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GUARULHOS “EM QUE CICLO DA VIDA DA CIDADE NOS
ENCONTRAMOS?”
(TESES PARA ENTENDER NOSSA HISTÓRIA E PARA AGIR)
INTRODUÇÃO
O ciclo que identificava de pronto Guarulhos como uma cidade industrial durou cerca de 45 anos.
Isto, vem progressivamente mudando há mais de 20 anos.
A cidade prossegue passando por grandes transformações estruturais:
- Na economia;- Na renda do povo;- Na idade de sua população;- Na oferta de educação superior;- Nas condições da vida urbana;- Na iminência de grandes obras estruturantes.
Sucessivos governos procuraram atenuar antigos problemas com:
- Abertura de avenidas; - Asfaltamento em todos os bairros; - Unidades de saúde e hospitais;- Escolas e creches;- Abastecimento de água e coleta de esgotos;- Áreas de lazer e esportes; - Drenagem;- Programas sociais, programas habitacionais.
Mas, antigos problemas ainda resistem:
- Alta desigualdade social; - Renda baixa da maior parte das famílias; - Grande número de habitações precárias; - Qualidade e oferta da educação; - Envelhecimento do sistema viário; - Poluição de córregos; - Locais de lazer, esportes e cultura.
Grandes transformações trazem consigo novos problemas:
- Daí a necessidade de pensar a cidade como um todo.
- O propósito das teses seguintes é colaborar neste esforço.
TESE 1
É DE FORA QUE SÃO PROVOCADAS AS GRANDES TRANSFORMAÇÕES NA CIDADE.
A industrialização (de 1945 em diante) mudou a antiga cidade:
- Transformou a economia; - Induziu o crescimento populacional; - Provocou rápida expansão urbana.
A indústria foi atraída por condições locais favoráveis: - Proximidade do principal polo industrial do país, a Capital; - Implantação da Via Dutra e, mais tarde, da Fernão Dias; - Terrenos livres e mais baratos; - Formação de polos industriais.
A explosão populacional foi fruto da industrialização:
- De 35 mil habitantes (1950);Vai para 783 mil (1991); Taxa de crescimento mais de 12% ao ano; - 75% da migração: interior de SP, Minas, Nordeste. - Desde a década 1980 começa a diminuir a taxa de crescimento populacional; - Entre 2000 e 2010 a taxa é de 1,3 % a.a;
O mercado, e não o planejamento urbano, comandou a expansão da cidade:
- A cidade avançou sem planejamento de seu conjunto; - Implantação de loteamentos, sem infraestrutura, sem serviços.- Ditada pela localização ou interesse dos proprietários de glebas;
- Favelas nas áreas verdes e institucionais dos loteamentos; - Infraestrutura e serviços vão atrás da expansão urbana (energia elétrica, água, asfalto, iluminação pública, escolas, unidades de saúde).
A antiga cidade se adaptou:
- Quadros dirigentes da cidade buscados nas famílias tradicionais; - Antigos proprietários de glebas enriquecem com a venda de terras; - Pequenos estabelecimentos comerciais se expandem;
- Antigas estradas tornam-se avenidas.
Do novo ciclo surgiram novos atores sociais:
- Surgem os sindicatos de trabalhadores a partir da década de 1960; - Emergem movimentos populares por infraestrutura e serviços públicos nos bairros periféricos e favelas;
- Formam-se, neste meio novo, novos quadros dirigentes da cidade.
TESE 2
O CICLO ATUAL É UMA NOVA SÍNTESE, TAMBÉM SURGIDA POR FORÇAS EXTERNAS À CIDADE
CAUSAS EXTERNAS:Freio na expansão industrial (década de 1990):
- Movimento de interiorização das indústrias no estado de SP. - Transferência de indústrias para outros estados; - Abertura das importações no governo Collor; - Dificuldades para exportação com a paridade dólar/real (governo FHC).
Um mega serviço se instala : O Aeroporto Internacional (década de 1980).
- Atraído pela existência da Base Aérea; - Com ele novas rodovias (Ayrton Senna, Hélio Smidt, marginais da Dutra); - Terminal de Tancagem de Combustíveis da Petrobras (querosene de aviação).
Empresas de transporte de cargas e logística se transferem para cá.
- Afetadas pelas mudanças na legislação urbanística de São Paulo; - Pelas dificuldades de trânsito; - Pela ausência de áreas vazias em São Paulo; - Atraídas pelo custo menor da terra;- Pelas rodovias e infraestrutura local.
Expande-se o ensino superior privado:
- Movimento iniciado durante a ditadura militar no país. - Repercute aqui com criação das primeiras faculdades. - Depois universidade (UNG) e centro universitário (FIG-Unimesp), e novas instituições privadas de ensino superior.
O setor de serviços ultrapassa a indústria em empregos (década de 2010):
- Na última década, setor de serviços avança com o dobro de empregos criados pela indústria;- Setor de serviços ultrapassa a indústria em número de empregos formais (122 mil empregados X indústria 110 mil - ano 2012); - Também o comércio avança em empregos com taxas de crescimento maiores que a indústria;
Principais componentes do setor de serviços:
- Transporte de cargas, transporte aéreo, mão de obra temporária, transporte rodoviário, restaurantes, serviços de saúde, ensino, escritórios, serviços pessoais, sistema financeiro.
Industria continua como a principal atividade econômica: - Maior PIB.- Maior renda salarial.- Salário-médio um terço acima dos outros setores.
Principais segmentos da indústria:autopeças, plásticos, metalmecânica, produtos de borracha, farmacêuticos, alimentos, metalurgia de forja e estampa, têxteis.
Méritos e riscos da nova síntese econômica:
- O mérito da nova síntese econômica (indústria, serviços, comércio, construção civil) é manter uma economia dinâmica:
- O risco é a perda do peso da clássica base industrial que gera inovação, renda maior e avanços tecnológicos.
Expansão do número de automóveis e do transporte rodoviário de cargas:
- Nos últimos 10 anos cresce 78% o número de automóveis (dados nacionais) fruto do aumento da renda familiar, do crédito, dos incentivos; - Cresce o movimento de caminhões com o aumento do consumo e transferência para a cidade do setor de cargas e logística; - Expansão do número de veículos ocorre na mesma infraestrutura viária.
Continua maior o crescimento da população nos bairros de periferia:
- Cabuçu, Bonsucesso e Pimentas foram as regiões que mais cresceram nos últimos dez anos (média de 36% de crescimento); - O mercado habitacional se expande na periferia com o programa estadual do CDHU, o programa federal Minha Casa Minha Vida, e a tradicional autoconstrução.
Surge uma migração de classe média vinda da Capital:
- O mercado habitacional traz para a região central e proximidades uma nova migração.- Agora vem a classe média paulistana. - Aproveitando o preço relativo menor da terra, os avanços urbanos recentes, e uma imagem positiva da cidade.
Anunciam-se grandes obras estruturantes internas e de inserção metropolitana
- Trem, Metrô, Rodoanel, Jacu-Pêssego, expansão do Aeroporto, Trevos, Viadutos, Corredores de Ônibus, Alargamento de vias;
- Em curso grandes obras de saneamento (Estações de Tratamento de Esgotos, Coletores-tronco); Todas dependentes de recursos federais e estaduais.
- Shoppings, grandes condomínios residenciais, condomínios de logística;
Questões colocadas pelas novas obras:
- Como se distribuirão no tempo e conforme a disponibilidade de recursos? - Consequências sobre a cidade (economia, reorganização urbana, abastecimento de água, poluição, ruído, resíduos sólidos)? - Consequências sobre meio ambiente, educação, saúde, desenvolvimento social, equipamentos de lazer e esporte, cultura, conservação da cidade?
TESE 3
CONTRADIÇÕES ENTRE O GERAL E O LOCAL
- A gestão local não tem controle sobre as grandes causas das transformações
- Apenas cuida de seus efeitos. - O mercado joga em escala nacional e incide sobre a cidade, que é administrada pelos limitados instrumentos do poder local.
- Os recursos locais, a legislação local são insuficientes para atender as necessidades geradas pelas transformações de causas externas.
- Para ampliar o espaço público limitado, o poder local tem que adquirir terra particular a preços do mercado, que os investimentos públicos ajudaram a valorizar.
- O poder nacional define obrigações de aplicação dos recursos locais (educação, saúde, responsabilidade fiscal, etc),
- Mas não é obrigado a prover os recursos para as necessidades locais geradas pela macropolítica e macroeconomia.
- Cultura ainda predominante da gestão pública: setorização (educação, saúde, saneamento, mobilidade, habitação, infraestrutura, meio ambiente, etc);
- Ao passo que cada ação setorizada repercute sobre o todo.
- Os órgãos nacionais e estaduais de controle (Judiciário, MP,TCU,TCE, etc.) estabelecem para o poder local restrições ou obrigações pontuais sem atentar sobre o todo da gestão local.
TESE 4
DIFICULDADE DO PODER LOCAL EM PLANEJAR A CIDADE E APLICAR OS PLANOS
- O grande desafio sempre foi fazer valer o planejamento para a vida real da cidade; - A força do mercado e resistência de situações já estabelecidas ignoram o planejamento;
- Leis posteriores assimilam as transgressões; - Nos limites estreitos de ação do poder local, muitas
foram as tentativas de planejar a cidade: - Leis de Zoneamento de 1957 a 1996 incorporavam as
novas áreas de periferia ao perímetro urbano, mantinham a concepção de cidade partida.
- Códigos de Posturas de 1969 e 1990: regras de convivência na cidade existente.
- Plano Diretor de 1971: plano formal, fruto de exigências do governo militar para liberar recursos.
- Plano Diretor de Guarulhos 2004 (tentativa de aplicação local do Estatuto da Cidade);
- Código de Edificações/Obras de Guarulhos 2004;- Lei de Zoneamento de Guarulhos 2007 (busca reconhecer a cidade real – zonas mistas, estabelece ZEIS, necessita de leis complementares e adequação do Código de Posturas;
DESCONTINUIDADE DE GOVERNOS E DE PRESSÕES POPULARES REPERCUTEM SOBRE A CIDADE:
- Governos que investem muito em obras ou expansão de serviços;
- Seguidos por governos que gastam mais em custeio ou em pagamento de dívidas; - Pressão popular e decisão dos governantes ora induzem as políticas públicas em uma direção ora em outra; - Pressão do jogo da política gera maiores gastos com pessoal e encargos;
- Contrapressão popular na disputa pelos recursos públicos gera medidas que desagradam o pessoal.
Tese 5