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Joana Brum Machado Água Virtual no Sector dos Lacticínios na Região Autónoma dos Açores Universidade dos Açores Departamento de Biologia Ponta Delgada 2012

Água virtual no sector dos lacticínios na Região Autónoma dos … · 2017. 8. 18. · Figura 2 Distribuição geográfica mundial da escassez física de água 7 Figura 3 Distribuição

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Page 1: Água virtual no sector dos lacticínios na Região Autónoma dos … · 2017. 8. 18. · Figura 2 Distribuição geográfica mundial da escassez física de água 7 Figura 3 Distribuição

Joana Brum Machado

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na

Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Universidade dos Accedilores

Departamento de Biologia

Ponta Delgada

2012

Joana Brum Machado

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na

Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do grau de Mestre em

Ambiente Sauacutede e Seguranccedila

Orientadores

Professor Doutor Joseacute Virgiacutelio Cruz

Professora Doutora Regina Cunha

Universidade dos Accedilores

Departamento de Biologia

Ponta Delgada

2012

i

AGRADECIMENTOS

Aos orientadores Professor Doutor Joseacute Vigiacutelio Cruz e Professora Doutora Regina

Cunha pela sugestatildeo do tema pelo apoio e incentivo por todo o tempo despendido

pelos ensinamentos que me proporcionaram e por toda a orientaccedilatildeo prestada durante a

realizaccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo

Agraves faacutebricas de lacticiacutenios pela colaboraccedilatildeo na entrega de dados sobre as suas produccedilotildees

e consumos E tambeacutem pela simpatia e disponibilidade sempre que solicitava

informaccedilotildees

Agrave Associaccedilatildeo Agriacutecola de Satildeo Miguel pelas informaccedilotildees sobre as suas Raccedilotildees Santana

e agrave Associaccedilatildeo dos Jovens Agricultores Micaelenses pelas informaccedilotildees sobre o ciclo de

vida das vacas leiteiras

E por uacuteltimo e natildeo menos importante aos meus pais que me apoiam muito e tornam

tudo possiacutevel na minha vida

ii

IacuteNDICE

Agradecimentos i

Iacutendice ii

Anexos iii

Iacutendice de Tabelas iv

Iacutendice de Figuras v

Lista de abreviaturas e acroacutenimos vii

Resumo viii

Abstract ix

1 INTRODUCcedilAtildeO 2

11 Enquadramento 2

12 Acircmbito e Objetivos 3

13 Estrutura do Trabalho 4

2 A AacuteGUA COMO RECURSO 5

21 Distribuiccedilatildeo da Aacutegua na Terra 5

22 Consumo de Aacutegua na Europa 8

23 Consumo de aacutegua em Portugal 10

231 Consumo de Aacutegua em Portugal 10

232 Qualidade da aacutegua em Portugal 11

233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores 12

3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL 14

4 METODOLOGIA 16

41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra 16

42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo 16

421 Ciclo de vida do gado leiteiro 18

422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos 18

5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA 20

51 Arquipeacutelago dos Accedilores 20

52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental 23

53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo 24

531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A 26

532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2 32

533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C 39

534 Empacotamento do leite 42

5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite 42

5342 Enchimento 43

54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro 45

541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro 45

542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro 46

iii

543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto 47

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 49

7 CONCLUSOtildeES 59

8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 61

ANEXOS

Anexo I Questionaacuterio agraves Induacutestrias de lacticinios

Anexo II Fluxograma geral do processo produtivo da empresa A

Anexo III Fluxograme geral do processo produtivo da empresa B1

iv

IacuteNDICE DE TABELAS

Tabela 1 Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo 6

Tabela 2 Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental

Tabela 3 Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) 25

Tabela 4 Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011) 26

Tabela 5 Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008

e 2011)

28

Tabela 6 Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

30

Tabela 7 Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008

e 2011)

31

Tabela 8 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m

3) na empresa B1

(2008-2011)

34

Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais

emitidas (m3) na empresa B2 (2008-2011)

38

Tabela 10 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 -

2011)

39

Tabela 11 Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal

mensal (m3) emitida pela empresa C em 2011

41

Tabela 12 Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de

enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL

44

Tabela 13 Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas

49

Tabela 14 Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a

Ilha de Satildeo Miguel

54

Tabela 15 Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo

para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA

56

v

IacuteNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua 5

Figura 2 Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua 7

Figura 3 Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial 8

Figura 4 Uso sectorial da aacutegua na Europa 9

Figura 5 Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo

(B)

10

Figura 6 Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de

estaccedilotildees em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B)

11

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 15

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 16

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua

virtual

17

Figura 10 Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores 20

Figura 11 VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria

incluindo energia 3 ndash construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos

automoacuteveis e de bens de uso pessoal e domeacutestico alojamento e

restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e comunicaccedilotildees 5 -

atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos

22

Figura 12 Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008

- 2011)

29

Figura 13 Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 30

Figura 14 Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 31

Figura 15 Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa

A (2008 ndash 2011)

32

Figura 16 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

35

Figura 17 Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

37

Figura 18 Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1

(m3) (2010 - 2011)

37

Figura19 Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008

- 2011)

38

Figura 20 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

39

Figura 21 Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa

C (2011)

41

vi

Figura 22 Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) 42

Figura 23 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic

44

Figura 24 Modelo ACV 47

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo 48

Figura 26 Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A

B1 e C (2011)

52

Figura 27 Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

53

Figura 28 Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e

C (2011)

53

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido

diretamente da produccedilatildeo na RAA

57

vii

LISTA DE ABREVIATURAS E ACROacuteNIMOS

ACV Avaliaccedilatildeo Ciclo de Vida

AFCAL Associaccedilatildeo dos Fabricantes de Embalagens de cartatildeo para Alimentos

Liacutequidos

AJAM Associaccedilatildeo Jovens Agricultores

APA Agencia Portuguesa do Ambiente

DL Decreto de Lei

DROTRH Direccedilatildeo Regional do Ordenamento do Territoacuterio e dos Recursos

Hiacutedricos

EA Environment Agency

EEA European Environment Agency

GEO3 Global Environment Outlook 3

INE Instituto Nacional de Estatiacutestica

ISO International Standardization Organization

ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

QA Quercus Ambiente

PAC Portal do Ambiente e do Cidadatildeo

PNA Plano Nacional de Aacutegua

RAA Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

SISAB Salatildeo Internacional do Sector Alimentar e Bebidas

SNIRH Sistema Nacional de Informaccedilatildeo dos Recursos Hiacutedricos

SREA Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores

UNESCO United Nations Educational Scientific and Cultural Organization

WWF Water Wildlife Fund

VAB Valor Acrescentado Bruto

VMA Valor Maximo Admicivel

VMR Valor Minimo Admicivel

viii

RESUMO

A aacutegua apesar de ser um recurso essencial agrave vida e imprescindiacutevel ao desenvolvimento

socioeconoacutemico encontra-se submetida a crescentes pressotildees quantitativa e qualitativa

que se manifestam a muacuteltiplos niacuteveis desde a escassez agrave poluiccedilatildeo quiacutemica e bioloacutegica

Torna-se assim necessaacuterio promover a sua preservaccedilatildeo associada a medidas de gestatildeo

sustentaacutevel dos recursos

A presente dissertaccedilatildeo tem por principal objetivo proceder agrave determinaccedilatildeo da aacutegua

virtual no sector dos lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores nomeadamente a

associada agrave produccedilatildeo de leite queijo manteiga e leite em poacute Para tal procedeu-se agrave

determinaccedilatildeo da aacutegua virtual em trecircs empresas do sector de Lacticiacutenios da Ilha de Satildeo

Miguel e respetiva evoluccedilatildeo ao longo do tempo e extrapolou-se esta determinaccedilatildeo para

o sector de lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A determinaccedilatildeo da aacutegua virtual requer a recolha de um amplo conjunto de dados de

base nomeadamente sobre a quantidade de aacutegua que entra e sai de cada empresa os

processos de fabrico e o volume de produtos final de acordo com a sua tipologia No

presente estudo as fronteiras da avaliaccedilatildeo foram definidas a montante pelo gado

leiteiro e a jusante pelos produtos feitos por cada empresa e suas embalagens numa

abordagem do tipo ciclo de vida

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores a meacutedia anual de leite recolhido diretamente da

produccedilatildeo para as induacutestrias de lacticiacutenios ronda os 523 milhotildees de litros o que

corresponderaacute a cerca de 419 milhotildees de litros de aacutegua por ano A este volume foram

adicionados os volumes anuais de aacutegua do ciclo de vida do gado leiteiro a aacutegua gasta

pelas faacutebricas de lacticiacutenios e a aacutegua associada agrave produccedilatildeo das embalagens Os valores

obtidos satildeo uma estimativa por defeito da aacutegua virtual associada ao sector dos

lacticiacutenios nos Accedilores nomeadamente no que concerne ao leite ao queijo e agrave manteiga

Este estudo constitui a primeira abordagem agrave determinaccedilatildeo da aacutegua virtual no sector dos

lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Palavras-chave Recursos hiacutedricos Aacutegua Virtual Lacticiacutenios Satildeo Miguel Accedilores

ix

ABSTRACT

Nowadays despite been essential to life and to economical development water is

subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water

shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water

resources associated to the implementation of sustainable management practices is

extremely urgent and necessary

The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores

extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel

island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk

butter cheese and milk powder

It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk

collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume

corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected

corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption

of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy

industries and finally the water used in the production of packaging for one year also

The value obtained is called Virtual Water dairy products

Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 2

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Enquadramento

O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre

em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre

Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito

de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel

socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua

Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou

serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no

conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado

ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto

ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos

Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela

nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O

planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria

salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser

usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia

Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o

desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da

mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel

um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja

inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica

O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo

agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da

captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades

domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial

Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os

140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante

(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 3

Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua

virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011

em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o

forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada

dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter

origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)

Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior

peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o

comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com

61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)

Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52

m3hab

ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e

mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for

adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura

aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel

pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)

12 Acircmbito e objetivos

O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na

produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs

faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do

tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo

A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de

produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo

inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo

Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute

tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 4

13 Estrutura do trabalho

A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os

seguintes aspetos

No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos

O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia

quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu

No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual

O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da

dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da

investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI

No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e

as suas atividades

O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se

agrave respetiva discussatildeo

No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo

Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves

fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 5

2 A AacuteGUA COMO RECURSO

21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra

A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou

animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente

em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra

Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou

doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo

nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua

distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente

movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)

Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)

A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por

mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos

atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km

3) apenas

08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo

para abastecimento humano (Tabela 1)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 6

Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)

Reservatoacuterio Total Aacutegua doce

Oceanos

Gelo e neve

965

18

966

Aacutegua

subterracircnea

Doce 076 301

Salgada 093

Aacutegua superficial

Aacutegua no solo

Lagos (aacutegua doce) 0007 026

Lagos (aacutegua

salgados)

0006

Pacircntanos 00008 003

Rios 00002

00012

0006

005

Atmosfera 0001 004

Biosfera 00001 0003

Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por

se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo

usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo

eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo

A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com

escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais

sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo

abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso

humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por

paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos

ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 7

Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)

Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab

ano em

Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)

A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25

desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute

foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade

de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua

disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na

induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 8

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain

2007b)

22 Consumo de aacutegua na Europa

Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da

Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da

mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que

eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior

percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico

(figura 4) (Karavatis)

Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de

aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade

populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos

paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector

o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes

A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a

meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499

para 5 170 m3hab

ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total

de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o

consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que

eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para

descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 9

lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito

miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal

No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per

capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida

das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na

poupanccedila de aacutegua (Karavatis)

Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 10

23 Consumo de aacutegua em Portugal

231 Consumo de aacutegua em Portugal

Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por

habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica

Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)

Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado

posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da

presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que

exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal

parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica

do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)

referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave

importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)

Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector

industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o

sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)

Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)

(PNA 2012)

A B

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 11

232 Qualidade da aacutegua em Portugal

Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na

generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade

realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua

evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao

presente (Figura 6A)

A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como

boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute

qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel

(Figura 6B)

Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees

em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)

B A

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 12

233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as

necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de

20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de

energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo

consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta

teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares

Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo

de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees

82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da

legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser

considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava

paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua

deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo

ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos

naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das

atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a

atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para

aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades

significativas de aacutegua

Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros

podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do

proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute

convertida em aacuteguas residuais

De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a

maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros

focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores

(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas

com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de

poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 13

Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm

a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes

urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material

utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem

de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos

dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de

fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 14

3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL

Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi

reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a

aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes

do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre

os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade

dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)

Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees

internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor

John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)

Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos

agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima

2008)

A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou

serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem

no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma

medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se

estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a

aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)

Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices

quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e

autossuficiecircncia de aacutegua

Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua

virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a

quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)

Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum

bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros

de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros

de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de

aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 15

O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua

Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo

Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os

fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de

produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)

O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma

vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes

das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 16

4 METODOLOGIA

41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra

A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no

sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas

A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental

para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro

passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo

(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de

acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na

internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados

referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de

leite para o sector industrial

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber

como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua

que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais

mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)

42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo

Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise

e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Seleccedilatildeo do grupo de

anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das

empresas

Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e

outputs Interpretaccedilatildeo dos

Resultados

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 17

Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se

chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de

vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e

aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas

na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos

necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute

contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um

deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que

entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos

resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente

estudo

Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo

natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo

relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual

Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que

calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra

na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto

final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 18

uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma

precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano

421 Ciclo de vida do gado leiteiro

Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios

propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas

Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)

Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo

metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo

Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)

Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-

se 35 L x 365 d= 12 775 L

Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)

422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos

Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma

determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e

do tipo de produto

H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)

Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo

ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 19

H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)

Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)

Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)

Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)

Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se

os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)

Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte

equaccedilatildeo (eq 9)

H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80

H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da

vaca (L) pano nas ilhas x 80

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)

( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X

50))

( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X

50))

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 20

5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA

51 Arquipeacutelago dos Accedilores

O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos

36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute

formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o

Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e

Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca

de 2 322 km2

Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)

O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas

de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o

territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional

varia entre 219 e 3418 habkm2

De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no

arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute

condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A

amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida

e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 21

A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930

mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)

O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico

refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no

geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha

Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)

A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a

cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52

acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas

(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da

Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes

menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800

m de altitude (Cruz et al 2009)

O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande

parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas

tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade

vulcacircnica(Cruz et al 2009)

Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem

vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e

azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG

2001)

O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo

vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas

registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo

destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para

NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)

Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem

intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas

diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo

o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 22

A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados

estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo

Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel

relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem

observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem

como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos

tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente

vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de

erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos

piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)

A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos

serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das

atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)

estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram

responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros

contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total

(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)

Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash

construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e

domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e

comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)

111

109

61

228156

336 1

2

3

4

5

6

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 23

O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com

601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector

secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as

ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira

52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental

Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre

foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em

Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada

quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que

autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo

Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada

qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional

Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute

criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha

vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam

de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)

Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a

2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a

2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na

produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de

apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 24

Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)

Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)

2007 1 909 440

2008 1 960 899

2009 1 938 641

2010 1 860574

2011 1 860 831

Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em

todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a

este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite

UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com

impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de

aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas

Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito

a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em

parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo

Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das

associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o

GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios

agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)

Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos

sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela

3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que

maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-

se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram

os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma

evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a

diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24

326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011

os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido

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Joana Machado Paacutegina 25

Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)

Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011

Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo

26

367 375

25 966 137

Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

25 858 430 25 289 152

Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

29 867 949 30 313 630

Abril Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 513 001 31 933 104

Maio Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

34 156 283 35 321 861

Junho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

32 761 050 33 910 081

Julho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 480 274 32 716 997

Agosto Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

27 941 816 29 101 970

Setembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 413 105 26 506 695

Outubro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 007 653 26 610 025

Novembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 326 655

25 040 257

Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 894 278 26 955 549

Total 339 587 869 349 665 458

No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite

para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute

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Joana Machado Paacutegina 26

atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a

que menos produz (Tabela 4)

Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)

(SREA2012)

53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo

Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente

trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por

motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim

como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas

531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A

A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a

farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A

partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e

atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as

outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa

ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus

produtos

Ilha

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2008

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2009

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2010

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2011

Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408

Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982

Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296

Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242

Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415

Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736

Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908

Corvo 1 405 3 22441 0 2248

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Joana Machado Paacutegina 27

Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e

produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)

O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o

arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a

outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o

armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo

armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de

desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo

posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando

pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)

Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009

aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a

empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua

evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e

posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial

desde que natildeo haja contacto com o produto

Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da

vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal

Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado

ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em

conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma

licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada

entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas

condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental

A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em

Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente

produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal

Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede

municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo

conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja

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Joana Machado Paacutegina 28

consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m

3 em 2010 e

43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)

Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3

t e 8592 m3

t

para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave

empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)

Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)

102 65200 m3 (2009) 22 24900 m

3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o

registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)

Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e

2011)

Consumo

de aacutegua

municipal

2008

Consumo

de aacutegua

salgada

2008

Consumo

de aacutegua

municipal

2009

Consumo

de aacutegua

salgada

2009

Consumo

de aacutegua

municipal

2010

Consumo

de aacutegua

salgada

2010

Consumo

de aacutegua

municipal

2011

Consumo

de aacutegua

salgada

2011

Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692

Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492

Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927

Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734

Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622

Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732

Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995

Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263

Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526

Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213

Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874

Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885

Total

anual

66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835

Meacutedia

anual

5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486

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Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de

2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura

12)

Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de

marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que

se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro

Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -

2011)

Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho

de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela

6 Figura 13)

No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes

mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)

sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por

uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008

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Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Leite

recebido

2011

Soro

recebido

2011

Leite

recebido

2010

Soro

recebido

2010

Leite

recebido

2009

Soro

recebido

2009

Leite

recebido

(2008

Soro

recebido

2008

Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210

Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437

Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401

Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368

Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219

Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265

Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235

Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364

Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376

Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338

Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350

Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239

Total

anual

72 103 2415 73 280 2

634451

71 144 2 507 74 507 3 802

Meacutedia

anual

6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833

Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Leite recebido (ton) 2011

Leite recebido (ton) 2010

Leite recebido (ton) 2009

Leite recebido (ton) 2008

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Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A

entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011

com um leve decreacutescimo (Tabela 7)

Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e

2011)

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2008

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2009

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2010

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2011

Jan 859 906 784 83059

Fev 868 256 748 71868

Mar 929 913 839 935755

Abr 889 909 872 8792

Mai 895 933 875 96577

Jun 847 914 859 896085

Jul 918 927 943 836515

Ago 860 793 811 882075

Set 688 812 781 33077

Out 678 667 698 2103

Nov 719 627 661 667125

Dez 689 704 659 79611

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Soro recebido (ton) 2011

Soro recebido (ton) 2010

Soro recebido (ton) 2009

Soro recebido (ton) 2008

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Joana Machado Paacutegina 32

Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975

Meacutedia

anual

820 780083 794 7457479

Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram

janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior

produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)

Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A

(2008 ndash 2011)

532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2

A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e

duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas

quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em

poacute e lactosoro em poacute

Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril

da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W

A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo

com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se

a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma

0

200

400

600

800

1000

1200

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008

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Joana Machado Paacutegina 33

reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica

regional

A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do

atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de

produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo

Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo

e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente

Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute

existentes (Tavares 2008)

A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga

leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de

induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo

grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos

de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3

(Tavares 2008)

Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a

nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga

Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da

captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes

situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia

dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma

captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da

Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)

O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para

2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)

O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um

aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente

tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144

m3) (Tabela 8)

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Joana Machado Paacutegina 34

Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m

3) na empresa B1 (2008-

2011)

Total

Consumo

de aacutegua

2008

Caudal

efluente

tratado

2008

Total

Consumo

de aacutegua

2009

Caudal

efluente

tratado

2009

Total

Consumo

de aacutegua

2010

Caudal

efluente

tratado

2010

Total

Consumo

de aacutegua

2011

Caudal

efluente

tratado

2011

Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092

Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669

Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933

Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247

Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346

Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236

Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174

Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873

Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785

Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505

Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644

Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757

Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261

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Joana Machado Paacutegina 35

Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas

C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens

(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos

administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor

os vestiaacuterios e o refeitoacuterio

C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da

manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo

do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado

desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca

de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da

concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da

temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas

higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo

onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final

seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e

expediccedilatildeo

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Total Consumo de aacutegua (m3) 2011

Caudal efluente tratado (m3) 2011

Total Consumo de aacutegua (m3) 2010

Caudal efluente tratado (m3) 2010

Total Consumo de aacutegua (m3) 2009

Caudal efluente tratado (m3) 2009

Total Consumo de aacutegua (m3) 2008

Caudal efluente tratado (m3) 2008

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Joana Machado Paacutegina 36

C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo

retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute

efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o

leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento

num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior

parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C

para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril

C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das

proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar

forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na

salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode

ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo

eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a

temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura

Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos

meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009

(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4

em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009

No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e

o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e

agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1

nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)

Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua

residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)

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Joana Machado Paacutegina 37

Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)

(2010 - 2011)

Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma

maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que

se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo

aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser

explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e

consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 ndash 2009

C2 - 2009

C3 ndash 2009

C4 ndash 2009

C1 ndash 2008

C2 - 2008

C3 ndash 2008

C4 ndash 5

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 - 2011

C2 - 2011

C 3 - 2011

C 4 - 2011

C1 - 2010

C2 - 2010

C3 - 2010

C4 - 2010

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Joana Machado Paacutegina 38

Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -

2011)

Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas

(m3) na empresa B2 (2008-2011)

Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem

foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que

menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela

10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas

residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os

maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees

As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam

resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a

estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

100000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas residuais

Volume (m3) de aacutegua consumida

na instalaccedilatildeo fabril e origem na

Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas

residuais

2008 87 313 60 110

2009 65 851 45 248

2010 54 752 36 338

2011 41 4315 2 565

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Joana Machado Paacutegina 39

Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)

Quantidade leite

recebido

Quantidade produto final

2008 34 1216 30 3916

2009 33 391 29 076

2010 33 0979 27 5678

2011 28 454 24 0993

533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C

A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura

transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor

dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de

uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C

estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz

cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve

continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas

estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior

bacia leiteira dos Accedilores

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) leite recebido

Quantidade (m3) produto final

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Joana Machado Paacutegina 40

Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes

ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por

ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs

Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)

manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas

mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo

Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo

No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na

Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados

Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no

entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do

mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a

produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo

Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011

Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem

na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo

de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste

nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que

nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro

apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se

um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos

restantes meses ateacute ao final de 2011

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Joana Machado Paacutegina 41

Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal

(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)

Ano 2011 Aacutegua da Rede

Municiapl

Aacutegua do Furo Aacutegua residual

Caudal mensal

Janeiro 15 344 0 2 928

Fevereiro 13 996 446 18 494

Marccedilo 11 105 3 642 34 899

Abril 12 726 4 466 12 758

Maio 10 460 7 798 12 038

Junho 11 362 8 142 9 968

Julho 12 413 8 097 12 182

Agosto 9 365 7 851 9 721

Setembro 9 623 8 442 12 413

Outubro 10 296 7 753 11 294

Novembro 8 628 6 976 10 637

Dezembro 9 390 6 679 10 799

Total 134 708 5 858 158 131

Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C

(2011)

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Aacutegua da Rede Municiapl

Aacutegua do Furo

Agua residual Caudal mensal

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Joana Machado Paacutegina 42

534 Empacotamento do leite

5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite

Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos

liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de

camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para

embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da

seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)

Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam

qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem

e facilitam a soldadura

Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando

a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos

Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio

ao cartatildeo

Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo

Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior

Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-

Paiva 2003)

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Joana Machado Paacutegina 43

5342Enchimento

As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na

maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura

23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da

embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de

hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos

evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado

O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute

dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as

embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)

Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com

eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas

embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo

necessaacuterios 383 X10^10

L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por

cada embalagem (Tabela 11)

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Joana Machado Paacutegina 44

Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)

Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de

enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)

Eletricidade [kW]

Vapor [kg]

Aacutegua [L]

Peroacutexido de

Hidrogeacutenio [L]

166times102

300times10-4

383times10-1

250times10-4

Selagem por induccedilatildeo

de calor

Tubo de

enchiment

o abaixo

do niacutevel do

liacutequido

Extremidades

seladas por

induccedilatildeo de

calor

Soluccedilatildeo

esterilizador

a (Peroacutexido

de

hidrogeacutenio)

Aacuterea de esterilizaccedilatildeo

fechada

Embalagem final

cheia e fechada

Rolo de embalagens

preacute-impresso

1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de

enchimento

2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de

entrarem na zona de enchimento

3Leite e embalagens combinados na zona

esterilizada

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Joana Machado Paacutegina 45

54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro

O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca

de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas

que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves

matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e

forragens

O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No

entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores

e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente

criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos

principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a

Portugal

Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6

670 exploraccedilotildees (SREA 2012)

541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro

Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees

nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas

leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo

Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo

cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de

origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais

com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a

respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)

fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000

UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)

Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os

mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma

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Joana Machado Paacutegina 46

composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura

bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)

No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm

tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel

composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta

(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)

A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida

existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos

12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000

kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute

existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores

estimados

542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro

Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem

perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina

fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos

importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que

proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere

A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as

vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia

nutricional e do qualquer outro animal

Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior

quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave

quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido

O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A

quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo

de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre

outros fatores (AJAM 2012)

A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A

temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere

por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 47

ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca

leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o

que for necessaacuterio

Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia

mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia

65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia

543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto

A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo

qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a

sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto

desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando

chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO

14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de

objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees

diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)

Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)

Modelo da Analise do Ciclo de

Vida

Definiccedilatildeo de

objetivo e

alcance

Anaacutelise do

inventaacuterio

Avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais

Inte

rpre

taccedilatilde

o e

av

alia

ccedilatildeo

Aplicaccedilotildees diretas

Conceccedilatildeo e melhoria de

produtos

Planificaccedilatildeo estrateacutegica

Desenvolvimento de

poliacuteticas puacuteblicas

Marketing

Outros

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Joana Machado Paacutegina 48

Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha

de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica

Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a

qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se

iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a

normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o

leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com

a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e

coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No

fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma

ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor

A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido

e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem

De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase

de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o

uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre

outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os

produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees

atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um

esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido

na Figura 25

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo

Faacutebrica

Ciclo de produccedilatildeo

Inputs

Mateacuteria - prima

Aacutegua

Combustiacuteveis

Eletricidade

Outputs

Produtos

Aacuteguas Residuais

Emissotildees

atmosfeacutericas

Resiacuteduos

Energia

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 49

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar

valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede

municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas

faacutebricas e o produto final (Tabela 13)

Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7

(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos

para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das

Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave

produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de

modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o

somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o

somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida

parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo

valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo

final

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B2

Leite UHT

2008 1ordf 126 250 2628

2ordf 175 252 0509 65

2009 1ordf 103 699 908

2ordf 71 552 14286 6

2010 1ordf 91 788 7874

2ordf 162 712 8588 6

2011 1ordf 73 424 7319

2ordf 134 397 589 55

C

Leite UHT

2011 1ordf 290 521 3264

2ordf 467 766 5121 92

Queijo

2011

1ordf 206 985 1468

2ordf 384 230 3325 126

Manteiga

2011

1ordf 211 617 1536

2ordf 388 862 3393 95

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 50

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas (continuaccedilatildeo)

A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano

contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado

leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto

ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano

Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal

Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano

comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se

que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute

Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604

Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade

fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a

unidade B1

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B1

Queijo

2008 1ordf 200 136 3641

2ordf 221 151 1789 234

2009 1ordf 246 905 4224

2ordf 466 797 9329 257

2010 1ordf 258 496 3994

2ordf 475 036 129 26

2011 1ordf 260 433 8293

2ordf 482 828 1566 25

B1

Manteiga

2008 1ordf 319 231 7427

2ordf 540 382 9216 153

2009 1ordf 254 190 7816

2ordf 474 083 2921 12

2010 1ordf 240 425 0996

2ordf 456 964 8292 127

2011 1ordf 257 692 3862

2ordf 480 086 7135 129

A

Manteiga

+

Leite em Poacute

2008 1ordf 621 599 5243

2ordf 634 517 000 32

2009 1ordf 828 542 0485

2ordf 840 877 000 45

2010 1ordf 719 846 301

2ordf 732 551 571 38

2011 1ordf 738 265 1845

2ordf 750 766 5715 41

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 51

Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se

efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute

igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta

empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas

O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo

passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos

seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua

virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso

da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando

com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa

C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais

baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos

processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)

O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite

que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos

(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por

ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os

restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2

100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT

No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite

teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente

30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para

UHT

Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra

parte vai para o leite em poacute

A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C

utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros

de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L

de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 52

A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga

deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga

num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados

Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo

valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo

constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro

Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas

raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo

e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais

erva)

Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo

seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain

(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua

virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)

Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e

C (2011)

C 22

B1 70

A 8

Manteiga

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 53

Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C

(2011)

B1 66

C 34

Queijo

63

37

Leite UHT

B2 C

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 54

Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta

forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA

recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor

Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os

resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no

leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos

dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um

decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011

Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha

de Satildeo Miguel

2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total

Ilha de

Satildeo

Miguel

329 627 021 X

80= 263 701

617 L

340 405 998 X

80= 272 324

798 L

339 702 819 X

80= 271 762

255 L

318 246 409 X

80= 254 597

127 L

331 995 618 X

80= 265 596

4494 L

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 55

Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria

de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15

Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite

diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do

leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o

que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de

aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a

industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614

0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de

leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788

1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite

As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com

valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres

12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor

valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)

Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo

para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando

se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto

possa conter tanta aacutegua

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 56

Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo

para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

2008 329 627 021

X 80=

263

701 617 L

129 312

746 X

80= 103

450 1968 L

7 909 254

X 80= 6

327 403 L

27 771 834

X 80= 22

217 467 L

6 896 744 X

80= 5 517

395 L

12 594 346

X 80= 10

075 477 L

785 179 X

80= 628

1432 L

16 860 X

80= 13

488 L

2009 340 405 998

X 80=

272

324 798 L

138 353

863 X

80= 110

683 090 L

8 112 299

X 80= 6

489 839 L

29 848 324

X 80= 23

878 659 L

8 544 727 X

80= 6 835

782 L

13 187 592

X 80= 10

550 074 L

1 690 260

X 80= 1

352 208 L

38 693 X

80= 30

954 L

2010 339 702 819

X 80=

271 762 255

L

136 515

935 X

80= 109

212 748 L

7 994 445

X 80= 6

395 556 L

28 956 554

X 80= 23

165 243 L

8 399 352 X

80= 6 719

482 L

12 350 878

X 80= 9

880 702 L

1 497 168

X 80= 1

197 734 L

0 L

2011 318 246 409

X 80=

254 597 127

L

138 887

784 X

80= 111

110 22720

L

7 836 356

X 80= 6

269 085 L

28 575 890

X 80= 22

860 712 L

8 561 298 X

80= 6 849

038 L

12 560 084

X 80= 10

048 067 L

1 080 709

X 80=

864 567 L

0 L

Meacutedia total 331 995 618

X 80=

265 596

4494 L

135 767

580 X

80= 108

614 0656 L

7 963

0885 X

80 = 6

370 4708

L

28 788

1505

X80= 23

030 5204 L

8 089

28025

X80= 6

471 4242 L

9 524 641 X

80= 7 619

71331 L

1 263 329

X 80= 1

010 6632

L

13

88825

X80=

11 1106

L

Aacutegua

Virtual na

meacutedia total

1 593 578

696

651 684

3936

382 228

2248

138 183

1224

38 828

5452

45 718

27986

6 063

9792

66 6636

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 57

Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)

seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo

no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com

1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente

da produccedilatildeo na RAA

Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel

para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449

821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios

de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua

associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424

00 m3 e agrave manteiga 61 000 m

3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os

valores referentes agrave pastagem

Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de

referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6

773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os

64

23

1 6

2 2 1 1

Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 58

valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3

(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m

3 (manteiga)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 59

7 CONCLUSOtildeES

A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo

existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute

chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua

num determinado sector eou produto

Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos

em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao

longo deste estudo

De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo

existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados

especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As

empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees

por exemplo

Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os

dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo

estipulado o que tornou o estudo mais generalista

Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos

produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas

empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e

consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais

aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais

sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate

mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e

manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes

envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua

virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel

calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes

em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do

leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6

isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 60

como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa

e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2

Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em

percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto

com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por

completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do

produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito

proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa

B1

Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado

inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas

contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram

caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos

natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores

gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas

tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que

dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos

Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo

laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa

qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos

processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de

empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 61

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Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores (SREA) disponiacutevel em

httpestatisticaazoresgovpt Acedido a 10 de janeiro de 2012

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httpwwwwwfpto_que_fazemospor_um_planeta_vivopegada_hidrica_em_portugal

_2011 Acedido a 5 de novembro de 2011

ANEXO 1

No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da

RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa

produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo

Questotildees Respostas

1 Que quantidade de leite que entra

na faacutebrica por mecircs e por ano

2 Quais os produtos que produz a

faacutebrica

3 Que quantidades satildeo produzidas

por mecircs e por ano dos diferentes

produtos (separados)

4 Para 1Kg de queijo quantos L de

aacutegua satildeo usados

5 E para 1Kg manteiga quantos

litros de aacutegua satildeo usados

6 E para as natas satildeo necessaacuterios

quantos L de aacutegua

7 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada pela faacutebrica por mecircs e

por ano

8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica

Que quantidade de aacutegua eacute retirada

pelo furo por mecircs e por ano

9 Que quantidades de aacuteguas

residuais produzem na faacutebrica

10 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada para refrigeraccedilatildeo

11 Tecircm um esquema do ciclo de

produccedilotildees que possam

disponibilizar

Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo

Joana Machado

ANEXO II

Processo produtivo

Armazenamento

Arrefecimento

Receccedilatildeo

Desnate

Armazenamento

desnatado

Armazenamento

nata

Produccedilatildeo

Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem

Enchimento

Secagem

Homogeneizaccedilatildeo

Concentraccedilatildeo

Pasteurizaccedilatildeo

ANEXO III

Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo

i-iacuteiacuteiacutea-----t-

AgravelG= l6-11

Acirccigravedez= E-17 C

NaCl r291sal e0 lsnal

lIgraveunitlaamp l6qocirc

Mrtr-gg

Expdrccedilatildeo

Qucilo Fabnco

Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I

s9mq9mExpediccedilatildeo

_t-I Armazenageln llcnrP

ric--T--

t-llCotdo eml

I u l

t Epdtccedilatilde I

Sacos de 25Kg

I+IacutefilAtildeqol

IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I

crnp lmbrcilla

l ll]j n u uo0

iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet

IY

Tratamento do

Soro

lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras

J

tit=tstl

lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1

LeiteMago

em Poacute

Saco Atrn saco plaacutestico

roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa

separadora caixa de callatildeo

I E-pdiccedilatilde I

Page 2: Água virtual no sector dos lacticínios na Região Autónoma dos … · 2017. 8. 18. · Figura 2 Distribuição geográfica mundial da escassez física de água 7 Figura 3 Distribuição

Joana Brum Machado

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na

Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do grau de Mestre em

Ambiente Sauacutede e Seguranccedila

Orientadores

Professor Doutor Joseacute Virgiacutelio Cruz

Professora Doutora Regina Cunha

Universidade dos Accedilores

Departamento de Biologia

Ponta Delgada

2012

i

AGRADECIMENTOS

Aos orientadores Professor Doutor Joseacute Vigiacutelio Cruz e Professora Doutora Regina

Cunha pela sugestatildeo do tema pelo apoio e incentivo por todo o tempo despendido

pelos ensinamentos que me proporcionaram e por toda a orientaccedilatildeo prestada durante a

realizaccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo

Agraves faacutebricas de lacticiacutenios pela colaboraccedilatildeo na entrega de dados sobre as suas produccedilotildees

e consumos E tambeacutem pela simpatia e disponibilidade sempre que solicitava

informaccedilotildees

Agrave Associaccedilatildeo Agriacutecola de Satildeo Miguel pelas informaccedilotildees sobre as suas Raccedilotildees Santana

e agrave Associaccedilatildeo dos Jovens Agricultores Micaelenses pelas informaccedilotildees sobre o ciclo de

vida das vacas leiteiras

E por uacuteltimo e natildeo menos importante aos meus pais que me apoiam muito e tornam

tudo possiacutevel na minha vida

ii

IacuteNDICE

Agradecimentos i

Iacutendice ii

Anexos iii

Iacutendice de Tabelas iv

Iacutendice de Figuras v

Lista de abreviaturas e acroacutenimos vii

Resumo viii

Abstract ix

1 INTRODUCcedilAtildeO 2

11 Enquadramento 2

12 Acircmbito e Objetivos 3

13 Estrutura do Trabalho 4

2 A AacuteGUA COMO RECURSO 5

21 Distribuiccedilatildeo da Aacutegua na Terra 5

22 Consumo de Aacutegua na Europa 8

23 Consumo de aacutegua em Portugal 10

231 Consumo de Aacutegua em Portugal 10

232 Qualidade da aacutegua em Portugal 11

233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores 12

3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL 14

4 METODOLOGIA 16

41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra 16

42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo 16

421 Ciclo de vida do gado leiteiro 18

422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos 18

5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA 20

51 Arquipeacutelago dos Accedilores 20

52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental 23

53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo 24

531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A 26

532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2 32

533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C 39

534 Empacotamento do leite 42

5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite 42

5342 Enchimento 43

54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro 45

541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro 45

542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro 46

iii

543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto 47

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 49

7 CONCLUSOtildeES 59

8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 61

ANEXOS

Anexo I Questionaacuterio agraves Induacutestrias de lacticinios

Anexo II Fluxograma geral do processo produtivo da empresa A

Anexo III Fluxograme geral do processo produtivo da empresa B1

iv

IacuteNDICE DE TABELAS

Tabela 1 Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo 6

Tabela 2 Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental

Tabela 3 Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) 25

Tabela 4 Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011) 26

Tabela 5 Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008

e 2011)

28

Tabela 6 Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

30

Tabela 7 Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008

e 2011)

31

Tabela 8 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m

3) na empresa B1

(2008-2011)

34

Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais

emitidas (m3) na empresa B2 (2008-2011)

38

Tabela 10 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 -

2011)

39

Tabela 11 Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal

mensal (m3) emitida pela empresa C em 2011

41

Tabela 12 Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de

enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL

44

Tabela 13 Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas

49

Tabela 14 Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a

Ilha de Satildeo Miguel

54

Tabela 15 Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo

para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA

56

v

IacuteNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua 5

Figura 2 Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua 7

Figura 3 Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial 8

Figura 4 Uso sectorial da aacutegua na Europa 9

Figura 5 Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo

(B)

10

Figura 6 Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de

estaccedilotildees em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B)

11

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 15

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 16

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua

virtual

17

Figura 10 Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores 20

Figura 11 VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria

incluindo energia 3 ndash construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos

automoacuteveis e de bens de uso pessoal e domeacutestico alojamento e

restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e comunicaccedilotildees 5 -

atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos

22

Figura 12 Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008

- 2011)

29

Figura 13 Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 30

Figura 14 Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 31

Figura 15 Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa

A (2008 ndash 2011)

32

Figura 16 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

35

Figura 17 Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

37

Figura 18 Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1

(m3) (2010 - 2011)

37

Figura19 Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008

- 2011)

38

Figura 20 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

39

Figura 21 Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa

C (2011)

41

vi

Figura 22 Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) 42

Figura 23 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic

44

Figura 24 Modelo ACV 47

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo 48

Figura 26 Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A

B1 e C (2011)

52

Figura 27 Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

53

Figura 28 Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e

C (2011)

53

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido

diretamente da produccedilatildeo na RAA

57

vii

LISTA DE ABREVIATURAS E ACROacuteNIMOS

ACV Avaliaccedilatildeo Ciclo de Vida

AFCAL Associaccedilatildeo dos Fabricantes de Embalagens de cartatildeo para Alimentos

Liacutequidos

AJAM Associaccedilatildeo Jovens Agricultores

APA Agencia Portuguesa do Ambiente

DL Decreto de Lei

DROTRH Direccedilatildeo Regional do Ordenamento do Territoacuterio e dos Recursos

Hiacutedricos

EA Environment Agency

EEA European Environment Agency

GEO3 Global Environment Outlook 3

INE Instituto Nacional de Estatiacutestica

ISO International Standardization Organization

ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

QA Quercus Ambiente

PAC Portal do Ambiente e do Cidadatildeo

PNA Plano Nacional de Aacutegua

RAA Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

SISAB Salatildeo Internacional do Sector Alimentar e Bebidas

SNIRH Sistema Nacional de Informaccedilatildeo dos Recursos Hiacutedricos

SREA Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores

UNESCO United Nations Educational Scientific and Cultural Organization

WWF Water Wildlife Fund

VAB Valor Acrescentado Bruto

VMA Valor Maximo Admicivel

VMR Valor Minimo Admicivel

viii

RESUMO

A aacutegua apesar de ser um recurso essencial agrave vida e imprescindiacutevel ao desenvolvimento

socioeconoacutemico encontra-se submetida a crescentes pressotildees quantitativa e qualitativa

que se manifestam a muacuteltiplos niacuteveis desde a escassez agrave poluiccedilatildeo quiacutemica e bioloacutegica

Torna-se assim necessaacuterio promover a sua preservaccedilatildeo associada a medidas de gestatildeo

sustentaacutevel dos recursos

A presente dissertaccedilatildeo tem por principal objetivo proceder agrave determinaccedilatildeo da aacutegua

virtual no sector dos lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores nomeadamente a

associada agrave produccedilatildeo de leite queijo manteiga e leite em poacute Para tal procedeu-se agrave

determinaccedilatildeo da aacutegua virtual em trecircs empresas do sector de Lacticiacutenios da Ilha de Satildeo

Miguel e respetiva evoluccedilatildeo ao longo do tempo e extrapolou-se esta determinaccedilatildeo para

o sector de lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A determinaccedilatildeo da aacutegua virtual requer a recolha de um amplo conjunto de dados de

base nomeadamente sobre a quantidade de aacutegua que entra e sai de cada empresa os

processos de fabrico e o volume de produtos final de acordo com a sua tipologia No

presente estudo as fronteiras da avaliaccedilatildeo foram definidas a montante pelo gado

leiteiro e a jusante pelos produtos feitos por cada empresa e suas embalagens numa

abordagem do tipo ciclo de vida

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores a meacutedia anual de leite recolhido diretamente da

produccedilatildeo para as induacutestrias de lacticiacutenios ronda os 523 milhotildees de litros o que

corresponderaacute a cerca de 419 milhotildees de litros de aacutegua por ano A este volume foram

adicionados os volumes anuais de aacutegua do ciclo de vida do gado leiteiro a aacutegua gasta

pelas faacutebricas de lacticiacutenios e a aacutegua associada agrave produccedilatildeo das embalagens Os valores

obtidos satildeo uma estimativa por defeito da aacutegua virtual associada ao sector dos

lacticiacutenios nos Accedilores nomeadamente no que concerne ao leite ao queijo e agrave manteiga

Este estudo constitui a primeira abordagem agrave determinaccedilatildeo da aacutegua virtual no sector dos

lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Palavras-chave Recursos hiacutedricos Aacutegua Virtual Lacticiacutenios Satildeo Miguel Accedilores

ix

ABSTRACT

Nowadays despite been essential to life and to economical development water is

subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water

shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water

resources associated to the implementation of sustainable management practices is

extremely urgent and necessary

The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores

extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel

island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk

butter cheese and milk powder

It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk

collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume

corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected

corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption

of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy

industries and finally the water used in the production of packaging for one year also

The value obtained is called Virtual Water dairy products

Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 2

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Enquadramento

O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre

em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre

Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito

de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel

socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua

Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou

serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no

conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado

ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto

ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos

Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela

nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O

planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria

salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser

usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia

Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o

desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da

mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel

um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja

inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica

O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo

agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da

captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades

domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial

Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os

140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante

(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 3

Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua

virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011

em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o

forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada

dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter

origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)

Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior

peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o

comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com

61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)

Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52

m3hab

ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e

mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for

adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura

aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel

pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)

12 Acircmbito e objetivos

O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na

produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs

faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do

tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo

A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de

produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo

inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo

Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute

tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 4

13 Estrutura do trabalho

A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os

seguintes aspetos

No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos

O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia

quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu

No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual

O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da

dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da

investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI

No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e

as suas atividades

O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se

agrave respetiva discussatildeo

No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo

Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves

fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 5

2 A AacuteGUA COMO RECURSO

21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra

A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou

animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente

em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra

Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou

doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo

nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua

distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente

movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)

Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)

A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por

mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos

atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km

3) apenas

08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo

para abastecimento humano (Tabela 1)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 6

Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)

Reservatoacuterio Total Aacutegua doce

Oceanos

Gelo e neve

965

18

966

Aacutegua

subterracircnea

Doce 076 301

Salgada 093

Aacutegua superficial

Aacutegua no solo

Lagos (aacutegua doce) 0007 026

Lagos (aacutegua

salgados)

0006

Pacircntanos 00008 003

Rios 00002

00012

0006

005

Atmosfera 0001 004

Biosfera 00001 0003

Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por

se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo

usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo

eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo

A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com

escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais

sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo

abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso

humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por

paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos

ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 7

Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)

Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab

ano em

Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)

A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25

desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute

foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade

de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua

disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na

induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 8

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain

2007b)

22 Consumo de aacutegua na Europa

Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da

Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da

mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que

eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior

percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico

(figura 4) (Karavatis)

Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de

aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade

populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos

paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector

o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes

A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a

meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499

para 5 170 m3hab

ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total

de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o

consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que

eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para

descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 9

lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito

miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal

No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per

capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida

das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na

poupanccedila de aacutegua (Karavatis)

Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 10

23 Consumo de aacutegua em Portugal

231 Consumo de aacutegua em Portugal

Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por

habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica

Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)

Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado

posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da

presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que

exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal

parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica

do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)

referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave

importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)

Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector

industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o

sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)

Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)

(PNA 2012)

A B

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 11

232 Qualidade da aacutegua em Portugal

Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na

generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade

realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua

evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao

presente (Figura 6A)

A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como

boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute

qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel

(Figura 6B)

Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees

em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)

B A

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233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as

necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de

20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de

energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo

consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta

teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares

Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo

de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees

82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da

legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser

considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava

paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua

deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo

ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos

naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das

atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a

atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para

aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades

significativas de aacutegua

Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros

podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do

proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute

convertida em aacuteguas residuais

De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a

maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros

focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores

(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas

com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de

poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 13

Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm

a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes

urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material

utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem

de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos

dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de

fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 14

3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL

Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi

reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a

aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes

do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre

os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade

dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)

Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees

internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor

John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)

Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos

agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima

2008)

A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou

serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem

no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma

medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se

estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a

aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)

Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices

quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e

autossuficiecircncia de aacutegua

Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua

virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a

quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)

Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum

bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros

de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros

de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de

aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 15

O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua

Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo

Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os

fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de

produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)

O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma

vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes

das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 16

4 METODOLOGIA

41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra

A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no

sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas

A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental

para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro

passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo

(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de

acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na

internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados

referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de

leite para o sector industrial

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber

como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua

que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais

mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)

42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo

Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise

e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Seleccedilatildeo do grupo de

anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das

empresas

Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e

outputs Interpretaccedilatildeo dos

Resultados

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 17

Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se

chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de

vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e

aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas

na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos

necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute

contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um

deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que

entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos

resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente

estudo

Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo

natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo

relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual

Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que

calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra

na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto

final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 18

uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma

precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano

421 Ciclo de vida do gado leiteiro

Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios

propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas

Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)

Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo

metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo

Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)

Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-

se 35 L x 365 d= 12 775 L

Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)

422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos

Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma

determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e

do tipo de produto

H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)

Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo

ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 19

H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)

Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)

Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)

Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)

Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se

os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)

Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte

equaccedilatildeo (eq 9)

H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80

H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da

vaca (L) pano nas ilhas x 80

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)

( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X

50))

( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X

50))

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 20

5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA

51 Arquipeacutelago dos Accedilores

O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos

36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute

formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o

Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e

Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca

de 2 322 km2

Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)

O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas

de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o

territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional

varia entre 219 e 3418 habkm2

De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no

arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute

condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A

amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida

e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 21

A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930

mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)

O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico

refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no

geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha

Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)

A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a

cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52

acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas

(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da

Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes

menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800

m de altitude (Cruz et al 2009)

O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande

parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas

tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade

vulcacircnica(Cruz et al 2009)

Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem

vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e

azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG

2001)

O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo

vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas

registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo

destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para

NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)

Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem

intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas

diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo

o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 22

A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados

estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo

Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel

relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem

observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem

como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos

tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente

vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de

erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos

piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)

A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos

serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das

atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)

estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram

responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros

contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total

(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)

Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash

construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e

domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e

comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)

111

109

61

228156

336 1

2

3

4

5

6

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 23

O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com

601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector

secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as

ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira

52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental

Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre

foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em

Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada

quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que

autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo

Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada

qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional

Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute

criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha

vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam

de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)

Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a

2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a

2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na

produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de

apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 24

Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)

Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)

2007 1 909 440

2008 1 960 899

2009 1 938 641

2010 1 860574

2011 1 860 831

Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em

todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a

este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite

UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com

impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de

aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas

Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito

a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em

parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo

Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das

associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o

GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios

agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)

Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos

sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela

3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que

maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-

se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram

os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma

evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a

diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24

326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011

os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 25

Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)

Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011

Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo

26

367 375

25 966 137

Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

25 858 430 25 289 152

Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

29 867 949 30 313 630

Abril Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 513 001 31 933 104

Maio Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

34 156 283 35 321 861

Junho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

32 761 050 33 910 081

Julho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 480 274 32 716 997

Agosto Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

27 941 816 29 101 970

Setembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 413 105 26 506 695

Outubro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 007 653 26 610 025

Novembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 326 655

25 040 257

Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 894 278 26 955 549

Total 339 587 869 349 665 458

No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite

para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 26

atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a

que menos produz (Tabela 4)

Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)

(SREA2012)

53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo

Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente

trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por

motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim

como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas

531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A

A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a

farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A

partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e

atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as

outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa

ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus

produtos

Ilha

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2008

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2009

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2010

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2011

Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408

Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982

Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296

Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242

Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415

Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736

Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908

Corvo 1 405 3 22441 0 2248

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Joana Machado Paacutegina 27

Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e

produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)

O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o

arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a

outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o

armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo

armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de

desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo

posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando

pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)

Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009

aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a

empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua

evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e

posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial

desde que natildeo haja contacto com o produto

Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da

vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal

Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado

ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em

conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma

licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada

entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas

condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental

A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em

Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente

produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal

Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede

municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo

conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 28

consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m

3 em 2010 e

43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)

Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3

t e 8592 m3

t

para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave

empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)

Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)

102 65200 m3 (2009) 22 24900 m

3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o

registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)

Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e

2011)

Consumo

de aacutegua

municipal

2008

Consumo

de aacutegua

salgada

2008

Consumo

de aacutegua

municipal

2009

Consumo

de aacutegua

salgada

2009

Consumo

de aacutegua

municipal

2010

Consumo

de aacutegua

salgada

2010

Consumo

de aacutegua

municipal

2011

Consumo

de aacutegua

salgada

2011

Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692

Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492

Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927

Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734

Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622

Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732

Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995

Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263

Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526

Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213

Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874

Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885

Total

anual

66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835

Meacutedia

anual

5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 29

Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de

2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura

12)

Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de

marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que

se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro

Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -

2011)

Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho

de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela

6 Figura 13)

No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes

mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)

sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por

uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008

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Joana Machado Paacutegina 30

Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Leite

recebido

2011

Soro

recebido

2011

Leite

recebido

2010

Soro

recebido

2010

Leite

recebido

2009

Soro

recebido

2009

Leite

recebido

(2008

Soro

recebido

2008

Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210

Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437

Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401

Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368

Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219

Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265

Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235

Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364

Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376

Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338

Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350

Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239

Total

anual

72 103 2415 73 280 2

634451

71 144 2 507 74 507 3 802

Meacutedia

anual

6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833

Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Leite recebido (ton) 2011

Leite recebido (ton) 2010

Leite recebido (ton) 2009

Leite recebido (ton) 2008

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Joana Machado Paacutegina 31

Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A

entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011

com um leve decreacutescimo (Tabela 7)

Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e

2011)

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2008

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2009

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2010

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2011

Jan 859 906 784 83059

Fev 868 256 748 71868

Mar 929 913 839 935755

Abr 889 909 872 8792

Mai 895 933 875 96577

Jun 847 914 859 896085

Jul 918 927 943 836515

Ago 860 793 811 882075

Set 688 812 781 33077

Out 678 667 698 2103

Nov 719 627 661 667125

Dez 689 704 659 79611

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Soro recebido (ton) 2011

Soro recebido (ton) 2010

Soro recebido (ton) 2009

Soro recebido (ton) 2008

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Joana Machado Paacutegina 32

Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975

Meacutedia

anual

820 780083 794 7457479

Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram

janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior

produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)

Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A

(2008 ndash 2011)

532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2

A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e

duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas

quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em

poacute e lactosoro em poacute

Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril

da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W

A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo

com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se

a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma

0

200

400

600

800

1000

1200

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008

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Joana Machado Paacutegina 33

reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica

regional

A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do

atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de

produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo

Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo

e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente

Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute

existentes (Tavares 2008)

A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga

leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de

induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo

grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos

de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3

(Tavares 2008)

Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a

nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga

Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da

captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes

situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia

dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma

captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da

Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)

O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para

2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)

O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um

aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente

tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144

m3) (Tabela 8)

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Joana Machado Paacutegina 34

Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m

3) na empresa B1 (2008-

2011)

Total

Consumo

de aacutegua

2008

Caudal

efluente

tratado

2008

Total

Consumo

de aacutegua

2009

Caudal

efluente

tratado

2009

Total

Consumo

de aacutegua

2010

Caudal

efluente

tratado

2010

Total

Consumo

de aacutegua

2011

Caudal

efluente

tratado

2011

Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092

Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669

Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933

Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247

Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346

Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236

Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174

Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873

Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785

Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505

Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644

Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757

Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261

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Joana Machado Paacutegina 35

Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas

C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens

(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos

administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor

os vestiaacuterios e o refeitoacuterio

C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da

manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo

do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado

desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca

de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da

concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da

temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas

higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo

onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final

seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e

expediccedilatildeo

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Total Consumo de aacutegua (m3) 2011

Caudal efluente tratado (m3) 2011

Total Consumo de aacutegua (m3) 2010

Caudal efluente tratado (m3) 2010

Total Consumo de aacutegua (m3) 2009

Caudal efluente tratado (m3) 2009

Total Consumo de aacutegua (m3) 2008

Caudal efluente tratado (m3) 2008

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Joana Machado Paacutegina 36

C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo

retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute

efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o

leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento

num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior

parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C

para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril

C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das

proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar

forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na

salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode

ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo

eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a

temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura

Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos

meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009

(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4

em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009

No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e

o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e

agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1

nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)

Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua

residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)

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Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)

(2010 - 2011)

Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma

maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que

se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo

aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser

explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e

consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 ndash 2009

C2 - 2009

C3 ndash 2009

C4 ndash 2009

C1 ndash 2008

C2 - 2008

C3 ndash 2008

C4 ndash 5

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 - 2011

C2 - 2011

C 3 - 2011

C 4 - 2011

C1 - 2010

C2 - 2010

C3 - 2010

C4 - 2010

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Joana Machado Paacutegina 38

Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -

2011)

Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas

(m3) na empresa B2 (2008-2011)

Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem

foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que

menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela

10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas

residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os

maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees

As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam

resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a

estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

100000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas residuais

Volume (m3) de aacutegua consumida

na instalaccedilatildeo fabril e origem na

Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas

residuais

2008 87 313 60 110

2009 65 851 45 248

2010 54 752 36 338

2011 41 4315 2 565

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Joana Machado Paacutegina 39

Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)

Quantidade leite

recebido

Quantidade produto final

2008 34 1216 30 3916

2009 33 391 29 076

2010 33 0979 27 5678

2011 28 454 24 0993

533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C

A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura

transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor

dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de

uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C

estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz

cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve

continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas

estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior

bacia leiteira dos Accedilores

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) leite recebido

Quantidade (m3) produto final

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Joana Machado Paacutegina 40

Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes

ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por

ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs

Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)

manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas

mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo

Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo

No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na

Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados

Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no

entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do

mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a

produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo

Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011

Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem

na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo

de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste

nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que

nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro

apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se

um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos

restantes meses ateacute ao final de 2011

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Joana Machado Paacutegina 41

Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal

(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)

Ano 2011 Aacutegua da Rede

Municiapl

Aacutegua do Furo Aacutegua residual

Caudal mensal

Janeiro 15 344 0 2 928

Fevereiro 13 996 446 18 494

Marccedilo 11 105 3 642 34 899

Abril 12 726 4 466 12 758

Maio 10 460 7 798 12 038

Junho 11 362 8 142 9 968

Julho 12 413 8 097 12 182

Agosto 9 365 7 851 9 721

Setembro 9 623 8 442 12 413

Outubro 10 296 7 753 11 294

Novembro 8 628 6 976 10 637

Dezembro 9 390 6 679 10 799

Total 134 708 5 858 158 131

Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C

(2011)

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Aacutegua da Rede Municiapl

Aacutegua do Furo

Agua residual Caudal mensal

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 42

534 Empacotamento do leite

5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite

Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos

liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de

camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para

embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da

seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)

Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam

qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem

e facilitam a soldadura

Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando

a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos

Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio

ao cartatildeo

Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo

Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior

Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-

Paiva 2003)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 43

5342Enchimento

As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na

maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura

23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da

embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de

hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos

evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado

O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute

dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as

embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)

Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com

eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas

embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo

necessaacuterios 383 X10^10

L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por

cada embalagem (Tabela 11)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 44

Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)

Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de

enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)

Eletricidade [kW]

Vapor [kg]

Aacutegua [L]

Peroacutexido de

Hidrogeacutenio [L]

166times102

300times10-4

383times10-1

250times10-4

Selagem por induccedilatildeo

de calor

Tubo de

enchiment

o abaixo

do niacutevel do

liacutequido

Extremidades

seladas por

induccedilatildeo de

calor

Soluccedilatildeo

esterilizador

a (Peroacutexido

de

hidrogeacutenio)

Aacuterea de esterilizaccedilatildeo

fechada

Embalagem final

cheia e fechada

Rolo de embalagens

preacute-impresso

1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de

enchimento

2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de

entrarem na zona de enchimento

3Leite e embalagens combinados na zona

esterilizada

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 45

54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro

O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca

de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas

que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves

matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e

forragens

O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No

entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores

e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente

criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos

principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a

Portugal

Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6

670 exploraccedilotildees (SREA 2012)

541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro

Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees

nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas

leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo

Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo

cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de

origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais

com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a

respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)

fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000

UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)

Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os

mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 46

composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura

bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)

No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm

tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel

composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta

(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)

A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida

existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos

12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000

kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute

existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores

estimados

542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro

Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem

perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina

fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos

importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que

proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere

A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as

vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia

nutricional e do qualquer outro animal

Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior

quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave

quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido

O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A

quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo

de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre

outros fatores (AJAM 2012)

A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A

temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere

por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 47

ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca

leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o

que for necessaacuterio

Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia

mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia

65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia

543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto

A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo

qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a

sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto

desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando

chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO

14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de

objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees

diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)

Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)

Modelo da Analise do Ciclo de

Vida

Definiccedilatildeo de

objetivo e

alcance

Anaacutelise do

inventaacuterio

Avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais

Inte

rpre

taccedilatilde

o e

av

alia

ccedilatildeo

Aplicaccedilotildees diretas

Conceccedilatildeo e melhoria de

produtos

Planificaccedilatildeo estrateacutegica

Desenvolvimento de

poliacuteticas puacuteblicas

Marketing

Outros

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Joana Machado Paacutegina 48

Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha

de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica

Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a

qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se

iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a

normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o

leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com

a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e

coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No

fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma

ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor

A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido

e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem

De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase

de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o

uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre

outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os

produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees

atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um

esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido

na Figura 25

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo

Faacutebrica

Ciclo de produccedilatildeo

Inputs

Mateacuteria - prima

Aacutegua

Combustiacuteveis

Eletricidade

Outputs

Produtos

Aacuteguas Residuais

Emissotildees

atmosfeacutericas

Resiacuteduos

Energia

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Joana Machado Paacutegina 49

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar

valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede

municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas

faacutebricas e o produto final (Tabela 13)

Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7

(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos

para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das

Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave

produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de

modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o

somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o

somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida

parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo

valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo

final

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B2

Leite UHT

2008 1ordf 126 250 2628

2ordf 175 252 0509 65

2009 1ordf 103 699 908

2ordf 71 552 14286 6

2010 1ordf 91 788 7874

2ordf 162 712 8588 6

2011 1ordf 73 424 7319

2ordf 134 397 589 55

C

Leite UHT

2011 1ordf 290 521 3264

2ordf 467 766 5121 92

Queijo

2011

1ordf 206 985 1468

2ordf 384 230 3325 126

Manteiga

2011

1ordf 211 617 1536

2ordf 388 862 3393 95

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Joana Machado Paacutegina 50

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas (continuaccedilatildeo)

A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano

contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado

leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto

ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano

Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal

Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano

comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se

que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute

Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604

Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade

fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a

unidade B1

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B1

Queijo

2008 1ordf 200 136 3641

2ordf 221 151 1789 234

2009 1ordf 246 905 4224

2ordf 466 797 9329 257

2010 1ordf 258 496 3994

2ordf 475 036 129 26

2011 1ordf 260 433 8293

2ordf 482 828 1566 25

B1

Manteiga

2008 1ordf 319 231 7427

2ordf 540 382 9216 153

2009 1ordf 254 190 7816

2ordf 474 083 2921 12

2010 1ordf 240 425 0996

2ordf 456 964 8292 127

2011 1ordf 257 692 3862

2ordf 480 086 7135 129

A

Manteiga

+

Leite em Poacute

2008 1ordf 621 599 5243

2ordf 634 517 000 32

2009 1ordf 828 542 0485

2ordf 840 877 000 45

2010 1ordf 719 846 301

2ordf 732 551 571 38

2011 1ordf 738 265 1845

2ordf 750 766 5715 41

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Joana Machado Paacutegina 51

Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se

efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute

igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta

empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas

O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo

passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos

seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua

virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso

da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando

com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa

C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais

baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos

processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)

O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite

que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos

(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por

ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os

restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2

100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT

No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite

teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente

30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para

UHT

Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra

parte vai para o leite em poacute

A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C

utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros

de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L

de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)

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A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga

deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga

num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados

Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo

valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo

constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro

Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas

raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo

e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais

erva)

Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo

seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain

(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua

virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)

Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e

C (2011)

C 22

B1 70

A 8

Manteiga

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Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C

(2011)

B1 66

C 34

Queijo

63

37

Leite UHT

B2 C

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Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta

forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA

recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor

Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os

resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no

leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos

dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um

decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011

Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha

de Satildeo Miguel

2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total

Ilha de

Satildeo

Miguel

329 627 021 X

80= 263 701

617 L

340 405 998 X

80= 272 324

798 L

339 702 819 X

80= 271 762

255 L

318 246 409 X

80= 254 597

127 L

331 995 618 X

80= 265 596

4494 L

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Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria

de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15

Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite

diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do

leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o

que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de

aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a

industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614

0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de

leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788

1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite

As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com

valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres

12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor

valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)

Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo

para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando

se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto

possa conter tanta aacutegua

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 56

Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo

para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

2008 329 627 021

X 80=

263

701 617 L

129 312

746 X

80= 103

450 1968 L

7 909 254

X 80= 6

327 403 L

27 771 834

X 80= 22

217 467 L

6 896 744 X

80= 5 517

395 L

12 594 346

X 80= 10

075 477 L

785 179 X

80= 628

1432 L

16 860 X

80= 13

488 L

2009 340 405 998

X 80=

272

324 798 L

138 353

863 X

80= 110

683 090 L

8 112 299

X 80= 6

489 839 L

29 848 324

X 80= 23

878 659 L

8 544 727 X

80= 6 835

782 L

13 187 592

X 80= 10

550 074 L

1 690 260

X 80= 1

352 208 L

38 693 X

80= 30

954 L

2010 339 702 819

X 80=

271 762 255

L

136 515

935 X

80= 109

212 748 L

7 994 445

X 80= 6

395 556 L

28 956 554

X 80= 23

165 243 L

8 399 352 X

80= 6 719

482 L

12 350 878

X 80= 9

880 702 L

1 497 168

X 80= 1

197 734 L

0 L

2011 318 246 409

X 80=

254 597 127

L

138 887

784 X

80= 111

110 22720

L

7 836 356

X 80= 6

269 085 L

28 575 890

X 80= 22

860 712 L

8 561 298 X

80= 6 849

038 L

12 560 084

X 80= 10

048 067 L

1 080 709

X 80=

864 567 L

0 L

Meacutedia total 331 995 618

X 80=

265 596

4494 L

135 767

580 X

80= 108

614 0656 L

7 963

0885 X

80 = 6

370 4708

L

28 788

1505

X80= 23

030 5204 L

8 089

28025

X80= 6

471 4242 L

9 524 641 X

80= 7 619

71331 L

1 263 329

X 80= 1

010 6632

L

13

88825

X80=

11 1106

L

Aacutegua

Virtual na

meacutedia total

1 593 578

696

651 684

3936

382 228

2248

138 183

1224

38 828

5452

45 718

27986

6 063

9792

66 6636

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 57

Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)

seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo

no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com

1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente

da produccedilatildeo na RAA

Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel

para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449

821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios

de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua

associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424

00 m3 e agrave manteiga 61 000 m

3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os

valores referentes agrave pastagem

Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de

referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6

773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os

64

23

1 6

2 2 1 1

Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 58

valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3

(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m

3 (manteiga)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 59

7 CONCLUSOtildeES

A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo

existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute

chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua

num determinado sector eou produto

Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos

em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao

longo deste estudo

De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo

existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados

especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As

empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees

por exemplo

Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os

dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo

estipulado o que tornou o estudo mais generalista

Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos

produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas

empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e

consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais

aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais

sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate

mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e

manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes

envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua

virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel

calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes

em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do

leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6

isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 60

como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa

e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2

Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em

percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto

com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por

completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do

produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito

proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa

B1

Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado

inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas

contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram

caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos

natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores

gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas

tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que

dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos

Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo

laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa

qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos

processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de

empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 61

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httpestatisticaazoresgovpt Acedido a 10 de janeiro de 2012

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httpwwwwwfpto_que_fazemospor_um_planeta_vivopegada_hidrica_em_portugal

_2011 Acedido a 5 de novembro de 2011

ANEXO 1

No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da

RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa

produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo

Questotildees Respostas

1 Que quantidade de leite que entra

na faacutebrica por mecircs e por ano

2 Quais os produtos que produz a

faacutebrica

3 Que quantidades satildeo produzidas

por mecircs e por ano dos diferentes

produtos (separados)

4 Para 1Kg de queijo quantos L de

aacutegua satildeo usados

5 E para 1Kg manteiga quantos

litros de aacutegua satildeo usados

6 E para as natas satildeo necessaacuterios

quantos L de aacutegua

7 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada pela faacutebrica por mecircs e

por ano

8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica

Que quantidade de aacutegua eacute retirada

pelo furo por mecircs e por ano

9 Que quantidades de aacuteguas

residuais produzem na faacutebrica

10 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada para refrigeraccedilatildeo

11 Tecircm um esquema do ciclo de

produccedilotildees que possam

disponibilizar

Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo

Joana Machado

ANEXO II

Processo produtivo

Armazenamento

Arrefecimento

Receccedilatildeo

Desnate

Armazenamento

desnatado

Armazenamento

nata

Produccedilatildeo

Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem

Enchimento

Secagem

Homogeneizaccedilatildeo

Concentraccedilatildeo

Pasteurizaccedilatildeo

ANEXO III

Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo

i-iacuteiacuteiacutea-----t-

AgravelG= l6-11

Acirccigravedez= E-17 C

NaCl r291sal e0 lsnal

lIgraveunitlaamp l6qocirc

Mrtr-gg

Expdrccedilatildeo

Qucilo Fabnco

Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I

s9mq9mExpediccedilatildeo

_t-I Armazenageln llcnrP

ric--T--

t-llCotdo eml

I u l

t Epdtccedilatilde I

Sacos de 25Kg

I+IacutefilAtildeqol

IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I

crnp lmbrcilla

l ll]j n u uo0

iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet

IY

Tratamento do

Soro

lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras

J

tit=tstl

lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1

LeiteMago

em Poacute

Saco Atrn saco plaacutestico

roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa

separadora caixa de callatildeo

I E-pdiccedilatilde I

Page 3: Água virtual no sector dos lacticínios na Região Autónoma dos … · 2017. 8. 18. · Figura 2 Distribuição geográfica mundial da escassez física de água 7 Figura 3 Distribuição

i

AGRADECIMENTOS

Aos orientadores Professor Doutor Joseacute Vigiacutelio Cruz e Professora Doutora Regina

Cunha pela sugestatildeo do tema pelo apoio e incentivo por todo o tempo despendido

pelos ensinamentos que me proporcionaram e por toda a orientaccedilatildeo prestada durante a

realizaccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo

Agraves faacutebricas de lacticiacutenios pela colaboraccedilatildeo na entrega de dados sobre as suas produccedilotildees

e consumos E tambeacutem pela simpatia e disponibilidade sempre que solicitava

informaccedilotildees

Agrave Associaccedilatildeo Agriacutecola de Satildeo Miguel pelas informaccedilotildees sobre as suas Raccedilotildees Santana

e agrave Associaccedilatildeo dos Jovens Agricultores Micaelenses pelas informaccedilotildees sobre o ciclo de

vida das vacas leiteiras

E por uacuteltimo e natildeo menos importante aos meus pais que me apoiam muito e tornam

tudo possiacutevel na minha vida

ii

IacuteNDICE

Agradecimentos i

Iacutendice ii

Anexos iii

Iacutendice de Tabelas iv

Iacutendice de Figuras v

Lista de abreviaturas e acroacutenimos vii

Resumo viii

Abstract ix

1 INTRODUCcedilAtildeO 2

11 Enquadramento 2

12 Acircmbito e Objetivos 3

13 Estrutura do Trabalho 4

2 A AacuteGUA COMO RECURSO 5

21 Distribuiccedilatildeo da Aacutegua na Terra 5

22 Consumo de Aacutegua na Europa 8

23 Consumo de aacutegua em Portugal 10

231 Consumo de Aacutegua em Portugal 10

232 Qualidade da aacutegua em Portugal 11

233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores 12

3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL 14

4 METODOLOGIA 16

41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra 16

42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo 16

421 Ciclo de vida do gado leiteiro 18

422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos 18

5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA 20

51 Arquipeacutelago dos Accedilores 20

52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental 23

53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo 24

531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A 26

532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2 32

533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C 39

534 Empacotamento do leite 42

5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite 42

5342 Enchimento 43

54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro 45

541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro 45

542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro 46

iii

543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto 47

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 49

7 CONCLUSOtildeES 59

8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 61

ANEXOS

Anexo I Questionaacuterio agraves Induacutestrias de lacticinios

Anexo II Fluxograma geral do processo produtivo da empresa A

Anexo III Fluxograme geral do processo produtivo da empresa B1

iv

IacuteNDICE DE TABELAS

Tabela 1 Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo 6

Tabela 2 Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental

Tabela 3 Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) 25

Tabela 4 Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011) 26

Tabela 5 Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008

e 2011)

28

Tabela 6 Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

30

Tabela 7 Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008

e 2011)

31

Tabela 8 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m

3) na empresa B1

(2008-2011)

34

Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais

emitidas (m3) na empresa B2 (2008-2011)

38

Tabela 10 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 -

2011)

39

Tabela 11 Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal

mensal (m3) emitida pela empresa C em 2011

41

Tabela 12 Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de

enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL

44

Tabela 13 Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas

49

Tabela 14 Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a

Ilha de Satildeo Miguel

54

Tabela 15 Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo

para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA

56

v

IacuteNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua 5

Figura 2 Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua 7

Figura 3 Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial 8

Figura 4 Uso sectorial da aacutegua na Europa 9

Figura 5 Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo

(B)

10

Figura 6 Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de

estaccedilotildees em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B)

11

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 15

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 16

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua

virtual

17

Figura 10 Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores 20

Figura 11 VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria

incluindo energia 3 ndash construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos

automoacuteveis e de bens de uso pessoal e domeacutestico alojamento e

restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e comunicaccedilotildees 5 -

atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos

22

Figura 12 Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008

- 2011)

29

Figura 13 Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 30

Figura 14 Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 31

Figura 15 Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa

A (2008 ndash 2011)

32

Figura 16 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

35

Figura 17 Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

37

Figura 18 Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1

(m3) (2010 - 2011)

37

Figura19 Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008

- 2011)

38

Figura 20 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

39

Figura 21 Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa

C (2011)

41

vi

Figura 22 Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) 42

Figura 23 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic

44

Figura 24 Modelo ACV 47

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo 48

Figura 26 Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A

B1 e C (2011)

52

Figura 27 Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

53

Figura 28 Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e

C (2011)

53

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido

diretamente da produccedilatildeo na RAA

57

vii

LISTA DE ABREVIATURAS E ACROacuteNIMOS

ACV Avaliaccedilatildeo Ciclo de Vida

AFCAL Associaccedilatildeo dos Fabricantes de Embalagens de cartatildeo para Alimentos

Liacutequidos

AJAM Associaccedilatildeo Jovens Agricultores

APA Agencia Portuguesa do Ambiente

DL Decreto de Lei

DROTRH Direccedilatildeo Regional do Ordenamento do Territoacuterio e dos Recursos

Hiacutedricos

EA Environment Agency

EEA European Environment Agency

GEO3 Global Environment Outlook 3

INE Instituto Nacional de Estatiacutestica

ISO International Standardization Organization

ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

QA Quercus Ambiente

PAC Portal do Ambiente e do Cidadatildeo

PNA Plano Nacional de Aacutegua

RAA Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

SISAB Salatildeo Internacional do Sector Alimentar e Bebidas

SNIRH Sistema Nacional de Informaccedilatildeo dos Recursos Hiacutedricos

SREA Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores

UNESCO United Nations Educational Scientific and Cultural Organization

WWF Water Wildlife Fund

VAB Valor Acrescentado Bruto

VMA Valor Maximo Admicivel

VMR Valor Minimo Admicivel

viii

RESUMO

A aacutegua apesar de ser um recurso essencial agrave vida e imprescindiacutevel ao desenvolvimento

socioeconoacutemico encontra-se submetida a crescentes pressotildees quantitativa e qualitativa

que se manifestam a muacuteltiplos niacuteveis desde a escassez agrave poluiccedilatildeo quiacutemica e bioloacutegica

Torna-se assim necessaacuterio promover a sua preservaccedilatildeo associada a medidas de gestatildeo

sustentaacutevel dos recursos

A presente dissertaccedilatildeo tem por principal objetivo proceder agrave determinaccedilatildeo da aacutegua

virtual no sector dos lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores nomeadamente a

associada agrave produccedilatildeo de leite queijo manteiga e leite em poacute Para tal procedeu-se agrave

determinaccedilatildeo da aacutegua virtual em trecircs empresas do sector de Lacticiacutenios da Ilha de Satildeo

Miguel e respetiva evoluccedilatildeo ao longo do tempo e extrapolou-se esta determinaccedilatildeo para

o sector de lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A determinaccedilatildeo da aacutegua virtual requer a recolha de um amplo conjunto de dados de

base nomeadamente sobre a quantidade de aacutegua que entra e sai de cada empresa os

processos de fabrico e o volume de produtos final de acordo com a sua tipologia No

presente estudo as fronteiras da avaliaccedilatildeo foram definidas a montante pelo gado

leiteiro e a jusante pelos produtos feitos por cada empresa e suas embalagens numa

abordagem do tipo ciclo de vida

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores a meacutedia anual de leite recolhido diretamente da

produccedilatildeo para as induacutestrias de lacticiacutenios ronda os 523 milhotildees de litros o que

corresponderaacute a cerca de 419 milhotildees de litros de aacutegua por ano A este volume foram

adicionados os volumes anuais de aacutegua do ciclo de vida do gado leiteiro a aacutegua gasta

pelas faacutebricas de lacticiacutenios e a aacutegua associada agrave produccedilatildeo das embalagens Os valores

obtidos satildeo uma estimativa por defeito da aacutegua virtual associada ao sector dos

lacticiacutenios nos Accedilores nomeadamente no que concerne ao leite ao queijo e agrave manteiga

Este estudo constitui a primeira abordagem agrave determinaccedilatildeo da aacutegua virtual no sector dos

lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Palavras-chave Recursos hiacutedricos Aacutegua Virtual Lacticiacutenios Satildeo Miguel Accedilores

ix

ABSTRACT

Nowadays despite been essential to life and to economical development water is

subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water

shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water

resources associated to the implementation of sustainable management practices is

extremely urgent and necessary

The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores

extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel

island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk

butter cheese and milk powder

It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk

collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume

corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected

corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption

of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy

industries and finally the water used in the production of packaging for one year also

The value obtained is called Virtual Water dairy products

Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 2

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Enquadramento

O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre

em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre

Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito

de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel

socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua

Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou

serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no

conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado

ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto

ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos

Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela

nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O

planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria

salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser

usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia

Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o

desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da

mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel

um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja

inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica

O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo

agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da

captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades

domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial

Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os

140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante

(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 3

Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua

virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011

em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o

forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada

dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter

origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)

Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior

peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o

comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com

61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)

Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52

m3hab

ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e

mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for

adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura

aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel

pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)

12 Acircmbito e objetivos

O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na

produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs

faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do

tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo

A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de

produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo

inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo

Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute

tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 4

13 Estrutura do trabalho

A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os

seguintes aspetos

No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos

O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia

quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu

No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual

O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da

dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da

investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI

No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e

as suas atividades

O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se

agrave respetiva discussatildeo

No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo

Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves

fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 5

2 A AacuteGUA COMO RECURSO

21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra

A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou

animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente

em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra

Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou

doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo

nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua

distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente

movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)

Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)

A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por

mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos

atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km

3) apenas

08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo

para abastecimento humano (Tabela 1)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 6

Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)

Reservatoacuterio Total Aacutegua doce

Oceanos

Gelo e neve

965

18

966

Aacutegua

subterracircnea

Doce 076 301

Salgada 093

Aacutegua superficial

Aacutegua no solo

Lagos (aacutegua doce) 0007 026

Lagos (aacutegua

salgados)

0006

Pacircntanos 00008 003

Rios 00002

00012

0006

005

Atmosfera 0001 004

Biosfera 00001 0003

Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por

se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo

usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo

eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo

A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com

escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais

sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo

abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso

humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por

paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos

ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 7

Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)

Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab

ano em

Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)

A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25

desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute

foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade

de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua

disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na

induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 8

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain

2007b)

22 Consumo de aacutegua na Europa

Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da

Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da

mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que

eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior

percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico

(figura 4) (Karavatis)

Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de

aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade

populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos

paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector

o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes

A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a

meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499

para 5 170 m3hab

ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total

de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o

consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que

eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para

descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 9

lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito

miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal

No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per

capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida

das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na

poupanccedila de aacutegua (Karavatis)

Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 10

23 Consumo de aacutegua em Portugal

231 Consumo de aacutegua em Portugal

Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por

habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica

Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)

Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado

posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da

presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que

exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal

parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica

do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)

referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave

importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)

Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector

industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o

sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)

Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)

(PNA 2012)

A B

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 11

232 Qualidade da aacutegua em Portugal

Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na

generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade

realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua

evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao

presente (Figura 6A)

A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como

boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute

qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel

(Figura 6B)

Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees

em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)

B A

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 12

233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as

necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de

20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de

energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo

consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta

teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares

Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo

de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees

82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da

legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser

considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava

paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua

deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo

ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos

naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das

atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a

atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para

aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades

significativas de aacutegua

Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros

podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do

proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute

convertida em aacuteguas residuais

De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a

maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros

focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores

(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas

com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de

poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 13

Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm

a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes

urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material

utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem

de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos

dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de

fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 14

3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL

Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi

reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a

aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes

do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre

os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade

dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)

Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees

internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor

John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)

Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos

agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima

2008)

A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou

serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem

no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma

medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se

estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a

aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)

Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices

quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e

autossuficiecircncia de aacutegua

Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua

virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a

quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)

Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum

bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros

de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros

de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de

aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 15

O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua

Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo

Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os

fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de

produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)

O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma

vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes

das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 16

4 METODOLOGIA

41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra

A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no

sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas

A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental

para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro

passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo

(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de

acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na

internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados

referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de

leite para o sector industrial

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber

como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua

que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais

mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)

42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo

Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise

e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Seleccedilatildeo do grupo de

anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das

empresas

Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e

outputs Interpretaccedilatildeo dos

Resultados

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 17

Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se

chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de

vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e

aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas

na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos

necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute

contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um

deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que

entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos

resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente

estudo

Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo

natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo

relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual

Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que

calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra

na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto

final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 18

uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma

precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano

421 Ciclo de vida do gado leiteiro

Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios

propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas

Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)

Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo

metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo

Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)

Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-

se 35 L x 365 d= 12 775 L

Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)

422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos

Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma

determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e

do tipo de produto

H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)

Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo

ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 19

H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)

Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)

Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)

Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)

Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se

os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)

Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte

equaccedilatildeo (eq 9)

H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80

H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da

vaca (L) pano nas ilhas x 80

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)

( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X

50))

( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X

50))

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 20

5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA

51 Arquipeacutelago dos Accedilores

O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos

36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute

formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o

Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e

Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca

de 2 322 km2

Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)

O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas

de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o

territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional

varia entre 219 e 3418 habkm2

De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no

arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute

condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A

amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida

e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 21

A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930

mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)

O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico

refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no

geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha

Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)

A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a

cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52

acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas

(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da

Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes

menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800

m de altitude (Cruz et al 2009)

O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande

parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas

tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade

vulcacircnica(Cruz et al 2009)

Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem

vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e

azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG

2001)

O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo

vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas

registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo

destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para

NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)

Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem

intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas

diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo

o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 22

A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados

estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo

Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel

relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem

observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem

como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos

tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente

vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de

erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos

piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)

A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos

serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das

atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)

estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram

responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros

contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total

(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)

Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash

construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e

domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e

comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)

111

109

61

228156

336 1

2

3

4

5

6

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 23

O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com

601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector

secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as

ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira

52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental

Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre

foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em

Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada

quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que

autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo

Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada

qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional

Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute

criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha

vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam

de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)

Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a

2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a

2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na

produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de

apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 24

Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)

Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)

2007 1 909 440

2008 1 960 899

2009 1 938 641

2010 1 860574

2011 1 860 831

Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em

todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a

este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite

UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com

impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de

aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas

Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito

a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em

parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo

Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das

associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o

GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios

agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)

Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos

sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela

3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que

maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-

se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram

os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma

evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a

diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24

326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011

os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 25

Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)

Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011

Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo

26

367 375

25 966 137

Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

25 858 430 25 289 152

Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

29 867 949 30 313 630

Abril Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 513 001 31 933 104

Maio Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

34 156 283 35 321 861

Junho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

32 761 050 33 910 081

Julho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 480 274 32 716 997

Agosto Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

27 941 816 29 101 970

Setembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 413 105 26 506 695

Outubro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 007 653 26 610 025

Novembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 326 655

25 040 257

Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 894 278 26 955 549

Total 339 587 869 349 665 458

No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite

para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute

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atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a

que menos produz (Tabela 4)

Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)

(SREA2012)

53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo

Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente

trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por

motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim

como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas

531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A

A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a

farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A

partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e

atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as

outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa

ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus

produtos

Ilha

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2008

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2009

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2010

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2011

Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408

Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982

Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296

Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242

Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415

Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736

Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908

Corvo 1 405 3 22441 0 2248

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Joana Machado Paacutegina 27

Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e

produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)

O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o

arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a

outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o

armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo

armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de

desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo

posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando

pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)

Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009

aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a

empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua

evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e

posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial

desde que natildeo haja contacto com o produto

Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da

vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal

Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado

ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em

conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma

licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada

entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas

condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental

A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em

Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente

produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal

Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede

municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo

conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja

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Joana Machado Paacutegina 28

consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m

3 em 2010 e

43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)

Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3

t e 8592 m3

t

para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave

empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)

Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)

102 65200 m3 (2009) 22 24900 m

3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o

registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)

Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e

2011)

Consumo

de aacutegua

municipal

2008

Consumo

de aacutegua

salgada

2008

Consumo

de aacutegua

municipal

2009

Consumo

de aacutegua

salgada

2009

Consumo

de aacutegua

municipal

2010

Consumo

de aacutegua

salgada

2010

Consumo

de aacutegua

municipal

2011

Consumo

de aacutegua

salgada

2011

Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692

Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492

Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927

Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734

Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622

Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732

Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995

Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263

Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526

Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213

Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874

Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885

Total

anual

66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835

Meacutedia

anual

5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486

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Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de

2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura

12)

Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de

marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que

se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro

Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -

2011)

Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho

de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela

6 Figura 13)

No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes

mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)

sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por

uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008

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Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Leite

recebido

2011

Soro

recebido

2011

Leite

recebido

2010

Soro

recebido

2010

Leite

recebido

2009

Soro

recebido

2009

Leite

recebido

(2008

Soro

recebido

2008

Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210

Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437

Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401

Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368

Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219

Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265

Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235

Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364

Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376

Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338

Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350

Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239

Total

anual

72 103 2415 73 280 2

634451

71 144 2 507 74 507 3 802

Meacutedia

anual

6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833

Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Leite recebido (ton) 2011

Leite recebido (ton) 2010

Leite recebido (ton) 2009

Leite recebido (ton) 2008

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Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A

entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011

com um leve decreacutescimo (Tabela 7)

Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e

2011)

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2008

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2009

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2010

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2011

Jan 859 906 784 83059

Fev 868 256 748 71868

Mar 929 913 839 935755

Abr 889 909 872 8792

Mai 895 933 875 96577

Jun 847 914 859 896085

Jul 918 927 943 836515

Ago 860 793 811 882075

Set 688 812 781 33077

Out 678 667 698 2103

Nov 719 627 661 667125

Dez 689 704 659 79611

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Soro recebido (ton) 2011

Soro recebido (ton) 2010

Soro recebido (ton) 2009

Soro recebido (ton) 2008

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Joana Machado Paacutegina 32

Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975

Meacutedia

anual

820 780083 794 7457479

Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram

janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior

produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)

Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A

(2008 ndash 2011)

532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2

A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e

duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas

quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em

poacute e lactosoro em poacute

Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril

da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W

A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo

com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se

a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma

0

200

400

600

800

1000

1200

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008

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Joana Machado Paacutegina 33

reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica

regional

A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do

atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de

produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo

Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo

e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente

Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute

existentes (Tavares 2008)

A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga

leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de

induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo

grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos

de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3

(Tavares 2008)

Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a

nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga

Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da

captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes

situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia

dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma

captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da

Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)

O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para

2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)

O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um

aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente

tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144

m3) (Tabela 8)

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Joana Machado Paacutegina 34

Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m

3) na empresa B1 (2008-

2011)

Total

Consumo

de aacutegua

2008

Caudal

efluente

tratado

2008

Total

Consumo

de aacutegua

2009

Caudal

efluente

tratado

2009

Total

Consumo

de aacutegua

2010

Caudal

efluente

tratado

2010

Total

Consumo

de aacutegua

2011

Caudal

efluente

tratado

2011

Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092

Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669

Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933

Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247

Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346

Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236

Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174

Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873

Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785

Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505

Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644

Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757

Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261

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Joana Machado Paacutegina 35

Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas

C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens

(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos

administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor

os vestiaacuterios e o refeitoacuterio

C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da

manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo

do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado

desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca

de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da

concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da

temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas

higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo

onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final

seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e

expediccedilatildeo

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Total Consumo de aacutegua (m3) 2011

Caudal efluente tratado (m3) 2011

Total Consumo de aacutegua (m3) 2010

Caudal efluente tratado (m3) 2010

Total Consumo de aacutegua (m3) 2009

Caudal efluente tratado (m3) 2009

Total Consumo de aacutegua (m3) 2008

Caudal efluente tratado (m3) 2008

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 36

C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo

retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute

efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o

leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento

num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior

parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C

para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril

C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das

proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar

forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na

salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode

ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo

eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a

temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura

Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos

meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009

(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4

em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009

No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e

o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e

agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1

nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)

Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua

residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 37

Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)

(2010 - 2011)

Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma

maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que

se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo

aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser

explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e

consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 ndash 2009

C2 - 2009

C3 ndash 2009

C4 ndash 2009

C1 ndash 2008

C2 - 2008

C3 ndash 2008

C4 ndash 5

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 - 2011

C2 - 2011

C 3 - 2011

C 4 - 2011

C1 - 2010

C2 - 2010

C3 - 2010

C4 - 2010

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Joana Machado Paacutegina 38

Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -

2011)

Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas

(m3) na empresa B2 (2008-2011)

Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem

foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que

menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela

10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas

residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os

maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees

As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam

resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a

estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

100000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas residuais

Volume (m3) de aacutegua consumida

na instalaccedilatildeo fabril e origem na

Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas

residuais

2008 87 313 60 110

2009 65 851 45 248

2010 54 752 36 338

2011 41 4315 2 565

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Joana Machado Paacutegina 39

Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)

Quantidade leite

recebido

Quantidade produto final

2008 34 1216 30 3916

2009 33 391 29 076

2010 33 0979 27 5678

2011 28 454 24 0993

533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C

A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura

transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor

dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de

uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C

estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz

cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve

continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas

estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior

bacia leiteira dos Accedilores

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) leite recebido

Quantidade (m3) produto final

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Joana Machado Paacutegina 40

Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes

ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por

ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs

Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)

manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas

mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo

Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo

No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na

Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados

Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no

entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do

mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a

produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo

Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011

Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem

na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo

de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste

nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que

nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro

apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se

um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos

restantes meses ateacute ao final de 2011

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Joana Machado Paacutegina 41

Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal

(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)

Ano 2011 Aacutegua da Rede

Municiapl

Aacutegua do Furo Aacutegua residual

Caudal mensal

Janeiro 15 344 0 2 928

Fevereiro 13 996 446 18 494

Marccedilo 11 105 3 642 34 899

Abril 12 726 4 466 12 758

Maio 10 460 7 798 12 038

Junho 11 362 8 142 9 968

Julho 12 413 8 097 12 182

Agosto 9 365 7 851 9 721

Setembro 9 623 8 442 12 413

Outubro 10 296 7 753 11 294

Novembro 8 628 6 976 10 637

Dezembro 9 390 6 679 10 799

Total 134 708 5 858 158 131

Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C

(2011)

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Aacutegua da Rede Municiapl

Aacutegua do Furo

Agua residual Caudal mensal

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Joana Machado Paacutegina 42

534 Empacotamento do leite

5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite

Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos

liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de

camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para

embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da

seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)

Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam

qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem

e facilitam a soldadura

Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando

a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos

Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio

ao cartatildeo

Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo

Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior

Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-

Paiva 2003)

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Joana Machado Paacutegina 43

5342Enchimento

As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na

maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura

23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da

embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de

hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos

evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado

O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute

dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as

embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)

Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com

eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas

embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo

necessaacuterios 383 X10^10

L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por

cada embalagem (Tabela 11)

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Joana Machado Paacutegina 44

Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)

Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de

enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)

Eletricidade [kW]

Vapor [kg]

Aacutegua [L]

Peroacutexido de

Hidrogeacutenio [L]

166times102

300times10-4

383times10-1

250times10-4

Selagem por induccedilatildeo

de calor

Tubo de

enchiment

o abaixo

do niacutevel do

liacutequido

Extremidades

seladas por

induccedilatildeo de

calor

Soluccedilatildeo

esterilizador

a (Peroacutexido

de

hidrogeacutenio)

Aacuterea de esterilizaccedilatildeo

fechada

Embalagem final

cheia e fechada

Rolo de embalagens

preacute-impresso

1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de

enchimento

2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de

entrarem na zona de enchimento

3Leite e embalagens combinados na zona

esterilizada

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Joana Machado Paacutegina 45

54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro

O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca

de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas

que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves

matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e

forragens

O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No

entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores

e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente

criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos

principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a

Portugal

Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6

670 exploraccedilotildees (SREA 2012)

541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro

Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees

nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas

leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo

Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo

cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de

origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais

com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a

respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)

fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000

UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)

Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os

mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma

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Joana Machado Paacutegina 46

composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura

bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)

No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm

tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel

composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta

(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)

A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida

existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos

12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000

kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute

existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores

estimados

542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro

Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem

perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina

fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos

importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que

proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere

A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as

vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia

nutricional e do qualquer outro animal

Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior

quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave

quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido

O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A

quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo

de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre

outros fatores (AJAM 2012)

A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A

temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere

por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 47

ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca

leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o

que for necessaacuterio

Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia

mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia

65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia

543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto

A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo

qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a

sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto

desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando

chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO

14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de

objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees

diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)

Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)

Modelo da Analise do Ciclo de

Vida

Definiccedilatildeo de

objetivo e

alcance

Anaacutelise do

inventaacuterio

Avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais

Inte

rpre

taccedilatilde

o e

av

alia

ccedilatildeo

Aplicaccedilotildees diretas

Conceccedilatildeo e melhoria de

produtos

Planificaccedilatildeo estrateacutegica

Desenvolvimento de

poliacuteticas puacuteblicas

Marketing

Outros

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 48

Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha

de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica

Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a

qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se

iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a

normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o

leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com

a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e

coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No

fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma

ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor

A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido

e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem

De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase

de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o

uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre

outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os

produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees

atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um

esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido

na Figura 25

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo

Faacutebrica

Ciclo de produccedilatildeo

Inputs

Mateacuteria - prima

Aacutegua

Combustiacuteveis

Eletricidade

Outputs

Produtos

Aacuteguas Residuais

Emissotildees

atmosfeacutericas

Resiacuteduos

Energia

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Joana Machado Paacutegina 49

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar

valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede

municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas

faacutebricas e o produto final (Tabela 13)

Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7

(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos

para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das

Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave

produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de

modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o

somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o

somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida

parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo

valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo

final

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B2

Leite UHT

2008 1ordf 126 250 2628

2ordf 175 252 0509 65

2009 1ordf 103 699 908

2ordf 71 552 14286 6

2010 1ordf 91 788 7874

2ordf 162 712 8588 6

2011 1ordf 73 424 7319

2ordf 134 397 589 55

C

Leite UHT

2011 1ordf 290 521 3264

2ordf 467 766 5121 92

Queijo

2011

1ordf 206 985 1468

2ordf 384 230 3325 126

Manteiga

2011

1ordf 211 617 1536

2ordf 388 862 3393 95

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 50

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas (continuaccedilatildeo)

A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano

contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado

leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto

ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano

Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal

Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano

comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se

que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute

Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604

Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade

fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a

unidade B1

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B1

Queijo

2008 1ordf 200 136 3641

2ordf 221 151 1789 234

2009 1ordf 246 905 4224

2ordf 466 797 9329 257

2010 1ordf 258 496 3994

2ordf 475 036 129 26

2011 1ordf 260 433 8293

2ordf 482 828 1566 25

B1

Manteiga

2008 1ordf 319 231 7427

2ordf 540 382 9216 153

2009 1ordf 254 190 7816

2ordf 474 083 2921 12

2010 1ordf 240 425 0996

2ordf 456 964 8292 127

2011 1ordf 257 692 3862

2ordf 480 086 7135 129

A

Manteiga

+

Leite em Poacute

2008 1ordf 621 599 5243

2ordf 634 517 000 32

2009 1ordf 828 542 0485

2ordf 840 877 000 45

2010 1ordf 719 846 301

2ordf 732 551 571 38

2011 1ordf 738 265 1845

2ordf 750 766 5715 41

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 51

Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se

efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute

igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta

empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas

O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo

passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos

seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua

virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso

da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando

com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa

C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais

baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos

processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)

O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite

que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos

(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por

ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os

restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2

100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT

No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite

teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente

30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para

UHT

Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra

parte vai para o leite em poacute

A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C

utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros

de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L

de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 52

A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga

deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga

num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados

Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo

valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo

constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro

Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas

raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo

e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais

erva)

Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo

seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain

(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua

virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)

Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e

C (2011)

C 22

B1 70

A 8

Manteiga

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 53

Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C

(2011)

B1 66

C 34

Queijo

63

37

Leite UHT

B2 C

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 54

Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta

forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA

recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor

Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os

resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no

leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos

dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um

decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011

Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha

de Satildeo Miguel

2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total

Ilha de

Satildeo

Miguel

329 627 021 X

80= 263 701

617 L

340 405 998 X

80= 272 324

798 L

339 702 819 X

80= 271 762

255 L

318 246 409 X

80= 254 597

127 L

331 995 618 X

80= 265 596

4494 L

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 55

Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria

de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15

Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite

diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do

leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o

que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de

aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a

industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614

0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de

leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788

1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite

As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com

valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres

12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor

valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)

Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo

para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando

se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto

possa conter tanta aacutegua

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 56

Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo

para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

2008 329 627 021

X 80=

263

701 617 L

129 312

746 X

80= 103

450 1968 L

7 909 254

X 80= 6

327 403 L

27 771 834

X 80= 22

217 467 L

6 896 744 X

80= 5 517

395 L

12 594 346

X 80= 10

075 477 L

785 179 X

80= 628

1432 L

16 860 X

80= 13

488 L

2009 340 405 998

X 80=

272

324 798 L

138 353

863 X

80= 110

683 090 L

8 112 299

X 80= 6

489 839 L

29 848 324

X 80= 23

878 659 L

8 544 727 X

80= 6 835

782 L

13 187 592

X 80= 10

550 074 L

1 690 260

X 80= 1

352 208 L

38 693 X

80= 30

954 L

2010 339 702 819

X 80=

271 762 255

L

136 515

935 X

80= 109

212 748 L

7 994 445

X 80= 6

395 556 L

28 956 554

X 80= 23

165 243 L

8 399 352 X

80= 6 719

482 L

12 350 878

X 80= 9

880 702 L

1 497 168

X 80= 1

197 734 L

0 L

2011 318 246 409

X 80=

254 597 127

L

138 887

784 X

80= 111

110 22720

L

7 836 356

X 80= 6

269 085 L

28 575 890

X 80= 22

860 712 L

8 561 298 X

80= 6 849

038 L

12 560 084

X 80= 10

048 067 L

1 080 709

X 80=

864 567 L

0 L

Meacutedia total 331 995 618

X 80=

265 596

4494 L

135 767

580 X

80= 108

614 0656 L

7 963

0885 X

80 = 6

370 4708

L

28 788

1505

X80= 23

030 5204 L

8 089

28025

X80= 6

471 4242 L

9 524 641 X

80= 7 619

71331 L

1 263 329

X 80= 1

010 6632

L

13

88825

X80=

11 1106

L

Aacutegua

Virtual na

meacutedia total

1 593 578

696

651 684

3936

382 228

2248

138 183

1224

38 828

5452

45 718

27986

6 063

9792

66 6636

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 57

Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)

seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo

no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com

1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente

da produccedilatildeo na RAA

Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel

para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449

821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios

de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua

associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424

00 m3 e agrave manteiga 61 000 m

3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os

valores referentes agrave pastagem

Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de

referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6

773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os

64

23

1 6

2 2 1 1

Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 58

valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3

(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m

3 (manteiga)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 59

7 CONCLUSOtildeES

A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo

existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute

chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua

num determinado sector eou produto

Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos

em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao

longo deste estudo

De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo

existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados

especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As

empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees

por exemplo

Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os

dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo

estipulado o que tornou o estudo mais generalista

Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos

produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas

empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e

consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais

aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais

sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate

mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e

manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes

envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua

virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel

calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes

em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do

leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6

isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 60

como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa

e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2

Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em

percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto

com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por

completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do

produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito

proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa

B1

Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado

inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas

contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram

caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos

natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores

gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas

tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que

dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos

Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo

laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa

qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos

processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de

empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 61

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Significativas Para a Gestatildeo da Aacutegua na Regiatildeo Hidrograacutefica dos Accedilores Identificaccedilatildeo

caracterizaccedilatildeo e apoio agrave participaccedilatildeo puacuteblica Relatoacuterio final Relatoacuterio DCT

31CVARG09 Universidade dos Accedilores Ponta Delgada 153 pp

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 62

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DRECRETO DE LEI REGIONAL Nordm 192003A ldquoDR 95 SEacuteRIE I-A DE 2003-04-23rdquo ANEXO 1

2617 PP

DROTRHndashINAG (2001) PLANO REGIONAL DA AacuteGUA RELATOacuteRIO TEacuteCNICO VERSAtildeO

PARA CONSULTA PUacuteBLICA DROTRH-INAG PONTA DELGADA 414 PP

Gaspar JL Queiroz G Ferreira T Coutinho R Almeida MH Wallenstein N amp

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Angra do Heroiacutesmo 13-16 ppKaravatis C Uso de aacutegua na Europa Seacuterie do fasciacuteculo

A nuacutemero 1

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 63

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Joana Machado Paacutegina 64

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Disponiacutevel em httpwwwafcalptembalagensphp Acedido a 28 de agosto de 2012

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didaticobiologia234htmlAacutegua Virtual|outline Acedido a 28 de agosto de 2012 em

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28 de agosto de 2012

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httpwwwgazetaruralcomindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2085ac

ores-pagamentos-do-resgate-leiteiro-efectuadosampcatid=67acoresampItemid=59 Acedido

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disponiacutevel em httpwwwuneporggeoGEO3englishpdfsprelimspdf Acedido a 26

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Quercus Ambiente ndash A ldquopegada de Aacuteguardquo Disponiacutevel em

httpjornalquercusptscidsubquercusdefaultarticleViewOneaspcategorySiteID=448

amparticleSiteID=1126 Acedido a 28 de agosto de 2012

PelaNaturezapt (2011 15 de Setembro) Pegada Hiacutedrica em Portugal Disponiacutevel em

httppelanaturezaptaguanoticiaspegada-hidrica-em-portugal-44444444 Acedido a 5

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Portos e Infraestruturas Portuaacuterias (PIP) 2012 Disponiacutevel em

httpwwwazoresgovptGrasram-pescasmenussecundarioPortos+e+Infraestruturas

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Portal do Ambiente e do Cidadatildeo (PAC) Disponiacutevel em

httpambientemaiadigitalptambienteaguamais-informacao-1sobre-a-importancia-

de-preservarmos-a-agua Acedido a 15 de julho de 2012

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 65

Revista de Informaccedilatildeo Cultural Cientifica (RICC) Disponiacutevel em

httpportugalizanetoldnumero05bol05n05htm Acedido a 27 de agosto de 2012

Rizomas (200924 de Agosto) Aacutegua virtualDisponiacutevel em httprizomasnetcultura-

escolarmaterial-didaticobiologia234htmlAacutegua Virtual|outline Acedido a 27 de

agosto de 2012

Salatildeo Internacional do Sector Alimentar e Bebidas (SISAB) Portugal 2012 Disponiacutevel

em httpwwwsisaborgcontent1378lacticinios Acedido a 28 de agosto de 2012

Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores (SREA) disponiacutevel em

httpestatisticaazoresgovpt Acedido a 10 de janeiro de 2012

Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores- Recenseamento agriacutecola 2009 disponiacutevel

em httpestatisticaazoresgovpt Acedido a 28de Outubro

Sistema Nacional de Informaccedilatildeo dos Recursos Hiacutedricos (SNIRH) 2012- Disponiacutevel em

httpsnirhptindexphpidMain=1ampidItem=15 Acedido a 15 de stembro2012

Water Foundation - World Water Council (200818 de Marccedilo) Virtual

WaterDisponiacutevel em httpwwwvirtual-

waterorgindexphpoption=com_contentamptask=viewampid=1ampItemid=1 Acedido a 5 de

novembro de 2011

World Wide Foundation for Nature (2011)Disponiacutevel em

httpwwwwwfpto_que_fazemospor_um_planeta_vivopegada_hidrica_em_portugal

_2011 Acedido a 5 de novembro de 2011

ANEXO 1

No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da

RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa

produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo

Questotildees Respostas

1 Que quantidade de leite que entra

na faacutebrica por mecircs e por ano

2 Quais os produtos que produz a

faacutebrica

3 Que quantidades satildeo produzidas

por mecircs e por ano dos diferentes

produtos (separados)

4 Para 1Kg de queijo quantos L de

aacutegua satildeo usados

5 E para 1Kg manteiga quantos

litros de aacutegua satildeo usados

6 E para as natas satildeo necessaacuterios

quantos L de aacutegua

7 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada pela faacutebrica por mecircs e

por ano

8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica

Que quantidade de aacutegua eacute retirada

pelo furo por mecircs e por ano

9 Que quantidades de aacuteguas

residuais produzem na faacutebrica

10 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada para refrigeraccedilatildeo

11 Tecircm um esquema do ciclo de

produccedilotildees que possam

disponibilizar

Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo

Joana Machado

ANEXO II

Processo produtivo

Armazenamento

Arrefecimento

Receccedilatildeo

Desnate

Armazenamento

desnatado

Armazenamento

nata

Produccedilatildeo

Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem

Enchimento

Secagem

Homogeneizaccedilatildeo

Concentraccedilatildeo

Pasteurizaccedilatildeo

ANEXO III

Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo

i-iacuteiacuteiacutea-----t-

AgravelG= l6-11

Acirccigravedez= E-17 C

NaCl r291sal e0 lsnal

lIgraveunitlaamp l6qocirc

Mrtr-gg

Expdrccedilatildeo

Qucilo Fabnco

Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I

s9mq9mExpediccedilatildeo

_t-I Armazenageln llcnrP

ric--T--

t-llCotdo eml

I u l

t Epdtccedilatilde I

Sacos de 25Kg

I+IacutefilAtildeqol

IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I

crnp lmbrcilla

l ll]j n u uo0

iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet

IY

Tratamento do

Soro

lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras

J

tit=tstl

lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1

LeiteMago

em Poacute

Saco Atrn saco plaacutestico

roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa

separadora caixa de callatildeo

I E-pdiccedilatilde I

Page 4: Água virtual no sector dos lacticínios na Região Autónoma dos … · 2017. 8. 18. · Figura 2 Distribuição geográfica mundial da escassez física de água 7 Figura 3 Distribuição

ii

IacuteNDICE

Agradecimentos i

Iacutendice ii

Anexos iii

Iacutendice de Tabelas iv

Iacutendice de Figuras v

Lista de abreviaturas e acroacutenimos vii

Resumo viii

Abstract ix

1 INTRODUCcedilAtildeO 2

11 Enquadramento 2

12 Acircmbito e Objetivos 3

13 Estrutura do Trabalho 4

2 A AacuteGUA COMO RECURSO 5

21 Distribuiccedilatildeo da Aacutegua na Terra 5

22 Consumo de Aacutegua na Europa 8

23 Consumo de aacutegua em Portugal 10

231 Consumo de Aacutegua em Portugal 10

232 Qualidade da aacutegua em Portugal 11

233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores 12

3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL 14

4 METODOLOGIA 16

41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra 16

42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo 16

421 Ciclo de vida do gado leiteiro 18

422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos 18

5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA 20

51 Arquipeacutelago dos Accedilores 20

52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental 23

53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo 24

531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A 26

532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2 32

533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C 39

534 Empacotamento do leite 42

5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite 42

5342 Enchimento 43

54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro 45

541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro 45

542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro 46

iii

543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto 47

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 49

7 CONCLUSOtildeES 59

8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 61

ANEXOS

Anexo I Questionaacuterio agraves Induacutestrias de lacticinios

Anexo II Fluxograma geral do processo produtivo da empresa A

Anexo III Fluxograme geral do processo produtivo da empresa B1

iv

IacuteNDICE DE TABELAS

Tabela 1 Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo 6

Tabela 2 Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental

Tabela 3 Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) 25

Tabela 4 Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011) 26

Tabela 5 Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008

e 2011)

28

Tabela 6 Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

30

Tabela 7 Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008

e 2011)

31

Tabela 8 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m

3) na empresa B1

(2008-2011)

34

Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais

emitidas (m3) na empresa B2 (2008-2011)

38

Tabela 10 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 -

2011)

39

Tabela 11 Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal

mensal (m3) emitida pela empresa C em 2011

41

Tabela 12 Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de

enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL

44

Tabela 13 Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas

49

Tabela 14 Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a

Ilha de Satildeo Miguel

54

Tabela 15 Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo

para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA

56

v

IacuteNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua 5

Figura 2 Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua 7

Figura 3 Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial 8

Figura 4 Uso sectorial da aacutegua na Europa 9

Figura 5 Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo

(B)

10

Figura 6 Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de

estaccedilotildees em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B)

11

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 15

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 16

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua

virtual

17

Figura 10 Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores 20

Figura 11 VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria

incluindo energia 3 ndash construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos

automoacuteveis e de bens de uso pessoal e domeacutestico alojamento e

restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e comunicaccedilotildees 5 -

atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos

22

Figura 12 Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008

- 2011)

29

Figura 13 Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 30

Figura 14 Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 31

Figura 15 Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa

A (2008 ndash 2011)

32

Figura 16 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

35

Figura 17 Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

37

Figura 18 Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1

(m3) (2010 - 2011)

37

Figura19 Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008

- 2011)

38

Figura 20 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

39

Figura 21 Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa

C (2011)

41

vi

Figura 22 Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) 42

Figura 23 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic

44

Figura 24 Modelo ACV 47

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo 48

Figura 26 Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A

B1 e C (2011)

52

Figura 27 Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

53

Figura 28 Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e

C (2011)

53

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido

diretamente da produccedilatildeo na RAA

57

vii

LISTA DE ABREVIATURAS E ACROacuteNIMOS

ACV Avaliaccedilatildeo Ciclo de Vida

AFCAL Associaccedilatildeo dos Fabricantes de Embalagens de cartatildeo para Alimentos

Liacutequidos

AJAM Associaccedilatildeo Jovens Agricultores

APA Agencia Portuguesa do Ambiente

DL Decreto de Lei

DROTRH Direccedilatildeo Regional do Ordenamento do Territoacuterio e dos Recursos

Hiacutedricos

EA Environment Agency

EEA European Environment Agency

GEO3 Global Environment Outlook 3

INE Instituto Nacional de Estatiacutestica

ISO International Standardization Organization

ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

QA Quercus Ambiente

PAC Portal do Ambiente e do Cidadatildeo

PNA Plano Nacional de Aacutegua

RAA Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

SISAB Salatildeo Internacional do Sector Alimentar e Bebidas

SNIRH Sistema Nacional de Informaccedilatildeo dos Recursos Hiacutedricos

SREA Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores

UNESCO United Nations Educational Scientific and Cultural Organization

WWF Water Wildlife Fund

VAB Valor Acrescentado Bruto

VMA Valor Maximo Admicivel

VMR Valor Minimo Admicivel

viii

RESUMO

A aacutegua apesar de ser um recurso essencial agrave vida e imprescindiacutevel ao desenvolvimento

socioeconoacutemico encontra-se submetida a crescentes pressotildees quantitativa e qualitativa

que se manifestam a muacuteltiplos niacuteveis desde a escassez agrave poluiccedilatildeo quiacutemica e bioloacutegica

Torna-se assim necessaacuterio promover a sua preservaccedilatildeo associada a medidas de gestatildeo

sustentaacutevel dos recursos

A presente dissertaccedilatildeo tem por principal objetivo proceder agrave determinaccedilatildeo da aacutegua

virtual no sector dos lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores nomeadamente a

associada agrave produccedilatildeo de leite queijo manteiga e leite em poacute Para tal procedeu-se agrave

determinaccedilatildeo da aacutegua virtual em trecircs empresas do sector de Lacticiacutenios da Ilha de Satildeo

Miguel e respetiva evoluccedilatildeo ao longo do tempo e extrapolou-se esta determinaccedilatildeo para

o sector de lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A determinaccedilatildeo da aacutegua virtual requer a recolha de um amplo conjunto de dados de

base nomeadamente sobre a quantidade de aacutegua que entra e sai de cada empresa os

processos de fabrico e o volume de produtos final de acordo com a sua tipologia No

presente estudo as fronteiras da avaliaccedilatildeo foram definidas a montante pelo gado

leiteiro e a jusante pelos produtos feitos por cada empresa e suas embalagens numa

abordagem do tipo ciclo de vida

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores a meacutedia anual de leite recolhido diretamente da

produccedilatildeo para as induacutestrias de lacticiacutenios ronda os 523 milhotildees de litros o que

corresponderaacute a cerca de 419 milhotildees de litros de aacutegua por ano A este volume foram

adicionados os volumes anuais de aacutegua do ciclo de vida do gado leiteiro a aacutegua gasta

pelas faacutebricas de lacticiacutenios e a aacutegua associada agrave produccedilatildeo das embalagens Os valores

obtidos satildeo uma estimativa por defeito da aacutegua virtual associada ao sector dos

lacticiacutenios nos Accedilores nomeadamente no que concerne ao leite ao queijo e agrave manteiga

Este estudo constitui a primeira abordagem agrave determinaccedilatildeo da aacutegua virtual no sector dos

lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Palavras-chave Recursos hiacutedricos Aacutegua Virtual Lacticiacutenios Satildeo Miguel Accedilores

ix

ABSTRACT

Nowadays despite been essential to life and to economical development water is

subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water

shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water

resources associated to the implementation of sustainable management practices is

extremely urgent and necessary

The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores

extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel

island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk

butter cheese and milk powder

It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk

collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume

corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected

corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption

of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy

industries and finally the water used in the production of packaging for one year also

The value obtained is called Virtual Water dairy products

Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 2

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Enquadramento

O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre

em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre

Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito

de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel

socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua

Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou

serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no

conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado

ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto

ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos

Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela

nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O

planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria

salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser

usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia

Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o

desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da

mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel

um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja

inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica

O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo

agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da

captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades

domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial

Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os

140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante

(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 3

Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua

virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011

em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o

forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada

dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter

origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)

Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior

peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o

comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com

61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)

Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52

m3hab

ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e

mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for

adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura

aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel

pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)

12 Acircmbito e objetivos

O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na

produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs

faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do

tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo

A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de

produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo

inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo

Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute

tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 4

13 Estrutura do trabalho

A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os

seguintes aspetos

No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos

O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia

quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu

No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual

O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da

dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da

investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI

No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e

as suas atividades

O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se

agrave respetiva discussatildeo

No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo

Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves

fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 5

2 A AacuteGUA COMO RECURSO

21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra

A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou

animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente

em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra

Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou

doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo

nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua

distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente

movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)

Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)

A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por

mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos

atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km

3) apenas

08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo

para abastecimento humano (Tabela 1)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 6

Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)

Reservatoacuterio Total Aacutegua doce

Oceanos

Gelo e neve

965

18

966

Aacutegua

subterracircnea

Doce 076 301

Salgada 093

Aacutegua superficial

Aacutegua no solo

Lagos (aacutegua doce) 0007 026

Lagos (aacutegua

salgados)

0006

Pacircntanos 00008 003

Rios 00002

00012

0006

005

Atmosfera 0001 004

Biosfera 00001 0003

Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por

se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo

usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo

eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo

A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com

escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais

sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo

abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso

humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por

paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos

ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 7

Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)

Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab

ano em

Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)

A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25

desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute

foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade

de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua

disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na

induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 8

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain

2007b)

22 Consumo de aacutegua na Europa

Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da

Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da

mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que

eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior

percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico

(figura 4) (Karavatis)

Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de

aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade

populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos

paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector

o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes

A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a

meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499

para 5 170 m3hab

ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total

de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o

consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que

eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para

descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 9

lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito

miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal

No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per

capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida

das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na

poupanccedila de aacutegua (Karavatis)

Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 10

23 Consumo de aacutegua em Portugal

231 Consumo de aacutegua em Portugal

Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por

habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica

Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)

Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado

posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da

presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que

exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal

parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica

do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)

referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave

importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)

Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector

industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o

sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)

Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)

(PNA 2012)

A B

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 11

232 Qualidade da aacutegua em Portugal

Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na

generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade

realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua

evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao

presente (Figura 6A)

A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como

boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute

qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel

(Figura 6B)

Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees

em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)

B A

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 12

233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as

necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de

20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de

energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo

consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta

teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares

Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo

de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees

82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da

legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser

considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava

paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua

deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo

ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos

naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das

atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a

atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para

aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades

significativas de aacutegua

Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros

podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do

proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute

convertida em aacuteguas residuais

De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a

maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros

focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores

(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas

com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de

poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 13

Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm

a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes

urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material

utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem

de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos

dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de

fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 14

3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL

Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi

reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a

aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes

do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre

os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade

dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)

Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees

internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor

John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)

Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos

agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima

2008)

A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou

serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem

no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma

medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se

estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a

aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)

Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices

quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e

autossuficiecircncia de aacutegua

Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua

virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a

quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)

Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum

bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros

de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros

de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de

aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 15

O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua

Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo

Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os

fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de

produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)

O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma

vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes

das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 16

4 METODOLOGIA

41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra

A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no

sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas

A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental

para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro

passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo

(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de

acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na

internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados

referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de

leite para o sector industrial

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber

como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua

que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais

mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)

42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo

Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise

e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Seleccedilatildeo do grupo de

anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das

empresas

Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e

outputs Interpretaccedilatildeo dos

Resultados

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 17

Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se

chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de

vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e

aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas

na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos

necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute

contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um

deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que

entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos

resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente

estudo

Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo

natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo

relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual

Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que

calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra

na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto

final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 18

uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma

precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano

421 Ciclo de vida do gado leiteiro

Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios

propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas

Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)

Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo

metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo

Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)

Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-

se 35 L x 365 d= 12 775 L

Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)

422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos

Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma

determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e

do tipo de produto

H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)

Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo

ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 19

H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)

Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)

Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)

Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)

Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se

os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)

Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte

equaccedilatildeo (eq 9)

H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80

H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da

vaca (L) pano nas ilhas x 80

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)

( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X

50))

( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X

50))

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 20

5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA

51 Arquipeacutelago dos Accedilores

O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos

36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute

formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o

Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e

Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca

de 2 322 km2

Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)

O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas

de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o

territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional

varia entre 219 e 3418 habkm2

De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no

arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute

condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A

amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida

e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80

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Joana Machado Paacutegina 21

A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930

mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)

O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico

refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no

geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha

Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)

A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a

cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52

acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas

(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da

Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes

menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800

m de altitude (Cruz et al 2009)

O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande

parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas

tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade

vulcacircnica(Cruz et al 2009)

Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem

vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e

azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG

2001)

O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo

vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas

registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo

destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para

NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)

Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem

intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas

diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo

o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)

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Joana Machado Paacutegina 22

A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados

estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo

Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel

relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem

observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem

como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos

tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente

vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de

erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos

piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)

A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos

serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das

atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)

estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram

responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros

contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total

(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)

Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash

construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e

domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e

comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)

111

109

61

228156

336 1

2

3

4

5

6

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Joana Machado Paacutegina 23

O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com

601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector

secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as

ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira

52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental

Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre

foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em

Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada

quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que

autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo

Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada

qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional

Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute

criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha

vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam

de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)

Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a

2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a

2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na

produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de

apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)

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Joana Machado Paacutegina 24

Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)

Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)

2007 1 909 440

2008 1 960 899

2009 1 938 641

2010 1 860574

2011 1 860 831

Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em

todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a

este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite

UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com

impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de

aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas

Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito

a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em

parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo

Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das

associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o

GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios

agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)

Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos

sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela

3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que

maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-

se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram

os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma

evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a

diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24

326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011

os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido

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Joana Machado Paacutegina 25

Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)

Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011

Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo

26

367 375

25 966 137

Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

25 858 430 25 289 152

Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

29 867 949 30 313 630

Abril Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 513 001 31 933 104

Maio Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

34 156 283 35 321 861

Junho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

32 761 050 33 910 081

Julho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 480 274 32 716 997

Agosto Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

27 941 816 29 101 970

Setembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 413 105 26 506 695

Outubro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 007 653 26 610 025

Novembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 326 655

25 040 257

Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 894 278 26 955 549

Total 339 587 869 349 665 458

No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite

para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute

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Joana Machado Paacutegina 26

atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a

que menos produz (Tabela 4)

Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)

(SREA2012)

53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo

Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente

trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por

motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim

como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas

531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A

A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a

farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A

partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e

atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as

outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa

ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus

produtos

Ilha

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2008

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2009

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2010

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2011

Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408

Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982

Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296

Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242

Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415

Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736

Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908

Corvo 1 405 3 22441 0 2248

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Joana Machado Paacutegina 27

Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e

produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)

O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o

arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a

outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o

armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo

armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de

desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo

posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando

pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)

Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009

aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a

empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua

evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e

posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial

desde que natildeo haja contacto com o produto

Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da

vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal

Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado

ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em

conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma

licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada

entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas

condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental

A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em

Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente

produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal

Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede

municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo

conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja

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Joana Machado Paacutegina 28

consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m

3 em 2010 e

43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)

Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3

t e 8592 m3

t

para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave

empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)

Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)

102 65200 m3 (2009) 22 24900 m

3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o

registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)

Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e

2011)

Consumo

de aacutegua

municipal

2008

Consumo

de aacutegua

salgada

2008

Consumo

de aacutegua

municipal

2009

Consumo

de aacutegua

salgada

2009

Consumo

de aacutegua

municipal

2010

Consumo

de aacutegua

salgada

2010

Consumo

de aacutegua

municipal

2011

Consumo

de aacutegua

salgada

2011

Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692

Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492

Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927

Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734

Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622

Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732

Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995

Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263

Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526

Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213

Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874

Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885

Total

anual

66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835

Meacutedia

anual

5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486

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Joana Machado Paacutegina 29

Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de

2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura

12)

Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de

marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que

se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro

Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -

2011)

Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho

de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela

6 Figura 13)

No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes

mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)

sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por

uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008

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Joana Machado Paacutegina 30

Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Leite

recebido

2011

Soro

recebido

2011

Leite

recebido

2010

Soro

recebido

2010

Leite

recebido

2009

Soro

recebido

2009

Leite

recebido

(2008

Soro

recebido

2008

Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210

Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437

Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401

Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368

Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219

Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265

Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235

Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364

Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376

Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338

Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350

Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239

Total

anual

72 103 2415 73 280 2

634451

71 144 2 507 74 507 3 802

Meacutedia

anual

6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833

Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Leite recebido (ton) 2011

Leite recebido (ton) 2010

Leite recebido (ton) 2009

Leite recebido (ton) 2008

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Joana Machado Paacutegina 31

Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A

entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011

com um leve decreacutescimo (Tabela 7)

Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e

2011)

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2008

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2009

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2010

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2011

Jan 859 906 784 83059

Fev 868 256 748 71868

Mar 929 913 839 935755

Abr 889 909 872 8792

Mai 895 933 875 96577

Jun 847 914 859 896085

Jul 918 927 943 836515

Ago 860 793 811 882075

Set 688 812 781 33077

Out 678 667 698 2103

Nov 719 627 661 667125

Dez 689 704 659 79611

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Soro recebido (ton) 2011

Soro recebido (ton) 2010

Soro recebido (ton) 2009

Soro recebido (ton) 2008

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 32

Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975

Meacutedia

anual

820 780083 794 7457479

Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram

janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior

produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)

Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A

(2008 ndash 2011)

532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2

A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e

duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas

quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em

poacute e lactosoro em poacute

Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril

da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W

A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo

com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se

a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma

0

200

400

600

800

1000

1200

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008

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Joana Machado Paacutegina 33

reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica

regional

A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do

atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de

produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo

Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo

e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente

Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute

existentes (Tavares 2008)

A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga

leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de

induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo

grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos

de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3

(Tavares 2008)

Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a

nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga

Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da

captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes

situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia

dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma

captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da

Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)

O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para

2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)

O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um

aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente

tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144

m3) (Tabela 8)

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Joana Machado Paacutegina 34

Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m

3) na empresa B1 (2008-

2011)

Total

Consumo

de aacutegua

2008

Caudal

efluente

tratado

2008

Total

Consumo

de aacutegua

2009

Caudal

efluente

tratado

2009

Total

Consumo

de aacutegua

2010

Caudal

efluente

tratado

2010

Total

Consumo

de aacutegua

2011

Caudal

efluente

tratado

2011

Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092

Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669

Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933

Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247

Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346

Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236

Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174

Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873

Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785

Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505

Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644

Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757

Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261

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Joana Machado Paacutegina 35

Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas

C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens

(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos

administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor

os vestiaacuterios e o refeitoacuterio

C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da

manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo

do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado

desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca

de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da

concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da

temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas

higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo

onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final

seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e

expediccedilatildeo

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Total Consumo de aacutegua (m3) 2011

Caudal efluente tratado (m3) 2011

Total Consumo de aacutegua (m3) 2010

Caudal efluente tratado (m3) 2010

Total Consumo de aacutegua (m3) 2009

Caudal efluente tratado (m3) 2009

Total Consumo de aacutegua (m3) 2008

Caudal efluente tratado (m3) 2008

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Joana Machado Paacutegina 36

C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo

retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute

efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o

leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento

num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior

parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C

para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril

C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das

proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar

forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na

salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode

ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo

eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a

temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura

Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos

meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009

(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4

em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009

No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e

o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e

agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1

nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)

Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua

residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)

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Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)

(2010 - 2011)

Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma

maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que

se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo

aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser

explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e

consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 ndash 2009

C2 - 2009

C3 ndash 2009

C4 ndash 2009

C1 ndash 2008

C2 - 2008

C3 ndash 2008

C4 ndash 5

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 - 2011

C2 - 2011

C 3 - 2011

C 4 - 2011

C1 - 2010

C2 - 2010

C3 - 2010

C4 - 2010

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Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -

2011)

Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas

(m3) na empresa B2 (2008-2011)

Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem

foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que

menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela

10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas

residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os

maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees

As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam

resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a

estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

100000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas residuais

Volume (m3) de aacutegua consumida

na instalaccedilatildeo fabril e origem na

Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas

residuais

2008 87 313 60 110

2009 65 851 45 248

2010 54 752 36 338

2011 41 4315 2 565

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Joana Machado Paacutegina 39

Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)

Quantidade leite

recebido

Quantidade produto final

2008 34 1216 30 3916

2009 33 391 29 076

2010 33 0979 27 5678

2011 28 454 24 0993

533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C

A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura

transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor

dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de

uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C

estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz

cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve

continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas

estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior

bacia leiteira dos Accedilores

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) leite recebido

Quantidade (m3) produto final

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Joana Machado Paacutegina 40

Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes

ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por

ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs

Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)

manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas

mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo

Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo

No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na

Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados

Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no

entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do

mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a

produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo

Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011

Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem

na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo

de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste

nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que

nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro

apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se

um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos

restantes meses ateacute ao final de 2011

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Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal

(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)

Ano 2011 Aacutegua da Rede

Municiapl

Aacutegua do Furo Aacutegua residual

Caudal mensal

Janeiro 15 344 0 2 928

Fevereiro 13 996 446 18 494

Marccedilo 11 105 3 642 34 899

Abril 12 726 4 466 12 758

Maio 10 460 7 798 12 038

Junho 11 362 8 142 9 968

Julho 12 413 8 097 12 182

Agosto 9 365 7 851 9 721

Setembro 9 623 8 442 12 413

Outubro 10 296 7 753 11 294

Novembro 8 628 6 976 10 637

Dezembro 9 390 6 679 10 799

Total 134 708 5 858 158 131

Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C

(2011)

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Aacutegua da Rede Municiapl

Aacutegua do Furo

Agua residual Caudal mensal

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Joana Machado Paacutegina 42

534 Empacotamento do leite

5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite

Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos

liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de

camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para

embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da

seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)

Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam

qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem

e facilitam a soldadura

Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando

a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos

Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio

ao cartatildeo

Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo

Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior

Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-

Paiva 2003)

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Joana Machado Paacutegina 43

5342Enchimento

As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na

maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura

23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da

embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de

hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos

evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado

O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute

dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as

embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)

Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com

eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas

embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo

necessaacuterios 383 X10^10

L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por

cada embalagem (Tabela 11)

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Joana Machado Paacutegina 44

Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)

Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de

enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)

Eletricidade [kW]

Vapor [kg]

Aacutegua [L]

Peroacutexido de

Hidrogeacutenio [L]

166times102

300times10-4

383times10-1

250times10-4

Selagem por induccedilatildeo

de calor

Tubo de

enchiment

o abaixo

do niacutevel do

liacutequido

Extremidades

seladas por

induccedilatildeo de

calor

Soluccedilatildeo

esterilizador

a (Peroacutexido

de

hidrogeacutenio)

Aacuterea de esterilizaccedilatildeo

fechada

Embalagem final

cheia e fechada

Rolo de embalagens

preacute-impresso

1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de

enchimento

2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de

entrarem na zona de enchimento

3Leite e embalagens combinados na zona

esterilizada

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 45

54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro

O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca

de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas

que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves

matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e

forragens

O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No

entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores

e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente

criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos

principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a

Portugal

Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6

670 exploraccedilotildees (SREA 2012)

541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro

Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees

nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas

leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo

Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo

cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de

origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais

com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a

respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)

fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000

UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)

Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os

mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 46

composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura

bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)

No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm

tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel

composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta

(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)

A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida

existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos

12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000

kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute

existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores

estimados

542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro

Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem

perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina

fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos

importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que

proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere

A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as

vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia

nutricional e do qualquer outro animal

Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior

quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave

quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido

O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A

quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo

de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre

outros fatores (AJAM 2012)

A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A

temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere

por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 47

ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca

leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o

que for necessaacuterio

Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia

mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia

65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia

543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto

A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo

qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a

sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto

desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando

chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO

14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de

objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees

diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)

Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)

Modelo da Analise do Ciclo de

Vida

Definiccedilatildeo de

objetivo e

alcance

Anaacutelise do

inventaacuterio

Avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais

Inte

rpre

taccedilatilde

o e

av

alia

ccedilatildeo

Aplicaccedilotildees diretas

Conceccedilatildeo e melhoria de

produtos

Planificaccedilatildeo estrateacutegica

Desenvolvimento de

poliacuteticas puacuteblicas

Marketing

Outros

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Joana Machado Paacutegina 48

Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha

de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica

Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a

qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se

iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a

normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o

leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com

a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e

coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No

fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma

ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor

A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido

e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem

De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase

de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o

uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre

outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os

produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees

atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um

esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido

na Figura 25

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo

Faacutebrica

Ciclo de produccedilatildeo

Inputs

Mateacuteria - prima

Aacutegua

Combustiacuteveis

Eletricidade

Outputs

Produtos

Aacuteguas Residuais

Emissotildees

atmosfeacutericas

Resiacuteduos

Energia

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Joana Machado Paacutegina 49

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar

valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede

municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas

faacutebricas e o produto final (Tabela 13)

Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7

(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos

para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das

Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave

produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de

modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o

somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o

somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida

parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo

valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo

final

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B2

Leite UHT

2008 1ordf 126 250 2628

2ordf 175 252 0509 65

2009 1ordf 103 699 908

2ordf 71 552 14286 6

2010 1ordf 91 788 7874

2ordf 162 712 8588 6

2011 1ordf 73 424 7319

2ordf 134 397 589 55

C

Leite UHT

2011 1ordf 290 521 3264

2ordf 467 766 5121 92

Queijo

2011

1ordf 206 985 1468

2ordf 384 230 3325 126

Manteiga

2011

1ordf 211 617 1536

2ordf 388 862 3393 95

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Joana Machado Paacutegina 50

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas (continuaccedilatildeo)

A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano

contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado

leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto

ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano

Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal

Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano

comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se

que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute

Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604

Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade

fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a

unidade B1

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B1

Queijo

2008 1ordf 200 136 3641

2ordf 221 151 1789 234

2009 1ordf 246 905 4224

2ordf 466 797 9329 257

2010 1ordf 258 496 3994

2ordf 475 036 129 26

2011 1ordf 260 433 8293

2ordf 482 828 1566 25

B1

Manteiga

2008 1ordf 319 231 7427

2ordf 540 382 9216 153

2009 1ordf 254 190 7816

2ordf 474 083 2921 12

2010 1ordf 240 425 0996

2ordf 456 964 8292 127

2011 1ordf 257 692 3862

2ordf 480 086 7135 129

A

Manteiga

+

Leite em Poacute

2008 1ordf 621 599 5243

2ordf 634 517 000 32

2009 1ordf 828 542 0485

2ordf 840 877 000 45

2010 1ordf 719 846 301

2ordf 732 551 571 38

2011 1ordf 738 265 1845

2ordf 750 766 5715 41

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Joana Machado Paacutegina 51

Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se

efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute

igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta

empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas

O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo

passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos

seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua

virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso

da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando

com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa

C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais

baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos

processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)

O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite

que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos

(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por

ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os

restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2

100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT

No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite

teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente

30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para

UHT

Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra

parte vai para o leite em poacute

A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C

utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros

de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L

de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 52

A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga

deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga

num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados

Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo

valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo

constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro

Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas

raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo

e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais

erva)

Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo

seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain

(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua

virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)

Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e

C (2011)

C 22

B1 70

A 8

Manteiga

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Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C

(2011)

B1 66

C 34

Queijo

63

37

Leite UHT

B2 C

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Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta

forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA

recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor

Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os

resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no

leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos

dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um

decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011

Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha

de Satildeo Miguel

2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total

Ilha de

Satildeo

Miguel

329 627 021 X

80= 263 701

617 L

340 405 998 X

80= 272 324

798 L

339 702 819 X

80= 271 762

255 L

318 246 409 X

80= 254 597

127 L

331 995 618 X

80= 265 596

4494 L

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Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria

de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15

Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite

diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do

leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o

que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de

aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a

industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614

0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de

leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788

1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite

As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com

valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres

12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor

valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)

Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo

para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando

se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto

possa conter tanta aacutegua

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 56

Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo

para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

2008 329 627 021

X 80=

263

701 617 L

129 312

746 X

80= 103

450 1968 L

7 909 254

X 80= 6

327 403 L

27 771 834

X 80= 22

217 467 L

6 896 744 X

80= 5 517

395 L

12 594 346

X 80= 10

075 477 L

785 179 X

80= 628

1432 L

16 860 X

80= 13

488 L

2009 340 405 998

X 80=

272

324 798 L

138 353

863 X

80= 110

683 090 L

8 112 299

X 80= 6

489 839 L

29 848 324

X 80= 23

878 659 L

8 544 727 X

80= 6 835

782 L

13 187 592

X 80= 10

550 074 L

1 690 260

X 80= 1

352 208 L

38 693 X

80= 30

954 L

2010 339 702 819

X 80=

271 762 255

L

136 515

935 X

80= 109

212 748 L

7 994 445

X 80= 6

395 556 L

28 956 554

X 80= 23

165 243 L

8 399 352 X

80= 6 719

482 L

12 350 878

X 80= 9

880 702 L

1 497 168

X 80= 1

197 734 L

0 L

2011 318 246 409

X 80=

254 597 127

L

138 887

784 X

80= 111

110 22720

L

7 836 356

X 80= 6

269 085 L

28 575 890

X 80= 22

860 712 L

8 561 298 X

80= 6 849

038 L

12 560 084

X 80= 10

048 067 L

1 080 709

X 80=

864 567 L

0 L

Meacutedia total 331 995 618

X 80=

265 596

4494 L

135 767

580 X

80= 108

614 0656 L

7 963

0885 X

80 = 6

370 4708

L

28 788

1505

X80= 23

030 5204 L

8 089

28025

X80= 6

471 4242 L

9 524 641 X

80= 7 619

71331 L

1 263 329

X 80= 1

010 6632

L

13

88825

X80=

11 1106

L

Aacutegua

Virtual na

meacutedia total

1 593 578

696

651 684

3936

382 228

2248

138 183

1224

38 828

5452

45 718

27986

6 063

9792

66 6636

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 57

Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)

seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo

no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com

1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente

da produccedilatildeo na RAA

Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel

para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449

821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios

de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua

associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424

00 m3 e agrave manteiga 61 000 m

3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os

valores referentes agrave pastagem

Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de

referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6

773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os

64

23

1 6

2 2 1 1

Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 58

valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3

(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m

3 (manteiga)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 59

7 CONCLUSOtildeES

A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo

existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute

chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua

num determinado sector eou produto

Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos

em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao

longo deste estudo

De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo

existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados

especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As

empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees

por exemplo

Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os

dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo

estipulado o que tornou o estudo mais generalista

Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos

produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas

empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e

consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais

aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais

sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate

mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e

manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes

envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua

virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel

calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes

em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do

leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6

isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 60

como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa

e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2

Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em

percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto

com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por

completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do

produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito

proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa

B1

Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado

inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas

contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram

caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos

natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores

gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas

tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que

dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos

Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo

laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa

qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos

processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de

empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 61

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Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 63

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httpwwwwwfpto_que_fazemospor_um_planeta_vivopegada_hidrica_em_portugal

_2011 Acedido a 5 de novembro de 2011

ANEXO 1

No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da

RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa

produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo

Questotildees Respostas

1 Que quantidade de leite que entra

na faacutebrica por mecircs e por ano

2 Quais os produtos que produz a

faacutebrica

3 Que quantidades satildeo produzidas

por mecircs e por ano dos diferentes

produtos (separados)

4 Para 1Kg de queijo quantos L de

aacutegua satildeo usados

5 E para 1Kg manteiga quantos

litros de aacutegua satildeo usados

6 E para as natas satildeo necessaacuterios

quantos L de aacutegua

7 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada pela faacutebrica por mecircs e

por ano

8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica

Que quantidade de aacutegua eacute retirada

pelo furo por mecircs e por ano

9 Que quantidades de aacuteguas

residuais produzem na faacutebrica

10 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada para refrigeraccedilatildeo

11 Tecircm um esquema do ciclo de

produccedilotildees que possam

disponibilizar

Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo

Joana Machado

ANEXO II

Processo produtivo

Armazenamento

Arrefecimento

Receccedilatildeo

Desnate

Armazenamento

desnatado

Armazenamento

nata

Produccedilatildeo

Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem

Enchimento

Secagem

Homogeneizaccedilatildeo

Concentraccedilatildeo

Pasteurizaccedilatildeo

ANEXO III

Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo

i-iacuteiacuteiacutea-----t-

AgravelG= l6-11

Acirccigravedez= E-17 C

NaCl r291sal e0 lsnal

lIgraveunitlaamp l6qocirc

Mrtr-gg

Expdrccedilatildeo

Qucilo Fabnco

Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I

s9mq9mExpediccedilatildeo

_t-I Armazenageln llcnrP

ric--T--

t-llCotdo eml

I u l

t Epdtccedilatilde I

Sacos de 25Kg

I+IacutefilAtildeqol

IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I

crnp lmbrcilla

l ll]j n u uo0

iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet

IY

Tratamento do

Soro

lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras

J

tit=tstl

lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1

LeiteMago

em Poacute

Saco Atrn saco plaacutestico

roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa

separadora caixa de callatildeo

I E-pdiccedilatilde I

Page 5: Água virtual no sector dos lacticínios na Região Autónoma dos … · 2017. 8. 18. · Figura 2 Distribuição geográfica mundial da escassez física de água 7 Figura 3 Distribuição

iii

543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto 47

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 49

7 CONCLUSOtildeES 59

8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 61

ANEXOS

Anexo I Questionaacuterio agraves Induacutestrias de lacticinios

Anexo II Fluxograma geral do processo produtivo da empresa A

Anexo III Fluxograme geral do processo produtivo da empresa B1

iv

IacuteNDICE DE TABELAS

Tabela 1 Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo 6

Tabela 2 Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental

Tabela 3 Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) 25

Tabela 4 Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011) 26

Tabela 5 Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008

e 2011)

28

Tabela 6 Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

30

Tabela 7 Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008

e 2011)

31

Tabela 8 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m

3) na empresa B1

(2008-2011)

34

Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais

emitidas (m3) na empresa B2 (2008-2011)

38

Tabela 10 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 -

2011)

39

Tabela 11 Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal

mensal (m3) emitida pela empresa C em 2011

41

Tabela 12 Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de

enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL

44

Tabela 13 Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas

49

Tabela 14 Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a

Ilha de Satildeo Miguel

54

Tabela 15 Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo

para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA

56

v

IacuteNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua 5

Figura 2 Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua 7

Figura 3 Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial 8

Figura 4 Uso sectorial da aacutegua na Europa 9

Figura 5 Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo

(B)

10

Figura 6 Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de

estaccedilotildees em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B)

11

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 15

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 16

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua

virtual

17

Figura 10 Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores 20

Figura 11 VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria

incluindo energia 3 ndash construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos

automoacuteveis e de bens de uso pessoal e domeacutestico alojamento e

restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e comunicaccedilotildees 5 -

atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos

22

Figura 12 Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008

- 2011)

29

Figura 13 Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 30

Figura 14 Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 31

Figura 15 Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa

A (2008 ndash 2011)

32

Figura 16 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

35

Figura 17 Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

37

Figura 18 Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1

(m3) (2010 - 2011)

37

Figura19 Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008

- 2011)

38

Figura 20 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

39

Figura 21 Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa

C (2011)

41

vi

Figura 22 Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) 42

Figura 23 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic

44

Figura 24 Modelo ACV 47

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo 48

Figura 26 Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A

B1 e C (2011)

52

Figura 27 Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

53

Figura 28 Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e

C (2011)

53

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido

diretamente da produccedilatildeo na RAA

57

vii

LISTA DE ABREVIATURAS E ACROacuteNIMOS

ACV Avaliaccedilatildeo Ciclo de Vida

AFCAL Associaccedilatildeo dos Fabricantes de Embalagens de cartatildeo para Alimentos

Liacutequidos

AJAM Associaccedilatildeo Jovens Agricultores

APA Agencia Portuguesa do Ambiente

DL Decreto de Lei

DROTRH Direccedilatildeo Regional do Ordenamento do Territoacuterio e dos Recursos

Hiacutedricos

EA Environment Agency

EEA European Environment Agency

GEO3 Global Environment Outlook 3

INE Instituto Nacional de Estatiacutestica

ISO International Standardization Organization

ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

QA Quercus Ambiente

PAC Portal do Ambiente e do Cidadatildeo

PNA Plano Nacional de Aacutegua

RAA Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

SISAB Salatildeo Internacional do Sector Alimentar e Bebidas

SNIRH Sistema Nacional de Informaccedilatildeo dos Recursos Hiacutedricos

SREA Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores

UNESCO United Nations Educational Scientific and Cultural Organization

WWF Water Wildlife Fund

VAB Valor Acrescentado Bruto

VMA Valor Maximo Admicivel

VMR Valor Minimo Admicivel

viii

RESUMO

A aacutegua apesar de ser um recurso essencial agrave vida e imprescindiacutevel ao desenvolvimento

socioeconoacutemico encontra-se submetida a crescentes pressotildees quantitativa e qualitativa

que se manifestam a muacuteltiplos niacuteveis desde a escassez agrave poluiccedilatildeo quiacutemica e bioloacutegica

Torna-se assim necessaacuterio promover a sua preservaccedilatildeo associada a medidas de gestatildeo

sustentaacutevel dos recursos

A presente dissertaccedilatildeo tem por principal objetivo proceder agrave determinaccedilatildeo da aacutegua

virtual no sector dos lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores nomeadamente a

associada agrave produccedilatildeo de leite queijo manteiga e leite em poacute Para tal procedeu-se agrave

determinaccedilatildeo da aacutegua virtual em trecircs empresas do sector de Lacticiacutenios da Ilha de Satildeo

Miguel e respetiva evoluccedilatildeo ao longo do tempo e extrapolou-se esta determinaccedilatildeo para

o sector de lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A determinaccedilatildeo da aacutegua virtual requer a recolha de um amplo conjunto de dados de

base nomeadamente sobre a quantidade de aacutegua que entra e sai de cada empresa os

processos de fabrico e o volume de produtos final de acordo com a sua tipologia No

presente estudo as fronteiras da avaliaccedilatildeo foram definidas a montante pelo gado

leiteiro e a jusante pelos produtos feitos por cada empresa e suas embalagens numa

abordagem do tipo ciclo de vida

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores a meacutedia anual de leite recolhido diretamente da

produccedilatildeo para as induacutestrias de lacticiacutenios ronda os 523 milhotildees de litros o que

corresponderaacute a cerca de 419 milhotildees de litros de aacutegua por ano A este volume foram

adicionados os volumes anuais de aacutegua do ciclo de vida do gado leiteiro a aacutegua gasta

pelas faacutebricas de lacticiacutenios e a aacutegua associada agrave produccedilatildeo das embalagens Os valores

obtidos satildeo uma estimativa por defeito da aacutegua virtual associada ao sector dos

lacticiacutenios nos Accedilores nomeadamente no que concerne ao leite ao queijo e agrave manteiga

Este estudo constitui a primeira abordagem agrave determinaccedilatildeo da aacutegua virtual no sector dos

lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Palavras-chave Recursos hiacutedricos Aacutegua Virtual Lacticiacutenios Satildeo Miguel Accedilores

ix

ABSTRACT

Nowadays despite been essential to life and to economical development water is

subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water

shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water

resources associated to the implementation of sustainable management practices is

extremely urgent and necessary

The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores

extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel

island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk

butter cheese and milk powder

It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk

collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume

corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected

corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption

of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy

industries and finally the water used in the production of packaging for one year also

The value obtained is called Virtual Water dairy products

Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 2

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Enquadramento

O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre

em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre

Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito

de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel

socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua

Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou

serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no

conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado

ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto

ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos

Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela

nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O

planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria

salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser

usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia

Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o

desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da

mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel

um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja

inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica

O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo

agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da

captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades

domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial

Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os

140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante

(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 3

Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua

virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011

em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o

forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada

dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter

origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)

Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior

peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o

comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com

61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)

Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52

m3hab

ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e

mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for

adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura

aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel

pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)

12 Acircmbito e objetivos

O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na

produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs

faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do

tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo

A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de

produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo

inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo

Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute

tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 4

13 Estrutura do trabalho

A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os

seguintes aspetos

No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos

O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia

quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu

No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual

O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da

dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da

investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI

No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e

as suas atividades

O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se

agrave respetiva discussatildeo

No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo

Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves

fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 5

2 A AacuteGUA COMO RECURSO

21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra

A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou

animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente

em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra

Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou

doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo

nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua

distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente

movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)

Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)

A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por

mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos

atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km

3) apenas

08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo

para abastecimento humano (Tabela 1)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 6

Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)

Reservatoacuterio Total Aacutegua doce

Oceanos

Gelo e neve

965

18

966

Aacutegua

subterracircnea

Doce 076 301

Salgada 093

Aacutegua superficial

Aacutegua no solo

Lagos (aacutegua doce) 0007 026

Lagos (aacutegua

salgados)

0006

Pacircntanos 00008 003

Rios 00002

00012

0006

005

Atmosfera 0001 004

Biosfera 00001 0003

Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por

se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo

usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo

eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo

A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com

escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais

sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo

abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso

humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por

paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos

ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 7

Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)

Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab

ano em

Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)

A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25

desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute

foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade

de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua

disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na

induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 8

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain

2007b)

22 Consumo de aacutegua na Europa

Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da

Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da

mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que

eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior

percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico

(figura 4) (Karavatis)

Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de

aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade

populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos

paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector

o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes

A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a

meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499

para 5 170 m3hab

ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total

de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o

consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que

eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para

descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 9

lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito

miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal

No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per

capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida

das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na

poupanccedila de aacutegua (Karavatis)

Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 10

23 Consumo de aacutegua em Portugal

231 Consumo de aacutegua em Portugal

Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por

habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica

Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)

Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado

posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da

presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que

exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal

parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica

do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)

referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave

importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)

Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector

industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o

sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)

Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)

(PNA 2012)

A B

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 11

232 Qualidade da aacutegua em Portugal

Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na

generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade

realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua

evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao

presente (Figura 6A)

A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como

boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute

qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel

(Figura 6B)

Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees

em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)

B A

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 12

233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as

necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de

20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de

energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo

consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta

teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares

Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo

de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees

82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da

legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser

considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava

paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua

deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo

ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos

naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das

atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a

atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para

aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades

significativas de aacutegua

Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros

podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do

proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute

convertida em aacuteguas residuais

De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a

maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros

focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores

(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas

com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de

poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 13

Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm

a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes

urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material

utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem

de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos

dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de

fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 14

3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL

Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi

reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a

aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes

do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre

os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade

dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)

Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees

internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor

John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)

Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos

agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima

2008)

A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou

serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem

no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma

medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se

estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a

aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)

Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices

quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e

autossuficiecircncia de aacutegua

Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua

virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a

quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)

Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum

bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros

de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros

de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de

aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 15

O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua

Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo

Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os

fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de

produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)

O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma

vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes

das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 16

4 METODOLOGIA

41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra

A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no

sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas

A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental

para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro

passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo

(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de

acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na

internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados

referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de

leite para o sector industrial

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber

como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua

que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais

mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)

42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo

Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise

e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Seleccedilatildeo do grupo de

anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das

empresas

Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e

outputs Interpretaccedilatildeo dos

Resultados

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 17

Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se

chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de

vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e

aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas

na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos

necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute

contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um

deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que

entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos

resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente

estudo

Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo

natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo

relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual

Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que

calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra

na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto

final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 18

uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma

precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano

421 Ciclo de vida do gado leiteiro

Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios

propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas

Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)

Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo

metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo

Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)

Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-

se 35 L x 365 d= 12 775 L

Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)

422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos

Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma

determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e

do tipo de produto

H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)

Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo

ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 19

H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)

Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)

Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)

Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)

Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se

os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)

Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte

equaccedilatildeo (eq 9)

H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80

H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da

vaca (L) pano nas ilhas x 80

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)

( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X

50))

( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X

50))

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 20

5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA

51 Arquipeacutelago dos Accedilores

O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos

36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute

formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o

Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e

Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca

de 2 322 km2

Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)

O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas

de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o

territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional

varia entre 219 e 3418 habkm2

De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no

arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute

condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A

amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida

e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 21

A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930

mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)

O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico

refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no

geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha

Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)

A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a

cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52

acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas

(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da

Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes

menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800

m de altitude (Cruz et al 2009)

O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande

parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas

tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade

vulcacircnica(Cruz et al 2009)

Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem

vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e

azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG

2001)

O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo

vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas

registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo

destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para

NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)

Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem

intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas

diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo

o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 22

A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados

estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo

Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel

relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem

observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem

como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos

tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente

vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de

erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos

piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)

A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos

serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das

atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)

estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram

responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros

contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total

(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)

Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash

construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e

domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e

comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)

111

109

61

228156

336 1

2

3

4

5

6

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 23

O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com

601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector

secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as

ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira

52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental

Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre

foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em

Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada

quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que

autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo

Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada

qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional

Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute

criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha

vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam

de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)

Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a

2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a

2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na

produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de

apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 24

Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)

Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)

2007 1 909 440

2008 1 960 899

2009 1 938 641

2010 1 860574

2011 1 860 831

Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em

todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a

este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite

UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com

impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de

aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas

Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito

a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em

parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo

Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das

associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o

GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios

agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)

Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos

sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela

3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que

maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-

se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram

os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma

evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a

diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24

326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011

os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 25

Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)

Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011

Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo

26

367 375

25 966 137

Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

25 858 430 25 289 152

Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

29 867 949 30 313 630

Abril Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 513 001 31 933 104

Maio Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

34 156 283 35 321 861

Junho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

32 761 050 33 910 081

Julho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 480 274 32 716 997

Agosto Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

27 941 816 29 101 970

Setembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 413 105 26 506 695

Outubro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 007 653 26 610 025

Novembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 326 655

25 040 257

Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 894 278 26 955 549

Total 339 587 869 349 665 458

No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite

para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 26

atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a

que menos produz (Tabela 4)

Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)

(SREA2012)

53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo

Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente

trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por

motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim

como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas

531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A

A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a

farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A

partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e

atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as

outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa

ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus

produtos

Ilha

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2008

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2009

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2010

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2011

Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408

Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982

Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296

Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242

Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415

Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736

Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908

Corvo 1 405 3 22441 0 2248

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 27

Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e

produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)

O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o

arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a

outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o

armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo

armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de

desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo

posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando

pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)

Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009

aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a

empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua

evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e

posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial

desde que natildeo haja contacto com o produto

Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da

vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal

Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado

ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em

conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma

licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada

entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas

condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental

A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em

Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente

produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal

Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede

municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo

conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja

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Joana Machado Paacutegina 28

consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m

3 em 2010 e

43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)

Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3

t e 8592 m3

t

para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave

empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)

Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)

102 65200 m3 (2009) 22 24900 m

3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o

registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)

Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e

2011)

Consumo

de aacutegua

municipal

2008

Consumo

de aacutegua

salgada

2008

Consumo

de aacutegua

municipal

2009

Consumo

de aacutegua

salgada

2009

Consumo

de aacutegua

municipal

2010

Consumo

de aacutegua

salgada

2010

Consumo

de aacutegua

municipal

2011

Consumo

de aacutegua

salgada

2011

Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692

Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492

Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927

Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734

Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622

Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732

Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995

Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263

Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526

Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213

Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874

Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885

Total

anual

66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835

Meacutedia

anual

5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486

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Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de

2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura

12)

Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de

marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que

se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro

Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -

2011)

Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho

de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela

6 Figura 13)

No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes

mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)

sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por

uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008

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Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Leite

recebido

2011

Soro

recebido

2011

Leite

recebido

2010

Soro

recebido

2010

Leite

recebido

2009

Soro

recebido

2009

Leite

recebido

(2008

Soro

recebido

2008

Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210

Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437

Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401

Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368

Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219

Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265

Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235

Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364

Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376

Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338

Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350

Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239

Total

anual

72 103 2415 73 280 2

634451

71 144 2 507 74 507 3 802

Meacutedia

anual

6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833

Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Leite recebido (ton) 2011

Leite recebido (ton) 2010

Leite recebido (ton) 2009

Leite recebido (ton) 2008

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Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A

entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011

com um leve decreacutescimo (Tabela 7)

Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e

2011)

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2008

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2009

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2010

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2011

Jan 859 906 784 83059

Fev 868 256 748 71868

Mar 929 913 839 935755

Abr 889 909 872 8792

Mai 895 933 875 96577

Jun 847 914 859 896085

Jul 918 927 943 836515

Ago 860 793 811 882075

Set 688 812 781 33077

Out 678 667 698 2103

Nov 719 627 661 667125

Dez 689 704 659 79611

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Soro recebido (ton) 2011

Soro recebido (ton) 2010

Soro recebido (ton) 2009

Soro recebido (ton) 2008

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Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975

Meacutedia

anual

820 780083 794 7457479

Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram

janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior

produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)

Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A

(2008 ndash 2011)

532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2

A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e

duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas

quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em

poacute e lactosoro em poacute

Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril

da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W

A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo

com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se

a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma

0

200

400

600

800

1000

1200

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008

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reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica

regional

A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do

atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de

produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo

Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo

e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente

Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute

existentes (Tavares 2008)

A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga

leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de

induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo

grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos

de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3

(Tavares 2008)

Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a

nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga

Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da

captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes

situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia

dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma

captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da

Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)

O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para

2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)

O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um

aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente

tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144

m3) (Tabela 8)

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Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m

3) na empresa B1 (2008-

2011)

Total

Consumo

de aacutegua

2008

Caudal

efluente

tratado

2008

Total

Consumo

de aacutegua

2009

Caudal

efluente

tratado

2009

Total

Consumo

de aacutegua

2010

Caudal

efluente

tratado

2010

Total

Consumo

de aacutegua

2011

Caudal

efluente

tratado

2011

Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092

Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669

Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933

Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247

Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346

Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236

Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174

Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873

Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785

Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505

Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644

Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757

Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261

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Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas

C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens

(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos

administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor

os vestiaacuterios e o refeitoacuterio

C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da

manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo

do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado

desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca

de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da

concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da

temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas

higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo

onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final

seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e

expediccedilatildeo

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Total Consumo de aacutegua (m3) 2011

Caudal efluente tratado (m3) 2011

Total Consumo de aacutegua (m3) 2010

Caudal efluente tratado (m3) 2010

Total Consumo de aacutegua (m3) 2009

Caudal efluente tratado (m3) 2009

Total Consumo de aacutegua (m3) 2008

Caudal efluente tratado (m3) 2008

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C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo

retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute

efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o

leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento

num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior

parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C

para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril

C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das

proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar

forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na

salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode

ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo

eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a

temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura

Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos

meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009

(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4

em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009

No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e

o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e

agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1

nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)

Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua

residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)

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Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)

(2010 - 2011)

Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma

maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que

se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo

aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser

explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e

consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 ndash 2009

C2 - 2009

C3 ndash 2009

C4 ndash 2009

C1 ndash 2008

C2 - 2008

C3 ndash 2008

C4 ndash 5

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 - 2011

C2 - 2011

C 3 - 2011

C 4 - 2011

C1 - 2010

C2 - 2010

C3 - 2010

C4 - 2010

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Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -

2011)

Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas

(m3) na empresa B2 (2008-2011)

Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem

foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que

menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela

10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas

residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os

maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees

As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam

resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a

estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

100000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas residuais

Volume (m3) de aacutegua consumida

na instalaccedilatildeo fabril e origem na

Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas

residuais

2008 87 313 60 110

2009 65 851 45 248

2010 54 752 36 338

2011 41 4315 2 565

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Joana Machado Paacutegina 39

Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)

Quantidade leite

recebido

Quantidade produto final

2008 34 1216 30 3916

2009 33 391 29 076

2010 33 0979 27 5678

2011 28 454 24 0993

533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C

A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura

transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor

dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de

uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C

estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz

cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve

continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas

estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior

bacia leiteira dos Accedilores

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) leite recebido

Quantidade (m3) produto final

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 40

Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes

ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por

ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs

Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)

manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas

mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo

Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo

No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na

Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados

Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no

entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do

mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a

produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo

Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011

Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem

na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo

de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste

nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que

nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro

apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se

um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos

restantes meses ateacute ao final de 2011

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 41

Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal

(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)

Ano 2011 Aacutegua da Rede

Municiapl

Aacutegua do Furo Aacutegua residual

Caudal mensal

Janeiro 15 344 0 2 928

Fevereiro 13 996 446 18 494

Marccedilo 11 105 3 642 34 899

Abril 12 726 4 466 12 758

Maio 10 460 7 798 12 038

Junho 11 362 8 142 9 968

Julho 12 413 8 097 12 182

Agosto 9 365 7 851 9 721

Setembro 9 623 8 442 12 413

Outubro 10 296 7 753 11 294

Novembro 8 628 6 976 10 637

Dezembro 9 390 6 679 10 799

Total 134 708 5 858 158 131

Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C

(2011)

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Aacutegua da Rede Municiapl

Aacutegua do Furo

Agua residual Caudal mensal

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Joana Machado Paacutegina 42

534 Empacotamento do leite

5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite

Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos

liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de

camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para

embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da

seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)

Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam

qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem

e facilitam a soldadura

Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando

a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos

Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio

ao cartatildeo

Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo

Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior

Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-

Paiva 2003)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 43

5342Enchimento

As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na

maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura

23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da

embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de

hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos

evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado

O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute

dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as

embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)

Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com

eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas

embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo

necessaacuterios 383 X10^10

L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por

cada embalagem (Tabela 11)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 44

Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)

Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de

enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)

Eletricidade [kW]

Vapor [kg]

Aacutegua [L]

Peroacutexido de

Hidrogeacutenio [L]

166times102

300times10-4

383times10-1

250times10-4

Selagem por induccedilatildeo

de calor

Tubo de

enchiment

o abaixo

do niacutevel do

liacutequido

Extremidades

seladas por

induccedilatildeo de

calor

Soluccedilatildeo

esterilizador

a (Peroacutexido

de

hidrogeacutenio)

Aacuterea de esterilizaccedilatildeo

fechada

Embalagem final

cheia e fechada

Rolo de embalagens

preacute-impresso

1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de

enchimento

2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de

entrarem na zona de enchimento

3Leite e embalagens combinados na zona

esterilizada

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 45

54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro

O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca

de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas

que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves

matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e

forragens

O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No

entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores

e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente

criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos

principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a

Portugal

Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6

670 exploraccedilotildees (SREA 2012)

541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro

Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees

nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas

leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo

Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo

cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de

origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais

com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a

respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)

fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000

UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)

Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os

mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 46

composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura

bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)

No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm

tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel

composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta

(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)

A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida

existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos

12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000

kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute

existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores

estimados

542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro

Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem

perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina

fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos

importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que

proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere

A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as

vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia

nutricional e do qualquer outro animal

Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior

quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave

quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido

O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A

quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo

de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre

outros fatores (AJAM 2012)

A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A

temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere

por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 47

ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca

leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o

que for necessaacuterio

Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia

mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia

65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia

543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto

A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo

qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a

sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto

desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando

chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO

14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de

objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees

diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)

Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)

Modelo da Analise do Ciclo de

Vida

Definiccedilatildeo de

objetivo e

alcance

Anaacutelise do

inventaacuterio

Avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais

Inte

rpre

taccedilatilde

o e

av

alia

ccedilatildeo

Aplicaccedilotildees diretas

Conceccedilatildeo e melhoria de

produtos

Planificaccedilatildeo estrateacutegica

Desenvolvimento de

poliacuteticas puacuteblicas

Marketing

Outros

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 48

Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha

de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica

Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a

qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se

iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a

normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o

leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com

a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e

coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No

fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma

ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor

A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido

e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem

De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase

de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o

uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre

outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os

produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees

atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um

esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido

na Figura 25

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo

Faacutebrica

Ciclo de produccedilatildeo

Inputs

Mateacuteria - prima

Aacutegua

Combustiacuteveis

Eletricidade

Outputs

Produtos

Aacuteguas Residuais

Emissotildees

atmosfeacutericas

Resiacuteduos

Energia

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Joana Machado Paacutegina 49

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar

valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede

municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas

faacutebricas e o produto final (Tabela 13)

Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7

(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos

para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das

Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave

produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de

modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o

somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o

somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida

parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo

valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo

final

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B2

Leite UHT

2008 1ordf 126 250 2628

2ordf 175 252 0509 65

2009 1ordf 103 699 908

2ordf 71 552 14286 6

2010 1ordf 91 788 7874

2ordf 162 712 8588 6

2011 1ordf 73 424 7319

2ordf 134 397 589 55

C

Leite UHT

2011 1ordf 290 521 3264

2ordf 467 766 5121 92

Queijo

2011

1ordf 206 985 1468

2ordf 384 230 3325 126

Manteiga

2011

1ordf 211 617 1536

2ordf 388 862 3393 95

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 50

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas (continuaccedilatildeo)

A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano

contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado

leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto

ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano

Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal

Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano

comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se

que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute

Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604

Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade

fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a

unidade B1

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B1

Queijo

2008 1ordf 200 136 3641

2ordf 221 151 1789 234

2009 1ordf 246 905 4224

2ordf 466 797 9329 257

2010 1ordf 258 496 3994

2ordf 475 036 129 26

2011 1ordf 260 433 8293

2ordf 482 828 1566 25

B1

Manteiga

2008 1ordf 319 231 7427

2ordf 540 382 9216 153

2009 1ordf 254 190 7816

2ordf 474 083 2921 12

2010 1ordf 240 425 0996

2ordf 456 964 8292 127

2011 1ordf 257 692 3862

2ordf 480 086 7135 129

A

Manteiga

+

Leite em Poacute

2008 1ordf 621 599 5243

2ordf 634 517 000 32

2009 1ordf 828 542 0485

2ordf 840 877 000 45

2010 1ordf 719 846 301

2ordf 732 551 571 38

2011 1ordf 738 265 1845

2ordf 750 766 5715 41

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 51

Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se

efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute

igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta

empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas

O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo

passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos

seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua

virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso

da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando

com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa

C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais

baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos

processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)

O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite

que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos

(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por

ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os

restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2

100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT

No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite

teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente

30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para

UHT

Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra

parte vai para o leite em poacute

A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C

utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros

de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L

de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 52

A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga

deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga

num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados

Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo

valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo

constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro

Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas

raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo

e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais

erva)

Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo

seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain

(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua

virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)

Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e

C (2011)

C 22

B1 70

A 8

Manteiga

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 53

Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C

(2011)

B1 66

C 34

Queijo

63

37

Leite UHT

B2 C

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 54

Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta

forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA

recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor

Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os

resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no

leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos

dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um

decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011

Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha

de Satildeo Miguel

2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total

Ilha de

Satildeo

Miguel

329 627 021 X

80= 263 701

617 L

340 405 998 X

80= 272 324

798 L

339 702 819 X

80= 271 762

255 L

318 246 409 X

80= 254 597

127 L

331 995 618 X

80= 265 596

4494 L

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 55

Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria

de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15

Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite

diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do

leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o

que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de

aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a

industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614

0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de

leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788

1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite

As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com

valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres

12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor

valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)

Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo

para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando

se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto

possa conter tanta aacutegua

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 56

Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo

para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

2008 329 627 021

X 80=

263

701 617 L

129 312

746 X

80= 103

450 1968 L

7 909 254

X 80= 6

327 403 L

27 771 834

X 80= 22

217 467 L

6 896 744 X

80= 5 517

395 L

12 594 346

X 80= 10

075 477 L

785 179 X

80= 628

1432 L

16 860 X

80= 13

488 L

2009 340 405 998

X 80=

272

324 798 L

138 353

863 X

80= 110

683 090 L

8 112 299

X 80= 6

489 839 L

29 848 324

X 80= 23

878 659 L

8 544 727 X

80= 6 835

782 L

13 187 592

X 80= 10

550 074 L

1 690 260

X 80= 1

352 208 L

38 693 X

80= 30

954 L

2010 339 702 819

X 80=

271 762 255

L

136 515

935 X

80= 109

212 748 L

7 994 445

X 80= 6

395 556 L

28 956 554

X 80= 23

165 243 L

8 399 352 X

80= 6 719

482 L

12 350 878

X 80= 9

880 702 L

1 497 168

X 80= 1

197 734 L

0 L

2011 318 246 409

X 80=

254 597 127

L

138 887

784 X

80= 111

110 22720

L

7 836 356

X 80= 6

269 085 L

28 575 890

X 80= 22

860 712 L

8 561 298 X

80= 6 849

038 L

12 560 084

X 80= 10

048 067 L

1 080 709

X 80=

864 567 L

0 L

Meacutedia total 331 995 618

X 80=

265 596

4494 L

135 767

580 X

80= 108

614 0656 L

7 963

0885 X

80 = 6

370 4708

L

28 788

1505

X80= 23

030 5204 L

8 089

28025

X80= 6

471 4242 L

9 524 641 X

80= 7 619

71331 L

1 263 329

X 80= 1

010 6632

L

13

88825

X80=

11 1106

L

Aacutegua

Virtual na

meacutedia total

1 593 578

696

651 684

3936

382 228

2248

138 183

1224

38 828

5452

45 718

27986

6 063

9792

66 6636

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 57

Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)

seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo

no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com

1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente

da produccedilatildeo na RAA

Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel

para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449

821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios

de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua

associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424

00 m3 e agrave manteiga 61 000 m

3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os

valores referentes agrave pastagem

Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de

referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6

773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os

64

23

1 6

2 2 1 1

Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 58

valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3

(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m

3 (manteiga)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 59

7 CONCLUSOtildeES

A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo

existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute

chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua

num determinado sector eou produto

Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos

em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao

longo deste estudo

De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo

existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados

especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As

empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees

por exemplo

Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os

dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo

estipulado o que tornou o estudo mais generalista

Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos

produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas

empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e

consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais

aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais

sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate

mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e

manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes

envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua

virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel

calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes

em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do

leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6

isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 60

como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa

e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2

Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em

percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto

com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por

completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do

produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito

proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa

B1

Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado

inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas

contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram

caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos

natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores

gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas

tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que

dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos

Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo

laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa

qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos

processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de

empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 61

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de novembro de 2011

Portos e Infraestruturas Portuaacuterias (PIP) 2012 Disponiacutevel em

httpwwwazoresgovptGrasram-pescasmenussecundarioPortos+e+Infraestruturas

1 Acedido a 22 de outubro 2012

Portal do Ambiente e do Cidadatildeo (PAC) Disponiacutevel em

httpambientemaiadigitalptambienteaguamais-informacao-1sobre-a-importancia-

de-preservarmos-a-agua Acedido a 15 de julho de 2012

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 65

Revista de Informaccedilatildeo Cultural Cientifica (RICC) Disponiacutevel em

httpportugalizanetoldnumero05bol05n05htm Acedido a 27 de agosto de 2012

Rizomas (200924 de Agosto) Aacutegua virtualDisponiacutevel em httprizomasnetcultura-

escolarmaterial-didaticobiologia234htmlAacutegua Virtual|outline Acedido a 27 de

agosto de 2012

Salatildeo Internacional do Sector Alimentar e Bebidas (SISAB) Portugal 2012 Disponiacutevel

em httpwwwsisaborgcontent1378lacticinios Acedido a 28 de agosto de 2012

Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores (SREA) disponiacutevel em

httpestatisticaazoresgovpt Acedido a 10 de janeiro de 2012

Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores- Recenseamento agriacutecola 2009 disponiacutevel

em httpestatisticaazoresgovpt Acedido a 28de Outubro

Sistema Nacional de Informaccedilatildeo dos Recursos Hiacutedricos (SNIRH) 2012- Disponiacutevel em

httpsnirhptindexphpidMain=1ampidItem=15 Acedido a 15 de stembro2012

Water Foundation - World Water Council (200818 de Marccedilo) Virtual

WaterDisponiacutevel em httpwwwvirtual-

waterorgindexphpoption=com_contentamptask=viewampid=1ampItemid=1 Acedido a 5 de

novembro de 2011

World Wide Foundation for Nature (2011)Disponiacutevel em

httpwwwwwfpto_que_fazemospor_um_planeta_vivopegada_hidrica_em_portugal

_2011 Acedido a 5 de novembro de 2011

ANEXO 1

No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da

RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa

produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo

Questotildees Respostas

1 Que quantidade de leite que entra

na faacutebrica por mecircs e por ano

2 Quais os produtos que produz a

faacutebrica

3 Que quantidades satildeo produzidas

por mecircs e por ano dos diferentes

produtos (separados)

4 Para 1Kg de queijo quantos L de

aacutegua satildeo usados

5 E para 1Kg manteiga quantos

litros de aacutegua satildeo usados

6 E para as natas satildeo necessaacuterios

quantos L de aacutegua

7 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada pela faacutebrica por mecircs e

por ano

8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica

Que quantidade de aacutegua eacute retirada

pelo furo por mecircs e por ano

9 Que quantidades de aacuteguas

residuais produzem na faacutebrica

10 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada para refrigeraccedilatildeo

11 Tecircm um esquema do ciclo de

produccedilotildees que possam

disponibilizar

Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo

Joana Machado

ANEXO II

Processo produtivo

Armazenamento

Arrefecimento

Receccedilatildeo

Desnate

Armazenamento

desnatado

Armazenamento

nata

Produccedilatildeo

Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem

Enchimento

Secagem

Homogeneizaccedilatildeo

Concentraccedilatildeo

Pasteurizaccedilatildeo

ANEXO III

Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo

i-iacuteiacuteiacutea-----t-

AgravelG= l6-11

Acirccigravedez= E-17 C

NaCl r291sal e0 lsnal

lIgraveunitlaamp l6qocirc

Mrtr-gg

Expdrccedilatildeo

Qucilo Fabnco

Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I

s9mq9mExpediccedilatildeo

_t-I Armazenageln llcnrP

ric--T--

t-llCotdo eml

I u l

t Epdtccedilatilde I

Sacos de 25Kg

I+IacutefilAtildeqol

IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I

crnp lmbrcilla

l ll]j n u uo0

iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet

IY

Tratamento do

Soro

lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras

J

tit=tstl

lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1

LeiteMago

em Poacute

Saco Atrn saco plaacutestico

roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa

separadora caixa de callatildeo

I E-pdiccedilatilde I

Page 6: Água virtual no sector dos lacticínios na Região Autónoma dos … · 2017. 8. 18. · Figura 2 Distribuição geográfica mundial da escassez física de água 7 Figura 3 Distribuição

iv

IacuteNDICE DE TABELAS

Tabela 1 Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo 6

Tabela 2 Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental

Tabela 3 Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) 25

Tabela 4 Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011) 26

Tabela 5 Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008

e 2011)

28

Tabela 6 Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

30

Tabela 7 Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008

e 2011)

31

Tabela 8 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m

3) na empresa B1

(2008-2011)

34

Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais

emitidas (m3) na empresa B2 (2008-2011)

38

Tabela 10 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 -

2011)

39

Tabela 11 Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal

mensal (m3) emitida pela empresa C em 2011

41

Tabela 12 Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de

enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL

44

Tabela 13 Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas

49

Tabela 14 Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a

Ilha de Satildeo Miguel

54

Tabela 15 Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo

para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA

56

v

IacuteNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua 5

Figura 2 Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua 7

Figura 3 Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial 8

Figura 4 Uso sectorial da aacutegua na Europa 9

Figura 5 Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo

(B)

10

Figura 6 Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de

estaccedilotildees em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B)

11

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 15

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 16

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua

virtual

17

Figura 10 Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores 20

Figura 11 VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria

incluindo energia 3 ndash construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos

automoacuteveis e de bens de uso pessoal e domeacutestico alojamento e

restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e comunicaccedilotildees 5 -

atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos

22

Figura 12 Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008

- 2011)

29

Figura 13 Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 30

Figura 14 Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 31

Figura 15 Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa

A (2008 ndash 2011)

32

Figura 16 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

35

Figura 17 Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

37

Figura 18 Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1

(m3) (2010 - 2011)

37

Figura19 Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008

- 2011)

38

Figura 20 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

39

Figura 21 Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa

C (2011)

41

vi

Figura 22 Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) 42

Figura 23 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic

44

Figura 24 Modelo ACV 47

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo 48

Figura 26 Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A

B1 e C (2011)

52

Figura 27 Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

53

Figura 28 Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e

C (2011)

53

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido

diretamente da produccedilatildeo na RAA

57

vii

LISTA DE ABREVIATURAS E ACROacuteNIMOS

ACV Avaliaccedilatildeo Ciclo de Vida

AFCAL Associaccedilatildeo dos Fabricantes de Embalagens de cartatildeo para Alimentos

Liacutequidos

AJAM Associaccedilatildeo Jovens Agricultores

APA Agencia Portuguesa do Ambiente

DL Decreto de Lei

DROTRH Direccedilatildeo Regional do Ordenamento do Territoacuterio e dos Recursos

Hiacutedricos

EA Environment Agency

EEA European Environment Agency

GEO3 Global Environment Outlook 3

INE Instituto Nacional de Estatiacutestica

ISO International Standardization Organization

ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

QA Quercus Ambiente

PAC Portal do Ambiente e do Cidadatildeo

PNA Plano Nacional de Aacutegua

RAA Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

SISAB Salatildeo Internacional do Sector Alimentar e Bebidas

SNIRH Sistema Nacional de Informaccedilatildeo dos Recursos Hiacutedricos

SREA Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores

UNESCO United Nations Educational Scientific and Cultural Organization

WWF Water Wildlife Fund

VAB Valor Acrescentado Bruto

VMA Valor Maximo Admicivel

VMR Valor Minimo Admicivel

viii

RESUMO

A aacutegua apesar de ser um recurso essencial agrave vida e imprescindiacutevel ao desenvolvimento

socioeconoacutemico encontra-se submetida a crescentes pressotildees quantitativa e qualitativa

que se manifestam a muacuteltiplos niacuteveis desde a escassez agrave poluiccedilatildeo quiacutemica e bioloacutegica

Torna-se assim necessaacuterio promover a sua preservaccedilatildeo associada a medidas de gestatildeo

sustentaacutevel dos recursos

A presente dissertaccedilatildeo tem por principal objetivo proceder agrave determinaccedilatildeo da aacutegua

virtual no sector dos lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores nomeadamente a

associada agrave produccedilatildeo de leite queijo manteiga e leite em poacute Para tal procedeu-se agrave

determinaccedilatildeo da aacutegua virtual em trecircs empresas do sector de Lacticiacutenios da Ilha de Satildeo

Miguel e respetiva evoluccedilatildeo ao longo do tempo e extrapolou-se esta determinaccedilatildeo para

o sector de lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A determinaccedilatildeo da aacutegua virtual requer a recolha de um amplo conjunto de dados de

base nomeadamente sobre a quantidade de aacutegua que entra e sai de cada empresa os

processos de fabrico e o volume de produtos final de acordo com a sua tipologia No

presente estudo as fronteiras da avaliaccedilatildeo foram definidas a montante pelo gado

leiteiro e a jusante pelos produtos feitos por cada empresa e suas embalagens numa

abordagem do tipo ciclo de vida

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores a meacutedia anual de leite recolhido diretamente da

produccedilatildeo para as induacutestrias de lacticiacutenios ronda os 523 milhotildees de litros o que

corresponderaacute a cerca de 419 milhotildees de litros de aacutegua por ano A este volume foram

adicionados os volumes anuais de aacutegua do ciclo de vida do gado leiteiro a aacutegua gasta

pelas faacutebricas de lacticiacutenios e a aacutegua associada agrave produccedilatildeo das embalagens Os valores

obtidos satildeo uma estimativa por defeito da aacutegua virtual associada ao sector dos

lacticiacutenios nos Accedilores nomeadamente no que concerne ao leite ao queijo e agrave manteiga

Este estudo constitui a primeira abordagem agrave determinaccedilatildeo da aacutegua virtual no sector dos

lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Palavras-chave Recursos hiacutedricos Aacutegua Virtual Lacticiacutenios Satildeo Miguel Accedilores

ix

ABSTRACT

Nowadays despite been essential to life and to economical development water is

subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water

shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water

resources associated to the implementation of sustainable management practices is

extremely urgent and necessary

The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores

extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel

island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk

butter cheese and milk powder

It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk

collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume

corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected

corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption

of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy

industries and finally the water used in the production of packaging for one year also

The value obtained is called Virtual Water dairy products

Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 2

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Enquadramento

O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre

em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre

Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito

de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel

socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua

Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou

serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no

conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado

ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto

ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos

Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela

nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O

planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria

salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser

usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia

Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o

desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da

mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel

um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja

inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica

O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo

agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da

captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades

domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial

Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os

140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante

(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 3

Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua

virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011

em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o

forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada

dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter

origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)

Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior

peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o

comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com

61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)

Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52

m3hab

ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e

mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for

adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura

aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel

pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)

12 Acircmbito e objetivos

O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na

produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs

faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do

tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo

A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de

produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo

inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo

Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute

tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 4

13 Estrutura do trabalho

A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os

seguintes aspetos

No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos

O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia

quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu

No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual

O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da

dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da

investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI

No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e

as suas atividades

O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se

agrave respetiva discussatildeo

No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo

Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves

fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 5

2 A AacuteGUA COMO RECURSO

21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra

A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou

animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente

em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra

Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou

doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo

nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua

distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente

movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)

Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)

A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por

mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos

atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km

3) apenas

08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo

para abastecimento humano (Tabela 1)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 6

Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)

Reservatoacuterio Total Aacutegua doce

Oceanos

Gelo e neve

965

18

966

Aacutegua

subterracircnea

Doce 076 301

Salgada 093

Aacutegua superficial

Aacutegua no solo

Lagos (aacutegua doce) 0007 026

Lagos (aacutegua

salgados)

0006

Pacircntanos 00008 003

Rios 00002

00012

0006

005

Atmosfera 0001 004

Biosfera 00001 0003

Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por

se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo

usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo

eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo

A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com

escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais

sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo

abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso

humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por

paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos

ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 7

Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)

Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab

ano em

Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)

A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25

desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute

foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade

de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua

disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na

induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 8

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain

2007b)

22 Consumo de aacutegua na Europa

Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da

Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da

mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que

eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior

percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico

(figura 4) (Karavatis)

Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de

aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade

populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos

paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector

o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes

A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a

meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499

para 5 170 m3hab

ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total

de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o

consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que

eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para

descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 9

lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito

miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal

No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per

capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida

das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na

poupanccedila de aacutegua (Karavatis)

Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 10

23 Consumo de aacutegua em Portugal

231 Consumo de aacutegua em Portugal

Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por

habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica

Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)

Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado

posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da

presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que

exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal

parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica

do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)

referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave

importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)

Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector

industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o

sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)

Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)

(PNA 2012)

A B

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 11

232 Qualidade da aacutegua em Portugal

Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na

generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade

realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua

evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao

presente (Figura 6A)

A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como

boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute

qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel

(Figura 6B)

Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees

em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)

B A

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 12

233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as

necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de

20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de

energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo

consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta

teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares

Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo

de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees

82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da

legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser

considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava

paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua

deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo

ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos

naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das

atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a

atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para

aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades

significativas de aacutegua

Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros

podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do

proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute

convertida em aacuteguas residuais

De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a

maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros

focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores

(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas

com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de

poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 13

Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm

a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes

urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material

utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem

de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos

dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de

fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 14

3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL

Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi

reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a

aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes

do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre

os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade

dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)

Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees

internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor

John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)

Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos

agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima

2008)

A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou

serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem

no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma

medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se

estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a

aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)

Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices

quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e

autossuficiecircncia de aacutegua

Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua

virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a

quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)

Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum

bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros

de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros

de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de

aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 15

O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua

Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo

Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os

fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de

produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)

O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma

vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes

das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 16

4 METODOLOGIA

41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra

A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no

sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas

A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental

para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro

passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo

(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de

acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na

internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados

referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de

leite para o sector industrial

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber

como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua

que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais

mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)

42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo

Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise

e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Seleccedilatildeo do grupo de

anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das

empresas

Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e

outputs Interpretaccedilatildeo dos

Resultados

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 17

Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se

chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de

vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e

aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas

na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos

necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute

contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um

deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que

entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos

resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente

estudo

Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo

natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo

relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual

Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que

calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra

na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto

final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 18

uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma

precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano

421 Ciclo de vida do gado leiteiro

Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios

propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas

Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)

Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo

metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo

Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)

Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-

se 35 L x 365 d= 12 775 L

Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)

422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos

Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma

determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e

do tipo de produto

H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)

Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo

ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 19

H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)

Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)

Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)

Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)

Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se

os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)

Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte

equaccedilatildeo (eq 9)

H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80

H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da

vaca (L) pano nas ilhas x 80

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)

( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X

50))

( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X

50))

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 20

5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA

51 Arquipeacutelago dos Accedilores

O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos

36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute

formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o

Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e

Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca

de 2 322 km2

Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)

O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas

de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o

territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional

varia entre 219 e 3418 habkm2

De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no

arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute

condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A

amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida

e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 21

A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930

mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)

O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico

refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no

geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha

Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)

A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a

cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52

acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas

(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da

Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes

menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800

m de altitude (Cruz et al 2009)

O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande

parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas

tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade

vulcacircnica(Cruz et al 2009)

Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem

vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e

azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG

2001)

O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo

vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas

registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo

destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para

NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)

Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem

intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas

diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo

o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 22

A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados

estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo

Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel

relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem

observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem

como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos

tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente

vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de

erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos

piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)

A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos

serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das

atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)

estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram

responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros

contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total

(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)

Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash

construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e

domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e

comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)

111

109

61

228156

336 1

2

3

4

5

6

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 23

O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com

601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector

secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as

ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira

52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental

Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre

foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em

Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada

quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que

autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo

Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada

qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional

Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute

criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha

vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam

de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)

Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a

2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a

2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na

produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de

apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 24

Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)

Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)

2007 1 909 440

2008 1 960 899

2009 1 938 641

2010 1 860574

2011 1 860 831

Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em

todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a

este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite

UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com

impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de

aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas

Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito

a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em

parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo

Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das

associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o

GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios

agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)

Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos

sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela

3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que

maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-

se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram

os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma

evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a

diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24

326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011

os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido

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Joana Machado Paacutegina 25

Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)

Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011

Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo

26

367 375

25 966 137

Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

25 858 430 25 289 152

Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

29 867 949 30 313 630

Abril Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 513 001 31 933 104

Maio Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

34 156 283 35 321 861

Junho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

32 761 050 33 910 081

Julho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 480 274 32 716 997

Agosto Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

27 941 816 29 101 970

Setembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 413 105 26 506 695

Outubro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 007 653 26 610 025

Novembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 326 655

25 040 257

Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 894 278 26 955 549

Total 339 587 869 349 665 458

No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite

para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute

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Joana Machado Paacutegina 26

atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a

que menos produz (Tabela 4)

Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)

(SREA2012)

53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo

Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente

trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por

motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim

como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas

531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A

A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a

farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A

partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e

atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as

outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa

ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus

produtos

Ilha

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2008

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2009

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2010

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2011

Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408

Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982

Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296

Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242

Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415

Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736

Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908

Corvo 1 405 3 22441 0 2248

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Joana Machado Paacutegina 27

Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e

produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)

O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o

arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a

outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o

armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo

armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de

desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo

posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando

pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)

Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009

aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a

empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua

evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e

posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial

desde que natildeo haja contacto com o produto

Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da

vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal

Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado

ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em

conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma

licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada

entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas

condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental

A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em

Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente

produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal

Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede

municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo

conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja

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Joana Machado Paacutegina 28

consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m

3 em 2010 e

43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)

Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3

t e 8592 m3

t

para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave

empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)

Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)

102 65200 m3 (2009) 22 24900 m

3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o

registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)

Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e

2011)

Consumo

de aacutegua

municipal

2008

Consumo

de aacutegua

salgada

2008

Consumo

de aacutegua

municipal

2009

Consumo

de aacutegua

salgada

2009

Consumo

de aacutegua

municipal

2010

Consumo

de aacutegua

salgada

2010

Consumo

de aacutegua

municipal

2011

Consumo

de aacutegua

salgada

2011

Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692

Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492

Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927

Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734

Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622

Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732

Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995

Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263

Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526

Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213

Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874

Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885

Total

anual

66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835

Meacutedia

anual

5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486

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Joana Machado Paacutegina 29

Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de

2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura

12)

Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de

marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que

se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro

Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -

2011)

Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho

de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela

6 Figura 13)

No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes

mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)

sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por

uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008

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Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Leite

recebido

2011

Soro

recebido

2011

Leite

recebido

2010

Soro

recebido

2010

Leite

recebido

2009

Soro

recebido

2009

Leite

recebido

(2008

Soro

recebido

2008

Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210

Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437

Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401

Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368

Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219

Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265

Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235

Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364

Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376

Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338

Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350

Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239

Total

anual

72 103 2415 73 280 2

634451

71 144 2 507 74 507 3 802

Meacutedia

anual

6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833

Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Leite recebido (ton) 2011

Leite recebido (ton) 2010

Leite recebido (ton) 2009

Leite recebido (ton) 2008

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Joana Machado Paacutegina 31

Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A

entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011

com um leve decreacutescimo (Tabela 7)

Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e

2011)

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2008

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2009

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2010

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2011

Jan 859 906 784 83059

Fev 868 256 748 71868

Mar 929 913 839 935755

Abr 889 909 872 8792

Mai 895 933 875 96577

Jun 847 914 859 896085

Jul 918 927 943 836515

Ago 860 793 811 882075

Set 688 812 781 33077

Out 678 667 698 2103

Nov 719 627 661 667125

Dez 689 704 659 79611

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Soro recebido (ton) 2011

Soro recebido (ton) 2010

Soro recebido (ton) 2009

Soro recebido (ton) 2008

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Joana Machado Paacutegina 32

Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975

Meacutedia

anual

820 780083 794 7457479

Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram

janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior

produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)

Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A

(2008 ndash 2011)

532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2

A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e

duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas

quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em

poacute e lactosoro em poacute

Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril

da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W

A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo

com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se

a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma

0

200

400

600

800

1000

1200

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008

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Joana Machado Paacutegina 33

reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica

regional

A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do

atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de

produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo

Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo

e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente

Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute

existentes (Tavares 2008)

A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga

leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de

induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo

grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos

de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3

(Tavares 2008)

Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a

nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga

Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da

captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes

situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia

dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma

captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da

Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)

O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para

2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)

O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um

aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente

tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144

m3) (Tabela 8)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 34

Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m

3) na empresa B1 (2008-

2011)

Total

Consumo

de aacutegua

2008

Caudal

efluente

tratado

2008

Total

Consumo

de aacutegua

2009

Caudal

efluente

tratado

2009

Total

Consumo

de aacutegua

2010

Caudal

efluente

tratado

2010

Total

Consumo

de aacutegua

2011

Caudal

efluente

tratado

2011

Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092

Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669

Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933

Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247

Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346

Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236

Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174

Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873

Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785

Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505

Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644

Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757

Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261

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Joana Machado Paacutegina 35

Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas

C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens

(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos

administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor

os vestiaacuterios e o refeitoacuterio

C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da

manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo

do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado

desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca

de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da

concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da

temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas

higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo

onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final

seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e

expediccedilatildeo

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Total Consumo de aacutegua (m3) 2011

Caudal efluente tratado (m3) 2011

Total Consumo de aacutegua (m3) 2010

Caudal efluente tratado (m3) 2010

Total Consumo de aacutegua (m3) 2009

Caudal efluente tratado (m3) 2009

Total Consumo de aacutegua (m3) 2008

Caudal efluente tratado (m3) 2008

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Joana Machado Paacutegina 36

C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo

retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute

efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o

leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento

num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior

parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C

para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril

C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das

proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar

forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na

salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode

ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo

eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a

temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura

Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos

meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009

(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4

em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009

No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e

o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e

agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1

nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)

Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua

residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)

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Joana Machado Paacutegina 37

Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)

(2010 - 2011)

Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma

maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que

se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo

aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser

explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e

consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 ndash 2009

C2 - 2009

C3 ndash 2009

C4 ndash 2009

C1 ndash 2008

C2 - 2008

C3 ndash 2008

C4 ndash 5

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 - 2011

C2 - 2011

C 3 - 2011

C 4 - 2011

C1 - 2010

C2 - 2010

C3 - 2010

C4 - 2010

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Joana Machado Paacutegina 38

Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -

2011)

Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas

(m3) na empresa B2 (2008-2011)

Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem

foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que

menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela

10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas

residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os

maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees

As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam

resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a

estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

100000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas residuais

Volume (m3) de aacutegua consumida

na instalaccedilatildeo fabril e origem na

Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas

residuais

2008 87 313 60 110

2009 65 851 45 248

2010 54 752 36 338

2011 41 4315 2 565

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Joana Machado Paacutegina 39

Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)

Quantidade leite

recebido

Quantidade produto final

2008 34 1216 30 3916

2009 33 391 29 076

2010 33 0979 27 5678

2011 28 454 24 0993

533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C

A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura

transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor

dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de

uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C

estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz

cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve

continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas

estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior

bacia leiteira dos Accedilores

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) leite recebido

Quantidade (m3) produto final

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Joana Machado Paacutegina 40

Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes

ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por

ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs

Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)

manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas

mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo

Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo

No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na

Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados

Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no

entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do

mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a

produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo

Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011

Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem

na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo

de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste

nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que

nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro

apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se

um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos

restantes meses ateacute ao final de 2011

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Joana Machado Paacutegina 41

Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal

(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)

Ano 2011 Aacutegua da Rede

Municiapl

Aacutegua do Furo Aacutegua residual

Caudal mensal

Janeiro 15 344 0 2 928

Fevereiro 13 996 446 18 494

Marccedilo 11 105 3 642 34 899

Abril 12 726 4 466 12 758

Maio 10 460 7 798 12 038

Junho 11 362 8 142 9 968

Julho 12 413 8 097 12 182

Agosto 9 365 7 851 9 721

Setembro 9 623 8 442 12 413

Outubro 10 296 7 753 11 294

Novembro 8 628 6 976 10 637

Dezembro 9 390 6 679 10 799

Total 134 708 5 858 158 131

Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C

(2011)

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Aacutegua da Rede Municiapl

Aacutegua do Furo

Agua residual Caudal mensal

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Joana Machado Paacutegina 42

534 Empacotamento do leite

5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite

Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos

liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de

camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para

embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da

seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)

Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam

qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem

e facilitam a soldadura

Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando

a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos

Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio

ao cartatildeo

Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo

Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior

Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-

Paiva 2003)

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Joana Machado Paacutegina 43

5342Enchimento

As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na

maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura

23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da

embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de

hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos

evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado

O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute

dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as

embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)

Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com

eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas

embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo

necessaacuterios 383 X10^10

L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por

cada embalagem (Tabela 11)

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Joana Machado Paacutegina 44

Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)

Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de

enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)

Eletricidade [kW]

Vapor [kg]

Aacutegua [L]

Peroacutexido de

Hidrogeacutenio [L]

166times102

300times10-4

383times10-1

250times10-4

Selagem por induccedilatildeo

de calor

Tubo de

enchiment

o abaixo

do niacutevel do

liacutequido

Extremidades

seladas por

induccedilatildeo de

calor

Soluccedilatildeo

esterilizador

a (Peroacutexido

de

hidrogeacutenio)

Aacuterea de esterilizaccedilatildeo

fechada

Embalagem final

cheia e fechada

Rolo de embalagens

preacute-impresso

1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de

enchimento

2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de

entrarem na zona de enchimento

3Leite e embalagens combinados na zona

esterilizada

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Joana Machado Paacutegina 45

54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro

O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca

de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas

que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves

matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e

forragens

O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No

entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores

e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente

criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos

principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a

Portugal

Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6

670 exploraccedilotildees (SREA 2012)

541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro

Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees

nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas

leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo

Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo

cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de

origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais

com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a

respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)

fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000

UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)

Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os

mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 46

composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura

bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)

No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm

tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel

composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta

(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)

A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida

existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos

12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000

kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute

existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores

estimados

542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro

Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem

perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina

fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos

importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que

proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere

A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as

vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia

nutricional e do qualquer outro animal

Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior

quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave

quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido

O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A

quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo

de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre

outros fatores (AJAM 2012)

A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A

temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere

por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 47

ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca

leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o

que for necessaacuterio

Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia

mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia

65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia

543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto

A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo

qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a

sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto

desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando

chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO

14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de

objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees

diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)

Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)

Modelo da Analise do Ciclo de

Vida

Definiccedilatildeo de

objetivo e

alcance

Anaacutelise do

inventaacuterio

Avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais

Inte

rpre

taccedilatilde

o e

av

alia

ccedilatildeo

Aplicaccedilotildees diretas

Conceccedilatildeo e melhoria de

produtos

Planificaccedilatildeo estrateacutegica

Desenvolvimento de

poliacuteticas puacuteblicas

Marketing

Outros

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 48

Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha

de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica

Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a

qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se

iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a

normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o

leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com

a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e

coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No

fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma

ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor

A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido

e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem

De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase

de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o

uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre

outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os

produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees

atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um

esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido

na Figura 25

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo

Faacutebrica

Ciclo de produccedilatildeo

Inputs

Mateacuteria - prima

Aacutegua

Combustiacuteveis

Eletricidade

Outputs

Produtos

Aacuteguas Residuais

Emissotildees

atmosfeacutericas

Resiacuteduos

Energia

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 49

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar

valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede

municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas

faacutebricas e o produto final (Tabela 13)

Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7

(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos

para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das

Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave

produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de

modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o

somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o

somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida

parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo

valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo

final

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B2

Leite UHT

2008 1ordf 126 250 2628

2ordf 175 252 0509 65

2009 1ordf 103 699 908

2ordf 71 552 14286 6

2010 1ordf 91 788 7874

2ordf 162 712 8588 6

2011 1ordf 73 424 7319

2ordf 134 397 589 55

C

Leite UHT

2011 1ordf 290 521 3264

2ordf 467 766 5121 92

Queijo

2011

1ordf 206 985 1468

2ordf 384 230 3325 126

Manteiga

2011

1ordf 211 617 1536

2ordf 388 862 3393 95

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 50

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas (continuaccedilatildeo)

A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano

contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado

leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto

ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano

Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal

Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano

comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se

que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute

Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604

Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade

fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a

unidade B1

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B1

Queijo

2008 1ordf 200 136 3641

2ordf 221 151 1789 234

2009 1ordf 246 905 4224

2ordf 466 797 9329 257

2010 1ordf 258 496 3994

2ordf 475 036 129 26

2011 1ordf 260 433 8293

2ordf 482 828 1566 25

B1

Manteiga

2008 1ordf 319 231 7427

2ordf 540 382 9216 153

2009 1ordf 254 190 7816

2ordf 474 083 2921 12

2010 1ordf 240 425 0996

2ordf 456 964 8292 127

2011 1ordf 257 692 3862

2ordf 480 086 7135 129

A

Manteiga

+

Leite em Poacute

2008 1ordf 621 599 5243

2ordf 634 517 000 32

2009 1ordf 828 542 0485

2ordf 840 877 000 45

2010 1ordf 719 846 301

2ordf 732 551 571 38

2011 1ordf 738 265 1845

2ordf 750 766 5715 41

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 51

Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se

efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute

igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta

empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas

O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo

passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos

seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua

virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso

da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando

com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa

C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais

baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos

processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)

O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite

que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos

(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por

ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os

restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2

100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT

No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite

teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente

30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para

UHT

Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra

parte vai para o leite em poacute

A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C

utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros

de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L

de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 52

A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga

deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga

num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados

Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo

valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo

constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro

Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas

raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo

e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais

erva)

Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo

seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain

(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua

virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)

Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e

C (2011)

C 22

B1 70

A 8

Manteiga

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 53

Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C

(2011)

B1 66

C 34

Queijo

63

37

Leite UHT

B2 C

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 54

Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta

forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA

recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor

Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os

resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no

leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos

dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um

decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011

Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha

de Satildeo Miguel

2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total

Ilha de

Satildeo

Miguel

329 627 021 X

80= 263 701

617 L

340 405 998 X

80= 272 324

798 L

339 702 819 X

80= 271 762

255 L

318 246 409 X

80= 254 597

127 L

331 995 618 X

80= 265 596

4494 L

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 55

Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria

de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15

Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite

diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do

leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o

que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de

aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a

industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614

0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de

leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788

1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite

As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com

valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres

12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor

valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)

Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo

para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando

se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto

possa conter tanta aacutegua

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 56

Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo

para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

2008 329 627 021

X 80=

263

701 617 L

129 312

746 X

80= 103

450 1968 L

7 909 254

X 80= 6

327 403 L

27 771 834

X 80= 22

217 467 L

6 896 744 X

80= 5 517

395 L

12 594 346

X 80= 10

075 477 L

785 179 X

80= 628

1432 L

16 860 X

80= 13

488 L

2009 340 405 998

X 80=

272

324 798 L

138 353

863 X

80= 110

683 090 L

8 112 299

X 80= 6

489 839 L

29 848 324

X 80= 23

878 659 L

8 544 727 X

80= 6 835

782 L

13 187 592

X 80= 10

550 074 L

1 690 260

X 80= 1

352 208 L

38 693 X

80= 30

954 L

2010 339 702 819

X 80=

271 762 255

L

136 515

935 X

80= 109

212 748 L

7 994 445

X 80= 6

395 556 L

28 956 554

X 80= 23

165 243 L

8 399 352 X

80= 6 719

482 L

12 350 878

X 80= 9

880 702 L

1 497 168

X 80= 1

197 734 L

0 L

2011 318 246 409

X 80=

254 597 127

L

138 887

784 X

80= 111

110 22720

L

7 836 356

X 80= 6

269 085 L

28 575 890

X 80= 22

860 712 L

8 561 298 X

80= 6 849

038 L

12 560 084

X 80= 10

048 067 L

1 080 709

X 80=

864 567 L

0 L

Meacutedia total 331 995 618

X 80=

265 596

4494 L

135 767

580 X

80= 108

614 0656 L

7 963

0885 X

80 = 6

370 4708

L

28 788

1505

X80= 23

030 5204 L

8 089

28025

X80= 6

471 4242 L

9 524 641 X

80= 7 619

71331 L

1 263 329

X 80= 1

010 6632

L

13

88825

X80=

11 1106

L

Aacutegua

Virtual na

meacutedia total

1 593 578

696

651 684

3936

382 228

2248

138 183

1224

38 828

5452

45 718

27986

6 063

9792

66 6636

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 57

Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)

seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo

no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com

1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente

da produccedilatildeo na RAA

Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel

para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449

821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios

de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua

associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424

00 m3 e agrave manteiga 61 000 m

3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os

valores referentes agrave pastagem

Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de

referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6

773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os

64

23

1 6

2 2 1 1

Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 58

valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3

(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m

3 (manteiga)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 59

7 CONCLUSOtildeES

A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo

existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute

chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua

num determinado sector eou produto

Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos

em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao

longo deste estudo

De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo

existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados

especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As

empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees

por exemplo

Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os

dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo

estipulado o que tornou o estudo mais generalista

Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos

produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas

empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e

consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais

aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais

sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate

mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e

manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes

envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua

virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel

calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes

em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do

leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6

isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 60

como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa

e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2

Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em

percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto

com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por

completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do

produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito

proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa

B1

Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado

inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas

contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram

caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos

natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores

gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas

tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que

dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos

Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo

laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa

qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos

processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de

empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 61

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ANEXO 1

No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da

RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa

produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo

Questotildees Respostas

1 Que quantidade de leite que entra

na faacutebrica por mecircs e por ano

2 Quais os produtos que produz a

faacutebrica

3 Que quantidades satildeo produzidas

por mecircs e por ano dos diferentes

produtos (separados)

4 Para 1Kg de queijo quantos L de

aacutegua satildeo usados

5 E para 1Kg manteiga quantos

litros de aacutegua satildeo usados

6 E para as natas satildeo necessaacuterios

quantos L de aacutegua

7 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada pela faacutebrica por mecircs e

por ano

8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica

Que quantidade de aacutegua eacute retirada

pelo furo por mecircs e por ano

9 Que quantidades de aacuteguas

residuais produzem na faacutebrica

10 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada para refrigeraccedilatildeo

11 Tecircm um esquema do ciclo de

produccedilotildees que possam

disponibilizar

Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo

Joana Machado

ANEXO II

Processo produtivo

Armazenamento

Arrefecimento

Receccedilatildeo

Desnate

Armazenamento

desnatado

Armazenamento

nata

Produccedilatildeo

Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem

Enchimento

Secagem

Homogeneizaccedilatildeo

Concentraccedilatildeo

Pasteurizaccedilatildeo

ANEXO III

Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo

i-iacuteiacuteiacutea-----t-

AgravelG= l6-11

Acirccigravedez= E-17 C

NaCl r291sal e0 lsnal

lIgraveunitlaamp l6qocirc

Mrtr-gg

Expdrccedilatildeo

Qucilo Fabnco

Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I

s9mq9mExpediccedilatildeo

_t-I Armazenageln llcnrP

ric--T--

t-llCotdo eml

I u l

t Epdtccedilatilde I

Sacos de 25Kg

I+IacutefilAtildeqol

IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I

crnp lmbrcilla

l ll]j n u uo0

iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet

IY

Tratamento do

Soro

lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras

J

tit=tstl

lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1

LeiteMago

em Poacute

Saco Atrn saco plaacutestico

roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa

separadora caixa de callatildeo

I E-pdiccedilatilde I

Page 7: Água virtual no sector dos lacticínios na Região Autónoma dos … · 2017. 8. 18. · Figura 2 Distribuição geográfica mundial da escassez física de água 7 Figura 3 Distribuição

v

IacuteNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua 5

Figura 2 Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua 7

Figura 3 Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial 8

Figura 4 Uso sectorial da aacutegua na Europa 9

Figura 5 Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo

(B)

10

Figura 6 Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de

estaccedilotildees em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B)

11

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 15

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 16

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua

virtual

17

Figura 10 Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores 20

Figura 11 VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria

incluindo energia 3 ndash construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos

automoacuteveis e de bens de uso pessoal e domeacutestico alojamento e

restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e comunicaccedilotildees 5 -

atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos

22

Figura 12 Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008

- 2011)

29

Figura 13 Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 30

Figura 14 Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 31

Figura 15 Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa

A (2008 ndash 2011)

32

Figura 16 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

35

Figura 17 Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

37

Figura 18 Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1

(m3) (2010 - 2011)

37

Figura19 Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008

- 2011)

38

Figura 20 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

39

Figura 21 Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa

C (2011)

41

vi

Figura 22 Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) 42

Figura 23 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic

44

Figura 24 Modelo ACV 47

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo 48

Figura 26 Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A

B1 e C (2011)

52

Figura 27 Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

53

Figura 28 Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e

C (2011)

53

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido

diretamente da produccedilatildeo na RAA

57

vii

LISTA DE ABREVIATURAS E ACROacuteNIMOS

ACV Avaliaccedilatildeo Ciclo de Vida

AFCAL Associaccedilatildeo dos Fabricantes de Embalagens de cartatildeo para Alimentos

Liacutequidos

AJAM Associaccedilatildeo Jovens Agricultores

APA Agencia Portuguesa do Ambiente

DL Decreto de Lei

DROTRH Direccedilatildeo Regional do Ordenamento do Territoacuterio e dos Recursos

Hiacutedricos

EA Environment Agency

EEA European Environment Agency

GEO3 Global Environment Outlook 3

INE Instituto Nacional de Estatiacutestica

ISO International Standardization Organization

ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

QA Quercus Ambiente

PAC Portal do Ambiente e do Cidadatildeo

PNA Plano Nacional de Aacutegua

RAA Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

SISAB Salatildeo Internacional do Sector Alimentar e Bebidas

SNIRH Sistema Nacional de Informaccedilatildeo dos Recursos Hiacutedricos

SREA Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores

UNESCO United Nations Educational Scientific and Cultural Organization

WWF Water Wildlife Fund

VAB Valor Acrescentado Bruto

VMA Valor Maximo Admicivel

VMR Valor Minimo Admicivel

viii

RESUMO

A aacutegua apesar de ser um recurso essencial agrave vida e imprescindiacutevel ao desenvolvimento

socioeconoacutemico encontra-se submetida a crescentes pressotildees quantitativa e qualitativa

que se manifestam a muacuteltiplos niacuteveis desde a escassez agrave poluiccedilatildeo quiacutemica e bioloacutegica

Torna-se assim necessaacuterio promover a sua preservaccedilatildeo associada a medidas de gestatildeo

sustentaacutevel dos recursos

A presente dissertaccedilatildeo tem por principal objetivo proceder agrave determinaccedilatildeo da aacutegua

virtual no sector dos lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores nomeadamente a

associada agrave produccedilatildeo de leite queijo manteiga e leite em poacute Para tal procedeu-se agrave

determinaccedilatildeo da aacutegua virtual em trecircs empresas do sector de Lacticiacutenios da Ilha de Satildeo

Miguel e respetiva evoluccedilatildeo ao longo do tempo e extrapolou-se esta determinaccedilatildeo para

o sector de lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A determinaccedilatildeo da aacutegua virtual requer a recolha de um amplo conjunto de dados de

base nomeadamente sobre a quantidade de aacutegua que entra e sai de cada empresa os

processos de fabrico e o volume de produtos final de acordo com a sua tipologia No

presente estudo as fronteiras da avaliaccedilatildeo foram definidas a montante pelo gado

leiteiro e a jusante pelos produtos feitos por cada empresa e suas embalagens numa

abordagem do tipo ciclo de vida

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores a meacutedia anual de leite recolhido diretamente da

produccedilatildeo para as induacutestrias de lacticiacutenios ronda os 523 milhotildees de litros o que

corresponderaacute a cerca de 419 milhotildees de litros de aacutegua por ano A este volume foram

adicionados os volumes anuais de aacutegua do ciclo de vida do gado leiteiro a aacutegua gasta

pelas faacutebricas de lacticiacutenios e a aacutegua associada agrave produccedilatildeo das embalagens Os valores

obtidos satildeo uma estimativa por defeito da aacutegua virtual associada ao sector dos

lacticiacutenios nos Accedilores nomeadamente no que concerne ao leite ao queijo e agrave manteiga

Este estudo constitui a primeira abordagem agrave determinaccedilatildeo da aacutegua virtual no sector dos

lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Palavras-chave Recursos hiacutedricos Aacutegua Virtual Lacticiacutenios Satildeo Miguel Accedilores

ix

ABSTRACT

Nowadays despite been essential to life and to economical development water is

subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water

shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water

resources associated to the implementation of sustainable management practices is

extremely urgent and necessary

The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores

extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel

island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk

butter cheese and milk powder

It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk

collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume

corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected

corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption

of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy

industries and finally the water used in the production of packaging for one year also

The value obtained is called Virtual Water dairy products

Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 2

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Enquadramento

O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre

em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre

Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito

de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel

socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua

Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou

serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no

conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado

ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto

ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos

Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela

nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O

planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria

salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser

usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia

Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o

desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da

mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel

um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja

inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica

O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo

agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da

captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades

domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial

Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os

140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante

(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 3

Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua

virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011

em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o

forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada

dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter

origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)

Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior

peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o

comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com

61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)

Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52

m3hab

ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e

mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for

adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura

aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel

pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)

12 Acircmbito e objetivos

O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na

produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs

faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do

tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo

A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de

produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo

inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo

Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute

tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 4

13 Estrutura do trabalho

A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os

seguintes aspetos

No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos

O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia

quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu

No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual

O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da

dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da

investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI

No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e

as suas atividades

O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se

agrave respetiva discussatildeo

No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo

Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves

fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 5

2 A AacuteGUA COMO RECURSO

21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra

A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou

animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente

em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra

Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou

doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo

nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua

distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente

movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)

Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)

A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por

mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos

atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km

3) apenas

08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo

para abastecimento humano (Tabela 1)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 6

Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)

Reservatoacuterio Total Aacutegua doce

Oceanos

Gelo e neve

965

18

966

Aacutegua

subterracircnea

Doce 076 301

Salgada 093

Aacutegua superficial

Aacutegua no solo

Lagos (aacutegua doce) 0007 026

Lagos (aacutegua

salgados)

0006

Pacircntanos 00008 003

Rios 00002

00012

0006

005

Atmosfera 0001 004

Biosfera 00001 0003

Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por

se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo

usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo

eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo

A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com

escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais

sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo

abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso

humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por

paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos

ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 7

Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)

Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab

ano em

Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)

A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25

desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute

foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade

de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua

disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na

induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 8

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain

2007b)

22 Consumo de aacutegua na Europa

Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da

Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da

mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que

eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior

percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico

(figura 4) (Karavatis)

Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de

aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade

populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos

paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector

o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes

A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a

meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499

para 5 170 m3hab

ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total

de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o

consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que

eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para

descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 9

lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito

miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal

No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per

capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida

das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na

poupanccedila de aacutegua (Karavatis)

Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 10

23 Consumo de aacutegua em Portugal

231 Consumo de aacutegua em Portugal

Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por

habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica

Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)

Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado

posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da

presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que

exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal

parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica

do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)

referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave

importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)

Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector

industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o

sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)

Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)

(PNA 2012)

A B

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232 Qualidade da aacutegua em Portugal

Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na

generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade

realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua

evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao

presente (Figura 6A)

A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como

boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute

qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel

(Figura 6B)

Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees

em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)

B A

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233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as

necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de

20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de

energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo

consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta

teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares

Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo

de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees

82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da

legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser

considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava

paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua

deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo

ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos

naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das

atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a

atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para

aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades

significativas de aacutegua

Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros

podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do

proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute

convertida em aacuteguas residuais

De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a

maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros

focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores

(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas

com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de

poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 13

Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm

a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes

urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material

utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem

de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos

dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de

fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

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3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL

Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi

reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a

aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes

do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre

os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade

dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)

Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees

internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor

John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)

Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos

agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima

2008)

A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou

serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem

no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma

medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se

estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a

aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)

Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices

quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e

autossuficiecircncia de aacutegua

Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua

virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a

quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)

Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum

bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros

de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros

de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de

aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 15

O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua

Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo

Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os

fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de

produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)

O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma

vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes

das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 16

4 METODOLOGIA

41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra

A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no

sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas

A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental

para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro

passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo

(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de

acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na

internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados

referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de

leite para o sector industrial

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber

como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua

que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais

mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)

42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo

Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise

e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Seleccedilatildeo do grupo de

anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das

empresas

Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e

outputs Interpretaccedilatildeo dos

Resultados

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 17

Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se

chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de

vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e

aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas

na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos

necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute

contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um

deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que

entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos

resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente

estudo

Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo

natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo

relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual

Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que

calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra

na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto

final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 18

uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma

precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano

421 Ciclo de vida do gado leiteiro

Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios

propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas

Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)

Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo

metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo

Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)

Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-

se 35 L x 365 d= 12 775 L

Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)

422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos

Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma

determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e

do tipo de produto

H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)

Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo

ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 19

H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)

Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)

Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)

Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)

Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se

os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)

Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte

equaccedilatildeo (eq 9)

H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80

H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da

vaca (L) pano nas ilhas x 80

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)

( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X

50))

( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X

50))

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 20

5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA

51 Arquipeacutelago dos Accedilores

O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos

36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute

formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o

Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e

Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca

de 2 322 km2

Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)

O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas

de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o

territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional

varia entre 219 e 3418 habkm2

De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no

arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute

condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A

amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida

e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 21

A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930

mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)

O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico

refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no

geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha

Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)

A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a

cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52

acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas

(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da

Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes

menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800

m de altitude (Cruz et al 2009)

O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande

parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas

tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade

vulcacircnica(Cruz et al 2009)

Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem

vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e

azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG

2001)

O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo

vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas

registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo

destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para

NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)

Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem

intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas

diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo

o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)

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Joana Machado Paacutegina 22

A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados

estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo

Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel

relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem

observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem

como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos

tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente

vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de

erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos

piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)

A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos

serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das

atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)

estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram

responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros

contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total

(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)

Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash

construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e

domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e

comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)

111

109

61

228156

336 1

2

3

4

5

6

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Joana Machado Paacutegina 23

O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com

601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector

secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as

ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira

52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental

Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre

foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em

Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada

quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que

autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo

Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada

qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional

Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute

criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha

vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam

de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)

Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a

2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a

2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na

produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de

apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)

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Joana Machado Paacutegina 24

Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)

Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)

2007 1 909 440

2008 1 960 899

2009 1 938 641

2010 1 860574

2011 1 860 831

Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em

todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a

este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite

UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com

impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de

aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas

Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito

a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em

parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo

Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das

associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o

GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios

agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)

Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos

sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela

3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que

maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-

se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram

os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma

evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a

diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24

326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011

os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido

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Joana Machado Paacutegina 25

Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)

Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011

Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo

26

367 375

25 966 137

Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

25 858 430 25 289 152

Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

29 867 949 30 313 630

Abril Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 513 001 31 933 104

Maio Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

34 156 283 35 321 861

Junho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

32 761 050 33 910 081

Julho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 480 274 32 716 997

Agosto Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

27 941 816 29 101 970

Setembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 413 105 26 506 695

Outubro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 007 653 26 610 025

Novembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 326 655

25 040 257

Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 894 278 26 955 549

Total 339 587 869 349 665 458

No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite

para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute

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Joana Machado Paacutegina 26

atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a

que menos produz (Tabela 4)

Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)

(SREA2012)

53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo

Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente

trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por

motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim

como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas

531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A

A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a

farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A

partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e

atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as

outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa

ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus

produtos

Ilha

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2008

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2009

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2010

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2011

Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408

Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982

Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296

Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242

Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415

Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736

Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908

Corvo 1 405 3 22441 0 2248

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Joana Machado Paacutegina 27

Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e

produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)

O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o

arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a

outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o

armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo

armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de

desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo

posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando

pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)

Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009

aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a

empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua

evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e

posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial

desde que natildeo haja contacto com o produto

Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da

vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal

Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado

ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em

conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma

licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada

entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas

condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental

A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em

Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente

produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal

Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede

municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo

conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja

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Joana Machado Paacutegina 28

consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m

3 em 2010 e

43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)

Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3

t e 8592 m3

t

para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave

empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)

Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)

102 65200 m3 (2009) 22 24900 m

3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o

registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)

Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e

2011)

Consumo

de aacutegua

municipal

2008

Consumo

de aacutegua

salgada

2008

Consumo

de aacutegua

municipal

2009

Consumo

de aacutegua

salgada

2009

Consumo

de aacutegua

municipal

2010

Consumo

de aacutegua

salgada

2010

Consumo

de aacutegua

municipal

2011

Consumo

de aacutegua

salgada

2011

Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692

Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492

Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927

Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734

Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622

Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732

Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995

Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263

Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526

Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213

Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874

Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885

Total

anual

66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835

Meacutedia

anual

5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486

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Joana Machado Paacutegina 29

Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de

2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura

12)

Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de

marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que

se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro

Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -

2011)

Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho

de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela

6 Figura 13)

No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes

mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)

sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por

uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008

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Joana Machado Paacutegina 30

Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Leite

recebido

2011

Soro

recebido

2011

Leite

recebido

2010

Soro

recebido

2010

Leite

recebido

2009

Soro

recebido

2009

Leite

recebido

(2008

Soro

recebido

2008

Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210

Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437

Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401

Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368

Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219

Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265

Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235

Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364

Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376

Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338

Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350

Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239

Total

anual

72 103 2415 73 280 2

634451

71 144 2 507 74 507 3 802

Meacutedia

anual

6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833

Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Leite recebido (ton) 2011

Leite recebido (ton) 2010

Leite recebido (ton) 2009

Leite recebido (ton) 2008

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Joana Machado Paacutegina 31

Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A

entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011

com um leve decreacutescimo (Tabela 7)

Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e

2011)

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2008

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2009

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2010

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2011

Jan 859 906 784 83059

Fev 868 256 748 71868

Mar 929 913 839 935755

Abr 889 909 872 8792

Mai 895 933 875 96577

Jun 847 914 859 896085

Jul 918 927 943 836515

Ago 860 793 811 882075

Set 688 812 781 33077

Out 678 667 698 2103

Nov 719 627 661 667125

Dez 689 704 659 79611

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Soro recebido (ton) 2011

Soro recebido (ton) 2010

Soro recebido (ton) 2009

Soro recebido (ton) 2008

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 32

Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975

Meacutedia

anual

820 780083 794 7457479

Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram

janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior

produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)

Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A

(2008 ndash 2011)

532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2

A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e

duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas

quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em

poacute e lactosoro em poacute

Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril

da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W

A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo

com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se

a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma

0

200

400

600

800

1000

1200

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008

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Joana Machado Paacutegina 33

reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica

regional

A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do

atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de

produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo

Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo

e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente

Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute

existentes (Tavares 2008)

A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga

leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de

induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo

grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos

de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3

(Tavares 2008)

Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a

nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga

Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da

captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes

situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia

dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma

captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da

Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)

O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para

2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)

O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um

aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente

tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144

m3) (Tabela 8)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 34

Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m

3) na empresa B1 (2008-

2011)

Total

Consumo

de aacutegua

2008

Caudal

efluente

tratado

2008

Total

Consumo

de aacutegua

2009

Caudal

efluente

tratado

2009

Total

Consumo

de aacutegua

2010

Caudal

efluente

tratado

2010

Total

Consumo

de aacutegua

2011

Caudal

efluente

tratado

2011

Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092

Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669

Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933

Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247

Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346

Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236

Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174

Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873

Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785

Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505

Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644

Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757

Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261

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Joana Machado Paacutegina 35

Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas

C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens

(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos

administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor

os vestiaacuterios e o refeitoacuterio

C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da

manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo

do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado

desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca

de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da

concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da

temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas

higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo

onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final

seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e

expediccedilatildeo

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Total Consumo de aacutegua (m3) 2011

Caudal efluente tratado (m3) 2011

Total Consumo de aacutegua (m3) 2010

Caudal efluente tratado (m3) 2010

Total Consumo de aacutegua (m3) 2009

Caudal efluente tratado (m3) 2009

Total Consumo de aacutegua (m3) 2008

Caudal efluente tratado (m3) 2008

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Joana Machado Paacutegina 36

C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo

retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute

efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o

leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento

num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior

parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C

para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril

C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das

proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar

forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na

salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode

ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo

eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a

temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura

Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos

meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009

(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4

em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009

No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e

o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e

agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1

nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)

Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua

residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)

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Joana Machado Paacutegina 37

Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)

(2010 - 2011)

Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma

maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que

se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo

aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser

explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e

consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 ndash 2009

C2 - 2009

C3 ndash 2009

C4 ndash 2009

C1 ndash 2008

C2 - 2008

C3 ndash 2008

C4 ndash 5

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 - 2011

C2 - 2011

C 3 - 2011

C 4 - 2011

C1 - 2010

C2 - 2010

C3 - 2010

C4 - 2010

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Joana Machado Paacutegina 38

Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -

2011)

Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas

(m3) na empresa B2 (2008-2011)

Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem

foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que

menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela

10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas

residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os

maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees

As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam

resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a

estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

100000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas residuais

Volume (m3) de aacutegua consumida

na instalaccedilatildeo fabril e origem na

Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas

residuais

2008 87 313 60 110

2009 65 851 45 248

2010 54 752 36 338

2011 41 4315 2 565

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Joana Machado Paacutegina 39

Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)

Quantidade leite

recebido

Quantidade produto final

2008 34 1216 30 3916

2009 33 391 29 076

2010 33 0979 27 5678

2011 28 454 24 0993

533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C

A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura

transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor

dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de

uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C

estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz

cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve

continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas

estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior

bacia leiteira dos Accedilores

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) leite recebido

Quantidade (m3) produto final

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Joana Machado Paacutegina 40

Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes

ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por

ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs

Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)

manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas

mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo

Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo

No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na

Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados

Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no

entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do

mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a

produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo

Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011

Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem

na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo

de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste

nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que

nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro

apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se

um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos

restantes meses ateacute ao final de 2011

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Joana Machado Paacutegina 41

Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal

(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)

Ano 2011 Aacutegua da Rede

Municiapl

Aacutegua do Furo Aacutegua residual

Caudal mensal

Janeiro 15 344 0 2 928

Fevereiro 13 996 446 18 494

Marccedilo 11 105 3 642 34 899

Abril 12 726 4 466 12 758

Maio 10 460 7 798 12 038

Junho 11 362 8 142 9 968

Julho 12 413 8 097 12 182

Agosto 9 365 7 851 9 721

Setembro 9 623 8 442 12 413

Outubro 10 296 7 753 11 294

Novembro 8 628 6 976 10 637

Dezembro 9 390 6 679 10 799

Total 134 708 5 858 158 131

Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C

(2011)

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Aacutegua da Rede Municiapl

Aacutegua do Furo

Agua residual Caudal mensal

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Joana Machado Paacutegina 42

534 Empacotamento do leite

5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite

Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos

liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de

camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para

embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da

seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)

Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam

qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem

e facilitam a soldadura

Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando

a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos

Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio

ao cartatildeo

Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo

Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior

Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-

Paiva 2003)

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Joana Machado Paacutegina 43

5342Enchimento

As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na

maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura

23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da

embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de

hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos

evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado

O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute

dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as

embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)

Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com

eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas

embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo

necessaacuterios 383 X10^10

L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por

cada embalagem (Tabela 11)

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Joana Machado Paacutegina 44

Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)

Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de

enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)

Eletricidade [kW]

Vapor [kg]

Aacutegua [L]

Peroacutexido de

Hidrogeacutenio [L]

166times102

300times10-4

383times10-1

250times10-4

Selagem por induccedilatildeo

de calor

Tubo de

enchiment

o abaixo

do niacutevel do

liacutequido

Extremidades

seladas por

induccedilatildeo de

calor

Soluccedilatildeo

esterilizador

a (Peroacutexido

de

hidrogeacutenio)

Aacuterea de esterilizaccedilatildeo

fechada

Embalagem final

cheia e fechada

Rolo de embalagens

preacute-impresso

1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de

enchimento

2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de

entrarem na zona de enchimento

3Leite e embalagens combinados na zona

esterilizada

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Joana Machado Paacutegina 45

54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro

O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca

de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas

que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves

matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e

forragens

O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No

entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores

e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente

criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos

principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a

Portugal

Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6

670 exploraccedilotildees (SREA 2012)

541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro

Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees

nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas

leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo

Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo

cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de

origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais

com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a

respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)

fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000

UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)

Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os

mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 46

composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura

bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)

No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm

tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel

composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta

(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)

A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida

existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos

12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000

kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute

existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores

estimados

542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro

Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem

perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina

fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos

importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que

proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere

A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as

vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia

nutricional e do qualquer outro animal

Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior

quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave

quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido

O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A

quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo

de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre

outros fatores (AJAM 2012)

A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A

temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere

por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 47

ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca

leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o

que for necessaacuterio

Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia

mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia

65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia

543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto

A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo

qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a

sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto

desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando

chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO

14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de

objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees

diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)

Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)

Modelo da Analise do Ciclo de

Vida

Definiccedilatildeo de

objetivo e

alcance

Anaacutelise do

inventaacuterio

Avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais

Inte

rpre

taccedilatilde

o e

av

alia

ccedilatildeo

Aplicaccedilotildees diretas

Conceccedilatildeo e melhoria de

produtos

Planificaccedilatildeo estrateacutegica

Desenvolvimento de

poliacuteticas puacuteblicas

Marketing

Outros

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Joana Machado Paacutegina 48

Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha

de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica

Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a

qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se

iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a

normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o

leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com

a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e

coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No

fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma

ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor

A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido

e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem

De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase

de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o

uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre

outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os

produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees

atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um

esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido

na Figura 25

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo

Faacutebrica

Ciclo de produccedilatildeo

Inputs

Mateacuteria - prima

Aacutegua

Combustiacuteveis

Eletricidade

Outputs

Produtos

Aacuteguas Residuais

Emissotildees

atmosfeacutericas

Resiacuteduos

Energia

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Joana Machado Paacutegina 49

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar

valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede

municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas

faacutebricas e o produto final (Tabela 13)

Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7

(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos

para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das

Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave

produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de

modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o

somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o

somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida

parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo

valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo

final

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B2

Leite UHT

2008 1ordf 126 250 2628

2ordf 175 252 0509 65

2009 1ordf 103 699 908

2ordf 71 552 14286 6

2010 1ordf 91 788 7874

2ordf 162 712 8588 6

2011 1ordf 73 424 7319

2ordf 134 397 589 55

C

Leite UHT

2011 1ordf 290 521 3264

2ordf 467 766 5121 92

Queijo

2011

1ordf 206 985 1468

2ordf 384 230 3325 126

Manteiga

2011

1ordf 211 617 1536

2ordf 388 862 3393 95

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Joana Machado Paacutegina 50

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas (continuaccedilatildeo)

A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano

contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado

leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto

ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano

Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal

Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano

comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se

que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute

Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604

Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade

fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a

unidade B1

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B1

Queijo

2008 1ordf 200 136 3641

2ordf 221 151 1789 234

2009 1ordf 246 905 4224

2ordf 466 797 9329 257

2010 1ordf 258 496 3994

2ordf 475 036 129 26

2011 1ordf 260 433 8293

2ordf 482 828 1566 25

B1

Manteiga

2008 1ordf 319 231 7427

2ordf 540 382 9216 153

2009 1ordf 254 190 7816

2ordf 474 083 2921 12

2010 1ordf 240 425 0996

2ordf 456 964 8292 127

2011 1ordf 257 692 3862

2ordf 480 086 7135 129

A

Manteiga

+

Leite em Poacute

2008 1ordf 621 599 5243

2ordf 634 517 000 32

2009 1ordf 828 542 0485

2ordf 840 877 000 45

2010 1ordf 719 846 301

2ordf 732 551 571 38

2011 1ordf 738 265 1845

2ordf 750 766 5715 41

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Joana Machado Paacutegina 51

Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se

efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute

igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta

empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas

O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo

passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos

seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua

virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso

da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando

com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa

C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais

baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos

processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)

O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite

que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos

(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por

ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os

restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2

100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT

No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite

teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente

30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para

UHT

Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra

parte vai para o leite em poacute

A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C

utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros

de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L

de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)

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A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga

deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga

num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados

Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo

valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo

constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro

Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas

raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo

e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais

erva)

Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo

seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain

(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua

virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)

Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e

C (2011)

C 22

B1 70

A 8

Manteiga

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Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C

(2011)

B1 66

C 34

Queijo

63

37

Leite UHT

B2 C

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Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta

forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA

recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor

Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os

resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no

leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos

dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um

decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011

Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha

de Satildeo Miguel

2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total

Ilha de

Satildeo

Miguel

329 627 021 X

80= 263 701

617 L

340 405 998 X

80= 272 324

798 L

339 702 819 X

80= 271 762

255 L

318 246 409 X

80= 254 597

127 L

331 995 618 X

80= 265 596

4494 L

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Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria

de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15

Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite

diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do

leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o

que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de

aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a

industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614

0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de

leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788

1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite

As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com

valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres

12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor

valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)

Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo

para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando

se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto

possa conter tanta aacutegua

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 56

Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo

para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

2008 329 627 021

X 80=

263

701 617 L

129 312

746 X

80= 103

450 1968 L

7 909 254

X 80= 6

327 403 L

27 771 834

X 80= 22

217 467 L

6 896 744 X

80= 5 517

395 L

12 594 346

X 80= 10

075 477 L

785 179 X

80= 628

1432 L

16 860 X

80= 13

488 L

2009 340 405 998

X 80=

272

324 798 L

138 353

863 X

80= 110

683 090 L

8 112 299

X 80= 6

489 839 L

29 848 324

X 80= 23

878 659 L

8 544 727 X

80= 6 835

782 L

13 187 592

X 80= 10

550 074 L

1 690 260

X 80= 1

352 208 L

38 693 X

80= 30

954 L

2010 339 702 819

X 80=

271 762 255

L

136 515

935 X

80= 109

212 748 L

7 994 445

X 80= 6

395 556 L

28 956 554

X 80= 23

165 243 L

8 399 352 X

80= 6 719

482 L

12 350 878

X 80= 9

880 702 L

1 497 168

X 80= 1

197 734 L

0 L

2011 318 246 409

X 80=

254 597 127

L

138 887

784 X

80= 111

110 22720

L

7 836 356

X 80= 6

269 085 L

28 575 890

X 80= 22

860 712 L

8 561 298 X

80= 6 849

038 L

12 560 084

X 80= 10

048 067 L

1 080 709

X 80=

864 567 L

0 L

Meacutedia total 331 995 618

X 80=

265 596

4494 L

135 767

580 X

80= 108

614 0656 L

7 963

0885 X

80 = 6

370 4708

L

28 788

1505

X80= 23

030 5204 L

8 089

28025

X80= 6

471 4242 L

9 524 641 X

80= 7 619

71331 L

1 263 329

X 80= 1

010 6632

L

13

88825

X80=

11 1106

L

Aacutegua

Virtual na

meacutedia total

1 593 578

696

651 684

3936

382 228

2248

138 183

1224

38 828

5452

45 718

27986

6 063

9792

66 6636

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 57

Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)

seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo

no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com

1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente

da produccedilatildeo na RAA

Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel

para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449

821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios

de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua

associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424

00 m3 e agrave manteiga 61 000 m

3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os

valores referentes agrave pastagem

Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de

referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6

773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os

64

23

1 6

2 2 1 1

Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 58

valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3

(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m

3 (manteiga)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 59

7 CONCLUSOtildeES

A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo

existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute

chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua

num determinado sector eou produto

Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos

em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao

longo deste estudo

De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo

existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados

especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As

empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees

por exemplo

Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os

dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo

estipulado o que tornou o estudo mais generalista

Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos

produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas

empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e

consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais

aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais

sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate

mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e

manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes

envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua

virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel

calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes

em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do

leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6

isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 60

como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa

e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2

Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em

percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto

com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por

completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do

produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito

proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa

B1

Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado

inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas

contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram

caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos

natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores

gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas

tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que

dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos

Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo

laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa

qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos

processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de

empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 61

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ANEXO 1

No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da

RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa

produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo

Questotildees Respostas

1 Que quantidade de leite que entra

na faacutebrica por mecircs e por ano

2 Quais os produtos que produz a

faacutebrica

3 Que quantidades satildeo produzidas

por mecircs e por ano dos diferentes

produtos (separados)

4 Para 1Kg de queijo quantos L de

aacutegua satildeo usados

5 E para 1Kg manteiga quantos

litros de aacutegua satildeo usados

6 E para as natas satildeo necessaacuterios

quantos L de aacutegua

7 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada pela faacutebrica por mecircs e

por ano

8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica

Que quantidade de aacutegua eacute retirada

pelo furo por mecircs e por ano

9 Que quantidades de aacuteguas

residuais produzem na faacutebrica

10 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada para refrigeraccedilatildeo

11 Tecircm um esquema do ciclo de

produccedilotildees que possam

disponibilizar

Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo

Joana Machado

ANEXO II

Processo produtivo

Armazenamento

Arrefecimento

Receccedilatildeo

Desnate

Armazenamento

desnatado

Armazenamento

nata

Produccedilatildeo

Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem

Enchimento

Secagem

Homogeneizaccedilatildeo

Concentraccedilatildeo

Pasteurizaccedilatildeo

ANEXO III

Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo

i-iacuteiacuteiacutea-----t-

AgravelG= l6-11

Acirccigravedez= E-17 C

NaCl r291sal e0 lsnal

lIgraveunitlaamp l6qocirc

Mrtr-gg

Expdrccedilatildeo

Qucilo Fabnco

Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I

s9mq9mExpediccedilatildeo

_t-I Armazenageln llcnrP

ric--T--

t-llCotdo eml

I u l

t Epdtccedilatilde I

Sacos de 25Kg

I+IacutefilAtildeqol

IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I

crnp lmbrcilla

l ll]j n u uo0

iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet

IY

Tratamento do

Soro

lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras

J

tit=tstl

lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1

LeiteMago

em Poacute

Saco Atrn saco plaacutestico

roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa

separadora caixa de callatildeo

I E-pdiccedilatilde I

Page 8: Água virtual no sector dos lacticínios na Região Autónoma dos … · 2017. 8. 18. · Figura 2 Distribuição geográfica mundial da escassez física de água 7 Figura 3 Distribuição

vi

Figura 22 Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) 42

Figura 23 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic

44

Figura 24 Modelo ACV 47

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo 48

Figura 26 Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A

B1 e C (2011)

52

Figura 27 Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

53

Figura 28 Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e

C (2011)

53

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido

diretamente da produccedilatildeo na RAA

57

vii

LISTA DE ABREVIATURAS E ACROacuteNIMOS

ACV Avaliaccedilatildeo Ciclo de Vida

AFCAL Associaccedilatildeo dos Fabricantes de Embalagens de cartatildeo para Alimentos

Liacutequidos

AJAM Associaccedilatildeo Jovens Agricultores

APA Agencia Portuguesa do Ambiente

DL Decreto de Lei

DROTRH Direccedilatildeo Regional do Ordenamento do Territoacuterio e dos Recursos

Hiacutedricos

EA Environment Agency

EEA European Environment Agency

GEO3 Global Environment Outlook 3

INE Instituto Nacional de Estatiacutestica

ISO International Standardization Organization

ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

QA Quercus Ambiente

PAC Portal do Ambiente e do Cidadatildeo

PNA Plano Nacional de Aacutegua

RAA Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

SISAB Salatildeo Internacional do Sector Alimentar e Bebidas

SNIRH Sistema Nacional de Informaccedilatildeo dos Recursos Hiacutedricos

SREA Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores

UNESCO United Nations Educational Scientific and Cultural Organization

WWF Water Wildlife Fund

VAB Valor Acrescentado Bruto

VMA Valor Maximo Admicivel

VMR Valor Minimo Admicivel

viii

RESUMO

A aacutegua apesar de ser um recurso essencial agrave vida e imprescindiacutevel ao desenvolvimento

socioeconoacutemico encontra-se submetida a crescentes pressotildees quantitativa e qualitativa

que se manifestam a muacuteltiplos niacuteveis desde a escassez agrave poluiccedilatildeo quiacutemica e bioloacutegica

Torna-se assim necessaacuterio promover a sua preservaccedilatildeo associada a medidas de gestatildeo

sustentaacutevel dos recursos

A presente dissertaccedilatildeo tem por principal objetivo proceder agrave determinaccedilatildeo da aacutegua

virtual no sector dos lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores nomeadamente a

associada agrave produccedilatildeo de leite queijo manteiga e leite em poacute Para tal procedeu-se agrave

determinaccedilatildeo da aacutegua virtual em trecircs empresas do sector de Lacticiacutenios da Ilha de Satildeo

Miguel e respetiva evoluccedilatildeo ao longo do tempo e extrapolou-se esta determinaccedilatildeo para

o sector de lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A determinaccedilatildeo da aacutegua virtual requer a recolha de um amplo conjunto de dados de

base nomeadamente sobre a quantidade de aacutegua que entra e sai de cada empresa os

processos de fabrico e o volume de produtos final de acordo com a sua tipologia No

presente estudo as fronteiras da avaliaccedilatildeo foram definidas a montante pelo gado

leiteiro e a jusante pelos produtos feitos por cada empresa e suas embalagens numa

abordagem do tipo ciclo de vida

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores a meacutedia anual de leite recolhido diretamente da

produccedilatildeo para as induacutestrias de lacticiacutenios ronda os 523 milhotildees de litros o que

corresponderaacute a cerca de 419 milhotildees de litros de aacutegua por ano A este volume foram

adicionados os volumes anuais de aacutegua do ciclo de vida do gado leiteiro a aacutegua gasta

pelas faacutebricas de lacticiacutenios e a aacutegua associada agrave produccedilatildeo das embalagens Os valores

obtidos satildeo uma estimativa por defeito da aacutegua virtual associada ao sector dos

lacticiacutenios nos Accedilores nomeadamente no que concerne ao leite ao queijo e agrave manteiga

Este estudo constitui a primeira abordagem agrave determinaccedilatildeo da aacutegua virtual no sector dos

lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Palavras-chave Recursos hiacutedricos Aacutegua Virtual Lacticiacutenios Satildeo Miguel Accedilores

ix

ABSTRACT

Nowadays despite been essential to life and to economical development water is

subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water

shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water

resources associated to the implementation of sustainable management practices is

extremely urgent and necessary

The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores

extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel

island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk

butter cheese and milk powder

It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk

collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume

corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected

corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption

of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy

industries and finally the water used in the production of packaging for one year also

The value obtained is called Virtual Water dairy products

Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 2

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Enquadramento

O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre

em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre

Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito

de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel

socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua

Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou

serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no

conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado

ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto

ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos

Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela

nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O

planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria

salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser

usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia

Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o

desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da

mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel

um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja

inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica

O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo

agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da

captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades

domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial

Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os

140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante

(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 3

Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua

virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011

em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o

forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada

dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter

origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)

Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior

peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o

comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com

61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)

Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52

m3hab

ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e

mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for

adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura

aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel

pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)

12 Acircmbito e objetivos

O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na

produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs

faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do

tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo

A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de

produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo

inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo

Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute

tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 4

13 Estrutura do trabalho

A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os

seguintes aspetos

No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos

O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia

quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu

No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual

O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da

dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da

investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI

No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e

as suas atividades

O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se

agrave respetiva discussatildeo

No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo

Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves

fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 5

2 A AacuteGUA COMO RECURSO

21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra

A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou

animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente

em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra

Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou

doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo

nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua

distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente

movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)

Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)

A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por

mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos

atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km

3) apenas

08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo

para abastecimento humano (Tabela 1)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 6

Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)

Reservatoacuterio Total Aacutegua doce

Oceanos

Gelo e neve

965

18

966

Aacutegua

subterracircnea

Doce 076 301

Salgada 093

Aacutegua superficial

Aacutegua no solo

Lagos (aacutegua doce) 0007 026

Lagos (aacutegua

salgados)

0006

Pacircntanos 00008 003

Rios 00002

00012

0006

005

Atmosfera 0001 004

Biosfera 00001 0003

Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por

se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo

usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo

eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo

A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com

escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais

sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo

abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso

humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por

paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos

ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 7

Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)

Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab

ano em

Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)

A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25

desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute

foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade

de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua

disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na

induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 8

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain

2007b)

22 Consumo de aacutegua na Europa

Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da

Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da

mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que

eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior

percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico

(figura 4) (Karavatis)

Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de

aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade

populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos

paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector

o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes

A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a

meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499

para 5 170 m3hab

ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total

de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o

consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que

eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para

descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 9

lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito

miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal

No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per

capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida

das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na

poupanccedila de aacutegua (Karavatis)

Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 10

23 Consumo de aacutegua em Portugal

231 Consumo de aacutegua em Portugal

Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por

habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica

Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)

Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado

posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da

presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que

exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal

parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica

do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)

referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave

importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)

Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector

industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o

sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)

Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)

(PNA 2012)

A B

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 11

232 Qualidade da aacutegua em Portugal

Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na

generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade

realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua

evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao

presente (Figura 6A)

A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como

boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute

qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel

(Figura 6B)

Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees

em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)

B A

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 12

233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as

necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de

20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de

energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo

consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta

teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares

Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo

de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees

82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da

legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser

considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava

paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua

deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo

ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos

naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das

atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a

atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para

aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades

significativas de aacutegua

Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros

podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do

proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute

convertida em aacuteguas residuais

De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a

maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros

focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores

(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas

com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de

poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 13

Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm

a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes

urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material

utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem

de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos

dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de

fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 14

3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL

Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi

reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a

aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes

do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre

os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade

dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)

Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees

internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor

John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)

Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos

agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima

2008)

A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou

serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem

no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma

medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se

estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a

aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)

Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices

quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e

autossuficiecircncia de aacutegua

Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua

virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a

quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)

Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum

bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros

de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros

de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de

aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 15

O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua

Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo

Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os

fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de

produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)

O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma

vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes

das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 16

4 METODOLOGIA

41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra

A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no

sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas

A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental

para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro

passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo

(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de

acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na

internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados

referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de

leite para o sector industrial

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber

como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua

que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais

mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)

42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo

Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise

e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Seleccedilatildeo do grupo de

anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das

empresas

Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e

outputs Interpretaccedilatildeo dos

Resultados

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 17

Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se

chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de

vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e

aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas

na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos

necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute

contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um

deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que

entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos

resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente

estudo

Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo

natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo

relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual

Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que

calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra

na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto

final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 18

uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma

precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano

421 Ciclo de vida do gado leiteiro

Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios

propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas

Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)

Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo

metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo

Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)

Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-

se 35 L x 365 d= 12 775 L

Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)

422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos

Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma

determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e

do tipo de produto

H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)

Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo

ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 19

H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)

Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)

Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)

Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)

Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se

os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)

Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte

equaccedilatildeo (eq 9)

H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80

H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da

vaca (L) pano nas ilhas x 80

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)

( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X

50))

( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X

50))

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)

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Joana Machado Paacutegina 20

5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA

51 Arquipeacutelago dos Accedilores

O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos

36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute

formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o

Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e

Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca

de 2 322 km2

Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)

O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas

de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o

territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional

varia entre 219 e 3418 habkm2

De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no

arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute

condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A

amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida

e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80

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Joana Machado Paacutegina 21

A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930

mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)

O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico

refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no

geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha

Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)

A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a

cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52

acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas

(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da

Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes

menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800

m de altitude (Cruz et al 2009)

O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande

parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas

tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade

vulcacircnica(Cruz et al 2009)

Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem

vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e

azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG

2001)

O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo

vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas

registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo

destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para

NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)

Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem

intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas

diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo

o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)

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Joana Machado Paacutegina 22

A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados

estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo

Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel

relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem

observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem

como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos

tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente

vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de

erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos

piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)

A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos

serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das

atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)

estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram

responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros

contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total

(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)

Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash

construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e

domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e

comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)

111

109

61

228156

336 1

2

3

4

5

6

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Joana Machado Paacutegina 23

O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com

601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector

secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as

ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira

52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental

Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre

foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em

Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada

quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que

autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo

Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada

qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional

Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute

criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha

vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam

de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)

Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a

2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a

2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na

produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de

apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)

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Joana Machado Paacutegina 24

Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)

Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)

2007 1 909 440

2008 1 960 899

2009 1 938 641

2010 1 860574

2011 1 860 831

Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em

todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a

este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite

UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com

impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de

aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas

Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito

a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em

parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo

Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das

associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o

GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios

agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)

Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos

sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela

3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que

maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-

se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram

os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma

evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a

diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24

326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011

os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido

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Joana Machado Paacutegina 25

Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)

Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011

Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo

26

367 375

25 966 137

Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

25 858 430 25 289 152

Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

29 867 949 30 313 630

Abril Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 513 001 31 933 104

Maio Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

34 156 283 35 321 861

Junho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

32 761 050 33 910 081

Julho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 480 274 32 716 997

Agosto Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

27 941 816 29 101 970

Setembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 413 105 26 506 695

Outubro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 007 653 26 610 025

Novembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 326 655

25 040 257

Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 894 278 26 955 549

Total 339 587 869 349 665 458

No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite

para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute

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Joana Machado Paacutegina 26

atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a

que menos produz (Tabela 4)

Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)

(SREA2012)

53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo

Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente

trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por

motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim

como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas

531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A

A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a

farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A

partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e

atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as

outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa

ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus

produtos

Ilha

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2008

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2009

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2010

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2011

Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408

Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982

Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296

Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242

Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415

Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736

Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908

Corvo 1 405 3 22441 0 2248

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Joana Machado Paacutegina 27

Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e

produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)

O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o

arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a

outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o

armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo

armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de

desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo

posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando

pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)

Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009

aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a

empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua

evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e

posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial

desde que natildeo haja contacto com o produto

Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da

vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal

Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado

ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em

conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma

licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada

entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas

condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental

A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em

Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente

produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal

Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede

municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo

conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja

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Joana Machado Paacutegina 28

consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m

3 em 2010 e

43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)

Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3

t e 8592 m3

t

para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave

empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)

Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)

102 65200 m3 (2009) 22 24900 m

3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o

registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)

Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e

2011)

Consumo

de aacutegua

municipal

2008

Consumo

de aacutegua

salgada

2008

Consumo

de aacutegua

municipal

2009

Consumo

de aacutegua

salgada

2009

Consumo

de aacutegua

municipal

2010

Consumo

de aacutegua

salgada

2010

Consumo

de aacutegua

municipal

2011

Consumo

de aacutegua

salgada

2011

Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692

Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492

Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927

Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734

Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622

Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732

Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995

Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263

Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526

Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213

Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874

Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885

Total

anual

66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835

Meacutedia

anual

5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486

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Joana Machado Paacutegina 29

Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de

2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura

12)

Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de

marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que

se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro

Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -

2011)

Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho

de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela

6 Figura 13)

No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes

mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)

sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por

uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008

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Joana Machado Paacutegina 30

Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Leite

recebido

2011

Soro

recebido

2011

Leite

recebido

2010

Soro

recebido

2010

Leite

recebido

2009

Soro

recebido

2009

Leite

recebido

(2008

Soro

recebido

2008

Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210

Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437

Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401

Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368

Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219

Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265

Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235

Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364

Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376

Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338

Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350

Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239

Total

anual

72 103 2415 73 280 2

634451

71 144 2 507 74 507 3 802

Meacutedia

anual

6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833

Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Leite recebido (ton) 2011

Leite recebido (ton) 2010

Leite recebido (ton) 2009

Leite recebido (ton) 2008

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Joana Machado Paacutegina 31

Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A

entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011

com um leve decreacutescimo (Tabela 7)

Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e

2011)

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2008

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2009

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2010

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2011

Jan 859 906 784 83059

Fev 868 256 748 71868

Mar 929 913 839 935755

Abr 889 909 872 8792

Mai 895 933 875 96577

Jun 847 914 859 896085

Jul 918 927 943 836515

Ago 860 793 811 882075

Set 688 812 781 33077

Out 678 667 698 2103

Nov 719 627 661 667125

Dez 689 704 659 79611

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Soro recebido (ton) 2011

Soro recebido (ton) 2010

Soro recebido (ton) 2009

Soro recebido (ton) 2008

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 32

Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975

Meacutedia

anual

820 780083 794 7457479

Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram

janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior

produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)

Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A

(2008 ndash 2011)

532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2

A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e

duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas

quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em

poacute e lactosoro em poacute

Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril

da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W

A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo

com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se

a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma

0

200

400

600

800

1000

1200

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008

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Joana Machado Paacutegina 33

reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica

regional

A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do

atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de

produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo

Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo

e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente

Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute

existentes (Tavares 2008)

A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga

leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de

induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo

grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos

de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3

(Tavares 2008)

Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a

nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga

Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da

captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes

situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia

dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma

captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da

Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)

O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para

2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)

O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um

aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente

tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144

m3) (Tabela 8)

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Joana Machado Paacutegina 34

Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m

3) na empresa B1 (2008-

2011)

Total

Consumo

de aacutegua

2008

Caudal

efluente

tratado

2008

Total

Consumo

de aacutegua

2009

Caudal

efluente

tratado

2009

Total

Consumo

de aacutegua

2010

Caudal

efluente

tratado

2010

Total

Consumo

de aacutegua

2011

Caudal

efluente

tratado

2011

Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092

Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669

Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933

Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247

Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346

Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236

Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174

Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873

Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785

Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505

Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644

Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757

Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261

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Joana Machado Paacutegina 35

Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas

C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens

(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos

administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor

os vestiaacuterios e o refeitoacuterio

C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da

manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo

do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado

desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca

de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da

concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da

temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas

higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo

onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final

seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e

expediccedilatildeo

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Total Consumo de aacutegua (m3) 2011

Caudal efluente tratado (m3) 2011

Total Consumo de aacutegua (m3) 2010

Caudal efluente tratado (m3) 2010

Total Consumo de aacutegua (m3) 2009

Caudal efluente tratado (m3) 2009

Total Consumo de aacutegua (m3) 2008

Caudal efluente tratado (m3) 2008

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Joana Machado Paacutegina 36

C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo

retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute

efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o

leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento

num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior

parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C

para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril

C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das

proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar

forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na

salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode

ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo

eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a

temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura

Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos

meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009

(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4

em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009

No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e

o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e

agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1

nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)

Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua

residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)

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Joana Machado Paacutegina 37

Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)

(2010 - 2011)

Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma

maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que

se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo

aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser

explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e

consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 ndash 2009

C2 - 2009

C3 ndash 2009

C4 ndash 2009

C1 ndash 2008

C2 - 2008

C3 ndash 2008

C4 ndash 5

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 - 2011

C2 - 2011

C 3 - 2011

C 4 - 2011

C1 - 2010

C2 - 2010

C3 - 2010

C4 - 2010

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Joana Machado Paacutegina 38

Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -

2011)

Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas

(m3) na empresa B2 (2008-2011)

Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem

foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que

menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela

10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas

residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os

maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees

As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam

resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a

estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

100000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas residuais

Volume (m3) de aacutegua consumida

na instalaccedilatildeo fabril e origem na

Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas

residuais

2008 87 313 60 110

2009 65 851 45 248

2010 54 752 36 338

2011 41 4315 2 565

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Joana Machado Paacutegina 39

Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)

Quantidade leite

recebido

Quantidade produto final

2008 34 1216 30 3916

2009 33 391 29 076

2010 33 0979 27 5678

2011 28 454 24 0993

533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C

A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura

transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor

dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de

uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C

estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz

cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve

continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas

estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior

bacia leiteira dos Accedilores

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) leite recebido

Quantidade (m3) produto final

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Joana Machado Paacutegina 40

Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes

ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por

ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs

Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)

manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas

mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo

Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo

No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na

Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados

Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no

entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do

mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a

produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo

Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011

Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem

na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo

de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste

nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que

nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro

apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se

um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos

restantes meses ateacute ao final de 2011

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Joana Machado Paacutegina 41

Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal

(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)

Ano 2011 Aacutegua da Rede

Municiapl

Aacutegua do Furo Aacutegua residual

Caudal mensal

Janeiro 15 344 0 2 928

Fevereiro 13 996 446 18 494

Marccedilo 11 105 3 642 34 899

Abril 12 726 4 466 12 758

Maio 10 460 7 798 12 038

Junho 11 362 8 142 9 968

Julho 12 413 8 097 12 182

Agosto 9 365 7 851 9 721

Setembro 9 623 8 442 12 413

Outubro 10 296 7 753 11 294

Novembro 8 628 6 976 10 637

Dezembro 9 390 6 679 10 799

Total 134 708 5 858 158 131

Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C

(2011)

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Aacutegua da Rede Municiapl

Aacutegua do Furo

Agua residual Caudal mensal

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Joana Machado Paacutegina 42

534 Empacotamento do leite

5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite

Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos

liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de

camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para

embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da

seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)

Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam

qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem

e facilitam a soldadura

Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando

a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos

Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio

ao cartatildeo

Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo

Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior

Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-

Paiva 2003)

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Joana Machado Paacutegina 43

5342Enchimento

As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na

maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura

23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da

embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de

hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos

evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado

O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute

dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as

embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)

Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com

eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas

embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo

necessaacuterios 383 X10^10

L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por

cada embalagem (Tabela 11)

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Joana Machado Paacutegina 44

Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)

Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de

enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)

Eletricidade [kW]

Vapor [kg]

Aacutegua [L]

Peroacutexido de

Hidrogeacutenio [L]

166times102

300times10-4

383times10-1

250times10-4

Selagem por induccedilatildeo

de calor

Tubo de

enchiment

o abaixo

do niacutevel do

liacutequido

Extremidades

seladas por

induccedilatildeo de

calor

Soluccedilatildeo

esterilizador

a (Peroacutexido

de

hidrogeacutenio)

Aacuterea de esterilizaccedilatildeo

fechada

Embalagem final

cheia e fechada

Rolo de embalagens

preacute-impresso

1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de

enchimento

2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de

entrarem na zona de enchimento

3Leite e embalagens combinados na zona

esterilizada

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 45

54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro

O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca

de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas

que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves

matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e

forragens

O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No

entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores

e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente

criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos

principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a

Portugal

Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6

670 exploraccedilotildees (SREA 2012)

541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro

Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees

nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas

leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo

Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo

cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de

origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais

com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a

respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)

fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000

UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)

Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os

mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma

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Joana Machado Paacutegina 46

composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura

bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)

No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm

tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel

composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta

(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)

A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida

existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos

12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000

kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute

existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores

estimados

542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro

Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem

perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina

fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos

importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que

proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere

A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as

vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia

nutricional e do qualquer outro animal

Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior

quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave

quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido

O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A

quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo

de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre

outros fatores (AJAM 2012)

A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A

temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere

por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 47

ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca

leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o

que for necessaacuterio

Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia

mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia

65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia

543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto

A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo

qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a

sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto

desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando

chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO

14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de

objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees

diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)

Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)

Modelo da Analise do Ciclo de

Vida

Definiccedilatildeo de

objetivo e

alcance

Anaacutelise do

inventaacuterio

Avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais

Inte

rpre

taccedilatilde

o e

av

alia

ccedilatildeo

Aplicaccedilotildees diretas

Conceccedilatildeo e melhoria de

produtos

Planificaccedilatildeo estrateacutegica

Desenvolvimento de

poliacuteticas puacuteblicas

Marketing

Outros

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Joana Machado Paacutegina 48

Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha

de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica

Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a

qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se

iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a

normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o

leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com

a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e

coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No

fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma

ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor

A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido

e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem

De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase

de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o

uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre

outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os

produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees

atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um

esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido

na Figura 25

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo

Faacutebrica

Ciclo de produccedilatildeo

Inputs

Mateacuteria - prima

Aacutegua

Combustiacuteveis

Eletricidade

Outputs

Produtos

Aacuteguas Residuais

Emissotildees

atmosfeacutericas

Resiacuteduos

Energia

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Joana Machado Paacutegina 49

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar

valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede

municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas

faacutebricas e o produto final (Tabela 13)

Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7

(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos

para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das

Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave

produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de

modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o

somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o

somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida

parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo

valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo

final

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B2

Leite UHT

2008 1ordf 126 250 2628

2ordf 175 252 0509 65

2009 1ordf 103 699 908

2ordf 71 552 14286 6

2010 1ordf 91 788 7874

2ordf 162 712 8588 6

2011 1ordf 73 424 7319

2ordf 134 397 589 55

C

Leite UHT

2011 1ordf 290 521 3264

2ordf 467 766 5121 92

Queijo

2011

1ordf 206 985 1468

2ordf 384 230 3325 126

Manteiga

2011

1ordf 211 617 1536

2ordf 388 862 3393 95

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Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas (continuaccedilatildeo)

A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano

contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado

leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto

ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano

Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal

Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano

comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se

que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute

Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604

Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade

fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a

unidade B1

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B1

Queijo

2008 1ordf 200 136 3641

2ordf 221 151 1789 234

2009 1ordf 246 905 4224

2ordf 466 797 9329 257

2010 1ordf 258 496 3994

2ordf 475 036 129 26

2011 1ordf 260 433 8293

2ordf 482 828 1566 25

B1

Manteiga

2008 1ordf 319 231 7427

2ordf 540 382 9216 153

2009 1ordf 254 190 7816

2ordf 474 083 2921 12

2010 1ordf 240 425 0996

2ordf 456 964 8292 127

2011 1ordf 257 692 3862

2ordf 480 086 7135 129

A

Manteiga

+

Leite em Poacute

2008 1ordf 621 599 5243

2ordf 634 517 000 32

2009 1ordf 828 542 0485

2ordf 840 877 000 45

2010 1ordf 719 846 301

2ordf 732 551 571 38

2011 1ordf 738 265 1845

2ordf 750 766 5715 41

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Joana Machado Paacutegina 51

Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se

efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute

igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta

empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas

O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo

passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos

seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua

virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso

da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando

com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa

C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais

baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos

processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)

O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite

que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos

(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por

ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os

restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2

100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT

No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite

teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente

30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para

UHT

Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra

parte vai para o leite em poacute

A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C

utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros

de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L

de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)

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A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga

deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga

num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados

Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo

valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo

constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro

Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas

raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo

e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais

erva)

Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo

seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain

(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua

virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)

Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e

C (2011)

C 22

B1 70

A 8

Manteiga

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Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C

(2011)

B1 66

C 34

Queijo

63

37

Leite UHT

B2 C

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Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta

forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA

recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor

Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os

resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no

leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos

dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um

decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011

Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha

de Satildeo Miguel

2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total

Ilha de

Satildeo

Miguel

329 627 021 X

80= 263 701

617 L

340 405 998 X

80= 272 324

798 L

339 702 819 X

80= 271 762

255 L

318 246 409 X

80= 254 597

127 L

331 995 618 X

80= 265 596

4494 L

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Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria

de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15

Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite

diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do

leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o

que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de

aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a

industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614

0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de

leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788

1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite

As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com

valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres

12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor

valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)

Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo

para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando

se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto

possa conter tanta aacutegua

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 56

Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo

para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

2008 329 627 021

X 80=

263

701 617 L

129 312

746 X

80= 103

450 1968 L

7 909 254

X 80= 6

327 403 L

27 771 834

X 80= 22

217 467 L

6 896 744 X

80= 5 517

395 L

12 594 346

X 80= 10

075 477 L

785 179 X

80= 628

1432 L

16 860 X

80= 13

488 L

2009 340 405 998

X 80=

272

324 798 L

138 353

863 X

80= 110

683 090 L

8 112 299

X 80= 6

489 839 L

29 848 324

X 80= 23

878 659 L

8 544 727 X

80= 6 835

782 L

13 187 592

X 80= 10

550 074 L

1 690 260

X 80= 1

352 208 L

38 693 X

80= 30

954 L

2010 339 702 819

X 80=

271 762 255

L

136 515

935 X

80= 109

212 748 L

7 994 445

X 80= 6

395 556 L

28 956 554

X 80= 23

165 243 L

8 399 352 X

80= 6 719

482 L

12 350 878

X 80= 9

880 702 L

1 497 168

X 80= 1

197 734 L

0 L

2011 318 246 409

X 80=

254 597 127

L

138 887

784 X

80= 111

110 22720

L

7 836 356

X 80= 6

269 085 L

28 575 890

X 80= 22

860 712 L

8 561 298 X

80= 6 849

038 L

12 560 084

X 80= 10

048 067 L

1 080 709

X 80=

864 567 L

0 L

Meacutedia total 331 995 618

X 80=

265 596

4494 L

135 767

580 X

80= 108

614 0656 L

7 963

0885 X

80 = 6

370 4708

L

28 788

1505

X80= 23

030 5204 L

8 089

28025

X80= 6

471 4242 L

9 524 641 X

80= 7 619

71331 L

1 263 329

X 80= 1

010 6632

L

13

88825

X80=

11 1106

L

Aacutegua

Virtual na

meacutedia total

1 593 578

696

651 684

3936

382 228

2248

138 183

1224

38 828

5452

45 718

27986

6 063

9792

66 6636

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 57

Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)

seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo

no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com

1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente

da produccedilatildeo na RAA

Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel

para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449

821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios

de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua

associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424

00 m3 e agrave manteiga 61 000 m

3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os

valores referentes agrave pastagem

Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de

referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6

773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os

64

23

1 6

2 2 1 1

Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 58

valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3

(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m

3 (manteiga)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 59

7 CONCLUSOtildeES

A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo

existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute

chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua

num determinado sector eou produto

Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos

em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao

longo deste estudo

De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo

existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados

especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As

empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees

por exemplo

Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os

dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo

estipulado o que tornou o estudo mais generalista

Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos

produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas

empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e

consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais

aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais

sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate

mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e

manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes

envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua

virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel

calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes

em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do

leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6

isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 60

como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa

e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2

Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em

percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto

com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por

completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do

produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito

proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa

B1

Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado

inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas

contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram

caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos

natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores

gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas

tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que

dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos

Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo

laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa

qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos

processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de

empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 61

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Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores (SREA) disponiacutevel em

httpestatisticaazoresgovpt Acedido a 10 de janeiro de 2012

Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores- Recenseamento agriacutecola 2009 disponiacutevel

em httpestatisticaazoresgovpt Acedido a 28de Outubro

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waterorgindexphpoption=com_contentamptask=viewampid=1ampItemid=1 Acedido a 5 de

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httpwwwwwfpto_que_fazemospor_um_planeta_vivopegada_hidrica_em_portugal

_2011 Acedido a 5 de novembro de 2011

ANEXO 1

No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da

RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa

produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo

Questotildees Respostas

1 Que quantidade de leite que entra

na faacutebrica por mecircs e por ano

2 Quais os produtos que produz a

faacutebrica

3 Que quantidades satildeo produzidas

por mecircs e por ano dos diferentes

produtos (separados)

4 Para 1Kg de queijo quantos L de

aacutegua satildeo usados

5 E para 1Kg manteiga quantos

litros de aacutegua satildeo usados

6 E para as natas satildeo necessaacuterios

quantos L de aacutegua

7 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada pela faacutebrica por mecircs e

por ano

8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica

Que quantidade de aacutegua eacute retirada

pelo furo por mecircs e por ano

9 Que quantidades de aacuteguas

residuais produzem na faacutebrica

10 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada para refrigeraccedilatildeo

11 Tecircm um esquema do ciclo de

produccedilotildees que possam

disponibilizar

Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo

Joana Machado

ANEXO II

Processo produtivo

Armazenamento

Arrefecimento

Receccedilatildeo

Desnate

Armazenamento

desnatado

Armazenamento

nata

Produccedilatildeo

Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem

Enchimento

Secagem

Homogeneizaccedilatildeo

Concentraccedilatildeo

Pasteurizaccedilatildeo

ANEXO III

Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo

i-iacuteiacuteiacutea-----t-

AgravelG= l6-11

Acirccigravedez= E-17 C

NaCl r291sal e0 lsnal

lIgraveunitlaamp l6qocirc

Mrtr-gg

Expdrccedilatildeo

Qucilo Fabnco

Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I

s9mq9mExpediccedilatildeo

_t-I Armazenageln llcnrP

ric--T--

t-llCotdo eml

I u l

t Epdtccedilatilde I

Sacos de 25Kg

I+IacutefilAtildeqol

IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I

crnp lmbrcilla

l ll]j n u uo0

iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet

IY

Tratamento do

Soro

lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras

J

tit=tstl

lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1

LeiteMago

em Poacute

Saco Atrn saco plaacutestico

roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa

separadora caixa de callatildeo

I E-pdiccedilatilde I

Page 9: Água virtual no sector dos lacticínios na Região Autónoma dos … · 2017. 8. 18. · Figura 2 Distribuição geográfica mundial da escassez física de água 7 Figura 3 Distribuição

vii

LISTA DE ABREVIATURAS E ACROacuteNIMOS

ACV Avaliaccedilatildeo Ciclo de Vida

AFCAL Associaccedilatildeo dos Fabricantes de Embalagens de cartatildeo para Alimentos

Liacutequidos

AJAM Associaccedilatildeo Jovens Agricultores

APA Agencia Portuguesa do Ambiente

DL Decreto de Lei

DROTRH Direccedilatildeo Regional do Ordenamento do Territoacuterio e dos Recursos

Hiacutedricos

EA Environment Agency

EEA European Environment Agency

GEO3 Global Environment Outlook 3

INE Instituto Nacional de Estatiacutestica

ISO International Standardization Organization

ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

QA Quercus Ambiente

PAC Portal do Ambiente e do Cidadatildeo

PNA Plano Nacional de Aacutegua

RAA Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

SISAB Salatildeo Internacional do Sector Alimentar e Bebidas

SNIRH Sistema Nacional de Informaccedilatildeo dos Recursos Hiacutedricos

SREA Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores

UNESCO United Nations Educational Scientific and Cultural Organization

WWF Water Wildlife Fund

VAB Valor Acrescentado Bruto

VMA Valor Maximo Admicivel

VMR Valor Minimo Admicivel

viii

RESUMO

A aacutegua apesar de ser um recurso essencial agrave vida e imprescindiacutevel ao desenvolvimento

socioeconoacutemico encontra-se submetida a crescentes pressotildees quantitativa e qualitativa

que se manifestam a muacuteltiplos niacuteveis desde a escassez agrave poluiccedilatildeo quiacutemica e bioloacutegica

Torna-se assim necessaacuterio promover a sua preservaccedilatildeo associada a medidas de gestatildeo

sustentaacutevel dos recursos

A presente dissertaccedilatildeo tem por principal objetivo proceder agrave determinaccedilatildeo da aacutegua

virtual no sector dos lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores nomeadamente a

associada agrave produccedilatildeo de leite queijo manteiga e leite em poacute Para tal procedeu-se agrave

determinaccedilatildeo da aacutegua virtual em trecircs empresas do sector de Lacticiacutenios da Ilha de Satildeo

Miguel e respetiva evoluccedilatildeo ao longo do tempo e extrapolou-se esta determinaccedilatildeo para

o sector de lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A determinaccedilatildeo da aacutegua virtual requer a recolha de um amplo conjunto de dados de

base nomeadamente sobre a quantidade de aacutegua que entra e sai de cada empresa os

processos de fabrico e o volume de produtos final de acordo com a sua tipologia No

presente estudo as fronteiras da avaliaccedilatildeo foram definidas a montante pelo gado

leiteiro e a jusante pelos produtos feitos por cada empresa e suas embalagens numa

abordagem do tipo ciclo de vida

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores a meacutedia anual de leite recolhido diretamente da

produccedilatildeo para as induacutestrias de lacticiacutenios ronda os 523 milhotildees de litros o que

corresponderaacute a cerca de 419 milhotildees de litros de aacutegua por ano A este volume foram

adicionados os volumes anuais de aacutegua do ciclo de vida do gado leiteiro a aacutegua gasta

pelas faacutebricas de lacticiacutenios e a aacutegua associada agrave produccedilatildeo das embalagens Os valores

obtidos satildeo uma estimativa por defeito da aacutegua virtual associada ao sector dos

lacticiacutenios nos Accedilores nomeadamente no que concerne ao leite ao queijo e agrave manteiga

Este estudo constitui a primeira abordagem agrave determinaccedilatildeo da aacutegua virtual no sector dos

lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Palavras-chave Recursos hiacutedricos Aacutegua Virtual Lacticiacutenios Satildeo Miguel Accedilores

ix

ABSTRACT

Nowadays despite been essential to life and to economical development water is

subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water

shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water

resources associated to the implementation of sustainable management practices is

extremely urgent and necessary

The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores

extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel

island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk

butter cheese and milk powder

It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk

collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume

corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected

corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption

of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy

industries and finally the water used in the production of packaging for one year also

The value obtained is called Virtual Water dairy products

Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 2

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Enquadramento

O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre

em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre

Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito

de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel

socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua

Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou

serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no

conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado

ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto

ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos

Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela

nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O

planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria

salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser

usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia

Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o

desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da

mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel

um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja

inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica

O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo

agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da

captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades

domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial

Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os

140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante

(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 3

Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua

virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011

em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o

forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada

dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter

origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)

Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior

peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o

comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com

61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)

Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52

m3hab

ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e

mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for

adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura

aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel

pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)

12 Acircmbito e objetivos

O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na

produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs

faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do

tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo

A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de

produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo

inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo

Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute

tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 4

13 Estrutura do trabalho

A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os

seguintes aspetos

No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos

O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia

quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu

No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual

O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da

dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da

investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI

No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e

as suas atividades

O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se

agrave respetiva discussatildeo

No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo

Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves

fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 5

2 A AacuteGUA COMO RECURSO

21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra

A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou

animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente

em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra

Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou

doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo

nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua

distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente

movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)

Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)

A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por

mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos

atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km

3) apenas

08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo

para abastecimento humano (Tabela 1)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 6

Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)

Reservatoacuterio Total Aacutegua doce

Oceanos

Gelo e neve

965

18

966

Aacutegua

subterracircnea

Doce 076 301

Salgada 093

Aacutegua superficial

Aacutegua no solo

Lagos (aacutegua doce) 0007 026

Lagos (aacutegua

salgados)

0006

Pacircntanos 00008 003

Rios 00002

00012

0006

005

Atmosfera 0001 004

Biosfera 00001 0003

Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por

se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo

usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo

eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo

A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com

escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais

sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo

abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso

humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por

paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos

ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 7

Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)

Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab

ano em

Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)

A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25

desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute

foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade

de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua

disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na

induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 8

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain

2007b)

22 Consumo de aacutegua na Europa

Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da

Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da

mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que

eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior

percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico

(figura 4) (Karavatis)

Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de

aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade

populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos

paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector

o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes

A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a

meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499

para 5 170 m3hab

ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total

de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o

consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que

eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para

descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 9

lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito

miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal

No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per

capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida

das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na

poupanccedila de aacutegua (Karavatis)

Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 10

23 Consumo de aacutegua em Portugal

231 Consumo de aacutegua em Portugal

Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por

habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica

Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)

Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado

posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da

presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que

exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal

parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica

do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)

referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave

importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)

Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector

industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o

sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)

Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)

(PNA 2012)

A B

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 11

232 Qualidade da aacutegua em Portugal

Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na

generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade

realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua

evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao

presente (Figura 6A)

A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como

boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute

qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel

(Figura 6B)

Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees

em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)

B A

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 12

233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as

necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de

20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de

energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo

consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta

teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares

Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo

de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees

82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da

legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser

considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava

paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua

deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo

ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos

naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das

atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a

atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para

aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades

significativas de aacutegua

Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros

podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do

proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute

convertida em aacuteguas residuais

De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a

maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros

focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores

(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas

com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de

poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 13

Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm

a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes

urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material

utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem

de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos

dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de

fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 14

3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL

Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi

reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a

aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes

do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre

os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade

dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)

Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees

internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor

John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)

Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos

agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima

2008)

A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou

serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem

no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma

medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se

estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a

aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)

Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices

quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e

autossuficiecircncia de aacutegua

Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua

virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a

quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)

Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum

bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros

de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros

de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de

aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 15

O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua

Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo

Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os

fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de

produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)

O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma

vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes

das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 16

4 METODOLOGIA

41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra

A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no

sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas

A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental

para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro

passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo

(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de

acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na

internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados

referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de

leite para o sector industrial

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber

como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua

que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais

mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)

42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo

Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise

e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Seleccedilatildeo do grupo de

anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das

empresas

Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e

outputs Interpretaccedilatildeo dos

Resultados

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 17

Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se

chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de

vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e

aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas

na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos

necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute

contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um

deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que

entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos

resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente

estudo

Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo

natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo

relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual

Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que

calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra

na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto

final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 18

uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma

precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano

421 Ciclo de vida do gado leiteiro

Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios

propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas

Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)

Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo

metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo

Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)

Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-

se 35 L x 365 d= 12 775 L

Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)

422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos

Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma

determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e

do tipo de produto

H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)

Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo

ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 19

H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)

Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)

Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)

Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)

Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se

os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)

Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte

equaccedilatildeo (eq 9)

H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80

H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da

vaca (L) pano nas ilhas x 80

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)

( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X

50))

( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X

50))

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 20

5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA

51 Arquipeacutelago dos Accedilores

O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos

36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute

formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o

Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e

Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca

de 2 322 km2

Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)

O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas

de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o

territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional

varia entre 219 e 3418 habkm2

De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no

arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute

condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A

amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida

e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 21

A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930

mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)

O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico

refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no

geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha

Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)

A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a

cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52

acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas

(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da

Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes

menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800

m de altitude (Cruz et al 2009)

O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande

parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas

tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade

vulcacircnica(Cruz et al 2009)

Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem

vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e

azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG

2001)

O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo

vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas

registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo

destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para

NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)

Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem

intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas

diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo

o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 22

A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados

estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo

Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel

relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem

observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem

como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos

tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente

vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de

erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos

piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)

A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos

serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das

atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)

estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram

responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros

contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total

(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)

Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash

construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e

domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e

comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)

111

109

61

228156

336 1

2

3

4

5

6

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 23

O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com

601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector

secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as

ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira

52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental

Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre

foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em

Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada

quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que

autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo

Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada

qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional

Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute

criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha

vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam

de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)

Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a

2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a

2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na

produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de

apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 24

Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)

Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)

2007 1 909 440

2008 1 960 899

2009 1 938 641

2010 1 860574

2011 1 860 831

Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em

todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a

este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite

UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com

impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de

aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas

Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito

a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em

parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo

Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das

associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o

GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios

agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)

Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos

sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela

3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que

maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-

se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram

os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma

evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a

diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24

326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011

os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 25

Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)

Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011

Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo

26

367 375

25 966 137

Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

25 858 430 25 289 152

Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

29 867 949 30 313 630

Abril Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 513 001 31 933 104

Maio Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

34 156 283 35 321 861

Junho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

32 761 050 33 910 081

Julho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 480 274 32 716 997

Agosto Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

27 941 816 29 101 970

Setembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 413 105 26 506 695

Outubro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 007 653 26 610 025

Novembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 326 655

25 040 257

Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 894 278 26 955 549

Total 339 587 869 349 665 458

No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite

para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 26

atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a

que menos produz (Tabela 4)

Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)

(SREA2012)

53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo

Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente

trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por

motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim

como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas

531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A

A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a

farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A

partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e

atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as

outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa

ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus

produtos

Ilha

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2008

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2009

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2010

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2011

Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408

Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982

Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296

Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242

Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415

Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736

Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908

Corvo 1 405 3 22441 0 2248

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 27

Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e

produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)

O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o

arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a

outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o

armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo

armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de

desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo

posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando

pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)

Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009

aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a

empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua

evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e

posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial

desde que natildeo haja contacto com o produto

Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da

vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal

Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado

ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em

conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma

licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada

entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas

condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental

A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em

Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente

produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal

Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede

municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo

conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 28

consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m

3 em 2010 e

43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)

Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3

t e 8592 m3

t

para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave

empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)

Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)

102 65200 m3 (2009) 22 24900 m

3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o

registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)

Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e

2011)

Consumo

de aacutegua

municipal

2008

Consumo

de aacutegua

salgada

2008

Consumo

de aacutegua

municipal

2009

Consumo

de aacutegua

salgada

2009

Consumo

de aacutegua

municipal

2010

Consumo

de aacutegua

salgada

2010

Consumo

de aacutegua

municipal

2011

Consumo

de aacutegua

salgada

2011

Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692

Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492

Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927

Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734

Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622

Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732

Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995

Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263

Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526

Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213

Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874

Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885

Total

anual

66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835

Meacutedia

anual

5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486

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Joana Machado Paacutegina 29

Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de

2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura

12)

Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de

marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que

se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro

Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -

2011)

Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho

de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela

6 Figura 13)

No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes

mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)

sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por

uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008

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Joana Machado Paacutegina 30

Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Leite

recebido

2011

Soro

recebido

2011

Leite

recebido

2010

Soro

recebido

2010

Leite

recebido

2009

Soro

recebido

2009

Leite

recebido

(2008

Soro

recebido

2008

Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210

Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437

Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401

Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368

Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219

Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265

Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235

Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364

Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376

Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338

Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350

Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239

Total

anual

72 103 2415 73 280 2

634451

71 144 2 507 74 507 3 802

Meacutedia

anual

6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833

Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Leite recebido (ton) 2011

Leite recebido (ton) 2010

Leite recebido (ton) 2009

Leite recebido (ton) 2008

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Joana Machado Paacutegina 31

Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A

entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011

com um leve decreacutescimo (Tabela 7)

Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e

2011)

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2008

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2009

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2010

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2011

Jan 859 906 784 83059

Fev 868 256 748 71868

Mar 929 913 839 935755

Abr 889 909 872 8792

Mai 895 933 875 96577

Jun 847 914 859 896085

Jul 918 927 943 836515

Ago 860 793 811 882075

Set 688 812 781 33077

Out 678 667 698 2103

Nov 719 627 661 667125

Dez 689 704 659 79611

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Soro recebido (ton) 2011

Soro recebido (ton) 2010

Soro recebido (ton) 2009

Soro recebido (ton) 2008

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Joana Machado Paacutegina 32

Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975

Meacutedia

anual

820 780083 794 7457479

Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram

janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior

produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)

Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A

(2008 ndash 2011)

532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2

A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e

duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas

quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em

poacute e lactosoro em poacute

Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril

da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W

A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo

com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se

a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma

0

200

400

600

800

1000

1200

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008

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Joana Machado Paacutegina 33

reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica

regional

A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do

atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de

produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo

Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo

e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente

Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute

existentes (Tavares 2008)

A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga

leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de

induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo

grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos

de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3

(Tavares 2008)

Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a

nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga

Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da

captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes

situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia

dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma

captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da

Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)

O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para

2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)

O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um

aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente

tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144

m3) (Tabela 8)

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Joana Machado Paacutegina 34

Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m

3) na empresa B1 (2008-

2011)

Total

Consumo

de aacutegua

2008

Caudal

efluente

tratado

2008

Total

Consumo

de aacutegua

2009

Caudal

efluente

tratado

2009

Total

Consumo

de aacutegua

2010

Caudal

efluente

tratado

2010

Total

Consumo

de aacutegua

2011

Caudal

efluente

tratado

2011

Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092

Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669

Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933

Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247

Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346

Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236

Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174

Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873

Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785

Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505

Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644

Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757

Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261

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Joana Machado Paacutegina 35

Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas

C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens

(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos

administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor

os vestiaacuterios e o refeitoacuterio

C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da

manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo

do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado

desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca

de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da

concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da

temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas

higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo

onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final

seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e

expediccedilatildeo

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Total Consumo de aacutegua (m3) 2011

Caudal efluente tratado (m3) 2011

Total Consumo de aacutegua (m3) 2010

Caudal efluente tratado (m3) 2010

Total Consumo de aacutegua (m3) 2009

Caudal efluente tratado (m3) 2009

Total Consumo de aacutegua (m3) 2008

Caudal efluente tratado (m3) 2008

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Joana Machado Paacutegina 36

C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo

retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute

efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o

leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento

num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior

parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C

para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril

C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das

proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar

forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na

salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode

ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo

eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a

temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura

Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos

meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009

(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4

em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009

No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e

o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e

agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1

nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)

Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua

residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)

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Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)

(2010 - 2011)

Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma

maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que

se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo

aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser

explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e

consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 ndash 2009

C2 - 2009

C3 ndash 2009

C4 ndash 2009

C1 ndash 2008

C2 - 2008

C3 ndash 2008

C4 ndash 5

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 - 2011

C2 - 2011

C 3 - 2011

C 4 - 2011

C1 - 2010

C2 - 2010

C3 - 2010

C4 - 2010

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Joana Machado Paacutegina 38

Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -

2011)

Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas

(m3) na empresa B2 (2008-2011)

Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem

foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que

menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela

10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas

residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os

maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees

As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam

resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a

estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

100000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas residuais

Volume (m3) de aacutegua consumida

na instalaccedilatildeo fabril e origem na

Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas

residuais

2008 87 313 60 110

2009 65 851 45 248

2010 54 752 36 338

2011 41 4315 2 565

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Joana Machado Paacutegina 39

Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)

Quantidade leite

recebido

Quantidade produto final

2008 34 1216 30 3916

2009 33 391 29 076

2010 33 0979 27 5678

2011 28 454 24 0993

533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C

A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura

transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor

dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de

uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C

estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz

cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve

continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas

estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior

bacia leiteira dos Accedilores

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) leite recebido

Quantidade (m3) produto final

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Joana Machado Paacutegina 40

Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes

ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por

ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs

Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)

manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas

mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo

Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo

No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na

Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados

Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no

entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do

mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a

produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo

Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011

Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem

na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo

de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste

nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que

nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro

apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se

um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos

restantes meses ateacute ao final de 2011

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 41

Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal

(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)

Ano 2011 Aacutegua da Rede

Municiapl

Aacutegua do Furo Aacutegua residual

Caudal mensal

Janeiro 15 344 0 2 928

Fevereiro 13 996 446 18 494

Marccedilo 11 105 3 642 34 899

Abril 12 726 4 466 12 758

Maio 10 460 7 798 12 038

Junho 11 362 8 142 9 968

Julho 12 413 8 097 12 182

Agosto 9 365 7 851 9 721

Setembro 9 623 8 442 12 413

Outubro 10 296 7 753 11 294

Novembro 8 628 6 976 10 637

Dezembro 9 390 6 679 10 799

Total 134 708 5 858 158 131

Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C

(2011)

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Aacutegua da Rede Municiapl

Aacutegua do Furo

Agua residual Caudal mensal

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Joana Machado Paacutegina 42

534 Empacotamento do leite

5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite

Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos

liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de

camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para

embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da

seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)

Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam

qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem

e facilitam a soldadura

Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando

a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos

Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio

ao cartatildeo

Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo

Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior

Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-

Paiva 2003)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 43

5342Enchimento

As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na

maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura

23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da

embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de

hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos

evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado

O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute

dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as

embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)

Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com

eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas

embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo

necessaacuterios 383 X10^10

L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por

cada embalagem (Tabela 11)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 44

Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)

Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de

enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)

Eletricidade [kW]

Vapor [kg]

Aacutegua [L]

Peroacutexido de

Hidrogeacutenio [L]

166times102

300times10-4

383times10-1

250times10-4

Selagem por induccedilatildeo

de calor

Tubo de

enchiment

o abaixo

do niacutevel do

liacutequido

Extremidades

seladas por

induccedilatildeo de

calor

Soluccedilatildeo

esterilizador

a (Peroacutexido

de

hidrogeacutenio)

Aacuterea de esterilizaccedilatildeo

fechada

Embalagem final

cheia e fechada

Rolo de embalagens

preacute-impresso

1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de

enchimento

2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de

entrarem na zona de enchimento

3Leite e embalagens combinados na zona

esterilizada

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 45

54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro

O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca

de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas

que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves

matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e

forragens

O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No

entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores

e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente

criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos

principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a

Portugal

Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6

670 exploraccedilotildees (SREA 2012)

541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro

Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees

nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas

leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo

Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo

cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de

origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais

com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a

respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)

fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000

UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)

Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os

mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 46

composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura

bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)

No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm

tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel

composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta

(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)

A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida

existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos

12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000

kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute

existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores

estimados

542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro

Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem

perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina

fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos

importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que

proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere

A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as

vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia

nutricional e do qualquer outro animal

Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior

quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave

quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido

O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A

quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo

de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre

outros fatores (AJAM 2012)

A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A

temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere

por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 47

ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca

leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o

que for necessaacuterio

Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia

mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia

65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia

543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto

A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo

qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a

sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto

desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando

chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO

14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de

objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees

diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)

Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)

Modelo da Analise do Ciclo de

Vida

Definiccedilatildeo de

objetivo e

alcance

Anaacutelise do

inventaacuterio

Avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais

Inte

rpre

taccedilatilde

o e

av

alia

ccedilatildeo

Aplicaccedilotildees diretas

Conceccedilatildeo e melhoria de

produtos

Planificaccedilatildeo estrateacutegica

Desenvolvimento de

poliacuteticas puacuteblicas

Marketing

Outros

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 48

Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha

de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica

Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a

qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se

iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a

normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o

leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com

a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e

coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No

fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma

ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor

A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido

e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem

De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase

de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o

uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre

outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os

produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees

atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um

esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido

na Figura 25

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo

Faacutebrica

Ciclo de produccedilatildeo

Inputs

Mateacuteria - prima

Aacutegua

Combustiacuteveis

Eletricidade

Outputs

Produtos

Aacuteguas Residuais

Emissotildees

atmosfeacutericas

Resiacuteduos

Energia

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Joana Machado Paacutegina 49

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar

valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede

municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas

faacutebricas e o produto final (Tabela 13)

Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7

(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos

para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das

Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave

produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de

modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o

somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o

somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida

parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo

valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo

final

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B2

Leite UHT

2008 1ordf 126 250 2628

2ordf 175 252 0509 65

2009 1ordf 103 699 908

2ordf 71 552 14286 6

2010 1ordf 91 788 7874

2ordf 162 712 8588 6

2011 1ordf 73 424 7319

2ordf 134 397 589 55

C

Leite UHT

2011 1ordf 290 521 3264

2ordf 467 766 5121 92

Queijo

2011

1ordf 206 985 1468

2ordf 384 230 3325 126

Manteiga

2011

1ordf 211 617 1536

2ordf 388 862 3393 95

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Joana Machado Paacutegina 50

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas (continuaccedilatildeo)

A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano

contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado

leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto

ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano

Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal

Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano

comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se

que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute

Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604

Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade

fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a

unidade B1

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B1

Queijo

2008 1ordf 200 136 3641

2ordf 221 151 1789 234

2009 1ordf 246 905 4224

2ordf 466 797 9329 257

2010 1ordf 258 496 3994

2ordf 475 036 129 26

2011 1ordf 260 433 8293

2ordf 482 828 1566 25

B1

Manteiga

2008 1ordf 319 231 7427

2ordf 540 382 9216 153

2009 1ordf 254 190 7816

2ordf 474 083 2921 12

2010 1ordf 240 425 0996

2ordf 456 964 8292 127

2011 1ordf 257 692 3862

2ordf 480 086 7135 129

A

Manteiga

+

Leite em Poacute

2008 1ordf 621 599 5243

2ordf 634 517 000 32

2009 1ordf 828 542 0485

2ordf 840 877 000 45

2010 1ordf 719 846 301

2ordf 732 551 571 38

2011 1ordf 738 265 1845

2ordf 750 766 5715 41

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Joana Machado Paacutegina 51

Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se

efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute

igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta

empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas

O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo

passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos

seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua

virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso

da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando

com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa

C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais

baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos

processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)

O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite

que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos

(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por

ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os

restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2

100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT

No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite

teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente

30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para

UHT

Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra

parte vai para o leite em poacute

A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C

utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros

de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L

de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 52

A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga

deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga

num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados

Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo

valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo

constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro

Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas

raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo

e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais

erva)

Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo

seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain

(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua

virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)

Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e

C (2011)

C 22

B1 70

A 8

Manteiga

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

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Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C

(2011)

B1 66

C 34

Queijo

63

37

Leite UHT

B2 C

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Joana Machado Paacutegina 54

Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta

forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA

recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor

Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os

resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no

leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos

dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um

decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011

Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha

de Satildeo Miguel

2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total

Ilha de

Satildeo

Miguel

329 627 021 X

80= 263 701

617 L

340 405 998 X

80= 272 324

798 L

339 702 819 X

80= 271 762

255 L

318 246 409 X

80= 254 597

127 L

331 995 618 X

80= 265 596

4494 L

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 55

Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria

de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15

Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite

diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do

leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o

que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de

aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a

industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614

0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de

leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788

1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite

As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com

valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres

12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor

valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)

Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo

para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando

se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto

possa conter tanta aacutegua

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 56

Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo

para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

2008 329 627 021

X 80=

263

701 617 L

129 312

746 X

80= 103

450 1968 L

7 909 254

X 80= 6

327 403 L

27 771 834

X 80= 22

217 467 L

6 896 744 X

80= 5 517

395 L

12 594 346

X 80= 10

075 477 L

785 179 X

80= 628

1432 L

16 860 X

80= 13

488 L

2009 340 405 998

X 80=

272

324 798 L

138 353

863 X

80= 110

683 090 L

8 112 299

X 80= 6

489 839 L

29 848 324

X 80= 23

878 659 L

8 544 727 X

80= 6 835

782 L

13 187 592

X 80= 10

550 074 L

1 690 260

X 80= 1

352 208 L

38 693 X

80= 30

954 L

2010 339 702 819

X 80=

271 762 255

L

136 515

935 X

80= 109

212 748 L

7 994 445

X 80= 6

395 556 L

28 956 554

X 80= 23

165 243 L

8 399 352 X

80= 6 719

482 L

12 350 878

X 80= 9

880 702 L

1 497 168

X 80= 1

197 734 L

0 L

2011 318 246 409

X 80=

254 597 127

L

138 887

784 X

80= 111

110 22720

L

7 836 356

X 80= 6

269 085 L

28 575 890

X 80= 22

860 712 L

8 561 298 X

80= 6 849

038 L

12 560 084

X 80= 10

048 067 L

1 080 709

X 80=

864 567 L

0 L

Meacutedia total 331 995 618

X 80=

265 596

4494 L

135 767

580 X

80= 108

614 0656 L

7 963

0885 X

80 = 6

370 4708

L

28 788

1505

X80= 23

030 5204 L

8 089

28025

X80= 6

471 4242 L

9 524 641 X

80= 7 619

71331 L

1 263 329

X 80= 1

010 6632

L

13

88825

X80=

11 1106

L

Aacutegua

Virtual na

meacutedia total

1 593 578

696

651 684

3936

382 228

2248

138 183

1224

38 828

5452

45 718

27986

6 063

9792

66 6636

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 57

Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)

seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo

no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com

1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente

da produccedilatildeo na RAA

Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel

para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449

821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios

de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua

associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424

00 m3 e agrave manteiga 61 000 m

3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os

valores referentes agrave pastagem

Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de

referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6

773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os

64

23

1 6

2 2 1 1

Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 58

valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3

(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m

3 (manteiga)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 59

7 CONCLUSOtildeES

A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo

existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute

chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua

num determinado sector eou produto

Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos

em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao

longo deste estudo

De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo

existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados

especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As

empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees

por exemplo

Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os

dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo

estipulado o que tornou o estudo mais generalista

Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos

produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas

empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e

consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais

aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais

sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate

mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e

manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes

envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua

virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel

calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes

em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do

leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6

isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 60

como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa

e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2

Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em

percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto

com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por

completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do

produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito

proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa

B1

Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado

inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas

contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram

caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos

natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores

gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas

tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que

dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos

Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo

laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa

qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos

processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de

empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 61

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escolarmaterial-didaticobiologia234htmlAacutegua Virtual|outline Acedido a 27 de

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httpestatisticaazoresgovpt Acedido a 10 de janeiro de 2012

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_2011 Acedido a 5 de novembro de 2011

ANEXO 1

No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da

RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa

produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo

Questotildees Respostas

1 Que quantidade de leite que entra

na faacutebrica por mecircs e por ano

2 Quais os produtos que produz a

faacutebrica

3 Que quantidades satildeo produzidas

por mecircs e por ano dos diferentes

produtos (separados)

4 Para 1Kg de queijo quantos L de

aacutegua satildeo usados

5 E para 1Kg manteiga quantos

litros de aacutegua satildeo usados

6 E para as natas satildeo necessaacuterios

quantos L de aacutegua

7 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada pela faacutebrica por mecircs e

por ano

8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica

Que quantidade de aacutegua eacute retirada

pelo furo por mecircs e por ano

9 Que quantidades de aacuteguas

residuais produzem na faacutebrica

10 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada para refrigeraccedilatildeo

11 Tecircm um esquema do ciclo de

produccedilotildees que possam

disponibilizar

Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo

Joana Machado

ANEXO II

Processo produtivo

Armazenamento

Arrefecimento

Receccedilatildeo

Desnate

Armazenamento

desnatado

Armazenamento

nata

Produccedilatildeo

Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem

Enchimento

Secagem

Homogeneizaccedilatildeo

Concentraccedilatildeo

Pasteurizaccedilatildeo

ANEXO III

Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo

i-iacuteiacuteiacutea-----t-

AgravelG= l6-11

Acirccigravedez= E-17 C

NaCl r291sal e0 lsnal

lIgraveunitlaamp l6qocirc

Mrtr-gg

Expdrccedilatildeo

Qucilo Fabnco

Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I

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LeiteMago

em Poacute

Saco Atrn saco plaacutestico

roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa

separadora caixa de callatildeo

I E-pdiccedilatilde I

Page 10: Água virtual no sector dos lacticínios na Região Autónoma dos … · 2017. 8. 18. · Figura 2 Distribuição geográfica mundial da escassez física de água 7 Figura 3 Distribuição

viii

RESUMO

A aacutegua apesar de ser um recurso essencial agrave vida e imprescindiacutevel ao desenvolvimento

socioeconoacutemico encontra-se submetida a crescentes pressotildees quantitativa e qualitativa

que se manifestam a muacuteltiplos niacuteveis desde a escassez agrave poluiccedilatildeo quiacutemica e bioloacutegica

Torna-se assim necessaacuterio promover a sua preservaccedilatildeo associada a medidas de gestatildeo

sustentaacutevel dos recursos

A presente dissertaccedilatildeo tem por principal objetivo proceder agrave determinaccedilatildeo da aacutegua

virtual no sector dos lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores nomeadamente a

associada agrave produccedilatildeo de leite queijo manteiga e leite em poacute Para tal procedeu-se agrave

determinaccedilatildeo da aacutegua virtual em trecircs empresas do sector de Lacticiacutenios da Ilha de Satildeo

Miguel e respetiva evoluccedilatildeo ao longo do tempo e extrapolou-se esta determinaccedilatildeo para

o sector de lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A determinaccedilatildeo da aacutegua virtual requer a recolha de um amplo conjunto de dados de

base nomeadamente sobre a quantidade de aacutegua que entra e sai de cada empresa os

processos de fabrico e o volume de produtos final de acordo com a sua tipologia No

presente estudo as fronteiras da avaliaccedilatildeo foram definidas a montante pelo gado

leiteiro e a jusante pelos produtos feitos por cada empresa e suas embalagens numa

abordagem do tipo ciclo de vida

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores a meacutedia anual de leite recolhido diretamente da

produccedilatildeo para as induacutestrias de lacticiacutenios ronda os 523 milhotildees de litros o que

corresponderaacute a cerca de 419 milhotildees de litros de aacutegua por ano A este volume foram

adicionados os volumes anuais de aacutegua do ciclo de vida do gado leiteiro a aacutegua gasta

pelas faacutebricas de lacticiacutenios e a aacutegua associada agrave produccedilatildeo das embalagens Os valores

obtidos satildeo uma estimativa por defeito da aacutegua virtual associada ao sector dos

lacticiacutenios nos Accedilores nomeadamente no que concerne ao leite ao queijo e agrave manteiga

Este estudo constitui a primeira abordagem agrave determinaccedilatildeo da aacutegua virtual no sector dos

lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Palavras-chave Recursos hiacutedricos Aacutegua Virtual Lacticiacutenios Satildeo Miguel Accedilores

ix

ABSTRACT

Nowadays despite been essential to life and to economical development water is

subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water

shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water

resources associated to the implementation of sustainable management practices is

extremely urgent and necessary

The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores

extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel

island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk

butter cheese and milk powder

It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk

collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume

corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected

corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption

of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy

industries and finally the water used in the production of packaging for one year also

The value obtained is called Virtual Water dairy products

Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 2

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Enquadramento

O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre

em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre

Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito

de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel

socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua

Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou

serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no

conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado

ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto

ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos

Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela

nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O

planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria

salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser

usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia

Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o

desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da

mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel

um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja

inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica

O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo

agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da

captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades

domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial

Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os

140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante

(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 3

Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua

virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011

em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o

forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada

dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter

origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)

Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior

peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o

comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com

61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)

Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52

m3hab

ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e

mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for

adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura

aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel

pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)

12 Acircmbito e objetivos

O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na

produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs

faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do

tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo

A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de

produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo

inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo

Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute

tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 4

13 Estrutura do trabalho

A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os

seguintes aspetos

No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos

O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia

quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu

No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual

O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da

dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da

investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI

No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e

as suas atividades

O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se

agrave respetiva discussatildeo

No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo

Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves

fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 5

2 A AacuteGUA COMO RECURSO

21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra

A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou

animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente

em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra

Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou

doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo

nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua

distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente

movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)

Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)

A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por

mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos

atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km

3) apenas

08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo

para abastecimento humano (Tabela 1)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 6

Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)

Reservatoacuterio Total Aacutegua doce

Oceanos

Gelo e neve

965

18

966

Aacutegua

subterracircnea

Doce 076 301

Salgada 093

Aacutegua superficial

Aacutegua no solo

Lagos (aacutegua doce) 0007 026

Lagos (aacutegua

salgados)

0006

Pacircntanos 00008 003

Rios 00002

00012

0006

005

Atmosfera 0001 004

Biosfera 00001 0003

Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por

se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo

usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo

eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo

A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com

escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais

sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo

abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso

humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por

paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos

ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 7

Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)

Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab

ano em

Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)

A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25

desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute

foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade

de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua

disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na

induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 8

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain

2007b)

22 Consumo de aacutegua na Europa

Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da

Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da

mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que

eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior

percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico

(figura 4) (Karavatis)

Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de

aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade

populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos

paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector

o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes

A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a

meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499

para 5 170 m3hab

ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total

de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o

consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que

eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para

descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 9

lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito

miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal

No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per

capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida

das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na

poupanccedila de aacutegua (Karavatis)

Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 10

23 Consumo de aacutegua em Portugal

231 Consumo de aacutegua em Portugal

Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por

habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica

Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)

Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado

posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da

presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que

exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal

parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica

do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)

referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave

importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)

Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector

industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o

sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)

Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)

(PNA 2012)

A B

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 11

232 Qualidade da aacutegua em Portugal

Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na

generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade

realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua

evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao

presente (Figura 6A)

A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como

boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute

qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel

(Figura 6B)

Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees

em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)

B A

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 12

233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as

necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de

20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de

energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo

consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta

teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares

Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo

de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees

82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da

legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser

considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava

paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua

deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo

ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos

naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das

atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a

atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para

aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades

significativas de aacutegua

Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros

podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do

proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute

convertida em aacuteguas residuais

De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a

maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros

focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores

(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas

com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de

poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 13

Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm

a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes

urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material

utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem

de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos

dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de

fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 14

3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL

Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi

reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a

aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes

do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre

os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade

dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)

Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees

internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor

John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)

Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos

agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima

2008)

A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou

serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem

no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma

medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se

estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a

aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)

Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices

quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e

autossuficiecircncia de aacutegua

Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua

virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a

quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)

Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum

bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros

de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros

de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de

aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 15

O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua

Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo

Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os

fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de

produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)

O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma

vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes

das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 16

4 METODOLOGIA

41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra

A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no

sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas

A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental

para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro

passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo

(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de

acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na

internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados

referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de

leite para o sector industrial

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber

como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua

que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais

mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)

42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo

Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise

e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Seleccedilatildeo do grupo de

anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das

empresas

Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e

outputs Interpretaccedilatildeo dos

Resultados

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 17

Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se

chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de

vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e

aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas

na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos

necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute

contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um

deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que

entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos

resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente

estudo

Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo

natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo

relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual

Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que

calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra

na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto

final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 18

uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma

precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano

421 Ciclo de vida do gado leiteiro

Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios

propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas

Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)

Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo

metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo

Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)

Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-

se 35 L x 365 d= 12 775 L

Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)

422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos

Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma

determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e

do tipo de produto

H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)

Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo

ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 19

H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)

Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)

Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)

Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)

Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se

os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)

Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte

equaccedilatildeo (eq 9)

H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80

H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da

vaca (L) pano nas ilhas x 80

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)

( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X

50))

( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X

50))

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 20

5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA

51 Arquipeacutelago dos Accedilores

O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos

36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute

formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o

Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e

Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca

de 2 322 km2

Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)

O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas

de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o

territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional

varia entre 219 e 3418 habkm2

De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no

arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute

condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A

amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida

e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 21

A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930

mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)

O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico

refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no

geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha

Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)

A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a

cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52

acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas

(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da

Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes

menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800

m de altitude (Cruz et al 2009)

O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande

parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas

tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade

vulcacircnica(Cruz et al 2009)

Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem

vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e

azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG

2001)

O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo

vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas

registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo

destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para

NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)

Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem

intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas

diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo

o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 22

A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados

estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo

Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel

relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem

observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem

como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos

tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente

vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de

erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos

piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)

A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos

serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das

atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)

estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram

responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros

contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total

(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)

Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash

construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e

domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e

comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)

111

109

61

228156

336 1

2

3

4

5

6

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 23

O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com

601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector

secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as

ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira

52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental

Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre

foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em

Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada

quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que

autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo

Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada

qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional

Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute

criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha

vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam

de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)

Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a

2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a

2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na

produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de

apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 24

Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)

Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)

2007 1 909 440

2008 1 960 899

2009 1 938 641

2010 1 860574

2011 1 860 831

Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em

todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a

este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite

UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com

impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de

aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas

Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito

a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em

parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo

Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das

associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o

GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios

agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)

Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos

sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela

3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que

maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-

se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram

os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma

evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a

diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24

326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011

os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 25

Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)

Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011

Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo

26

367 375

25 966 137

Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

25 858 430 25 289 152

Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

29 867 949 30 313 630

Abril Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 513 001 31 933 104

Maio Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

34 156 283 35 321 861

Junho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

32 761 050 33 910 081

Julho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 480 274 32 716 997

Agosto Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

27 941 816 29 101 970

Setembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 413 105 26 506 695

Outubro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 007 653 26 610 025

Novembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 326 655

25 040 257

Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 894 278 26 955 549

Total 339 587 869 349 665 458

No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite

para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 26

atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a

que menos produz (Tabela 4)

Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)

(SREA2012)

53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo

Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente

trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por

motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim

como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas

531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A

A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a

farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A

partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e

atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as

outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa

ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus

produtos

Ilha

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2008

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2009

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2010

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2011

Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408

Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982

Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296

Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242

Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415

Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736

Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908

Corvo 1 405 3 22441 0 2248

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 27

Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e

produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)

O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o

arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a

outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o

armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo

armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de

desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo

posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando

pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)

Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009

aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a

empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua

evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e

posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial

desde que natildeo haja contacto com o produto

Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da

vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal

Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado

ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em

conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma

licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada

entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas

condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental

A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em

Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente

produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal

Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede

municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo

conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 28

consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m

3 em 2010 e

43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)

Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3

t e 8592 m3

t

para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave

empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)

Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)

102 65200 m3 (2009) 22 24900 m

3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o

registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)

Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e

2011)

Consumo

de aacutegua

municipal

2008

Consumo

de aacutegua

salgada

2008

Consumo

de aacutegua

municipal

2009

Consumo

de aacutegua

salgada

2009

Consumo

de aacutegua

municipal

2010

Consumo

de aacutegua

salgada

2010

Consumo

de aacutegua

municipal

2011

Consumo

de aacutegua

salgada

2011

Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692

Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492

Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927

Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734

Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622

Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732

Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995

Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263

Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526

Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213

Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874

Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885

Total

anual

66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835

Meacutedia

anual

5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486

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Joana Machado Paacutegina 29

Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de

2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura

12)

Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de

marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que

se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro

Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -

2011)

Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho

de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela

6 Figura 13)

No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes

mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)

sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por

uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008

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Joana Machado Paacutegina 30

Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Leite

recebido

2011

Soro

recebido

2011

Leite

recebido

2010

Soro

recebido

2010

Leite

recebido

2009

Soro

recebido

2009

Leite

recebido

(2008

Soro

recebido

2008

Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210

Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437

Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401

Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368

Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219

Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265

Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235

Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364

Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376

Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338

Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350

Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239

Total

anual

72 103 2415 73 280 2

634451

71 144 2 507 74 507 3 802

Meacutedia

anual

6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833

Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Leite recebido (ton) 2011

Leite recebido (ton) 2010

Leite recebido (ton) 2009

Leite recebido (ton) 2008

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Joana Machado Paacutegina 31

Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A

entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011

com um leve decreacutescimo (Tabela 7)

Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e

2011)

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2008

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2009

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2010

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2011

Jan 859 906 784 83059

Fev 868 256 748 71868

Mar 929 913 839 935755

Abr 889 909 872 8792

Mai 895 933 875 96577

Jun 847 914 859 896085

Jul 918 927 943 836515

Ago 860 793 811 882075

Set 688 812 781 33077

Out 678 667 698 2103

Nov 719 627 661 667125

Dez 689 704 659 79611

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Soro recebido (ton) 2011

Soro recebido (ton) 2010

Soro recebido (ton) 2009

Soro recebido (ton) 2008

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Joana Machado Paacutegina 32

Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975

Meacutedia

anual

820 780083 794 7457479

Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram

janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior

produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)

Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A

(2008 ndash 2011)

532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2

A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e

duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas

quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em

poacute e lactosoro em poacute

Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril

da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W

A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo

com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se

a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma

0

200

400

600

800

1000

1200

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008

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Joana Machado Paacutegina 33

reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica

regional

A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do

atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de

produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo

Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo

e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente

Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute

existentes (Tavares 2008)

A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga

leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de

induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo

grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos

de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3

(Tavares 2008)

Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a

nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga

Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da

captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes

situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia

dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma

captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da

Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)

O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para

2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)

O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um

aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente

tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144

m3) (Tabela 8)

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Joana Machado Paacutegina 34

Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m

3) na empresa B1 (2008-

2011)

Total

Consumo

de aacutegua

2008

Caudal

efluente

tratado

2008

Total

Consumo

de aacutegua

2009

Caudal

efluente

tratado

2009

Total

Consumo

de aacutegua

2010

Caudal

efluente

tratado

2010

Total

Consumo

de aacutegua

2011

Caudal

efluente

tratado

2011

Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092

Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669

Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933

Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247

Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346

Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236

Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174

Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873

Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785

Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505

Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644

Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757

Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261

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Joana Machado Paacutegina 35

Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas

C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens

(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos

administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor

os vestiaacuterios e o refeitoacuterio

C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da

manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo

do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado

desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca

de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da

concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da

temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas

higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo

onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final

seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e

expediccedilatildeo

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Total Consumo de aacutegua (m3) 2011

Caudal efluente tratado (m3) 2011

Total Consumo de aacutegua (m3) 2010

Caudal efluente tratado (m3) 2010

Total Consumo de aacutegua (m3) 2009

Caudal efluente tratado (m3) 2009

Total Consumo de aacutegua (m3) 2008

Caudal efluente tratado (m3) 2008

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Joana Machado Paacutegina 36

C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo

retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute

efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o

leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento

num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior

parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C

para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril

C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das

proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar

forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na

salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode

ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo

eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a

temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura

Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos

meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009

(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4

em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009

No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e

o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e

agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1

nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)

Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua

residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)

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Joana Machado Paacutegina 37

Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)

(2010 - 2011)

Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma

maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que

se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo

aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser

explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e

consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 ndash 2009

C2 - 2009

C3 ndash 2009

C4 ndash 2009

C1 ndash 2008

C2 - 2008

C3 ndash 2008

C4 ndash 5

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 - 2011

C2 - 2011

C 3 - 2011

C 4 - 2011

C1 - 2010

C2 - 2010

C3 - 2010

C4 - 2010

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Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -

2011)

Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas

(m3) na empresa B2 (2008-2011)

Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem

foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que

menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela

10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas

residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os

maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees

As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam

resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a

estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

100000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas residuais

Volume (m3) de aacutegua consumida

na instalaccedilatildeo fabril e origem na

Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas

residuais

2008 87 313 60 110

2009 65 851 45 248

2010 54 752 36 338

2011 41 4315 2 565

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Joana Machado Paacutegina 39

Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)

Quantidade leite

recebido

Quantidade produto final

2008 34 1216 30 3916

2009 33 391 29 076

2010 33 0979 27 5678

2011 28 454 24 0993

533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C

A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura

transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor

dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de

uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C

estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz

cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve

continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas

estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior

bacia leiteira dos Accedilores

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) leite recebido

Quantidade (m3) produto final

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Joana Machado Paacutegina 40

Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes

ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por

ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs

Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)

manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas

mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo

Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo

No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na

Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados

Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no

entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do

mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a

produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo

Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011

Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem

na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo

de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste

nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que

nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro

apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se

um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos

restantes meses ateacute ao final de 2011

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 41

Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal

(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)

Ano 2011 Aacutegua da Rede

Municiapl

Aacutegua do Furo Aacutegua residual

Caudal mensal

Janeiro 15 344 0 2 928

Fevereiro 13 996 446 18 494

Marccedilo 11 105 3 642 34 899

Abril 12 726 4 466 12 758

Maio 10 460 7 798 12 038

Junho 11 362 8 142 9 968

Julho 12 413 8 097 12 182

Agosto 9 365 7 851 9 721

Setembro 9 623 8 442 12 413

Outubro 10 296 7 753 11 294

Novembro 8 628 6 976 10 637

Dezembro 9 390 6 679 10 799

Total 134 708 5 858 158 131

Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C

(2011)

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Aacutegua da Rede Municiapl

Aacutegua do Furo

Agua residual Caudal mensal

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Joana Machado Paacutegina 42

534 Empacotamento do leite

5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite

Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos

liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de

camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para

embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da

seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)

Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam

qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem

e facilitam a soldadura

Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando

a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos

Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio

ao cartatildeo

Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo

Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior

Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-

Paiva 2003)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 43

5342Enchimento

As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na

maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura

23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da

embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de

hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos

evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado

O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute

dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as

embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)

Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com

eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas

embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo

necessaacuterios 383 X10^10

L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por

cada embalagem (Tabela 11)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 44

Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)

Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de

enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)

Eletricidade [kW]

Vapor [kg]

Aacutegua [L]

Peroacutexido de

Hidrogeacutenio [L]

166times102

300times10-4

383times10-1

250times10-4

Selagem por induccedilatildeo

de calor

Tubo de

enchiment

o abaixo

do niacutevel do

liacutequido

Extremidades

seladas por

induccedilatildeo de

calor

Soluccedilatildeo

esterilizador

a (Peroacutexido

de

hidrogeacutenio)

Aacuterea de esterilizaccedilatildeo

fechada

Embalagem final

cheia e fechada

Rolo de embalagens

preacute-impresso

1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de

enchimento

2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de

entrarem na zona de enchimento

3Leite e embalagens combinados na zona

esterilizada

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 45

54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro

O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca

de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas

que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves

matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e

forragens

O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No

entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores

e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente

criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos

principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a

Portugal

Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6

670 exploraccedilotildees (SREA 2012)

541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro

Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees

nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas

leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo

Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo

cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de

origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais

com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a

respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)

fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000

UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)

Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os

mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 46

composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura

bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)

No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm

tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel

composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta

(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)

A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida

existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos

12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000

kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute

existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores

estimados

542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro

Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem

perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina

fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos

importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que

proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere

A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as

vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia

nutricional e do qualquer outro animal

Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior

quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave

quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido

O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A

quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo

de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre

outros fatores (AJAM 2012)

A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A

temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere

por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 47

ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca

leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o

que for necessaacuterio

Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia

mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia

65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia

543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto

A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo

qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a

sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto

desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando

chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO

14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de

objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees

diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)

Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)

Modelo da Analise do Ciclo de

Vida

Definiccedilatildeo de

objetivo e

alcance

Anaacutelise do

inventaacuterio

Avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais

Inte

rpre

taccedilatilde

o e

av

alia

ccedilatildeo

Aplicaccedilotildees diretas

Conceccedilatildeo e melhoria de

produtos

Planificaccedilatildeo estrateacutegica

Desenvolvimento de

poliacuteticas puacuteblicas

Marketing

Outros

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 48

Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha

de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica

Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a

qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se

iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a

normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o

leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com

a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e

coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No

fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma

ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor

A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido

e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem

De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase

de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o

uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre

outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os

produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees

atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um

esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido

na Figura 25

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo

Faacutebrica

Ciclo de produccedilatildeo

Inputs

Mateacuteria - prima

Aacutegua

Combustiacuteveis

Eletricidade

Outputs

Produtos

Aacuteguas Residuais

Emissotildees

atmosfeacutericas

Resiacuteduos

Energia

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Joana Machado Paacutegina 49

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar

valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede

municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas

faacutebricas e o produto final (Tabela 13)

Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7

(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos

para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das

Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave

produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de

modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o

somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o

somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida

parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo

valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo

final

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B2

Leite UHT

2008 1ordf 126 250 2628

2ordf 175 252 0509 65

2009 1ordf 103 699 908

2ordf 71 552 14286 6

2010 1ordf 91 788 7874

2ordf 162 712 8588 6

2011 1ordf 73 424 7319

2ordf 134 397 589 55

C

Leite UHT

2011 1ordf 290 521 3264

2ordf 467 766 5121 92

Queijo

2011

1ordf 206 985 1468

2ordf 384 230 3325 126

Manteiga

2011

1ordf 211 617 1536

2ordf 388 862 3393 95

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Joana Machado Paacutegina 50

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas (continuaccedilatildeo)

A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano

contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado

leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto

ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano

Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal

Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano

comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se

que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute

Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604

Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade

fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a

unidade B1

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B1

Queijo

2008 1ordf 200 136 3641

2ordf 221 151 1789 234

2009 1ordf 246 905 4224

2ordf 466 797 9329 257

2010 1ordf 258 496 3994

2ordf 475 036 129 26

2011 1ordf 260 433 8293

2ordf 482 828 1566 25

B1

Manteiga

2008 1ordf 319 231 7427

2ordf 540 382 9216 153

2009 1ordf 254 190 7816

2ordf 474 083 2921 12

2010 1ordf 240 425 0996

2ordf 456 964 8292 127

2011 1ordf 257 692 3862

2ordf 480 086 7135 129

A

Manteiga

+

Leite em Poacute

2008 1ordf 621 599 5243

2ordf 634 517 000 32

2009 1ordf 828 542 0485

2ordf 840 877 000 45

2010 1ordf 719 846 301

2ordf 732 551 571 38

2011 1ordf 738 265 1845

2ordf 750 766 5715 41

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 51

Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se

efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute

igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta

empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas

O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo

passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos

seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua

virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso

da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando

com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa

C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais

baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos

processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)

O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite

que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos

(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por

ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os

restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2

100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT

No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite

teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente

30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para

UHT

Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra

parte vai para o leite em poacute

A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C

utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros

de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L

de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 52

A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga

deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga

num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados

Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo

valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo

constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro

Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas

raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo

e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais

erva)

Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo

seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain

(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua

virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)

Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e

C (2011)

C 22

B1 70

A 8

Manteiga

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 53

Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C

(2011)

B1 66

C 34

Queijo

63

37

Leite UHT

B2 C

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 54

Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta

forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA

recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor

Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os

resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no

leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos

dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um

decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011

Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha

de Satildeo Miguel

2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total

Ilha de

Satildeo

Miguel

329 627 021 X

80= 263 701

617 L

340 405 998 X

80= 272 324

798 L

339 702 819 X

80= 271 762

255 L

318 246 409 X

80= 254 597

127 L

331 995 618 X

80= 265 596

4494 L

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 55

Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria

de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15

Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite

diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do

leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o

que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de

aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a

industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614

0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de

leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788

1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite

As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com

valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres

12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor

valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)

Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo

para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando

se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto

possa conter tanta aacutegua

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 56

Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo

para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

2008 329 627 021

X 80=

263

701 617 L

129 312

746 X

80= 103

450 1968 L

7 909 254

X 80= 6

327 403 L

27 771 834

X 80= 22

217 467 L

6 896 744 X

80= 5 517

395 L

12 594 346

X 80= 10

075 477 L

785 179 X

80= 628

1432 L

16 860 X

80= 13

488 L

2009 340 405 998

X 80=

272

324 798 L

138 353

863 X

80= 110

683 090 L

8 112 299

X 80= 6

489 839 L

29 848 324

X 80= 23

878 659 L

8 544 727 X

80= 6 835

782 L

13 187 592

X 80= 10

550 074 L

1 690 260

X 80= 1

352 208 L

38 693 X

80= 30

954 L

2010 339 702 819

X 80=

271 762 255

L

136 515

935 X

80= 109

212 748 L

7 994 445

X 80= 6

395 556 L

28 956 554

X 80= 23

165 243 L

8 399 352 X

80= 6 719

482 L

12 350 878

X 80= 9

880 702 L

1 497 168

X 80= 1

197 734 L

0 L

2011 318 246 409

X 80=

254 597 127

L

138 887

784 X

80= 111

110 22720

L

7 836 356

X 80= 6

269 085 L

28 575 890

X 80= 22

860 712 L

8 561 298 X

80= 6 849

038 L

12 560 084

X 80= 10

048 067 L

1 080 709

X 80=

864 567 L

0 L

Meacutedia total 331 995 618

X 80=

265 596

4494 L

135 767

580 X

80= 108

614 0656 L

7 963

0885 X

80 = 6

370 4708

L

28 788

1505

X80= 23

030 5204 L

8 089

28025

X80= 6

471 4242 L

9 524 641 X

80= 7 619

71331 L

1 263 329

X 80= 1

010 6632

L

13

88825

X80=

11 1106

L

Aacutegua

Virtual na

meacutedia total

1 593 578

696

651 684

3936

382 228

2248

138 183

1224

38 828

5452

45 718

27986

6 063

9792

66 6636

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 57

Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)

seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo

no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com

1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente

da produccedilatildeo na RAA

Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel

para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449

821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios

de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua

associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424

00 m3 e agrave manteiga 61 000 m

3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os

valores referentes agrave pastagem

Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de

referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6

773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os

64

23

1 6

2 2 1 1

Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 58

valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3

(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m

3 (manteiga)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 59

7 CONCLUSOtildeES

A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo

existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute

chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua

num determinado sector eou produto

Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos

em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao

longo deste estudo

De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo

existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados

especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As

empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees

por exemplo

Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os

dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo

estipulado o que tornou o estudo mais generalista

Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos

produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas

empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e

consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais

aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais

sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate

mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e

manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes

envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua

virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel

calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes

em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do

leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6

isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 60

como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa

e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2

Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em

percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto

com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por

completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do

produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito

proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa

B1

Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado

inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas

contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram

caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos

natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores

gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas

tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que

dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos

Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo

laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa

qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos

processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de

empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 61

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novembro de 2011

World Wide Foundation for Nature (2011)Disponiacutevel em

httpwwwwwfpto_que_fazemospor_um_planeta_vivopegada_hidrica_em_portugal

_2011 Acedido a 5 de novembro de 2011

ANEXO 1

No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da

RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa

produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo

Questotildees Respostas

1 Que quantidade de leite que entra

na faacutebrica por mecircs e por ano

2 Quais os produtos que produz a

faacutebrica

3 Que quantidades satildeo produzidas

por mecircs e por ano dos diferentes

produtos (separados)

4 Para 1Kg de queijo quantos L de

aacutegua satildeo usados

5 E para 1Kg manteiga quantos

litros de aacutegua satildeo usados

6 E para as natas satildeo necessaacuterios

quantos L de aacutegua

7 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada pela faacutebrica por mecircs e

por ano

8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica

Que quantidade de aacutegua eacute retirada

pelo furo por mecircs e por ano

9 Que quantidades de aacuteguas

residuais produzem na faacutebrica

10 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada para refrigeraccedilatildeo

11 Tecircm um esquema do ciclo de

produccedilotildees que possam

disponibilizar

Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo

Joana Machado

ANEXO II

Processo produtivo

Armazenamento

Arrefecimento

Receccedilatildeo

Desnate

Armazenamento

desnatado

Armazenamento

nata

Produccedilatildeo

Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem

Enchimento

Secagem

Homogeneizaccedilatildeo

Concentraccedilatildeo

Pasteurizaccedilatildeo

ANEXO III

Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo

i-iacuteiacuteiacutea-----t-

AgravelG= l6-11

Acirccigravedez= E-17 C

NaCl r291sal e0 lsnal

lIgraveunitlaamp l6qocirc

Mrtr-gg

Expdrccedilatildeo

Qucilo Fabnco

Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I

s9mq9mExpediccedilatildeo

_t-I Armazenageln llcnrP

ric--T--

t-llCotdo eml

I u l

t Epdtccedilatilde I

Sacos de 25Kg

I+IacutefilAtildeqol

IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I

crnp lmbrcilla

l ll]j n u uo0

iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet

IY

Tratamento do

Soro

lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras

J

tit=tstl

lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1

LeiteMago

em Poacute

Saco Atrn saco plaacutestico

roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa

separadora caixa de callatildeo

I E-pdiccedilatilde I

Page 11: Água virtual no sector dos lacticínios na Região Autónoma dos … · 2017. 8. 18. · Figura 2 Distribuição geográfica mundial da escassez física de água 7 Figura 3 Distribuição

ix

ABSTRACT

Nowadays despite been essential to life and to economical development water is

subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water

shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water

resources associated to the implementation of sustainable management practices is

extremely urgent and necessary

The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores

extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel

island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk

butter cheese and milk powder

It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk

collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume

corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected

corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption

of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy

industries and finally the water used in the production of packaging for one year also

The value obtained is called Virtual Water dairy products

Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 2

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Enquadramento

O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre

em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre

Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito

de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel

socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua

Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou

serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no

conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado

ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto

ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos

Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela

nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O

planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria

salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser

usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia

Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o

desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da

mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel

um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja

inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica

O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo

agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da

captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades

domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial

Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os

140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante

(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 3

Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua

virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011

em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o

forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada

dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter

origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)

Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior

peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o

comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com

61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)

Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52

m3hab

ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e

mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for

adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura

aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel

pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)

12 Acircmbito e objetivos

O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na

produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs

faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do

tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo

A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de

produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo

inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo

Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute

tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 4

13 Estrutura do trabalho

A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os

seguintes aspetos

No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos

O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia

quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu

No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual

O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da

dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da

investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI

No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e

as suas atividades

O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se

agrave respetiva discussatildeo

No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo

Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves

fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 5

2 A AacuteGUA COMO RECURSO

21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra

A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou

animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente

em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra

Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou

doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo

nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua

distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente

movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)

Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)

A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por

mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos

atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km

3) apenas

08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo

para abastecimento humano (Tabela 1)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 6

Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)

Reservatoacuterio Total Aacutegua doce

Oceanos

Gelo e neve

965

18

966

Aacutegua

subterracircnea

Doce 076 301

Salgada 093

Aacutegua superficial

Aacutegua no solo

Lagos (aacutegua doce) 0007 026

Lagos (aacutegua

salgados)

0006

Pacircntanos 00008 003

Rios 00002

00012

0006

005

Atmosfera 0001 004

Biosfera 00001 0003

Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por

se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo

usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo

eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo

A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com

escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais

sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo

abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso

humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por

paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos

ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 7

Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)

Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab

ano em

Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)

A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25

desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute

foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade

de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua

disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na

induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 8

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain

2007b)

22 Consumo de aacutegua na Europa

Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da

Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da

mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que

eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior

percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico

(figura 4) (Karavatis)

Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de

aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade

populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos

paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector

o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes

A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a

meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499

para 5 170 m3hab

ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total

de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o

consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que

eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para

descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 9

lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito

miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal

No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per

capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida

das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na

poupanccedila de aacutegua (Karavatis)

Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 10

23 Consumo de aacutegua em Portugal

231 Consumo de aacutegua em Portugal

Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por

habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica

Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)

Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado

posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da

presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que

exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal

parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica

do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)

referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave

importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)

Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector

industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o

sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)

Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)

(PNA 2012)

A B

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 11

232 Qualidade da aacutegua em Portugal

Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na

generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade

realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua

evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao

presente (Figura 6A)

A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como

boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute

qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel

(Figura 6B)

Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees

em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)

B A

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 12

233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as

necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de

20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de

energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo

consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta

teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares

Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo

de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees

82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da

legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser

considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava

paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua

deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo

ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos

naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das

atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a

atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para

aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades

significativas de aacutegua

Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros

podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do

proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute

convertida em aacuteguas residuais

De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a

maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros

focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores

(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas

com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de

poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 13

Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm

a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes

urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material

utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem

de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos

dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de

fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 14

3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL

Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi

reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a

aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes

do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre

os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade

dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)

Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees

internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor

John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)

Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos

agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima

2008)

A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou

serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem

no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma

medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se

estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a

aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)

Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices

quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e

autossuficiecircncia de aacutegua

Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua

virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a

quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)

Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum

bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros

de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros

de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de

aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 15

O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua

Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo

Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os

fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de

produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)

O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma

vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes

das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 16

4 METODOLOGIA

41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra

A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no

sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas

A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental

para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro

passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo

(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de

acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na

internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados

referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de

leite para o sector industrial

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber

como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua

que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais

mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)

42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo

Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise

e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Seleccedilatildeo do grupo de

anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das

empresas

Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e

outputs Interpretaccedilatildeo dos

Resultados

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 17

Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se

chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de

vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e

aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas

na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos

necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute

contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um

deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que

entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos

resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente

estudo

Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo

natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo

relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual

Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que

calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra

na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto

final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 18

uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma

precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano

421 Ciclo de vida do gado leiteiro

Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios

propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas

Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)

Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo

metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo

Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)

Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-

se 35 L x 365 d= 12 775 L

Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)

422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos

Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma

determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e

do tipo de produto

H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)

Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo

ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 19

H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)

Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)

Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)

Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)

Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se

os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)

Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte

equaccedilatildeo (eq 9)

H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80

H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da

vaca (L) pano nas ilhas x 80

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)

( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X

50))

( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X

50))

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 20

5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA

51 Arquipeacutelago dos Accedilores

O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos

36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute

formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o

Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e

Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca

de 2 322 km2

Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)

O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas

de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o

territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional

varia entre 219 e 3418 habkm2

De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no

arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute

condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A

amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida

e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 21

A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930

mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)

O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico

refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no

geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha

Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)

A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a

cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52

acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas

(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da

Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes

menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800

m de altitude (Cruz et al 2009)

O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande

parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas

tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade

vulcacircnica(Cruz et al 2009)

Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem

vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e

azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG

2001)

O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo

vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas

registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo

destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para

NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)

Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem

intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas

diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo

o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 22

A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados

estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo

Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel

relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem

observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem

como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos

tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente

vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de

erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos

piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)

A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos

serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das

atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)

estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram

responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros

contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total

(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)

Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash

construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e

domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e

comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)

111

109

61

228156

336 1

2

3

4

5

6

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 23

O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com

601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector

secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as

ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira

52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental

Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre

foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em

Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada

quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que

autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo

Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada

qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional

Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute

criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha

vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam

de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)

Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a

2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a

2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na

produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de

apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 24

Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)

Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)

2007 1 909 440

2008 1 960 899

2009 1 938 641

2010 1 860574

2011 1 860 831

Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em

todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a

este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite

UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com

impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de

aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas

Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito

a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em

parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo

Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das

associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o

GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios

agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)

Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos

sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela

3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que

maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-

se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram

os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma

evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a

diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24

326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011

os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 25

Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)

Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011

Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo

26

367 375

25 966 137

Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

25 858 430 25 289 152

Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

29 867 949 30 313 630

Abril Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 513 001 31 933 104

Maio Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

34 156 283 35 321 861

Junho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

32 761 050 33 910 081

Julho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 480 274 32 716 997

Agosto Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

27 941 816 29 101 970

Setembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 413 105 26 506 695

Outubro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 007 653 26 610 025

Novembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 326 655

25 040 257

Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 894 278 26 955 549

Total 339 587 869 349 665 458

No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite

para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 26

atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a

que menos produz (Tabela 4)

Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)

(SREA2012)

53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo

Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente

trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por

motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim

como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas

531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A

A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a

farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A

partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e

atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as

outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa

ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus

produtos

Ilha

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2008

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2009

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2010

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2011

Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408

Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982

Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296

Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242

Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415

Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736

Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908

Corvo 1 405 3 22441 0 2248

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 27

Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e

produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)

O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o

arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a

outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o

armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo

armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de

desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo

posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando

pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)

Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009

aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a

empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua

evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e

posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial

desde que natildeo haja contacto com o produto

Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da

vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal

Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado

ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em

conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma

licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada

entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas

condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental

A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em

Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente

produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal

Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede

municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo

conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 28

consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m

3 em 2010 e

43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)

Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3

t e 8592 m3

t

para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave

empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)

Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)

102 65200 m3 (2009) 22 24900 m

3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o

registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)

Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e

2011)

Consumo

de aacutegua

municipal

2008

Consumo

de aacutegua

salgada

2008

Consumo

de aacutegua

municipal

2009

Consumo

de aacutegua

salgada

2009

Consumo

de aacutegua

municipal

2010

Consumo

de aacutegua

salgada

2010

Consumo

de aacutegua

municipal

2011

Consumo

de aacutegua

salgada

2011

Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692

Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492

Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927

Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734

Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622

Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732

Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995

Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263

Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526

Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213

Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874

Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885

Total

anual

66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835

Meacutedia

anual

5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486

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Joana Machado Paacutegina 29

Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de

2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura

12)

Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de

marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que

se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro

Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -

2011)

Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho

de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela

6 Figura 13)

No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes

mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)

sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por

uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008

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Joana Machado Paacutegina 30

Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Leite

recebido

2011

Soro

recebido

2011

Leite

recebido

2010

Soro

recebido

2010

Leite

recebido

2009

Soro

recebido

2009

Leite

recebido

(2008

Soro

recebido

2008

Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210

Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437

Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401

Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368

Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219

Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265

Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235

Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364

Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376

Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338

Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350

Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239

Total

anual

72 103 2415 73 280 2

634451

71 144 2 507 74 507 3 802

Meacutedia

anual

6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833

Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Leite recebido (ton) 2011

Leite recebido (ton) 2010

Leite recebido (ton) 2009

Leite recebido (ton) 2008

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Joana Machado Paacutegina 31

Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A

entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011

com um leve decreacutescimo (Tabela 7)

Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e

2011)

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2008

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2009

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2010

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2011

Jan 859 906 784 83059

Fev 868 256 748 71868

Mar 929 913 839 935755

Abr 889 909 872 8792

Mai 895 933 875 96577

Jun 847 914 859 896085

Jul 918 927 943 836515

Ago 860 793 811 882075

Set 688 812 781 33077

Out 678 667 698 2103

Nov 719 627 661 667125

Dez 689 704 659 79611

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Soro recebido (ton) 2011

Soro recebido (ton) 2010

Soro recebido (ton) 2009

Soro recebido (ton) 2008

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Joana Machado Paacutegina 32

Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975

Meacutedia

anual

820 780083 794 7457479

Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram

janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior

produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)

Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A

(2008 ndash 2011)

532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2

A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e

duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas

quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em

poacute e lactosoro em poacute

Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril

da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W

A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo

com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se

a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma

0

200

400

600

800

1000

1200

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008

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Joana Machado Paacutegina 33

reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica

regional

A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do

atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de

produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo

Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo

e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente

Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute

existentes (Tavares 2008)

A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga

leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de

induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo

grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos

de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3

(Tavares 2008)

Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a

nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga

Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da

captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes

situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia

dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma

captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da

Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)

O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para

2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)

O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um

aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente

tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144

m3) (Tabela 8)

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Joana Machado Paacutegina 34

Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m

3) na empresa B1 (2008-

2011)

Total

Consumo

de aacutegua

2008

Caudal

efluente

tratado

2008

Total

Consumo

de aacutegua

2009

Caudal

efluente

tratado

2009

Total

Consumo

de aacutegua

2010

Caudal

efluente

tratado

2010

Total

Consumo

de aacutegua

2011

Caudal

efluente

tratado

2011

Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092

Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669

Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933

Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247

Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346

Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236

Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174

Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873

Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785

Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505

Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644

Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757

Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261

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Joana Machado Paacutegina 35

Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas

C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens

(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos

administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor

os vestiaacuterios e o refeitoacuterio

C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da

manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo

do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado

desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca

de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da

concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da

temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas

higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo

onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final

seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e

expediccedilatildeo

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Total Consumo de aacutegua (m3) 2011

Caudal efluente tratado (m3) 2011

Total Consumo de aacutegua (m3) 2010

Caudal efluente tratado (m3) 2010

Total Consumo de aacutegua (m3) 2009

Caudal efluente tratado (m3) 2009

Total Consumo de aacutegua (m3) 2008

Caudal efluente tratado (m3) 2008

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Joana Machado Paacutegina 36

C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo

retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute

efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o

leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento

num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior

parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C

para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril

C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das

proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar

forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na

salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode

ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo

eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a

temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura

Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos

meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009

(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4

em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009

No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e

o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e

agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1

nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)

Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua

residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)

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Joana Machado Paacutegina 37

Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)

(2010 - 2011)

Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma

maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que

se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo

aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser

explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e

consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 ndash 2009

C2 - 2009

C3 ndash 2009

C4 ndash 2009

C1 ndash 2008

C2 - 2008

C3 ndash 2008

C4 ndash 5

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 - 2011

C2 - 2011

C 3 - 2011

C 4 - 2011

C1 - 2010

C2 - 2010

C3 - 2010

C4 - 2010

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Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -

2011)

Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas

(m3) na empresa B2 (2008-2011)

Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem

foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que

menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela

10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas

residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os

maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees

As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam

resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a

estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

100000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas residuais

Volume (m3) de aacutegua consumida

na instalaccedilatildeo fabril e origem na

Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas

residuais

2008 87 313 60 110

2009 65 851 45 248

2010 54 752 36 338

2011 41 4315 2 565

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Joana Machado Paacutegina 39

Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)

Quantidade leite

recebido

Quantidade produto final

2008 34 1216 30 3916

2009 33 391 29 076

2010 33 0979 27 5678

2011 28 454 24 0993

533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C

A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura

transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor

dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de

uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C

estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz

cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve

continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas

estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior

bacia leiteira dos Accedilores

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) leite recebido

Quantidade (m3) produto final

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Joana Machado Paacutegina 40

Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes

ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por

ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs

Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)

manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas

mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo

Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo

No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na

Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados

Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no

entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do

mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a

produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo

Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011

Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem

na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo

de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste

nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que

nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro

apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se

um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos

restantes meses ateacute ao final de 2011

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 41

Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal

(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)

Ano 2011 Aacutegua da Rede

Municiapl

Aacutegua do Furo Aacutegua residual

Caudal mensal

Janeiro 15 344 0 2 928

Fevereiro 13 996 446 18 494

Marccedilo 11 105 3 642 34 899

Abril 12 726 4 466 12 758

Maio 10 460 7 798 12 038

Junho 11 362 8 142 9 968

Julho 12 413 8 097 12 182

Agosto 9 365 7 851 9 721

Setembro 9 623 8 442 12 413

Outubro 10 296 7 753 11 294

Novembro 8 628 6 976 10 637

Dezembro 9 390 6 679 10 799

Total 134 708 5 858 158 131

Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C

(2011)

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Aacutegua da Rede Municiapl

Aacutegua do Furo

Agua residual Caudal mensal

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Joana Machado Paacutegina 42

534 Empacotamento do leite

5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite

Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos

liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de

camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para

embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da

seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)

Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam

qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem

e facilitam a soldadura

Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando

a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos

Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio

ao cartatildeo

Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo

Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior

Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-

Paiva 2003)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 43

5342Enchimento

As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na

maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura

23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da

embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de

hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos

evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado

O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute

dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as

embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)

Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com

eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas

embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo

necessaacuterios 383 X10^10

L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por

cada embalagem (Tabela 11)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 44

Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)

Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de

enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)

Eletricidade [kW]

Vapor [kg]

Aacutegua [L]

Peroacutexido de

Hidrogeacutenio [L]

166times102

300times10-4

383times10-1

250times10-4

Selagem por induccedilatildeo

de calor

Tubo de

enchiment

o abaixo

do niacutevel do

liacutequido

Extremidades

seladas por

induccedilatildeo de

calor

Soluccedilatildeo

esterilizador

a (Peroacutexido

de

hidrogeacutenio)

Aacuterea de esterilizaccedilatildeo

fechada

Embalagem final

cheia e fechada

Rolo de embalagens

preacute-impresso

1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de

enchimento

2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de

entrarem na zona de enchimento

3Leite e embalagens combinados na zona

esterilizada

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 45

54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro

O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca

de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas

que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves

matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e

forragens

O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No

entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores

e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente

criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos

principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a

Portugal

Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6

670 exploraccedilotildees (SREA 2012)

541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro

Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees

nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas

leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo

Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo

cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de

origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais

com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a

respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)

fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000

UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)

Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os

mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 46

composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura

bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)

No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm

tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel

composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta

(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)

A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida

existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos

12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000

kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute

existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores

estimados

542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro

Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem

perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina

fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos

importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que

proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere

A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as

vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia

nutricional e do qualquer outro animal

Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior

quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave

quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido

O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A

quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo

de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre

outros fatores (AJAM 2012)

A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A

temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere

por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 47

ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca

leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o

que for necessaacuterio

Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia

mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia

65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia

543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto

A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo

qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a

sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto

desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando

chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO

14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de

objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees

diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)

Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)

Modelo da Analise do Ciclo de

Vida

Definiccedilatildeo de

objetivo e

alcance

Anaacutelise do

inventaacuterio

Avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais

Inte

rpre

taccedilatilde

o e

av

alia

ccedilatildeo

Aplicaccedilotildees diretas

Conceccedilatildeo e melhoria de

produtos

Planificaccedilatildeo estrateacutegica

Desenvolvimento de

poliacuteticas puacuteblicas

Marketing

Outros

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 48

Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha

de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica

Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a

qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se

iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a

normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o

leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com

a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e

coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No

fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma

ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor

A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido

e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem

De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase

de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o

uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre

outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os

produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees

atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um

esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido

na Figura 25

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo

Faacutebrica

Ciclo de produccedilatildeo

Inputs

Mateacuteria - prima

Aacutegua

Combustiacuteveis

Eletricidade

Outputs

Produtos

Aacuteguas Residuais

Emissotildees

atmosfeacutericas

Resiacuteduos

Energia

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Joana Machado Paacutegina 49

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar

valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede

municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas

faacutebricas e o produto final (Tabela 13)

Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7

(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos

para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das

Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave

produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de

modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o

somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o

somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida

parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo

valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo

final

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B2

Leite UHT

2008 1ordf 126 250 2628

2ordf 175 252 0509 65

2009 1ordf 103 699 908

2ordf 71 552 14286 6

2010 1ordf 91 788 7874

2ordf 162 712 8588 6

2011 1ordf 73 424 7319

2ordf 134 397 589 55

C

Leite UHT

2011 1ordf 290 521 3264

2ordf 467 766 5121 92

Queijo

2011

1ordf 206 985 1468

2ordf 384 230 3325 126

Manteiga

2011

1ordf 211 617 1536

2ordf 388 862 3393 95

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Joana Machado Paacutegina 50

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas (continuaccedilatildeo)

A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano

contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado

leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto

ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano

Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal

Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano

comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se

que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute

Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604

Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade

fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a

unidade B1

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B1

Queijo

2008 1ordf 200 136 3641

2ordf 221 151 1789 234

2009 1ordf 246 905 4224

2ordf 466 797 9329 257

2010 1ordf 258 496 3994

2ordf 475 036 129 26

2011 1ordf 260 433 8293

2ordf 482 828 1566 25

B1

Manteiga

2008 1ordf 319 231 7427

2ordf 540 382 9216 153

2009 1ordf 254 190 7816

2ordf 474 083 2921 12

2010 1ordf 240 425 0996

2ordf 456 964 8292 127

2011 1ordf 257 692 3862

2ordf 480 086 7135 129

A

Manteiga

+

Leite em Poacute

2008 1ordf 621 599 5243

2ordf 634 517 000 32

2009 1ordf 828 542 0485

2ordf 840 877 000 45

2010 1ordf 719 846 301

2ordf 732 551 571 38

2011 1ordf 738 265 1845

2ordf 750 766 5715 41

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 51

Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se

efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute

igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta

empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas

O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo

passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos

seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua

virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso

da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando

com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa

C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais

baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos

processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)

O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite

que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos

(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por

ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os

restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2

100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT

No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite

teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente

30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para

UHT

Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra

parte vai para o leite em poacute

A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C

utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros

de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L

de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 52

A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga

deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga

num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados

Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo

valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo

constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro

Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas

raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo

e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais

erva)

Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo

seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain

(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua

virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)

Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e

C (2011)

C 22

B1 70

A 8

Manteiga

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 53

Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C

(2011)

B1 66

C 34

Queijo

63

37

Leite UHT

B2 C

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 54

Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta

forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA

recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor

Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os

resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no

leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos

dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um

decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011

Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha

de Satildeo Miguel

2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total

Ilha de

Satildeo

Miguel

329 627 021 X

80= 263 701

617 L

340 405 998 X

80= 272 324

798 L

339 702 819 X

80= 271 762

255 L

318 246 409 X

80= 254 597

127 L

331 995 618 X

80= 265 596

4494 L

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 55

Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria

de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15

Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite

diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do

leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o

que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de

aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a

industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614

0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de

leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788

1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite

As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com

valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres

12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor

valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)

Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo

para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando

se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto

possa conter tanta aacutegua

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 56

Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo

para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

2008 329 627 021

X 80=

263

701 617 L

129 312

746 X

80= 103

450 1968 L

7 909 254

X 80= 6

327 403 L

27 771 834

X 80= 22

217 467 L

6 896 744 X

80= 5 517

395 L

12 594 346

X 80= 10

075 477 L

785 179 X

80= 628

1432 L

16 860 X

80= 13

488 L

2009 340 405 998

X 80=

272

324 798 L

138 353

863 X

80= 110

683 090 L

8 112 299

X 80= 6

489 839 L

29 848 324

X 80= 23

878 659 L

8 544 727 X

80= 6 835

782 L

13 187 592

X 80= 10

550 074 L

1 690 260

X 80= 1

352 208 L

38 693 X

80= 30

954 L

2010 339 702 819

X 80=

271 762 255

L

136 515

935 X

80= 109

212 748 L

7 994 445

X 80= 6

395 556 L

28 956 554

X 80= 23

165 243 L

8 399 352 X

80= 6 719

482 L

12 350 878

X 80= 9

880 702 L

1 497 168

X 80= 1

197 734 L

0 L

2011 318 246 409

X 80=

254 597 127

L

138 887

784 X

80= 111

110 22720

L

7 836 356

X 80= 6

269 085 L

28 575 890

X 80= 22

860 712 L

8 561 298 X

80= 6 849

038 L

12 560 084

X 80= 10

048 067 L

1 080 709

X 80=

864 567 L

0 L

Meacutedia total 331 995 618

X 80=

265 596

4494 L

135 767

580 X

80= 108

614 0656 L

7 963

0885 X

80 = 6

370 4708

L

28 788

1505

X80= 23

030 5204 L

8 089

28025

X80= 6

471 4242 L

9 524 641 X

80= 7 619

71331 L

1 263 329

X 80= 1

010 6632

L

13

88825

X80=

11 1106

L

Aacutegua

Virtual na

meacutedia total

1 593 578

696

651 684

3936

382 228

2248

138 183

1224

38 828

5452

45 718

27986

6 063

9792

66 6636

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 57

Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)

seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo

no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com

1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente

da produccedilatildeo na RAA

Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel

para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449

821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios

de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua

associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424

00 m3 e agrave manteiga 61 000 m

3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os

valores referentes agrave pastagem

Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de

referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6

773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os

64

23

1 6

2 2 1 1

Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 58

valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3

(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m

3 (manteiga)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 59

7 CONCLUSOtildeES

A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo

existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute

chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua

num determinado sector eou produto

Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos

em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao

longo deste estudo

De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo

existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados

especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As

empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees

por exemplo

Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os

dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo

estipulado o que tornou o estudo mais generalista

Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos

produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas

empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e

consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais

aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais

sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate

mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e

manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes

envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua

virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel

calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes

em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do

leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6

isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 60

como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa

e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2

Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em

percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto

com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por

completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do

produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito

proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa

B1

Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado

inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas

contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram

caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos

natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores

gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas

tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que

dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos

Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo

laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa

qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos

processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de

empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 61

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novembro de 2011

World Wide Foundation for Nature (2011)Disponiacutevel em

httpwwwwwfpto_que_fazemospor_um_planeta_vivopegada_hidrica_em_portugal

_2011 Acedido a 5 de novembro de 2011

ANEXO 1

No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da

RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa

produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo

Questotildees Respostas

1 Que quantidade de leite que entra

na faacutebrica por mecircs e por ano

2 Quais os produtos que produz a

faacutebrica

3 Que quantidades satildeo produzidas

por mecircs e por ano dos diferentes

produtos (separados)

4 Para 1Kg de queijo quantos L de

aacutegua satildeo usados

5 E para 1Kg manteiga quantos

litros de aacutegua satildeo usados

6 E para as natas satildeo necessaacuterios

quantos L de aacutegua

7 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada pela faacutebrica por mecircs e

por ano

8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica

Que quantidade de aacutegua eacute retirada

pelo furo por mecircs e por ano

9 Que quantidades de aacuteguas

residuais produzem na faacutebrica

10 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada para refrigeraccedilatildeo

11 Tecircm um esquema do ciclo de

produccedilotildees que possam

disponibilizar

Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo

Joana Machado

ANEXO II

Processo produtivo

Armazenamento

Arrefecimento

Receccedilatildeo

Desnate

Armazenamento

desnatado

Armazenamento

nata

Produccedilatildeo

Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem

Enchimento

Secagem

Homogeneizaccedilatildeo

Concentraccedilatildeo

Pasteurizaccedilatildeo

ANEXO III

Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo

i-iacuteiacuteiacutea-----t-

AgravelG= l6-11

Acirccigravedez= E-17 C

NaCl r291sal e0 lsnal

lIgraveunitlaamp l6qocirc

Mrtr-gg

Expdrccedilatildeo

Qucilo Fabnco

Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I

s9mq9mExpediccedilatildeo

_t-I Armazenageln llcnrP

ric--T--

t-llCotdo eml

I u l

t Epdtccedilatilde I

Sacos de 25Kg

I+IacutefilAtildeqol

IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I

crnp lmbrcilla

l ll]j n u uo0

iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet

IY

Tratamento do

Soro

lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras

J

tit=tstl

lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1

LeiteMago

em Poacute

Saco Atrn saco plaacutestico

roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa

separadora caixa de callatildeo

I E-pdiccedilatilde I

Page 12: Água virtual no sector dos lacticínios na Região Autónoma dos … · 2017. 8. 18. · Figura 2 Distribuição geográfica mundial da escassez física de água 7 Figura 3 Distribuição

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 2

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Enquadramento

O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre

em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre

Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito

de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel

socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua

Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou

serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no

conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado

ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto

ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos

Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela

nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O

planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria

salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser

usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia

Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o

desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da

mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel

um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja

inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica

O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo

agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da

captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades

domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial

Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os

140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante

(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 3

Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua

virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011

em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o

forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada

dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter

origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)

Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior

peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o

comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com

61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)

Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52

m3hab

ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e

mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for

adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura

aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel

pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)

12 Acircmbito e objetivos

O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na

produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs

faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do

tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo

A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de

produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo

inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo

Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute

tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 4

13 Estrutura do trabalho

A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os

seguintes aspetos

No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos

O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia

quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu

No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual

O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da

dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da

investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI

No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e

as suas atividades

O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se

agrave respetiva discussatildeo

No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo

Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves

fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 5

2 A AacuteGUA COMO RECURSO

21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra

A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou

animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente

em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra

Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou

doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo

nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua

distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente

movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)

Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)

A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por

mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos

atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km

3) apenas

08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo

para abastecimento humano (Tabela 1)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 6

Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)

Reservatoacuterio Total Aacutegua doce

Oceanos

Gelo e neve

965

18

966

Aacutegua

subterracircnea

Doce 076 301

Salgada 093

Aacutegua superficial

Aacutegua no solo

Lagos (aacutegua doce) 0007 026

Lagos (aacutegua

salgados)

0006

Pacircntanos 00008 003

Rios 00002

00012

0006

005

Atmosfera 0001 004

Biosfera 00001 0003

Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por

se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo

usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo

eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo

A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com

escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais

sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo

abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso

humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por

paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos

ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 7

Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)

Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab

ano em

Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)

A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25

desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute

foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade

de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua

disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na

induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 8

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain

2007b)

22 Consumo de aacutegua na Europa

Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da

Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da

mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que

eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior

percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico

(figura 4) (Karavatis)

Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de

aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade

populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos

paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector

o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes

A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a

meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499

para 5 170 m3hab

ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total

de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o

consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que

eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para

descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 9

lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito

miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal

No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per

capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida

das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na

poupanccedila de aacutegua (Karavatis)

Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 10

23 Consumo de aacutegua em Portugal

231 Consumo de aacutegua em Portugal

Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por

habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica

Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)

Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado

posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da

presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que

exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal

parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica

do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)

referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave

importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)

Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector

industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o

sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)

Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)

(PNA 2012)

A B

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 11

232 Qualidade da aacutegua em Portugal

Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na

generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade

realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua

evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao

presente (Figura 6A)

A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como

boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute

qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel

(Figura 6B)

Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees

em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)

B A

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 12

233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as

necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de

20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de

energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo

consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta

teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares

Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo

de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees

82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da

legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser

considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava

paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua

deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo

ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos

naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das

atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a

atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para

aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades

significativas de aacutegua

Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros

podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do

proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute

convertida em aacuteguas residuais

De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a

maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros

focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores

(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas

com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de

poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 13

Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm

a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes

urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material

utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem

de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos

dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de

fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 14

3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL

Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi

reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a

aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes

do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre

os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade

dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)

Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees

internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor

John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)

Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos

agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima

2008)

A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou

serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem

no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma

medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se

estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a

aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)

Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices

quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e

autossuficiecircncia de aacutegua

Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua

virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a

quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)

Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum

bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros

de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros

de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de

aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 15

O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua

Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo

Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os

fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de

produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)

O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma

vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes

das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 16

4 METODOLOGIA

41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra

A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no

sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas

A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental

para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro

passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo

(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de

acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na

internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados

referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de

leite para o sector industrial

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber

como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua

que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais

mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)

42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo

Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise

e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Seleccedilatildeo do grupo de

anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das

empresas

Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e

outputs Interpretaccedilatildeo dos

Resultados

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 17

Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se

chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de

vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e

aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas

na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos

necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute

contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um

deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que

entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos

resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente

estudo

Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo

natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo

relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual

Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que

calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra

na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto

final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 18

uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma

precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano

421 Ciclo de vida do gado leiteiro

Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios

propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas

Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)

Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo

metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo

Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)

Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-

se 35 L x 365 d= 12 775 L

Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)

422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos

Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma

determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e

do tipo de produto

H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)

Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo

ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 19

H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)

Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)

Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)

Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)

Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se

os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)

Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte

equaccedilatildeo (eq 9)

H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80

H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da

vaca (L) pano nas ilhas x 80

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)

( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X

50))

( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X

50))

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 20

5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA

51 Arquipeacutelago dos Accedilores

O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos

36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute

formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o

Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e

Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca

de 2 322 km2

Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)

O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas

de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o

territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional

varia entre 219 e 3418 habkm2

De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no

arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute

condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A

amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida

e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 21

A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930

mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)

O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico

refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no

geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha

Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)

A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a

cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52

acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas

(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da

Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes

menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800

m de altitude (Cruz et al 2009)

O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande

parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas

tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade

vulcacircnica(Cruz et al 2009)

Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem

vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e

azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG

2001)

O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo

vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas

registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo

destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para

NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)

Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem

intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas

diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo

o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 22

A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados

estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo

Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel

relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem

observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem

como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos

tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente

vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de

erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos

piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)

A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos

serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das

atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)

estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram

responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros

contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total

(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)

Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash

construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e

domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e

comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)

111

109

61

228156

336 1

2

3

4

5

6

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 23

O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com

601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector

secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as

ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira

52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental

Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre

foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em

Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada

quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que

autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo

Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada

qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional

Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute

criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha

vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam

de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)

Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a

2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a

2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na

produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de

apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 24

Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)

Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)

2007 1 909 440

2008 1 960 899

2009 1 938 641

2010 1 860574

2011 1 860 831

Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em

todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a

este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite

UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com

impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de

aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas

Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito

a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em

parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo

Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das

associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o

GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios

agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)

Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos

sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela

3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que

maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-

se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram

os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma

evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a

diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24

326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011

os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 25

Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)

Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011

Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo

26

367 375

25 966 137

Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

25 858 430 25 289 152

Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

29 867 949 30 313 630

Abril Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 513 001 31 933 104

Maio Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

34 156 283 35 321 861

Junho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

32 761 050 33 910 081

Julho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 480 274 32 716 997

Agosto Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

27 941 816 29 101 970

Setembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 413 105 26 506 695

Outubro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 007 653 26 610 025

Novembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 326 655

25 040 257

Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 894 278 26 955 549

Total 339 587 869 349 665 458

No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite

para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 26

atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a

que menos produz (Tabela 4)

Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)

(SREA2012)

53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo

Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente

trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por

motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim

como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas

531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A

A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a

farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A

partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e

atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as

outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa

ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus

produtos

Ilha

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2008

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2009

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2010

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2011

Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408

Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982

Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296

Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242

Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415

Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736

Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908

Corvo 1 405 3 22441 0 2248

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 27

Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e

produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)

O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o

arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a

outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o

armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo

armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de

desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo

posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando

pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)

Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009

aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a

empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua

evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e

posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial

desde que natildeo haja contacto com o produto

Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da

vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal

Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado

ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em

conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma

licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada

entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas

condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental

A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em

Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente

produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal

Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede

municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo

conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 28

consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m

3 em 2010 e

43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)

Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3

t e 8592 m3

t

para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave

empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)

Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)

102 65200 m3 (2009) 22 24900 m

3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o

registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)

Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e

2011)

Consumo

de aacutegua

municipal

2008

Consumo

de aacutegua

salgada

2008

Consumo

de aacutegua

municipal

2009

Consumo

de aacutegua

salgada

2009

Consumo

de aacutegua

municipal

2010

Consumo

de aacutegua

salgada

2010

Consumo

de aacutegua

municipal

2011

Consumo

de aacutegua

salgada

2011

Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692

Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492

Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927

Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734

Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622

Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732

Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995

Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263

Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526

Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213

Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874

Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885

Total

anual

66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835

Meacutedia

anual

5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486

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Joana Machado Paacutegina 29

Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de

2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura

12)

Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de

marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que

se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro

Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -

2011)

Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho

de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela

6 Figura 13)

No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes

mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)

sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por

uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008

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Joana Machado Paacutegina 30

Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Leite

recebido

2011

Soro

recebido

2011

Leite

recebido

2010

Soro

recebido

2010

Leite

recebido

2009

Soro

recebido

2009

Leite

recebido

(2008

Soro

recebido

2008

Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210

Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437

Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401

Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368

Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219

Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265

Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235

Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364

Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376

Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338

Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350

Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239

Total

anual

72 103 2415 73 280 2

634451

71 144 2 507 74 507 3 802

Meacutedia

anual

6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833

Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Leite recebido (ton) 2011

Leite recebido (ton) 2010

Leite recebido (ton) 2009

Leite recebido (ton) 2008

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Joana Machado Paacutegina 31

Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A

entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011

com um leve decreacutescimo (Tabela 7)

Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e

2011)

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2008

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2009

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2010

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2011

Jan 859 906 784 83059

Fev 868 256 748 71868

Mar 929 913 839 935755

Abr 889 909 872 8792

Mai 895 933 875 96577

Jun 847 914 859 896085

Jul 918 927 943 836515

Ago 860 793 811 882075

Set 688 812 781 33077

Out 678 667 698 2103

Nov 719 627 661 667125

Dez 689 704 659 79611

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Soro recebido (ton) 2011

Soro recebido (ton) 2010

Soro recebido (ton) 2009

Soro recebido (ton) 2008

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Joana Machado Paacutegina 32

Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975

Meacutedia

anual

820 780083 794 7457479

Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram

janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior

produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)

Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A

(2008 ndash 2011)

532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2

A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e

duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas

quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em

poacute e lactosoro em poacute

Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril

da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W

A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo

com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se

a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma

0

200

400

600

800

1000

1200

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008

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Joana Machado Paacutegina 33

reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica

regional

A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do

atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de

produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo

Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo

e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente

Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute

existentes (Tavares 2008)

A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga

leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de

induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo

grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos

de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3

(Tavares 2008)

Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a

nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga

Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da

captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes

situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia

dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma

captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da

Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)

O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para

2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)

O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um

aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente

tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144

m3) (Tabela 8)

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Joana Machado Paacutegina 34

Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m

3) na empresa B1 (2008-

2011)

Total

Consumo

de aacutegua

2008

Caudal

efluente

tratado

2008

Total

Consumo

de aacutegua

2009

Caudal

efluente

tratado

2009

Total

Consumo

de aacutegua

2010

Caudal

efluente

tratado

2010

Total

Consumo

de aacutegua

2011

Caudal

efluente

tratado

2011

Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092

Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669

Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933

Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247

Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346

Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236

Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174

Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873

Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785

Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505

Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644

Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757

Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261

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Joana Machado Paacutegina 35

Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas

C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens

(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos

administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor

os vestiaacuterios e o refeitoacuterio

C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da

manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo

do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado

desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca

de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da

concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da

temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas

higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo

onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final

seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e

expediccedilatildeo

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Total Consumo de aacutegua (m3) 2011

Caudal efluente tratado (m3) 2011

Total Consumo de aacutegua (m3) 2010

Caudal efluente tratado (m3) 2010

Total Consumo de aacutegua (m3) 2009

Caudal efluente tratado (m3) 2009

Total Consumo de aacutegua (m3) 2008

Caudal efluente tratado (m3) 2008

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Joana Machado Paacutegina 36

C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo

retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute

efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o

leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento

num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior

parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C

para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril

C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das

proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar

forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na

salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode

ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo

eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a

temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura

Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos

meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009

(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4

em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009

No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e

o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e

agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1

nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)

Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua

residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)

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Joana Machado Paacutegina 37

Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)

(2010 - 2011)

Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma

maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que

se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo

aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser

explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e

consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 ndash 2009

C2 - 2009

C3 ndash 2009

C4 ndash 2009

C1 ndash 2008

C2 - 2008

C3 ndash 2008

C4 ndash 5

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 - 2011

C2 - 2011

C 3 - 2011

C 4 - 2011

C1 - 2010

C2 - 2010

C3 - 2010

C4 - 2010

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Joana Machado Paacutegina 38

Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -

2011)

Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas

(m3) na empresa B2 (2008-2011)

Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem

foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que

menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela

10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas

residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os

maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees

As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam

resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a

estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

100000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas residuais

Volume (m3) de aacutegua consumida

na instalaccedilatildeo fabril e origem na

Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas

residuais

2008 87 313 60 110

2009 65 851 45 248

2010 54 752 36 338

2011 41 4315 2 565

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Joana Machado Paacutegina 39

Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)

Quantidade leite

recebido

Quantidade produto final

2008 34 1216 30 3916

2009 33 391 29 076

2010 33 0979 27 5678

2011 28 454 24 0993

533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C

A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura

transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor

dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de

uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C

estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz

cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve

continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas

estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior

bacia leiteira dos Accedilores

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) leite recebido

Quantidade (m3) produto final

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Joana Machado Paacutegina 40

Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes

ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por

ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs

Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)

manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas

mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo

Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo

No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na

Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados

Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no

entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do

mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a

produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo

Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011

Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem

na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo

de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste

nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que

nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro

apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se

um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos

restantes meses ateacute ao final de 2011

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Joana Machado Paacutegina 41

Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal

(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)

Ano 2011 Aacutegua da Rede

Municiapl

Aacutegua do Furo Aacutegua residual

Caudal mensal

Janeiro 15 344 0 2 928

Fevereiro 13 996 446 18 494

Marccedilo 11 105 3 642 34 899

Abril 12 726 4 466 12 758

Maio 10 460 7 798 12 038

Junho 11 362 8 142 9 968

Julho 12 413 8 097 12 182

Agosto 9 365 7 851 9 721

Setembro 9 623 8 442 12 413

Outubro 10 296 7 753 11 294

Novembro 8 628 6 976 10 637

Dezembro 9 390 6 679 10 799

Total 134 708 5 858 158 131

Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C

(2011)

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Aacutegua da Rede Municiapl

Aacutegua do Furo

Agua residual Caudal mensal

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Joana Machado Paacutegina 42

534 Empacotamento do leite

5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite

Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos

liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de

camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para

embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da

seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)

Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam

qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem

e facilitam a soldadura

Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando

a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos

Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio

ao cartatildeo

Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo

Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior

Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-

Paiva 2003)

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Joana Machado Paacutegina 43

5342Enchimento

As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na

maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura

23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da

embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de

hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos

evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado

O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute

dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as

embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)

Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com

eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas

embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo

necessaacuterios 383 X10^10

L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por

cada embalagem (Tabela 11)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 44

Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)

Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de

enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)

Eletricidade [kW]

Vapor [kg]

Aacutegua [L]

Peroacutexido de

Hidrogeacutenio [L]

166times102

300times10-4

383times10-1

250times10-4

Selagem por induccedilatildeo

de calor

Tubo de

enchiment

o abaixo

do niacutevel do

liacutequido

Extremidades

seladas por

induccedilatildeo de

calor

Soluccedilatildeo

esterilizador

a (Peroacutexido

de

hidrogeacutenio)

Aacuterea de esterilizaccedilatildeo

fechada

Embalagem final

cheia e fechada

Rolo de embalagens

preacute-impresso

1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de

enchimento

2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de

entrarem na zona de enchimento

3Leite e embalagens combinados na zona

esterilizada

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 45

54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro

O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca

de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas

que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves

matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e

forragens

O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No

entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores

e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente

criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos

principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a

Portugal

Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6

670 exploraccedilotildees (SREA 2012)

541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro

Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees

nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas

leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo

Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo

cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de

origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais

com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a

respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)

fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000

UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)

Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os

mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma

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Joana Machado Paacutegina 46

composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura

bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)

No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm

tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel

composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta

(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)

A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida

existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos

12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000

kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute

existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores

estimados

542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro

Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem

perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina

fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos

importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que

proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere

A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as

vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia

nutricional e do qualquer outro animal

Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior

quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave

quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido

O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A

quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo

de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre

outros fatores (AJAM 2012)

A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A

temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere

por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 47

ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca

leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o

que for necessaacuterio

Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia

mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia

65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia

543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto

A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo

qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a

sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto

desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando

chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO

14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de

objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees

diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)

Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)

Modelo da Analise do Ciclo de

Vida

Definiccedilatildeo de

objetivo e

alcance

Anaacutelise do

inventaacuterio

Avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais

Inte

rpre

taccedilatilde

o e

av

alia

ccedilatildeo

Aplicaccedilotildees diretas

Conceccedilatildeo e melhoria de

produtos

Planificaccedilatildeo estrateacutegica

Desenvolvimento de

poliacuteticas puacuteblicas

Marketing

Outros

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Joana Machado Paacutegina 48

Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha

de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica

Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a

qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se

iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a

normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o

leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com

a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e

coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No

fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma

ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor

A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido

e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem

De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase

de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o

uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre

outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os

produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees

atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um

esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido

na Figura 25

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo

Faacutebrica

Ciclo de produccedilatildeo

Inputs

Mateacuteria - prima

Aacutegua

Combustiacuteveis

Eletricidade

Outputs

Produtos

Aacuteguas Residuais

Emissotildees

atmosfeacutericas

Resiacuteduos

Energia

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Joana Machado Paacutegina 49

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar

valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede

municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas

faacutebricas e o produto final (Tabela 13)

Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7

(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos

para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das

Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave

produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de

modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o

somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o

somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida

parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo

valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo

final

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B2

Leite UHT

2008 1ordf 126 250 2628

2ordf 175 252 0509 65

2009 1ordf 103 699 908

2ordf 71 552 14286 6

2010 1ordf 91 788 7874

2ordf 162 712 8588 6

2011 1ordf 73 424 7319

2ordf 134 397 589 55

C

Leite UHT

2011 1ordf 290 521 3264

2ordf 467 766 5121 92

Queijo

2011

1ordf 206 985 1468

2ordf 384 230 3325 126

Manteiga

2011

1ordf 211 617 1536

2ordf 388 862 3393 95

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Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas (continuaccedilatildeo)

A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano

contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado

leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto

ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano

Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal

Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano

comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se

que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute

Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604

Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade

fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a

unidade B1

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B1

Queijo

2008 1ordf 200 136 3641

2ordf 221 151 1789 234

2009 1ordf 246 905 4224

2ordf 466 797 9329 257

2010 1ordf 258 496 3994

2ordf 475 036 129 26

2011 1ordf 260 433 8293

2ordf 482 828 1566 25

B1

Manteiga

2008 1ordf 319 231 7427

2ordf 540 382 9216 153

2009 1ordf 254 190 7816

2ordf 474 083 2921 12

2010 1ordf 240 425 0996

2ordf 456 964 8292 127

2011 1ordf 257 692 3862

2ordf 480 086 7135 129

A

Manteiga

+

Leite em Poacute

2008 1ordf 621 599 5243

2ordf 634 517 000 32

2009 1ordf 828 542 0485

2ordf 840 877 000 45

2010 1ordf 719 846 301

2ordf 732 551 571 38

2011 1ordf 738 265 1845

2ordf 750 766 5715 41

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 51

Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se

efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute

igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta

empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas

O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo

passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos

seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua

virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso

da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando

com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa

C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais

baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos

processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)

O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite

que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos

(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por

ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os

restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2

100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT

No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite

teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente

30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para

UHT

Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra

parte vai para o leite em poacute

A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C

utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros

de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L

de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 52

A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga

deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga

num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados

Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo

valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo

constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro

Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas

raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo

e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais

erva)

Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo

seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain

(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua

virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)

Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e

C (2011)

C 22

B1 70

A 8

Manteiga

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 53

Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C

(2011)

B1 66

C 34

Queijo

63

37

Leite UHT

B2 C

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 54

Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta

forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA

recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor

Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os

resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no

leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos

dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um

decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011

Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha

de Satildeo Miguel

2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total

Ilha de

Satildeo

Miguel

329 627 021 X

80= 263 701

617 L

340 405 998 X

80= 272 324

798 L

339 702 819 X

80= 271 762

255 L

318 246 409 X

80= 254 597

127 L

331 995 618 X

80= 265 596

4494 L

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 55

Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria

de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15

Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite

diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do

leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o

que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de

aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a

industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614

0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de

leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788

1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite

As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com

valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres

12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor

valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)

Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo

para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando

se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto

possa conter tanta aacutegua

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 56

Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo

para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

2008 329 627 021

X 80=

263

701 617 L

129 312

746 X

80= 103

450 1968 L

7 909 254

X 80= 6

327 403 L

27 771 834

X 80= 22

217 467 L

6 896 744 X

80= 5 517

395 L

12 594 346

X 80= 10

075 477 L

785 179 X

80= 628

1432 L

16 860 X

80= 13

488 L

2009 340 405 998

X 80=

272

324 798 L

138 353

863 X

80= 110

683 090 L

8 112 299

X 80= 6

489 839 L

29 848 324

X 80= 23

878 659 L

8 544 727 X

80= 6 835

782 L

13 187 592

X 80= 10

550 074 L

1 690 260

X 80= 1

352 208 L

38 693 X

80= 30

954 L

2010 339 702 819

X 80=

271 762 255

L

136 515

935 X

80= 109

212 748 L

7 994 445

X 80= 6

395 556 L

28 956 554

X 80= 23

165 243 L

8 399 352 X

80= 6 719

482 L

12 350 878

X 80= 9

880 702 L

1 497 168

X 80= 1

197 734 L

0 L

2011 318 246 409

X 80=

254 597 127

L

138 887

784 X

80= 111

110 22720

L

7 836 356

X 80= 6

269 085 L

28 575 890

X 80= 22

860 712 L

8 561 298 X

80= 6 849

038 L

12 560 084

X 80= 10

048 067 L

1 080 709

X 80=

864 567 L

0 L

Meacutedia total 331 995 618

X 80=

265 596

4494 L

135 767

580 X

80= 108

614 0656 L

7 963

0885 X

80 = 6

370 4708

L

28 788

1505

X80= 23

030 5204 L

8 089

28025

X80= 6

471 4242 L

9 524 641 X

80= 7 619

71331 L

1 263 329

X 80= 1

010 6632

L

13

88825

X80=

11 1106

L

Aacutegua

Virtual na

meacutedia total

1 593 578

696

651 684

3936

382 228

2248

138 183

1224

38 828

5452

45 718

27986

6 063

9792

66 6636

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 57

Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)

seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo

no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com

1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente

da produccedilatildeo na RAA

Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel

para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449

821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios

de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua

associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424

00 m3 e agrave manteiga 61 000 m

3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os

valores referentes agrave pastagem

Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de

referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6

773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os

64

23

1 6

2 2 1 1

Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 58

valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3

(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m

3 (manteiga)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 59

7 CONCLUSOtildeES

A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo

existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute

chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua

num determinado sector eou produto

Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos

em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao

longo deste estudo

De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo

existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados

especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As

empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees

por exemplo

Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os

dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo

estipulado o que tornou o estudo mais generalista

Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos

produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas

empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e

consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais

aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais

sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate

mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e

manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes

envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua

virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel

calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes

em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do

leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6

isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 60

como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa

e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2

Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em

percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto

com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por

completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do

produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito

proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa

B1

Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado

inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas

contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram

caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos

natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores

gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas

tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que

dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos

Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo

laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa

qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos

processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de

empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 61

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ANEXO 1

No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da

RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa

produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo

Questotildees Respostas

1 Que quantidade de leite que entra

na faacutebrica por mecircs e por ano

2 Quais os produtos que produz a

faacutebrica

3 Que quantidades satildeo produzidas

por mecircs e por ano dos diferentes

produtos (separados)

4 Para 1Kg de queijo quantos L de

aacutegua satildeo usados

5 E para 1Kg manteiga quantos

litros de aacutegua satildeo usados

6 E para as natas satildeo necessaacuterios

quantos L de aacutegua

7 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada pela faacutebrica por mecircs e

por ano

8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica

Que quantidade de aacutegua eacute retirada

pelo furo por mecircs e por ano

9 Que quantidades de aacuteguas

residuais produzem na faacutebrica

10 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada para refrigeraccedilatildeo

11 Tecircm um esquema do ciclo de

produccedilotildees que possam

disponibilizar

Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo

Joana Machado

ANEXO II

Processo produtivo

Armazenamento

Arrefecimento

Receccedilatildeo

Desnate

Armazenamento

desnatado

Armazenamento

nata

Produccedilatildeo

Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem

Enchimento

Secagem

Homogeneizaccedilatildeo

Concentraccedilatildeo

Pasteurizaccedilatildeo

ANEXO III

Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo

i-iacuteiacuteiacutea-----t-

AgravelG= l6-11

Acirccigravedez= E-17 C

NaCl r291sal e0 lsnal

lIgraveunitlaamp l6qocirc

Mrtr-gg

Expdrccedilatildeo

Qucilo Fabnco

Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I

s9mq9mExpediccedilatildeo

_t-I Armazenageln llcnrP

ric--T--

t-llCotdo eml

I u l

t Epdtccedilatilde I

Sacos de 25Kg

I+IacutefilAtildeqol

IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I

crnp lmbrcilla

l ll]j n u uo0

iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet

IY

Tratamento do

Soro

lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras

J

tit=tstl

lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1

LeiteMago

em Poacute

Saco Atrn saco plaacutestico

roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa

separadora caixa de callatildeo

I E-pdiccedilatilde I

Page 13: Água virtual no sector dos lacticínios na Região Autónoma dos … · 2017. 8. 18. · Figura 2 Distribuição geográfica mundial da escassez física de água 7 Figura 3 Distribuição

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 3

Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua

virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011

em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o

forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada

dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter

origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)

Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior

peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o

comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com

61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)

Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52

m3hab

ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e

mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for

adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura

aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel

pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)

12 Acircmbito e objetivos

O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na

produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs

faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do

tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo

A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de

produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo

inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo

Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute

tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 4

13 Estrutura do trabalho

A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os

seguintes aspetos

No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos

O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia

quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu

No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual

O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da

dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da

investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI

No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e

as suas atividades

O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se

agrave respetiva discussatildeo

No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo

Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves

fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 5

2 A AacuteGUA COMO RECURSO

21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra

A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou

animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente

em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra

Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou

doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo

nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua

distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente

movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)

Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)

A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por

mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos

atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km

3) apenas

08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo

para abastecimento humano (Tabela 1)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 6

Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)

Reservatoacuterio Total Aacutegua doce

Oceanos

Gelo e neve

965

18

966

Aacutegua

subterracircnea

Doce 076 301

Salgada 093

Aacutegua superficial

Aacutegua no solo

Lagos (aacutegua doce) 0007 026

Lagos (aacutegua

salgados)

0006

Pacircntanos 00008 003

Rios 00002

00012

0006

005

Atmosfera 0001 004

Biosfera 00001 0003

Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por

se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo

usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo

eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo

A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com

escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais

sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo

abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso

humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por

paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos

ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 7

Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)

Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab

ano em

Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)

A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25

desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute

foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade

de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua

disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na

induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 8

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain

2007b)

22 Consumo de aacutegua na Europa

Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da

Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da

mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que

eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior

percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico

(figura 4) (Karavatis)

Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de

aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade

populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos

paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector

o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes

A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a

meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499

para 5 170 m3hab

ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total

de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o

consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que

eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para

descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 9

lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito

miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal

No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per

capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida

das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na

poupanccedila de aacutegua (Karavatis)

Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 10

23 Consumo de aacutegua em Portugal

231 Consumo de aacutegua em Portugal

Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por

habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica

Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)

Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado

posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da

presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que

exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal

parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica

do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)

referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave

importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)

Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector

industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o

sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)

Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)

(PNA 2012)

A B

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 11

232 Qualidade da aacutegua em Portugal

Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na

generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade

realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua

evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao

presente (Figura 6A)

A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como

boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute

qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel

(Figura 6B)

Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees

em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)

B A

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 12

233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as

necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de

20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de

energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo

consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta

teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares

Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo

de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees

82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da

legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser

considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava

paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua

deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo

ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos

naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das

atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a

atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para

aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades

significativas de aacutegua

Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros

podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do

proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute

convertida em aacuteguas residuais

De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a

maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros

focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores

(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas

com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de

poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 13

Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm

a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes

urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material

utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem

de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos

dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de

fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 14

3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL

Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi

reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a

aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes

do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre

os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade

dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)

Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees

internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor

John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)

Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos

agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima

2008)

A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou

serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem

no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma

medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se

estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a

aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)

Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices

quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e

autossuficiecircncia de aacutegua

Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua

virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a

quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)

Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum

bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros

de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros

de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de

aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 15

O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua

Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo

Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os

fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de

produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)

O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma

vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes

das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 16

4 METODOLOGIA

41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra

A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no

sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas

A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental

para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro

passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo

(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de

acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na

internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados

referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de

leite para o sector industrial

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber

como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua

que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais

mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)

42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo

Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise

e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Seleccedilatildeo do grupo de

anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das

empresas

Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e

outputs Interpretaccedilatildeo dos

Resultados

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 17

Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se

chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de

vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e

aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas

na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos

necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute

contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um

deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que

entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos

resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente

estudo

Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo

natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo

relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual

Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que

calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra

na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto

final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 18

uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma

precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano

421 Ciclo de vida do gado leiteiro

Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios

propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas

Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)

Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo

metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo

Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)

Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-

se 35 L x 365 d= 12 775 L

Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)

422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos

Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma

determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e

do tipo de produto

H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)

Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo

ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 19

H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)

Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)

Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)

Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)

Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se

os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)

Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte

equaccedilatildeo (eq 9)

H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80

H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da

vaca (L) pano nas ilhas x 80

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)

( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X

50))

( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X

50))

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 20

5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA

51 Arquipeacutelago dos Accedilores

O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos

36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute

formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o

Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e

Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca

de 2 322 km2

Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)

O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas

de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o

territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional

varia entre 219 e 3418 habkm2

De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no

arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute

condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A

amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida

e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 21

A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930

mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)

O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico

refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no

geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha

Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)

A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a

cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52

acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas

(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da

Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes

menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800

m de altitude (Cruz et al 2009)

O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande

parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas

tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade

vulcacircnica(Cruz et al 2009)

Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem

vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e

azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG

2001)

O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo

vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas

registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo

destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para

NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)

Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem

intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas

diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo

o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 22

A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados

estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo

Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel

relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem

observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem

como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos

tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente

vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de

erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos

piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)

A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos

serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das

atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)

estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram

responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros

contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total

(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)

Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash

construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e

domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e

comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)

111

109

61

228156

336 1

2

3

4

5

6

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 23

O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com

601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector

secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as

ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira

52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental

Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre

foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em

Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada

quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que

autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo

Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada

qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional

Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute

criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha

vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam

de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)

Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a

2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a

2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na

produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de

apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 24

Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)

Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)

2007 1 909 440

2008 1 960 899

2009 1 938 641

2010 1 860574

2011 1 860 831

Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em

todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a

este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite

UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com

impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de

aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas

Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito

a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em

parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo

Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das

associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o

GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios

agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)

Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos

sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela

3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que

maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-

se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram

os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma

evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a

diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24

326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011

os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido

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Joana Machado Paacutegina 25

Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)

Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011

Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo

26

367 375

25 966 137

Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

25 858 430 25 289 152

Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

29 867 949 30 313 630

Abril Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 513 001 31 933 104

Maio Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

34 156 283 35 321 861

Junho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

32 761 050 33 910 081

Julho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 480 274 32 716 997

Agosto Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

27 941 816 29 101 970

Setembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 413 105 26 506 695

Outubro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 007 653 26 610 025

Novembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 326 655

25 040 257

Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 894 278 26 955 549

Total 339 587 869 349 665 458

No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite

para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute

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Joana Machado Paacutegina 26

atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a

que menos produz (Tabela 4)

Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)

(SREA2012)

53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo

Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente

trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por

motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim

como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas

531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A

A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a

farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A

partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e

atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as

outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa

ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus

produtos

Ilha

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2008

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2009

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2010

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2011

Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408

Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982

Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296

Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242

Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415

Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736

Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908

Corvo 1 405 3 22441 0 2248

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Joana Machado Paacutegina 27

Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e

produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)

O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o

arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a

outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o

armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo

armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de

desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo

posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando

pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)

Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009

aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a

empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua

evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e

posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial

desde que natildeo haja contacto com o produto

Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da

vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal

Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado

ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em

conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma

licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada

entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas

condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental

A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em

Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente

produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal

Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede

municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo

conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 28

consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m

3 em 2010 e

43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)

Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3

t e 8592 m3

t

para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave

empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)

Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)

102 65200 m3 (2009) 22 24900 m

3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o

registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)

Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e

2011)

Consumo

de aacutegua

municipal

2008

Consumo

de aacutegua

salgada

2008

Consumo

de aacutegua

municipal

2009

Consumo

de aacutegua

salgada

2009

Consumo

de aacutegua

municipal

2010

Consumo

de aacutegua

salgada

2010

Consumo

de aacutegua

municipal

2011

Consumo

de aacutegua

salgada

2011

Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692

Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492

Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927

Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734

Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622

Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732

Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995

Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263

Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526

Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213

Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874

Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885

Total

anual

66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835

Meacutedia

anual

5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 29

Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de

2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura

12)

Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de

marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que

se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro

Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -

2011)

Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho

de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela

6 Figura 13)

No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes

mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)

sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por

uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008

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Joana Machado Paacutegina 30

Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Leite

recebido

2011

Soro

recebido

2011

Leite

recebido

2010

Soro

recebido

2010

Leite

recebido

2009

Soro

recebido

2009

Leite

recebido

(2008

Soro

recebido

2008

Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210

Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437

Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401

Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368

Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219

Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265

Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235

Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364

Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376

Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338

Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350

Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239

Total

anual

72 103 2415 73 280 2

634451

71 144 2 507 74 507 3 802

Meacutedia

anual

6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833

Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Leite recebido (ton) 2011

Leite recebido (ton) 2010

Leite recebido (ton) 2009

Leite recebido (ton) 2008

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 31

Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A

entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011

com um leve decreacutescimo (Tabela 7)

Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e

2011)

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2008

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2009

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2010

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2011

Jan 859 906 784 83059

Fev 868 256 748 71868

Mar 929 913 839 935755

Abr 889 909 872 8792

Mai 895 933 875 96577

Jun 847 914 859 896085

Jul 918 927 943 836515

Ago 860 793 811 882075

Set 688 812 781 33077

Out 678 667 698 2103

Nov 719 627 661 667125

Dez 689 704 659 79611

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Soro recebido (ton) 2011

Soro recebido (ton) 2010

Soro recebido (ton) 2009

Soro recebido (ton) 2008

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 32

Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975

Meacutedia

anual

820 780083 794 7457479

Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram

janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior

produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)

Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A

(2008 ndash 2011)

532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2

A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e

duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas

quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em

poacute e lactosoro em poacute

Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril

da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W

A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo

com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se

a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma

0

200

400

600

800

1000

1200

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008

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Joana Machado Paacutegina 33

reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica

regional

A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do

atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de

produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo

Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo

e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente

Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute

existentes (Tavares 2008)

A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga

leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de

induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo

grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos

de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3

(Tavares 2008)

Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a

nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga

Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da

captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes

situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia

dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma

captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da

Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)

O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para

2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)

O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um

aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente

tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144

m3) (Tabela 8)

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Joana Machado Paacutegina 34

Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m

3) na empresa B1 (2008-

2011)

Total

Consumo

de aacutegua

2008

Caudal

efluente

tratado

2008

Total

Consumo

de aacutegua

2009

Caudal

efluente

tratado

2009

Total

Consumo

de aacutegua

2010

Caudal

efluente

tratado

2010

Total

Consumo

de aacutegua

2011

Caudal

efluente

tratado

2011

Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092

Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669

Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933

Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247

Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346

Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236

Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174

Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873

Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785

Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505

Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644

Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757

Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261

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Joana Machado Paacutegina 35

Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas

C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens

(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos

administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor

os vestiaacuterios e o refeitoacuterio

C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da

manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo

do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado

desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca

de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da

concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da

temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas

higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo

onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final

seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e

expediccedilatildeo

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Total Consumo de aacutegua (m3) 2011

Caudal efluente tratado (m3) 2011

Total Consumo de aacutegua (m3) 2010

Caudal efluente tratado (m3) 2010

Total Consumo de aacutegua (m3) 2009

Caudal efluente tratado (m3) 2009

Total Consumo de aacutegua (m3) 2008

Caudal efluente tratado (m3) 2008

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Joana Machado Paacutegina 36

C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo

retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute

efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o

leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento

num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior

parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C

para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril

C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das

proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar

forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na

salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode

ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo

eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a

temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura

Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos

meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009

(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4

em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009

No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e

o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e

agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1

nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)

Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua

residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)

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Joana Machado Paacutegina 37

Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)

(2010 - 2011)

Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma

maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que

se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo

aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser

explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e

consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 ndash 2009

C2 - 2009

C3 ndash 2009

C4 ndash 2009

C1 ndash 2008

C2 - 2008

C3 ndash 2008

C4 ndash 5

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 - 2011

C2 - 2011

C 3 - 2011

C 4 - 2011

C1 - 2010

C2 - 2010

C3 - 2010

C4 - 2010

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Joana Machado Paacutegina 38

Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -

2011)

Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas

(m3) na empresa B2 (2008-2011)

Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem

foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que

menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela

10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas

residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os

maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees

As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam

resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a

estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

100000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas residuais

Volume (m3) de aacutegua consumida

na instalaccedilatildeo fabril e origem na

Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas

residuais

2008 87 313 60 110

2009 65 851 45 248

2010 54 752 36 338

2011 41 4315 2 565

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Joana Machado Paacutegina 39

Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)

Quantidade leite

recebido

Quantidade produto final

2008 34 1216 30 3916

2009 33 391 29 076

2010 33 0979 27 5678

2011 28 454 24 0993

533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C

A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura

transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor

dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de

uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C

estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz

cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve

continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas

estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior

bacia leiteira dos Accedilores

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) leite recebido

Quantidade (m3) produto final

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Joana Machado Paacutegina 40

Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes

ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por

ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs

Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)

manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas

mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo

Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo

No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na

Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados

Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no

entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do

mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a

produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo

Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011

Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem

na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo

de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste

nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que

nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro

apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se

um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos

restantes meses ateacute ao final de 2011

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Joana Machado Paacutegina 41

Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal

(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)

Ano 2011 Aacutegua da Rede

Municiapl

Aacutegua do Furo Aacutegua residual

Caudal mensal

Janeiro 15 344 0 2 928

Fevereiro 13 996 446 18 494

Marccedilo 11 105 3 642 34 899

Abril 12 726 4 466 12 758

Maio 10 460 7 798 12 038

Junho 11 362 8 142 9 968

Julho 12 413 8 097 12 182

Agosto 9 365 7 851 9 721

Setembro 9 623 8 442 12 413

Outubro 10 296 7 753 11 294

Novembro 8 628 6 976 10 637

Dezembro 9 390 6 679 10 799

Total 134 708 5 858 158 131

Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C

(2011)

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Aacutegua da Rede Municiapl

Aacutegua do Furo

Agua residual Caudal mensal

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 42

534 Empacotamento do leite

5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite

Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos

liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de

camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para

embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da

seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)

Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam

qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem

e facilitam a soldadura

Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando

a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos

Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio

ao cartatildeo

Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo

Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior

Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-

Paiva 2003)

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Joana Machado Paacutegina 43

5342Enchimento

As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na

maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura

23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da

embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de

hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos

evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado

O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute

dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as

embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)

Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com

eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas

embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo

necessaacuterios 383 X10^10

L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por

cada embalagem (Tabela 11)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 44

Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)

Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de

enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)

Eletricidade [kW]

Vapor [kg]

Aacutegua [L]

Peroacutexido de

Hidrogeacutenio [L]

166times102

300times10-4

383times10-1

250times10-4

Selagem por induccedilatildeo

de calor

Tubo de

enchiment

o abaixo

do niacutevel do

liacutequido

Extremidades

seladas por

induccedilatildeo de

calor

Soluccedilatildeo

esterilizador

a (Peroacutexido

de

hidrogeacutenio)

Aacuterea de esterilizaccedilatildeo

fechada

Embalagem final

cheia e fechada

Rolo de embalagens

preacute-impresso

1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de

enchimento

2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de

entrarem na zona de enchimento

3Leite e embalagens combinados na zona

esterilizada

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 45

54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro

O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca

de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas

que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves

matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e

forragens

O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No

entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores

e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente

criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos

principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a

Portugal

Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6

670 exploraccedilotildees (SREA 2012)

541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro

Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees

nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas

leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo

Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo

cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de

origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais

com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a

respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)

fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000

UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)

Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os

mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 46

composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura

bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)

No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm

tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel

composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta

(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)

A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida

existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos

12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000

kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute

existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores

estimados

542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro

Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem

perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina

fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos

importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que

proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere

A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as

vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia

nutricional e do qualquer outro animal

Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior

quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave

quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido

O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A

quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo

de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre

outros fatores (AJAM 2012)

A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A

temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere

por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 47

ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca

leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o

que for necessaacuterio

Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia

mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia

65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia

543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto

A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo

qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a

sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto

desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando

chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO

14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de

objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees

diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)

Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)

Modelo da Analise do Ciclo de

Vida

Definiccedilatildeo de

objetivo e

alcance

Anaacutelise do

inventaacuterio

Avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais

Inte

rpre

taccedilatilde

o e

av

alia

ccedilatildeo

Aplicaccedilotildees diretas

Conceccedilatildeo e melhoria de

produtos

Planificaccedilatildeo estrateacutegica

Desenvolvimento de

poliacuteticas puacuteblicas

Marketing

Outros

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Joana Machado Paacutegina 48

Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha

de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica

Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a

qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se

iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a

normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o

leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com

a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e

coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No

fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma

ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor

A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido

e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem

De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase

de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o

uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre

outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os

produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees

atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um

esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido

na Figura 25

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo

Faacutebrica

Ciclo de produccedilatildeo

Inputs

Mateacuteria - prima

Aacutegua

Combustiacuteveis

Eletricidade

Outputs

Produtos

Aacuteguas Residuais

Emissotildees

atmosfeacutericas

Resiacuteduos

Energia

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Joana Machado Paacutegina 49

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar

valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede

municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas

faacutebricas e o produto final (Tabela 13)

Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7

(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos

para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das

Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave

produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de

modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o

somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o

somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida

parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo

valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo

final

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B2

Leite UHT

2008 1ordf 126 250 2628

2ordf 175 252 0509 65

2009 1ordf 103 699 908

2ordf 71 552 14286 6

2010 1ordf 91 788 7874

2ordf 162 712 8588 6

2011 1ordf 73 424 7319

2ordf 134 397 589 55

C

Leite UHT

2011 1ordf 290 521 3264

2ordf 467 766 5121 92

Queijo

2011

1ordf 206 985 1468

2ordf 384 230 3325 126

Manteiga

2011

1ordf 211 617 1536

2ordf 388 862 3393 95

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Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas (continuaccedilatildeo)

A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano

contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado

leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto

ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano

Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal

Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano

comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se

que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute

Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604

Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade

fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a

unidade B1

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B1

Queijo

2008 1ordf 200 136 3641

2ordf 221 151 1789 234

2009 1ordf 246 905 4224

2ordf 466 797 9329 257

2010 1ordf 258 496 3994

2ordf 475 036 129 26

2011 1ordf 260 433 8293

2ordf 482 828 1566 25

B1

Manteiga

2008 1ordf 319 231 7427

2ordf 540 382 9216 153

2009 1ordf 254 190 7816

2ordf 474 083 2921 12

2010 1ordf 240 425 0996

2ordf 456 964 8292 127

2011 1ordf 257 692 3862

2ordf 480 086 7135 129

A

Manteiga

+

Leite em Poacute

2008 1ordf 621 599 5243

2ordf 634 517 000 32

2009 1ordf 828 542 0485

2ordf 840 877 000 45

2010 1ordf 719 846 301

2ordf 732 551 571 38

2011 1ordf 738 265 1845

2ordf 750 766 5715 41

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Joana Machado Paacutegina 51

Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se

efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute

igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta

empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas

O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo

passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos

seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua

virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso

da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando

com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa

C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais

baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos

processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)

O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite

que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos

(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por

ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os

restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2

100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT

No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite

teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente

30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para

UHT

Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra

parte vai para o leite em poacute

A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C

utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros

de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L

de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)

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A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga

deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga

num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados

Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo

valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo

constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro

Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas

raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo

e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais

erva)

Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo

seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain

(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua

virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)

Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e

C (2011)

C 22

B1 70

A 8

Manteiga

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Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C

(2011)

B1 66

C 34

Queijo

63

37

Leite UHT

B2 C

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Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta

forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA

recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor

Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os

resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no

leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos

dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um

decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011

Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha

de Satildeo Miguel

2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total

Ilha de

Satildeo

Miguel

329 627 021 X

80= 263 701

617 L

340 405 998 X

80= 272 324

798 L

339 702 819 X

80= 271 762

255 L

318 246 409 X

80= 254 597

127 L

331 995 618 X

80= 265 596

4494 L

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Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria

de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15

Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite

diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do

leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o

que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de

aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a

industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614

0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de

leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788

1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite

As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com

valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres

12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor

valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)

Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo

para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando

se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto

possa conter tanta aacutegua

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 56

Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo

para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

2008 329 627 021

X 80=

263

701 617 L

129 312

746 X

80= 103

450 1968 L

7 909 254

X 80= 6

327 403 L

27 771 834

X 80= 22

217 467 L

6 896 744 X

80= 5 517

395 L

12 594 346

X 80= 10

075 477 L

785 179 X

80= 628

1432 L

16 860 X

80= 13

488 L

2009 340 405 998

X 80=

272

324 798 L

138 353

863 X

80= 110

683 090 L

8 112 299

X 80= 6

489 839 L

29 848 324

X 80= 23

878 659 L

8 544 727 X

80= 6 835

782 L

13 187 592

X 80= 10

550 074 L

1 690 260

X 80= 1

352 208 L

38 693 X

80= 30

954 L

2010 339 702 819

X 80=

271 762 255

L

136 515

935 X

80= 109

212 748 L

7 994 445

X 80= 6

395 556 L

28 956 554

X 80= 23

165 243 L

8 399 352 X

80= 6 719

482 L

12 350 878

X 80= 9

880 702 L

1 497 168

X 80= 1

197 734 L

0 L

2011 318 246 409

X 80=

254 597 127

L

138 887

784 X

80= 111

110 22720

L

7 836 356

X 80= 6

269 085 L

28 575 890

X 80= 22

860 712 L

8 561 298 X

80= 6 849

038 L

12 560 084

X 80= 10

048 067 L

1 080 709

X 80=

864 567 L

0 L

Meacutedia total 331 995 618

X 80=

265 596

4494 L

135 767

580 X

80= 108

614 0656 L

7 963

0885 X

80 = 6

370 4708

L

28 788

1505

X80= 23

030 5204 L

8 089

28025

X80= 6

471 4242 L

9 524 641 X

80= 7 619

71331 L

1 263 329

X 80= 1

010 6632

L

13

88825

X80=

11 1106

L

Aacutegua

Virtual na

meacutedia total

1 593 578

696

651 684

3936

382 228

2248

138 183

1224

38 828

5452

45 718

27986

6 063

9792

66 6636

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 57

Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)

seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo

no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com

1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente

da produccedilatildeo na RAA

Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel

para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449

821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios

de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua

associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424

00 m3 e agrave manteiga 61 000 m

3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os

valores referentes agrave pastagem

Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de

referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6

773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os

64

23

1 6

2 2 1 1

Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 58

valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3

(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m

3 (manteiga)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 59

7 CONCLUSOtildeES

A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo

existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute

chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua

num determinado sector eou produto

Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos

em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao

longo deste estudo

De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo

existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados

especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As

empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees

por exemplo

Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os

dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo

estipulado o que tornou o estudo mais generalista

Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos

produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas

empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e

consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais

aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais

sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate

mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e

manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes

envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua

virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel

calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes

em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do

leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6

isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 60

como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa

e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2

Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em

percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto

com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por

completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do

produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito

proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa

B1

Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado

inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas

contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram

caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos

natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores

gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas

tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que

dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos

Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo

laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa

qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos

processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de

empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 61

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httpestatisticaazoresgovpt Acedido a 10 de janeiro de 2012

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httpwwwwwfpto_que_fazemospor_um_planeta_vivopegada_hidrica_em_portugal

_2011 Acedido a 5 de novembro de 2011

ANEXO 1

No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da

RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa

produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo

Questotildees Respostas

1 Que quantidade de leite que entra

na faacutebrica por mecircs e por ano

2 Quais os produtos que produz a

faacutebrica

3 Que quantidades satildeo produzidas

por mecircs e por ano dos diferentes

produtos (separados)

4 Para 1Kg de queijo quantos L de

aacutegua satildeo usados

5 E para 1Kg manteiga quantos

litros de aacutegua satildeo usados

6 E para as natas satildeo necessaacuterios

quantos L de aacutegua

7 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada pela faacutebrica por mecircs e

por ano

8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica

Que quantidade de aacutegua eacute retirada

pelo furo por mecircs e por ano

9 Que quantidades de aacuteguas

residuais produzem na faacutebrica

10 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada para refrigeraccedilatildeo

11 Tecircm um esquema do ciclo de

produccedilotildees que possam

disponibilizar

Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo

Joana Machado

ANEXO II

Processo produtivo

Armazenamento

Arrefecimento

Receccedilatildeo

Desnate

Armazenamento

desnatado

Armazenamento

nata

Produccedilatildeo

Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem

Enchimento

Secagem

Homogeneizaccedilatildeo

Concentraccedilatildeo

Pasteurizaccedilatildeo

ANEXO III

Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo

i-iacuteiacuteiacutea-----t-

AgravelG= l6-11

Acirccigravedez= E-17 C

NaCl r291sal e0 lsnal

lIgraveunitlaamp l6qocirc

Mrtr-gg

Expdrccedilatildeo

Qucilo Fabnco

Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I

s9mq9mExpediccedilatildeo

_t-I Armazenageln llcnrP

ric--T--

t-llCotdo eml

I u l

t Epdtccedilatilde I

Sacos de 25Kg

I+IacutefilAtildeqol

IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I

crnp lmbrcilla

l ll]j n u uo0

iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet

IY

Tratamento do

Soro

lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras

J

tit=tstl

lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1

LeiteMago

em Poacute

Saco Atrn saco plaacutestico

roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa

separadora caixa de callatildeo

I E-pdiccedilatilde I

Page 14: Água virtual no sector dos lacticínios na Região Autónoma dos … · 2017. 8. 18. · Figura 2 Distribuição geográfica mundial da escassez física de água 7 Figura 3 Distribuição

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 4

13 Estrutura do trabalho

A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os

seguintes aspetos

No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo

Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos

O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia

quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu

No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual

O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da

dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da

investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI

No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e

as suas atividades

O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se

agrave respetiva discussatildeo

No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo

Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves

fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 5

2 A AacuteGUA COMO RECURSO

21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra

A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou

animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente

em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra

Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou

doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo

nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua

distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente

movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)

Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)

A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por

mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos

atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km

3) apenas

08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo

para abastecimento humano (Tabela 1)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 6

Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)

Reservatoacuterio Total Aacutegua doce

Oceanos

Gelo e neve

965

18

966

Aacutegua

subterracircnea

Doce 076 301

Salgada 093

Aacutegua superficial

Aacutegua no solo

Lagos (aacutegua doce) 0007 026

Lagos (aacutegua

salgados)

0006

Pacircntanos 00008 003

Rios 00002

00012

0006

005

Atmosfera 0001 004

Biosfera 00001 0003

Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por

se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo

usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo

eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo

A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com

escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais

sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo

abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso

humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por

paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos

ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 7

Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)

Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab

ano em

Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)

A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25

desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute

foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade

de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua

disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na

induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 8

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain

2007b)

22 Consumo de aacutegua na Europa

Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da

Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da

mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que

eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior

percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico

(figura 4) (Karavatis)

Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de

aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade

populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos

paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector

o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes

A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a

meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499

para 5 170 m3hab

ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total

de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o

consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que

eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para

descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 9

lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito

miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal

No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per

capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida

das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na

poupanccedila de aacutegua (Karavatis)

Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 10

23 Consumo de aacutegua em Portugal

231 Consumo de aacutegua em Portugal

Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por

habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica

Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)

Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado

posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da

presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que

exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal

parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica

do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)

referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave

importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)

Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector

industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o

sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)

Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)

(PNA 2012)

A B

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Joana Machado Paacutegina 11

232 Qualidade da aacutegua em Portugal

Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na

generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade

realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua

evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao

presente (Figura 6A)

A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como

boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute

qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel

(Figura 6B)

Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees

em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)

B A

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Joana Machado Paacutegina 12

233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as

necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de

20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de

energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo

consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta

teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares

Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo

de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees

82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da

legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser

considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava

paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua

deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo

ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos

naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das

atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a

atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para

aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades

significativas de aacutegua

Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros

podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do

proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute

convertida em aacuteguas residuais

De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a

maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros

focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores

(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas

com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de

poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 13

Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm

a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes

urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material

utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem

de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos

dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de

fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 14

3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL

Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi

reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a

aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes

do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre

os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade

dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)

Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees

internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor

John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)

Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos

agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima

2008)

A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou

serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem

no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma

medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se

estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a

aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)

Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices

quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e

autossuficiecircncia de aacutegua

Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua

virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a

quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)

Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum

bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros

de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros

de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de

aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 15

O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua

Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo

Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os

fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de

produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)

O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma

vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes

das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 16

4 METODOLOGIA

41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra

A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no

sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas

A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental

para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro

passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo

(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de

acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na

internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados

referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de

leite para o sector industrial

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber

como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua

que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais

mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)

42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo

Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise

e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Seleccedilatildeo do grupo de

anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das

empresas

Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e

outputs Interpretaccedilatildeo dos

Resultados

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 17

Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se

chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de

vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e

aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas

na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos

necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute

contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um

deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que

entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos

resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente

estudo

Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo

natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo

relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual

Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que

calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra

na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto

final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 18

uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma

precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano

421 Ciclo de vida do gado leiteiro

Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios

propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas

Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)

Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo

metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo

Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)

Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-

se 35 L x 365 d= 12 775 L

Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)

422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos

Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma

determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e

do tipo de produto

H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)

Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo

ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 19

H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)

Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)

Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)

Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)

Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se

os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)

Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte

equaccedilatildeo (eq 9)

H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80

H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da

vaca (L) pano nas ilhas x 80

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)

( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X

50))

( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X

50))

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 20

5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA

51 Arquipeacutelago dos Accedilores

O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos

36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute

formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o

Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e

Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca

de 2 322 km2

Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)

O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas

de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o

territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional

varia entre 219 e 3418 habkm2

De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no

arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute

condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A

amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida

e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 21

A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930

mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)

O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico

refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no

geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha

Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)

A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a

cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52

acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas

(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da

Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes

menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800

m de altitude (Cruz et al 2009)

O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande

parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas

tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade

vulcacircnica(Cruz et al 2009)

Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem

vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e

azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG

2001)

O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo

vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas

registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo

destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para

NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)

Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem

intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas

diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo

o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 22

A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados

estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo

Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel

relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem

observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem

como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos

tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente

vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de

erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos

piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)

A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos

serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das

atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)

estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram

responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros

contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total

(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)

Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash

construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e

domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e

comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)

111

109

61

228156

336 1

2

3

4

5

6

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Joana Machado Paacutegina 23

O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com

601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector

secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as

ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira

52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental

Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre

foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em

Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada

quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que

autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo

Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada

qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional

Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute

criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha

vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam

de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)

Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a

2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a

2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na

produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de

apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)

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Joana Machado Paacutegina 24

Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)

Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)

2007 1 909 440

2008 1 960 899

2009 1 938 641

2010 1 860574

2011 1 860 831

Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em

todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a

este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite

UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com

impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de

aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas

Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito

a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em

parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo

Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das

associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o

GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios

agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)

Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos

sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela

3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que

maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-

se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram

os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma

evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a

diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24

326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011

os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido

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Joana Machado Paacutegina 25

Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)

Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011

Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo

26

367 375

25 966 137

Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

25 858 430 25 289 152

Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

29 867 949 30 313 630

Abril Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 513 001 31 933 104

Maio Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

34 156 283 35 321 861

Junho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

32 761 050 33 910 081

Julho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 480 274 32 716 997

Agosto Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

27 941 816 29 101 970

Setembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 413 105 26 506 695

Outubro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 007 653 26 610 025

Novembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 326 655

25 040 257

Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 894 278 26 955 549

Total 339 587 869 349 665 458

No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite

para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute

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Joana Machado Paacutegina 26

atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a

que menos produz (Tabela 4)

Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)

(SREA2012)

53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo

Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente

trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por

motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim

como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas

531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A

A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a

farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A

partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e

atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as

outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa

ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus

produtos

Ilha

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2008

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2009

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2010

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2011

Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408

Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982

Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296

Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242

Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415

Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736

Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908

Corvo 1 405 3 22441 0 2248

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Joana Machado Paacutegina 27

Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e

produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)

O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o

arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a

outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o

armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo

armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de

desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo

posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando

pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)

Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009

aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a

empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua

evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e

posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial

desde que natildeo haja contacto com o produto

Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da

vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal

Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado

ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em

conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma

licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada

entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas

condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental

A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em

Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente

produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal

Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede

municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo

conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja

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Joana Machado Paacutegina 28

consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m

3 em 2010 e

43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)

Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3

t e 8592 m3

t

para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave

empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)

Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)

102 65200 m3 (2009) 22 24900 m

3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o

registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)

Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e

2011)

Consumo

de aacutegua

municipal

2008

Consumo

de aacutegua

salgada

2008

Consumo

de aacutegua

municipal

2009

Consumo

de aacutegua

salgada

2009

Consumo

de aacutegua

municipal

2010

Consumo

de aacutegua

salgada

2010

Consumo

de aacutegua

municipal

2011

Consumo

de aacutegua

salgada

2011

Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692

Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492

Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927

Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734

Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622

Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732

Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995

Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263

Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526

Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213

Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874

Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885

Total

anual

66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835

Meacutedia

anual

5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486

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Joana Machado Paacutegina 29

Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de

2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura

12)

Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de

marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que

se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro

Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -

2011)

Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho

de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela

6 Figura 13)

No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes

mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)

sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por

uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008

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Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Leite

recebido

2011

Soro

recebido

2011

Leite

recebido

2010

Soro

recebido

2010

Leite

recebido

2009

Soro

recebido

2009

Leite

recebido

(2008

Soro

recebido

2008

Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210

Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437

Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401

Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368

Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219

Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265

Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235

Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364

Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376

Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338

Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350

Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239

Total

anual

72 103 2415 73 280 2

634451

71 144 2 507 74 507 3 802

Meacutedia

anual

6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833

Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Leite recebido (ton) 2011

Leite recebido (ton) 2010

Leite recebido (ton) 2009

Leite recebido (ton) 2008

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Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A

entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011

com um leve decreacutescimo (Tabela 7)

Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e

2011)

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2008

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2009

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2010

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2011

Jan 859 906 784 83059

Fev 868 256 748 71868

Mar 929 913 839 935755

Abr 889 909 872 8792

Mai 895 933 875 96577

Jun 847 914 859 896085

Jul 918 927 943 836515

Ago 860 793 811 882075

Set 688 812 781 33077

Out 678 667 698 2103

Nov 719 627 661 667125

Dez 689 704 659 79611

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Soro recebido (ton) 2011

Soro recebido (ton) 2010

Soro recebido (ton) 2009

Soro recebido (ton) 2008

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Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975

Meacutedia

anual

820 780083 794 7457479

Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram

janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior

produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)

Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A

(2008 ndash 2011)

532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2

A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e

duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas

quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em

poacute e lactosoro em poacute

Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril

da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W

A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo

com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se

a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma

0

200

400

600

800

1000

1200

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008

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Joana Machado Paacutegina 33

reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica

regional

A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do

atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de

produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo

Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo

e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente

Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute

existentes (Tavares 2008)

A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga

leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de

induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo

grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos

de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3

(Tavares 2008)

Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a

nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga

Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da

captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes

situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia

dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma

captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da

Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)

O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para

2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)

O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um

aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente

tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144

m3) (Tabela 8)

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Joana Machado Paacutegina 34

Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m

3) na empresa B1 (2008-

2011)

Total

Consumo

de aacutegua

2008

Caudal

efluente

tratado

2008

Total

Consumo

de aacutegua

2009

Caudal

efluente

tratado

2009

Total

Consumo

de aacutegua

2010

Caudal

efluente

tratado

2010

Total

Consumo

de aacutegua

2011

Caudal

efluente

tratado

2011

Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092

Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669

Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933

Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247

Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346

Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236

Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174

Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873

Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785

Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505

Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644

Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757

Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261

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Joana Machado Paacutegina 35

Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas

C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens

(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos

administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor

os vestiaacuterios e o refeitoacuterio

C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da

manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo

do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado

desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca

de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da

concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da

temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas

higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo

onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final

seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e

expediccedilatildeo

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Total Consumo de aacutegua (m3) 2011

Caudal efluente tratado (m3) 2011

Total Consumo de aacutegua (m3) 2010

Caudal efluente tratado (m3) 2010

Total Consumo de aacutegua (m3) 2009

Caudal efluente tratado (m3) 2009

Total Consumo de aacutegua (m3) 2008

Caudal efluente tratado (m3) 2008

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Joana Machado Paacutegina 36

C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo

retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute

efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o

leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento

num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior

parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C

para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril

C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das

proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar

forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na

salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode

ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo

eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a

temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura

Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos

meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009

(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4

em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009

No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e

o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e

agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1

nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)

Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua

residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)

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Joana Machado Paacutegina 37

Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)

(2010 - 2011)

Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma

maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que

se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo

aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser

explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e

consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 ndash 2009

C2 - 2009

C3 ndash 2009

C4 ndash 2009

C1 ndash 2008

C2 - 2008

C3 ndash 2008

C4 ndash 5

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 - 2011

C2 - 2011

C 3 - 2011

C 4 - 2011

C1 - 2010

C2 - 2010

C3 - 2010

C4 - 2010

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Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -

2011)

Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas

(m3) na empresa B2 (2008-2011)

Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem

foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que

menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela

10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas

residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os

maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees

As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam

resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a

estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

100000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas residuais

Volume (m3) de aacutegua consumida

na instalaccedilatildeo fabril e origem na

Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas

residuais

2008 87 313 60 110

2009 65 851 45 248

2010 54 752 36 338

2011 41 4315 2 565

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Joana Machado Paacutegina 39

Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)

Quantidade leite

recebido

Quantidade produto final

2008 34 1216 30 3916

2009 33 391 29 076

2010 33 0979 27 5678

2011 28 454 24 0993

533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C

A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura

transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor

dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de

uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C

estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz

cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve

continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas

estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior

bacia leiteira dos Accedilores

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) leite recebido

Quantidade (m3) produto final

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Joana Machado Paacutegina 40

Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes

ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por

ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs

Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)

manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas

mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo

Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo

No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na

Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados

Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no

entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do

mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a

produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo

Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011

Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem

na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo

de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste

nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que

nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro

apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se

um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos

restantes meses ateacute ao final de 2011

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Joana Machado Paacutegina 41

Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal

(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)

Ano 2011 Aacutegua da Rede

Municiapl

Aacutegua do Furo Aacutegua residual

Caudal mensal

Janeiro 15 344 0 2 928

Fevereiro 13 996 446 18 494

Marccedilo 11 105 3 642 34 899

Abril 12 726 4 466 12 758

Maio 10 460 7 798 12 038

Junho 11 362 8 142 9 968

Julho 12 413 8 097 12 182

Agosto 9 365 7 851 9 721

Setembro 9 623 8 442 12 413

Outubro 10 296 7 753 11 294

Novembro 8 628 6 976 10 637

Dezembro 9 390 6 679 10 799

Total 134 708 5 858 158 131

Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C

(2011)

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Aacutegua da Rede Municiapl

Aacutegua do Furo

Agua residual Caudal mensal

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Joana Machado Paacutegina 42

534 Empacotamento do leite

5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite

Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos

liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de

camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para

embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da

seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)

Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam

qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem

e facilitam a soldadura

Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando

a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos

Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio

ao cartatildeo

Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo

Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior

Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-

Paiva 2003)

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Joana Machado Paacutegina 43

5342Enchimento

As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na

maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura

23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da

embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de

hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos

evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado

O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute

dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as

embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)

Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com

eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas

embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo

necessaacuterios 383 X10^10

L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por

cada embalagem (Tabela 11)

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Joana Machado Paacutegina 44

Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)

Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de

enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)

Eletricidade [kW]

Vapor [kg]

Aacutegua [L]

Peroacutexido de

Hidrogeacutenio [L]

166times102

300times10-4

383times10-1

250times10-4

Selagem por induccedilatildeo

de calor

Tubo de

enchiment

o abaixo

do niacutevel do

liacutequido

Extremidades

seladas por

induccedilatildeo de

calor

Soluccedilatildeo

esterilizador

a (Peroacutexido

de

hidrogeacutenio)

Aacuterea de esterilizaccedilatildeo

fechada

Embalagem final

cheia e fechada

Rolo de embalagens

preacute-impresso

1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de

enchimento

2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de

entrarem na zona de enchimento

3Leite e embalagens combinados na zona

esterilizada

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Joana Machado Paacutegina 45

54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro

O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca

de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas

que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves

matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e

forragens

O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No

entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores

e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente

criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos

principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a

Portugal

Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6

670 exploraccedilotildees (SREA 2012)

541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro

Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees

nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas

leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo

Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo

cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de

origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais

com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a

respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)

fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000

UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)

Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os

mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 46

composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura

bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)

No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm

tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel

composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta

(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)

A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida

existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos

12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000

kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute

existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores

estimados

542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro

Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem

perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina

fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos

importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que

proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere

A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as

vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia

nutricional e do qualquer outro animal

Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior

quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave

quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido

O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A

quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo

de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre

outros fatores (AJAM 2012)

A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A

temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere

por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 47

ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca

leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o

que for necessaacuterio

Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia

mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia

65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia

543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto

A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo

qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a

sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto

desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando

chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO

14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de

objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees

diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)

Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)

Modelo da Analise do Ciclo de

Vida

Definiccedilatildeo de

objetivo e

alcance

Anaacutelise do

inventaacuterio

Avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais

Inte

rpre

taccedilatilde

o e

av

alia

ccedilatildeo

Aplicaccedilotildees diretas

Conceccedilatildeo e melhoria de

produtos

Planificaccedilatildeo estrateacutegica

Desenvolvimento de

poliacuteticas puacuteblicas

Marketing

Outros

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 48

Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha

de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica

Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a

qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se

iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a

normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o

leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com

a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e

coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No

fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma

ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor

A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido

e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem

De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase

de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o

uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre

outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os

produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees

atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um

esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido

na Figura 25

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo

Faacutebrica

Ciclo de produccedilatildeo

Inputs

Mateacuteria - prima

Aacutegua

Combustiacuteveis

Eletricidade

Outputs

Produtos

Aacuteguas Residuais

Emissotildees

atmosfeacutericas

Resiacuteduos

Energia

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 49

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar

valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede

municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas

faacutebricas e o produto final (Tabela 13)

Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7

(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos

para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das

Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave

produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de

modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o

somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o

somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida

parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo

valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo

final

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B2

Leite UHT

2008 1ordf 126 250 2628

2ordf 175 252 0509 65

2009 1ordf 103 699 908

2ordf 71 552 14286 6

2010 1ordf 91 788 7874

2ordf 162 712 8588 6

2011 1ordf 73 424 7319

2ordf 134 397 589 55

C

Leite UHT

2011 1ordf 290 521 3264

2ordf 467 766 5121 92

Queijo

2011

1ordf 206 985 1468

2ordf 384 230 3325 126

Manteiga

2011

1ordf 211 617 1536

2ordf 388 862 3393 95

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Joana Machado Paacutegina 50

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas (continuaccedilatildeo)

A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano

contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado

leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto

ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano

Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal

Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano

comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se

que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute

Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604

Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade

fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a

unidade B1

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B1

Queijo

2008 1ordf 200 136 3641

2ordf 221 151 1789 234

2009 1ordf 246 905 4224

2ordf 466 797 9329 257

2010 1ordf 258 496 3994

2ordf 475 036 129 26

2011 1ordf 260 433 8293

2ordf 482 828 1566 25

B1

Manteiga

2008 1ordf 319 231 7427

2ordf 540 382 9216 153

2009 1ordf 254 190 7816

2ordf 474 083 2921 12

2010 1ordf 240 425 0996

2ordf 456 964 8292 127

2011 1ordf 257 692 3862

2ordf 480 086 7135 129

A

Manteiga

+

Leite em Poacute

2008 1ordf 621 599 5243

2ordf 634 517 000 32

2009 1ordf 828 542 0485

2ordf 840 877 000 45

2010 1ordf 719 846 301

2ordf 732 551 571 38

2011 1ordf 738 265 1845

2ordf 750 766 5715 41

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Joana Machado Paacutegina 51

Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se

efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute

igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta

empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas

O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo

passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos

seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua

virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso

da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando

com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa

C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais

baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos

processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)

O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite

que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos

(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por

ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os

restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2

100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT

No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite

teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente

30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para

UHT

Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra

parte vai para o leite em poacute

A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C

utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros

de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L

de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 52

A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga

deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga

num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados

Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo

valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo

constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro

Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas

raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo

e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais

erva)

Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo

seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain

(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua

virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)

Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e

C (2011)

C 22

B1 70

A 8

Manteiga

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 53

Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C

(2011)

B1 66

C 34

Queijo

63

37

Leite UHT

B2 C

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Joana Machado Paacutegina 54

Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta

forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA

recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor

Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os

resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no

leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos

dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um

decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011

Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha

de Satildeo Miguel

2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total

Ilha de

Satildeo

Miguel

329 627 021 X

80= 263 701

617 L

340 405 998 X

80= 272 324

798 L

339 702 819 X

80= 271 762

255 L

318 246 409 X

80= 254 597

127 L

331 995 618 X

80= 265 596

4494 L

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 55

Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria

de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15

Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite

diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do

leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o

que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de

aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a

industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614

0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de

leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788

1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite

As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com

valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres

12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor

valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)

Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo

para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando

se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto

possa conter tanta aacutegua

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 56

Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo

para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

2008 329 627 021

X 80=

263

701 617 L

129 312

746 X

80= 103

450 1968 L

7 909 254

X 80= 6

327 403 L

27 771 834

X 80= 22

217 467 L

6 896 744 X

80= 5 517

395 L

12 594 346

X 80= 10

075 477 L

785 179 X

80= 628

1432 L

16 860 X

80= 13

488 L

2009 340 405 998

X 80=

272

324 798 L

138 353

863 X

80= 110

683 090 L

8 112 299

X 80= 6

489 839 L

29 848 324

X 80= 23

878 659 L

8 544 727 X

80= 6 835

782 L

13 187 592

X 80= 10

550 074 L

1 690 260

X 80= 1

352 208 L

38 693 X

80= 30

954 L

2010 339 702 819

X 80=

271 762 255

L

136 515

935 X

80= 109

212 748 L

7 994 445

X 80= 6

395 556 L

28 956 554

X 80= 23

165 243 L

8 399 352 X

80= 6 719

482 L

12 350 878

X 80= 9

880 702 L

1 497 168

X 80= 1

197 734 L

0 L

2011 318 246 409

X 80=

254 597 127

L

138 887

784 X

80= 111

110 22720

L

7 836 356

X 80= 6

269 085 L

28 575 890

X 80= 22

860 712 L

8 561 298 X

80= 6 849

038 L

12 560 084

X 80= 10

048 067 L

1 080 709

X 80=

864 567 L

0 L

Meacutedia total 331 995 618

X 80=

265 596

4494 L

135 767

580 X

80= 108

614 0656 L

7 963

0885 X

80 = 6

370 4708

L

28 788

1505

X80= 23

030 5204 L

8 089

28025

X80= 6

471 4242 L

9 524 641 X

80= 7 619

71331 L

1 263 329

X 80= 1

010 6632

L

13

88825

X80=

11 1106

L

Aacutegua

Virtual na

meacutedia total

1 593 578

696

651 684

3936

382 228

2248

138 183

1224

38 828

5452

45 718

27986

6 063

9792

66 6636

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 57

Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)

seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo

no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com

1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente

da produccedilatildeo na RAA

Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel

para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449

821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios

de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua

associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424

00 m3 e agrave manteiga 61 000 m

3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os

valores referentes agrave pastagem

Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de

referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6

773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os

64

23

1 6

2 2 1 1

Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 58

valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3

(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m

3 (manteiga)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 59

7 CONCLUSOtildeES

A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo

existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute

chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua

num determinado sector eou produto

Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos

em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao

longo deste estudo

De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo

existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados

especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As

empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees

por exemplo

Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os

dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo

estipulado o que tornou o estudo mais generalista

Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos

produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas

empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e

consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais

aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais

sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate

mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e

manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes

envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua

virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel

calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes

em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do

leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6

isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 60

como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa

e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2

Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em

percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto

com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por

completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do

produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito

proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa

B1

Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado

inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas

contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram

caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos

natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores

gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas

tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que

dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos

Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo

laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa

qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos

processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de

empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 61

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_2011 Acedido a 5 de novembro de 2011

ANEXO 1

No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da

RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa

produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo

Questotildees Respostas

1 Que quantidade de leite que entra

na faacutebrica por mecircs e por ano

2 Quais os produtos que produz a

faacutebrica

3 Que quantidades satildeo produzidas

por mecircs e por ano dos diferentes

produtos (separados)

4 Para 1Kg de queijo quantos L de

aacutegua satildeo usados

5 E para 1Kg manteiga quantos

litros de aacutegua satildeo usados

6 E para as natas satildeo necessaacuterios

quantos L de aacutegua

7 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada pela faacutebrica por mecircs e

por ano

8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica

Que quantidade de aacutegua eacute retirada

pelo furo por mecircs e por ano

9 Que quantidades de aacuteguas

residuais produzem na faacutebrica

10 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada para refrigeraccedilatildeo

11 Tecircm um esquema do ciclo de

produccedilotildees que possam

disponibilizar

Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo

Joana Machado

ANEXO II

Processo produtivo

Armazenamento

Arrefecimento

Receccedilatildeo

Desnate

Armazenamento

desnatado

Armazenamento

nata

Produccedilatildeo

Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem

Enchimento

Secagem

Homogeneizaccedilatildeo

Concentraccedilatildeo

Pasteurizaccedilatildeo

ANEXO III

Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo

i-iacuteiacuteiacutea-----t-

AgravelG= l6-11

Acirccigravedez= E-17 C

NaCl r291sal e0 lsnal

lIgraveunitlaamp l6qocirc

Mrtr-gg

Expdrccedilatildeo

Qucilo Fabnco

Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I

s9mq9mExpediccedilatildeo

_t-I Armazenageln llcnrP

ric--T--

t-llCotdo eml

I u l

t Epdtccedilatilde I

Sacos de 25Kg

I+IacutefilAtildeqol

IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I

crnp lmbrcilla

l ll]j n u uo0

iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet

IY

Tratamento do

Soro

lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras

J

tit=tstl

lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1

LeiteMago

em Poacute

Saco Atrn saco plaacutestico

roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa

separadora caixa de callatildeo

I E-pdiccedilatilde I

Page 15: Água virtual no sector dos lacticínios na Região Autónoma dos … · 2017. 8. 18. · Figura 2 Distribuição geográfica mundial da escassez física de água 7 Figura 3 Distribuição

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 5

2 A AacuteGUA COMO RECURSO

21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra

A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou

animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente

em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra

Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou

doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo

nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua

distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente

movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)

Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)

A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por

mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos

atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km

3) apenas

08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo

para abastecimento humano (Tabela 1)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 6

Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)

Reservatoacuterio Total Aacutegua doce

Oceanos

Gelo e neve

965

18

966

Aacutegua

subterracircnea

Doce 076 301

Salgada 093

Aacutegua superficial

Aacutegua no solo

Lagos (aacutegua doce) 0007 026

Lagos (aacutegua

salgados)

0006

Pacircntanos 00008 003

Rios 00002

00012

0006

005

Atmosfera 0001 004

Biosfera 00001 0003

Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por

se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo

usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo

eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo

A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com

escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais

sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo

abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso

humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por

paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos

ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 7

Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)

Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab

ano em

Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)

A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25

desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute

foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade

de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua

disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na

induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 8

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab

ano)

a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain

2007b)

22 Consumo de aacutegua na Europa

Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da

Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da

mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que

eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior

percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico

(figura 4) (Karavatis)

Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de

aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade

populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos

paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector

o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes

A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a

meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499

para 5 170 m3hab

ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total

de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o

consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que

eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para

descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 9

lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito

miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal

No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per

capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida

das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na

poupanccedila de aacutegua (Karavatis)

Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 10

23 Consumo de aacutegua em Portugal

231 Consumo de aacutegua em Portugal

Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por

habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica

Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)

Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado

posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da

presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que

exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal

parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica

do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)

referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave

importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)

Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector

industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo

o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o

sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)

Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)

(PNA 2012)

A B

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 11

232 Qualidade da aacutegua em Portugal

Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na

generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade

realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua

evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao

presente (Figura 6A)

A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como

boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute

qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel

(Figura 6B)

Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees

em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)

B A

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 12

233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores

Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as

necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de

20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de

energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo

consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta

teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares

Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo

de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees

82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da

legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser

considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava

paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua

deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo

ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos

naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das

atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a

atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para

aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades

significativas de aacutegua

Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros

podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do

proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute

convertida em aacuteguas residuais

De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a

maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros

focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores

(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas

com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de

poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 13

Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm

a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes

urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material

utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem

de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos

dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de

fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 14

3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL

Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi

reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a

aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes

do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre

os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade

dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)

Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees

internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor

John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)

Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos

agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima

2008)

A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou

serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem

no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma

medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se

estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a

aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)

Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices

quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e

autossuficiecircncia de aacutegua

Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua

virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a

quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)

Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum

bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros

de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros

de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de

aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 15

O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua

Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo

Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os

fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de

produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)

O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma

vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes

das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 16

4 METODOLOGIA

41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra

A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no

sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas

A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental

para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro

passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo

(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de

acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na

internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados

referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de

leite para o sector industrial

Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber

como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua

que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais

mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)

42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo

Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise

e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)

Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual

Seleccedilatildeo do grupo de

anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das

empresas

Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e

outputs Interpretaccedilatildeo dos

Resultados

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 17

Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se

chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de

vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e

aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas

na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos

necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute

contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um

deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que

entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos

resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente

estudo

Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo

natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo

relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo

Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual

Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que

calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra

na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto

final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 18

uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma

precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano

421 Ciclo de vida do gado leiteiro

Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios

propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas

Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)

Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo

metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo

Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)

Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-

se 35 L x 365 d= 12 775 L

Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)

422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos

Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma

determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e

do tipo de produto

H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)

Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo

ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 19

H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)

Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)

Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)

Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)

Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se

os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)

Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte

equaccedilatildeo (eq 9)

H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80

H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da

vaca (L) pano nas ilhas x 80

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)

( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X

50))

( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X

50))

(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 20

5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA

51 Arquipeacutelago dos Accedilores

O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos

36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute

formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o

Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e

Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca

de 2 322 km2

Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)

O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas

de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o

territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional

varia entre 219 e 3418 habkm2

De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no

arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute

condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A

amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida

e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 21

A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930

mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)

O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico

refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no

geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha

Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)

A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a

cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52

acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas

(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da

Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes

menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800

m de altitude (Cruz et al 2009)

O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande

parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas

tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade

vulcacircnica(Cruz et al 2009)

Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem

vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e

azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG

2001)

O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo

vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas

registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo

destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para

NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)

Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem

intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas

diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo

o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 22

A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados

estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo

Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel

relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem

observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem

como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos

tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente

vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de

erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos

piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)

A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos

serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das

atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)

estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram

responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros

contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total

(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)

Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -

Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash

construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e

domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e

comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves

empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)

111

109

61

228156

336 1

2

3

4

5

6

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 23

O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com

601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector

secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as

ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira

52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental

Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre

foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em

Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada

quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que

autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo

Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada

qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional

Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute

criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha

vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam

de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)

Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a

2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a

2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na

produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de

apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 24

Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)

Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)

2007 1 909 440

2008 1 960 899

2009 1 938 641

2010 1 860574

2011 1 860 831

Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em

todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a

este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite

UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com

impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de

aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas

Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito

a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em

parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo

Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das

associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o

GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios

agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)

Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos

sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela

3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que

maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-

se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram

os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma

evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a

diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24

326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011

os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 25

Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)

Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011

Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo

26

367 375

25 966 137

Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

25 858 430 25 289 152

Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

29 867 949 30 313 630

Abril Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 513 001 31 933 104

Maio Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

34 156 283 35 321 861

Junho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

32 761 050 33 910 081

Julho Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo ndash Litro

31 480 274 32 716 997

Agosto Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

27 941 816 29 101 970

Setembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 413 105 26 506 695

Outubro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

25 007 653 26 610 025

Novembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 326 655

25 040 257

Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente

da produccedilatildeo - Litro

24 894 278 26 955 549

Total 339 587 869 349 665 458

No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite

para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute

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Joana Machado Paacutegina 26

atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a

que menos produz (Tabela 4)

Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)

(SREA2012)

53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo

Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente

trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por

motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim

como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas

531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A

A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a

farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A

partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e

atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as

outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa

ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus

produtos

Ilha

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2008

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2009

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2010

Leite de vaca

recolhido

diretamente

da produccedilatildeo ndash

(L)

2011

Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408

Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982

Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296

Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242

Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415

Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736

Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908

Corvo 1 405 3 22441 0 2248

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Joana Machado Paacutegina 27

Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e

produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)

O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o

arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a

outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o

armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo

armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de

desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo

posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando

pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)

Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009

aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a

empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua

evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e

posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial

desde que natildeo haja contacto com o produto

Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da

vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal

Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado

ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em

conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma

licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada

entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas

condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental

A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em

Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente

produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal

Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede

municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo

conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja

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Joana Machado Paacutegina 28

consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m

3 em 2010 e

43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)

Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3

t e 8592 m3

t

para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave

empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)

Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)

102 65200 m3 (2009) 22 24900 m

3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o

registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)

Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e

2011)

Consumo

de aacutegua

municipal

2008

Consumo

de aacutegua

salgada

2008

Consumo

de aacutegua

municipal

2009

Consumo

de aacutegua

salgada

2009

Consumo

de aacutegua

municipal

2010

Consumo

de aacutegua

salgada

2010

Consumo

de aacutegua

municipal

2011

Consumo

de aacutegua

salgada

2011

Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692

Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492

Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927

Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734

Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622

Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732

Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995

Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263

Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526

Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213

Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874

Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885

Total

anual

66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835

Meacutedia

anual

5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486

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Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de

2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura

12)

Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de

marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que

se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro

Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -

2011)

Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho

de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela

6 Figura 13)

No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes

mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)

sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por

uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009

Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009

Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008

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Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Leite

recebido

2011

Soro

recebido

2011

Leite

recebido

2010

Soro

recebido

2010

Leite

recebido

2009

Soro

recebido

2009

Leite

recebido

(2008

Soro

recebido

2008

Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210

Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437

Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401

Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368

Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219

Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265

Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235

Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364

Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376

Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338

Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350

Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239

Total

anual

72 103 2415 73 280 2

634451

71 144 2 507 74 507 3 802

Meacutedia

anual

6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833

Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Leite recebido (ton) 2011

Leite recebido (ton) 2010

Leite recebido (ton) 2009

Leite recebido (ton) 2008

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Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)

Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A

entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011

com um leve decreacutescimo (Tabela 7)

Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e

2011)

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2008

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2009

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2010

Volume de

produccedilatildeo (leite

em poacute +

manteiga) 2011

Jan 859 906 784 83059

Fev 868 256 748 71868

Mar 929 913 839 935755

Abr 889 909 872 8792

Mai 895 933 875 96577

Jun 847 914 859 896085

Jul 918 927 943 836515

Ago 860 793 811 882075

Set 688 812 781 33077

Out 678 667 698 2103

Nov 719 627 661 667125

Dez 689 704 659 79611

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Soro recebido (ton) 2011

Soro recebido (ton) 2010

Soro recebido (ton) 2009

Soro recebido (ton) 2008

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Joana Machado Paacutegina 32

Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975

Meacutedia

anual

820 780083 794 7457479

Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram

janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior

produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)

Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A

(2008 ndash 2011)

532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2

A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e

duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas

quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em

poacute e lactosoro em poacute

Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril

da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W

A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo

com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se

a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma

0

200

400

600

800

1000

1200

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009

Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008

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Joana Machado Paacutegina 33

reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica

regional

A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do

atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de

produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo

Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo

e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente

Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute

existentes (Tavares 2008)

A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga

leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de

induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo

grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos

de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3

(Tavares 2008)

Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a

nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga

Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da

captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes

situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia

dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma

captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da

Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)

O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para

2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)

O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um

aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente

tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144

m3) (Tabela 8)

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Joana Machado Paacutegina 34

Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m

3) na empresa B1 (2008-

2011)

Total

Consumo

de aacutegua

2008

Caudal

efluente

tratado

2008

Total

Consumo

de aacutegua

2009

Caudal

efluente

tratado

2009

Total

Consumo

de aacutegua

2010

Caudal

efluente

tratado

2010

Total

Consumo

de aacutegua

2011

Caudal

efluente

tratado

2011

Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092

Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669

Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933

Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247

Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346

Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236

Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174

Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873

Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785

Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505

Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644

Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757

Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261

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Joana Machado Paacutegina 35

Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m

3) na

empresa B1 (2008 - 2011)

A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas

C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens

(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos

administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor

os vestiaacuterios e o refeitoacuterio

C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da

manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo

do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado

desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca

de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da

concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da

temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas

higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo

onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final

seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e

expediccedilatildeo

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Total Consumo de aacutegua (m3) 2011

Caudal efluente tratado (m3) 2011

Total Consumo de aacutegua (m3) 2010

Caudal efluente tratado (m3) 2010

Total Consumo de aacutegua (m3) 2009

Caudal efluente tratado (m3) 2009

Total Consumo de aacutegua (m3) 2008

Caudal efluente tratado (m3) 2008

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 36

C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo

retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute

efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o

leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento

num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior

parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C

para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril

C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das

proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar

forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na

salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode

ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo

eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a

temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura

Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos

meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009

(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4

em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009

No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e

o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e

agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1

nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)

Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua

residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 37

Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -

2009)

Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)

(2010 - 2011)

Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma

maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que

se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo

aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser

explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e

consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 ndash 2009

C2 - 2009

C3 ndash 2009

C4 ndash 2009

C1 ndash 2008

C2 - 2008

C3 ndash 2008

C4 ndash 5

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

C1 - 2011

C2 - 2011

C 3 - 2011

C 4 - 2011

C1 - 2010

C2 - 2010

C3 - 2010

C4 - 2010

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Joana Machado Paacutegina 38

Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -

2011)

Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas

(m3) na empresa B2 (2008-2011)

Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem

foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que

menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela

10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas

residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os

maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees

As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam

resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a

estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

100000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas residuais

Volume (m3) de aacutegua consumida

na instalaccedilatildeo fabril e origem na

Rede Municipal

Quantidade (m3) de aacuteguas

residuais

2008 87 313 60 110

2009 65 851 45 248

2010 54 752 36 338

2011 41 4315 2 565

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Joana Machado Paacutegina 39

Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a

2011)

Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)

Quantidade leite

recebido

Quantidade produto final

2008 34 1216 30 3916

2009 33 391 29 076

2010 33 0979 27 5678

2011 28 454 24 0993

533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C

A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura

transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor

dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de

uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C

estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz

cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve

continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas

estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior

bacia leiteira dos Accedilores

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

2008 2009 2010 2011

Quantidade (m3) leite recebido

Quantidade (m3) produto final

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Joana Machado Paacutegina 40

Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes

ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por

ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs

Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)

manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas

mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo

Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo

No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na

Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados

Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no

entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o

processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do

mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a

produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo

Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011

Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem

na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo

de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste

nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que

nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro

apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se

um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos

restantes meses ateacute ao final de 2011

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Joana Machado Paacutegina 41

Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal

(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)

Ano 2011 Aacutegua da Rede

Municiapl

Aacutegua do Furo Aacutegua residual

Caudal mensal

Janeiro 15 344 0 2 928

Fevereiro 13 996 446 18 494

Marccedilo 11 105 3 642 34 899

Abril 12 726 4 466 12 758

Maio 10 460 7 798 12 038

Junho 11 362 8 142 9 968

Julho 12 413 8 097 12 182

Agosto 9 365 7 851 9 721

Setembro 9 623 8 442 12 413

Outubro 10 296 7 753 11 294

Novembro 8 628 6 976 10 637

Dezembro 9 390 6 679 10 799

Total 134 708 5 858 158 131

Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C

(2011)

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Aacutegua da Rede Municiapl

Aacutegua do Furo

Agua residual Caudal mensal

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Joana Machado Paacutegina 42

534 Empacotamento do leite

5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite

Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos

liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de

camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para

embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da

seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)

Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam

qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem

e facilitam a soldadura

Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando

a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos

Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio

ao cartatildeo

Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo

Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior

Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-

Paiva 2003)

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Joana Machado Paacutegina 43

5342Enchimento

As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na

maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura

23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da

embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de

hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos

evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado

O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute

dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as

embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)

Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com

eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas

embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo

necessaacuterios 383 X10^10

L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por

cada embalagem (Tabela 11)

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Joana Machado Paacutegina 44

Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra

Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)

Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de

enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)

Eletricidade [kW]

Vapor [kg]

Aacutegua [L]

Peroacutexido de

Hidrogeacutenio [L]

166times102

300times10-4

383times10-1

250times10-4

Selagem por induccedilatildeo

de calor

Tubo de

enchiment

o abaixo

do niacutevel do

liacutequido

Extremidades

seladas por

induccedilatildeo de

calor

Soluccedilatildeo

esterilizador

a (Peroacutexido

de

hidrogeacutenio)

Aacuterea de esterilizaccedilatildeo

fechada

Embalagem final

cheia e fechada

Rolo de embalagens

preacute-impresso

1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de

enchimento

2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de

entrarem na zona de enchimento

3Leite e embalagens combinados na zona

esterilizada

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Joana Machado Paacutegina 45

54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro

O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca

de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas

que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves

matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e

forragens

O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No

entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores

e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente

criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos

principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a

Portugal

Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6

670 exploraccedilotildees (SREA 2012)

541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro

Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees

nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas

leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo

Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo

cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de

origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais

com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a

respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)

fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000

UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)

Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os

mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma

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Joana Machado Paacutegina 46

composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura

bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)

No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm

tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel

composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta

(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)

A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida

existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos

12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000

kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute

existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores

estimados

542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro

Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem

perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina

fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos

importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que

proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere

A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as

vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia

nutricional e do qualquer outro animal

Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior

quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave

quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido

O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A

quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo

de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre

outros fatores (AJAM 2012)

A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A

temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere

por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 47

ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca

leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o

que for necessaacuterio

Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia

mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia

65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia

543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto

A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo

qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a

sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto

desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando

chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO

14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de

objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees

diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)

Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)

Modelo da Analise do Ciclo de

Vida

Definiccedilatildeo de

objetivo e

alcance

Anaacutelise do

inventaacuterio

Avaliaccedilatildeo de impactes

ambientais

Inte

rpre

taccedilatilde

o e

av

alia

ccedilatildeo

Aplicaccedilotildees diretas

Conceccedilatildeo e melhoria de

produtos

Planificaccedilatildeo estrateacutegica

Desenvolvimento de

poliacuteticas puacuteblicas

Marketing

Outros

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 48

Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha

de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica

Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a

qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se

iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a

normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o

leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com

a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e

coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No

fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma

ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor

A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido

e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem

De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase

de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o

uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre

outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os

produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees

atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um

esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido

na Figura 25

Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo

Faacutebrica

Ciclo de produccedilatildeo

Inputs

Mateacuteria - prima

Aacutegua

Combustiacuteveis

Eletricidade

Outputs

Produtos

Aacuteguas Residuais

Emissotildees

atmosfeacutericas

Resiacuteduos

Energia

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Joana Machado Paacutegina 49

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar

valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede

municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas

faacutebricas e o produto final (Tabela 13)

Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7

(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos

para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das

Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave

produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de

modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o

somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o

somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida

parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo

valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo

final

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B2

Leite UHT

2008 1ordf 126 250 2628

2ordf 175 252 0509 65

2009 1ordf 103 699 908

2ordf 71 552 14286 6

2010 1ordf 91 788 7874

2ordf 162 712 8588 6

2011 1ordf 73 424 7319

2ordf 134 397 589 55

C

Leite UHT

2011 1ordf 290 521 3264

2ordf 467 766 5121 92

Queijo

2011

1ordf 206 985 1468

2ordf 384 230 3325 126

Manteiga

2011

1ordf 211 617 1536

2ordf 388 862 3393 95

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 50

Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades

industriais estudadas (continuaccedilatildeo)

A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano

contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado

leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto

ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano

Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal

Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano

comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se

que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute

Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604

Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade

fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a

unidade B1

Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O

L Leite

L H2O Produto final

B1

Queijo

2008 1ordf 200 136 3641

2ordf 221 151 1789 234

2009 1ordf 246 905 4224

2ordf 466 797 9329 257

2010 1ordf 258 496 3994

2ordf 475 036 129 26

2011 1ordf 260 433 8293

2ordf 482 828 1566 25

B1

Manteiga

2008 1ordf 319 231 7427

2ordf 540 382 9216 153

2009 1ordf 254 190 7816

2ordf 474 083 2921 12

2010 1ordf 240 425 0996

2ordf 456 964 8292 127

2011 1ordf 257 692 3862

2ordf 480 086 7135 129

A

Manteiga

+

Leite em Poacute

2008 1ordf 621 599 5243

2ordf 634 517 000 32

2009 1ordf 828 542 0485

2ordf 840 877 000 45

2010 1ordf 719 846 301

2ordf 732 551 571 38

2011 1ordf 738 265 1845

2ordf 750 766 5715 41

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 51

Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se

efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute

igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta

empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas

O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo

passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos

seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua

virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso

da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando

com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa

C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais

baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos

processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)

O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite

que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos

(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por

ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os

restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2

100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT

No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite

teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente

30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para

UHT

Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra

parte vai para o leite em poacute

A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C

utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros

de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L

de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 52

A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga

deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga

num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados

Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo

valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo

constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro

Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas

raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo

e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais

erva)

Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo

seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain

(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua

virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)

Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e

C (2011)

C 22

B1 70

A 8

Manteiga

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 53

Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C

(2011)

Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C

(2011)

B1 66

C 34

Queijo

63

37

Leite UHT

B2 C

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 54

Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta

forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA

recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor

Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os

resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no

leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos

dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um

decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011

Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha

de Satildeo Miguel

2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total

Ilha de

Satildeo

Miguel

329 627 021 X

80= 263 701

617 L

340 405 998 X

80= 272 324

798 L

339 702 819 X

80= 271 762

255 L

318 246 409 X

80= 254 597

127 L

331 995 618 X

80= 265 596

4494 L

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 55

Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria

de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15

Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite

diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do

leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o

que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de

aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a

industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614

0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de

leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788

1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite

As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com

valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres

12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor

valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)

Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo

para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando

se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto

possa conter tanta aacutegua

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 56

Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo

para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

2008 329 627 021

X 80=

263

701 617 L

129 312

746 X

80= 103

450 1968 L

7 909 254

X 80= 6

327 403 L

27 771 834

X 80= 22

217 467 L

6 896 744 X

80= 5 517

395 L

12 594 346

X 80= 10

075 477 L

785 179 X

80= 628

1432 L

16 860 X

80= 13

488 L

2009 340 405 998

X 80=

272

324 798 L

138 353

863 X

80= 110

683 090 L

8 112 299

X 80= 6

489 839 L

29 848 324

X 80= 23

878 659 L

8 544 727 X

80= 6 835

782 L

13 187 592

X 80= 10

550 074 L

1 690 260

X 80= 1

352 208 L

38 693 X

80= 30

954 L

2010 339 702 819

X 80=

271 762 255

L

136 515

935 X

80= 109

212 748 L

7 994 445

X 80= 6

395 556 L

28 956 554

X 80= 23

165 243 L

8 399 352 X

80= 6 719

482 L

12 350 878

X 80= 9

880 702 L

1 497 168

X 80= 1

197 734 L

0 L

2011 318 246 409

X 80=

254 597 127

L

138 887

784 X

80= 111

110 22720

L

7 836 356

X 80= 6

269 085 L

28 575 890

X 80= 22

860 712 L

8 561 298 X

80= 6 849

038 L

12 560 084

X 80= 10

048 067 L

1 080 709

X 80=

864 567 L

0 L

Meacutedia total 331 995 618

X 80=

265 596

4494 L

135 767

580 X

80= 108

614 0656 L

7 963

0885 X

80 = 6

370 4708

L

28 788

1505

X80= 23

030 5204 L

8 089

28025

X80= 6

471 4242 L

9 524 641 X

80= 7 619

71331 L

1 263 329

X 80= 1

010 6632

L

13

88825

X80=

11 1106

L

Aacutegua

Virtual na

meacutedia total

1 593 578

696

651 684

3936

382 228

2248

138 183

1224

38 828

5452

45 718

27986

6 063

9792

66 6636

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 57

Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)

seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo

no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com

1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)

Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente

da produccedilatildeo na RAA

Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel

para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449

821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios

de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua

associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424

00 m3 e agrave manteiga 61 000 m

3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os

valores referentes agrave pastagem

Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de

referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6

773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os

64

23

1 6

2 2 1 1

Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo

na RAA

Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 58

valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3

(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m

3 (manteiga)

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 59

7 CONCLUSOtildeES

A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo

existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute

chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua

num determinado sector eou produto

Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos

em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao

longo deste estudo

De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo

existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados

especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As

empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees

por exemplo

Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os

dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo

estipulado o que tornou o estudo mais generalista

Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos

produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas

empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e

consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais

aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais

sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate

mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e

manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes

envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua

virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel

calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes

em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do

leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6

isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 60

como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa

e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2

Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em

percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto

com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por

completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do

produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito

proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa

B1

Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado

inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas

contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram

caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos

natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores

gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas

tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que

dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos

Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo

laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa

qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos

processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de

empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 61

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obtenir le titre de Docteur en Sciences Universiteacute Paris ndashSud Paris 193pp

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OCORREcircNCIA E QUALIDADE SRA PONTA DELGADA 288 PP

Cruz JV Antunes P Coutinho R Fontiela J e Freire P (2009) ndash Questotildees

Significativas Para a Gestatildeo da Aacutegua na Regiatildeo Hidrograacutefica dos Accedilores Identificaccedilatildeo

caracterizaccedilatildeo e apoio agrave participaccedilatildeo puacuteblica Relatoacuterio final Relatoacuterio DCT

31CVARG09 Universidade dos Accedilores Ponta Delgada 153 pp

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 62

Cruz JV Pacheco D Coutinho R Cymbron R Mendes S Antunes Fontiela J e

Freire P (2010b) - Chemical monitoring of river water bodies in an EU outermost

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Cruz JV Pacheco D Cymbron R e Mendes S (2010a) - Monitoring of the

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DRECRETO DE LEI REGIONAL Nordm 192003A ldquoDR 95 SEacuteRIE I-A DE 2003-04-23rdquo ANEXO 1

2617 PP

DROTRHndashINAG (2001) PLANO REGIONAL DA AacuteGUA RELATOacuteRIO TEacuteCNICO VERSAtildeO

PARA CONSULTA PUacuteBLICA DROTRH-INAG PONTA DELGADA 414 PP

Gaspar JL Queiroz G Ferreira T Coutinho R Almeida MH Wallenstein N amp

Pacheco J (2001) ndash A Erupccedilatildeo Vulcacircnica de 1998-1999 na Crista Submarina da

Serreta (W da ilha Terceira Accedilores) Modelo eruptivo Actas da 2ordf Assembleia Luso-

Espanhola de Geodesia e Geofisica Inst Geofisico Infante DLuis Lisboa pp 355-356

Hoekstra A e Hung P (2005) ndash Globalisation of water resources international virtual

water flows in relation to crop trade Global Environmental Change 15 45-56

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Hoekstra AChapagain AK (2007) Water footprints ndash Water Resources

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Hoekstra A Chapagain A Aldaya M e Mekonnen M (2009) - Water footprint

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Hoekstra A Chapagain A Aldaya M e Mekonnen M (2011) ndash The water footprint

assessment analysis Setting the global standard Earthscan London 227 pp

IRA (2011) - Inspeccedilotildees ambientais agrave industria do leite e derivados Relatoacuterio temaacutetico

Angra do Heroiacutesmo 13-16 ppKaravatis C Uso de aacutegua na Europa Seacuterie do fasciacuteculo

A nuacutemero 1

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 63

NP ISO 14040 2004 Documentaccedilatildeo - Apresenta o enquadramento os princiacutepios e os

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Ma M Hoekstra A Wang H Chapagain A e Wang D (2006) - Virtual versus real

water transfers within China Phil Trans R Soc B 361 835-842

Oliveira A(2008)-ldquo Eco- Eficiecircncia na Industria de Lacticiacutenios da Ilha de Satildeo Miguelrdquo

Universidade dos Accedilores ndash Departamento de Biologia Ponta Delgada

Rodriguez R Garrido A Llamas MR e Varela C (2009) - La huella hidroloacutegica de

la agricultura Espantildeola Ingenieriacutea del Agua 16 27-40

Serralheiro A Matos Alves CA Foriaz VH e Rodrigues B (1987) ndash Carta

Vulcanologica dos Accedilores de escala 115000 Ilha da Santa maria CVINIC-DGUA-

SRPCA Ponta Delgada 2 folhas

Tavares A (2008) ldquoLevantamento Ambiental Fromageries Bel- Faacutebrica Ribeira

Granderdquo Universidade dos Accedilores-Departamento de Biologia Ponta Delgada

Weston FS (1964) ndash List of Recorded Volcanic Eruptions in the Azores With Reports

Bol Mus Lab Min Geol FCUL 10 3-18 pp

WWF Mediterranean (2010) Water footprint in Portugal

Vale A Paiva V (2003) ndash ldquoAvaliaccedilatildeo do ciclo de vida de embalagens de 33cl para

neacutectaresrdquo Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto projeto de investigaccedilatildeo

Porto 2003 37 39 pp

Velaacutesquez E (2007) - Water trade in Andalusia Virtual water An alternative way to

manage water use Ecological Economics 63 201-208

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 64

Referencias eletroacutenicas

Aacuteguas Puacuteblicas do Alentejo disponiacutevel em httpwwwagdaptdeclaracao-de-

dublinhtml Acedido a 15 de julho de 2012

Associaccedilatildeo dos Fabricantes de Embalagens de cartatildeo para Alimentos Liacutequidos (Afcal)

Disponiacutevel em httpwwwafcalptembalagensphp Acedido a 28 de agosto de 2012

Eroski Fundaccedilatildeo disponiacutevel em httprizomasnetcultura-escolarmaterial-

didaticobiologia234htmlAacutegua Virtual|outline Acedido a 28 de agosto de 2012 em

European Environmental Agency disponiacutevel em httpwwweeaeuropaeu Acedido a

28 de agosto de 2012

Gazeta Rural (RG) (2012 17de setembro) Accedilores Pagamentos de resgate de leite

efetuados Disponiacutevel em

httpwwwgazetaruralcomindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2085ac

ores-pagamentos-do-resgate-leiteiro-efectuadosampcatid=67acoresampItemid=59 Acedido

a 18 de setembro de 2012

GE03 (2002) Global Environment Outlook 3 United Nations Environment Programme

disponiacutevel em httpwwwuneporggeoGEO3englishpdfsprelimspdf Acedido a 26

de agosto de 2012

Quercus Ambiente ndash A ldquopegada de Aacuteguardquo Disponiacutevel em

httpjornalquercusptscidsubquercusdefaultarticleViewOneaspcategorySiteID=448

amparticleSiteID=1126 Acedido a 28 de agosto de 2012

PelaNaturezapt (2011 15 de Setembro) Pegada Hiacutedrica em Portugal Disponiacutevel em

httppelanaturezaptaguanoticiaspegada-hidrica-em-portugal-44444444 Acedido a 5

de novembro de 2011

Portos e Infraestruturas Portuaacuterias (PIP) 2012 Disponiacutevel em

httpwwwazoresgovptGrasram-pescasmenussecundarioPortos+e+Infraestruturas

1 Acedido a 22 de outubro 2012

Portal do Ambiente e do Cidadatildeo (PAC) Disponiacutevel em

httpambientemaiadigitalptambienteaguamais-informacao-1sobre-a-importancia-

de-preservarmos-a-agua Acedido a 15 de julho de 2012

Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

Joana Machado Paacutegina 65

Revista de Informaccedilatildeo Cultural Cientifica (RICC) Disponiacutevel em

httpportugalizanetoldnumero05bol05n05htm Acedido a 27 de agosto de 2012

Rizomas (200924 de Agosto) Aacutegua virtualDisponiacutevel em httprizomasnetcultura-

escolarmaterial-didaticobiologia234htmlAacutegua Virtual|outline Acedido a 27 de

agosto de 2012

Salatildeo Internacional do Sector Alimentar e Bebidas (SISAB) Portugal 2012 Disponiacutevel

em httpwwwsisaborgcontent1378lacticinios Acedido a 28 de agosto de 2012

Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores (SREA) disponiacutevel em

httpestatisticaazoresgovpt Acedido a 10 de janeiro de 2012

Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores- Recenseamento agriacutecola 2009 disponiacutevel

em httpestatisticaazoresgovpt Acedido a 28de Outubro

Sistema Nacional de Informaccedilatildeo dos Recursos Hiacutedricos (SNIRH) 2012- Disponiacutevel em

httpsnirhptindexphpidMain=1ampidItem=15 Acedido a 15 de stembro2012

Water Foundation - World Water Council (200818 de Marccedilo) Virtual

WaterDisponiacutevel em httpwwwvirtual-

waterorgindexphpoption=com_contentamptask=viewampid=1ampItemid=1 Acedido a 5 de

novembro de 2011

World Wide Foundation for Nature (2011)Disponiacutevel em

httpwwwwwfpto_que_fazemospor_um_planeta_vivopegada_hidrica_em_portugal

_2011 Acedido a 5 de novembro de 2011

ANEXO 1

No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da

RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa

produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo

Questotildees Respostas

1 Que quantidade de leite que entra

na faacutebrica por mecircs e por ano

2 Quais os produtos que produz a

faacutebrica

3 Que quantidades satildeo produzidas

por mecircs e por ano dos diferentes

produtos (separados)

4 Para 1Kg de queijo quantos L de

aacutegua satildeo usados

5 E para 1Kg manteiga quantos

litros de aacutegua satildeo usados

6 E para as natas satildeo necessaacuterios

quantos L de aacutegua

7 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada pela faacutebrica por mecircs e

por ano

8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica

Que quantidade de aacutegua eacute retirada

pelo furo por mecircs e por ano

9 Que quantidades de aacuteguas

residuais produzem na faacutebrica

10 Que quantidade de aacutegua eacute

utilizada para refrigeraccedilatildeo

11 Tecircm um esquema do ciclo de

produccedilotildees que possam

disponibilizar

Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo

Joana Machado

ANEXO II

Processo produtivo

Armazenamento

Arrefecimento

Receccedilatildeo

Desnate

Armazenamento

desnatado

Armazenamento

nata

Produccedilatildeo

Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem

Enchimento

Secagem

Homogeneizaccedilatildeo

Concentraccedilatildeo

Pasteurizaccedilatildeo

ANEXO III

Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo

i-iacuteiacuteiacutea-----t-

AgravelG= l6-11

Acirccigravedez= E-17 C

NaCl r291sal e0 lsnal

lIgraveunitlaamp l6qocirc

Mrtr-gg

Expdrccedilatildeo

Qucilo Fabnco

Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I

s9mq9mExpediccedilatildeo

_t-I Armazenageln llcnrP

ric--T--

t-llCotdo eml

I u l

t Epdtccedilatilde I

Sacos de 25Kg

I+IacutefilAtildeqol

IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I

crnp lmbrcilla

l ll]j n u uo0

iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet

IY

Tratamento do

Soro

lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras

J

tit=tstl

lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1

LeiteMago

em Poacute

Saco Atrn saco plaacutestico

roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa

separadora caixa de callatildeo

I E-pdiccedilatilde I

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