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Universidade do Minho Escola de Engenharia Guilherme Campos da Costa outubro de 2015 Acreditação e Certificação em Portugal – Retrato da situação portuguesa atual e comparação entre os referenciais CHKS, JCI, ACSA e ISO 9001 Guilherme Campos da Costa Acreditação e Certificação em Portugal – Retrato da situação portuguesa atual e comparação entre os referenciais CHKS, JCI, ACSA e ISO 9001 UMinho|2015

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Universidade do MinhoEscola de Engenharia

Guilherme Campos da Costa

outubro de 2015

Acreditação e Certificação em Portugal– Retrato da situação portuguesa atual e comparação entre os referenciais CHKS, JCI, ACSA e ISO 9001

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Guilherme Campos da Costa

outubro de 2015

Acreditação e Certificação em Portugal– Retrato da situação portuguesa atual e comparação entre os referenciais CHKS, JCI, ACSA e ISO 9001

Universidade do MinhoEscola de Engenharia

Trabalho efetuado sob orientação de: Dr. Miguel Alves do Vale Prof. Maria Olívia Pereira Prof. Paula Veiga Benesch

Dissertação de Mestrado Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica Ramo Engenharia Clínica

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DECLARAÇÃO

Nome: Guilherme Campos da Costa

Endereço eletrónico: [email protected]

Número do cartão de cidadão: 14157764

Título da Dissertação: Acreditação e Certificação em Portugal – Retrato da situação portuguesa atual

e comparação entre os referenciais CHKS, JCI, ACSA e ISO 9001

Orientador:

Dr. Miguel Alves do Vale

Prof. Maria Olívia Pereira

Prof. Paula Veiga Benesch

Ano de conclusão: 2015

Designação do Mestrado: Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica – Ramo Engenharia Clínica

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS PARA EFEITOS DE

INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE.

Universidade do Minho, ___ /___ /______

Assinatura: _______________________________________________________________

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III

Agradecimentos

Esta dissertação vem marcar o final de cinco anos de curso de enorme aprendizagem,

com o último ano a marcar uma experiência totalmente diferente, que veio complementar a

formação académica e capacitar-me de valências que não seriam possíveis de outra forma. Seria

impossível que isto acontecesse sem a ajuda de diversas pessoas.

Ao Dr. Miguel Alves do Vale, meu orientador na Entidade Reguladora da Saúde, à Prof.

Maria Olívia Pereira e à Prof. Paula Veiga Benesch, minhas orientadora e coorientadora,

respetivamente, na Universidade do Minho, por todos os conselhos, opiniões e contributos para

este trabalho sem os quais não seria possível chegar a este resultado;

A todos os colaboradores da Entidade Reguladora da Saúde, em especial à Dra. Susana

Vaz, por todo o companheirismo, ajuda na integração e transmissão das suas experiências que

me ajudaram imenso a aproveitar ao máximo esta oportunidade;

A todos os profissionais de saúde que colaboraram na investigação empírica desta

dissertação;

Aos meus amigos, àqueles que estiveram sempre lá, que tornaram este percurso muito

mais rico nas relações interpessoais, nos tempos livres, mas que também tiveram o seu enorme

contributo para a conclusão de cada um dos anos do curso e sem os quais não seria possível;

Por fim, aos meus pais e irmãos, sem os quais nunca teria tido a oportunidade de

ingressar e terminar o Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica.

A todos, o meu mais sincero Obrigado!

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IV

Resumo

Num cenário económico mais complexo, nas últimas décadas tem-se registado em

Portugal um investimento crescente por parte das Instituições de Saúde (IS) em referenciais de

gestão da qualidade de carácter voluntário, que envolvem esforço financeiro e organizacional.

Com este estudo pretende-se fazer a caracterização da situação portuguesa, bem como

procurar perceber a decisão das IS em aderir voluntariamente aos referenciais de gestão da

qualidade. Para compreender as decisões relativas aos quatro principais referenciais aplicados em

Portugal (a acreditação CHKS, JCI e ACSA e a certificação ISO 9001) procurou-se comparar o

percurso das IS em cada um dos referenciais, saber o que é que os diferencia, quais as razões

que levam à adoção de determinado referencial, bem como se estes são complementares entre

si.

O desenho da investigação empírica combinou métodos qualitativos e quantitativos e foi

feito em duas etapas: realização de entrevistas exploratórias em 3 IS e elaboração e aplicação de

um inquérito por questionário. O inquérito por questionário foi endereçado a 120 IS com

internamento de agudos de diferente tipologia e natureza, tendo as respostas recebidas sido alvo

de análise estatística.

A taxa de resposta ao inquérito foi de 90,4 %. Da totalidade de IS que responderam ao

inquérito, 39,4 % estão acreditadas e 15,4 % em processo de implementação de um referencial

de acreditação, correspondendo conjuntamente a mais de metade das IS respondentes. Os

referenciais mais escolhidos foram o CHKS (27,5 %), o ACSA (27,5 %) e o JCI (23,5 %). Quanto à

certificação ISO 9001, 59,2 % das IS estão certificadas por este sistema normativo e 4,8 %

encontram-se em processo de implementação. A maioria das IS preferiu a certificação por serviços

(68,2 %) por oposição à certificação global. Os resultados indicam ainda que uma parte

considerável dos responsáveis pelo preenchimento do inquérito não conhece as principais

diferenças entre a acreditação e a certificação (29,5 % não tem conhecimento detalhado e 10,3 %

desconhece os referenciais). Quanto aos estudos de satisfação, apesar de 95,8 % das IS fazer

estudos de satisfação dos utentes, apenas 6,3 % aborda o impacto da certificação e acreditação

nos utentes. Relativamente aos profissionais de saúde, 57,6 % das IS faz estudos de satisfação

dos profissionais de saúde, mas apenas 5,7 % avalia o impacto da certificação e acreditação na

satisfação dos mesmos.

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V

Os resultados demonstram que o referencial JCI parece ser o referencial mais completo e

o que apresenta maior grau de satisfação global. Por outro lado, o referencial ACSA, apesar de ter

um baixo grau de satisfação global, bem como ser aquele que é considerado menos relevante

para uma IS, é o referencial que está a ser mais implementado atualmente. O facto de muitos

inquiridos não conhecerem os referenciais indica que as decisões tomadas pelas IS em matéria

de certificação e acreditação carecem de informação e formação suficiente. Por fim, a quase

ausência de avaliação de impacto dos referenciais nos utentes e profissionais de Saúde, que são

os principais envolvidos em IS, demonstra que as IS estão pouco preocupadas com o real efeito

que a certificação e acreditação tem sobre a IS.

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VI

Abstract

In a more complex economic scene, the last decades have seen a higher investment by Portuguese

Health Institutions (PHI) in regards to voluntary quality measures that involve both financial and

organizational efforts.

This study aim is to describe and characterize the Portuguese situation as well as understand the

decisions of the PHI in voluntarily implementing the referentials and comprehending the decisions

behind the four main referentials in Portugal: CHKS, JCI and ACSA accreditation and ISO 9001

certification. Thus, a comparison between the PHI’s path in each of the referentials, what

distinguishes them from one another, the reasons which lead to adopting one referential over

another and if they are complementary with one another is required.

The outline for the empirical research was done in two stages: face to face interviews and written

questionnaires. For the first step, interviews were done in three PHI. For the second, a

questionnaire was prepared and sent to 120 PHI. As soon as the questionnaires had been

responded to, the results were analyzed.

The response rate for the questionnaire was 90.4 %. Of all of the PHI that responded to the

questionnaire, 39.4 % are accredited and 15.4 % are implementing an accreditation referential,

which, therefore, makes up more than half of the participating hospitals. The most chosen

referentials were CHKS (27.5 %), ACSA (27.5 %) and JCI (23. 5%). In regards to ISO 9001, 59.2 %

of the PHI are certified and 4.8 % are implementing it. The majority of the ISO 9001 certified PHI

chose a certification by services (68.2 %) rather than a global certification. The results of the

questionnaire suggest that a considerable part of the respondents don’t know the differences

between accreditation and certification (29.5 % don’t have detailed knowledge and 10.3 % don’t

know the referentials at all). Although 95.8 % of the PHI do patient satisfaction studies, only 6.3 %

do accreditation and certification impact studies on their patients. On the other hand, PHI do less

staff satisfaction studies (58.6 %) but the percentage of PHI that do accreditation and certification

impact studies on their staff is similar to that of their patients (5.7 %).

These results show that JCI accreditation seems to be the more complete referential and with the

highest satisfaction rate. On the other hand, ACSA accreditation is the most implemented

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VII

referential nowadays despite having a low satisfaction rate and being considered the less relevant

referential for a PHI. The fact that many respondents had no knowledge of the referentials indicates

that the decisions made in regards to certification and accreditation lack of proper training and

information. Lastly, the near absence of accreditation and certification studies on patients and staff,

who make up the care of the PHI, indicates that the PHI are not very concerned with the effect

and/or impact they may have on their establishment.

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VIII

Índice

Agradecimentos ........................................................................................................................ III

Resumo .................................................................................................................................... IV

Abstract .................................................................................................................................... VI

Índice ..................................................................................................................................... VIII

Índice de Figuras .......................................................................................................................X

Índice de Tabelas ................................................................................................................... XIV

Lista de Abreviaturas ............................................................................................................... XV

1. Introdução ...................................................................................................................... 1

2. A Entidade Reguladora da Saúde..................................................................................... 3

3. A Rede Nacional de Saúde .............................................................................................. 4

4. Qualidade em Saúde ....................................................................................................... 5

4.1. Licenciamento ......................................................................................................... 8

4.2. Acreditação/Certificação .......................................................................................... 9

4.2.1. Acreditação ..................................................................................................... 9

4.2.2. Certificação ................................................................................................... 19

4.2.3. Comparação entre as normas dos referenciais ISO 9001, CHKS, JCI e ACSA . 22

4.2.4. HAS .............................................................................................................. 25

4.2.5. Impacto da Certificação/Acreditação .............................................................. 27

4.3. Benchmarking ....................................................................................................... 31

4.3.1. SINAS............................................................................................................ 34

4.3.2. Impacto da avaliação de indicadores de benchmarking .................................. 36

5. Retrato da Situação Portuguesa em Matéria de Certificação e Acreditação ..................... 41

5.1. Objetivos ................................................................................................................ 41

5.2. Metodologia ........................................................................................................... 42

5.2.1. Recolha documental ...................................................................................... 42

5.2.2. População ..................................................................................................... 44

5.2.3. Entrevistas..................................................................................................... 45

5.2.4. Construção do questionário ........................................................................... 46

5.2.5. Análise Estatística .......................................................................................... 49

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IX

5.3. Apresentação e Discussão dos Resultados .............................................................. 49

5.3.1. Resultados Globais ........................................................................................ 49

5.3.2. Hipótese 1 (H1) ............................................................................................. 83

5.3.3. Hipótese 2 (H2) ............................................................................................. 86

5.3.4. Hipótese 3 (H3) ............................................................................................. 90

5.3.5. Hipótese 4 (H4) ............................................................................................. 91

5.3.6. Hipótese 5 (H5) ............................................................................................. 92

5.3.7. Comparação com os dados documentais ....................................................... 93

6. Conclusão .................................................................................................................... 97

Bibliografia ........................................................................................................................... 101

Anexos ................................................................................................................................. 107

Anexo I – Comparação entre as normas CHKS e JCI ........................................................ 107

Anexo II – Exemplo de Guião Entrevista ............................................................................ 111

Anexo III – Análise Comparativa entre as Entrevistas ........................................................ 113

Anexo IV - Inquérito .......................................................................................................... 118

Anexo V – Email de Envio do Inquérito ............................................................................. 141

Anexo VII – Serviços Certificados nas IS ........................................................................... 146

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X

Índice de Figuras

Figura 1 – Comparação entre o desempenho de hospitais acreditados, certificados e sem nenhum

referencial em várias dimensões.(3) ........................................................................................ 29

Figura 2 – Percentagem de conformidade com medidas de qualidade num hospital dos EAU desde

a preparação para a acreditação até ao final da validade da mesma.(46) ................................ 30

Figura 3 – Número de IS acreditadas por normativo, segundo informação recolhida

online.(68)(69)(70)(71)(72)(73)(74) ........................................................................................ 43

Figura 4 – Número de IS acreditadas e/ou certificadas pelo normativo ISO 9001, segundo

informação online. .................................................................................................................. 44

Figura 5 – Distribuição do tipo de IS inquirido. ........................................................................ 50

Figura 6 – Distribuição da Natureza da Instituição (um inquirido não respondeu a esta questão).

.............................................................................................................................................. 50

Figura 8 – Distribuição das áreas de formação dos inquiridos (dois inquiridos não responderam a

esta questão). ......................................................................................................................... 51

Figura 9 - Distribuição dos anos de serviço na IS dos inquiridos (dois inquiridos não responderam

a esta questão). ...................................................................................................................... 51

Figura 10 - Distribuição da função desempenhada na IS dos inquiridos (dois inquiridos não

responderam a esta questão). ................................................................................................. 52

Figura 11 - Distribuição da situação atual em matéria de acreditação nas IS inquiridas. ........... 53

Figura 12 – Distribuição das necessidades colmatadas pela acreditação referidas pelos inquiridos

(dois inquiridos não responderam a esta questão). .................................................................. 53

Figura 13 – Comparação entre a distribuição das necessidades colmatadas pela acreditação

referidas pelos inquiridos que estão a implementar um referencial de acreditação e os que já o

implementaram (dois inquiridos não responderam a esta questão). ......................................... 54

Figura 14 – Distribuição das IS acreditadas pelos diferentes referenciais de acreditação. ......... 55

Figura 15 – Distribuição, em intervalos de tempo, do ano de obtenção da acreditação JCI nas IS

inquiridas. .............................................................................................................................. 55

Figura 16 – Distribuição dos motivos para a escolha do referencial JCI como acreditação (um

inquirido não respondeu a esta questão). ................................................................................ 56

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XI

Figura 17 – Mediana do grau de impacto de diversos parâmetros percecionado pelos inquiridos

(um inquirido não respondeu a esta questão). ......................................................................... 57

Figura 18 – Distribuição, em intervalos de tempo, do ano de obtenção da acreditação CHKS (um

inquirido não respondeu a esta questão). ................................................................................ 58

Figura 19 – Distribuição do número de reacreditações CHKS (dois inquiridos não responderam a

esta questão). ......................................................................................................................... 58

Figura 20 - Distribuição dos motivos para a escolha do referencial CHKS como acreditação (um

inquirido não respondeu a esta questão). ................................................................................ 59

Figura 21 - Mediana do grau de impacto de diversos parâmetros percecionado pelos inquiridos

(um inquirido não respondeu a esta questão). ......................................................................... 60

Figura 22 – Distribuição do número de IS em que determinado serviço está acreditado (seis

inquiridos não responderam a esta questão). .......................................................................... 61

Figura 23 – Distribuição dos motivos apontados pelos inquiridos para a escolha do referencial

ACSA (um inquirido não respondeu a esta questão) ................................................................ 62

Figura 24 – Mediana do grau de impacto de diversos parâmetros percecionado pelos inquiridos

(um inquirido não respondeu a esta questão). ......................................................................... 63

Figura 25 – Comparação entre as medianas dos graus de impacto de certos parâmetros entre

diferentes referenciais de acreditação. .................................................................................... 65

Figura 26 – Distribuição das razões apontadas pelos inquiridos para nunca terem avançado para

uma acreditação (nove inquiridos não responderam a esta questão). ....................................... 67

Figura 27 - Distribuição do número de IS inquiridas que se encontram certificadas pela norma ISO

9001 (um inquirido não respondeu a esta questão)................................................................. 67

Figura 28 – Distribuição das entidades certificadoras a que as IS inquiridas recorreram (três

inquiridos não responderam a esta questão). .......................................................................... 68

Figura 29 – Distribuição do número de IS que certificaram pela norma ISO 9001 determinados

serviços (três inquiridos não responderam a esta questão). ..................................................... 69

Figura 30 – Distribuição, em intervalos de tempo, dos períodos em que se verificou um maior

número de certificações ISO 9001 (sete inquiridos não responderam a esta questão). ............. 70

Figura 31 – Distribuição do número de renovações da certificação ISO 9001 (oito inquiridos não

responderam a esta questão). ................................................................................................. 70

Figura 32 – Distribuição dos tempos de implementação das certificação por serviços e certificação

global apontados pelos inquiridos (nove inquiridos não responderam a esta questão). ............. 71

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XII

Figura 33 – Distribuição dos motivos que levaram os inquiridos a optarem pela certificação ISO

9001 (oito inquiridos não responderam a esta questão). ......................................................... 72

Figura 34 – Impacto médio apontado pelos inquiridos para diversos parâmetros (sete inquiridos

não responderam a esta questão). .......................................................................................... 73

Figura 35 – Distribuição das razões apontadas pelos inquiridos para nunca terem implementado

uma certificação pela norma ISO 9001 (cinco inquiridos não responderam a esta questão). .... 74

Figura 36 – Distribuição da opinião dos inquiridos relativamente à complementaridade entre a

acreditação e a certificação (oito inquiridos não responderam a esta questão). ........................ 75

Figura 37 – Distribuição das vantagens da acreditação relativamente à certificação apontadas

pelos inquiridos. ..................................................................................................................... 76

Figura 38 – Distribuição das vantagens da certificação relativamente à acreditação apontadas

pelos inquiridos. ..................................................................................................................... 77

Figura 39 – Distribuição da hierarquização atribuída pelos inquiridos a cada um dos referenciais.

.............................................................................................................................................. 78

Figura 40 – Distribuição da periodicidade dos estudos de satisfação dos utentes realizados nas IS

inquiridas (três inquiridos não responderam a esta questão).................................................... 79

Figura 41 – Distribuição da periodicidade dos estudos de satisfação dos profissionais de saúde

realizados nas IS inquiridas (um inquirido não respondeu a esta questão). .............................. 80

Figura 42 - Distribuição dos objetivos futuros das IS inquiridas (nove IS não responderam a esta

questão). ................................................................................................................................ 83

Figura 43 – Percentagem (%) de IS inquiridas acreditadas por tipo de IS. ................................ 84

Figura 44 – Percentagem (%) de IS inquiridas acreditadas por cada um dos referenciais de

acreditação por tipo de IS. ...................................................................................................... 84

Figura 45 – Percentagem (%) de IS inquiridas certificadas pela norma ISO 9001 por tipo de IS. 85

Figura 46 – Percentagem (%) de IS inquiridas em cada âmbito da certificação ISO 9001 por tipo

de IS. ..................................................................................................................................... 86

Figura 47 – Percentagem (%) de IS inquiridas acreditadas por natureza da IS. ......................... 87

Figura 48 – Percentagem (%) de IS inquiridas acreditadas por cada um dos referenciais por

natureza da IS. ....................................................................................................................... 87

Figura 49 – Percentagem (%) de IS inquiridas certificadas pela norma ISO 9001 por natureza da

IS. .......................................................................................................................................... 89

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XIII

Figura 50 – Percentagem (%) de IS inquiridas certificadas por âmbito da certificação por natureza

da IS. ..................................................................................................................................... 89

Figura 51 – Situação perante a qualidade (obtenção ou não de acreditações e/ou certificações)

das IS inquiridas (um inquirido não foi considerado uma vez que não referiu se estava certificado

pela norma ISO 9001 ou não. ................................................................................................. 95

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XIV

Índice de Tabelas

Tabela 1 – Respostas obtidas (R) para o tempo de implementação do referencial JCI (um inquirido

não respondeu a esta questão) ............................................................................................... 56

Tabela 2 - Respostas obtidas (R) para o tempo de implementação do referencial CHKS (dois

inquiridos não respondeu a esta questão) ............................................................................... 58

Tabela 3 – Tabela comparativa entre secções do CHKS e JCI ................................................ 107

Tabela 4 – Nome das IS com internamento de agudos que responderam ao inquérito ........... 142

Tabela 5 – Listagem de número de IS com certos serviços certificados pela norma ISO 9001 146

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XV

Lista de Abreviaturas

ACSA – Agencia de Calidad Sanitaria de Andaluzia

AENOR – Asociación Española de Normalización y Certificatión

AHRQ – Agency for Healthcare Research and Quality

AIHI – Australian Institute of Health Innovation

APCER – Associação Portuguesa de CERtificação

ARS – Administração Regional de Saúde

ASC – Adult Social Care

AVC – Acidente Vascular Cerebral

CH – Centro Hospitalar

CHKS – Comparative Health Knowledge System

CIP – Cost Improvement Plans

CQC – Care Quality Comission

DGS – Direção Geral de Saúde

DQ – Departamento de Qualidade

DQF – Departamento de Qualidade e Fiscalização

EIC – Empresa Internacional de Certificação

ENQS – Estratégia Nacional para a Qualidade em Saúde

ERS – Entidade Reguladora da Saúde

HAS – Haute Autorité de Santé

HQS – Health Quality Service

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XVI

IKAS – Danish National Indicator Project

IOM – Institute Of Medicine

IPAC – Instituto Português de Acreditação

IQS – Instituto da Qualidade em Saúde

IS – Instituição de Saúde

ISQua – International Society for QUAlity in healthcare

JCI – Joint Commission International

KF – King’s Fund

OECD – Organization for Economic Co-operation and Development

OECI – Organization of European Cancer Institutes

PPP – Parceria Público-Privada

QI – Quality Indicators

SGQ – Sistema de Gestão da Qualidade

SGS – Société Générale de Surveillance

SINAS – SIstema Nacional de Avaliação em Saúde

SNS – Serviço Nacional de Saúde

SRER – Sistema de Registo de Estabelecimentos Regulados

UH – Unidade Hospitalar

UKAS – United Kingdom Accreditation Service

ULS – Unidade Local de Saúde

UM – Universidade do Minho

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1

1. Introdução

Esta dissertação vem no seguimento de um protocolo de colaboração entre a Universidade

do Minho (UM) e a Entidade Reguladora da Saúde (ERS). A temática enquadra-se nas atribuições

da ERS, nomeadamente o Decreto-Lei nº126/2014, de 22 de Agosto, artigo 10º, alínea d e artigo

14º, alínea d.

A complexidade do conceito de qualidade na prestação de cuidados de saúde, bem como

das suas formas de avaliação, é um tema que ocupa há vários anos a literatura de várias áreas

da saúde. O surgimento de diversos programas de avaliação da qualidade, oferecidos no mercado,

alargou este debate à discussão dos méritos e limitações de diferentes propostas. Em Portugal há

pouca informação sobre a evolução da adoção destes programas e, apesar dos elevados custos,

há pouca orientação sobre as etapas e a reflexão a fazer dentro das IS. Importa, assim, retratar

quanto possível a situação que se vive em Portugal nas IS relativamente a esta matéria, sendo

este o principal objetivo desta dissertação.

A dissertação está organizada em 6 capítulos. Após esta introdução, seguem-se dois

pequenos capítulos para contextualizar o leitor relativamente ao local onde foi realizado o estágio

a que esta dissertação diz respeito (Capítulo 2 – A Entidade Reguladora da Saúde - ERS) e à forma

como a rede nacional de saúde está organizada (Capítulo 3 – A Rede Nacional de Saúde).

No capítulo 4 é feita uma pequena resenha dos conceitos de qualidade, qualidade em

saúde e avaliação da qualidade em saúde. De seguida são apresentadas e discutidas as principais

características das três dimensões da qualidade: licenciamento, acreditação/certificação

(analisando os referenciais do Comparative Health Knowledge System – CHKS -, da Joint

Commission International – JCI -, da Agencia de Calidad Sanitaria de Andaluzia – ACSA - e ISO

9001, entre outros, o percurso da acreditação em Portugal e o impacto destes sistemas nas IS) e

benchmarking (com especial foco no Sistema Nacional de Avaliação em Saúde – SINAS - e no

impacto deste tipo de avaliação da qualidade em saúde).

O capítulo 5 abrange a investigação empírica que teve como objetivo descrever a situação

atual em Portugal em termos de acreditação e certificação. Para isso, foram inicialmente realizadas

entrevistas em 3 IS. O objetivo foi compreender com mais profundidade as questões relacionadas

com a decisão de acreditação das IS e obter informação para elaboração do questionário. De

seguida foi elaborado e enviado o questionário a 120 IS. Procurou-se, através do inquérito, retratar

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a situação das IS portuguesas relativamente à certificação/acreditação, bem como conhecer quais

as razões subjacentes às suas opções, qual o impacto desses referenciais em áreas específicas

das IS e na IS como um todo, quais as principais diferenças entre os referenciais e quais os

objetivos futuros das IS em termos destas temáticas. Sempre que possível, foi feito um

enquadramento entre os resultados obtidos e a informação já publicada sobre estes temas. Neste

capítulo, são ainda apresentadas algumas hipóteses que se decidiu testar, nomeadamente a forma

como estas decisões são influenciadas pela dimensão da IS, pela sua natureza ou pelo facto de

ser um Hospital Universitário.

Finalmente, no capítulo 6 são apresentadas as principais conclusões que se extraíram

deste estudo, bem como futuras diretrizes no sentido de colmatar limitações que se concluiu que

este estudo teve ou futuras questões que ficaram pendentes.

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2. A Entidade Reguladora da Saúde

A ERS [1] é uma entidade pública independente que tem por missão a regulação da

atividade dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde do território nacional, do setor

público, privado e social, excetuando as farmácias.

A regulação dos estabelecimentos baseia-se na supervisão de requisitos para o exercício

de atividade, de direitos de acesso aos cuidados de saúde e dos demais direitos dos utentes, da

legalidade e transparência das relações económicas entre os diversos operadores e da

concorrência no setor da saúde.

Entre as atividades de regulação e supervisão dos prestadores desempenhadas pela ERS

podem-se destacar:

Tratamento de reclamações dos utentes, prestadores e instituições;

Realização de inspeções e auditorias às instalações dos prestadores de cuidados

de saúde;

Investigação das situações que possam pôr em causa os direitos dos utentes;

Condução de processos de contraordenação e aplicação de sanções;

Emissão de instruções, recomendações e pareceres;

Realização de estudos sobre a organização do sistema de saúde.

No estágio realizado na ERS e ao qual esta dissertação diz respeito, fui integrado no

Departamento de Qualidade e Fiscalização (DQF). Dentro da Unidade de Qualidade, realizei um

estudo sobre a acreditação e certificação nas instituições de saúde portuguesas com internamento

de agudos, bem como integrei algumas das auditorias no âmbito do SINAS, nomeadamente nas

dimensões de Excelência Clínica, Adequação e Conforto das Instalações e Segurança do Utente.

Na Unidade de Fiscalização, participei em algumas fiscalizações a postos de colheitas, consultórios

clínicos, centros de medicina física e reabilitação e clínicas médicas dentárias.

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3. A Rede Nacional de Saúde

Para esta secção foram consultados os Decretos-Lei n.º 82-B/2014, de 31 de Dezembro,

e n.º 27/2002, de 8 de Novembro.

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é um conjunto ordenado e hierarquizado de

instituições e de serviços oficiais prestadores de cuidados de saúde, funcionando sob a

superintendência ou a tutela do Ministro da Saúde. Cabe ao SNS a efetivação, por parte do Estado,

da responsabilidade que lhe cabe na proteção da saúde individual e coletiva.

O SNS organiza-se em regiões de saúde, que por sua vez dividem-se em sub-regiões de

saúde, integradas por áreas de saúde. Em cada região de saúde, há uma Administração Regional

de Saúde (ARS), que tem funções de planeamento, distribuição de recursos, orientação e

coordenação de atividades, gestão de recursos humanos, apoio técnico e administrativo e ainda

de avaliação do funcionamento das instituições e serviços prestadores de cuidados de saúde.

As instituições e os serviços classificam-se segundo a natureza das suas responsabilidades

e quadro das valências exercidas, nos termos da Portaria n.º 82/2014, de 10 de Abril.

Relativamente à classificação por tipo, isto é, Hospital, Unidade Local de Saúde (ULS) e Centro

Hospitalar (CH), não existem uns termos específicos, sendo aprovada a designação em Decreto-

Lei próprio para essa mesma IS.

Para além do SNS, a rede nacional de prestação de cuidados de saúde abrange também

os estabelecimentos privados e os profissionais em regime liberal. Devem ser evitados conflitos

de interesse entre o setor público e privado, de modo a satisfazer as necessidades da população,

sendo por isso alvo de inspeção do Ministério da Saúde qualquer IS, mesmo as de natureza

privada.

A escolha dos pacientes no acesso à rede nacional de cuidados de saúde é livre, com as

limitações dos recursos existentes e de organização dos serviços. No entanto, o controlo de

qualidade de toda a prestação de cuidados de saúde está sujeito ao mesmo nível de exigência.

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4. Qualidade em Saúde

Todos os utentes procuram os serviços mais seguros, em que o tratamento é mais eficaz,

com uma utilização eficiente dos recursos. Sabendo que um em cada dez adultos contrai infeção

hospitalar, que um em cada dez adultos recebe medicação ou dose errada e que há mais mortes

por eventos adversos do que por cancro da mama, acidentes automóveis e VIH combinados, torna-

se premente o controlo de situações deste género através da melhoria da qualidade das IS. Para

além disso, num contexto socioeconómico cada vez mais motivado pela competitividade, as IS

devem adotar modelos de gestão da qualidade que privilegiem o valor para o utente e otimizem

as suas próprias práticas[2][3]. Mas, o que é a qualidade? A definição de qualidade nunca foi

consensual. Desde muito cedo que os chamados “gurus da qualidade” se focam nesta temática.

Crosby considerou que qualidade é “fazer bem à primeira”, Juran disse que a qualidade é a

“adequação ao uso” e Deming definiu qualidade como “redução nas variações”[2]. Analisando as

várias definições, conclui-se que a definição de qualidade depende de quem está a analisar a

mesma, sendo esta uma propriedade do produto ou serviço. Se para o produtor a qualidade

relaciona-se com a total conformidade, para o vendedor a qualidade é o melhor balanço entre

qualidade e preço que vá de encontro aos interesses do consumidor e para o consumidor a

qualidade é a total adequação à função para a qual é destinado o produto/serviço dentro das suas

expetativas [4].

A adoção de uma política de qualidade tem diversas vantagens, nomeadamente ganhos

internos e ganhos externos. Ganhos internos são aqueles que dizem respeito ao desempenho da

função da IS, tais como a melhoria do clima organizacional, da produtividade, da eficiência, da

eficácia e da motivação dos profissionais ou a redução dos custos e desperdício. Ganhos externos

são aqueles que dizem respeito à IS em geral e não apenas à prestação de cuidados de saúde,

realçando-se o aumento da participação no mercado, da credibilidade do retorno e da satisfação

do cliente [2].

O conceito de qualidade em saúde, não com esta nomenclatura, já remonta há vários

séculos atrás. Já no século V a.C, o Juramento Hipocrático enunciava que deveriam ser tomadas

medidas dietéticas para que os doentes conseguissem ultrapassar a doença. Também o

Juramento de Maimonides tinha em conta a melhoria da qualidade dos cuidados de saúde,

declarando que todos os médicos deveriam procurar sempre a melhoria dos seus conhecimentos

e das suas práticas clínicas. Contudo, estas são ideias que pouco foram aprofundadas ao longo

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dos tempos. Só há cerca de 50 anos, com Donabedian, é que o conceito de qualidade em saúde

começou a ser estudado mais exaustivamente [5].

Donabedian considerou que a qualidade em saúde é uma propriedade da atenção médica,

que deve correr os menores riscos para o paciente, tendo em conta os recursos e valores sociais

de cada IS [2].

Este conceito foi evoluindo ao longo das últimas décadas com a inserção de novos fatores

impactantes na qualidade em saúde. Se o foco da qualidade estava inicialmente centrado na

prestação dos cuidados de saúde, alargou-se o espetro de ação também para as práticas

organizacionais e de gestão da IS [6].

Um terceiro momento no alargamento do conceito de qualidade foi o foco no utente. O

utente passa a ser o centro da prestação de serviços, com as práticas organizacionais e a

prestação dos cuidados de saúde a serem especialmente direcionadas para a satisfação do utente,

que passa a ser avaliada através de análise de queixas, reclamações ou questionários estruturados

para o efeito que permitem aferir a qualidade preferida pelos utentes [6].

Apesar da evolução nos fatores que a qualidade em saúde aborda, o conceito de qualidade

em saúde propriamente dito continua a não ser alvo de uma definição genérica. Primeiro, porque

os próprios conceitos de qualidade e de saúde têm diferentes abordagens. Depois, há vários

autores a debruçarem-se sobre esta temática, o que leva a diversas abordagens que nem sempre

seguem no mesmo sentido. Por fim, os fatores históricos, culturais, políticos, sociais e

institucionais também vêm influenciar em grande medida o conceito de qualidade em saúde [6].

Estes diversos fatores influenciadores da definição da qualidade em saúde vêm mostrar

que uma definição específica não é o modo de atuação mais adequado, mas sim um conjunto de

dimensões desta mesma definição. Estas diferentes dimensões vêm enriquecer e não restringir o

conceito de qualidade a uma dimensão específica, nomeadamente a eficácia terapêutica, a

redução dos custos (ou outras políticas organizacionais) ou a exclusiva satisfação do utente,

dimensões estas focadas anteriormente[6]. Mesmo assim, o Institute of Medicine (IOM), em 1990,

enunciou uma definição relativamente genérica que consegue abranger os diversos fatores:

qualidade em saúde é o grau com que os serviços de saúde aumentam os resultados dos cuidados

de saúde prestados a individuais e a populações, estando de acordo com os conhecimentos dos

prestadores [4].

Foi ainda definido pela IOM, em 2001, quais as dimensões críticas para a melhoria da

qualidade dos cuidados de saúde [4]:

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Segurança – a prestação de cuidados de saúde não deve piorar o estado de saúde

do utente (nomeadamente a ocorrência de infeções nosocomiais, isto é, infeções

adquiridas no decorrer da prestação de cuidados de saúde);

Eficácia – devem ser prestados os cuidados de saúde necessários para a melhoria

do utente e não cuidados de saúde a mais (dos quais o doente não necessita) ou

a menos (do que que seriam necessários para a melhoria do doente);

Foco no paciente – os cuidados prestados devem estar de acordo com as

necessidades, preferências e valores do paciente, cabendo-lhe a última palavra

em todas as decisões clínicas;

Cuidados atempados – os cuidados de saúde devem ser prestados assim que o

utente necessite;

Eficiência – devem ser evitados todos os tipos de perdas: equipamento, recursos,

ideias, energia;

Equidade – todos devem receber os melhores cuidados possíveis,

independentemente da idade, género, raça, estatuto social, etc.

Tal como no conceito de qualidade, o conceito de avaliação da qualidade em saúde evolui

na direção de uma integração completa entre três dimensões: as questões metodológicas, as

preocupações com a finalidade da avaliação e o pluralismo de abordagens [6].

As questões metodológicas prendem-se com as linhas gerais do conceito, em que se

considera que a avaliação é o conjunto das atividades que permitem chegar a um juízo

argumentado, relativamente a programas, serviços, políticas, etc. A nível de metodologia, o mais

importante fator é a argumentação, uma vez que é esta que vai mostrar todos os argumentos tidos

em conta na formulação do juízo, bem como todos os elementos analisados, interpretados e

comparados. Deste modo, deve-se usar a maior pluralidade metodológica possível, utilizando todos

os recursos e métodos de avaliação possíveis e adequados ao caso de estudo [6].

As preocupações com a finalidade da avaliação vêm demonstrar que a mais importante

finalidade da avaliação é a melhoria do objeto de avaliação. O que deve ser pretendido com a

avaliação é aprimorar os programas, de modo a satisfazer os beneficiários dos mesmos [6].

O pluralismo de abordagens foca o avaliador e os implicados na avaliação. Este processo

deve ser interativo, participativo e negociado por todas as partes, incluindo os produtores da

avaliação, os utilizadores da avaliação, bem como os implementadores da mesma [6].

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Também na avaliação da qualidade Donabedian teve um contributo bastante importante,

tendo introduzido os três focos da avaliação: estrutura, processos e resultados. A estrutura dos

cuidados de saúde relaciona-se com os fatores indiretamente ligados à prestação dos cuidados de

saúde, ou seja, com as características dos profissionais, com o conjunto de ferramentas e recursos

e com as definições organizacionais dentro da IS. Os processos de cuidados de saúde são o

conjunto de atividades que dizem respeito aos profissionais de saúde e aos utentes. Os resultados

mostram a mudança na condição de saúde do utente após a administração dos cuidados de saúde

[7].

De seguida são apresentadas as diferentes dimensões de avaliação da qualidade, bem

como os respetivos diferentes referenciais de avaliação da qualidade que se têm vindo a aplicar

em Portugal. A primeira dimensão da qualidade é o licenciamento, pelo que se irá analisar a

legislação vigente em Portugal. A segunda dimensão da qualidade é a acreditação e certificação,

analisando-se com maior destaque a a acreditação pelos referenciais CHKS, JCI e ACSA e

certificação pela norma ISO 9001. Finalmente, a terceira dimensão da qualidade é o

benchmarking, destacando-se o referencial da ERS para este efeito: o SINAS.

4.1. Licenciamento

O licenciamento consiste no processo em que uma entidade governamental ou uma

entidade designada para o efeito (como as entidades licenciadoras ou reguladoras) garante a

permissão para o funcionamento das IS, através da inspeção local dos requisitos mínimos legais

para o seu funcionamento, assegurando a segurança e a saúde pública [8][9].

Quanto ao regime de licenciamento em Portugal, este é aplicado pela ERS, tendo sofrido

uma atualização recentemente. O Decreto-Lei nº 279/2009, de 6 de Outubro, estabelecia a

obrigatoriedade do licenciamento apenas das unidades privadas de serviços de saúde, verificando

o cumprimento dos parâmetros mínimos de qualidade em matéria de instalações e de recursos

técnicos e humanos. Contudo, o Decreto-Lei nº127/2014, de 22 de Agosto, foi mais longe,

estendendo a obrigatoriedade de verificação de requisitos mínimos de abertura e funcionamento

a todos os estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde. Assim, procura-se assegurar que

os cidadãos, em particular os utentes, dispõem de um meio que confirma a conformidade com as

exigências mínimas de qualidade, reduzindo os problemas de informação que dominam o mercado

dos cuidados de saúde. A definição dos requisitos mínimos aplicáveis está definida em portaria

para cada tipologia de IS.

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No caso do regime simplificado, o requerente assume a responsabilidade pelo

cumprimento dos requisitos mínimos, fazendo chegar à ERS a declaração eletrónica disponível no

Sistema de Registo de Estabelecimentos Regulados (SRER) devidamente preenchida, culminando

com a emissão da licença de funcionamento. As tipologias abrangidas neste regime são a medicina

dentária, os centros de enfermagem, as clínicas e consultórios médicos, as unidades de radiologia

e as unidades de medicina física e reabilitação.

No caso do regime normal, este obedece a uma tramitação mais complexa, com um maior

número de fases, nomeadamente a realização de uma vistoria prévia. As unidades de cirurgia de

ambulatório, as unidades com internamento, as unidades de obstetrícia e neonatologia, as

unidades de radioterapia/radiooncologia, as unidades de medicina nuclear, as unidades de diálise,

os laboratórios de anatomia patológica, os laboratórios de patologia clínica/análises clínicas e as

atividades laboratoriais de genética médica ficam abrangidas por este regime.

Apesar do licenciamento assegurar o cumprimento de requisitos mínimos de proteção da

saúde pública e segurança, muitas IS sentem necessidade de um reconhecimento de

cumprimento de standards mais específicos e que demonstrem conhecimentos particulares,

recorrendo para isso à certificação e/ou acreditação [9].

4.2. Acreditação/Certificação

A acreditação e a certificação são programas que oferecem mecanismos para a melhoria

da segurança e qualidade dos cuidados de saúde[10]. Geralmente, este tipo de programas são

voluntários e centram-se no desenvolvimento organizacional interno, na autorregulação e no

marketing [10]. Como ambos os procedimentos atuam sobre o mesmo objetivo, há alguma

confusão na utilização destes dois conceitos. Contudo, como se mostrará de seguida, tanto a

acreditação como a certificação têm modos de atuação bastante diferenciados.

4.2.1. Acreditação

O conceito de acreditação é um dos assuntos mais controversos em matéria de qualidade

em Saúde. Em Portugal, o Instituto Português de Acreditação (IPAC), entidade responsável pela

acreditação, considera que a acreditação “consiste na avaliação e reconhecimento da

competência técnica de entidades para efetuar atividades específicas de avaliação da

conformidade (e.g. ensaios, calibrações, certificações e inspeções) ” [11], diferindo da certificação

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no sentido em que há apenas uma entidade acreditadora, que regula os organismos. Contudo,

não existe uma definição deste conceito em Portugal aplicada aos cuidados de saúde.

A definição da International Society for QUAlity in health care (ISQua) já se centra mais

nos cuidados de saúde, considerando que a “acreditação é uma forma de assegurar que as

organizações de avaliação externa de cuidados de saúde obedecem aos melhores requisitos

internacionais em termos de gestão organizacional e serviços para o cliente” [12].

Se a definição portuguesa não se foca em nenhum aspeto dos cuidados de saúde,

reconhecendo que o IPAC é a única entidade acreditadora em Portugal, a definição da ISQua vai

de encontro a um conceito de acreditação em que se verifica todo o tipo de avaliação externa de

cuidados de saúde (para além dos ensaios, calibrações, certificações e inspeções). Assim, a ISQua

também desenvolve a atividade de acreditadora de acreditadores. Apesar destes dois conceitos

acabarem por se encerrar no mesmo fator (avaliação de organizações avaliadoras), o conceito de

“acreditação” da JCI e CHKS acaba por não se enquadrar neste mesmo conceito, uma vez que

avalia a conformidade da IS com requisitos. Se se considerar a definição portuguesa e da ISQua,

os referenciais JCI e CHKS teriam de ser chamados de “certificação” (em Portugal, segundo a

definição, há apenas uma entidade acreditadora – o IPAC), enquanto no conceito autoatribuído

pelas próprias podem ser chamados de “acreditação”. Assim, importa esclarecer de que forma é

que o conceito de acreditação (tendo como base a premissa de que os programas da JCI e CHKS

são acreditação) tem sido aplicado noutros países, como a França (onde a “acreditação” é

obrigatória) ou no Reino Unido (onde, tal como em Portugal, a “acreditação” é voluntária).

No caso francês, analisando a definição de certification da Haute Autorité de Santé (HAS)

estabelece-se que “a certificação é o único dispositivo que oferece um quadro global de análise e

avaliação externa da qualidade dos cuidados prestados e da melhoria das instituições de saúde”

[13] o que vai ao encontro à atividade também exercida pelo CHKS e JCI. Ainda em França, o

article L. 6113-3 du Code de la santé impõe como obrigatória a certificação, por entidades

externas, nos estabelecimentos de saúde públicos e privado, de forma a assegurar a melhoria

contínua e segurança dos cuidados prestados. Para a HAS, a acreditação aplica-se apenas a

médicos e equipas médicas (sendo atribuída pela própria HAS) e laboratórios de biologia médica

(neste último caso por normas europeias como a ISO 15189). Se a parte dos laboratórios confirma

a definição de acreditação do IPAC, a acreditação de médicos acaba por ser um conceito

totalmente novo e único do caso francês, mas que, na verdade, não deixa de ser uma confirmação

de competência técnica dos mesmos. Tal como o CHKS e a JCI, também a HAS é acreditada pela

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ISQua [14], o que pode demonstrar que o conceito de acreditação utilizado pelo CHKS e JCI,

apesar de não ir de encontro à definição da ISQua, é reconhecido pela própria como válido.

No Reino Unido, o United Kingdom Accreditation Service (UKAS) apresenta uma definição

de acreditação semelhante à portuguesa: “a acreditação é um meio de avaliação da competência

técnica de laboratórios, organizações responsáveis por inspeções ou certificações, entre outros”

[15]. Sendo o organismo nacional britânico para a acreditação, também o UKAS é o único

reconhecido pelo governo britânico para avaliar e declarar a competência de organizações.

Assim, pode-se fazer um paralelismo entre as diversas definições encontradas. Se por um

lado, o IPAC e o UKAS têm uma mesma definição para o termo “acreditação” (sem contemplar

especificamente a área da saúde) e a ISQua apresenta um raio de atividade mais amplo (no sentido

de acreditar acreditadores), a definição de “certificação” da HAS vai de encontro ao tipo de

atividade desenvolvido pelo CHKS e JCI. Neste caso, poder-se-á considerar que a definição geral

será a mais consensual, passando os procedimentos desenvolvidos pela HAS, JCI, CHKS, ACSA e

demais organizações acreditadoras/certificadoras a ser considerados todos como certificação. No

entanto, programas como o JCI e o CHKS autointitulam-se programas de acreditação, sendo os

mesmos reconhecidos pela ISQua como válidos, pelo que uma mudança na atribuição do nome

do seu tipo de atividade leva a constrangimentos que dificultam a comunicação em tudo o que

envolve estes procedimentos. Não havendo uma definição consensual, poder-se-á considerar

aquela que a própria organização considera mais adequada para a sua atividade, ressalvando que

a definição que poderá ser mais correta seja a enunciada pelos organismos acreditadores.

Assim, a acreditação, no âmbito que se decidiu focar nesta dissertação, baseia-se na

avaliação externa do grau de conformidade das IS com um conjunto de requisitos organizacionais

nacionais e internacionais, divulgando esses resultados publicamente [16][17][18]. Os resultados

desta avaliação normalmente voluntária, e periódica em caso positivo, vêm reconhecer que a IS

avaliada cumpre um conjunto de padrões (de estrutura, processo e/ou resultados), que permite

assegurar que a qualidade dos cuidados de saúde por ela prestados é e será satisfatória por um

determinado período de tempo [19]. Este processo é quase sempre desenvolvido por organizações

não-governamentais, contudo também existem casos em que este tipo de processo é de carácter

obrigatório, sendo aplicado pelo governo [8][20]. Neste processo está envolvida uma equipa

multidisciplinar de profissionais de saúde especializados em práticas de avaliação/inspeção, que

se designam de inspetores (avaliadores delegados pela entidade acreditadora) [16][17]. A

avaliação geralmente é composta por várias fases, tais como a autoavaliação, a análise de

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documentos, a verificação de equipamentos ou o levantamento de informações clínicas e

organizacionais [17]. Após a avaliação da IS, os inspetores comunicam as suas conclusões à

entidade acreditadora, que vai decidir o nível de acreditação a atribuir, tendo em conta os níveis

de qualidade, eficiência e eficácia da IS [16][20].

De forma a implementar uma acreditação, há vários modelos que podem ser seguidos.

Em Portugal, os que se têm implementado em maior número são os referenciais CHKS, JCI e

ACSA e que se irão focar de seguida. Para além destes três, abordar-se-ão dois casos de

referenciais de acreditação mais particulares: o Organization of European Cancer Institutes (OECI)

e a ISO 15189. Por fim, focar-se-á o modelo francês, uma vez que é um modelo a ser seguido

pela ERS.

De acordo com a literatura, a acreditação em saúde tem várias vantagens, quer para a IS

quer para a sociedade em geral. Entre os benefícios internos para as IS salientam-se a melhoria

da comunicação entre os profissionais de saúde, a construção de equipas multidisciplinares, a

mudança positiva na política organizacional, a melhor liderança ou a crescente consciência dos

profissionais. Os fatores externos beneficamente afetados pela acreditação incluem a identificação

de oportunidades de melhoria, a melhoria da segurança do doente, o financiamento adicional, o

reconhecimento público e melhoria da posição concorrencial [17][21].

A literatura identifica igualmente potenciais desvantagens decorrentes do processo de

acreditação. Entre elas, na perspetiva das IS encontram-se a resistência organizacional à

mudança, o aumento da carga de trabalho, a falta de consciência da melhoria contínua, a

formação insuficiente em melhoria contínua, a falta de standards para utilização local ou a falta

de standards para avaliação de resultados. Já as desvantagens externas podem ser o corte nos

financiamentos, os comportamentos oportunistas ou a falta de incentivos à participação [17][21].

Mesmo havendo diversas vantagens e desvantagens associadas à implementação de um

referencial de acreditação em IS, os poucos estudos debruçados sobre o real impacto da

acreditação mostraram resultados realmente inconclusivos. Este assunto será desenvolvido na

secção 2.2.5..

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Acreditação em Portugal

Os hospitais portugueses iniciaram na década de 80 do século passado a implementação

de técnicas de avaliação da forma como os seus recursos eram usados, mas só na década de

noventa é que os programas de acreditação tiveram o seu início em Portugal, desenvolvendo-se

de forma rápida e progressiva [22].

Em 1999, aquando da criação do Instituto da Qualidade em Saúde (IQS), o plano de

acreditação a adotar baseou-se na metodologia do King’s Fund (KF), através de um acordo

celebrado entre o Ministério da Saúde Português e o Health Quality Service (HQS), dando origem

ao primeiro Programa Nacional de Acreditação dos Hospitais, que esteve vigente até 2004 [23].

O Plano Nacional de Saúde 2004-2010 [23] identificou que ainda permanecia em Portugal

uma cultura escassa de qualidade em saúde, com falta de indicadores de desempenho e de apoio

à decisão que permitissem sedimentar e difundir a cultura de melhoria contínua. A missão

apontada para este plano foi de melhoria da qualidade organizacional dos Serviços de Saúde,

passando o referencial JCI a modelo de acreditação a adotar nestes hospitais.

Com o Despacho nº14223/2009, de 24 de Junho, foi aprovada a Estratégia Nacional

para a Qualidade em Saúde (ENQS), cujo objetivo passava pela criação de um modelo de

acreditação nacional adaptado à população e serviços portugueses. Na escolha do referencial a

adaptar, foram tidos em conta os seguintes critérios:

Alinhamento com a ENQS;

Transversalidade e facilidade de adaptação aos vários tipos de unidades que

constituem o SNS, avaliação por profissionais de saúde nacionais e possibilidade

de alargamento a outras áreas da acreditação em Saúde;

Sustentabilidade económica, de forma a permitir a adoção generalizada do

modelo de acreditação escolhido.

Apesar de reconhecidos os méritos dos modelos de acreditação anteriormente

recomendados, a escolha acabou por recair sobre o Modelo ACSA, uma vez que este se adapta

aos critérios supramencionados, bem como foi concebido por um sistema público de saúde de

organização semelhante ao português e de destinatários idênticos em termos demográficos e

epidemiológicos.

Uma vez escolhido e aprovado (Despacho nº69/2009, de 31 de Agosto) o modelo de

acreditação a adotar, foi celebrado um protocolo de colaboração e cooperação entre a Direção

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Geral de Saúde (DGS) e a ACSA para assegurar a implementação do modelo em Portugal, cabendo

à DGS a adaptação do modelo ACSA à realidade portuguesa, através da definição do suporte

normativo regulamentar necessário, bem como de áreas e oportunidades de melhoria [23].

Findo o período de vigência do Plano Nacional de Saúde 2004-2010, notaram-se algumas

limitações (como o número demasiado elevado de programas, que não permitia que as IS fizessem

uma verdadeira priorização focada em objetivos compreensíveis e reduzidos), o que fez avançar

um novo Plano que colmatasse estas mesmas limitações. Com o Plano Nacional de Saúde 2011-

2016 [24] pretende-se fomentar a acreditação de unidades de saúde, não só pelo modelo de

acreditação nacional (o qual, com este plano, se pretende continuar a desenvolver, mas com

elevado grau de independência do Ministério da Saúde), mas por qualquer modelo que as IS

achem adequado.

Assim, apesar de existir um Modelo de Acreditação Nacional de Unidades de Saúde (o

Modelo ACSA), as IS têm liberdade para implementar quaisquer outros modelos, nomeadamente

os Modelos CHKS (anterior KF) ou JCI, que apesar de já não serem os modelos preconizados pelo

Ministério de Saúde, ainda possuem a total confiança do mesmo, apenas tendo sido abandonados

devido ao conjunto de critérios definidos, os quais foram melhor cumpridos pelo Modelo ACSA.

CHKS

O CHKS surgiu em 1989, tendo desenvolvido o primeiro referencial britânico de

benchmarking para hospitais. Atualmente é um dos líderes na prestação de serviços de melhoria

da qualidade em saúde na Grã-Bretanha, tendo também influência internacional [25].

A acreditação pelo CHKS constitui uma ferramenta de garantia da qualidade das IS, cujas

normas foram concebidas de forma a proporcionar uma estrutura de garantia e melhoria da

qualidade para a IS. Apesar da estrutura normativa permitir a acreditação de determinados

serviços, é aconselhado que a IS opte por uma acreditação na globalidade da IS, de forma a

maximizar as vantagens da mesma [26].

As normas estão desenhadas para que todos os profissionais questionem as práticas da

IS, identificando possibilidades de melhoria de forma mais eficiente e eficaz. Para além de focarem

os sistemas e processos, as normas CHKS também pedem às organizações para recolherem

dados relativos às atividades e resultados, para o acompanhamento do desempenho da IS [26].

As normas estão estruturadas em seis secções [26]:

Gestão e liderança da organização;

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Funções administrativas;

Cuidados de saúde centrados no doente;

Serviços locais e de hotelaria;

Prestação dos serviços;

Serviços clínicos (incluindo cirurgia, especializados em agudos e especializados

em crónicos).

As normas CHKS podem ser de dois tipos. As normas de nível A, que refletem requisitos

profissionais, diretrizes, riscos significativos para a segurança do utente e dos profissionais ou

práticas recomendáveis. As normas de nível CQI, que dizem respeito à melhoria contínua da

qualidade, sendo um sinal de que a IS está fortemente empenhada na melhoria da qualidade [26].

A acreditação pela CHKS é apenas atribuída pela própria CHKS, dividindo o seu processo

em seis fases. A primeira fase, designada por Base de Referência, consiste no carregamento de

provas e documentação da própria IS na plataforma da CHKS. De seguida, ocorre a Autoavaliação,

em que a IS carrega na plataforma mais provas e documentação de apoio à análise da

conformidade com as normas, podendo ainda incluir uma auditoria interna. Na Auditoria Externa

CHKS, os auditores avaliam as provas, tirando conclusões e classificando a IS quanto à

conformidade com as normas. Após esta fase, segue-se o Relatório de Auditoria, em que os

auditores e o cliente (IS) discutem as conclusões da auditoria, redigindo um relatório final que é

endereçado ao gestor de serviços de acreditação CHKS. Na quinta fase, o Processo de Atribuição

da Acreditação, ocorre uma nova auditoria, focalizada nos critérios em falta, com entrega de mais

documentos comprovativos, para que a candidatura siga para o Painel de Atribuição de

Acreditação CHKS. Por fim, é atribuída a Acreditação à IS, passando esta a fazer parte do sistema

de monitorização CHKS, tendo a validade de 3 anos [26].

JCI

A JCI surgiu em 1994, sendo a sua acreditação um processo voluntário aplicado à

totalidade da IS, no qual esta demonstra o seu compromisso com a melhoria contínua da

segurança do doente, apoiado por um conjunto de standards focados na qualidade dos cuidados

de saúde, sem nunca deixar de considerar as especificidades legais, culturais e religiosas de cada

país. Um dos fatores mais importantes para o sucesso do processo de acreditação é o total

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envolvimento do diretor-chefe, do quadro de restantes diretores e dos líderes clínicos da

organização, trabalhando em conjunto para o sucesso da IS [27].

Os standards estão agrupados por funções relacionadas com a prestação de cuidados de

saúde, nomeadamente aqueles que se relacionam com proporcionar uma instituição segura e

eficiente, com as variantes específicas de um hospital de centro académico ou com as

especificidades dos programas de formação profissional médica. Esta divisão vai permitir que os

standards estejam adequados à IS como um todo, mas também a cada um dos serviços, unidades

e departamentos [28].

As normas estão divididas por quatro secções [28]:

Exigências para participação na acreditação;

Padrões centrados no paciente;

Padrões de gestão da IS;

Padrões de hospital de centro médico académico.

O processo de acreditação pela JCI é desenvolvido por auditores da mesma, não

recorrendo a uma organização externa para avaliar a IS segundo as suas normas. Este processo

desenvolve-se em quatro etapas. Começa com uma “Avaliação de linha de base”, em que os

consultores JCI fazem uma avaliação presencial para observar se a organização está pronta para

iniciar o processo de acreditação, comparando os processos e serviços da IS com os padrões da

JCI e identificando oportunidades de melhoria. A JCI apoia a IS na “Melhoria na qualidade”, em

que consultores da JCI fornecem orientações para a melhoria das práticas da IS através de

workshops, na “Gestão de instalações”, em que os consultores JCI fornecem orientações para

aspetos específicos como a segurança contra incêndios, a preparação para emergências ou o

ambiente para cuidados, e no fornecimento do “Programa educacional da metodologia tracer”,

ferramenta exclusiva da JCI utilizada para monitorar pacientes, fazer as perguntas certas e

identificar lacunas nos cuidados. A segunda fase consiste na “Avaliação simulada”, que serve

como último ponto de verificação antes da avaliação final, sendo desempenhada por consultores

JCI, que simulam um processo de avaliação real no qual identificam lacunas na conformidade

com os standards. A terceira fase (que pode ocorrer também antes da “Avaliação simulada”) é a

“Consultoria direcionada”, em que consultores JCI fornecem suporte específico para áreas de alta

prioridade, em que a IS está com dificuldades em cumprir os requisitos. Por fim, dá-se a “Avaliação

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de acreditação”, em que é feita uma avaliação exaustiva da IS que culmina com a obtenção da

acreditação pela JCI, válida por 3 anos [29].

ACSA

The Andalusian Agency for Healthcare Quality foi fundada em 2002 com o objetivo de

assegurar e melhorar a qualidade dos cuidados de saúde prestados no Serviço Público de Saúde

da Andaluzia. Assim, foi criado o modelo de acreditação ACSA [30].

Este modelo está desenhado de modo a focar o doente e as suas necessidades, direitos

e expectativas, bem como o progresso e desenvolvimento dos profissionais e a melhoria contínua

da qualidade da IS, numa metodologia que facilita a aplicação prática e a maximização dos

resultados, podendo esta mesma metodologia ser aplicada à totalidade da IS ou apenas a algum

serviço específico [30][23].

Em Portugal, decidiu-se a adaptar o modelo ACSA à realidade nacional, uma vez que este

é coerente com a ENQS. Além do mais, tem como referência diversas variáveis da saúde (como

os diferentes Programas de Saúde ou os contratos de gestão), aborda a qualidade de forma integral

com diversos programas adaptados às diversas realidades do setor da saúde português (como os

hospitais e centros hospitalares, os serviços ou unidades de gestão clínica, as farmácias ou os

laboratórios) e tem um carácter progressivo, voltado para a melhoria contínua das práticas da IS

[23].

Os standards do modelo ACSA estão divididos em cinco secções [23]:

O cidadão, Centro do Sistema de Saúde;

Organização das Atividades Centrada no Doente;

Os Profissionais;

Os Processos de Suporte;

Os Resultados.

Os standards são divididos em três grupos consoante o grau de obrigatoriedade para a

obtenção da acreditação. Os standards do grupo I são aqueles que se referem aos direitos dos

cidadãos, à segurança dos utentes e profissionais, aos princípios éticos e aos aspetos específicos

do SNS, estando aqui incluídos os standards obrigatórios. Os standards do grupo II dizem respeito

aos fatores que demonstram um maior desenvolvimento da IS, como os sistemas de informação,

as novas tecnologias, o redesenho de processos e reorganização dos espaços e fluxos. Por fim, os

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standards do grupo III demonstram que a IS cria inovação e desenvolvimento para a sociedade

[23].

Também o grau de acreditação obtido está dividido em três níveis. A Acreditação Nível

Bom, em que têm de estar cumpridos pelo menos 70,0 % dos standards do Grupo I, incluindo a

totalidade dos obrigatórios. A Acreditação Nível Ótimo, em que têm de estar cumpridos 100,0 %

dos standards Grupo I e pelo menos 40,0 % dos standards do Grupo II. A Acreditação Nível

Excelente, em que têm de estar cumpridos 100,0 % dos standards Grupo I e II e pelo menos 40,0

% dos standards do Grupo III [23].

O processo de acreditação desenvolvida pela ACSA divide-se em quatro fases. A primeira

fase consiste na “Preparação” para o processo de acreditação, com a candidatura ao programa,

nomeação de um responsável na IS pelo processo, bem como com uma primeira visita da ACSA

à IS de modo a apresentar o programa. Segue-se a “Autoavaliação”, em que através da análise do

manual de acreditação ACSA, os profissionais da IS fazem uma reflexão sobre o desempenho da

sua função, identificando áreas de melhoria e enviando um relatório destas conclusões à ACSA. A

terceira fase consiste na “Visita de Avaliação”, em que os auditores ACSA vão confirmar a

informação que lhes foi fornecida, bem como analisar documentos, entrevistar profissionais de

saúde e verificar in loco algumas das questões. Após esta visita, é enviado um relatório, no qual

constam as conclusões retiradas pelos auditores após a visita à IS e o grau de conformidade com

os standards. Uma vez conseguida a acreditação, dá-se a última fase, que consiste na

“Monitorização e colaboração entre a ACSA e a IS”, em que se segue o desempenho da IS, de

forma a manter o grau de conformidade e a conseguir implementar as ações de melhoria, durante

cinco anos (período de validade da acreditação ACSA) [30].

OECI

O modelo de acreditação criado pela OECI foi criado em 2002 e é um tipo de acreditação

vocacionado para os cuidados de saúde oncológicos e para a investigação nesta mesma área.

Tem a validade de 2 anos. Com este modelo de acreditação é pretendido que haja uma igualdade

de acesso a cuidados de saúde oncológicos de elevada qualidade na Europa, bem como ajudar

os Centros de Oncologia europeus a desenvolverem um sistema de qualidade oncológica [31].

Os standards deste modelo de acreditação são também desenhados de forma a focar os

cuidados oncológicos de elevada qualidade, podendo ser standards de avaliação quantitativos e

qualitativos, sendo posteriormente submetidos numa plataforma online [31].

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Tal como noutros referenciais de acreditação, o processo de obtenção da acreditação OECI

baseia-se numa candidatura e visita preliminar, seguido da autoavaliação da IS, à qual se segue a

auditoria formal e o relatório, a partir dos quais se decide se a IS obtém a acreditação [31].

ISO 15189

A acreditação pela ISO 15189 é um conjunto de normas que confirmam a qualidade e

competência dos laboratórios médicos, sendo sinal de que o laboratório em questão protege a

saúde e segurança dos utentes e profissionais de saúde, suporta a troca eficiente de informação,

assegura a proteção da informação e melhora a qualidade geral dos cuidados prestados. Tendo

em conta que este conjunto de normas foi desenvolvida a partir da ISO 17025, estas duas são

consideradas equivalentes, coincidindo em muitas das suas normas [32].

4.2.2. Certificação

A certificação é o processo no qual uma organização, governamental ou não, avalia e

reconhece que um indivíduo ou organização obedece a determinados requisitos ou critérios.

Apesar de haver alguma confusão na diferença entre o conceito de certificação e acreditação,

como já referido, a segunda apenas é válida para organizações, enquanto a primeira é também

válida para indivíduos. Quando aplicada para indivíduos, a certificação vem reconhecer que este

recebeu formação adicional para o desempenho das suas funções, demonstrando competências

que vão para além dos requisitos básicos. Na aplicação para organizações, a certificação

normalmente implica que esta possua serviços, tecnologias ou capacidades que vão para além

dos requisitos básicos estabelecidos no regime de licenciamento [9].

Apesar de geralmente ser de carácter voluntário, a certificação pode por vezes ser

indiretamente exigida, como no caso dos laboratórios que necessitam de equipamentos e

profissionais especialmente treinados para o exercício de tipos de diagnóstico específicos [9].

A certificação ISO 9001 é aquela à qual se recorre mais frequentemente e, por isso, será

alvo de análise particular.

Certificação ISO 9001

ISO deriva de “isos”, palavra grega que significa algo que é uniforme, e não de

International Organization for Standardization, como é assumido frequentemente. Assim, as

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normas ISO debruçam-se sobre uma ampla gama de assuntos, cobrindo uma grande variedade

de especificações de produtos ou serviços, nomeadamente a série 9000 que foca as teorias de

gestão da qualidade [33].

Desde 1987, aquando da primeira publicação da série de requisitos de qualidade ISO

9000, que a sua utilização tem vindo a aumentar, especialmente pela norma ISO 9001, integrada

como programa externo de avaliação da qualidade das organizações, estando em implementação

em mais de 143 países [9][34].

Na sua raiz de atividade, a ISO não se envolve diretamente no processo de certificação.

No caso da ISO 9001, por exemplo, esta foi desenhada para demonstrar a conformidade de uma

organização com uma série de requisitos, recorrendo a uma terceira parte – o organismo de

certificação. Este organismo de certificação necessita de estar acreditado por um organismo de

acreditação internacionalmente reconhecido (em Portugal, é o IPAC) para poder certificar [33].

Os requisitos da certificação pela norma ISO 9001 focam a qualidade e conformidade do

processo de produção e não os resultados, com o objetivo de ir de encontro ou superar as

expectativas e requisitos do cliente. Apesar de não estar especificamente direcionada para o setor

da saúde, a norma ISO 9001 facilmente pode ser adaptada a hospitais ou a áreas específicas,

como os vários tipos de laboratórios ou serviços, como o de radiologia, cirurgia, obstetrícia ou

psiquiatria, uma vez que um dos princípios base desta norma é a aplicabilidade a todas as

organizações, independentemente do tipo, dimensão ou produto que proporcionam [9][33][35].

Os requisitos da norma ISO 9001 obedecem a oito princípios {35]:

Foco no cliente: a organização procura satisfazer ou exceder as espectativas dos

clientes;

Liderança: a organização estabelece a sua visão e missão, demonstrando

envolvimento dos colaboradores na concretização dos seus objetivos;

Envolvimento dos colaboradores: todo o tipo de colaboradores trabalha em

conjunto para o mesmo objetivo;

Abordagem por processos: todas as atividades e respetivos recursos são geridos

de modo a alcançar melhores resultados;

Abordagem sistemática da gestão: o sistema é gerido da forma mais competente

e direcionada para a eficácia e eficiência da organização;

Melhoria contínua: ponto crítico para a melhoria da performance da organização;

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Abordagem factual para a tomada de decisão: as decisões são tomadas tendo em

conta a análise de documentação e informações;

Relação de mútuo benefício com os fornecedores: a relação entre a organização

e os seus fornecedores é desenvolvida de forma a criar valor para ambas as

partes.

São diversas as vantagens para as IS que podem decorrer da implementação da

certificação pela norma ISO 9001. A nível interno, podem-se destacar vantagens ao nível

operacional, como aumento da produtividade, da eficiência, do controlo da qualidade ou a

diminuição dos custos, das perdas, do número de não conformidades, e ao nível da gestão e

estratégia, como a liderança para a qualidade, da formação, da comunicação entre as partes ou

a satisfação dos profissionais. A nível externo, salientam-se vantagens também ao nível

operacional, como o aumento da satisfação do cliente e da relação com os fornecedores ou a

diminuição das reclamações, e ao nível da gestão e estratégia, como a melhoria competitiva ou

da imagem da organização [36].

Contudo, também há potenciais desvantagens que importa realçar. A nível interno, a

enorme burocracia associada, a falta de envolvimento dos colaboradores, a implementação

superficial do referencial, o tamanho organizacional ou falta de motivação podem pôr em causa o

sucesso da certificação. A nível externo, a falta de confiança, as pressões externas e a área

geográfica também podem causar alguns constrangimentos [36].

Quanto ao processo de certificação propriamente dito, não há uma indicação específica

emitida pela ISO. Cabe à entidade certificadora, o desenho da forma como pretende emitir a

certificação de determinada organização. Deste modo, decidiu-se neste trabalho, apresentar o

processo de certificação da Société Générale de Surveillance (SGS), dado que se trata de uma

entidade certificadora que mais atua em Portugal.

O processo de certificação pela norma ISO 9001 da SGS divide-se em seis fases. Na fase

A, é desenvolvida a proposta da SGS. Na fase B, é feita uma auditoria prévia de carácter opcional,

em que são identificados os pontos fortes e as oportunidades de melhoria dentro da organização.

Na fase C, inicia-se a primeira parte da auditoria de concessão da certificação, com a análise de

documentos do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) e outros pontos-chave, sendo emitido um

relatório com as constatações. Na fase D, dá-se o culminar da auditoria de concessão, com

entrevistas aos colaboradores, verificação de registos e observação de práticas de trabalho,

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culminando com um relatório com as constatações e um certificado, caso a decisão seja favorável.

Na fase E, dão-se as auditorias de acompanhamento da organização, verificando-se o SGQ e a

implementação dos planos de melhoria. Por fim, na fase F, realiza-se a auditoria de renovação da

certificação, 3 anos após a auditoria de concessão, ou seja, a validade da certificação é de 3 anos,

sendo necessária a sua renovação após este período [37].

4.2.3. Comparação entre as normas dos referenciais ISO 9001, CHKS, JCI e ACSA

Uma vez conhecidos os referenciais que se têm vindo a aplicar com maior frequência em

Portugal, importa agora fazer uma pequena comparação entre os mesmos, salientando as

vantagens e desvantagens da certificação ISO 9001 e das acreditações CHKS, JCI e ACSA.

Apesar de nesta secção se comparar um referencial de certificação com três referenciais

de acreditação, esta comparação não é descabida uma vez que ambos os tipos de avaliação da

qualidade em saúde se centram na mesma questão: reconhecimento da qualidade de uma IS,

sobre as mais diversas formas.

Começando por uma análise focada nos princípios da norma ISO 9001, uma vez que os

mesmos estão bem definidos, é possível constatar o seguinte:

Foco no cliente: este princípio da ISO 9001 está igualmente presente nos

referenciais CHKS, JCI e ACSA;

Liderança: se a ISO 9001 define que é a gestão de topo a estar responsável pela

liderança do projeto de certificação, a JCI e a ACSA não definem este critério de

liderança, mas apenas algumas autoridades e responsabilidades e o CHKS define

critérios de liderança, autoridade e responsabilidade, mas não o envolvimento da

gestão de topo;

Envolvimento dos colaboradores: a ISO 9001 identifica como essencial que os

colaboradores estejam envolvidos na concretização dos objetivos, princípio que

não é partilhado pela filosofia JCI e ACSA. O CHKS identifica como importante o

máximo envolvimento dos colaboradores, mas para isso define que se deve

abranger o máximo de serviços e não especificamente funções e colaboradores;

Abordagem por processos: apesar de este ser um princípio da ISO 9001, este

normativo não define quais os processos que devem ser geridos, devendo os

mesmos ser identificados pela organização. Nos casos das acreditações CHKS,

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JCI e ACSA, estes processos estão definidos no conjunto de normas destes

referenciais, sendo que o CHKS inclui ainda uma secção com procedimentos que

devem ser avaliados em serviços específicos.

Abordagem sistemática da gestão: este princípio da ISO 9001 é partilhado pelos

outros referenciais, sendo mais claro em referenciais como o CHKS ou o JCI que

têm secções de normas especificamente centradas na gestão da IS, enquanto no

referencial ACSA esta referência é menos clara;

Melhoria contínua: todos os referenciais salientam a importância da melhoria

contínua na organização;

Abordagem factual para a tomada de decisões: todos estes referenciais apoiam a

tomada de decisão e recomendam a monitorização da documentação da

organização;

Relações de mútuo benefício com os fornecedores: os referenciais CHKS, JCI e

ACSA, apesar de referirem os fornecedores como intervenientes na cadeia de

valor, não fazem referência direta à importância das relações mutuamente

benéficas com os fornecedores, como é referido neste princípio da ISO 9001.

Outra variável que é possível comparar entre os referenciais são as secções

normativas. Aqui, convém separar a ISO 9001, uma vez que este referencial não é específico

para a área da saúde e, por isso, apresenta secções bastante gerais, como o “Sistema de

Gestão da Qualidade”, a “Responsabilidade de Gestão”, a “Gestão de Recursos”, a

“Realização do Produto” e a “Medição, Análise e Melhoria”. Assim, é necessário que a IS

adapte este normativo às suas necessidades próprias, definindo os procedimentos. Os

restantes referenciais, sendo eles de acreditação e especificamente adaptados às IS, poderiam

ser comparados, mas uma análise preliminar permite verificar que a divisão em secções feita

pela ACSA não é passível de comparação com os referenciais CHKS e JCI, já que foca o utente

em duas secções distintas (“O Cidadão como Centro do Sistema de Saúde” e “Organização

da Atividade Centrada no Doente”) e os “Profissionais”, “Processos de Suporte” e

“Resultados” têm uma secção individualizada e bem definida, o que não acontece nos outros

dois referenciais de acreditação estudados.

A uma comparação CHKS versus JCI revela:

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Secção 1 – Gestão e Liderança da Organização: apresenta correspondência com

a secção 3 da JCI, designada por “Standards Centrados na Gestão da IS”;

Secção 2 – Funções Administrativas: apresenta alguma correspondência de

normas específicas também com a secção 3 da JCI;

Secção 3 – Cuidados de Saúde Centrados no Doente: apresenta correspondência

com a secção 2 da JCI, designada por “Standards Centrados no Paciente”;

Secção 4 – Serviços Locais e Hotelaria –, Secção 5 – Prestação dos Serviços – e

Secção 6 – Normas Serviços Específicos: não encontram correspondência com

secções JCI;

Secção 1 – Requisitos de Participação – e Secção 4 – Standards Centrados na

Formação: não encontram correspondência com secções CHKS;

Para uma comparação ainda mais pormenorizada, também se compararam os

referenciais JCI e CHKS norma-a-norma como se apresenta no Anexo I.

Outra comparação possível é o âmbito destas certificações/acreditações. O referencial JCI

é o único que apenas permite uma total aplicação à IS, sendo que os restantes referenciais

permitem que apenas se certifique/acredite um serviço da IS. No que toca à validade destes

referenciais, apenas o referencial ACSA apresenta uma validade diferente de 3 anos, neste caso,

de 5 anos. Quanto ao resultado final da acreditação, apenas a ACSA tem diversos níveis de

acreditação (Bom, Ótimo e Excelente), o que vem mostrar de forma mais clara o processo de

melhoria contínua que deve ser seguido por uma IS. Contudo, tendo em conta que os processos

de renovação de certificação/acreditação normalmente são mais exigentes que os processos de

obtenção inicial, não sendo espectável que a IS apresente as mesmas falhas que apresentava

inicialmente, a procura da melhoria contínua está também presente nos referenciais CHKS, JCI e

ISO 9001, embora de forma mais indireta que no referencial ACSA. Na mesma sequência, o

referencial ACSA tem padrões de obrigatoriedade especificamente divulgados, sendo necessário

cumprir 70,0 % dos standards do Grupo I, não estando especificamente referidos nos manuais

dos referenciais CHKS, JCI e ISO 9001 quantos requisitos são obrigatórios. Por fim, uma

comparação a nível de custos e tempos de implementação aponta que os referenciais JCI e CHKS

são normalmente mais longos que os referenciais ACSA e ISO 9001, sendo o JCI aquele que

envolve mais custos, seguido do CHKS. Também o facto da ISO 9001 e a ACSA serem aplicadas

por organismos portugueses pode mostrar uma maior preparação para a realidade portuguesa,

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apesar do CHKS e da JCI também fazerem uma contextualização à realidade do país onde estão

a implementar o referencial.

Apesar das diversas diferenças entre os referenciais apresentadas, não é correto afirmar

que um dos referenciais é melhor que os restantes. Deve ser feita uma análise pela própria IS,

estabelecendo quais os fatores que considera mais preponderantes para a mesma e depois fazer

uma escolha bem ponderada, de forma a maximizar o sucesso da implementação do referencial.

4.2.4. HAS

O referencial HAS apresenta particularidades que se achou necessário salientar, no

contexto da ponderação da sua adequação a Portugal.

O programa de certificação francês fundado em 1999, inicialmente designado de

acreditação, foi desenhado pela entidade reguladora da saúde francesa (HAS), o que lhe confere

o carácter de obrigatoriedade legal tanto para IS públicas como privadas. Tal como os outros

programas, os principais objetivos são o de melhorar a qualidade e a segurança dos cuidados de

saúde prestados ao doente, promover as medidas de avaliação e melhoria e reforçar a confiança

dos utentes nas IS através da divulgação de resultados [38][39].

Os princípios desta certificação são [39]:

O papel central do paciente: a IS deve estar organizada de modo a focar os

interesses do paciente;

O envolvimento dos profissionais: a melhoria da qualidade é resultado da

prestação dos cuidados de saúde desempenhada pelos profissionais, pelo que é

indispensável que se envolvam todos os profissionais no processo de certificação;

A melhoria dos serviços prestados ao paciente: a melhoria dos cuidados de saúde

pressupõe a existência de um sistema de gestão da qualidade, devendo esta

melhoria ser avaliada através dos inquéritos de satisfação dos utentes e dos seus

representantes;

A segurança: um sistema de gestão do risco deve ser posto em prática, de modo

a que a complexidade dos cuidados não ponha em causa a eficácia dos mesmos

e, consequentemente, a segurança do doente;

Uma abordagem sustentável: uma vez conseguida a certificação, são desenhadas

medidas tendo em vista a melhoria contínua da IS;

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Uma abordagem evolutiva: a certificação tem em conta as IS que se esforçam por

melhorar os indicadores que foram identificados como suscetíveis de melhoria.

Quanto às normas deste referencial de certificação estão divididas em quatro capítulos

[39]:

Política de Gestão da Qualidade;

Recursos Transversais (recursos humanos, hotelaria e logística, qualidade e

gestão de risco, qualidade e segurança, sistemas de informação);

Atendimento ao Paciente (direitos e rotas do paciente);

Avaliações e Dinâmicas de Melhoria (práticas profissionais, utentes e

representantes, políticas de gestão).

Quanto à conformidade com as normas, também há quatro possibilidades [39]:

Cotação A: O critério é satisfeito em toda a IS ou nos serviços de prestação de

cuidados de saúde de utilização constante;

Cotação B: O critério é parcialmente satisfeito na maioria dos serviços da IS;

Cotação C: O critério é pouco satisfeito na maioria dos serviços da IS;

Cotação D: O critério não é satisfeito na maioria dos serviços da IS.

Uma vez atribuída a cotação à conformidade do critério, é atribuída a classificação da

certificação [39]:

Total: quase todas as normas A, com algumas B, poucas C;

Na maioria dos serviços: quase todas as normas B com algumas C;

Em alguns serviços: quase todas C com algumas D;

Sem certificação.

Quanto ao processo de certificação propriamente dito, este desenvolve-se em quatro

passos. Primeiro, a IS avalia a sua conformidade com os critérios de 0 a 100 %, que equivale aos

quatro níveis de cotação anteriormente referidos. De seguida, é realizada uma auditoria na IS por

parte de representantes da HAS, onde são verificados os critérios de foco prioritário, aqueles em

que a IS teve menores cotações, bem como alguns selecionados aleatoriamente, de forma a

confirmar ou modificar os dados submetidos pela IS. Após a visita, é enviado um relatório à IS,

que será enviado a um painel independente que recomenda o nível de acreditação a atribuir. Por

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fim, a HAS considera o relatório, o feedback da IS relativamente ao mesmo, bem como a opinião

do painel independente, e atribui o nível de certificação à IS, que será válido por 4 anos [38].

A obrigatoriedade do modelo e a sua implementação em toda a IS é considerada pela HAS

como benéfica para o utente, permitindo que o utente faça uma escolha com informação credível.

Outra vantagem deste modelo é o facto de reconhecer as acreditações por outros modelos [40],

não sendo obrigatório às IS que já se encontravam acreditadas a obtenção da certificação pela

HAS. Tendo em conta este modelo e a proximidade do tipo de atividade desempenhada pela HAS

e a desempenhada pela ERS, foi deixado este referencial para última análise, uma vez que o

mesmo serve de exemplo ao que poderia ser realizado pela ERS nesta matéria, já que está nos

estatutos desta entidade “verificar o não cumprimento das obrigações legais e regulamentares

relativas à acreditação e certificação dos estabelecimentos” (Decreto-Lei nº126/2014, de 22 de

Agosto, no artigo 14º, alínea d) e a existência de um referencial próprio vinha satisfazer este

estatuto e inserir a ERS neste campo regulamentar tão importante para os utentes.

4.2.5. Impacto da Certificação/Acreditação

Apesar de haver um cada vez maior número de IS certificadas/acreditadas, há ainda

pouca evidência dos benefícios que a implementação de um programa voluntário traz para a IS.

Greenfield e Braithwaite [41] analisaram 66 estudos relativos ao impacto da acreditação,

dividindo as conclusões encontradas em dez categorias. Em duas categorias (promoção da

mudança e desenvolvimento profissional) foram encontradas evidências de que realmente a

acreditação traz impacto positivo para a IS. Em cinco categorias (atitude dos profissionais perante

a acreditação, impacto organizacional, impacto financeiro, medidas de qualidade e avaliação do

programa) não foram encontradas evidências fortes do impacto da acreditação, sendo que os

estudos apresentam evidência mista e pouco robusta. Por fim, em três categorias (satisfação do

paciente, divulgação pública e problemas de auditoria) concluíram não existir número suficiente

de estudos que permitisse tirar quaisquer conclusões.

Llewellyn et al. [42] analisaram 56 estudos que focavam o impacto da

certificação/acreditação nas IS. A maioria dos estudos analisados notaram um impacto positivo

na melhoria da gestão institucional (nomeadamente na comunicação entre os profissionais ou na

gestão das emergências e do risco) e nas práticas dos profissionais. Contudo, a atitude dos

profissionais perante a acreditação tanto levanta aspetos positivos como negativos (principalmente

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o aumento da carga de trabalho). Tal como no estudo anterior, estes autores notaram a

inexistência de estudos para avaliar o impacto nos resultados e na satisfação dos utentes.

Alkhenizan e Shaw [8] analisaram 26 estudos que focavam o impacto da acreditação

especificamente na prestação de cuidados de saúde, nomeadamente no enfarte agudo de

miocárdio, traumatismo, cirurgia de ambulatório, controlo de infeção e gestão da dor. A maioria

dos estudos mostraram que os programas de acreditação gerais melhoram significativamente os

resultados clínicos, bem como os programas de acreditação que focam especialidades específicas,

e também conduzem a uma melhoria dos resultados nestas especialidades. Estes resultados

contrariam o encontrado previamente por Greenfield e Braithwaite [41]. Contudo, é de notar que

o trabalho de Alkhenizan e Shaw apenas focou 26 estudos, num número limitado de

especialidades.

Mais recentemente, Almasabi, Yang e Thomas [43] analisaram 20 estudos que focavam

a satisfação dos utentes, dividindo-os em três tipos: satisfação dos utentes entre IS acreditadas e

não acreditadas, satisfação dos utentes antes e depois da acreditação e envolvimento dos utentes

no processo de acreditação. De acordo com os resultados dos autores, a evidência produzida não

suporta a hipótese da existência de impacto da acreditação na satisfação dos utentes. O atual foco

dos processos de acreditação no paciente pode, pelo menos em parte, justificar este resultado,

quando comparado com os estudos anteriores.

Suñol et al. [44] estudaram o impacto de sistemas de avaliação da qualidade em quatro

dimensões (procedimentos clínicos, segurança, foco no utente na IS em geral e foco no utente nos

diferentes serviços) em 389 IS em oito países europeus. Em todas as quatro dimensões foi

encontrado um impacto positivo dos programas, contudo estas dimensões precisam de ser mais

estudadas futuramente.

Shaw et al. [10] procuraram descobrir se a acreditação e a certificação ISO conduziam a

melhores resultados nas IS que os implementavam. Para tal, foi analisada a conformidade com

certos critérios de qualidade em 89 hospitais em seis países europeus. Os resultados mostraram

que hospitais com acreditação ou certificação ISO tinham melhores desempenhos que hospitais

sem qualquer referencial de avaliação da qualidade. Foi ainda notado que os hospitais acreditados

tinham melhor conformidade que os certificados na gestão hospitalar, segurança do paciente e

prática clínica (Figura 1), o que pode ser justificado pelo facto de a acreditação ser específica para

hospitais, enquanto a certificação é desenhada para sistemas de gestão da qualidade em geral.

Não se notaram vantagens específicas quando ambos os tipos de referencial de avaliação da

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qualidade estão implementados. Estas evidências poderiam ser mais reforçadas se tivesse sido

utilizada uma amostra maior e se clarificassem os conceitos de certificação e acreditação, já que

os mesmos são muitos variáveis entre pessoas, organizações e países.

Figura 1 – Comparação entre o desempenho de hospitais acreditados, certificados e sem nenhum referencial em várias dimensões [3].

Num outro estudo, Shaw et al. [45] estudaram o efeito da certificação e acreditação em

áreas específicas de 73 hospitais de sete países. As áreas clínicas que decidiram estudar foram o

enfarte agudo de miocárdio, o Acidente Vascular Cerebral (AVC), a fratura da anca e os cuidados

obstétricos, em dimensões como a liderança clínica, a segurança do paciente, a revisão clínica e

a prática clínica. Foi notado que a acreditação e a certificação favorecem as três primeiras, mas

não a última, já que estes focam estruturas e processos, mas não na prestação específica de

cuidados de saúde. Foi, ainda, notado que quando a acreditação e a certificação estão

implementadas no mesmo hospital, este tem uma melhor performance nas áreas estudadas, o

que pode mostrar que ambos os referenciais têm benefícios próprios que não são partilhados

entre si. Contudo, a interpretação destes conceitos e normas é muito variável, pelo que as

conclusões não são muito robustas.

Devkaran e O’Farrell fizeram um estudo pioneiro nos Emirados Árabes Unidos [46] em

que foi investigada a performance de um hospital relativamente à acreditação ao longo do tempo

(e não comparando dois pontos apenas – antes e depois da acreditação, por exemplo). Esta

avaliação mostrou que há uma melhoria da qualidade na preparação para a acreditação, que sofre

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um ligeiro declínio após a obtenção da mesma, tendendo a estabilizar ao longo dos 3 anos de

validade da acreditação (Figura 2).

Figura 2 – Percentagem de conformidade com medidas de qualidade num hospital dos EAU desde a preparação para a acreditação até ao final da validade da mesma[46].

Relativamente a Portugal, poucos estudos foram realizados pelo que pouco se sabe do

impacto das certificações/acreditações nas IS. Um estudo bastante interessante foi desenvolvido

em 2008 por Boto, Costa e Lopes [47], comparando a taxa de mortalidade intra-hospitalar,

ajustada pelo risco, entre hospitais envolvidos e não envolvidos em processos de acreditação e/ou

benchmarking. Para isso, foram tidos em conta os resumos de alta entre 2001 e 2006, ajustados

consoante a gravidade do doente, de hospitais envolvidos em processos de acreditação e/ou

benchmarking. Os autores concluíram que não existem diferenças estatisticamente significativas

na taxa de mortalidade entre os hospitais considerados.

Ressalva-se, novamente, que é importante explicitar o conceito de acreditação, já que o

mesmo é muito variável entre países, pelo que uma comparação entre hospitais de países

diferentes pode levar a conclusões que não são tão claras como poderão parecer. Assim,

recomenda-se que se faça uma análise entre hospitais do mesmo país ou que se faça uma

clarificação/acordo entre países (por isso exemplo, ao nível da União Europeia) para a definição

de acreditação, embora este processo envolva bastantes constrangimentos.

Apesar de não haver conclusões que se vejam confirmadas em vários estudos, os

referenciais de avaliação da qualidade deverão promover a mudança organizacional, o

desenvolvimento das capacidades dos profissionais, bem como a melhoria da performance clínica,

não havendo um impacto claro na satisfação dos utentes, pelo que é importante desenvolver mais

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estudos que foquem estas temáticas, principalmente a satisfação dos utentes, que é o foco da

maioria destes referenciais.

4.3. Benchmarking

Aquela que poderá ser considerada como uma terceira dimensão da qualidade em saúde

é o benchmarking, conceito este que se baseia não só na comparação de indicadores com

benchmarks (termos de comparação), mas também na tomada de medidas tendo em vista manter

a qualidade da instituição, satisfazer os utentes e promover a melhoria contínua das práticas

institucionais, sendo esta avaliação, na maioria dos casos, de caracter voluntário [48][49][50].

Este conceito surgiu na década de 80, mas só há pouco mais de 20 anos foi transportado

para o setor dos cuidados de saúde, de modo a satisfazer três fatores preponderantes [48]:

Controlo dos custos;

Estruturação da gestão de risco e da qualidade;

Satisfação das expetativas dos utentes.

Contudo, o conceito de benchmarking associado aos cuidados de saúde tem vindo a sofrer

diversas alterações ao longo dos tempos, sendo um conceito muito sensível com o passar do

tempo (o que hoje é tido como um serviço de qualidade pode não o ser amanhã e a não adaptação

temporal dos indicadores pode comprometer a melhoria contínua) [49]. Se inicialmente este

conceito começou pela comparação de resultados (que não era suficiente, já que apenas

estipulava se um hospital seria melhor ou pior que o benchmarks [50]), rapidamente esta avaliação

foi também expandida para os processos e, mais recentemente, para as expetativas dos utentes.

Assim, atualmente, estão associadas ao benchmarking diversos passos [48]:

Comparação de indicadores (que podem ser de estrutura, processo e/ou

resultado);

Identificação das diferenças entre os resultados;

Procura de medidas que melhorem os resultados;

Monitorização dos indicadores.

A comparação dos indicadores é bastante diferente entre sistemas de benchmarking

aplicados nos diversos países. Alguns sistemas optam por ter apenas um tipo de indicador

(estrutura, processo ou resultado), enquanto outros incluem indicadores associados a mais do que

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um tipo, permitindo uma avaliação mais completa à IS, analisando a gestão, o suporte e a atividade

clínica de toda a organização [48][49][51].

Já os benchmarks também são muito diferentes. Alguns sistemas incluem a comparação

interna mas o mais comum é a comparação externa. Nos casos do benchmarking interno, este é

feito comparando serviços de uma mesma organização ou comparando organizações que

pertencem à mesma cadeia. O principal objetivo deste tipo de benchmarking é estabelecer um

nível de qualidade igual para toda a organização, selecionando “o máximo” dentro da organização,

como meta para as restantes organizações ou serviços. A principal vantagem deste tipo de

comunicação é facilitar a comunicação entre as partes, uma vez que partilham a mesmo

linguagem, cultura e hábitos no desenvolver das suas funções [49].

Nos casos do benchmarking externo, este é feito comparando com outras organizações

ou com uma referência nacional, pelo que as organizações têm um padrão que deve ser atingido,

podendo a divulgação dos resultados ser feita interna ou externamente [49]. A principal vantagem

deste tipo de benchmarking é permitir aos administradores da organização verificar quais as áreas

em que é mais necessária a atuação tendo em vista a sua melhoria. Quanto à comunicação

externa, esta é bastante vantajosa para os utentes, uma vez que permite que estes façam uma

escolha ponderada daquela que será a “melhor” organização na sua área de residência [50].

Há diversos fatores que afetam a forma como se pode ver o benchmarking, sendo de

destacar o tempo, o impacto nos prestadores de cuidados de saúde, o impacto nos utentes e a

utilização de informação previamente recolhida. O tempo é um dos principais fatores influenciados

pelo benchmarking, uma vez que se procura a eficiência (melhores cuidados no menor tempo

possível), que afetará tanto a organização (menor tempo, implica menores custos) como os utentes

(menor tempo, maior satisfação). Contudo, o tempo também tem um fator negativo sobre os

resultados, uma vez que as constantes atualizações nos indicadores levam a que seja difícil

observar resultados num curto período de tempo e dificultam a melhoria contínua [49].

O impacto nos prestadores de cuidados de saúde também pode ser muito diverso. Se por

um lado pode levá-los a melhorarem a sua performance, por outro lado pode levá-los a preferirem

desempenhar funções em que os utentes estão em menor risco (com baixas taxas de mortalidade,

por exemplo), uma vez que estas terão uma melhor classificação. Para aqueles que desempenham

as funções em que o utente se apresenta em maior debilidade, as classificações poderão induzir

que estes prestadores são menos competentes, devido às piores classificações que se relacionam

mais com o serviço em si, do que com o desempenho dos profissionais de saúde [52]. Esta

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limitação foi estudada numa IS de Nova Iorque, chegando-se à conclusão que 62,0 % dos cirurgiões

cardíacos inquiridos já tinha rejeitado pelo menos uma vez operar um doente devido à divulgação

pública dos resultados [53].

O impacto nos utentes deverá ser aquele mais positivamente afetado pelo benchmarking,

uma vez que se procura uma melhoria dos cuidados de saúde, tornando os processos mais

eficazes [51]. A divulgação da informação para os utentes, apesar de teoricamente ter um efeito

válido (escolha ponderada da IS), possui alguns entraves à sua utilização, como a complexidade

dos resultados, a falta de conhecimentos que permitam a compreensão dos resultados e a forma

como os resultados lhes são apresentados. Assim, seria importante analisar se os resultados da

avaliação por benchmarking realmente estão a ser utilizados pelos utentes dos serviços de saúde,

já que os estudos feitos neste sentido têm-se mostrado inconclusivos [52][54].

A avaliação dos indicadores por informação recolhida pode conduzir a algumas

desvantagens, como ser reportada atividades ou procedimentos que na realidade não foram

desempenhados, existindo assim uma melhoria associada à recolha de informação e não à

performance dos prestadores de cuidados de saúde. [52] A informação recolhida ao não ser

totalmente ilustrativa das práticas médicas pode levar ainda à rejeição da realização de

procedimentos cirúrgicos por parte dos médicos e, por isso, deve ser monitorizado e assegurado

que os médicos não rejeitam operar doentes de alto risco [55].

Apesar de todas estas vantagens (balanceadas com as desvantagens) motivarem uma

melhoria na organização, o impacto real do benchmarking nas organizações de saúde e se este

cumpre realmente os seus objetivos ainda carece de mais investigação, uma vez que muitos dos

estudos apresentaram resultados inconclusivos [49].

Devido à real importância da avaliação e consequente melhoria da qualidade, diversos

países sentiram necessidade de criar os seus próprios indicadores de avaliação dos cuidados de

saúde, surgindo, neste contexto, o termo benchmarking associado à comparação entre os

indicadores, como é o caso do SINAS em Portugal, dos Agency for Healthcare Research and Quality

(AHRQ) Quality Indicators (QIs) nos EUA, dos NHS Comparators no Reino Unido, dos Australian

Institute of Health Innovation (AIHI) na Austrália ou dos Danish National Indicator Project (IKAS)

na Dinamarca.

Sendo o SINAS o referencial de benchmarking da ERS aplicado em Portugal, este será, de

seguida, caracterizado com mais detalhe.

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4.3.1. SINAS

O SINAS é um sistema de avaliação da qualidade dos estabelecimentos prestadores de

cuidados de saúde desenvolvido pela ERS, que tem por base três valores fundamentais: rigor,

transparência e objetividade.

Em todas as dimensões do sistema, procura-se o rigor científico e técnico, de objetividade,

assim como a justiça na avaliação. O SINAS procura ainda promover a motivação e o envolvimento

dos prestadores, a transparência e a inteligibilidade, quer para as instituições avaliadas, quer para

o público em geral, em especial os utentes.

Podem sistematizar-se os princípios orientadores do SINAS em três objetivos: 1) mais e

melhor informação sobre a qualidade do sistema de saúde, 2) melhoria contínua dos cuidados

prestados e 3) incremento da capacidade de análise do utente. A disponibilização da informação

recolhida pretende diminuir os problemas de informação característicos deste mercado,

permitindo aos utentes obter informação simplificada, fidedigna e sem custos, sobre os níveis de

qualidade do sistema de saúde. O objetivo é permitir que dentro da liberdade de escolha permitida

pelo sistema de saúde, os utentes tomem as melhores decisões.

Sendo consensual a necessidade de uma abordagem multidimensional ao tema da

qualidade na prestação de cuidados de saúde, o modelo do SINAS visa avaliar as instituições ao

nível de diferentes dimensões da qualidade.

De acordo com a tipologia de cuidados prestados, as instituições são inseridas em

diferentes módulos. Atualmente, estão implementados os módulos relativos a estabelecimentos

com internamento (SINAS@Hospitais, módulo que se analisará) e a estabelecimentos prestadores

de cuidados de saúde oral (SINAS@Saúde.Oral).

A recolha dos dados para avaliação no âmbito do SINAS requer a colaboração dos

prestadores de cuidados de saúde participantes. Assim, a informação disponibilizada é da

responsabilidade das instituições. Os dados são recolhidos em diferentes formatos, através de

ferramentas especificamente criadas e disponibilizadas para o efeito, e os cálculos são efetuados

aplicando metodologias concretamente desenvolvidas, que têm como output a classificação de

cada um dos prestadores. Periodicamente, a ERS realiza auditorias a estabelecimentos

selecionados aleatoriamente, com o intuito de validar a informação submetida e promover a

melhoria contínua.

A avaliação dos prestadores no âmbito do SINAS processa-se em dois níveis:

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Primeiro nível de avaliação – Estrela: permite confirmar o cumprimento de

critérios que a ERS considera essenciais para a prestação de cuidados de saúde

com qualidade, através da análise de indicadores de estrutura e de cultura

organizacional. A validação desse cumprimento, demonstrada pela atribuição de

uma estrela, permite aos prestadores o acesso ao segundo nível de avaliação.

Segundo nível de avaliação – Rating: De forma a permitir o benchmarking, nas

dimensões em que tal é aplicável é calculado um rating individual para os

prestadores que a priori demonstraram cumprir com os parâmetros de qualidade

exigidos, posicionando-os dentro de um de três níveis de qualidade (categoria de

classificação superior - Nível de Qualidade III-, categoria de classificação

intermédia - Nível de qualidade II - e categoria de classificação de base - Nível de

Qualidade I).

O elemento essencial de avaliação da qualidade em cada uma das dimensões

consideradas é o indicador (ou conjunto de indicadores) de performance. Estes indicadores de

performance refletem as diferenças de desempenho entre os prestadores ao nível da respetiva

dimensão da qualidade, uma vez que é sobre eles que se efetua a análise estatística que conduz

à produção da classificação - rating. Num plano mais conceptual, a natureza dos indicadores

de performance analisados no SINAS pode ser classificada no âmbito da clássica tipologia de

Donabedian: estrutura, processo e resultado. Os indicadores de estrutura retratam as condições

físicas da infraestrutura, os recursos humanos e os procedimentos organizativos do prestador de

cuidados de saúde; os indicadores de processo avaliam se os cuidados são prestados de acordo

com as melhores práticas; e os indicadores de resultado refletem o impacto dos cuidados

prestados na saúde dos utentes. Todos os indicadores utilizados no âmbito deste Sistema de

Avaliação passam por uma fase de testes, que consiste na avaliação da adequabilidade das suas

especificações à realidade da área em avaliação.

Quanto à avaliação dos prestadores de cuidados de saúde com internamento –

SINAS@Hospitais – avaliam-se cinco dimensões:

Excelência clínica – afere o cumprimento institucional de guidelines e boas

práticas, científica e consensualmente validadas, não avaliando profissionais de

saúde do ponto de vista técnico ou deontológico, nem serviços ou departamentos,

mas sim diagnósticos, procedimentos e profilaxia.

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Segurança do doente – avalia esta dimensão em duas óticas complementares:

avaliação de procedimentos de segurança, por indicadores de estrutura, com base

numa check-list, e avaliação de eventos adversos, por indicadores de resultados;

Adequação e conforto das instalações – visa avaliar o grau de adequação à

prestação de serviços de saúde dos espaços e equipamentos (não médicos) dos

estabelecimentos hospitalares, e da sua gestão e manutenção;

Focalização no utente – avalia o grau de orientação dos serviços de saúde para

as necessidades e expectativas dos utentes e seus acompanhantes;

Satisfação do utente – averigua a existência de uma cultura de avaliação da

satisfação dos utentes nas IS e de que forma essas espectativas e opiniões afetam

as decisões institucionais em termos de procedimentos e melhoria contínua da

organização.

4.3.2. Impacto da avaliação de indicadores de benchmarking

Tal como em muitos outros aspetos da qualidade em saúde, as evidências do impacto

(positivo ou negativo) da avaliação de indicadores em saúde é escassa. Alguns estudos têm sido

conduzidos, focando o impacto da avaliação de indicadores, bem como o impacto da divulgação

dos resultados deste tipo de avaliação, contudo os resultados têm-se mostrado maioritariamente

inconclusivos.

A AHRQ desenvolveu um estudo de avaliação do uso dos seus indicadores de qualidade,

bem como de outros indicadores em utilização nos Estados Unidos da América (EUA) [56], não

tendo sido encontrado evidência de impactos significativos. O estudo foi desenvolvido seguindo o

método de entrevista a utilizadores dos AHRQ QI, a indivíduos que desenvolvem outros indicadores

similares e a “vendedores” de ferramentas que permitem a avaliação da qualidade. Da amostra

estudada, apenas uma organização revelou ter medido o impacto dos AHRQ QIs [57], estudo no

qual se revelaram evidências de que a avaliação dos cuidados de saúde nesta IS e respetiva

divulgação pública melhorou a qualidade das áreas clínicas, melhoria esta que parece ter sido

conduzida pela preocupação dos administradores hospitalares com a reputação da IS (e que levou

à aposta na implementação destes indicadores). Alguns dos indivíduos entrevistados revelaram

que nas suas IS ainda é cedo para conseguir observar qualquer impacto, bem como outros

revelaram que o facto de os indicadores serem atualizados frequentemente dificulta a avaliação

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de impacto. Por fim, alguns entrevistados revelaram ainda que, na sua opinião, os AHRQ QIs têm

algum impacto na melhoria do processo, mas que não é visível uma melhoria nos resultados.

Nielson et al. [58], utilizando os dados recolhidos pelo IKAS, na Dinamarca, mostrou que

uma melhor qualidade dos cuidados de saúde prestados aos doentes hospitalizados com fratura

da anca parece estar associada a uma menor taxa de mortalidade.

Hibbert et al. [59] reviram a literatura acerca dos indicadores de performance usados para

a divulgação pública do desempenho das IS. Neste estudo, as evidências do impacto da divulgação

dos resultados dos indicadores na qualidade dos cuidados de saúde também foram pouco

conclusivas. Se por um lado, os resultados indicam que os indicadores promovem melhorias

organizacionais, por outro lado, a sua divulgação pode condicionar o desempenho das IS, levando

a que se concentrem maioritariamente na procura de bons resultados nos indicadores e não na

melhoria da prestação de cuidados de saúde propriamente dita. Neste estudo, foi ainda notada a

pouca evidência de que os utentes utilizem realmente a informação que está ao seu alcance no

processo de escolha da IS.

O estudo do Monitor sobre impacto dos Cost Improvement Plans (CIP) [60] na qualidade

dos cuidados de saúde prestados corrobora resultados anteriores. Nestes planos são estudados

uma grande variedade de indicadores, que se focam em medidas como a falta de doença, o tempo

gasto pelos prestadores em trabalhos temporários, avaliação dos prestadores ou a rotatividade

dos mesmos. Depois é comparado o valor dos indicadores tendo em conta o desempenho e o

número de profissionais envolvidos, permitindo uma medida da produtividade nesta IS e,

consequentemente, tomar medidas para aumentar a mesma. Deve existir ainda a monitorização

dos CIPs, com especial atenção para as medidas de impacto sobre os utentes, como as taxas de

mortalidade, as reclamações ou as escolhas dos mesmos. Apesar dos CIPs teoricamente

permitirem identificar formas de melhorar a produtividade e a qualidade, o estudo não encontrou

evidência empírica a suportar esta relação.

A Organization for Economic Co-operation and Development (OECD) publicou uma revisão

[61] à qualidade dos cuidados de saúde dinamarqueses, considerando este país como um dos

pioneiros nas iniciativas centradas na qualidade em saúde. Mesmo tendo a Dinamarca um

sofisticado leque de mecanismos de controlo da qualidade (como o IKAS), o sistema de saúde

deste país pode ser melhorado, não havendo evidência empírica de que a centralização do utente

no sistema de saúde esteja realmente a ser aplicada e, por isso, o foco no utente deve ser

reforçado. O facto de se divulgarem os resultados publicamente também deverá ter as suas

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vantagens: afeta positivamente a qualidade dos processos e dos resultados; motiva os hospitais e

os prestadores a melhorar os seus serviços; dá a oportunidade aos utentes de fazerem uma

escolha ponderada (mesmo não havendo resultados práticos de que isto aconteça) [62].

Em 2014, a Care Quality Comission (CQC) implementou algumas modificações [63] no

seu modelo de inspeção, monitorização e avaliação dos Adult Social Care (ASC) services britânicos.

As modificações ao nível da precisão do registo e no rigor da inspeção (com a atribuição de

diferentes níveis de rating) terão um maior impacto sobre os utentes, dando-lhes maior confiança

nos prestadores, confiando maior atenção às sugestões e críticas destes e conferindo maior

informação sobre as IS para uma tomada de decisão ponderada. Contudo, também os prestadores

de saúde ver-se-ão positivamente afetados pelas medidas da CQC, uma vez que terão mais

informação disponível acerca dos seus serviços, bem como uma voz ativa nas decisões acerca da

atividade do seu serviço e confiança na qualidade do serviço em que trabalham. Apesar das

diversas vantagens apontadas, estas são apenas teóricas, faltando evidência empírica de que estas

existam e se façam sentir na prática dos cuidados de saúde.

Contrariamente à evidência inconclusiva anteriormente apresentada, um estudo com

dados do Houston Methodist Hospital [64] mostrou resultados extremamente animadores ao nível

do impacto da utilização dos AHRW QIs. Neste estudo foi revelada uma redução da taxa de

mortalidade associada à sepsis de 36,0 % (2009) para 12,2 % (2013), o que se traduziu em 672

vidas salvas. Sabendo que a sepsis é a sexta razão mais comum para a hospitalização bem como

estando associada a que o tempo de internamento seja duas vezes maior do que seria expectável,

estes resultados são de extrema relevância. A utilização dos AHRW QIs permitiu observar a

diferença entre a forma como as práticas médicas são realizadas na IS e a forma como estas

deveriam ser realizadas. Assim, este conjunto de medidas conduziu a uma menor mortalidade, a

um menor tempo de internamento e a uma redução dos custos na IS.

Em 2015, o relatório da HealthGrades [65], agência norte-americana que agrupa os

hospitais consoante os seus resultados clínicos (3 níveis: melhor do que esperado – cinco estrelas

-, como esperado – três estrelas - ou pior do que esperado –uma estrela), mostrou algumas

evidências relevantes. De forma geral, se todos os hospitais fossem classificados com o nível 5

(resultados específicos melhores do que esperado), 228426 vidas poderiam ser salvas entre 2011

e 2013. Para além destes números, que representam a totalidade do hospital, também foram

retiradas neste estudo conclusões mais específicas, como por exemplo no caso da taxa de

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mortalidade associada à sepsis que é 13,4 % nos hospitais com cinco estrelas e de 23,1 % nos

hospitais com uma estrela.

Comparando as conclusões relativamente à sepsis referidas no relatório da HealthGrades

com as que foram retiradas em Houston, pode-se fazer um paralelismo entre os Hospitais com

cinco estrelas e os hospitais depois de aplicarem os AHRQ QIs, uma vez que se verifica que quanto

“maior a qualidade” do hospital, menor a taxa de mortalidade (em qualquer um dos referenciais

de avaliação da qualidade referidos). Outras variáveis que se viram diminuídas neste estudo

comparativo entre hospitais com cinco ou uma estrela foram a taxa de mortalidade associada a

ataque cardíaco, pneumonia, cirurgias coloretais, AVC ou doença pulmonar obstrutiva crónica e a

taxa de complicações média associada à substituição total do joelho, substituição da anca, cirurgia

carótida ou cirurgia de remoção da vesícula biliar. Assim, devem ser tomadas medidas de melhoria

da qualidade por todos os hospitais, mas especialmente nos hospitais com uma estrela, uma vez

que são aqueles em que há um maior risco de morte associado a diversos procedimentos clínicos.

Apesar de continuar a haver poucas evidências do impacto dos indicadores de qualidade

nos cuidados de saúde, os poucos estudos realizados com evidências do impacto dos indicadores

mostram o potencial das melhorias da qualidade se traduzirem em vidas salvas, que é o principal

objetivo do trabalho de qualquer IS, bem como providenciar informação para os utentes sobre

aqueles hospitais que prestam melhores cuidados de saúde e, desta forma, permitir que estes

façam uma escolha informada (embora esta tomada de decisão com base na informação de

indicadores de avaliação dos cuidados de saúde ainda não tenha resultados práticos que

comprovem os objetivos teóricos).

4.4. Intervenção Regulatória da ERS

Nas mais recentes atribuições da ERS publicadas no Decreto-Lei nº126/2014, de 22 de

Agosto, no artigo 14º, alínea d, é referido que incumbe à ERS “Verificar o não cumprimento das

obrigações legais e regulamentares relativas à acreditação e certificação dos estabelecimentos”,

atribuição esta que já estava presente no Decreto-Lei nº127/2009, de 27 de Maio, no artigo 36º,

alínea d.

Apesar da acreditação e certificação serem processos voluntários, no Despacho

nº399/2009, de 7 de Janeiro, é referido que deverá estar implementado um sistema de qualidade

(em Laboratórios de Anatomia Patológica, no caso do despacho referido), optando os laboratórios

pela implementação da certificação ISO 9001 para este fim. Para além desta utilização da norma

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ISO 9001, também na Portaria nº165/2014, de 21 de Agosto (que se refere aos Laboratórios de

Anatomia Patológica), se enuncia que “as normas de qualidade e segurança devem ser cumpridas

em todas as situações previstas no presente diploma de acordo com as regras, os códigos

científicos e técnicos internacionalmente reconhecidos”, normas estas presentes nos requisitos da

certificação ISO 9001, pelo que, se um laboratório implementou esta certificação, certamente

estará a cumprir o enunciado nesta portaria.

Assim, facilmente se conclui que, embora não haja uma obrigatoriedade legal direta, há

várias legislações vigentes em Portugal que, indiretamente, direcionam o caminho dos laboratórios

na direção da certificação. Desta forma, é importante averiguar se realmente está a haver uma

implementação da certificação ISO 9001 em laboratórios ou outras unidades equivalentes.

Ainda no Decreto-Lei nº126/2014, de 22 de Agosto, no artigo 10º, apresentam-se os

objetivos gerais da atividade reguladora da ERS, sendo de salientar a alínea d: “Zelar pela

prestação de cuidados de saúde de qualidade”. Tendo em conta que o objetivo da acreditação e

certificação é a avaliação das IS, com os mais altos padrões de qualidade, a verificação das

entidades que se encontram certificadas e/ou acreditadas, vem de encontro ao desempenho desta

tão importante função que se encontra nas atribuições da ERS.

Considerando a diversa legislação referida, a realização deste estudo não poderia ser mais

oportuna, uma vez que vai mostrar que IS é que se encontram certificadas e/ou acreditadas, bem

como algumas das razões que as levam a seguir este caminho.

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41

5. Retrato da Situação Portuguesa em Matéria de Certificação

e Acreditação

5.1. Objetivos

Este capítulo centra-se na procura de informação que permita responder à seguinte

questão principal desta investigação empírica: “Quais os referenciais de certificação e/ou

acreditação implementadas nas IS portuguesas com internamento e como estão a ser

implementados?”. Pretende-se, ainda, responder a questões, como por exemplo:

Quais as razões que levam à opção por determinado referencial?

Qual o grau de satisfação com o referencial adotado?

Qual o referencial mais completo?

Qual o impacto nos utentes e profissionais de saúde?

Quais os objetivos futuros?

Segundo Quivy e Campenhoudt [66], a organização de uma investigação em torno de

hipóteses é aquela com a qual se consegue um desenho de investigação em que não se sacrifica

o espírito de descoberta e de curiosidade de qualquer esforço intelectual. Para além disso, mune

o estudo em questão de uma reflexão teórica e de um conhecimento preparatório do fenómeno

em estudo. Deste modo, para além da resposta às questões supramencionadas, foram ainda

formuladas algumas hipóteses, que se pretendia confirmar a sua veracidade, através da análise

do cruzamento de dados específicos do inquérito.

Hipótese 1 (H1): Instituições constituídas por mais do que uma Unidade

Hospitalar (Centros Hospitalares - CH) fazem uma maior aposta na Qualidade do

que Instituições menores (Hospitais).

Hipótese 2 (H2): Instituições de natureza privada têm menos preocupações com

os custos e, deste modo, avançam mais para referenciais de certificação e/ou

acreditação.

Hipótese 3 (H3): Hospitais Universitários implementam referenciais de

certificação e/ou acreditação.

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42

Hipótese 4 (H4): Responsáveis pelo preenchimento do inquérito com formação

na Área da Qualidade estão mais informados acerca dos referenciais de

certificação e/ou acreditação, reconhecendo as suas vantagens.

Hipótese 5 (H5): Responsáveis pelo preenchimento do inquérito que

desempenham funções no Departamento de Qualidade (DQ) das IS, estão mais

informados acerca dos referenciais de certificação e/ou acreditação,

reconhecendo as suas vantagens.

Neste Capítulo serão apresentadas todas as etapas, desde a pesquisa bibliográfica até aos

resultados e conclusões da pesquisa empírica, mostrando detalhadamente todas as fases pelas

quais se teve de passar até conseguir chegar ao objetivo final: retratar a situação portuguesa em

matéria de certificação e acreditação de IS.

5.2. Metodologia

De forma a responder às questões da investigação optou-se por uma metodologia mista,

combinando métodos qualitativos e quantitativos. Segundo Ghiglione e Matalon [67], para um

processo de inquirição completo, deve-se começar por uma fase qualitativa (conjunto de

entrevistas não-diretivas ou estruturadas) seguido de uma fase quantitativa. Apesar das diferenças,

ambos os métodos são um encontro interpessoal entre um profissional e um leigo, num contexto

social específico [67]. Contudo, também possuem algumas diferenças, diferenças estas que levam

à pertinência de implementar um método misto que combine as duas técnicas.

A aplicação da metodologia seguiu cinco fases:

Fase 1: Recolha documental das IS que se encontram acreditadas e/ou

certificadas;

Fase 2: Seleção da população a remeter o inquérito;

Fase 3: Entrevista em três IS de diferente natureza;

Fase 4: Elaboração do inquérito;

Fase 5: Análise estatística.

5.2.1. Recolha documental

A recolha de dados pré-existentes apoia-se em duas variantes: recolha de dados

estatísticos ou recolha de dados documentais (opção escolhida no caso deste estudo). Após a

escolha da população, fez-se uma recolha de informação documental, através da informação

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presente no site das IS, notícias publicadas acerca das mesmas e nos sites das entidades

acreditadoras e/ou certificadoras, de modo a fazer uma pequena previsão da situação de

acreditação e certificação portuguesa. Contudo, muitas das vezes os sites não estão atualizados,

podendo num passado recente ter perdido a acreditação anteriormente obtida ou ter obtido uma

acreditação que ainda não consta nas informações disponíveis, por exemplo. Assim, a situação

encontrada está na Figura 3 representada a nível de diferentes referenciais de acreditação

implementados e na Figura 4 a nível de acreditação e/ou certificação (sempre que se fala em

“Certificação” neste estudo, este refere-se ao normativo ISO 9001, que é o único que será aqui

abordado). Uma das vantagens decorrentes da utilização deste método é a análise da mudança

nas organizações [66], que é um dos objetivos do estudo aqui apresentado.

No caso de Unidades Locais de Saúde (ULS) e CH, como são constituídas por uma ou

mais Unidade Hospitalar (UH), é considerado que sempre que uma das UH está acreditada ou

certificada, a totalidade da ULS e do CH o está também. Já no caso de Hospitais, ULS e CH,

também é considerado que sempre que um dos Serviços está acreditado ou certificado, a

totalidade do Hospital, da ULS e do CH está também. Esta generalização é feita para fins de

comparação de dados e por impossibilidade de confirmação da informação em muitos dos casos,

havendo apenas referência à acreditação e/ou certificação na IS, sem referir se há globalidade ou

não.

Assim, pela análise da Figura 3, verifica-se que o referencial CHKS é aquele a que mais

hospitais recorrem, ao contrário do referencial ACSA, que é aquele que foi escolhido por um menor

número de IS.

Figura 3 – Número de IS acreditadas por sistema normativo, segundo informação recolhida online [68][69][70][71][72][73][74].

8

14

5

JCI

CHKS

ACSA

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Quanto à comparação entre certificação e acreditação (Figura 4), é possível notar que há

um maior número de IS certificadas. É também facto de referência existirem mais IS acreditadas

e certificadas do que apenas acreditadas.

Figura 4 – Número de IS acreditadas e/ou certificadas pelo normativo ISO 9001, segundo informação online.

5.2.2. População

A população em estudo são as IS portuguesas com internamento de agudos, uma vez que

são o tipo de IS que recorre mais frequentemente à implementação de referenciais de avaliação

da qualidade em saúde. A identificação das IS foi feita através do SINAS1. Para além destas, foram

ainda contactadas outras duas IS com internamento de agudos que, apesar de não estarem

inscritas no SINAS, através da recolha bibliográfica verificou-se que estariam acreditadas. Em

resultado, foram contactadas praticamente todas as IS com internamento agudo,

independentemente do seu tipo (Hospitais, CH e ULS) ou natureza (público, privado e Parceria

Público-Privada - PPP). Os intermediários para receber o feedback das IS em questão foram os

responsáveis do SINAS de cada uma ou os Conselhos de Administração, uma vez que já se possuía

o contacto dos mesmos e, por isso, a grande maioria dos inquiridos foram Responsáveis pela

Qualidade da IS, médicos e enfermeiros.

Após a identificação da população foram abordadas por email 110 responsáveis

SINAS/Conselhos de Administração de 120 IS com internamento de agudos (como há IS que

pertencem ao mesmo Grupo de IS, há responsáveis SINAS que fazem a comunicação com a ERS

de mais do que uma IS).

Idealmente, a ligação deste estudo à ERS, não deveria ser revelada, de modo a não existir

uma distorção dos resultados, que pode acontecer devido a esta supervisionar e regular a atividade

1 Sempre que o SINAS é referido no âmbito da investigação empírica, apenas está a ser considerado o módulo SINAS@Hospitais.

20

7

22

Acreditada eCertificada

Acreditada

Certificada

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das IS. Contudo, esta ligação foi revelada a todos os inquiridos, de modo a mostrar a veracidade

do mesmo e potenciar um maior número de respostas, embora tenha de considerar-se que poderá

haver alguma distorção das respostas obtidas.

5.2.3. Entrevistas

Numa terceira fase, foram realizadas entrevistas em três IS com gestão diferente (uma

pública, uma privada e uma PPP) para averiguar algumas das diferenças encontradas nas suas

políticas de qualidade, ao nível da certificação e acreditação, realizando-se um entrevista

semiestruturada de carácter exploratório. As entrevistas tiveram como objetivo compreender com

mais profundidade o problema em estudo e fundamentar a elaboração do questionário. De acordo

com Quivy e Campenhoudt [66], o caráter exploratório serve para suportar o conhecimento,

através de uma visita ao terreno, na qual são consideradas as pessoas com quem é útil ter uma

entrevista.

Para a realização das entrevistas procedeu-se ao contacto via email com os responsáveis

dos DQ das referidas IS, que prontamente se mostraram disponíveis a colaborar neste estudo.

Para além destes, o coordenador da Unidade de Qualidade no DQF da ERS esteve também

presente nas três reuniões, uma vez que também poderia ser um valioso contributo para o decorrer

da entrevista.

A entrevista semiestruturada obedece a um guião (grelha de temas) que permite estruturar

um esquema da entrevista, permitindo que a ordem dos temas abordados seja livre e o

entrevistado, embora esteja estruturado pelo quadro de referência, conserve alguma ambiguidade,

ou seja, desenvolva o seu próprio raciocínio a propósito do tema em questão [67]. A entrevista

semiestruturada ou semidiretiva é uma técnica na qual o entrevistador define uma orientação para

a entrevista, mas a ordem e forma como estas são dirigidas ao inquirido são deixadas ao seu

critério, com o objetivo de obter as suas reações e respostas às mesmas. Para o sucesso da

entrevista, é essencial que o entrevistador possua conhecimento teórico e prático dos processos

e conteúdos abordados [66].

Quivy e Campenhoudt [66] recomendam intervenções nas entrevistas apenas para as

reconduzir ou incitar o entrevistado a aprofundar certos aspetos. Assim, o guião semiestruturado

criado, que identificava as perguntas e temáticas que se queriam abordar, foi contextualizado para

cada uma das IS (através da informação recolhida em meios online, recorrendo a alguma da

informação obtida na secção que anteriormente se apresentou). Este guião permitiu que houvesse

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um fio condutor da entrevista, mas ao mesmo tempo, possibilitava a alteração da ordem das

questões e a formulação de novas questões [75], consoante o contexto e o caminho da entrevista

no terreno, sendo este o principal fator de individualização da entrevista relativamente a outros

instrumentos de recolha de dados [76].

O guião dividia-se em sete partes:

1) Pequena contextualização acerca da política de qualidade da IS (certificação,

acreditação e SINAS);

2) Percurso na acreditação da IS;

3) Percurso na certificação da IS;

4) Comparação entre os dois tipos de referencial (acreditação e certificação);

5) Impacto nos utentes da política de qualidade nos utentes;

6) Impacto da política de qualidade nos profissionais de saúde;

7) Futuro da política de qualidade da IS.

Uma vez redigida a primeira versão do guião, este foi endereçado a vários elementos da

ERS, de modo a receber diversos contributos para o mesmo e se conseguissem algumas sugestões

interessantes para o desenvolvimento do mesmo. No Anexo II, encontra-se um exemplo da versão

final do guião seguido.

Após a implementação dos diversos contributos, o guião foi previamente endereçado aos

entrevistados, para que estes se encontrassem preparados e munidos de alguma documentação

que achassem pertinente. Este facto permitiu que a entrevista seguisse um caminho mais ritmado,

evitando que o entrevistado se visse obrigado a procurar alguma informação na hora ou não se

encontrasse capacitado de responder às questões colocadas.

Após a realização das três entrevistas, foi feita uma análise qualitativa dos vários pontos

abordados, de forma a retirar algumas conclusões sobre as diferentes políticas de qualidade. Esta

comparação encontra-se no Anexo III.

Uma vez as entrevistas realizadas e a partir das informações e conclusões tiradas, passou-

se a realização do inquérito por questionário propriamente dito.

5.2.4. Construção do questionário

O inquérito por questionário é uma técnica vulgarmente usada numa pesquisa que

pressupõe a análise quantitativa dos dados, através de uma estrutura padronizada, tanto no texto

das questões como na sua ordem [75]. Apesar das limitações que este método possui (como a

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possibilidade do vocabulário não ser adequado ou as respostas facilmente serem racionalizadas),

este tem também várias vantagens, como estimar certas grandezas “absolutas”, estimar

grandezas “relativas”, descrever uma população ou subpopulação ou verificar hipóteses [67].

Normalmente, os questionários tomam a forma de formulários impressos, que podem ser

enviados por correio ou entregues em mão [76], contudo optou-se por construir o questionário na

plataforma online “LimeSurvey”, na qual a ERS tem um domínio, para que a resposta ao mesmo

fosse o mais cómoda possível. Assim, foi possível que através de um simples link fosse possível

aceder ao inquérito e responder diretamente nessa página web.

Na construção do inquérito recorreu-se a questões abertas de resposta curta (como o

nome da IS ou o ano em que obtiveram determinada certificação), semiabertas (como o tipo de

IS ou o referencial de acreditação adotado) e fechadas (como se a IS é um hospital universitário

ou grau de impacto da certificação em determinados parâmetros). A escolha destes três tipos de

questão prendeu-se com o facto de que se pretendia um inquérito de fácil e rápida resposta e, ao

mesmo tempo, de fácil análise estatística. Assim, excluiu-se a existência de questões abertas de

resposta longa, uma vez que as mesmas impossibilitam uma análise estatística adequada. A

ordem das questões também foi estabelecida para que houvesse um fio condutor que ligasse o

inquirido ao inquérito, sem perder o interesse pelo mesmo.

As questões também estavam divididas em questões de carácter obrigatório e questões

de carácter opcional, que deste modo estabeleciam “um questionário em ‘árvore’, no qual a

escolha de certas questões é determinada pelas respostas da pessoa às questões precedentes, o

que permite colocar a cada um apenas as questões pertinentes” [67]. As primeiras seriam aquelas

sem as quais não seria possível um tratamento estatístico adequado. As segundas tornaram-se

necessárias devido à existência de questões de filtro, como “Encontram-se acreditados segundo

algum referencial?”, que, consoante a resposta, diferenciava as questões que deveriam ser

respondidas de seguida (se a IS não estava acreditada segundo nenhum referencial, não fazia

sentido estarem obrigados a referir em que ano obtiveram a acreditação, por exemplo).

Sendo que um questionário, por definição, é “um instrumento rigorosamente

estandardizado, tanto no texto das questões como na sua ordem” [67], a estrutura do questionário

foi realizada para que esta fosse perfeitamente clara, sem qualquer ambiguidade e percetível por

todos os inquiridos. O conteúdo das questões, bem como a sua ordem, devem “parecer uma troca

de palavras tão natural quanto possível” [67] e, deste modo, devem ser formuladas de forma

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simples e com os temas devidamente separados, para que o inquirido não perca a atenção. Assim,

o questionário dividiu-se em oito grupos distintos com diferentes finalidades.

No primeiro grupo, encontravam-se as questões relativas aos “Dados Gerais”, ou seja, os

dados para a caracterização da IS. No segundo grupo de questões, colocaram-se questões que

permitissem a “Identificação do responsável pelo preenchimento do inquérito”, ou seja, questões

relativas ao perfil do inquirido. No terceiro grupo passou-se ao objeto do estudo propriamente dito:

a qualidade em Saúde e, mais especificamente, a acreditação. De seguida apresentou-se um

quarto grupo de perguntas em que se focava a certificação ISO 9001.Após as questões sobre a

acreditação e a certificação ISO 9001, seguiu-se o grupo de questões relativas à “Acreditação vs

Certificação”. Os dois grupos de perguntas seguintes eram similares, o primeiro centrado na

“Satisfação dos utentes” e o segundo na “Satisfação dos profissionais de saúde”. Por fim, no

sétimo grupo de perguntas, focaram-se os “Objetivos Futuros” da IS.

Após a primeira versão do inquérito, este foi sujeito a um pré-teste. Esta fase tem o objetivo

de garantir que o questionário é de facto aplicável e responde aos problemas colocados pelo

investigador [67]. O questionário foi então endereçado a um pequeno grupo de pessoas, com o

objetivo de saber se elas entenderam o significado do questionário e das perguntas. Esta situação

permite saber como as questões e respostas são compreendidas ou evitar erros de vocabulário

específico [67]. Primeiramente, foi endereçado a quatro elementos do DQF da ERS, de forma a

contribuírem com correções a nível de nomenclatura e construção frásica, no caso de as questões

não estarem bem formuladas. Por fim, foi ainda endereçado a um elemento da Escola de

Economia e Gestão da UM, de modo a ter o parecer de alguém mais distanciado da temática da

qualidade e, ao mesmo tempo, mais especializado na construção de inquéritos por questionário

propriamente dita. Uma vez realizado o pré-teste, chegou-se à versão final do questionário (Anexo

IV).

Uma fez finalizada a construção do questionário, para o envio do mesmo, foi criado um

endereço eletrónico ([email protected]), a partir do qual se enviou a cada prestador de

forma personalizada, dando um primeiro prazo de resposta de cerca de um mês (um exemplo da

primeira abordagem está no Anexo V). Devido à escassez de resultados obtidos nesta primeira

abordagem, o prazo foi alargado uma vez e passou-se a uma abordagem telefónica a relembrar

do inquérito. O prazo foi ainda alargado uma última vez, procedendo-se a uma abordagem

diretamente ao Conselho de Administração das IS. Assim, o prazo total de resposta ao inquérito

foi de cerca de 2 meses e meio (de 11 de Dezembro a 2 de Março).

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5.2.5. Análise Estatística

Os dados obtidos foram tratados estatisticamente, utilizando a ferramenta “Microsoft Excel

2013”, a maioria dos resultados são apresentados sob a forma de gráfico de barras e/ou circular.

Dado a elevada taxa de retorno, o número de IS na nossa amostra (que praticamente

coincide com a nossa população), os métodos estatísticos de inferência não são apropriados, pelo

que na descrição dos dados decidiu-se usar apenas métodos de estatística descritiva, tais como

medidas de localização e tendência central (média aritmética) e medidas de dispersão e

variabilidade (desvio padrão, mínimos e máximos). Os resultados permitem assim um “Retrato da

Situação Portuguesa em Matéria de Certificação e Acreditação das IS com internamento”.

5.3. Apresentação e Discussão dos Resultados

Nesta secção serão apresentados e discutidos os resultados obtidos. Em primeiro lugar

apresentar-se-á e discutir-se-á os resultados globais de todas as perguntas e, de seguida, analisar-

se-á cada uma das Hipóteses enunciadas no início deste Capítulo.

5.3.1. Resultados Globais

O inquérito obteve uma taxa de resposta de 90,4 %, pois das 120 IS às quais o questionário

foi enviado responderam 104. Para além disso, cinco IS referiram não possuir internamento de

agudos e, por isso, não foram consideradas neste estudo.

A: Dados Gerais

No Anexo VI apresentam-se os nomes das IS que se disponibilizaram a colaborar com este

estudo através da resposta ao inquérito.

A Figura 5 apresenta os dados da amostra quanto ao tipo de instituição, sendo que a

maioria das IS respondentes eram Hospital (72,1 %), cerca de 20,2 % eram CH e 7,7 % ULS.

Apesar de algumas IS terem preenchido o campo “Outro”, considerando ser “Clínica”, “IPSS”,

entre outros, para efeitos do estudo todas essas hipóteses foram consideradas “Hospital”.

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Figura 5 – Distribuição do tipo de IS inquirido.

Aproximadamente 42,3 % da amostra é constituída por IS do setor privado (Figura 6), 40,4

% do setor público, 12,5 % do setor social e apenas 3,8 % são geridas em regime de PPP. A amostra

em estudo apresenta ainda apenas 11 (10,6 %) de Hospitais Universitários.

Figura 6 – Distribuição da Natureza da Instituição (um inquirido não respondeu a esta questão).

B – Identificação do responsável pelo preenchimento do inquérito

Neste grupo de perguntas, procurou-se caracterizar o responsável pelo preenchimento do

inquérito. Como houve prestadores que responderam ao inquérito relativamente a mais do que

uma IS (existem casos em que o responsável pela qualidade é o mesmo para mais do que um IS,

por exemplo), nas respostas às questões deste grupo não foram incluídos dez inquéritos, pelo que

a amostra total desta pergunta foi de 94 inquiridos.

Relativamente à formação profissional do inquirido (Figura 7), das respostas obtidas, sete

não foram consideradas, uma vez que apenas referiam possuir licenciatura ou pós-graduação, por

exemplo, enquanto o objetivo da pergunta era saber qual a área dessa mesma licenciatura ou pós-

graduação. Foram ainda agrupadas na mesma área formações semelhantes (como as

especialidades médicas, as variações na nomenclatura da formação em “Gestão e Economia da

75

21

8Hospital

CentroHospitalar

Unidade Local deSaúde

42

44

134

Público

Privado

Social

PPP

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51

Saúde” e os vários tipos de Engenharia). Por fim, é importante referir que não se diferenciou se o

grau de formação era licenciatura, pós-graduação ou mestrado, mas apenas a área desta mesma.

Assim, repara-se que grande parte dos inquiridos tem formação em várias áreas das ciências da

saúde, como 20,2 % em enfermagem ou 15, 4 % em medicina, seguida de 10,6 % de Engenharias

(como a Engenharia Biomédica ou a Engenharia Química). Cerca de 25,0 % dos inquiridos têm

formação em áreas de Gestão ou Economia, nomeadamente cursos de Gestão/Economia (11,5

%) de Gestão ou Economia da Saúde/Administração Hospitalar (13,5 %). Apenas 6,7 % referiram

ter formação específica na área de qualidade.

Figura 7 – Distribuição das áreas de formação dos inquiridos (dois inquiridos não responderam a esta questão).

A Figura 8 apresenta a distribuição do número de anos de trabalho na IS dos inquiridos,

agrupados por classes. Os resultados indicam que os inquiridos têm muita familiaridade com a

instituição, já que a maioria dos respondentes está na IS há mais de 6 anos, sendo que 20,6 %

está há mais de 20 anos. Considerando os dados discretos, a média de anos de serviço em IS dos

inquiridos foi de 13,4 ± 9,5 anos.

Figura 8 - Distribuição dos anos de serviço na IS dos inquiridos (dois inquiridos não responderam a esta questão).

21

16

11

9

7

7

7

4

3

3

2

15

0 5 10 15 20 25

Enfermagem

Medicina

Engenharia

Gestão

Admnistração Hospitalar

Gestão e Economia da Saúde

Qualidade

Direito

Auditoria

Economia

Radiologia

Outro

Número de respostas

Form

ação

Pro

fiss

ion

al

20

28

15

8

21

0-5 6-10 11-15 16-20 >20

Anos de Serviço

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52

Pela análise comparativa da Figura 9 com a Figura 7, verifica-se que há responsáveis pela

qualidade nas IS sem (ou com pouca) formação na área da qualidade. Este resultado pode

justificar algum desconhecimento demonstrado relativamente aos referenciais normativos de

acreditação e certificação. O resultado deve merecer atenção das IS sobre a necessidade de

formação e de mais informação sobre os referenciais de acreditação.

Figura 9 - Distribuição da função desempenhada na IS dos inquiridos (dois inquiridos não responderam a esta questão).

C: Acreditação

Com este grupo de perguntas, passou-se mais concretamente para o objetivo específico

do inquérito: a qualidade nas IS, nomeadamente a acreditação.

Os resultados indicam que, na amostra, apenas 39,4 % das IS já optaram por implementar

um qualquer referencial de acreditação, estando 15,4 % da amostra ainda a completar o processo

(Figura 10). Os resultados indicam que metade das organizações estará acreditada brevemente.

3711

85

222222222

22

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Responsável pela QualidadeEnfermeiro Diretor

Diretor ClínicoAdministrador Hospitalar

Chefe de ServiçoDiretor

Diretor GeralDiretora de Recursos Humanos

GestorGestor do Risco Clínico

MédicoTécnico SuperiorVogal Executivo

Outro

Número de respostas

Fun

ção

De

sem

pe

nh

ada

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Figura 10 - Distribuição da situação atual em matéria de acreditação nas IS inquiridas.

Procurou-se averiguar quais as principais razões que levam as IS a optarem por um

referencial de acreditação e quais as necessitadas colmatadas com a mesma. Motivações ligadas

à melhoria dos processos de qualidade na IS são as mais frequentemente indicadas pelos

respondentes, como aliás seria de antever [9]. A “Adoção de uma política de melhoria contínua”

é a razão considerada mais importante pela maioria dos inquiridos, seguida por “sistematização

dos processos” e “sensibilização dos PS para a qualidade” (Figura 11).

Figura 11 – Distribuição das necessidades colmatadas pela acreditação referidas pelos inquiridos (dois inquiridos não responderam a esta questão).

Para além dos resultados globais apresentados na Figura 11, decidiu-se ainda comparar

as necessidades das IS que já implementaram os referenciais com aquelas que ainda estão a

implementá-los (Figura 12). Assim, pode-se concluir que no passado (IS em que a acreditação

está implementada) a “Adoção de uma política de melhoria contínua” era a principal necessidade

que as IS viam colmatada com a acreditação, enquanto que atualmente para além desta

necessidade, as IS ainda consideram que a “Sistematização dos processos” e o “Reconhecimento

25

63

16 Sim

Não

Emimplementação

38

35

34

33

29

12

4

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Adoção de uma política de melhoria contínua

Sistematização dos processos

Sensibilização dos PS para a qualidade

Reconhecimento das boas práticas da IS

Avaliação periódica

Atração de profissionais de saúde especializados

Outro

Número de respostas

Nec

essi

dad

es C

olm

atad

as

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54

das boas práticas da IS” são igualmente colmatados com a obtenção de acreditação, o que pode

mostrar que atualmente as IS encontram-se mais informadas sobre as diversas vantagens da

implementação de um referencial de acreditação.

Figura 12 – Comparação entre a distribuição das necessidades colmatadas pela acreditação referidas pelos inquiridos que estão a implementar um referencial de acreditação e os que já o implementaram (dois inquiridos não

responderam a esta questão).

Relativamente ao referencial de acreditação implementado ou em implementação na IS,

as respostas indicam um grande equilíbrio entre três referenciais de acreditação que se pretendia

estudar: 29,3 % das IS optou pela JCI (das 12 IS, quatro ainda o estão a implementar), 34,2 % das

IS optou pelo CHKS (das 14 IS, apenas uma IS ainda o está a implementar) e 34,2 % das IS

preferiu a ACSA (das 14 IS, 11 IS ainda estão em processo de implementação). Estes números

mostram a evolução da tendência de mercado, uma vez que, atualmente, a DGS recomenda o

referencial ACSA, resultando num maior número de IS a implementá-lo no momento,

comparativamente com os outros dois referenciais. De referir ainda que 7,3 % das IS afirmou estar

acreditado pelo referencial OECI (referencial de acreditação concebido especificamente para

ajudar IS oncológicas [31]) e 2,3 % das IS declarou estar acreditada ao abrigo do referencial ISO

15189 (norma específica para laboratórios clínicos, reconhecendo que os mesmo possuem

competência técnica para a realização da sua atividade [32]). Também nesta pergunta se verificou

que 4,9 % das IS possui simultaneamente as acreditações CHKS e OECI e 2,3 % está acreditado

pelos referenciais OECI e ISO 15189. A divisão das IS pelos referenciais de acreditação está

ilustrada na Figura 13.

15

15

14

15

11

5

23

20

20

18

18

7

4

0 5 10 15 20 25

Adoção de uma política de melhoria contínua

Sistematização dos processos

Sensibilização dos PS para a qualidade

Reconhecimento das boas práticas da IS

Avaliação periódica

Atração de profissionais de saúde especializados

Outro

Número de respostas

Ne

cess

idad

es

Co

lmat

adas

Implementado

Em Implementação

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55

Figura 13 – Distribuição das IS acreditadas pelos diferentes referenciais de acreditação.

De seguida, analisar-se-á cada um dos referenciais de acreditação em estudo.

JCI

Relativamente ao âmbito da acreditação JCI, 12 IS implementaram ou estão a

implementar este referencial de acreditação. As IS optaram por fazê-lo na totalidade da sua

estrutura.

Na análise que se segue considerar-se-ão apenas as respostas das oito IS com referencial

implementado, uma vez que se debruçam sobre o ano de obtenção da acreditação, o número de

reacreditações e o tempo de implementação. A Figura 14 reporta a data de implementação,

verificando-se que a maioria (75,0 %) implementou este referencial entre 2010 e 2013.

Figura 14 – Distribuição, em intervalos de tempo, do ano de obtenção da acreditação JCI nas IS inquiridas.

Relativamente ao número de reacreditações, como seria de esperar com as respostas das

questões anteriores, a maioria das IS (75,0 %) com acreditação JCI implementada, ainda não

obteve nenhuma reacreditação, dado que tem a validade de 3 anos [28]. Assim, das oito IS que

responderam a esta questão, apenas duas já passaram por um processo de reacreditação (que

corresponde às IS que obtiveram a acreditação JCI nos anos de 2008 e 2010).

12

14

14

3 1

JCI

CHKS

ACSA

OECI

ISO 15189

1

6

1

2014 2010-2013 2005-2009

Ano de Obtenção

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56

Quanto ao tempo de implementação deste referencial, os resultados indicam que é um

processo moroso que varia muito entre IS. A média do tempo de implementação foi de 38,9 com

um desvio padrão de 22,4 meses (Tabela 1). Para a maioria dos hospitais, o processo dura entre

12 e 24 meses, contudo este varia com a facilidade com que se cumprem com os requisitos da

norma, que levará a que sejam tomadas medidas para cumprir esses mesmo requisitos e que

levarão a que o processo seja mais demorado [77].

Tabela 1 – Respostas obtidas (R) para o tempo de implementação do referencial JCI (um inquirido não respondeu a esta questão)

R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 Média Desvio-padrão

Tempo de Implementação (em meses) 48 84 36 20 48 24 12 38,9 22,4

Todas as IS afirmaram que o reconhecimento internacional que este referencial potencia

foi um dos principais motivos para a sua escolha (apesar da sua procura ser quase só nacional).

Outro motivo bastante apontado foi os próprios princípios do referencial, que realmente se

adequam àquilo que a IS pretendia com a implementação de um referencial deste tipo. De referir

ainda que dois inquiridos referiram que seguirem a sugestão do Ministério da Saúde à data do

início do processo de implementação. Por fim, importa referir que nenhum inquirido que escolheu

a acreditação JCI escolheu como fator de decisão os “Custos envolvidos” e o “Tempo de

implementação”, o que parece decorrer dos custos e morosidade elevada. Neste sentido, os que

escolhem este referencial, parecem valorar bastante o referencial. O sumário das respostas

obtidas está presente na Figura 15.

Figura 15 – Distribuição dos motivos para a escolha do referencial JCI como acreditação (um inquirido não respondeu a esta questão).

11

8

4

3

2

2

0 2 4 6 8 10 12

Reconhecimento Internacional

Princípios do Referencial

Complexidade Envolvida

Reconhecimento Nacional

Recomendação Externa

Outro

Custos Envolvidos

Tempo de Implementação

n

Mo

tivo

s d

e Es

colh

a

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Pretendia-se estudar o grau de impacto da acreditação pelo referencial JCI em diferentes

parâmetros considerados relevantes para IS (numa escala de 1 a 5, em que 1 era “Grande impacto

negativo”, 3 “Sem impacto” e 5 “Grande impacto positivo”). Em geral os respondentes consideram

que o processo de acreditação teve um impacto positivo nos parâmetros considerados (Figura 16).

Os parâmetros que os inquiridos consideraram ter maior impacto foram a “Sistematização dos

processos” e a “Perceção da qualidade pelos profissionais de saúde”.

Os respondentes foram também inquiridos sobre o grau de satisfação (em que 1 era

“muito insatisfeito” e 5 “totalmente satisfeito”) com o referencial adotado. Relativamente ao grau

de satisfação global dos inquiridos que responderam a esta questão com o referencial JCI, este é

francamente positivo, sendo a mediana das respostas obtidas de grau 5.

Figura 16 – Mediana do grau de impacto de diversos parâmetros percecionado pelos inquiridos (um inquirido não respondeu a esta questão).

CHKS

Tal como no referencial JCI, o âmbito da acreditação CHKS implementada (13 IS) ou em

implementação (uma IS) é global. Apesar de este referencial ter sido recomendado entre 1999 e

2004 [23], a maioria das IS adotou-o entre 2005 e 2009 (Figura 17).

0

1

2

3

4

5

Me

dia

na

da

s re

spo

sta

s

Parâmetro de Impacto

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Figura 17 – Distribuição, em intervalos de tempo, do ano de obtenção da acreditação CHKS (um inquirido não respondeu a esta questão).

No que toca às reacreditações CHKS, por oposição ao referencial JCI, como os hospitais

obtiveram esta acreditação mais cedo, também há um maior número de número de reacreditações

(Figura 18).

Figura 18 – Distribuição do número de reacreditações CHKS (dois inquiridos não responderam a esta questão e cinco respostas não foram consideradas).

Tal como no referencial JCI, o tempo de implementação deste modelo de acreditação é

longo e varia bastante entre IS. O tempo médio foi de 31,9 ± 14,5 meses (Tabela 2).

Tabela 2 - Respostas obtidas (R) para o tempo de implementação do referencial CHKS (dois inquiridos não respondeu a esta questão)

R1 R2 R3 R4 R5 R6 Média Desvio-padrão

36 24 24 12 36 11

Tempo de Implementação (em meses) R7 R8 R9 R10 R11 31,9 14,5

24 36 62 36 50

Tal como os adotantes do JCI, os principais motivos que levam à escolha do referencial

são o reconhecimento internacional (nove IS) e os seus princípios (oito IS). Outros motivos

apresentados por quatro IS são a sua adaptação à realidade portuguesa (o que poderá ser

motivado por este referencial ser britânico), o facto de ser o sistema de acreditação nacional na

1

4

6

1

2014 2010-2013 2005-2009 2000-2004

Ano de Obtenção

1

2

3

1

1 2 3 4

Número de Reacreditações

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altura, o facto de ser o referencial que era implementado no hospital a partir do qual este novo

hospital foi formado e a melhoria da qualidade assistencial. Por fim, importa salientar que os

motivos menos escolhidos foram mais uma vez, os “Custos envolvidos” (duas IS) e o “Tempo de

Implementação”. O sumário das respostas obtidas a esta questão está presente na Figura 19.

Figura 19 - Distribuição dos motivos para a escolha do referencial CHKS como acreditação (um inquirido não respondeu a esta questão).

No que diz respeito ao grau de impacto, pela análise das respostas dos inquiridos chega-

se à conclusão que a mediana de todos os parâmetros é de nível 4 (“Impacto positivo”), como

exceção da “Racionalização dos recursos” em que a mediana situa-se em 3,5. Importa referir que

um inquirido classificou com nível 2 (impacto negativo) o parâmetro “Desenvolvimento das

capacidades dos profissionais de saúde”, ou seja, a acreditação afetou negativamente os PS. As

medianas dos diversos parâmetros podem ser consultadas na Figura 20.

98

65

44

2

0 2 4 6 8 10

Reconhecimento InternacionalPrincípios do Referencial

Reconhecimento NacionalComplexidade EnvolvidaRecomendação Externa

OutroCustos Envolvidos

Tempo de Implementação

Número de respostas

Mo

tivo

s d

e E

sco

lha

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Figura 20 - Mediana do grau de impacto de diversos parâmetros percecionado pelos inquiridos (um inquirido não respondeu a esta questão).

Por fim, a satisfação global dos inquiridos com a acreditação pelo referencial CHKS é

positiva, com a mediana a situar-se no grau 4 (“Satisfeitos”).

ACSA

Relativamente ao âmbito das acreditações pelo referencial ACSA, apenas uma IS

implementou-o na globalidade dos seus serviços. As restantes 13 IS, que afirmaram ter

implementado ou estarem a implementar este referencial, fizeram-no em um ou mais serviços

específicos. Entre os serviços que estão acreditados pela ACSA nestas IS, cinco IS decidiram

acreditar o seu Serviço de Pediatria, o que demonstra uma maior preocupação com a qualidade

dos cuidados prestados à secção mais nova da população portuguesa (os restantes serviços e o

respetivo número de IS em que esse está acreditado, estão ilustrados na Figura 21).

0

1

2

3

4

5

Me

dia

na

das

re

spo

stas

Parâmetro de Impacto

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Figura 21 – Distribuição do número de IS em que determinado serviço está acreditado (seis inquiridos não responderam a esta questão).

Como se sabe, o modelo ACSA passou a ser o modelo de acreditação preconizado como

o modelo oficial e nacional de acreditação em saúde em 2009 [23]. Foi a partir desse ano que o

mesmo foi implementado em IS portuguesas. Importa referir que a acreditação pelo referencial

ACSA, uma vez conseguida, tem a duração de 5 anos [78], pelo que o primeiro hospital a obter a

acreditação pela ACSA deverá estar em processo de renovação/ou não da acreditação.

Relativamente ao tempo de implementação, apenas duas IS responderam a esta questão.

Uma delas precisou de 12 meses para ver o seu processo concluído e a outra em apenas 1 mês

conseguiu a obtenção da acreditação ACSA.

A Figura 22 apresenta os dados sobre o principal motivo para a escolha deste referencial

de acreditação. Como se pode ver o “Reconhecimento Nacional” que a obtenção desta acreditação

confere à IS foi o principal motivo, seguido pelo facto do referencial ser recomendado pela DGS. A

escolha deste referencial parece igualmente determinada pelos “Custos envolvidos” no processo

(cinco IS).

52222

11111111111

0 1 2 3 4 5 6

PediatriaCirurgia

ObstetríciaOftalmologia

Patologia ClínicaCardiologia

Cirurgia de AmbulatórioCirurgia Pediátrica

Cuidados Intensivos PediátricosHospital de Dia

ImunohemoterapiaMedicina Interna

NeonatologiaPsiquiatria

Unidade de Cuidados ContinuadosUnidade de Saúde Familiar

n

Serv

iço

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Figura 22 – Distribuição dos motivos apontados pelos inquiridos para a escolha do referencial ACSA (um inquirido não respondeu a esta questão)

Por fim, apresentam-se os dados relativos ao grau de impacto do referencial de

acreditação ACSA apontados pelos dois inquiridos que responderam a esta questão (Figura 23).

Pode-se verificar que a “Ocorrência de eventos adversos” é o parâmetro que se vê mais

positivamente afetado (mediana de grau 5), enquanto os outros parâmetros dividem-se entre grau

4 ou entre grau 3 e grau 4. Importa referir que, apesar de a mediana dos parâmetros ter um valor

de impacto positivo, um inquirido mostrou um grau de satisfação com este referencial negativo

(Nível 2 – insatisfeito), ao contrário do outro inquirido que se mostrou globalmente satisfeito (Nível

4), sendo assim a mediana do grau de satisfação global o grau 4.

8

6

5

5

5

2

2

1

0 2 4 6 8 10

Reconhecimento Nacional

Recomendação da DGS

Custos Envolvidos

Princípios do Referencial

Recomendação Externa

Complexidade Envolvida

Reconhecimento Internacional

Tempo de Implementação

Número de respostas

Mo

tivo

s d

e E

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lha

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Figura 23 – Mediana do grau de impacto de diversos parâmetros percecionado pelos inquiridos (um inquirido não respondeu a esta questão).

JCI vs CHKS vs ACSA

Após a apresentação dos resultados e respetiva discussão de cada um dos três

referenciais, importa fazer uma análise comparativa entre os 3.

Se os referenciais internacionais (JCI e CHKS) têm sido implementados na globalidade

das IS, o referencial espanhol (ACSA) tem sido implementado, na sua maioria, em serviços

específicos, o que indica que a ACSA é entendida como um sistema alternativo para quem deseje

acreditar em menor escala a IS, com menores custos e menos tempo.

Relativamente aos anos em que as IS obtiveram as suas acreditações, nota-se que a

mesma foi muito induzida pela evolução nas recomendações de referenciais de acreditação pela

DGS:

O referencial CHKS foi o primeiro a ser recomendado pelo Ministério da Saúde

em colaboração com o IQS (entre 1999 e 2004) e, por isso, é aquele que é

implementado há mais tempo em Portugal e, atualmente, já não se recorre tanto

a este, estando a ser implementado em apenas uma IS;

O referencial JCI foi o passo seguinte nas recomendações pelo ministério da

Saúde (entre 2004 e 2009), tendo começado a ser implementado mais tarde que

0

1

2

3

4

5

Me

dia

na

das

re

spo

stas

Parâmetro de Impacto

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o CHKS. Contudo, atualmente, ainda é um referencial ao qual muitas IS recorrem

para implementar nas suas IS (está em implementação em quatro IS);

O referencial ACSA é aquele que está a ser recomendado pela DGS atualmente

(desde 2009) e, desta forma, ainda não tem muitas IS com este mesmo

implementado. Porém, é o referencial ao qual mais IS estão a recorrer, estando

a ser implementado em 10 IS.

Apesar de o número de respostas ser pequeno, o referencial ACSA é aquele que parece

apresentar um menor tempo de implementação, o que pode ser motivado pelo facto de este

referencial permitir acreditações por serviços. Já a comparação entre JCI e CHKS é mais difícil.

Relativamente aos motivos de escolha, os resultados também são os previsíveis, uma vez

que os referenciais internacionais (JCI e CHKS) são escolhidos, principalmente, pelo

reconhecimento internacional a eles associado, enquanto quem escolhe o referencial espanhol

(ACSA) fá-lo tendo em conta o reconhecimento nacional. Apesar de muito referido pelos inquiridos,

o facto de procurarem o “Reconhecimento internacional” acaba por não ter trazer muitas

vantagens para a IS, uma vez que os utentes dos seus serviços são portugueses e, deste modo,

vêem-se influenciados pelo “Reconhecimento nacional”. De referir ainda que relativamente aos

custos envolvidos, quem escolhe o ACSA tem uma maior preocupação com os custos associados

a estes processos. Por fim, realçar também o “Tempo de Implementação” que foi referido por

uma IS que optou pelo referencial ACSA, mas não foi referido por nenhuma IS que optou pelo

referencial JCI ou CHKS. Fazendo um balanço entre os diversos motivos apontados para a escolha

dos referenciais, o ACSA acaba por ser aquele em que há um maior equilíbrio entre a procura do

prestígio (nacional) para a IS, mas equilibrado com os custos associados e o tempo, enquanto os

referenciais JCI e CHKS preocupam-se quase exclusivamente com o prestígio (internacional) das

suas IS.

A comparação entre os graus de impacto dos diferentes parâmetros em cada um dos três

referenciais está na Figura 24, a partir da qual se pode concluir:

O referencial CHKS tem maior impacto na “Comunicação interna entre os

diferentes PS”, na “Multidisciplinaridade das equipas”, no “Desenvolvimento das

capacidades dos PS”, na “Satisfação dos utentes” e na “Satisfação dos PS”;

O referencial JCI tem maior impacto na “Sistematização dos processos”, na

“Comunicação interna entre os diferentes PS”, na “Multidisciplinaridade das

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equipas”, na “Racionalização dos recursos”, na “Perceção da qualidade pelos

PS”, no “Desenvolvimento das capacidades dos PS”, na “Satisfação dos utentes”

e na “Satisfação dos PS”;

O referencial ACSA tem maior impacto na “Ocorrência de eventos adversos” e na

“Satisfação dos utentes”.

Figura 24 – Comparação entre as medianas dos graus de impacto de certos parâmetros entre diferentes

referenciais de acreditação.

Comparando as diversas constatações apresentadas anteriormente e, apesar de apenas

dois inquiridos terem dado o seu feedback relativo ao referencial ACSA, verifica-se que o referencial

ACSA será aquele que possui um impacto menos positivo em mais parâmetros e, por isso, pode-

se considerar que terá um impacto global menos positivo. Esta conclusão também está bem

presente na satisfação global com os referenciais uma vez que o referencial JCI é aquele que pode

atingir valores maiores (a mediana foi 5), por oposição ao referencial CHKS (a mediana foi 4) e ao

referencial ACSA (a mediana foi 3).

IS que já estiveram acreditadas

0

1

2

3

4

5

Med

ian

a d

as r

esp

ost

as

Parâmetro de Impacto

ACSA

CHKS

JCI

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Após a caracterização da fração da amostra que se encontrava acreditada, analisou-se as

IS que já estiveram acreditadas mas optaram por não renovar essa mesma acreditação. Das 63

IS que neste momento não se encontram acreditadas, três já estiveram acreditadas mas optaram

por não renovar a acreditação e uma está em processo de mudança de referencial. Entre os

referenciais que implementaram, três IS estiveram acreditadas pela JCI e uma IS esteve acreditada

pelo CHKS. A razão mais apontada (por quatro IS) foi mesmo a mudança de estratégia por parte

da IS, seguida da falta de verbas para manter a acreditação (por três IS). De referir ainda que uma

IS referiu ter mudado para um referencial de certificação e, por isso, ter optado por não manter a

acreditação. Assim, facilmente se conclui que o custo associado aos processos de acreditação, é

um entrave para que as IS renovem as suas acreditações, o que é paradoxal com a decisão inicial,

em que os custos envolvidos no processo não foram um fator preponderante.

IS que nunca estiveram acreditadas

Das 58 IS que afirmaram nunca terem estado acreditadas por nenhum referencial, 49 IS

apontaram as razões que levaram a essa decisão, como se ilustra na Figura 25. A principal razão

apontada (por 26 IS) foi a “Complexidade envolvida” na obtenção dos processos, com diversos

passos a serem necessários e várias normas que têm de ser cumpridas em qualquer um dos

referenciais [77][23][26]. Entre as outras razões mais apontadas estão a “Falta de verbas”, o facto

de que “Já se encontravam certificados” e o “Tempo de Implementação”. Outras razões que as

IS apontaram foram: a preferência pela implementação de um referencial de certificação e não de

um referencial de acreditação, o facto de a IS ter outras prioridades, a restruturação que está a

ocorrer na IS, a alteração do modelo de gestão da IS ou a recém formação da IS, pretendendo

iniciar o processo de acreditação em breve.

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Figura 25 – Distribuição das razões apontadas pelos inquiridos para nunca terem avançado para uma acreditação (nove inquiridos não responderam a esta questão).

D: Certificação ISO 9001

Os dados mostram uma significativa adesão das IS portuguesas a esta norma: Das 103

IS que responderam a esta questão, 59,2 % das IS encontram-se certificadas pela norma, 4,9 %

encontram-se a implementá-la e 35,9 % não se encontram certificadas, como é possível verificar

na Figura 26.

Figura 26 - Distribuição do número de IS inquiridas que se encontram certificadas pela norma ISO 9001 (um inquirido não respondeu a esta questão).

A Figura 27 apresenta dados das empresas certificadoras a que as IS recorriam para

implementar a norma ISO 9001. De acordo com os resultados, as entidades mais escolhidas são

a Associação Portuguesa de CERtificação - APCER (39,4 % das IS) e a SGS (31,8 % das IS). Importa

referir que 7,6 % das IS, como encontram-se certificadas por serviços, recorreram a mais do que

uma entidade certificadora: 1,5 % das IS encontra-se certificada pela APCER e Asociación Española

de Normalización y Certificatión (AENOR), 1,5 % das IS pela APCER e Empresa Internacional de

26

11

11

10

5

3

2

0 5 10 15 20 25 30

Complexidade envolvida

Falta de verbas

Já se encontravam certificados

Tempo de implementação

Outro

Escassez de Recursos Humanos

Invisibilidade de melhorias quepoderia trazer à IS

Número de respostas

Raz

õe

s A

po

nta

das

61

37

5 Sim

Não

Emimplementação

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68

Certificação (EIC), 1,5 % das IS pela APCER e SGS, 1,5 % das IS pela APCER, SGS e CHKS e 1,5

% das IS pela APCER, SGS e Bureau Veritas.

Figura 27 – Distribuição das entidades certificadoras a que as IS inquiridas recorreram (três inquiridos não responderam a esta questão).

Outra variável em estudo foi o âmbito da certificação ISO 9001 implementada na IS. Das

66 respostas, 21 IS encontram-se certificadas na globalidade e 45 IS optaram por certificar apenas

serviços específicos. No que diz respeito aos serviços que as IS decidiram certificar, optou-se por

apenas apresentar na Figura 28 aqueles que mais do que uma IS certificou (a totalidade dos

serviços pode ser consultada no Anexo VII). Assim, verificou-se que os serviços com mais

certificações ISO 9001 são o Serviço de Esterilização (20 IS) e o Serviço de Imunohemoterapia

(19 IS).

26

21

14

4

1 1 3

APCER

SGS

Bureau Veritas

EIC

TUV

AENOR

CHKS

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Figura 28 – Distribuição do número de IS que certificaram pela norma ISO 9001 determinados serviços (três inquiridos não responderam a esta questão).

Relativamente ao ano de obtenção verifica-se que foi entre 2005 e 2013 que se verificou

um maior número de IS a recorrerem a esta ferramenta de qualidade (Figura 29).

20

19

15

11

9

8

5

5

4

4

3

3

3

3

3

3

3

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

52

0 10 20 30 40 50 60

Esterilização

Imunohemoterapia

Farmácia

Anatomia Patológica

Patologia Clínica

Imagiologia

Bloco Operatório

Procriação Medicamente Assistida

Cirurgia Ambulatório

Medicina Transfusional

Alimentação

Cuidados Intensivos

Internamento

Logística

Medicina da Reprodução

Radioterapia

Recursos Humanos

Apoio e Suporte

Comissão de Controlo de Infeção

Consulta externa

Gabinete da Qualidade

Gastrenterologia

Hematologia Clínica

Hospital de Dia Polivalente

Instalações e Equipamento

Medicina Física e Reabilitação

Nefrologia

Pediatria

Radiologia

Segurança e Higiene

Outro

Número de respostas

Serv

iço

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70

Figura 29 – Distribuição, em intervalos de tempo, dos períodos em que se verificou um maior número de certificações ISO 9001 (sete inquiridos não responderam a esta questão).

Quanto ao número de renovações, o facto de haver implementações por serviços, levou a

que algumas das respostas não fossem consideradas (18), por serem superiores ao balanço entre

o ano de obtenção da certificação e o período durante a qual é válido (3 anos [33]). Das respostas

consideradas, resultou a Figura 30.

Figura 30 – Distribuição do número de renovações da certificação ISO 9001 (oito inquiridos não responderam a esta questão).

No que diz respeito ao tempo de implementação, decidiu-se separá-lo para os dois tipos

de certificação ISO 9001: por serviços e global. Esta separação deveu-se ao facto de uma

certificação global poder levar mais tempo a implementar do que uma certificação apenas num

serviço. Assim, combinando todos os resultados, o tempo de implementação médio foi de 14,4 ±

10,0 meses, dividido por um tempo de implementação médio da certificação por serviços de 12,3

± 4,4 meses e um tempo de implementação médio da certificação global de 18,7 ± 15,6 meses.

Pela análise da Figura 31, facilmente se percebe que a certificação por serviços tem um tempo de

implementação mais concentrado no período de 6 a 12 meses e, deste modo, também o desvio

7

23 23

1

2000-2004 2005-2009 2010-2013 2014

Ano de Obtenção

6

8

13

7

1

0 1 2 3 4

Número de Renovações

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em relação ao valor médio é menor, quando comparado com os valores da certificação global.

Esta última apresenta um tempo de implementação que pode até ser menor do que o tempo

previsto para a certificação por serviços, mas também pode ser bastante maior (devido a ter um

elevado desvio-padrão).

Figura 31 – Distribuição dos tempos de implementação da certificação por serviços e certificação global apontados pelos inquiridos (nove inquiridos não responderam a esta questão).

De seguida, pretendia-se averiguar quais os principais motivos que levaram a optarem

pela escolha deste referencial de certificação. Assim, 44 inquiridos apontaram que o

“Reconhecimento nacional” que a certificação pela norma ISO 9001 lhes oferecia era significativo,

bem como os “Princípios do referencial” que se ajustavam à IS (43 inquiridos). As restantes

opções selecionadas encontram-se na Figura 32. De referir que nove inquiridos necessitaram de

referir um “Outro” motivo para a escolha desta certificação, entre eles: criação de uma ferramenta

de gestão para o serviço em questão, adaptação da norma ao serviço, tendência de mercado,

adequação ao modelo de gestão que se pretendia implementar, permitir trabalhar área a área,

conferir segurança e qualidade ao processo transfusional, a exigência de clientes externos ou a

obrigatoriedade legal. Apesar de referido por dois inquiridos, este último motivo, do que é

conhecimento do autor, não está presente em nenhum Decreto-Lei (a existir obrigatoriedade legal

de certificação ISO 9001 para algum serviço ou laboratório em IS, o mesmo teria de estar

publicado em Diário da República). Contudo, na Portaria n.º 165/2014 de 21 de Agosto do

Ministério da Saúde [79], refere-se que “As normas de qualidade e segurança devem ser

cumpridas em todas as situações previstas no presente diploma de acordo com as regras, os

códigos científicos e técnicos internacionalmente reconhecidos” e, para realizar este objetivo, os

1

24

7

2 22

8

2 2 2

<6 6-12 13-18 19-24 >24

Tempo de Implementação

Certificação por Serviços

Certificação Global

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laboratórios (no caso da portaria supramencionada Laboratórios de Anatomia Patológica) optam

por implementar a certificação ISO 9001, não sendo por isso uma obrigatoriedade legal direta,

mas sim indireta. O Despacho n.º 399/2009 de 7 de Janeiro do Ministério da Saúde [80] refere

ainda que deverá estar implementado um Sistema da qualidade (“estrutura organizacional,

responsabilidades, procedimentos, processos e recursos para a implementação e gestão da

qualidade”), que poderá ser conseguido pela implementação da certificação ISO 9001.

Figura 32 – Distribuição dos motivos que levaram os inquiridos a optarem pela certificação ISO 9001 (oito inquiridos não responderam a esta questão).

Os últimos parâmetros que se pretendia avaliar em IS certificadas pela norma ISO 9001

foram o grau de impacto em diversos parâmetros e a satisfação global com o normativo.

Relativamente ao primeiro, conforme está presente na Figura 33, o impacto é positivo em todos

os parâmetros. O parâmetro que apresenta um impacto mais positivo é a “Sistematização dos

processos”, com uma mediana de grau 5, o que seria de esperar, uma vez que a “Abordagem por

processos” e a “Abordagem da gestão como um sistema” são princípios norma ISO 9001 [33].

Os restantes parâmetros apresentam todos uma mediana de grau 4. Apesar disso, convém referir

que dois inquiridos, consideraram que esta certificação apresentava um impacto negativo sobre a

“Multidisciplinaridade das equipas” e outros dois inquiridos afirmaram o mesmo relativamente à

“Racionalização dos recursos”, resultando que estes dois parâmetros são aqueles que podem

atingir valores menos negativos de impacto. Uma vez que o “Envolvimento das pessoas” é um dos

oito princípios da norma ISO 9001 [33], não seria de esperar que a “Multidisciplinaridade das

equipas” tivesse um impacto negativo em nenhuma das IS. Quanto à satisfação global dos

inquiridos com a norma ISO 9001, a sua mediana foi, tal como na maioria dos parâmetros

anteriores, de grau 4, o que demonstra que os inquiridos se encontram satisfeitos com a norma

(não tendo nenhum inquirido atribuído uma satisfação global negativa). Por fim, refere-se ainda

44

43

31

20

12

11

8

9

0 10 20 30 40 50

Reconhecimento nacional

Princípios do referencial

Reconhecimento internacional

Custos envolvidos

Complexidade envolvida

Recomendação externa

Tempo de implementação

Outro

Número de respostas

Mo

tivo

s d

e E

sco

lha

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que as respostas dadas por um inquirido não foram consideradas, uma vez que, apesar de estar

globalmente satisfeito com a norma (Nível 4), o grau de impacto apontado para os diversos

parâmetros foi negativo.

Figura 33 – Impacto médio apontado pelos inquiridos para diversos parâmetros (sete inquiridos não responderam a esta questão).

Relativamente às IS que já estiveram certificadas pela norma ISO 9001, mas que optaram

por não renovar a mesma, registaram-se quatro IS nesta situação. As razões apontadas para a

não renovação desta certificação foram a “Mudança de estratégia” (três IS) e a “Mudança para

um referencial de acreditação (três IS).

A última questão relativa à certificação ISO 9001 era dirigida àqueles que nunca

implementaram este referencial e às razões que os levaram a não fazê-lo. Assim, como é visível

na Figura 34, os principais motivos que levam as IS a não implementarem este tipo de certificação

são a “Complexidade envolvida” na implementação do projeto, bem como a “Falta de verbas”

para implementar esta certificação. De realçar que duas IS sentiram necessidade de referir que

não possuem recursos humanos suficientes para implementar um referencial deste tipo. Outras

razões apontadas foram: a alteração do modelo de gestão da IS, o facto de ser uma IS recente, a

mudança de estratégia na gestão da organização, “pouco aplicada a IS como o nosso CH”, a falta

0

1

2

3

4

5

Me

dia

na

das

re

spo

stas

Parâmetro de Impacto

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de conhecimento das potencialidades da norma ou “Estamos neste momento a avançar com a

determinação das necessidades para a certificação, não avançamos pois inicialmente não

teríamos condições para o mesmo”. Importa ainda referir que uma IS considerou que, na prática,

a implementação da certificação pela norma ISO 9001 acaba por não trazer vantagens à IS.

Figura 34 – Distribuição das razões apontadas pelos inquiridos para nunca terem implementado uma certificação pela norma ISO 9001 (cinco inquiridos não responderam a esta questão).

E: Acreditação vs Certificação

Neste grupo de perguntas pretendia-se apurar qual a opinião dos inquiridos relativamente

à acreditação, quando comparada com a certificação e vice-versa.

Assim, começou-se por apurar qual a opinião dos inquiridos relativamente à

complementaridade entre a acreditação e a certificação. Das 85 respostas consideradas (oito

inquiridos não responderam, um inquirido será alvo de análise particular e 10 inquiridos

responderam por mais do que uma IS e, como se trata de uma questão de opinião, só foi

considerada uma resposta), quase metade (49,4 %) considera que ambos os referenciais são

complementares, o que vem comprovar que a opinião dos profissionais vem de encontro ao

constatado por Shaw et. Al. [45], que mostrava que hospitais com certificação e acreditação

implementadas tinham melhor performance clínica que hospitais com apenas um dos tipos de

referencial implementado. Após a análise das respostas na totalidade, decidiu-se inserir um novo

campo para abarcar os casos em que não apresentavam vantagens dos referenciais ou as

respostas mostravam pouco conhecimento dos mesmos: “Sem conhecimento detalhado”.

Também pela análise da totalidade das respostas, considerou-se que quando os inquiridos

11

10

6

5

2

2

1

0 2 4 6 8 10 12

Complexidade envolvida

Falta de verbas

Outro

Tempo de implementação

Falta de recursos humanos

Já se encontravam acreditados

Invisibilidade de melhorias que poderia trazer à IS

Número de respostas

Raz

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po

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apontavam “Nenhuma” como vantagem da acreditação, a sua opinião relativamente à

complementaridade dos referenciais era “A certificação ISO 9001 é suficiente”, bem como quando

consideram que não existia “Nenhuma” vantagem na certificação ISO 9001, a sua opinião seria

“A acreditação é suficiente”). A distribuição das respostas encontra-se na Figura 35, mas importa

realçar que apenas um inquirido considerou que “Ambos são pouco úteis na prática” e igualmente

apenas um inquirido respondeu “Não se complementam”. Uma outra resposta que se considera

pertinente destacar foi um inquirido que, apesar de não ter renovado a certificação ISO 9001 e ter

implementado um referencial de acreditação, considera que “A certificação ISO 9001 é

suficiente”. As “Outro” respostas obtidas não especificaram a sua opinião. Por fim, o inquirido que

foi descartado da análise, considerou desconhecer os referenciais, no entanto apresentou até

outras vantagens dos referenciais, mostrando ter um conhecimento bastante detalhado destes

mesmos referenciais. A partir desta questão, as respostas dadas pelos inquiridos que

responderam “Desconheço os referenciais” ou foram considerados “Sem conhecimento

detalhado” não foram consideradas.

Figura 35 – Distribuição da opinião dos inquiridos relativamente à complementaridade entre a acreditação e a certificação (oito inquiridos não responderam a esta questão).

De seguida, averiguou-se quais as vantagens da acreditação relativamente à certificação

(e que, por isso, não eram vantagens da certificação em relação à acreditação, apesar de muitos

inquiridos apontarem as mesmas vantagens em ambos os casos). Sabendo que a acreditação se

encontra mais vocacionada para os aspetos clínicos do que a certificação [9], como seria de

esperar, a vantagem mais apontada pelos inquiridos foi a “Orientação para processos clínicos”,

seguida da “Experiência dos auditores na área da saúde”. Outra vantagem da acreditação muito

apontada foi o “Reconhecimento internacional”, que já tinha sido apontada como principal razão

42

15

10

7

6

3

1

1

0 10 20 30 40 50

Ambos são complementares

Sem conhecimento detalhado

O referencial de acreditação é suficiente

O referencial ISO 9001 é suficiente

Desconheço os referenciais

Outro

Ambos são pouco úteis na prática

Não se complementam

Número de respostas

Co

mp

lem

enta

rid

ade

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para a escolha do Referencial JCI (Figura 15) e para a escolha do Referencial CHKS (Figura 19).

As restantes vantagens apontadas estão na Figura 36, sendo de importância clarificar as respostas

“Outro” obtidas: “Organização dos serviços”, “O Referencial de Acreditação aplica-se à

organização como um todo, pelo que para além da sua transversalidade vemos uma maior

integração entre as áreas clínicas e não clínicas”, “Focalização numa perspetiva

integradora/multidisciplinar da prestação dos cuidados”, “Atendendo à forma como os

referenciais são trabalhados e acompanhados na sua implementação, em Portugal, apenas há

desvantagens” e “Reconhecimento técnico dos profissionais”.

Figura 36 – Distribuição das vantagens da acreditação relativamente à certificação apontadas pelos inquiridos.

Após as vantagens da acreditação, procurou-se saber quais as vantagens da certificação

relativamente à acreditação. Tal como se constatou na Figura 26, as principais razões que levavam

à não implementação de um referencial de acreditação eram a “Complexidade envolvida” e a

“Falta de verbas”. Assim, nesta pergunta as principais vantagens da certificação vão de encontro

às respostas obtidas nessa pergunta: “Menores custos associados” e “Menor complexidade”.

Também muito apontada pelos inquiridos está a vantagem “Auditores nacionais”. Ao contrário da

acreditação em que a entidade acreditadora e a entidade criadora do referencial coincidem (no

caso da JCI e do CHKS), a certificação ISO 9001 é obtida recorrendo a entidades certificadoras

[33]. As restantes respostas obtidas estão na Figura 37. De realçar quais as “Outro” respostas

obtidas: “Ferramenta de gestão”, “Maior detalhe para serviços” (como se pode comprovar pelo

facto das acreditações CHKS e JCI serem sempre globais nos inquiridos e as certificações ISO

9001 serem muitas das vezes por serviços), “Sistematização de práticas de qualidade globais”,

“Focalização nos processos específicos do serviço”, “Cumprimento de obrigações legais” “Os

49

33

22

18

10

7

5

2

0 10 20 30 40 50 60

Orientação para processos clínicos

Experiência dos auditores na área da saúde

Reconhecimento internacional

Atraente para PS qualificados

Maior complexidade

Reconhecimento nacional

Outra

Nenhuma

Número de respostas

Van

tage

ns

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processos baseados na certificação ISO são escrutinados com uma maior exigência, sobretudo

aqueles que se ligam às áreas laboratoriais e tecnológicas” e “Maior enfoque na melhoria contínua

do sistema de gestão da qualidade” (que, aliás, é um dos seus princípios [33]).

Figura 37 – Distribuição das vantagens da certificação relativamente à acreditação apontadas pelos inquiridos.

Por fim, pretendeu-se que os inquiridos fizessem uma pequena hierarquização dos quatro

referenciais principalmente estudados neste inquérito: Acreditação JCI, CHKS e ACSA e

certificação ISO 9001. Pela análise da Figura 38, facilmente se destaca que o referencial que se

considera ser mais relevante para uma IS e, por isso, mais completo é a acreditação JCI (51,6 %

das respostas consideradas classificaram-no como número 1), bem como o menos relevante que

é a acreditação ACSA (55,1 % das respostas consideradas classificaram-no como número 4). Os

referenciais número 2 e 3 foram bastante divididos entre acreditação CHKS e certificação ISO

9001.

38

29

15

14

8

6

6

5

3

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Menores custos associados

Auditores nacionais

Menor complexidade

Reconhecimento nacional

Reconhecimento internacional

Outra

Abordagem por processos

Atraente para PS qualificados

Nenhuma

Número de respostas

Van

tage

ns

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Figura 38 – Distribuição da hierarquização atribuída pelos inquiridos a cada um dos referenciais.

F: Satisfação dos utentes

Neste grupo de questões pretendia-se averiguar o impacto dos referenciais de acreditação

e certificação na satisfação dos utentes.

Assim, começou-se por investigar se as IS faziam estudos de satisfação dos utentes, à

qual 95,8 % dos inquiridos responderam afirmativamente (apenas quatro IS não fazem, e nove

inquiridos não responderam a esta questão), o que mostra que há uma grande preocupação com

satisfação dos utentes na IS portuguesas. Contudo, duas IS inquiridas encontram-se certificadas

pela norma ISO 9001 em, pelo menos, um serviço, norma esta que procura que se “aumente a

satisfação do cliente através da melhoria contínua” e, deste modo, a IS “deve ser capaz de mostrar

que monitoriza a satisfação do cliente” [33], pelo que se pode concluir que esta IS realiza estudos

de satisfação dos utentes nos serviços certificados, mas não na totalidade da IS.

De seguida, averiguou-se a periodicidade com que os estudos de satisfação eram feitos,

sendo que a maioria (60,2 %) fá-lo anualmente (conforme se pode verificar pela Figura 39).

1316

21

12

32

18

9

36 7

13

36

11

2119

11

0

5

10

15

20

25

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35

40

1º 2º 3º 4º

me

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Hierarquização

CHKS

JCI

ACSA

ISO 9001

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Figura 39 – Distribuição da periodicidade dos estudos de satisfação dos utentes realizados nas IS inquiridas (três inquiridos não responderam a esta questão).

Procurou-se saber, ainda, se era feita uma análise comparativa entre os dados recolhidos

ao longo do tempo nos estudos de satisfação dos utentes, que foi respondida afirmativamente por

84 dos 89 inquiridos (dois inquiridos não responderam a esta questão). Contudo, apenas um

inquirido respondeu à pergunta seguinte, fornecendo dados de estudos de satisfação dos utentes

obtidos em diferentes períodos. O principal objetivo das perguntas anteriores era obter uma

resposta positiva a esta questão, de modo a comparar-se a satisfação dos utentes antes e depois

do ano em que obtiveram a acreditação, por exemplo. Mesmo no caso da IS que forneceu os

dados, os mesmos não foram os necessários para possibilitar a análise referida.

Também se questionou os inquiridos sobre a realização de um estudo de avaliação do

impacto dos sistemas de certificação e/ou acreditação nos utentes, pergunta esta que apenas

obteve resposta positiva por oito IS, sendo que duas não apresentaram as conclusões do mesmo

e, por isso, considerou-se que não o fazem (37 inquiridos nem responderam a esta questão).

Por fim, procurou-se saber qual o impacto observado nesse estudo de impacto, obtendo-

se que “Ambos afetam de forma positiva” como resposta de cinco dos inquiridos e que “A

certificação ISO 9001 afeta de forma positiva” como resposta de um inquirido (que não se

encontra acreditado). Apesar de estas respostas estarem na sua totalidade concordantes em como

o impacto nos utentes dos referenciais de certificação e acreditação é positivo, apenas seis

respostas não permitem tirar conclusões.

2 2

20

53

2

63

Diário

Mensal

Semestral

Anual

Bianual

Outro

Trimestral

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G: Satisfação dos profissionais de saúde

Tal como no grupo de perguntas anterior, o objetivo deste é o mesmo, mas para os

profissionais de saúde.

Assim, começou-se por investigar se as IS faziam estudos de satisfação dos profissionais

de saúde, a qual obteve uma resposta positiva de 57,6 % dos inquiridos (12 inquiridos não

responderam a esta questão). Comparando esta percentagem com a percentagem de IS que

realizam estudos de satisfação dos utentes, percebe-se que há uma maior preocupação com a

satisfação dos utentes do que com a satisfação dos profissionais de saúde (até porque a satisfação

dos utentes tem de ser monitorizada, pelo menos, nas IS certificadas pela norma ISO 9001,

enquanto a satisfação dos profissionais de saúde não é “obrigatória”). Tendo em conta que são

estes últimos que administram os cuidados de saúde, é da máxima importância que se averigue

a sua satisfação, uma vez que PS insatisfeitos não estarão tão disponíveis para assegurar cuidados

de saúde de qualidade.

De seguida, averiguou-se a periodicidade com que são feitos os estudos de satisfação dos

profissionais de saúde. Assim, a maioria (65,4 %) respondeu que estes estudos são feitos

anualmente (Figura 40).

Figura 40 – Distribuição da periodicidade dos estudos de satisfação dos profissionais de saúde realizados nas IS inquiridas (um inquirido não respondeu a esta questão).

Procurou-se saber ainda se era feita uma análise comparativa entre os dados recolhidos

ao longo do tempo nos estudos de satisfação dos profissionais de saúde, que foi respondida

afirmativamente por 38 dos 47 inquiridos considerados nesta questão (seis inquiridos não

responderam a esta questão). Contudo, nenhum inquirido respondeu à pergunta seguinte,

fornecendo dados de estudos de satisfação dos utentes obtidos em diferentes períodos. O principal

2

34

13

1 2

Semestral

Anual

Bianual

Trianual

Outro

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objetivo das perguntas anteriores era obter uma resposta positiva a esta questão, de modo a

comparar-se a satisfação dos profissionais de saúde antes e depois do ano em que obtiveram a

acreditação, por exemplo.

Também se questionou os inquiridos sobre a realização de um estudo de avaliação do

impacto dos sistemas de certificação e/ou acreditação nos profissionais de saúde, pergunta esta

que apenas obteve resposta positiva por cinco IS, sendo que duas não apresentaram as

conclusões do mesmo e, por isso, considerou-se que não o fazem (47 inquiridos não responderam

a esta questão).

Por fim, procurou-se saber qual o impacto observado nesse estudo de impacto, obtendo-

se que “Ambos afetam de forma positiva” como resposta de dois inquiridos e que “A certificação

ISO 9001 afeta de forma positiva” como resposta de um inquirido (que não se encontra

acreditado). Apesar de estas respostas estarem na sua totalidade concordantes em como o

impacto nos profissionais de saúde dos referenciais de certificação e acreditação é positivo, apenas

três respostas (ainda menos do que relativamente ao utentes) não permitem tirar conclusões.

H: Objetivos futuros

O questionário foi encerrado com “Quais os objetivos estratégicos futuros da vossa IS, no

âmbito da certificação e/ou acreditação”, de modo a averiguar se as IS estavam ou não satisfeitas

com a qualidade da sua IS, cujas respostas estão distribuídas na Figura 41.

A resposta mais obtida foi “Renovar a certificação ISO 9001”, o que já se afigurava como

a resposta mais escolhida uma vez que o número IS certificadas é maior que o número de IS

acreditadas.

De seguida, a resposta mais obtida foi “Manter a visão e missão atuais”, que só foi

considerada quando as IS não pretendiam implementar ou não renovar os referenciais

implementados. Apesar de à primeira vista parecer uma resposta que mostra uma estagnação na

política de gestão da IS, 27 IS que deram esta resposta, 23 encontram-se certificadas e/ou

acreditadas, ou seja, a sua visão e missão contém a melhoria contínua como um dos seus

alicerces e, por isso, não se encontra estagnada. As restantes quatro respostas demonstram que

não há o objetivo de implementar um referencial de certificação e/ou acreditação, estando a IS

satisfeita com o facto de não ter implementado nenhum referencial de qualidade.

A terceira resposta mais obtida foi “Implementar um referencial de certificação ISO 9001”,

que mostra que, a começar pela implementação de um referencial de qualidade, este é aquele

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que será procurado em primeiro lugar. De referir ainda que sete das IS que deram esta resposta

já se encontram certificadas em, pelo menos, um serviço e, por isso, o facto de pretendem

implementar em mais serviços demonstra uma enorme satisfação com o referencial ISO 9001.

As respostas mais escolhidas de seguida relacionam-se com a acreditação. Se por um

lado, 21 IS pretendem “Renovar a acreditação atual”, 21 IS têm como objetivo “Implementar um

referencial de acreditação ACSA” (é o referencial que mais IS pretendem implementar, uma vez

que é atualmente preconizado pela DGS [23]), 16 IS querem “Implementar um referencial de

acreditação JCI” e apenas uma IS tenciona “Implementar um referencial de acreditação CHKS”.

Estes resultados estão de acordo com o que já foi analisado anteriormente (o referencial CHKS

está em decréscimo de procura).

É importante ainda referir que duas IS não se encontram satisfeitas com a certificação ISO

9001 e pretendem “Não renovar a certificação ISO 9001”, ao contrário das IS acreditadas que se

encontram satisfeitas com os referenciais adotados (nenhuma IS inquirida respondeu “Não

renovar a acreditação atual”).

Por fim, houve sete IS que não encontraram todos os seus objetivos futuros descritos nas

opções de resposta, acrescentando que:

Pretendem implementar sistema de excelência de qualidade;

Os objetivos estão em avaliação pelo CA (duas IS);

Preferem não responder (duas IS);

Querem implementar um referencial de certificação da qualidade na área social;

Têm como objetivo implementar outros referenciais.

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83

Figura 41 - Distribuição dos objetivos futuros das IS inquiridas (nove IS não responderam a esta questão).

5.3.2. Hipótese 1 (H1)

CH fazem uma maior aposta na Qualidade do que Hospitais

A primeira variável analisada para os diferentes grupos foi o número de IS inquiridas

pertencentes a cada grupo que se encontravam acreditadas ou em processo de acreditação.

Assim, concluiu-se (Figura 42) que:

Dos 21 CH inquiridos, 71,4 % optaram por avançar para um processo de

acreditação;

Das oito ULS inquiridas, 62,5 % estão acreditadas ou em processo de

acreditação;

Dos 72 Hospitais inquiridos, 27,8 % avançaram para a implementação de um

referencial de acreditação.

27

21

1

16

21

45

24

2

7

0

5

10

15

20

25

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40

45

50

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e re

spo

stas

Objetivos Futuros

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Figura 42 – Percentagem (%) de IS inquiridas acreditadas por tipo de IS.

Os resultados confirmam que o tipo de IS influencia a procura destes processos, sendo os

CH o tipo de IS que sente maior necessidade de recorrer a uma acreditação.

Outra análise que se achou importante realizar foi quanto aos referenciais que cada um

dos tipos de IS mais recorre. Assim, chegou-se às seguintes conclusões (Figura 43):

Os Hospitais adotam mais frequentemente o referencial JCI do que o referencial

CHKS e que o ACSA;

Os CH adotam mais o referencial ACSA do que os referenciais JCI e CHKS;

As ULS adotam mais o referencial ACSA que o referencial CHKS, não tendo

nenhuma optado pelo referencial JCI.

Figura 43 – Percentagem (%) de IS inquiridas acreditadas por cada um dos referenciais de acreditação por tipo de IS.

71,4%

62,5%

27,8%

CH ULS Hospital

Tipo

40,0%

26,7%

40,0%

20,0%

46,7%

60,0%

Hospital CH ULS

Tipo

JCI CHKS ACSA

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Os resultados indicam que a adoção do referencial de acreditação está associada à

natureza da IS, uma vez que os CH e as ULS são de natureza pública na sua totalidade e procuram

em maior número o referencial ACSA, enquanto os Hospitais procuram mais os referenciais JCI e

CHKS. Importa referir ainda que nenhuma ULS inquirida encontra-se acreditada pela JCI

(referencial escolhido cujas IS que o escolheram nunca referiram os custos como fator de decisão).

Relativamente à renovação da acreditação, pouco se pode afirmar (poucas IS não

renovaram a sua acreditação) uma vez que apenas um Hospital, dois CH e uma ULS não

renovaram a acreditação que tinham obtido inicialmente. De referir que um dos CH não renovou

a acreditação JCI por falta de verbas, mudança de estratégia e estando neste momento a

implementar uma acreditação global ACSA.

A Figura 44 mostra a percentagem de IS certificadas pela norma ISO 9001, por tipo. Mais

uma vez, confirmou-se que os CH são os que mais adotam a certificação. Em geral, todos tipos

de IS apresentam maior percentagem de IS certificadas do que acreditadas, contudo é de realçar

que cerca de 90,5 % dos CH têm, pelo menos, um serviço certificado pela norma ISO 9001

(apenas dois CH não apresentam nenhum serviço certificado), que demonstra que este tipo de IS

é o que recorre mais à certificação dos seus serviços.

Figura 44 – Percentagem (%) de IS inquiridas certificadas pela norma ISO 9001 por tipo de IS.

Por fim, comparou-se a escolha de uma certificação global ou por serviços pelos diversos

tipos de IS. Enquanto nos Hospitais, a percentagem de cada um dos âmbitos da certificação é

quase 50,0 %, nos CH nenhum implementou a certificação ISO 9001 à globalidade da sua

estrutura (Figura 44).

90,5%

75,0%

56,9%

CH ULS Hospital

Tipo

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Figura 45 – Percentagem (%) de IS inquiridas em cada âmbito da certificação ISO 9001 por tipo de IS.

Assim, verificou-se que, nas duas dimensões da Qualidade estudadas, CH fazem uma

maior aposta na Qualidade do que Hospitais.

5.3.3. Hipótese 2 (H2)

Instituições de natureza privada avançam mais para referenciais de certificação e/ou

acreditação.

O principal objetivo desta Hipótese foi verificar se a maior preocupação com os custos

associados a um processo de implementação de um referencial de qualidade está mais associado

à natureza das IS

Assim, começou-se por analisar o número de IS acreditadas ou em processo de

acreditação para cada uma das naturezas consideradas neste estudo (Privado, PPP, Público e

Social). Pela análise da Figura 46, verifica-se que a totalidade das quatro IS que são geridas em

regime de PPP encontram-se acreditadas, seguidas de 71,4 % das IS públicas (30 IS das 42 IS

inquiridas), de apenas 13,6 % IS privadas (seis IS das 44 IS inquiridas) e 7,7 % de IS sociais

(apenas uma IS das 13 IS inquiridas).

16,7%

48,8%

100,0%83,3%

51,2%

CH ULS Hospital

Tipo

Global Por serviços

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Figura 46 – Percentagem (%) de IS inquiridas acreditadas por natureza da IS.

Por outro lado, dentro das acreditações, decidiu-se analisar a opção pelo referencial e ver

se seria neste parâmetro de a natureza da IS poderia influenciar. Assim, obteve-se a Figura 47, a

partir da qual se pode tirar diversas conclusões:

No caso das IS públicas, a escolha dos referenciais CHKS e ACSA é mais frequente

do que pelo referencial JCI (que, como se sabe [3] é um referencial com elevados

custos associados);

No caso das IS privadas o caso inverte-se, com uma muito maior procura pelo

referencial JCI (cinco IS), do que pelos referenciais CHKS (nenhuma IS privada o

escolheu) e ACSA (apenas uma IS escolheu este referencial, estando ainda a

implementá-lo;

Também as IS PPP apresentam uma maior “afinidade” com o referencial JCI (três

IS) do que com o referencial CHKS (uma IS);

A única IS social acreditada optou pelo CHKS;

Figura 47 – Percentagem (%) de IS inquiridas acreditadas por cada um dos referenciais por natureza da IS.

13,6%

100,0%

71,4%

7,7%

Privado PPP Público Social

Natureza

83,3%75,0%

13,3%25,0%

40,0%

100,0%

16,7%

43,3%

Privado PPP Público Social

Natureza

JCI CHKS ACSA

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Como conclusão relativa à escolha dos referenciais, nota-se que as IS privadas tendem a

optar mais frequentemente pelo referencial “mais caro” parecendo ter menores preocupações

com os custos associados ao processo de acreditação, quando decidem por implementar o

mesmo, enquanto as IS públicas acabam por se dividir pelos referenciais “mais baratos” (CHKS

e ACSA).

Relativamente ao fator “Custos envolvidos” como um dos motivos para escolha do

referencial, como já foi referido, das IS que optaram pelo referencial JCI, nenhuma referiu os

custos como fator de decisão, enquanto no referencial CHKS apenas uma PPP os referiu. No caso

do referencial ACSA, o fator “Custos envolvidos” mostrou-se muito mais importante que nos outros

dois referenciais analisados. Foram cinco as IS que referiram os custos como um dos fatores de

escolha do referencial ACSA e todas elas são IS públicas (apenas uma IS privada optou pelo

referencial ACSA e os custos não foram um dos motivos que despoletaram esta escolha). Assim,

nota-se que os inquiridos que mostraram maiores preocupações com os “Custos envolvidos” num

processo de acreditação, pertencem a IS públicas.

Quanto às quatro IS que já estiveram acreditadas mas optaram por não renovar a

acreditação previamente obtida, três são públicas e uma privada. Analisando os motivos que

levaram a esta decisão, as três IS públicas referiram que decidiram mudar de estratégia,

conjuntamente com a “Falta de verbas” para manter a acreditação. Já a IS privada que optou por

não renovar a sua acreditação, apenas fê-lo por ter ocorrido uma mudança de estratégia, não

referindo não possuir verbas para manter a acreditação. Portanto, também neste parâmetro nota-

se que as IS públicas poderão possuir menos verbas para suportar uma acreditação do que as IS

privadas.

Por fim, no que toca à acreditação, analisaram-se os motivos que levam as IS a não

implementarem um referencial de acreditação, focando especialmente a “Falta de verbas”. Das

11 IS que justificaram a não implementação de um referencial de acreditação com a “Falta de

verbas”, duas IS foram públicas, seis foram privadas e três sociais. Comparando estes números

com o total de IS não acreditadas em ambos os grupos, estes números são semelhantes entre

público (16,7 %) e privado (15,8 %), mas mostra-se como um fator mais importante para o setor

social (25,0 %).

Apesar de não haver uma totalidade de indícios de que a natureza influencie as decisões

das IS relativamente à acreditação, há vários dados (escolha do referencial, razões para a escolha

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do referencial e motivos de não renovação da acreditação) que apontam que as IS públicas estarão

mais limitadas a nível de verbas para estes projetos.

Passando agora à certificação ISO 9001, começou-se por analisar a percentagem de IS

certificadas em cada grupo (Figura 48). Tal como nos dados relativos à acreditação, não se nota

nestes resultados um grande contributo da natureza. Uma vez que as PPP, tal como na

acreditação, estão todas certificadas, seguindo-se uma maior percentagem de IS públicas

certificadas (83,3 %) do que privadas (54,5 %) e sociais (23,1 %).

Figura 48 – Percentagem (%) de IS inquiridas certificadas pela norma ISO 9001 por natureza da IS.

Outro dado que se decidiu analisar e se mostrou bem mais significativo foi o âmbito da

certificação (Figura 49). Deixando de lado as PPP (100,0 % de certificação por serviços) e as IS

sociais (100,0 % de certificação global), há uma muito maior percentagem de IS privadas (62,5 %)

a implementarem uma certificação global, do que de IS públicas (8,6 %), o que poderá estar

relacionado com os custos e com o fator reputação.

Figura 49 – Percentagem (%) de IS inquiridas certificadas por âmbito da certificação por natureza da IS.

54,5%

100,0%

83,3%

23,1%

Privado PPP Público Social

Natureza

62,5%

8,6%

100,0%

37,5%

100,0% 91,4%

Privado PPP Público Social

Natureza

Global Por serviços

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Relativamente às quatro IS que decidiram não renovar a certificação ISO 9001, estas

fizeram-no por “Mudança de estratégia” e/ou “Mudança para um referencial de acreditação”,

motivos estes que não parecem estar relacionados com a natureza das IS.

Por fim, analisaram-se os motivos que levam as IS a não implementarem a certificação

ISO 9001, mas com especial destaque para a “Falta de verbas” como motivo para a tomada desta

decisão. Assim, das 10 IS que indicaram a “Falta de verbas”, oito IS são privadas (40,0 % das IS)

e as restantes duas IS são sociais (20,0 % das IS), o que demonstra um dado contrário do que

poderíamos antecipar com os custos a parecerem penalizar os privados.

Assim, pode-se concluir que não foi observável uma maior implementação dos referenciais

de acreditação e/ou certificação por parte dos privados, mas que se encontram diferenças entre

públicos e privados, sobretudo ao nível da escolha dos referenciais.

5.3.4. Hipótese 3 (H3)

Hospitais Universitários fazem uma maior aposta em referenciais de certificação

e/ou acreditação

Com esta Hipótese pretendia-se avaliar se o facto de uma IS ser um Hospital Universitário

incentivava-os a implementar referenciais de certificação e/ou acreditação, tendo um maior

compromisso com a qualidade.

Assim, começou-se por verificar quantas das 11 IS universitárias decidiram implementar

um referencial de acreditação. Assim, verificou-se que 72,7 % das IS inquiridas que se identificam

como “Hospital Universitário” optaram por implementar algum dos referenciais de acreditação, o

que mostra que realmente as IS universitárias preocupam-se com a temática da Qualidade.

Quanto à certificação pela norma ISO 9001, 90,9 % das IS universitárias inquiridas já

implementaram em pelo menos um serviço a certificação pela norma ISO 9001 o que mostra,

mais uma vez, que os “Hospitais Universitários” apresentam uma maior sensibilidade para a

Qualidade.

Por fim, analisou-se quais os objetivos futuros das IS universitárias inquiridas, para verificar

se pretendem manter as acreditações e certificações. Assim, verificou-se todas as IS acreditadas

pretendem manter essa mesma acreditação, sendo que uma das IS apresenta uma acreditação

por serviços e pretende alargá-la a mais serviços. Quanto à certificação, das 10 IS inquiridas, sete

reafirmaram pretender renovar essa mesma certificação, havendo ainda duas IS que pretendem

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alargar a certificação pela norma ISO 9001 a mais serviços. Importa ainda realçar que uma das

IS pretende implementar referenciais de acreditação e certificação, contudo ainda não o fez por

ser uma IS recente, estando nos seus objetivos futuros acreditar-se e certificar-se.

Assim, pelos dados analisados, verifica-se que os “Hospitais Universitários” fazem uma

maior aposta nos referenciais de acreditação e certificação.

5.3.5. Hipótese 4 (H4)

Responsáveis pelo preenchimento do inquérito com formação na Área da Qualidade

estão mais informados acerca dos referenciais de certificação e/ou acreditação,

reconhecendo as suas vantagens

Com esta Hipótese pretendia-se verificar se a formação na área da Qualidade influenciava

as respostas bem como a implementação de referenciais de certificação e/ou acreditação, uma

vez que estes profissionais estariam mais informados das suas vantagens.

Assim dos 94 diferentes responsáveis pelo preenchimento do inquérito, apenas sete

referiram ter formação na área da Qualidade. Como não se perguntava especificamente se tinham

formação em Qualidade, é provável que, na verdade, existissem mais inquiridos com este tipo de

formação.

A primeira questão analisada foi o número de IS acreditadas e certificadas em que estes

PS trabalham. Das sete IS com PS formados em Qualidade, quatro optaram por obter uma

acreditação e as sete encontram-se certificadas ou em processo de certificação. Estes resultados

vêm mostrar que quando os PS se encontram informados sobre as normas de acreditação e

certificação, há uma maior probabilidade de que exerçam pressão sobre a IS para que

implementem algum destes referenciais de Qualidade, já que conhecem as suas vantagens.

Outro assunto analisado foi o Grupo E: Acreditação vs Certificação, uma vez que PS com

formação em Qualidade estariam mais informados sobre as vantagens de cada um dos tipos de

referenciais. Contudo, através da primeira pergunta que averiguava qual a complementaridade

entre a acreditação e a certificação, dos sete inquiridos, dois mostraram não ter conhecimento

detalhado sobre os referenciais e um não respondeu a este grupo de questões. Assim, apenas as

respostas de quatro inquiridos serão analisadas nas restantes três perguntas. Relativamente às

vantagens da acreditação, aquela que foi mais referida pelos inquiridos foi “Orientação para

processos clínicos (três PS), o que vai de encontro aos resultados globais. Quanto às vantagens

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da certificação ISO 9001, a mais referida foi “Menores custos associados”, indo, tal como na

acreditação, de encontro aos resultados globais. Estes dois factos vêm realçar que apesar da

grande maioria eventualmente não possuir formação na área da qualidade, têm conhecimento das

vantagens dos diferentes tipos de referenciais. Neste grupo, analisou-se ainda a hierarquização,

que também vem confirmar os resultados globais, com o referencial JCI a ser considerado o mais

relevante (três IS), seguido da certificação ISO 9001 (três IS), da acreditação CHKS (três IS) e, por

fim, da acreditação (ACSA).

Assim, verificou-se que os resultados obtidos para os inquiridos com formação em

Qualidade são os mesmos que se obteve para a população do estudo, apesar de se verificar que

há uma tendência para que as IS onde trabalham estes PS optem por implementar referenciais

de Qualidade.

5.3.6. Hipótese 5 (H5)

Responsáveis pelo preenchimento do inquérito que desempenham funções no DQ das

IS, estão mais informados acerca dos referenciais de certificação e/ou acreditação,

reconhecendo as suas vantagens

Com esta Hipótese pretendia-se avaliar qual o conhecimento acerca dos referenciais de

certificação e/ou acreditação dos PS que desempenham funções no DQ das IS.

Antes da análise propriamente dita das questões, convém realçar um facto que não seria

esperado: dos 37 PS ligados à área da Qualidade (36 Responsáveis pela Qualidade + um Diretor

de Acreditação e Certificação), três referiram estar “acreditados” pela norma ISO 9001. Estando

estes PS responsáveis, de alguma forma, pela Qualidade da sua IS, não seria de esperar que não

conseguissem diferenciar uma acreditação de uma certificação, principalmente no caso do

normativo ISO 9001. Quanto à formação na área da Qualidade, apenas 16,2 % referiram possuir

formação em Qualidade.

O conhecimento dos referenciais por parte deste PS foi mais analisado pelas vantagens

apontadas para cada um dos referenciais.

Relativamente à complementaridade entre referenciais verificou-se que:

51,4 % dos inquiridos com funções nos DQ consideram que os referenciais de

acreditação e certificação são complementares, por oposição a 39,3 % dos PS

que não têm este tipo de funções;

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10,8 % considera que a acreditação é suficiente, enquanto 10,7 % dos PS com

outras funções nas suas IS têm a mesma opinião;

10,8 % acha que a certificação pela norma ISO 9001 é suficiente, percentagem

superior aos 5,4 % de PS sem funções em DQ com esta opinião;

Realçar ainda que o único PS que afirmou que os referenciais não se

complementavam tem funções em DQ.

Com estes resultados pode-se concluir que há uma grande diversidade de opiniões

relativas aos referenciais de certificação e acreditação entre os PS que trabalham nos DQ das IS,

contudo é de realçar que 10,8 % de inquiridos com este tipo de funções, mas sem conhecimento

detalhado sobre os diferentes referenciais é uma fração considerável que não era expectável.

Por fim, analisou-se ainda as vantagens apontadas para cada um dos referenciais. Mais

uma vez, a resposta mais considerada como vantagem da acreditação foi a “Orientação para

processos clínicos” (com muito maior incidência nos PS com funções nos DQ – 51,4 % - do que

naqueles com outras funções – 39,3 %), seguida da “Experiência dos auditores na área da saúde”

(referida por 40,5 % dos inquiridos responsáveis pela Qualidade das suas IS por oposição a 30,4

% dos inquiridos com funções diferentes). Por outro lado, as vantagens da certificação ISO 9001

também foram as comuns, com maior destaque para os “menores custos associados” (48,6 %

dos inquiridos que trabalham nos DQ por oposição a 33,9 % dos restantes inquiridos) e para os

“auditores nacionais” (37,8 % da amostra estudada comparativamente a 25,0 % da restante

população). Esta maior percentagem de referências das diversas vantagens apontadas pelos PS

que trabalham nos DQ por comparação com os restantes PS mostra que apesar de a tendência

ser geral, estas serão realmente as vantagens dos diversos referenciais, uma vez que a amostra

em estudo nesta hipótese deverá estar mais informada sobre os referenciais.

Assim, verificou-se que alguns inquiridos com funções nos DQ mostraram não ter

conhecimento detalhado dos referenciais, com especial destaque para os que referiram que

estavam acreditados pela norma ISO 9001. Apesar de nas vantagens dos referenciais denotar-se

alguma tendência para um maior conhecimento por parte dos PS que fazem parte dos DQ, esta

tendência é pouco relevante quando comparada com o facto de haver uma percentagem de PS

considerável que não conhece os referenciais.

5.3.7. Comparação com os dados documentais

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Como foi apresentado nas Figuras 3 e 4, antes de se proceder ao estudo empírico,

realizou-se uma fase de procura documental de modo a tentar prever a situação que iria encontrar.

Assim, inicialmente previa-se a existência de 27 IS acreditadas por algum referencial,

contudo, pelos resultados do inquérito encontram-se 25 IS acreditadas e 16 IS ainda em

implementação. Fazendo uma análise a cada referencial, denota-se que estavam previstas 14

acreditações pelo CHKS, número este também obtido pela análise dos inquéritos, pelo que aqui

se evidencia o primeiro caso de uma IS que está ainda a implementar o referencial, mas em que

há informação de que já se encontra acreditada. Passando para o referencial JCI, inicialmente era

espectável que estivessem acreditadas por este referencial oito IS, número igualmente obtido nas

respostas ao inquérito (para além destas oito IS, ainda há quatro IS que se encontram a

implementar este referencial). Por fim, analisando os números previstos para o referencial ACSA,

estava prevista a existência de cinco IS com esta acreditação implementada, mas os resultados

do inquérito apenas apresentam três IS atualmente acreditadas, o que está motivado pelo facto

de: uma das IS ser constituída por várias UH, tendo optado por responder ao inquérito

relativamente à acreditação pelo referencial CHKS que está presente em mais UH de forma global,

enquanto a acreditação pelo referencial ACSA está apenas presente em um serviço de um UH

deste CH; uma das IS “excedentes” referiu não estar acreditada por nenhum referencial, no

entanto a própria ACSA refere [69] que essa IS tem um serviço acreditado, o que mostra que o

profissional desta IS encarregue da resposta ao inquérito não tinha conhecimento desta mesma

informação (embora tenha referido que um dos objetivos futuros da IS era implementar a

acreditação pelo referencial ACSA).2

Quanto à certificação pela norma ISO 9001, foram encontradas 42 IS em que havia

referência a esta norma sendo que no total do inquérito foram encontradas 61 IS certificadas pela

norma ISO 9001, bem como outras cinco IS que se encontravam a implementar esta mesma

norma. Analisando as IS em que havia referência à certificação (todas responderam ao inquérito),

uma IS referiu no inquérito que optaram por não renovar esta certificação.

Assim, como resultados globais do inquérito (fins de comparação de resultados

considerou-se que IS em implementação de acreditação ou certificação encontram-se acreditadas

ou certificadas, respetivamente), denota-se que 28,2 % das IS que responderam ao inquérito não

se encontra nem acreditada nem certificada, 32,0 % das IS está apenas certificada, 32,0 % das IS

2 Nesta comparação apenas foram consideradas 24 das acreditações referidas no inquérito, uma vez que uma IS referiu estar acreditada

pelo referencial OECI e ISO 15189, referenciais estes que não foram considerados na pesquisa documental inicial.

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afirmou estar certificada e acreditada e 7,8 % das IS optou apenas pela acreditação (Figura 50).

Comparando estes números com os números encontrados teoricamente (Figura 4), verifica-se que

em todas as situações há mais IS do que o esperado: 33 IS acreditadas e certificadas e não 20,

oito IS acreditadas e não sete e 33 IS certificadas e não 22. Estes números mostram que em todas

as situações há IS que não divulgam as suas políticas de qualidade, divulgação esta que poderia

proporcionar um maior número de utentes a recorrerem aos seus serviços (convém ressalvar que,

nestes resultados do inquérito, IS a implementar referenciais de qualidade foram consideradas

como já os tendo implementado e estas IS naturalmente ainda não terão divulgado este facto,

contudo há IS que já finalizaram a implementação e não o divulgaram).

Figura 50 – Situação perante a qualidade (obtenção ou não de acreditações e/ou certificações) das IS inquiridas (um inquirido não foi considerado uma vez que não referiu se estava certificado pela norma ISO 9001 ou não.

8

33

33

29

Acreditada Certificada

Acreditada e Certificada Nem Acreditada nem Certificada

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6. Conclusão

Este estudo, realizado no sentido de caracterizar as IS portuguesas em matéria de

acreditação e certificação, permitiu extrair diversas conclusões.

De forma geral, verificou-se que a avaliação da qualidade de uma IS pode ser suportada

por três dimensões (licenciamento, acreditação/certificação e benchmarking), que possuem

diferentes valências e contributos para a IS. Focando a acreditação e certificação e os respetivos

referenciais mais aplicados em Portugal, na contextualização teórica salientaram-se as diferentes

características dos referenciais de acreditação CHKS, JCI e ACSA bem como da certificação ISO

9001, salientando-se que nenhum destes referenciais deve ser considerado, genericamente,

melhor que os outros. Todos possuem diferentes vantagens, cabendo à IS uma escolha baseada

nos seus objetivos e limitações.

Da investigação empírica propriamente dita, cujo objetivo era fazer um retrato da situação

portuguesa em matéria de acreditação e certificação, pôde-se tirar diversas conclusões:

1. Como a percentagem de resposta ao inquérito foi de 90,4 %, foi possível

caracterizar a acreditação e certificação de forma bastante próxima à realidade

nacional, já que poucas foram as IS que não responderam ao inquérito que lhes

foi remetido;

2. Os responsáveis pelo preenchimento do inquérito que ocupam cargos em DQ das

IS mostraram possuir pouca formação na Área da Qualidade, embora a pergunta

não fosse direcionada especificamente para esta temática;

3. A implementação de uma política de melhoria contínua é a principal alteração nas

IS motivada pela implementação de um referencial de acreditação, estando os

três referenciais abordados neste estudo equilibrados em termos de número de

IS que os escolheram (o que poderá ter sido motivado pelo facto de os três já

terem sido/serem recomendados em Portugal. Os referenciais CHKS e o JCI

aplicam-se mais à IS como um todo, enquanto o ACSA permite focar apenas uma

parte (serviço). Para uma implementação mais rápida e com menores custos

associados, as IS devem optar pelo referencial ACSA. Contudo, é também o

referencial espanhol aquele que apresenta uma menor satisfação global por parte

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da IS, por oposição ao referencial JCI, que é aquele com o qual as IS estão mais

satisfeitas. Os fatores preponderantes para a não renovação de uma acreditação

implementada são os elevados custos envolvidos no processo, bem como a

vontade da IS mudar de estratégia. Já a complexidade envolvida num processo de

acreditação tem sido a principal entrave à implementação de um referencial deste

tipo em IS que nunca o fizeram;

4. A certificação ISO 9001, que se encontra implementada em mais IS do que a

acreditação, apesar de estar implementada em grande número tanto na

globalidade na IS como em serviços específicos, é mais procurada a nível parcelar.

Esta procura é motivada pelo reconhecimento nacional que a mesma oferece à

IS, bem como pelos princípios da mesma serem úteis para IS, destacando-se o

impacto sobre a sistematização nos processos. Apesar de as IS se mostrarem

satisfeitas com este referencial, a satisfação global com a acreditação pelo

referencial JCI é superior. O principal facto que leva as IS a abandonarem esta

certificação, é a alteração na estratégia da organização, nomeadamente a

implementação de um referencial de acreditação. A complexidade envolvida no

processo de implementação da certificação ISO 9001, bem como os custos

envolvidos na mesma, são os fatores que têm impedido a maioria das IS que não

estão certificadas de o fazer;

5. Os referenciais de acreditação e certificação apresentam um elevado grau de

compatibilidade, com as vantagens de cada um dos processos a contribuir para

a implementação dos mesmos simultaneamente. Apesar de todos os referenciais

possuírem vantagens, o referencial JCI é aquele que se apresenta como o mais

completo para uma IS;

6. A satisfação dos utentes é uma preocupação presente na maioria das IS, não

sendo a satisfação dos PS um fator que preocupe tanto as IS. Apesar disso, o

facto de haver um grande número de IS a implementar referenciais de avaliação

da qualidade não se reflete no número de IS que avalia o impacto desses

processos nos utentes e PS;

7. A avaliação da qualidade continuará a ser focada pelas IS, nomeadamente através

da implementação e/ou renovação dos diversos referenciais neste estudo

focados;

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8. CH, bem como Hospitais Universitários, são grupos de IS que implementam os

referenciais em maior número do que os seus termos de comparação;

9. De forma geral, pode-se concluir que a implementação de referenciais de

qualidade é uma preocupação das IS portuguesas, preocupação esta que deveria

ser mais divulgada.

Apesar do estudo permitir retirar diversas conclusões relevantes que foram de encontro

ao propósito do mesmo, há ainda vários aspetos acerca da acreditação e certificação em Portugal

que seria interessante estudar. Em primeiro lugar, o real impacto destas ferramentas de qualidade

nos resultados, isto é, na melhoria dos cuidados prestados nas IS. Apesar de se ter questionado

o impacto em certos parâmetros, este foi apenas o percecionado pelos PS e não o impacto real

em parâmetros dos processos, procedimentos e resultados que seria interessante estudar quer

entre IS com diferentes referenciais implementados, quer dentro da mesma IS antes e depois da

implementação dos referenciais de avaliação da qualidade. Outra questão seria o impacto nos

utentes e PS: apesar de os inquiridos terem referido fazer a comparação entre os estudos

realizados ao longo dos anos, não foram fornecidos os resultados de modo a que se pudesse

verificar se a implementação dos referenciais de acreditação e/ou certificação tem-se traduzido

num impacto real sobre os utentes e profissionais, impacto este que poderia ser percecionado se

se comparassem os resultados dos inquéritos em anos específicos, como antes e depois da

implementação de uma acreditação. Ainda há um longo percurso a percorrer na análise das

ferramentas de qualidade em Portugal, podendo este estudo servir de ponto de partida ao estudo

de outras variáveis e questões que possam suportar uma escolha por parte das deste tipo de

ferramenta de forma mais ponderada e informada.

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Anexos

Anexo I – Comparação entre as normas CHKS e JCI

Tabela 3 – Tabela comparativa entre secções do CHKS e JCI

Secção 3 Secção 2

Norma 24: Os direitos e as necessidades do

doente (reconhece-se a individualidade de cada

doente)

Direitos do paciente e família

Norma 25: Gestão das reclamações (as

reclamações são usadas para melhorar os

serviços)

Direitos do paciente e família (pequena

referência)

Norma 26: Acessibilidade dos doentes

(resposta imediata e eficaz a todos os doentes

- admissão e alta planeadas)

Acesso a cuidados e continuidade dos mesmos

(admissão no hospital)

Norma 27: Prestação de cuidados aos doentes

em fase terminal (apoio ao doente e familiares)

Cuidados dos pacientes (desde cuidados

simples aos cuidados no fim de vida)

Norma 28: Serviço de assistência espiritual

(assistência diferenciada consoante a religião)

Direitos do paciente e família (pequena

referência)

Norma 28: Serviços mortuários

Objetivos internacionais (comunicação,

medicação e standards mais gerais)

Avaliação (diagnóstico) dos pacientes

(laboratórios, bancos de sangue, radiologia,

etc)

Secção 6: Normais Serviços específicos Anestesia e Cirurgia

Secção 2, Norma 12 Medicação

Norma 24 (pequena referência) Educação do paciente e familiares

Secção 1 Secção 3

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Norma 1: Liderança da organização (valores,

objetivos, papel dos profissionais)

Liderança e direção

Norma 2: Qualidade e governação (sistema de

gestão da qualidade)

Gestão facilitada e segurança

Norma 3: Gestão financeira Gestão facilitada e segurança

Norma 4: Gestão e tecnologia de informação Gestão de informação

Norma 5: Serviço médico (existe uma

hierarquia de médicos)

Qualificação do staff

Norma 6: Serviço enfermagem (existe uma

hierarquia de enfermeiros)

Qualificação do staff

Norma 2

Secção 2, Norma 16

Melhoria da qualidade e segurança do paciente

Secção 2, Norma 13 Prevenção e controlo de infeção

Secção 2

Norma 7: Gestão do risco (maior segurança e

consciência)

Norma 8: Segurança do doente Secção 3: Melhoria da qualidade e segurança

do doente

Norma 9: Segurança e saúde no trabalho

(formação dos PS)

Secção 3: Qualificação do staff

Norma 10: Segurança contra incêndios

(material e formação do pessoal)

Secção 3: Qualificação do staff

Norma 11: Ressuscitação/Reanimação

(formação e equipamento)

Secção 3: Qualificação do staff

Norma 12: Gestão de medicamentos

(segurança na manipulação)

Secção 2: Medicação

Norma 13: Controlo de infeções (minimização

do risco)

Secção 3: Prevenção e controlo de infeção

Norma 14:Serviços de

esterilização/descontaminação

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Norma 15: Gestão de resíduos (clínicos e não

clínicos)

Norma 16: Segurança Secção 3: Gestão facilitada e segurança

Norma 17: Gestão de registos clínicos

Norma 18: Recursos humanos (abordagem

ética à gestão do pessoal)

Norma 19: Serviço de voluntariado (naqueles

que o possuem)

Norma 20: Medicina no trabalho

Norma 21: Aquisição de bens e serviços

Norma 22: Serviços de transporte

Norma 23: Gestão de edifícios e instalações

Secção 4

Norma 30: Serviço alimentação

Norma 31: Serviço limpeza

Norma 32: Serviço administrativo e de

secretariado

Norma 33: Telecomunicações

Secção 5

Norma 34: Gestão do serviço, mão-de-obra e

trabalho de equipa

Norma 35: Planeamento e objetivos

Norma 36: Ambiente do serviço

Norma 37: Tratamentos e cuidados de saúde

Norma 38: Trabalhar com funções

administrativas

Norma 39: Trabalhar com funções

administrativas clínicas

Secção 6

Normas para serviços específicos

Secção 1

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Requisitos gerais (candidatura, auditoria, etc)

Secção 4

Secção específica para hospitais universitários

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Anexo II – Exemplo de Guião Entrevista

Guião Entrevista - Hospital C

Hospital que integra um Grupo Hospitalar, sob a forma de PPP. Em 2004, começou o seu

percurso na área da qualidade, obtendo a acreditação pelo CHKS, a qual foi renovada por quatro

vezes, até 2012. Também na auditoria de renovação da acreditação global, o Hospital A obteve,

pela primeira vez, a certificação ISO 9001:2008 de 13 dos seus Serviços. Relativamente ao SINAS,

12 das 14 áreas avaliadas obtiveram a estrela relativa ao primeiro nível de avaliação na Dimensão

“Excelência Clínica”, classificação esta também verificada nas Dimensões “Segurança do Doente”,

“Instalação e Conforto”, “Focalização no Utente” e “Satisfação do Utente”.

1 - Percurso de Acreditação

1.1 Quando, em 2004, começaram o processo de acreditação, por que razão optaram

por esta ferramenta de qualidade?

1.2 Que razões levaram a optar pelo CHKS?

1.3 Ponderaram outras opções de referenciais de acreditação? Quais?

1.4 No processo de renovação da acreditação quais as maiores dificuldades encontradas?

2 – Percurso de Certificação

2.1 Uma vez acreditados pelo CHKS, qual a intenção da certificação pelo referencial ISO

9001:2008 a alguns serviços de suporte?

2.2 Quais as perspetivas futuras no que respeita à certificação em novos referenciais e/ou

em novos serviços?

2.3 Qual a entidade certificadora?

3 – Acreditação vs Certificação

3.1 Que diferenças salienta em processos baseados em referenciais de acreditação e em

processos baseados no referencial ISO 9001?

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4 – Impacto nos utentes

4.1 Estudaram de alguma forma o impacto, no que respeita à qualidade e segurança, nos

doentes perante o sistema de acreditação hospital e de certificação baseada no

referencial ISO 9001? (perceber se durante as suas diferentes etapas, isto é, antes da

acreditação, durante a acreditação e após a obtenção da certificação e acreditação,

se houve alguma alteração no feedback por parte dos utentes quanto aos serviços

prestados)

5 – Impacto nos prestadores de cuidados de saúde

5.1 Estudaram de alguma forma o impacto, no que respeita aos prestadores de cuidados

de saúde, perante o sistema de acreditação hospital e de certificação baseada no

referencial ISO 9001? (perceber se durante as suas diferentes etapas, isto é, antes da

acreditação, durante a acreditação e após a obtenção da certificação e acreditação,

se houve alguma alteração no feedback por parte dos prestadores de cuidados de

saúde quanto aos serviços prestados)

6 – A acreditação e a certificação continuam a ser um objetivo da organização? Ou

face aos resultados obtidos ponderam fazer mudanças na estratégia?

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Anexo III – Análise Comparativa entre as Entrevistas

Estas entrevistas de recolha de informação foram feitas em três Hospitais diferentes, com

o objetivo de recolher informação e esclarecer algumas dúvidas, para, no seu seguimento,

construir-se um inquérito a ser enviado a todas as IS com internamento portuguesas.

O principal foco das questões colocadas foi a gestão da qualidade nas IS e, deste modo,

abordaram-se os temas da certificação, acreditação, satisfação dos utentes, satisfação dos

prestadores de cuidados de saúde e projetos futuros nesta área.

A escolha destas três Instituições prendeu-se com o facto de todas serem geridas de forma

diferente: público (Hospital A), privado (Hospital B) e PPP (Hospital C) e, consequentemente,

diferentes políticas de qualidade, cujas principais condicionantes nas opções tomadas são, regra

geral, os custos associados.

1. Percurso na Acreditação

Relativamente à acreditação, os três hospitais estão em situações diferentes: o Hospital

A, neste momento não possui nenhum tipo de acreditação, o Hospital B é acreditado pela JCI e o

Hospital C é acreditado pelo CHKS.

O Hospital A foi uma das IS pioneiras a obter a acreditação pelo CHKS no ano de 2001,

contudo acabou por deixar cair a mesma quando obteve a certificação pela norma ISO 9001, por

uma questão de custos envolvidos em cada um dos processos.

O Hospital B obteve a acreditação pela JCI em 2012, sendo o primeiro hospital privado

no norte do país a conseguir fazê-lo. A opção por este referencial foi feita por uma questão de

reconhecimento internacional e também, porque outro Hospital do mesmo Grupo, como é uma

PPP, estava obrigado a fazê-lo em consequência do contrato de gestão existente, decidindo-se,

assim, alargar o processo de acreditação pela JCI às restantes IS do grupo. Apesar de ser um

referencial extremamente rigoroso, este hospital já era certificado pela norma ISO 9001, pelo que

não foi necessário começar este processo pela raiz (algumas políticas são similares).

O Hospital C é acreditado pelo CHKS desde 2004, hospital este que como era gerido num

regime público na altura, não possuía uma dimensão de organização, nem cultura de registo,

vindo a acreditação colmatar esta lacuna. Para além desta necessidade, existiam fundos

comunitários e programas nacionais, como o extinto Saúde XXI, que promoviam a acreditação,

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através de disponibilização de incentivos financeiros. Assim, acabou por optar-se pelo referencial

preconizado à data pelo Instituto da Qualidade em Saúde: o CHKS. Contudo, a opção pela JCI

também não seria razoável para esta Instituição devido aos elevados custos envolvidos no processo

de acreditação por este referencial: o processo de 3 anos de acreditação do CHKS tem o custo de

30000€ (sem estadias), enquanto cada uma das auditorias realizadas pela JCI (que duram

aproximadamente uma semana), tem um custo aproximado de 50000€. Para além disso, a JCI

exige tradutores credenciados, enquanto o CHKS utiliza uma plataforma online de tradução, o que

leva a um acréscimo de custo para o primeiro. A nível de princípios, a JCI acaba por ser mais

exigente em diversos parâmetros, como a efetividade clínica, contudo, os custos envolvidos, não

justificam que se opte por este referencial. No último manual do CHKS (2013) há uma tentativa

de aproximação ao referencial da JCI nesta matéria, incluindo no seu processo alguns indicadores

clínicos.

2. Percurso de Certificação

Todas as IS visitadas encontram-se, neste momento, certificadas pela norma ISO 9001.

O Hospital A obteve a certificação ao abrigo da norma ISO 9001 dos serviços de Anatomia

Patológica, Esterilização e Hemoterapia, em 2006, devido a um programa de incentivo monetário

para obter este tipo de certificação, tendo esta sido concedida pela APCER. Contudo, acabou por

verificar-se que não fazia sentido apenas alguns dos serviços estarem certificados, e passou-se

para uma certificação global de todo o Hospital A e, em 2012, de toda a ULS em que está inserido,

certificação esta concedida pela SGS. Entre as especificidades da ISO 9001 que se podem

destacar estão a frequente formação dos profissionais de saúde, a sistematização dos processos

e o manual de qualidade transversal aos vários serviços complementado com documentos mais

específicos de cada serviço.

O Hospital B é certificado globalmente pela norma ISO 9001 há 11 anos, contudo este

domínio da qualidade começa a ser desvalorizado e, por isso, a aposta desta Instituição na

acreditação pela JCI. Apesar de ser um processo francamente mais barato, este acaba por

descurar um pouco a vertente clínica, havendo auditores com poucas competências para conduzir

o processo (principalmente no caso da Bureau Veritas, entidade certificadora desta IS).

O Hospital C apostou na certificação dos seus serviços de apoio e suporte pela norma ISO

9001 em 2012, uma vez que o contrato de gestão desta Instituição assim o exigia.

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Quanto ao referencial ACSA, que é o referencial de acreditação preconizado pelo Ministério

da Saúde, todas as IS visitadas consideram-no incipiente para a sua IS e, por isso, consideram

que está mais adequado a Centros de Saúde, por exemplo, que não possuem nenhum tipo de

acreditação ou certificação.

3. Certificação vs Acreditação

Tendo em conta que todas as IS visitadas passaram por ambos os referenciais, os

Responsáveis pela Qualidade destas IS revelaram que estes processos acabam por se

complementar de alguma forma.

A Dra. Ana (nome fictício), do Hospital A, considera que a certificação possui algumas

vantagens que levaram esta Instituição a optar por esta ferramenta de qualidade: os auditores são

nacionais, o processo é menos burocrático e há menores custos envolvidos no processo. Contudo,

a ISO 9001 não pormenoriza certos parâmetros especificamente hospitalares, ao contrário dos

referenciais de acreditação. Esta limitação acaba por ser colmatada pelo facto de o Hospital A ter

estado acreditado durante muitos anos, pelo que os princípios preconizados pelo referencial

adotado à data ficaram bem "enraizados" nesta Instituição e continuam a ser seguidos pelos

profissionais de saúde.

A Dra. Maria e o Dr. João (nomes fictícios), do Hospital B, consideram a certificação,

nomeadamente pelo normativo ISO 9001, mais administrativa, menos clínica e, por isso, a opção

recente pela acreditação da JCI. A nível de custos, uma certificação e uma acreditação não são

comparáveis. A opção especificamente pela JCI deveu-se ao facto de ser o referencial mais

rigoroso, mais abrangente e com maior reconhecimento internacional, considerando-o, por isso,

melhor que o CHKS.

A Dra. Joana (nome fictício), do Hospital C, vê a junção de vários referenciais de qualidade

como uma fusão sinérgica e potencialmente multiplicadora, sendo que a certificação e

reacreditação permitiram a esta Instituição aplicar processos de qualidade que garantem uma

prática clínica mais segura e efetiva. Ambos os referenciais dão contributos positivos: a certificação

dá um grande auxílio ao nível dos registos e a acreditação revela uma melhor articulação clínica.

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4. Impacto nos utentes

Apesar de os Responsáveis pela Qualidade destas IS considerarem que a implementação

de referenciais de certificação e acreditação afeta de forma positiva os utentes, apenas o Hospital

C apresenta algum estudo que o comprove.

No Hospital A, apesar de se fazer um estudo de satisfação do utente anual, estes dados

não são comparados de ano para ano, pelo que não há qualquer comparação entre os vários

períodos relativos a certificação e acreditação a este nível. Contudo, a Dra. Ana vai averiguar se

tem os dados relativos aos anos de transição nas políticas de qualidade.

No Hospital B, os inquéritos de satisfação dos utentes têm revelado, todos os anos, uma

classificação de 9 em 10 valores, o que na prática acaba por ser uma melhoria de ano para ano,

porque cada vez mais os utentes são mais exigentes, principalmente no setor privado.

No Hospital C, os benefícios associados à certificação e acreditação têm estado

claramente evidentes nos resultados dos indicadores de satisfação dos utentes e familiares.

Registou-se, em 2012, um decréscimo de 35,0 % em relação ao total de reclamações observadas

em 2011, mantendo-se uma tendência semelhante até hoje - 2014. Também o estudo da

qualidade apercebida e da satisfação dos utentes realizado anualmente desde 2011 evidencia que

os utentes do Hospital C estão muito satisfeitos, atribuindo um índice global de satisfação de 81,0

pontos em 2014, numa escala de 0 a 100.

5. Impacto nos prestadores de cuidados de saúde

No caso dos prestadores de cuidados de saúde, nenhuma das IS revelou dados que

suportem o facto de considerarem que as certificações e acreditações hospitalares têm um

impacto positivo.

No Hospital A, mais uma vez, é feito um estudo de satisfação dos profissionais de saúde,

contudo esses dados não são comparados de ano para ano.

No Hospital B é feito um estudo da satisfação dos profissionais de saúde, de 2 em 2 anos,

sendo que o último estudo feito foi em 2012, ano o qual em que esta IS ainda não estava

acreditada. Contudo, a acreditação traz uma maior uniformização e sistematização dos processos,

levando a que o doente tenha um maior seguimento e segurança no pré e pós cirurgia, por

exemplo, o que leva a uma maior satisfação do médico que segue esse doente.

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No Hospital C, o estudo de satisfação dos prestadores de cuidados de saúde tem revelado

uma subida da nota global. Contudo, este estudo também vê-se influenciado pela mudança de

instalações do hospital, alteração que carece de um período de adaptação dos profissionais de

saúde que transitaram do Hospital S. Marcos para o Hospital C.

6. Futuro

As três IS apresentam diferentes objetivos para o futuro do seu hospital ao nível da

qualidade.

O Hospital A pretende continuar com a sua política de contenção de custos e, deste modo,

"deixar cair" a certificação, uma vez que esta já se encontra bem assimilada pela estrutura da

Instituição e, deste modo, acaba por não se justificar o custo de renovação da certificação (para

além de que esta Instituição possui uma equipa de auditores interna multidisciplinar que assegura

a manutenção dos princípios nas auditorias que fazem anualmente). Contudo, pretendem

implementar os princípios Kaizen de otimização de processos sistemáticos, levando-os à

excelência. Este já foi implementado nos armazéns e verificou-se a sua eficácia extrema. Como

esta otimização é feita pelos próprios profissionais da Instituição acaba por também ser um fator

de motivação para os mesmos.

O Hospital B considera que atingiu o topo no que toca e, deste modo, o futuro passa pela

reacreditação pela JCI, processo este que acaba por ser mais exigente do que a obtenção desta

acreditação, uma vez que os auditores tornam-se mais exigentes. Relativamente à certificação pelo

normativo ISO 9001, a intenção passa por não renová-lo, uma vez que a acreditação pela JCI está

acima desta certificação (apenas renovariam a certificação ISO 9001 se achassem que não

conseguiriam obter a reacreditação pela JCI).

O Hospital C está um pouco condicionado pelo seu contrato de gestão, que estipula que

a certificação pelo normativo ISO 9001 e a acreditação pelo CHKS têm de ser renovadas, assim

como a certificação ambiental pela norma ISO 140001. No futuro próximo pretendem ainda a

certificação dos procedimentos de saúde e segurança no trabalho pelo normativo OHSAS 18001.

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Anexo IV - Inquérito

Na sequência da celebração de um protocolo de colaboração entre a Universidade do

Minho (UM) e a Entidade Reguladora da Saúde (ERS), encontro-me a realizar um estágio curricular

na ERS, o qual decorrerá no presente ano letivo, integrado no 5º Ano do Mestrado Integrado em

Engenharia Biomédica ­ Ramo de Engenharia Clínica.

Com o presente inquérito pretende­se fazer o retrato da situação atual em Portugal, em

matéria de certificação e acreditação em Instituições de Saúde (IS) com internamento de agudos.

Neste inquérito, por uma questão de comparação futura entre os diferentes referenciais são

designados por acreditação os referenciais CHKS, JCI e ACSA e por certificação o referencial ISO

9001.

De fácil leitura e rápido preenchimento, o principal foco das questões colocadas é os

sistemas de gestão da qualidade nas IS e, deste modo, abordar-se-ão os temas da certificação,

acreditação, satisfação dos utentes e satisfação dos profissionais de saúde, incluindo futuros

projetos nesta área.

Agradeço desde já a disponibilidade para colaborar neste estudo,

Guilherme Costa

Existem 60 perguntas neste inquérito

A: Dados Gerais

1 [A1]A1: Instituição *

Por favor, escreva aqui a sua resposta:

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2 [A2]A2: Tipo de Instituição *

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

Hospital

Centro Hospitalar

Unidade Local de Saúde

Outro

3 [A3]A3: No caso de se tratar de um Centro Hospitalar/Unidade Local de Saúde, qual ou quais as IS com Internamento que o constituem?

Por favor, escreva aqui a(s) sua(s) resposta(s):

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4 [A4]A4: Natureza da Instituição *

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

Público

Privado

Social

Parceria Público­Privada

Outro

5 [A5]A5: Hospital Universitário *

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

Sim

Não

B: Identificação do responsável pelo preenchimento do inquérito

6 [B1]B1: Nome *

Por favor, escreva aqui a sua resposta:

7 [B2]B2: Formação Profissional *

Por favor, escreva aqui a sua resposta:

8 [B3]B3: Anos de serviço nesta IS *

Por favor, escreva aqui a sua resposta:

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9 [B4]B4: Função desempenhada nesta IS *

Por favor, escreva aqui a sua resposta:

10 [B5]B5: Email *

Por favor, escreva aqui a sua resposta:

11 [B6]B6: Contacto Telefónico

Por favor, escreva aqui a sua resposta:

C: Acreditação

12 [C1]C1: Encontram-se acreditados segundo algum referencial? *

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

Sim

Não

Em implementação

Se respondeu "Não" a esta pergunta, avance para a pergunta C12.

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13 [C2]C2: Quais as necessidades da IS que acharam que seriam colmatadas com uma acreditação?

Por favor, selecione todas as que se aplicam:

Sistematização dos processos

Sensibilização dos profissionais de saúde para a qualidade

Reconhecimento das boas práticas da IS

Avaliação periódica

Atrair profissionais de saúde especializados

Adoção de uma política de melhoria contínua

Outro:

14 [C3]C3: Qual o referencial de acreditação?

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

JCI ­ Joint Commission International

CHKS ­ Caspe Healthcare Knowledge Systems

ACSA ­ Agencia de Calidad Sanitaria de Andalucía

Outro

15 [C4]C4: Qual o âmbito desta acreditação?

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

Global

Por serviços

Outro

Se respondeu "Global" a esta pergunta, avance para a pergunta C6.

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16 [C5]C5: Qual ou quais os serviços acreditados?

Por favor, escreva aqui a(s) sua(s) resposta(s):

17 [C6]C6: Em que ano obtiveram esta acreditação?

Por favor, escreva aqui a sua resposta:

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18 [C7]C7: Quantas vezes obtiveram a reacreditação?

Por favor, escreva aqui a sua resposta:

19 [C8]C8: Quanto tempo, em meses, demorou a implementação do sistema de acreditação, desde o início do processo até à obtenção da mesma?

Por favor, escreva aqui a sua resposta:

20 [C9]C9: Quais os motivos que levaram à escolha deste referencial de acreditação?

Por favor, selecione todas as que se aplicam:

Princípios do referencial

Complexidade envolvida

Reconhecimento nacional

Reconhecimento internacional

Custos envolvidos

Recomendação externa

Tempo de implementação

Outro:

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No final desta pergunta, avance para o grupo de perguntas D.

21 [C10]C10: Qual o grau de impacto da acreditação que atribui a cada um dos seguintes parâmetros?

Por favor, selecione uma resposta apropriada para cada item:

1 2 3 4 5

Sistematização dos processos

Comunicação interna entre os diferentes profissionais de saúde

Multidisciplinaridade das equipas

Racionalização dos recursos

Ocorrência de eventos adversos

Perceção de qualidade pelos profissionais de saúde

Desenvolvimento das capacidades dos profissionais de saúde

Satisfação dos utentes

Satisfação dos profissionais de saúde

Considere:

Nível 5: Grande impacto positivo

Nível 4: Impacto positivo

Nível 3: Sem impacto

Nível 2: Impacto negativo

Nível 1: Grande impacto negativo

22 [C11]C11: Qual o vosso grau de satisfação com o referencial adotado, sendo 5 totalmente satisfeito e 1 muito insatisfeito?

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

1

2

3

4

5

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24 [C13]C13: Em que ano obtiveram essa acreditação?

Por favor, escreva aqui a sua resposta:

25 [C14]C14: Em que ano perderam essa acreditação?

Por favor, escreva aqui a sua resposta:

26 [C15]C15: Qual o referencial de acreditação?

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

JCI ­ Joint Commission International

CHKS ­ Caspe Healthcare Knowledge Systems

ACSA ­ Agencia de Calidad Sanitaria de Andalucía

Outro

23 [C12]C12: Já estiveram acreditados segundo algum referencial?

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

Sim

Não

Se respondeu "Não" a esta pergunta, avance para a pergunta C17.

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27 [C16]C16: Por que razão não renovaram essa acreditação?

Por favor, selecione todas as que se aplicam:

Falta de verbas

Invisibilidade de melhorias na instituição

Complexidade envolvida

Morosidade de implementação

Mudança de referencial de acreditação

Mudança para um referencial de certificação

Falta de envolvimento dos colaboradores

Mudança de estratégia

Outro:

No final desta pergunta, avance para o grupo de perguntas D.

28 [C17]C17: Por que razão nunca avançaram para uma acreditação?

Por favor, selecione todas as que se aplicam:

Falta de verbas

Invisibilidade de melhorias que poderia trazer à IS

Complexidade envolvida

Tempo de implementação

Já se encontravam certificados

Outro:

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D: Certificação ISO 9001

29 [D1]D1: Encontram-se certificados pela norma ISO 9001? *

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

Sim

Não

Em implementação

Se respondeu "Não" a esta pergunta, avance para a pergunta D11.

30 [D2]D2: Qual a entidade certificadora?

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

APCER ­ Associação Portuguesa de Certificação

SGS ICS ­ Serviços Internacionais de Certificação, Lda.

Lloyd's Register EMEA ­ Portugal

Bureau Veritas Certification Portugal, Unipessoal, Lda.

EIC ­ Empresa Internacional de Certificação, S.A.

TUV Rheinland Portugal, Inspeções Técnicas, Lda.

Asociación Española de Normalización y Certificación

CERTIF ­ Associação para a Certificação

Outro

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31 [D3]D3: O âmbito da certificação envolve a:

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

Globalidade dos serviços

Por serviços

Outro

Se respondeu "Global" a esta pergunta, avance para a pergunta D5.

32 [D4]D4: Qual ou quais os serviços englobados no âmbito da certificação?

Por favor, escreva aqui a(s) sua(s) resposta(s):

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33 [D5]D5: Em que ano obtiveram a certificação pela norma ISO 9001?

Por favor, escreva aqui a sua resposta:

34 [D6]D6: Quantas vezes obtiveram a renovação desta certificação?

Por favor, escreva aqui a sua resposta:

35 [D7]D7: Quanto tempo, em meses, demorou a implementação do sistema de certificação, desde o início do processo até à obtenção da mesma?

Por favor, escreva aqui a sua resposta:

36 [D8]D8: Quais os motivos que levaram a enveredar pela escolha deste referencial de certificação?

Por favor, selecione todas as que se aplicam:

Princípios do referencial

Complexidade envolvida

Reconhecimento nacional

Reconhecimento internacional

Custos envolvidos

Recomendação externa

Tempo de implementação

Outro:

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37 [D9]D9: Qual o grau de impacto da certificação que atribui a cada um dos seguintes parâmetros?

Por favor, selecione uma resposta apropriada para cada item:

1 2 3 4 5

Sistematização dos processos

Comunicação interna entre os diferentes profissionais de saúde

Multidisciplinaridade das equipas

Racionalização dos recursos

Ocorrência de eventos adversos

Perceção de qualidade pelos profissionais de saúde

Desenvolvimento das capacidades dos profissionais de saúde

Satisfação dos utentes

Satisfação dos profissionais de saúde

Considere:

Nível 5: Grande impacto positivo

Nível 4: Impacto positivo

Nível 3: Sem impacto

Nível 2: Impacto negativo

Nível 1: Grande impacto negativo

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38 [D10]D10: Qual o vosso grau de satisfação com a certificação pela norma ISO 9001, sendo 5 totalmente satisfeitos e 1 muito insatisfeitos?

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

1

2

3

4

5

No final desta pergunta, avance para o grupo de perguntas E.

39 [D11]D11: Já estiveram certificados pela norma ISO 9001?

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

Sim

Não

Se respondeu "Não" a esta pergunta, avance para a pergunta D15.

40 [D12]D12: Em que ano obtiveram essa certificação?

Por favor, escreva aqui a sua resposta:

41 [D13]D13: Em que ano perderam essa certificação?

Por favor, escreva aqui a sua resposta:

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42 [D14]D14: Por que razão não renovaram a certificação pela norma ISO 9001?

Por favor, selecione todas as que se aplicam:

Falta de verbas

Invisibilidade das melhorias na instituição

Complexidade envolvida

Morosidade de implementação

Mudança de referencial de certificação

Mudança para um referencial de acreditação

Falta de envolvimento dos colaboradores

Mudança de estratégia

Outro:

No final desta pergunta, avance para o grupo de perguntas E.

43 [D15]D15: Por que razão optaram por não obter uma certificação pela norma ISO 9001?

Por favor, selecione todas as que se aplicam:

Falta de verbas

Complexidade envolvida

Invisibilidade de melhorias que poderia trazer à IS

Tempo de implementação

Já se encontravam certificados por outro referencial

Já se encontravam acreditados

Outro:

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E: Acreditação vs Certificação

44 [E1]E1: Qual a vossa opinião relativamente à complementaridade dos referenciais referidos de certificação e de acreditação? *

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

Ambos são complementares

O referencial de acreditação é suficiente

O referencial ISO 9001 é suficiente

Ambos são pouco úteis na prática

São incompatíveis

Não se complementam

Desconheço os referenciais

Outro

45 [E2]E2: Que vantagens salienta dos processos baseados em referenciais de acreditação relativamente aos processos baseados na certificação pelo referencial ISO 9001?

Por favor, selecione todas as que se aplicam:

Experiência dos auditores na área da saúde

Orientação para processos clínicos

Reconhecimento internacional

Reconhecimento nacional

Maior complexidade

Atraente para Profissionais de Saúde qualificados

Nenhuma

Outro:

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46 [E3]E3: Que vantagens salienta dos processos baseados na certificação pelo referencial ISO 9001 relativamente aos processos baseados em referenciais de acreditação?

Por favor, selecione todas as que se aplicam:

Auditores nacionais

Menores custos associados

Menor complexidade

Reconhecimento nacional

Reconhecimento internacional

Atraente para Profissionais de Saúde qualificados

Nenhuma

Outro:

47 [E4]E4: Hierarquize os seguintes referenciais de acreditação (CHKS, JCI e ACSA) e certificação (ISO 9001), daquele que acha que é mais relevante (1) para uma IS para aquele que considera menos relevante (4). *

Por favor, numere cada caixa pela ordem da sua preferência de 1 a 4

Referencial de Acreditação CHKS

Referencial de Acreditação JCI

Referencial de Acreditação ACSA

Referencial ISO 9001

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F: Satisfação dos utentes

48 [F1]F1: Fazem estudos de satisfação dos utentes? *

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

Sim

Não

Se respondeu "Não" a esta pergunta, avance para a pergunta F5.

49 [F2]F2: Com que periodicidade?

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

Semestral

Anual

Bianual

Outro

50 [F3]F3: É feita a análise comparativa de dados recolhidos nesse estudo de satisfação dos utentes com dados recolhidos em períodos anteriores?

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

Sim

Não

51 [F4]F4: No caso de possuírem os dados relativos à satisfação dos utentes em diferentes períodos (por exemplo, antes e depois da acreditação), podem fornecê-los?

Kindly attach the aforementioned documents along with the survey

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52 [F5]F5: É feito um estudo de avaliação do impacto dos sistemas de acreditação e/ou certificação nos utentes?

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

Sim

Não

53 [F6]F6: Se sim, qual o impacto da adoção de referenciais de acreditação e/ou certificação percecionado pelos utentes?

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

Não afetam

Ambos afetam de forma positiva

Ambos afetam de forma negativa

A acreditação afeta de forma positiva e a certificação baseada no referencial ISO 9001

não afeta

A acreditação afeta de forma positiva e a certificação baseada no referencial ISO 9001

afeta de forma negativa

A certificação baseada no referencial ISO 9001 afeta de forma positiva e a acreditação

não afeta

A certificação baseada no referencial ISO 9001 afeta de forma positiva e a acreditação

afeta de forma negativa

Outro

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G: Satisfação dos profissionais de saúde

54 [G1]G1: Fazem estudos de satisfação dos profissionais de saúde? *

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

Sim

Não

Se respondeu "Não" a esta pergunta, avance para a pergunta G5.

55 [G2]G2: Com que periodicidade?

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

Semestral

Anual

Bianual

Outro

56 [G3]G3: É feita a análise comparativa de dados recolhidos nesse estudo de satisfação dos profissionais de saúde com dados recolhidos em períodos anteriores?

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

Sim

Não

57 [G4]G4: No caso de possuírem os dados relativos à satisfação dos profissionais de saúde em diferentes períodos (por exemplo, antes e depois da acreditação), podem fornecê­los?

Kindly attach the aforementioned documents along with the survey

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139

58 [G5]G5: É feito um estudo de avaliação do impacto dos sistemas de acreditação e/ou certificação nos profissionais de saúde?

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

Sim

Não

59 [G6]G6: Se sim, qual o impacto da adoção de referenciais de acreditação e/ou certificação percecionado pelos profissionais de saúde?

Por favor, selecione apenas uma das seguintes opções:

Não afetam

Ambos afetam de forma positiva

Ambos afetam de forma negativa

A acreditação afeta de forma positiva e a certificação baseada no referencial ISO 9001

não afeta

A acreditação afeta de forma positiva e a certificação baseada no referencial ISO 9001

afeta de forma negativa

A certificação baseada no referencial ISO 9001 afeta de forma positiva e a acreditação

não afeta

A certificação baseada no referencial ISO 9001 afeta de forma positiva e a acreditação

afeta de forma negativa

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140

H: Objetivos futuros

60 [H1]H1: Quais os objetivos estratégicos futuros da vossa IS, no âmbito da acreditação e/ou certificação? *

Por favor, selecione todas as que se aplicam:

Manter a visão e a missão atuais

Renovar a acreditação atual

Implementar um referencial de acreditação CHKS

Implementar um referencial de acreditação JCI

Implementar um referencial de acreditação ACSA

Não renovar a acreditação atual

Renovar a certificação ISO 9001

Implementar um referencial de certificação ISO 9001

Não renovar a certificação ISO 9001

Outro:

Obrigado pela colaboração!

01.01.1970 – 01:00

Submeter o seu inquérito

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141

Anexo V – Email de Envio do Inquérito

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142

Anexo VI – IS Respondentes

Tabela 4 – Nome das IS com internamento de agudos que responderam ao inquérito

Nome Prestador

British Hospital Lisbon XXI, SA

Casa de Repouso de Coimbra

Casa de Saúde da Boavista

Casa de Saúde de Amares, Lda.

Casa de Saúde de Guimarães, SA

Casa de Saúde de S. Mateus, SA

CH Barreiro Montijo, EPE

CH Cova da Beira, EPE

CH de Leiria, EPE

CH de São João, EPE

CH de Setúbal, EPE

CH de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE

CH de Vila Nova de Gaia/Espinho, EPE

CH do Algarve, EPE

CH do Alto Ave, EPE

CH do Baixo Vouga, EPE

CH do Médio Ave, EPE

CH do Médio Tejo, EPE

CH do Oeste

CH do Porto, EPE

CH Entre Douro e Vouga, EPE

CH e Universitário de Coimbra, EPE

CH Lisboa Central, EPE

CH Lisboa Norte, EPE

CH Lisboa Ocidental, EPE

CH S. Francisco, SA - Unidade de Leiria

CH Tâmega e Sousa, EPE

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CH Tondela - Viseu, EPE

Clínica CUF Cascais, SA

Clínica de Todos-Os-Santos

Clinigrande - Clínica da Marinha Grande, Lda.

Clipóvoa - Hospital Privado

CLIRIA - Hospital Privado de Aveiro, SA

CLISA - Clínica de Sto. António, SA

COGE - Clínica Obstétrica e Ginecológica de Espinho

HME - Gestão Hospitalar, SA

Hospital Agostinho Ribeiro – Felgueiras

Hospital António Lopes - Póvoa de Lanhoso

Hospital Arcebispo João Crisóstomo – Cantanhede

Hospital Beatriz Ângelo – Loures

Hospital CUF Descobertas, SA

Hospital CUF Infante Santo, SA

Hospital CUF Porto, SA

Hospital CUF Torres Vedras, SA

Hospital da Arrábida

Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa

Hospital da Luz, SA

Hospital da Misericórdia da Mealhada

Hospital da Misericórdia de Vila Verde

Hospital da Prelada

Hospital da Sta. Casa da Misericórdia de Lousada

Hospital da Sta. Casa da Misericórdia de Vila do Conde

Hospital da Sta. Casa da Misericórdia do Entroncamento

Hospital de Avelar

Hospital de Braga

Hospital de Cascais (PPP)

Hospital de Fão - Sta. Casa da Misericórdia de Fão

Hospital de S. Louis

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144

Hospital de Sant'iago

Hospital de Sta. Maria – Porto

Hospital de Sta. Maria Maior – Barcelos

Hospital de Vila Franca de Xira

Hospital Distrital da Figueira da Foz, EPE

Hospital Distrital de Santarém, EPE

Hospital Divino Espírito Santo de Ponta Delgada

Hospital do Espírito Santo, EPE – Évora

Hospital dos SAMS

Hospital Dr. Francisco Zagalo – Ovar

Hospital Escola da Universidade Fernando Pessoa

Hospital Garcia de Orta, EPE

Hospital José Luciano de Castro – Anadia

Hospital Lusíadas Albufeira

Hospital Lusíadas Faro

Hospital Lusíadas Lisboa

Hospital Lusíadas Porto

Hospital Magalhães Lemos

Hospital Misericórdia de Paredes, SA

Hospital Narciso Ferreira - Riba de Ave

Hospital Particular de Viana do Castelo

Hospital Particular do Algarve, SA

Hospital Privado da Trofa, SA

Hospital Privado de Santarém

Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE

Hospital São Gonçalo Lagos

Hospital São João de Deus - Montemor-o-Novo

HPAV - Hospital Privado de Alfena, SA

HPB - Hospital Privado de Braga

HPBN - Hospital Privado da Boa Nova, SA

Instituto Português de Oncologia de Coimbra Francisco Gentil, EPE

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145

Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, EPE

Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil, EPE

INTERCIR - Centro Cirúrgico de Coimbra, SA

Montepio Rainha Dona Leonor - Associação Mutualista

Sanfil - Casa de Saúde de Sta. Filomena, SA

ULS da Guarda, EPE

ULS de Castelo Branco, EPE

ULS de Matosinhos, EPE

ULS do Alto Minho, EPE

ULS do Baixo Alentejo, EPE

ULS do Litoral Alentejano, EPE

ULS do Nordeste, EPE

ULS do Norte Alentejano, EPE

Venerável Irmandade de N.ª Sra. da Lapa

Venerável Ordem Terceira de S. Francisco do Porto

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Anexo VII – Serviços Certificados nas IS

Tabela 5 – Listagem de número de IS com certos serviços certificados pela norma ISO 9001

Serviços Número de IS

Esterilização 20

Imunohemoterapia 19

Farmácia 15

Anatomia Patológica 11

Patologia Clínica 9

Imagiologia 8

Bloco Operatório 5

Procriação Medicamente Assistida 5

Cirurgia Ambulatório 4

Medicina Transfusional 4

Alimentação 3

Cuidados Intensivos 3

Internamento 3

Logística 3

Medicina da Reprodução 3

Radioterapia 3

Recursos Humanos 3

Apoio e Suporte 2

Comissão de Controlo de Infeção 2

Consulta externa 2

Gabinete da Qualidade 2

Gastrenterologia 2

Hospital de Dia Polivalente 2

Instalações e Equipamento 2

Medicina Física e Reabilitação 2

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Nefrologia 2

Pediatria 2

Radiologia 2

Segurança e Higiene 2

Administração 1

Análises Clínicas 1

Anatomia 1

Anestesiologia 1

Aprovisionamento 1

Banco de Olhos 1

Clínica de Risco Familiar 1

Compras 1

Comunicação e Imagem 1

Cuidados Intermédios 1

Cuidados Paliativos 1

Dadores de Sangue 1

Diálise 1

Edifício 1

Endoscopia 1

Especialidades Cirúrgicas 1

Especialidades Médicas 1

Formação 1

Gerais 1

Hematologia Clínica 1

HematoOncologia 1

Hemoterapia 1

Hotelaria 1

Humanização 1

Imunoalergologia 1

Laboratório Centralizado Corelab 1

Laboratórios 1

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148

Laboratórios de Água 1

Lavandaria 1

Limpeza 1

Medicina Laboratorial Imuno 1

Medicina Molecular 1

Medicina Nuclear 1

Microbiologia 1

Negociação e Gestão de Contratos 1

Neonatologia 1

Planeamento e Controlo de Gestão 1

Posto de Colheitas 1

Psiquiatria 1

Resíduos 1

SIV 1

Social 1

Tecnologias da Informação 1

Transplantação de Progenitores Hematopoiéticos 1

Transplante de Córnea 1

Transportes 1

Unidade de AVC 1

Urgência 1

Urgência Obstétrica e Ginecológica 1

VMER 1

Medicina Fetal 1

Medicina Interna 1