.

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ss,

1987

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M.

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, J

M, 5

, 19

87,

164-

190. —

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49