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Guião científico – Projeto Pais com a Ciência
Marco na Ciência
Protocolos de atividades para o 1º ciclo
Ficha técnica
Título
Guião científico – Projeto Pais com a Ciência, Marco na Ciência – Protocolos de atividades para o 1º ciclo
Edição
1ª edição (março, 2014)
Editor
Projecto Matemática Ensino – PmatE, Universidade de Aveiro
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Índice
Introdução .......................................................................................................................................................... 2
Enquadramento Curricular ................................................................................................................................. 2
Atividade 1 – simulação da sucessão das estações do ano ................................................................................ 2
Atividade 2 – simulação dos dias e das noite ..................................................................................................... 4
Rosa dos Ventos ................................................................................................................................................. 6
Atividade 3 – evolução da posição da sombra ................................................................................................... 7
Atividade 4 – construção do relógio de Sol ........................................................................................................ 9
Resumo da atividade .......................................................................................................................................... 9
Referências bibliográficas ................................................................................................................................ 14
2
Introdução
O presente guião organiza um conjunto de atividades subordinadas ao tema dinâmica da Terra – relógio de
Sol. As propostas de atividades serão implementadas com crianças do 1º ciclo do ensino básico a fim de
serem aprofundadas questões relacionadas com os movimentos dos corpos celestes, em particular, do
sistema Sol - Terra.
A sucessão e duração das estações do ano ou o movimento diurno do Sol parecem fenómenos simples de
explicar, no entanto, abordar este assunto com crianças desta faixa etária pode tornar-se complicado já que
o estádio do pensamento abstrato apenas se inicia por volta dos 12 anos. As atividades estão pensadas por
forma a usar a observação como processo para entender melhor os fenómenos em discussão.
Enquadramento Curricular
No que respeita ao enquadramento curricular das atividades propostas pretende-se cumprir os objetivos
gerais «Utilizar processos simples de conhecimento da realidade envolvente…assumindo uma atitude de
permanente pesquisa e experimentação», «Selecionar diferentes fontes de informação…e «Utilizar diversas
formas de recolha e de tratamento de dados simples…», de acordo com o programa de estudo do meio do
ensino básico.
Pretende-se ainda cumprir os objetivos específicos enumerados no programa de estudo do meio do ensino
básico, no que respeita ao bloco programático 3 – À descoberta do ambiente natural quando é referido
«…reconhecer o Sol como fonte de luz e calor», «Verificar as posições do Sol ao longo do dia…», «observar e
representar os aspetos da Lua nas diversas fases» e «Observar um modelo do Sistema Solar».
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Atividade 1 – simulação da sucessão das estações do ano
Resumo da atividade
Utilizando o modelo construído pelos alunos no âmbito das atividades propostas para o Projeto Pais com a
Ciência, bloco temático 3 – Universo, Sistema Solar e Dinâmica da Terra - posicionar o Sol e a Terra de modo
a simular o fenómeno das estações do ano – A (cf. Figura 1) e duração dos dias – B (cf. Figura 1).
Caso o modelo não esteja disponível ou não seja funcional, poderá ser substituído por um globo terrestre e
uma lâmpada/candeeiro que ilumine completamente um lado do globo e não apenas uma pequena área (o
que acontece quando se utilizam lanternas pequenas).
A imagem representa a posição da Terra em diferentes pontos da sua trajetória, sendo que as estações
identificadas dizem respeito ao Hemisfério Norte.
Protocolo da atividade
Material:
- modelo sistema Terra-Sol ou globo terrestre e candeeiro.
Procedimento - O modelo construído deve ser usado numa sala escura para que ao acender-se o candeeiro
que simula o Sol seja possível observar a luz a incidir apenas em metade da esfera que representa a Terra.
Colocar a Terra em cada uma das posições A, B, C e D e registar as observações na seguinte tabela (cf. Tabela
1).
Figura 1 – Imagem ilustrativa da sucessão das estações do ano e da duração dos dias.
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Posição da Terra O Polo Norte
está iluminado?
O Polo Sul está
iluminado?
Como está orientado o eixo
da Terra?
A – Solstício de Verão
B – Equinócio de Primavera
C – Solstício de Inverno
D – Equinócio de Outono
Tabela 1 – Tabela registo de observações.
Notas da atividade
Solstício de Inverno
A inclinação do eixo da Terra relativamente ao plano que inclui a trajetória da Terra em volta do Sol origina
vários fenómenos:
- o polo norte não recebe luz solar durante o inverno e parte do outono;
- a temperatura à superfície é menor já que há menos raios solares a incidir na superfície terrestre por
unidade de área, comparado com o que acontece no verão;
- há menos horas de luz, tornando os dias mais pequenos e frios.
Solstício de Verão
A inclinação do eixo da Terra em direção ao Sol origina vários fenómenos:
- no polo norte é sempre de dia – o sol não se põe - durante o inverno e parte do outono;
- a temperatura à superfície é maior já que há mais raios solares a incidir na superfície terrestre por
unidade de área, comparado com o que acontece no inverno;
- há mais horas de luz, os dias são mais longos e quentes.
Equinócios de Primavera e Outono
- o eixo da Terra é paralelo ao Sol, logo a sua inclinação não influência a duração dos dias e das noites
e ambos os polos, norte e sul, encontram-se iluminados.
- a quantidade de radiação solar recebida por unidade de área é maior do que acontece no inverno.
- nestes dias, os dias (horas de Sol) têm a mesma duração das noites.
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Atividade 2 – simulação dos dias e das noite
Resumo da atividade
Com esta atividade é pretendido que os alunos compreendam como se concretiza o fenómeno da sucessão
dos dias e das noites e como este facto se relaciona com a variação do número de horas de Sol ao longo do
ano.
Protocolo da atividade
Material:
- lanterna ou lâmpada do modelo;
- palito comprido de espetada;
- bola de esferovite de diâmetro 20 cm;
- balão azul;
- arame de comprimento igual a 40 cm.
Procedimento - A lâmpada ou lanterna servirá para simular o Sol enquanto a
bola de esferovite representará a Terra. Para “fazer” a Terra, cortar a entrada do
balão e “vestir” a bola de esferovite com o balão. Atravessar a bola de esferovite
de um lado ao outro, no centro, com o arame. Considerando esta bola a “Terra”
o arame entra num polo e sai no outro. Repetir o processo utilizando um palito, mas procedendo de modo a
que este faça um ângulo de 23,5⁰ com o arame. O palito representará o eixo da Terra.
Uma vez construída a Terra, deve-se apagar a luz da sala e segurar no arame por forma a que este se
encontre perpendicular ao chão ou superfície onde se realiza a atividade. Sempre que se rodar a Terra deve-
se garantir que o arame está sempre na vertical já que é utilizado como referência para se respeitar a
correta inclinação do eixo da Terra. Acender o “Sol” e posicionar a Terra em cada uma das situações A, B C e
D ilustradas nas figuras (cf. Figura 2, 3 e 4).
Figura 2 - Solstício de Verão no Hemisfério Norte
(Posição A).
Figura 3 - Solstício de Inverno no Hemisfério Norte
(Posição C).
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Figura 5 – Representação da latitude.
Notas da atividade
O fenómeno da sucessão dos dias e das noites relaciona-se com o movimento de rotação da Terra. A Terra
completa uma rotação sobre o seu eixo aproximadamente, a cada 24 horas.
A um observador na superfície terreste, este movimento de rotação da Terra confunde-se com o movimento
aparente do Sol no céu. Na realidade o corpo que se move é a Terra e não o Sol.
Dependendo da latitude a que se encontra o observador, os dias podem durar mais ou menos tempo, ou
seja, as horas de Sol são diferentes consoante a localização.
Para se identificar a localização de um corpo/objeto à superfície da Terra utilizam-se coordenadas
geográficas: a latitude e a longitude. A latitude é o ângulo que o raio da Terra faz entre a linha do Equador e
o lugar à superfície da Terra. Às circunferências paralelas ao Equador chamam-se paralelos. A latitude é
medida em graus (°) para Norte ou para Sul, sendo o Equador a linha com latitude igual a 0° (cf. Figura 5).
Figura 4: Equinócios (Posição B e D).
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A longitude é o ângulo que o raio da Terra faz entre a linha do meridiano de Greenwich, e o lugar à superfície
da Terra. Às circunferências que passam pelos dois polos (Norte e Sul) chamam-se meridianos. O meridiano
de referência que corresponde a 0° de longitude chama-se meridiano de Greenwich. A latitude é medida em
graus (°) para Este ou Oeste
Rosa dos Ventos
A Rosa dos Ventos reúne a orientação das linhas que indicam as direções cardeais: norte, sul, este e oeste.
Para além destes pontos podem ter mostrar ainda os pontos colaterais NE (nordeste), NO ou NW (noroeste),
SE (sudeste) e SO ou SW (sudoeste) (cf. Figura 7).
Figura 6 – Representação do meridiano de Greenwich.
Figura 7 – Representação da Rosa dos Ventos.
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Atividade 3 – evolução da posição da sombra
Resumo da atividade
Com a implementação deste trabalho de campo os alunos terão a possibilidade de observar a posição do Sol
no céu ao longo do dia e perceber como nos podemos orientar recorrendo à interpretação desse
movimento. Desta forma, é suposto que a atividade proporcione aos alunos a possibilidade de relacionar o
movimento aparente do Sol com os pontos cardeais e a direção da sombra de um objeto.
Protocolo da atividade
Material:
- vara de 1 m de altura ou uma pessoa;
- giz de várias cores;
- superfície;
- dia de sol;
- relógio;
- superfície de 10 m2 (pátio ou campo de jogos) onde seja possível escrever com giz;
- fita métrica 5 m;
- fio de prumo.
Procedimento - Em primeiro lugar, é necessário averiguar qual será o melhor local para a realização da
atividade. O local para a sua implementação deverá ser uma zona em que o Sol incida todo o dia e aonde
não se sobreponha nenhuma sombra.
Depois de identificado o local com as condições acima enumeradas, deve-se marcar o centro com giz. No
centro deverá ser colocada a vara na vertical. Se não for possível ter uma suporto para a vara, esta deverá
ser segurada por um aluno, ou o próprio aluno poderá posicionar-se no centro e a partir da sua sombra,
fazer-se as respetivas medições. As medições do comprimento da sombra devem ser efetuadas de 30 em 30
minutos e devem-se proceder ao seu registo, recorrendo à tabela (cf. Tabela 2). No final da atividade pode-
se desafiar os alunos a indicarem no chão, com giz, os pontos cardeais.
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Notas da atividade
É esperado que se observe o seguinte:
- a sombra tem maior comprimento de manhã e ao final do dia.
- à medida que a sombra se movimenta ao longo da manhã, o seu comprimento diminui até assumir o
menor comprimento possível – corresponde ao momento/instante em que o Sol se encontra mais alto no
céu. No Hemisfério norte, a sombra ao meio dia solar corresponde ao ponto cardeal Norte. Para latitudes
superiores ao Trópico de Câncer a sombra mínima corresponde ao meio-dia solar e a direção desta sombra
indica o Norte;
- quando o Sol está mais alto no céu, a sombra é mais pequena.
- ao longo da tarde, o comprimento da sombra volta a aumentar até ao pôr-do-sol.
- no dia do equinócio, o Sol nasce na direção do ponto cardeal Este e põe-se no ponto cardeal Oeste.
- no dia do solstício de verão, o Sol nasce e põe-se mais a norte relativamente à posição ocupada nos
equinócios. Já no dia do solstício de inverno, o Sol nasce e põe-se mais a sul.
Tempo
(hora e minutos)
Comprimento da sombra (cm)
08h00min
08h30min
09h00min
09h30min
10h00min
10h30min
11h00min
(…)
18h00min
Se possível, usar um escadote para tirar uma fotografia de cima com o resultado final.
Tabela 2 – Proposta para registo das medições da sombra ao longo do dia.
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Escolher um local com referências no horizonte de onde seja possível tirar uma foto do pôr-do-sol.
Tirar uma foto em cada um dos dias sugeridos acima.
Atividade 4 – construção do relógio de Sol
Resumo da atividade
Aproveitando o estudo da posição da sombra realizado na atividade 3, pode concluir-se que a formação da
sombra e variação do seu comprimento é um fenómeno que ocorre todos os dias de forma sequencial. Este
facto permite a construção de um Relógio de Sol. Os egípcios utilizavam este método para determinar o
tempo usando a sombra de obeliscos majestosos. Os egípcios dividiam o dia em 24 horas: doze horas de luz
e outras doze horas de escuridão e nas praças romanas era comum encontrar relógios de Sol.
Protocolo da atividade
Material:
- modelo do relógio kit Latitude e Longitude;
- palhinha;
- bússola;
- cola;
- tesoura.
Figura 8 – Posição do Sol no ocaso em quatro dias diferentes.
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Procedimento
Depois de recortar pela linha indicada a verde, seguir as instruções do esquema (cf. anexo 1).
Como funciona um relógio do Sol equatorial
Nesta ilustração, considera-se o movimento aparente do Sol, ou seja, imagina-se que é o Sol que se move à
volta da Terra num dia de verão no polo norte. Considerando um plano horizontal colocado no por do sol
(base do relógio) e uma vara na vertical (gnómon), verifica-se que a cada hora que passa, a sombra do
gnómon roda 15°. Usa-se como referência para a posição da sombra a linha de longitude 0° - o meridiano de
Greenwich.
Figura 9 – Indicações para construção do relógio de Sol equatorial.
Figura 10 – Evolução da sombra no polo norte, no verão.
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O Sol encontra-se fixo e a Terra realiza o movimento de rotação representado pela seta a vermelho. Ao final
de uma hora, a Terra rodou 15° e, passada outra hora, rodou mais 15°. Depois de 24h, a sombra dividiu o
disco em 24 partes iguais. Para um relógio do sol deste tipo, isto só acontece nos polos durante o verão. Para
lugares com outras latitudes é necessário ajustar a posição da base do relógio para que cada hora também
corresponda a uma variação de 15°.
Devido à distância da Terra ao Sol ser muito grande, os raios solares são paralelos uns aos outros quando
incidem na superfície terreste.
Quando é verão, no hemisfério norte, o eixo da Terra está orientado para o Sol. Uma consequência desta
inclinação é o sol nunca se pôr durante esse tempo no Polo Norte, estando sempre acima da linha do
horizonte. No inverno a situação inverte-se, e o Sol nunca nasce.
Para se ter um relógio de sol equatorial, a sua base, onde estão indicadas as horas, tem de ser paralela ao
paralelo do equador e o gnómon tem de ser paralelo ao eixo da Terra. Seguindo estas regras, teremos um
relógio equivalente ao apresentado nos pólos norte e sul, em que a base está colocada na horizontal.
Figura 11 – Evolução da sombra no polo norte, no verão, visto de topo.
Figura 12 – Incidência dos raios solares no inverno e no verão.
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Para a nossa latitude, que varia entre 38° N e 42° N, o relógio tem de respeitar a seguinte inclinação:
A letra ϕ corresponde à latitude do lugar, enquanto α corresponde à co-latitude: � = 90° − �, o que
significa que o ângulo entre o gnómon e o chão é igual à latitude nesse local. A parte superior do relógio de
Sol equatorial é indicada para utilizar no verão e a parte inferior utiliza-se no inverno.
Figura 13 – Posição de relógios em diferentes latitudes.
Figura 14 – Pormenor da construção de relógio do Sol para as latitudes de Portugal.
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Referências bibliográficas
Falk, D. (2009), In Search of Time: The Science of a Curious Dimension. Canada: Emblem
Editions.
Estudo do Meio 3º ano (2012), Projetos Desafios, Lisboa: Santillana
Trampolim 4 (2006), Porto: Porto Editora
Ramos A., Ramos E., Bonifácio V. A astronomia enquanto actividade interdisciplinar e
interescolar - dois projectos experimentais. Em Isabel Malaquias e Vítor Amaral,
coordenadores, Física 2006 - Traçando o Futuro, 16º Encontro Ibérico para o Ensino da Física,
Aveiro.
http://www.cienciaviva.pt/equinocio/download/onde_estas.pdf
http://www.cienciaviva.pt/equinocio/download/lat-long.pdf
http://www.sundialsoc.org.uk/HDSW.php