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Use as lutas internas na maior agência de espionagem dos EUA para ganhar até três dígitos nos próximos 24 meses Por Jim Rickards, O que a CIA e a rede Cracker Barrel Old Country Store têm em comum? Mais do que você pode imaginar. O que conecta essas duas instituições mostra o caminho para uma oportunidade de investimentos com a qual você pode lucrar a partir de hoje. A Agência Central de Inteligência (CIA) dispensa apresentações. É a menina dos olhos da constelação de agências de espionagem da Comunidade de Inteligência dos EUA. Muitas pessoas acham que a CIA é a própria comunidade, mas não é bem assim. Na verdade, a United States Intelligence Community é composta de 17 agências do governo, inclusive a CIA, sob a direção geral do ODNI - Office of the Director of National Intelligence. Já a Cracker Barrel Old Country Store é uma rede com 630 unidades compostas por restaurantes e lojas de presentes. Ela foi fundada em 1969 e hoje atua em mais de 40 estados americanos. Suas lojas têm comida e souvenires típicos sulistas apesar de muitas delas serem localizadas em New England e nos estados do oeste. A ação da empresa é comercializada na NASDAQ sob o código CBRL. Mas o que a CIA tem a ver com a Cracker Barrel? A resposta é que ambas estão envolvidas em espionagem por satélite – os famosos “olhos no céu”. A conexão entre estas duas histórias de espionagem é o que torna nossa oportunidade de investimento tão atraente. Guerra de Satélites: o nascimento do próximo boom de defesa WWW.EMPIRICUS.COM.BR Março

Guerra de Satélites: o nascimento do próximo boom …...Use as lutas internas na maior agência de espionagem dos EUA para ganhar até três dígitos nos próximos 24 meses Por Jim

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Use as lutas internas na maior agência de espionagem dos EUA para ganhar até três dígitos nos próximos 24 meses

Por Jim Rickards,

O que a CIA e a rede Cracker Barrel Old Country Store têm em comum? Mais do que você pode imaginar. O que conecta essas duas instituições mostra o caminho para uma oportunidade de investimentos com a qual você pode lucrar a partir de hoje.

A Agência Central de Inteligência (CIA) dispensa apresentações. É a menina dos olhos da constelação de agências de espionagem da Comunidade de Inteligência dos EUA.

Muitas pessoas acham que a CIA é a própria comunidade, mas não é bem assim. Na verdade, a United States Intelligence Community é composta de 17 agências do governo, inclusive a CIA, sob a direção geral do ODNI - Office of the Director of National Intelligence.

Já a Cracker Barrel Old Country Store é uma rede com 630 unidades compostas por restaurantes e lojas de presentes. Ela foi fundada em 1969 e hoje atua em mais de 40 estados americanos. Suas lojas têm comida e souvenires típicos sulistas apesar de muitas delas serem localizadas em New England e nos estados do oeste. A ação da empresa é comercializada na NASDAQ sob o código CBRL.

Mas o que a CIA tem a ver com a Cracker Barrel? A resposta é que ambas estão envolvidas em espionagem por satélite – os famosos “olhos no céu”. A conexão entre estas duas histórias de espionagem é o que torna nossa oportunidade de investimento tão atraente.

Guerra de Satélites: o nascimento do próximo boom de defesa

WWW.EMPIRICUS.COM.BR

Março

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A CIA coleta inteligência por meio de muitos canais. Eles são conhecidos por códigos com o sufixo “INT” (abreviação de “inteligência”), indicando um canal específico. Por exemplo, HUMINT indica inteligência humana e SIGINT indica inteligência por sinal. Em meu trabalho para a CIA, fui o co-inventor do MARKINT, que quer dizer inteligência de mercado.

MARKINT envolve o uso do mercado de capitais para obter informações e alertas sobre as intenções dos “jogadores” geopolíticos. Esses players podem ser não-governamentais, como o ISIS, ou governamentais, como Vladimir Putin e a sua Rússia.

Um poderoso alerta MARKINT surgiu em outubro de 2013 quando o Banco Central russo começou a retirar títulos do Tesouro americano de suas reserva internacionais. Quatro meses mais tarde, a Rússia anexou a Crimeia, que fazia parte da Ucrânia, a seu território, o que resultou em sanções econômicas por parte do governo americano e de seus aliados.

Já que as sanções eram uma resposta previsível à invasão da Crimeia, faz sentido que a Rússia tenha retirado os chamados Treasuries com antecedência, afinal são os ativos que os EUA podem congelar ou confiscar mais facilmente. Um analista da CIA observando que a Rússia retirou os títulos em outubro poderia ter inferido que o país planejava alguma ação que causaria resposta negativa dos EUA.

O alerta do mercado por si só não seria suficiente para revelar a invasão da Crimeia, mas, combinado a outras fontes de inteligência (incluindo agentes em Moscou e Kiev), poderia ter corroborado tal análise. A combinação de informações de múltiplos canais de inteligência em uma única análise é chamada de “fusão de todas as fontes”.

Outro canal poderoso usado pela CIA e por outros membros da Intelligence Community é chamado de GEOINT, ou inteligência geo-espacial. Esse é código para a inteligência coletada por satélite e fotografia aérea.

Muitos não sabem, mas a CIA não opera seus próprios satélites de espionagem. Os programas de vigilância por satélite do GEOINT são operados por outro membro da comunidade, chamado Agência Nacional de Inteligência Geo-espacial, ou NGA, cuja sede fica em Fort Belvoir, próximo a Springfield, Virgínia. ���2 ���

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Como disse, a Intelligence Community é composta por 17 agências separadas operando sob a orientação geral do ODNI e, por fim, do presidente americano. As insígnias oficiais das 17 agências estão a seguir e incluem a CIA, a NGA e várias outras agências militares de inteligência.

Como resultado do monopólio do NGA nos satélites de espionagem, a CIA deve competir com outros membros por seu uso. Por exemplo, talvez a CIA queira utilizar um satélite para observar um centro de treinamento do Estado Islâmico na Síria, e o DIA queira o satélite para monitorar esforços chineses para construir ilhas artificiais e auto declarar direitos territoriais no mar do sul.

O problema é que a capacidade dos satélites é escassa e muito cara. As diversas agências de espionagem devem competir umas com as outras por seu uso. A NGA opera os satélites e fornece as imagens, mas não decide que agência tem acesso a que. Essas decisões são feitas pelo ODNI e pelo Secretário de Defesa, com aval da Casa Branca e de Susan Rice, responsável pelo Conselho de Segurança Nacional.

Por décadas, o burro de carga da frota de satélites de espionagem americana foi o KH-11, também conhecido como “KENNEN” ou “CRYSTAL”. Diz-se que as letras “KH” representam “Key Hole”, o apelido de outro canal de inteligência. As especificações sobre os satélites KH são confidenciais, mas algumas fontes especulam que o design se assemelha ao do telescópio Hubble, na foto a seguir.

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O primeiro satélite KH-11 foi lançado em 19 de dezembro de 1976 e o mais recente, em agosto de 2013. Ao todo, 16 KH-11s já foram lançados (destes 16, apenas 1 foi destruído na decolagem devido a uma falha do foguete).

KH-11s precisam ser reiniciados com frequência para neutralizar o impacto da fricção atmosférica ou para serem reposicionados em caso de missões de vigilância específicas. Acredita-se que um satélite mais novo, com o codinome “Misty”, foi lançado do ônibus espacial da NASA em 1990 (o número exato de satélites em operação é confidencial).

Os KH-11s são muitos caros. São caros para construir, para lançar e para operar. Os custos exatos são confidenciais, mas estima-se que fiquem entre $ 4 bilhões e $ 6 bilhões por satélite. É mais ou menos o mesmo custo de um porta-aviões nuclear, como o Nimitz. O custo total do programa de espionagem por satélite em dólares atualizados facilmente excede os $ 100 bilhões.

Com custos tão altos e com capacidade limitada, não é de se surpreender que nossas agências de espionagem precisem brigar pela imagem de satélite como um bando de crianças num parquinho lutando para ver de quem é vez no balanço.

Mas o que satélites multibilionários do tamanho de ônibus escolares têm a ver com lojas Cracker Barrel? A resposta é que o setor de tecnologia privada superou a Comunidade de Inteligência com satélites pequenos, baratos e ágeis. Desde 1992, empresas privadas foram liberadas para desenvolver, lançar e operar seus próprios satélites de espionagem.

Esses novos satélites têm nomes como IKONOS, GeoEye, QuickBird e WorldView. Eles são menores, mais baratos e muito mais ágeis do que os satélites gigantescos utilizados pelo IC. E, em uma das histórias mais bizarras de pesquisa de investimentos, um hedge fund contratou um destes olhos particulares para espiar a Cracker Barrel! ���4 ���

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As lojas da rede costumam ficar em grandes avenidas e não em centros de cidade ou shoppings. Isso é de propósito. A administração da Cracker Barrel queria lojas nas quais fosse “fácil de entrar e fácil de sair” – a intenção era fornecer paradas de descanso para motoristas de longa distância. É por isso que a rede combina lojas de presentes com restaurantes.

Esse modelo de negócio drive-in significa que quase todos os clientes chegam de carro e estacionam em volta da loja. Ninguém vai a pé até uma Cracker Barrel.

Alguns anos atrás, um hedge fund contratou uma empresa de imagens por satélite para fornecer imagens dos estacionamentos de algumas lojas Cracker Barrel selecionadas. As imagens foram feitas em diferentes horários e unidades.

Contando o número de carros nos estacionamentos, analistas puderam estimar o número de clientes. Utilizando os preços do cardápio e outras informações públicas fornecidas pela empresa em seus formulários SEC, analistas estimaram as vendas e as margens trimestrais antes do anúncio feito pela própria empresa. A informação poderia ser usada para comprar ações antes da divulgação dos ganhos.

Esse tipo de espionagem é “informação privilegiada”, mas está dentro da lei porque a informação é desenvolvida por um hedge fund utilizando seus próprios recursos (utilizar informação privilegiada só é ilegal caso a informação seja roubada ou obtida de forma ilícita, em violação a algum dever fiduciário. Não há nada de errado em utilizar sua própria informação).

Desde então, a prática de utilizar satélites de espionagem para conduzir pesquisas em empresas, commodities e transporte de cargas disseminou-se. Bancos, como o Goldman Sachs, além de grandes hedge funds, como o Citadel, utilizaram imagens de satélite para acompanhar cargas de petróleo, produção agrícola, carros em estacionamentos e desenvolvimento de instalações eólicas.

Você provavelmente já utilizou alguma dessas imagens de segurança particular em aplicativos como o Google Earth. As imagens são úteis quando você está caminhando por uma cidade e procurando um ponto turístico sem ter o endereço. Você também já pode ter usado o Google Earth para espionar sua própria casa só por curiosidade!

Foi então que, numa reviravolta estranha, a CIA entrou em contato com empresas líder na área de satélites com o intuito de terceirizar a vigilância, de acordo com relatórios do Wall Street Journal (segundo o jornal, a CIA não quis comentar o caso).

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Apesar do silêncio oficial, temos bons motivos para acreditar que a Comunidade de Inteligência dos EUA está utilizando imagens de satélites de empresas privadas para espionagem em prol da segurança nacional e para missões de defesa. Isso acontece porque arquivos públicos das empresas contêm informações que, na verdade, são não-informações. Elas dizem que parte da receita provém do governo, mas que não têm permissão para fornecer detalhes por motivos de segurança nacional.

Essa não-informação é uma exceção às regras de transparência da SEC. Esse tipo de declaração torna mais difícil a análise financeira costumeira. Mas fica claro que a comunidade de segurança nacional está utilizando empresas privadas para conduzir espionagem por satélite.

Como podemos conectar todas essas informações para lucrar? Vamos rever o que já sabemos:

- A matriz de ameaças continua expandindo. O Estado Islâmico está crescendo, a China está ocupando todo o mar do sul, a Rússia está apoiando rebeldes no leste da Ucrânia, o Talibã está ganhando forças no Afeganistão e a Coreia do Norte está construindo mísseis nucleares que podem atingir os EUA.

- Recursos de satélites de espionagem controlados pela Comunidade de Inteligência são limitados. Existem apenas 17 deles e alguns nem estão posicionados ou não funcionam.

- É muito difícil expandir programas controlados pelo governo. O último lançamento conhecido de um KH-11 foi em 2013. O custo é de cerca de $ 5 bilhões por satélite e continua crescendo. O orçamento federal está sob pressão devido a programas de benefícios. Muito da economia do orçamento nos anos recentes veio às custas das comunidades de inteligência e de defesa. Simplesmente não há dinheiro para expandir os programas de satélite de espionagem no futuro próximo.

Dada a tormenta perfeita de ameaças, recursos limitados e a inexistência de dinheiro para novos satélites, a IC se voltou para o setor privado em busca de imagens de espionagem. É o começo da era de ouro para um pequeno grupo de empresas privadas que dominam este mercado.

Mesmo assim, o mercado de ações não deu a todas essas empresas de satélites as avaliações que elas merecem considerando o ambiente favorável descrito acima, pois há duas ineficiências na pesquisa convencional de Wall Street. Felizmente, posso usar minha experiência na CIA para ver através das brumas.

O primeiro problema de Wall Street é que seus analistas não dão crédito àquilo que não podem ver. As empresas de satélite precisam reter informações sobre receita proveniente de programas confidenciais. Um analista júnior sentado em um cubículo em um banco de investimentos não vai arriscar fazer projeções de ganhos sobre algo que não pode tocar nem sentir.

Mas mesmo sem ter os números específicos, sei bastante sobre a matriz de ameaças e sobre o quão faminta a IC está por informação útil. Com base em meus anos na CIA, posso dizer com certeza que a demanda por imagens de satélite está crescendo além da capacidade de oferta do governo. Isso significa que a receita de programas confidenciais de empresas privadas de satélite está crescendo. O número pode ser secreto, mas a incerteza favorece o investidor porque irá além das expectativas.

O segundo problema de Wall Street é que analistas descontam ganhos de programas confidenciais por medo de que os contratos sejam cancelados e de que a receita projetada desapareça. Posso dizer por experiência própria que contratos de espionagem quase nunca são cancelados.

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É muito difícil firmar esses contratos em primeiro lugar. Para realizar trabalhos confidenciais para a Comunidade de Inteligência, um contratado em potencial precisa contratar funcionários habilidosos com autorização Top Secret de segurança. (Há alguns níveis além de Top Secret, mas não posso falar sobre isso porque a natureza da autorização em si é confidencial). Autorizações Top Secret levam anos para serem obtidas.

Eu não posso falar sobre o processo de autorização em detalhes, mas ele é longo, extenuante e intenso. Funcionários com autorização não são fáceis de encontrar, e empresas pagam um prêmio para aqueles que têm as credenciais de segurança certas.

Além disso, empresas precisam construir instalações seguras chamadas “SCIFS” (Sensitive Compartmented Information Facility) para ter reuniões e guardar documentos confidenciais. Essas construções são bastante caras porque envolvem paredes especiais, sistemas de ventilação e travas, portas e janelas que bloqueiem vigilância. Já estive envolvido na construção e na utilização de SCIFs. Basta dizer que elas são bastante caras e consomem muito tempo se comparadas a uma construção normal.

Uma empresa privada precisa gastar muito com pessoal e com instalações SICFs para poder competir por um contrato confidencial. O que cria uma grande barreira de entrada para a competição. Também cria um grande incentivo para que o governo mantenha um contratado ativo. Se o governo cancela um contrato confidencial, pode levar anos até conseguir um novo prestador de serviços (o processo de busca e de contratação do governo no trabalho de inteligência é tão opaco e complicado quanto o trabalho de inteligência em si).

É muito mais fácil construir relacionamentos de confiança e expandir o trabalho com contratados existentes do que os demitir e contratar novos. Contratos da Comunidade de Inteligência raramente são cancelados a não ser por atos criminosos, fraude ou outros atos ilícitos. Analistas de Wall Street acostumados a contratos comerciais comuns não conseguem compreender quão próximo é o relacionamento entre a IC e seus contratados.

É claro que há incertezas em relação ao trabalho confidencial. Mas as receitas escondidas e a inércia do processo de contratação favorecem os prestadores de serviços e os investidores pacientes.

Recomendação deste mês: DigitalGlobe

Qual é a melhor maneira de você se beneficiar da ascensão desses satélites privados?

Após uma análise profunda do “orçamento sombrio” da IC, recomendamos a compra de uma ação específica: DigitalGlobe Inc. (DGI: NYSE). A empresa é nossa favorita “olhos no céu”. Ela possui uma “constelação” de satélites avançados na órbita terrena. Aos clientes governamentais e comerciais, a DGI oferece acesso a satélites por contrato. O mercado da DGI se estende além da comunidade de inteligência (“IC”); ela tem clientes envolvidos em mapeamento, monitoramento ambiental, exploração de petróleo e gestão de infraestrutura.

As ações da DGI estão muito abaixo da alta histórica. Acionistas preocupam-se com dois riscos principais. Primeiro, eles estão preocupados com a dívida que a DGI assumiu em 2013 para financiar a aquisição de sua principal concorrente, a GeoEye. E, segundo, estão preocupados com um importante contrato a ser renovado em 2020.

Ambas as preocupações estão relacionadas. Em relação à primeira, revisamos os extratos financeiros da DGI – incluindo o contrato de crédito feito com a SEC três anos atrás. Acreditamos ���7 ���

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que a DGI pode pagar seus empréstimos e honrar seus compromissos sem dificuldades. Não é coincidência que a maturidade da dívida da DGI se equipara à maturidade de seu maior contrato governamental, chamado “EnhancedView”. Vou dizer por que: a receita da EnhancedView, de $ 300 milhões por ano, é fixa e visível até 2020. O contrato é grande o suficiente para pagar a dívida da DGI, que deve ser refinanciado ou pago em 2020.

É aqui que minha experiência que na IC traz uma vantagem em relação aos analistas de Wall Street: O contrato da EnhancedView é com a Agência de Inteligência Geo-espacial (“NGA”), que eu mencionei acima. Os analistas de Wall Street supõem que a receita e os lucros da DGI cairão após 2020, época de renovação do contrato. Minha perspectiva é diferente: Considerando a vasta gama de riscos geopolíticos, a demanda da IC por imagens de satélite de alta resolução continuará crescendo. Pagar $ 300 milhões ao ano pelo acesso à constelação da DGI é uma barganha se considerada a alternativa: construir mais satélites KH-11, que custam de $ 4 a $ 6 bilhões por unidade. Então, o contrato da DigitalGlobe com a NGA depois de 2020 será muito semelhante ao contrato atual.

Veja uma forma de visualizar o risco nas ações da DGI: Imagine que a IC é uma pequena empresa que precisa de acesso constante a um computador poderoso, mas que também precisa economizar dinheiro. Ela precisa do computador para acessar a função de coleta de informações. Vamos dividir os números do contrato por mil para deixá-lo mais próximo de um pequeno negócio: a IC pode construir seus próprios computadores a cada 5 anos por $ 5 milhões cada e ficar responsável por sua manutenção ou comprar o serviço na internet de uma empresa especializada e confiável, como a Microsoft, por $ 300 mil por ano. O que você escolheria? No caso da IC, provavelmente será uma combinação dos dois; o que significa que ela não vai parar de solicitar os serviços de seu fornecedor – neste caso, a DGI.

E como ficam as ações da DGI até 2020? A administração da DGI está mais focada em construir valor para os acionistas. Ela está recomprando ações, reduzindo despesas de capital e realizando planos de crescimento. As expectativas para o crescimento de longo prazo da DigitalGlobe podem ter caído. Mas lá um lado positivo no menor crescimento no setor de satélites: a DGI se tornará uma fonte confiável de fluxo de caixa livre.

A $ 13, a DGI é uma ação muito atraente. Por este preço, é alvo de aquisição de grandes contratados de defesa ou de private equity funds. 

Ação a Tomar: Comprar DigitalGlobe Inc. (DGI: NYSE) até $ 16 por ação.

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As relações de poder veladas que regem o mundoVeja o que as elites globais prepararam para você em 2016 – e como reagir lucrando até dois dígitos

Por Nomi Prins,

“A verdade é mais estranha que a ficção, porque a ficção é obrigada a ater-se às possibilidades e a verdade não.” — Mark Twain

Para investir de forma lucrativa nos mercados, você precisa entender as relações de poder veladas que conduzem os eventos políticos e financeiros ao redor do planeta. Ideologias e associações pessoais entre membros da elite não levam em conta partidos políticos e fronteiras internacionais. Assim como o dinheiro.

Ainda assim, tais alianças determinam o fluxo direto do dinheiro ao redor do mundo de acordo com um padrão de preservação de poder e de influência e, é claro, de riqueza apenas para grupos seletos. Ser elite significa ter o controle sobre muitos. O quão elite é apenas uma questão de grau.

Essas não são teorias da conspiração feitas por lunáticos. Ao contrário, alianças fazem todo o sentido e são públicas. Melhor ainda, seus negócios exclusivos e as consequências que seguem são previsíveis, mas somente se você entender como o sistema funciona e seguir o dinheiro.

[Observação: Eu “seguirei o dinheiro” todos os meses nestas páginas. E darei conselhos de investimentos específicos que complementarão os de Jim. Faremos uma seção chamada “Escolhas da Nomi”. Um exemplo foi minha análise da Petrobras, que revelou o envolvimento dos Seis Grandes bancos em um escândalo que todos acreditavam ser regional. Apesar de não termos recomendado uma operação, a oportunidade de vender a descoberto continua atraente. Há riscos, mas fique de olho para comprar o ETF BZW duplamente inverso, que permite que você venda a descoberto quando ficar abaixo de $ 80.]

Depois de ter formado o grupo de análise internacional para o Bear Stearns em Londres, fui diretora do Goldman Sachs em Nova York. O Goldman é o garoto propaganda das alianças internacionais de poder. É um dos Seis Grandes bancos dos EUA e produziu secretários do tesouro para dois dos três últimos presidentes americanos – Robert Rubin para o democrata Bill Clinton e Hank Paulson para o republicano George W. Bush.

Essas conexões político-financeiras de elite não acontecem por mérito ou por acidente. No caso de Goldman, elas datam desde a Grande Depressão de 1929. Na época, o presidente do banco, Sidney

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Weinberg, quase viu sua firma ser destruída pelas chamas. As pessoas estavam enfurecidas. Então o que ele fez? Seaproximou do presidente pós-quebra, Franklin Delano Roosevelt.

Viajando pelo mundo e angariando fundos para a campanha de Roosevelt, Weinberg fez um serviço tão bom de se estabelecer no mundo político-financeiro que os frutos foram colhidos por mais de sete décadas e meia dúzia de presidentes. Antes ainda, o JP Morgan, que socorreu o Departamento do Tesouro, foi requisitado por Teddy Roosevelt para resolver o pânico de 1907 e acabou promovendo as reuniões que foram a semente do Fed. Eu pesquisei mais de um século das elites do poder em meu livro All the Presidents’ Bankers. Elas continuam até hoje.

A verdade: como o sistema financeiro global realmente funciona

Pense no mundo como uma organização gigantesca. Cada um dos países mais poderosos representa um departamento. Como no livro A revolução dos bichos, de George Orwell, alguns departamentos são mais iguais ou mais poderosos do que outros, como o departamento dos EUA. Os dirigentes desses departamentos formam um conselho diretor. Líderes de bancos privados, de bancos centrais e de governos são como sócios dirigindo cada departamento individualmente e o mundo como um todo de forma conjunta. Brigas e desentendimentos internos entre eles acontecem. Mas influência externa nos eventos mundiais é seu objetivo comum.

Eles tomam decisões que moldam globalmente as realidades econômicas. Mas não estamos no Arquivo X. Não há sociedades secretas ou conspirações ocultas que controlam o mundo. Isso seria uma visão simplista e sinistra da realidade.

Sim, as elites globais se encontram em locais distantes e requintados. Sim, elas conversam entre si e não se misturam com meros mortais (alguns nem dirigem os próprios carros). Mas, na prática, estes indivíduos – caso se encontrem, planejem ou não— coincidentemente operam de maneira a crescer sempre e a se manter no poder.

Nada disso é necessariamente premeditado, mas ocorre devido a incentivos políticos e financeiros, status, posições estratégicas e décadas de legado histórico, linhas de sangue e conexões familiares. É natural para eles.

O que a aristocracia moderna está fazendo não é tão secreto. Informação nem sempre é óbvia e fácil de achar, mas ela está por aí. Evidência de como e por que eventos acontecem é enterrada em arquivos enormes da SEC, extratos de bancos centrais, manipulações de mercado que você pode identificar observando o volume de operações (ou posteriormente no Departamento de Justiça) ou em investigações de entidades reguladoras, examinando fluxos de contribuições de campanha para governantes e observando quem advoga por certas leis e quem não é punido por descumpri-las.

Banqueiros, tomem cuidado!

Logo após o 11 de setembro, eu saí do Goldman Sachs porque me sentia enojada pelo fato de que americanos comuns eram apenas dano colateral para os grandes banqueiros, principalmente durante tragédias como aquela. E, desde então, dediquei meu trabalho a ajudar pessoas como você a entender o que acontece no mundo e as consequências para o seu dinheiro.

Comecei a pesquisar as conexões das elites nas últimas décadas em meu primeiro livro, Other People’s Money: The Corporate Mugging of America. Nele, eu alertei sobre a calamidade que

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assolaria o sistema financeiro por causa dos derivativos de crédito emergentes e dos mercados de CDO (Collateralized Debt Obligation).

Enquanto outros analistas, como Jim, chegavam às mesmas conclusões, eu fui um dos poucos “insiders” que examinou os detalhes desta estrutura global exclusiva para entender o que se aproximava. Não tive medo de falar sobre o assunto. Para mim, era claro o que aconteceria após a rejeição do Glass-Steagall Act, que desde 1933 havia separado o dinheiro das pessoas de práticas de operações complexas. Foi por isso que previ a crise financeira recente, além de como e por que ela se desdobraria. Ninguém me deu ouvidos na época.

Eu continuei meu caminho em meu livro It Takes a Pillage: Behind the Bonuses, Bailouts and Backroom Deals From Washington to Wall Street, que escrevi durante a crise financeira. Eu via as mesmas pessoas e famílias aparecendo em administrações diferentes ou em ciclos diferentes de Wall Street e de Washington. Elas se beneficiavam com dinheiro privado e com cargos públicos.

Os bancos que sobreviveram, foram resgatados e se expandiram no início da crise, foram os que tiveram o maior número de conexões com o governo. Essas conexões têm mais de 100 anos. Então, em meu último livro, All the Presidents’ Bankers: The Hidden Alliances that Drive American Power, eu fui ainda mais fundo.

O projeto me levou a livrarias presidenciais por todo o país, buscando documentos que não haviam sido tocados por décadas para desenterrar a evidência que apoiava uma conclusão chave: a relação entre as elites molda o mundo à sua volta.

Política e finanças são movidas por pessoas que usam suas conexões para continuar no poder. O tripé poder-política-finanças molda os mercados globais e as economias internacionais – e, por fim, a forma como você vive, investe e trabalha.

Por mais de um século: nomes de bancos diferentes, mesmas famílias e conexões

Os Seis Grandes bancos são JP Morgan Chase, Bank of America, Citigroup, Wells Fargo, Goldman Sachs e Morgan Stanley. Nos EUA, eles estão mais poderosos do que nunca. Também são as mesmas empresas (com fusão pelo caminho) que vêm exercendo influência sobre os mercados de há mais de 100 anos.

Não importa qual é a crise ou quão grande é o crime (desde 2008, os Seis Grandes bancos pagaram $ 150 bilhões em multas para solucionar investigações criminais sobre fraude de hipotecas, fixação da Libor, fraude de câmbio e lavagem de dinheiro), aumentando a concentração da indústria bancária, os líderes dos bancos obtêm controle sobre mais riqueza com impunidade legalizada.

Os líderes desses bancos vieram de um círculo seleto de famílias e amigos escolhidos, que solidificaram o poder com laços de sangue e de casamento ao longo das décadas. Presidentes dos EUA têm relações multi geracionais muito próximas com essas famílias. E, mais importante, o sistema político-financeiro que cerca essas pessoas e seus amigos conduz as decisões econômicas e militares nacional e globalmente.

Em meu próximo livro, Artisans of Money (Artesãos do dinheiro, em tradução livre), revelarei essas relações em escala internacional e direi o que elas significam para você e para seu dinheiro. Especificamente, analiso o impacto preciso do aumento épico da influência dos bancos centrais. Você terá pequenas amostras de minha pesquisa para o livro nos próximos relatórios.

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O Fed e o Banco Central Europeu fabricaram dinheiro “artesanal” para financiar as atividades da elite às suas custas. Desde a crise financeira, seus papéis de “intervencionistas” alteraram a natureza do sistema financeiro. Mais assustador, mudou a forma como a maior parte da elite pode usá-lo para moldar o mundo.

A crise financeira de 2008 deixou os grandes bancos centrais mais poderosos do que antes. E os bancos centrais mais periféricos, como o brasileiro, precisam encontrar o equilíbrio entre o que é certo para o país e o que é exigido pelo Fed, pelo FMI e, em menor grau, pelo Banco Central Europeu.

Os bancos centrais coletivamente redefiniram o que é um sistema de mercados – os grandes muito mais do que os periféricos. Eles removeram todo o fingimento de um mercado livre. É verdade que bancos centrais manipulam os mercados há muito tempo, mas chegamos ao ponto de estar tudo escancarado.

O mundo está caminhando em direção ao Bear Market

Bancos centrais criaram uma confiança falsa de que uma força central está sustentando os mercados. Essa força não tem nada a ver com economia real, produção, pesquisa e desenvolvimento ou pessoas. O principal objetivo dos bancos centrais é sustentar grandes bancos privados e jogadores financeiros nos principais países, provendo aos mercados o estímulo de que precisam para fingir que há saúde econômica.

Esses bancos centrais injetam dinheiro artificialmente nos mercados, com taxas de juros até mesmo negativas ou com quantitative easing. Eles também utilizam contratos de swap desleais, em que um banco central dá dinheiro sob a forma de swap para outro banco central. Nesse sentido, eles podem fazer com que a moeda pareça melhor ou pior, dependendo da necessidade.

O que é tão incomum sobre essa nova era épica é que tudo é possível, legal e aparentemente natural. Meu trabalho anterior se concentrou no que os governos, os bancos privados e as corporações fizeram em conjunto por si mesmos. Meu novo trabalho é pesquisar como os bancos centrais, apesar de sempre terem sido tão poderosos, estão ainda mais poderosos hoje. Eles estão alterando as bases das finanças e da economia global.

É importante observar essa interdependência internacional, porque parece que os EUA estão entrando em um bear market, o que terá impacto global. Não vivemos mais em um mundo em que um mercado pode estar em queda, quando os outros estão relativamente incólumes. Quando o Fed espirra, bancos centrais de todo o mundo podem ficar resfriados.

Até agora, os grandes bancos centrais do mundo – o Fed, o Banco Central Europeu, o Banco do Japão e o Banco Popular da China (em menor escala) – têm coordenado uma redução no custo do dinheiro para adicionar liquidez artificial ao sistema. Isso teve o efeito de estimular os mercados e de jogar mais dívidas nos mercados de títulos – tanto nos públicos quanto nos privados. Não à toa, a razão dívida pública/PIB também aumentou ao redor do mundo.

Tudo isso foi feito de forma não-natural, e não por causa do crescimento da produção em muitos países. Em outras palavras, foi feito principalmente por causa da injeção de capital via quantitative easings, baixas taxas de juros e guerras cambiais. Nos mercados globalizados de hoje, tudo está conectado.

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No ano passado, eu disse que estávamos caminhando para a destruição. Disse que veríamos muita volatilidade e que ela só aumentaria. É o que você vê agora. Muitos dos recursos que os bancos centrais utilizaram e continuam utilizando estão sendo esgotados. Muitos dos instrumentos que esses bancos centrais usaram e continuam a usar estão chegando à sua capacidade máxima. Eles podem estar flutuando no mercado de ações agora, mas não resistirão a longo prazo.

Estamos caminhando em direção a um bear market global. O Banco do Japão introduziu taxas de juros negativas, o Banco Popular da China procura novas formas de estimular o mercado, assim como o Banco Central Europeu. Eles tentarão continuar o jogo, mas ele está próximo do fim.

Um passo que você deve dar agora

Recomendo tirar tanto dinheiro quanto possível dos mercados e dos bancos. Aconselho usar esse dinheiro em ativos reais, coisas tangíveis de que as pessoas precisam. Você também pode guardá-lo sob alguma forma não sujeita às taxas de juros negativas e aos caprichos da elite.

Quando você coloca dinheiro no banco, não ganha nada e ainda tem que pagar taxas, então, tecnicamente, tem taxas de juros negativas. Essa não é uma boa maneira de lidar com suas finanças. Basicamente, você está deixando os bancos ficarem com seu dinheiro, e o propósito deles não é ajudar os depositantes.

A parte superior do sistema é tão instável e tão subsidiada pelo Fed que você precisa de alternativas. Tenha dinheiro... ativos tangíveis e ações apenas de negócios de qualidade que beneficiam de fato as pessoas.

Você pode escolher não deixar seu dinheiro nos grandes bancos, ou, caso o faça, encontrar aqueles com as melhores condições. Você pode pagar as dívidas com o dinheiro que retirar. Dessa forma, você não subsidiará os bancos enquanto eles se beneficiam das taxas de juros próximas de zero e cobram taxas de dois dígitos ao ano. Quanto maior controle você tiver sobre suas finanças, mesmo que seja apenas 10% de tudo o que tem, melhor será.

Partir para a ação é a coisa mais importante que você pode fazer – principalmente neste ano importante de mudanças político-financeiras. Política pode ser como o canto da sereia – principalmente quando alguém como Donald Trump atrai mais votos do que o normal. Mas você precisa se lembrar de uma coisa conforme a eleição de novembro se aproxima:

Não importa como você vota, as elites sempre ganham

Há muito dinheiro nesta eleição. Bilhões de dólares.

Várias players das elites jogaram dinheiro em seus candidatos favoritos (com exceção de Bernie Sanders) com o intuito de comprar influência futura.

À primeira vista, é desanimador. Mas o lado bom é que, examinar quem eles são, além de dissecar suas políticas, pode trazer uma vantagem para sua estratégia de investimentos. Não importa se você é republicano, democrata ou independente.

Há oportunidades nesta eleição? Consigo ver três.

No centro das três estão fusões e aquisições. Elas são um exemplo atual da consolidação de poder às suas custas (porque elas reduzem suas opções). E elas aumentarão depois das eleições. Como? Leis ���13 ���

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bipartidárias favoráveis produzem casamentos corporativos que deixam grandes empresas ainda maiores. Wall Street é a casamenteira. Washington aprova as leis. Wall Street, então, vaga à procura de negócios baseados nas leis ou nas alocações orçamentais federais para ganhar grandes quantias de dinheiro.

Em 2015, o volume total de fusões e aquisições atingiu um recorde de $ 1,7 trilhão, mais do que em 2007. Esse é um grande sinal de crise. E quando uma crise acontece, os setores com as maiores fusões são os que têm as piores quedas. Advinha quem estava no topo das consultorias de fusões e aquisições? Goldman Sachs (quatro dos outros Grande Seis bancos formaram o top 5). Advinha quem estrategicamente doou para Hillary Clinton, Ted Cruz, Marco Rubio e Jeb Bush? Goldman Sachs. Advinha quem pagou a Hillary $ 675.000 por palestras? Sim, Goldman Sachs.

O banco espera que o frenesi de fusões continue. Recentemente, os maiores negócios ocorreram nas áreas de saúde, tecnologia e energia.

Eu vejo ainda mais oportunidades no setor de saúde. Mas também vejo oportunidades nos setores de defesa e finanças. Cada um corresponde a um desfecho para as eleições de 2016...

Excuse me, madame president…

O famoso programa Obamacare foi importantíssimo para as fusões farmacêuticas e de seguros porque grandes seguradoras americanas captaram mais clientes e compraram concorrentes com as mensalidades extras (e é por isso que a mensalidade aumentou tanto desde que o Obamacare foi aprovado).

Se Hillary Clinton ganhar as eleições, o status quo vai continuar. Seria como o terceiro mandato de Obama. As fusões na área da saúde continuarão. Empresas de saúde continuarão em cena porque, apesar de Hillary e de seus colaboradores desejarem ampliar o Obamacare e de Bernie desejar seguros individuais, essas coisas levam tempo. Neste cenário, recomendo que você observe de perto iShares U.S. Healthcare Providers ETF (NYSE: IHF).

A IHF é bastante diversificada entre empresas de seguro saúde, hospitais, clínicas e laboratórios. A base é o “uso” ou volume. Não é tão sensível a preços ou politicamente arriscada como uma ação farmacêutica. E mesmo que eu estiver errada sobre o resultado político, o setor de saúde ainda assim se beneficiará por causa do penhasco demográfico que são os EUA.

Mesmo em um cenário de extrema esquerda, ainda é bom ter hospitais, centros cirúrgicos e laboratórios por causa da demanda extra que haveria no sistema (se Bernie vencer, empresas de energia limpa também vão subir.)

Lucrando através da “paz pela força”

Se Trump – ou qualquer republicano com exceção de Kasich – vencer a nomeação do partido e a presidência, o setor de defesa entra em cena. A maioria dos candidatos republicanos querem expandir a força militar. Rubio, dado o apoio que tem do setor de tecnologia, tem mais chances de construir defesa relacionada à inteligência. Trump investiria em armas pesadas.

Jim acabou de falar sobre uma situação especial no setor de defesa. Espere um estímulo extra se os republicanos invadirem a Casa Branca.

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Também recomendo Huntington Ingalls (NYSE: HII) neste cenário. A empresa constrói navios para a marinha americana.

A HII tem o monopólio virtual de construção e manutenção da frota naval do país. E a empresa é a única fonte de porta aviões nucleares para a marinha americana, além de fornecer serviços de reabastecimento e de inativação. Também é uma das duas construtoras de submarinos nucleares.

Huntington Ingalls terá uma quantidade razoável de negócios se um republicano vencer. Ela tem muitos contratos. A diretoria responde aos acionistas, recompra ações e aumenta o pagamento de dividendos. Melhor ainda, a ação não é vulnerável à economia; é vulnerável aos gastos com defesa.

Rubio, em específico, lamentou em debates que a frota marinha diminuiu desde a Segunda Guerra Mundial. E Trump ou Cruz com certeza advogariam por mais dinheiro para o Departamento de Defesa, com o intuito de ganhar apoio político em áreas próximas a bases militares.

Eles provavelmente fariam um acordo de estímulo fiscal com os democratas no congresso para reconstruir o poder militar e injetariam mais dinheiro nas comunidades que circundam instalações de defesa.

E não importa quem estiver no Salão Oval...

Wall Street vai sorrir no longo prazo. Ninguém vai desmembrar os Grandes Bancos nem acabar com a especulação desenfreada. Ninguém além de Bernie Sanders. Nem mesmo Trump. Trump diz que não aceita contribuições de campanha e que não está preso a ninguém. Mas você não se torna Donald Trump sem financiamento de Wall Street ao longo dos anos.

Não importa quem esteja na Casa Branca, o clube mais unido — os Seis Grandes Bancos — ganha. Isso significa que, no longo prazo, suas ações se sairão bem. Mas por enquanto, Wall Street está sendo afetada pela crescente inadimplência nos setores de energia e dos mercados emergentes – as primeiras vítimas dos anos de dinheiro barato. Isso vai piorar nos próximos meses, conforme os Grandes Bancos ficam presos entre se apegarem ao vapor do Fed e o grave lançamento de perda. Para piorar, há o infortúnio triplo dos derivativos, da co-dependência dos bancos globais e do fator floco de neve – em outras palavras, o que os investidores não sabem sobre os balanços dos bancos, não vai machucá-los.

Se você pode tolerar um pouco de risco, sugiro dar uma olhada em ProShares Short Financials (NYSE: SEF). É um ETF inverso. Ele sobe quando o setor que ele acompanha cai. Este em especifico permitirá que você lucre enquanto o sistema financeiro apanhar no curto prazo. Quando essa tendência se reverter – e ela vai – estaremos aqui para orientá-lo sobre como proceder.

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Um guia para a nova elite do poder Por Jim Rickards,

Vou ser direto. Por ter várias atribuições confidenciais em diversos governos, fico desconfortável em escrever este artigo...

Mas estou me forçando a escrevê-lo por três motivos. Primeiro, este tópico é uma das dinâmicas mais importantes que você precisa entender. Segundo, este é o relatório definitivo no qual eu trabalhei com Nomi, que passa seu tempo jogando um pouco de luz sobre as elites. A missão dela é ajudá-lo e sua análise me deu coragem para assumir os riscos de publicar este pequeno dossiê.

E, terceiro, este é, coincidentemente, o 60° aniversário da publicação de Elite do Poder, o estudo clássico da riqueza e do poder nos EUA escrito pelo sociólogo C. Wright Mills, que defende a tese de que os EUA são governados por uma pequena e relativamente interconectada classe de indivíduos que trabalha em prol de si mesma, e não em prol do país como um todo.

Você e eu, como cidadãos, somos com frequência vitimados pelas escolhas da elite do poder. Mesmo assim, como Nomi disse, somos relativamente impotentes para mudar o estado das coisas. Democracia e eleições são uma fachada, as pessoas escolhem as elites específicas que as vão governar, mas eleições não fazem nada para mudar a dinâmica fundamental das elites.

Os três grupos de poder e os seis tipos de personagens

Mills divide a elite em três grupos de poder e em seis tipos de personagens. São eles: “Diretores Executivos”, “Senhores de Guerra” (agentes militares sêniores), “Ricos Corporativos” (grandes investidores), “Celebridades”, os “Metropolitan 400” (famílias notáveis em grandes cidades) e os “Diretores Políticos” (agentes importantes da Casa Branca e grandes burocratas).

Há sobreposição entre esses personagens. Por exemplo, um Senhor de Guerra também pode ser um membro do Metropolitan 400. Similarmente, um indivíduo pode ter vários papéis durante a vida, começando como descendente do Metropolitan 400, tornando-se Diretor Executivo e terminando a carreira como Diretor Político.

A filiação às elites do poder pode ser hereditária, meritocrática ou ambas. No caso da admissão meritocrática, certas instituições são usadas para fazer a triagem. Essas instituições incluem escolas preparatórias (Hotchkiss, Taft, Choate etc.), universidades Ivy League (Harvard, Yale, Penn etc.), clubes exclusivos e prêmios de reconhecimento.

Muito mudou nos 60 anos desde que Elite do Poder foi publicado – e muito continua igual.

Os EUA ainda são governados por uma elite do poder que controla dinheiro, poder político e conexões sociais. Na verdade, desigualdade de renda e concentração de riqueza nos EUA são mais extremas agora do que em qualquer outro período da história americana.

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Se Elite do Poder fosse reescrito hoje, teria menos ênfase nas conexões sociais (apesar de elas ainda serem importantes) e mais ênfase em riqueza bruta (exibida na Forbes 400).

Os Ricos Corporativos de Mills seriam compostos por muitos dos bilionários de hedge funds e de private equity. As Celebridades são figuras do esporte, do hip-hop e estrelas do cinema e da TV. Os Diretores Executivos viriam da área de tecnologia e dos bancos, não seriam mais industrialistas da área de aço e de automóveis.

Acima de tudo, as elites do poder seriam supranacionais e globais.

Mills supôs que cada país tivesse sua própria elite do poder com dinâmica e características parecidas. Membros da elite de um país certamente teriam contato com membros da elite de outro país, mas Mills viu cada uma como uma força que exercia sua influência em nível nacional.

Hoje, o poder é exercido em nível global. Hip-hop e Twitter são tão populares em Mumbai quanto em Manhattan. Os tentáculos de Goldman Sachs chegam a Xangai e a Seattle.

A observação mais interessante de Mills foi a de que as elites do poder não eram uma conspiração com liderança unificada.

Elas são mais parecidas com um clube em que membros sabem as regras e as seguem porque isso permite que eles aproveitem os benefícios do clube e a companhia de outros membros. Aqueles que quebram as regras rapidamente são excluídos e têm uma perspectiva muito menor de bons negócios, indicações políticas e avanço na carreira.

Eu concordo com a conclusão de Mills e vi tudo isso em primeira mão. Minha própria carreira é bastante eclética em relação às interações com a elite do poder (apesar de eu não fazer parte dela).

Eu tenho o histórico acadêmico “certo” (faculdade prestigiada em economia internacional, faculdade Ivy League de direito), fiz trabalhos oficiais em locais de elite (conselho do Fed, West Wing, CIA, etc.) e me encontrei com CEOs, diretores do Fed, generais importantes e outras pessoas desse calibre. Mas eu nunca quis participar do clube. De alguma forma, sou como Mills – um observador do cenário da elite.

Muitos americanos insistem na teoria da conspiração das elites. Pensam que seu poder é tão grande e tão concentrado nas mãos de poucos que só pode ser uma conspiração. Não é.

Veja o meu caso, quanto mais perto você chega do poder real, mais percebe quão alienados os ricos e poderosos realmente são. Eles têm poder e dinheiro, mas, com frequência, ficam tão surpresos quanto você quando eventos acontecem - às vezes até mais. Na verdade, quando grandes mudanças ocorrem, nossas elites com frequência são as últimas a saber.

O motivo para esses pontos cegos não é difícil de identificar.

Membros da elite praticamente só falam com outros membros da elite. Eles acreditam que são importantes demais para interagir com pessoas comuns. Como resultado, eles vivem em uma bolha. Assim que a sabedoria de senso comum se forma, eles continuamente a repetem e nunca ouvem opiniões contrárias. Os membros da elite podem ter dinheiro e poder, mas sofrem com a falta de diversidade cognitiva. Vi isso em primeira mão.

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Eu estive no Enclave de Bilderberg...

O dirigente do seleto clube de Bilderberg e 10 de seus associados mais próximos me pediram um briefing privado. Só a menção da palavra “Bilderberg” é suficiente para causar calafrios nos teóricos da conspiração. Ele é citado como o pináculo da estrutura de poder da elite global.

Não há dúvidas de que membros do clube de Bilderberg e participantes da conferência são ricos ou poderosos (ou ambos) e se qualificam como elite do poder. Mas há mais transparência do que a maioria dos críticos reconhece. Na verdade, você pode aprender sobre o clube e seus encontros no site: www.bilderbergmeetings.org.

Meu briefing em específico aconteceu em 2012 em uma sala de conferência do Rockefeller Center em Nova York (David Rockefeller, ex-CEO do Chase Manhattan Bank e último neto vivo de John D. Rockefeller, é um consagrado “Bilderberger” e aparece listado no site como membro do Conselho).

Na época, meu público, em sua maioria banqueiros e industriais europeus, estava muito preocupado com a crise financeira grega e com a possibilidade do fim da zona do euro.

Afirmei categoricamente que a Grécia não seria expulsa da zona do euro, que nenhum outro membro desistiria, que novos membros seriam adicionados e que o euro sobreviveria como uma moeda global.

Todas as minhas previsões estavam corretas.

Quando o briefing terminou, o dirigente do Bilderberg disse que estava muito aliviado de ouvir minhas conclusões. Ele me agradeceu e me presenteou com um recipiente artesanal de vidro azul escuro que eu ainda mantenho perto de minha escrivaninha em Connecticut.

Todos naquele lugar eram muito mais ricos e muito mais poderosos do que eu. Mesmo assim, eles tinham caído no senso comum sobre o euro e não perceberam a história real até que eu a expliquei para eles.

Também foi uma lição importante para mim. Ser rico, poderoso e ter boas conexões não significa ser um bom analista. Analisar os mercados exige habilidades especiais e um kit de ferramentas da mais alta qualidade. É isso o que fornecemos a nossos leitores da Strategic Intelligence.

As elites podem ser vulneráveis a surpresas políticas e a choques (devido à falta de diversidade cognitiva em seus ciclos), mas isso não significa que elas não coordenem o show.

Não há espaço suficiente neste relatório para revisitar toda a tese do livro Elite do Poder em uma versão atualizada para o século 21. Para isso, um livro inteiro seria necessário. Mas posso fornecer uma versão condensada da estrutura da elite do poder que tem mais impacto em sua vida de investidor.

Saber quais políticas as elites favorecem (ou desfavorecem) e os programas de implementação dessas políticas é muito valioso na tentativa de identificar oportunidades de investimento.

Tentar investir de forma oposta à da elite do poder é como se jogar na frente de um trem – você será destruído. Um trem de verdade o esmagaria. O trem metafórico da elite do poder vai aleijá-lo com

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taxas, regulação, investigações, publicidade negativa e até mesmo a morte, caso você more na Rússia, na China ou em outros países em que a lei é “flexível” ou inexistente.

Da mesma forma, investir em sincronia com a elite do poder é como ter o vento a seu favor. Você terá subsídio em impostos, em pesquisas, tarifas favoráveis e alguma segurança de que está acima da lei (pergunte aos banqueiros que escaparam impunes do roubo de 2008).

Veja nosso breve panorama do estado atual do jogo financeiro da elite do poder dividido em programas, regras e jogadores.

O Plano da elite do poder para você e para o mundo

A agenda da elite do poder é dinheiro mundial, taxação mundial, governo mundial, sociedade sem dinheiro, taxas de juros negativas e inflação por meio de monetização da dívida. Explico a seguir.

O primeiro objetivo de longo prazo da elite do poder é o dinheiro mundial. Ele surgirá sob a forma de Direitos de Saques Especiais (DSEs) emitidos pelo Fundo Monetário Internacional. Essa moeda não será disponibilizada para indivíduos, será usada por países que são membros do FMI.

Será um benchmark de fato para o preço do petróleo e outros bens e serviços essenciais no comércio mundial. Por este canal, governantes não eleitos controlam a inflação e apagam o valor real das dívidas para aliviar as dívidas soberanas. Controle sobre o dinheiro significa controle sobre a sociedade e sobre o bem-estar social. Para maiores informações sobre os DSEs, por favor leia o relatório de dezembro.

Logo depois do dinheiro mundial, está o plano para taxação mundial. Fontes frequentes de receita são necessárias para que as elites enriqueçam e perpetuem seu controle. O principal caminho para alcançar esse controle são as mudanças climáticas. Isso explica por que o FMI, o Banco Mundial, o BIS e outras instituições “financeiras” continuamente falam sobre o clima. Para impor soluções globais (como taxação), são necessários problemas globais (como mudança climática). Como o clima não tem fronteiras, ele é o veículo perfeito para impor soluções que também não tenham fronteiras.

A administração do dinheiro mundial e da taxação mundial será conduzida por um governo mundial. A maior parte dessa estrutura já está pronta. As Nações Unidas são, em grande parte, um clube de debate, com exceção da agenda de mudança climática.

O governo do mundo real está sendo conduzido através do FMI e dos líderes do G-20. O G-20 é, na verdade, uma espécie de “conselho diretor” do governo mundial. E o FMI é, na verdade, o “banco central do planeta”.

O FMI também funciona como secretariado, equipe e departamento de implementação do G-20. A agenda das mudanças climáticas está sendo implementada através da Convenção das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), negociada na ECO-92, em junho de 1992. Com o tempo, o G-20, o FMI e o UNFCCC se transformarão em um governo mundial.

A elite do poder também está implementando a sociedade sem dinheiro. Isso é necessário para impor taxação velada com as taxas de juros negativas - há duas formas de taxação velada: inflação e taxas de juros negativas. A inflação é o método preferido, mas, em momentos deflacionários, taxas de juros negativas são úteis.

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Dinheiro é uma forma de evitar taxas de juros negativas (com dinheiro, você preserva o principal; com taxas de juros negativas, não).

Um matadouro agrupa o gado e os porcos antes de os matar. Da mesma forma, a elite do poder vai agrupar os poupadores em contas digitais antes de pegar o dinheiro deles. Dinheiro é uma alternativa sem crueldade à abominação do matadouro. Dessa forma, deve ser eliminado (a outra alternativa às contas digitais é o ouro).

A elite do poder confiscará a riqueza com as taxas de juros negativas. Taxas de juros negativas são o reflexo no espelho da inflação. A inflação rouba seu dinheiro diretamente ao torná-lo inútil. A deflação torna o dinheiro mais valioso, então ele deve ser roubado de outras formas. Taxas de juros negativas fazem isso.

Elas não são o método preferido das elites para roubar o seu dinheiro. As elites preferem inflação, mas os bancos centrais não estão conseguindo atingi-la recentemente. Quantitative easing, taxas de juros em zero ou negativas e guerras cambiais falharam em catalisar inflação desde 2008.

Um método que garantidamente causa inflação é a monetização da dívida. O termo técnico é dominância fiscal (quando gastos governamentais subjugam as políticas do banco central e forçam a impressão de dinheiro).

O processo é simples. Quando indivíduos se recusam a fazer empréstimos e gastar (como ocorre atualmente), o governo faz isso por eles.

Os gastos são pensados para favorecer as elites e seus amigos, como Elon Musk e Tesla. Mais gastos significa mais déficits, que são cobertos com mais emissões de títulos públicos. Os títulos são comprados por bancos centrais com o dinheiro impresso.

Os bancos centrais, então, guardam os títulos em seus balanços para sempre. O público fica alheio ao processo. Com gastos forçados suficientes, a inflação surge, mesmo que o processo leve vários anos. Bancos centrais ficarão impotentes e não poderão resistir à monetização da dívida.

Etiqueta e regras do Clube da elite do poder

Apesar de a elite do poder não ser uma conspiração, ela funciona como um clube e, como em qualquer clube, há regras. Essas regras são comunicadas informalmente e posteriormente internalizadas pelos membros que se comportam de acordo. Violações às regras resultam na “expulsão” do clube.

A expulsão se dá na forma de não-acesso a plataformas, como empregos chave, indicações acadêmicas, exposição na mídia, bons investimentos e posições importantes no governo. Aqueles que são expulsos do clube podem ser ridicularizados ou sofrer o tratamento do silêncio (similar ao “buraco da memória” do romance 1984, de Orson Welles, em que traços de um indivíduo são apagados da memória).

Na verdade, a maior parte dos membros da elite seguem as regras durante toda a vida porque as recompensas materiais valem a pena. Há quatro principais...

Regra #1: Elites ajudam elites

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O sistema é feito de tal forma que as elites se ajudam a enriquecer. Alguns exemplos são CEOs nomeando outros CEOs para seus conselhos de diretores. CEOs enriquecendo outros CEOs com filiação em “comitês de compensação” dessas diretorias. Indicações para diretorias de fundações, sociedades em think tanks e posições acadêmicas.

O melhor exemplo disso é o recente empréstimo multibilionário do JP Morgan para Timothy Geithner depois que ele resgatou o banco e fez lobby no Departamento de Justiça para que os executivos dele não fossem processados. Geithner agora utilizará o dinheiro do empréstimo para investir em negócios privados patrocinados por outras elites. Como resultado, Geithner alcançará riqueza dinástica que poderá utilizar para perpetuar o sistema de elite.

Regra #2: Elites nunca criticam outras elites

Neste contexto, “crítica” significa expor os motivos reais e os métodos por trás dos jogos da elite. Há espaço para discordância, principalmente durante eleições, em que pequenos vazamentos são permitidos.

O que não é permitido é externar que a direita e a esquerda estão no mesmo clube e que as eleições são apenas um show para apaziguar os cidadãos. Essa regra foi criada quando Larry Summers (membro da elite) teve uma conversa particular com Elizabeth Warren (membro da elite em ascensão), como fica claro nas memórias de Warren. Veja a citação completa:

“Larry se recostou na cadeira e me ofereceu alguns conselhos... eu tinha uma escolha: poderia ser uma insider ou uma outsider. Outsiders podem dizer tudo o que quiserem. Mas as pessoas de dentro não as escutam. Insiders, no entanto, têm muito acesso e uma chance de empurrar suas ideias. As pessoas – as pessoas poderosas – as escutam. Mas insiders também entendem uma regra inviolável: não é permitido criticar outros insiders.” Regra #3: Silêncio é recompensado

Elites, obviamente, têm acesso a enormes quantidades de informações sobre políticas, planos e dinâmicas de bastidores.

Elites, obviamente, têm acesso a enormes quantidades de informações sobre políticas, planos e dinâmicas de bastidores.

Há a tentação constante de chamar atenção dizendo tudo em uma entrevista na TV ou em um livro. Essa tentação deve ser evitada. É por isso que as “memórias” de indivíduos proeminentes, como Ben Bernanke, Hillary Clinton e Timothy Geithner não são leituras proveitosas. Elas são histórias sem graça, auto-elogiosas e revisionistas. As discussões importantes e as motivações dos atores são deixadas de lado.

Regra #4 Paciência vale a pena

Não criticar seus oponentes ideológicos e ficar de boca fechada por décadas pode ser difícil. Mesmo assim, há recompensas.

A lealdade entre membros da elite é reconhecida e recompensada com bons empregos e grande riqueza. Um ótimo exemplo é Peter Orszag. Ele é a essência de um membro de elite do poder e um membro experiente de Bilderberg. Seu histórico acadêmico é típico das elites: escola preparatória

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na Phillips Exeter Academy, graduação na Universidade de Princeton, doutorado na London School of Economics.

Ele fez alguns trabalhos de baixa remuneração para os democratas, como diretor de orçamento congressional e diretor do departamento de gestão e orçamento da Casa Branca. Quando deixou a administração Obama, foi nomeado vice-presidente do Citigroup aos 41 anos. Seu brilhantismo e seu histórico acadêmico são inegáveis.

Suas qualificações para dirigir um banco mundial são menos óbvias. Mas essas qualificações não importam. O que importa é que ele ganhará milhões em um banco insolvente “pago” por você, o contribuinte. Como no caso de Geithner, a riqueza de Orszag o deixará bem posicionado para empoderar e treinar uma nova geração de membros da elite do poder.

Jogadores da elite do poder

Uma lista completa de todos os membros da elite do poder teria milhares de nomes. Nomi e eu estamos trabalhando em compilar essa lista para você. A maioria dos nomes é completamente desconhecida do público. É como a elite do poder gosta. Mas alguns nomes se destacam porque posições específicas exigem confirmação ou são inescapavelmente dignas de notícia.

Veja uma lista parcial da camada superior da elite do poder hoje em dia:

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Robert Rubin. É a figura financeira mais poderosa do mundo hoje devido a seu cargo atual, a seus cargos anteriores e ao grande número de protegidos que preparou para posições importantes. Rubin já foi CEO do Goldman Sachs, presidente do Citigroup, secretário do Tesouro e diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca. Atualmente, é diretor do Conselho de Relações Internacionais (Council on Foreign Relations – CFR), o principal baluarte de comunicação e influência das elites do poder.

Christine Lagarde. É a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, ex-ministra de finanças da França e ex-presidente da maior firma de direito internacional, a Baker & McKenzie.

James A. Johnson. É o mais discreto membro da elite do poder. Ele foi CEO de Fannie Mae, a gigante de hipotecas resgatada pelo governo americano, que por décadas foi usada para enriquecer “amigos políticos”. Atualmente, é vice-presidente de um banco privado. Outras de suas posições incluem: diretor do Goldman Sachs, banqueiro do Lehman Brothers e professor de Princeton. Ele também é membro do Conselho de Relações Internacionais, da Comissão Trilateral e de Bilderberg.

James Wolfensohn. Foi presidente do Banco Mundial de 1995 a 2005 e é membro do Conselho de Relações Internacionais. Ele também foi do conselho internacional do Citigroup.

Robert Zoellick. Como Wolfensohn, Zoellick foi presidente do Banco Mundial. Ele também foi vice-secretário de estado, representante de comércio para os EUA e chefe de equipe da Casa Branca. Zoellick é membro do Partido Republicano, em contraste com figuras como Rubin e Johnson, que têm fortes ligações com o Partido Democrata. Essa é uma boa representação de como a elite do poder é bem organizada para continuar exercendo influência não importa qual partido esteja no poder.

Michael Froman. Froman é um dos mais poderosos da nova geração de protegidos de Rubin a chegar a níveis de grande influência. Ele teve uma rara indicação conjunta para o Conselho de Segurança Nacional e para o Conselho de Economia na Casa Branca. Atualmente, ele é representante comercial dos EUA. Anteriormente, foi chefe de equipe do secretário do tesouro, Robert Rubin. Depois de deixar a Casa Branca na administração Clinton, em 2001, ele seguiu Rubin no Citigroup. Isso é típico do sistema de recompensa da elite. Froman ganhou $ 7 milhões em 2008 e 2009 quando o Citigroup chegou à insolvência e foi resgatado com o seu dinheiro. Froman então voltou para a Casa Branca, onde foi o principal conselheiro de Obama nos encontros dos líderes do G-20 de 2009 a 2013.

David Lipton. Lipton é outro protegido de Rubin que ganhou grande influência na elite do poder. Atualmente, ele é o primeiro diretor executivo do FMI. Como o FMI sempre é presidido por um não-americano, o cargo de primeiro diretor executivo, o n° 2 no FMI, é sempre americano. Lipton são “os olhos e os ouvidos” dos EUA no FMI e é responsável pelo veto americano em importantes inciativas. Antes de se juntar ao FMI, ele trabalhava na Casa Branca com Froman. Entre as administrações de Clinton e de Obama, Lipton também trabalhou no Citigroup com Rubin e Froman.

Timothy Geithner. Geithner é o terceiro no grupo de protegidos de Rubin (junto com Froman e Lipton) na elite do poder. Ele foi presidente do Fed de Nova York e secretário do Tesouro. Se formou na School of Advanced International Studies (onde também estudei). No início de sua carreira, trabalhou com Kissinger Associates, com o FMI e com o Departamento do Tesouro. Geithner também é membro do Conselho de Relações Internacionais.

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RICKARD’S STRATEGIC INTELLIGENCE ���

O principal objetivo da elite do poder é aumentar sua própria riqueza e poder às suas custas. A melhor defesa é observar de perto como os personagens interagem para conseguirem o que desejam.

Enquanto isso, no mínimo você deve ter um portfólio composto por ouro, obras de arte, terras, dinheiro, títulos, ações selecionadas e algumas alternativas em fundos de hedge e private equity. Nem todas essas estratégias valerão a pena, mas algumas se sairão bem o suficiente para compensar pelas outras e preservar sua riqueza.

Tudo de bom,

Jim RickardsEditor da Strategic Intelligence

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