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Guia Cultural Rio de Janeiro julho de 2004 - ano 1 - n o 2 Portas abertas ao futuro, sem esquecer o passado

Guia Rio de Janeiro Cultural - camaradecultura.orgcamaradecultura.org/guia02.pdf · importante campeonato regional do Brasil, ... menos ameaçadora em seu folclore sangrento quan-

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GuiaCultural

Rio de Janeirojulho de 2004 - ano 1 - no 2

Portas abertasao futuro,

sem esquecero passado

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Caros Leitores,

Com o segundo número do Guia Cultural doRio de Janeiro, iniciamos a consolidação de umveículo cultural que, mais do que inovador, bus-ca trazer informação e conhecimento culturalaos habitantes do Estado e aos seus visitantes.

O Rio de Janeiro possui uma imensa diver-sidade cultural que pretendemos destacar e di-vulgar, resgatando, sempre que possível, os gran-des destaques dos serviços culturais de cadalugar, quer seja uma cidade ou um bairro.

Nossa proposta de valorizar a ambiênciacultural é baseada no fato de que o relacio-namento humano com o componente urba-no — sua identidade, arquitetura, paisa-gem, história, tradições e seus símbolos —é o que nos faz encontrar o “nosso lugar”.

Destaco, ainda, que a primeira edição es-gotou-se rapidamente, principalmente pela de-manda das escolas e dos hotéis. Garanto queestaremos aumentando a tiragem na exatamedida em que possamos contar com o apoioe o patrocínio de empresas que acreditem nosvalores culturais do Estado do Rio de Janeiro.

Neste número, que destacamos o Bairrode São Cristóvão, estou certa de que os lei-tores encontrarão vários símbolos culturais,de uma região que sempre demonstrou asua importância na história de nosso País.

Agradeço o apoio de todos e espe-ro que tenham uma boa le i tura.

Regina LimaPresidenteCâmara de Cultura

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Os telescópios são uma das principais atrações do MAST

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Ano I — No 2 — julho de 2004 — Impresso O Guia Cultural do Rio de Janeiro é uma publicação da Câmara de Cultura. Diretora Executiva: Regina LimaEditor e jornalista responsável: André Comber (JP 25349 RJ)Diretor comercial: Joe RodriguesProgramação Visual, fotografia e Diagramação: Raphael ComberRevisor: Adilson dos Santos (JP 14455/65/09)Fotolitos e Impressão: Empresas Ediouro PublicaçõesRua Nova Jerusalém, 345 - Bonsucesso - cep. 21.042-235 - Rio de Janeiro - RJTelefones: 3882-8337/3882-8375. E-mail: [email protected]: 10.000 exemplaresEndereço: Rua São José, 90, grupo 1.106 — Centro — RJ — CEP 20.010-020Telefone: PABX (21) 2215-5515 — Fax (21) 2215-8689 E-mail: [email protected] O Guia Cultural do Rio de Janeiro não se responsabiliza pelos conceitos e opiniões emitidos emmatérias assinadas e artigos.

São Cristóvão

O ideal seria separar São Cristóvão em ca-pítulos: dos índios tamoios; dos jesuítas;do Campo de São Cristóvão; da chegadade Dom João VI; do império de Dom PedroI e II; da Quinta da Boa Vista; da industria-lização pós-república; do proletariado; daimigração nordestina; do comércio de va-rejo e atacado; dos clubes de futebol; deSanta Genoveva; do Museu Nacional; danova Feira de Tradições Nordestinas, en-fim. Entrei com a pauta acreditando que obairro fosse um e saí conhecendo vários.‘São Cristóvãos’ que nós do Guia Culturaldo Rio de Janeiro apresentamos aqui, nes-ta edição, num apanhado sucinto destaimportante região da cidade que pede eprecisa de um pouco mais de atenção.

André ComberEditor

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Pode parecer estranho, mas a primeira lembrança que vem à cabeça quando se fala em São Cristóvão não são as deliciosas opções de gastronomiae cultura que se concentram – escondidas, umas; es-cancaradas, outras – naquele enclave de saudade e fruiçãodo Rio de Janeiro. Nem bem o acanhado e simpáticoestádio do São Cri-Cri, que pontua como um frag-mento de paspatur a inimaginável Linha Vermelha demeus idos de infância. O que me vem à cabeça, naforma de pesadelo e sonho simultâneos, é o estádiode São Januário, cuja localização meu GPS espiritualse recusa a plotar no bairro que hoje leva o nome deum navegante português que deu origem a um clubeque se transformou de vítima a algoz de minhas per-turbações e êxtases tricolores. Taí a razão do pesa-delo. O sonho...bem, o sonho diz respeito ao palcoda primeira exibição daquele timaço que ganhou tudoo que disputou enquanto carregava estádio adentro abandeira das três cores que traduzem tradição.

O ano era o da graça de 1983. O Fluminense estrea-va no Campeonato Carioca. Não o Carioca das ligas pica-retas que asseguram vida longa aos espertos e perplexi-dade aos sensíveis. Falo do insuperável Carioca, do maisimportante campeonato regional do Brasil, onde a cena ea contracena eram divididas pelos maiores craques queesta nação de craques produziu tal galinha poedeira. OCarioca era o Brasil. Do outro lado, imaculadamente bran-co, o simpático e tradicional São Cristóvão, sangrando otriste ocaso a bordo de uma experiência que a todos osamantes do futebol se anunciava como a realização deuma utopia: uma cooperativa de jogadores, sem cartolas.Com aquela camisa branca que não admitia — único casono Brasil — segundo uniforme, estavam ali muitos ídolosem decadência, lutando romântica e bravamente contra aação do tempo e pelo prato de comida: Rodrigues Neto,Gil e Orlando Lelé, ex-Seleção brasileira; Rui Rei, ex-

Corinthians; Zé Maria, um lateral genérico do Marco An-tônio que andou experimentando brilhareco na Máquinado Riva; outros menos votados; e Edu, o extraordinárioponta-esquerda que foi à Copa aos 16 anos e integrou oSantos de Pelé, uma orquestra de performances memo-ráveis. O Fluminense ganhou bem, muito bem, mas fi-cou uma cica renitente em minha esperança, aoprotagonizar uma valsa triste de despedida, cujos acor-des frouxos caíam sobre o gramado com o peso simbó-lico de um fósforo riscado. Um misto de esperança e fim.

Nunca mais vi o São Cri-Cri jogar. Dali, com osistema de acesso e descenso, o glorioso alvinegroda Figueira de Melo só voltou aos jornais por umavez: pela menção oblíqua ao fato de ter revelado ummenino franzino que encantava os velhinhos que ain-da guardavam em seu orgulho, com os negativos pas-sando em seqüência, uma história que começou nasregatas que se sucediam quando a Baía de Guanabaraainda dava o ar de sua graça até o entorno da Igrejada Matriz, no Caju. O menino franzino ganhou o mundoe se fez fenômeno. O São Cristóvão, entre as glóriase o suspiro que fizeram de seu enredo um encadearsimultâneo ao do século 20, pontificou e ruiu. De SãoCistóvão Athletico Club a São Cristóvão Futebol e Re-gatas. Venceu as mais importantes modalidades es-portivas, e abraçou de branco — todinho de branco— o troféu de campeão carioca de futebol em 1926.

Hoje, sempre que, tomado de coragem súbita,respiro fundo e encaro a Linha Vermelha, sinto-amenos ameaçadora em seu folclore sangrento quan-do do elevado me pego distraído olhando de es-guelha para o velho estádio da Figueira de Melo.

E i m a g i n o u m m u n d o t o d o d e b r a n c o ;s e m s e g u n d o u n i f o r m e .

Beto Sales — cronista

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crcrcrcrcrôôôôônicanicanicanicanicaSem segundo uniforme

índiceíndiceíndiceíndiceíndiceMuseu Nacional

O caminho de São Cristóvão

Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas

Entrevista: Agamenon de Almeida

Museu de Astronomia

Agenda Cultural

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O bucolismo da Quinta

contrasta com o São Cristóvão

industrial/comercial

Raphael Comber

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186 anos de Museu Nacional

O Museu Nacional completou 186 anos no dia 08 dejunho com a inauguração da exposição Mostra deobras raras, com parte das gravuras e in fólios

recuperados recentemente, após terem sido furta-dos da instituição. Foram furtados ou danificados28 títulos de sua coleção, alguns sumiram enquan-to outros tiveram gravuras arrancadas. Dois títulose cerca de 35% das gravuras foram recuperados.

A mais antiga instituição científica do Brasil, o MuseuNacional foi criado por D. João VI, em 1818. Inicialmentesediado no Campo de Sant’Ana, o Museu Real foi transfe-rido para a Quinta da Boa Vista em 1892, ocupando desdeentão o Paço de São Cristóvão. Em 1922 passou a se cha-mar Museu Nacional. Foi incorporado à Universidade do

Brasil em 1946. Atualmente integra o Fórum de Ciênciae Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Possui as maiores coleções da América Lati-na em Ciências Naturais e Antropológicas que ocu-pam uma área de 3.800 metros quadrados, comaproximadamente 10.000 peças em exposição —parte de 20 milhões de itens das coleções cien-t í f icas conservadas e estudadas na inst ituição.

Entre os destaques do acervo está um dos únicosexemplares de múmia enfaixada com os membros se-parados. Os esqueletos de três preguiças gigantes e aréplica do esqueleto do dinossauro Santana Placidus, omais primitivo dinossauro da linhagem do tiranossauro.É no Museu que também está o crânio de Luzia, o

fóssil humano mais antigo jáencontrado nas Américas.

A Biblioteca foi abertaem 1863 e possui acervode quatro mil t ítulos espe-cial izado nas áreas de ci-ências naturais e antropo-lógicas. Com muitos itensdoados por D. Pedro II, acoleção de obras raras temgrande importância por tero s p r i m e i r o s r e g i s t r o sda fauna e f l o ra do pa í s .

Visitação de terça a domin-go, das 10 às 16h. EntradaR$ 3,00. Grátis para maioresde 65 anos e menores de 10.Quinta da Boa V i s t a , s /n .T e l . : 2 1 - 2 5 6 8 - 8 2 6 2 .www.museunacional.ufrj.br.

Logo na entrada do museu, os três esqueletos de preguiças gigantes

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O Paço de São Cristóvão

é a lembrança mais forte da era imperial

Raphael Comber

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Quem pára em fren-te à Igreja de SãoCristóvão, na RuaPadre Seves, ondehoje se assentauma bela p r a c i -nha , n ão ima-gina que numaépoca longínqua omar da Baía daGuanabara batiaem suas portas.As águas hoje es-tão distantes,nem mais sãovisíveis, impedi-das por enor-mes cons-truções.

A igreja em estilo gótico-romano nada tem a ver com a antiga capela

que dava as graças para a Baia da Guanabara

Raphael Comber

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No fim do século XVI,porém, a Baía era aporta de entradad o b a i r r o , p o ronde Estácio de Sáiniciou sua batalha

para expulsar os índios Tamoios. Do-ada aos jesuítas — primeiros coloni-zadores da grande sesmaria que ia

do Rio Comprido a Inhaúma — co-meçou a ser ocupada com a cons-trução de uma pequena igrejinha,

a beira-mar, a quem os religiososderam o nome em homenagem aSão Cristóvão, fazendo tudo parteda fazenda de mesmo nome.

Onde hoje se encontram grandesarmazéns, uma pequena vila de pes-cadores se formava e a igreja virouuma parada quando aberto o Caminhode São Cristóvão, primeira estrada deligação da vila colonial do Rio deJaneiro com os engenhos do interior.

A chegada da corte

Os jesuítas foram expulsos dosdomínios portugueses em 1759 e aFazenda São Cristóvão, bem comotoda área da antiga sesmaria,seqüestrada. Suas terras foramdivididas em diversas propriedadescom características de quintas, comocupação e propriedades definidas.

Da antiga fazenda, uma daspropriedades, a Quinta da Boa Vista,foi adquirida por Antônio Elias Lopes,um rico comerciante, enquanto par-te do Engenho Novo passou para asmãos do Capitão de Milícias JoséPaulo da Mata Duque Estrada.

Elias Antônio Lopes construiu

a Quinta da Boa Vista e o Paçode São Cristóvão como sua resi-dência de descanso. Com a che-gada da Família Real, doou a pro-priedade a D. João VI, a trans-formando em morada do monarca.

D. Pedro e D. Leopoldina pas-saram a residir na Quinta da BoaVista após o casamento em 1817.Também na Quinta cresceu e foieducado D. Pedro II, promoven-do várias reformas na proprieda-de, inclusive nos seus jardins.

Bairro nobre

A residência da corte incen-tivou o crescimento da populaçãoe as chácaras em torno das pro-priedades reais aos poucos foramdesmembradas e loteadas, dan-do origem a novas ruas e inten-sificando a ocupação do bairro.

Morada de nobres e ricos,foi uma das primeiras regi-ões da cidade a contar comboa infra-estrutura, como li-nhas de bondes, água e ilumi-nação públ ica. Essas mesmasvantagens atraíam cada vez maisgente e no final do século XIX SãoCristóvão já tinha um considerá-ve l cont ingente populac iona l .

A República

A Proclamação da República foium passo grande na transformaçãodo bairro. De repente tudo o quetinha a ver com o império, bemcomo o período colonial, foi deixa-do de lado, como para que fosse

e s - q u e -cido. OPaço de São Cristó-vão perdeu importância com aRepública, apesar de sediar a Consti-tuinte de 1891. A grande mansão foitransformada em 1893 no Museu Na-cional. O palácio e seus jardins fica-ram abandonados. Sofreu uma res-

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tauração em 1909, quando NiloPeçanha mandou resgatar as carac-terísticas originais, além de cercartoda a área do parque.

A elite migrou para bairros comoBotafogo e Laranjeiras. De região no-bre São Cristóvão se transformounuma área industrial, exatamenteporque contava com boa infra-estru-tura e a mão-de-obra de um prole-tariado formado pelo excedente deex-escravos e imigrantes cadavez mais presente em suas ruas.

Pólo Industrial

Com a expansão do café houveum boom industrial na região, dado aproximidade do porto, perto do Cajue ao lado dos armazéns e trapiches ea grande concentração de mão-de-obra, além de abastecimento d´água.

O Prefeito Pereira Passos esti-mulou o processo, no início do sécu-lo XX, construindo a Avenida do Caise modernizando o Porto do Rio. A IGuerra Mundial forçou uma maioratividade fabril. Já durante o EstadoNovo, a legislação enfim definiu SãoCristóvão como zona industrial.

Foi aberta a Av. Brasil e os terre-nos da área valorizaram. Grandes in-dústrias venderam lotes a altos pre-ços e se transferiram para outros lo-cais menos valorizados, mas servidospela Brasil. São Cristóvão passou aconcentrar pequenas indústrias e co-mércio atacadista. O bairro chegou acontribuir com quase 50% do ICM domunicípio e tinha o 4o parque indus-trial da América do Sul e 2o do país.

Os anos 50

Na década de 50 o Campo deSão Cristóvão passou a ser ponto fi-nal dos caminhões paus-de-arara quevinham do Nordeste. O comércio sepopularizou com a aglomeração deimigrantes nordestinos e aos poucosa famosa Feira de São Cristóvão foitomando forma. Com a ExposiçãoInternacional de Indústria e Comér-cio também nos anos cinqüenta seinicia a construção do Pavilhão.

E a Igreja de São Cristóvão – quenada tem a ver com a primeira igreji-nha que dava as graças para quemnavegava na Guanabara – acabou porse esconder atrás de tantas transfor- C

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mações, uma síntese dos longos ca-minhos que levaram ao bairro de hoje.

Alterando o PEU

Um importante passo para umareestruturação do bairro de São Cris-tóvão está sendo dado, com o apoiode moradores e comerciantes. Tra-mita na Câmara de Vereadores doMunicípio um novo PEU (Programa deEstruturação Urbana) para a região.

O texto propõe o aumento dogabarito em suas ruas, que pode-rão abrigar edificações com até dozeandares. Dessa forma procura esti-mular a retomada do bairro comoárea residencial. Também nessesentido, o PEU garantirá a preser-vação de 330 imóveis históricos coma criação de uma Apac (Área dePreservação do Ambiente Cultural).

Para o presidente da CâmaraComunitária de São Cristóvão,Maurício Mendes, a aprovação doPEU será um novo marco históricopara o bairro e permitirá que SãoCristóvão prospere econômica esocialmente num futuro próxi-mo. Estamos todos na torcida.

Grandes terrenos do bairro foram sendo ocupados por

indútrias ao longo do século XX

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Que feira é essa?

Adeus aos paus-de-arara

Os paus-de-arara são uma lembrançade épocas passadas e muitos nordestinosfazem o caminho de vol-ta para casa ou parabandas no interior do Bra-sil. No Rio de Janeiro a co-munidade ganhou força,se organizou e semisturou, acabandopor influenciar muitoa cultura carioca. De imigrantes passarama força política e formadores de opinião inseri-dos completamente na rede social da cidade.

Talvez a nova Feira reflita essa mudança e tambémo crescente interesse do Rio pela sua veia cultural nor-destina. Ela está mais organizada e por ser dentro doPavilhão passa uma segurança maior aos freqüentadores,o que naturalmente atrai setores da elite carioca.

Seu horário de funcionamento não mudou, de sextaa domingo sem parar, sem fechar. E a entrada, como não

poderia deixar de ser, é de graça.Os banheiros, que no começo muitagente reclamou porque custavamR$1 cada visita, agora, por esse pre-

ço, vale quantas idas quiser. Éjusto, não só pela limpeza, maspela grande quantidade deles.

A Prefeitura, idealizadora doespaço, disponibilizou dois gran-des palcos, um de cada lado dopavilhão para show, e deu o

nome a todas as suas ruasem homenagem a personali-dades e estados nordestinos.Como antes, a música rola

solta em quase todas as barracas,ou estandes, deixando uma ver-dadeira miscelânea de som no ar.

As barracas

A distribuição do espaço dentro do

P ara quem conheceu e freqüentou a Feira de Tradições Nordestinas quan- do ela ainda se espalhava em volta do Pavilhão, colorindo as ruas do Campo de São Cristóvão com o azul das centenas de barracas desorga- niza das, a reação ao chegar em seu novo espaço é sem dúvida de arrepio.Dentro do Pavi lhão a antiga Feira de São Cristóvão, atualmente Cen-

tro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, saiu de popular e caótica paratornar-se um megacomplexo de entretenimento organizado e mais el i t izado.

Para alguns foi uma homenagem mais do que merecida à comunidadenordestina aos imigrantes que há cinqüenta anos começaram a chegar so-bre os primeiros paus-de-arara no Campo de São Cristóvão. Foram eles que,se reunindo em quantidades cada vez maiores, montaram as primeiras barra-cas para comprar, vender e escutar a mús ica t íp i ca de sua te r ra nata l .

Para outros a nova Feira destruiu parte da essência da antiga: o popu-lar, o desorganizado e improvisado. O toque romântico que havia criado al iem São Cristóvão um terr itór io nordest ino autônomo. Mas assim como aFeira, a própria comunidade nor- des t ina do R io de Jane i ro mudou.

Apesar do número de imigrantes ter se reduzido substancialmente — o augeda migração foi nos anos cinqüenta e sessenta — a cidade ainda é o destinode muitos desventurados em busca de uma vida melhor, de um em-prego. A realidade hoje é outra, o Rio de Janeiro é outro, nãooferta mais tantos empregos nem uma vida mais digna. E aocontrário do que ocorria an- tigamente passa até porum processo de emigração e esvaziamento populacional.

A popular Feira de São Cristóvão vive uma nova realidadecomo Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas

Por André Comber

Além do nome do Centro, Luiz Gonzaga ganhou

uma estátua em sua homenagem

na entrada do Pavilão

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Desafio de cantadores agita a noite de sábado na Feira

A Feira de São Cristóvão ganhou nova vestimenta como

Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas

Arquivo Agamenon

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Pavilhão foi dividida entre os antigos feirantes, de acor-do com o tamanho de suas barracas quando do ladode fora. Muitos familiares juntaram seus espaços dedireito, alguns passaram o ponto e outros comercian-tes vão chegando com novas idéias para a Feira.

As barracas seguem um padrão, mas algumasjá ganham personalidade e arquitetura própria, ou-tras um toque mais elitista. Todas contam comeletricidade, água encanada e telefone. A maioriajá realiza vendas com cartões de crédito e débito.

Novos tempos

O público também mudou. Segundo o presidente daFeira, Agamenon de Almeida, os antigos freqüentadorescontinuam vindo ao Centro, mas hoje o Pavilhão estámais família, com um movimento variado que vai dopessoal do subúrbio à Zona Sul e mais os estrangeiros.

Alguns feirantes já se adaptaram à nova realida-de da Feira. Chiquita, há mais de 24 anos gerenciandosua barraca de mesmo nome, ampliou o seu cardá-pio incluindo vinhos típicos da região do Rio São Fran-cisco e hoje conta com um somelier. Alguns de seusgarçons fizeram curso de bar tendler e hoje prepa-ram drinks mais elaborados com frutas típicas doNordeste, como a caipirinha de caju e serigüela.

Parte de seu restaurante contará com uma área fe-chada com ar-condicionado. Segundo ela, para acomo-dar um novo tipo de visitante que quer vir à Feira, masbusca um espaço mais tranqüilo e menos barulhento.

Alexandre Colonesse faz parte da safra de no-

vos comerciantes que pegaram pontos na Feira. Donoda barraca Canoa Quebrada, considera o Centro deTradições um dos pontos turísticos mais importan-tes do Rio de Janeiro e conta com um cardápio eminglês para atrair estrangeiros. Para ele muitosbarraqueiros ainda não compreenderam a mudan-ça no perf i l da Feira e estão f icando para trás.

Um projeto em adaptação

Não há dúvida que o Centro Luiz Gonzaga estápassando por uma metamorfose e como qualquermudança causa certo temor e desconfiança. A an-tiga Feira de São Cristóvão vai dando os seus últi-mos suspiros dentro do Pavilhão. Muitos feirantesestão demorando a entender esse processo e po-dem ser prejudicados pelo frenesi de novidades.

Parte do antigo público também não digeriu o novoespaço, ao tempo que muitos se viram encantados comtanta infra-estrutura. E novos freqüentadores, que nãochegaram a conhecer a Feira do lado de fora do Pavi-lhão, descobrem aos poucos o Centro de Tradições.

O projeto é novo e demanda ainda alguns meses ouanos para assentar finalmente em sua nova casa. O im-portante é que em nenhum momento o seu motivo princi-pal foi deixado de lado, ou perde força, o Nordeste.

Ao contrário, o novo Centro pode ser o tram-polim definitivo para o processo crescente de influ-ência da cultura nordestina na cidade do Rio de Ja-neiro, bem como uma vitrine dessa rica cultura nacidade que é o espelho do Brasil para o mundo. C

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Os dois palcos do Centro já se tornaram um dos principais espaços para shows na cidade

Arquivo Agamenon

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P residente da Coopcamp,cooperativa queadministrao Centro Luiz Gonzaga

de Tradições Nordestinas, ocearense Agamenon de Almeidaestá à frente, em parceria coma Prefeitura e 690 barraqueiros,dos 32 mil metros quadrados doPavilhão de São Cristóvão, queemprega direta e indiretamenteem torno de nove mil pessoas etem um movimento de 150 milvisitantes por fim de semana.

Administrador de empresas,radialista e ex-policial, chegou noRio em 1970. Como a maioria dosnordestinos da cidade do Rio,envolveu-se com a Feira natural-mente, onde tocou sanfona pormais de dezoito anos. Foi umadas principais vozes que impedi-ram a transferência da Feira parafora de São Cristóvão no iníciodos anos 90, mesma época emque foi escolhido presidente.

Esteve à frente do processode transferência da Feira para oPavilhão de São Cristóvão, que,como ele mesmo diz, “foi umparto difícil”, mas do qual temmuito orgulho. De seu escritóriodentro do Pavi lhão de SãoCristóvão, concedeu a seguin-te entrevista ao Guia Cultural:

entrevistaentrevistaentrevistaentrevistaentrevistaAgamenon de Almeida

GUIA CULTURAL: Como funcionoua reorganização dos barraqueirose a distribuição do espaço den-tro do Pavilhão?

AGAMENON: Foi necessário que opessoal se cadastrasse, lógico, quemfosse comprovadamente atuante naFeira. O trabalho começou em 2001,fizemos vários cadastramentos. Nósmandamos a primeira relação dosfeirantes para a Prefeitura em no-vembro de 2002. Foi um parto bemdifícil. Tivemos que mandar 29 cir-culares durante 29 semanas segui-das, para que o pessoal viesse real-mente atualizar os seus cadastros enós sabermos realmente quem eraatuante. Posteriormente a listagemfoi encaminhada à Prefeitura,

que publ icou no Diário Ofic ia l .Lá fora tinha barracas micro, pe-

quenas, médias e grandes. Seguimoso mesmo histórico e a mesma formade trabalhar. Quem era micro lá foraficou com um micro espaço aqui den-tro. Dividimos por setores barra-cas grandes esupergrandes.Fizemos a as-s e m b l é i a ,onde foramconvocadas asl i d e r a n ç a ssetoriais, e fi-cou decididoque em sendobarracas defam í l i a , co l ava pa ra f o rmarduas barracas e assim várias fa-míl ias que tinham barracas láfora foram sorteadas juntas.Assim ficou mais viável econo-micamente e operacionalmente.

GUIA CULTURAL: Qual a sua opi-nião sobre a venda de pontospara terceiros que não atuavamna antiga feira?

AGAMENON: Eu desconheço que issoaconteça, mas particularmente euseria a favor. Se fosse eu que legis-lasse concordava que vendesse sim.Você acha justo, por exemplo, umapessoa que trabalha na Feiratrinta, quarenta anos e tendo a

nec e s s i d a -de de ir embo-ra e ter umalicença queseja obriga-to r i amentetransferida,que tenha queser dada dep r e s e n t e ?Como fica a

sua vida? Que fundo de garantia vocêtem? Para mim a não permissão é umademagogia. Não existe isso aqui, maseu sou a favor que exista porque nãosou hipócrita nem injusto. A pessoatrabalhou a vida inteira e no final temque dar o seu espaço de presente!

GUIA CULTURAL: Qual é a im-portância da Feira de SãoCristóvão na sua opinião?

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“Hoje 60% da noite cario-ca são tocados por nor-

destinos. Queiram ou nãoas pessoas têm de adqui-rir uma nova consciênciada força da comunidade”

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AGAMENON: A Feira de São Cris-tóvão é o maior Nordeste fora doNordeste. É o maior escritório depsicanálise coletivo do mundo. Paranós nordestinos é a válvula de es-cape das tensões sociais do povodo Nordeste, que vem de lá expul-so pela mazela da seca e pela fal-ta de vergonha dos governantesque não apóiam nada. A Feira éjustamente onde a gente se encon-tra, reforça nossas origens.

GUIA CULTURAL: Você acha quea nova Feira reflete uma mudan-ça que já vem ocorrendo, há al-guns anos, na própria comunida-de nordestina no Rio de Janeiro?

AGAMENON: Tranqüilamente,com certeza. O nordestino veioinicialmente para a cidade comomão-de-obra para construção ci-vil, depois o pessoal começou ase reunir em pequenos grupospara comprar restaurantes. Hoje,por exemplo, 60% da noite cario-ca são tocados por nordestinos.Queiram ou não as pessoas têmde adquirir uma nova consciên-cia da força da comunidade.

GUIA CULTURAL: O que faltareal izar dentro do Centrode Tradições Nordestinas?

AGAMENON: Nós temos mais decinqüenta anos de idade se contar-mos o tempo de Feira lá fora, masapenas oito meses de Feira aquidentro. Tem de haver uma adequa-ção tanto minha como da adminis-tração de uma forma geral e do pró-prio feirante com a nova realidadeda Feira. Lá fora era jogada e anti-higiênica. Aqui não, você tem águaencanada, cartão de crédito e

telefone em todas as barracas.Antes de entrar no pavilhão

todos fizemos curso de gerencia-mento do Sebrae, cursos básicosde higiene. Hoje a concepção éoutra, mas sem tirar a persona-lidade, a espontaneidade. Tem oposto médico, o policial. Aquidentro temos uma despesa men-sal de mais de 150 mil reais, láfora não tínhamos despesa ne-nhuma. Tem que ter uma ade-quação tanto de público quantodos administradores e feiran-tes. Uma total readaptação.

GUIA CULTURAL: Você achaque o público da Feira mudou?

AGAMENON: Eu achoque nós tivemos um au-mento quantitativo equalitativo. Mudou emudou muito. Nós te-mos aqui hoje criançasno berço, ficou maisfamília. Antigamente ti-nha três, quatro inci-dentes por fim de se-mana, hoje isso acabou.

GUIA CULTURAL: Vocêsrealizam algum trabalho socialque envolva tanto a comuni-dade nordest ina quanto obai r ro de São Cr is tóvão?

AGAMENON: A nossa idéia de Fei-ra não é só a gastronômica e cultu-ral, trabalhamos o cultural juntocom o social. A nossa idéia é queformemos grupos cooperativadoscom apoio do Sebrae, do gover-no municipal que ensinem arte-sanato para pessoas carentes dacomunidade nordestina e botan-do os seus produtos para vender

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“A Feira de São Cristóvão é omaior Nordeste fora do Nor-deste... onde a gente se en-

contra, reforça nossas origens”aqui dentro da Feira. Aí o cara podepermanecer aqui como um cidadãodigno, ou voltar para o Nordeste tam-bém com dignidade.

Outro trabalho pretendido é comas sobras futuras de receitas que vãovir se Deus quiser. Vamos dar assis-tência social às comunidades perifé-ricas, como Tuiuti, Mangueira, colo-cando gabinetes odontológicos,postos de saúde, pequenas esco-las de alfabetização de adultos.

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Observando o céu no MAST

O Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST)divide o mesmo espaço físico no Morro de SãoJanuário com o Observatório Nacional. Talvez por

isso seja comum se referir ao Museu como parte do Ob-servatório. Na verdade as duas instituições são órgãosindependentes do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

O MAST nasceu do Observatório, em 1985, comouma unidade de pesquisa separada e voltada para aprodução de conhecimento sobre a história da ciênciae da tecnologia, que incluem a organização de semi-nários, publicação de livros e o acesso à biblioteca.

O acervo histórico do museu é vasto, vai de ins-trumentos científicos, máquinas e motores, fo-tografia, arquivos de instituições científi-cas e de cientistas brasileiros, além dopróprio prédio onde está instalado —um belo exemplar de arquitetura eclética— e as antigas cúpulas de observação.

As cúpulas são um programa àparte, nos fazem sentir comose estivéssemos numfilme de ficção ci-entífica, ambi-entado no iníciodo séc XX. Suas lune-tas históricas, comlentes de 21cm, ain-da funcionam, mas sósão ut i l izadas emeventos especiais.

Hoje quem quiser bisbilhotar océu usa os modernos telescópios de20 e 25cm também dispostos nocampus. Pode parecer estranhodeixar de lado aquelas enormeslunetas para olhar o céu através

de um telescópio bem menor, mas tamanho nãoé do cumen t o , a o meno s p a r a a t e c no l o g i a .

Para tirar a prova é só participar do Programa de Ob-servação do Céu, todas as quartas, sábados e domingos aoanoitecer. Uma das primeiras atividades do Museu, tam-bém é uma das mais procuradas. Além da observação, noauditório são projetados vídeos com temas astronômicos,seguidos de uma apresentação multimídia queauxilia no esclarecimento do céu.

Além do grande acervo oMAST rea l i za uma

vasta gamade atividades que

vão de palestras a expo-sições temporárias. No dia 28 de

junho foi inaugurada a nova ilumina-ção do prédio e a exposição “Luiz Cruls,

Um Cientista a Serviço do Brasil”. O objetivo éresgatar a biografia ainda pouco conhecida de

Luiz Cruls (1848-1908), diretor do Observatóriona v i rada do sécu lo XIX para o sécu lo XX.

Outra atividade interessante é o Brincandocom a Ciência, programa de educação em es-paços não formais voltado para o público infan-til. Todo mês é abordado um tema científico di-

ferente, trabalhado por meio de divertidosexperimentos interativos. É realizado a cadaterceiro domingo do mês, das 16 às 18h.

O Museu de Astronomia e Ciências Afins ficana Rua General Bruce, 586 – São Cristóvão. Fun-

ciona terça, quinta e sexta das 10 às 17h,quarta das 10 às 20h e sábado e domingodas 16 às 20h. Tel.: 2580-7010 – entradagratuita. Mais informações www.mast.br.

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O saudoso TiãoU m dos chimpanzés mais famosos do mundo,

o Macaco T ião era conhec ido pe la suairreverência e presença marcante no Zoológi-

co do Rio de Janeiro — onde era tratado como celebri-dade. Virou ícone após sua passagem pela política.

Lançado como candidato nas eleições municipaisde 1988 — época em que o sistema ainda era de cédu-las eleitorais — após campanha pelo voto nulo idealiza-da pelo grupo humorístico Casseta e Planeta, angariou9,5% dos votos, ficando em segundo lugar na conta-gem geral, atrás apenas de Marcelo Alencar, com 31%.

Nascido no Zoológico do Rio de Janeiro, em 1963, ga-nhou o nome de “Tião” em homenagem a São Sebastião,padroeiro da cidade. Além de candidato adorava perseguiros políticos que o visitavam lhes jogando comida e fezes.

Viveu a vida inteira no Riozoo, muitos inclusivediziam que tinha até um gingado carioca. Só lhe falta-va falar. Falecido aos 33 anos em 1996, por complica-ções diabéticas, a cidade declarou luto oficial e suamorte foi matéria de capa do jornal francês Le Monde.

Em 1997 a Prefeitura do Rio fez sua estátua de bron-ze como homenagem, em frente a sua antiga morada,além de dar seu nome à alameda principal do Zoológico.

O Inst i tuto Munic ipa l de Medic ina Veter inár ia JorgeVaitsman funciona desde 1917, na Av. Bartolomeu deGusmão, 1.120. Conhecido por seu espaço reservado ao

cemi tér io e c rematór io de an ima is de pequeno por te , éna verdade um grande complexo veter inár io que inc lu ic l ín i ca , l abora tór io e f i sca l i zação san i tá r ia . A tende porv o l t a d e 1 .1 00 c l i e n t e s t o do mês, e n t r e c ã e s e g a t o s .

Os serviços de atendimento médico-veterinário vão deum simples raio X a uma cirurgia óssea e são tabelados sim-bolicamente pela Prefeitura. Mas o instituto oferece gratui-tamente vacinação contra raiva e esteri l ização. As consul-

tas devem ser marcadas, pois nãoatendem a emergênc ias .

A parte mais importan-te do Jorge Vaitsman,

po rém, es tá nosseus laborató-

rios e nosestudos econtrole de zoonoses, principalmente a raiva.É um dos mais respeitados centros veterináriosdo país, quando o assunto é a raiva animal. Tan-to que atende, a lém de todo o Estado do Riode Janeiro, Minas Gerais e o Espír i to Santo.

O cemitério de animais, que geralmente causamais curiosidade por ser o único público do Rio deJaneiro, reserva mais de 4 mil vagas. Um cantinhopara que os bichos de estimação descansem em paz.

Estátua em homenagem ao macaco Tião

Um hospital públicoa serviço de nossos cães e gatos

O movimentado setor clínico

O descanso eterno

dos animais de estimação

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Fundado em 1964, é um dos mais tradicionaisrestaurantes portugueses da cidade. Continuaagradando ao paladar dos fregueses com vas-tas porções de bacalhau, polvo, leitão e outrasiguarias da terrinha. Campo de São Cristóvão,212. De segunda a sábado, das 12h às 23h.Domingo das 12h às 20h. Tel.: 2580-7288.

Adegão Português

Bai

rro

San

ta G

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veva Conhecido como a Mont-

martre carioca, o sub-bairro, terminado em1917 com quase umacentena de casas, foiconstruído à imagem esemelhança do parisiense.Inclusive suas ladeiras eruas têm nomes derivadosdo francês. Escondido nomeio de São Cristóvão,seu grande portão o se-para da correria de fora,conservando o seu arbucólico e aconchegante.Rua São Cristóvão, 442.

A edificação de 1907 foi ocupada pelo anti-go IV Batalhão de Infantaria da Força Poli-cial a partir de 1911. De arquitetura ecléticae palaciana, sua história está intimamenteligada à corporação policial. Hoje abriga oIV Batalhão da Polícia do Estado do Rio deJaneiro (PMERJ). Rua Francisco Eugênio,226/228, São Cristóvão.

IV Batalhão da Polícia Militar

Um dos cartões-postais mais conhecidos da cidade, sofreu diversas intervençõesdesde os tempos da família imperial. Suas características atuais — com jardins,rios, lagos e caminhos em curvas harmônicas — foram dadas por Glaziou, entre1860 e 1878. A atual administração do parque realiza diversas atividades comoteatro de marionetes (sábado 11h e domingo às 16h), cursos de esporte, educa-ção ambiental e visitas guiadas (terças-feiras). Tels.: 2234-1609/2234-1574.

Quinta da Boa Vista

Trata-se da mais antiga escola pública de Primeiro Grauainda em funcionamento no Rio de Janeiro. O seu pré-dio de 1872 sofreu alterações, mas manteve original aarquitetura eclética. Campo de São Cristóvão, 115.

Escola Municipal Gonçalves Dias

Oferece um amplo hall de exposições para a divulgação de trabalhos empintura, gravura, fotografia. Também realizam oficinas de criação artística,palestras, workshops, pesquisa e extensão, atendendo a alunos das redesmunicipal, estadual e federal de ensino, além de ONGs e outras entidadesda comunidade de São Cristóvão. O Espaço Cultural está aberto ao públicoem geral, no horário das 08 às 17h, de 2ª a 6ª feira. Campo de São Cristó-vão, 177. Tel.: 3891-1047. Mais informações: www.cp2.g12.br/cultura/es-

Espaço Cultural do Colégio Pedro II

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A edificação de 1826 em neoclássico, construída por D Pedro I para a amanteMarquesa de Santos, abriga o Museu do 1o Reinado desde 1979, com pinturas,murais, decorações e móveis típicos da época. A casa também foi moradia doBarão de Mauá. Reza a lenda que existe um túnel ligando a casa ao Paço de SãoCristóvão, por onde o imperador seguia secretamente quando visitava a amante.Aberto de 3a a 6a feira, das 11:30 às 17h. Av. D. Pedro II, 293. Tel.: 25899627.

Museu do 1o Reinado (Casa da Marquesa de Santos)

I naugu rado em 1998 , s ob r e ed i f i c a ção de 1921 , ab r i -g a u m g r a n d e a c e r v o d e f o t o s , f a r d a s , a r m a m e n t o s ,equ i pamen to s e v i a t u r a s do Exé r c i t o b r a s i l e i r o do s é -cu l o XV I I ao XX . Func i ona d i a r i amen te da s 10h à s 16h .

Museu Militar Conde de Linhares

O tradicional colégio católico está abrigado sobre um belo exemplarde arquitetura neogótica portuguesa. A edificação centenária des-taca-se na paisagem do Campo de São Cristóvão. Vale uma atençãoespecial aos detalhes de sua fachada. Campo de São Cristóvão, 310.

Educandário Gonçalves de Araújo

O restaurante transferiu-se de seu antigo endere-ço em Vila Isabel para o Pavilhão, logo na inau-guração do Centro de Tradições Nordest inas,onde hoje é um dos mais disputados. Seus pratosvão de moqueca a carne seca e de sol, caldinhosvariados e doces típicos. Centro Luiz Gonzaga deTradições Nordestinas, Pavilhão de São Cristó-vão. Tel.: 3295-5004. www.baiaodedois.com.br.

Estação Baião de Dois

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Era comum pescadoresamarrarem seus barcos naporta da igreja. Seu aces-so dava-se pelo marquando os diversos ater-ros ainda não o tinhamlevado para longe. A igre-ja agora distante d´águafoi reconstruída e amplia-da no século XIX, toman-do a forma em estilo gó-tico–romano dos diasatuais. A construção ori-ginal data do século XIV.Rua Padre Sèves, 10.

Riozoo

Com uma área de 138 mil metrosquadrados, mais de 2.100 animaisentre répteis, mamíferos e aves,é um dos mais modernos do mun-do. Além da exposição de animaisa Fundação Riozoo desenvolveprojetos de preservação do meioambiente, reprodução em cativei-ro de espécies raras e pesquisa.Quinta da Boa Vista, de terça a do-mingo, 9-16:30h Tel.: 3983-8400w w w. r i o . r j . g o v. b r / r i o z o o

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agenda culturalagenda culturalagenda culturalagenda culturalagenda cultural

Constru ído or ig inalmente para ser o portão do Paço de São Cr is-tóvão, fo i um presente do Duque Nor thumber land a Dom JoãoVI . Ins ta lado em 1812-16, é cop ia do pro je to de Rober t Adampara Sion House na Inglaterra. Seu est i lo neocláss ico enfe i ta hojea en t r ada do Zoo l óg i c o da c i dade . Qu i n t a da Boa V i s t a , s / n .

Portão do Zoológico

No bairro desde 1963, o restaurante é mais um português tradicional daárea. Sua especialidade, como não poderia deixar de ser, o bacalhau. Emdestaque o Bacalhau ao Zé do Telhado (cozido e gratinado no forno compurê de batatas ao molho de cebola). Rua Leonor Porto, 31, Campo de SãoCristóvão. Terça a domingo, das 9h ao último cliente. Tel.: 2580-9038.

Restaurante Cidade do Porto

O restaurante funciona no parque desde 1954, ofertando a culiná-ria portuguesa. Sua edificação é do fim do século XIX, em arquiteturaeclética. Interessante verificar o brasão da república logo em suaentrada. Dizem que é uma afirmação republicana, logo depois daproclamação, sobre o antigo parque imperial. Quinta da Boa Vista.De segunda a domingo, das 12h às 22h. Tel.: 2589-6551.

Restaurante da Quinta da Boa Vista

Inaugurado em 21 de abril de 1927, é campo de futebol do Clube Vasco da Gama.Foi o maior estádio do Brasil até a inauguração do Pacaembu, em São Paulo, nosanos 40, e maior do Rio até a chegada do Maracanã, em 1950. Além do futebol, oespaço foi usado por Getulio Vargas, muitas vezes, em seus discursos populistas.Seu recorde de público é de 40.209 pagantes, no jogo Vasco 0 x 2 Londrina,em 78. Mas reza a lenda que mais de 60 mil pessoas nele se espremeram paraver o amistoso Vasco 1 x 0 Arsenal, em 49. Rua General Almério de Moura, 131.

Estádio de São Januário

Com 24 anos, é um dos restaurantes mais tradicionais da Feira de São Cristóvão. Comonão poderia deixar de ser, oferta o melhor da culinária nordestina. Uma boa pedida é aCostela de Bode Assado com Feijão de Corda, que cai bem acompanhando o vinhoTerra Nova da região do Vale do São Francisco. O restaurante também serve bonsdrinks de frutas típicas do Nordeste. Fica no Pavilhão de São Cristóvão, Av. Nordeste,ao lado do Palco Jacson do Pandeiro, Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas.Sexta-feira, a partir de 10h, até domingo, às 22h. Tels.: 3295-5194 e 3295-5195.

Barraca da Chiquita