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Estudos de Psicologia 1998,Vo115, nO1, 39 - 48 Grupo de apoio psicológico a mulheres com câncer de mama: principais fantasias inconscientes. Vera Lúcia Rezende2e Neury José Botega3 No Centro de Atenção Integral à Saúde da MulherjUNICAMP a abordagem psicológica das pacientes com câncer de mama realiza-se através de Grupos de Apoio Psicológico (GAP). Os objetivos do presente estudo foram: 1. Descrever a experiência de um GAP; 2. Compreender psicodinamicamente o funcionamento do grupo, bem como o estado psi- cológico das pacientes. Um desses grupos foi registrado e a análise do material clínico re- velou sentimentos de rejeição e desconfiança. Em sua base identificaram-se fantasias inconscientes comuns, predominando as de castração. Expor-se representava uma amea- ça de mais perdas. A abordagem psicológica grupal proporcionou uma experiência de aproximação desses sentimentos, atenuando-os, e abriu às pacientes a possibilidade de um atendimento psicológico mais longo. Palavras-chave: Psicologia, câncer de mama, psicoterapia breve, psicoterapia de grupo. Abstract Supportive group therapy with women with breast cancer: main unconscious fantasies This work investigated the provision of psychological assistance for women with breast cancer. The aims of this study were: 1. to examine the experience of the Psychological Support Group established in the Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM), UNICAMP, Campinas, Brasil; and, 2. to analyse the dynamic aspects of one of these groups, as well as the psychological state of the patients involved. During the ses- sions, the patients complained considerably and demonstrated feelings of rejection and suspicion. Several ordinary, unconscious fantasies were identified, the basis ofwhich was a generalized fear of castration. The need to expose oneself was viewed as being full of risks and as a threat to further losses. This group psychological approach resulted in a clo- se experience of the above feelings that allowed some of them to be dealt with. Key words: Psychology, breast cancer, brief psychotherapy, group psychotherapy. Introdução O câncer de mama é uma doença fre- qüente, principalmente nos países mais desenvolvidos, e sua incidência tem au- mentado consideravelmente a cada ano. O Brasil está entre os países que apresentam 1. Artigo derivado da tese de mestrado "Grupo de Apoio Psicológico a mulheres com câncer de mama; uma experiência clínica e institucional", de Vera Lú- cia Rezende, Faculdade de Ciências Médicas da UNI- CAMPo 2. Mestre em Saúde Mental, Psicóloga no Centro de Atenção Integral à Saúde da MulherjUNICAMP. Endereço para correspondência: Av. Júlio de Mes- quita nO1019 apto. 21, Cambuí, CEP 13023-065,Cam- pinas, SP, Fone (res.): (019) 255.0357. 3.Professor Livre-Docente, Departamento de Psiquia- tria da Faculdade de Ciências MédicasjUNICAMP. altas taxas de incidência (EUA: 87,0 por 100.000 mulheres; Holanda: 71,6 por 100.000 mulheres; Canadá: 68,4 por 100.000 mulheres; Brasil: 65,5 por 100.00 mulheres) (NEGRIN,1992). Em Campinas, verificou- se uma incidência de 46,2 por 100.00 mu- lheres (BRITTO, 1993). A tarefa de ajudar, psicologicamente, mulheres com câncer de mama, dentro de uma instituição médica, é uma experiência relativamente nova. O psicólogo necessita articular os conhecimentos teóricos a cada realidade específica, propor ajustes e estra- tégias capazes de atender à demanda psi- cológica das pacientes (nível de ansiedade, temores, defesas, expectativas etc.). Inúme-

Grupo de apoio psicológico a mulheres com câncer de mama ... · se uma incidência de 46,2 por 100.00 mu-lheres (BRITTO, 1993). A tarefa de ajudar, psicologicamente, ... (Israel\

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Estudos de Psicologia1998,Vo115, nO1, 39 - 48

Grupo de apoio psicológico a mulheres com câncer demama: principais fantasias inconscientes.

Vera Lúcia Rezende2e Neury José Botega3

No Centro de Atenção Integral à Saúde da MulherjUNICAMP a abordagem psicológicadas pacientes com câncer de mama realiza-se através de Grupos de Apoio Psicológico(GAP). Os objetivos do presente estudo foram: 1. Descrever a experiência de um GAP; 2.Compreender psicodinamicamente o funcionamento do grupo, bem como o estado psi-cológico das pacientes. Um desses grupos foi registrado e a análise do material clínico re-velou sentimentos de rejeição e desconfiança. Em sua base identificaram-se fantasiasinconscientes comuns, predominando as de castração. Expor-se representava uma amea-ça de mais perdas. A abordagem psicológica grupal proporcionou uma experiência deaproximação desses sentimentos, atenuando-os, e abriu às pacientes a possibilidade deum atendimento psicológico mais longo.Palavras-chave: Psicologia, câncer de mama, psicoterapia breve, psicoterapia de grupo.

AbstractSupportive group therapy with women with breast cancer: main unconscious fantasiesThis work investigated the provision of psychological assistance for women with breastcancer. The aims of this study were: 1. to examine the experience of the PsychologicalSupport Group established in the Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher(CAISM), UNICAMP, Campinas, Brasil; and, 2. to analyse the dynamic aspects of one ofthese groups, as well as the psychological state of the patients involved. During the ses-sions, the patients complained considerably and demonstrated feelings of rejection andsuspicion. Several ordinary, unconscious fantasies were identified, the basis ofwhich wasa generalized fear of castration. The need to expose oneself was viewed as being full ofrisks and as a threat to further losses. This group psychological approach resulted in a clo-se experience of the above feelings that allowed some of them to be dealt with.Key words: Psychology, breast cancer, brief psychotherapy, group psychotherapy.

IntroduçãoO câncer de mama é uma doença fre-

qüente, principalmente nos países maisdesenvolvidos, e sua incidência tem au-mentado consideravelmente a cada ano. O

Brasil está entre os países que apresentam

1. Artigo derivado da tese de mestrado "Grupo deApoio Psicológico a mulheres com câncer de mama;uma experiência clínica e institucional", de Vera Lú-ciaRezende, Faculdade de Ciências Médicas da UNI-CAMPo

2. Mestre em Saúde Mental, Psicóloga no Centro deAtenção Integral à Saúde da MulherjUNICAMP.Endereço para correspondência: Av. Júlio de Mes-quita nO1019 apto. 21, Cambuí, CEP 13023-065, Cam-pinas, SP, Fone (res.): (019) 255.0357.3.Professor Livre-Docente, Departamento de Psiquia-tria da Faculdade de Ciências MédicasjUNICAMP.

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altas taxas de incidência (EUA: 87,0 por100.000 mulheres; Holanda: 71,6 por100.000 mulheres; Canadá: 68,4 por 100.000mulheres; Brasil: 65,5 por 100.00 mulheres)(NEGRIN,1992). Em Campinas, verificou-se uma incidência de 46,2 por 100.00 mu-lheres (BRITTO, 1993).

A tarefa de ajudar, psicologicamente,mulheres com câncer de mama, dentro de

uma instituição médica, é uma experiênciarelativamente nova. O psicólogo necessitaarticular os conhecimentos teóricos a cada

realidade específica, propor ajustes e estra-tégias capazes de atender à demanda psi-cológica das pacientes (nível de ansiedade,temores, defesas, expectativas etc.). Inúme-

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Vera Lucia Rezende e Neury José Botega

ros trabalhos discutem o impacto emocio-nal do diagnóstico de câncer e da mutilação(RENNEKER & CUTLER, 1952; DMOCH,1985; KRYNSKI, 1986; RAMIREZ, 1989)porém o registro sobre o que tem sido ofe-

recido em termos de ajuda psicológica apa-rece muito pouco na literatura. Nas duas

últimas décadas, apenas 16 trabalhos fo-ram encontrados sobre assistência psicoló-gica a mulheres com câncer de mama,conforme pode ser observado na tabela 1.

Um dos primeiros trabalhos de reabi-litação com mulheres mastectomizadas foi

40

desenvolvido pela equipe multidisciplinardo New York Memorial Sloan KetteringCancer Center, em 1970. Destinava-se a as-sistir física, social e emocionalmente todas

as pacientes com câncer de mama, duranteo período de intemação, através de gruposdiários de 90 minutos, cinco dias por sema-na (WINICK & ROBBINS, 1977).

As pesquisas desenvolvidas porSPIEGEL & BLOOM (1983) e SPIEGEL et.aI. (1989) buscaram comprovar a eficiênciada psicoterapia de grupo na melhora daqualidade de vida. "Os grupos visavam en-

Tabela 1. Artigos publicados nas últimas duas décadas sobre ajuda psicológicaa mulheres com câncer de mama

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Autores Ano Natureza do Referendal teórico Abordagem N° deestudo sessões

WINICK & ROBBINS 1977 Relato de Não oferece Grupal 15(EUA) experiênciaFLORÉZ 1979 Caso-controle Psicanálise Grupal 10(Colômbia)SACHS et. aI. 1981 Relato de Não oferece Grupal 15(EUA) exueriência

WEIGAND et. aI. 1982 Relato de Não oferece Grupal 4a6(Brasil) experiênciaPIEGEL & BLOOM 1983 Caso-controle Não oferece Grupal abertoEUA) (e:rupo de apoio e hipnose)

BAHAMONDES 1984 Relato de Não oferece Grupal Até 12(Brasil) exueriência (grupo focal)BAIDER et. ai. 1984 Caso-controle

&mportan1)ntoGrupal 12

(Israel\ ruuo focal

MOI\EIRA, GARBOVESKY, 1985 Relato de Psicanálise Individual 10CASA experiência (psicoterapia breve)(Are:entina)

FENGLER 1985 Relato de Auto-ajuda Grupal aberto(Inglaterra) exueriênciaBRIDGE et. ai. 1988 Caso-controle Não oferece Grupal 6rIn 11'Ia terra) (relaxamento e visualização)

ORNEAU 1989 Caso-controle Psicanálise Grupal abertoBrasil

SPIEGEL et. aI. 1989 Caso-controle Não oferece Grupal abertoIEUA) (e:rupo de apoio)FALLOWFIELD & HALL 1991 Relato de ComportamentaI Individual aberto(Inglaterra) exueriênciaANGELERGUES-DE-KER- 1991 Relato de Psicanálise/ psicossomática Individual aberto

HOV experiênciaFrança

WILLIS 1992 Relato de ComportamentaI Individual 6(Inglaterra) exueriência

SfEGERT 1993 Relato de Não oferece Grupal aberto(Alemanha) exueriência (grupo de encontro)

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Grupo de apoio psicológico a mulheres com câncer de mama: principais fantasias inconscientes

corajar discussões sobre como enfrentar ocâncer, expressar emoções sobre a doença eo efeito dela sobre suas vidas. Também fa-

lar sobre os problemas físicos originadospela quimioterapia ou radioterapia e a uti-lização de auto-hipnose para o controle dador" (SPIEGEL et al.,1989). Mediante pro-vas estatísticas, demonstrou-se que as "in-

tervenções psicológicas" aumentavamconsideravelmente a expectativa de vidadas pacientes.

É evidente, entre os trabalhos relacio-

nados na tabela 1, um movimento progres-sivo para aprofundar o conhecimento dasqueixas emocionais das pacientes. Partin-do de propostas com alta rotatividade depacientes e de coordenadores, passandopor trabalhos com tempo pré-fixado e nú-mero reduzido de sessões, até chegar às ex-periências mais recentes, de grupo aberto esem prazo para terminar, a dificuldademaior, encontrada na literatura, diz respei-to à falta de descrição mais precisa de comose desenvolveu cada trabalho. É de se es-

tranhar que 50% dos estudos não apresen-tem o referencial teórico da abordagempsicoterápica utilizada.

Os Grupos de Apoio

Psicológico (GAP)Nossa experiência com grupos iniciou-

se em 1986 e atende praticamente todas as

pacientes com câncer de mama atendidasno CAISM, na Universidade Estadual de

Campinas (UNICAMP). Procurou-se ofe-

recer uma abordagem grupal que pudessefocalizar as queixas principais num breveperíodo de tempo. Os principais objetivosdo GAP são:l. Possibilitar o contato, a ex-

pressão e a abordagem dos aspectos maissubjetivos relacionados à doença e ao trata-mento; 2. Possibilitar uma reflexão acerca

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de atitudes e comportamentos; 3.Motivar as

participantes no sentido de buscarem ajudapsicológica quando necessária.

O GAP é um grupo fechado. A coor-denação é feita por profissionais da área desaúde mental, delimitando-se um número

máximo de 8 pacientes por grupo, comdata de início e término para as quatro ses-sões semanais de 1:45h.

O GAP baseia-se nas contribuições

psicodinâmicas sobre grupo e psicoterapiabreve institucional para pacientes somáti-cos (VINOGRADOV & YALOM, 1992). Aênfase está na similaridade entre os partici-pantes. O terapeuta busca favorecer a coe-são, a troca de experiências e a diminuiçãodo isolamento.

As intervenções têm sempre um ca-

ráter de reflexão. Não são feitas interpreta-ções sobre a doença, mas busca-se reforçar

os aspectos mais integrados e positivos dapersonalidade. Evita-se o aprofundamentonas experiências individuais. Sempre quepossível, as comunicações dos participan-tes são trazidas para o foco do momentoatual, no "aqui e agora" , saindo de afirma-ções genéricas e valorizando-se as vivên-cias nascidas dentro do próprio grupo.

O GAP tem funcionado, sistematica-

mente, no esquema de co-terapia, além decontar com um observador. Um dos objeti-vos principais deste tipo de estratégia,além de treinamento de novos profissio-nais, é a ampliação da faixa de observação e

do poder terapêutico, através da comple-mentação, das trocas de opinião e intuiçãoentre os terapeutas (VINOGRADOV &YALON,1992).

Os objetivos deste artigo são: com-

preender a dinâmica de funcionamento de

um GAP, bem como o estado psicológicodas pacientes.

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Vera Lucia Rezende e Neury José Botega

Método

Trata-se de um estudo descritivo

que, a partir da observação, da escuta e daanálise detalhada das manifestações das

pacientes no grupo, buscou compreender abase de seus comportamentos.

r',.....,;I. J

Sujeitos

Participaram deste estudo sete mu-lheres com câncer de mama com idade en-

tre 34 e 58 anos, atendidas no Ambulatório

de Patologia Mamária da Divisão de Onco-logia do CAISM-UNICAMP. De acordocom a rotina do Programa de Reabilitação,as pacientes foram consultadas sobre o in-teresse em participar do Grupo de ApoioPsicológico. Normalmente, não participamdestes grupos as pacientes com quadro dedepressão grave, distúrbios psicóticos oucom transtornos de personalidade grave.Todas realizaram cirurgia de retirada dotumor (resseção total da mama, com ou

sem reconstrução, ou uma cirurgia conser-vadora).

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LC

InstrumentosFoi realizada uma entrevista aberta

com cada participante, a fim de colher in-formações sobre as histórias de vida, con-

firmar os fatores de indicação para o GAP,propor o contrato terapêutico grupal e, aofinal da entrevista, esclarecer os objetivosde pesquisa. Os quatro encontros grupaisforam gravados em áudio e registrados porum observador.

Organização e análise do materialA gravação em áudio das quatro ses-

sões foi transcrita e complementada peloregistro do observador. A análise do mate-rial foi feita à luz da teoria psicanalítica so-bre grupo terapia, tendo como principalreferência o trabalho de KÁES (1977) sobre

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o aparelho psíquico grupal. As sessões

foram analisadas em diferentes etapas: dis-cussão da sessão com a co-terapeuta; análi-se do material transcrito pela pesquisadora;discussões com o orientador; supervisãoclínica da dinâmica psicológica do GAPcom um psicoterapeuta de grupo da linha psi-canalítica; reelaboração da análise do mate-

rial, integrando todas as informações obtidas.Dentro do referencial teórico que

guiou a análise dos dados, destaca-se o

conceito de fantasia inconsciente. De acordocom a concepção kleiniana, uma fantasia

consiste, basicamente, em um desejo in-consciente e em uma idéia para satisfazê-Ia(SEGAL, 1993). É a expressão mental de ne-

cessidades instintivas, tanto de desejos re-paradores e libidinosos, quanto de destruti-vos. A função dela é diminuir a tensão pro-vocada pela falta do objeto desejado e ummeio de inibir e controlar os impulsos des-trutivos (ISAACS, 1982).

KÁES (1977) es tudou a importância ea influência das fantasias no grupo. Obser-vou que, tanto no processo grupal, quantonas representações gráficas de grupo deseus pacientes, elas estavam presentes e re-

lacionavam-se basicamente com: a origemdo ser humano, nascimento, sexualidade,diferença entre os sexos, relação com o cor-

po materno e com outros corpos. Para oautor, elas estruturam a forma de participa-ção e expressão dos seus integrantes. Es-sencialmente, o grupo vive um conflito,fruto da fantasia de repossuir o corpo ma-terno (fusão como grupo-mãe) e da angús-

tia de ser destruído por ele (perda daidentidade individual). De acordo comANZIEU (1993), esta ambivalência é umadas características fundamentais das fanta-

sias grupais.

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Grupo de apoio psicológico a mulheres com câncer de mama: principais fantasias inconscientes 43

Resultados e comentários

As pacientes apresentaram inúmerossentimentos e preocupações, entre os quais:

o medo do desconhecido

Refere-se ao temor do que vem pelafrente (riscos de mestástases, a morte, asmudanças na vida). As pacientes deseja-vam ser tranqüilizadas e esc1arecidas nogrupo. Mostravam-se confusas e cheias dedúvidas, principalmente, sobre o trata-mento e sua recuperação.

o silêncio forçado do psíquicoVerificou-se uma invasão de queixas

somáticas, nas quais somente o corpo' gri-tava'. As pacientes evitavam aproximar-sedaquilo que sentiam. Quase não existia lu-gar para o pensar. A tendência era de es-conder e disfarçar os sentimentos:

" Não gosto que ninguém falede morte. Isso me perturba. Não gosto

que ninguém pergunte como é que es-

tou, eu quero esquecer. "

"Não gosto de pensar no assun-

to, queflli operada, o que eu tive, o que

vou fazer, saindo daqui não converso

com ninguém, não sei se isso faz bem

pra mim, se não faz, se tô certa ou er-rada."

"Me adro perfeita, sem doença."

o medo da rejeiçãoExpor-se ou abrir-se significava correr

riscos.O temor predominante era o de quenão seriam aceitas ou reconhecidas, mas,

sim, rejeitadas:

"Pra mim issonãoécoisadese

ficar mostrandoparaosoutros.""Os filhos reclamamdocheiro

daquimioquefica nagente..."

A desconfiançaVerificou-se uma ambivalência: ora

confiavam e ora desconfiavam. Estavam

perdidas entre os aspectos positivos; que

deviam ser preservados, e os negativos,

que precisavam ser eliminados. Com muita

freqüência, o negativo apareceu como uma

força maior. Tudo parecia falso, não conse-

guiam receber ajuda sem ficar desconfiadas:

" Vocênuncafoi querida na ruae agoraé oi daqui, oi dali. . ."

"Não gosto do jeito da minhamãe,do meu sogro,da minha famz1iame tratar, paparicando..."

"Pelo menos eu confio muitono médico.Seelefalar quemeucabelovai cair e que não adianta nadafazeralguma coisa...porque elepensouqueeu usava tintura e disse pra eu nãousar, maseu nunca usei tintura. En-

tãoelefalou vai cair um poucomesmo,elementiu, porquevai cair bastante."

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),..,J

jNa base das diferentes queixas e

preocupações das pacientes, as fantasiasinconscientes mais freqüentemente encon-tradas foram: fantasia de união-fusão; fan-

tasia de asfixia; fantasia de castração;

fantasia de quebra.

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Fantasias de União-Fusão:

a fusão com a terapeuta-mãeNo GAP, as comunicações das pacien-

tes revelaram um desejo de fusão com a tera-peuta ("...mesmoquandovocê(terapeuta) nãofalaeuseiquevocêlámeouvindoemeentenden-do"), traduzindouma necessidadede estabe-lecer um vínculo de característica simbiótica.

As pacientes tendiam a esperar queas terapeutas pensassem por elas. Uma pa-ciente, ainda na primeira sessão, disse:"...euandosemvontadedefazerascoisas,massinto gosto quandoas colegaslevam lanche

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Vera Lucia Rezende e Neury José Botega

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pronto e tomamos juntas". Isso revela umanecessidade, no momento, de receber tudo

pronto, ter 'tudo na boca', de não se esforçarpara obter ganhos ou satisfação. Consisten-temente, as pacientes lutavam para encon-trar uma 'fórmula' que pudesse aliviar osofrimento físico e mental.

KÃES (1977) descreve que as pessoasdirigem-se ao grupo como se ele represen-tasse a imagem de um corpo (ou de partedele), em especial, o materno: "... o regressoao corpo pleno e redondo da mãe é o sonhopor excelência" de todo grupo. Nesse senti-do, o grupo, em geral, funciona como su-

porte projetivo desse desejo inconscientede regresso intra-uterino: símbolo de satis-fação plena e sem conflitos. Pode-se obser-var, no GAP, os vestígios desta inatingívelbusca, com base, principalmente, nas ca-racterísticas de dependência, passividade eextrema fragilidade apresentadas pelas pa-cientes no grupo. De acordo com BION

(1970), trata-se de um comportamento gru-paI que tem como base um estado afetivoarcaico, identificado como 'pressuposto bá-sico de dependência'. Caracteriza-se pelofato de os integrantes dirigirem-se, comfre-qüência, ao líder. É a idéia de que o grupodepende deste último para sobreviver.

As terapeutas, por sua vez, sentiam-

se acuadas e pressionadas a livrar o grupode suas dúvidas e angústias. É como se asintegrantes desejassem recuperar a saúde(emocional), sem ter que 'pagar um preço'para conhecerem a si mesmas: "A gente nemfez a praua e já quer a nota". Desejavam ter"nota" 10antes mesmo de fazer" a prova"; ob-ter alívio sem ter que se expressar ou se expor.

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~LICI,I.

Fantasias de Asfixia:

o temor de ser rejeitadaNum movimento ambivalente, as

fantasias de união-fusão dão lugar a temo-

44

res de asfixia. Observou-se, ainda na pri-meira sessão, uma seqüência de queixas dedesconforto no espaço físico, tais como:'salapequena', 'abafadaI. Eram queixas desufocamento, falta de ar, relacionadas a si-

tuações, internas e externas à instituição.

As reclamações repetiram-se, também, nasegunda sessão, induzindo ao questiona-mento sobre qual seria o sentido dessas co-municações.

Ao mesmo tempo em que as partici-pantes sentem-se bem no pequeno grupo,como se estivessem no ventre da mãe (fan-

tasia de vida intra-uterina), temem perdersua identidade pessoal (ANZIEU, 1993).Experimentam sentimentos e sensações con-flitantes : ".. .eu ficoaqui fechada, eu me sintó mal.

Pode até ser se fosse um ambiente mais aberto eu

me sentiria melhor, eu acho que é o locaL".

Acredita-se que, no GAP, as queixasde asfixia das pacientes revelam o temor denão serem compreendidas ou aceitas, casoconfiem suas emoções ao grupo, pois, sim-bolicamente, poderiam sentir-se rejeita-das. Por isso era tão difícil para as pacientesfalarem sobre si mesmas no grupo. 'Fechar-se' representava uma forma de proteção:"Mas é certoou erradoa gente sesentir assim?

Sefechar?". Na maior parte das sessões, ten-taram se esconder, ocultando os sentimen-

tos: "...estou ótima, tudo bem. Não estou

mentindo. Eu não escondo, nunca tive medo dees-

conder. Eu tô contente comigo...não sinto piedade

de mim. Minha vida é normal. Faço tudo."

Verificou-se muita resistência paraas pacientes abordarem as próprias condi-ções atuais. Raríssimas vezes falaram ou

compartilharam sentimentos sobre a muti-lação sofrida. Desta maneira, supomos queos temores de asfixia estavam apoiados so-bre: 1) o temor de serem anuladas, destruí-

das, em sua personalidade (vão "fazeraminhacabeça")o temor de serem vistas so-

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Grupo de apoio psicológico a mulheres com câncer de mama: principais fantasias inconscientes 45

mentepelas falhas ("aspessoasolhamparaagenteolhandoo seio"),ou seja, a angústia deserem rejeitadas (expelidas).

Fantasias de Castração:

o medo de perder maisSabe-se que, para a mulher, a mama é

um órgão altamente investido de represen-tações, por isso, sua perda é sentida comoum ataque aos aspectos femininos e narcí-sicos. A cirurgia é, para as pacientes, umamutilação, uma castração. Ou seja, umaparte corporal que é perdida de formaagressiva:"Geralmenteaspessoasachamqueagentearrancoutudo,quetá semo seio...".

Arrancar lembra violência e isso pa-rece confirmar o pressuposto da castraçãoassociado à mastectomia. É um grupo quetem em comum uma marca corporal, umaferida externa (perda de uma imagem cor-poral) e, também, interna (no narcisismo,na fantasia, na auto-estima, na feminilida-

de):IIÉ, acicatrizinternaagente'lIaicarregaralJidatoda.Odifícil épor dentro."O grupo su-geriu a imagem de um bebê, a quem a per-da deixou cheio de ódio. De acordo com

KLEIN (1982), o bebê, imerso em sua frus-tração, projeta seu ódio para fora, para osobjetosexternos, e passa a temer retaliação.Aspacientes, diante de tantas perdas e pri-vações, ficam assustadas, temendo ser no-

vamente atacadas. Verifica-se, então, queas pacientes, além do temor da exposição eda rejeição, em conseqüência da deformi-dade física e emocional, parecem temer se-rem 'atacadas' ou Idevoradas' novamente.

Cria-se,assim,um clima persecutório, que per-manecenogrupo em quase toda sua duração:

"...todomundodacidadesabeo

meuproblema...""...nemmeumaridoémeuami-

go,nãopossonemconfiarnele...".

Outras vezes, é como se temessem

encontrar, em seu mundo interior, algo demonstruoso. Dito de outra forma, temem

ver confirmada a própria agressividade

("Eu tenhoatémedodepensar.Eu tenhomedo

deentraremdepressão.Porquecomigo?").Deacordo com KLEIN(1982),não pode havermedo e angústia maiores do que a constata-

ção da existência de aspectos destrutivos,

vindos de dentro, do interior da pessoa.

Nada é mais ameaçador e insuportável do

que um perigo interno. Não há como fugir,nem como se defender. Nas duas situações

está em jogo um predomínio das pulsões

destrutivas, tanto pela fantasia de ter sidodestruída, como de ter destruído.

Encontraram-se, ainda, outros com-

portamentos e expressões apoiados sobre amesma fantasia de castração, confirmando

sua predominância através de diferentescomposições. A partir da metade da segun-da sessão, observou-se que as pacientes fize-ram insistentes comparações entre si. Ocu-param-se em verificar o que estava igualoudiferente: o tipo de cirurgia, o tratamento, oprognóstico e, também, o próprio corpo:

"Por que tem umas que nãoprecisam de rádio?"

"Tem uma mulher daqui quenãofez nem a quimioterapia nem a rá-dio.Eelatirou todoo seio!"

"A gente quer até l'er o seio da

outraprasabercomoé que tá."

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jI..

Percebe-se que os diferentes tipos de

tratamento médico geravam muitas dúvi-das e confusões, por exemplo, quando o

tratamento de uma não era igual ao da ou-

tra. A angústia parecia diminuir na medida

em que as pacientes sentiam-se mais iguais

umas às outras, no grupo.

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Vera Lucia Rezende e Neury José Botega

Ao final da terceira sessão, por exem-plo, verificou-se uma ênfase nos sentimen-tos ambivalentes de onipotência (ter tudo)e de angústia pela privação. As pacientesiniciaram suas argumentações dizendo dafalta de tempo para se cuidarem. Em segui-da, juntaram a essa questão a dependência

do desejo do outro ("Mas isso nãodependesóda gente, às vezes você quer e eles não..."; "Eutinhafrutas e docesà vontade (...)faz três anosque não tô podendo pôr um na boca."; "A felici-

dade completa ninguém tem!" Estão falandode perdas, limitações e impedimentos. Per-cebe-se que as pacientes lutavam contra afantasia onipotente de ter tudo (" ...Aí é que-rer ganhar o céu e a terra!), ou seja, o desejoinfantil de ter o pai e a mãe. Lutavam paraaceitar suas limitações: "Você tem que perderpraganhar alguma coisa". No entanto, foi naterceira sessão que as pacientes mais seaproximaram da constatação de suas perdas.Simbolicamente, foi, também, a sessão queanunciava o fim da experiência grupal. Essasessão foi a mais longa, proporcionando a sen-sação de que foi 'arrastada'. Sabe-seo quanto édificillidar com sentimentos de perda.

De acordo com ANZIEU (1993), afantasia de castração (idéia de que algo foiperdido) implica uma luta para que a pes-soa se aceite limitada e, ao mesmo tempo,

possa explorar ao máximo suas possibili-dades. A própria situação grupal ofereceuma oportunidade limitada. Viver esta ex-

periência de grupo, sabendo que ela teráum fim, é uma forma de lidar com senti-

mentos de perda e morte. Vale a pena en-tregar-se ao grupo sabendo que ele iráterminar? Como viver, sabendo que se vaimorrer? Perderam a sensação de invulne-

rabilidade (mais uma perda) e, em últimainstância, parecem dizer: 'se estamos doen-tes, o que ainda podemos construir?'

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46

Fantasias de Quebra

No início, as pacientes estavamcheias de dúvidas e relutavam bastante em

confiar. Algumas sentiam-se 'obrigadas' aparticiparem do GAP. Porém, ao se aproxi-marem do final, na última sessão, rela-

taram ter gostado e demonstraram reconhe-cimento em relação ao trabalho de grupo.Disseram ter recebido apoio das pessoas aoredor (inclusive dentro da Instituição). Esta-vam partindo, levando uma imagem boa edesejavam demonstrar seu reconhecimento.

" Tinhaumameninaaífora, todaencolhi-daporqueelavaiperderobicodoseio.". A me-nina pode simbolizar o grupo: todoencolhido diante da separação, pois aindadesejava ser bem cuidado e atendido pelospais-terapeutas. Estavam desoladas e numconflito diante do 'desmame' do grupo('perder o bico'). Ele havia ajudado a contero medo da doença e do sofrimento emocio-

nal e, no entanto, as pacientes estavam per-cebendo que o pai-grupo iria morrer:" Eutôcommeupaientreavidaea morte.Temcâncernoestômago...agoraeleestámorrendo...".

Para ANZIEU (1993), a criança, aocrescer, censura a mãe por ser dependentedela e luta, ambivalentemente, para sepa-rar-se (fantasias de quebra). Nos grupos,em geral, a quebra pode ser a fantasia deque a permissividade terapêutica liberte as"crianças-animais-selvagens" (aspectos in-conscientes ou desintegrados da personali-dade) adormecidas dentro de cada partici-

pante e, como conseqüência, eles entredila-cerariam-se até o fim.

As pacientes relataram uma expe-riência no grupo, e, de uma forma impres-sionante, parece confirmar a angústiadiante da repetição desta 'rachadura':

"Eu li um livro deumapessoaquepassouo queagentepassou.Con-

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Grupo de apoio psicológico a mulheres com câncer de mama: principais tàntasias inconscientes 47

ta que tinha um câncer no estômago, e

que tava comendo todo o seu estôma-

go, afundando a pele dele e não tinhamais cura com a medicina. Então eles

resolveram fazer uma experiência de

colocar came no estômago dele e o

câncer ao invés de comer o estômago,comia a came. Daíhouve uma conver-

sa de que suco de uva curava o câncer.Como ele estava entre a vida e a morte,resolveram colocar suco de uva em

cima, no estômago. O tumor começou

a morrer, e ele ficou curado, cicatri-

zou. Então no meu estômago não cainem um pedacinho de came."

Parece que essa história, ao mesmotempo em que é uma irrealidade, é, tam-bém, uma metáfora do que estava se pas-sando com elas, no 'aqui e agora' do grupo.Do ponto de vista psíquico, a situação rela-tada parece representar os próprios con-teúdos internos, os impulsos de vida (osaspectos reparadores, os sentimentos de

gratidão) e os de morte (a parte mais primi-tiva, desintegrada, as 'crianças-animais-selvagens'). Na experiência imediata dogrupo, pode-se pensar que ele ajudava a di-gerir as 'emoções cancerígenas' (mal que amedicina não cura). A experiência à qual sereferiam consistia em não fazer mais a di-

gestão, deixar de ingerir os alimentos (po-tencialmente danosos). A digestão aconte-cia fora do estômago. Se iam perder o gru-po-estômago, como iam 'digerir' suasemoções danosas?

É interessante enfatizar que as pa-cientes não foram espontaneamente embusca de ajuda psicológica. Ao contrário,estavam muito resistentes (..."àsvezesagen-te chega a Deus não por amor mas por dor"...).

FALLOWFILD & HALL(1991) descreve-

ram que é raro uma mulher, acometida por

câncer de mama, solicitar qualquer tipo deassistência psicológica. O mais comum éobservar-se um sofrimento solitário, nem

sequer reconhecido pelas pessoas ao redor.A questão fundamental, imposta pe-

las dúvidas e incertezas diante da assistên-

cia psicológica para essas pacientes, talvez

tenha sua origem, justamente, neste ponto,ou seja, diminuir as resistências. A tendên-cia das pacientes em esconder e negar ossentimentos foi muito maior do que a incli-nação à aproximação. Expor-se ou abrir-sesignificava correr riscos. A fantasia predo-minante era a de que poderiam sofrer maisperdas com a exposição. A função do GAP foiproporcionar um espaço para a reflexão a res-peito dos riscos de falar sobre o que se sente.Ainda que se fechar parecesse mais seguro, aspacientes se 'cansavam' de 'disfarçar'.

Após as pacientes manifestarem suasansiedades e temores, entrando em contatocom suas emoções, mas sem cair em de-

pressão profunda (conforme temiam),

tranqüilizaram-se. Somente quando ossentimentos de desconfiança diminuíram é

que as pacientes começaram a sentir algumtipo de ganho:

"...vocêvai vendo que está todomundo num mesmo barcoe começaasentir uma ajuda."

,)-)JI

j."

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