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GUIA DE ESTUDOS 2018

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GUIA DE ESTUDOS

2018

TEMA:

“A inter-relação entre desenvolvimento e a epidemia do HIV/AIDS”

Contato e dúvidas: [email protected]

Introdução

Vivenciou-se, nas três últimas décadas, o aparecimento e consolidação do combate à epidemia mundial de HIV/AIDS como tema da agenda internacional em diversos foros multilaterais. A velocidade com a qual o vírus se alastrou pelo mundo fez com que a necessidade de articulação governamental fosse vista como vital ao combate a esta pandemia, tornando imperativo o crescimento dos espaços de discussão relativos ao tema.

Dentro de tal contexto, a inclusão do tema dentre os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, no âmbito da Declaração do Milênio, representou um importante avanço no sentido de reconhecer a importância do combate à epidemia de HIV/AIDS e de relacioná-lo ao desenvolvimento social e humanitário das diversas regiões do globo. O sexto objetivo, o qual consiste em “combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças”1 , apesar do que representa no campo das idéias e discussões internacionais, tem apresentado resultados pouco satisfatórios na meta de deter a propagação do HIV/AIDS e começado a reverter, até 2015.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), surgida em 1948, atua na coordenação e direção dos assuntos relacionados a saúde no âmbito das Nações Unidas, sendo considerada autoridade organizacional internacional da referida área. A OMS tem na Assembléia Mundial de Saúde seu corpo decisor de máxima instância. Ela reúne seus 193 Estados membros anualmente em Genebra, e possui como principal função a determinação das diretrizes políticas da organização. Responsável por prover liderança em questões globais referentes a saúde pública, a OMS tem como objetivo principal, determinado no primeiro capítulo de sua constituição2 , a obtenção, por parte de todos povos do mundo, do maior nível de saúde possível. É em tal contexto que evidenciouse, por meio do sexto objetivo de desenvolvimento do milênio, um incremento do papel de liderança da OMS como gestora do combate à epidemia de HIV/AIDS.

A princípio, tal combate, no âmbito do sexto objetivo de desenvolvimento do milênio, se deu por meio do aumento dos fluxos financeiros de ajuda humanitária e do envio direto de drogas e aparelhos hospitalares de combate à doença, a países em situação crítica. No entanto, tais inciativas não apresentaram os resultados esperados devido, principalmente, ao contexto econômico e social dos países aos quais tais ações foram direcionadas. Cerca de 95% dos casos de HIV-positivo, atualmente, se encontram em países em desenvolvimento, sendo a região mais afetada por esta epidemia a África Austral. Dessa forma, a inter-relação entre desenvolvimento econômico e a epidemia de HIV/AIDS surge como uma nova e importante abordagem do tema, a qual pode vir a permitir a adoção de medidas mais completas, que venham a possibilitar o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio de uma forma geral e, especificamente, do sexto Objetivo.

1. Histórico da Organização Mundial da Saúde

A Organização Mundial da Saúde (OMS) é uma agência especializada das Nações Unidas que tem como foco lidar com questões relativas à saúde global. No âmbito da criação da ONU, já havia a preocupação e intenção de criar uma organização mundial dedicada exclusivamente à saúde. Dessa forma, os estatutos da OMS foram aprovados em 22 de julho de 1946, durante Conferência Internacional da Saúde, convocada pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) reunido em Nova York. Porém, a Organização foi realmente fundada em 7

de abril de 1948, quando 26 membros das Nações Unidas ratificaram os seus estatutos (OMS, [2014]). Segundo o artigo 1° da sua constituição, a OMS tem como propósito primordial garantir o nível mais elevado de saúde para todos os seres humanos. A OMS possui o entendimento de saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade (CONSTITUIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 1946).

A OMS, como forma de estabelecer o acesso universal à saúde, promove uma série de atividades, por meio da cooperação técnica em conjunto com seus membros, orientadas para melhorias no saneamento; na saúde familiar; na capacitação de trabalhadores na área de saúde; no fortalecimento dos serviços médicos; na formulação de políticas de medicamentos e pesquisa biomédica; e principalmente, na luta contra as doenças. Como exemplo disso, a OMS é uma das Agências da ONU a compor o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), criado para combater e pesquisar a AIDS (SIDA), a maior epidemia do momento (BIBLIOTECA VIRTUAL DE DIREITOS HUMANOS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, [2014]).

A OMS também é responsável por liderar questões de saúde globais, por definir a agenda de pesquisa em saúde, por estabelecer normas e padrões, por articular opções políticas baseadas em evidências, por fornecer apoio técnico aos países e por monitorar e avaliar as tendências de saúde (OMS, [2014]). A OMS conta com uma força de trabalho diversificada de cerca de 8.500 pessoas, representando mais de 150 nacionalidades e trabalham em 147 países. Possui seis escritórios regionais, onde são agrupados os Estados-Membros, e uma sede localizada em Genebra, Suíça. Cada região possui um escritório regional: as Américas, África, Sudeste da Ásia, Europa, Mediterrâneo Oriental e o Pacífico Ocidental (OMS, [2014]). O Secretariado é composto por volta de 8000 especialistas em saúde e em outras áreas; e equipes de apoio que trabalham no escritório principal, nos seis escritórios regionais e em países-membros ao redor do mundo. A Organização é comandada pelo Diretor-Geral, que é apontado pela Assembleia Mundial da Saúde (OMS, [2014]).

A Assembleia Mundial da Saúde é o órgão supremo de decisões da OMS. Geralmente, as reuniões acontecem no mês de maio, em Genebra, com a participação de delegações dos 194 Estados-membros. Sua principal função é determinar as políticas da Organização e supervisionar as políticas financeiras. Nessa reunião, ela revê e aprova o orçamento do programa proposto e decide para que questão a OMS direcionará sua atenção naquele ano. A Assembleia analisa os relatórios da Diretoria Executiva, que instrui a respeito de assuntos sobre os quais possam ser necessárias mais medidas, estudos, investigações ou relatórios (OMS, [2014]).

2. Mandato da Organização Mundial da Saúde

Os Estados Membros da Constituição da OMS declaram, em conformidade com a Carta das Nações Unidas, uma lista de princípios que são basilares para a felicidade dos povos, para as suas relações harmoniosas e para a sua segurança. Dessa forma, a OMS, direcionada por esta constituição, tem como principais funções atuar como autoridade e liderar trabalhos internacionais no domínio da saúde; envolver-se em parcerias na qual a ação conjunta é importante; moldar a agenda de pesquisa; estimular a geração, tradução e divulgação de conhecimentos valiosos. A OMS tem como objetivos, também, estabelecer normas, promovendo e acompanhando a implementação destas; articular opções políticas éticas e

científicas de base; prestar apoio técnico, catalisando mudanças e promovendo capacitação institucional sustentável; e, por fim, acompanhar a situação de saúde e avaliar as suas tendências (OMS, [2014]).

De um modo mais específico, outras funções importantes da OMS, de acordo com sua constituição, podem ser caracterizadas da seguinte forma: estabelecer e manter colaboração efetiva com as Nações Unidas, com organismos especializados, com administrações sanitárias governamentais, com grupos profissionais e com outras organizações que se julgue apropriado; fornecer ajuda e assistência técnica apropriada e, em caso de urgência, a ajuda necessária, a pedido dos Governos ou com o consentimento destes Governos; estimular e aperfeiçoar os trabalhos para eliminar doenças epidêmicas, endêmicas e outras. Além disso, a OMS tem como metas promover, em cooperação com outros organismos especializados e, quando necessário, o melhoramento da alimentação, da habitação, do saneamento, do recreio, das condições econômicas e de trabalho e de outros fatores de higiene do meio ambiente; promover a cooperação entre os grupos científicos e profissionais que contribuem para o progresso da saúde; promover a melhoria das normas de ensino e de formação prática do pessoal sanitário, médico e de profissões afins; e ajudar a formar entre todos os povos uma opinião pública esclarecida sobre assuntos de saúde (BIBLIOTECA VIRTUAL DE DIREITOS HUMANOS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, [2014]).

3. Histórico da Questão Surgimento e evolução da epidemia de HIV/AIDS no mundo

A AIDS é uma doença extremamente nova, tendo completado em 2008 três décadas, período no qual passou de doença desconhecida a epidemia mundial. Os primeiros casos – que apenas posteriormente seriam identificados como de AIDS – datam de 1977/8, nos EUA, Haiti e África Central. Quando a equipe de Luc Montagner, do instituto Pasteur, na França, isolou e caracterizou um retrovírus como causador da AIDS, em 1984, o clima geral ainda era de preconceito, indiferença e desconfiança. Um ano antes, a doença ainda era temporariamente conhecida como “Doença dos 5H - Homossexuais, Hemofílicos, Haitianos, Heroinômanos12, Hookers13”.

Em 1985, diferentes estudos já buscavam maneiras de diagnosticar a possível origem viral da AIDS, esta já conhecida como a fase final da doença. Ainda naquele ano, o retrovírus ganha a denominação de HIV - Human Immunodeficiency Virus (vírus da imunodeficiência humana) pelo Comitê Internacional de Taxonomia. Neste ano, se dá o primeiro caso de transmissão vertical14, assim como o primeiro caso identificado na China – a doença começa a tomar proporções globais. No ano seguinte, cria-se, no Brasil, o Programa Nacional de DST e AIDS15, que viraria referência internacional nos anos seguintes.

Em 1987, a Assembléia Mundial de Saúde transforma o dia 1º de dezembro em Dia Mundial de Luta Contra a AIDS, “para reforçar a solidariedade, a tolerância, a compaixão e a compreensão em relação às pessoas infectadas pelo HIV.” 16 A primeira droga anti-HIV, o AZT (zidovudine), é aprovada e se mostra eficaz apenas na redução da progressão do vírus, ao impedir a replicação do vírus, não representando, no entanto, a cura.

Em uma década, o HIV havia surgido, se disseminado e colocado um freio na revolução sexual iniciada pela pílula anticoncepcional. Ainda tateava-se o caminho de possíveis tratamentos e finalmente a opinião pública começava a ser sensibilizada, em todo o mundo, com a morte de grandes nomes (No Brasil, Cazuza; e no exterior, Freddie Mercury e Keith Harring. Outro

exemplo é o jogador de basquete Magic Johnson, que foi um dos primeiros a assumir publicamente ser portador do vírus)

Em 1992, é incluída, no código internacional de doenças, a infecção pelo HIV, mas, apesar de todos os avanços, o custo do tratamento continuava alto - em 1995, era de US$ 10 mil a US$ 15 mil por ano18. Aparecem nesse ano os primeiros inibidores de protease19. Até então, a assistência medicamentosa era precária. Em 1996, é criada o Programa Conjunto da ONU sobre HIV/AIDS - o UNAIDS.

Dois anos depois, em 1998, é confirmado que o SIV (Simian Immunodeficiency Virus ou Vírus da Imunodeficiência dos Símios) foi transmitido para seres humanos e, ao sofrer mutações, transformou-se no HIV.

Mais uma década se passara, e a cura não havia sido descoberta. O número de mulheres infectadas crescia assustadoramente, fazendo com que não fosse mais uma doença predominantemente masculina. Tampouco se restringia à transmissão por via sexual: crianças filhas de mães soropositivas nasciam infectadas, e a transmissão pelo compartilhamento de seringas descartáveis também aumentava. O continente africano era o que mais sofria, visto que os governos da África Subsariana não tinham condições de prover os medicamentos necessarios à seus cidadãos. A falta de conhecimento e a pobreza, aliados ao preconceito e a discriminação, a inequidade de gênero, a discrminação a homens que fazem sexo com outros homens, incentivavam – e ainda o fazem – a transmissão.

Em 2000, cinco grandes companhias farmacêuticas concordaram em diminuir o preço dos remédios usados no tratamento da AIDS para os países em desenvolvimento. Dois anos depois, o Fundo Global para o Combate a AIDS, Tuberculose e Malária (GFTAM)20 é criado, no âmbito da UNGASS 2001, para captar e distribuir recursos a serem utilizados por países em desenvolvimento para o controle das três doenças infecciosas que mais matam no mundo: HIV/AIDS, tuberculose e malária. É uma parceria entra governos, sociedade civil, setor privado e comunidades afetadas, e nos anos seguintes se tornaria a principal fonte de financiamento para a AIDS. Seu financiamento fortalece o sistema de saúde de países através de, por exemplo, investimento em capacitação de pessoal e infra-estrutura.

Ainda em 2002, um relatório publicado pelo UNAIDS afirma que a AIDS vai matar 70 milhões de pessoas nos 20 anos seguintes, a maior parte na África, a não ser que as nações ricas aumentem seus esforços para conter a doença.

Atualmente estima-se um total de 25 milhões de mortes e 30 milhões de pessoas vivendo com o vírus. Não se anuncia mais que a cura está próxima, ao contrário, sabe-se que a luta contra a AIDS tem duas facetas: a curto prazo e a longo prazo - universalizando o acesso a medicamentos e a métodos preventivos, apoiando países que não tenham condições de lidar sozinhos com a doença a curto prazo e continuando a procurar, se não a cura, maneiras de prolongar e melhorar a vida dos que já estão infectados, a longo prazo.

Posicionamento dos países

África do Sul

A República Sul-Africana vê a saúde como um tema que clama por atenção e ações contínuas na agenda da política internacional. Nesse sentido, defende que todas as decisões de política externa devem ter seus impactos na área da saúde monitorados, contribuindo para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs). Segundo a África do Sul, as pandemias de H1N1, em 2009, e de H5N1, três anos antes, demonstram como uma ação colaborativa global pode tornar todos mais seguros (AGNU, 2009).

Outro ponto destacado pela República Sul-Africana é o financiamento dos sistemas de saúde. A crise financeira mundial deixa claro como o financiamento dos sistemas de saúde funciona mais efetivamente ao combinar políticas nacionais e internacionais sensíveis à saúde pública. Para a África do Sul, a política internacional deve ser capaz de prover capacidade produtiva (distribuição de mão-de-obra) e tecnológica para a produção de medicamentos essenciais, de forma a garantir acesso equitativo a medicamentos e a vacinas tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento. A capacidade de lidar com pandemias depende de quão hábeis e equipados são os profissionais de saúde de determinado país. A África do Sul defende, assim, a necessidade de coordenação nos vários níveis dos processos intergovernamentais (AGNU, 2009).

No âmbito da União Africana, a África do Sul demonstra estar comprometida em colaborar com os vizinhos para eliminar a malária de suas fronteiras, fator importante para o desenvolvimento do continente. A nação sul-africana conclama, dessa forma, a parceria internacional (principalmente no desenvolvimento de medicamentos) para complementar seus esforços na luta contra a referida doença (AGNU, 2012). Outra doença grave que afeta a África Subsaariana é a AIDS (vírus HIV). Para a África do Sul, o subdesenvolvimento, a pobreza, as várias formas de desigualdade e outros determinantes estruturais tornam a população mais vulnerável no continente africano. A pandemia impede o alcance dos objetivos de crescimento econômico sustentável e equitativo, de desenvolvimento econômico-social e de erradicação da pobreza, minando os esforços regionais no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (AGNU, 2009).

Alemanha

A Alemanha apoia as Nações Unidas e reforça o papel da ONU como principal instituição de uma ordem global enraizada na cooperação, no compromisso pacífico e em soluções cooperativas (AGNU, 2013). O sistema de saúde da Alemanha é financiado por um sistema de contribuições sociais que assegura assistência médica gratuita para todos por meio de seguros sociais de saúde. O pagamento dos seguros sociais é feito com um percentual da renda, sendo esse valor dividido de forma paritária entre empregado e empregador (STEGMÜLLER, 2009). Cabe ressaltar que o seguro de saúde alemão pode ser social/compulsório ou privado. Contudo, o seguro social de saúde, chamado de Gesetzliche Krankenversicherung (GKV), é o principal, cobrindo 88% da população (STEGMÜLLER, 2009).

Desde 2009, o seguro de saúde é obrigatório para todos os cidadãos e residentes permanentes (anteriormente, uma parte da população poderia escolher não ter seguro, embora poucos o fizeram) (THE COMMONWEALTH FUND, 2012). O sistema de saúde é descentralizado, caracterizando-se pelo federalismo e pela delegação a entidades

nãogovernamentais corporativas. A prestação de serviços de saúde na Alemanha, dividida entre atenção ambulatorial e hospitalar, é garantida por um grande número de instituições e indivíduos que contribuem para promover, manter e restaurar a saúde da população (STEGMÜLLER, 2009).

Comparado internacionalmente, “o sistema alemão de saúde possui alto nível de recursos financeiros e capacidade instalada. O acesso da população é uniforme e fácil e os benefícios são abrangentes em todos os níveis de assistência” (STEGMÜLLER, 2009, p.890). A cobertura é universal para todos os residentes legais; soldados e policiais estão abrangidos por programas especiais e mesmo imigrantes ilegais são cobertos pela seguridade social em caso de doença (THE COMMONWEALTH FUND, 2012). O setor hospitalar da Alemanha tem uma enorme capacidade. A maior parte das áreas urbanas possui especialistas de diversas áreas. Assim, não há listas de espera (DIAGNOSTICOWEB, 2013).

Com relação ao combate de pandemias, pode-se citar a cooperação da Alemanha para combater a AIDS. Para a República da Alemanha, a desigualdade de gênero contribui globalmente para a propagação do vírus HIV. Mulheres e meninas são mais vulneráveis a infecções e às consequências socioeconômicas da referida pandemia. Promover a igualdade entre os sexos e o combate à violência sexual são, portanto, importantes medidas para promover o acesso universal à saúde por meio do combate ao HIV (THE PERMANENT MISSION OF GERMANY TO THE UNITED NATIONS NEW YORK, 2011).

Nos últimos anos, a Alemanha apoiou programas bilaterais sobre HIV em mais de quarenta países, bem como o Fundo Global e organizações multilaterais como a UNAIDS. Reagindo ao aumento dramático de novas infecções em alguns países da Europa Oriental e Ásia Central, o Estado alemão decidiu expandir significativamente a cooperação bilateral, juntamente com outros doadores internacionais, em vários desses países (THE PERMANENT MISSION OF GERMANY TO THE UNITED NATIONS NEW YORK, 2011).

Áustria

A República da Áustria assinala que a questão da saúde é afetada, direta ou indiretamente, por muitos fatores como alimentação, nível de renda, educação e “O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) é uma parceria inovadora que encoraja, mobiliza e apoia os países para alcançar o acesso universal à prevenção, tratamento e cuidados no que concerne ao HIV” (UNAIDS, 2014). desigualdades sociais e de gênero. Promover o acesso universal à saúde é, segundo a Áustria, essencial para garantir a dignidade humana e para vencer a pobreza. O país apoia, prioritariamente, programas que melhorem as condições de saúde da população de um dado local em longo prazo e que sejam administrados pelas próprias pessoas que vivem nessa localidade. No caso da pobreza, o país aponta que sua redução é efetiva somente quando o Estado assistido mobiliza seu próprio potencial desenvolvimentista e decide por si a direção e o passo do processo de desenvolvimento (AUSTRIAN DEVELOPMENT COOPERATION, [2014]).

A Áustria destaca ainda a importância do acesso ao saneamento básico e à água potável. Porém, o país lembra que instalar a infraestrutura necessária não é suficiente: é preciso, por exemplo, instituições fortes, capacitação de pessoal para operação e manutenção do sistema de infraestrutura e tarifas acessíveis à população. Para a promoção do desenvolvimento de uma maneira geral, a República da Áustria reitera que são necessários projetos inovadores aplicados à pesquisa e ao treinamento no âmbito de programas de infraestrutura nacional.

Ainda, considerando que implementar uma infraestrutura é caro e que nem todos os países tem condições de financiá-la, a cooperação internacional é importante para mobilizar recursos (AUSTRIAN DEVELOPMENT COOPERATION, [2014]). A Áustria acredita que a cooperação multilateral tem potencial para solucionar problemas globais (AGNU, 2013).

Internamente, a Áustria garante acesso equitativo à saúde a todos os seus habitantes, independentemente de sua renda, idade, sexo ou origem. Isso é garantido pelo princípio de fundo solidário do sistema de cuidado à saúde austríaco. Esse sistema é financiado pelas contribuições ao seguro social; pelos recursos públicos gerados através dos impostos; pelos pagamentos privados; e principalmente pelas contribuições ao seguro social. A contribuição ao seguro social é compulsória e baseada na legislação. O princípio de solidariedade significa que há um sistema compensador visando balancear as diferenças entre as pessoas com uma alta necessidade de proteção e pessoas com baixa necessidade de proteção, como por exemplo, entre pessoas de alta e de baixa renda; pessoas empregadas e desempregadas. Em alguns casos, a pessoa pode não precisar pagar a taxa de seguro social. O princípio de solidariedade é uma conquista da população austríaca que muito lutou para que o atual sistema de saúde do país se tornasse realidade (BUNDESMINISTERIUM FÜR GESUNDHEIT, 2010).

Bangladesh

Para a República de Bangladesh, as rápidas inovações tecnológicas estão transformando o mundo. As mudanças envolvidas nesse processo também estão criando novos conflitos interestatais e dentro dos Estados. Os mais afetados foram os mais vulneráveis e os mais desfavorecidos. Bangladesh objetiva a criação de uma ordem mundial baseada na paz e na justiça, e um arranjo econômico global para livrar o mundo da pobreza e da fome (AGNU, 2013).

Bangladesh apresentou às Nações Unidas um projeto de Agenda de Desenvolvimento pós-2015, que apresenta os objetivos socioeconômicos e os recursos necessários para alcançá-los. Tal projeto também seria útil para superar os desafios em se cumprir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio no prazo de 2015 (AGNU, 2013).

Desde a independência, Bangladesh tem feito progressos significativos no sistema de saúde. O país tem alcançado importantes conquistas na prestação de cuidados de saúde primários e a maioria dos indicadores de saúde mostra melhorias constantes do estado de saúde da população. Os serviços de saúde são prestados por meio de setores públicos e privados (OMS, 2010).

Apesar da melhora, as condições médicas e higiênicas de Bangladesh ainda são precárias. Alguns hospitais possuem boas condições sanitárias e serviços médicos razoáveis. Entretanto, na maioria dos hospitais não há condições mínimas de salubridade (PORTAL DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS, 2013). Durante o período de monção (de Junho a Setembro), ocorrem frequentemente fortes inundações e ciclones nas zonas litorais, fato que aumenta o risco de doenças, dada à precária estrutura de saneamento básico do país (PORTAL DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS, 2013).

Brasil

A República Federativa do Brasil participa ativamente das discussões internacionais que envolvem o acesso universal à saúde. Além disso, o país defende o multilateralismo, visto que

este acarreta avanços nos planos ético, político e institucional. O Brasil defende, ainda, uma ampla e vigorosa conjunção de vontades políticas que sustente e revigore o sistema multilateral, que tem nas Nações Unidas seu principal pilar (AGNU, 2013).

Durante a 66º Assembleia Mundial da Saúde, o Brasil entrou para o Conselho Executivo da OMS, o que sustenta seu papel preponderante para o alcance da cobertura universal à saúde, tendo em vista a sua influência no âmbito global, seu modelo e experiências de sistema único de saúde e seus avanços tecnológicos (OPAS, 2014).

Com relação ao sistema de saúde do Brasil, destaca-se o Sistema Único de Saúde (SUS), que garante assistência integral e completamente gratuita para a totalidade da população, inclusive aos pacientes portadores do HIV, sintomáticos ou não, aos pacientes renais crônicos e aos pacientes com câncer (SOUZA, 2002). Segundo a ONU, o Brasil é hoje referência internacional na área de saúde pública e exemplo para outros países que buscam sistemas mais igualitários de saúde. Com a criação do SUS, o Brasil foi um dos primeiros e poucos países fora da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a prever na legislação o acesso universal aos serviços de saúde, reconhecendo a saúde como direito do cidadão e dever do Estado (ONUBR, 2013).

Burkina

Burkina Faso considera as crises sociopolíticas, as pandemias – tais como HIV/AIDS – e os problemas de desenvolvimento como questões cruciais que desafiam a consciência dos homens em sua responsabilidade na construção do presente e do futuro (AGNU, 2013). O diálogo é o caminho privilegiado para garantir o entendimento no interior e entre as nações (AGNU, 2013). Ao se aproximar o prazo para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 representa, para Burkina Faso, uma oportunidade para a comunidade internacional se empenhar em uma nova visão para o progresso global baseada em uma forte solidariedade internacional visando a um desenvolvimento durável (AGNU, 2013).

Bobo-Dioulasso é a segunda maior cidade de Burkina Faso. Até princípios dos anos 1990, a cidade tinha um sistema moderno e bem gerido de abastecimento de água e a maioria das casas tinha banheiros. Contudo, a sua população de cerca de 300.000 habitantes foi crescendo rapidamente, pressionando as infraestruturas de saneamento básico e elevando o risco de doenças diarreicas (PROGRAMA DE ÁGUAS E SANEAMENTO, 2002). As doenças diarreicas constituem umas das principais causas da mortalidade em crianças com menos de cinco anos de idade na África. Cerca de 800.000 crianças africanas morrem a cada ano de diarreias e desidratação (PROGRAMA DE ÁGUAS E SANEAMENTO, 2002).

O Ministério da Saúde de Burkina Faso possui projetos com vistas a melhorar a situação sanitária do país, a exemplo do projeto que visa à construção de centros sanitários em zonas rurais (MINISTÈRE DE LA SANTÉ, 2014). Dessa forma, o governo almeja melhorar o acesso, a qualidade e a utilização de serviços de saúde no combate às doenças, além de buscar o fortalecimento da gestão do sistema de saúde pelo Ministério da Saúde (MINISTÈRE DE LA SANTÉ, 2014).

Canadá

O Canadá assegura que a garantia do acesso à saúde está no centro das suas preocupações. Nesse sentido, busca sanar a distância que existe entre a população em geral – que vive, sobretudo, nas cidades - e os indivíduos que vivem nos locais mais remotos do seu território. E como forma de possibilitar esse objetivo, o Estado canadense elaborou um plano dividido em três etapas (ONU, 2013). A primeira das etapas está relacionada ao acesso a serviços primários de saúde e a campanhas educativas para conscientizar sobre a importância dos cuidados primários. A segunda etapa consiste em oferecer serviços de natureza mais específica como tratamento odontológico e a disponibilização de medicamentos, levando-se em conta a dificuldade de acesso de alguns indivíduos em função das localidades em que vivem. A última etapa, por fim, consiste no desenvolvimento de técnicas inovadoras pensando no atendimento em locais de difícil acesso (ONU, 2013).

Os esforços canadenses no campo da saúde, no entanto, não se resumem à esfera nacional. Consciente do seu papel no cenário mundial e da situação preocupante da saúde pública nos Estados de renda baixa e média – onde surtos de doenças epidêmicas são frequentes – o Canadá iniciou atividades destinadas à pesquisa que responda aos desafios destes Estados e, além disso, tem cooperado com os sistemas de saúde locais trocando experiências e técnicas que possam capacitá-los a atender a demanda da população (CANADIAN INSTITUTES OF HEALTH RESEARCH, 2008).

Chade

A República do Chade assegura que programas de desenvolvimento estão no centro de suas preocupações, observando que muitos países continuam a não ter recursos suficientes para financiar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, sendo assim necessária ajuda pública e o alívio da dívida externa. Para o Chade é lamentável observar que apesar da grande mobilização internacional, todos os esforços para impulsionar o desenvolvimento não levaram aos resultados desejados e que a pobreza perdura (AGNU, 2013).

Dessa forma, o Chade pede à comunidade internacional que considere as lições sobre as deficiências na concepção e na implementação dos programas de desenvolvimento anteriores e para que dê maior apoio às ambições africanas. O país lembra ainda que, no caso do desenvolvimento do continente africano, é preciso levar em conta algumas demandas específicas. Segundo o Chade, o desenvolvimento da África passa necessariamente pela luta constante contra a violência, a pobreza, a marginalização e o desemprego entre os jovens (AGNU, 2013).

A colaboração da OMS junto ao governo do Chade pode ser resumida em cinco pontos principais. O primeiro refere-se ao fortalecimento das políticas e dos sistemas de saúde, o que inclui o apoio institucional à coordenação do setor. O segundo, ao desenvolvimento de recursos humanos para a saúde, por meio do apoio técnico e financeiro às instituições nacionais de formação de profissionais de saúde. O terceiro, à luta contra as doenças; o quarto, ao fortalecimento da capacidade nacional do Chade para se preparar e responder a situações de emergências, como epidemias. Por fim, o quinto ponto se refere ao desenvolvimento de parcerias estratégicas, ao aprimoramento da coordenação entre partes interessadas e à mobilização de recursos. O quinto ponto é importante para a otimização do uso dos recursos e para aprimorar a capacidade de liderança e coordenação do governo central (OMS, 2009).

China

A China, reconhecendo a relação existente entre economia e saúde pública, cita como exemplo emblemático a rápida disseminação do vírus H1N1 no mesmo período em que o orçamento destinado à saúde pública de diversos países era reduzido em função da crise financeira e econômica que assolou o mundo. Como forma de coibir problemas desta natureza futuramente, a delegação chinesa propõe o debate sobre a saúde mundial pautado em três pontos considerados fundamentais (AGNU, 2009).

O primeiro desses pontos é o fortalecimento da cooperação internacional em situações de crise de saúde pública mundial. Isso porque, no contexto de globalização atual, as contingências graves da saúde tendem a ser globalizadas. O segundo se refere ao aumento do apoio aos sistemas de saúde dos países em desenvolvimento. Três dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio estão ligados diretamente à questão da saúde e, até o momento, o progresso no sentido de alcançar estes objetivos nos países em desenvolvimento tem se mostrado lento. Por último, o estabelecimento de um bom sistema de saúde público, pois, além de servir como uma base sólida para lidar com surtos de pandemia, um bom sistema de saúde público é essencial para o bem-estar da população (AGNU, 2009).

E é justamente o estabelecimento de um sistema público que atenda a população local como um todo que tem constituído um desafio para as autoridades chinesas. Isso porque, em decorrência das transformações que a China tem passado nos últimos anos – não só economicamente, mas também no campo social e político – o padrão de vida aumentou, elevando também a demanda por serviços de qualidade, em especial a saúde; ao mesmo tempo em que uma parcela considerável da população vive no campo sem acesso a essas inovações e mudanças (SWEDISH AGENCY FOR GROWTH POLICY ANALYSIS’ HEALTH MEASUREMENT PROJECT, 2013).

Cuba

Despesas de saúde per capita (em dólares) – 2011 606 Acesso a instalações sanitárias (% da população com acesso) – 2011 92 Acesso a instalações sanitárias nas cidades (% da população urbana com acesso) – 2011 94 A República de Cuba reforça o compromisso da América Latina e do Caribe com o multilateralismo. Ademais, as aspirações da América Latina e do Caribe de inclusão social, crescimento equitativo, desenvolvimento sustentável e integração devem ser levadas em consideração durante o desenvolvimento da agenda pós-2015 (AGNU, 2013).

O sistema de saúde cubano está estruturado em quatro níveis (primário, secundário, terciário e quaternário) dando-se prioridade aos cuidados de saúde do nível primário. Isso ocorre devido ao foco na prevenção de doenças, com o objetivo de evitar grandes aportes de recursos no tratamento de doenças avançadas (MADUREIRA, 2010). Assim, o nível primário possui ampla cobertura e baixa complexidade e é composto por Equipes de Saúde Básica responsáveis por implementar o Programa de Médico de Família (MADUREIRA, 2010). O Programa de Médico de Família (PMF) tem a responsabilidade de compreender o indivíduo e seu estado de doença integrando-os num contexto de família, casa e localidade que o influenciam e por quem são influenciados, visando à prevenção de doenças e a promoção de saúde (MADUREIRA, 2010, p. 14).

O nível secundário compreende menor cobertura e maior complexidade e é composto pelos hospitais regionais e municipais, para onde os doentes são encaminhados, quando o nível primário é insuficiente para a resolução dos problemas (MADUREIRA, 2010). Os níveis terciário e quaternário são de cobertura mínima e complexidade máxima e são utilizados

quando há necessidade de internamento (MADUREIRA, 2010). O terciário relaciona-se com o internamento para diagnóstico e/ou tratamento e o quaternário é necessário quando a condição do doente requer uma Unidade de Cuidados Intensivos. Esses cuidados são fornecidos pelos hospitais e também por institutos especializados (MADUREIRA, 2010).

Espanha

O Reino de Espanha defende um multilateralismo eficaz, responsável e solidário (GOVERNO DA ESPANHA, 2009). Em 2009, a Espanha foi elogiada pela ONU por ter assumido papel relevante em questões como a segurança alimentar, a coerência global do sistema das Nações Unidas e a Ajuda Oficial ao Desenvolvimento, de forma a avançar no sentido do cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (GOVERNO DA ESPANHA, 2009). Também em 2009, o Banco Mundial destacou o apoio do Governo espanhol aos países mais pobres do mundo em desenvolvimento, mesmo frente às dificuldades advindas da crise econômica (GOVERNO DA ESPANHA, 2009). Em 2013, a Espanha se comprometeu a levar água e saneamento básico a 3,5 milhões de pessoas através dos programas que o país conduz na América Latina e no Caribe. Esta ação contribui para o alcance da Meta 10 do Objetivo 7 de Desenvolvimento do Milênio, que consiste em reduzir pela metade a proporção de pessoas sem acesso contínuo a água potável e saneamento básico até 2015 (GOVERNO DA ESPANHA, 2013).

O Governo da Espanha é comprometido com a execução dos objetivos da UNAIDS e da OMS para o período de 2011-2015. A Espanha passou por uma epidemia do vírus HIV no início dos anos 1990, tendo conseguido enfrentá-la graças à participação ativa de todos os agentes sociais, ao emprego do conhecimento científico disponível e ao comprometimento dos políticos em adotar medidas rigorosas. O país considera a pandemia do HIV consequência de fatores não só biológicos, mas também culturais, sociais e econômicos. Intervenções eficazes nesse caso precisam visar ao desaparecimento de desigualdades em todos os níveis, constituindo uma resposta eficiente também a outros problemas de saúde. A Espanha reforça ser de grande importância a integração e o fortalecimento dos sistemas de saúde no combate à AIDS, que deve ser considerada sob uma perspectiva de saúde global, partindo da defesa dos direitos humanos e dos direitos de saúde sexual e reprodutiva e que contemple sempre a perspectiva de gênero (GOVERNO DA ESPANHA, 2011).

Estados Unidos da América

Os Estados Unidos da América (EUA) consideram a promoção da saúde global um objetivo prioritário. Apesar de suas iniciativas unilaterais, o país reconhece que apenas por meio da cooperação internacional (junto aos comitês da Organização das Nações Unidas e aos demais Estados-membros) o desafio pode ser enfrentado efetivamente. Os EUA enfatizam a prevenção de doenças como a AIDS, malária, tuberculose e doenças tropicais negligenciadas, confrontando as condições que permitem seu desenvolvimento. Uma pandemia iniciada em uma nação pode se espalhar rapidamente pelos países fronteiriços, por isso os EUA conclamam parcerias internacionais e integração estratégica na sustentação local dos sistemas de saúde, principalmente no que diz respeito a diminuir os gastos da população com serviços de saúde (AGNU, 2009).

Os EUA são parceiros nos esforços dos países em expandir o acesso à saúde e fortalecer capacidades locais. O país destaca saúde particulares são regulados a nível estatal. O acesso à saúde e a qualidade dos serviços prestados variam de acordo com a cor da pele, a etnia e a

renda do paciente. Em 2010, 56% dos residentes dos EUA contavam com cobertura de cuidados primários provenientes de seguros de saúde privados voluntários – 51% através de seus empregadores e 5% através de aquisição direta. Programas públicos cobrem 27% dos residentes e quase 50 milhões dos residentes (16% da população) não possuem seguro. Desses 50 milhões de pessoas, 29 milhões são vulneráveis a altas despesas de saúde em relação à sua renda (THE COMMONWEALTH FUND, 2012).

Etiópia

A República Democrática Federal da Etiópia destaca a situação de 1.2 bilhões de pessoas vivendo na extrema pobreza, a maioria na África Subsaariana, mesmo após a redução de 20.6% na pobreza mundial em 2010. O país, porém, ainda está bem longe de atingir metas nacionais e regionais neste sentido. A pobreza possui uma natureza multifacetada e não pode ser resolvida sem se pensar em esforços para cumprir outros Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, como os ligados à área da saúde. A Etiópia defende que a pobreza deve ser o centro da agenda de desenvolvimento pós-2015, visto que este é o inimigo número um do desenvolvimento socioeconômico da África (AGNU, 2013).

De acordo com o relatório da cooperação entre Organização Mundial da Saúde e Etiópia, o país desenvolveu uma política nacional de saúde alinhada ao cuidado primário de saúde3 , iniciada em 1993. Além disso, a Etiópia tem desenvolvido uma estratégia nacional de cinco anos de redução da pobreza chamada Plano de Transformação e Crescimento. Este é um meio de promover crescimento econômico e apoiar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio ligados à saúde (OMS, 2013).

A missão da OMS na Etiópia destaca que o sistema de saúde etíope não funciona plenamente. Enormes disparidades entre as áreas geográficas e entre a população ainda são reconhecidas. A combinação de baixa competência e alto desgaste dos profissionais de saúde treinados permanece a maior preocupação. Os esforços de expansão dos cuidados de saúde aumentaram o acesso físico perceptível aos serviços de saúde, com ênfase para as unidades básicas de saúde, que incluem centros de saúde e postos de saúde. A fim de melhorar o fluxo de recursos para o setor da saúde, o governo está em processo de criação de um seguro de saúde social (OMS, 2009).

Filipinas

A República das Filipinas reafirma o valor máximo defendido pela ONU: prover a cada pessoa a oportunidade de viver uma vida segura, progressiva e digna. O país procura compartilhar com a comunidade internacional sua experiência de desenvolvimento baseada nos Objetivos do Milênio. Primeiramente, as Filipinas destacam que arranjos institucionais bem estruturados e que as políticas governamentais devem envolver cada setor do governo. Em segundo lugar, políticas, programas e projetos específicos devem ser alinhados com os objetivos de desenvolvimento nacional. No caso das Filipinas, seu programa de desenvolvimento inclui o combate à pobreza, o acesso universal à saúde e a educação básica (AGNU, 2013).

Ademais, a participação ativa das várias partes interessadas, como o setor privado, a sociedade civil, as organizações não governamentais e os apoiadores internacionais ao desenvolvimento, deve ser promovida e sustentada. Isso garante que as políticas e os programas serão responsivos e inclusivos. Ainda, as unidades locais de governo também devem ser empoderadas para que sua capacidade de formular e de implementar políticas e

programas seja fortalecida, sempre guiada pelos princípios de transparência e accountability. A capacidade de gerar dados que sejam relevantes e acurados também deve ser aprimorada tanto a nível nacional quanto local. Por fim, a República das Filipinas assinala que, para que atinja uma melhora significativa, é preciso um forte ímpeto político por parte de toda a comunidade internacional. Os Estados devem enxergar além das diferenças políticas e devem concordar em trabalhar juntos para garantir que os esforços voltados para o desenvolvimento ocorram a nível global (AGNU, 2013).

Reconhecendo a necessidade de acelerar o progresso e o desenvolvimento nas Filipinas, a colaboração da OMS junto ao governo filipino realiza-se em todos os níveis do sistema de saúde e estimula parcerias entre o setor privado, a sociedade civil e a academia em áreas onde ações críticas são necessárias. Há três prioridades estratégicas. A primeira refere-se ao fortalecimento dos sistemas de saúde para que sejam capazes de prover acesso equitativo à saúde de qualidade a todos. Isso é feito por meio do apoio ao governo nacional e aos governos locais para que implementem e monitorem suas estratégias de financiamento à saúde pública; e do apoio à geração de informações e dados acurados, bases para a elaboração de políticas relativas ao acesso universal à saúde. A segunda refere-se a capacitar indivíduos, famílias e comunidades para que adotem hábitos e estilos de vida mais saudáveis e a engajar as partes interessadas nacionais e locais para que intitulem os determinantes sociais e ambientais da saúde. A terceira refere-se a aumentar a capacidade do governo para lidar com riscos de segurança relacionados à saúde, como por exemplo, epidemias e desastres naturais (OMS, 2013).

França

A França afirma o compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) destacando que progresso considerável foi feito em relação a objetivos como a redução da mortalidade infantil e o combate à AIDS e à Tuberculose; porém, ainda é preciso ser feito muito para que as metas possam ser alcançadas, principalmente, na área da saúde (AGNU, 2010).

Nesse sentido, acrescenta que situações excepcionais como a crise econômica que se iniciou em 2008 não podem representar motivo para interromper a busca pelos ODMs. Inclusive, porque em nível de comparação, os efeitos negativos nas economias saudáveis são muito menores do que os ocorridos nos países mais pobres. Por isso, em tempos de crise torna-se necessário uma busca incessante por novas fontes de recursos e, sobretudo, um esforço da comunidade internacional (AGNU, 2010).

Para evidenciar o compromisso da França com o acesso universal à saúde, é possível citar o próprio sistema público de saúde francês, que apesar das dificuldades impostas pela crise ainda é uma referência. Basicamente, o programa (NHI) é mantido pelo Estado e financiado com os impostos arrecadados dos contribuintes. O acesso universal aos bens e serviços de saúde é assegurado às pessoas de baixa renda e, como o NHI não cobre todos os serviços para a maioria dos pacientes, o Estado oferece de forma voluntária um plano de saúde privada que cobre quase integralmente os serviços e bens não incluídos no programa público de saúde (BIDGOOD, 2013).

Haiti

A República do Haiti chama atenção para a importância da ONU, que sempre buscou abordar os desafios relacionados à pobreza, difundindo ao longo dos anos o ideal de solidariedade. O governo haitiano reconhece, também, que sem a ajuda da comunidade internacional muitos dos avanços alcançados no Haiti não teriam sido possíveis. No entanto, o país lembra que se a comunidade internacional respeitasse todos os compromissos assumidos, os resultados seriam bem melhores. De acordo com o Haiti, a ajuda pública ao desenvolvimento nunca chega a 0,7% do PIB dos países desenvolvidos, como prometido por essas nações (AGNU, 2013).

Para ilustrar a importância da ajuda internacional, o Haiti cita a epidemia de cólera que ocorre no país desde 2010. Frente à precariedade do orçamento do Estado, o caso não é resolvido, sendo necessário o apoio dos demais países. Além disso, o Haiti afirma que ajudar a solucionar essa epidemia através do apoio às ações do governo e dos vários atores nacionais e internacionais envolvidos é uma responsabilidade moral da ONU. O país alude também ao fato de que somente conseguiu contar a propagação da AIDS ajudado por parceiros internacionais. Assim, o Haiti destaca a relevância de ações preventivas para vencer os desafios relacionados à saúde pública (AGNU, 2013).

Índia

A República da Índia destaca o papel das Nações Unidas na promoção do desenvolvimento. Ressalta, ainda, que as decisões sobre temas internacionais devem ser pautadas pelo multilateralismo, uma vez que por meio dele é mais provável alcançar o consentimento e equilibrar as necessidades e responsabilidades das nações em diferentes estágios de desenvolvimento (AGNU, 2013). O Estado indiano observa, igualmente, que a pobreza continua a ser um grande desafio político e econômico e que sua erradicação exige uma atenção especial e um novo impulso (AGNU, 2013).

Para a Índia, é importante que a ONU defina metas e forneça meios de implementação, incluindo o fluxo adequado de recursos e a transferência de tecnologia, e considerando, assim, as necessidade dos países em desenvolvimento. Uma significativa agenda de desenvolvimento pós-2015 deve dar alta prioridade à alimentação e nutrição, à saúde, à infraestrutura, ao acesso à água potável e ao saneamento (AGNU, 2013).

O sistema de saúde da Índia inclui hospitais públicos e privados, bem como os hospitais especializados em Ayurvédica, que oferecem o sistema tradicional indiano de medicina alternativa. Todas as grandes cidades e centros urbanos de média dimensão possuem hospitais privados que fornecem um excelente padrão de atendimento (ANGLOINFO, 2014).

O seguro de saúde cobre apenas custos de hospitalização e emergência. Outros cuidados devem ser pagos antecipadamente, mas os custos são extremamente razoáveis em comparação com outros países. Assim, os custos médicos não são uma despesa significativa (ANGLOINFO, 2014). Os hospitais do governo, com financiamento público, apenas fornecem cuidados básicos e muitas vezes não têm infraestrutura adequada. Podem ser lotados e o tempo de espera pode ser longo. Os hospitais públicos carecem de pessoal, o que torna necessário que um membro presente assistência ao paciente durante a internação hospitalar (ANGLOINFO, 2014).

Indonésia

A República da Indonésia, em 2010, chamava a atenção das outras nações para que concentrassem seus esforços nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio mesmo em meio a uma crise financeira global. O país destacou, na ocasião, os Objetivos de número 4 e 5 - Reduzir a Mortalidade Infantil e Promover a Saúde Materna - pois, em sua concepção, são os mais importantes na quebra do ciclo da pobreza nos países em desenvolvimento. O governo da Indonésia, em meio à reforma de seu sistema de saúde, se compromete a aumentar os serviços de saúde pública em quantidade e qualidade, bem como a aumentar o acesso a esses serviços. É considerado interessante promover parcerias público-privadas e também fornecer informações sanitárias apropriadas (AGNU, 2010).

A Indonésia destaca que, apesar do progresso na conquista dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio ligados à saúde e da proliferação de atores dispostos a arquitetar a cooperação global na área de saúde, sistemas de saúde fracos ainda permanecem. A parceria global na superação de barreiras estruturais e econômicas para o desenvolvimento e a saúde é colocada como fundamental para alcançar a agenda de desenvolvimento global. Para a Indonésia, apenas a parceria internacional é capaz de gerar progresso na implementação da "Cobertura Universal de Saúde" (plano aprovado no ano de 2012 pela Assembleia Geral das Nações Unidas); de promover acesso equitativo a serviços essenciais de saúde de qualidade e acelerar o progresso na conquista dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio relacionados à saúde, bem como fortificar os sistemas de saúde (AGNU, 2013).

Itália

A Itália considera imperativo tornar o crescimento e o desenvolvimento prioridades, objetivando aumentar a capacidade dos sistemas econômicos e sociais para adaptação às rápidas mudanças do mundo atual (AGNU, 2013). Para o Estado italiano, devem ser combatidas as causas profundas dos males que afligem o mundo, ao invés de se limitar aos efeitos colaterais (AGNU, 2013). A Itália considera que o desenvolvimento não pode ser simplesmente reduzido para crescimento econômico. Deve-se ir além do “PIB” e prestar a atenção adequada à noção mais abrangente de qualidade de vida (AGNU, 2013).

Com relação ao sistema de saúde italiano, o governo central controla a distribuição de receitas fiscais para os cuidados de saúde financiados com recursos públicos (Serviço Nacional de Saúde ou SSN). Ademais, também define um pacote nacional legal de benefícios mínimos a serem oferecidos a todos os residentes em todas as regiões, que promova os “níveis essenciais de assistência” (livelli essenziali di assistenza ou LEA) (THE COMMONWEALTH FUND, 2012).

As 19 regiões e duas províncias autônomas são responsáveis pela organização e prestação dos serviços de saúde através das unidades de saúde locais. As regiões gozam, portanto, de autonomia significativa para determinar a macroestrutura de seus sistemas de saúde (THE COMMONWEALTH FUND, 2012). O SSN abrange todos os cidadãos e residentes estrangeiros legais. A cobertura é automática e universal. Desde 1998, os imigrantes ilegais possuem acesso a serviços básicos. Os visitantes temporários podem receber serviços de saúde ao pagarem os custos do tratamento (THE COMMONWEALTH FUND, 2012).

Japão

O Japão se declara profundamente comprometido em promover o acesso universal à saúde, sendo centrais questões referentes à saúde na política externa japonesa. Em 1961, esse país estabeleceu um sistema nacional de seguro de saúde, por meio do qual atingiu o acesso universal à saúde, adquirindo assim experiência e conhecimento, que procura compartilhar com os demais Estados. Nesse sentido, o Japão assinala que parcerias globais são essenciais para atingir o acesso universal à saúde (AGNU, 2013).

O país aponta também alguns problemas referentes a políticas de saúde globais, que muitas vezes destinam-se a doenças específicas ou mesmo que acabam por alocar os recursos de forma ineficiente. De acordo com o Japão, para que esses impasses sejam resolvidos, a cooperação internacional precisa ser aprimorada e estendida. Nesse contexto, deve haver um maior compartilhamento de informações entre as diferentes partes interessadas e a assistência prestada aos países deve ser coordenada baseando-se nas estratégias de cada Estado (AGNU, 2013).

A liderança japonesa na formulação do instituto Global Health Innovative Technology é um exemplo de uma contribuição concreta do Japão. Essa organização destina-se a pesquisar e desenvolver produtos farmacêuticos que combatam doenças tropicais negligenciadas. O país espera que novas ações desse tipo sejam elaboradas e expandidas. Outro exemplo é a participação do Japão na formulação de programas de treinamento a prestadores de serviço médico que realizam atendimento na África (AGNU, 2013).

Domesticamente, o governo japonês regula quase todos os aspectos do sistema de seguro de acesso universal à saúde pública. O governo nacional induz e estimula o consenso entre as partes interessadas, controlando assim o preço dos serviços de saúde. Além disso, estabelece e reforça detalhadas regulamentações na área de saúde, e garante a implementação das políticas públicas de saúde através da concessão de subsídios aos governos locais e aos prestadores de serviços de saúde. Os governos regionais e municipais também estão envolvidos na operação do sistema de saúde. Os cidadãos japoneses são estimulados pelo governo a adquirirem algum dos seguros de saúde, assim como residentes não cidadãos e visitantes que irão passar uma longa estadia no país. Porém, caso uma pessoa que não adquiriu nenhum seguro precise de atendimento médico e fique comprovado que ela não pode pagar, o governo assume as despesas, salvo no caso de imigrantes ilegais. Para garantir a qualidade dos serviços de saúde, o Japão se baseia em três princípios: padronização do atendimento, cumprimento do padrão estabelecido e monitoramento constante (THE COMMONWEALTH FUND, 2012).

Médicos Sem Fronteiras

A fundação da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) remonta às revoltas parisienses de maio de 1968 quando um grupo de jovens médicos decidiu prestar assistência voluntária às vitimas do conflito. Este ato, posteriormente, deu margem a um novo conceito de humanitarismo ligado ao trabalho voluntário e consolidou a organização, que passou a atuar em guerras e grandes catástrofes. Com o objetivo de garantir assistência médica aos indivíduos em situação de risco, a organização mantém sua independência institucional e financeira através de doações privadas e do apoio de colaboradores. Além disso, o MSF conta com diversos escritórios espalhados pelo mundo, tendo prestado assistência a milhões de indivíduos (MSF, [2014]).

O objetivo da organização, porém, é impossibilitado devido aos interesses das grandes corporações farmacêuticas e de um grupo seleto de países. Em artigo intitulado “Promessas Quebradas: Encontro do G8 e o Acesso a Medicamentos”, o MSF expressa seu descontentamento com os resultados das reuniões anuais do grupo dos oito países mais industrializados do planeta. Segundo a opinião da organização, todos os anos, o G8 faz promessas em relação ao combate da malária, da tuberculose, da AIDS e de outras doenças nos países em desenvolvimento que não se cristalizam em ações concretas (MSF, 2004).

Ademais, é factível que existe uma tendência decrescente na preocupação com a melhora das condições da saúde nos países subdesenvolvidos. Se em 2000 ainda predominava uma preocupação com a situação – com propostas de aumentar os fundos de combate a doenças e a transferência de tecnologia para a produção de fármacos -, nas reuniões subsequentes a vontade política parece ter diminuído. Como consequência, o fundo internacional contra a AIDS, Tuberculose e Malária sofreu cortes consideráveis e o compromisso para a baixa dos preços de medicamentos nos países em desenvolvimento tem sido cada vez mais comprometido pela falta de colaboração dos governos ricos e das indústrias farmacêuticas (MSF, 2004).

México

O México acredita firmemente no potencial do multilateralismo e reitera seu comprometimento com a ONU. De acordo com o país, para se atingir o acesso universal à saúde é preciso que a comunidade internacional decida focar, como um todo, em objetivos que sejam ambiciosos, mas também concretos e atingíveis (AGNU, 2013).

Assim, para o México, os esforços referentes ao desenvolvimento devem ser orientados pelo ideal da inclusão, combatendo-se a pobreza, a desigualdade e a exclusão social. A experiência mexicana demonstra que, para se atingir o objetivo da inclusão, deve-se considerar todas as dimensões da pobreza, não somente a falta de renda, mas também outras esferas, como a saúde. Somente assim será possível tomar medidas que solucionem o problema de forma estrutural e sustentável.

O país assinala que promover oportunidades para todos só será possível se houver determinação política de toda a comunidade internacional. Além disso, é importante que a cooperação internacional ocorra de maneira coordenada e transparente. O México também conclama a todos os Estados para que se mantenha em mente que o que ocorre em cada nação afeta as demais nações. Assim, deve-se formar uma única consciência global que promova inclusão e iguais oportunidades para todos (AGNU, 2013).

Moçambique

A Política Nacional de Saúde de Moçambique está baseada nos princípios dos cuidados primários, na igualdade e na melhoria da qualidade dos serviços. O sistema de saúde - composto pelo setor público em parceria com o setor privado – atende a apenas cerca de 60% da população. Devido a esse quadro, e levando em conta as condições de vida precária a que parte considerável da população está sujeita, os índices de mortalidade infantil são elevados e a disseminação de doenças como a AIDS e a tuberculose são uma constante (OMS, 2013).

Para sanar esses problemas são necessários investimentos no sistema de saúde somado a campanhas voltadas para os cuidados primários. Além disso, é preciso ampliar a cobertura do programa de saúde pública, englobando toda a população do país e ampliando também a gama de serviços oferecidos. Sem, contudo, deixar de dar atenção especial à infraestrutura,

como o saneamento básico, que é essencial para evitar o surgimento de uma série de doenças (OMS, 2013).

Nigéria

Para a Nigéria, a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 deve ter como princípio fundamental a ênfase na erradicação da pobreza (AGNU, 2013). O Estado nigeriano possui a convicção de que a democracia é fundamental para alcançar a estabilidade, o que permitirá a realização de uma agenda de desenvolvimento sustentável pós-2015 na África. Deve haver um esforço para erradicar a pobreza, a fome, a doença e a miséria humana. Os Estados-membros da ONU devem trabalhar em conjunto para enfrentar os desafios globais, regionais e formar um mundo mais pacífico, justo e próspero para todos (AGNU, 2013).

Apesar da posição estratégica da Nigéria na África, o sistema de saúde nigeriano é pouco desenvolvido (OSAIN, 2011). As unidades de saúde (centros de saúde, pessoal e equipamentos médicos) são inadequadas, especialmente nas áreas rurais. Desse modo, várias doenças infecciosas têm atingido a Nigéria ano após ano (OSAIN, 2011), a exemplo da cólera (PORTAL DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS, 2013).

Os padrões de cuidados de saúde são normalmente baixos, mesmo nos maiores centros urbanos, e os serviços de melhor qualidade são muito caros (PORTAL DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS, 2013). As causas da fragilidade do sistema de saúde se relacionam à falta de coordenação; à fragmentação dos serviços; à escassez de recursos; à infraestrutura inadequada e em deterioração; à desigualdade na distribuição de recursos; e à péssima situação do acesso à saúde e da qualidade da assistência médica (OSAIN, 2011).

Noruega

O Reino da Noruega aponta que pandemias de influenza são uma ameaça contínua à comunidade internacional e que é uma responsabilidade de cada Estado garantir acesso à saúde a todas as pessoas, sendo preciso dar continuidade aos esforços para garantir que todos os países estarão preparados e poderão proteger sua população se uma nova pandemia ocorrer. Assim, para a Noruega, a questão primordial é chegar a um acordo em relação às medidas que devem ser tomadas para que a comunidade internacional possa agir adequadamente diante de uma nova pandemia. Deve-se definir uma prioridade coletiva, baseando-se em um espírito de interdependência mútua, pertencimento e causa comum (INTERGOVERNAMENTAL MEETING OF PANDEMIC INFLUENZA PREPAREDNESS: SHARING OF INFLUENZA VIRUSES AND ACCESS TO VACCINES AND OTHER BENEFITS, [2014]).

Ainda, a Noruega elogia e apoia os esforços da OMS visando preparar melhor os países caso ocorra uma nova pandemia, sendo o primeiro ponto essencial defendido pela Noruega a necessidade de fortalecer a já existente estrutura da OMS de combate às pandemias. De acordo com o Reino da Noruega, a OMS já possui uma estrutura com uma excelente capacidade de vigilância, combinada a uma capacidade para controlar ameaças de pandemia, o que inclui antivirais, vacinas e também medidas não farmacêuticas, visando limitar a velocidade da dispersão de doenças contagiosas. Porém, a Noruega lembra que é necessário aperfeiçoar a estrutura já existente para que a comunidade internacional seja capaz de lidar com novos desafios (INTERGOVERNAMENTAL MEETING OF PANDEMIC INFLUENZA PREPAREDNESS: SHARING OF INFLUENZA VIRUSES AND ACCESS TO VACCINES AND OTHER BENEFITS, [2014]).

A necessidade de que os benefícios relativos à saúde pública cubram todos os Estados, o que

é vital para a segurança da comunidade internacional, é o segundo ponto defendido pela Noruega. Deve-se considerar que uma pandemia pode atingir todo o mundo e que não há como prever onde ela começará. Assim, um sistema transparente que reduza a força de uma possível pandemia será benéfico para todos, sendo preciso reconhecer que colaborar para prevenir pandemias é responsabilidade de todos os países (INTERGOVERNAMENTAL MEETING OF PANDEMIC INFLUENZA PREPAREDNESS: SHARING OF INFLUENZA VIRUSES AND ACCESS TO VACCINES AND OTHER BENEFITS, [2014]).

Internamente, grande parte do sistema de saúde é controlado pelo governo. Abaixo do Ministério da Saúde há quatro autoridades regionais de saúde. Anualmente, o Ministério da Saúde elabora um documento instruindo as autoridades regionais em relação ao que elas devem priorizar e a que metas elas devem alcançar, além de regular o orçamento de cada uma das autoridades regionais. A despesa do sistema público de saúde é financiada através dos impostos. Todos os anos, o governo elabora e vota em um orçamento para a saúde. Depois de o orçamento ser aprovado, o dinheiro é distribuído entre os municípios de acordo com o tamanho da população e suas características. A cobertura do sistema público de saúde é universal: a Noruega se baseia no princípio de que todos os residentes legais devem ter igual acesso à saúde pública, independentemente de seu status socioeconômico, país de origem ou região de residência. No caso de imigrantes ilegais, o atendimento é realizado somente em situações de emergência (THE COMMONWEALTH FUND, 2012).

Nova Zelândia

De acordo com o Ministério da Saúde da Nova Zelândia, os serviços de saúde e reabilitação do país são fornecidos por uma complexa rede de organizações e pessoas que se concentram em promover a melhoria da saúde dos seus cidadãos. O sistema de saúde neozelandês proporciona à população acesso direto às informações sobre o funcionamento dos serviços em cada distrito. Além disso, há objetivos de atuação bem claros a serem atingidos na área da saúde, pensados com o intuito de melhorar a performance do sistema a nível nacional. Estas metas refletem a prioridade que o governo dá à saúde (MINISTRY OF HEALTH, [2014]). Todos os residentes permanentes têm acesso a uma diversidade de serviços de saúde, largamente financiados por impostos. Não residentes - como imigrantes ilegais e turistas - precisam pagar por atendimento médico prestado pela rede pública de saúde, a menos que suas necessidades médicas tenham se originado em um acidente. Gastos privados de saúde garantem o acesso rápido a tratamentos em situações não urgentes (THE COMMONWEALTH FUND, 2012)

A nível internacional, a Nova Zelândia chama a atenção para o risco de doenças não transmissíveis facilmente evitáveis por meio de um sistema de saúde eficiente. Desnutrição pré-natal e baixo peso ao nascer criam predisposição para a obesidade, doenças cardíacas e diabetes. Melhorar os cuidados, antes e durante a gravidez, especialmente os cuidados primários de saúde, pode reduzir os riscos dessas doenças durante a vida. A pobreza é o fator que mais dificulta o acesso a estes cuidados. Assim, o país demonstra preocupação com o impacto de doenças não transmissíveis no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e na formulação da agenda de desenvolvimento pós-2015 (AGNU, 2011).

Paquistão

O Paquistão afirmou, em discurso proferido na Terceira Sessão do Movimento dos Não-Alinhados (NAM), em 2010, a necessidade de fortalecer o Sistema Internacional de Saúde e reconheceu a importância da solidariedade da comunidade internacional frente às pandemias e a outras grandes catástrofes. Acrescentou, ainda, que só a partir da existência em todos os Estados de um sistema de saúde estável, eficaz e funcional será possível garantir que os povos do mundo estejam preparados para qualquer desafio relacionado à saúde (NAM, 2010).

O país reforça, ainda, que para a concretização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio é preciso suporte financeiro e técnico consistente, paciência e dedicação por parte da comunidade internacional – incluindo a transferência de tecnologia para os países menos favorecidos (NAM, 2010).

Internamente, o país asiático enfrenta diversos desafios para oferecer um serviço de saúde de qualidade à população. Dentre estes desafios, destacam-se a necessidade de melhorar os serviços essenciais de saúde – o que poderia reduzir os gastos para a população de baixa condição socioeconômica – e a falta de planejamento adequado dos recursos humanos – como, por exemplo, a existência de mais médicos que enfermeiros e a ida de médicos do campo para a cidade, comprometendo o atendimento em certas localidades (GLOBAL HEATH WORKFORCE ALLIANCE, 2010).

Paraguai

Em 2009, a República do Paraguai destacava, no contexto da crise econômica mundial, a realidade da população pobre habitante dos países em desenvolvimento. Dessa forma, o Paraguai buscava colocar no centro das atenções uma série de desafios. Entre os principais: o crescimento da desnutrição, a pobreza infantil, o aumento dos preços dos alimentos, a queda na renda familiar e o financiamento limitado para a saúde e para a educação (ECOSOC, 2010). Após o conturbado período político pelo qual passou o Paraguai, o governo do presidente Horacio Manuel Cartes Jara colocou como sua prioridade a luta contra a pobreza (AGNU, 2013).

O setor público de saúde do Paraguai é composto pelo Ministério de Saúde Pública e Bem Estar Social; pelo Instituto de Previsão Social; pelo Hospital das Clínicas; pelo Centro Materno Infantil; pelos Serviços Médicos Policial, Militar e da Marinha; pelas Secretárias de Saúde; e pelos municípios. Conjuntamente, o Ministério de Saúde Pública e Bem Estar Social e o Instituto de Previsão Social correspondem a algo entre 85% e 90% do setor público de saúde, no que se refere ao financiamento e gasto da saúde; e também à parcela da população do país que é atendida no âmbito do sistema de saúde paraguaio. Assim, a maior parte da população é atendida pelo referido Ministério, sendo que entre 70 e 75% da população não possui seguro médico; por volta de 15% está assegurada pelo Instituto de Previsão Social, e uma porcentagem menor ainda possui seguro de saúde privado. Esses dados mostram que ainda é preciso incrementar o acesso à saúde no Paraguai, além da geração de dados sobre o financiamento do sistema de saúde, satisfação do usuário e qualidade do atendimento (OMS, 2010).

Peru

O Peru reforça a busca por alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio através de seus esforços no campo da saúde. Dentre as conquistas mais representativas, é possível citar o fortalecimento dos cuidados primários e a aprovação da legislação sobre o acesso universal ao sistema de saúde pública, que representam grandes avanços para diminuir a desigualdade existente (ONU, 2010).

O Peru reconhece, porém, que é preciso dar atenção especial à saúde infantil, pois dentre os indivíduos afetados pela dificuldade do acesso à saúde em vários países, as crianças são os indivíduos mais vulneráveis. Como demonstram os dados, cerca de 51% das mortes infantis têm origem em doenças como pneumonia, diarreia e malária. São doenças evitáveis que estão ligadas à pobreza, à exclusão e à dificuldade de acesso à saúde (ONU, 2010).

Uma alternativa para mudar esse quadro está na própria prevenção das doenças que poderia ser feita através da utilização de medicamentos a baixo custo. Seria apropriado, de acordo com o Peru, rever os acordos sobre patentes e propriedade intelectual como forma de garantir o acesso a esses medicamentos por parte desses indivíduos (ONU, 2010).

Nesse sentido, o sistema de saúde do Peru têm alcançado importantes índices na redução da mortalidade infantil. Dividido em regime de contribuição indireto e de contribuição direto – correspondente à seguridade social – o sistema não oferece cobertura total. Entretanto, são observados outros meios de assegurar o atendimento médico, mediante o pagamento de uma cota por parte da população não contribuinte ou até mesmo mediante isenção de qualquer taxa em caso de comprovada condição de pobreza (RABANAL, GONZÁLEZ & NIGENDA, 2011).

Portugal

A República Portuguesa possui o Serviço Nacional de Saúde há 30 anos. Este sistema, universal e de excelente qualidade, possui atualmente o desafio de ter seu financiamento reduzido por causa da crise econômica que o país enfrenta. O desafio do governo português é utilizar melhor os recursos disponíveis, ou seja, melhorar a gestão, a transparência e a responsabilização pelo uso do dinheiro dos cidadãos. O governo pretende, igualmente, promover o estilo de vida saudável, continuar a desenvolver a política de cuidados primários e de cuidados continuados - aproximando-os da população - e reorganizar a rede hospitalar (GOVERNO DE PORTUGAL, 2013).

Quanto à atuação internacional de Portugal, o governo destaca sua crença no multilateralismo e na capacidade das Nações Unidas em harmonizar ações de diferentes países para alcançar fins comuns. Para a República Portuguesa, os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio devem ser referência no estabelecimento da agenda de desenvolvimento pós-2015, de forma a manter o foco na redução da pobreza, dando atenção especial aos países não desenvolvidos. Diferentes modalidades de assistência e novas formas de financiamento são, para Portugal, dois dos princípios mais importantes a guiar o período pós-2015 (AGNU, 2013).

Reino Unido

O Reino Unido, em plano estratégico para contenção da pandemia influenza em 2011, adotou três objetivos: conter o impacto da pandemia na saúde pública, conter o impacto da pandemia na sociedade e na economia e incutir e manter a confiança da população na capacidade das instituições públicas diante do problema (DEPARTMENT OF HEALTH, 2011).

Como forma de alcançar tais metas, as ações foram divididas em dois planos diferentes: um no nível local e outro no nível internacional.

Internamente, em função da complexidade e das dimensões internacionais da pandemia, o Ministério da Saúde ficou responsável por exercer a liderança na preparação e de ser o principal responsável pelo seu desenvolvimento e manutenção, estabelecendo contato com as organizações internacionais e fornecendo informações e aconselhamentos para os outros departamentos governamentais. Ademais, foi adotada uma estratégia comum entre os departamentos de saúde dos países integrantes do Reino Unido exaltando sempre a colaboração entre estes (DEPARTMENT OF HEALTH, 2011).

Como ponto favorável dentro da estrutura voltada para saúde já existente, destaca-se o National Health Service – o sistema público de saúde do Reino Unido – que atende a todos os residentes regulares, oferecendo bens e serviços médicos que são gratuitos em quase sua totalidade. O NHS responde por cerca de 86% das despesas do Estado em saúde, sendo financiado principalmente por meio de impostos, contribuições para a segurança social e direitos de utilização. Em se falando de assegurar a qualidade e a segurança dos serviços prestados, o NHS é reconhecido como exemplo de eficiência (BOYLE, 2008).

Segundo o Reino Unido, no campo da assistência e da coordenação internacional, é fundamental o papel da cada país no esforço para prevenir e detectar o aparecimento de novos vírus, além do desenvolvimento de políticas de saúde pública que, apresentando resultados positivos, possam ser compartilhadas a nível internacional como ocorre entre os departamentos de saúde da União Europeia e, mesmo, da troca de informações entre GHSAG – que consiste no G8 mais o México (DEPARTMENT OF HEALTH, 2011).

República Democrática do Congo

A República Democrática do Congo assinala que é necessário tirar lições de experiências passadas de programas de desenvolvimento. Assim, é preciso criar indicadores quantificáveis, forjar novos tipos de parceria e integrar as dimensões social e econômica para que se atinja um desenvolvimento sustentável. Além disso, os novos programas de desenvolvimento devem ser universais, ambiciosos e baseados no princípio de responsabilidades comuns (AGNU, 2013).

O país indica também que as propostas de desenvolvimento devem ser elaboradas a nível local, nacional e regional, devendo estabelecer uma cooperação internacional audaciosa e refletir a vontade de cada um dos Estados. Nessa perspectiva, é importante aproveitar as contribuições das mulheres, da juventude e da sociedade civil, tanto na concepção quanto na execução da agenda de desenvolvimento. A República Democrática do Congo aponta que a comunidade internacional está cada vez mais marcada, por parte de alguns Estados, pelo não cumprimento dos princípios básicos das relações internacionais, persistindo o egoísmo no âmbito da economia global. O país lembra que isso impacta negativamente na questão da pobreza, o que por sua vez produz múltiplas consequências nefastas como a deterioração das condições de saúde de muitas populações (AGNU, 2013).

Quanto ao auxílio prestado ao país pela OMS, esta considera o fato de que a República Democrática do Congo se encontra em uma fase de transição, depois de anos de crises e guerras civis; e que atualmente a prioridade deve ser a reconstrução do país. Nesse contexto, a OMS desempenha um papel importante na coordenação e no apoio técnico ao governo em seus esforços na área da saúde e da ação humanitária. Entre as colaborações da OMS pode-se citar: apoio institucional ao Ministério da Saúde - o que inclui, por exemplo, a formulação e a

revisão das políticas nacionais de saúde e o fortalecimento da capacidade nacional para a gestão dos recursos humanos -; apoio à prevenção e à luta contra as doenças transmissíveis e não transmissíveis; apoio à elaboração de planos nacionais de preparação para situações de emergência, como pandemias; e o apoio ao fortalecimento de ações comunitárias visando à promoção de hábitos e estilos de vida favoráveis à saúde (OMS, 2009).

Rússia

A Federação Russa atribui grande importância para a consecução dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e para a elaboração de base da agenda de desenvolvimento global para o período pós 2015. Entre as principais prioridades da Rússia estão: erradicação da pobreza e apoio ao crescimento econômico por meio da expansão das oportunidades de investimento e criação de novos empregos; e a luta contra doenças infecciosas. A Rússia ressalta, igualmente, o papel da cooperação entre os Estados-Membros e a importância de se contar com mecanismos eficientes e com recursos suficientes para que a cooperação seja realizada (AGNU, 2013).

Com a independência da União Soviética em 1991, o sistema de saúde russo herdou um extenso sistema centralizado. O financiamento da saúde, contudo, foi rapidamente reformado por meio da adoção de um modelo de seguro de saúde obrigatório (MHI) em 1993. O MHI foi introduzido a fim de abrir um fluxo de recursos destinados à saúde em face a restrições fiscais graves (POPOVICH et al, 2011).

O total de gastos do Estado com saúde na Rússia cairá 17,8% até 2015. O corte é devido a uma realocação geral de gastos em prol de áreas como defesa e segurança. Em 2013, os gastos com defesa, por exemplo, cresceram de 1,9 trilhões para 2,3 trilhões de rublos (PETRENKO, 2013). Desde 1º de janeiro de 2013, “os russos têm de pagar por tudo o que não está incluído no programa básico do seguro de saúde obrigatório, incluindo a procura por conta própria de médicos especialistas” (PETRENKO, 2013).

Serra Leoa

A baixa taxa de expectativa de vida em Serra Leoa está associada à pesada carga de doenças e ao alto nível de mortalidade infantil e de mortalidade materna. Os fatores subjacentes são pobreza generalizada, alto nível de analfabetismo - especialmente entre as mulheres -, o acesso limitado à água potável segura e adequada, falta de saneamento, má alimentação, práticas de higiene inadequadas, habitações superlotadas e acesso limitado a serviços de saúde de qualidade. A malária é responsável por cerca de 48% dos atendimentos de ambulatório, representando a mortalidade de cerca de 25% das crianças menores de cinco anos. As Doenças Respiratórias Agudas são outro problema grave. A prevalência do HIV/SIDA é a maior ameaça à saúde da população (OMS, 2009).

A República da Serra Leoa, em parceria com a missão da OMS no país, trabalha para conquistar um nível mais sustentável de saúde para toda a população. O Ministério da Saúde e Saneamento (MOHS) de Serra Leoa continua a trabalhar em estreita colaboração com os seus parceiros a nível nacional e internacional para manter a resposta ao surto de cólera em curso. A OMS e o MOHS estabeleceram um centro de comando de controle de cólera para coordenar a resposta ao que se transformou em uma emergência nacional. A OMS contribui levando especialistas em epidemiologia, vigilância, gestão de casos, logística, mobilização social, água e saneamento (OMS, 2013).

Somália

Desde 1991, com o fim da Guerra Fria, a Somália não consegue consolidar um governo centralizado eficaz. Como consequência, o vazio de poder têm sido preenchido por senhores de guerra, clãs e grupos extremistas. Diante desse quadro de instabilidade, a população local tem sido a principal vitima, já que serviços básicos foram cortados ou são precariamente oferecidos; sendo a saúde o setor mais afetado - sem apoio financeiro e convivendo com o crescimento da demanda por serviços médicos (BROWN, [2014]).

A Somália aponta a boa governança e o respeito aos direitos humanos como basilares para a reconstrução do Estado e destaca a importância da comunidade internacional – por meio de doações – para resguardar os serviços básicos à população e garantir o direito dos cidadãos (AGNU, 2013).

Sudão

Os desafios da saúde no Sudão se concentram em reduzir radicalmente a enorme quantidade de doenças frequentes (malária, tuberculose, hepatite, HIV/AIDS, entre outras) e ser capaz de reduzir a pobreza e a desnutrição. Outras metas têm por objetivos aumentar as formas de imunização da população por meio do desenvolvimento da rede de laboratórios da saúde pública e reduzir drasticamente os altos índices de mortalidade materna e infantil (OMS, 2013).

A República do Sudão, em face aos inúmeros desafios em relação à área da saúde, procura tirar lições de experiência passadas. Tais lições evidenciam que o compromisso do governo e a criação de um fórum com as partes interessadas - como um mecanismo de coordenação apoiado em um poderoso sistema de informação e uma sólida estrutura de responsabilidade - têm ajudado a resolver muitos dos problemas que cercam os recursos humanos para a saúde no Sudão (OMS, 2013).

Outras lições direcionam o rumo do país para descentralização das instituições de formação e recrutamento de estudantes oriundos do campo, o que pode aumentar a produção, distribuição e retenção de profissionais de saúde em áreas rurais remotas. Se o setor de saúde privado estiver adequadamente envolvido na busca por políticas estratégicas de gestão de recursos humanos para a saúde, a participação ativa desse setor no processo de coordenação das partes interessadas também deve ser incentivada e medidas regulatórias podem ser introduzidas (OMS, 2013).

Sudão do Sul

A estrutura socioeconômica do Sudão do Sul foi completamente desestruturada devido aos 48 anos de guerra vivenciados pelo país. Escolas e centros de saúde quase não existem, submetendo a população ao analfabetismo e às doenças (ALÉM-MAR, 2003). A Organização Mundial da Saúde (OMS) no Sudão do Sul conclui que mesmo com os tremendos esforços feitos por parceiros da saúde e do saneamento, as condições ainda são inadequadas, em grande parte devido ao grande número de pessoas abrigadas em bases das Nações Unidas, que têm espaço insuficiente. A OMS no Sudão do Sul constatou que juntamente com condições inadequadas de água e saneamento, a superlotação nos acampamentos pode criar condições favoráveis para surtos de doenças (OMS, 2013).

Com o objetivo de minimizar os riscos de possíveis surtos, a OMS está trabalhando em estreita colaboração com as autoridades da saúde do Sudão do Sul e com outros parceiros da

saúde, incluindo a equipe médica da Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul. A proposta de tal colaboração é identificar os profissionais da saúde nos campos de desalojados, que podem fornecer cuidados de saúde primários, bem como apoiar a promoção da educação e saúde para todos os desalojados. A OMS chama a atenção das agências doadoras para fornecer mais recursos financeiros para os parceiros da saúde com o objetivo de garantir que todas as populações vulneráveis na República do Sudão do Sul possam viver em um ambiente seguro e saudável e continuar a receber os serviços de saúde que salvam vidas (OMS, 2013).

Suécia

O Reino da Suécia reconhece que houve avanços na área da saúde, como o declínio do número de mortes causadas por doenças como malária e tuberculose e do número de novos pacientes aidéticos. Porém, a Suécia aponta que ainda há muitos desafios, sendo crucial que os esforços para superar esses desafios sejam intensificados (AGNU, 2013). Atualmente, seres humanos, animais e mercadorias podem se deslocar rapidamente entre os continentes, e juntamente com eles, doenças contagiosas. Assim, a cooperação internacional é de extrema importância para prevenir o surgimento e a proliferação dessas doenças (SOCIALSTYRELSEN, [2014]). Nesse contexto, a Suécia destaca a importância de organizações multilaterais, particularmente da ONU. De acordo com esse país, a ONU desempenha um papel central na coordenação dos esforços referentes aos Objetivos do Milênio (AGNU, 2013).

A Suécia aponta como importantes objetivos a erradicação da pobreza e a garantia de iguais oportunidades para todos, visando elevar o padrão geral de qualidade de vida. Assim, o foco em Estados frágeis continua sendo necessário. Entre as contribuições financeiras do Reino da Suécia, pode-se citar a contribuição de 1% de seu Produto Nacional Bruto à assistência oficial ao desenvolvimento e a contribuição anual de 1.2 bilhões de dólares à ONU. O país, que é o segundo maior contribuinte per capita da ONU, assinala a necessidade de constantemente se preparar para desafios futuros, assegurando que continuará a apoiar a ONU (AGNU, 2013).

Internamente, os três níveis de governo participam do sistema de saúde público. O Estado, através do Ministério da Saúde, é responsável globalmente pelas políticas de saúde. Em seguida, há oito agências governamentais nacionais envolvidos no sistema de saúde pública. Por fim, o autogoverno local tem uma longa tradição de financiar e prover serviços de saúde a seus cidadãos. Além disso, governos locais também são responsáveis pelos cuidados referentes aos idosos e aos deficientes. As autoridades regionais e locais são representadas pela Associação de Autoridades Locais e Regiões (THE COMMONWEALTH FUND, 2012).

A cobertura do sistema público de saúde abarca todos os residentes legais. Ainda, o país oferece acesso a cuidados médicos em casos de emergência para todos os cidadãos da União Europeia e de outros nove países com os quais a Suécia possui acordos bilaterais. Crianças em situação ilegal ou requerentes de asilo no país têm direito ao acesso à saúde como qualquer outra criança em situação legal. Já adultos requerentes de asilo têm direito ao atendimento em situações nas quais não há possibilidade de protelação. Adultos que se encontram ilegalmente na Suécia têm direito a cuidados médicos não subsidiados (THE COMMONWEALTH FUND, 2012).

Tailândia

A atuação da OMS na Tailândia, com apoio e encorajamento do Ministério da Saúde Pública, opta por uma nova abordagem que envolve três fatores decisivos para a saúde pública: pessoas, competências e recursos. A OMS na Tailândia conclui que o país possui os três elementos e, portanto, deveria aproveitá-los para um maior impacto na saúde pública. A missão da OMS na Tailândia, juntamente com o Ministério da Saúde Pública, uniu forças com as agências de saúde pública do país, as quais possuíam bastante influência, capacidade e recursos, mas não a capacidade de promover uma interação cooperativa entre estes elementos (OMS, 2012).

A ideia da OMS na Tailândia foi selecionar as áreas prioritárias da saúde pública e aprender a coordenar os recursos de que se dispunha, com o objetivo de promover impactos positivos na área da saúde. Dentre todas as 22 propostas apresentadas, foram, então, selecionadas grandes áreas prioritárias dentre as quais se destacam o controle de doenças não transmissíveis, o reforço do sistema comunitário de saúde, conhecimento e desenvolvimento de capacidades no comércio internacional e saúde e fortalecimento da gestão do risco de desastres (OMS, 2012).

O sistema de saúde da Tailândia é baseado nos serviços elementares de assistência médica e em uma boa rede de instituições de saúde em todas as cidades e nas mais frequentadas estâncias turísticas (PORTAL DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS, 2013). Os desafios na área da saúde são direcionados para questões como a prevenção e combate de doenças (HIV/AIDS, tuberculose, malária, entre outras), promoção da saúde, garantia de serviços médicos básicos, identificação de deficiências no sistema de saúde e acesso médico para os imigrantes (OMS, 2013).

Vietnã

A atuação da OMS no Vietnã consiste no fornecimento de orientação médica, na construção de relações locais para implementar a cooperação técnica, na construção de normas e acordos e na coordenação de medidas de saúde pública durante as crises. Os principais problemas do Vietnã na área da saúde podem ser caracterizados pela questão da desnutrição infantil – responsável pela morte de inúmeras crianças no país -, pela presença de doenças como a malária, tuberculose e AIDS e pela deficiência das redes sanitárias fora dos grandes centros urbanos (OMS, [2014]).

O Vietnã apresenta uma das epidemias de maior crescimento na Ásia - HIV - e está passando, também, por momentos de transição econômica e epidemiológica. Embora a epidemia de HIV no Vietnã ainda esteja em uma fase concentrada, o potencial para que a epidemia se generalize está crescendo cada vez mais (OMS, 2013). Os custos de prevenção ao HIV vão dobrar. Dessa forma, criou-se um senso de urgência nos esforços para fortalecer o sistema de saúde e garantir a sustentabilidade das intervenções para o controle da infecção pelo HIV. O Ministério da Saúde vietnamita identificou várias estratégias possíveis para reduzir esse déficit, incluindo a redução de custos e o aumento da eficiência e da mobilização de recursos a partir de uma ampla variedade de fontes, tais como co-pagamentos - pagamentos feitos juntamente com outrem - dos usuários do serviço de saúde (OMS, 2013).

O governo do Vietnã e organizações internacionais estão em alerta máximo devido aos casos humanos provenientes do surto da gripe aviária H7N9 na China. O primeiro-ministro instruiu todos os ministérios e as instituições relacionadas a intensificarem a prevenção e o controle de medidas com o objetivo de minimizar o impacto potencial à saúde humana (OMS, 2014).

4. Perguntas que devem ser respondidas no documento final

Porque promover o acesso universal à saúde é importante para evitar as pandemias?

Quais responsabilidades devem ser compartilhadas para se atingir o acesso universal à saúde?

Qual a importância da cooperação entre Estados para promover o acesso universal à saúde?

Qual o papel do Estado na garantia e promoção da saúde pública?

que cada Estado deve fazer individualmente para promover o acesso universal à saúde?

Quais devem ser as metas a serem alcançadas pelos Estados-Membros para a promoção do acesso universal à saúde?

Como cada Estado pode auxiliar os demais Estados a promover o acesso universal à saúde?

Como as instituições multilaterais podem colaborar para promover o acesso universal à saúde?

Como as instituições multilaterais podem colaborar para minimizar os efeitos de pandemias?

Quais outros atores podem colaborar para promover o acesso universal à saúde? Como eles poderiam agir nesse sentido?

Até que ponto o investimento privado deve ser aceito no financiamento do sistema universal de saúde?

Como se deve aplicar a ajuda financeira dos países desenvolvidos para que o sistema de saúde dos países em desenvolvimento não se tornem dependentes dessa ajuda?

Em meio à crise econômica internacional, quais caminhos os países devem trilhar para não deixar que a falta de verba prejudique a busca pela eficiência em seus sistemas de saúde?