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Guia Do Professor Paulo Freire

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SUMÁRIO1. Apresentação ..................................................................................................................................................... 2

2. Introdução ........................................................................................................................................................... 3

A. Estrutura do Guia ................................................................................................................................................. 3

B. Considerações sobre as dimensões humana, ambiental e econômica............................................... 3

C. Seções nas páginas do Almanaque ................................................................................................................ 4

3. Orientações sobre atividades ................................................................................................................... 5

A. Investigação ........................................................................................................................................................... 5

B. Temas ........................................................................................................................................................................ 5

C. Sugestões de atividades ..................................................................................................................................... 5

4. Atividades............................................................................................................................................................ 6

I. Paulo Freire: Cidadão Nordestino .................................................................................................................. 6

Atividade 1................................................................................................................................................................... 6

Atividade 2................................................................................................................................................................... 8

Atividade 3................................................................................................................................................................. 11

II. Paulo Freire: Cidadão do Mundo ............................................................................................................... 14

Atividade 1 ................................................................................................................................................................ 14

Atividade 2 ................................................................................................................................................................ 17

III. Paulo Freire: Cidadão Brasileiro ................................................................................................................ 21

Atividade 1................................................................................................................................................................. 21

Atividade 2 ................................................................................................................................................................ 23

Atividade 3 ................................................................................................................................................................ 23

Atividade 4 ................................................................................................................................................................ 25

1. Apresentação

“Acho que o papel de um educador conscientemente progressista é testemunhar a seus alunos, cons-tantemente, sua competência, amorosidade, sua clareza política, a coerência entre o que diz e o que faz,sua tolerância, isto é, sua capacidade de conviver com os diferentes para lutar com os antagônicos. É esti-mular a dúvida, a crítica, a curiosidade, a pergunta, o gosto do risco, a aventura de criar.”

(FREIRE, Paulo. A educação na cidade. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001, p. 54.)

Cara professora, caro professor,

Paulo Freire dedicou sua vida à construção e à prática de uma educação transforma-dora, emancipatória e humanizadora. Sonhava com a concretização desse projeto pormeio de uma escola alegre, séria e comprometida, voltada para a realidade concreta dascomunidades. Falou a educadores e a educadoras de todo o mundo, tocando fundo em ca-da um dos que, como ele, assumiram o risco de lutar contra todas as formas de opressãoe de degradação da dignidade humana, empenhando-se na criação e na recriação de nos-sas escolas e de nosso mundo.

Convidamos você, professora, professor, a levar, a compartilhar, a reinventar, com seusalunos e comunidade escolar, as palavras e as propostas de um dos pensadores mais im-portantes e generosos de nosso tempo.

Elaboramos o “Guia do Professor” buscando reunir sugestões de temas e de como tra-balhar o Almanaque Histórico Paulo Freire – Educar para Transformar. Sim, sugestões, poiso que desejamos é que cada docente recrie este material pedagógico em função de seusalunos reais, de acordo com as condições e os recursos disponíveis em seu local de traba-lho, ampliando-o e enriquecendo-o com seus potenciais e de seus alunos.

INSTITUTO PAULO FREIRE PETROBRAS FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL

2. Introdução

A – Estrutura do Guia

Organizamos este Guia em três blocos, a partir dos três eixos geradores do Almanaque:“Paulo Freire: Cidadão Nordestino”, “Paulo Freire: Cidadão do Mundo” e “Paulo Freire: CidadãoBrasileiro”. Esclarecemos que se trata de um manual de orientações e sugestões e não de um“receituário” com regras a seguir, rigidamente.

Elegemos, dessa forma, o tema social como eixo que orienta este Guia e as áreas do conheci-mento como meios instrumentais importantes para o estudo do tema e subtemas.

As áreas de conhecimento Ciências humanas (História e Geografia), Ciências da natureza (ciên-cia e matemática) e a área de Comunicação e arte estão aqui contempladas:

• Destaque para aspectos ambientais enfocando, de modo especial, conteúdos de abrangêncianacional e urgência social.

• Objetivos e conteúdos de geografia perpassam significativamente este estudo, a partir da vi-da e da obra de Paulo Freire no exílio e “andarilho” entre o Brasil e diversos países do mundo.

• A história de Paulo Freire é relacionada com momentos da história do Brasil e do mundo. Acon-tecimentos históricos não são apenas descritos, mas interpretados e avaliados, destacadamente,sob a ótica do oprimido.

• Foram pontuados momentos diversificados para o desenvolvimento da leitura, escrita e orali-dade dos alunos. Estes aplicam instrumentos de pesquisa, categorizam dados, resumem e sinteti-zam textos, elaboram cartazes ilustrativos, organizam um mural sobre o tema em foco e expressamoralmente o que aprenderam em painéis de apresentação à classe e a convidados da comunidadelocal. Diversos gêneros textuais podem ser trabalhados: charges, poemas e composições musicais.Portadores de texto, como o Almanaque ilustrado, sites da internet, jornais, revistas e livros com-põem o material didático de apoio sugerido. Tipos discursivos que estão aqui representados: textode entrevista, textos tipo depoimento, a linguagem cinematográfica, textos dissertativos. Ao entrarem contato com tudo isso, o professor pode redefinir, pontuar a diversidade dos gêneros. Dessa for-ma, a área de comunicação e artes se integra às demais disciplinas.

• Comparações de dados populacionais, superfícies territoriais entre os países estudados, áreasdesmatadas, entre outras, conduzem a questões contextualizadas de cálculo aritmético, porcenta-gens, medidas etc.

B – Considerações sobre as dimensões humana, ambiental e econômica

“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pe-lo mundo.” (FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p. 68.)

O pensamento e a vida de Freire não se limitam a uma teoria do conhecimento em educa-ção. Por sua complexidade, a proposta de Freire pressupõe a educação integral do ser humanoem seu meio e com os outros.

É, portanto, uma educação inteiramente preocupada com o mundo dos valores, com o mundodo trabalho e com o sistema-vida (planeta). Para Freire, o processo de humanização requer a cons-trução de uma “ética universal do ser humano”, a partilha justa da riqueza entre todos os habitan-

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tes da Terra e a garantia de um planeta sustentável para as atuais e futuras gerações. Nessa pers-pectiva, o mundo da cultura não se isola da economia, da política e do ambiente natural. São te-mas que Freire tratou com insistência em suas últimas obras.

Sua teoria educacional abre um novo entendimento sobre a sustentabilidade e sobre a econo-mia, para além da preservação ambiental. Ela é uma ecopedagogia – uma prática educacional emque os seres humanos se relacionam de forma cuidadosa, justa e solidária consigo mesmos, com osconcidadãos e com o seu meio vital. A Ecopedagogia, inspirada nos princípios de Freire e de outrosautores, é uma pedagogia do fazer humano sustentável. Alimenta a reflexão e a ação crítica sobrea organização da vida na Terra, para a construção de um mundo culturalmente diverso, socialmen-te justo e ambientalmente sadio.

Aqui neste Guia do Professor, ao tratar da vida e da obra de Freire e nas atividades propostas,esses temas aparecem, ora explicitamente, ora tacitamente. Sabemos que a humanização só po-de ocorrer pela ação de seres humanos, mediatizados pelo mundo, em seus múltiplos aspectos(econômico, social, ecológico, cultural etc.), que se relacionam entre si. Todavia, para fins didá-ticos, em alguns momentos, esses temas serão tratados de forma específica, para que possamosperceber melhor as múltiplas dimensões da vida e da existência humana, na perspectiva da edu-cação crítico-libertadora.

C – Seções nas páginas do Almanaque

As páginas do Almanaque foram organizadas a partir de um texto-base pautado na vida e naobra de Paulo Freire e de boxes anexos, distribuídos em diferentes seções.

As seções que organizam os conteúdos anexos são:

Palavras geradoras: Na filosofia freireana, palavra geradora emerge do contexto social ondeacontece a prática pedagógica. Por sua significação e riqueza, ela gera situações problematizado-ras que auxiliam a “leitura do mundo” e a “leitura da palavra”. No almanaque essa seção dá desta-que a palavras relacionadas à vida e à obra de Freire. Mais do que palavras, esses vocábulos cons-tituem temas e/ou conceitos freqüentemente discutidos por Paulo Freire.

Conhecendo mais: Informações e ampliações do conteúdo essencial da página.

Leitura do mundo: Destaque para acontecimentos do contexto social e histórico em paralelocom a vida e obra de Paulo Freire ou tema título da página.

Que lugar é este?: Explicitação e detalhamento de situações geográficas citadas.

Você sabia?: Informações paralelas ou curiosidades a respeito de conteúdos da página.

2. Orientações sobre atividades

As atividades são divididas em etapas que representam momentos do processo de construção esocialização de saberes. Todas as atividades aqui sugeridas têm por objetivo contribuir para a or-ganização do trabalho de educandos e educadores numa perspectiva freireana, valorizando o saberfeito de experiência, a pesquisa, a organização dos dados, a intervenção social, a ética, a politici-dade e o trabalho coletivo, entre outros aspectos.

As etapas são três: investigação, temas e sugestões. Vamos a cada uma delas.

A. INVESTIGAÇÃO

Consiste em:Levantamento de dados – Aspectos significativos da vida do educando e da realidade social,

que permita ao(à) professor(a) perceber como o educando sente a sua realidade e refletir sobre amelhor maneira de contribuir no processo educativo.

Se for necessário, ajude os(as) alunos(as) a escolher os elementos a serem investigados.Essa investigação pode ser realizada por meio de reflexões pessoais, conversas com pessoas da

família, entrevistas com pessoas da comunidade, como vizinhos e autoridades locais, pesquisas emdocumentos, álbuns de fotografias etc.

Elaboração – Apresentação dos resultados da investigação para a classe. Esse é o momento pa-ra a discussão coletiva sobre os dados encontrados individualmente e para propiciar condições pa-ra que todos possam se identificar como um membro dessa comunidade e assim perceber sua in-serção naquela difícil e dura realidade, se na verdade ela o for, e os conflitos decorrentes disso. É omomento de conhecer os problemas que precisam ser superados, a realidade de seus colegas e fa-miliares, bem como a dos outros que ali vivem, idêntica ou diferente da sua.

Os assuntos mais significativos ou os resultados que indicam problemáticas comuns são discuti-dos pelo grupo. O objetivo principal é a busca da superação da primeira visão – ingênua, individua-lista, impotente – por uma visão crítica que visa ao coletivo e é capaz de transformar a realidade.

Conscientes de sua própria realidade, agora podem compreendê-la e nela intervir criticamente.Essa discussão de situações locais abre perspectivas para a análise de problemas regionais e nacionais.

B. TEMAS

Os temas podem ser desenvolvidos por áreas ou trabalhos em projetos interdisciplinares.Nesse estudo realizam-se pesquisas em outras fontes: livros, revistas, jornais, discos, filmes, in-

ternet, documentos, entrevistas etc, para aprofundamento das questões mais relevantes e com vis-tas à integração do conhecimento.

C. SUGESTÕES

São os encaminhamentos de atividades de intervenção social ou de reflexão. Podem ser proje-tos individuais, de pequenos grupos, ou coletivos da classe ou da escola. O professor pode escolherrealizar todas as sugestões ou apenas algumas.

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I. CIDADÃO NORDESTINO

O primeiro bloco do almanaque trata da vida de Paulo Freire, no período que vai do nascimen-to até o início da vida adulta, quando suas ações profissionais e político-pedagógicas o levaram àprisão e ao exílio. Nesse bloco são relatadas as vivências de um cidadão nordestino que, nessa con-dição, sofre muitas e profundas dificuldades – dificuldades que alimentaram o seu ideal de cons-truir um mundo melhor para todos – e as enfrenta com coragem, discernimento e determinação,objetivando um futuro melhor para si.

ATIVIDADE 1

A. Investigação:

Por meio da leitura das páginas que tratam da data e local de nascimento, nomes, livro do bebê,cantigas de ninar, brincadeiras infantis e família, é possível desencadear diversas questões relativasao nascimento e à infância. Podem, então, ser investigados:

• Fatos relacionados com o próprio nascimento, determinados pela situação socioeconômica ecultural da família.• Tradições de sua família em relação aos nascimentos: aspecto social, religioso etc.• O que aconteceu no dia do seu nascimento: fatos relevantes da sua comunidade e fatos acon-tecidos no Brasil e no mundo; quem nasceu no mesmo dia que você.• O lugar onde você nasceu: características do local, da sua cidade, do estado de seu nascimento.• A presença das cantigas de ninar em sua vida: quem e o que cantaram para você, as cançõeseram tradicionais ou canções populares de sucesso na época, fatos curiosos.• Seu nome: foi escolhido por quem, por que, se há alguém em sua família com o mesmo nome,o que significa, qual a sua origem etc.• Como foi a sua infância até os seis anos.• Como foi a sua experiência de alfabetização.

B. Temas:

Os dados levantados nessa investigação são elaborados e, da discussão coletiva, emergem temasque podem ser estudados nas diferentes áreas de conhecimento.

Ciências da Natureza• Cuidados no período pré-natal. • Fases do desenvolvimento de um bebê durante a gestação e depois do nascimento.• Leitura de gráficos e tabelas sobre dados da taxa de natalidade e de mortalidade infantil.• Conhecimento sobre as causas mais freqüentes da mortalidade infantil.

• Planejamento familiar.• Relações de pertinência e de inclusão, representando os núcleos familiares como conjun-tos matemáticos.

Ciências Humanas• Tradições familiares ligadas ao nascimento: visitas, presentes etc.• Tradições étnicas relacionadas com o nascimento.• Tradições religiosas ligadas ao ingresso de um novo membro na comunidade.• Aspectos ambientais e culturais que caracterizam o local onde moram os educandos(as).• Artesanato e cooperativa: uma parceria de sucesso em Pernambuco. Outras experiências exitosas.• Cantigas de ninar: função afetiva e social.• O nome de uma pessoa e sua função social.• Significado dos nomes dos educandos(as).• Registro civil e cidadania.

Comunicação e Artes• Formas de comunicação do nascimento para a família e para amigos.• Livro do bebê e outras formas artísticas de registro.• Cantigas de ninar: canções típicas de sua cultura e da família.• Literatura infantil.• Artesanato, música e dança de Pernambuco e da região onde vive o educando(a).• A função social da escrita.• Biografia e autobiografia.• Brincadeiras infantis: parlendas, travalínguas, danças de roda, brincadeiras de corda, de bola,com brinquedos feitos “em casa” e outras.

C. Sugestões:

1. O que quero ser?A primeira atividade pode ser desencadeada pela leitura da apresentação de Paulo Freire: “Conta

Freire que queria ser cantor”. E os jovens de sua turma, o que querem ser? A exemplo de quem? Porque e para quê? É uma excelente oportunidade para conhecê-los melhor e favorecer a desinibição,expressão oral e corporal e a integração do grupo.

2. Conhecendo diferentes religiõesTrabalho com as práticas religiosas de cada religião, sem entrar em juízo de valor.Montagem de gráfico com a situação religiosa da sala; elaboração de quadro para que alunos e

alunas pesquisem e descrevam como são as práticas religiosas nas diferentes religiões presentes emsua comunidade. Exemplo:

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4. Atividades

PRÁTICAS ISLAMISMO CATOLICISMO EVANGELISMO BUDISMO UMBANDA CANDOMBLÉ OUTROS

Batismo

Casamento

Ritual fúnebre

Natal

Forma de oração

3. A vida humana – saber cuidarA partir de pesquisas sobre questões de saúde da mulher e do bebê, organizar uma exposição na

escola destinada à visitação da comunidade. Essa exposição pode utilizar os seguintes recursos:cartazes, projeção de filmes, exposição de modelos e maquetes e ainda contar com palestra profe-rida por pessoa habilitada, como um(a) médico(a) ou um(a) enfermeiro(a) do hospital / posto desaúde local, além de demonstrações a respeito dos cuidados com bebês etc.

Esse projeto coletivo pode abranger os seguintes temas: Planejamento familiar / Pré-natal / Oque é uma gravidez de risco / Tipos de parto / Aleitamento materno / Os prejuízos e complicaçõesde várias naturezas decorrentes da gravidez das adolescentes/ Vacinação / Causas da mortalidadeInfantil / Fases do desenvolvimento da criança na primeira infância, entre outros.

4. Conhecendo a cidadeConhecendo a cidade de Recife por meio da leitura da página “Paulo Freire: pernambucano”,

complementada por figuras, filmes de turismo, matérias em revistas e jornais etc, os educandospodem fazer uma pesquisa para conhecerem a sua própria cidade, dando ênfase aos aspectosculturais.

5. Resgatando as tradiçõesIniciando com uma pesquisa sobre a comunidade onde vivem e suas origens, buscar brincadei-

ras, brinquedos infantis, cantigas de roda e outros aspectos relacionados com o universo infantil,como a narração de histórias. Depois, organizar pequenos grupos para realizar uma ação de vivên-cia de brincadeiras tradicionais visitando creches e outras instituições que trabalham com crian-ças; na própria escola, convidando as crianças moradoras das redondezas; em praça pública e ou-tros espaços da comunidade.

6. Produção cooperativa de artesanatoTentar organizar o trabalho em cooperação para a produção e comercialização de produtos ar-

tesanais feitos pelos alunos, suas famílias e por outros artesãos da comunidade.

7. Força-tarefa em favor da vidaDepois de realizada a exposição sugerida no item 3, uma equipe de alunos interessados e dis-

postos, orientados por um(a) médico(a) ou enfermeiro(a), poderão realizar uma força-tarefa paralevar informações àquelas gestantes e novas mamães que necessitam desse cuidado.

ATIVIDADE 2

A. Investigação:

Dentre os problemas sociais que enfrentam, o grupo de estudo poderá trabalhar com temas-pro-blema, como esses abaixo propostos.

• Moradia e falta de infra-estrutura nos bairros pobres. Como é a vida em seu bairro? • Experiências com mudanças: você já mudou de escola, casa, bairro ou cidade? Conhece alguémou você mesmo já migrou do campo para a cidade? Ou de uma cidade maior para outra menor,

pensando que fugiria da pobreza?• Fome: você já passou? Tem ou teve outras dificuldades? E sua família?• Você conhece ou sabe de Trabalho infantil em sua família ou em sua comunidade? Como vo-cê reage a isso? E sua família e sua comunidade?

Como você, sua família e sua comunidade pensam a respeito de outras questões, igualmente im-portantes, como:

• Como é ser adolescente? Como é ser adulto?• Consciência ecológica.• A água – disponibilidade, abastecimento e uso.• Identidade cultural.• Respeito aos mais velhos.

B. Temas:

A partir da investigação, da tabulação dos dados e da análise de seus resultados, sugerimos quese realize uma discussão coletiva em torno dos seguintes temas:

Área de Ciências da Natureza• Adolescência: mudanças físicas e psicológicas.• Subnutrição e desnutrição.• Consciência ecológica e desenvolvimento sustentável. • Poluição dos rios. • Saneamento básico e sistema de saúde. • Gravidez na adolescência.

Área de Ciências Humanas• O campo e a cidade.• Mapas do Brasil – divisão política.• Bacias hidrográficas, em especial à qual pertence o Rio Jaboatão.• A água – uso racional. • Domínio holandês em Pernambuco – Batalha de Guararapes.• Desigualdade social nas cidades. • Trabalho infantil e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).• Relações sociais na adolescência. • Estudo e oportunidades de melhoria de vida. • Identidade cultural.

Área de Comunicação e Arte• Um mesmo idioma e muitos acentos: sotaques e expressões de linguagem que refletem as ida-des, os grupos sociais etc.• Narrativas de caráter regional: leituras, interpretação de textos e redações.• Redação de folhetos e cartazes para orientação da comunidade.• A arte como expressão cultural das pessoas e das comunidades: pintura, escultura, música,poesia, dança, representações e festividades folclóricas.

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C. Sugestões:

1. Gravidez na adolescênciaPesquisa em dados estatísticos, entrevista com jovens que estejam ou tenham passado por essa situ-

ação. Levar folhetos de postos de saúde sobre sexualidade e prevenção de gravidez e Doenças Sexual-mente Transmissíveis (DST) para leitura, reflexão e diálogo. Sugerimos reelaborar com a classe folhetoscontextualizados nos problemas do grupo, que poderão servir para divulgação na comunidade.

Sugerimos também uma discussão a respeito dos prejuízos e complicações de várias naturezasdecorrentes da gravidez das adolescentes, a partir do material obtido.

2. Cuidando da águaPropostas de ações visando ao uso racional da água dentro do ambiente familiar. Realização de

uma campanha conscientizadora na comunidade para evitar o desperdício e mau uso da água. Rea-lizar pesquisa das fontes de abastecimento de água. Buscar caminhos para solucionar problemaslocais de água e de esgotos.

3. Tem gente com fome“[...] O real problema que nos afligiu durante grande parte de minha infância e adolescência – o da fome. Fome

real, concreta, sem data marcada para partir, mesmo que não tão rigorosa e agressiva quanto outras fomes queconhecia.” (FREIRE, Paulo. Cartas a Cristina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994, p. 33).

O projeto, de nome inspirado no poema da música “Tem gente com fome”, de Solano Trindade, éorganizado com base nas respostas de pessoas de todas as idades, de diferentes classes sociais, pro-fissões, nível de escolaridade, à pergunta: Você já teve fome? O projeto pretende levantar as diferen-tes causas da fome e as ações existentes de combate a ela. Com as respostas em mãos, o grupo se-leciona as causas apontadas, bem como as melhores sugestões para resolvê-las. No final, analisama possibilidade de encaminhá-las às autoridades competentes, ou acionar organizações da socieda-de civil, ou ainda de formar equipes de voluntários para realizar as ações que estejam a seu alcance.

Tem gente com fomeLetra de Solano Trindade

Trem sujo da LeopoldinaCorrendo, correndo, parece dizerTem gente com fome, tem gente com fomeTem gente com fome, tem gente com fomeTem gente com fome, tem gente com fomeTem gente com fomeEstação de CaxiasDe novo a correrDe novo a dizerTem gente com fome, tem gente com fomeTem gente com fome, tem gente com fomeTem gente com fome, tem gente com fomeTem gente com fomeTantas caras tristes

Querendo chegar em algum destinoEm algum lugarSai das estaçõesQuando vai parando começa a dizerSe tem gente com fome, dá de comerSe tem gente com fome, dá de comerSe tem gente com fome, dá de comerSe tem gente com fome, dá de comerMas o trem irá todo autoritárioQuando trem parar...

4. “Eu me identifico”Conhecidas as formas culturais mais relevantes de sua comunidade (da região ou do país), cada

um escolhe aquela com a qual mais se identifica e organizam-se em grupos para discutir e encon-trar uma maneira de apresentá-la em público para defender a preservação daquela modalidade.

Podem ser consideradas aqui as manifestações folclóricas de usos e costumes locais, as diferen-tes formas de manifestação artística: literatura, música, dança, teatro e as diversas artes visuais.

LE I T U R A S C O M P L E M E N TA R E S :FREIRE, Paulo. Cartas a Cristina: reflexões sobre minha vida e minha práxis. São Paulo: Editora Unesp, 2002.FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. São Paulo: Olho d’Água, 1995.JUNIOR TELAROLLI, Rodolpho. Mortalidade infantil – Uma questão de saúde pública. São Paulo:Moderna, 1999.STRAZZACAPPA, Cristina e MONTANARI, Valdir. Pelos caminhos da água. São Paulo: Moderna, 1999. www.ibge.gov.br http://dtr2001.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pre_natal.pdf www.pernambuco.com/turismo/artesanato.html www.saudedacrianca.org.br www.sabesp.com.br www.uniagua.org.br

ATIVIDADE 3

A. Investigação:

A vida adulta de Paulo Freire até o momento em que foi para o exílio é contada na parte doalmanaque da página 19 a 30. Da leitura destas páginas certamente ressaltarão as questões rela-cionadas ao casamento, à família, à educação, ao trabalho, à conscientização e à ideologia. Assim,podem ser investigados dentro de sua comunidade:

• A sua ascendência quanto a: etnia, pessoas, relações afetivas; incorporação de outras pessoasà família por casamentos, apadrinhamentos etc.• Há analfabetos em sua família? Em que proporção o analfabetismo está presente em suacomunidade?• Como seus familiares e outras pessoas próximas foram alfabetizados?

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• As pessoas que você conhece valorizam a educação? Como? Por quê?• Trabalho – em que trabalham as pessoas de sua família? Como escolheram a profissão? Quala profissão que seus pais gostariam que você seguisse? Qual a profissão que você pretende se-guir e o que é necessário fazer para se preparar para exercê-la?• Arte e trabalho – há espaço para o trabalho artístico como profissão em sua comunidade?• Você possui um ideal? Qual? O que faz para que ele se converta em realidade? Você conhecealguém cuja conduta reflita verdadeiramente o ideal que tem?• Você acha que as pessoas de sua família e da comunidade são conscientes de seu papel de cidadãos?• Indicar exemplos de ações de pessoas de sua comunidade que refletem a sua consciência so-cial e ecológica e de ações que demonstrem comportamentos alienados da realidade ou cujo in-dividualismo prevalece sobre os interesses coletivos.

B. Temas:

A elaboração dos resultados pode levar à indicação dos seguintes temas para estudo nas áreas:

Ciências da Natureza• Análise de gráficos e tabelas sobre analfabetismo e alfabetização.• Leitura e compreensão dos dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).• Consciência ecológica e a preservação de espécies.• O uso racional dos recursos naturais – desenvolvimento sustentável.

Ciências Humanas• A família e a árvore genealógica.• A década de 1960 e o “poder jovem”.• Comparar o analfabetismo através da história entre brancos(as), negros(as) e índios(as).• As experiências de alfabetização.• Educação problematizadora, questionadora e crítica x Educação bancária.• Liberdade de pensamento e de expressão.• O que é ser cidadão – ações cidadãs.• O golpe militar de 1964.

Comunicação e Arte• Francisco Brennand: ceramista, pintor, escultor.• A linguagem das Histórias em Quadrinhos.• Notícias de jornal.• Teatro do Oprimido de Augusto Boal.• Arte-educação e suas dimensões: sentir, apreciar, refletir e criar arte.• Gêneros literários diversos, como a poesia.

C. Sugestões:

1. Projeto “Árvore Genealógica”Começando por si mesmo, cada educando pesquisa e registra os seguintes dados: nome, data e

local de nascimento / nomes completos de solteiros de seus pais, data e local de nascimento e docasamento deles. Os(as) alunos(as) devem ser orientados para prepararem uma folha padrão de re-

gistro de dados para os grupos familiares próximos – avós, bisavós, tios, primos –, na qual devem seranotadas: nome completo do pesquisado (nome de solteira e de casada das mulheres) / data e localdo nascimento / nomes dos cônjuges, data e local do casamento / data e local dos falecimentos /acrescente algum dado se achar importante, como,por exemplo, a profissão das pessoas.

Para as pesquisas, é importante usar fon-tes confiáveis: registros de nascimento,casamento, certidão de óbito, escritu-ras, testamentos, registros de batiza-dos em igrejas etc. Há também outrasfontes: cartas, cartões de felicitações epostais, convites etc, que podem ter si-do guardados como recordação.

Exemplo:Giovanni é filho de Sonia e Livio. Sonia é filha de José e Mirita. Livio é filho de Vicente e Antonia.José é filho de Manoel e Ana.Mirita é filha de João e Anna.Vicente é filho de João e Maria doCarmo. Antonia é filha de João e Ana.

2. “Projeto Cidadão”O que posso fazer para ter uma par-

ticipação mais ativa na minha comunidade? Como posso contribuir para o seu crescimento e paraa melhoria de vida das pessoas? Em resposta a essas indagações, os(as) alunos(as) constroem umprojeto de ação cidadã na área em que estejam mais interessados ou preparados para atuar.

3. “Anos dourados?”Debates a respeito dos anos 60 no Brasil e no mundo: cotidiano, moda, costumes, música, polí-

tica etc.

4. “Projeto alfabetizar”Os(as) alunos(as) podem fazer uma pesquisa de campo na comunidade, levantar dados e regis-

trá-los em gráficos para indicar a necessidade de ações voltadas para a alfabetização de jovens eadultos. Depois podem procurar instituições que realizam esse trabalho e oferecer-se para um tra-balho voluntário de apoio a essa ação.

5. “O oprimido no teatro”Experiências com jogos dramáticos propostos por Augusto Boal.

LEITURAS COMPLEMENTARES:BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.FREIRE, Paulo e GUIMARÃES, Sergio. Aprendendo com a própria história. V.1. Rio de Janeiro: Paz eTerra, 1987.

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Paulo Freire EDUCAR PARA TRANSFORMAR EDUCAR PARA TRANSFORMAR Paulo Freire

Giovanni

Sonia Lívio

Vicente AntoniaMiritaJosé

Manoel Ana João Anna João João AnaMaria doCarmo

II. CIDADÃO DO MUNDO

O segundo bloco do almanaque trata da vida e da obra de Paulo Freire no período de exílio, de1964 a 1979.

Trata, inicialmente, do contexto nacional do Golpe Militar e do afastamento de Paulo Freire doBrasil e, a seguir, focaliza Freire “andarilho” por vários países do mundo, entre eles: Bolívia, Chile,Suíça, Estados Unidos e países da África, onde realizou importantes trabalhos político-pedagógicos,principalmente como consultor de programas de alfabetização de adultos. Foram destacados os li-vros escritos nos anos de exílio, recortes de seu pensamento e informações paralelas sobre o GolpeMilitar no Brasil e a Anistia, como também aspectos relevantes sobre os países visitados por Freire.

ATIVIDADE 1

A. Investigação:

Sobre o contexto nacional do Golpe Militar, entre outros aspectos, podem ser investigados:

• Organização e estrutura política do estado militar.• O Estado de exceção: os Atos Institucionais – perseguições, torturas e mortes. • Movimentos sociais.• Tendências e movimentos culturais brasileiros.• Economia e desenvolvimento.• Organização social.• Cotidiano brasileiro (hábitos, costumes, gírias, comportamentos etc.).• Ciência e tecnologia.

B. Temas:

Das questões levantadas e investigadas, podem ser contempladas temáticas de distintas áreas:

Ciências da Natureza• Impacto ambiental na construção de grandes obras públicas.• Gastos nacionais e dívida externa.• Usina Nuclear de Angra dos Reis.• Rodovia Transamazônica.• Hidrelétrica de Itaipu.

Ciências Humanas• Ligas camponesas.• Reformas de base do governo Goulart.• Movimento estudantil.• Movimento sindical.• Comunidades Eclesiais de Base.

• Ações de resistência à ditadura (guerrilhas, passeatas, greves etc.).• Comunismo x capitalismo.• Democracia.• Guerra Fria.• Milagre econômico.• Dívida externa.

Comunicação e Artes• Teatro de Arena.• Movimento de Cultura Popular.• Ideologia nacionalista.• Cinema Novo.• Tropicalismo. • Textos literários do período.• Jovem guarda.• Festivais da Música Popular Brasileira (MPB).• Censura Federal.

C. Sugestões:

1. Análise de desenhoA análise do desenho de Ziraldo – exibido na página 34 – poderá iniciar adequadamente o es-

tudo desse bloco, que parte dos acontecimentos políticos de 1964 no Brasil. Esse desenho de Ziraldopode ser reproduzido na lousa, em tamanho bem grande. Melhor ainda se puder ser feito um car-taz reproduzindo o desenho com caneta grossa preta sobre fundo branco, à semelhança do mode-lo, ou em cores vibrantes, se o grupo considerar mais criativo.

Os(as) alunos(as), que certamente se organizarão em círculo, farão, inicialmente, uma leitura ini-cial da imagem, tecendo os seus próprios comentários. A partir daí, com a mediação problematiza-dora do(a) professor(a), ampliam-se as questões relacionadas à temática da Ditadura Militar. Nalinguagem freireana: eles fariam, com esse procedimento, primeiro a decodificação em superfície edepois a decodificação em profundidade.

A exemplo de Ziraldo, ao final do estudo do segundo bloco do Almanaque, os(as) alunos(as) po-derão ser incentivados a criar seus próprios desenhos (ou pintura, escultura, recorte e colagem etc.)sobre o período da Ditadura Militar no Brasil.

2. Ditadura Militar no Brasil – O que já sabemos e o que desejamos saber A primeira atividade acima abre caminho para uma discussão seguida da produção coletiva es-

crita da seguinte tabela:

Tema: O período da ditadura militar no Brasil

O que já conhecemos sobre o assunto O que queremos saber mais

Essa atividade pode ser complementada com a discussão sobre a questão: “Como e onde pode-mos obter as informações de que necessitamos?”.

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Paulo Freire EDUCAR PARA TRANSFORMAR EDUCAR PARA TRANSFORMAR Paulo Freire

3. Entrevistas Podemos iniciar por entrevistas junto a pessoas conhecidas, com idade em torno dos 50 anos ou

mais, para pesquisar o que elas sabem e como viveram esse período do governo militar no Brasil. É interessante planejar coletivamente o roteiro prévio das questões, mas o(a) aluno(a) entrevis-

tador(a) pode acrescentar novas perguntas, de acordo com o contexto e com o seu interesse.Exemplos de possíveis questões a serem propostas às pessoas entrevistadas:

Anotar nome (ou siglas do nome), idade, sexo, escolaridade, profissão da pessoa entrevistadae a data da entrevista. Depois assine o seu nome no final da página.

1- Qual era a sua idade e o que fazia em 1964, quando houve o golpe militar no Brasil?2- O golpe militar no Brasil foi positivo ou negativo para o povo brasileiro e a nação? Explique.3- O senhor/senhora conhecia Paulo Freire? O que sabia a respeito dele?

Elaboração dos dados: Os(as) alunos(as) se encontram novamente em aula, para socializar, discu-tir os dados e registrar uma síntese, a ser afixada em mural, e intitulada: Como o período da dita-dura militar no Brasil e o próprio Paulo Freire foram avaliados pelas pessoas entrevistadas.

4. PalestraOs conteúdos do texto-síntese das entrevistas deverão suscitar novas perguntas. Seria interes-

sante que os(as) alunos(as) escrevessem uma carta coletiva de convite a um(a) professor(a) deHistória ou de outra área qualquer do conhecimento, que conheça bem a história não oficial doBrasil na época, ou outra pessoa, que, necessariamente, esteja comprometida com a realidade queprecisa ser transformada, para ministrar uma palestra sobre o tema.

Elaboração dos dados: resumo das principais informações da pessoa palestrante e do que ela fa-lou devem ser, depois do encontro, afixado no mural da sala para, posteriormente, os(as) alunos(as)voltarem à temática para aprofundamento.

5. Música, poema, charge, filmeOferecemos aos alunos a oportunidade de ler as letras de músicas e poemas feitos por exi-

lados ou encarcerados na época da ditadura. O almanaque oferece poemas de Thiago de Mello,Pedro Tierra e Paulo Freire (“Recife sempre”, onde ele fala, já no exílio chileno, de sua prisão em1964, e “Canção Óbvia”, composta nos anos 70, em Genebra), além da música de Vandré. Hátambém um poema declamado por Dom Pedro Casaldáliga na página que focaliza o conceito deutopia, tão valorizado por Paulo Freire. Depois da interpretação inicial, os alunos poderão rela-cionar o que aprenderam sobre a utopia (o sonho possível), como por exemplo: “qual é a utopiapresente em cada uma dessas composições poéticas e musicais?”.

Que outras palavras-chave aparecem no conjunto dessas peças literárias? O que espera PauloFreire na sua “Canção Óbvia”? E como ele espera?

Uma análise semelhante de outras músicas de protesto, das décadas de 1960 a 1980, vai enri-quecer o estudo. Estimule seus(suas) alunos(as) a pesquisar em várias linguagens: músicas, poe-mas, cordéis, charges, vídeos, filmes documentários e de longa metragem etc. e o que dizem e pen-sam os seus autores sobre essa conturbada época da história brasileira. (Veja também as suges-tões bibliográficas).

Muito pertinente seria a comparação entre as músicas e outras linguagens artísticas de entãocom as de hoje. Por exemplo, algumas músicas atuais também denunciam as desigualdades e in-justiças sociais, a violência policial, o racismo, etc?

Podemos ainda assistir, com os(as) alunos(as), filmes que contextualizam a época (ver filmes in-dicados na sugestão bibliográfica) e debatê-lo com eles.

Elaboração dos dados: Produções escritas pelos(as) alunos(as), para essa parte do trabalho, irãocompor o quadro mural de textos selecionados sobre o estudo em pauta. Serão trechos escolhidosou a peça completa de poemas, músicas, paródias, listagem de palavras-chave, aprendizados signi-ficativos a partir da discussão sobre um filme assistido. É um momento oportuno para que o(a) pro-fessor(a) ajude seus alunos a definir e a diferenciar gêneros literários como prosa e poemas, char-ge, cartum e tiras de jornais e revistas.

6. Júri simuladoUm júri simulado nessa ocasião pode se tornar uma atividade muito interessante, desenvolvida

da seguinte forma: um grupo de alunos faz a defesa do Golpe Militar, representando as forças mi-litares, governamentais e não governamentais que lhe deram apoio. Outro grupo representa as for-ças militares, governamentais e não governamentais contrárias ao golpe. Um terceiro grupo será ojúri popular encarregado de apresentar um parecer final.

7. Leitura e discussão de novos textos: O estudo do segundo bloco do Almanaque se completa com a leitura de textos em jornais,

revistas e livros, selecionados da biblioteca da escola e da biblioteca pública da comunidadelocal, ou pesquisados na internet. (Neste caderno, há sugestões bibliográficas de livros e sitesna internet.)

Elaboração dos dados: este estudo pode resultar num texto-síntese escrito por alunos e alunas,sobre a Ditadura Militar no Brasil, com cópia afixada no mural da classe.

ATIVIDADE 2

A. Investigação:

Sobre o tempo de Paulo Freire no exílio, podemos desenvolver novas investigações e identificaraspectos gerais do contexto mundial, entre outros:

• A Guerra Fria.• Os movimentos revolucionários na África, América e Ásia.• As correntes ideológicas e sistemas econômico-políticos: comunismo x capitalismo.• A divisão internacional do trabalho.• As disparidades sociais: riqueza x pobreza.• Os movimentos relacionados ao “poder jovem”.• A descolonização afro-asiática.

B. Temas:

No período de exílio de Paulo Freire, podem ser contempladas temáticas das seguintes áreas:

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Paulo Freire EDUCAR PARA TRANSFORMAR EDUCAR PARA TRANSFORMAR Paulo Freire

Ciências Humanas• Revoluções: em Cuba, na Nicarágua e em ex-colônias portuguesas na África.• A guerra do Vietnã.• A corrida espacial e armamentista.• O movimento negro nos Estados Unidos.• O feminismo.• O apartheid.• A Primavera de Praga.• As revoltas estudantis em 1968.

Ciências da Natureza

• A introdução e o desenvolvimento da informática.• Os avanços da medicina.• O surgimento do movimento ecológico.• A demografia.• A chegada do homem à Lua.

Comunicação e Arte• A popularização do cinema americano.• Os jogos olímpicos e o seu uso midiático como propaganda das superpotências (EUA e URSS).• A popularização da TV.• A contracultura.

C. Sugestões:

1. Localização geográfica de países visitados por FreireCom um mapa mundi escolar, aberto na lousa, os alunos se reúnem em pequenos grupos, pa-

ra a localização dos principais países onde, no exílio, Paulo Freire desenvolveu projetos político-pedagógicos: Bolívia, Chile, Suíça, Estados Unidos e África (Tanzânia, Cabo Verde, São Tomé ePríncipe, Angola e Guiné-Bissau).

Por meio de um desenho esquemático do mapa mundi, no seu caderno, os(as) alunos(as) pode-riam traçar, com setas coloridas, uma espécie de rota, pelos países onde Freire teria feito sua “an-darilhagem” pelo mundo.

2. Lideranças políticas e culturais brasileiras no exílio Após o estudo dos(as) professores(as) e das professoras do segundo bloco do almanaque, po-

demos focalizar que, nos quase 16 anos de exílio, Freire escreveu livros que trouxeram significa-tiva contribuição para a práxis ético-político-pedagógica de diversos países, assessorou projetosnacionais de alfabetização e recebeu, no exílio e depois dele, uma enorme lista de prêmios, títu-los, medalhas e homenagens, pela importância do trabalho educacional que desenvolveu em vá-rios países e pelo conjunto de sua obra. Assim como Freire, outros brasileiros atuaram com digni-dade e competência no exílio.

Aos comentários iniciais dos(as) alunos(as) podemos acrescentar que no Brasil houve um ines-timável retrocesso para o seu desenvolvimento social e econômico e a perda significativa de lide-ranças políticas e culturais, além de sofrimento humano intenso, como fala a composição musical

abaixo. Apesar dessas perdas, o Brasil se projetou no mundo com a presença da inteligência brasi-leira, no exílio.

(...) Meu Brasil que sonha com a volta do irmão do Henfil / com tanta gente que partiu num rabo-de-foguete / Choraa nossa pátria, mãe gentil / choram Marias e Clarisses no solo do Brasil / Mas sei, que uma dor assim pungente / não há deser inutilmente, a esperança / Dança na corda bamba de sombrinha / e em cada passo dessa linha pode se machucar.(...)

O Bêbado e a Equilibrista – Aldir Blanc / João Bosco (fragmento)

3. Ler Paulo FreirePropor leituras de uma ou mais obras de Paulo Freire, para que os(as) alunos(as) possam, ano-

tando as frases mais significativas no caderno e refletindo sobre elas, iniciar uma introdução aosestudos sobre o pensamento freireano.

4. Países visitados por FreireNas páginas do Almanaque encontram-se dados sobre os principais países visitados por Freire. Antes

da leitura e da discussão sobre a caracterização de cada um desses países, os(as) alunos(as) podem lis-tar suas perguntas. “O que podemos saber mais sobre esses países por onde ‘andarilhou’ Paulo Freire?”

As perguntas podem ser categorizadas. Por exemplo: situação geográfica, dados populacionais,aspectos relevantes da história atual, índice de desenvolvimento humano, relações bilaterais com oBrasil, gastronomia típica desses países. O estudo pode ser feito em pequenos grupos com data mar-cada para um painel de apresentação, utilizando cartazes ilustrados com desenhos, principalmente.

Os(as) alunos(as) irão encontrar dados relevantes nas páginas do Almanaque, mas o estudo decada um desses países pode ser ampliado com pesquisas em livros didáticos e sites na internet, in-clusive os sites da Embaixada brasileira nos respectivos países e os sites desses países divulgadosespecialmente para brasileiros e brasileiras.

5. Vamos saber mais sobre a ÁfricaNo Almanaque demos um destaque para a África, tendo em vista a história de alguns países desse

continente na formação do povo brasileiro, a importância muito especial da África na vida e na obra dePaulo Freire e do papel deste no processo de libertação dos povos africanos do colonialismo europeu.

Relacionamos os “contrastes do continente africano”, particularmente a gravidade da situaçãoecológica do desmatamento, com problemas semelhantes na Amazônia. Esse paralelo pode seraprofundado. Podemos ainda incentivar a pesquisa e a criação de charges ou tiras humorísticas deconteúdo relacionado aos problemas atuais do meio ambiente.

6. Busca criativa de soluções Tendo em vista o paralelo entre o desmatamento na África e na Amazônia, desenvolvido na pá-

gina do Almanaque: “Contrastes no continente africano”, os(as) alunos(as) poderão redigir uma lis-ta de como nós podemos interferir nessa questão.

7. Intervenção coletiva na realidadeEscrever uma carta coletiva endereçada ao Ministério do Meio Ambiente, solicitando a intensi-

ficação do “Plano de Combate ao Desmatamento”. O objetivo é o desenvolvimento da responsabili-dade pessoal e coletiva de cada cidadão frente a esse problema de urgência nacional.

8. Marcas africanas no Brasil Essa página do almanaque convida ao resgate do que já é conhecido pelos(as) alunos(as) e a no-

vas atividades:

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Paulo Freire EDUCAR PARA TRANSFORMAR EDUCAR PARA TRANSFORMAR Paulo Freire

• Escrever receitas culinárias de origem africana (texto instrucional).• Recriar padrões de desenhos africanos em trabalhos artísticos.• Identificar trabalhos artísticos em modalidades diversas, de artistas africanos, afro-america-nos e afro-brasileiros. • Escrever uma lista de palavras (e significados) do vocabulário nacional de origem africana. • Manter uma conversação em duplas de colegas, empregando palavras de origem africana.• Pesquisar e detalhar festas e danças folclóricas de origem africana. • Detalhar a situação sociopolítica de pessoas negras no Brasil, os projetos de Movimentos daComunidade Negra e discussões sobre políticas afirmativas.

9. Socialização do conhecimento junto à comunidade localOs registros de sínteses escritas durante todo o estudo do segundo bloco devem ter sido afixados

em mural. Os alunos podem agora se organizar para um painel de apresentação oral, em que cada umescolhe um recorte do tema para comentar. Nessa ocasião, poderão convidar familiares e amigos.

O objetivo é socializar e oferecer à comunidade local algo do que aprenderam sobre o período daDitadura Militar e sobre o Exílio de Paulo Freire. Nessa apresentação, podem declamar versos, cantartrechos selecionados de músicas estudadas, dramatizar cenas breves, projetar slides dos seus dese-nhos produzidos em sala de aula, apresentar informações em jogral, comentar cartazes ilustrados etc.

SU G E S T Õ E S B I B L I O G R Á F I C A S :Músicas:• de Chico Buarque: “Cálice”, “Vai passar”, “Apesar de você”, “O que será”;• de João Bosco e Aldir Blanc: “O Bêbado e a Equilibrista”; • de Gilberto Gil: “Aquele abraço”.

Filmes que contextualizam a Ditadura Militar:• Jango, de Silvio Tendler (1984);• Cabra Marcado Para Morrer, de Eduardo Coutinho (1964-1984);• Muda Brasil, de Oswaldo Caldeira (1985);• Feliz Ano Velho, de Robert Gervitz (1988);• Lamarca, de Sergio Rezende (1994);• As Meninas, de Emiliano Ribeiro (1995);• O Que é Isso Companheiro?, de Bruno Barreto (1997);• Ação entre Amigos, de Beto Brant (1998).

Livros:• ARNS, Dom Paulo Evaristo. Brasil: nunca mais. São Paulo: Vozes, 1996.• CONY, Carlos Heitor; VENTURA, Zuenir & VERÍSSIMO, Luis Fernando. Vozes do Golpe (4 volumes). SãoPaulo: Cia. das Letras, 2004.• GASPARI, Elio. A Ditadura Envergonhada. São Paulo: Cia. das Letras, 2002.

Sites: • Fundação Perseu Abramo: http://www.fpa.org.br/especiais/golpe/index.htm• Vésper Estudo Direcionado : http://www.escolavesper.com.br/historiamain.htm• Estado de São Paulo – 1964 a 2004: http://www.estadao.com.br/1964/• 40 anos do golpe militar: http://oglobo.globo.com/especiais/64/default.asp• Regime Militar – personagens e fatos do período:www.conhecimentosgerais.com.br/historia-do-brasil/regime-militar.html• Resquícios da Ditadura – sobre mortos e desaparecidos: www.dhnet.org.br/denunciar/JusticaGlobal/RequiciosdaDitadura.html

III. CIDADÃO BRASILEIRO

O terceiro bloco do Almanaque trata da vida, da morte e da repercussão da práxis de PauloFreire, no Brasil e no mundo. Pontua importantes acontecimentos da vida de Paulo Freire, desde1980, quando volta a morar no Brasil, até sua morte, em 1997. Nos dias correntes, o pensamentodesse educador continua a inspirar não apenas projetos relacionados à alfabetização de jovens eadultos, mas projetos socioambientais, tecnologias sociais, redes de alfabetização, racionalidadeseconômicas alternativas pautadas na cooperação, no diálogo, na solidariedade.

ATIVIDADE 1

A. Investigação:

A primeira atividade deste bloco pode ser desencadeada a partir da leitura do “Parecer so-bre Paulo Freire”, de Rubem Alves, e, em especial, à seguinte explicação: “Quem dá um pare-cer empresta os seus olhos e o seu discernimento a um outro que não viu e nem pôde meditarsobre a questão em pauta”.

Num primeiro momento, podem-se levantar quais são os problemas que, aos olhos dos educan-dos, merecem ser mais bem conhecidos pela população da localidade onde residem e pelo poder lo-cal. Aspectos sociais, econômicos, socioambientais, culturais e político-administrativos podem serexplorados, tendo em vista despertar a percepção dos(as) alunos(as) para a qualidade de vida emseu bairro, ou mais amplamente, em sua cidade, em seu país.

A investigação pode iniciar-se com a pergunta: “Como é morar no lugar onde você mora?”, le-vando em conta as características locais:

• Infra-estrutura: saneamento, energia elétrica, telefonia, limpeza pública.• Presença de serviços básicos: creches, escolas, postos de saúde, hospital, transporte coletivo.• Áreas de lazer, centro esportivo e/ou cultural, praças e áreas verdes.• Ruas e prédios públicos e a acessibilidade a deficientes físicos. • Segurança pública no bairro.

B. Temas:

Alguns temas podem emergir e ser aprofundados em estudos e pesquisas coletivas, nas diversasáreas, tais como:

Ciências da Natureza• A relação entre o ciclo da água e o saneamento básico na região onde mora.• Conseqüências da poluição causada pelo depósito de lixo em locais inadequados para a saú-de da população e para a saúde da natureza (terra, rios, mananciais etc.) em sua região.• Relação entre a descarga industrial de produtos químicos no ambiente e a toxidade da água,da terra e do ar; legislação brasileira para os crimes ambientais.• Cálculo da média de horas gastas pelos pais ou familiares dos(as) alunos(as) para se desloca-

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Paulo Freire EDUCAR PARA TRANSFORMAR EDUCAR PARA TRANSFORMAR Paulo Freire

rem de casa ao trabalho, semanalmente, mensalmente e anualmente. Procurar dados estatísticossobre o desgaste físico, psicológico e econômico dessa população para os seus deslocamentos.

Ciências Humanas• Formas cooperativas de articulação da sociedade civil para o enfrentamento dos problemas lo-cais (associações de moradores em parcerias ou não com organizações não governamentais –ONGs, fundações e/ou poder público).• Educação para o trânsito, os direitos e os deveres do pedestre e do motorista; segurança nasvias públicas e nas estradas.• Os direitos do cidadão portador de necessidades especiais.

Comunicação e Artes• Os sinais de trânsito e outras linguagens e códigos, como o braile, a Libras (Língua Brasileirade Sinais).• Os esportes, as brincadeiras de rua, a dança e o teatro.• Produção de textos em forma de pareceres.

C. Sugestões:

1. “Conhecendo o bairro, eu me posiciono”Exploração dos principais problemas identificados no bairro onde moram os alunos, por meio de

pesquisas em grupo realizadas em livros, jornais, revistas e/ou internet e posterior socialização dassínteses com toda a sala. Para uma etapa seguinte de aprofundamento, propomos que sejam feitaspesquisas de campo. Para tanto, é importante que sejam previamente discutidos e estabelecidos nosgrupos roteiros de entrevistas, bem como pontos a serem observados pelos alunos.

A partir das reflexões coletivas em torno do problema investigado, cada grupo redigirá seu pa-recer, emprestando “os seus olhos e o seu discernimento a um outro que não viu e nem pôdemeditar sobre a questão em pauta”. Os pareceres poderão ser socializados, também com a co-munidade escolar, por meio de exposição, bem como ser endereçados a órgãos governamentais res-ponsáveis, associações de moradores ou a outras entidades ou organizações da sociedade civilenvolvidos com o enfrentamento/solução das questões levantadas.

2. Refletindo sobre éticaAinda pensando na formulação de pareceres, situações de injustiça costumam despertar indig-

nação. Mas nem toda indignação é traduzida em ação. Veja, abaixo, um trecho da letra da música“Indignação”, de Samuel Rosa e Chico Amaral, da banda Skank:

“A nossa indignaçãoÉ uma mosca sem asasNão ultrapassa as janelasDe nossas casas”

Analisando, com os(as) alunos(as), os sentidos da metáfora empregada nessa estrofe de“Indignação” e utilizando como referência o “Parecer sobre Paulo Freire”, de Rubem Alves, noAlmanaque Histórico (p. 51), é possível desencadear ricas discussões sobre Ética, a partir da inter-pretação dos alunos, tanto do trecho da letra Indignação como da postura de Rubem Alves, por terdado um parecer que foi uma recusa em dar qualquer parecer sobre Paulo Freire.

ATIVIDADE 2

A. Investigação:

• Análise de sua postura pessoal frente a situações de injustiça.• O que mais o(a) indignou nos últimos tempos? Qual foi a sua atitude?• Você já teve que dar um parecer sobre alguém? Em que situação?• Você é capaz de identificar situações de injustiça social em sua comunidade? Em sua cidade epaís? No mundo?• Há uma organização comunitária que discute essas questões?

B. Temas:

Nas áreas do conhecimento, podemos trabalhar:

Comunicação e Arte• O papel social da linguagem poética. • Denotação e Conotação. • Figuras de linguagem – metáfora.• Produção de textos dissertativos com foco nas atitudes solidárias.• Dramatização como forma de expressão, participação e engajamento nas questões sociais.• Desenho, história em quadrinhos, charge e outras formas de uso da criatividade a serviço datransformação social.

Ciências Humanas• A ética nas relações humanas.• Ação propositiva no enfretamento dos problemas cotidianos (participação, mobilização, orga-nização social etc.).

C. Sugestão:

1. Teatro na comunidadeMontagem de uma peça de teatro a partir da construção coletiva de uma história, baseada ou não

em fatos reais, em que um personagem ou grupo tenha sofrido alguma injustiça, com a produção dediversos desfechos para a história. Que desfechos podem ser produzidos a partir de uma indignaçãodo tipo “mosca sem asas”? E a partir de uma indignação que se converta em atitude, em decisão?

ATIVIDADE 3

A. Investigação:

Paulo Freire sofreu muito com a morte de sua primeira esposa, mas não se deixou abater. Em APedagogia da Esperança, reflete: “Tenho uma lealdade para com a minha sobrevivência” (AlmanaqueHistórico Paulo Freire, p. 50). O que isso quer dizer? A lealdade com a vida foi o que levou PauloFreire a continuar trabalhando e a se permitir, com coragem, amar outra mulher, Nita (Ana MariaAraújo Freire), com quem se casou, pela segunda vez.

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Paulo Freire EDUCAR PARA TRANSFORMAR EDUCAR PARA TRANSFORMAR Paulo Freire

Tomando essa passagem da vida de Paulo Freire como ponto de partida, podem ser investigados:

• Momentos da história de vida familiar ou de pessoas conhecidas dos(as) alunos(as) que “re-criaram” seu modo de viver, após a perda de uma pessoa querida, de um relacionamento impor-tante, de um emprego, de bens materiais. • As relações de solidariedade e compaixão entre as pessoas.• A indiferença de uns perante o sofrimento de outros.• A defesa da vida, local e globalmente.• Casamento, outras uniões conjugais, separação, filhos.

B. Temas:

Das histórias narradas, extrair temas a elas relacionados, que possam inspirar reflexões coleti-vas e pesquisas nas diferentes áreas:

Ciências da Natureza• A vida e a morte para a ciência (das células aos ecossistemas).• A defesa da vida como instinto presente em todos os animais.• Práticas alimentares, esportivas, saúde e longevidade.• Buscar saúde e evitar doenças, com modos de vida pró-ativos.• A influência das crenças religiosas na adesão a determinadas práticas médicas, tais como doa-ção e transfusão de sangue, doação e transplante de órgãos, métodos contraceptivos, pesquisascientíficas com células-tronco, embrionárias ou adultas etc.• Pesquisa com dados de número de casamentos na sua região.

Ciências Humanas• Os cerimoniais de casamento nas diversas religiões.• Os cerimoniais de morte nas diversas culturas.• A concepção de vida e morte nas diferentes religiões.• Causas mais freqüentes da mortalidade infanto-juvenil.

Comunicação e Arte• A vida e a morte na prosa e na poesia.• Leitura e produção de textos literários.• Elaboração de cartazes sobre solidariedade e desarmamento.• Seminários sobre Cultura da Paz.• Elaboração de história em quadrinhos.

C. Sugestão:

1. Projeto coletivo: “A vida sustentável no planeta – Saber cuidar”Pesquisar as principais ameaças à sustentabilidade dos diversos ecossistemas do planeta, bem

como movimentos e projetos, globais e locais, legislação e acordos internacionais que, na atualida-de, buscam reverter ou minimizar os efeitos dos diversos desequilíbrios ecológicos e socioambien-tais, acentuados pela ação humana, nas últimas cinco décadas. Além da exposição das pesquisasfeitas, sugerimos a produção de crônicas, contos, poemas, desenhos, pinturas, colagens, músicas,entrevistas, encenações teatrais a partir dos temas específicos levantados durante a pesquisa ou apartir de sua socialização.

ATIVIDADE 4

A. Investigação:

A educação escolar pública, a escola democrática e sua função social, a vida e a gestão da esco-la, a construção do conhecimento, a relação de alunos(as) com a comunidade escolar, a professorae o professor como profissionais e não como “tios” são temas interligados que despontam nas pági-nas 51, 52, 53 e 59 do Almanaque Histórico Paulo Freire.

• Que tal conhecer um pouco mais sobre o que os(as) alunos(as) têm a dizer uns para os outros e,especialmente, para seus professores, a respeito do que aprendem com a vida na escola e fora dela?• Há escolas em número suficiente em sua região em função da demanda?• Existe oferta para continuidade dos estudos na mesma escola?• Há a necessidade de mudar de bairro ou até mesmo de município para a garantia da continui-dade dos estudos?• Os alunos e as alunas prestigiam a escola? Cuidam de seu patrimônio?• Eles e elas se sentem valorizados nela?• A escola é aberta à comunidade? • O que as crianças esperam de uma escola?• Existem conselho de escola, grêmio ou outros instituidores da gestão democrática?• Quais as suas propostas para que a sua escola se torne um lugar de maior alegria e participação? • Como tornar tais propostas reais?

B. Temas:

Ciências da Natureza• Pesquisa sobre o espaço da escola do bairro (metragem das salas, estado de conservação, re-cursos materiais e humanos existentes, equipamentos etc.).• Proporção de área verde e área construída.• Construção de gráficos com número de alunos matriculados ou que abandonaram a escola nosúltimos dois anos.• Levantamento de projetos desenvolvidos.

Ciências Humanas• Levantamento do histórico da escola.• Resgate de memória, mostrando como era a escola dos pais dos(as) alunos(as) e como é agora.• Estudo cartográfico da escola no bairro.• Pesquisa sobre a relação entre escola e comunidade.

Comunicação e arte• Levantamento da biografia do patrono da escola.• Pesquisa da cultura popular local.• Concursos de redação e poesia.• Intercâmbio com alunos de outras escolas.

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Paulo Freire EDUCAR PARA TRANSFORMAR EDUCAR PARA TRANSFORMAR Paulo Freire

C. Sugestões:

1. Conhecendo mais nossos alunos e nossas alunasOs principais temas levantados na investigação podem ser explorados por meio de dramatiza-

ções, desenhos, colagens ou, num jogo de faz de conta, por meio de cartas endereçadas a estudan-tes de outros estados, de outros países ou de um outro tempo – cartas endereçadas às futuras gera-ções, como memórias do presente. São atividades lúdicas e ficcionais, usadas como recurso paratratar de questões e valores concretos, históricos e/ou relacionados à vida cotidiana.

Resgatar, na leitura dos nossos alunos e alunas, qual é a concepção de sua participação na vidada escola, passando pela recuperação histórica do que foi e do que é, atualmente, o movimentoestudantil.

Qual o olhar de alunos(as) e de professores(as) para as transformações do mundo da comunica-ção e suas inter-relações com a escola?

2. Projeto “A mesa do professor”Tomando como referência a paródia de Vera Lúcia C. Leite, “A mesa do professor”, Almanaque

Histórico Paulo Freire (p. 52), sugerimos as seguintes atividades:

• Na primeira estrofe, a autora utilizou palavras que demonstram a transformação da naturezaem objetos utilizados pelo professor em seu trabalho; além de mesa, papéis, livros, cadernos. Nasegunda estrofe, a autora traz palavras que ampliam a relação do homem com o mundo, pormeio dos símbolos: o nome, que marca a singularidade de cada sujeito, os números, que permi-tem contar, medir, quantificar, antever situações futuras. Os(as) alunos(as) poderão discutir quaisprofissionais necessitam da matemática para desenvolverem seu trabalho, dando exemplos. • Propor aos alunos a escolha de um profissional como personagem central de um texto poéti-co construído a partir de “A mesa do professor”. Caso o profissional escolhido não necessite deuma “mesa” para desenvolver seu trabalho, que outros objetos, instrumentos ou equipamentosestariam presentes no seu dia-a-dia? O texto pode ter o caráter de homenagem à profissão deum dos familiares ou, simplesmente, referir-se a uma profissão admirada pelo(a) aluno(a). Porque determinada profissão foi a escolhida? Qual a sua importância para a vida em sociedade oupara o bem viver do cidadão que necessita de seus serviços? Que virtudes desejáveis os(as) alu-nos(as) associam ao desempenho de tal trabalhador?

3. Conhecendo melhor os projetos de Educação de Jovens e AdultosVimos, na página 54 do Almanaque Histórico, projetos como o MOVA-BRASIL e o BB-Educar. Em

muitas regiões, iniciativas semelhantes podem existir envolvendo empresas, órgãos públicos e movi-mentos sociais.

• Sugira uma investigação sobre a existência de cursos para jovens e adultos nas proximidadesonde os(as) alunos(as) residem. São cursos mantidos pela Prefeitura, pelo Estado ou são fruto dainiciativa e organização dos movimentos sociais, associações de moradores, cooperativas da re-gião etc? Seria interessante que os(as) alunos(as) pudessem fazer entrevistas com representan-tes desses movimentos, associações ou cooperativas, com foco nas estratégias de comunicaçãoutilizada para divulgarem suas ações e produtos. Se pouco conhecidas, como ajudar na divulga-ção dessas iniciativas? • Socialização dos resultados da pesquisa com toda a escola, com a intenção de ampliar a aber-tura da escola à realidade local.

4. Recuperando o saber popularNa página 55 do Almanaque Histórico, temos: “As Tecnologias Sociais podem combinar saber

popular, organização social e conhecimento técnico-científico. Importa, essencialmente, que as so-luções sejam efetivas e reaplicáveis (multiplicáveis), propiciando desenvolvimento social em gran-de escala. Um exemplo de tecnologia social são as cisternas de placas pré-moldadas, que muito têmatenuado os problemas de acesso à água de boa qualidade à população do semi-árido”.

Outra tecnologia social é o conhecido soro caseiro, cuja ação é eficaz, com custos baixíssimos eproveniente da sabedoria popular.

Solicite aos alunos o levantamento do saber popular que as pessoas da comunidade detêm so-bre receitas caseiras com ervas medicinais. Após essa investigação, divulgue com cartazes, livretose/ou outras formas de socialização dos resultados.

5. Prestando homenagensPaulo Freire é o educador brasileiro que mais homenagens recebeu em vida (Cf. p. 60, 61 e 62).

É possível resgatar a história, a cultura, os valores e as crenças locais, observando os marcos da ci-dade, seus monumentos, nomes de rua, de bairros, de praças, avenidas. Em Estocolmo, uma grandeescultura de pedra, feita pela artista sueca Pye Engstron, em 1972, foi uma homenagem da artistaa homens e mulheres que lutaram contra a opressão. Paulo Freire é representado ao lado de PabloNeruda, Ângela Davis, Mao Tse-Tung, Sara Lidman, Elise Ottosson-Jense e Georg Borgström.

• Sua cidade presta alguma homenagem a Paulo Freire? Qual? Há outras pessoas que merecemser homenageadas? Quem são elas? Por que foram homenageadas? Como foram ou são home-nageadas? Discuta com os seus alunos qual é o sentido de se homenagear publicamente alguém.• Solicite uma pesquisa que levante quais pessoas do bairro, da cidade, do país e do mundo sãohomenageadas por sua cidade ou localidade. Por que razão? Existe algum padroeiro? Existe al-gum monumento? O que ou quem ele(s) representa(m)? • Para quais causas, virtudes, acontecimentos seus alunos construiriam um monumento, fariamuma música, um manifesto, um poema, um livro, uma obra de arte? Proponha uma mostra, naescola, de homenagens prestadas por seus alunos a pessoas que abraçaram causas sociais.

6. Por um mundo melhor“Em 2005, inauguramos a Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável. A

Unesco, por meio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, coordenará as açõesvoltadas para o decênio, com o principal objetivo de estimular os países-membro da ONU a incorporarem o con-ceito de desenvolvimento sustentável em suas políticas educacionais. Para tanto, propôs oito Objetivos para oDesenvolvimento do Milênio (ODM), a serem alcançados até o ano de 2015.” (http://www.unesco.org.br)

Esses objetivos podem ser objeto de trabalho interdisciplinar:

• Mediante pesquisa de campo, podem ser identificados e investigados, localmente, os princi-pais problemas e causas que mantêm correspondências com os problemas e causas para os quaisforam estabelecidos os ODM. • O que tem sido feito para se enfrentar os principais problemas detectados e investigados?

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Paulo Freire EDUCAR PARA TRANSFORMAR EDUCAR PARA TRANSFORMAR Paulo Freire

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Paulo Freire EDUCAR PARA TRANSFORMAR

GUIA DO PROFESSOR

Paulo Freire – Educar para Transformar

Coordenação GeralMercado Cultural

Coordenação de ProduçãoFlávia Diab

Coordenação de AdministraçãoCléo Assis

Coordenação PedagógicaJason MafraSonia Couto

Textos e AtividadesJosé Eustáquio RomãoMaria José ValeSandra BenedettiSonia Maria Gonçalves Jorge

Consultoria Alípio CasaliLisete ArelaroMoacir GadottiRicardo HascheVera Barreto

CuradoriaAna Maria Araújo FreireLutgardes Costa FreireInstituto Paulo Freire

ProduçãoMaria OliveiraNoêmia Inohan

Revisão de TextosBeatriz de Paoli

ImagensAcervo Ana Maria Araújo Freire, Acervo Filhos Paulo Freire,Acervo Instituto Paulo Freire

Projeto Gráfico e DiagramaçãoMiriam Lerner

CapaLula Ricardi – XYZ Design

Fundação Banco do Brasil

PresidenteJacques de Oliveira Pena

Diretor Executivo de Desenvolvimento SocialAlmir Paraca Cristóvão Cardoso

Diretor de Ciência & Tecnologia & CulturaLuis Fumio Iwata

AssessoraMaria Helena Langoni Stein

Petrobras

PresidenteJosé Sergio Gabrielli

Gerente Executivo de Comunicação InstitucionalWilson Santarosa

Gerente de Comunicação NacionalLuis Fernando Nery

Coordenadores do Projeto MemóriaJanice DiasLenart Nascimento Filho

Instituto Paulo Freire

Diretor GeralMoacir Gadotti

Diretores PedagógicosÂngela AntunesPaulo Roberto Padilha

Diretora de Relações InstitucionaisSalete Valesan Camba

Coordenadores do Projeto MemóriaJason MafraSonia Couto

ColaboradoresAnderson AlencarAlex RibeiroFlander Calixto