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Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Escola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma 30ª aula: O desenvolvimento da pregação Textos complementares GEAEL Aula 30 — Entre muitas, a lição que fica: Esquece os males que te apoquentam, desculpa as ofensas de criaturas que te não compreendem, foge ao desânimo destrutivo e enche‑te de simpatia e entendimento para com todos os que te cercam. O mal é sempre a ignorância e a ignorância reclama perdão e auxílio para que se desfaça, em favor da nossa própria tranqüilidade. Emmanuel PREÂMBULO Este texto contém um apelo sincero e afetivo que se faz aos discípulos que permanecem afastados do convívio dos seus companheiros, irmãos de crença e de destinação espi‑ ritual, bem como àqueles cujas atividades espirituais estão muito aquém das necessidades da difusão evangélica no grave momento que passa. Fazemos aqui nossa solicitação para que voltem ao apris‑ co do Divino Pastor, pois que as alegrias das tarefas felizes e dos deveres bem cumpridos devem ser partilhados por todos os servidores, com humildade e reverência, em qualquer tempo e sem temores de tardios arrependimentos. I O termo ‘fraternidade’, utilizado para designar agru‑ pamento de pessoas ligadas entre si pelos mesmos desejos, ideais e objetivos, na essência significa irmandade, amor, aproximação, formando seus membros uma mesma família ou comunidade e, por extensão, uma mesma nação, povo ou raça, provindos de Deus, Criador e Pai, que a todos dá vida e destino por igual. Significa ainda, por extensão, a realidade de nossa des‑ tinação com os seres vivos que evoluem neste orbe ou em qualquer outro do infinito. Mas os habitantes de mundos ainda imperfeitos como o nosso, em sua maioria, ao invés de cultivarem essa preciosa segurança de unidade, voltam‑se uns contra os outros, pen‑ sam e sentem com recíproco sentimento de agressividade ou, no mínimo, de separação, como se inimigos fossem, o que é absurdo, porque a diversificação de condições evolutivas não invalida a unidade de origem e de destino. Mas isso ocorre porque ainda estamos muito ligados aos instintos da animalidade inferior por onde transitamos na evolução, quando os sentimentos dominantes são o egoísmo, a brutalidade e a competição individual para a sobrevivência do mais forte. Entretanto, com os conhecimentos que já possuímos hoje, era de prever que sentíssemos e pensássemos de forma mais justa e lógica porque, como filhos do mesmo Pai Criador, cujas leis têm base fundamental no amor e não no desamor, que é antítese da própria vida universal, já conhecemos das verdades espirituais o que basta para uma vivência de maior sabedoria. Portanto, o conhecimento do que seja fraternidade impli‑ ca, antes de mais nada, no conhecimento e na prática das leis divinas da Criação que, muito embora sejam ainda desrespei‑ tadas pelos homens nestes dias, amanhã serão estes por elas mesmas julgados no curso da própria evolução. II Na evolução através dos reinos da natureza, as môna‑ das, ao penetrarem no reino humano, com seu psiquismo em início de formação, unem‑se formando comunidades mais ou menos numerosas; e para cada um desses agrupamentos exis‑ tem espíritos protetores que recebem diferentes classificações, como sejam: ‘espírito de grupo familiar’ — ‘espírito protetor da tribo’ — da nação, da raça, igualmente como sucede na comunidade dos vegetais e animais, quando se apresentam como ‘almas‑grupo’, porque realmente corporificam o agru‑ pamento, cujos membros ainda não possuem condições de vivência individual. Nos agrupamentos humanos em formação esses espíritos protegem‑nos, dominam‑nos e são respeitados como deuses. Edgard Armond ‑ 30/julho/1978

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Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraEscola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma

30ª aula: O desenvolvimento da pregaçãoTextos complementares

GEAEL

Aula 30 — Entre muitas, a lição que fica:Esquece os males que te apoquentam, desculpa as ofensas de criaturas que te não compreendem, foge ao desânimo destrutivo e enche‑te de simpatia e entendimento para com todos os que te cercam.O mal é sempre a ignorância e a ignorância reclama perdão e auxílio para que se desfaça, em favor da nossa própria tranqüilidade.

Emmanuel

PREÂMBULO

Este texto contém um apelo sincero e afetivo que se faz aos discípulos que permanecem afastados do convívio dos seus companheiros, irmãos de crença e de destinação espi‑ritual, bem como àqueles cujas atividades espirituais estão muito aquém das necessidades da difusão evangélica no grave momento que passa.

Fazemos aqui nossa solicitação para que voltem ao apris‑co do Divino Pastor, pois que as alegrias das tarefas felizes e dos deveres bem cumpridos devem ser partilhados por todos os servidores, com humildade e reverência, em qualquer tempo e sem temores de tardios arrependimentos.

I

O termo ‘fraternidade’, utilizado para designar agru‑pamento de pessoas ligadas entre si pelos mesmos desejos, ideais e objetivos, na essência significa irmandade, amor, aproximação, formando seus membros uma mesma família ou comunidade e, por extensão, uma mesma nação, povo ou raça, provindos de Deus, Criador e Pai, que a todos dá vida e destino por igual.

Significa ainda, por extensão, a realidade de nossa des‑tinação com os seres vivos que evoluem neste orbe ou em qualquer outro do infinito.

Mas os habitantes de mundos ainda imperfeitos como o nosso, em sua maioria, ao invés de cultivarem essa preciosa segurança de unidade, voltam‑se uns contra os outros, pen‑sam e sentem com recíproco sentimento de agressividade ou, no mínimo, de separação, como se inimigos fossem, o que é absurdo, porque a diversificação de condições evolutivas não invalida a unidade de origem e de destino.

Mas isso ocorre porque ainda estamos muito ligados aos instintos da animalidade inferior por onde transitamos na evolução, quando os sentimentos dominantes são o egoísmo, a brutalidade e a competição individual para a sobrevivência do mais forte.

Entretanto, com os conhecimentos que já possuímos hoje, era de prever que sentíssemos e pensássemos de forma mais justa e lógica porque, como filhos do mesmo Pai Criador, cujas leis têm base fundamental no amor e não no desamor, que é antítese da própria vida universal, já conhecemos das verdades espirituais o que basta para uma vivência de maior sabedoria.

Portanto, o conhecimento do que seja fraternidade impli‑ca, antes de mais nada, no conhecimento e na prática das leis divinas da Criação que, muito embora sejam ainda desrespei‑tadas pelos homens nestes dias, amanhã serão estes por elas mesmas julgados no curso da própria evolução.

II

Na evolução através dos reinos da natureza, as môna‑das, ao penetrarem no reino humano, com seu psiquismo em início de formação, unem‑se formando comunidades mais ou menos numerosas; e para cada um desses agrupamentos exis‑tem espíritos protetores que recebem diferentes classificações, como sejam: ‘espírito de grupo familiar’ — ‘espírito protetor da tribo’ — da nação, da raça, igualmente como sucede na comunidade dos vegetais e animais, quando se apresentam como ‘almas‑grupo’, porque realmente corporificam o agru‑pamento, cujos membros ainda não possuem condições de vivência individual.

Nos agrupamentos humanos em formação esses espíritos protegem‑nos, dominam‑nos e são respeitados como deuses.

Edgard Armond ‑ 30/julho/1978

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Essa mesma insuficiência de individualização dá tam‑bém lugar a que seja secundário o nome pessoal do indivíduo, predominando o do clã, da tribo, da família e até mesmo o da procedência.

Nos livros antigos, como na Bíblia, observa‑se esse cos‑tume a cada passo como, no caso de procedência: Ataor, de Nilópolis; Paulo, de Tarso; Judas, de Kerioth, etc. E, no caso de predominância do valor família: Jochanan Ben Joseph (o termo ‘ben’ significando ‘filho de’).

Semelhantemente, os casamentos nesses tempos se davam dentro da própria tribo ou família, sempre diluindo‑se a individualidade na comunidade.

Desta forma, nesses tempos mais recuados, diz um Instrutor Espiritual: ‘Os espíritos protetores dominavam os agrupamentos humanos pelo sangue’.

Mas, evoluindo com o tempo, o ser humano encarnado na Terra, já foi ganhando consciência de si mesmo e, como é lei nos planos etéreos, os agrupamentos ou aproximações se faziam por afinidades vibratórias, enquanto o conceito de família se expandiu e se aproximou um pouco mais do sentido amplo de comunidade, conquanto lhe falte ainda até hoje o sentido universal da unidade, desejado por milhões mas com‑batido também por milhões, como a indicar que ainda é cedo para a justa compreensão e vivência dessa realidade espiritual.

Isso todavia não proscreve mas, muito ao contrário, enaltece aqui o valor, a necessidade da manutenção da famí‑lia, onde se reúnem espíritos devedores uns para os outros de proteção e reparação e que se unem justamente para a eliminação das dívidas do passado, a serem resgatadas preferentemente pelo amor e pela compreensão, o instituto familiar, portanto, facilitando as aproximações e as soluções indispensáveis.

É verdade que nos dias em que vivemos, por efeito do materialismo científico mal interpretado, dominam influ‑ências contrárias que podem e tendem mesmo a levar à destruição e não ao aperfeiçoamento da vida humana encar‑nada; mas, por isso mesmo, a evolução justa se processa nas esferas do pensamento espiritual, não nas do intelectual; nas correntes cristãs verdadeiras e similares e não nos arraiais materialistas onde predominam, com ainda maior expressão negativa, os instintos da vida animal, escudados nos avanços científicos desinteressados dos sentimentos e negadores do próprio espírito.

Tudo isso leva à desagregação e à desmoralização da família e da sociedade humana mas, como é sabido, este fenô‑meno que sempre ocorre e até mesmo caracteriza o fim dos períodos de civilizações e precede sempre os selecionamentos espirituais evolutivos.

No sentido evangélico, portanto, o que se deve sempre buscar é a comunhão dos sentimentos, o ideal coletivo de auto‑aperfeiçoamento, visando à conquista do Reino de Deus, que é uma herança humana, a esperança e a capacidade de realizações espirituais construtivas, que assegurem o progres‑so e a ascensão do espírito nas rotas do Infinito, e o combate à predominância de valores mundanos transitórios, por mais atrativos que sejam.

III

Essa é a versão do Espiritismo cristão, doutrina racional que elimina as imperfeições, os negativismos, os desvios da moral, que revive em nosso tempo o Cristianismo Primitivo, configurado nos ensinamentos de Jesus legados à humanida‑de como orientação e norma de conduta salvadora, individual e coletiva, com vistas à fraternidade universal.

Resumindo, há pois que distinguir do que estamos expondo primeiramente o conceito natural e geral da frater‑nização, isto é, a irmandade dos homens na paternidade de Deus; e depois o sentido mais particularizado de fraternida‑de, como agrupamentos eventuais de seres humanos que se unem sob um lema, uma bandeira, uma finalidade determi‑nada de evolução ou de realizações espirituais, muito embora estas levem quase sempre a restrições e condicionamentos próprios, aliás, da atual e imperfeita natureza humana.

•Nestes dias em que estamos vivendo, dentro de uma

intensa expectativa de acontecimentos apocalípticos, é impe‑rativo que seja incrementada a formação de agrupamentos doutrinários sérios, afins e solidários com o ideal evangélico cristão, visando somar recursos de resistência à desagrega‑ção da família e da sociedade — com o que já largamente nos defrontamos — formando assim uma rede bem firme, estável e consciente de suas verdadeiras finalidades e aspira‑ções, para se efetivar a oposição a esse movimento negativo de desagregação generalizado e, ao mesmo tempo, se poder oferecer ao Plano Espiritual uma efetiva e sólida base de sustentação para suas atividades redentoras em nosso plano.

IV

As Fraternidades do Espaço têm oferecido, desde muitos anos, preciosa ajuda na execução das tarefas espirituais em nosso plano e o elo mais forte e dominante dessa cooperação é sempre o interesse pelo bem comum e, para os cristãos, é a difusão e a exemplificação no campo individual e coletivo, dos ensinamentos de Jesus e das realizações evangélicas, cuja vibração unitiva é de altíssimo teor e significação, por tratar‑se de atividades do setor crístico.

Para melhor nos vincularmos a elas é de interesse conhecê‑las com maiores detalhes, com informações sobre origens, objetivos, especializações de trabalho e capacidade operacional, porque, dessa forma, o entendimento não será unicamente teórico, abstrato, mas direto, confiante, efetivo.

Essas fraternidades não são mitos, entidades sobrenatu‑rais ou superstições de fanatismo religioso, mas grupos coe‑sos, firmes e conscientizados de trabalhadores integrados nas hostes aguerridas que obedecem à direção redentora de Jesus e, que nos embates da luz contra as trevas, que já envolvem o planeta nestes dias finais do ciclo evolutivo, se organizam para vencer, assegurando o domínio do amor e da paz, não havendo portanto tempo a se perder com hesitações, alhea‑mentos ou dubitações de caráter aleatório e negativo.

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EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 3

V

Em 1940, fizemos os primeiros contatos com as Fraternidades, no início das atividades organizativas da FEESP, onde permanecemos, como um dos dirigentes, até 1967.

Quando o Espírito Guardião Nacional, Ismael, transmi‑tiu a incumbência de se proceder a essa organização em bases cristãs evangélicas, assegurou todo auxílio espiritual necessá‑rio que, aliás, jamais faltou e se efetivou de imediato, de uma parte com a proteção da Fraternidade dos Cruzados, cujo efetivo, em determinadas ocasiões, se tornava considerável e, de outra, com a assessoria de três membros da Fraternidade do Santo Sepulcro, que compareciam às reuniões de trabalho trazendo o pensamento e as instruções da Esfera Maior.

Essas entidades estiveram presentes até que se termi‑nasse a organização quando, então, se retiraram, exceto uma delas, que permanece cooperando até a presente data, como protetora e representante de Ismael.

VI

Para melhor conhecimento do assunto faremos aqui um ligeiro retrospecto histórico das Fraternidades, começando pela dos Cruzados.

AS CRUZADASNa Idade Média foi dado o nome de Cruzadas às expe‑

dições guerreiras organizadas na Europa nos séculos XI, XII e XIII, com o objetivo de retomar aos turcos e árabes os Lugares Santos da Palestina conquistados por eles.

Os participantes dessas expedições que, desde o início, tomaram o caráter de guerra santa e pecavam sempre por deficiente organização, adotavam nas vestes uma cruz ver‑melha; eram cristãos de várias nacionalidades e condições sociais e seus comandantes eram os reis nacionais católicos‑romanos, ou nobres de alta condição, que mobilizavam, cada um, os recursos humanos e o armamento de que dispunham.

Houve 8 Cruzadas, que tentaram o empreendimento entre os anos 1095 e 1270.

A primeira, que partiu em 1096 e regressou em 1099, foi pregada na Europa pelo religioso Pedro, O Eremita, que representava o Concílio de Clermont. Não teve êxito e foi desbaratada antes de atingir Jerusalém.

A segunda, da mesma origem, de 1147 a 1149, foi comandada pelo condestável Godofredo de Bouillon, que se apoderou de Jerusalém e estabeleceu ali um reino que teve aliás pouca duração.

A terceira, de 1189 a 1192, foi organizada para reto‑mar Jerusalém reconquistada por Saladino, Califa do Egito e da Síria e teve como comandante os reis da França, da Alemanha e da Inglaterra. Não conseguiu retomar a capital, mas apoderou‑se de São João d’Acre e firmou com Saladino um tratado que assegurava aos cristãos livre trânsito e garan‑tia de vida para a visitação dos Lugares Santos.

As demais cruzadas foram se sucedendo com êxitos e fracassos durante vários anos até a oitava e última, comanda‑

da por Luiz XI, rei da França, que em 1291 caiu prisioneiro dos sarracenos e morreu diante da cidade de Tunes, sendo os cristãos derrotados definitivamente e voltando ao poder dos muçulmanos todas as conquistas anteriormente alcançadas.

Entretanto, as Cruzadas não foram de todo inúteis, por‑que altamente benéfico foi o intercâmbio que se estabeleceu entre vários povos.

Um dos comandantes dessa terceira Cruzada foi Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra, um dos espíritos referidos atrás, da Fraternidade do Santo Sepulcro que, desde 1940, colabora com o movimento espírita do Estado de São Paulo.

Os guerreiros que formaram os núcleos das Cruzadas no correr do tempo organizaram várias ‘ordens religiosas’ de cavalaria, algumas das quais se tornaram poderosas e influí‑ram em governos europeus; e até hoje algumas, com aspecto mais diplomático e beneficente que guerreiro e, nas legiões de Cruzados de Ismael, existem vários de seus membros que continuam a lutar e defender hoje o ideal crístico que os empolgava naqueles tempos heróicos.

VII

Desde o início, em 1940, as Fraternidades do Espaço, como dissemos, desempenharam papel importante na orga‑nização e funcionamento da FEESP, concorrendo cada uma com seu contributo espiritual e dentro de suas próprias especializações de trabalho, para a grande expansão que a Casa demonstrou até atingir o ponto de alto relevo social e doutrinário observado até 1967.

Influíam na segurança, na manutenção da ordem, na proteção dos dirigentes, trabalhadores, na orientação de cursos e escolas implantados nesse período e nos atendi‑mentos públicos para curas materiais e espirituais quando, então, somavam milhares de membros que estendiam seus acampamentos no Espaço nas proximidades da Casa e suas dependências.

Nos dias de crise, quando a Casa se via ameaçada por multidões de entidades maléficas que tentavam amedrontar e criar embaraços ao fluxo considerável de freqüentadores e necessitados, avultava grandemente o concurso dos Cruzados bastando, muitas vezes, a presença de dois ou três deles, montados em seus corcéis de guerra, para que essa multidão trevosa abandonasse o local e deixasse área limpa e livre.

A segunda fraternidade que registramos foi justamente a já citada do Santo Sepulcro, cujos membros não passavam de doze. A terceira foi a Fraternidade do Trevo, cujo venerá‑vel é Razin, o irmão maior que, também, desde o início, vem prestando grande ajuda; seus membros especializam‑se em trabalhos mentais e tarefas direcionais.

A partir desta última e segundo as necessidades do pró‑prio desenvolvimento de atividades da Casa, várias outras foram, com o tempo, se apresentando e sendo anotadas; foram dezenas delas, algumas das quais são aqui enumeradas nas páginas seguintes.

Em 1967, houve dispersão de várias delas mas, a partir de 1973, foram se reunindo novamente em torno da Aliança

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Espírita Evangélica como preciosos elementos de proteção e auxílio, sobretudo por se tratar de uma instituição de nature‑za essencialmente religiosa, dedicada à formação de servido‑res e discípulos e à testemunhação positiva dos ensinamentos de Jesus pela Escola de Aprendizes do Evangelho, através da Reforma Íntima compulsória, imprimida aos seus programas desde sua criação em 1950 e outras valiosas atividades.

Somente a título de complementação enumeramos em seguida alguns detalhes sobre a apresentação, procedência de dirigentes e especializações dessas fraternidades.

VIIIFRATERNIDADES PROTETORAS DA ALIANÇA

ESPÍRITA EVANGÉLICA, NESTA DATA

Fraternidade dos Cruzados Desde 1940, atendeu e colaborou em todas as necessi‑

dades de assistência e segurança da FEESP. Incluiu vários membros que tomaram parte ativa nas históricas cruzadas da Idade Média.

Fraternidade do Santo SepulcroDesde esta data (1940) auxiliou a organização da Casa

através de seus membros: Britânico — Lorenense — Lusitano, dos quais permanece até o presente o primeiro citado.

Fraternidade do TrevoSeu venerável é o orientador espiritual da Fraternidade

dos Discípulos de Jesus e das Escolas de Aprendizes do Evangelho. Esta fraternidade adota extremo rigor na exigên‑cia de evangelização de seus membros e na distribuição de tarefas espirituais a executar nos dois planos.

Fraternidade dos Essênios Venerável Hilarion do Monte Nebo. Inclui muitos dos

antigos membros da fraternidade do mesmo nome existente ao tempo de Jesus, na Palestina e que colaboraram na implan‑tação do Cristianismo Primitivo. Sua sede era no Monte Moab. Hilarion é autor de valiosas obras de pré‑história.

Fraternidade da Rosa Mística de NazaréPatrocínio de Maria de Nazaré; influiu sobre as ativida‑

des de vários outros agrupamentos dedicados ao serviço do Bem do Planeta e na difusão evangélica em nosso País, bem como no exercício da caridade espiritual nos dois planos.

Fraternidade do CáliceVenerável Maria de Magdala, que abandonou sua posi‑

ção e suas riquezas para seguir a Jesus, juntando‑se aos Apóstolos. A primeira a quem Jesus se manifestou após sua morte para anunciar sua ressurreição. Dedicou‑se ao aten‑dimento de leprosos nos arredores de Jerusalém e morreu abandonada em uma gruta da Judéia.

Fraternidade dos Irmãos da ChinaVenerável Ling Fo. Inclui vários membros da antiga

Fraternidade do Profundo Conhecimento. Dedica‑se ao setor cultural e evangélico.

Corrente Índia nº 1 (brasileira)Dirigente Itaporã. Dedica‑se a proteção e auxílio a tra‑

balhadores em geral desde o início da organização da FEESP.

Corrente Índia nº 2Dirigida por Brogotá, com as mesmas atribuições e anti‑

guidade da anterior.

Fraternidade dos Irmãos HumildesVenerável Bezerra de Menezes. Agrupa médicos e cientistas

em geral, orienta trabalhos de cura e pesquisa, visando a mais ampla distribuição de benefícios a necessitados. Colaboram neste setor, entre outros: Pasteur, André Luiz, Eurípedes Barsanulfo e ainda Hilarion e Ramatis, em caráter pessoal.

Fraternidade dos Irmãos da EsperançaDedica‑se à salvação de sofredores nas regiões de trevas.

Fraternidade dos Filhos do DesertoFormada por antigos nômades que seguiam o Precursor

João Batista ao tempo de Jesus e foram reunidos no Plano Espiritual por um deles que os orienta. São beduínos da anti‑ga Arábia Pétrea e se dedicam a trabalhos pesados e socorros em geral. São mais ou menos numerosos segundo as neces‑sidades. Servem de escudo entre o bem e o mal aos corações valorosos que se dedicam ao serviço do Senhor. Acostumados às intempéries, às vigílias, aos ataques de emboscadas, a tri‑lhar caminhos perigosos e areias movediças, não se iludem com miragens. Aproximam‑se agora do plano físico e fazem parte da cúpula da Aliança, porém são mais diretamente ligados à Fraternidade dos Discípulos de Jesus.

Fraternidade dos SamaritanosFiliados à Rosa Mística de Nazaré dedicam‑se ao auxílio

a sofredores do umbral inferior.

Grupo de JudasFiliado à Rosa Mística de Nazaré. Socorro a suicidas e

auxílio a encarnações de espíritos a evoluir em corpos doen‑tes, com mente reduzida (tipo mongolóide). Patrocínio de Maria de Magdala.

Grupo da CastelãAtendimento de doentes que encarnam com resga‑

tes pesados, inclusive jovens leprosos ao tempo de Jesus. Preparação de crianças para encarnações de resgate. Espírito de atividades ligadas aos planos crísticos.

Fraternidade do Triângulo e da CruzVenerável Ramatis. Antigos membros de uma fraterni‑

dade hindu, ávidos de conhecimentos novos e mais amplos, pediram reencarnação em várias regiões do globo que ofe‑reciam condições para valiosas experiências. Unindo‑se a

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esses novos companheiros, criaram o símbolo do Triângulo e da Cruz. São agora 5.000 e encontram‑se espalhados pelo globo, razão pela qual são pouco conhecidos. Ramatis é autor de preciosas obras doutrinárias que muito têm auxiliado a divulgação de conhecimentos espirituais em nosso País.

Bedica‑se ao desenvolvimento das forças psíquicas e morais dos aprendizes. Trabalhos de atendimentos no setor de curas espirituais.

Fraternidade da Lei ÁureaO esforço que se desenvolve em nosso plano denso no

sentido da evangelização pela Reforma Íntima, é fortemente apoiado no Plano Maior onde, em torno a Ismael se agru‑pam inúmeros colaboradores que cumprem compromissos assumidos desde o tempo de Jesus e durante o Cristianismo Primitivo e, aqui em nosso País, prosseguem lutando no mesmo alevantado escopo de serviço aos semelhantes.

Secundando esse trabalho atual, organizou‑se junto a Ismael, entre outras, a Fraternidade da Lei Áurea, que con‑grega várias legiões, cada qual com seu dirigente responsável e diferentes classes profissionais de espíritos que já serviram o País, quando encarnados, como entre outros Rui Barbosa, Duque de Caxias, Isabel de Bragança, Humberto de Campos, José do Patrocínio, Gonçalves Dias, Escragnole de Taunay, inclusive companheiros que trabalharam na seara espírita anteriormente, como Cairbar Schutel, Leopoldo Machado, Djalma de Faria, Militão Pacheco etc.

Nessa Fraternidade há legiões de índios, de negros, de bandeirantes, de médicos, juristas, escritores, militares, todos compromissados a lutar por um Brasil melhor, mais feliz e evangelizado.

Observam‑se também grupos de enfermeiras ostentando uniformes antigos e modernos, formando as equipes de Ana Néri, Scheila e Florence Nightingale, que desenvolvem valiosa cooperação em vários setores de atendimento.

Cada uma destas legiões possui seu distintivo próprio e uma insígnia especial de identificação e reconhecimento.

Fraternidade do Profundo Conhecimento Há muitos séculos, por ocasião da primeira invasão

mongol na China, um missionário difundia o conhecimen‑to da existência da essência divina em cada ser humano. Dirigia‑se mais de perto aos jovens, na esperança de que as sementes não se perdessem no tumulto da violência, da morte e do materialismo.

Foram os primeiros a utilizar a cromoterapia; e alguns dos que lhes herdaram o nome e o ideal continuam a traba‑lhar hoje, agrupados na esfera de Ismael, condutor espiritual do nosso País. São velhos servidores que aderiram anterior‑mente à Fraternidade dos Irmãos da China.

Fraternidade dos Ucranianos Trabalham na Rússia na orientação espiritual do povo,

mas lutam com imensas dificuldades devido ao ambiente refratário e hostil. São algumas centenas, que se uniram após a última guerra. Dedicam‑se preferentemente aos fenômenos

físicos e recorrem ao nosso País para suprimento de fluidos e ectoplasma de que sempre carecem.

Legião de Joana d’ArcDesde os trabalhos iniciais de 1940 esta Legião foi das

primeiras a trazer seu precioso concurso e proteção espiri‑tual. Reapresentou‑se novamente agora e seus sinais físicos são cabelos castanhos claros, estatura mediana, olhos azuis‑ acinzentados.

Informou que antes de ser uma guerreira serviu como vivandeira no Exército Francês, confortando os que morriam, cuidando dos feridos, socorrendo a todos os necessitados ao seu alcance e, mais tarde, muitos desses espíritos vieram servir no exército que comandou para expulsar os ingleses e repor no trono o rei Carlos VII.

Antes de ser aprisionada pelos ingleses, muitos dos espí‑ritos que acudiu a aguardavam no plano etéreo, por serem gratos e sentirem‑se atraídos pela sua vibração espiritual. Após sua morte localizaram‑na e juntaram‑se a ela, elegendo‑a novamente sua orientadora, adotando como símbolo uma flor‑de‑lis brotando ao pé de uma cruz de Lorena.

Atualmente dedica‑se a tentativas de harmonização, para evitar derramamento de sangue e, nas batalhas, juntamente com seus homens, luta para abrandar os golpes, desestimu‑lando os lutadores com a lembrança momentânea de Deus, porque ela já viu de perto como os homens se transformam em feras quando obrigados a combater, com a coragem nascida muitas vezes do terror, e com a audácia gerada pela cegueira momentânea proveniente da loucura coletiva da guerra.

E já viu também como se transformam nos êxitos, nas vitórias e como a bravata e o exibicionismo vêm à tona, juntamente com a ambição a embriagá‑los, porque o poder intoxica e transforma o caráter humano, degradando‑o.

Sobre a sede de suas atuais atividades informou que se situa no Vale do Loire, na França, estando se destacando nestes dias para um determinado ponto do Atlântico, mais perto do Brasil, passando o Loire a ser um simples local de repouso. Ao se despedir fincou sua bandeira na Aliança, com o dístico conhecido de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, desenhado ao centro e em volta de um globo. E foi captado seu pensamento final quando se afastava: ‘Esse dístico é a representação de um ideal elevado, início de um movimento universal de redenção espiritual muito amplo, que correspon‑de ao chamamento de Jesus’.

Fraternidade dos Irmãos do EgitoDedica‑se ao fortalecimento psíquico dos aprendizes e

discípulos. Nação que guarda muitas das reminiscências da iniciação atlante antiga e na qual o grande missionário crís‑tico Moisés nasceu e viveu.

Grupo dos Irmãos de SaturnoCooperação para o transcurso do milênio; utiliza apare‑

lhagem eletrônica avançada, de grande poder de ação, sobre‑tudo contra as maléficas influências dos trabalhos pesados. Venerável: Eros.

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Observações:1) Além destes, existem no nosso Plano Espiritual outros

grupos de servidores de outros orbes que dão franco apoio ao setor de evangelização e se dedicam ao atendimento de neces‑sidades para curas espirituais em geral, utilizando processos mais avançados, não só na técnica empregada, como nos recursos intermediários (naturais, eletromagnéticos, fluídicos e vibratórios), através de aparelhagem altamente eficiente, inclu‑sive para eliminação dos referidos envolvimentos malignos.

2) O número de fraternidades e grupos protetores de instituições espiritualistas, sobretudo de Casas Espíritas bem organizadas em bases evangélicas, não é permanente e altera‑se segundo as necessidades, tornando‑se conveniente a providência de atualizações periódicas.

IX

Considerada a boa vontade inexcedível da parte de nos‑sos irmãos dos Planos Espirituais, que se devotam ao auxílio de nossos trabalhos de assistência material e espiritual, não se pode hoje conceber que milhares de discípulos, zelosa‑mente preparados nas Escolas de Aprendizes do Evangelho, após tantos esforços, esperanças e devotamentos, por várias formas demonstradas, se recolham espontaneamente a uma inatividade improdutiva e altamente prejudicial ao seu pró‑prio futuro espiritual, como se aquela preparação tivesse sido um fim e não um meio de evoluir mais depressa e mais seguramente, ou como se tivessem terminado a tarefa justa‑mente quando era hora de ser iniciada sob responsabilidade própria e com mais amplitude, visando alvos bem definidos de serviço aos semelhantes, cada um dos discípulos se apre‑sentando como um esteio da obra do Divino Mestre na Terra, ou um testemunho vivo e eloqüente de seus ensinamentos redentores.

Pois, para atingir esses altos objetivos é que, justamente, foi criada a referida Escola de Aprendizes do Evangelho, em 1950, como padrão a seguir pela coletividade; e inaugura‑da, em 1954, ao termo da preparação da primeira turma, a Fraternidade dos Discípulos de Jesus. Após duas décadas de fecundo labor, fundada em 1973, a Aliança Espírita Evangélica, já então (como fruto da experiência) para repor em seus moldes iniciais a referida Escola e outras atividades correspondentes; e, ainda, em 1977, reorganizada e regula‑mentada a referida Fraternidade, em parte desviada de seus rumos verdadeiros por carência de dinamismo operacional, estiolamento, afastamento e dispersão dos discípulos.

É pois urgente mostrar a todos aqueles que querem olhar e ver, que a batalha espiritual apenas começa, com tendências a se ampliar e endurecer, nestes dias finais do ciclo evolutivo que estamos vivendo. E que esta é a feliz oportunidade que todos temos, como discípulos, de provar que somos dignos da investidura e capazes de manter o ideal e as aspirações que nos animaram no princípio da jornada; e de agir e viver por elas acima de quaisquer outras preocupações de ordem material e mundana, para que assim se defina e consolide, de forma positiva, o esforço comum dos dois Planos e nossa vivência espiritual do futuro.

E infelizes, por efeito de retardamentos, serão aqueles que deixarem que a chama viva da fé e do amor aos seme‑lhantes feneça em seus corações com olvido dos severos compromissos assumidos, tornando‑se frios ou ausentes das atividades espirituais com Jesus; e, ao mesmo tempo, perden‑do a oportunidade de, pessoalmente, reafirmarem a reconhe‑cida autenticidade da Doutrina dos Espíritos, superiormente codificada pelo insigne missionário Kardec, e que foi dada ao mundo por Jesus, como uma aliança entre a vida e a morte, entre o céu e a terra, na finalidade divina da redenção espiri‑tual da humanidade planetária.

Instruções dos espírItos

Limites da encarnação

24. Quais são os limites da encarnação?A encarnação não tem limites nitidamente traçados, se levarmos em conta o envoltório que constitui o corpo do

espírito, uma vez que a materialidade desse envoltório diminui à medida que o espírito evolui. Em alguns mundos mais avançados que a Terra, ele já é menos denso, menos pesado e menos grosseiro, e, consequentemente, menos sujeito a vicissitudes. Num grau mais elevado, ele é transparente, quase fluídico. Assim, ao evoluir de grau em grau, ele vai se de‑purando e desmaterializa‑se a ponto de confundir‑se com o perispírito. Conforme o mundo que lhe é designado a viver, o espírito toma o envoltório adequado à natureza desse mundo.

O próprio perispírito sofre sucessivas transformações: torna‑se cada vez mais etéreo, até a depuração completa que caracteriza os espíritos puros. Embora os mundos especiais sejam destinados aos espíritos mais avançados que ali fazem estágio, nem por isso estão confinados, como nos mundos inferiores, pois o estado de desprendimento em que se encon‑tram lhes permite transportarem‑se para qualquer lugar, conforme as missões que lhes são confiadas.

Mas, se considerarmos a encarnação do ponto de vista material, tal como acontece na Terra, podemos dizer que ela está limitada aos mundos inferiores. Consequentemente, depende do espírito libertar‑se mais, ou menos, rapidamente da encarnação, empenhando‑se na própria purificação.

Deve‑se considerar também que na erraticidade, ou melhor, no intervalo entre as existências corporais, a situação do espírito está relacionada com a natureza do mundo ao qual ele está ligado pelo seu grau de adiantamento. Assim, na erra‑ticidade, ele é mais feliz ou menos feliz, sente‑se livre e esclarecido, conforme esteja mais, ou menos, desmaterializado. (São LuíS, Paris, 1859). — O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo IV.

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Os meios para realizar as transformações (I)Ney Pietro PereS — Manual Prático do EspíritaGEAEL

UM MÉTODO PRÁTICO DE AUTO-ANÁLISE1

Aquele que, todas as noites, lembrasse todas as suas ações do dia e se perguntasse o que fez de bem ou de mal, pedindo a Deus e ao seu anjo guardião que o esclarecessem, adquiri‑ria uma grande força para se aperfeiçoar, porque, acreditai‑me, Deus o assistirá.Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Santo Agostinho. Pergunta 919‑A.

Esboçaremos neste capítulo um método prático, à gui‑sa de sugestão, para realizarmos individualmente o trabalho de auto‑análise. Podemos, sem dúvida, aplicar esse método em quaisquer situações que haja necessidade do exame das nossas reações: no “convívio com o próximo”, na “dor”, como tarefas nas “Escolas de Aprendizes do Evangelho”, ou mesmo como norma que isoladamente desejarmos seguir no propósi‑to de auto‑reforma, como o fez Santo Agostinho.

O método aqui apresentado se desenvolve em 5 (cinco) fases: Preparação, sintonia espiritual, reflexão, detalhamen-to e renovação. Na preparação, procuramos chegar a uma condição de tranqüilidade que permita uma penetração mais profunda no nosso campo subjetivo, para exploração da nos‑sa consciência.

Com a sintonia espiritual recorremos ao apoio e à colabo‑ração dos nossos companheiros espirituais (anjos guardiães), estreitando os nossos laços vibratórios para melhor sintonia com eles e integração no plano que possivelmente juntos ela‑boramos para a nossa presente existência.

Admitimos, à luz do espiritismo, ser essa uma das condi‑ções indispensáveis para esse trabalho.

Na reflexão movimentamos as nossas potencialidades espirituais a serviço da autoconsciência e compreensão, dos condicionamentos e dos impedimentos aos progressos espiri‑tuais que programamos realizar nessa exitência.

No detalhamento dinamizamos a auto‑análise, isolan‑do fato por fato, ocorrência por ocorrência, e penetrando em cada uma por vez, até as raízes mais profundas que consiga‑mos atingir. A utilização de um caderno de anotações é im‑portante para registrarmos o material que iremos elaborar na auto‑análise.

E, finalmente, na renovação trabalhamos, aos níveis do nosso consciente, com os recursos disponíveis, as transfor‑mações progressivas que objetivamos dentro da orientação evangélica ensinada pelo nosso Mestre Jesus.

O presente método dispensa a figura do orientador hu‑mano, do confessor, do supervisor ou do psicoterapeuta, afas‑tando os perigos das dependências e conveniências que se têm 1 Revisado e ampliado da 84ª aula (redigida pelo autor). Iniciação Espírita. Volume VIII. Ed.Aliança.

criado de há muito e que, por comodismo, preferimos quase sempre aceitar sem reflexão, seguindo o que os “outros” nos dizem em lugar de assumirmos nós mesmos os nossos desti‑nos, erros e acertos. Isso também ocorre com aqueles que, em assuntos corriqueiros e naqueles de sua própria competência, sistematicamente procuram ouvir os “espíritos”, preferindo fazer o que eles dizem, tardando o desenvolvimento das suas próprias faculdades de pensar, ponderar, discernir, decidir e agir, conduzindo‑se por si mesmos.

Achamos que esse processo valoriza cada criatura, di‑namizando a sua consciência, desenvolvendo a sua força de vontade e proporcionando a testemunhação individual, livre e autêntica.

Vejamos, então, de que modo podemos exercitar o suge‑rido método.

A prática da auto‑análise requer um local na própria re‑sidência ou fora dela, para permanecer por alguns momentos sozinhos e isolados da movimentação externa. Um quarto, uma sala, um terraço, um recanto no jardim. Ali, sentados confortavelmente, despreocupados de tudo, vamos começar a conduzir o nosso pensamento numa certa direção, na qual buscaremos a exploração do nosso terreno emocional e men‑tal. Pela falta de treinamento e até mesmo disciplina nesse tipo de experiência íntima, no início naturalmente sentire‑mos dificuldades, pois vivemos muito dispersivos nas nossas atividades diárias e não estamos acostumados a conduzir a ocupação da nossa mente numa meta desejada. Na diversi‑dade de assuntos que tratamos durante o dia e na contínua movimentação das paisagens que a nossa vista acompanha, estamos constantemente envolvidos por fatores externos a nós mesmos; são os estímulos de toda sorte que nos atingem e gravam‑se no nosso psiquismo.

Quando, então, no local escolhido, isolarmo‑nos do que se passa externamente e estivermos comodamente sentados, em silêncio, de olhos fechados, vamos conviver com o que se passa no nosso interior. O que observamos? De início, per‑cebemos a inquietação e a dispersão tão comuns a todos e, a partir disso, começaremos a conduzir nossas emoções e pensamentos em lugar de sermos por eles conduzidos, como acontece comumente. Para facilitar, dividamos essa prática em fases. Teremos então:

1ª Fase — PreparaçãoComecemos por agir no sentido de relaxar interiormente,

descontrair os músculos do corpo, dos pés à cabeça, e prin‑cipalmente da fronte, dos olhos, da boca, dos maxilares, li‑bertando as tensões musculares e emocionais. Procuremos chegar progressivamente a um relaxamento completo.

Vamos assim prosseguindo no desejo de agora serenar a

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nossa mente, buscando sentir no coração uma calma profun‑da, e imaginemos que um halo de luz suave, azul‑claro, vai impregnando e envolvendo todo o nosso ser.

Nesses primeiros momentos, possivelmente conseguire‑mos apenas aquietar um pouco o nosso interior, mas persis‑tamos ao ponto de conseguir tranqüilidade e bem‑estar. Um fundo musical, baixo e suave, ajuda substancialmente a che‑gar a esse estado de serenidade.

Nesses instantes, assim impregnados numa atmosfera de bem‑estar profundo, respiremos compassadamente algumas vezes, enchendo os nossos pulmões e esvaziando‑os, menta‑lizando nesse exercício a absorção de energias vitalizantes. Com o decorrer das experiências, alguns talvez comecem a sentir uma impressão de deslocamento, e até mesmo de dis‑tanciamento do ambiente; no entanto, não se deve deixar per‑der a consciência.

2º Fase — Sintonia EspiritualContinuemos e, em seguida, vamos buscar nossa sintonia

com o amigo espiritual, o companheiro que mais de perto su‑pervisiona e inspira os nossos passos na existência presente. Recorramos a ele, indo ao seu encontro, nesse trabalho que desejamos fazer com a sua ajuda. Estabeleçamos um diálogo mental com o nosso protetor espiritual, manifestando esse de‑sejo de “conhecer‑se melhor” e libertar‑se das nossas imperfei‑ções, desse modo capacitando‑nos na melhoria interior, para melhor servir ao Nosso Mestre de Amor.

Possivelmente algum tempo decorrerá, não previsível, até conseguirmos essa vivência espiritual. No entanto, nunca desanimemos e continuemos persistentes no nosso esforço de auto‑análise mesmo sem chegar completamente a essa condi‑ção. Depois de atingir esse estágio, que poderá ser identifica‑do por um bem‑estar profundo, e cujo tempo de duração para nele chegar varia de pessoa a pessoa, passemos ao trabalho de exploração da nossa consciência.

3ª Fase — ReflexãoDentro daquela atmosfera já atingida, vamos então ati‑

var a consciência trazendo à tona da nossa memória os acon‑tecimentos diários, de preferência numa ordem cronológica, que nos fizeram viver as emoções fortes, as explosões de sen‑timentos, as manifestações de violência, as agressões, os im‑pulsos que vêm do nosso inconsciente, e que ficaram impreg‑nados na nossa aura, nos transmitindo as suas impressões de forma sutil, e, na maioria das vezes, deixando‑nos num estado de intranqüilidade ou de ansiedade. Naturalmente de‑vemos focalizar nessa ordem cronológica um quadro ou uma impressão emocional de cada vez e concentrarmo‑nos naque‑la de maior intensidade escolhida para a análise que estamos realizando no momento, sem deixar que as impressões dos demais acontecimentos interfiram. Lembremos que temos em nós uma tendência natural de soterrar aqueles acontecimen‑tos e lembranças que nos são desagradáveis, e inconsciente‑mente afastamos os que nos aborrecem, mas permanecem represados, exercendo seus reflexos e influenciando constan‑temente o nosso comportamento. Precisamos ter a disposição

de desenterrá‑los e trazê‑los à consciência, enfrentando‑os e trabalhando para compreendê‑los, nos libertando das suas pressões incontroláveis. Vamos remontar os acontecimentos sem nos deixar envolver pelos mesmos impulsos que naqueles momentos nos dominaram. Esforcemo‑nos por ser, dentro do possível, um mero espectador em lugar do protagonista que os desempenhou.

4ª Fase — DetalhamentoEnfoquemos, então, aqueles acontecimentos mais vivos

que se acham gravados em nós e vamos registrando por escri‑to, na ordem em que cada um deles ocorreu, desde o seu início: primeiro, o que deu origem ao acontecimento; depois o que desencadeou nossa reação impulsiva e, por último, as conse-qüências provocadas pela nossa atitude. Dentro dessa ordem natural, anotemos num caderno, de um lado os nossos impul‑sos, depois os motivos que originaram os mesmos, e ao lado desses as suas prováveis raízes ou causas desencadeadoras.

5ª Fase — RenovaçãoDispondo‑nos ao melhoramento de nós mesmos, com es‑

pírito de combate e já despertados espiritualmente para os testemunhos cristãos, esclarecidos pelo nosso protetor espi‑ritual, nessas ocasiões manifestam‑se no nosso espírito os ar‑rependimentos pelas reações intempestivas ou pelos deslizes cometidos. Esses são os primeiros lampejos de renovação, de‑notando as transformações que se iniciam em nós.

Vigiemos, no entanto, para não nos deixar envolver por esses sentimentos depressivos. Consideremos que eles são in‑dicativos do desabrochar da nossa sensibilidade para uma nova fase de evolução, e, com paciência e vigor, conduzamos as nossas energias no fortalecimento dos propósitos de não nos deixar levar, em outras oportunidades semelhantes, pelos mesmos sentimentos desavisados.

Ao identificar conscientemente o que originou no nosso íntimo a reação impulsiva, indaguemos agora por que a tive‑mos e com que propósito agimos daquele modo. Formulemos perguntas claras e objetivas, desenvolvendo a autocensura e tirando conclusões precisas sobre os tipos de defeitos e pai‑xões que mais comumente ainda se encontram arraigados dentro de nós mesmos.

Algumas vezes a simples auto‑observação já conduz o indivíduo à modificação do seu comportamento improceden‑te. A identificação da causa que motivou a reação ajuda con‑sideravelmente a mudar os seus efeitos desastrosos, porque passamos a conhecê‑los e a evitá‑los voluntariamente.

Da identificação feita pela auto‑observação das causas provocadoras das nossas reações inferiores à mudança pro‑priamente da maneira de agir, há um trabalho considerável a ser realizado. No entanto, a renovação aí começa e prossegue com o nosso esforço de vontade. Mostraremos nos capítulos seguintes algumas técnicas, recursos ou meios para realizar‑mos praticamente essas importantes mudanças. Essa última fase do método aqui sugerido ajuda‑nos a dar os primeiros passos no trabalho de auto‑renovação, que se prolongará, daí em diante, até superarmos as deficiências já localizadas.

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O caminho do Amor (Ahimsâ) é tão estreito quanto reto. É como se nos equilibrássemos no fio de uma espa‑da. Concentrando suas faculdades, um acrobata pode dançar numa corda tensa. Mas é neces‑sária maior concen‑tração ainda, para seguir as veredas da Verdade e do Amor. A mais leve desatenção faz‑nos cair. Só por esforço incessante podemos chegar a realizar em

nós a Verdade e o Amor.É‑nos impossível realizar a Verdade perfeita, enquanto

somos prisioneiros neste invólucro mortal. Só podemos no‑la representar pela imaginação. Nosso corpo efêmero não é um instrumento que nos permita ver face a face a Verdade, que é eterna. Eis porque, em última análise, somos obrigados a contar com a fé.

Parece que a impossibilidade de realizar plenamente a Verdade, em nosso corpo mortal, tenha atraído algum sábio antigo, em busca da Verdade, a apreciar o Amor (Ahimsã). O problema que a ele se apresentava era este: “Devo suportar os que me causam dificuldades ou eliminá‑los?”

Então ele compreendeu que quem insiste em destruir ou‑tros seres não progride, antes permanece onde está; ao passo que quem suporta as criaturas que o atrapalham, caminha e até arrasta outros consigo. O primeiro ato de destruição ensi‑nou‑lhe que a Verdade procurada não estava fora, mas dentro dele. Portanto, quanto mais recorresse à violência, mais se afastava da Verdade, pois ao lutar contra o inimigo de fora, esquecia o inimigo interno.

Castigamos os ladrões porque nos cremos perseguidos por eles; mas se eles nos deixam em paz é apenas para atacar outra pessoa. Ora, essa outra vítima é também um ser huma‑no, isto é, nós mesmos debaixo de outra forma. E assim nos achamos num círculo vicioso. A perturbação causada pelos ladrões continuará a crescer, pois eles consideram o roubo sua profissão. Afinal percebemos que é preferível suportar os ladrões a castigá‑los. Talvez até nossa paciência chegue a levá‑los a sentimentos melhores. Suportando‑os, compreen‑

deremos que os ladrões não são diferentes de nós, que são nossos irmãos, nossos amigos, e que não devemos puni‑los. Mas, enquanto suportamos os ladrões, é mister não nos re‑signarmos ao mal, pois isto produziria em nós a covardia! É então que descobrimos novo dever.

Se consideramos os ladrões como membros de nossa fa‑mília, temos que fazer‑lhes compreender esse parentesco, e esforçar‑nos por encontrar meios de conquistá‑los. Eis o ca‑minho do Amor!

Esse caminho pode provocar constantes sofrimentos, obrigando‑nos a cultivar uma paciência infinita; mas se acei‑tarmos essas duas condições, o ladrão será forçosamente leva‑do a renunciar à sua vida errada. Dessa forma, passo a passo, estabeleceremos relações de amizade com o mundo inteiro: compreenderemos a grandeza de Deus, da Verdade. A paz de nosso espírito será mais profunda, apesar de nosso sofrimen‑to; seremos mais corajosos e empreendedores; perceberemos mais claramente a diferença entre o que é eterno e o que não o é; aprenderemos a distinguir o que é nosso dever do que o não é. Desaparecerá nosso orgulho e nos tornaremos humildes. Nosso apego terrestre se afrouxará, e diminuirá, dia a dia, o mal que existe em nós.

O Amor (ahimsâ ) não é simples e grosseiro como se pin‑ta. Não fazer mal a nenhum ser vivo faz parte, sem dúvida, do Amor. Mas é seu aspecto menor. O princípio do Amor é ferido por qualquer pensamento mau, por toda pressa injus‑tificada, pela mentira, pelo ódio, pelo fato de desejar‑se mal a quem quer que seja. É violado, ainda, quando guardamos para nós aquilo de que o mundo precisa. E o mundo precisa até do que comemos diáriamente! No lugar que ocupamos, há milhões de micro‑organismos a que pertence esse lugar e que nossa presença faz sofrer. Que fazer então? Suicidar‑nos? Não é solução, pois admitimos que o espírito, enquanto estiver apegado à carne, se forma novo corpo cada vez que o

Mahatma Gandhi (1869‑1948)

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antigo é destruído. Só nos libertaremos do corpo quando não tivermos mais nenhum apego. Esta libertação de todo apego é a realização de Deus como Verdade, mas não pode ser atin‑gida apressadamente. O corpo não nos pertence. Enquanto durar, temos que servir‑nos dele como de um instrumento que nos foi confiado e do qual somos responsáveis. Considerando assim o que pertence à carne, temos esperança de libertar‑nos um dia do fardo do corpo. Compreendendo as limitações a que está sujeita a carne, devemos esforçar‑nos diariamente para o ideal, com toda a força que houver em nós.

O que acabamos de dizer faz‑nos compreender que, sem Amor, é impossível procurar e achar a Verdade. O Amor e a Verdade estão tão intimamente entrelaçados que é impossível desembaraça‑los e separá‑los. São como as duas faces de uma medalha, ou antes, de um disco metálico sem gravação algu‑ma. Quem poderá dizer qual o verso e o anverso?

Não obstante, o Amor é o meio, a Verdade é o fim. Os meios, para o serem de fato, devem ficar sempre ao nosso al‑cance: por isso o Amor é nosso dever supremo. Se cuidarmos dos meios, estamos certos de que, cedo ou tarde, atingiremos o fim. E quando tivermos bem compreendido isto, não haverá mais dúvida quanto à vitória final. Quaisquer que sejam as dificuldades que nos embatam, quaisquer que sejam as derro‑tas aparentes que nos firam, não nos é permitido abandonar a busca da Verdade, que é a única que É, pois ela é DEUS mesmo.

A não‑violência completa é a ausência completa do mal‑querer a tudo o que vive. A não‑violência sob forma ativa é a boa vontade para com tudo o que vive: é a perfeição do amor.

E a religião do Amor consiste em permitir aos outros o máximo de vantagens, ao preço do maximo de inconvenientes para nós, e mesmo ao risco de nossa vida.1

1 Cfr. Jesus: “Amai‑vos uns aos outros tanto quanto eu vos amei”; e Ele nos amou ao preço, de Sua vida !...

O Mahatma Gandhi, acompanhado de seus discípulos e amigos, encaminha‑se à prisão para mais uma vez provar com o sofrimento pessoal o seu amor pelos compatriotas.

O CENTRO ESPÍRITA(do Livro Dramas da Obsessão)

Bezerra de Menezes

Um centro espírita onde as vibrações dos seus fre‑qüentadores, encarnados ou desencarnados, irradiem de mentes respeitosas, de corações fervorosos, de aspirações elevadas; onde a palavra emitida jamais se desloque para futilidades e depreciações; onde, em vez do gargalhar di‑vertido, se pratique a prece; em vez do estrépito de acla‑mações e louvores indébitos se emitam forças telepáticas à procura de inspirações felizes; e ainda onde, em vez de cerimônias ou passatempos mundanos, cogite o adepto da comunhão mental com os seus mortos amados ou os seus guias espirituais; um centro assim, fiel observador dos dis‑positivos recomendados de início pelos organizadores da filosofia espírita, será detentor da confiança da espiritua‑lidade esclarecida, a qual o elevará à dependência de or‑ganizações modelares do Espaço, realizando‑se então, em seus recintos, sublimes empreendimentos, que honrarão os seus dirigentes dos dois planos da Vida. Somente esses, portanto, serão registrados no Além‑Túmulo como casas beneficentes, ou templos do Amor e da Fraternidade, aba‑lizados para as melindrosas experiências espíritas, porque os demais, ou seja, aqueles que se desviam para normas ou práticas extravagantes ou inapropriadas, serão, no Espaço, considerados meros clubes onde se aglomeram aprendizes do espiritismo em horas de lazer.

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Na cura pelos passes, sendo estes uma transmissão de fluidos de um organismo para outro, compreende‑se perfei‑tamente bem que é necessário que esses fluidos sejam bons, suaves, limpos, estimulantes e puros, para que produzam efei‑tos salutares.

Referindo‑se à preparação para trabalhos de efeitos físi‑cos eis como André Luiz se manifesta:

Alguns encarnados, como habitualmente acontece, não tomavam a sério a responsabilidade do assunto e traziam consigo emanações tóxicas, oriundas da nicotina, da carne e aperitivos, além das formas de pensamentos menos adequa‑dos à tarefa que o grupo devia realizar.

Como se vê, ele demonstra que a carne é alimento tão tóxico e desaconselhável quanto o fumo ou o álcool.

E não se trata de uma opinião pessoal, mas, sim, da indi‑cação de efeitos reais observados diretamente do lado de lá, por observador altamente credenciado.

Isto exige que os operadores encarnados, tanto quanto possível, tenham boa saúde, sejam sóbrios na alimentação, no vestuário, nos costumes e altamente moralizados; que eli‑minem vícios, evitem tóxicos, inclusive os provindos de seus próprios organismos e aprendam a dominar suas emoções, para evitar a perda inútil de energia fluídica, mormente as do campo sexual, pois que um sistema nervoso esgotado ou desequilibrado, impedirá a emissão e a livre movimentação de fluidos curativos e levará o operador a uma condição de hipersensibilidade que o exporá a vários e sérios riscos.

Realmente, sempre que houver excesso de sensibilidade, por parte do doente ou do operador, haverá possibilidade mais am‑pla de permuta de fluidos bons e maus, sendo comuns os casos de transmissão de fluidos mórbidos do doente para o operador e vice‑versa. Este último, além dos fluidos de cura, transmitirá com os passes, toxinas orgânicas ou medicamentosas e ainda mais: produtos vindos da esfera moral, de suas próprias paixões inferio-res que, porventura, constituam sua natural tonalidade vibratória.

São muito comuns os casos de doentes submetidos a passes dados por servidores sinceros e de boa vontade que, todavia, sen‑tem, após a aplicação, inexplicável agravação de seus males, ou o acréscimo de novos, acompanhados de visível mal‑estar que, justamente, resultam dessas impurezas a que nos referimos.

Para dar passes, pois, não basta a boa vontade; é necessá‑rio também que o operador preencha uma série de condições físicas e psíquicas, tendentes à purificação de corpo e espírito. Conquanto seja certo que a boa vontade e o desejo evangélico de servir assegurem ao operador um grande coeficiente de assistên‑cia espiritual superior, todavia, a preparação judiciosa, pela puri‑ficação própria, aumentará grandemente a eficiência do trabalho e o volume da colheita.

No plano invisível, em suas colônias, recolhimentos, hospi-tais e abrigos provisórios, os passes são dados ampla e sistema-

ticamente, porém, sempre executados por operadores seleciona-dos, verdadeiros técnicos, profundos conhecedores do assunto, tanto na teoria como na prática.

Eis o que diz Emmanuel, o querido irmão maior, ao qual já devemos tão preciosa colaboração no campo da literatura espírita:

Meu amigo, o passe é transfusão de energias fisiopsíqui‑cas, operação de boa vontade, dentro da qual o compa‑nheiro do bem cede de si mesmo em teu benefício.Se a moléstia, a tristeza e a amargura são remanescen‑tes de nossas imperfeições, enganos e excessos, importa considerar que, no serviço do passe, as tuas melhoras resultam da troca de elementos vivos e atuantes.Trazem detritos e aflições e alguém te confere recur‑sos novos e bálsamos reconfortantes.No clima da prova e da angústia, és portador da necessidade e do sofrimento.Na esfera da prece e do amor, um amigo se converte no instrumento da Infinita Bondade, para que rece‑bas remédio e assistência.Ajuda o trabalho de socorro a ti mesmo com o esforço da limpeza interna.Esquece os males que te apoquentam, desculpa as ofensas de criaturas que te não compreendem, foge ao desânimo destrutivo e enche‑te de simpatia e entendimento para com todos os que te cercam.O mal é sempre a ignorância e a ignorância reclama perdão e auxílio para que se desfaça, em favor da nossa própria tranqüilidade.Se pretendes, pois, guardar as vantagens do passe que, em substância, é ato sublime de fraternidade cristã, purifica o sentimento e o raciocínio, o cora‑ção e o cérebro.Ninguém deita alimento indispensável em vaso impuro.Não abuses, sobretudo daqueles que te auxiliam.Não tomes o lugar do verdadeiro necessitado, tão só porque os teus caprichos e melindres pessoais estejam feridos.O passe exprime também gasto de forças e não deves provocar o dispêndio de energias do Alto, com infantilidades e ninharias.Se necessitas de semelhante intervenção, recolhe‑te à boa vontade, centraliza a tua expectativa nas fontes celestes do suprimento divino, humilha‑te, conservando a receptividade edificante, inflama o teu coração na confiança positiva e, recordando que alguém vai arcar com o peso de tuas aflições, retifica o teu caminho, considerando igualmente o sacrifício incessante de Jesus por nós todos, porque, de confor‑midade com as letras sagradas Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e lavou as nossas doenças.1

É evidente que esta frase final se refere àqueles que se aproveitaram dos benefícios e espiritualmente se modificaram.

1 Transcrito de Segue‑me!..., ditado pelo espírito Emmanuel, psicografia de Francisco C. Xavier, Ed. O Clarim.

Passes e Radiações ‑ Edgard Armond

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É preciso que se dê mais importância à leitura do Evangelho. E, no entanto, abandona‑se esta divina obra;faz‑se dela uma palavra vazia, uma mensagem cifrada. Relega‑se este admirável código moral ao esquecimento.

5. Reconciliai‑vos o mais depressa possível com o vosso adversário, enquanto estiver‑des com ele a caminho, para que não suceda que vosso adversário vos entregue ao juiz, e que o juiz vos leve ao ministro da justiça, e que sejais colocado na prisão. Em verdade vos digo que não saireis de lá enquanto não houverdes pago até o último ceitil.1 (MateuS, 5:25 e 26).

6. Na prática do perdão, assim como na prática do bem, há mais do que um efeito moral; há também um efeito material. Sabemos que a morte não nos livra dos nossos inimigos, pois os espíritos vingativos muitas vezes perseguem com o seu ódio aqueles contra os quais guardam rancor. Por isso, o provérbio que diz: “Morta a cobra, foi‑se o veneno” é falso quando aplicado ao homem. O espírito mau espera que aquele a quem odeia reencarne, e esteja nova‑mente preso ao corpo, para atormentá‑lo mais fa‑cilmente, prejudicando‑o em seus interesses ou em suas mais caras afeições. Essa é a origem da maior parte dos casos de obsessão, principalmente os que apresentam uma certa gravidade, como a subjuga‑ção e a possessão. Assim, o obsediado e o possesso são quase sempre vítimas de uma vingança que provavelmente foi motivada por uma má conduta em vida anterior. Deus permite essa situação como uma punição pelo mal que fizeram, ou, se não o fizeram, por lhes ter faltado indulgência e caridade para perdoar.

Assim, para que possamos desfrutar de tran‑quilidade na vida futura, é importante que repare‑mos o quanto antes os erros cometidos com relação ao nosso próximo, e perdoemos os nossos inimigos, a fim de que, antes de morrer, não exista mais ne‑nhum motivo de discórdia, nada que depois possa justificar rancores. Dessa forma, de um inimigo im‑placável neste mundo, podemos fazer um amigo no outro, ou pelo menos ficamos com a justiça do nosso lado, pois Deus não nos deixa expostos à vingança.

Quando Jesus recomenda que nos reconcilie‑mos o mais depressa possível com nosso adver‑sário, não é apenas com a intenção de apaziguar discórdias durante a existência atual, mas com o propósito de evitar que elas se perpetuem em existências futuras. “Não saireis de lá”, diz Ele, “enquanto não hou‑verdes pago até o último ceitil”, ou seja, enquanto não houverdes prestado contas com a justiça de Deus.1 Ceitil: Menor parte de uma moeda, semelhante ao centavo.

O Evangelho Segundo o EspiritismoCapítulo 8

“Bem‑aventurados os puros de coração”.