178
Série GUIAS TÉCNICOS 7 Planos de segurança em sistemas públicos de abastecimento de água para consumo humano Autoria: José Manuel Pereira Vieira e Carla Morais Colaboração: Cecília Alexandre e Regina Casimiro UNIVERSIDADE DO MINHO

guia_7.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

Srie GUIAS TCNICOS7 PPllaannooss ddee sseegguurraannaa eemm ssiisstteemmaass ppbblliiccooss ddee aabbaasstteecciimmeennttoo ddee gguuaa ppaarraa ccoonnssuummoo hhuummaannoo Autoria: Jos Manuel Pereira Vieira e Carla Morais Colaborao: Ceclia Alexandre e Regina Casimiro

UNIVERSIDADE DO MINHO i PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO Autoria: Jos Manuel Pereira Vieira (Universidade do Minho) Carla Morais (guas do Cavado) Colaborao: Ceclia Alexandre e Regina Casimiro (Departamento de Qualidade da gua do IRAR) UNIVERSIDADE DO MINHO ii FICHA TCNICA Ttulo: PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO Elaborao: Autoria: Jos Manuel Pereira Vieira (Universidade do Minho) e Carla Morais (guas do Cvado) Colaborao: Ceclia Alexandre e Regina Casimiro (Departamento da Qualidade da gua do IRAR) Agradecimentos: Agradece-se a colaborao da Associao Nacional de Municpios Portugueses e das entidades gestoras que, atravs dos seus comentrios e sugestes, permitiram melhorar o presente documento. Agradece-se empresa guas do Cavado, na pessoa do seu Presidente do Conselho de Administrao, Prof. Jos Carlos Tentgal Valente, e da Eng. Filomena Peixoto, responsvel pela rea da Qualidade, pelos contributos dados. Edio:Instituto Regulador de guas e Resduos Universidade do Minho Data: 30 de Julho de 2005 ISBN: Depsito Legal: iii PREFCIO DO IRAR OInstitutoReguladordeguaseResduos(IRAR)foicriadocoma misso de regulador dos servios de abastecimento pblico de gua s populaes, de saneamento das guas residuais urbanas e de gesto dos resduosslidosurbanos.Posteriormente,foiatribudaaoIRARuma segunda misso, a de autoridade competente para a qualidade de gua para consumo humano.Asresponsabilidadesinerentesmissodeautoridadecompetente entraramemaplicaoplenaa25deDezembrode2003,sendodesde essadataoIRARresponsvelpelaimplementaodeumconjunto importantedeatribuies,comoaaprovaodosprogramasdecontrolo daqualidadedaguadasentidadesgestoras,ainspecoperidicada qualidadedaguanossistemasdeabastecimento,asupervisode laboratriosdeanlisesdegua,ainstauraodeprocessosdecontra-ordenaosentidadesgestoraseaelaboraodosrelatriosanuais sobreaqualidadedaguaparaconsumohumanoemPortugaledos relatrios trienais a enviar Comisso Europeia. Por outro lado, e de acordo com o seu Estatuto, cabe ao IRAR sensibilizar asentidadesgestoraseosautarcasemgeralparaasquestesda qualidadenaconcepo,execuo,gestoeexploraodossistemas multimunicipais e municipais, bem como emitir recomendaes. nestequadroqueseentendeuimportanteelaborarumguiatcnico sobreplanosdeseguranaemsistemaspblicosdeabastecimentode guaparaconsumohumano,cujoobjectivoapoiarasentidades gestoras na salvaguarda da fiabilidade do servio que prestam, prevendo atempadamenteasmedidasatomaremcasodeocorrnciade fenmenosnaturaisouprovocadosque,dealgumaforma,possampr em causa a qualidade do servio e a salvaguarda da sade pblica. Este guia destina-se essencialmente aos tcnicos das entidades gestoras que tm a seu cargo a explorao dos sistemas de abastecimento de gua e o controlo da qualidade da gua para consumo humano. Se na ltima dcada o Pas evoluiu passando de 80 para 92% em termos decoberturadapopulao,eobjectivonacionalatingirrapidamentea metade95%,estametadevenoentantoseracompanhadadeum elevado grau de fiabilidade do servio e consequentemente de segurana e conforto para todos os utilizadores. PretendeassimoIRARdarmaisumcontributoparaquesejapossvel servir,deformaregularecontnua,amaiorpercentagempossvelda populaoportuguesa,comumelevadonveldeservio,aumpreo eficiente e justo e dentro de uma perspectiva ambientalmente sustentvel e de salvaguarda da sade pblica.Jaime Melo Baptista (Presidente do Conselho Directivo do IRAR) Dulce lvaro Pssaro (Vogal do Conselho Directivo do IRAR)Rui Ferreira dos Santos (Vogal do Conselho Directivo do IRAR) iv PREFCIO DOS AUTORES Nos ltimos anos tem-se assistido a uma preocupao crescente, a nvel mundial,nosentidodeseconsiderarqueossistemasdeabastecimento degua, paraalmde satisfazerempadresdequalidade estabelecidos legalmente,devemapresentarnveisdedesempenhoquemereama confiana dos consumidores na qualidade da gua que lhes fornecida. EmAbrilde2003,aOrganizaoMundialdeSadeorganizouuma confernciainternacionalemBerlimsobreEstratgiasdeGestode RiscosemguaparaConsumoHumano,ondeforamapresentadose discutidosospressupostostericoseasespecificidadesdeaplicao prtica de ferramentas operacionais para a gesto de riscos em sistemas deabastecimentodegua,desenvolvendooconceitodePlanode SeguranadaguaparaConsumoHumano,conformeassumidonas suasrecentesGuidelinesforDrinkingWaterQuality(2004).Prev-se tambm,noprocessoderevisodaDirectiva98/83/ECemcurso,uma aproximao da legislao europeia a estes princpios metodolgicos. Desde1999,dataemqueseiniciouaprimeiraexperinciaconhecida (Melbourn Water-Austrlia),tmvindoaserrelatadasaplicaesdesta metodologiacomresultadosanimadoresparaobomdesempenhono controlodaqualidadedaguaporpartedasentidadesgestoras.Em Portugal,aexperincia-pilotodeaplicaodesteconceitonaempresa guas do Cvado S.A., em 2003-2004, motivou o interesse do IRAR para elaborarmosummanualqueservissedeinstrumentodeapoios entidadesgestorasportuguesasnodesenvolvimentoeaplicaode Planos de Segurana da gua. Reconforta-nosaesperanadestetrabalhopoderviraconstituirum elemento til para a garantia de elevados padres de qualidade da gua paraconsumohumano,contribuindo,assim,paraadefesadasade pblica em Portugal. Aguardaremos,certamentecommuitointeresseeexpectativa,os resultadosprticosdaaplicaodestametodologiaemPortugal.Neste sentido,expressamosonossoagradecimentoantecipadopeloenviode comentrios e informaes sobre a utilizao deste Manual, dando-nos a conhecer, nomeadamente, sucessos, dificuldades e sugestes para o seu melhoramento futuro. Jos Manuel Pereira Vieira Carla Morais v NDICE 1.Introduo...................................................................................................1 1.1Controlo da qualidade da gua para consumo humano .......................1 1.2Anlise e gesto de riscos em sistemas de abastecimento de gua......................................................................................................4 2.Estruturao de um PSA ............................................................................7 2.1Esquema conceptual ............................................................................7 2.2Etapas preliminares ............................................................................12 2.2.1 Constituio da equipa ..................................................................12 2.2.2 Descrio do sistema de abastecimento........................................12 2.2.3 Construo e validao do diagrama de fluxo ...............................14 2.3Avaliao do sistema..........................................................................15 2.3.1 Identificao de perigos .................................................................15 2.3.2 Caracterizao de riscos ...............................................................22 2.3.3 Identificao e avaliao de medidas de controlo..........................26 2.4Monitorizao operacional ..................................................................35 2.4.1 Estabelecimento de limites crticos ................................................35 2.4.2 Estabelecimento de procedimentos de monitorizao...................36 2.4.3 Estabelecimento de aces correctivas.........................................38 2.5Planos de gesto................................................................................38 2.5.1 Estabelecimento de procedimentos para a gesto de rotina .........39 2.5.2 Estabelecimento de procedimentos para a gesto em condies excepcionais ..........................................................................................40 2.5.3 Estabelecimento de documentao e de protocolos de comunicao ..........................................................................................40 2.6Validao e verificao do PSA..........................................................42 2.6.1 Avaliao do funcionamento do PSA.............................................42 2.7Resumo dos contedos globais de um PSA.......................................44 3.Guia de implementao............................................................................47 3.1Etapas preliminares ............................................................................47 3.1.1 Constituio da equipa ..................................................................47 3.1.2 Descrio do sistema de abastecimento........................................47 3.1.3 Construo e validao do diagrama de fluxo ...............................47 3.2Avaliao do sistema..........................................................................51 3.2.1 Identificao de perigos .................................................................51 3.2.2 Caracterizao de riscos ...............................................................51 3.2.3 Identificao e avaliao de medidas de controlo..........................51 3.2.4 Avaliao do sistema. Fonte..........................................................53 3.2.5 Avaliao do sistema. Tratamento.................................................59 3.2.6 Avaliao do sistema. Distribuio ..............................................107 3.3Monitorizao operacional ................................................................119 3.3.1 Estabelecimento de limites crticos ..............................................119 vi 3.3.2 Estabelecimento de procedimentos de monitorizao ................ 119 3.3.3 Estabelecimento de aces correctivas ...................................... 119 3.4Planos de gesto.............................................................................. 121 3.4.1 Estabelecimento de procedimentos para a gesto de rotina....... 121 3.4.2 Estabelecimento de procedimentos para a gesto em condies excepcionais........................................................................................ 131 3.4.3 Estabelecimento de documentao e protocolos de comunicao . 139 3.5Validao e verificao do PSA ....................................................... 139 4.Experincia portuguesa O caso da guas do Cvado S.A. ................ 142 4.1Descrio do sistema de abastecimento.......................................... 142 4.2Motivao especfica para aplicao de um PSA............................. 143 4.3Processo de elaborao do PSA...................................................... 144 4.3.1 Organizao geral ....................................................................... 144 4.3.2 Estrutura adoptada...................................................................... 145 4.4Aspectos de aplicao do PSA ........................................................ 150 4.4.1 Preparao de metodologias....................................................... 151 4.4.2 Funcionamento do PSA............................................................... 153 4.5Nota final .......................................................................................... 156 5.Glossrio................................................................................................ 157 6.Referncias bibliogrficas ...................................................................... 159 7.Sobre os autores.................................................................................... 161 vii NDICE DE FIGURAS Figura 1 Quadro de referncia para o estabelecimento de segurana da qualidade da gua (como proposto em WHO, 2004)6 Figura 2 Aspectos a considerar na gesto de riscos em sistemas de abastecimento de gua7 Figura 3 Processo de avaliao do funcionamento do PSA11 Figura 4 Fluxograma para elaborao e aplicao do PSA11 Figura 5 Exemplo de rvore de deciso para a definio de PCC26 Figura 6 Exemplo da anlise de tendncia para concentrao de nitratos numa origem de gua42 Figura 7 Aspectos gerais que devem constar de um PSA44 Figura 8 Conjunto de documentos constituintes de um PSA45 Figura 9 Exemplo de quadro para constituio da equipa PSA48 Figura 10 Exemplo de quadro para descrio do sistema de abastecimento49 Figura 11 Exemplo de diagrama de fluxo50 Figura 12 Exemplo de esquema de barreiras mltiplas para identificao de perigos (adaptado de NZ, 2001)52 Figura 13 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Fonte. gua superficial54 Figura 14 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Fonte. gua subterrnea57 Figura 15 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. gua superficial rios60 Figura 16 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. gua superficial lagos e albufeiras64 Figura 17 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. gua subterrnea poos e furos67 Figura 18 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. gua subterrnea minas69 Figura 19 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. Armazenamento de gua bruta72 Figura 20 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. Aplicao de algicida76 Figura 21 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. Desestratificao77 Figura 22 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. Pr-oxidao78 Figura 23 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. Microtamisao80 viii Figura 24 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. Coagulao Floculao Sedimentao82 Figura 25 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. Flotao85 Figura 26 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. Filtrao rpida88 Figura 27 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. Filtrao lenta89 Figura 28 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. Filtrao por membranas91 Figura 29 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. Adio de cloro94 Figura 30 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. Adio de dixido de cloro96 Figura 31 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. Ozonizao97 Figura 32 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. Radiao UV98 Figura 33 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. Correco de pH100 Figura 34 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. Remoo de ferro e mangans101 Figura 35 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. Amaciamento102 Figura 36 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. Remoo de matria orgnica103 Figura 37 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Tratamento. Fluoretao106 Figura 38 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Distribuio. Reservatrios de gua tratada108 Figura 39Esquema de quadro para avaliao do subsistema Distribuio. Condutas adutoras112 Figura 40 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Distribuio. Presso no sistema116 Figura 41 Esquema de quadro para avaliao do subsistema Distribuio. Operao117 Figura 42 Exemplo de esquema de quadro para monitorizao operacional. Filtrao rpida120 Figura 43 Exemplo de ficha para gesto de rotina. gua superficial122 Figura 44 Exemplo de ficha para gesto de rotina. gua superficial rios123 ix Figura 45 Exemplo de ficha para gesto de rotina. Coagulao Floculao - Sedimentao124 Figura 46 Exemplo de ficha para gesto de rotina. Filtrao rpida125 Figura 47 Exemplo de ficha para gesto de rotina. Adio de cloro126 Figura 48 Exemplo de ficha para gesto de rotina. Correco de pH127 Figura 49 Exemplo de ficha para gesto de rotina. Reservatrios de gua tratada128 Figura 50 Exemplo de ficha para gesto de rotina. Presso no sistema129 Figura 51 Exemplo de ficha para gesto de rotina. Operao130 Figura 52 Exemplos de eventos excepcionais131 Figura 53 Contedos de um Plano de Contingncia138 Figura 54 Check-list para verificao e validao do PSA140 Figura 55 Infra-estruturas fsicas do sistema.143 Figura 56 Diagrama de fluxo do sistema de abastecimento146 Figura 58 Fichas auxiliares adoptadas148 Figura 59 Elementos de controlo dos PCC do sistema149 Figura 60 Fases de implementao do PSA151 Figura 61 Harmonizao do PSA com outros Planos. Filtrao152 Figura 62 Levantamento das medidas de controlo. Mistura Rpida e Floculao153 Figura 63 Variao da turvao ao longo do processo de tratamento obtidos por amostragem automtica154 Figura 64 Eficincia na remoo de turvao155 i ii NDICE DE TABELAS Tabela 1 Esquema conceptual a adoptar no desenvolvimento do PSA........... 8 Tabela 2 Exemplo de informao a compilar para a caracterizao de um sistema de abastecimento de gua (adaptado de WHO, 2004) ............................................................................... 13 Tabela 3 Exemplos de eventos perigosos associados s origens de gua........................................................................................... 19 Tabela 4 Exemplos de eventos perigosos associados ao tratamento ........... 20 Tabela 5 Exemplos de eventos perigosos associados distribuio ............ 21 Tabela 6 Exemplo de Escala de Probabilidade de Ocorrncia (adaptado de WHO, 2004) ......................................................... 23 Tabela 7 Exemplo de Escala de Severidade de Consequncias (adaptado de WHO, 2004) ......................................................... 23 Tabela 8 Exemplo de Matriz de Classificao de Riscos............................... 23 Tabela 9 Exemplo de Matriz de Priorizao Qualitativa de Riscos................ 24 Tabela 10 Exemplo de medidas de controlo associadas s origens de gua........................................................................................... 28 Tabela 11 Exemplo de medidas de controlo associadas ao tratamento de gua...................................................................................... 32 Tabela 12 Exemplo de medidas de controlo associadas distribuio de gua...................................................................................... 35 INTRODUO1 1.INTRODUO 1.1Controlodaqualidadedaguaparaconsumo humano A garantia da qualidade da gua para consumo humano fornecida porumsistemadeabastecimentopblicoconstituielemento essencial das polticas de sade pblica. At finais do sculo XIX, aavaliaoeocontroloderiscosparaasadehumanapor transmissodedoenasprovocadasporconsumodeguaeram realizadasdeformaemprica,confiando-seprimordialmentena aparnciafsicadagua.Asinvestigaesepidemiolgicas desenvolvidasporJohnSnow,demonstrandoaligaoestreita entreoconsumodeguacomcontaminaofecaleumsurtode cleraemLondres(Snow,1855),adescobertadaexistnciade microrganismos por Louis Pasteur (1863) e os avanos cientficos nosmtodosdedetecodemicrorganismosporRobertCock (isolamentodobaciloVibriocholerae,em1883)constituram bases cientficas determinantes para a associao do consumo de guacomasadepblica,servindodepontodepartidaparao estabelecimentodeprticaseprotocolosparaocontrolodasua qualidade.nestecontextoquenoinciodosculoXX,aps vriasvagasdesurtosepidmicosdecleraefebretifidena Europa,sedesenvolverammeiostcnicoselegaisparaa desinfecodaguaemsistemaspblicosdeabastecimento. Estabelecia-se,assim,alargaescalaedeformasimples,o controlodedoenastransmitidasporviahdrica,causadaspor contaminao microbiolgica. AtmeadosdosculoXX,aqualidadedaguaparaconsumo humanoeraavaliadaessencialmenteatravsdassuas caractersticasorganolpticas,tendocomobaseosensocomum de se exigir que ela se apresentasse lmpida, agradvel ao paladar e sem cheiro desagradvel. No entanto, este tipo de avaliao foi-serevelandofalvelemtermosdeprotecodesadepblica contra microrganismos patognicos e contra substncias qumicas perigosaspresentesnagua.Tornou-se,assim,imperativo estabelecernormasparamtricasquetraduzissem,deforma objectiva,ascaractersticasaquedeveriaobedecerumagua destinada a consumo humano. Em1958surgeaprimeira publicaodaOrganizaoMundialde Sade (OMS) dedicada especificamente qualidade da gua para consumo humano sob o ttulo International Standards for Drinking- 2PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO Water(comrevisessubsequentesem1963eem1971), instituindo-seumametodologiadeverificaodaconformidade dascaractersticasdaguaabastecidacomvaloresnumricos pr-estabelecidos(Normas),atravsdeprogramasde amostragemdoproduto-finalconsumido.Seguiu-se,em1984-85,apublicaodostrsvolumesdaprimeiraediodas GuidelinesforDrinkingWaterQuality(GDWQ):Vol.1 Recommendations;Vol.2Healthcriteriaandothersupporting information;Vol.3Surveillanceandcontrolofcommunity supplies.AsegundaediodostrsvolumesdasGDWQfoi publicadaem1993,1996e1997,respectivamente(WHO,1993; WHO, 1996; WHO, 1997). Estaabordagemconstituiuumenormeavanonaprotecoda sadepblicaemtodoomundo,proporcionandoumaavaliao deriscosparaasadecomorigemem microrganismos,produtos qumicoseradionuclidos.Poroutrolado,estametodologiaserviu debaseaprocedimentoslegislativosemmuitospases, constituindo,namaioriadeles,abasedetodooprocessode controlodequalidadedaguaparaconsumohumano.NaUnio Europeia,aprimeiraDirectivaincidindosobreesteassuntofoi publicadaem1980(Directiva80/778/EC).Estedocumentolegal foirevogadopelaDirectiva98/83/EC(EC,1998),actualmenteem vigor,aqualincorporanovosavanostcnicosecientficos entretantoregistadoseconcentraaobrigatoriedadede conformidade em parmetros de qualidade essenciais. ODecreto-Lei243/2001,de5deSetembro(Portugal,2001),que transpeparaalegislaonacionalaDirectiva98/83/EC, estabelecequeaguadestinadaaoconsumohumanodeveser caracterizadapornocontermicrorganismos,parasitas,nem quaisquersubstnciasemquantidadesouconcentraesque constituamumperigopotencialparaasadehumana,bem como por preencher os requisitos mnimos estabelecidos nas partes A) e B)doanexoIerespeitar,genericamente,osvaloresdos parmetros da parte C) do anexo I. Este documento dispe ainda que,paragarantiraqualidadedaguafornecidaaos consumidores,aentidadegestoradosistemadeabastecimento deve(...)submeteraprovaodaautoridadecompetenteum programa de controlo de qualidade (...), efectuar a verificao da qualidadedagua,comvistademonstraodasua conformidadecomanormadequalidadedagua(...),efectuar amostragenscorrespondentesavaliaodeconformidade, periodicamente,aolongodoano,demodoaobter-seuma INTRODUO3 imagemrepresentativadaqualidadedaguadistribudapelos respectivos sistemas nesse perodo de tempo. Naprtica,agarantiadaqualidadedaguaparaabastecimento pblicotemsidobaseadanadetecodeindesejveis constituintesmicrobiolgicos,fsicos,qumicoseradiolgicos, potencialmenteperigososparaasadehumana,atravsda anlisedeconformidadedosresultadosobtidosnamonitorizao da qualidade da gua fornecida aos consumidores com os valores paramtricosestipuladosnasNormaslegalmenteestabelecidas. Estaabordagemtemgarantidoadequadospadresdequalidade daguaparaconsumohumano,principalmentenospases industrializados,daresultandoelevadosnveisdeconfianados consumidores na qualidade do servio que lhes prestado. Noentanto,tem-sevindoaverificarqueestametodologiade controlodequalidade,frequentementelenta,complexae dispendiosa, apresenta um conjunto de limitaes srias, algumas das quais relacionadas com os seguintes aspectos: Regista-seumalimitadacorrelaoentremicrorganismos patognicoseventualmentepresentesnaguaeos organismos indicadores geralmente adoptados nas normas em quesebaseiaametodologiadocontrolodaqualidadedo produto final. Recentes investigaes, efectuadas em casos de surtos de doenas transmitidas por via hdrica, demonstraram a suaocorrncianaausnciadeE.coli.,porexemplo.Na realidade,tem-severificadofracacorrelaodeindicadores bacteriolgicoscomvruseprotozoriospatognicos,talvez devido sua diferente capacidade resistente desinfeco. Osmtodosanalticosutilizadosnamonitorizaodos parmetrosmicrobiolgicosso,emgeral,suficientemente demorados para servir de elemento de preveno de situaes acidentais.Estetipodecontroloapenaspermiteverificarsea guaeraprpria(ouimprpria)paraconsumo,apsoseu fornecimento aos consumidores. Asignificnciaestatsticadosresultadosdamonitorizaodo produtofinallimitada.Porumlado,osvolumesdegua submetidosamonitorizaodeconformidadecomasnormas sorelativamenteinsignificantesquandocomparadoscomos volumes de gua distribuda; por outro lado, as frequncias de amostragemgeralmenteadoptadasemsistemasde distribuiopblicadeguadificilmentegarantemuma 4PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO adequadarepresentatividade,tantotemporalcomo espacialmente. Comaevidnciadestaslimitaesdamonitorizaode conformidadedefim-de-linhanosegaranteaoconsumidor,de formacategrica,anecessriaconfiananaguaquelhe fornecida.Justifica-se,destaforma,evoluirparametodologiasde gestotcnicabaseadasemanliseecontroloderiscosem pontoscrticosdosistemadeabastecimento.Aaplicaode princpiosdeavaliaoedegestoderiscosnaproduoe distribuiodeguaparaconsumohumanocomplementao controlorealizadoatravsdamonitorizaodeconformidadedo produto final, reforando a segurana na garantia da qualidade da gua e a proteco da sade pblica (Fewtrell and Bartram, 2001). Assim,ofornecimento,emsegurana,deguaparaconsumo humanopressupeumaacodecontroloconcertadae estruturada ao longo de todo o sistema de abastecimento, desde a origem da gua bruta at torneira do consumidor. 1.2Anliseegestoderiscosemsistemasde abastecimento de gua A OMS, atravs do primeiro volume da terceira edio das GDWQ (WHO, 2004), publicado em Setembro de 2004, recomenda que as entidades gestoras de sistemas de abastecimento pblico de gua desenvolvamplanosdeseguranaparagarantiraqualidadeda gua, incorporando metodologias de avaliao e gesto de riscos, bemcomoprticasdeboaoperaodossistemas.Privilegia-se, assim, uma abordagem de segurana preventiva em detrimento da metodologiaclssicademonitorizaodeconformidadedefim-de-linha,atravsdeumaefectivagestoeoperaodeorigens de gua, estaes de tratamento e sistemas de distribuio. Deve, entretanto, referir-se que a avaliao de riscos no um objectivo emsiprpriomasantesumaformadeestruturaroprocessode deciso, constituindo o ponto de partida para o estabelecimento de procedimentos que enfatizam o papel fundamental que o consumo de gua em segurana assume na proteco da sade pblica. ADirectiva98/83/EC,emboranoestejaestruturalmente organizada com esta metodologia e adopte o princpio do controlo dequalidadedaguaatravsdaanlisedasuaconformidade comvaloresparamtricosestabelecidos,nodeixadeexpressar preocupaes de gesto de segurana no seu articulado, quando, porexemplo,sepodeler:aDirectivatemporobjectivoa INTRODUO5 protecodasadehumanadosefeitosnocivosresultantesde qualquercontaminaodaguadestinadaaoconsumohumano, assegurandoasuasalubridadeelimpeza(artigo1);ou:a verificaodocumprimentodosvaloresparamtricosfixadano ponto em que no interior de uma instalao ou estabelecimento sai dastorneirasnormalmenteutilizadasparaconsumohumano (artigo 6). Entretanto, expectvel que, do processo de reviso da Directivaemcurso,resulteumaaproximaodalegislao europeia com os princpios metodolgicos contidos nas GDWQ da OMS. Nestas GDWQ enfatiza-sequeo fornecimento, em segurana, de guaparaconsumohumanoconseguidodeumaformamais efectiva se for adoptado um processo de gesto de riscos, atravs deumQuadroderefernciaparaoabastecimentopblicode guaparaconsumohumanoemsegurana,quecontemplaas cinco etapas fundamentais seguintes (Figura 1): Estabelecimentodeobjectivosparaaqualidadedagua destinadaaoconsumohumano,combaseemconsideraes de sade. Avaliao do sistema "com vista a assegurar que o sistema de abastecimento de gua, como um todo (da fonte at torneira do consumidor,passandopelotratamento), fornece gua com umaqualidadequecumprecomosobjectivosestabelecidos. Tambm incluiaavaliaode critriosdeprojectopara novos sistemas".Estaavaliaoconstituiumaprimeira"fotografia" paradeterminarseosistemademonstracapacidadespara atingir os objectivos de proteco de sade propostos. Identificao de medidas de controlo "que garantam, de forma global, o controlo dos riscos detectados e que assegurem que sejamalcanadososobjectivosdequalidadedagua,na perspectivadesadepblica".Estacomponenteincluia metodologiadeavaliaoegestoderiscoseasseguraa percepodascapacidadeselimitesdasbarreirasmltiplas quecompemosistema.Envolveosaspectosde monitorizao operacional. Preparao de planos de gesto "que descrevem as aces a tomaremcasosdeoperaoderotinaouemcasode condiesexcepcionaisedocumentamaavaliaoe monitorizaodosistema.Estacomponenteincluia elaboraodosplanosdemonitorizaoecomunicao,bem como os respectivos programas de suporte. 6PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO ObjectivosbaseadosnaprotecodeSadePblicaPlanodeSeguranadaguaparaConsumoHumanoAvaliaodosistemaMonitorizaooperacionalPlanosdegestoVigilnciaindependenteContextodeSadePblicaObjectivosbaseadosnaprotecodeSadePblicaPlanodeSeguranadaguaparaConsumoHumanoAvaliaodosistemaMonitorizaooperacionalPlanosdegestoVigilnciaindependenteContextodeSadePblicaFuncionamento de um sistema de vigilncia independente. Oprocessodeestabelecimentodeobjectivosdequalidadeda gua deve ser confiado s autoridades sanitrias, tendo em conta asespecificidadesdesadelocais.Esteprocessoestrutura-se numcicloiterativo,compreendendoumaavaliaodeestadoda sadepblicaeumaavaliaoderiscos,tendocomobase aspectosdeexposioambientalederiscosaceitveis.Nesta avaliaopoderoserusadosprocedimentosepidemiolgicosou deavaliaoquantitativaderiscos,tantoparasubstncias qumicas como para microrganismos. Acomponentedevigilnciadeveserassumidaporumaentidade reguladora que pode sera entidade com responsabilidadeslocais nasreasdasadeoudoambiente.Estaactividadedeve incorporar a monitorizao do desempenho de entidades gestoras. Asoutrastrscomponentesconstituemumplanodegestode riscosaquesedonomedePlanodeSeguranadaguapara Consumo Humano (PSA) (Nokes and Taylor, 2003; Davison et al., 2004;Vieira,2004;WHO,2004).Osprincpiosemtodos utilizadosnaelaboraodosPSApodembasear-seem procedimentoslgicosaplicadosnaidentificaoeavaliaode riscos,comoocasodoHACCP(HazardAnalysisandCritical ControlPoint),extensivamenteutilizadonaindstriaalimentar (Havelaar, 1994; Dewettinck et al., 2001; Bosshart et al., 2003). TambmaBonnCharterforSafeDrinkingWater(IWA,2004) propeprincpiosgeraisparagarantiraseguranado abastecimentodeguaparaconsumohumano,incorporandoa aplicao de PSA e a conformidade de padres de qualidade. Figura 1 Quadro de referncia para o estabelecimento de segurana da qualidade da gua (como proposto em WHO, 2004) ESTRUTURAO DE UM PSA7 2.ESTRUTURAO DE UM PSA 2.1Esquema conceptual UmPlanodeSeguranadaguaparaConsumoHumano,tal comopreconizadopelasGDWQdaOMS,podedefinir-secomo umdocumentoqueidentificaepriorizariscosplausveisque podemverificar-senumsistemadeabastecimento,desdea origemdeguabrutaattorneiradoconsumidor,estabelece medidasdecontroloparaosreduziroueliminareestabelece processosparaverificaraeficinciadagestodossistemasde controloeaqualidadedaguaproduzida.Oseuprincipal objectivoodegarantiraqualidadedaguaparaconsumo humanoatravsdautilizaodeboasprticasnosistemade abastecimentode gua, tais como: minimizao da contaminao nasorigensdegua,reduoouremoodacontaminao duranteoprocessodetratamentoeaprevenodeps-contaminaoduranteoarmazenamento,adistribuioeo manuseamentodaguanadistribuio.NaFigura2indicam-se algunsaspectosessenciaisateremconsideraonocontroloda qualidadeedafiabilidadedeumsistemadeabastecimentode gua. Figura 2 Aspectos a considerar na gesto de riscos em sistemas de abastecimento de gua ComumPSAestrutura-se,assim,deformaorganizada,um sistemaoperacionaldegestodaqualidadedagua,ondese podem identificar trs etapas fundamentais: Fonte Reserva de gua bruta Tratamento Reserva de gua tratada Rede de distribuio- Gesto de bacia hidrogrfica- Monitorizao de qualidade da gua bruta- Monitorizao operacional- Monitorizao de qualidade da gua- Controlo de nveis de armazenamento- Monitorizao operacional- Monitorizao de qualidade da gua- Presso 8PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO Avaliaodosistemaprocessodeanliseeavaliaode riscos,compreendendotodoosistemadeabastecimento, desde a fonte at torneira do consumidor; Monitorizaooperacionalidentificaoemonitorizaodos pontosdecontrolocrticos,demodoareduzirosriscos identificados; Planosdegestodesenvolvimentodeesquemasefectivos paraagestodocontrolodossistemas,assimcomode planosoperacionaisparaatenderemacondiesde operao de rotina e excepcionais. ATabela1apresentaoesquemaconceptualparaaestruturao da informao necessria elaborao de um PSA. Tabela 1 Esquema conceptual a adoptar no desenvolvimento do PSA ETAPAOBJECTIVOINFORMAO Avaliao do Sistema Assegurar que o sistema de abastecimento de gua, como um todo, fornece gua com uma qualidade que garante os objectivos de sade estabelecidos Identificao de perigos Caracterizao de riscos Identificao e avaliao de medidas de controlo Monitorizao Operacional Garantir o controlo dos riscos detectados e assegurar que sejam alcanados os objectivos de qualidade da gua Estabelecimento de limites crticos Estabelecimento de procedimentos de monitorizao Estabelecimento de aces correctivas Planos de Gesto Assegurar que descrevem as aces a tomar e documentam a avaliao e monitorizao do sistema Estabelecimento de procedimentos para a gesto de rotina Estabelecimento de procedimentos para a gesto em condies excepcionais Estabelecimento de documentao e de protocolos de comunicao Agestodocontrolodossistemasdeveaindaincluir:uma definioderesponsabilidades;umregistodosprocedimentos ESTRUTURAO DE UM PSA9 adoptados;eumplanodeformaoquegarantacompetncias adequadas ao pessoal relacionado com a operao do sistema. Ametodologiaaaplicardeveserapropriadadimensoe complexidadedosistemadeabastecimentodegua.Nocaso especficodesistemassimples,podeseraconselhveluma abordagem mais genrica.OPSAdeveabrangertodososaspectosrelacionadoscomo controlodasorigens,tratamentoedistribuiodagua, competindoaresponsabilidadedasuaaplicaoentidade gestora do sistema. AprimeiraetapadoPSAenvolveodesenvolvimentodasbases tcnicasnecessriasparaaavaliaodeprocessos,demodoa identificar os perigos e avaliar os riscos que lhe esto associados. Emmuitassituaes,aentidadegestoranotemcompetncias degestodaguanabaciahidrogrfica,nopodendo, directamente, controlar a qualidade das suas origens. No entanto, oPSAdeverincluirtodososaspectosrelacionadoscomas fontesdeguaeoseucontrolodequalidade,podendo,nesse caso,constituirumelementodecisivoparaqueestaentidade possaenvolverasentidadescompetentes,escaladabacia hidrogrfica,naadopodemedidasdeprotecodaqualidade da gua. Nasegundaetapaprocede-sedefiniodelimitescrticos, estabelecimentodeprocedimentosdemonitorizaoedefinio de aces correctivas a considerar ao longo de todo o sistema. A terceira etapa inclui uma srie de actividades cujoobjectivo o degarantiraaplicabilidadedoPSA.Paratal,desenvolvem-se procedimentosparaagestodocontrolodosistemaque englobam a monitorizao das medidas de controlo estabelecidas e os limites crticos definidos. So tambm elaborados programas de apoio operacional, que incluem formao do pessoal envolvido noquotidianooperacionaldosistemaenaverificaodas medidasdecontrolo.Almdestasduasactividadesdevemser estabelecidosprotocolosdecomunicao,incluindoinformao interna e comunicao com autoridades externas, com os media e com o pblico em geral. ParagarantiroxitonaaplicaodeumPSAdeveassegurar-se queaentidadegestoradosistemadeabastecimentodegua dispedecondiesoperacionaisederecursoshumanos adequados a uma efectiva gesto de controlo, o que pressupe: 10PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO Aconstituiodeumaequipamultidisciplinarcom conhecimento de todo o sistema e com competncia para fazer umaavaliaoinicialdomesmo,relativamentesua capacidade de atingir os objectivos de qualidade previstos. Aidentificaodoslocaisondepodeocorrercontaminaoe dasmedidasdecontroloquedevemseraplicadaspara prevenir, reduzir ou eliminar a contaminao. A validao dos mtodos utilizados no controlo dos perigos. Aaplicaodeumsistemademonitorizaoquegarantaa qualidadedaguadetodoosistemadeabastecimento, consistente com as Normas legais em vigor. Acescorrectivasparadarumarespostaimediataadesvios nos objectivos de qualidade previstos. AntesdaelaboraodoPSApropriamentedito,necessrio estabeleceretapaspreliminaresqueenvolvemaconstituioda equiparesponsvelpelaelaboraodoPSA,umacaracterizao geraldosistemaeaconstruododiagramadefluxo correspondente a todo o sistema em avaliao. Nestas etapas faz-se o inventrio tcnico, organizacional e das condies especficas do sistema de abastecimento. ApsaentradaemfuncionamentodoPSAtorna-senecessrio procedersuavalidaoeverificao.Atravsdavalidao assegura-sequeosistemaemoperaoeficazecomposto porbarreirasquegarantemocontrolodosperigosdetectados. Periodicamente(umaperiodicidadeanualpareceadequada)deve ser realizada uma verificao para determinar se o PSA est a ser correctamenteaplicadoesecapazdeatingirosobjectivosde qualidadepreviamenteestabelecidos.Nestesentidodeve proceder-seaumaavaliaodosrespectivosfactores determinantes,nomeadamentequalidadedagua,instalaes, processoseorganizao,apresentando-sepropostasde melhorias para o sistema (Figura 3). TodooprocessodeaplicaodoPSAdeveserfiscalizadopor umaentidadeindependente,oqueconstitui,porsis,um elemento adicional de controlo externo. Esta fiscalizao pode ser exercidaatravsdeauditoriasaoprprioplano,devalidaodas medidas de controlo propostas e de verificao do produto final. ESTRUTURAO DE UM PSA11 Medidas preventivas Funcionamento do sistema (programa de monitorizao/esquemas de manuteno) Avaliao do funcionamento do PSA(proceder a actualizaes /modificaes se e quando necessrio) Anlise de informao (fornecida por programas de monitorizao e esquema de manuteno) Medidas preventivas Funcionamento do sistema (programa de monitorizao/esquemas de manuteno) Avaliao do funcionamento do PSA(proceder a actualizaes /modificaes se e quando necessrio) Anlise de informao (fornecida por programas de monitorizao e esquema de manuteno) Figura 3 Processo de avaliao do funcionamento do PSA Oconjuntodasetapasaconsiderarnodesenvolvimentoe aplicaodeumPSApodeserorganizadodaformacomose apresenta na Figura 4. PLANO DE SEGURANA DA GUA PARA CONSUMO HUMANO (PSA) Etapas preliminares 1 Constituio da equipaVer 2.2.1 2 Descrio do sistema de abastecimentoVer 2.2.2 3 Construo e validao do diagrama de fluxoVer 2.2.3 Avaliao do sistema 4. Identificao de perigosVer 2.3.1 5. Caracterizao de riscosVer 2.3.2 6. Identificao e avaliao de medidas de controloVer 2.3.3 Monitorizao operacional 7. Estabelecimento de limites crticosVer 2.4.1 8. Estabelecimento de procedimentos de monitorizaoVer 2.4.2 9. Estabelecimento de aces correctivasVer 2.4.3 Planos de gesto 10. Estabelecimento de procedimentos para a gesto de rotinaVer 2.5.1 11. Estabelecimento de procedimentos para a gesto em condies excepcionais Ver 2.5.2 12. Estabelecimento de documentao e protocolos de comunicaoVer 2.5.3 Validao e verificao 13. Avaliao do funcionamento do PSAVer 2.6 Figura 4 Fluxograma para elaborao e aplicao do PSA 12PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO 2.2Etapas preliminares 2.2.1Constituio da equipa ParaaelaboraodeumPSAdeveconstituir-seumaequipa multidisciplinarcujasatribuiescompreendemoplaneamento,o desenvolvimento,averificaoeaaplicaodoPSA.Aequipa deve incluir: Coordenadorresponsvelpelaconduodoprojectoepela sua aplicao. Elementoscomconhecimentodosistemaecomcapacidade de previso dos perigos inerentes a cada etapa de produo e distribuio de gua. Elementoscomautoridadeparaimplementarquaisquer alteraesnecessriasparagarantiraqualidadedegua produzida. Elementos responsveis pelas anlises de qualidade da gua. Pessoasdirectamenteenvolvidasnasoperaesdiriasdo sistema. 2.2.2Descrio do sistema de abastecimento Todo o sistema de abastecimento deve ser descrito de uma forma fiel ao estado em que se encontra presentemente. Esta actividade pode considerar-se como um inventrio de todo o sistema, e deve incluir: Plano geral do sistema, desde a fonte at ao consumidor. Esquema da captao (superficial ou subterrnea). Descriodoesquemadetratamentodegua,incluindoos produtos qumicos adicionados. Plantadosistemadedistribuio(reservatrios,condutas, acessrios, etc.). Todaestainformao,contendoelementosessenciaisao conhecimentodosistema,deenormeimportnciaparaa elaborao de um PSA. Para alm da documentao referida anteriormente, poder ainda serrecolhidamaisinformaosobreasorigensdeguado sistema, nomeadamente: ESTRUTURAO DE UM PSA13 Zonas protegidas. Uso de solos da bacia hidrogrfica. Fontes poluidoras pontuais e difusas, etc. Semprequesepretendadesenvolverumnovosistemade abastecimento,prudenteprocederaumconjuntodeestudos paraestabelecerumaseguranaglobaldosistemaedeterminar aspotenciaisfontesdecontaminaodasrespectivasorigensde gua,osquaispodemincluiranlisesqumicasebiolgicasda gua,avaliaeshidrogeolgicaseinventariaodeusose ocupaodesolos.Nestecaso,devemconsiderar-setodosos factoresquepodemafectaraqualidadedaguaaquandoda selecodetecnologiasdecaptaodeguaedoprocessode tratamento. ATabela2descreveexemplosdeelementosaconsiderarna caracterizao do sistema de abastecimento de gua. Tabela 2 Exemplo de informao a compilar para a caracterizao de um sistema de abastecimento de gua (adaptado de WHO, 2004) COMPONENTE DO SISTEMA INFORMAO A CONSIDERAR Bacia hidrogrficaGeologia e hidrologia Meteorologia e condies do tempo Estado de sade da bacia hidrogrfica e do rio Vida selvagem Usos da gua Usos do solo Outras actividades desenvolvidas na bacia hidrogrfica com potencial de contaminao da fonte de gua Actividades futuras programadas guas superficiaisDescrio do tipo de massa hdrica (rio, lago, albufeira, etc.) Caractersticas fsicas (por ex.: dimenses, profundidade, altitude, estratificao trmica) Caudal e fiabilidade da origem de gua Tempos de reteno Constituintes da gua (fsicos, qumicos e microbiolgicos) Proteces (por ex.: acessos, vedaes) Actividades recreativas e outras actividades humanas Transporte de gua 14PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO COMPONENTE DO SISTEMA INFORMAO A CONSIDERAR guas subterrneasAqufero confinado ou no confinado Hidrogeologia do aqufero Caudal e direco de escoamento Caractersticas de diluio rea de recarga Proteco do poo Profundidade do poo Transporte de gua Sistemas de tratamentoProcessos de tratamento (incluindo processos opcionais) Caractersticas de projecto do equipamento Automao e equipamento de monitorizao Produtos qumicos utilizados no processo de tratamento Eficincias do tratamento Taxa de remoo de patognicos atravs da desinfeco Residual de desinfectante versus tempo de contacto Reservatrios de servio e sistemas de distribuio Caractersticas de projecto dos reservatrios Tempos de reteno Variaes sazonais Proteces (por ex.: coberturas, vedaes, acessos) Caractersticas de projecto do sistema de distribuio Parmetros de funcionamento hidrulico (presses, caudais) Proteco contra retorno de gua domiciliria Residual de desinfectante Subprodutos da desinfeco 2.2.3Construo e validao do diagrama de fluxo Oobjectivodaelaboraododiagramadefluxodosistemade abastecimentoodefornecerumavisoclaraesequencialde todas as etapas envolvidas desde a captao de gua bruta at torneiradoconsumidor.Estediagramadeverincluirtodosos elementosdainfra-estruturafsica,deformaaserpossvel identificar perigos e pontos de controlo relativos a todo o processo deproduodeguapotveledever,posteriormente,ser verificadoevalidado.Avalidaododiagramadefluxoser realizada atravs de: ESTRUTURAO DE UM PSA15 Verificao da abrangncia das etapas consideradas. Correco dos elementos constantes no diagrama. Confirmao do diagrama atravs de visita ao sistema. essencialquearepresentaodosistemasejaomaisfiel possvelparaevitarcorrer-seoriscodenoseremidentificados todososperigossignificativose,consequentemente,nose considerarem medidas e pontos de controlo apropriados.

2.3Avaliao do sistema 2.3.1Identificao de perigos A informao constante do diagrama de fluxo e o conhecimento do funcionamentodosistemaconstituemasbasesparaa identificaodosperigosrelacionadoscomadeterioraoda qualidadedagua.Devemserconsideradostodosospotenciais perigos biolgicos, fsicos, qumicos e radiolgicos susceptveis de estar associados ao sistema de abastecimento. Naidentificaodeperigos,podeadoptar-seaseguinte metodologia: Anlisedeperigosnafonte,notratamentoenadistribuio. Em cada etapa do diagrama de fluxo, tratar-se- de: identificar o que pode causar contaminao; associar as medidas de controlo a cada perigo. Considerao de outros factores influenciadores da ocorrncia de perigos, tais como: variao de circunstncias devidas ao tempo; contaminao acidental ou deliberada; medidas de controlo de poluio nas fontes; tratamento de guas residuais a montante da captao; prticas de recolha de gua e de armazenamento; higienizao de elementos do sistema; manutenodaredededistribuioeprticasde proteco. 16PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO Seguidamente,attulodeexemploenumadescriosucinta, referem-seosprincipaisaspectosrelacionadoscomcadaumdos tipos de perigos a considerar. Os perigos biolgicos esto geralmente associados presena na guademicrorganismospatognicos(bactrias,vruse protozorios) e algas txicas que podem constituir ameaas para a sade.Muitosdelestmorigemnafonteepodemserreduzidos oueliminadosatravsdetcnicasdedesinfecoadequadas, procedendo-se, para tal, escolha de um desinfectante adequado nafasedetratamentoegarantiadedosesresiduaisna distribuio e no armazenamento. Deveexigir-sequeaconcentraodemicrorganismos patognicossejamantidadentrodoslimiteslegaisestabelecidos, demodoaseremgarantidososobjectivosdequalidade. Geralmente,estesmicrorganismostmorigememcontaminao fecal,atravsdocontactodeguasresiduaisqueentram indevidamentenosistemadeabastecimento.Outras possibilidadesdecontaminaopodemestarrelacionadas,por exemplo,comcriaodeanimaisdomsticos,pssaros,vermes no interior e volta de reservatrios, etc. Osperigosqumicosestogeralmenteassociadospresenade substnciasqumicasemconcentraestxicasquepodemser nocivasparaasade.Estassubstnciaspodemocorrer naturalmente ou surgirem durante as operaes e os processos de tratamento e nas fases de transporte e reserva da gua. Existe um grandenmerodeconstituintesqumicos(orgnicosou inorgnicos)quepodeminfluenciarsignificativamenteaqualidade dagua.Dependendodasuatoxicidade,podemcausargraves perturbaesdesadeacurtoprazo(nocasodesubstnciasde toxicidadeagudamuitoelevada),potenciardoenascrnicas(no casodesubstnciasdebaixatoxicidadeagudaconsumidas diariamentedurantelongosperodosdetempo)ou,emborano constituindoperigodirectoparaasade,interferirnas caractersticas organolpticas da gua. Emparticular,deveter-seespecialatenoocorrnciade subprodutosdadesinfeco,emresultadodareacoentreas substnciasutilizadasnaeliminaodemicrorganismosea matriaorgnicadeorigemnatural,eventualmentepresentena gua bruta. Os perigos fsicos esto geralmente associados s caractersticas estticasdagua,taiscomocor,turvao,cheiroesabor.So ESTRUTURAO DE UM PSA17 caractersticasdeapreciaoimediata,susceptveisdelevaros consumidoresaquestionaraqualidadeeaseguranadagua, podendo,embora,nosignificarumperigodirectoparaasade humana.Inversamente,umaguadeboaaparnciaestticano significa,necessariamente,quesejaadequadaparaconsumo. Constituemexemplosdeperigosfsicosapresenade sedimentos,demateriaisdascondutasoudeimpermeabilizao detubagensebiofilmes.Estesltimos,podem,tambm,criar condiesparaoaparecimentodemicrorganismospatognicos, fomentar zonas de biocorroso e consumir cloro residual. Osperigosradiolgicosestoassociadosprobabilidadede contaminaodaguaapartirdefontesderadiao.Aradiao podeseremitidadeformanaturaloucomoresultadode actividadeshumanasepodeseroriginadapor:materiais radioactivosqueocorremnaturalmentenasfontes;contaminao porefluentesdaindstriamineira;radionuclidosprovenientesde actividadesmdicasoudeindstriasqueutilizammateriais radioactivos. 2.3.1.1Identificao de perigos na fonte Numaperspectivadeprotecoambiental,aDirectiva-quadroda gua(EC,2000)contemplaobjectivosambiciososparaagesto derecursoshdricosnasbaciashidrogrficas,atravsdeuma abordageminovadoradereduoecontrolodapoluiode origemantropognicaproveniente,nomeadamente,dasreas urbanas,deactividadeagrcolaedeactividadeindustrial.Do pontodevistadeprotecodaqualidadedaguadestinadaa consumohumano,verifica-sequeaaplicaoconjuntadaquela DirectivacomaDirectiva80/778/CEEconstituiumconjunto normativo de grande importncia para a garantia da qualidade das fontesdeabastecimentopblicodegua,conciliando preocupaesambientaiscomprincpiosdeprotecodesade pblica. Agarantiadaqualidadedaguaparaabastecimentopblico destinada a consumo humano est, pois, intimamente relacionada com a protecoda respectiva fontede gua bruta.A gestodas causasdecontaminaodasguasnaturaistraduz-sena disponibilidade de uma gua com menor grau de contaminao, o que, para alm de garantir maior segurana na qualidade da gua fornecidaaosconsumidores,implicaummenoresforonoseu processodetratamento.Comefeito,quantomenospoludafora guaafluenteaumaestaodetratamento,menosextensivose 18PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO dispendiosos sero os meios necessrios salvaguarda da sade pblica:auma menorquantidadedeprodutosqumicosutilizados correspondeumareduonaformaodesubprodutosdo tratamentoeumbenefcioeconmicoeambientaldecorrenteda minimizaodecustosoperacionais,doconsumoderecursose da produo de resduos. Acompreensodasrazespelasquaisocorremalteraesda qualidadedaguabrutamuitoimportantepoiselaspodem influenciarosnveisdetratamentoexigidose,porconseguinte, todooprocessodeproduodeguaparaconsumohumano. Geralmente,estaqualidadeinfluenciadaporfactoresnaturaise antropognicos.Nosprimeirosincluem-seavidaselvagem,o clima,atopografia,ageologiaeavegetao.Osfactores antropognicosresultam,normalmente,nadescargade contaminantesindesejadossobduasformas:pontual(guas residuaismunicipaiseindustriais)oudifusa(drenagemurbanae escorrncias provenientes de actividades agro-pecurias). Aprotecodaqualidadedaguanabaciahidrogrficaena captaoconstituiaprimeirabarreiradeprotecodaqualidade daguanosistemadeabastecimento.Nassituaesemquea gestodafontedeguaestejaforadajurisdiodaentidade gestoradosistema,oplaneamentoeaaplicaodemedidasde controlo requer a coordenao com quem exerce essa autoridade. Podenoserpossvel,deincio,aplicartodososaspectos relacionadoscomaprotecodafontedegua,masesta abordagempodecontribuirparasensibilizarosdiversosactores institucionaiscomactividadenabaciaparaumagestointegrada dagua,pressupondoumaresponsabilizaosolidriana proteco da sua qualidade e na preveno de riscos de poluio. As guas subterrneas de profundidade e de aquferos confinados so,geralmente,isentasdemicrorganismospatognicose quimicamenteestveis,umavezqueseencontramprotegidasde contaminaodirecta.Noentanto,poosouaquferosno-confinadospodemestarsujeitosacontaminaodirecta provenientededescargasouinfiltraesnosolo,associadasa actividadesagro-pecurias(patognicos,nitratosepesticidas),a descargas de guas residuais domsticas (patognicos e nitratos) e a disposio de resduos slidos. Oseventosperigososquepodemterimpactonasfontesdegua (baciahidrogrfica,reservatriosdeguabrutaereade captao)equedevemsertidosemconsideraocomoparte ESTRUTURAO DE UM PSA19 integrante da identificao de perigos, podem incluir, entre outros, os elementos constantes da Tabela 3. Tabela 3 Exemplos de eventos perigosos associados s origens de gua COMPONENTE DO SISTEMA EVENTO PERIGOSO Bacia hidrogrfica Descargas de guas residuais (domsticas e industriais) Descargas de guas pluviaisLixiviados provenientes da utilizao de produtos qumicos na bacia hidrogrfica (por ex.: fertilizantes e pesticidas) Derrames de hidrocarbonetos (acidentais ou deliberados) Actividades de recreio Matria fecal proveniente de vida selvagem e criao de gado Disposio de resduos perigosos (activos ou encerrados) Ocorrncias de constituintes em rochas naturais Proteco inadequada da cabea do poo (poo no selado ou selado inadequadamente); Variaes sazonais climticas (cheias e secas) e desastres naturais Reservatriosdegua bruta e rea de captao -Acesso humano / inexistncia de zonas condicionadas -Curto circuito hidrulico em reservatrios -Construo inadequada do reservatrio de gua bruta -Florescncias de cianobactrias -Estratificao trmica -Falhas mecnicas, elctricas ou estruturais -Variaes climticas sazonais (cheias e secas) e desastres naturais -Aces de vandalismo e sabotagem 2.3.1.2Identificao de perigos no tratamento Osperigosassociadosaoprocessodetratamentodeguaesto relacionadoscomapresenanaguabrutadecontaminantesde origemnaturalouprovenientesdaactividadehumana.Outrotipo desubstnciasindesejveispodemserintroduzidosduranteo processodetratamento,nomeadamenteprodutosqumicos usadosnoprocessodetratamentoouderivadosdemateriaisde 20PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO construoemcontactodirectocomagua.Porrazesde deficientefuncionamentodealgunsrgosdetratamento,como por exemplo no caso de filtros, podem ainda verificar-se situaes pontuaisdeelevadaturvaooudeaparecimentodeelevada contaminaomicrobiolgicaaolongodasvriasetapasdo processo de tratamento e que podem afectar a qualidade da gua que fornecida ao sistema de distribuio. Os eventos perigosos que podem ter impacto no tratamento e que devemsertidosemconsideraocomoparteintegranteda identificao de perigos, podem incluir, entre outros, os elementos constantes da Tabela 4. Tabela 4 Exemplos de eventos perigosos associados ao tratamento COMPONENTE DO SISTEMA EVENTO PERIGOSO Sistema de tratamento-Variaes significativas de caudal no sistema de tratamento -Processos unitrios de tratamento inadequados ou equipamento deficiente -Incapacidades no controlo de processos de tratamento -Utilizao de reagentes de inadequada qualidade -Utilizao de produtos e materiais no certificados ou contaminados -Deficincias na dosagem de produtos qumicos -Mau funcionamento de equipamentos -Falhas nos alarmes e nos equipamentos de monitorizao -Falhas elctricas, mecnicas ou estruturais -Poluio deliberada ou acidental -Sabotagem e desastres naturais -Formao de subprodutos da desinfeco -Contaminao cruzada (gua gua residual) -Passagem de algas para os filtros em concentraes elevadas 2.3.1.3Identificao de perigos na distribuio Apresenadedesinfectanteresidual(normalmentecloro)ao longo de todo o sistema de distribuio garante, em princpio, uma distribuiodeguaseguracontraeventuaisrecontaminaese crescimentodemicrorganismosembiofilmesaderentess ESTRUTURAO DE UM PSA21 paredes das condutas. No entanto, a presena de precursores, em conjuntocomsubstnciasdesinfectantes,podedeterminara formaodesubprodutosindesejveis(porexemplo trihalometanos),cujasconcentraesdevemsermantidasabaixo dos valores permitidos legalmente. Para atender a este problema, tm sido registado algumas vantagens na utilizao de cloraminas como produto desinfectante. Os eventos perigosos que podem ter impacto na distribuio e que devemsertidosemconsideraocomoparteintegranteda identificao de perigos, podem incluir, entre outros, os elementos constantes da Tabela 5. Tabela 5 Exemplos de eventos perigosos associados distribuio COMPONENTE DO SISTEMA EVENTO PERIGOSO Sistema de distribuio-Reservatrios e aquedutos no cobertos -Acesso no autorizado de pessoas e animais -Curto circuito hidrulico em reservatrios/zonas mortas -Utilizao de materiais e de revestimentos inadequados -Corroso em reservatrios e em redes de condutas-Infiltrao e entrada de contaminao de ligaes cruzadas -Crescimento de microrganismos em biofilmes e sedimentos -Rupturas de condutas/fissuras -Operaes inadequadas de reparao, manuteno e limpeza de reservatrios -Desinfeco deficiente aps operaes de reparao -Variaes de caudais/presses inadequadas -Residual de cloro inadequado -Formao de subprodutos da desinfeco -Falhas nos sistemas de alarme e no equipamento de monitorizao -Sabotagem e desastres naturais-Ligaes ilegais -Deteriorao da qualidade da gua nos reservatrios 22PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO 2.3.2Caracterizao de riscos A definio de medidas de controlo deve basear-se na priorizao deriscosassociadosaumperigoouaumeventoperigoso.Na literaturacientficaencontram-sevariadasformasparadefinir risco.Amaiscomumconsideraumriscocomosendoa probabilidadedeocorrnciadeumperigocausadordedanosa uma certapopulaoaeleexpostanumdeterminadointervalode tempoeconsiderandoamagnitudedessedano.Umriscopode, assim,traduzir-sepeloprodutodaprobabilidadedeocorrnciade umacontecimentoindesejadopelorespectivoefeitocausado numadeterminadapopulao.Oseventosperigososcommaior severidade de consequncias e maior probabilidade de ocorrncia devemmerecermaiorconsideraoeprioridaderelativamente quelescujosimpactossoinsignificantesoucujaocorrncia muito improvvel. 2.3.2.1 Priorizao de riscos A avaliao dos perigos identificados, usando uma metodologia de priorizaoderiscos,assenta,genericamente,numaapreciao baseadaembomsensoenoconhecimentoaprofundadodas caractersticas do sistema em apreciao, podendo definir-se para tal uma matriz de classificao de riscos semi-quantitativa. Assim, para avaliar o risco associado a cada perigo, estabelece-se aprobabilidadedeleocorrer,atravsdeumaEscalade Probabilidade de Ocorrncia, e as consequncias para a sade da populaoabastecida,atravsdeumaEscaladeSeveridadedas Consequncias.Aplicandoestametodologia,aprobabilidadede ocorrncia definida atravs de um julgamento sobre a estimativa defrequnciacomqueoacontecimentopodeocorrer;a severidade das consequncias caracterizada em trs classes de eventos:letal(mortalidadesignificativaparaumadeterminada populao),nociva(morbilidadeafectandoumapartedeuma populao) e de impacto negligencivel ou nulo.As pontuaes a aplicar podem usar uma escala de pesos de 1 a 5, de acordo com agravidadecrescentedoperigo.Umexemplodeaplicaodesta abordagem apresenta-se nas Tabelas 6 e 7. ESTRUTURAO DE UM PSA23 Tabela 6 Exemplo de Escala de Probabilidade de Ocorrncia (adaptado de WHO, 2004) Probabilidade de ocorrncia DescrioPeso Quase certaEspera-se que ocorra 1 vez por dia5 Muito provvelVai acontecer provavelmente 1 vez por semana4 ProvvelVai ocorrer provavelmente 1 vez por ms3 Pouco provvelPode ocorrer 1 vez por ano2 RaroPode ocorrer em situaes excepcionais (1 vez em 10 anos)1 Tabela 7 Exemplo de Escala de Severidade de Consequncias (adaptado de WHO, 2004) Severidade das consequncias DescrioPeso CatastrficaLetal para uma parte significativa da populao ( 10%)5 GrandeLetal para uma pequena parte da populao (< 10%)4 ModeradaNocivo para uma parte significativa da populao ( 10%)3 PequenaNocivo para uma pequena parte da populao (< 10%)2 InsignificanteSem qualquer impacto detectvel1 Apriorizaoderiscosdeterminadaapsaclassificaode cadaperigocombasenaquelasescalas,construindo-seuma MatrizdeClassificaodeRiscos.Aspontuaesdestamatriz, constantesdaTabela8,soobtidasatravsdocruzamentoda escaladeprobabilidadedeocorrncia(linhas)comaescalade severidade das consequncias (colunas). Tabela 8 Exemplo de Matriz de Classificao de Riscos Severidade das Consequncias Probabilidade de Ocorrncia InsignificantePequenaModeradaGrandeCatastrfica Quase certa510152025 Muito provvel48121620 Provvel3691215 Pouco provvel246810 Raro12345 24PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO Aavaliaoqualitativadestamatrizpodeaindaconduzirao estabelecimentodeumaMatrizdePriorizaoQualitativade Riscos, conforme se apresenta na Tabela 9. Tabela 9 Exemplo de Matriz de Priorizao Qualitativa de Riscos Severidade das Consequncias Probabilidade de Ocorrncia InsignificantePequenaModeradaGrandeCatastrfica Quase certaBaixoModeradoElevadoExtremoExtremo Muito provvelBaixoModeradoElevadoExtremoExtremo ProvvelBaixoModeradoModeradoElevadoElevado Pouco provvelBaixoBaixoModeradoModeradoModerado RaroBaixoBaixoBaixoBaixoBaixo Impe-sereferirqueaaplicaodestametodologiadeve incorporar bom senso, de modo a poderem distinguir-se situaes que,emboraapresentempontuaessemelhantes,representam situaesdeperigodistintas.Assim,eventosperigososque ocorrem muito raramente com consequncias catastrficas devem termaiorprioridadeparacontrolodoqueoutrosque,embora ocorrendocommaiorfrequncia,apresentamimpactoslimitados na sade pblica.NaelaboraodeumPSApodemconsiderar-sePontosde Controlo (PC) os elementos do sistema onde severificam perigos classificados com pontuaes de risco com valor igual ou superior a 6 (Moderado). 2.3.2.2 Definio de PCC ParacadaPCencontrado,segue-seaidentificaodoslocais ondeabsolutamenteessencialprevenir,eliminaroureduzirum perigodentrodelimitesaceitveis(PontosdeControloCrticos- PCC) que pode ser feita, de forma estruturada e sistemtica, com auxliodeumarvorededecisocomoaqueseapresentana Figura5,pressupondo-seoconhecimentoprviodasmedidasde controlo implementadas no sistema. Esta metodologia baseia-se num processo iterativo de respostas a um conjunto de quatro questes que devem ser colocadas a cada ESTRUTURAO DE UM PSA25 eventoperigoso,demodoaconcluir-seseumadeterminadafase do processo constitui, ou no, um PCC: Q1.Nestafaseexistemmedidasdecontroloparaoperigo identificado? SearespostaforSIM,devepassar-sequesto2.Sea respostaforNO,passa-sequestosuplementarpara confirmarseocontrolonecessrioparagarantira seguranadagua.Senofornecessrioumcontrolo desseponto,entonoumPCC.Casocontrrio, necessrio modificar a fase do processo. Q2. Esta fase consegue eliminar ou reduzir a probabilidade de aparecimento de perigo at um nvel aceitvel? Estaquestodeveserrespondidacomoauxliodo diagramadefluxodosistema,tendoemcontaquea operaoouafasedoprocessoqueestaser questionadaenoasmedidasdecontrolo.Apergunta feitaparasesaberseaoperaooufasedoprocesso consegue controlar o perigo. Se a resposta for SIM, ento umPCC.SearespostaforNO,devepassar-se questo 3. Q3.Podeocorreralgumacontaminaooupodeoperigo aumentar at nveis inaceitveis? Esta questo requer uma avaliao de perigos, bem como umcorrectoconhecimentodoprocesso.Senohouver totalseguranarelativamenterespostaaestaquesto, deve assumir-se a resposta SIM, e passar-se questo 4. Se a resposta for NO, ento no um PCC. Q4.Algumafaseposteriordoprocessoeliminaroperigoou reduziraprobabilidadedoseuaparecimentoparanveis inaceitveis? Estaquestopermiteavaliarse,apesardaexistnciade umperigonessafasedoprocesso,eleconsegueser eliminadonumaoutrafaseajusante.Searespostafor SIM, ento no um PCC. Se a resposta for NO,ento foi identificado um PCC. A sequncia de respostas SIM ou NO (por ex.: S,N,S,N) deve ser referidanasfichasdeavaliaodosistema,demodoafacilitara percepo do caminho percorrido na rvore de deciso. 26PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO Figura 5 Exemplo de rvore de deciso para a definio de PCC Devesalientar-sequedaaplicaodarvorededecisopode concluir-seque:(i)umafasesubsequentedoprocessopodeser maiseficientenocontrolodeumperigoe,comotal,identificar-se a o PCC; (ii) mais do que um perigo pode ser controlado por uma medidadecontrolo;(iii)maisdoqueumafasedoprocessopode estar envolvida no controlo de um determinado perigo. 2.3.3Identificao e avaliao de medidas de controlo Aavaliaoeoplaneamentodasmedidasdecontrolo,baseados naidentificaodeperigos,devemgarantirqueosobjectivosde sadepblicaseroatingidos.Onveldecontroloaplicadodeve serproporcionalaosresultadosobtidosnapriorizaoderiscos. Esta etapa da elaborao do PSA pode envolver: Q1. Nesta fase existem medidas de controlo para o perigo identificado?SIMQ3. Pode ocorrer alguma contaminao ou pode o perigo aumentar at nveis inaceitveis?NOModificar a fase ou etapa do processoSIMNO SIMSIMQ2. Esta fase consegue eliminar ou reduzir a probabilidade de aparecimento do perigo at um nvel aceitvel?No um PCCNONo um PCCSIMQ4. Alguma fase posterior do processo eliminar o perigo ou reduzir a probabilidade do seu aparecimento para nveis inaceitveis?No um PCCNONOPCC necessrio uma mudana desta fase para a segurana da gua?Q1. Nesta fase existem medidas de controlo para o perigo identificado?SIMQ3. Pode ocorrer alguma contaminao ou pode o perigo aumentar at nveis inaceitveis?NO NOModificar a fase ou etapa do processoSIMNO NO SIMSIMQ2. Esta fase consegue eliminar ou reduzir a probabilidade de aparecimento do perigo at um nvel aceitvel?No um PCCNONo um PCCNONo um PCCSIMQ4. Alguma fase posterior do processo eliminar o perigo ou reduzir a probabilidade do seu aparecimento para nveis inaceitveis?No um PCCNONo um PCCNONOPCC necessrio uma mudana desta fase para a segurana da gua? ESTRUTURAO DE UM PSA27 Aidentificaodasmedidasdecontroloexistentesparacada perigo, desde a captao at torneira do consumidor. Aavaliaodaeficciadasmedidasdecontrolo,quando consideradas em conjunto, garantindo o controlo dos riscos em nveis aceitveis. Aavaliaodemedidasdecontroloalternativaseadicionais em caso de melhorias a aplicar no sistema. Aidentificaoeaplicaodasmedidasdecontrolodevemser baseadasnoprincpiodasbarreirasmltiplas.Aconsistncia desta abordagem baseia-se no facto de se considerar que a falha deumabarreirapodesercompensadapelocorrecto funcionamentodebarreirasremanescentes,minimizandoa probabilidadedesubstnciascontaminantespoderematravessar todoosistemaepermanecerememconcentraescapazesde causar doena aos consumidores. Desta forma, vrias medidas de controlopodemsernecessriasparacontrolarvriosperigos, assim como alguns perigos podem requerer a adopo de mais do que uma medida de controlo para o seu efectivo controlo. 2.3.3.1 Identificao e avaliao de medidas de controlo na Fonte A proteco eficiente da qualidade da gua na bacia hidrogrfica e na captao deve incluir: Aelaboraoeaaplicaodeumplanodegestodebacia hidrogrfica que inclua medidas de controlo para proteco das origens de gua superficial e subterrnea. Agarantiadequeasnormasregulamentaresincluema protecodaguacontraactividadespoluentes(planeamento deusodosoloegestodelinhasdegua)edequeso efectivamente cumpridas. Apromoodeconsciencializaodacomunidadeparaos potenciaisimpactosnegativosnaqualidadedaguadas actividades antropognicas. Asmedidasdecontroloaestabelecerparaprotecodeorigens deguadevemteremcontaacaracterizaoderiscosepodem incluir, entre outros, os elementos constantes da Tabela 10. 28PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO Tabela 10 Exemplo de medidas de controlo associadas s origens de gua COMPONENTE DO SISTEMA MEDIDAS DE CONTROLO Bacia hidrogrfica-Proibies e limitaes aos usos do solo -Registo de produtos qumicos utilizados na bacia hidrogrfica -Especificaes de proteco especial para a indstria qumica ou estaes de servio -Mistura/desestratificao de albufeiras para reduzir o crescimento de cianobactrias ou para reduzir a zona anxica do hipolmnio e a solubilizao de ferro e mangans dos sedimentos -Controlo das actividades humanas dentro das fronteiras da bacia hidrogrfica -Controlo das descargas de guas residuais -Aplicao de normas regulamentares ambientais para o licenciamento de actividades poluentes -Fiscalizao regular na bacia hidrogrfica -Proteco de linhas de gua -Intercepo de escoamentos superficiais -Preveno de actividades poluidoras clandestinas Reservatriosdegua bruta e rea de captao -Garantia de capacidade de armazenamento de gua disponvel durante perodos de seca e de cheia -Localizao e proteco adequadas da captao -Escolha apropriada da profundidade de captao em albufeiras -Construo apropriada de poos e estabelecimento de mecanismos de segurana -Localizao adequada de poos -Sistemas de segurana contra intruso -Sistemas de segurana para prevenir actividades clandestinas -Minimizao de tempos de reteno para prevenir crescimento anormal de algas -Garantia de impermeabilizao adequada dos reservatrios de gua bruta -Estabelecimento de programas de limpeza para remoo de matria orgnica ESTRUTURAO DE UM PSA29 2.3.3.2 Identificao e avaliao de medidas de controlo no Tratamento Apsaprotecodafonte,abarreiraseguintequesurgeno diagrama de fluxo de um sistema de abastecimento para impedir a deterioraodaqualidadedaguaconstitudapeloconjuntode operaeseprocessosdetratamentoaqueaguasubmetida. Comoreferidoanteriormente,acomplexidadedoesforode tratamentonecessriodirectamenteproporcional contaminao da gua bruta. Salvosituaesexcepcionais,aguacaptadananaturezacom destino a abastecimento pblico deve ser submetidaa tratamento adequado antes de entrarnos sistemas de distribuio, por forma agarantir-seoseuconsumocomsegurana,isto,com caractersticasquesatisfaamasnormasdequalidade estabelecidas.Aalteraodaqualidadedaguabrutaobtm-se atravs de vrias etapas de tratamento que se interligam de forma coerentenumdeterminadoespaofsico,constituindouma estao de tratamento de gua (ETA). Asvriasetapasdetratamentoaquesesubmeteaguaso estabelecidastendoemconsideraoasuahistria,isto,as suascaractersticasnaorigem,esoconstitudasporoperaes fsicas e por processos qumicos e biolgicos. Geralmente,asguassubterrneasconstituemfontesdegua frescanocontaminadaedequalidadeuniformeque,aps tratamentossimples(remoodemineraisedegases dissolvidos), so facilmente utilizveis para abastecimento pblico. Emalgunscasos,asguassubterrneaspodemserdistribudas semqualquertratamentoquandocontmsuficienteoxignio dissolvido.Contudo,porprecauoeparaprotecode contaminaopotencialnosistemadedistribuio,so geralmentedesinfectadas(comcloro)ecorrigidooseupH. Quandonocontmoxigniodissolvido,estogeralmente presentesH2Seiesdissolvidosdeferroemangans.Nesse caso,torna-senecessrioefectuaroarejamentodagua(para introduodeoxignio,remoodeH2SediminuiodeCO2), seguidadeposteriorfiltraopararemoodeflocosdasformas oxidadasdeferroemangans,entretantoproduzidas.Adureza excessiva,quandopresente,geralmentereduzidapor precipitao,utilizando-secaloucalesoda.Paraestabilizara gua antes da filtrao geralmente utilizado CO2. 30PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO As captaes deguas superficiais so geralmente afectadas por fenmenos de poluio e de eutrofizao das massas hdricas. De facto,ecomojfoireferido,aqualidadedestasguasdepende muitodosusosaquesubmetida,nomeadamentedeprticas agrcolas,dedescargasdefontespoluidorasdomsticase industriais, de obras hidrulicas e at de flutuaes hidrolgicas e climatolgicas que se verificam ao nvel da bacia hidrogrfica. Otratamentodasguaslticasconstituinormalmenteumdesafio permanente adaptao operacional das estaes de tratamento, demodoaproduzirguaparaabastecimentopblicoapartirde guascomqualidadevarivelaolongodoano.Oconjuntode operaesaquegeralmentesedesignaportratamento convencional(coagulao,floculao,sedimentaoefiltrao) constituiabasedosesquemasgeralmenteutilizadosparatratar estas guas superficiais. Asguasdelagosealbufeiras,porapresentaremumapr-sedimentaonaturaleumaqualidademaisuniformeduranteo ano, podem ver simplificadas as respectivas etapas de tratamento. Paraevitaroaumentodeturvaoeremoversaboresecheiros devidospresenadealgasmuitasvezesutilizadaa desinfeco (com cloro) no incio e final das etapas de tratamento, promovendoemsimultneoadesinfecodaguabrutae estabelecendoumresidualnaguatratada.Pararemoode compostoscausadoresdesaboresecheirosfrequentemente utilizadoocarvoactivado(naformagranularouemp).Para remoodedurezaexcessivatambmusadooprocessode abrandamento por precipitao com cal e soda. Oestabelecimentodeumsistemaorganizadoparaotratamento deguassuperficiais,maisdoquecincia,umaartena interligaodeoperaeseprocessos,atendendos caractersticas de qualidade da origem de gua. Em termos gerais, umsistemadetratamentopodeincluirumpr-tratamento,o tratamentoconvencional(coagulao,floculao,clarificao, filtrao) e a desinfeco. Opr-tratamentocontemplaoperaesprviasaotratamento propriamenteditoeincluifiltrosgrosseiros,microtamisadores, reservatriosdeguabrutaefiltraoemtaludes.Asopesde pr-tratamentodevemsercompatveiscomosprocessosde tratamentoaadoptar,osquaispodemapresentarcomplexidade varivel,desdeasimplesdesinfecoatfiltraocomusode ESTRUTURAO DE UM PSA31 membranas.Opr-tratamentopodereduzirouestabilizarcargas de matria orgnica natural e microbiolgicas. Asoperaeseosprocessosdecoagulao,floculao, clarificao(sedimentaoouflotao)efiltraopromovema remoodepartculas,incluindomicrorganismos(bactrias,vrus eprotozorios).muitoimportantequeoprocessoseja optimizadoecontroladoparaqueseconsigaumdesempenho consistenteefivel.Nesteprocesso,acoagulaoqumica constitui uma etapa determinante para a eficincia na remoo de partculas,podendoasuaineficinciaoufalhasignificarelevado risco de contaminao microbiolgica da gua tratada. Notratamentodeguaparaconsumohumanosousados variados processos de filtrao, nomeadamente filtrao em meios porosos(filtraorpidaelentaem filtrosdeareia)efiltraopor membranas(microfiltrao,ultrafiltrao,nanofiltraoeosmose inversa).Desdequeprojectadaeoperadadeformaadequada, estaoperaopodeconstituirumabarreiraefectivapara microrganismos patognicos,. A filtrao atravs de meios porosos pode,inclusivamente,funcionarcomobarreiranicaparacertos microrganismospatognicosparaosquaisadesinfeco ineficiente(comoporexemplonocasodaeliminaode Cryptosporidium, quando se utiliza o cloro como desinfectante). Agrandemaioriadossistemasdetratamentoutilizacloroou cloraminasnoprocessodedesinfecodagua,favorecendo, assim,apresenaderesiduaisdecloronossistemasde distribuio.Outrosmtodosdedesinfecocompreendemouso deozono,radiaoultra-violetaedixidodecloro.Estes processossomuitoeficientesnaeliminaodebactriase razoavelmenteefectivosnainactivaodevrusemuitos protozorios,incluindoGiardia.Nasconcentraesgeralmente aplicadasemsistemasdeabastecimentopblico,ocloroeas cloraminasnosoefectivosnainactivaodeCryptosporidium, sendoparaesseefeitopoucoeficienteousodeozonoedixido decloroemuitoeficienteaaplicaoderadiaoultra-violeta.A utilizao apropriada de diferentes combinaes de desinfectantes podeoptimizaroprocessoderemoodemicrorganismos patognicos. Aconsideraojudiciosadetemposdecontactododesinfectante nostanquesdeguatratadapode,tambm,contribuirpara aumentar a eficincia do processo de desinfeco. 32PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO Asmedidasdecontroloaestabelecerparaotratamentoeficiente deguadevemteremcontaacaracterizaoderiscosepodem incluir, entre outros, os elementos constantes da Tabela 11. Tabela 11 Exemplo de medidas de controlo associadas ao tratamento de gua COMPONENTE DO SISTEMA MEDIDAS DE CONTROLO Sistema de tratamento-Formao de recursos humanos com regularidade adequada -Tratamento alternativo para dar resposta a situaes que ocorram sazonalmente -Controlo de produtos qumicos usados no tratamento -Controlo do funcionamento de equipamentos -Registo dos clculos das dosagens adoptados -Disponibilidade de sistemas de reserva -Optimizao dos processos de tratamento, incluindo: (i) doseamento de produtos qumicos; (ii) lavagem de filtros; (iii) caudais; (iv) pequenas adaptaes -Esquemas de segurana para prevenir sabotagem e actividades ilegais no autorizadas -Gesto adequada de stocks de produtos qumicos 2.3.3.3 Identificao e avaliao de medidas de controlo na Distribuio O processo de tratamento de gua deve ser controlado de modo a prevenir-se o crescimento microbiolgico na rede de distribuio, a corrosodomaterialdascondutasadutoraseaformaode biofilmes e depsitos, atravs de aces que incluem: Eliminao contnua e eficaz de partculas e produo de gua com pequena turvao. Precipitao e remoo de ferro e mangans. Minimizaodeperdasderesidualdecoagulante(dissolvido, coloidalouparticulado)parajusantedoprocessode tratamento,evitandoasuaeventualdeposioposteriorem reservatrios e redes de condutas. ESTRUTURAO DE UM PSA33 Reduodematriaorgnicadissolvida,especialmenteo carbono orgnico biodegradvel, que uma fonte de nutrientes para microrganismos. Manutenodopotencialdecorrosodentrodoslimitesque evitemconsumodedesinfectanteedanosnosmateriais estruturais. Para alm de aspectos de projecto e de operao, a qualidade da guadentrodosistemadedistribuiodepende,emgrande medida,doconjuntodeprocedimentosdeinspecoede manutenoadoptadospelaentidadegestoraparaprevenira contaminaoepromoveralimpezadascondutas.Pelofacto destapartedosistemadeabastecimentosesituarmaisprxima doconsumidor,qualquerfocodecontaminaoqueseverifique nosistemadedistribuiopodepremcausadirectamentea sadepblica,comprometendotodososcuidadosemedidasde controloentretantotomadasnasetapasamontante(fontee tratamento). Ascaractersticasespeciaisdeumsistemadedistribuio, geralmentecompostoporumaextensarededecondutaseuma grandequantidadedereservatrios,ligaes(domsticase industriais), juntas e acessrios diversos, para alm de frequentes acesdemanutenoereparao,proporcionacondiespara umaelevadaprobabilidadedeocorrnciadecontaminaesede acesclandestinasedevandalismo.Assim,asmedidasde controloaestabelecerparagarantiraqualidadedaguanum sistemadedistribuiodevemincidiremboasprticasde operaoemanutenodecondutasereservatriosena minimizaodefactoresefenmenosquepossamprovocaro reaparecimentodemicrorganismos(biofilmes)eaps-contaminao da gua por aces indevidas. Deumaformageral,aidentificaodeperigosquepodem comprometeraqualidadedaguaduranteoseutransporte (adutorasecondutasdedistribuio)easuareserva (reservatrios) pode atender aos seguintes aspectos: Contaminaoprovenientedeinfiltraodeguasfreticas poludas em zonas de baixos nveis piezomtricos da rede. Entradadegermes,nutrientesesubstnciasqumicas perigosasatravsdefissuraserupturasnascondutasou resultantes de obras de reparao e de limpeza ou de ligaes de guas residuais indevidas. 34PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO Contaminaomicrobiolgicaoriginadaemreservatrios (devido a limpezas e sistemas de ventilao). Absorodesubstnciasqumicasperigosasematria orgnica das paredes de condutas e reservatrios ou de redes domicilirias. Formaodecompostostxicoscausadosporagentesde desinfeco. Contaminaodeliberadadevidaaacesclandestinasou sabotagem. Oestabelecimentodepolticascorrectasdeoperaoe manuteno de sistemas de distribuio, incluindo reservatrios e redesdecondutas,condiosinequanonparagarantiruma guaseguranassuascaractersticasfsicas,qumicase microbiolgicas. Asredesdecondutaseosreservatriosdevemserconfinadose correctamenteprotegidoscontraintrusesindevidas.Aforma comosoabordadasasoperaesdemanutenoereparao dedeficinciaserupturasnoselementosdosistemade distribuio deve ter sempre em considerao a extrema facilidade de se favorecerem condies de contaminao da gua em locais muito prximos dos pontos de consumo e a dificuldade, ou mesmo impossibilidade,deremediar,emtempotil,essassituaes.Por outro lado, a contaminao externa pode ser controlada atravs da manuteno da rede sob presso e aplicando medidas que limitem aprobabilidadedeocorrnciadesituaesdeligaes inadequadas ou indevidas em condutas, bem como limitar acessos no autorizados a reservatrios. Asmedidasdecontroloaaplicarpodemserdediversandole, considerando,nomeadamente,ousodedesinfectantes secundriosmaisestveis(porex.:cloraminas),aadopode mtodosoperacionaisconducentesalimitarotempodereteno da gua no sistema e a aplicao de esquemas programados para substituio, reparao e manuteno de condutas. As medidas de controlo aestabelecer para a distribuio de gua devemteremconsideraoacaracterizaoderiscosepodem incluir, entre outros, os elementos constantes da Tabela 12. ESTRUTURAO DE UM PSA35 Tabela 12 Exemplo de medidas de controlo associadas distribuio de gua COMPONENTE DO SISTEMA MEDIDAS DE CONTROLO Sistema de distribuio- Manuteno programada do sistema de distribuio - Disponibilidade de sistemas de reserva (energia elctrica) - Manuteno de desinfectante residual em concentraes adequadas - Proteco rigorosa de condutas e reservatrios - Boas prticas para trabalhos de reparao de condutas e posteriores trabalhos de desinfeco - Garantia de presses adequadas na rede - Disponibilidade de sistemas de preveno de actos de sabotagem e de actividades clandestinas. 2.4Monitorizao operacional Aps a definio das medidas de controlo estabelecidas para cada uma das etapas do sistema de abastecimento (fonte, tratamento e distribuio),essencialqueaentidadegestoraassegure procedimentos de avaliao do sistema, de modo a garantir que o mesmofuncioneemdevidascondies.Amonitorizao operacionalassegura,deformaestruturadaeorganizada,o suportegestodaoperaodosistema,contribuindoparaque as medidas de controlo sejam eficazes. Osparmetrosseleccionadosparamonitorizaooperacional devemreflectiraeficciadecadamedidadecontrolo, proporcionarumaindicaodedesempenhoimediataeserem susceptveisdemedioimediata,permitindo,assim,umapronta resposta. 2.4.1Estabelecimento de limites crticos Asmedidasdecontrolodevemterlimitesdefinidosparaasua tolernciaoperacional,podendosermonitorizadasdirectaou indirectamente atravs de indicadores. Para cada perigo potencial hqueestabelecerosrespectivosLimitesCrticos(LC), determinando-se,assim,osobjectivosaseremcumpridospelo sistema,demodoagarantiraqualidadedaguadentrodos limitesimpostospelalegislaoemvigor.Sedaactividadede monitorizaoseconcluirqueolimitedeumdeterminado 36PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO processo operacional foi ultrapassado, ento pode concluir-se que se atingiu uma situao de incumprimento. Os limites a impor podem ser limites superiores, limites inferiores, umintervaloouumconjuntodemedidasdedesempenho (decorrentesdeobservaodirecta).OsLCconstituemvalores queseparamaaceitabilidadedainaceitabilidadedo funcionamentodosistemaedevemsermensurveisdirectaou indirectamente. O estabelecimento dos LC deve ter em conta a legislao em vigor aplicvelaossistemasdeabastecimentodeguaemPortugal, nomeadamente: Directiva 80/778/CEE gua bruta; Decreto-Lei 236/98, de 1 de Agosto; Directiva 98/83/CE gua para consumo humano; Decreto-Lei 243/2001, de 5 de Setembro. Paraalmdestesdocumentoslegais,podemserutilizadas, quandoaplicvel,asnormasdaOrganizaoMundialdeSade (Guidelines for Drinking Water Quality, 2004). Na definio paramtrica dos LC recomendvel que se imponha umamargemdeseguranarelativamenteaosvalores estabelecidosnasnormaslegaisemvigor,assimcomosedeve atenderaohistricodosdadosdequalidade,registadosnum perodosuficientementealargado,paragarantirfiabilidadena anlise de tendncia dos parmetros em causa. 2.4.2Estabelecimentodeprocedimentosde monitorizao AverificaodocumprimentodosLCestabelecidosdeveser realizadaatravsdemonitorizaodaqualidadedagua (planeamentodeumasequnciadeobservaesemedidasdos parmetroscaracterizadoresdessaqualidade)indispensvel garantiadequeoprocessoestsobcontrolo.Amonitorizao deverserefectuada,procurandodarrespostasaquestesdo tipoOQu?,Onde?,Como?,Quando?,Quem?.Nesta etapa,fixam-seospontosdeamostragemquegarantema representatividade da qualidade da gua no sistema, bem como a ESTRUTURAO DE UM PSA37 respectiva frequncia de amostragem (por exemplo, on-line, diria, anual),tendoemconsideraooperigoquelheestassociadoe otempoderespostadosistemanecessrioparafazerface violao de um LC. Amonitorizaooperacionalnafontedeguabrutadeveatender s caractersticas da origem de gua (superficial ou subterrnea) e aoseunveldecontaminao.Estamonitorizaopodeincluir turvao,cor,crescimentoalgal,caudais,condutividadee acontecimentos meteorolgicos locais. Osparmetrosaconsiderarnamonitorizaooperacionaldo sistemadetratamentodevemseradequadosaosrespectivos processosenvolvidos,nosquaissepodeincluir,nomeadamente, turvao, cor, pH, tempo de contacto de desinfeco e intensidade de UV. Nosistemadedistribuio,amonitorizaooperacionalpode incluir concentrao de cloro residual inicial e na rede, medio de pressoeturvao.Amediodebactriasheterotrficaspode constituir,tambm,umbomindicadordealteraes,comopor exemplo, aumento de potencial de ps-contaminao, aumento de actividade de biofilmes ou sintoma de rupturas no sistema. Osprocedimentosdemonitorizaodevemserorganizadosem planosdemonitorizaoquedevemserexaustivosnaavaliao dodesempenhoaolongodetodoosistemadeabastecimentoe devem conter a seguinte informao: Parmetros a monitorizar. Locais e frequncia de amostragem. Mtodos de amostragem e equipamento utilizado. Programao de amostragem. Procedimentosparaocontrolodequalidadedosmtodos analticos. Requisitos para verificao e interpretao de resultados. Responsabilidades e qualificaes necessrias de pessoal. Requisitos para documentao e gesto de registos. Requisitos para relatrios e comunicao de resultados. 38PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO 2.4.3Estabelecimento de aces correctivas Sempreque,atravsdamonitorizao,sedetectequeosLC foramultrapassados,torna-senecessrioaplicaraces correctivas de modo a assegurar o seu controlo dentro dos valores permitidos. Em certas etapas do sistema, a ocorrncia de desvios relativamenteaosLCestabelecidospodeexigirumaaco correctivaquaseinstantnea,poisasuanosuperaopodeter consequncias catastrficas. Osperigosconsideradosnospontosdecontrolocrticosdevem sereliminadosoureduzidosatravsdeumaoumaisaces correctivas, garantindo-se, desta forma, os objectivos de qualidade pretendidosearenovaodofuncionamentodosistemadentro dos valores previamente estabelecidos. 2.5Planos de gesto Paraatingirosseusobjectivos,oPSAdeveconterplanosde gestoquedescrevemasacesatomaredocumentama avaliao e a monitorizao do sistema e que contm os seguintes requisitos: Avaliao do sistema de abastecimento. Monitorizao operacional programada. Procedimentos sistematizados para a gesto de qualidade da gua, incluindo documentao e comunicao. Desenvolvimentodeprogramaspararenovaoe melhoramentos do sistema. Estabelecimento de protocolos apropriados para responder a incidentes (planos de emergncia). Os planospara responder a incidentes podem cobrir vrios nveis de alerta: mnimo, aviso prvio, a necessitar de mais investigao edeemergncia.Esteltimonvelpressupeaactuaode outrasentidades,paraalmdagestoradosistema, designadamente, autoridades da sade e da proteco civil. ESTRUTURAO DE UM PSA39 2.5.1Estabelecimento de procedimentos para a gesto de rotina UmavezelaboradooPSA,asinstruesnelecontidasdevero serseguidasdiariamenteparasegarantiraqualidadedagua fornecida,constituindoassimimportantesferramentasde trabalho.Osdadosdetodoosistemadevemserregistadosnum relatriodetrabalho.Todasasmediesefectuadasetodosos resultadosobtidosnospontosdecontrolocrticodevemser apresentadosdeumaformaclaraeregularmenteavaliados (comparaoentreobjectivosdequalidadeevaloresregistados). Destemodo,garante-sequeosLCestoasercumpridos.No casodeseregistaremdesvios,deveserasseguradoqueas aces correctivas preconizadas esto a ser bem executadas. Apsteremsidodefinidososperigos,osPCC,osLC,os procedimentos de monitorizao e as aces correctivas, ou seja, apsaconstataodequeainstalaoadequadaedeque estodefinidasasregrasdefuncionamentoparaumadevida manutenodosistema,necessriocriarummecanismode verificaoquegarantaasuafiabilidade.Narealidade,eapesar deumperfeitosistemadefuncionamentoedeumamanuteno regular,podeverificar-seaocorrnciadeincidentespontuaisou graduais no sistema de abastecimento que podem pr em causa a qualidade da gua fornecida. Estesperigosspodemsermantidossobcontroloatravsde verificaessistemticaseperidicas,asquaispodemincluir inspeces visuais, medies fsicas in situ e anlises laboratoriais daguaemvriospontosdosistema.Porisso,torna-se necessrio elaborar um caderno de instrues com o objectivo de controlar os PCC. Reala-se, aqui, a convenincia de incluir nesta tarefa a problemtica da bacia hidrogrfica, em especial aszonas de proteco s fontes. Para o controlo dos PCC, muito importante que os aparelhos de medioutilizadossejamfiveiseadequadosaofimemvista. Paratal,deveroserregularmenteinspeccionadosecalibrados. Nocasodetransmissoderesultadosmedidosdistncia(por controloremoto),osistemadetransmissodevesertambm sujeito a inspeces regulares. 40PLANOS DE SEGURANA EM SISTEMAS PBLICOS DE ABASTECIMENTO DE GUA PARA CONSUMO HUMANO 2.5.2Estabelecimento de procedimentos para a gesto em condies excepcionais A possibilidade de se poderem registar eventos de consequncias catastrficasaconselhaaelaboraodeplanosdeemergncia paralhesfazerface.Estesplanosdevemcontemplareventuais desastresnaturais(porex.:sismos,cheiasesecas),acidentes (porex.:derramesdehidrocarbonetosoudesubstnciastxicas nabaciahidrogrfica),danosnaestaodetratamentoouno sistemadedistribuioeaceshumanas(porex.:grevese aces de sabotagem). Um plano de emergncia deve especificar, de forma clara, os responsveis pela coordenao das medidas a tomar, os esquemas alternativos para o abastecimento de gua de emergncia e um plano de comunicao para alertar e informar os consumidores. Apsoregistodesituaesexcepcionais,deveserpromovida umainvestigaoaprofundada,considerando-seosseguintes elementos de anlise: Qual a causa primeira de que resultou o acontecimento? Comofoiinicialmenteidentificadooureconhecidoo acontecimento? Quais as principais aces tomadas? Queproblemasdecomunicaosemanifestaramecomo foram resolvidos? Quais as consequncias de curto e longo prazo? Como se comportou o plano de emergncia? Aocorrnciadeacontecimentosexcepcionaisdeveimplicar sempreasuadocumentaoerelato,comvistaapreparara entidadegestoraafazerfaceasituaessemelhantesque possam vir a ocorrer no futuro. 2.5.3Estabelecimentodedocumentaoede protocolos de comunicao O registo de informao essencial para avaliar a consistncia de umPSAedemonstrarograudeadesodosistemade abastecimentodeguaaoPSA.Devemconsiderar-secincotipos de registos: ESTRUTURAO DE UM PSA41 Documentao de suporte para o desenvolvimento do PSA. Registos e resultados gerados da aplicao do PSA. Relatrios da investigao a acontecimentos excepcionais. Documentao de mtodos e procedimentos utilizados. Registos dos programas de formao ministrada ao pessoal. Atravs da anlise aos registos da monitorizao operacional,um operadorouumgestorpode,facilmente,avaliarseum determinadoprocessoestaatingiroseulimitecrtico.Esta anlise pode ser de muita utilidade na identificao de tendncias enaintroduodeajustesoperacionais.Arevisoperidicados registosdeumPSAaindarecomendvelparaadetecode falhasnosistemae,umavezdefinidasasacescorrectivas, procedersuaefectivaexecuo.Emcasodeavaliaoexterna dosistema,osregistospodemtambmdesempenharumpapel essencial nos trabalhos das auditorias a realizar. As estratgias de comunicao podem incluir: Procedimentosparaalertaimediato,semprequeocorram incidentessignificativosnosistemadeabastecimentode gua,podendo,deacordocomagravidadedo acontecimento, incluir a notificao das autoridades de sade pblica, da proteco civil e dos consumidores. Informaosumriaaserdisponibilizadaaosconsumidores atravs, por exemplo, de relatrios anuais ou na internet. Estabelecimento de mecanismos de recepo e resposta, em tempo til, a reclamaes apresentadas pela comunidade. Devereferir-sequeaestratgiadecomunicaoaadoptardeve tersempreemcontaq