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Conferência de Berlim - A distribuição territorial da África durante o Imperialismo europeu Guia de Estudos 1

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Conferência de Berlim - A distribuição territorial

da África durante o Imperialismo europeu

Guia de Estudos

DIRETORES: Fábio Pongelupe, Bruno Fontenelle e David Peixoto.

ASSESSORA: Ana Clara Crepaldi

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Índice:

1. Apresentação dos diretores2. Introdução3. Antecedentes da Conferência de Berlim

3.1. Revolução Industrial3.2. Nacionalismo3.3. Imperialismo

4. Os objetivos da Conferência de Berlim5. A África Pré-Conferência 6. Posicionamento dos Países7. Referências

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1. Apresentação dos diretores:

Meu nome é Fábio de Almeida Pongelupe e estou no 3º ano do Ensino Médio. Já participei de outras simulações internas e intercolegiais como delegado, sendo a SIA 4ª Edição, minha segunda experiência como moderador de um comitê juntamente com meus colegas de mesa. Desde meu primeiro contato com uma simulação, acredito fielmente que essa é uma experiência singular. Para nós jovens, simulações nos levam a possuir um olhar diferenciado, em relação aos fatos e instituições que estão ligados ao nosso mundo, além da chance do delegado de melhorar sua oratória diante de certo público, já pensando futuramente em uma profissão em que tal habilidade contribua.

Meu nome é Bruno Fontenelle Gontijo e estou cursando o 3º ano do Ensino Médio. Esta é a minha décima simulação, sendo a minha segunda como moderador de um comitê. As simulações, tanto internas como nacionais, promovem um grande enriquecimento na arte de conhecer e debater sobre os assuntos que aconteceram e acontecem ao redor do nosso mundo. As simulações nos tornam capazes de mudar o mundo por meio da diplomacia e, quem sabe, servir de inspiração para a futura carreira. Espero que as discussões sejam produtivas e que tenhamos uma ótima simulação.

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Meu nome é Ana Clara, participei da SIA 2012, no nono ano e achei que foi uma experiência bastante válida. Desenvolvi mais o censo crítico sobre o mundo, e o que acontece ao redor dele. Se sentir dentro da ONU, vestido à caráter e ainda discutir sobre os mais variados temas foi para mim, um grande momento.

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2. Introdução

No século XIX, os movimentos abolicionistas, inspirados nos pensamentos liberais do século anterior, promoveram a proibição do tráfico negreiro no atlântico, colocando um fim na escravidão em todos os países da América. Contudo, a abolição da escravidão não representou o fim das interferências estrangeiras no continente africano.

Os governos europeus, em conjunto com as igrejas cristãs, aumentaram suas ações missionárias dentro da África, alegando ter o fardo de converter e doutrinar as populações. Essas ações facilitaram o desejo do europeu em partilhar o continente africano entre as grandes potências europeias, que a essa altura encontravam-se na corrida imperialista. A dominação do território africano, seja de modo direto ou indireto, significava o aumento do mercado consumidor e de matéria-prima, o que resulta no lucro do Império, ou seja, o sucesso no regime imperialista.

Tendo em vista essa necessidade do lucro, o Chanceler alemão, Otton Von Bismarck, em 1884, com o apoio de Portugal, convoca 13 nações para a repartição do continente africano. A partir desse momento, os principais países da Europa não apenas decidirão o futuro da África, mas da própria Europa em si.

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3. Antecedentes:3.1. Revolução Industrial

A partir do século XVIII, a ciência iniciou um constante processo de evolução, que desencadeou uma série de novas tecnologias que transformaram de forma rápida a vida do homem, sobretudo, no modo de produzir mercadorias. Nesse último caso, serviu principalmente ao setor industrial, acelerando o desenvolvimento do sistema capitalista. Essa acelerada transformação no setor produtivo industrial é denominada historicamente como Revolução Industrial.

A Primeira Revolução Industrial ocorreu na Grã-Bretanha no final do século XVIII e início do século XIX. Logo, mais outros países como França, Bélgica, Holanda, Rússia, Alemanha e Estados Unidos ingressaram nesse novo modelo de produção industrial.

Essa revolução ficou caracterizada por duas importantes invenções que propunham uma reviravolta no setor produtivo e de transportes: a ciência descobriu a utilidade do carvão como meio de fonte de energia e a partir daí desenvolveram simultaneamente a máquina a vapor e a locomotiva. Ambos foram determinantes para dinamizar o transporte de matéria-prima, pessoas e distribuição de mercadorias, dando um novo panorama aos meios de se locomover e produzir.

Graças a essas máquinas, a produção de mercadoria e lucro cresceu, e as fábricas começaram a se espalhar pela Inglaterra trazendo várias mudanças. A maior delas as indústrias como alternativa de trabalho, fazendo com que houvesse um grande êxodo rural, pessoas deixando o campo em direção as cidades, criando-se uma nova classe social: o proletariado.

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As cidades iam ficando cada vez mais cheias, e não absorviam o fluxo de pessoas de forma planejada, modificando de maneira drástica a configuração da paisagem urbana e formando bairros marginalizados e pobres. Algumas cidades da Europa aumentaram três vezes o número de sua população em meio século.

Enquanto os burgueses comemoravam seu crescimento e lucro, os trabalhadores começaram a agir em busca de seus direitos. A mão de obra deixou seu trabalho para grandes máquinas e vivendo na miséria, enquanto a burguesia lucrava, acelerando o desenvolvimento do capitalismo. E assim foi criado o movimento ludista, movimento nos quais grupos de trabalhadores invadiam as fábricas e quebravam as maquinas. Porém, a revolta não trouxe mudanças substancias na sociedade britânica.

Em 1830, formou-se o movimento cartista, movimento que lutava pela inclusão política da classe operária, representada pela associação Geral dos Operários de Londres. Teve como principal embasamento na carta escrita pelos radicais William Lovett e Feargus O'Connor, intitulada “Carta do Povo”. A principal reivindicação era o direito do voto para todos os homens (sufrágio universal masculino), mas somente em 1867 esse direito foi conquistado.

No desenrolar da Revolução Industrial percebemos que a necessidade crescente por novas tecnologias se tornou uma demanda comum a qualquer nação ou dono de indústria que quisesse ampliar seus lucros. Com isso, o modelo industrial estipulado no século XVIII sofreu diversas mudanças e aprimoramentos que marcaram essa busca constante por novidades. Particularmente, podemos ver que, a partir de 1870, uma nova onda tecnológica sedimentou a chamada Segunda Revolução Industrial.

Nessa nova etapa, o emprego da energia elétrica, o uso do motor à explosão, os corantes sintéticos e a invenção do telégrafo estipularam a exploração de novos mercados e a aceleração do ritmo industrial. Dessa forma, percebemos que vários cientistas passaram a se debruçar na elaboração de

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teorias e máquinas capazes de reduzir os custos e o tempo de fabricação de produtos que pudessem ser consumidos em escalas cada vez maiores.

A eletricidade já era conhecida um pouco antes dessa época, mas tinha seu uso restrito ao desenvolvimento de pesquisas laboratoriais. Contudo, passou a ser utilizada como um tipo de energia que poderia ser transmitido em longas distâncias e geraria um custo bem menor se comparado ao vapor. No ano de 1879, a criação da lâmpada incandescente estabeleceu um importante marco nos sistemas de iluminação dos grandes centros urbanos e industriais da época.

O petróleo, que antes tinha somente o uso no funcionamento de sistemas de iluminação, passou a ter uma nova utilidade com a invenção do motor à combustão. Com isso, ao lado da eletricidade, este material passou a estabelecer um ritmo de produção mais acelerado. Sob tal aspecto, não podemos deixar de destacar outras descobertas empreendidas no campo da química que também contribuíram para essa nova etapa do capitalismo industrial.

Novas experiências permitiram o aproveitamento de minérios antes sem importância na obtenção de matéria-prima e outros maquinários. O aço e o alumínio foram largamente utilizados pela sua maior resistência e maleabilidade. Métodos mais simples de fabricação permitiram que o ácido sulfúrico e a soda cáustica fossem acessíveis. Por meio desses dois compostos a fabricação de borracha, papel e explosivos pôde ser feita em larga escala.

Com relação aos transportes, podemos ver que as novas fontes de energia e a produção do aço permitiram a concepção de meios de locomoção mais ágeis e baratos. Durante o século XIX, a construção de estradas de ferro foi o ramo de transporte que mais cresceu. Nesse período, Estados Unidos e Europa possuíam juntos cerca de 200 mil quilômetros de trilhos construídos. Segundo outros dados, somente na década de 1860, mais de dois milhões de pessoas eram empregadas na manutenção desse único meio de transporte.

Por meio dessas inovações, as indústrias puderam alcançar lucros cada vez maiores e dinamizar o processo que se dava entre a obtenção da matéria-prima e a vendagem do produto ao consumidor final. Ao mesmo tempo, o controle mais específico sobre os gastos permitiram o cálculo preciso das margens de lucro a serem obtidas com um determinado artigo industrial. Dessa forma, o capitalismo rompia novas fronteiras e incidia diretamente na aceleração da economia mundial, levando ao Imperialismo de diversas nações anos depois.

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3.2. Nacionalismo

O Nacionalismo é uma ideologia denominada como um sentimento de adoração, orgulho e identificação com alguma nação. Essa ideologia tem suas raízes na Revolução Francesa, durante o fim do século XVIII, mas daremos enfoque nos movimentos nacionalistas do século XIX até o ano de 1884, que fortificaram as unidades nacionais dos países imperialistas do Congresso de Berlim.

A Revolução Francesa deu início ao nacionalismo, quando a burguesia declarou que o poder político emanava do povo e da nação, contrapondo a concepção sagrada do poder, pregada até então pelo clero e pela nobreza. A ascensão burguesa foi resultado da união das camadas populares contra o regime absolutista, o que demonstra a vontade comum da população francesa, como um grupo que deseja o bem para todos da França.

O Nacionalismo se assemelha com outro sentimento comum de um povo, chamado de Patriotismo. Porém, essas duas ideologias não devem ser confundidas, uma vez que o Nacionalismo se restringe à defesa dos interesses da nação acima de quaisquer outros, enquanto o Patriotismo consiste na adoração dos símbolos do Estado, a exemplo da bandeira nacional, do hino.

No final do século XVIII e no decorrer do século XIX, houve um avanço do sentimento nacionalista pelos territórios europeus por meio de filósofos defensores dessa corrente, como Giuseppe Mazzini, Camilo Benso e Giuseppe Garibaldi, todos italianos, nos quais lutaram contra os regimes monárquicos em nome do direito natural de um povo dentro de uma unidade nacional. Essa ascensão da doutrina nacionalista fez eclodir a Primavera dos Povos na Itália, em 1848.

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A Primavera dos Povos, em 1848, é considerada por alguns como a primeira revolução potencialmente global, em que os regimes monárquicos foram pressionados a adotarem uma constituição, ou a renunciarem os tronos e instalarem regimes republicanos. Nos movimentos de unificação da Itália e da Alemanha, lutava-se também por cidadania (direitos civis e direitos políticos). O conjunto dessas manifestações em nome dos direitos iguais resultou também para definir novas fronteiras na Europa; separar a Igreja Católica dos governos; introduzir o proletariado como grupo a ser considerado na participação política e abrir caminho ao voto universal.

Na Alemanha, o processo de unificação foi liderado pelo principal Estado da Confederação Germânica, a Prússia, que era detentora de um armamento bélico de alta tecnologia para a época. O início do processo se deu com a criação da Zollvenrein (Liga Aduaneira), quando foi superado o entrave das altas tarifas alfandegárias entre os Estados confederados. Com isso, o mercado consumidor germânico foi ampliado e a exploração de minas de carvão e ferro foram cada vez mais incentivadas, acompanhadas de ferrovias entre os Estados para distribuir a produção e levar a matéria-prima até as indústrias.

Depois de uma tentativa falha da Prússia de unificar o território germânico e, com a morte do rei Frederico Guilherme IV, subiu ao trono Guilherme I, em 1861. Guilherme I nomeou Otton von Bismarck a primeiro-ministro da Prússia, líder conservador favorável a unificação sem o Reino da Áustria. Bismarck adotou políticas de impostos altos para fortalecer cada vez mais seus exércitos e reprimiu a liberdade de imprensa dos opositores liberais, dando origem a uma política autoritária. Diante disso, Bismarck convidou o governo da Áustria a conquistarem juntos os ducados de Schleswig e Holstein, para simplesmente ampliar seus territórios. Porém, Bismarck criticou, a todo tempo, a administração austríaca de Holstein, o que fez a Áustria declarar guerra à Prússia.

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Neste momento, Otton von Bismarck utiliza do nacionalismo como ferramenta para convencer todos os outros Estados germânicos que a Áustria era uma nação inimiga, fadada à derrota . Em poucas semanas de confronto, o exército prussiano aniquilou o exército austríaco. Com isso, Bismarck usa do nacionalismo como pretexto para convocar um exército muito expressivo, numeroso e tecnológico, capaz de anos depois derrubar a França para conquistar os territórios de Alsácia e Lorena, consolidando a unificação alemã. Surgiu assim, o Império Alemão (II Reich), que aparecia para o cenário mundial como uma grande unidade nacional com poder bélico, disposta a ganhar seu espaço na corrida imperialista.

Na Itália, o processo de unificação teve seu início no Rissorgimento (ressurreição), movimento liberal e nacionalista emergente que guiou a luta pela unificação do país. O movimento começou em 1815 e foi liderado por Giuseppe Mazzini, e anos depois por Camilo Cavour. Mazzini cria sociedades secretas para adesão do povo a unificar os Estados do território italiano, onde havia também debates a respeito de como seria o processo até unificar todos os Estados. A mais famosa sociedade secreta ficou conhecida como Carbonários, sociedade composta por jovens da camada popular que desejavam um governo formado por Italianos.

Mazzini, posteriormente, cria a Jovem Itália em 1831 e a Jovem Europa em 1834, movimentos baseados no nacionalismo e no liberalismo, levando a fundação da Federação Democrática da Jovem Europa, o que organiza o movimento e cria repercussões até o Rei do Estado de Piemonte-Sardenha, Victor Emmanuel II. Com isso, Camilo Cavour resolveu fazer um plano de modernização do exército do Piemonte, liderado por Victor Emmanuel II e, com a ajuda do exército francês, venceram o exército austríaco, conquistando o território ao norte da península itálica.

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Pelo sul, Giuseppe Garibaldi comandou o exército dos “camisas vermelhas”, exército pró unificação, conquistando territórios em direção ao norte da Itália, parando nos Estados Pontifícios. Com isso, a França enviou tropas aos Estados Pontifícios para a proteção do Papa Pio IX, porém retira por causa da da Guerra Franco-prussiana. Dessa forma, Victor Emmaniel II aproveita da situação e conquista as terras sagradas, mantendo o Papa retido no território italiano.

Depois de agregar os Estados Pontifícios e o território da Lombardia, foi criado o Reino da Itália. Com isso, foi realizado um plebiscito para que a vontade do povo seja feita, ou seja, se seguiria com um regime monáquirco ou republicano. Isso aponta que após diversas lutas com o ideal nacionalista, a vontade de povo foi concretizada, acima de qualquer interesse exterior ou individual.

A ascensão do nacionalismo foi totalmente atrelada ao crescimento da Revolução Industrial no século XIX, como vimos na unificação alemã. Esses dois crescimentos são proporcionais em função da corrida imperialista, tendo em vista que uma nação unida esta mais comprometida a aderir às propostas feitas pelo governo para investir mais na matéria-prima e na industrialização. Todos esses componentes são determinantes para o Imperialismo.

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3.3. Imperialismo

O Imperialismo foi uma política econômica expansionista marcada por desdobramentos políticos e sociais. Essa política, efetuada pelas potências europeias, Estados Unidos da América e Império Japonês, começou no século XIX e ainda é encontrado nos dias de hoje. No entanto, abordaremos até o ano de 1884, quando se deu início a Conferência de Berlim.

À medida que essa política entrou em prática, foram criadas duas vertentes diferentes a respeito da execução de fato do Imperialismo: a vertente indireta, quando não há uma dominação política de fato, sendo a região “dominada” considerada área de investimento da dominante, criando uma dependência econômica e até de certo ponto ideológica entre os países. A vertente direta é marcada pelo colonialismo de fato, sendo a colônia dependente política e economicamente da metrópole.

Essa vertente investidora, sob liderança do Reino Unido da Grã Bretanha e Irlanda, tinha como base uma justificativa baseada em uma interpretação da Teoria da Evolução, chamada de darwinismo social. Os defensores dessa ideia acreditavam na superioridade da raça de seu respectivo país e alegavam deter direito de invadir regiões do território africano e asiático para impor a chamada civilização para aqueles habitantes. Para eles, existiam três tipos de raças de humanos: os “negróides”, sinônimos de selvageria e de intelecto primitivo; os mongoloides, sendo marcados pela barbárie; e os caucasianos, líderes da civilização, seriam responsáveis de trazer a própria civilização para os chamados “inferiores”. Também chamado de “o fardo do homem branco”, essa missão civilizatória foi apresentada para a sociedade europeia por meio do livro “Ensaios sobre a desigualdade das raças humanas”, proposto pelo britânico Arthur de Gobineau.

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Além do etnocentrismo declarado, o nacionalismo exacerbado construído desde a época das Revoluções de 1848 contribuiu para essa ideia de superioridade em vários países, como Alemanha e França.

Os desdobramentos do Imperialismo podem ser vistas até hoje, como a quantidade de países anglófonos em todos os continentes habitáveis da Terra; entre eles Inglaterra (Europa), Canadá (América do Norte), Guiana (América do Sul), Jamaica (América Central), África do Sul (África), Índia (Ásia) e Nova Zelândia (Oceania).

O Imperialismo foi resultado também do desenvolvimento das novas tecnologias proporcionadas pela revolução industrial, levando à expansão demográfica e a busca por mercados consumidores, matéria-prima, mão de obra barata (com o fim da escravidão em diversos países da Europa), bases estratégicas e áreas para investimentos de capitais. Esse processo foi denominado pelo russo Vladimir Lênin como o último e mais avançado estágio do capitalismo.

Com esse alto investimento dos governos na economia dos países, esse período histórico foi conhecido como “A Era dos Impérios”, sendo que cada representante das potências europeias marcaram tanto social quanto culturalmente o seu respectivo país: O Império Britânico com a Rainha Vitória, o Segundo Império Francês com Napoleão III, o Império Alemão com Otton Von Bismarck e no Império Italiano com Vitor Emmanuel II.

Para a manutenção de seus respectivos impérios, os governantes travaram várias guerras durante o período do Imperialismo, entre elas as Guerras do Ópio, Revolta dos Simpaios e a Dominação Egípcia, Guerra Sino-Japonesa, entre outras.

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A partir de 1880, começou o período chamado “corrida imperialista”: quando a disputa das grandes potências se tornou mais enérgica, com o avanço de vendas de manufaturados, metais preciosos para as colônias e a busca por áreas ricas em ferro, carvão, cobre e outras matérias primas. Buscavam-se áreas de investimento, onde fosse possível instalar ferrovias e conceder empréstimos a juros altos.

A Grã-Bretanha, maior potência industrial da época foi a principal beneficiada da corrida imperialista, sendo conhecida como o império “onde o sol nunca se punha”, graças ao tamanho da sua superfície territorial (ocupava cerca de ¼ do globo). Bem abaixo dos britânicos, a França, Bélgica e Países Baixos se destacavam com seu território. Portugal, EUA e Japão tiveram também seus territórios expandidos. Já a Alemanha e Itália, se saíram desprivilegiados devido à unificação tardia (1871).

Tendo em vista essa diferença econômica entre os países, o Chanceler alemão, Otton Von Bismarck, em 1884, com o apoio de Portugal e em busca de territórios para investimento, convoca 13 nações para a repartição do continente africano. A partir desse momento, os principais países da Europa não apenas decidirão o futuro da África, mas da própria Europa em si.

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4. Os objetivos da Conferência de Berlim

Os países membros da Conferência de Berlim devem se atentar aos respectivos temas, que carecem de uma resolução:1º Uma Declaração referente à liberdade do comércio na Bacia do Congo, em suas embocaduras e países circunvizinhos, com algumas disposições conexas; 2º Uma Declaração concernente ao tráfico dos escravos e às operações que, por terra ou por mar, forneçam escravos para tráfico. 3º Uma Declaração referente à neutralidade dos territórios compreendidos na bacia convencional do Congo; 4º Uma Ata de Navegação do Congo, que levando em conta circunstâncias locais estende a esse rio, e seus afluentes e às águas que lhes são assimiladas os princípios gerais enunciados nos artigos 108 e 116 da Ata final do Congresso de Viena e destinados a regular entre as potências signatárias dessa Ata, a livre navegação dos cursos de água navegáveis que separam ou atravessam vários Estados, princípios convencionalmente aplicados depois a rios da Europa e da América, e notadamente ao Danúbio, com as modificações previstas pelos tratados de Paris de 1856, de Berlim de 1878, e de Londres de 1871 e de 1883; 5º Uma Ata de Navegação do Níger que, tomando-se igualmente em conta as circunstâncias locais, estende a esse rio e a seus afluentes os mesmos princípios inscritos nos artigos 108 a 116 da Ata final do Congresso de Viena; 6º Uma Declaração introduzindo nos relatórios internacionais, regras uniformes referentes às ocupações que poderão no futuro realizar-se nos territórios do continente africano.

Além desses temas, é de suma importância que sejam considerados os tópicos:

• as soberanias estatais de cada país e os seus respectivos territórios ultramarinhos; • a manutenção da paz entre africanos e europeus, a fim de que não haja conflitos que gerem mortes por ambos os lados;• o comprometimento de cada país em estabelecer uma divisão justa que atenda às demandas de cada nação

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5. Posicionamento dos Países

5.1 Império Alemão

O Imperador alemão Othon Von Bismarck, juntamente com o Rei de Portugal Marquês de Penafiel, tomou a iniciativa de promover a Conferência de Berlim. Antes disso, a Alemanha passou pelo processo de unificação de seus territórios ao longo do século XIX, incentivando o crescimento econômico por meio do sentimento nacionalista. Em 1882, Bismarck cria a Tríplice Aliança, acordo militar em que o Império Alemão, o Império Austro-Húngaro e o Reino da Itália, formam um grande bloco no centro da Europa de alianças. Em função de todo esse crescimento econômico e político, mesmo que tardiamente, a Alemanha inicia sua política imperialista ao conquistar os territórios de Togo e Camarões.

O Império Alemão tem como objetivos na Conferência de Berlim: a expansão de seus domínios no território africano, entre Togo e Camarões, compreendendo todo o sudeste africano; a neutralidade e liberdade da bacia do Congo; liberdade para uso da bacia do rio Níger.

5.2 Império Austro-Húngaro

O Império Austro-Húngaro firmou-se como uma monarquia dual desde o ano de 1867, graças ao Compromisso Austro-Húngaro e à Dieta de 29 de Maio da Hungria. Após essa unificação, o Império aumentou seus laços com o Império Alemão com a aliança proposta pelo Chanceler alemão Otton Von Bismarck em 1879 e a promoção da Tríplice Aliança, união entre Alemanha, Áustria-Hungria e Reino da Itália no ano de 1882. Com isso, o Império Austro-Húngaro se esforça para que, junto da Tríplice Aliança, consiga territórios ultramarinhos no continente africano, fazendo que tanto o Estado em questão quanto os países vigentes do acordo possam aumentar seu poder político e econômico perante a comunidade internacional.

5.3 Reino da Bélgica

Após dois séculos sob domínio espanhol, o Reino da Bélgica conquista sua independência. O Rei Leopoldo II, após uma tentativa fracassada de conquistar o território das Filipinas, criou a Sociedade Internacional do Congo com o auxílio de Henry Stanley, um famoso explorador da época, em 1876. Em 1878, Leopoldo II demitiu Stanley e delimitou o território do Congo como colônia belga a ser explorada.

Na Conferência de Berlim, é de suma importância para a vontade do povo belga e para o crescimento dessa nação a manutenção do território congolês aos domínios do Reino Belga.

5.4 Império Britânico

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O Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda é a maior potência econômica imperialista do século XIX, sendo que já possui vários territórios ultramarinhos ao redor do globo, como a Índia Britânica e a Comunidade da Austrália. O Reino Unido busca manter sua hegemonia no continente africano, como na região do Egito, conquistada provisoriamente desde 1882, e a Província de Cabo, local com um histórico conflituoso graças à Guerra dos Bôeres.

O Império Britânico tem como objetivo, também, em construir uma linha ferroviária ligando as cidades de Cairo e a Cidade do Cabo, cortando de Norte a Sul o território africano. Com isso, se esforça para que toda a região em que a linha se encontra seja território britânico. Além disso, o Império com maus olhos o avanço econômico em que o Império Alemão apresenta e fará o possível para se manter como a maior potência mundial.

5.5 Reino da Dinamarca

A Guerra Dano-Prussiana ou Guerra Dinamarquesa,travada em 1864 entre a Dinamarca, de um lado, e, de outro, o Reino da Prússia e o Império Austríaco, enfraqueceu ainda mais a Dinamarca, que já não tinha uma economia muito forte. com a perda de territórios pra Prússia, a Dinamarca teve uma tendência a ficar mais neutra no continente europeu, o que significou que ela não participou efetivamente das alianças que vinham sendo formadas. Porém, tomando como exemplo a Suécia-Noruega, participou da conferência mais pelo fato de ser um importante país europeu e ter relações econômicas com as colônias africanas.

5.6 Reino da Espanha

Entre os séculos XVI e XVII, os interesses econômicos europeus estavam direcionados essencialmente para a América, em busca de mercados fornecedores de produtos tropicais e metais preciosos. Portugal e Espanha assumiram a liderança no colonialismo, orientados pela política econômica mercantilista e sustentada pelo monopólio do pacto colonial. No entanto, a industrialização européia nos séculos XVIII e XIX obrigou as metrópoles a buscarem novos mercados consumidores, diante da produção em grande escala, substituindo o exclusivismo comercial pela política econômica liberal.

Com a escassez de ouro nas colônias, o Reino Espanhol enfrenta grande crise desde o século XVII. Desesperada por um mercado consumidor, a Espanha tenta manter seus territórios na África e ampliá-lo frente a investida das outras nações frente à partilha do continente. Vale lembrar que a Espanha ainda era um Reino e seu monarca aderiu as idéias iluministas, se tornando um déspota esclarecido. Também vale lembrar que a escravatura já tinha sido abolida nas colônias americanas. Logo, o argumento que a Espanha deseja a África para conquistar mais escravos está totalmente descartado, pois é um argumento invalido.

Colonizar a África seria a única maneira de civilizar os habitantes que la viviam na visão espanhola. Como um país extremamente católico, a Espanha deseja aplicar tal conceito nas suas colônias africanas. Sem aliados de deveras importâncias na partilha, a Espanha somente deseja manter seus territórios já conquistados (Ceuta).

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5.7 Estados Unidos da América

A primeira metade do século XIX na História dos EUA foi marcada pela conquista de territórios em direção ao Oceano Pacífico, conhecida como "a marcha para o Oeste". A população passou de 3.900.000 em 1790 para 7.200.000 em 1810, compondo uma sociedade essencialmente agrária, formada por granjas no Nordeste e grandes latifúndios exportadores no Sudeste.

Fora da Europa, os Estados Unidos foi o único país da América que encontrou condições de industrializar-se, graças à descoberta de ouro na Califórnia, à Guerra de Secessão e ao investimento de capitais ingleses. No final do século XIX, a produção industrial norte-americana já superava a Inglaterra e a Alemanha. Além disso, o expansionismo dos Estados Unidos chegou ao Japão, cuja modernização provocada pela Revolução Meiji (Era das Luzes), em 1868, assimilou a tecnologia norte-americana, partindo daí para um programa sistemático de industrialização.

Apesar dos Estados Unidos não possuírem colônias no continente africano, era um poderio que se encontrava em fase de crescimento, visando assim à conquista de novos territórios. Focados principalmente em suas colônias na América e na Ásia, os EUA participaram da conferência em função de ser uma nação em ascendência e que ganhava espaço no cenário mundial. Porém, não terá o intuito de brigar ferozmente por territórios na África.

5.8 República Francesa

A República Francesa iniciou seu processo colonizador na década anterior à Conferência de Berlim, ao tomar posse dos territórios compreendidos pela Tunísia, ao norte da África, e Guiné, na África Ocidental. Em 1881, o Presidente Francês Barão de Courcel Afonso anexou o território de Brazzaville, localizado ao oeste do Congo, aos domínios de seu país.

A concorrência Com isso, a República Francesa busca, a todo a custo e a: expandir seus territórios entre a Tunísia e Guiné, ao longo da porção ocidental do continente africano; obter controle parcial da bacia do Rio Níger; assegurar seus territórios já conquistados no continente africano, como a região de Brazzaville.Reino da Itália

Com o objetivo de aumentar o mercado consumidor, além de facilitar o comércio com a unificação de padrões, impostos, moeda, etc., na segunda metade do século XIX,teve início o movimento de unificação italiana que foi liderado pelo reino de Piemonte-Sardenha. Mesmo com algumas conquistas por causa da unificação, a Itália não conseguiu ficar tão forte economicamente em relação ás outras nações imperialistas, e a consequência disso foi ter como maior objetivo obter territórios na África, para aumentar seu poder econômico. É importante ressaltar a entrada da Itália na Tríplice Aliança em 1822 junto com a alemana e Áustria-hungria,o que fez com que a tríplice desejasse territórios ultra-marinhos, fortalecendo economicamente as três nações.

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5.9 Reino da Noruega

Após a Convenção de Moss em 1814, o Stortinget (Parlamento norueguês) deveria manter lealdade ao rei sueco da época, Carlos XIII. Apesar dessa união pessoal, o Reino da Noruega ainda é independente ao Reino da Suécia, permanecendo ainda com as suas instituições, estrutura e legislação próprias. Sendo assim, com a relação plena entre os dois reinos, os dois países ganharam força no cenário internacional, mas não suficientemente equiparada com as das potências imperialistas. Com isso, os esforços da delegação da Noruega deverão ser enormes para que seus interesses na Conferência de Berlim sejam atendidos.

5.10 Império Otomano

A Guerra Russo-Turca (1877-1878) terminou com uma vitória decisiva para Rússia, e por consequência, houve uma rivalidade entre o Império Otomano e a Rússia pelo fato das participações do Império Otomano diminuir drasticamente. Tanto em Chipre quanto no Egito, o império Otomano perdia terras, entrando assim em declínio. Isso fez com que o principal objetivo do Império Otomano na Conferência de Berlim fosse reconquistar a posse das terras perdidas.

No retorno para a defesa primeiro-ministro britânico Benjamin Disraeli para restaurar os territórios otomanos na Península Balcânica, durante o Congresso de Berlim, a Grã-Bretanha assumiu o governo de Chipre em 1878 e, posteriormente, enviou tropas para o Egito em 1882, com o pretexto de ajudar o governo otomano para acabar com a revolta Urabi; e efetivamente ganhar o controle em ambos os territórios. Até então, a nação Otomana tentam recuperar suas terras, que estão sob liderança dos ingleses.

5.11 Reino dos Países Baixos

O Reino dos Países Baixos foi marcado em sua história pelo poder econômico e colonialista, principalmente nos séculos XVI e XVII. No continente africano, o Reino possuía territórios ultramarinhos como a Colônia do Cabo, tomada pelos britânicos no ano de 1797, e a região da Costa do Ouro, na qual foi vendida para a Grã-Bretanha no ano de 1871. Além disso, apesar de ser um Estado influente no mundo oriental, não conseguiu revolucionar a sua economia suficientemente para se tornar uma potência imperialista. Sendo assim, o Reino dos Países Baixos vai fazer o possível para que consiga novos territórios ultramarinhos no continente africano, mesmo sabendo que será uma tarefa muito árdua.

5.12 Reino de Portugal

O Reino de Portugal foi o país idealizador da criação da Conferência de Berlim junto com o Chanceler alemão Otton Von Bismarck. O propósito de Portugal na Conferência é, além manter a integridade das suas colônias de Angola e Moçambique, unir esses territórios ultramarinhos, formando uma imensa região que ligue o Oceano Atlântico com o Índico. É importante ressaltar a aliança de séculos entre o país e o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, evidenciando a provável troca de interesses entre as duas nações.

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5.13 Império Russo

No século XIX, a tendência foi no sentido do desenvolvimento de relações capitalistas, que levaram a crescente diferenciação social dentro do campesinato, tornando-se a servidão um entrave ao desenvolvimento daquelas relações. Tal situação explica a progressiva diminuição da oposição da nobreza a reformas na agricultura e a uma possível emancipação dos servos. Em 1861 aboliu-se a servidão e se deu ao camponês a propriedade da terra em que construíra sua casa.

A reforma acentuou a crise social, uma vez que a organização social baseada no mir foi rompida. A reforma de 1861 transformou o mir em uma célula administrativa, pois a comunidade era coletivamente responsável pelo pagamento da dívida ao Estado: este assumira o pagamento das indenizações aos senhores da nobreza. Ao mesmo tempo, aumentava a compra e venda de terras por elementos urbanos ou por camponeses enriquecidos saídos da própria comunidade aldeã - eram os kulaks, burguesia rural dona de terras mais vastas.

Uma boa parte da nobreza rural não se adaptou à "conversão para uma produção de mercado": Nos Zemstvos, assembléias provinciais, os representantes da nobreza constituíam opositores moderados do governo: protestavam contra a política de elevação das tarifas alfandegárias destinada a favorecer a industrialização, mas que não beneficiava a agricultura; mostravam-se também favoráveis a instituição de uma Monarquia constitucional.

A Rússia não possuía uma política imperialista, diferente dos outros países da conferência. Ela deseja aumentar seus territórios com base na idéia absolutista, onde quanto maior seu território, maior seu poder.

5.14 Reino da Suécia

No ano de 1814, após a guerra entre a Suécia e a Noruega, foi proposta por meio da Convenção de Moss a união entre esses dois países. Desde o dia 4 de Novembro de 1814, foi estabelecido que o Parlamento norueguês tivesse como Chefe de Estado o Rei Carlos XIII da Suécia. Com isso, o Reino da Suécia possui relações plenas com o Reino da Dinamarca, porém não possui tanta relevância no cenário mundial quanto às potências europeias, sendo que dificilmente terá seus desejos atendidos na Conferência de Berlim.

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6. Referências bibliográficas

http://www.brasilescola.com/geografia/primeira-revolucao-industrial.htm

http://www.coladaweb.com/geografia/as-tres-revolucoes-industriais

http://www.infoescola.com/historia/revolucao-industrial/

http://www.portalbrasil.net/historiageral_revolucaoindustrial.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cartismo

GOLLWITZER, Heinz. O Imperialismo Europeu. Editora Verbo, 1969

VAINFAS, Ronaldo ET AL. História volume único. 1. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2010

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