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Consumo de chocolate: o sabor da mudança A cadeia de produção do chocolate vem sendo reestruturada a escala mundial, se de um lado isto pode ser entendido como uma resposta face à queda no preço mundial da tradicional commoditie cacau no mercado internacional, pelo outro observamos a mudança no posicionamento dos principais atores desta cadeia num esforço por captar e atender a nova demanda baseada em atributos de qualidade do consumidor pós-moderno. Quem valoriza no mercado do “consumo verde” os produtos compatíveis com o meio ambiente, além de outros atributos em relação à saúde, ética e justiça. Observamos que a valorização da nova qualidade do chocolate tem vários componentes: de um lado o dinâmico mercado de nicho de chocolates finos onde existe o valor da reputação do chocolatier, as preocupações com a saúde, que valorizam os aspectos funcionais do chocolate como alimento, onde a maior quantidade de cacau a despeito do açúcar destaca os diversos graus de chocolate amargo; e a preocupação do consumidor que prefere consumir bens do sistema de produção limpa. Este é a força a propulsora da mudança e reestruturação nos elos da cadeia de valor global do cacau. Processo que vem sendo adotado nas diferentes escalas de atuação, desde as principais empresas transnacionais produtoras e comercializadoras de cacau à nível global até os pequenos produtores no seu local. Isto acompanhado de uma agenda de governança construída pela ação coletiva entre estes atores e os movimentos ambientalistas com a aceitação do consumidor verde. O fenômeno de mudança no padrão de produção, conversão do cacau para a qualidade orgânica, é um contundente avanços das mobilizações e lutas destes movimentos. Experiências importantes procedem da África, dos principais produtores de cacau, caso Costa de Marfim e Ghana entre outros, onde a mobilização de seus atores: dos setores produtivos, das associações de produtores, dos industriais, e do setor publico local, foram reunidos para a celebração de pactos que rearranjam a cadeia global de produção de cacau. Nosso estudo pretende focar como esse processo está sendo desdobrado na região do litoral sul da Bahia, cuja tradição foi a produção da convencional commoditie de cacau, herdada de uma praxe hierarquia vertical é atualmente desafiada pelas novas atitudes dos consumidores. Onde a conversão do cacau para a nova qualidade orgânica e sua inserção aos novos mercados de chocolate, demandam ações coletivas mais democráticas. Cenário que pretende mobilizar transnacionais, produtores de meio porte, pequenos produtores e poder público na construção da nova identidade do cacau da Bahia. As lutas dos movimentos ambientalistas em sinergia com o consumidor verde mostram importantes avanços, de um lado a inclusão dos global player do cacau na cotação na bolsa de valores, pelo índice de sustentabilidade que expõe a estas empresas à observação social que julga se sua produção é amigável com o meio ambiente ou o prejudica. Pelo outro lado, o maior preço obtido nos novos mercados de nicho dos chocolates: gourmet, orgânico, fino, etc Nosso trabalho pretende estudar e identificar o alcance do tipo de ação política do consumidor de chocolate de cacau, seja entendida na esfera privada do consumo pela ação individual deste quando escolhe pagar mais pela qualidade de chocolate cuja produção não agride o meio ambiente, ou na esfera publica

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  • Consumo de chocolate: o sabor da mudana

    A cadeia de produo do chocolate vem sendo reestruturada a escala mundial, se de um lado isto pode ser entendido como uma resposta face queda no preo mundial da tradicional commoditie cacau no mercado internacional, pelo outro observamos a mudana no posicionamento dos principais atores desta cadeia num esforo por captar e atender a nova demanda baseada em atributos de qualidade do consumidor ps-moderno. Quem valoriza no mercado do consumo verde os produtos compatveis com o meio ambiente, alm de outros atributos em relao sade, tica e justia. Observamos que a valorizao da nova qualidade do chocolate tem vrios componentes: de um lado o dinmico mercado de nicho de chocolates finos onde existe o valor da reputao do chocolatier, as preocupaes com a sade, que valorizam os aspectos funcionais do chocolate como alimento, onde a maior quantidade de cacau a despeito do acar destaca os diversos graus de chocolate amargo; e a preocupao do consumidor que prefere consumir bens do sistema de produo limpa. Este a fora a propulsora da mudana e reestruturao nos elos da cadeia de valor global do cacau. Processo que vem sendo adotado nas diferentes escalas de atuao, desde as principais empresas transnacionais produtoras e comercializadoras de cacau nvel global at os pequenos produtores no seu local. Isto acompanhado de uma agenda de governana construda pela ao coletiva entre estes atores e os movimentos ambientalistas com a aceitao do consumidor verde. O fenmeno de mudana no padro de produo, converso do cacau para a qualidade orgnica, um contundente avanos das mobilizaes e lutas destes movimentos. Experincias importantes procedem da frica, dos principais produtores de cacau, caso Costa de Marfim e Ghana entre outros, onde a mobilizao de seus atores: dos setores produtivos, das associaes de produtores, dos industriais, e do setor publico local, foram reunidos para a celebrao de pactos que rearranjam a cadeia global de produo de cacau. Nosso estudo pretende focar como esse processo est sendo desdobrado na regio do litoral sul da Bahia, cuja tradio foi a produo da convencional commoditie de cacau, herdada de uma praxe hierarquia vertical atualmente desafiada pelas novas atitudes dos consumidores. Onde a converso do cacau para a nova qualidade orgnica e sua insero aos novos mercados de chocolate, demandam aes coletivas mais democrticas. Cenrio que pretende mobilizar transnacionais, produtores de meio porte, pequenos produtores e poder pblico na construo da nova identidade do cacau da Bahia. As lutas dos movimentos ambientalistas em sinergia com o consumidor verde mostram importantes avanos, de um lado a incluso dos global player do cacau na cotao na bolsa de valores, pelo ndice de sustentabilidade que expe a estas empresas observao social que julga se sua produo amigvel com o meio ambiente ou o prejudica. Pelo outro lado, o maior preo obtido nos novos mercados de nicho dos chocolates: gourmet, orgnico, fino, etc Nosso trabalho pretende estudar e identificar o alcance do tipo de ao poltica do consumidor de chocolate de cacau, seja entendida na esfera privada do consumo pela ao individual deste quando escolhe pagar mais pela qualidade de chocolate cuja produo no agride o meio ambiente, ou na esfera publica

  • do consumo quanto sua capacidade de mobilizao, quando seu papel como cidado est sustentada no comprometimento deste consumidor nas lutas e aes coletivas dos movimentos ambientalistas. Tambm objetivo de nosso trabalho, analisar qual a leitura e aes dos movimentos ambientalistas locais da regio sul da Bahia que captam a nova cultura no consumo do Chocolate/cacau, e o reintroduzem como uma mercadoria composta de valores. Qual o alcance destes movimentos engajados nas redes transnacionais do movimento ambiental e qual a importncia da sua ao na construo de uma nova identidade no consumo local e como isso se reflete na reestruturao da cadeia de produo do cacau local, e na demanda de uma legitimao institucional para a construo social da nova qualidade, orgnica, do cao. A metodologia compreende uma ampla reviso da literatura da evoluo do consumo de cacau, da reestruturao da cadeia e das conquistas ganhas no consumo verde expressas na institucionalizao da nova governana da cadeia a nvel global e local. Isso ser complementado com a aplicao de entrevistas aos atores engajados no grupo de trabalho do Frum Dilogo do Cacau, que envolve um amplo e heterogneo grupo de atores sociais, mobilizados pela organizao no governamental local, denominada Instituto Cabruca, .

    Bibliografia

    Barbosa, L. & Campbell, C. Cultura, Consumo e Identidade. Rio de

    Janeiro.Editora FGV, 2006.

    Douglas, M & Isherwood, B. O mundo dos bens.Rio de Janeiro, Edit UFRJ,

    2009

    Portilho, F. Sustentabilidade Ambiental, Consumo e Cidadania. So Paulo, Edit

    Cortez, 2005

    Slater. D. Cultura do Consumo e Modernidade, So Paulo.Edit Nobel, 2002

    Wilkinson, J. Mercados, Redes e Valores. Porto Alegre, UFRGS, 2008.