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Universidade de Brasılia
Instituto de Ciencias Exatas
Departamento de Matematica
Grupos Soluveis Finitos com
Condicoes de Permutabilidade
para seus Subgrupos Subnormais
por
Aline de Souza Lima
Brasılia
2005
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Agradecimentos
A Deus, pelo dom da vida, pelo conhecimento e por me permitir mais essa conquista.
A minha mae, Maria Abadia, pelo apoio e pelo exemplo de luta e serenidade.
A minha irma, Joselaine, pela compreensao e amizade.
Aos meus amigos, Allan, Daniel, Fausto, Fernando, Letıcia, Marina, Raquel, Ricardo
e Willian, pelos momentos de alegria, companheirismo e trocas de conhecimento.
Ao Jhone e a Sandra, que como irmaos estiveram presentes em todos os momentos de
alegrias e tristezas, dando apoio e estımulo.
Aos professores, Claudiney, Douglas, Fatima, Flavio, Gecirley, Iron, Jaqueline, Jose
Alfredo, Luciana, Lucio, Marta, Ruy, Sonia e Tonires, por me ensinar que nao so o
conhecimento cientıfico, mas tambem valores e atitudes sao importantes para a formacao
de um professor.
Ao professor Ivan pela colaboracao para o termino deste.
Ao meu orientador professor Rudolf Maier, pela escolha do tema e pela ajuda na
construcao do meu conhecimento.
Aos professores do Departamento de Matematica da UNB e a todos os funcionarios,
pela prestatividade e paciencia que sempre demonstraram.
Ao CNPq/Capes, pelo suporte financeiro.
· · · Pedi e lhe sera dado; buscai, e achareis;
batei, e lhe sera aberto. Lucas 11,9.
Ao meu pai, Jose Antonio de Souza
( in memoriam ).
Resumo
Nesse trabalho realizamos um estudo dos grupos soluveis finitos nos quais as relacoes
de normalidade, permutabilidade e Sylow - permutabilidade sao transitivas, apresen-
tando diversas caracterizacoes destes grupos. Nosso estudo esta baseado nos trabalhos de
Robinson [13], [14], [15], Agrawal [1] e Beidleman - Brewster - Robinson [4].
Abstract
In this work we realize a study of the finite soluble groups in which the relations
of normality, permutability and Sylow - permutability are transitive, presenting diverse
characterizations of these groups. Our study is based on the papers of Robinson [13], [14],
[15], Agrawal [1] and Beidleman - Brewster - Robinson [4].
Sumario
Lista de Sımbolos 1
Introducao 3
Nota Historica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Apresentacao do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1 Preliminares 6
1.1 Definicoes e Resultados Basicos da Teoria dos Grupos . . . . . . . . . . . . 6
1.2 Grupos Supersoluveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2 Caracterizacao dos T, PT e PST - grupos Soluveis 18
2.1 Definicoes e Resultados Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.2 PST - grupos Soluveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.3 PT - grupos Soluveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.4 T - grupos Soluveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.5 A diferenca entre PT - grupos e T - grupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3 Caracterizacoes Locais dos PT e T - grupos soluveis 34
3.1 Propriedade Xp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.2 Propriedade Cp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.3 Pronormalidade e os T - grupos Soluveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Referencias Bibliograficas 47
7
Lista de Sımbolos
G, H, · · · Conjuntos, grupos e subgrupos
x, y, z, · · · Elementos de um conjunto
xα ou xα Imagem de x por α
xy y−1xy O conjugado do elemento x por y
[x, y] x−1y−1xy O comutador dos elementos x e y
[x, kg] = [x, g, g, · · · , g︸ ︷︷ ︸k vezes
] Comutador de x com g, k vezes
H ∼= G H e isomorfo a G
H ≤ G, H < G H e um subgrupo, um subgrupo proprio de um grupo G.
H � G, H / G H e um subgrupo normal, H um subgrupo normal proprio
de G
H � � G H e um subgrupo subnormal de G
H1H2 · · ·Hn Produto de subconjuntos ou de subgrupos de um grupo
〈Xλ/λ ∈ Λ〉 Subgrupo gerado por subconjuntos Xλ de um grupo
〈X/R〉 Grupo apresentado por geradores X e relacoes R
〈x〉 Grupo gerado por um elemento x
W ∼= G W e isomorfo a G
|H| Ordem do subgrupo H
|G : H| Indice do subgrupo H no grupo G
|x| Ordem do elemento x
CG(H), NG(H) Centralizador, normalizador de H em G
Z(G) Centro de G
HG, HG Fecho normal, nucleo normal de H em G
Aut(G) Grupo dos automorfismos de G
H1 × · · · ×Hn Produto direto de grupos
G′ = [G, G] Subgrupo derivado de um grupo G
G(n) n− esimo termo da serie derivada de G
γn(G) n− esimo termo da serie central inferior de G
Zn(G) n− esimo termo da serie central superior de G
γ∗(G) Hipercomutador do grupo G
Z∗(G) Hipercentro do grupo G
F (G) Subgrupo de Fitting de G
φ(G) Subgrupo de Frattini de G
Op(G) p− subgrupo normal maximal de G
π(G) Conjunto dos primos que dividem a ordem de G
J(P ) Subgrupo de Thompson de G
Introducao
Nos ultimos anos, nos trabalhos de varios autores, foi difundido o interesse por criterios
para a transitividade de propriedades locais de subgrupos como normalidade, permutabil-
idade e Sylow - permutabilidade. Muitas caracterısticas estruturais de grupos que satis-
fazem essas propriedades foram descobertas. Realizamos uma investigacao na qual reg-
istramos resultados importantes dentro dessa teoria. Muitos deles devido a Agrawal, R.
K.; Gaschutz, W.; Robinson, D. J. S. e Zacher, G..
Nota Historica
Dizemos que um subgrupo H de um grupo G e subnormal se existe uma serie
H = H0 ≤ H1 ≤ · · · ≤ Hn = G, onde Hi � Hi+1, i = 0, 1, · · · , n − 1. Um grupo G e um
T - grupo se H � � G implica que H � G, ou seja, todo subgrupo subnormal de G e
normal. O primeiro resultado referente ao estudo de T - grupos e devido a R. Dedekind
[6], em 1896, que determinou todos os grupos finitos nos quais todo subgrupo e normal.
Resultado este estendido por R. Baer [2] para grupos infinitos. A determinacao dos
T - grupos finitos ocorreu quando Dedekind buscava determinar os corpos dos numeros
algebricos com a propriedade que todo subcorpo e normal. Hoje grupos com todos seus
subgrupos normais sao chamados grupos de Dedekind. Eles sao abelianos ou o produto
direto de um grupo quaternio de ordem 8 e um grupo abeliano sem elementos de ordem
4.
A primeira mencao explıcita de T - grupos na literatura esta no documento de E. Best
e O. Tausshy [5] de 1942. Eles mostram que qualquer grupo com subgrupos de Sylow
3
cıclicos e um T - grupo. Subsequentemente, G. Zacher [19] caracterizou os T - grupos
soluveis por meio da propriedade Torre de Sylow. O teorema que traz a estrutura precisa
dos T - grupos soluveis foi demonstrado por W. Gaschutz [7] em 1957.
Um subgrupo H de um grupo G e dito permutavel se HK = KH para todo
K ≤ G. Como generalizacao deste conceito, temos que H e S-permutavel se HP = PH
para todos subgrupos de Sylow P de G. Dizemos que um grupo G e um PT - grupo
se a permutabilidade e uma relacao transitiva em G, ou seja, se H e um subgrupo per-
mutavel em K, e K e um subgrupo permutavel em G, entao H e permutavel em G.
Analogamente, G e um PST - grupo se a S-permutabilidade e transitiva em G. De acordo
com um conhecido teorema de O. Ore [11], subgrupos permutaveis sao subnormais. Logo,
PT - grupos sao precisamente os grupos nos quais cada subgrupo subnormal e permutavel.
A estrutura dos PT - grupos soluveis foi determinada por Zacher [18] em 1964.
Um resultado semelhante ao dos PT - grupos para PST - grupos foi estabelecido
por O. Kegel [9] em 1962, mostrando que todo subgrupo S - permutavel e subnormal.
Portanto, um grupo e um PST - grupo se, e somente se, todo subgrupo subnormal e
S-permutavel. A estrutura dos PST - grupos soluveis foi determinada por R. Agrawal [1]
em 1975.
Apartir das caracterizacoes feitas por Gaschutz, Zacher e Agrawal dos T , PT e PST
- grupos, respectivamente, varios outros autores como Robinson, Ballester - Bolinches e
Esteban - Romero, dentre outros, em trabalhos recentes, trazem resultados interessantes
com caracterizacoes dos T , PT e PST - grupos atraves de propriedades locais dos grupos.
Apresentacao do Trabalho
Esta dissertacao tem como objetivo principal realizar um estudo dos grupos finitos
nos quais as relacoes de normalidade, permutabilidade e Sylow - permutabilidade sao
transitivas. Este estudo esta baseado nos trabalhos de Robinson [13], [14], [15], Agrawal
[1] e Beidleman - Brewster - Robinson [4].
No primeiro capıtulo, sao introduzidos conceitos basicos da teoria dos grupos,
resultados conhecidos como a lei modular de Dedekind e o teorema do isomorfismo, alem
4
das definicoes e resultados importantes sobre solubilidade e nilpotencia. Finalizamos o
capıtulo com alguns resultados sobre grupos supersoluveis.
O segundo capıtulo apresenta novos conceitos e resultados acerca de subgrupos
permutaveis. O principal trabalho aqui e demonstrar os teoremas de Agrawal, Zacher
e Gaschutz, que caracterizam os T , PT e PST - grupos, respectivamente. O capıtulo e
concluıdo com uma discussao sobre as diferencas entre os T e PT - grupos.
O terceiro e ultimo capıtulo introduz as propriedades locais Xp, Cp e a pronormalidade.
Sao apresentados resultados que estabelecem criterios para grupos finitos satisfazerem tais
propriedades. Apartir desses criterios conseguimos caracterizar os T , PT e PST - grupos,
e ainda estabelecer relacoes entre as propriedades locais.
5
Capıtulo 1
Preliminares
Neste capıtulo apresentamos algumas das definicoes e conceitos basicos relacionados
com a teoria dos grupos, que sao necessarios para um bom entendimento do nosso tra-
balho. Desempenhando papel importante temos alguns resultados sobre grupos soluveis,
nilpotentes e supersoluveis. Apresentamos a demonstracao de varios destes resultados e
para aqueles mais conhecidos trazemos apenas seus enunciados, ja que suas demonstracoes
podem facilmente ser encontradas em [14], [17] e [16].
1.1 Definicoes e Resultados Basicos da Teoria dos
Grupos
Teorema 1.1.1 (Lei de Dedekind). Sejam H, K e L subgrupos de um grupo G com
H ≤ L. Entao HK ∩ L = H(K ∩ L).
Demonstracao: Seja x ∈ HK ∩ L, entao x = hk onde h ∈ H e k ∈ K. Como H ≤ L,
h, h−1 pertencem a L e h−1x = k ∈ L, vale que k ∈ K ∩ L, ou seja, x = hk onde h ∈ H e
k ∈ K ∩ L. Portanto, x ∈ H(K ∩ L). Consequentemente, temos HK ∩ L ⊆ H(K ∩ L).
Agora seja y ∈ H(K ∩ L). Entao y = hx onde h ∈ H e x ∈ K ∩ L. Como H ≤ L, h e
x pertencem a L, entao y pertence a L. E ainda, h ∈ H e x ∈ K, logo y = hx ∈ HK.
Portanto y ∈ HK ∩ L e temos H(K ∩ L) ⊆ HK ∩ L.
6
�
Definicao 1.1.1. Um subgrupo H de um grupo G e chamado caracterıstico em G, se
ϕ(H) = H para todo automorfismo ϕ de G.
Lema 1.1.1. Se H e caracterıstico em K e K e normal em G, entao H e normal em G.
Demonstracao: Seja a ∈ G e seja ϕ : G → G o automorfismo conjugacao por a. Como
K � G, ϕ restrito a K, ϕ|K , e um automorfismo de K; como H e caracterıstico em K,
ϕ|K(H) ≤ H. Isso diz que se h ∈ H, entao aha−1 = ϕ(h) ∈ H.
�
Teorema 1.1.2 (isomorfismo). Sejam G um grupo, H ≤ G e N � G. Entao valem:
(i) 〈H, N〉 = HN = NH;
(ii) N � HN , H ∩N � H;
(iii) HNN
∼= HH∩N
;
(iv) |N : N ∩H| = |HN : H|;(v) Se N e H sao subgrupos normais em G e N ≤ H, entao H
N� G
Ne
( GN
)
(HN
)∼= G
H.
Demonstracao: Veja [17], pag. 42. �
Definicao 1.1.2. Um automorfismo de um grupo G que deixa todo subgrupo invariante
e chamado um automorfismo de potencia.
Podemos observar que o conjunto dos automorfismos de potencia de G e um subgrupo
do grupo de automorfismos de G e o denotaremos por P (G).
Teorema 1.1.3. Se A e um grupo abeliano finito e α e um automorfismo de potencia de
A, entao existe um inteiro positivo m tal que aα = am para todo a ∈ A.
Demonstracao: Veja [7], pag. 88. �
7
Definicao 1.1.3. Se H e um subgrupo de um grupo G, um subgrupo K e chamado um
complemento de H em G se podemos escrever G = HK onde H ∩K = 1
Definicao 1.1.4. Seja G um grupo finito. Um subgrupo de Hall de G e um subgrupo
H cuja ordem e o indıce em G sao relativamente primos, ou seja, (|H|, |G : H|) = 1.
Teorema 1.1.4 (Schur - Zassenhaus - Feit - Thompsom). Seja N um subgrupo
normal de um grupo finito G. Suponha que N e um subgrupo de Hall de G. Entao,
N possui complemento em G e quaisquer dois deles sao conjugados.
Demonstracao: Veja [14], pag. 253 �
Definicao 1.1.5. Seja H subgrupo de um grupo G. O nucleo normal de H em G, de-
notado por HG, e definido como o subgrupo gerado pelos subgrupos normais de G contidos
em H.
Com essa definicao podemos escrever o nucleo normal de um grupo G tambem da
forma HG =⋂g∈G
g−1Hg. Claramente, HG e normal em G.
Definicao 1.1.6. Um subgrupo normal H de um grupo G e normal minimal se H 6= 1
e nao existe subgrupo normal K de G com 1 < K < H.
Seja G um grupo. Dizemos que H/K e um fator principal de G se H/K e um
subgrupo normal minimal de G/K. E H e um subgrupo maximal de G se 1 ≤ H < G
e nao existe subgrupo proprio de G contendo H. O proximo teorema exibe uma relacao
entre subgrupos maximais e fatores principais.
Teorema 1.1.5. Seja G um grupo. Assuma que G = HA onde H e um subgrupo proprio
e A e um subgrupo abeliano normal de G. Entao H e um subgrupo maximal em G se, e
somente se, AH∩A
e um fator principal de G. Tambem |G : H| = |A : H ∩ A|.
Demonstracao: Note que H ∩ A � H e H ∩ A � A pois A e abeliano. Assim,
H ∩ A � HA = G.
Assuma que H e um subgrupo maximal em G. Se existe L ≤ A tal que H ∩ A < L
e L � G, temos que G = HL pois L 6≤ H. Logo, pela lei de Dedekind, vale que
8
A = (HL) ∩ A = (H ∩ A)L = L. Portanto, AH∩A
e um fator principal de G. Recip-
rocamente, suponha que AH∩A
e um fator principal de G. Seja K um subgrupo de G tal
que H < K ≤ G. Novamente, pela lei de Dedekind, K = K ∩ (HA) = H(K ∩ A) > H.
Entao, H ∩ A < K ∩ A � G e consequentemente A = K ∩ A e G = K, o que mostra que
H e um subgrupo maximal em G.
�
Grupos Soluveis
Seja G um grupo. Uma serie subnormal de G e uma cadeia de subgrupos,
1 = G0 ≤ G1 ≤ · · · ≤ Gn = G, onde Gi � Gi+1 para 0 ≤ i ≤ n − 1. Se Gi+1/Gi e
abeliano para todo 0 ≤ i ≤ n− 1, entao tal serie e denominada abeliana.
Um grupo G e dito soluvel se possui uma serie subnormal abeliana.
Como exemplos importantes e conhecidos podemos citar:
(i) Todo grupo abeliano e soluvel;
(ii) Os grupos simetricos Sn, n ≤ 4 sao soluveis;
(iii) Os grupos Sn, n ≥ 5 nao sao soluveis;
(iv) Todo p - grupo finito e soluvel.
Podemos ainda definir grupo soluvel atraves da serie derivada: Sejam G um grupo e
G′ = [G, G] = 〈x−1y−1xy : x, y ∈ G〉 (o grupo comutador de G). A serie dos subgrupos
G(0) = G, G(1) = [G, G], · · · , G(n) = [G(n−1), G(n−1)], · · · onde n ≥ 1 e chamada serie
derivada de G.
Logo, um grupo G e soluvel se, e somente se, existe um inteiro r ≥ 0 tal que G(r) = 1.
Se Gr−1 > Gr = 1, entao r e o comprimento derivado de G.
Proposicao 1.1.1. Subgrupos, imagens homomorficas e produtos diretos (de um numero
finito) de grupos soluveis sao soluveis.
Observacao 1.1.1. Seja G um grupo. Se N e um subgrupo normal de G, entao G e
soluvel se, e somente se, N e G/N sao soluveis.
9
Definicao 1.1.7. Dizemos que um grupo soluvel com comprimento derivado igual a 2 e
metabeliano.
Teorema 1.1.6. Se G e um grupo finito soluvel, entao todo subgrupo normal minimal e
abeliano elementar.
Demonstracao: Seja V um subgrupo normal minimal de G. Como V ′ e caracterıstico
em V , pelo lema 1.1.1, V ′ = 1 ou V ′ = V , mas V e soluvel, logo V ′ = 1 e V e abeliano.
Entao um p-subgrupo de Sylow P de V , para qualquer primo p, e caracterıstico em V .
Portanto V e um p-grupo abeliano. Mas {x ∈ V : xp = 1} e caracterıstico em V , e assim
V e abeliano elementar.
�
Teorema 1.1.7. Um grupo finito G que nao tem subgrupos caracterısticos diferentes de
G e 1 e simples ou e o produto direto de grupos simples isomorfos.
Demonstracao: Escolha um subgrupo normal minimal nao trivial H de G. Escreva
H = H1, e considere todos os subgrupos de G da forma H1 × H2 × . . . × Hn, onde
n ≥ 1, Hi � G e Hi∼= H. Seja M um desses subgrupos de maior ordem possıvel.
Mostraremos que M = G utilizando o fato que M e caracterıstico em G. Para isso e
suficiente mostrar que ϕ(Hi) ≤ M para todo i e todo automorfismo ϕ de G. E claro que
ϕ(Hi) ∼= H = H1, ϕ ∈ Aut(G) e assim temos ϕ(Hi) � G. Se a ∈ G entao a = ϕ(b) para
algum b ∈ G, e aϕ(Hi)a−1 = ϕ(b)ϕ(Hi)ϕ(b)−1 ≤ ϕ(Hi), pois Hi � G. Se ϕ(Hi) 6≤ M ,
entao ϕ(Hi) ∩M < ϕ(Hi) e |ϕ(Hi) ∩M | < |ϕ(Hi)| = |H|. Mas ϕ(Hi) ∩M � G, e assim,
pela minimalidade de H, ϕ(Hi) ∩ M = 1. Logo o subgrupo 〈M, ϕ(Hi)〉 = M × ϕ(Hi) e
do mesmo tipo de M mas de maior ordem, uma contradicao. Entao M e caracterıstico
em G e, por hipotese, M = G. E finalmente H = Hi tem que ser simples. Suponha que
N e um subgrupo normal nao trivial de H, entao N e um subgrupo normal de M = G, e
isso contradiz a minimalidade de H.
�
10
Corolario 1.1.1. Um subgrupo normal minimal H de um grupo finito G e simples ou e
o produto direto de subgrupos simples isomorfos.
Demonstracao: Se N e um subgrupo caracterıstico de H entao N � G, logo N = 1 ou
N = H. Portanto H nao tem subgrupos caracterısticos proprios, e o resultado segue do
teorema acima.
�
Observacao 1.1.2. Com esse corolario e o teorema 1.1.6 temos que um grupo simples
finito e soluvel se, e somente se, ele e cıclico de ordem prima.
Grupos Nilpotentes
Dizemos que um grupo G e nilpotente se G possui uma serie subnormal
1 = G0 ≤ G1 ≤ · · · ≤ Gn = G tal que Gi+1/Gi ≤ Z(G/Gi) para i = 0, 1, 2, · · · , n− 1
Teorema 1.1.8. Todo p - grupo finito e nilpotente.
Demonstracao: Seja G um grupo tal que |G| = pn. Como G > 1, sabemos que
Z(G) > 1. Coloquemos G0 = 1, G1 = Z(G). Se Gk � G ja foi definido, definamos Gk+1
por Gk+1/Gk = Z(G/Gk). Como G/Gk e um p - grupo finito teremos que se G/Gk > 1,
entao Gk+1/Gk = Z(G/Gk) > 1 e daı Gk < Gk+1 � G. Depois de (no maximo) n passos
temos 1 = G0 ≤ G1 ≤ · · · ≤ Gn−1 ≤ Gn = G, com Gk � G e Gk/Gk−1 = Z(G/Gk−1)
k = 1, · · · , n. Portanto G e nilpotente de classe ≤ n.
�
Proposicao 1.1.2. Subgrupos, imagens homomorficas e produtos diretos finitos de grupos
nilpotentes tambem sao nilpotentes.
Observamos que todo grupo nilpotente e soluvel, mas em geral um grupo soluvel nao
e nilpotente. Como exemplo temos o grupo S3 que e soluvel e tem centro trivial.
11
Observacao 1.1.3. Podemos definir a serie central superior de G da forma
1 = Z0(G) ≤ Z1(G) ≤ · · · ≤ Zi(G) ≤ · · · , onde 1 = Z0(G), Z1(G) = Z(G),Z2(G)Z1(G)
= Z( GZ1(G)
), · · · , Zi(G)Zi−1(G)
= Z( GZi−1(G)
), · · · . Esta serie nao atinge o grupo G
necessariamnete, mas se G e finito a serie termina em um grupo chamado hipercentro
de G, que denotaremos por Z∗(G).
E a serie central inferior de G como G = γ1(G) ≥ γ2(G) ≥ · · · ≥ γj(G) ≥ · · · ,onde γ1(G) = G, γ2(G) = [G, G], γ3(G) = [G, γ2(G)], · · · , γs+1(G) = [G, γs(G)], · · · .
Se G e um grupo nilpotente, existem n e r inteiros positivos tal que Zn(G) = G e
γr+1(G) = 1.
Teorema 1.1.9. Seja G um grupo nilpotente. Suponha que N e um subgrupo normal nao
trivial de G. Entao Z(G) ∩N 6= 1.
Demonstracao: Seja 1 = Z0(G) ≤ Z1(G) ≤ · · · ≤ Zn(G) = G a serie central superior
de G, onde Z1(G) = Z(G). Suponha que Z(G) ∩N = 1. Seja i o menor numero tal que
N contem um elemento x 6= 1 de Zi(G). Como x ∈ N e N � G, decorre que [G, x] ≤ N .
Por outro lado [G, x] ≤ Zi−1(G). Pela minimalidade de i, decorre que [G, x] = 1. Entao
x ∈ Z(G).
�
Teorema 1.1.10. Seja G um grupo finito. Entao, G e nilpotente se, e somente se, G e
o produto direto de seus subgrupos de Sylow.
Demonstracao: Veja [16], pag. 116 �
Definicao 1.1.8. O subgrupo F (G) gerado por todos os subgrupos normais nilpotentes de
um grupo G e chamado o subgrupo de Fitting de G.
Definicao 1.1.9. O subgrupo de Frattini de um grupo G, denotado por Φ(G), e a
intersecao de todos os subgrupos maximais de G. Se G nao possui subgrupos maximais,
entao Φ(G) = G.
12
Observacao 1.1.4. O subgrupo de Frattini de um grupo G tambem pode ser visto como
o conjunto dos elementos nao geradores de G, ou seja, se x ∈ Φ(G) e M ⊆ G e tal que
〈x, M〉 = G, entao 〈M〉 = G.
Teorema 1.1.11. Seja G um grupo finito. Entao G/Φ(G) e nilpotente se, e somente se,
G e nilpotente.
Demonstracao: Sejam p um primo e P um p - subgrupo de Sylow de G, temos que
PΦ(G)/Φ(G) � G/Φ(G). Considere em G o subgrupo N = PΦ(G). Temos, pelo argu-
mento de Frattini, que G = NNG(P ) = PΦ(G)NG(P ) = Φ(G)NG(P ). Mas Φ(G) e o
conjunto dos elementos nao geradores de G, entao G = NG(P ) e P e normal em G. Pelo
teorema 1.1.10, vemos que G e nilpotente. Observe que a recıproca do teorema segue da
proposicao 1.1.2
�
Dizemos que um grupo finito G e p - nilpotente, onde p e um primo, se ele tem um
p′ - subgrupo de Hall normal. Observemos que todo grupo nilpotente finito e p - nilpotente.
Reciprocamente, um grupo finito que e p - nilpotente para todo primo p, e nilpotente. Um
dos resultados mais conhecidos sobre p - nilpotencia e devido a Burnside e sua demon-
stracao pode ser encontrada em [14] (pag. 289). Apresentamos este resultado no teorema
abaixo.
Teorema 1.1.12 (Criterio de Burnside). Se para algum primo p um p - subgrupo de
Sylow de um grupo finito G esta no centro de seu normalizador, entao G e p - nilpotente.
1.2 Grupos Supersoluveis
Um grupo G e dito supersoluvel se existe uma serie 1 = G0 ≤ G1 ≤ · · · ≤ Gn = G,
com Gi � G e tal que Gi/Gi−1 e cıclico para cada i, 0 ≤ i ≤ n.
Podemos observar que todo grupo supersoluvel e soluvel. E o grupo alternado A4 e
um exemplo de grupo soluvel que nao e supersoluvel.
13
Proposicao 1.2.1. Subgrupos, imagens homomorficas e produtos diretos (de um numero
finito) de grupos supersoluveis sao tambem supersoluveis.
Demonstracao: Seja G um grupo supersoluvel. Entao existe uma serie
1 = G0 ≤ G1 ≤ · · · ≤ Gn = G tal que Gi � G e Gi+1
Gie cıclico para todo i.
Vamos mostrar que se H ≤ G, entao H e supersoluvel. Considere a serie
1 = H0 ≤ H ∩G1 ≤ H ∩G2 ≤ · · · ≤ H ∩Gn = H (I).
Temos que H∩Gi�H. Logo (I) e uma serie normal de H. Pelo teorema do isomorfismo
1.1.2, vale:
H ∩Gi+1
H ∩Gi
=H ∩Gi+1
(H ∩Gi+1) ∩Gi
∼=Gi(H ∩Gi+1)
Gi
≤ Gi+1
Gi
Como Gi+1
Gie cıclico para todo i, segue que H∩Gi+1
H∩Gie um grupo cıclico. Portanto H
tem um serie normal onde os quocientes sao cıclicos, ou seja, H e supersoluvel.
Agora, seja N um subgrupo normal de G. Mostraremos que G/N e supersoluvel.
Seja Ni = NGi e considere
NN≤ NG1
N≤ NG2
N≤ · · · ≤ NGn−1
N≤ NGn
N= G
N(II)
Temos que NGi � NG para todo i, logo a serie (II) e normal em GN
. Alem disto, pelo
teorema 1.1.2, vemos que
NGi+1/N
NGi/N∼=
NGi+1
NGi
=(NGi)Gi+1
NGi
∼=Gi+1
Gi+1 ∩NGi
=Gi+1
(Gi+1 ∩NGi)Gi
∼=Gi+1/Gi
(Gi+1 ∩N)Gi/Gi
que e cıclico. Logo, G/N e supersoluvel pois tem um serie normal onde os quocientes sao
cıclicos.
Finalmente, para provar que o produto direto de um numero finito de grupos super-
soluveis e supersoluvel, e suficiente considerar o caso de dois fatores. Sejam H e K grupos
e sejam 1 = H0 ≤ H1 ≤ · · · ≤ Hm = H e 1 = K0 ≤ K1 ≤ · · · ≤ Km = K series normais
onde os quocientes sao cıclicos. Entao:
1 = H0 ×K0 ≤ H1 ×K0 ≤ · · · ≤ Hm ×K0 ≤ Hm ×K1 ≤ · · · ≤ Hm ×Kn = H ×K
14
e uma serie normal de H ×K onde os quocientes sao cıclicos. Portanto H ×K e super-
soluvel. �
Observacao 1.2.1. Seja G um grupo finito supersoluvel. Se N e um subgrupo normal
minimal de G, entao |N | = p, onde p e um numero primo.
Proposicao 1.2.2. Seja G um grupo finito supersoluvel. Se P e um p - subgrupo de
Sylow de G, onde p e o maior primo que divide a ordem de G, entao P e um subgrupo
caracterıstico de G.
Demonstracao: Seja G um contra - exemplo de ordem mınima. Seja N um subgrupo
normal minimal de G. Pela observacao 1.2.1, |N | = q, onde q e um numero primo.
Temos que PN/N e um p - subgrupo de Sylow de G/N e, como |G/N | < |G|, segue pela
minimalidade da ordem de G, que PN � G. Alem disso, P e um p - subgrupo de Sylow
de PN . Podemos entao considerar dois casos:
1o Caso: p = q. Pelo Teorema de Sylow PN = P e assim P � G, o que implica que P e
caracterıstico em G, uma contradicao.
2o Caso: Consideramos p 6= q. Neste caso, novamente pelo Teorema de Sylow,
|PN : NPN(P )| ≡ 1 (mod p), onde NPN(P ) e o normalizador de P em PN , isto e,
|PN : NPN(P )| = 1 + kp. Ainda, |PN : NPN(P )| = |N | = q. Como por hipotese temos
p > q, segue que, k = 0. Logo P � PN , o que implica que P e caracterıstico em PN .
Portanto, pelo lema 1.1.1, P e normal em G e conseqentemente, caracterıstico em G, uma
contradicao.
�
Podemos observar, com esta proposicao, que se G e um grupo supersoluvel, entao G
possui uma torre de Sylow. Ou seja, para todo subgrupo normal N de G, o p - subgrupo
de Sylow de G/N e normal quando p denota o maior primo dividindo a ordem de G/N .
Particularmente, G e q - nilpotente, quando q e o menor primo que divide a ordem de G.
Observacao 1.2.2. Sejam G um grupo, N, M � G. Se GN
e GM
sao grupos supersoluveis.
Entao GN∩M
e supersoluvel.
15
Teorema 1.2.1. Se todo subgrupo maximal de um grupo finito G e supersoluvel, entao G
e soluvel.
Demonstracao: Suponha que G nao e soluvel e seja p o menor primo dividindo a ordem
de G. Se G e p - nilpotente, entao Op′(G) 6= G pois Op′(G) e maximal em G e Op′(G) e
supersoluvel. Como G/Op′(G) e um p - grupo, a solubilidade de G segue. Portanto, G
nao e p - nilpotente. Em outras palavras, um subgrupo H maximal em G e supersoluvel
e portanto p - nilpotente. Seja P um p - subgrupo de Sylow de G. Temos que HOp′ (H)
e
nilpotente, pois H e p - nilpotente, e HH∩P
e nilpotente enquanto P ∩Op′(H) = 1. Assim,
H e nilpotente. Logo, todo subgrupo maximal de G e nilpotente e consequentemente G
e soluvel.
�
Teorema 1.2.2. Um subgrupo maximal de um grupo supersoluvel tem ındice primo.
Demonstracao: Sejam G um grupo supersoluvel e M um subgrupo maximal de G.
Temos que G e soluvel e M 6= G, logo existe um maior inteiro i tal que para o i - esimo
termo da serie derivada de G, temos A = G(i) 6≤ M . Entao A′ ≤ M e M/A′ e maximal
em G/A′. Sem perda de generalidade podemos assumir que A′ = 1 e A e abeliano. Como
M e maximal, G = MA. Entao, pelo teorema 1.1.5, A e minimal normal em G. Como
|G : M | = |A|, o resultado segue da observacao 1.2.1.
�
Mencionaremos a seguir o famoso Teorema de Huppert, onde a recıproca do teorema
acima tambem e verdadeira.
Teorema 1.2.3 (huppert). Um grupo finito G e supersoluvel se, e somente se, todo
subgrupo maximal de G tem ındice primo.
Demonstracao: Veja [14], pag. 276 �
Outro resultado importante e o seguinte:
16
Teorema 1.2.4. Se G e um grupo supersoluvel, entao G′ e nilpotente.
Demonstracao: Veja [14], pag. 151 �
17
Capıtulo 2
Caracterizacao dos T, PT e PST -
grupos Soluveis
Neste capıtulo apresentamos os resultados que caracterizam os T , PT e PST - grupos
soluveis finitos. Estes resultados foram estabelecidos por W. Gaschutz [7], G. Zacher [18]
e R.K. Agrawal [1], respectivamente. Para tanto introduzimos os conceitos de grupos
permutaveis e grupos S-permutaveis, e demonstramos alguns resultados referentes a estes
grupos. Na segunda secao deste capıtulo, demonstramos o teorema de Agrawal. Para a
demonstracao dos teoremas de Gaschutz e Zacher, nas terceira e quarta secoes, fazemos
uso dos resultados obtidos sobre PST - grupos. E por fim, na quinta secao, identificamos
a diferenca entre as estruturas dos PT e T - grupos e demonstramos um resultado que
diz quando um PT - grupo e um T - grupo.
2.1 Definicoes e Resultados Preliminares
Seja G um grupo. Dois subgrupos H e K de G permutam se HK = KH. E se
um subgrupo H permuta com todos os subgrupos de G dizemos que H e permutavel
em G. Como uma generalizacao desse conceito, se H permuta com todos os subgrupos
de Sylow de G, H e chamado S-permutavel. Em [9], Kegel mostra que um subgrupo
18
S-permutavel e tambem um subgrupo subnormal.
Estudaremos apartir de agora em que estruturas de grupos a permutabilidade e a
normalidade sao relacoes transitivas.
Um grupo onde a S-permutabilidade e transitiva e chamado de PST - grupo. Ou
ainda, de acordo com Kegel [9], um grupo G e um PST - grupo se, e somente se, todo
subgrupo subnormal de G e S-permutavel em G.
Ja um grupo onde a permutabilidade e uma relacao transitiva e chamado de
PT - grupo. De maneira semelhante, dizemos que um grupo G e um PT - grupo se,
e somente se, todo subgrupo subnormal de G e permutavel em G.
Finalmente, dizemos que um grupo G e um T - grupo se todo subgrupo subnormal de
G e normal em G.
Sejam T , PT e PST as classes correspondentes aos grupos definidos acima. Clara-
mente percebemos que T ⊆ PT ⊆ PST . Adiante mencionaremos alguns resultados onde
alguma dessas inclusoes pode inverter.
Lema 2.1.1. Se H ≤ K ≤ G e H e S-permutavel em G, entao H e S-permutavel em K.
Demonstracao: Seja P1 um p - subgrupo de Sylow de K. Pelo teorema de Sylow P1 ≤ P ,
onde P e um p - subgrupo de Sylow de G e P ∩ K = P1. Logo pela Lei de Dedekind,
teorema 1.1.1, temos
HP1 = H(P ∩K) = HP ∩K = PH ∩K = (P ∩K)H = P1H.
Portanto H e S-permutavel em K.
�
Lema 2.1.2. Um subgrupo subnormal de um PST - grupo e tambem um PST - grupo.
Mas um subgrupo nao subnormal de um PST - grupo nao e necessariamente um
PST - grupo.
Demonstracao: Seja G um PST - grupo e H um subgrupo subnormal de G. Seja K
um subgrupo de G subnormal em H. Logo, K e subnormal em G, o que implica que
19
K e S-permutavel em G. Pelo lema 2.1.1, K e S-permutavel em H. Portanto, H e
PST - grupo.
�
Expomos aqui o grupo A5 como exemplo de um PST - grupo, pois ele e simples,ou
seja, nao possui subgrupos normais proprios. O subgrupo A4, nao subnormal em A5, nao
e um PST - grupo. Percebemos que o grupo A5 tambem e PT e T - grupo, e da mesma
forma o subgrupo A4 nao satisfaz as condicoes para ser um PT ou T - grupo.
Mencionamos que, em grupos soluveis, as propriedades T , PT e PST sao herdadas
por subgrupos. Este fato esta demonstrado adiante neste trabalho.
Lema 2.1.3. Um grupo quociente de um PST - grupo e um PST - grupo.
Demonstracao: Sejam G um PST - grupo e N um subgrupo normal de G. Temos que
todo subgrupo de Sylow de G/N e da forma PN/N , onde P e um subgrupo de Sylow
de G. Seja H/N um subgrupo subnormal de G/N . Como H e subnormal em G, temos
(PN)H = PH = HPH(PN). Logo (H/N)(PN/N) = (PN/N)(H/N). Portanto G/N e
um PST - grupo.
�
Proposicao 2.1.1. Se G1 e G2 sao dois PST - grupos e (|G1|, |G2|) = 1, entao
G = G1 ×G2 e tambem um PST - grupo.
Demonstracao: Sejam H um subgrupo subnormal de G = G1×G2 e Gp um p - subgrupo
de Sylow de G. Para provar que G e um PST - grupo temos que mostrar que H e Gp
comutam.
Como (|G1|, |G2|) = 1 temos G1 ∩ G2 = 1. Observe que (H ∩ G1) × (H ∩ G2) ⊆ H.
Agora, seja h ∈ H . Entao h ∈ G e h = (g1, g2) com g1 ∈ G1 e g2 ∈ G2. Temos que G1
e G2 sao finitos, logo existe n inteiro positivo tal que gn1 = 1 e hn = (1, gn
2 ) ∈ H. Como
H e um subgrupo, temos que hn(hn−1)−1 = (1, g2) ∈ H. Analogamente, g1 pertence a H.
Portanto, g1 ∈ (H ∩ G1) e g2 ∈ (H ∩ G2) e assim h ∈ (H ∩ G1) × (H ∩ G2). Podemos
entao escrever H = (H ∩G1)× (H ∩G2).
20
Agora vamos assumir sem perda de generalidade que Gp ≤ G1. Como H e subnormal
em G, existe uma serie subnormal H = H0 � H1 � · · · � Hn = G. Fazendo a intersecao
com G1 obtemos H ∩ G1 = H0 ∩ G1 � H1 ∩ G1 � · · · � Hn ∩ G1 = G ∩ G1 = G1. Logo
H ∩ G1 e subnormal em G1 e como G1 e um PST - grupo temos que H ∩ G1 permuta
com Gp.
Alem disto, seja x ∈ G1 e y ∈ G2 e considere o elemento xyx−1y−1. Observe que
xyx−1y−1 = (xyx−1)y−1 = yx−1y−1 ∈ G2, mas por outro lado temos que
xyx−1y−1 = x(yx−1y−1) = x(x−1)y−1 ∈ G1. Entao xyx−1y−1 ∈ G1 ∩ G2 = 1, o que
implica que xy = yx para todos x ∈ G1 e y ∈ G2. Logo G2 centraliza G1 e entao H ∩G2
centraliza Gp.
Portanto, H = (H ∩G1)× (H ∩G2) permuta com Gp. Isto prova a proposicao.
�
No resultado acima a condicao que (|G1|, |G2|) = 1 e necessaria. O seguinte exemplo
mostra isto
Exemplo 2.1.1. Sejam G1 = S3 = 〈x, y|x3 = y2 = 1, yx = x2y〉 e G2 = 〈z|z3 = 1〉. Entao
〈xz〉 e subnormal em G1×G2. Mas como 〈xz〉 nao permuta com 〈y〉, nao e S - permutavel
em G1 ×G2. Portanto, G1 ×G2 nao e um PST - grupo.
Observacao 2.1.1. Note que os grupos nilpotentes sao PST - grupos, mas nao sao
necessariamente PT - grupos.
2.2 PST - grupos Soluveis
Nesta secao apresentamos a caracterizacao dos PST - grupos soluveis, a qual foi
estabelecida de forma conclusiva por R.K. Agrawal [1], em 1975. Antes de demonstrar
o principal teorema referente a essa caracterizacao, introduzimos dois resultados prelim-
inares importantes.
Lema 2.2.1. Seja G um PST - grupo. Se N e um subgrupo normal minimal soluvel de
G, entao a ordem de N e um primo.
21
Demonstracao: Como N e um subgrupo normal minimal soluvel de G, vale que |N | = pn
para algum primo p, onde n e um inteiro positivo. Logo, todo subgrupo de N e subnormal
em G e portanto S-permutavel em G.
Seja Gp qualquer p - subgrupo de Sylow de G. Entao N e um subgrupo normal de Gp
e N ∩ Z(Gp) 6= 1, conforme o teorema 1.1.9. Seja g um elemento nao trivial pertencente
a N ∩ Z(Gp). Logo 〈g〉 e um subgrupo subnormal em G e portanto S-permutavel.
Seja q primo tal que q 6= p. Como 〈g〉 ≤ Gp entao 〈g〉 ∩ Gq = 1 e 〈g〉Gq ≤ G. Logo
〈g〉 e subnormal em 〈g〉Gq. Disto e do fato que 〈g〉 e um p - subgrupo de Sylow de 〈g〉Gq,
obtemos que 〈g〉 e normal em 〈g〉Gq, para todo q 6= p. Por outro lado 〈g〉 e normal em
Gp, pois 〈g〉 ≤ Z(Gp). Portanto, 〈g〉 e normal em G. Pela minimalidade de N temos que
N = 〈g〉 e assim |N | = p.
�
Teorema 2.2.1. Um PST - grupo soluvel e supersoluvel.
Demonstracao: Usamos inducao sobre a ordem de G. Seja N um subgrupo normal
minimal de G. Como G/N e um PST - grupo soluvel, G/N e supersoluvel por inducao.
Mas pelo lema 2.2.1, |N | e um primo e assim G e supersoluvel. �
O proximo teorema apresenta a estrutura dos PST - grupos soluveis determinada por
R.K. Agrawal [1], em 1975.
Teorema 2.2.2. Seja G um PST - grupo soluvel e γ∗(G) seu subgrupo hipercomu-
tador (o menor subgrupo normal de G tal que G/γ∗(G) e nilpotente). Entao
(i) γ∗(G) e um subgrupo de Hall de G de ordem impar, e
(ii) todo subgrupo de γ∗(G) e normal em G.
Neste caso em particular, γ∗(G) e abeliano.
Observacao 2.2.1. Note que todo complemento de γ∗(G) em G e nilpotente.
Demonstracao: Suponha que G e um contra exemplo de ordem mınima tal que G e
um PST - grupo soluvel mas nao satisfaz (i). Temos que G e supersoluvel, logo G′ e
22
nilpotente. Segue que γ∗(G) e nilpotente, pois γ∗(G) ≤ G′. Como G e 2 - nilpotente,
γ∗(G) tem ordem impar. Analizemos, agora, tres possibilidades quanto ao numero de
primos que dividem a ordem de γ∗(G).
1o caso: Suponha que dois primos distintos, p e q, dividem a ordem de γ∗(G). Sejam
P e Q os p - subgrupo e q - subgrupo de Sylow de γ∗(G), respectivamente. Como γ∗(G)
e nilpotente, P e Q sao normais em γ∗(G), logo sao caracterısticos em γ∗(G). Portanto
P e Q sao normais em G. Pelo lema 2.1.3, G/P e G/Q sao PST - grupos e ainda, pela
minimalidade da ordem de G, a propriedade (i) vale. Entao, γ∗(G/P ) e um subgrupo
de Hall de G/P . Como γ∗(G/P ) = γ∗(G)P/P = γ∗(G)/P temos que γ∗(G)/P e um
subgrupo de Hall de G/P , onde q divide a ordem de γ∗(G)/P . Logo q nao divide a ordem
de G/γ∗(G). Analogamente, γ∗(G)/Q e um subgrupo de Hall de G/Q e p nao divide
a ordem de G/γ∗(G). Portanto, se existirem mais primos dividindo a ordem de γ∗(G),
indutivamente, temos que γ∗(G) e um subgrupo de Hall de G.
2o caso: Suponha que γ∗(G) e um p - grupo, ou seja, |γ∗(G)| = ps, onde s e um inteiro
positivo. Considere N um subgrupo normal minimal de G com N ≤ γ∗(G). Como G e
supersoluvel, |N | = p. Pela minimalidade da ordem de G, a propriedade (i) vale em G/N ,
ou seja, γ∗(G/N) e um subgrupo de Hall de G/N . Mas γ∗(G/N) = γ∗(G)N/N = γ∗(G)/N .
Logo, (|G/γ∗(G)|, |γ∗(G)/N |) = 1. Se N < γ∗(G), entao p divide a ordem de γ∗(G)/N
mas nao divide a ordem de G/γ∗(G). Segue que (|G/γ∗(G)|, |γ∗(G)|) = 1. Portanto γ∗(G)
e um subgrupo de Hall de G.
Resta - nos o
3o caso: Considere que |γ∗(G)| = p. Em outras palavras, que γ∗(G) = N e um subgrupo
normal minimal de G. Suponha que γ∗(G) ≤ Φ(G). Entao G/Φ(G) e nilpotente, e pelo
teorema 1.1.11, G e nilpotente. Absurdo. Entao γ∗(G) 6≤ Φ(G), por consequencia existe
um complemento M para γ∗(G) em G o qual nao e normal. Se p divide a ordem de
M existe um subgrupo normal Y de M , de ordem p, e portanto central em M . Entao
T = Y γ∗(G) e um subgrupo abeliano elementar de G do tipo (p, p), e Y e um fator
central em G = γ∗(G)M . Como γ∗(G) nao e central em G, existe um primo q 6= p e
um q - subgrupo de Sylow Q de G que nao centraliza γ∗(G). Seja W um subgrupo de
T de ordem p com γ∗(G) 6= W 6= Y . Como W e subnormal em G, W permuta com Q.
Logo WQ ≤ G e W � WQ, ou seja, Q normaliza W . Daı, temos os Q - isomorfismos
23
γ∗(G) ∼=Q T/W ∼=Q Y . Como Y e centralizado por Q e γ∗(G) nao e, p nao pode dividir a
ordem de M e γ∗(G) e um subgrupo de Hall de G.
Agora vamos mostrar que todo subgrupo de γ∗(G) e normal em G. Claramente, basta
mostrar que todo subgrupo cıclico de γ∗(G) e normal em G. Para tanto, note que todos
os subgrupos de γ∗(G) sao subnormais em γ∗(G), e portanto sao subnormais em G. Logo,
sao S-permutaveis, ou seja, permutam com todos os subgrupos de Sylow de G. Seja M
um complemento de γ∗(G) em G. Temos que M e nilpotente e assim sendo, M e o produto
direto de seus subgrupos de Sylow, que sao tambem subgrupos de Sylow de G. Seja 〈c〉um subgrupo cıclico de γ∗(G). Dado que 〈c〉 permuta com M e (| 〈c〉 |, |M |) = 1, vale
que 〈c〉 e normalizado por M . Como M e um complemento arbitrario de γ∗(G) em G,
temos que 〈c〉 e normalizado por todos os conjugados de M . Portanto, 〈c〉 e normal em
MG. Mas o fecho normal de M em G e normal em G e GMG e nilpotente o que e uma
contradicao com a definicao de γ∗(G). Portanto, temos MG = G e 〈c〉 e normal em G.
�
Observe que a condicao (ii) do teorema acima nos diz que os elementos de G induzem
automorfismo de potencia em γ∗(G).
O proximo teorema da condicoes suficientes para um grupo G ser um PST - grupo.
Mesmo nao exigindo que G seja soluvel.
Teorema 2.2.3. Suponha que o grupo G tem um subgrupo de Hall normal N tal que:
(i) G/N e um PST - grupo, e
(ii) Todo subgrupo subnormal de N e normal em G.
Entao G e um PST - grupo.
Demonstracao: Seja H um subgrupo subnormal de G. Temos entao que mostrar que
H e S-permutavel em G. Suponha que G e um grupo de menor ordem tal que vale (i) e
(ii) mas nao e um PST - grupo
Considere primeiramente o caso K = N ∩H 6= 1. Como H e subnormal em G existe
uma serie subnormal H � H0 � · · · � Hn = G. Fazendo a intersecao com N obtemos a
serie H ∩N � H0 ∩N � · · ·� Hn ∩N = N . Portanto, K e subnormal em N e por (ii) e
normal em G. Logo, G/K e um PST - grupo e H/K e subnormal em G/K e portanto
24
S-permutavel em G/K. Segue que H e S-permutavel em G.
Agora suponha que N ∩H = 1. Pelo teorema de Schur - Zassenhaus 1.1.4, N tem um
complemento em G e todos os complementos sao conjugados. Seja M um complemento
de N em G. Entao M e um PST - grupo. Como H e subnormal em G e (|N |, |M |) = 1
temos que H = (H ∩M)(H ∩N). Mas H ∩N = 1, assim H = H ∩M . Isto significa que
H ≤ M . Portanto, todo complemento M de N em G e um PST - grupo que contem H
e sendo (|N |, |M |) = 1, temos tambem (|H|, |N |) = 1.
Considere o subgrupo HN . Como H e subnormal em HN e (|H|, |N |) = 1, segue que
H e caracterıstico em HN . Portanto, H permuta com todos os subgrupos de Sylow de
N . Sejam p um divisor primo da ordem de G e Gp um p - subgrupo de Sylow de G. Se
p divide a ordem de N , entao Gp ≤ N e assim HGp = GpH. Em outras palavras, se p
nao divide a ordem de N , entao existe um complemento L de N em G tal que Gp ≤ L.
Como H e um subgrupo subnormal de L e L e um PST - grupo, os subgrupos H e Gp
permutam. Portanto H e S - permutavel em G. Isto prova o teorema.
�
Uma consequencia do teorema acima que mostra que as condicoes (i) e (ii) do teorema
2.2.2 nao sao somente necessarias mas sao tambem suficientes e o
Corolario 2.2.1. Se o grupo G tem um subgrupo de Hall normal N tal que:
(i) G/N e um PST - grupo soluvel, e
(ii) N e soluvel e todos os seus subgrupos subnormais sao normais em G.
Entao G e um PST - grupo soluvel.
Demonstracao: Como G/N e N sao soluveis, G e soluvel. Portanto, pelo teorema 2.2.3,
G e um PST - grupo soluvel.
�
Observacao 2.2.2. A condicao (i) do corolario 2.2.1 e automaticamente satisfeita se o
grupo quociente e nilpotente.
Corolario 2.2.2. Seja G um PST - grupo soluvel. Entao seus subgrupos sao tambem
PST - grupos soluveis.
25
Demonstracao: Seja K um subgrupo de G e considere K ∩ γ∗(G). Segue, pelo teorema
2.2.2, que K ∩ γ∗(G) e um subgrupo de Hall normal em K e seus subgrupos subnormais
sao normais em K. Temos tambem que γ∗(G)Kγ∗(G)
∼= KK∩γ∗(G)
, e como Gγ∗(G)
e nilpotente, entaoK
K∩γ∗(G)e nilpotente. Portanto, K
K∩γ∗(G)e um PST - grupo soluvel. Ainda, K ∩ γ∗(G)
e soluvel e todos os seus subgrupos subnormais sao normais em K. Pelo corolario 2.2.1,
segue que K e um PST - grupo soluvel.
�
2.3 PT - grupos Soluveis
O primeiro teorema desta secao caracteriza os PT - grupos soluveis, ele foi estabelecido
por G. Zacher [18]. Antes de apresentar este resultado observamos que um p - grupo ou
um grupo nilpotente e modular se seus subgrupos sao permutaveis. Demonstramos esse
resultado utilizando o teorema 2.2.2.
Teorema 2.3.1. Um grupo soluvel G e um PT - grupo se, e somente se, ele tem um
subgrupo de Hall normal abeliano L de ordem impar tal que G/L e um grupo modular
nilpotente e os elementos de G induzem automorfismos de potencia em L.
Demonstracao: Suponha que o grupo G e um PT - grupo soluvel. Temos que G e um
PST - grupo soluvel. Faca L = γ∗(G). Portanto, pelo teorema 2.2.2, L e um subgrupo de
Hall abeliano normal em G de ordem impar, e os elementos de G induzem automorfismos
de potencia em L. Resta-nos entao mostrar que G/L e modular. Mas como G/L e
nilpotente e todo subgrupo de G/L e permutavel, entao G/L e modular.
�
A condicao de suficiencia do teorema acima segue do proximo resultado, apesar de
nao exigirmos a solubilidade do grupo G.
26
Lema 2.3.1. Seja N um subgrupo de Hall normal de um grupo G e assuma que valem:
(i) G/N e um PT - grupo, e
(ii) todo subgrupo subnormal de N e normal em G
Entao G e um PT - grupo.
Demonstracao: Seja H um subgrupo subnormal de G. Temos que mostrar que H e
permutavel em G. Considere o subgrupo H ∩ N , e suponha que H ∩ N 6= 1. Suponha,
ainda, que G seja o grupo de menor ordem tal que valem (i) e (ii) mas nao seja um PT
- grupo. Temos que H ∩N e subnormal em N , logo pelo item (ii), H ∩N e normal em
G. Entao, HH∩N
e permutavel em GH∩N
, pela minimalidade da ordem de G. Segue que H
e permutavel em G.
Agora suponha que H ∩ N = 1. Pelo teorema 1.1.4, N tem um complemento em G
e todos os complementos sao conjugados. Seja M qualquer complemento de N em G.
Entao M e um PT - grupo. Como H e subnormal em G e (|N |, |M |) = 1, podemos
escrever H = (H ∩N)(H ∩M). Mas H ∩N = 1 e assim H = H ∩M . Isto significa que
H e um subgrupo de M . Portanto todo complemento de N em G e um PT - grupo e
contem H.
E suficiente mostrar que H permuta com qualquer subgrupo T de G de ordem pn,
onde p e um primo e n e um inteiro positivo. Se p divide a ordem de N , entao T ≤ N .
Considere o subgrupo HN . Temos que H e subnormal em HN e (|H|, |N |) = 1. Segue
entao que H e caracterıstico em HN . Logo, H e normal em HN e H permuta com T .
Assuma agora que p nao divide a ordem de N . Entao T esta contido em algum conjugado
de M ; digamos Mx, onde x ∈ G. Pelo item (i), Mx e um PT - grupo e H ≤ Mx, assim
H permuta com T e o resultado segue.
�
O proximo corolario da caracterısticas interessantes para os PT - grupos soluveis.
Corolario 2.3.1. Seja G um PT - grupo soluvel. Entao as seguintes afirmacoes valem:
(i) G e metabeliano.
(ii) O subgrupo de Fitting de G, F (G), e igual a γ∗(G)× Z∗(G).
(iii) Se H e um subgrupo de G, entao H e um PT - grupo soluvel.
27
(iv) Se G′ ∩ Z(G) = 1, entao G e um T - grupo. Em particular se Z(G) = 1, entao G e
um T - grupo.
Demonstracao: Faca L = γ∗(G). Pelo teorema 2.3.1, L e abeliano e tem um comple-
mento B, em G. Entao, G′ = LB′ e G′′ = [L, B′]. Mas [L, B′] ≤ L, visto que B induz
automorfismo de potencia em L, e [L, B′] ≤ B. Portanto G′′ = [L, B′] = 1. Isto estabelece
(i).
Seja π = π(G/L) e note que L e um π′ - subgrupo de Hall abeliano de F (G). Portanto,
temos F (G) = L × Fπ. Agora, [Fπ,i G] ≤ Fπ ∩ L = 1, para algum i, o que significa que
Fπ ≤ Z∗(G). Tambem note que γ∗(G) ∩ Z∗(G) = 1, pois do contrario γ∗(G) ∩ Z(G) 6= 1,
o que e uma contradicao com a definicao de γ∗(G). Portanto, Fπ = Z∗(G) e (ii) esta
demonstrado.
Seja H um subgrupo de G e considere o subgrupo H ∩ L. Temos, pelo teorema
2.3.1, que H ∩ L e um subgrupo de Hall abeliano normal em H e tem ordem impar.
Consequentemente, HH∩L
∼= HLL
e um grupo modular nilpotente e todos os subgrupos
subnormais de H ∩L sao normais em H. Portanto, pelo lema 2.3.1, H e um PT - grupo.
Finalmente, assuma que G′ ∩ Z(G) = 1. Pelos itens (i) e (ii), temos que
L ≤ G′ ≤ L×Z∗(G). Assim G′ = L e G/L e abeliano. Portanto, G e um T - grupo, pelo
lema 2.4.1. Logo (iv), segue.
�
Observemos que o item (iv) do corolario acima nao e verdadeiro para PT - grupos
nao soluveis.
Exemplo 2.3.1. Existe um PT - grupo G nao soluvel com centro trivial o qual nao e
um T - grupo. Seja D = PSL8(25). Entao D tem um automorfismo diagonal σ de
ordem 8, e um automorfismo α de um corpo de ordem 2. Coloque Q = 〈σ, α〉 e note que
σα = σ5 = σ1+4. Portanto Q e um 2 - grupo modular de ordem 16.
Seja G o produto semidireto de D por Q. Entao G e semisimples. Seja H um subgrupo
subnormal nao trivial de G. Entao D ≤ H, e H e permutavel em G pois G/D e um PT
- grupo. Assim, G e um PT - grupo com centro trivial, mas nao e um T - grupo pois Q
nao e.
28
2.4 T - grupos Soluveis
A estrutura dos T - grupos soluveis foi estabelecida por W. Gaschutz, em 1957, atraves
do seguinte resultado:
Teorema 2.4.1. Um grupo G e um T - grupo soluvel se, e somente se, ele tem um
subgrupo de Hall abeliano normal L de ordem impar tal que G/L e um grupo de Dedekind
e os elementos de G induzem automorfismos de potencia em L.
Demonstracao: Como G e um T - grupo soluvel, entao G e um PT - grupo soluvel e
pelo teorema 2.3.1, L = γ∗(G) e um subgrupo de Hall abeliano normal de ordem impar
de G. Alem disto G/L e um grupo modular nilpotente e os elementos de G induzem
automorfismos de potencia em L. Basta entao mostrar que G/L e um grupo de Dedekind.
Temos que G/L e um T - grupo. Como ele e nilpotente todos os seus subgrupos sao
subnormais e portanto normais. Entao G/L e um grupo de Dedekind. Observe que
L = γ∗(G) = γ3(G) = [G′, G].
�
Como no caso dos PT - grupos soluveis a condicao de suficiencia do teorema acima
segue do proximo lema.
Lema 2.4.1. Seja N um subgrupo de Hall normal de um grupo G e assuma que vale:
(i) G/N e um T - grupo, e
(ii) todo subgrupo subnormal de N e normal em G
Entao G e um T - grupo.
Demonstracao: Seja H um subgrupo subnormal de G. Mostraremos que H e normal em
G. Podemos assumir, sem perda de generalidade, que H � K � G. Como H e subnormal
em G, temos que H ∩N e subnormal em N . Logo, pelo item (ii), H ∩N e normal em G.
Assim, passando o quociente modulo H ∩N , podemos supor que H ∩N = 1. Isto implica
que |H| e |N | sao relativamente primos.Considere o subgrupo HN e seja M = K ∩HN .
Pela Lei de Dedekind temos M = K ∩ HN = H(K ∩ N). Entao, M e normal em G
pois HN e normal em G, pelo item (i). Tambem H e normal em M . Portanto, se π e o
29
conjunto de todos os primos divisores de |G : N |, entao H e o unico π - subgrupo de Hall
de M . Isto mostra que H e caracterıstico em M e normal em G.
�
Construindo T - grupos Soluveis Finitos
Seja A um grupo abeliano finito de ordem impar, e seja B um grupo de Dedekind finito
cuja ordem e relativamente prima com a ordem de A. Alem disto, existe um homomorfismo
θ : B → P (A) com a propriedade de que para cada primo p dividindo a ordem de A,
existe um elemento bp de B tal que bθp age trivialmente sobre os p - componentes de A.
Agora forme o produto semidireto G(A, B, θ). Obviamente esse produto semidireto e um
grupo soluvel finito. Para ver que ele e um T - grupo basta fazer A = N no lema 2.4.1.
Observe tambem, pelo teorema 2.4.1, que todo T - grupo soluvel finito e isomorfo
com algum G(A, B, θ). Note que se G = G(A, B, θ), temos por construcao A = [A, G] e
A = γ3(G).
Em geral, um subgrupo de um T - grupo nao e necessariamente um T - grupo. Por
exemplo, A5 e simples, assim ele e certamente um T - grupo. Mas A5 tem um subgrupo
isomorfo a A4 que nao e um T - grupo. Contudo, a situacao e diferente para T - grupos
soluveis finitos.
Teorema 2.4.2 (Gaschutz). Um subgrupo de um T - grupo soluvel e um T - grupo.
Demonstracao: Seja L = γ∗(G) e seja H um subgrupo de G. Sabemos, pelo teorema
2.4.1, que |L| e |G : L| sao relativamente primos, o que implica que |H ∩L| e |H : H ∩L|sao relativamente primos. Tambem, pelo teorema do isomorfismo, H
H∩L∼= HL
L≤ G
L, logo
HH∩L
e isomorfo a um subgrupo de um grupo de Dedekind e e certamente um T - grupo.
Subgrupos de H ∩ L sao normais em G, e portanto em H. Assim, H e um T - grupo
como consequencia do lema 2.4.1.
�
Teorema 2.4.3. Um grupo finito com subgrupos de Sylow cıclicos e um T - grupo soluvel.
30
Demonstracao: Este resultado segue do lema 2.4.1 e de um resultado devido a Holder,
Burnside e Zassenhaus ([14], pag - 290), que diz que um grupo cujos subgrupos de Sylow
sao cıclicos e uma extensao cıclica de um grupo cıclico. Grupos com esta propriedade sao
chamados metacıclicos.
�
2.5 A diferenca entre PT - grupos e T - grupos
Podemos observar que todo T - grupo e um PT - grupo e ainda que os teoremas de
Zacher e Gaschutz mostram que as estruturas dos PT - grupos e T - grupos soluveis sao
bastante similares. Percebemos nos teoremas 2.3.1 e 2.4.1 uma unica diferenca no grupo
quociente G/L.
Antes de mencionar o teorema que mostra essa diferenca entre os T e PT - grupos,
enunciamos um resultado importante que utilizamos na sua demonstracao.
Teorema 2.5.1 (Maier - Schmid). Se Q e um subgrupo permutavel de um grupo finito
G, entao QG/QG esta contido no hipercentro Z∞(G/QG) de G/QG.
A demosntracao deste teorema pode ser encontrado em [10]. Finalmente, o resultado
seguinte mostra que a diferenca entre T - grupos e PT - grupos acontece nos fatores
abelianos.
Teorema 2.5.2. Seja G um PT - grupo. Entao G e um T - grupo se, e somente se, para
cada fator subnormal abeliano elementar HK
de ordem p2, com p um primo,NG( H
K)
CG( HK
)e um
p′ - grupo.
Demonstracao: Assuma que G e um T - grupo e seja HK
um fator subnormal abeliano
elementar de ordem p2. Como HK
e subnormal, H e subnormal em G e portanto normal.
Logo H e K sao normais em G e cada p - elemento x de G age trivialmente sobre HK
, poisHK
e p - grupo abeliano elementar e x fixa todo subgrupo de HK
. Logo os p - elementos de
G estao no CG(HK
) e entaoNG( H
K)
CG( HK
)e um p′ - grupo.
31
Agora, inversamente, considere G o grupo de menor ordem onde as condicoes do
teorema valem mas G nao e um T - grupo. Pela hipotese existe um subgrupo H de
ordem mınima que e subnormal nao normal em G. Seja HG o nucleo normal de H em
G. Pela minimalidade da ordem de G, HG = 1. Portanto, como H e permutavel, pelo
teorema de Maier - Schmid, H ≤ Z∗(G). Usando a minimalidade da ordem de H, vemos
que H e um p - grupo cıclico; digamos H = 〈u〉. Como HG = 1, temos que |H| = p.
Agora os p′ - elementos de G normalizam, e portanto centralizam H, pois H ≤ Z∗(G).
Consequentemente, existe um p - elemento x tal que v = [u, x] 6= 1. Tambem Z(G) 6= 1,
visto que HZ(G)Z(G)
e G - central. Portanto, v ∈ Z(G) e como vp = [up, x] = 1, vale que
〈u, v〉 = 〈u〉 × 〈v〉. Temos que x age nao trivialmente sobre 〈u〉 × 〈v〉, pois nao normaliza
〈u〉. Agora, 〈u, v〉 ≤ Z∗(G), e como Z∗(G) e normal em G, 〈u〉 × 〈v〉 e subnormal em G
com ordem p2. Mas isto contradiz a hipotese. Portanto, G e um T - grupo.
�
No proximo resultado mostramos que um PT - grupo soluvel pode ser imerso no
produto direto de um grupo modular nilpotente com um T - grupo.
Teorema 2.5.3. O grupo G e um PT - grupo soluvel se, e somente se, existe um grupo
modular nilpotente M e um T - grupo soluvel W tal que:
(i) (|M |, |γ∗(W )|) = 1;
(ii) Existe um monomorfismo α : G → M × W com Gα subdireto em M × W e
γ∗(W ) ≤ Gα;
(iii) Se p e um divisor primo de (|M |, |W |), entao um p - subgrupo de Sylow de G e
isomorfo a um p - subgrupo de Sylow de M .
Demonstracao: Primeiramente, assuma que G e um PT - grupo soluvel e coloque
L = γ∗(G). Pelo teorema 2.3.1, L e um subgrupo de Hall abeliano de G, G/L e um grupo
modular nilpotente e os elementos de G agem por conjugacao sobre L como automorfismos
de potencia. Alem disto, pelo corolario 2.3.1, temos F (G) = L×K onde K e o hipercentro
de G.
Coloque M = G/L e W = G/K. Como Z(W ) = Z(G/Z∗(G)) = 1, pelo item (iv) do
corolario 2.3.1, W e um T - grupo. Agora γ∗(W ) = LK/K ∼= L, pois (|K|, |L|) = 1, e
32
assim (|γ∗(W )|, |M |) = 1. Portanto, (i) esta estabelecido.
A atribuicao g 7→ (gL, gK) e uma imersao subdireta α de G sobre M × W . Alem
disso, γ∗(W ) = {(1, gK)/g ∈ L} ≤ Gα. Assim, a afirmacao em (ii) e verdadeira.
Finalmente, seja p um divisor primo de (|M |, |W |). Entao (p, |L|) = 1 e (iii) segue.
Inversamente, assuma que os itens (i), (ii) e (iii) valem em G com G ≤ M×W . Como
M e nilpotente e W e soluvel temos que G e soluvel. Pelo teorema 2.4.1, L = γ∗(W ) tem
ordem impar e e um subgrupo de Hall abeliano normal de W . Tambem os elementos
de W , e portanto de M × W , induzem automorfismos de potencia em L. Dos itens (i),
(ii) e (iii) segue que L e um subgrupo de Hall normal de G sobre o qual G age como
automorfismo de potencia. Como G/L e nilpotente e suficiente mostrar, pelo lema 2.3.1,
que G/L e um grupo modular. Seja P um p - subgrupo de Sylow de G/L. Se p divide
(|M |, |W |), entao P e modular pelo item (iii). Se p nao divide (|M |, |W |), entao P e
isomorfo a P1, onde P1 e um p - subgrupo de Sylow, , de W ou de M . Se P1 ≤ M , P e
modular, pois M e modular. Se P1 ≤ W , P e modular porque W e T - grupo soluvel e
W/L e nilpotente modular. Como o produto direto de p - grupos modulares e modular,
G/L e um grupo modular nilpotente.
�
O grupo M ×W no teorema acima nao e necessariamente um PT - grupo.
Exemplo 2.5.1. Seja W um grupo nao abeliano de ordem 21 e M um 3 - grupo extrae-
special de ordem 27 e expoente 32. Segundo Robinson ([14] pag - 145) um p - grupo finito
G e chamado extraespecial se G′ e Z(G) coincidem e tem ordem p (G′ = Z(G) e cıclico e
V = G/G′ e um p - grupo abeliano elementar). Entao M e um grupo modular. Existem
epimorfismos α : W → C3, β : M → C3 e G ={(x, y) ∈ M ×W/xβ = yα
}e um subgrupo
subdireto de M ×W . Pelo teorema 2.2.2, G e um PT - grupo soluvel, mas M ×W nao
e. Tambem note que G nao e um T - grupo.
33
Capıtulo 3
Caracterizacoes Locais dos PT e T -
grupos soluveis
Como vimos no capıtulo anterior, a estrutura dos PT e T - grupos soluveis foram
determinadas por Zacher [18] e Gaschutz [7], respectivamente. Neste capıtulo, vemos
que algumas estruturas locais tambem podem levar a caracterizacao desses grupos. Na
primeira secao, mostramos que os grupos que satisfazem a propriedade Xp, para todo
primo p, e um PT - grupo soluvel. Na segunda secao, apresentamos um resultado
semelhante para a propriedade Cp e os T - grupos soluveis. Ja na terceira e ultima secao,
fazemos um estudo sobre a relacao entre pronormalidade, que e uma propriedade local, e os
T - grupos soluveis.
3.1 Propriedade Xp
Dizemos que um grupo G satisfaz a condicao Xp se, e somente se, cada subgrupo
de um p - subgrupo de Sylow P de G e permutavel no normalizador de P em G. Como
subgrupos de PT - grupos soluveis sao PT - grupos soluveis, e claro que um PT - grupo
soluvel satisfaz Xp para todo primo p. A questao interessante e saber se a recıproca deste
fato e verdadeira.
34
Nosso objetivo, nesta secao, e justamente mostrar que um grupo G e um PT - grupo
soluvel se, e somente se, G satisfaz Xp para todo primo p. Para isso, precisamos de alguns
resultados preliminares sobre a propriedade Xp e suas consequencias para a estrutura dos
grupos.
Comecamos com o seguinte:
Lema 3.1.1. Um grupo G satisfaz Xp se, e somente se, um p - subgrupo de Sylow P de
G e modular e os p′ - elementos do NG(P ) induzem automorfismos de potencia em P .
Demonstracao: Suponha que o grupo G satisfaz Xp. Entao cada subgrupo de P e
permutavel em NG(P ). Portanto, P e modular. Seja a ∈ P e seja x um p′ - elemento
de NG(P ). Entao, pela Lei de Dedekind, 〈a〉 〈x〉� P ∩ 〈a〉 〈x〉 = 〈a〉 (P ∩ 〈x〉) = 〈a〉 pois
P ∩ 〈x〉 = 1. Assim, x induz automorfismo de potencia em P . Reciprocamente, se um p
- subgrupo de Sylow de G e modular, entao todos subgrupos de P sao permutaveis em
P . Seja a ∈ P e x um p′ - elemento de NG(P ) , como x induz automorfismo de potencia
em 〈a〉 temos que 〈a〉 comuta com 〈x〉. Portanto, cada subgrupo de P e permutavel no
NG(P ), e G satisfaz Xp.
�
Corolario 3.1.1. Seja G um grupo satisfazendo Xp e seja P um p - subgrupo de
Sylow de G. Se p e o menor primo divisor da ordem de G ou P e nao abeliano, entao
NG(P ) = P ×Op′(NG(P )).
Demonstracao: Primeiramente, assuma que p e o menor primo dividindo a ordem de
G. Pelo lema 3.1.1, Op′(NG(P )) centraliza P e o resultado segue. Agora, assuma que
P nao e abeliano. Pelo Hilfssatz 5 de [8], se α e um automorfismo de potencia de or-
dem relativamente prima com p, entao P e abeliano. Portanto, pela hipotese, o grupo dos
automorfismos de potencia de P e um p - grupo. E novamente o resultado segue.
�
Nosso proximo resultado relaciona a condicao Xp com o conceito de p - nilpotencia.
35
Teorema 3.1.1. Seja p o menor primo divisor da ordem de G. Entao G satisfaz Xp se,
e somente se, G e p - nilpotente e os p - subgrupos de Sylow de G sao modulares.
A demonstracao deste teorema pode ser encontrada no artigo Criteria for permutability
to be transitive in finite groups de Beidleman, Brewster e Robson [4].
Com os resultados pre - estabelecidos, podemos agora demonstrar o resultado mais
importante desta secao.
Teorema 3.1.2. Um grupo G e um PT - grupo soluvel se, e somente se, ele satisfaz Xp
para todo primo p.
Demonstracao: Seja G um PT - grupo soluvel. Pelo item (iii) do corolario 2.3.1, todos
os subgrupos de G sao PT - grupos soluveis. Logo, se P e um p - subgrupo de Sylow de
G, P e PT - grupo, e todo subgrupo de P e subnormal no NG(P ), que tambem e um
PT - grupo. Portanto todo subgrupo de P e permutavel no NG(P ). Consequentemente,
G satisfaz Xp para todo primo p.
Inversamente, assuma que G satisfaz Xp para todo primo p, e que G e o grupo de
menor ordem que nao e um PT - grupo soluvel. Seja p o menor primo divisor da ordem
de G. Pelo teorema 3.1.1, G e p - nilpotente e Op′(G) 6= G. Coloque K = Op′(G). Sejam
q um divisor primo da ordem de K e Q um q - subgrupo de Sylow de G. Entao, pelo lema
3.1.1, Q e modular e os q′ - elementos do NK(Q) induzem automorfismo de potencia em
Q. Aplicando o lema 3.1.1 novamente, vemos que K satisfaz Xq. Segue da minimalidade
da ordem de G que K e um PT - grupo soluvel. E assim G e certamente soluvel.
Faca L = γ∗(K). Pelo teorema 2.3.1, L e um subgrupo de Hall normal abeliano de K
e os elementos de K induzem automorfismos de potencia em L. Seja r um primo divisor
da ordem de L e seja R um r - subgrupo de Sylow de L. Entao R e um r - subgrupo
de Sylow normal de G. Como G satisfaz a condicao Xr, os r′ - elementos de G induzem
automorfismos de potencia em R. Pela arbitrariedade de r, todos os elementos de G
induzem automorfismo de potencia em L. Suponha que L 6= 1. Entao G/L satisfaz a
hipotese do teorema e assim, pela minimalidade de G, G/L e um PT - grupo soluvel. Pelo
lema 2.3.1, G e um PT - grupo, uma contradicao. Portanto L = 1 e assim K e nilpotente.
Finalmente, seja T um subgrupo de Sylow de K. Temos que K e caracterıstico em
G e todo subgrupo de Sylow de K e normal em K. Entao T e tambem um subgrupo
36
de Sylow normal de G. Novamente, se T 6= 1, entao G/T e um PT - grupo e G induz
automorfismo de potencia em T . De novo, pelo lema 2.3.1, G e um PT - grupo. Isto
significa que K = 1 e G e um p - grupo modular, logo nilpotente, o que implica que G e
um PT - grupo, uma contradicao.
�
Estaremos, apartir de agora estabelecendo outros resultados interessantes sobre a
propriedade Xp.
Teorema 3.1.3. Um grupo G satisfaz Xp se, e somente se, G e p - nilpotente ou um
p - subgrupo de Sylow P de G e abeliano e todo subgrupo de P e normal no NG(P ).
Demonstracao: Note que em um sentido este resultado e obvio.
Seja G um grupo de menor ordem tal que G satisfaz Xp mas nao e p - nilpotente e
G nao possui um p - subgrupo de Sylow P abeliano. Entao, pelo teorema 3.1.1, temos
p > 2. Seja J(P ) o subgrupo de Thompson de P (J(P ) e o subgrupo gerado por todos
subgrupos abelianos de P com posto maximal [ver [14] pag. 298]). Obviamente J(P ) e
caracterıstico em P . Entao P ≤ NG(J(P )), e ainda P ≤ NG(Z(P )). Pelo resultado de
Thompson [[14], 10.4.1], NG(J(P )) e NG(Z(P )) nao podem ser ambos p - nilpotentes.
Mas G satisfaz Xp, logo ambos satisfazem Xp e portanto um deles tem que ser G. Segue
que P contem um subgrupo N normal minimal em G. Note que G/N satisfaz Xp, e assim,
pela minimalidade da ordem de G, ou P/N e abeliano ou G/N e p - nilpotente.
Suponha, primeiramente, que P/N e abeliano. Como, pelo corolario 3.1.1,
NG(P ) = P × Op′(NG(P )), o p - subgrupo de Sylow P/N esta no centro de seu nor-
malizador em G/N . Portanto, pelo Criterio de Burnside, teorema 1.1.12, G/N e p -
nilpotente. Agora, se P/N nao e abeliano, pela minimalidade da ordem de G, temos que
G/N e p - nilpotente.
Como P nao e abeliano, temos 1 6= P ∩ G′ e podemos considerar N como sendo o
unico subgrupo normal minimal contido em P ∩G′. Alem disto, temos Op′(G) = 1. Caso
contrario, como G/Op′(G) satisfaz Xp, G/Op′(G) seria p - nilpotente e logo G tambem
seria p - nilpotente.
Seja Op′(G/N) = Q0/N . Entao Q0 = QN onde Q e um p′ - grupo e Q ∩N = 1. Faca
37
C = CQ(N). Entao C � CN � QN = Q0 � G, assim C e subnormal em G. Portanto
C ≤ Op′(G) e CQ(N) = 1.
Mostraremos agora que N tem um complemento em G. De fato, pelo Teorema de
Schur-Zassenhaus, N tem um complemento em Q0 = QN . Portanto, e suficiente mostrar
que CN(Q) = 1. Como [N, Q] 6= 1, segue que CN(Q) = 1 se mostrarmos que CN(Q) e
normal em G = PQ. Vejamos: Seja a ∈ CN(Q), b ∈ P , e x ∈ Q. Entao, temos que
[ab, x] = [a, x[x, b−1]]b ∈ [a, QN ]b = 1 e assim CN(Q) e normal em G.
Agora, podemos escrever P = XN com X ∩ N = 1. Seja a ∈ N e x ∈ X. Como
P e modular, 〈a〉 〈x〉 = 〈x〉 〈a〉. Isto significa que x induz um automorfismo de potencia
de ordem potencia de p no p - grupo abeliano elementar N . Temos entao [N, 〈x〉] = 1 e
N ≤ Z(P ).
Note que [N, [P, Q]] = 1, pois [N, P ] = 1. Mas CQ(N) = 1 e consequentemente
[P, Q] ≤ N . Portanto [P ′, Q] ≤ [P, Q, P ] ≤ [N, P ] = 1. Segue que P ′ � PQ = G, logo
N ≤ P ′ pois P ′ 6= 1 e N e o unico subgrupo normal minimal de G contido em P ∩ G′.
Daı temos [N, Q] ≤ [P ′, Q] = 1, uma contradicao.
�
Seja G um grupo. Dizemos que um subgrupo H e pronormal em G se para cada
elemento g de G, os subgrupos H e Hg sao conjugados em 〈H, Hg〉.
Lema 3.1.2. Seja H um subgrupo pronormal de um grupo G e seja K um subgrupo de
G contendo H. Entao H e subnormal em K se, e somente se, H e normal em K.
Demonstracao: Seja H subnormal em K. Podemos assumir que existe um subgrupo
L de G tal que H e normal em L e L e normal em K. Seja x qualquer elemento de K.
Entao Hx esta em L e assim 〈H, Hx〉 e um subgrupo de L. Temos que H e pronormal em
G, logo, existe um elemento y em 〈H, Hx〉 tal que Hy = Hx. Como H e normal em L e
y esta em L, temos Hx = H. Portanto H e normal em K.
�
O proximo teorema relaciona a condicao Xp com pronormalidade
38
Teorema 3.1.4. Um grupo G satisfaz Xp se, e somente se, um p - subgrupo de Sylow P
de G e modular e todo subgrupo normal de P e pronormal em G.
Demonstracao: Assuma que o grupo G satisfaz Xp. Pelo teorema 3.1.3, um p - subgrupo
de Sylow P de G e abeliano ou G e p - nilpotente.
Suponha primeiramente que P nao e abeliano. Logo G e p - nilpotente, o que implica
que Op′(G) e um subgrupo de Hall normal em G, entao G = POp′(G). Seja P0 um
subgrupo normal de P e seja g ∈ Op′(G). Entao P0Op′(G) = P g0 Op′(G) e P0, P g
0 sao
p - subgrupos de Sylow de J = 〈P0, Pg0 〉. Portanto eles sao conjugados em J , e P0 e
pronormal em G.
Agora assuma que P e abeliano. Sejam P0 ≤ P e J = 〈P0, Pg0 〉 onde g ∈ G. Seja
P1 um p - subgrupo de Sylow de J contendo P0. Entao P gx−1
0 ≤ P1 para algum x ∈ J .
Seja Q um p - subgrupo de Sylow de G contendo P1. Como P e abeliano, Q tambem e
abeliano e entao P0 � Q e P0 � Qxg−1. Portanto, Q e Qxg−1
sao conjugados em NG(P0),
ou seja, Q = Qxg−1n onde n ∈ NG(P0). Assim, xg−1n ∈ NG(Q). Como G satisfaz Xp, P0
e normal no NG(Q) pelo lema 3.1.1. Portanto, P g0 = P x
0 , logo P0 e pronormal em G.
Inversamente, assuma que um p - subgrupo de Sylow P de G e modular e todo subgrupo
normal de P e pronormal em G. Pelo lema 3.1.1, e suficiente mostrar que os p′ - elementos
de NG(P ) induzem automorfismos de potencia em P . Seja P0 ≤ P . Se P0 e normal em
P , entao P0 e pronormal em G, e isso implica que P0 e normal em NG(P ). Assim, se P e
abeliano, todo subgrupo de P e normal em P , logo pronormal em G, e portanto normal
no NG(P ). E o resultado segue.
Agora assuma que P nao e abeliano. Entao, temos P = 〈x〉A, onde A e abeliano e
ax = a1+pipara todo a ∈ A, i inteiro positivo. Se N�P , entao por hipotese N e pronormal
em G e deste modo N � NG(P ). Seja g um p′ - elemento de NG(P ). Entao g induz
automorfismos de potencia em P/P ′ e em A. Se P = P ′[P, g], entao [P, A] ≤ [A, [x, g]] = 1
pois automorfismos de potencia comutam. Logo temos a contradicao P ′ = 1. Portanto
P 6= P ′[P, g]. Como g e um p′ - elemento, g centraliza P/P ′ e assim [P, g] = 1. Isto
mostra que G satisfaz Xp.
�
39
O ultimo resultado desta secao, mostra que se G satisfaz a propriedade Xp, entao
qualquer subgrupo de G tambem satisfaz Xp.
Corolario 3.1.2. A propriedade Xp e fechada a subgrupos.
Demonstracao: Sejam G um grupo que satisfaz Xp e H um subgrupo de G. Se G
tem p - subgrupos de Sylow nao abeliano, entao, pelo teorema 3.1.3, G e p - nilpotente,
consequentemente H e p - nilpotente e portanto satisfaz Xp.
Assuma que G tem p - subgrupos de Sylow abelianos. Seja Q um p - subgrupo de
Sylow de H e seja Q0 ≤ Q ≤ P , onde P e um p - subgrupo de Sylow abeliano de G. Entao
Q0 e normal em P e pelo teorema 3.1.4, e pronormal em G, e portanto em H. Novamente
pelo teorema 3.1.4, H satisfaz Xp.
�
3.2 Propriedade Cp
Diremos que um grupo G satisfaz a condicao Cp, onde p e um primo, se todo subgrupo
de um p - subgrupo de Sylow P de G e normal no normalizados de P em G. Nosso
objetivo nesta secao e demonstrar que um grupo finito que satisfaz Cp, para todo primo
p, e um T - grupo soluvel. Para tanto expomos dois resultados preliminares conectando
a condicao Cp com a nocao de p - nilpotencia.
Teorema 3.2.1. Se o grupo G satisfaz Cp, onde p e o menor primo dividindo a ordem
de G, entao G e p - nilpotente.
Demonstracao: Como G satisfaz Cp, temos que todo subgrupo P de um p - subgrupo
de Sylow de G e permutavel no NG(P ). Entao G satisfaz Xp. E, como p e o menor primo
dividindo a ordem de G, pelo teorema 3.1.1, G e p - nilpotente.
�
A solubilidade dos grupos de ordem impar induz o seguinte resultado:
40
Corolario 3.2.1. Um grupo finito satisfazendo C2 e soluvel.
Observacao 3.2.1. O grupo alternado de grau 5 satisfaz C3 e C5 mas nao C2, assim a
hipotese que p e o menor primo dividindo a ordem de G nao pode ser omitida no teorema
3.2.1.
Seja p um primo. Dizemos que um grupo e p - perfeito se ele nao tem p - fatores
abelianos nao triviais. Um grupo finito que e ambos, p - nilpotente e p - perfeito tem
ordem prima com p, logo estas propriedades representam extremos de comportamentos
para grupos finitos. Interessante e que a condicao Cp fornece um grupo finito para um
desses extremos, ou seja
Teorema 3.2.2. Se um grupo finito G satisfaz Cp, entao G e p - nilpotente ou e p -
perfeiro.
Demonstracao: Seja P um p - subgrupo de Sylow de G e seja N = NG(P ). Se P esta no
centro de N , pelo Criterio de Burnside 1.1.12, G e p - nilpotente. Assim podemos supor
que [P, x] 6= 1 para algum x ∈ N . Podemos tambem assumir que p > 2, pois se p = 2, pelo
teorema 3.2.1, G seria novamente p - nilpotente. Portanto, P e abeliano e pelo teorema
1.1.3 existe um inteiro m > 0 tal que ax = am para qualquer a ∈ P . Se m ≡ 1 (mod p),
temos mpi ≡ 1 (mod pi+1), onde i e inteiro positivo e os automorfismos induzidos em
P por x tem ordens potencias de p. Como |N : P | e p sao relativamente primos, esses
automorfismos sao iguais ao automorfismo trivial. Absurdo, pois [P, x] 6= 1. Portanto
m 6≡ 1 (mod p) e assim 〈[a, x]〉 = 〈am−1〉 = 〈a〉 para todo a ∈ P . Consequentemente,
temos P ≤ G′, o que mostra que G e p - perfeito.
�
Passaremos agora a demonstracao do principal resultado desta secao.
Teorema 3.2.3. Um grupo finito G que satisfaz Cp, para todo primo p, e um T - grupo
soluvel.
Demonstracao: Suponha que G e um grupo finito de menor ordem tal que G satisfaz
Cp para todo primo p e, contudo, G nao e um T - grupo soluvel. Seja p o menor primo
41
dividindo a ordem de G. Logo, pelo teorema 3.2.1, G e p - nilpotente. Podemos escrever
G = PH onde H / G, H ∩ P = 1 e P e um p - subgrupo de Sylow de G. A ordem de
H e o ındice de H em G sao relativamente primos, assim H satisfaz a condicao Cp, para
todo primo p, e e um T - grupo soluvel, pela minimalidade da ordem de G. Entao, G
e certamente soluvel, e para obter uma contradicao temos somente que mostrar que G e
um T - grupo.
Suponha que H e nilpotente. Como H tem ordem impar, e portanto abeliano. Seja
q um primo dividindo a ordem de H. Entao Q, a componente q - primaria de H, que
e o conjunto dos elementos de H cujas ordens sao potencias de q, [[17] pag. 149]), e o
unico q - subgrupo de Sylow de G. Portanto, cada subgrupo de Q e normal em G, pois
G satisfaz Cq. Podemos entao escrever G = KQ com K ∩ Q = 1. K satisfaz a condicao
Cp, para todo primo p, e e portanto um T - grupo soluvel, pela minimalidade da ordem
de G. Assim G/Q e um T - grupo. Daı, pelo lema 2.4.1, G e um T - grupo soluvel, uma
contradicao.
Agora suponhamos que H nao e nilpotente, assim existe um primo q dividindo a ordem
de H tal que H nao e q - nilpotente. Como H e um T - grupo soluvel, H ′ e abeliano e o
teorema 3.2.2 mostra que H e q - perfeito. Assim H/H ′ tem ordem relativamente prima
com q. Analogo ao caso anterior, a componente q - primaria de H ′, e o unico q - subgrupo
de Sylow de G e cada subgrupo de Q e normal em G. Pela minimalidade da ordem de G,
G/Q e T - grupo e novamente pelo lema 2.4.1, G e um T - grupo soluvel.
�
Os proximos resultados mostram que existe uma relacao entre a propriedade Cp e a
pronormalidade de p - subgrupos.
42
Lema 3.2.1 (J. S. Rose). Um grupo finito G satisfaz Cp se, e somente se, todo
p - subgrupo e pronormal em G.
Demonstracao: Assuma que o grupo G satisfaz Cp, e seja P0 qualquer p - subgrupo de
G. Seja g um elemento de G, mostraremos que P0 e P g0 sao conjugados em J = 〈P0, P
g0 〉.
Considere P1 um p - subgrupo de Sylow de J contendo P0. Entao para algum x ∈ J ,
temos P g0 ≤ P x
1 . Portanto, P0 e P gx−1
0 estao ambos contidos em P1.
Agora, considere P um p - subgrupo de Sylow de G contendo P1. Como G satisfaz Cp,
P0 e P gx−1
0 sao ambos normais em P e portanto sao conjugados em NG(P ). Novamente
pela condicao Cp, temos P0 = P gx−1
0 e assim P g0 = P x
0 .
Reciprocamente, suponha que todo p - subgrupo de G e pronormal. Sejam P0 um p -
subgrupo de G, P um p - subgrupo de Sylow de G contendo P0 e N = NG(P ). Temos que
P0 e subnormal em P , logo e subnormal em N . Portanto, pelo lema 3.1.2, P0 e normal
em N e G satisfaz Cp.
�
3.3 Pronormalidade e os T - grupos Soluveis
Como vimos anteriormente, um subgupo H do grupo G e pronormal em G se para todo
g pertencente a G, os subgrupos H e Hg sao conjugados em 〈H, Hg〉. Nesta secao,
mostraremos que todos os subgrupos cıclicos de ordens potencias de um primo sao pronor-
mais em G se, e somente se, G e um T - grupo soluvel. Para tanto, demonstraremos um
lema importante que usaremos adiante.
Lema 3.3.1. Seja G um grupo finito. Seja M um p′ - subgrupo normal de G e seja P
qualquer p - subgrupo de G. Entao P e pronormal em G se, e somente se, PMM
e pronormal
em GM
.
Demonstracao: Suponha que P e um p - subgrupo pronormal em G. Entao para
qualquer elemento x em G, P e P x sao conjugados em 〈P, P x〉 e assim PMM
e P xMM
sao
conjugados em 〈P,P x〉MM
=⟨
PMM
, P xMM
⟩. Portanto, PM
Me pronormal em G
M.
43
Reciprocamente, suponha que PMM
e pronormal em GM
. Entao para qualquer elemento
xM em GM
, os subgrupos PMM
e P xMM
sao conjugados em 〈P,P x〉MM
. Assim, existe um elemento
y em 〈P,P x〉MM
tal que P yMM
= P xMM
e temos P yM = P xM . Portanto, 〈P y, P x〉 e um
subgrupo de P xM e como P x e um p - subgrupo de Sylow de P xM , P y e P x sao subgrupos
de Sylow de 〈P y, P x〉. consequentemente, existe um elemento z em 〈P y, P x〉 tal que
P yz = P x. Temos 〈P y, P x〉 ≤ 〈P, P x, y〉 = 〈P, P x〉 e yz esta em 〈P, P x〉 o que mostra que
P e P x sao conjugados em 〈P, P x〉.�
O proximo teorema apresenta tres implicacoes muito interessantes na caracterizacao
dos T - grupos soluveis. Tais implicacoes relacionam um T - grupo soluvel G com a
pronormalidade de seus subgrupos.
Teorema 3.3.1. Seja G um grupo finito. As seguintes afirmacoes sao equivalentes:
(i) G e um T - grupo soluvel;
(ii) Todo subgrupo de G e pronormal em G;
(iii) Todos os subgrupos de G de ordens potencias de um primo sao pronormais em G;
(iv) Todos os subgrupos cıclicos de G de ordens potencias de um primo sao pronormais
em G.
Demonstracao: Iniciaremos a demonstracao pela implicacao de (i) para (ii). Seja G
um T - grupo soluvel de menor ordem tal que nao satisfaca (ii). Pelo teorema 2.4.1,
L = γ∗(G) e um subgrupo de Hall abeliano normal de G, e ainda todo subgrupo de L e
normal em G. Seja K = L ∩ Q 6= 1, onde Q e um subgrupo qualquer de G, entao K e
normal em G e pela minimalidade da ordem de G, Q/K e pronormal em G/K. Portanto
Q e pronormal em G. Podemos entao supor que K = 1.
Considere o subgrupo QL. Temos que QL e normal em G. Assim, vale que (QL)g =
QgL = QL, para todo g pertencente a G e 〈Q, Qg〉 ≤ QL. Como 1 = (| 〈Q,Qg〉 : Q|, |Q|) =
(| 〈Q,Qg〉 : Qg|, |Qg|), temos que Q e Qg sao subgrupos de Hall de 〈Q,Qg〉. Logo, pelo
teorema de Schur - Zassenhaus 1.1.4, Q e Qg sao conjugados em 〈Q,Qg〉. Portanto, Q e
pronormal em G.
As implicacoes de (ii) para (iii) e de (iii) para (iv) sao obvias. Resta provar entao a
44
implicacao de (iv) para (i).
Suponha que G e um contra - exemplo de ordem mınima, ou seja, G satisfaz (iv)
mas nao e um T - grupo soluvel. Logo, todos os subgrupos proprios de G sao T -
grupos soluveis, consequentemente sao supersoluveis. Em particular, todos os subgrupos
maximais de G sao supersoluveis. Temos entao que G e soluvel, pelo teorema 1.2.1.
Pela hipotese, G nao e um T - grupo, logo existe um subgrupo H de ordem mınima tal
que H e subnormal em G mas nao e normal em G. Seja K um subgrupo normal maximal
em H, onde |H/K| = p. Entao K e subnormal e, portanto, normal em G. Notemos que
K e unico subgrupo normal maximal de H com |H/K| = p.
Como H e um T - grupo soluvel, H e supersoluvel. Logo H e q - nilpotente, onde q e
o menor primo divisor da ordem de H. Entao, existe Hq um q′ - subgrupo normal de H.
Note que q = p, pois se q 6= p existira um subgrupo K1 normal em H tal que |H/K1| = p,
o que e um absurdo pela unicidade de K.
Finalmente, seja P um p - subgrupo de Sylow de H tal que H = PHp. Entao P e
cıclico e pela propriedade (iv), P e pronormal em G e PHp/Hp e pronormal em G/Hp,
pelo lema 3.3.1. Mas PHp = H. Logo, H/Hp e pronormal em G/Hp, e ainda H/Hp e
subnormal em G/Hp. Portanto, pelo lema 3.1.2, H/Hp e normal em G/Hp e entao H e
normal em G. Concluımos que G e um T - grupo soluvel.
�
Observacao 3.3.1. Seja G um grupo finito cujos subgrupos de Sylow sao cıclicos. E
claro que todos subgrupos de G de ordens potencias de um primo sao pronormais em G e
assim, pelo teorema acima, G e um T - grupo soluvel. Isto mostra que este ultimo teorema
tambem da uma importante caracterizacao dos T - grupos souveis finitos.
Uma questao natural a se fazer e se existe uma caracterizacao similar para
PST - grupos soluveis. Se considerarmos o grupo G = S4 e S(p) um p - subgrupo
de Sylow de G. Entao, temos S(2) = NG(S(2)) = D8 e NG(S(3)) = S(3). Daı, todos os
normalizadores dos subgrupos de Sylow de G sao PST - grupos, mas G nao e. Por causa
deste exemplo, fica difıcil imaginar uma caracterizacao local para PST - grupos.
45
Apesar dessa dificuldade alguns autores vem discutindo versoes locais para caracter-
izacao dos PST - grupos, como Ballester - Bolinches e Esteban - Romero, em [3]. Nesse
trabalho, um grupo soluvel G e um PST - grupo se, e somente se, G e um PSTp - grupo
para todo primo p (G e um PSTp - grupo se todo subgrupo subnormal p′ - perfeito em G
permuta com todo p′ - subgrupo de Hall de G.).
46
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