Upload
rafael-lins
View
215
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
DGRH
Citation preview
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro
CFCH – Centro de Filosofia e Ciências Humanas
DGRH – Dinâmica de Grupo e Relações Humanas
Professor: João Batista Monitor: Rafael Lins
Alunos: Andréa Dantas, Camilla Moreira, Carla Costard e Rodrigo França
Capítulo 1: O Singular e o Coletivo
QUESTÃO 01: Discutir a velha dicotomia hegemônica Indivíduo X Sociedade, mostrando como
esse "a priori" está a serviço de projetos de dominação ético-política através do debate de casos
contemporâneos que nos marcaram: A queda do Onibus 328 do viaduto da avenida brasil que
gerou penalidades para o motorista e para o passageiro; ônibus 174; os acidentes de trabalho; os
livros da ana beatriz barbosa (mentes perigosas)
A relação indivíduo-sociedade pode ser compreendida a partir de diferentes pontos de
vista. Por um lado pontos de vista que separam essas duas instâncias, considerando o indivíduo
como singularidade, ou seja, o indivíduo é uma realidade em si mesmo, sentimentos e decisões
por exemplo se dão somente neste e a partir deste, dentro desta concepção o coletivo é visto
como generalizações teóricas que partem da realidade do indivíduo. Em contrapartida, a tese
oposta a esta, considera o grupo, a sociedade como o real, apontando o indivíduo enquanto tal, de
forma independente dos demais como uma entidade lógica. Assim sendo, nessa concepção o
indivíduo é um produto do meio no qual está inserido, estando ele consciente disso ou não. Nas
palavras da autora “o indivíduo seria um cruzamento de relaçoes sociais.”
Estas duas concepções opostas evidenciam a análise da relação indivíduo-sociedade como
sendo pautada sob um critério antagônico. Compreende-se a partir deste critério que
singularidade e coletividade sejam um par de contrários, opostos que se estabelecem sob lógicas
“essencialmente” diferentes. Na antinomia indivíduo-sociedade se apresentam a priori
conceituais sob os quais se compreende esta relação. “...os a priori fazem parte do campo
epistêmico a partir do qual se constitui as condições de possibilidade de um saber..”
A antinomia indivíduo sociedade se apresenta no espaço ético-político sob o
questionamento “que deverá ser priorizado, os interesses individuais ou os interesses coletivos?”.
Os a priori conceituais se apresentam aqui como as condições sob as quais coletivo e individual
são pensados, a partir de uma mesma categoria legitimada.
Esse par se estabelece no imaginário social e perpassa a concepção dos sujeitos a respeito
dos acontecimentos cotidianos, podendo gerar criminalizações e sofrimento. Por exemplo, o caso
do ônibus 328 que caiu do viaduto na Avenida Brasil. Em vez de levantarmos discussões sobre o
processo e o sistema que desencadeou o acidente, discutimos “de quem é a culpa”. Esse
comportamento revela a tendência individualizante e culpabilizante que constitui a subjetividade
contemporânea e análise dos eventos.
A autora então nos convida a sair desse lugar comum de dicotomias para pensar a relação
singular-coletivo como uma tensão que não precisa ser resolvida, mas colocada em análise a fim
de discutir a serviço de que esses “a prioris” são colocados.
QUESTÃO 2: Discutir a concepção do grupo como um nó e de que maneira essa concepção traz
rupturas com a dicotomia tradicional e dominante e funda um novo campo epistemológico.
Na tentativa de tentar superar os reducionismos que configuram a teoria sobre o grupal,
surge a possibilidade de se pensar o grupo como um campo de problemáticas atravessado por
múltiplas unidades disciplinares e múltiplas inscrições (desejantes, históricas, institucionais,
políticas, econômicas). Para esta discussão, é preciso retornar à lógica da epistemologia das
ciências positivas, que influenciam de maneira significativa as ciências humanas, criando muitas
dificuldades para compreender situações de atravessamentos múltiplos. Pressupor um objeto
discreto autônomo, reproduzível, não contraditório e unívoco produz um obstáculo
epistemológico na reflexão sobre o grupal.
O aparecimento de propostas transdisciplinares está relacionado com outras formas de
abordagem da questão e enfatizam a necessidade de utilizar critérios epistemológicos pluralistas.
É uma forma de compreensão de problemas do centro mesmo de sua complexidade, superando
reducionismos psicologistas ou sociologistas. É uma transgressão das especificidades, uma
resistência à simplificação unidisciplinar.
O grupal pode então ser pensado como um nó, constituído de múltiplos fios de unidades
disciplinares e inscrições enlaçadas. É preciso sustentar a problematização permanentemente,
pensando os grupos como nós teóricos, saindo de referencialismos dogmáticos e construindo uma
rede epistemológica, uma epistemologia crítica.
QUESTÃO 3: "Evidência dos Fatos X Efeitos de Teoria": Como lidar com o fato de que o
conhecimento não representa verdade, pelo contrário, a desnaturaliza, não permitindo a criação
ou adoção de instrumentos assegurados pela racionalidade (conceito que problematizamos, mas
que ao mesmo tempo nos constitui)? E ainda, como experenciar de fato a "realidade" de que
todas as análises que fazemos de um fenômeno ou acontecimento são na verdade efeitos de uma
teoria que nos respalda a priori e que nossas intervenções são em última instância apostas?
Essa questão traz a tona as zonas de vulnerabilidade cientifica tão doloridas para a
Ciência, que insiste em escondê-las sob o pano da suposta neutralidade, imparcialidade e fatos
irrefutáveis.
A autora destaca que para discutir qualquer conceito é necessário investiga-lo
epistemologicamente, pois com isso é possível entender as condições que tornaram possível a
construção desse conceito. Fazendo isso compreendemos as relações de poder que atravessam a
construção do saber e produzem verdades.
Entretanto somos sujeitos dessa contemporaneidade que buscamos desconstruir, e sendo
assim, essa racionalidade cientifica nos constitui e produz em nós interpretações que as vezes nos
causam surpresas. É importante a desnaturalização dos lugares demarcados, mas também é
fundamental compreender que ao fazer isso também nos desconstruímos e nos reinventamos
Saber que a realidade não é algo dado e sim produzido torna todas as nossas intervenções
fruto de crenças em “a prioris”, logo, apostas baseadas naquilo que acreditamos. Essa relatividade
é num primeiro momento assustadora, tendo em vista nossa necessidade de referências quase
dogmáticas, porém, ao refletir, vemos que essa mesma relatividade é na verdade o que confere
potência às nossas ações, pois sendo a realidade algo que se constrói, é possível apostar em
intervenções mais justas, dignas e geradoras de vida.