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Guia de Metodologia

Guia de Metodologia - RECODE - Reprogramar para transformar · Este guia é uma carta de intenções. A Recode o preparou para você saber porquê trabalhamos com tanta paixão com

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Guia deMetodologia

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Expediente RECODEPresidente

Rodrigo Baggio

CEOLuisa Ribeiro

Gerente - Inovação e TecnologiaJackelline Reis

RedaçãoFernanda Pedrosa

Coordenação EditorialJúlia TavaresPatrícia Alves

RevisãoJúlia Tavares

DiagramaçãoDiana Navarro

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Índice Sobre o Guia

1. Apresentação 52. Ei, educador! 6

Quem somosA Recode 8

Nosso propósito maior1. O que é um ativista? 112. Atitude Empreendedora 113. Algumas definições importantes 12

Nossas inspirações1. Educação Integral 142. Conceitos em Paulo Freire 153. Cultura Digital 174. Educação 4.0 19

A metodologia Recode1. Dimensões da metodologia 232. Competências socioemocionais 27

a) Resolução de problemas 27b) Criatividade 29c) Comunicação 30 d) Colaboração 32

3. Os quatro passos 35a) Motivar para ler o mundo 35b) Compreender para agir 36c) Planejar para impactar 37d) Experimentar para avaliar 39

Nosso convite para você 42ANEXO 1 | Iniciativas Inspiradoras 43de Ativismo SocialANEXO 2 | Exemplos de Empreendorismo 47Social, Cívico e de Negócios de impacto socialANEXO 3 | Nossa Contribuição 50com uma agenda globalANEXO 4 | Referências sobre Competências 52para o século 21

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4 Sobre o guia

Sobre o Guia

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5Sobre o guia

ApresentaçãoEste guia é uma carta de intenções. A Recode o preparou para

você saber porquê trabalhamos com tanta paixão com jovens, educadores sociais, professores e bibliotecários. Nós acredita-mos no potencial de cada um deles para transformar seus con-textos em novas realidades.

Aqui você vai encontrar o que nos inspira, o que fazemos e como fazemos. Nós falamos muito tempo sobre inclusão digital na perspectiva de fomentar o acesso às tecnologias. Para dar conta de outra demanda urgente e tão relevante quanto o aces-so, nossas ações são voltadas ao uso ético, consciente e cidadão da tecnologia em benefício de um impacto social positivo. Cha-mamos isso de empoderamento digital.

Acreditamos fortemente que cada um pode ser um agente de transformação da sua realidade, da sua comunidade e do mundo. É a partir da sensibilização, mas conscientes e munidos de ferra-mentas certas para agir, que as oportunidades podem se ampliar.

Acima de tudo, trabalhamos para que nossos públicos desen-volvam não só habilidades e competências digitais, mas também competências fundamentais do século 21, as socioemocionais. Você verá neste guia como definimos e trabalhamos criatividade, resolução de problemas, comunicação e colaboração.

Venha conosco nesta viagem que transforma nossa mente, nosso coração e nossa história!

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6 Sobre o guia

Ei, educador!Você é nosso convidado especial nesta travessia.

Este guia foi preparado especialmente porque acreditamos que você, como facilitador e mediador da construção de conhecimento, pode ser um agente de transformação social junto com seus alunos.

Nós tivemos o cuidado de elaborar este guia para explicar em detalhes todo nosso jeito de fazer para que você nos ajude a am-pliar as oportunidades de crescimento das pessoas que fazem parte dessa causa. Acreditamos que a cada encontro, um desa-fio e uma chance se colocam entre você e cada membro da sua turma. É sobre o que fazer e como fazer isso dar certo que nos propomos a ir junto com você.

Nosso convite é que você tenha este guia como um mapa de bons conselhos. Selecionamos o que acreditamos ser um dos me-lhores caminhos para fazer essa travessia de conhecimento digital.

Nós também temos em você o nosso foco de atenção. Acredi-tamos que, para cada habilidade a ser desenvolvida em sala de aula, o educador também é alvo de crescimento pessoal e pro-fissional. Nós oferecemos um suporte pedagógico para qualquer dúvida no percurso.

Nossa proposta também inclui um plano de formação con-tinuada para educadores, para juntos formarmos uma comu-nidade de aprendizagem onde trocas e aprendizados possam ser incentivados.

Junte-se a nós!

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Quemsomos

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8 Quem somos

A RecodeSomos uma organização social que promove o empoderamento

digital de jovens a partir da mobilização de uma rede de instituições. Por meio da criação e disseminação de metodologias de formação empreendedora e do uso de ferramentas digitais, buscamos am-pliar o impacto de facilitadores em comunidades, escolas e bibliote-cas e estimulamos o uso ético, consciente e cidadão da tecnologia.

Com 23 anos de atuação, estamos presentes em 7 países com 600 centros de empoderamento digital e já alcançamos mais de 1.7 milhão de pessoas.

Juntos, empoderamos indivíduos para reprogramar realidades.

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9Nosso propósito maior

Nossopropósitomaior

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10 Nosso propósito maior

Ser um agente de transfor-mação social exige coragem!

Todos podem se tornar mais conscientes, mais ativos e inte-ressados por integrar causas so-cialmente relevantes.

Acreditamos que nossa fun-ção social deve ser muito além de contribuir com algum conhe-cimento sobre tecnologia. Há algo que deve nos mover para ampliar as oportunidades para as pessoas. Estamos falando de despertar a curiosidade e a pos-tura em favor de uma sociedade mais justa e democrática.

Nosso foco de ação será sempre a pessoa com a qual estamos lidando. Evidentemente nem todos têm o mesmo nível de participação ou engajamento, mas nosso dever, ao apresentar o percurso formativo, é possibi-litar que todos sejam inspira-dos, mobilizados e que tenham suas ideias de atuação poten-cializadas. Com isso, queremos que todos sejam provocados a pensar em outras formas de ser e estar no mundo, com um pro-pósito mais objetivo, pensando no coletivo. Isso é inspirar!

Em segundo lugar, espera-mos que o agir do educador promova um movimento em sala de aula que impulsione os jovens a uma ação, ou em ideias para um agir com responsabili-dade. Isso chamamos de mo-bilizar. Por último, para aqueles jovens que já possuem um perfil de liderança, que já atuam em prol da sua comunidade, espe-ramos que estes possam rece-ber incentivo para aumentar sua atuação de forma a potenciali-zar o que já fazem.

Quando falamos em agentes de transformação social, fala-mos de jovens ativistas, volun-tários e empreendedores sociais com disposição para transfor-mar. Pessoas que questionam as coisas como são e enxer-guem oportunidades onde os outros só veem problemas.

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11Nosso propósito maior

O que é um ativista?Ser um ativista implica em trabalhar de modo ativo por uma causa com vistas a uma mudança social ou política, agindo diretamente para pro-vocar a mudança, dedicando seu tempo para isso. Pessoas comuns, movidas pelo desejo de que o futuro seja melhor para todos, encontram formas de se envolver engajando-se de diferentes formas: aprofun-dando o conhecimento sobre a situação que deseja superar, ouvindo pessoas afetadas pelo problema, conversando com outros ativistas que se identificam com a causa e apoiando ou criando um projeto.

Inspire-se com ativistas de destaque no mundo contemporâneo, conhecendo nossa seleção no Anexo 1!

Atitude EmpreendedoraEmpreende quem introduz mudanças, inova, combina recursos e traba-lho para agregar valor. O empreendedor “faz acontecer”, transforma a realidade, se envolve, cria empatia, participa ativamente, reconhecendo a importância do coletivo nesse processo de conquista.

A sociedade e o mercado de trabalho precisam de empreendimentos e de empreendedores éticos, capazes de impactar dentro e fora de empresas. Ser empreendedor é uma característica do ser humano que não está atrelada apenas a quem cria seu próprio negócio, mas àquelas pessoas que fazem acontecer em qualquer contexto onde estão, inclusive dentro de empresas1.

O intraempreendedor é capaz de transformar positivamente a vida de uma empresa, modificando processos, identificando novas oportunida-des de negócios e implementando-os.

1 Você vai encontrar exemplos dessa prática no Anexo 1 deste guia.

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12 Nosso propósito maior

Conheça algumas definições importantes: Negócios de Impacto Social são uma dimensão do em-

preendedorismo, que tem como missão resolver problemas sociais por meio de um modelo de negócio que gera lucro para dar continuidade à ação. Aqui no Brasil é conhecido como se-tor “dois e meio” ou 2.5, pela posição que ocupa: entre o 2º setor (das empresas que visam ao lucro) e o 3º, das ONGs e instituições sociais.

O empreendedorismo social é quando o foco está na co-laboração com a comunidade a ser beneficiada. Lá são es-tabelecidas parcerias com instituições, empresas e governos locais onde os projetos serão executados. A intenção é pro-mover qualidade de vida social, econômica, cultural e ambien-tal com sustentabilidade. Para isso é preciso gerar soluções eficazes, que promovam impacto social, ampliando benefícios para o maior número de pessoas.

O empreendedorismo cívico busca revigorar a sociedade quanto à importância do cultivo de valores democráticos, ali-mentados pelo diálogo, pela liberdade, pela ética e pela dig-nidade. Ao levarem transformação social às áreas de educa-ção, saúde, meio ambiente e do desenvolvimento de negócios sociais, empreendedores cívicos agregam compromisso e en-gajamento, cocriando soluções positivas para a vida pública, capazes de renovar o sistema e, portanto, o país2.

Fazendo bom uso das tecnologias para esse fim, atuam na resolução de problemas sociais que reaproximem os cidadãos das instituições.

2 Você vai encontrar exemplos de iniciativas e negócios de impacto social, empreendedorismo social e cívico e intraempreendedorismo no Anexo 2 deste guia.

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13Nosso jeito de fazer

Nossasinspirações

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14 Nosso jeito de fazer

O nosso jeito de fazer é influenciado pela nossa causa de atua-ção, pelas nossas referências conceituais e por uma opção metodo-lógica. Conheça agora as inspirações da nossa metodologia.

Educação integralA educação integral assume a premissa de que o processo

educativo deve garantir o desenvolvimento de todas as dimen-sões do sujeito. Isso significa ter como foco a formação de pesso-as responsáveis consigo mesmas e com o mundo.

O portal educacaointegral.org.br, que consolida conceitos, práticas e abordagem sobre o tema, define educação integral como “uma concepção que compreende que a educação deve garantir o desenvolvimento dos sujeitos em todas as suas dimen-sões – intelectual, física, emocional, social e cultural e se constituir como projeto coletivo, compartilhado por crianças, jovens, famí-lias, educadores, gestores e comunidades locais”. Ainda com base nessa compreensão, essa proposta se associa diretamente às competências do século XXI, pois o foco deixa de estar no conteúdo e passa a estar no desenvolvimento de sujeitos críticos, autônomos e responsáveis. Além disso, reconhece sujeitos como indivíduos únicos e com potenciais criativos para a transforma-ção da sua realidade e do mundo.

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15Nosso jeito de fazer

Sendo uma proposta que se compromete com a comunidade e com a sustentabilidade do planeta pela ótica da responsabilidade do indivíduo - como parte de um grupo e como cidadão global - a educação integral prevê que os processos educativos sejam con-textualizados e interativos, com premente identificação do que se aprende com a realidade em que se vive. Trata-se, portanto, de res-peitar a história individual e comunitária de cada um.

Dessa forma, entendemos que o processo de ensino-apren-dizagem é realizado a partir da resolução de problemas como fonte de desafios, o que permite engajar o jovem e promover a sua capacidade criativa, desenvolvendo ao mesmo tempo sen-sibilização para questões sociais e competências para atuar no século XXI. Trata-se de fomentar o aprendizado significativo e lú-dico, através da articulação dos conteúdos à realidade dos alu-nos de maneira interdisciplinar.

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16 Nosso jeito de fazer

Alguns conceitos em Paulo Freire

Alguns conceitos em Paulo Freire cabem perfeitamente na abor-dagem de educação integral que assumimos. Dentre elas, destaca-mos: a prática do diálogo, o ato educativo como ato político, a cons-trução do conhecimento com base na experiência do aluno e a visão de que cada um pode ser atuante na transformação do mundo.

A prática do diálogo estabelece que “ensinar não é transmitir co-nhecimento mas criar as possibilidades para a sua produção ou sua construção” (Freire, 1996). É a partir de uma relação horizontal entre educadores e alunos que se quebra a hierarquia de saberes. Todos podem construir juntos a partir da abertura a uma escuta ativa, inte-ressada e construtiva.

Conceber a educação como ato político é reconhecer cada in-divíduo com potencial para compreender a estrutura social que o cerca e como suas limitações e restrições de oportunidades podem ser reavaliadas do ponto de vista da estrutura social onde se está inserido. Por isso, faz-se tão necessária a “leitura de mundo antes da leitura da palavra” – ou seja, antes de aprender qualquer ferramenta é preciso pensar o seu uso no contexto social. Para Freire (1978)3 “nin-

3 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à práti-ca educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. – Coleção Leitura.

“”

Ensinar não é transmitir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou sua construção. Paulo Freire

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17Nosso jeito de fazer

guém educa ninguém, tão pouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”.

É com base nisso que o saber que cada um traz a partir da sua experiência de vida se torna elemento para construção de novos saberes. Isso significa reconhecer cada um não como um ser ‘vazio’, onde o educador deposita ali conhecimento, numa condição passi-va e receptiva. Antes, com base na vivência pessoal, diferentes pon-tos de vista podem ser problematizados e contextualizados a fim de que o processo educativo não tenha apenas um produto final como avaliação, mas que seja considerado todo o processo pelo qual o indivíduo alcança consciência da sua presença no mundo. É com base nisso que o saber que cada um traz a partir da sua experiên-cia de vida se torna elemento para construção de novos saberes. Isso significa reconhecer cada um não como um ser ‘vazio’, onde o educador deposita ali conhecimento, numa condição passiva e receptiva. Antes, com base na vivência pessoal, diferentes pontos de vista podem ser problematizados e contextualizados a fim de que o processo educativo não tenha apenas um produto final como avaliação, mas que seja considerado todo o processo pelo qual o indivíduo alcança consciência da sua presença no mundo.

Daí decorre que cada um pode ser um agente de transformação da sua história e do mundo, ao perceber sua condição histórica e capacidade de ser protagonista de suas escolhas. É para ampliar horizontes dos jovens que todo o esforço de atuação como organi-zação social se fundamenta.

Cultura DigitalO conceito em torno da Cultura Digital4 estabelece o impacto das

tecnologias digitais e da conexão em rede na sociedade. Trata-se de

4 O site culturadigital.br reúne especialistas e redes de coletivos cultu-rais e ativistas a registrar perfil e referências digitais num processo colaborati-vo que discute e reflete sobre o impacto das tecnologias. O espaço se propõe a agregar as pessoas e o fluxo de conteúdos de forma inteligente. Esse debate foi documentado em livro: SAVAZONI, R. e COHN, S. Cultura digital.br. Rio de Janeiro : Beco do Azougue, 2009.

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uma “integração da vida com a tecnologia em todos os níveis, criando novas formas de interação e socialização” (LEMOS, 2007)5. Esse ce-nário é o Mundo que apresentamos nas nossas experiências formati-vas, como oportunidade de reconhecer, se posicionar de forma crítica e atuar de maneira significativa.

É por meio de novos processos de socialização e construção de conhecimento impulsionado por um novo sistema operacional – o digital - que tanto indivíduos quanto o coletivo se encontram em tempos e espaços bem diferentes do mundo analógico. Tradicio-nalmente, o que é local e o que é global é definido em função da geometria, do território geográfico. Mas, com a Internet e as cha-madas tecnologias exponenciais, tais como realidade aumentada e virtual, esses limites desaparecem. Por isso, o empoderamento digital é tão urgente e necessário hoje, como forma de qualificar nossa atuação nesse mundo, onde o real e o virtual são uma coisa só. Estabelecer as potencialidades e também as limitações dessas ferramentas é uma responsabilidade social que assumimos nos cursos oferecidos pela Recode.

Segundo alguns autores, de alguma forma, esse processo esti-mula a participação (o estar presente por meio de um perfil em rede social, por exemplo), a criatividade (processos de autoria de criação de mídia), produtividade (conexão a qualquer momento) e a liberda-de (possibilidade de se expor, de se engajar)6. Essa nova forma de se apresentar e estar no mundo pode potencializar competências e aspectos de solidariedade, empatia e consciência coletiva em prol de um mundo mais sustentável.

O processo de ensino-aprendizagem linear e estanque, em que o professor era o único detentor do conhecimento, perdeu espaço para

5 LEMOS, André. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contem-porânea. 3ed. Porto Alegre: Sulina, 2007.6 Yochai Benkler é professor de Direito na Universidade de Harvard e aborda o termo “cultura participativa’ para falar desses processos advindos da cultura digital. Segundo ele, as novas redes de comunicação encorajam a parti-cipação em comunidades e o compartilhamento favorece apoio para o desen-volvimento da autonomia e competência.

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19Nosso jeito de fazer

um processo dinâmico, interativo e cooperativo, em que educado-res e alunos devem, juntos, ser corresponsáveis pela construção do conhecimento, mediado pela tecnologia.

Portanto, a cultura digital se torna uma referência autêntica que traduz o cenário e as ferramentas mais indicadas para o processo de empoderamento dos sujeitos.

Educação 4.0A tecnologia transformou nossa relação com o trabalho, com o

lazer, o consumo e, consequentemente, com os estudos. Para esta nova realidade, precisamos repensar também a forma de ensinar, interagir e compartilhar conteúdo com os jovens.

O jovem agora é o protagonista do seu aprendizado, está no centro das atividades. A colaboração, cocriação e a experiência são as principais características da educação que queremos. O docente assume a mediação pedagógica e compartilha com o jovem sua experiência e conhecimento. Educação 4.0 é como chamamos to-das essas mudanças em curso.

O impacto da realidade aumentada, da realidade virtual e da in-teligência artificial estão presentes nos nossos conteúdos. O design thinking, a aprendizagem baseada em projetos e a aprendizagem baseada em problemas são algumas das metodologias ativas tam-bém disponíveis em nossos cursos.

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20 Nosso jeito de fazer

Um pouco mais sobre o modo de agir

A nossa metodologia é inspirada numa abordagem que prevê trabalharmos por projetos1. O que isso significa? Trabalhar por projetos significa que, a partir de um determinado assunto, de-safio ou projeto de ação, tudo o que construímos ao redor ganha sentido em torno disso.

O desafio para resolução de uma questão social é a ideia prin-cipal para iniciar um processo como esse. É a partir da sensibiliza-ção da própria realidade, do seu entorno e das questões mais am-plas da sociedade que o participante é provocado a se mobilizar para atuar em prol do coletivo.

Com base nisso, tendo como ponto de partida uma questão a ser resolvida, nós estimulamos a construção de conhecimento de forma coletiva por meio da problematização da realidade. O que chamamos no primeiro passo de “motivar para ler o mundo” é, na verdade, permitir que os participantes vejam a sua realidade sob diferentes pontos de vista, indagando e problematizando a estru-tura e o funcionamento da sociedade.

Cada um vai empreender uma ação a partir do desafio que tem origem numa questão social.

A partir dessa sensibilização e de uma visão mais ampla da re-alidade, nós propomos a pesquisa (entrevista, observação, ques-tionamentos) como instrumento de aprendizagem para aperfeiço-ar a identificação do problema (do desafio). É o momento em que é permitido ampliar a percepção para entender melhor e planejar uma intervenção bem-sucedida.

1 Trabalhar por projetos “caracteriza-se pela forma de abordar um de-terminado tema ou conhecimento, permitindo uma aproximação da identidade e das experiências dos alunos, e um vínculo dos conteúdos (...) e conhecimentos e saberes produzidos no contexto social e cultural, assim como com problemas que dele emergem”. A Pedagogia de Projetos é um meio de trabalho que au-xilia na formação integral dos indivíduos. (MOURA, Daniela. 2010. Pedagogia de Projetos: Contribuições para Uma Educação Transformadora. Disponível em: http://www.pedagogia.com.br/artigos/pedegogiadeprojetos)

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21Nosso jeito de fazer

A partir desse trabalho, a ação é a experimentação daquilo que foi proposto. Muitas vezes isso vai significar montar e simular um negócio social ou empreendimento. Outras vezes vai significar ir para a rua e agir para alterar determinada situação. O mais im-portante aqui é a experiência com significado para o jovem. E tudo isso em grupo, para exercitar processos colaborativos.

O mundo digital é o cenário e a caixa de ferramentas para esta atuação. O educador deve estar atento para uma tomada de cons-ciência individual como forma de criar oportunidades de inovação e criatividade. As experiências de aprendizagem propostas pela Recode têm a capacidade de expandir a imaginação para ideias com propósitos, balizados pela ética para o bem, acima de tudo.

Quando dizemos que utilizamos o Mundo Digital como cenário, queremos dizer que o jovem precisa reconhecer a necessidade e a oportunidade geradas a partir da tecnologia.

A tecnologia pode ser entendida como aliada na redução das desigualdades de oportunidades e como ferramenta que pode trazer maior autonomia para o jovem. Essa autonomia pode ser desenvolvida, por exemplo, quando ele consegue usar a Internet para se informar e se formar de maneira qualificada, ou para pro-curar e encontrar um emprego, ou para ampliar suas perspectivas de vida. As soluções tecnológicas são cada vez mais acessíveis e abrangentes. Queremos mostrar essa face do mundo digital.

Atualmente o mundo virtual é atraente, intuitivo, mas profunda-mente intrigante. Todos nós precisamos saber os limites da atua-ção, agir com responsabilidade e aproveitar os recursos disponí-veis para ampliar nossos horizontes. Nesta perspectiva, cenário e ferramentas andam juntos.

No final de um percurso formativo, é desejável que cada um tenha experimentado as quatro etapas do processo metodológico e tenha a oportunidade de refletir sobre as três abordagens (eu, nós, todos nós). Mas, acima de tudo, esse itinerário precisa prever, de forma explícita e intencional, oportunidades para o desenvolvi-mento de certas habilidades que vamos detalhar em seguida.

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A metodologiaRecode

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23A metodologia Recode

Dimensões da metodologia

De modo geral, podemos dizer que há um tipo de pensamento que sempre orienta nossa experiência de aprendizado, que é base-ado em três dimensões da vida do aluno:

a) A dimensão do EU, ou seja, da sua individualidade. O que ele pode fazer com o conhecimento que construiu. Nesta dimensão, nós vemos cada jovem como um ‘sujeito ativo’ - uma pessoa com capacidade de escolhas acertadas para sua própria vida.

É com base na bagagem cultural dos jovens - nas suas experi-ências - que ele vai pensar sobre o que aprendeu e como isso pode

O aluno

EUNÓS TODOS

NÓS

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24 A metodologia Recode

ajudá-lo a ampliar seus próprios horizontes. Nós acreditamos que cada um deve ser visto por inteiro, com todas as áreas da sua vida integradas. O que pensa, como age, como responde (ou não) deve ser respeitado e valorizado.

Nesta dimensão nós estimulamos a curiosidade, a criatividade e o pensamento crítico como habilidades para contribuir com o de-senvolvimento da autonomia do jovem. A partir daí, ele pode pensar de forma mais ampliada sobre a própria vida.

Na dimensão do EU, o desafiamos a pensar em si mesmo: como eu me vejo em relação ao conhecimento? Como posso ser um agente de transformação da minha própria história?

b) A dimensão do NÓS prevê que o jovem pense na sua co-munidade - seus grupos sociais mais próximos - e na interação que assume nessas relações como oportunidades de aprendizado.

Nós acreditamos que a cidade7 tem a capacidade de favore-cer a construção de conhecimento, ou seja, as relações estabeleci-das na família e na comunidade têm impacto na vida desse jovem. São relações que se tornam referências para tomada de decisão.

Nosso desafio é fazer cada um identificar questões que po-dem ser resolvidas de forma coletiva. Para isso, estimulamos a cola-boração, o fazer junto e a empatia – colocar-se no lugar do outro. A comunicação também é incentivada como forma de aprender a fa-zer perguntas e a explicitar suas próprias ideias de maneira efetiva.

Na dimensão do NÓS, nosso desafio é levar cada aluno a pensar no que acontece no seu entorno: Como posso ser um agente de transformação da comunidade onde vivo?

c) A dimensão do TODOS NÓS prevê o jovem como cidadão ativo no mundo. Assumimos a cidadania como o maior eixo nortea-dor para nossas relações em sociedade. Destacamos a sustentabi-lidade do nosso planeta a partir da responsabilidade pessoal. Aqui

7 Cidades Educadoras começou como um movimento, em 1990, com

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25A metodologia Recode

refletimos sobre participação na sociedade, uma forma política de estar no mundo, a partir da ética do respeito ao outro e ao planeta.

Atuamos em consonância aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da agenda 2030 da ONU, na perspectiva de contribuir com esse plano de ação global. Veja no anexo deste guia mais in-formações sobre isso.

Nesta dimensão, a resolução de problemas é a competência mais importante. Trata-se de construir junto, no processo intei-ro, habilidades que se tornam mais complexas para dar conta de algo que é muito valioso para o jovem: ser desafiado a criar ideias que podem mudar o mundo. E a postura diante do mundo desafia o jovem a pensar: o que acontece no mundo? Como pos-so ser um agente de transformação nesse mundo?

Essas três dimensões fazem parte da nossa estratégia de construção de conhecimento. São perguntas disparadoras

base no I Congresso Internacional de Cidades Educadoras, realizado em Bar-celona, quando um grupo de cidades representadas por seus governos locais pactuou o objetivo comum de trabalharem juntas em projetos e atividades para melhorar a qualidade de vida dos habitantes a partir da participação ativa. Os princípios que regem esse movimento são: trabalhar a escola como espaço co-munitário, trabalhar a cidade como grande espaço educador, aprender na cida-de, com a cidade e com as pessoas, valorizar o aprendizado vivencial e priorizar a formação de valores. (http://www.mec.gov.br/cidadeeducadora)

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26 A metodologia Recode

para um processo de reflexão do jovem, mas também do edu-cador. Todos nós devemos nos indagar sobre nossa identida-de, nossas relações e nossa postura cidadã.

Você, educador, pode fazer esse exercício de forma particular, mas desejamos que, ao provocar os jovens em determinados mo-mentos do curso, a escuta ativa e empática (ou seja, uma sensibili-zação para ouvir atentamente e se colocar no lugar do outro) pos-sa promover momentos de reflexão conjunta e conhecimento para agregar elementos às escolhas individuais.

O processo de ensino-aprendizagem no contexto escolar tem sido tradicionalmente centrado no desenvolvimento das habilida-des técnicas e acadêmicas. Essa mesma abordagem acaba sen-do reproduzida também nos ambientes educacionais não formais, como o de organizações não-governamentais. Quando o foco é o ensino de tecnologia, é comum a atenção para a apropriação de habilidades estritamente técnicas, como o uso de softwares ou linguagens de programação centrada em códigos.

Acreditamos, porém, que a promoção do empoderamento di-gital não se inicia ou se encerra no desenvolvimento dessas ha-bilidades. Acreditamos que o propósito do ensino da tecnologia também é desenvolver indivíduos críticos e éticos, detentores de competências socioemocionais fundamentais para promoção de transformações individuais e sociais.

As competências socioemocionais englobam um conjunto de ha-bilidades necessárias para que crianças, jovens e adultos possam conhecer suas emoções, alcançar objetivos, demonstrar empatia, manter relações positivas e tomar decisões de maneira responsável.

Consideradas tão importante quanto as habilidades cognitivas, elas são necessárias para enfrentar os desafios do século 21 e preparar os indivíduos para diversas situações da vida. De acordo com muitos estudos, as competências socioemocionais podem ser aprendidas, praticadas e ensinadas.

Nossa abordagem metodológica toma quatro competências

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27A metodologia Recode

socioemocionais como centrais ao desenvolvimento de nossas atividades pedagógicas: resolução de problemas, criatividade, co-municação e colaboração.

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28 A metodologia Recode

As quatro competências

Resolução de problemas

A metodologia Recode prevê um desafio como ponto de partida de suas atividades, proposto pelo educador ou escolhido pelos próprios jovens participantes. Desta forma, o foco não está num resultado final de apro-priação de conteúdo, mas sim no processo,

com a aplicação de competências cognitivas e não cognitivas para a resolução de uma questão social relevante para o jovem.

Acreditamos que esta abordagem facilita o desenvolvimento da capacidade de resolução de problemas, de identificar desafios e oportunidades, utilizando o pensamento crítico e a tecnologia para desenvolver soluções inovadoras e éticas.

Espera-se que o jovem exercite o seu pensamento sistemático e crítico, num processo de leitura de mundo que o leve a iden-

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tificar questões relevantes para ele e para sua comunidade e, então, escolha um desafio cuja solução ele buscará ao longo do processo de aprendizagem.

Nesta busca por solução, o jovem será estimulado a refletir so-bre uma mesma questão sob diferentes pontos de vista, exercitan-do a empatia. Além disso, deve contar com um ambiente aberto e estimulante, onde ele seja frequentemente instigado a fazer per-guntas, esclarecer dúvidas e elaborar hipóteses que serão ponde-radas, com análise de riscos e oportunidades, culminando numa tomada de decisão autônoma, orientada para ação em prol da transformação social.

O que é resolução de problemas? É a capacidade de identificar desafios e oportunidades utilizando pensamento crítico e a tecno-logia para desenvolver soluções inovadoras e éticas.

O que se busca? As atividades voltadas ao desenvolvimento da capacidade de resolução de problemas pretendem que os jovens:

• Analisem questões sobre diferentes pontos de vista, prati-cando a empatia.

• Desenvolvam o pensamento sistemático, compreendendo a complexidade das questões enfrentadas.

• Ponderem riscos e oportunidades para a tomada de decisões.

• Exercitem a sua criatividade na busca de soluções.

• Façam perguntas e busquem o esclarecimento de dúvidas.

• Analisem e avaliem criticamente informações para chegar às suas próprias conclusões.

Na prática, devemos:

• Propor temas e atividades que tenham relevância no contex-to cultural e social do jovem.

• Estimular os jovens a expressar suas dúvidas e opiniões.

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30 A metodologia Recode

• Privilegiar a investigação de questões para as quais não há uma “resposta pronta”.

• Provocar os jovens a refletirem sobre uma mesma questão sob pontos de vista diferentes.

Criatividade

Na busca de soluções para questões so-ciais relevantes, o jovem será estimulado a buscar soluções originais, desenvolvendo sua criatividade, ou seja, a capacidade de invenção e inovação. Para tanto, deve-se estimular a curiosidade dos jovens, fazer do ambiente de aprendizagem um local de perguntas, muito mais do que de respostas.

Um fator fundamental para o desenvolvi-mento da criatividade é a relação que se estabelece com o erro, com a falha. O jovem precisa sentir que erros não são apenas to-lerados, mas esperados e estimulados. O educador deve incutir no jovem a visão do erro como uma oportunidade de aprendizagem: o que funcionou? O que não deu certo? O que farei diferente na próxima tentativa?

Para tanto, é importante que se fomente um ambiente de respeito e colaboração entre os jovens, para que eles se sin-tam à vontade para expressar suas ideias e opiniões, dar e receber feedback construtivo sobre seus projetos. Além disso, é importante que se utilize diferentes formatos de atividade, privilegiando dinâmicas diferentes, utilizando uma variedade de recursos, materiais e mídias.

O que é criatividade? É a capacidade de invenção e inova-ção, de enxergar questões sob novas e diferentes perspecti-vas, na busca soluções originais.

O que se busca? As atividades voltadas ao desenvolvimento da criatividade pretendem que os jovens:

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• Aprendam e utilizem diferentes técnicas para o desenvol-vimento de ideias, como o brainstorming.

• Desenvolvam e reflitam criticamente sobre suas próprias ideias.

• Sejam abertos a diferentes perspectivas.

• Saibam dar e receber feedback sobre suas ideias e pro-jetos.

• Enxerguem nos erros oportunidades de aprendizagem.

Na prática, devemos:

• Fomentar um ambiente de curiosidade e descoberta.

• Propor atividades dinâmicas, em diferentes formatos e com a utilização de recursos variados.

• Realizar atividades e avaliações que estimulem e reco-nheçam o aprendizado decorrente de erros anteriores.

• Promover um ambiente de aprendizagem respeitoso e seguro.

Comunicação

A capacidade de comunicar-se de maneira empática em meios e am-bientes diversos é outra competência fundamental que nos propomos a de-senvolver nos jovens. Além da dimen-são de expressão do jovem, buscamos também desenvolver a capacidade de escuta ativa.

Numa dimensão instrumental, o desenvolvimento da ca-pacidade de comunicação se dá pela exposição e estimulo à utilização pelos jovens de diferentes mídias e meios de ex-pressão artística e cultural.

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Busca-se ainda o desenvolvimento da capacidade de aná-lise crítica de informações, com ênfase na utilização de mídias sociais, confiabilidade de informações e responsabilidade pelo compartilhamento de conteúdo.

As atividades pedagógicas devem ter como objetivo tam-bém o fortalecimento das habilidades de argumentação e persuasão, além da estruturação lógica e coerente de ideias.

Quanto ao formato, as atividades propostas devem incor-porar diferentes tecnologias e estimular a produção de traba-lhos em diferentes mídias (texto, imagem, vídeo, áudio, etc.). Sempre que possível, devem ser geradas oportunidades para que os jovens exponham suas ideias e projetos em público.

O que é comunicação? É a capacidade de argumentação, de expressão clara e empática e de escuta ativa, utilizando diferentes mídias.

O que se busca? As atividades voltadas ao desenvolvimen-to da comunicação pretendem que os jovens:

• Articulem de maneira clara e persuasiva suas ideias.

• Utilizem habilidades de comunicação verbal e não verbal em diferentes contextos.

• Escutem ativamente, decifrando significados, valores e intenções.

• Compartilhem informações, ideias, experiências e senti-mentos.

Na prática, devemos:

• Trabalhar diferentes ferramentas tecnológicas de comu-nicação.

• Promover uma reflexão crítica sobre a utilização de mí-dias sociais e o consumo de informações.

• Propor atividades utilizando diferentes mídias.

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33A metodologia Recode

• Exercitar a sistematização e exposição de ideias e a cons-trução de argumentos.

Colaboração

Nossa metodologia busca desen-volver nos jovens a capacidade de conviver e desenvolver atividades, num processo interativo e respeito-so, com outras pessoas de diferentes crenças, culturas ou contextos sociais.

As atividades pedagógicas privile-giarão o trabalho em grupo como for-

ma de fomentar a troca e a aprendizagem mútua. Os jovens devem ser estimulados a trabalhar e a formar grupos com di-ferentes pessoas, aprendendo a identificar e a valorizar atribu-tos de seus pares complementares aos seus próprios.

Neste processo, espera-se que os jovens desenvolvam a flexibilidade e capacidade de negociação com o fim de atin-gir um objetivo comum. Será valorizada a pluralidade de ex-periências e pontos de vista. Será encorajada a empatia e a tolerância. A proposta é incentivar os atributos de liderança, iniciativa e adaptabilidade.

Os jovens serão estimulados a expressar seus pontos de vista, exercitando a empatia e o respeito à diversidade e de-senvolvendo a habilidade de administrar conflitos de forma construtiva para uma cultura de paz.

O que é colaboração? É a capacidade de conviver e desenvol-ver atividades, num processo interativo e respeitoso, com outras pessoas de diferentes crenças, culturas ou contextos sociais.

O que se busca? As atividades voltadas ao desenvolvimento da colaboração pretendem que os jovens:

• Desenvolvam projetos juntos de maneira eficiente e res-peitosa.

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• Demonstrem flexibilidade e assertividade, negociando com seus pares com o fim de atingir um objetivo comum.

• Exerçam habilidades de liderança.

Na prática, devemos:

• Propor atividades em grupo, buscando evitar que os jo-vens trabalhem sempre com as mesmas pessoas.

• Estimular o compartilhamento de feedback construtivo entre alunos.

• Fomentar um ambiente de respeito e tolerância.

• Propor projetos de médio e longo prazo, que demandem diferentes habilidades.

• Encorajar a empatia.

Se você quiser saber um pouco mais sobre cada uma dessas competências, selecionamos referências interessantes no “ANE-XO 4 | Referências sobre Competências para o século 21” na pá-gina 52 deste documento.

O caminho que escolhemos

Quando dizemos que temos uma metodologia, queremos dizer que há um jeito de fazer particular que, ao ser respeita-do, pode provocar resultados mais produtivos para aquilo que almejamos alcançar.

Nós pretendemos, dentre outras coisas, jovens mais autônomos, capazes e solidários. Pessoas que pensem em si mesmos como agentes de transformação da sua vida, da sua comunidade e do mundo. Quando falamos que nossas experiências de aprendizado contribuem para o empoderamento digital das pessoas, queremos contribuir para a ampliação do horizonte de oportunidades.

É a partir do reconhecimento de desafios e da capacidade de resolução de problemas sociais que incentivamos a con-

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cepção de soluções digitais criativas e de processos colabora-tivos, com a finalidade de que cada um se reconheça com mais oportunidades e com ferramentas para a tomada de decisão.

Há vários caminhos para isso e nós escolhemos quatro pas-sos. São etapas que conversam entre si e que apontam para um processo reflexivo para aquelas três abordagens explica-das anteriormente.

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1. Motivar para ler o mundoEsta etapa diz respeito ao contexto que utilizamos para iniciar

qualquer assunto. A proposta é criar a ‘leitura de mundo’ para que o jovem identifique quais aspectos da sua vida, da sua expe-riência ou da sua trajetória o ajudam a reconhecer e a se aproxi-mar do assunto que será trabalhado.

Ler o mundo é reconhecer que a sua vida tem sentido num contexto maior. O que o aluno traz (um exemplo, um depoimento ou uma vivência) pode ser usado em sala de aula como elemen-to para construção do conhecimento.

Ler o mundo também é se colocar no coletivo, em socie-dade. É se perceber como parte de uma comunidade, de um mundo que faz sentido para si mas que também é seu campo de atuação. Esse processo deve acontecer por meio do diálo-go, da escuta, da oportunidade da palavra e da possibilidade de construir de forma colaborativa.

Nesta etapa, reconhecendo elementos do seu mundo, o participante vai identificar questões relevantes do meio (pro-blemas sociais) - que, a partir da provocação e da reflexão, passam a ser desafios.

São mobilizadas aqui algumas habilidades relacionadas à competência de resolução de problemas, especificamente o pensamento crítico para a identificação do problema.

No final desta etapa: o jovem identifica desafios da sua re-alidade que podem sofrer uma intervenção dele para a trans-formação social.

Os quatro passos

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37A metodologia Recode

2. Compreender para agirA partir da identificação de uma questão relevante, é hora de

aumentar a percepção do problema, ampliando o entendimento da situação. A proposta é trabalhar o olhar sob diferentes perspec-tivas em busca de soluções. Tudo deve girar em torno do desafio, tendo como cenário as possibilidades do mundo digital - o que a tecnologia pode nos oferecer.

Neste momento, além do conteúdo em si, cada um é desafiado a ser um agente de transformação da sua realidade e recebe ins-trumentos para construir esse caminho (as ferramentas do mundo digital, como Internet, inteligência artificial, Internet das Coisas, rea-lidade virtual e aumentada, softwares de criação de conteúdo, etc).

Até aqui, cada participante reconhece as necessidades de atu-ação, identifica um recorte do problema a ser enfrentado e an-tecipa possibilidades para agir por meio do conhecimento mais aprofundado sobre o assunto. Na prática, ele vai fazer pesquisa com moradores (ou envolvidos na questão), vai investigar se outras ações já foram realizadas em prol daquela temática, vai estudar o que pode ser feito para aumentar o efeito na vida das pessoas envolvidas. Nesta etapa, o foco é estudar o problema.

São habilidades a serem mobilizadas: o pensamento sistemá-tico para compreensão da complexidade das questões, o escla-recimento de cenários e a ponderação de riscos para atuação. Além disso, são consideradas a criatividade e a comunicação na concepção de perguntas e a capacidade de articulação no enten-dimento das questões.

No final desta etapa: o jovem sabe muito sobre o desafio que escolheu enfrentar e possui diferentes perspectivas de atuação.

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3. Planejar para impactarO processo de experimentar coloca todos os nossos sentidos

envolvidos em algo. Passamos a ter uma possibilidade maior de aprendizado quando nos colocamos por inteiro em uma situa-ção. Essa etapa da metodologia provoca cada membro da sua turma a se envolver procurando os meios práticos para agir. Isto significa antecipar a atuação da intervenção no mundo real por meio do planejamento.

É o tempo de compartilhar ideias em grupo, testar hipóteses para saber se o que queremos fazer trará benefícios aos envolvi-dos. É também o momento de analisar a ideia de ação sob alguns ‘filtros’. O que significa isso? Significa testar se o que estou fazendo tem realmente impacto social relevante.

Há dois princípios que norteiam essa etapa: o princípio da ética para o bem e o princípio da integridade.

No momento que antecede a ação, faz-se necessária uma re-flexão sobre o porquê vamos agir de determinada forma, ou seja, parar e avaliar o sentido e o propósito da sua atuação no mundo.

Quando falamos em ética1, queremos celebrar o uso da tecnolo-gia para o bem. Queremos que o outro seja respeitado com aquilo que vamos fazer. Queremos que a ação tenha como propósito trazer qualidade de vida, benefícios em prol da sociedade. Se tudo o que foi planejado não leva isso em consideração, precisa ser repensado.

A integridade2 é o outro filtro que gostaríamos de incentivar. O sentido real da palavra é algo que é inteiro, que não sofreu qual-quer alteração. Trazendo para o mundo da convivência, trata-se de uma honestidade a tal nível que a pessoa - o que pensa e faz – pos-

1 Ética, no dicionário, significa um conjunto de regras e preceitos de or-dem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma socie-dade. Para a Recode, a ética deve ser usada em prol de uma sociedade mais justa e democrática, tendo o respeito ao ser humano como valor indiscutível.2 Integridade é caráter, qualidade de uma pessoa íntegra, honesta, incorruptível, cujos atos e atitudes são irrepreensíveis; honestidade, retidão.

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sui coerência em qualquer situação. Incentivar esse tipo de atitude significa, junto com a ética, valorizar o outro sob todos os aspectos. Significa que a minha intervenção deve ser em função do bem co-mum, do coletivo, de uma sociedade mais justa e democrática.

Esse exercício leva cada um, professor e aluno, a se reconhecer como capaz de realizar uma ação a partir do planejamento com responsabilidade. Pode ser um negócio social, uma ação que im-pacte a realidade de um grupo de pessoas, pode ser da ordem do empreendedorismo cívico.

O importante é que o conhecimento construído coletivamente leve ao desafio de realizar algo. Para isso, é importante que o exercício da experimentação e da colaboração entre pares ou grupos sejam incentivados pelo educador. É o momento de organizar o conheci-mento construído em torno de um planejamento concreto de ação.

No final desta etapa: o jovem terá planejado sua ação, levando em consideração como sua intervenção tem aplicação sobre a vida das pessoas envolvidas, sob princípios da ética e da integridade.

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40 A metodologia Recode

4. Experimentar para avaliarÉ hora de prototipar3! Você já ouviu falar nisso? Prototipar pode

ser entendido como fazer pela primeira vez. A nossa proposta é que, após o percurso até este momento, toda a turma, de posse da questão-desafio, do entendimento ampliado do problema e do planejamento da sua ação sob os princípios da ética e da integri-dade, possa experimentar, de fato, o desenvolvimento da ação.

O processo é prático4 e pretende ser um incentivo para que o jovem coloque a mão na massa, execute alguma parte do planejado e experimente a intervenção.

Pode ser que turma já tenha tido experiências de ações in-termediárias, durante o processo de pesquisa, e agora, sintetize de forma mais amadurecida a proposta de intervenção. Ou que todo o esforço da criatividade para solução do problema já tenha sido um aspecto da ação. O importante é que ao chegar nesta etapa a turma tenha alcançado um nível de consciência digital para transformação social.

Por outro lado, fazer pela primeira vez significa experimentar o que não sabemos se vai dar certo. É arriscar! Por isso é tão importan-te que, junto com esse movimento a ser incentivado pelo educador, haja um momento de reflexão sobre o itinerário formativo realizado.

Avaliar é um processo que todos nós fazemos em nossa vida. Seja depois de assistir a um filme, viajar ou experimentar algo novo. Quando nos envolvemos num processo de ensino-aprendizagem, precisamos pensar em meios de considerar com cuidado o que foi construído junto, naquela sala de aula, naquele grupo.

3 Protótipo é algo feito pela primeira vez e, muitas vezes, copiado ou imitado; modelo, padrão, cânone. (Dicionário)4 O processo é prático mas, na medida em que a ideia for mais au-daciosa do que as condições de sua implementação, a prototipagem pode ser concebida como um desenho detalhado de como as coisas se dariam na prática. Podemos adotar alguns recursos visuais que facilitam a comunicação das ideias, como fluxogramas, maquetes, desenhos e encenação.

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41A metodologia Recode

A ideia é trazer à tona o que cada um aprendeu sob as três perspectivas: eu, nós e todos nós. Podemos empreender dinâmi-cas que provocam a opinião e a vivência de cada num no curso. Cada jovem deve ser levado a uma reflexão pessoal e em conjunto sobre o que aprenderam, como se sentiram e como vão utilizar o que aprenderam ao longo da vida.

Diferente das avaliações tradicionais, a proposta é que cada um desenhe seu percurso tendo por base o que o grupo experimentou junto. Esse percurso pode ser um plano de desenvolvimento indivi-dual, um projeto para a própria vida a médio e longo prazo, uma ideia empreendedora. O importante, do ponto de vista de juízo de valor, é que o respeito ao outro, o pensar no coletivo e a ética se-jam os valores que tenham inspirado as ações dos jovens.

No final desta etapa: o jovem será capaz de comunicar de ma-neira clara e objetiva a solução planejada para o enfrentamento do desafio escolhido, com espaço para avaliar o percurso feito até aqui. É o momento de reflexão sobre o que aprenderam.

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Nosso convitepara você

Você, como educador, tem muito a ganhar neste processo. É uma oportunidade de aprender dia a dia com a história de pes-soas com um potencial transformador.

Mas sabemos que a sua história também pode inspirar outras ideias promissoras para uma ação social relevante. Você já é um empreendedor social quando assume uma postura que investe no jovem hoje. Isso é atuar com propósito.

Nosso convite para você é que junte-se a nós nessa traves-sia de desafios que envolve tecnologia, ética, ação social e empoderamento digital.

Venha ser um multiplicador!

Conte conosco.

Time Recode

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43 Ativismo social - Iniciativas inspiradoras

ANEXO 1 | Iniciativas Inspiradoras de Ativismo Social

Conheça indivíduos e iniciativas de excelência em torno do ati-vismo social, que desempenham diferentes formas de liderança movidas pela ética, busca pela justiça, dever e responsabilidade individual e coletiva.

Ashoka

Organização internacional sem fins lucrativos reconheci-da como a 6ª melhor ONG no ranking mundial, possui o pro-grama “Everyone a Change-maker” (“Todos podemos ser

agentes de transformação”), voltado para estimular a capacida-de de fazer a diferença no mundo.

No site https://brasil.ashoka.org/ você terá acesso aos ob-jetivos do programa, que além de estabelecer e ativar conexões com pessoas que queiram mudar sua realidade, também elabo-ra cursos online e workshops para inovadores sociais.

Vale também acessar https://www.changemakers.com/pt--br e conhecer a proposta da Global Changemakers, rede que agrega pessoas de 100 países para partilhar experiências, de-senvolver habilidades, testar ideias e ter acesso a oportunidades. É uma iniciativa do British Council, que busca capacitar e dar o suporte necessário para jovens ativistas causarem um impacto positivo em suas comunidades, por meio de projetos inovadores.

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44Ativismo social - Iniciativas inspiradoras

Malala Yousafzai (1997)

A paquistanesa Malala é a mais jovem ganhadora do Prê-mio Nobel da Paz pela Organiza-ção das Nações Unidas, em 2014. Com apenas 15 anos, a ativista da educação ficou famosa após ter sido baleada por um atirador do Taliban em 2012 porque ela incentivava meninas a irem à es-cola, desafiando a proibição da educação feminina imposta pelo grupo radical islâmico. No Reino Unido, onde passou a viver, criou

o Fundo Malala para apoiar projetos de educação para meninas em países em desenvolvimento.

Sua opção de vida demonstra comprometimento com os direi-tos das mulheres, das meninas e de todas as pessoas, palestran-do frequentemente por todo o mun-do. Selecionamos duas afirmações da ativista que são frequentemente repetidas: “Uma criança, um profes-sor, um livro e um lápis podem mu-dar o mundo.” “Eu sonho com um país onde a educação prevalecerá”.

Mahatma Gandhi (1869 – 1948)

Idealizador e fundador do mo-derno Estado Indiano, Gandhi lide-rou o movimento pela libertação da Índia influenciando mais de 350 milhões de pessoas em uma revolução pacífica. Seus ideais de paz inspiram ainda hoje milhares de pessoas no mundo todo.

Malala Yousafzai

Mahatma Gandhi

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45 Ativismo social - Iniciativas inspiradoras

Martin Luther King (1929 – 1968)

Lutou pelo fim da desigual-dade social nos Estados Unidos, tornando-se um dos mais im-portantes líderes mundiais com uma campanha de não violên-cia e de amor ao próximo.

Nelson Mandela (1918 – 2013)

Mandela foi o mais impor-tante líder africano da história, responsável pela refundação da África do Sul como uma so-

ciedade multiétnica. Dedicou a vida aos direitos humanos e tem milhares de seguidores até hoje. Dizia que a educação é a arma mais poderosa para mudar o mundo.

Nelson Mandela

Martin Luther King

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46Ativismo social - Iniciativas inspiradoras

Muhammad Yunus (1940)

Economista e banqueiro bengali, ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2006. Disseminando o ideal de acabar com a po-breza através do banco que fundou, ele inventou o campo de microcrédito para milhões de famílias. Afirma que é impossível almejar a paz com a persistência da pobreza, situação vivida por seu país, Bangladesh, quando se tornou independente no início da década de 1970. Ele é exemplo na área de empreen-dedorismo de negócios de impacto.

Muhammad Yunus

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47 Empreendorismo Social, Cívico e Negócios de impacto social

ANEXO 2 | Exemplos de Empreendorismo Social, Cívico e de Negócios de impacto socialIntraempreendedorismo

Existe um modelo de educação criado na Finlândia, o Team Academy, cuja metodologia combina aprendizado e conexão a uma rede de oportunidades ligadas a equipes empreendedoras, que encaixa-se tanto para o uso com a educação e cursos uni-versitários, quanto para aumentar o protagonismo dentro de or-ganizações. Para saber mais acesse: https://teamacademybra-zil.wordpress.com/portugues/

Vale conhecer também a proposta da League of Intrapre-neurs, no endereço http://www.leagueofintrapreneurs.com/. Oferecem seu trabalho às organizações para incubar e acelerar projetos intraempreendedores por meio de oficinas e eventos de um ou dois dias. Também colaboram na criação de espaços para aprimorar e desenvolver as práticas dos times de empresas.

Negócios de Impacto Social

Um exemplo desse tipo de negócio é o de Muhammad Yunus, conforme mencionado. Vale visitar o site https://www.yunusne-gociossociais.com/o-que-so-negcios-sociais.

Outro exemplo positivo é o do “Sistema B”, um movimento glo-bal que busca rever o conceito de sucesso nos negócios, identi-

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48Empreendorismo Social, Cívico e Negócios de impacto social

ficando e apoiando empresas com poder de mercado voltadas para solucionar problemas de ordem social e ambiental. Esse sistema surgiu em 2006 nos Estados Unidos e chegou ao Brasil em 2012. Acessando http://sistemab.org/brasil vê-se a lista das empresas certificadas. Nessa lista, a Natura é reconhecida como uma das melhores empresas para o meio ambiente. Sua missão de gerar impacto social e ambiental positivos foi formalizada em seu estatuto em 2014.

Empreededorismo Social

Dentre as inúmeras organizações que identificam e apoiam empreendedores sociais, há três de extrema relevância: Ashoka, Schwab e Skoll. A Ashoka (https://www.ashoka.org/; https://brasil.ashoka.org/), criada em 1980 por Bill Drayton, foi respon-sável por cunhar o termo empreendedorismo social, caracterizan-do-o como campo de trabalho. Brasil e Índia foram os pioneiros a receber a atuação dessa organização, que hoje está presente em mais de 85 países.

Os empreendedores sociais da Ashoka – eleitos por processo rigoroso de seleção nacional e internacional – são líderes que atu-am em diferentes campos e trabalham junto a políticas públicas para promover transformações sistêmicas e sustentáveis. Hoje a Ashoka tem mais de 3 mil fellows em mais de 60 países. Apenas no Brasil esse número chega a quase 200 empreendedores.

Rodrigo Baggio, o fundador e presidente da Recode, fez parte da primeira turma de fellows do Brasil, em 1996. Outra organi-zação internacional a se destacar é a Fundação Schwab (http://www.schwabfound.org/). Sua meta é fornecer uma plataforma mundial para promoção do empreendimento social como ele-mento-chave para solucionar problemas sociais de maneira sus-tentável. Ajuda a elaborar novas políticas que tenham impacto direto na vida das pessoas.

Mundialmente reconhecida, tem sede em Genebra e foi criada em 1988 por Klaus Schwab, mentor do Fórum Econômico Mundial e autor do livro “A Quarta Revolução Industrial”. A Fundação Skoll

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49 Empreendorismo Social, Cívico e Negócios de impacto social

(http://skoll.org), cuja missão é promover um mundo susten-tável de paz e prosperidade, foi fundada por Jeff Skoll, co-fundador do eBay. Aposta no empreendedorismo social para resolver problemas mundiais urgentes desde 1999. Promove anualmente o Fórum Mundial Skoll de Empreendedorismo So-cial na Universidade de Oxford, em Londres. As discussões e as sessões do evento promovem a criação de redes, parce-rias, conhecimento e colaboração entre as áreas acadêmica, empresarial, financeira, política e social.

Empreededorismo Cívico

Um exemplo é o robô “Rose”, que identifica o mau uso da verba pública por deputados federais e os denuncia. A Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS) tem por objetivo po-tencializar a participação da população na vida política do país, conscientizando-a sobre a importância do papel desempenhado pela sociedade nos processos políticos. Dentre as diversas ati-vidades propostas pela RAPS, estão os encontros de formação para apoiar a formulação e implementação de políticas públicas com soluções inovadoras para problemas sociais.

Saiba mais em https:// www.raps.org.br/empreendedor--civico/. O Movimento Brasil Agora também tem crescido e contribuído para ampliar a participação social na vida política brasileira. Vale acessar o endereço https://www.facebook.com/movimentobrasilagora/

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50Nossa Contribuição com uma agenda local

ANEXO 3 | NossaContribuição com uma agenda global

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) são uma agenda mundial adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para fortalecer a paz mundial e o combate à pobreza no mundo - nas suas mais variadas formas e dimensões. Esta agen-da pode ser entendida como um grande plano de ação para o desenvolvimento sustentável do planeta.

De acordo com a WWF,1 desenvolvimento sustentável é o “de-senvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atu-al, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades

1 A WWF é uma ONG internacional, com atuação no Brasil, compro-metida com a conservação da natureza dentro do contexto social e econômi-co brasileiro. (www.wwf.org.br)

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51 Nossa Contribuição com uma agenda local

das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro”.

Na prática, são 17 objetivos com 169 metas associadas que devem ser atingidas até o ano de 2030, por meio do comprome-timento das nações – seus governantes e a sociedade civil. Den-tre as áreas de atuação mais gerais estão a educação, igualdade de gênero, saúde, redução das desigualdades, crescimento eco-nômico sustentável, trabalho digno.

Nós acreditamos, enquanto força para o desenvolvimento da sociedade, que nosso trabalho como organização social pode contribuir (e muito!) para o cumprimento desta agenda. Passa pelo entendimento que nossas ações locais, por vezes, pontuais, podem ajudar no desenvolvimento sustentável do planeta. Não ignore o potencial da sua atuação!

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52Referências sobre Competências para o século 21

ANEXO 4 | Referências sobre Competências para o século 21

KAMENETZ, Anya. Social and Emotional Skills: Everybo-dy loves them, but still can’t define them.NPR. 14 de agos-to de 2017. Disponível em: https://www.npr.org/sections/ed/2017/08/14/542070550/social-and-emotional-skills-e-verybody-loves-them-but-still-cant-define-them. Acesso em 04 de dezembro de 2017.

OECD. Skills for Social Progress. Chapter 2 – Learning con-texts, skills and social progress: a conceptual framework. 10 de março de 2015. Disponível em: http://www.oecd.org/edu/skills-for-social-progress-9789264226159-en.htm. Acesso em 04 de dezembro de 2017.

P21. P21 Framework Definitions. Maio de 2015. Disponível em: http://www.p21.org/our-work/p21-framework. Acesso em 04 de dezembro de 2017.

P21. P21 Framework for 21st Century Learning. Janeiro de 2016. Disponível em: http://www.p21.org/our-work/p21-fra-mework. Acesso em 04 de dezembro de 2017.

PORVIR. Especial Socioemocionais. Disponível: http://por-vir.org/especiais/socioemocionais/. Acesso em 06 de de-zembro de 2017.

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53 Referências sobre Competências para o século 21

SOFFEL, Jenny. What are the 21st-century skills every stu-dent needs? 10 de março de 2016. Disponível em: https://www.weforum.org/agenda/2016/03/21st-century-skills-fu-ture-jobs-students/. Acesso em 04 de dezembro de 2017.

WORLD ECONOMIC FORUM. New Vision for Education: Fos-tering social and emotional learning through technology. Março de 2016. Disponível em: https://www.weforum.org/reports/new-vision-for-education-fostering-social-and-e-motional-learning-through-technology. Acesso em 04 de de-zembro de 2017.