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Fundo Monetário Internacional Guiné-Bissau: Carta de Intenções, Memorando de Política Económica e Financeira e Memorando Técnico de Entendimento 16 de Novembro de 2008 O documento a seguir é uma Carta de Intenções do Governo da Guiné-Bissau na qual se descrevem as políticas que o país pretende implementar no contexto da sua solicitação de um programa ao abrigo do Instrumento de Apoio à Política Económica (PSI) do FMI. O documento é de propriedade da Guiné- Bissau e está a ser publicado no website do FMI, com a autorização do país, como um serviço aos utilizadores do website do FMI .

Guiné-Bissau: Carta de Intenções, Memorando de Política ... · 16 de Novembro de 2008 O documento a seguir é uma Carta de Intenções do Governo da Guiné-Bissau na qual se descrevem

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Fundo Monetário Internacional

Guiné-Bissau: Carta de Intenções, Memorando de Política Económica e Financeira e Memorando Técnico de Entendimento 16 de Novembro de 2008

O documento a seguir é uma Carta de Intenções do Governo da Guiné-Bissau na qual se descrevem as políticas que o país pretende implementar no contexto da sua solicitação de um programa ao abrigo do Instrumento de Apoio à Política Económica (PSI) do FMI. O documento é de propriedade da Guiné-Bissau e está a ser publicado no website do FMI, com a autorização do país, como um serviço aos utilizadores do website do FMI.

CARTA DE INTENÇÕES

Bissau, 16 de Novembro de 2010 Sr. Dominique Strauss-Kahn Director-Geral Fundo Monetário Internacional Washington, D.C. 20431 EUA Senhor Director-Geral,

1. A presente carta e o Memorando de Políticas Económicas e Financeiras (MPEF) que a acompanha actualizam e complementam a nossa correspondência datada de 11 de Março de 2010, descrevem o desempenho no âmbito do programa económico do governo para 2010 e apresentam o programa económico proposto para 2011.

2. O programa económico do governo, apoiado por um acordo trienal no âmbito da Facilidade de Crédito Alargado (ECF, na sigla original em inglês), prossegue no rumo traçado. Foram cumpridos todos os critérios de desempenho até ao final de Junho de 2010, bem como os indicadores de referência estruturais relativos à primeira avaliação do programa (ver as Tabelas 1 e 2 do MPEF). Com a excepção da meta indicativa para os gastos sociais e outros gastos prioritários, também foram cumpridas todas as metas quantitativas para o final de Junho. O governo está empenhado em acelerar a implementação do seu programa de investimento e de gastos prioritários, em linha com o financiamento disponível.

3. Em vista desse desempenho, o Governo da Guiné-Bissau solicita que seja concluída a primeira avaliação do acordo ECF e que seja efectuado o segundo desembolso ao abrigo do referido acordo, no montante de DSE 2.414 milhões. A conclusão da primeira avaliação ajudará a assentar as bases para que a Guiné-Bissau alcance o ponto de conclusão da Iniciativa HIPC para os países pobres muito endividados no final de 2010.

4. O MPEF anexo articula as políticas económicas que o governo pretende adoptar em 2011, bem como as metas e os objectivos no âmbito do programa (os critérios de desempenho e indicadores de referência estruturais são apresentados nas Tabelas 3 e 4 do MPEF). O governo ainda tem como objectivos a sustentabilidade fiscal e externa, a recuperação do crescimento económico e a redução da pobreza, assim como a concretização de avanços no cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). As políticas descritas no MPEF são apropriadas para atingir os objectivos do programa apoiado pela ECF. No entanto, se isto for necessário, o governo adoptará novas medidas para atingir esses objectivos. O governo consultará o Fundo antes de adoptar qualquer medidas ou sempre que houver alteração nas políticas contidas no MPEF, em conformidade com as políticas do Fundo relativamente a tais consultas.

5. Em vista do nosso compromisso com a transparência, solicitamos ao FMI que publique esta carta de intenções, o MPEF anexo, o Memorando Técnico de Entendimento (MTE), o relatório do corpo técnico e o documento do ponto de conclusão da Iniciativa HIPC. Com os nossos melhores cumprimentos, /s/ José Mário Vaz Ministro das Finanças

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MEMORANDO DE POLÍTICAS ECONÓMICAS E FINANCEIRAS PARA 2011

I. INTRODUÇÃO

1. O presente memorando resume o progresso alcançado desde à adopção do programa apoiado pela ECF e descreve as políticas macroeconómicas e as reformas estruturais que o governo planeia implementar em 2011. Os objectivos do programa permanecem inalterados: alcançar a sustentabilidade fiscal e da dívida, reactivar o crescimento económico e progredir na redução da pobreza e no cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). As prioridades políticas continuam a centrar-se no reforço das finanças públicas, na modernização da administração pública e reconstrução da capacidade técnica e de implementação de políticas, no aumento do acesso aos serviços sociais e às infra-estruturas básicas e no desenvolvimento do sector privado.

2. O programa foi implementado no contexto do incidente militar de 1 de Abril. Desde então, a situação política permaneceu estável. Os reflexos sobre o funcionamento do governo civil foram limitados, e os ministérios e o parlamento estão a funcionar normalmente. Os parceiros de desenvolvimento continuam a acompanhar de perto a resolução do incidente militar, com implicações para o apoio ao orçamento.

II. EVOLUÇÃO ECONÓMICA RECENTE E DESEMPENHO NO ÂMBITO DO PROGRAMA

APOIADO PELA ECF

A. Evolução Económica Recente

3. O crescimento económico tem sido resistente. Ganhos robustos com termos de troca mais que compensaram um declínio na colheita da caju, motivado pelas condições climáticas. O aumento das exportações teve um impacto positivo no rendimento disponível e na procura interna. A actividade de construção tem-se mostrado dinâmica, apesar do atraso no programa de investimento do governo. Em termos gerais, o crescimento deverá acelerar ligeiramente para 3,5 por cento em 2010, contra 3,0 por cento em 2009.

4. O apoio orçamental abaixo do esperado e as incertezas sobre esse apoio no futuro levaram o governo a conter os gastos abaixo dos níveis do programa, inclusivamente gastos sociais e outros gastos prioritários. A Guiné-Bissau recebeu um quarto do apoio ao orçamento previsto para o primeiro semestre, o que causou um défice de financiamento de FCFA 8,4 mil milhões. Este défice foi absorvido pelo aumento das receitas e a redução de gastos, o que acabou por afectar os gastos sociais e as despesas de investimento. Em Julho, o BAfD transferiu o seu apoio ao orçamento e o Banco Mundial aprovou a sua operação de apoio ao orçamento. A queda no apoio ao orçamento e na assistência financeira prevista para o exercício é de 3,2 por cento do PIB (ou FCFA 13,3 mil milhões).

5. O ajustamento fiscal até Junho mais que compensou os atrasos no apoio dos doadores, o que reflecte o forte desempenho, a queda da despesa corrente primária e os atrasos nas despesas de investimento. Os dados fiscais do fim de Junho de 2010 mostram

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um saldo primário interno de 0,5 por cento do PIB (cerca de 2 pontos percentuais do PIB acima do programado).

As receitas ficaram 0,5 ponto percentual do PIB acima do previsto, impulsionadas pelos impostos directos e indirectos, o que reflecte uma actividade económica saudável e controlos aduaneiros (DGA) e de administração tributária (DGCI) mais apertados.

As despesas ficaram abaixo do programado. As despesas com bens e serviços e investimentos foram contidas devido aos atrasos nas transferências do apoio dos doadores.

6. A inflação projectada ainda está dentro da meta de 3 por cento para a região da UEMOA. O crédito ao sector privado aumentou, em consequência da liquidação de atrasados internos pelo governo aos bancos comerciais no início do ano.

7. A conta corrente externa, excluindo as transferências oficiais, deverá apresentar ligeiro declínio este ano. As exportações beneficiaram dos fortes aumentos do preço do caju, compensados parcialmente pela queda no volume dessas exportações. Remessas líquidas estáveis também ajudaram a conter as pressões da balança de pagamentos.

B. Desempenho no âmbito do Programa apoiado pela EPCA

8. O desempenho fiscal tem sido satisfatório, apesar dos atrasos nos desembolsos de apoio externo ao orçamento, e todos os critérios de desempenho quantitativos (CD) para o final de Junho de 2010 foram cumpridos (Tabela 1). As receitas fiscais ficaram acima da meta com a forte arrecadação, que mais que compensou os atrasos no recebimento da compensação das pescas da UE (receita não fiscal). Todas as metas quantitativas para o final de Junho foram cumpridas, excepto a meta indicativa de despesa social e prioritária. Quebras no apoio ao orçamento e incerteza sobre esse apoio no futuro levaram o governo a conter os gastos abaixo dos níveis do programa, inclusive no que respeita aos gastos sociais e prioritários.

9. Todos os indicadores de referência estruturais foram cumpridos (Tabela 2). O Comité do Tesouro foi operacionalizado e está a provar ser um instrumento eficaz para a melhoria da gestão de caixa. O comité é composto pelo Ministro das Finanças, o Secretário de Estado do Tesouro, o Secretário de Estado para Assuntos Fiscais, o Auditor Financeiro e os Directores Gerais do Tesouro e do Orçamento. O governo também aprovou e implementou normas que ajudaram a limitar o recurso a procedimentos de despesa simplificados. Como resultado, o governo conseguiu manter as despesas não tituladas dentro dos tectos do programa. No mês de Julho, foram publicados os dados do censo biométrico da administração pública. O Concelho de Ministros aprovou a lei que cria o enquadramento jurídico para o guiché único. O sistema contabilístico do tesouro no âmbito do sistema de gestão financeira do governo (SIGFIP) foi operacionalizado no final de Agosto. O Sistema Automatizado de Dados Aduaneiros (SYDONIA++) foi instalado em Bissau com a ajuda da UNCTAD.

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10. Houve avanços na implementação de outras medidas de reforma estrutural. De forma a fortalecer a supervisão e o controlo dos concursos públicos, a Assembleia Nacional aprovou uma nova lei de concursos em Julho, que cria uma unidade central de licitações e uma autoridade reguladora dos concursos públicos. Como parte dos seus esforços para divulgar informações sobre a execução do orçamento, o governo iniciou a publicação e a apresentação no parlamento de relatórios trimestrais de execução do orçamento. Em relação à reforma do sector de defesa e segurança, leis que regulam a reorganização das forças armadas, a polícia e a guarda nacional foram aprovadas pela Assembleia Nacional em Junho e publicadas em Setembro. O enquadramento jurídico do fundo de pensões dos militares e das forças de segurança foi aprovado em Junho para ser operacionalizado assim que estiver disponível o financiamento dos parceiros de desenvolvimento.

11. A execução do plano do governo de liquidação de atrasados está a decorrer como planeado. O plano prevê a resolução dos atrasados de 1974-99 ao sector privado, que já foram auditados, e a conclusão da auditoria dos atrasados de 2000-07. Para além da liquidação dos atrasados à banca comercial no início do ano, o governo pagou FCFA 3,5 mil milhões (cerca de 0,8 por cento do PIB) na liquidação dos atrasados ao sector privado em Agosto de 2010.

III. PERSPECTIVAS MACROECONÓMICAS E POLÍTICAS ECONÓMICOS PARA 2011

A. Perspectivas Macroeconómicas

12. Os objectivos macroeconómicos de médio prazo do governo no âmbito do programa apoiado pela ECF permanecem inalterados: i) aumentar o crescimento do PIB real para 4,5 por cento até à conclusão do programa, ii) conter a inflação anual abaixo de 3 por cento, de acordo com a norma de convergência da UEMOA, iii) conseguir uma diminuição progressiva do défice da conta corrente externa (excluídas as transferências oficiais) e iv) manter o défice orçamental primário anual abaixo dos 4 por cento do PIB até 2012.

13. Espera-se uma melhoria da perspectiva macroeconómica para 2011. O crescimento económico deverá acelerar para 4,3 por cento, impulsionado pela recuperação da produção de caju, o aumento da actividade de processamento da castanha de caju e a reconstrução das infra-estruturas, em especial estradas, portos, electricidade e água. A estabilidade das remessas e dos preços do caju, devido à melhoria da conjuntura mundial, deverão ajudar a estimular a procura interna e a reduzir ainda mais o défice da conta corrente externa.

14. A inflação deve-se manter abaixo da norma de convergência da UEMOA, com a ancoragem do FCFA ao euro. A política monetária e cambial continuará a ser aplicada no quadro da UEMOA.

B. Política Fiscal

15. O programa fiscal de médio prazo continuará a ter por objectivo o reforço da política fiscal e o alcance da sustentabilidade da dívida. A estratégia procura reforçar a arrecadação da receita (baixa quando comparada com os padrões regionais) e criar uma margem para gastos prioritários. O governo continuará a tratar os atrasados internos dentro dos limites dos recursos disponíveis. O programa fiscal reduz o défice primário interno

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progressivamente, o que juntamente com o perdão da dívida HIPC/MDRI, melhorará a sustentabilidade da dívida, ao mesmo tempo que reduzirá a dependência do apoio orçamental externo.

16. O governo está a ajustar os seus planos fiscais para 2010 para acomodar o esperado défice no apoio ao orçamento (3,2 por cento do PIB). O ajustamento é motivado por várias considerações: a execução do orçamento até Agosto de 2010 e a preservação dos gastos prioritários e dos depósitos no BCEAO. As medidas incluem o aumento da receita e a diminuição dos gastos com bens e serviços (em cerca de 1 ponto percentual do PIB); a sub-execução do orçamento para despesas de investimento financiadas internamente em cerca de 1,5 pontos percentuais do PIB; e utilização dos depósitos do governo no BCEAO para aumentar o financiamento interno (em cerca de 0,75 ponto percentual do PIB). Se o apoio ao orçamento for maior que o previsto no programa, o governo está empenhado em utilizar os recursos para restaurar os gastos em áreas prioritárias de infra-estruturas, agricultura, saúde e educação, para além da reposição dos depósitos no BCEAO.

17. O orçamento de 2011 implementará fortes medidas e será consistente com o financiamento disponível. Terá como meta um défice primário interno de 1,7 por cento do PIB, coerente com despesas internas primárias de FCFA 55,3 mil milhões e apoio ao orçamento de cerca de FCFA 7,5 mil milhões, sem aumentar o problema de dívida da Guiné-Bissau. Do lado da receita, o governo aumentará o preço de referência das exportações de caju para USD 750 por tonelada e das importações que necessitem ajustamentos de avaliação (arroz, para FCFA 6000; açúcar, para FCFA 8500, e farinha, para FCFA 8500), para além de elevar a taxa de imposição da antecipação da contribuição industrial (ACI) sobre o lucro de 3 para 5 por cento para o sector informal. No lado da despesa, o governo congelará os salários e incluirá os trabalhadores contratados dos sectores da saúde e da educação na folha salarial. Existe a previsão de apoio ao orçamento por parte do BAfD e do Banco Mundial. O défice de financiamento residual de FCFA 3,5 mil milhões deverá ser coberto pela ECF. O governo apresentará à Assembleia Nacional um orçamento para 2011 coerente com este parâmetros. Caso o apoio ao orçamento seja mais elevado, o governo reinstituirá o seu programa de investimento público (PIP) e aumentará outros gastos prioritários.

18. O governo continuará a tratar os atrasados internos de acordo com a estratégia de médio prazo no âmbito da ECF. Para 2011, irá monitorizar cuidadosamente a execução do orçamento e os recursos disponíveis antes de aplicar o seu plano de pagar um total de FCFA 1,85 mil milhões. O governo também concluirá a auditoria dos atrasados de 2000–07.

C. Reformas Estruturais

19. O programa do governo continuará a centrar-se no fortalecimento da arrecadação de receitas; na melhoria da gestão das finanças públicas; na modernização da administração pública e na criação de margem para gastos prioritários; na remoção dos entraves ao desenvolvimento do sector privado; na melhoria do acesso aos serviços sociais; e no reforço da gestão da dívida.

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i) Fortalecimento da Arrecadação de Receitas

20. Uma das principais fontes dos desequilíbrios fiscais da Guiné-Bissau é o nível de receitas comparativamente mais baixo do que o verificado noutros países subsarianos, inclusivamente países da UEMOA. A receita é altamente dependente da cobrança de impostos na alfândega (direitos de exportação e de importação, para além dos impostos de vendas sobre importações). Medidas para mobilizar a receita centram-se na melhoria da administração alfandegária, especialmente o processamento de importações e desalfandegamentos, além de que a base tributária tem de ser expandida.

21. Para alcançar as suas metas de arrecadação de receita, o governo modificará a política alfandegária e tributária para melhorar a arrecadação e expandir a base tributária. O governo planeia: i) começar a aproximar, para efeitos alfandegários, os preços de referência de certas importações aos seus valores de mercado no orçamento de 2011; ii) elevar o preço de referência das exportações de caju; iii) elevar a taxa de imposição da antecipação da contribuição industrial; e iv) iniciar os preparativos para a transição do imposto geral de vendas para o IVA, tal como os outros países da UEMOA. O governo solicitará assistência técnica aos parceiros de desenvolvimento sobre política tributária, possivelmente através de um consultor residente.

22. Para continuar a modernizar e a melhorar a administração tributária e alfandegária, o governo irá:

Nas alfândegas, i) reintroduzir a selagem de bebidas alcoólicas e tabaco como medida de combate ao contrabando (até Janeiro); ii) parametrizar e testar o sistema SYDONIA++ para a Guiné-Bissau e formar pessoal com a ajuda da UNCTAD (até Agosto); e iii) realizar uma análise completa de todas as isenções aduaneiras para ampliar ainda mais a base de receitas, com a apresentação de um relatório ao Conselho de Ministros (até Junho).

Na administração tributária, i) rever a segmentação de contribuintes com base em critérios de volume de negócios, com limiares de FCFA 10 e 40 milhões para pequenos e grandes contribuintes, respectivamente (até Junho); ii) cruzar os dados do SYDONIA++ com as declarações de impostos dos 300 maiores importadores em 2009-10 (até Junho); iii) auditar os importadores que subdeclararem as suas obrigações fiscais, a começar pelos que apresentarem as maiores diferenças (até Dezembro); iv) aumentar para 90 por cento a taxa de grandes contribuintes que pagam o imposto geral de vendas; e v) reforçar no Ministério das Finanças a unidade dos grandes contribuintes para garantir o cumprimento das obrigações de declaração de impostos. As medidas i), ii) e iii) são pré-requisitos para se preparar um plano de acção para o IVA, de acordo com as recomendações do Departamento de Finanças Públicas (FAD) do FMI.

ii) Melhoria da Despesa Pública e da Gestão Financeira

23. O governo continuará a implementar o seu plano de acção para a gestão das finanças públicas. As medidas centrar-se-ão na melhoria do planeamento orçamental, da

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previsibilidade e do controlo da execução orçamental, com o reforço dos processos de reporte e dos controlos internos e externos.

Melhoria do planeamento orçamental

O governo irá analisar o enquadramento jurídico que rege os acordos de partilha de receita (“restituições”) para elevar a parcela de receita não afectada no orçamento e apresentará uma proposta ao Conselho de Ministros (até Dezembro de 2011). A análise incluirá todas as restituições entre os ministérios arrecadadores (inclusivamente receitas afectadas de pesca, mineração e silvicultura; e receitas administrativas, como a da emissão de passaportes) e o tesouro.

O governo solicitará assistência técnica aos parceiros de desenvolvimento para reforçar os procedimentos de elaboração do orçamento.

Maior previsibilidade e controlo da execução orçamental

Para garantir a adequada gestão de caixa, o Comité de Tesouraria do Ministério das Finanças preparará e manterá actualizado o plano de tesouraria do orçamento de 2011.

Para melhorar a gestão financeira, o governo criará uma ligação operacional entre o orçamento/tesouro no âmbito do SIGFIP e as administrações alfandegária e tributária (até Março de 2011).

Reforço dos processos de reporte

O governo continuará a publicar relatórios trimestrais de execução orçamental e a enviar relatórios de execução orçamental pormenorizados a todas as instituições soberanas.

Reforço dos controlos internos e externos

O governo modificará a lei orgânica do Tribunal de Contas para harmonizá-la com as directivas da UEMOA. As contas da execução orçamental de 2010 serão submetidas ao Tribunal de Contas (até Setembro de 2011).

iii) Modernização da Administração e Criação de Margem para os Gastos Prioritários

24. O governo lançará um programa de reforma gradual da função pública para que esta se torne mais moderna e eficiente. O Ministro da Função Pública está a preparar um plano para o efeito, a ser apresentado ao Conselho de Ministros até Janeiro de 2011. O plano: i) incluirá uma agenda de médio prazo com as metas anuais de redução gradual da função pública através da aposentação obrigatória e demissão dos funcionários excedentários e ii) aumentará a eficiência da administração pública com a melhoria das qualificações e das condições do trabalho dos funcionários públicos. O Governo canalizará a poupança obtida na folha salarial para ajudar a cobrir as indemnizações por despedimento.

25. O governo está a trabalhar na implementação de controlos salariais mais rigorosos e de uma base de dados da folha salarial mais abrangente. Isto permitirá o controlo adequado, a actualização regular e a verificação do emprego na função pública. Até

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Janeiro de 2011, o governo começará a usar um sistema computadorizado e unificado de gestão de folha salarial e de pessoal nos Ministérios das Finanças e da Função Pública. O sistema será estendido a todos os ministérios até Agosto de 2011.

26. O governo continua a trabalhar com os parceiros de desenvolvimento para modernizar o sector de defesa e segurança. O governo está a preparar um plano operacional com uma lista dos potenciais reformados e projectos para a construção de instalações militares e de segurança. O governo facilitará a coordenação de doadores com a participação da CEDEAO, da CPLP, da ONU e de outros parceiros de desenvolvimento. Será necessário financiamento para o fundo de pensões.

iv) Eliminação dos Entraves ao Desenvolvimento do Sector Privado

27. O programa do governo para eliminar os entraves ao desenvolvimento do sector privado tem três objectivos principais: i) melhorar o ambiente de negócios; ii) recuperar e desenvolver infra-estruturas nas áreas da energia, transporte e comunicação; e iii) iniciar a gestão dos recursos naturais do país.

28. Para melhorar o ambiente de negócios e investimento, o governo irá:

Adoptar o regulamento de execução do novo Código de Investimentos, que elimina os múltiplos regimes de investimento e a arbitrariedade na concessão de incentivos da lei anterior e garante aos investidores privados igualdade de tratamento.

Preparar um plano de acção para identificar e eliminar entraves ao desenvolvimento do sector privado e melhorar a facilidade dos negócios na Guiné-Bissau (até Agosto).

29. Como parte da sua nova estratégia de crescimento e redução da pobreza, o governo identificou áreas onde os investimentos são mais prometedores em termos de crescimento no médio prazo. São os sectores onde o país apresenta vantagens comparativas, como a agricultura e as pescas, ou sectores que representam obstáculos consideráveis ao crescimento: energia, transporte e o porto. O governo está a trabalhar com o Banco Mundial para reactivar as instalações de geração e distribuição de electricidade em Bissau e desenvolverá uma estratégia sectorial para promover fontes alternativas de energia nacionais. O governo promoverá a colaboração estreita com o BOAD e outros parceiros de desenvolvimento, com vista a melhorar as estradas que ligam Bissau aos países vizinhos e criar acessos às áreas produtivas. A construção de um porto de pesca deve ser concluída em 2011.

30. O governo quer explorar depósitos minerais e outros recursos naturais no médio prazo. Tais recursos poderiam contribuir para a geração de divisas e receitas fiscais e melhorar a posição financeira global do país e assim ajudar a reduzir a pobreza. O governo irá preparar um plano para gerir os recursos naturais do país até Dezembro de 2011. Este plano ajudará a assegurar que à medida que o trabalho preparatório é realizado nestas áreas, sectores de mineração, petróleo e gás adoptarão uma prática transparente e responsável, inclusivamente em termos do impacto ambiental da exploração de depósitos minerais. O plano incluirá também estudos de viabilidade das infra-estruturas necessárias, como o

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porto de águas profundas para explorar os jazigos minerais de bauxite e estradas de acesso aos jazigos de fosfato.

v) Melhoria do Acesso aos Serviços Sociais

31. O governo pretende avançar na solução das elevadas taxas de pobreza. Será adoptado um novo plano quinquenal de redução da pobreza (DENARP) que incorpora as lições tiradas com a implementação do DENARP de 2007 (até Dezembro de 2010). Para aumentar o rendimento per capita e reduzir a incidência de pobreza, será necessário envidar esforços em várias frentes, inclusivamente melhorar o acesso aos serviços básicos (saúde e educação) e garantir o desenvolvimento agrícola, porque a maioria dos pobres vive em áreas rurais e se dedica à agricultura de subsistência.

vi) Reforço da Gestão da Dívida

32. O governo planeia melhorar a gestão da dívida através:

Do fortalecimento da unidade de gestão da dívida pública;

Da geração de relatórios trimestrais sobre dívida pública (externa e interna) em até três meses após cada trimestre, de forma coerente com as exigências de reporte do BCEAO, com a publicação do primeiro relatório em Junho de 2011; e

Do recurso ao Sistema de Gestão e Análise Financeira (SYGADE, na sigla em francês) para registar, monitorizar e gerir toda a dívida pública (externa e interna) até Dezembro de 2011.

33. O governo seguirá uma estratégia prudente de gestão da dívida. Ele não contrairá ou avalizará nenhum empréstimo ou dívida externa de curto prazo em condições não concessionais, conforme está previsto no Memorando Técnico de Entendimento (MTE). Além disso, todos os empréstimos do governo ou por ele avalizados, tanto internos como externos, deverão ser submetidos à aprovação prévia do Ministro das Finanças.

D. Política Monetária e do Sector Financeiro

34. A política monetária continuará a ser implementada no âmbito da participação da Guiné-Bissau na UEMOA. Esta medida tem permitido conter a inflação e manter uma taxa de câmbio estável.

35. O acesso ao crédito ainda é baixo. Ainda há muito a ser feito na área de execução dos contratos. Para fazer prevalecer os direitos legais, o governo fornecerá recursos para o funcionamento de um tribunal comercial. O governo tentará obter apoio dos doadores para criar um gabinete de crédito e um registo de garantias. A estratégia de liquidação dos atrasados do governo continuará a melhorar a liquidez do sector privado.

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E. Alcance do Ponto de Conclusão da HIPC

36. O governo está emprenhado em atingir o ponto de conclusão da HIPC até ao final de 2010. O governo só não implementou um dos activadores do ponto de conclusão e solicita uma dispensa pela não implementação contínua desse único activador. Os activadores que foram implementados são: i) um historial de desempenho macroeconómico satisfatório de pelo menos seis meses, que coincidirá com a primeira avaliação de desempenho no âmbito da ECF; ii) um historial satisfatório de implementação do DENARP de pelo menos um ano, conforme demonstrado na avaliação conjunta do relatório anual de seguimento (RAS) pelos técnicos do Banco Mundial e do FMI; iii) melhores resultados nas áreas de saúde, educação e desmobilização; e iv) reformas na área da governação, inclusivamente a auditoria dos resultados orçamentais de 1997-99 e a reforma do sistema de concursos públicos. O governo solicita a dispensa pela falta da publicação contínua de relatórios abrangentes sobre execução orçamental desde 2001. Em 2010, o governo começou a publicar relatórios de execução orçamental trimestrais, e submeteu ao Tribunal de Contas as contas gerais da administração para o exercício de 2009 no final de Setembro de 2010.

37. O governo está a tentar normalizar as relações com todos os credores de modo coerente com a capacidade de serviço da dívida do país e com a iniciativa HIPC. O governo já recebeu garantias de financiamento no âmbito da HIPC de credores que representam mais de 80 por cento da dívida habilitada para a HIPC e continuará a buscar a participação plena na Iniciativa HIPC, para além do limiar mínimo de 80 por cento.

F. Estatísticas

38. O governo tem planos para uma melhor divulgação de dados. Este ano irá publicar as contas nacionais de 2009, com base no SCN 93 e continuará a publicar o índice de preços no consumidor harmonizado da UEMOA.

G. Capacitação e Assistência Técnica

39. A capacitação será necessária para garantir a eficácia e a sustentabilidade das reformas fiscais. As maiores prioridades do Ministro das Finanças são as direcções-gerais das alfândegas, tesouro, orçamento, contribuições e impostos e controlo financeiro. O FMI está a prestar apoio técnico, inclusivamente assistência técnica do FAD e do AFRITAC Ocidental, nas áreas de gestão financeira pública e estatísticas das contas nacionais.

H. Monitorização do Programa

40. Apesar dos objectivos do programa permanecerem inalterados, tornou-se necessário modificar a meta indicativa de despesa social e prioritária para o final de Dezembro de 2010 devido à insuficiência do apoio ao orçamento (Tabela 1). Todos os outros indicadores quantitativos e todos os critérios de desempenho permanecem inalterados.

41. O segundo ano do programa terá uma duração de doze meses, decorrendo entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2011. O acompanhamento do programa será feito com base em indicadores quantitativos e indicadores de referência estruturais trimestrais,

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juntamente com as avaliações e os critérios de desempenho quantitativos semestrais referidos na Tabela 3. As Tabelas 4 e 5 contêm a lista das principais medidas estruturais identificadas pelo governo. No MTE encontram-se as definições dos critérios de desempenho quantitativos e indicadores de referência estruturais. Prevê-se que a segunda avaliação do Programa seja concluída até Maio de 2011 e a terceira em Novembro de 2011.

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Prog. Prog.2 Efect. Prog. Prog.2 Efect. Prog. Prog.

Critérios de desempenho3

1. Financiamento interno do orçamento 7.165 10.618 5.975 -1.411 8.627 302 3.430 231

2. Novos atrasados internos 0 0 0 0 0 0 0 0

3. Endiv. externo não conces. do sector público, vencimento > 1 ano 0 0 0 0 0 0 0 0

4. Endiv. externo público de curto prazo 0 0 0 0 0 0 0 0

5. Novos atrasados de pagamentos externos 0 0 0 0 0 0 0 0

Metas indicativas

6. Receitas fiscais 5.420 5.420 6.392 15.148 15.148 17.539 24.218 30.101

7. Saldo primário interno (base de compromissos) -7.789 -7.789 -1.497 -6.779 -8.386 1.895 -11.030 -16.333

8. Despesas não tituladas 200 200 67 200 200 123 200 200

9. Gastos sociais e prioritários 4.062 4.062 1.989 8.123 8.123 4.223 12.185 8,647 4

1 Valor acumulado desde 1 de Janeiro. O Memorando Técnico de Entendimento (MTE) apresenta a definição dos agregados e factores de correcção.

2 Meta ajustada no âmbito do programa. 3 Os critérios de desempenho (CD) se aplicam a Junho e Dezembro. Para Março e Setembro, são indicativos. Todos os critérios de desempenho constituem valores máximos, e a aplicação dos CD 3, 4 e 5 é contínua.

4 A meta indicativa referente aos gastos sociais e prioritários foi ajustada de FCFA 16.246 para FCFA 8.647.

Tabela 1. Guiné-Bissau: Indicadores Quantitativos para o Programa ECF de 2010

Metas Trimestrais 1

(Acumulado, milhões de FCFA)

Fim de Março Fim de Junho Fim Set. Fim Dez.

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Tabela 2. Guiné-Bissau: Indicadores de Referência Estruturais no âmbito da ECF

1 de Janeiro de 2010 a 31 de Dezembro de 2010

Categoria Indicadores de Referência Estruturais Justificativa Macro

Prazo efectivo

Ministério Ponto da situação

Primeira Avaliação

Gestão das finanças públicas

1 Elaborar planos mensais e trimestrais de tesouraria e operacionalizar o Comité do Tesouro, dentro do Ministério das Finanças.

Melhoria da planificação orçamental

Jun 2010 MF1 Cumprido

2 Implementar normas que dificultem o recurso a procedimentos simplificados de realização de gastos.

Maior controlo da execução do orçamento

Maio 2010 MF Cumprido

3 Operacionalizar o sistema contabilístico do Tesouro no âmbito do SIGFIP.

Maior controlo da execução do orçamento

Agosto 2010

MF Cumprido

Reforma fiscal e reforço da cobrança de receitas

4 Operacionalizar o SYDONIA++ em três postos alfandegários (Bissau, aeroporto e Safim).

Reforço da cobrança de receitas

Set. 2010 MF Cumprido

Reformas das despesas

5 Publicar os dados comprovados do recenseamento biométrico dos funcionários públicos (civis e paramilitares).

Melhoria da gestão da função pública

Julho 2010 MFP2 Cumprido

Ambiente de negócios

6 O Conselho de Ministros aprovará o quadro jurídico do “guiché único” para simplificar os procedimentos e baixar os custos do processo de licenciamento e registo de empresas.

Melhoria do ambiente de negócios

Março 2010 ME3 Cumprido.

1 Ministério das Finanças 2 Ministério da Função Pública, Trabalho e Modernização do Estado 3 Ministério da Economia

14

Prog. Prog. Prog. Prog.

Critérios de desempenho2

1. Financiamento interno do orçamento 1.431 -520 -1.954 0

2. Novos atrasados internos 0 0 0 0

3. Endiv. externo não conces. do sector público, vencimento > 1 ano 0 0 0 0

4. Endiv. externo público de curto prazo 0 0 0 0

5. Novos atrasados de pagamentos externos 0 0 0 0

Metas indicativas

6. Receitas fiscais 6.437 17.988 28.759 35.745

7. Saldo primário interno (base de compromissos) -1.039 -449 -2.473 -7.579

8. Despesas não tituladas 200 200 200 200

9. Gastos sociais e prioritários 2.932 5.864 8.795 11.727

Tabela 3. Guiné-Bissau: Indicadores Quantitativos do Programa ECF para 2011

Metas Trimestrais 1

(Acumulado, milhões de FCFA)

Fim Março Fim Junho Fim Set. Fim Dez.

1 Valor acumulado desde 1 de Janeiro. O Memorando Técnico de Entendimento (MTE) apresenta a definição dos agregados e factores de correcção. 2 Os critérios de desempenho (CD) se aplicam a Junho e Dezembro. Para Março e Setembro, são indicativos. Todos os critérios de desempenho constituem valores máximos, e a aplicação dos CD 3, 4 e 5 é contínua.

15

Tabela 4. Guiné-Bissau: Indicadores de Referência Estruturais no âmbito da ECF 1 de Janeiro de 2011 a 31 de Dezembro de 2011

Categoria Indicadores de Referência Estruturais Justificativa Macro

Prazo Ministério

Segunda Avaliação

Gestão das finanças públicas

1 Estabelecer um vínculo operacional entre o orçamento/Tesouro no âmbito do SIGFIP e as administrações alfandegária e fiscal.

Maior controlo da execução do orçamento

Março 2011 MF1

Reformas das despesas

2 Submeter ao Conselho de Ministros um plano de acção para a reforma da administração pública, com um calendário de médio prazo para a redução dos quadros da função pública através de aposentação dos trabalhadores e da eliminação de postos, a partir de 2011.

Aumento da eficiência da função pública

Jan. 2011 MF MFP2

3 Começar a utilizar a folha de pagamentos unificada e o sistema de gestão do pessoal, com um projecto-piloto a ser desenvolvido no Ministério das Finanças e no Ministério da Função Pública.

Modernização da administração pública

Jan. 2011 MF MFP2

Terceira Avaliação

Reforma fiscal e reforço da cobrança de receitas

1 Adaptar e testar o SYDONIA ++ e ministrar formação aos funcionários.

Reforço da cobrança de receitas

Agosto 2011 MF

2 Realizar um exame minucioso de todas as isenções aduaneiras para alargar a base de arrecadação, e apresentar relatório ao Conselho de Ministros.

Reforço da cobrança de receitas

Junho 2011 MF

3 Cruzar os dados do SYDONIA com as declarações de impostos dos 300 maiores importadores em 2009–10.

Reforço da cobrança de receitas

Junho 2011 MF

Reformas das despesas

4 Implementar o sistema informatizado e uniformizado de pagamentos salariais e gestão de pessoal em todos os ministérios.

Modernização da administração pública

Agosto 2011 MF MFP2

Ambiente de negócios

5 Elaborar um plano de acção para identificar e remover os entraves ao desenvolvimento do sector privado e melhorar o ambiente de negócios na Guiné-Bissau.

Melhoria do ambiente de negócios

Agosto 2011 ME3

Gestão da dívida pública

6 Começar a preparar relatórios electrónicos trimestrais sobre a dívida pública (interna e externa).

Aumento da transparência

Junho 2011 MF

1 Ministério das Finanças 2 Ministério da Função Pública, Trabalho e Modernização do Estado 3 Ministério da Economia

16

Tabela 4. Guiné-Bissau: Indicadores de Referência Estruturais no âmbito da ECF (conclusão)

1 de Janeiro de 2011 a 31 de Dezembro de 2011

Quarta Avaliação

Gestão da dívida pública

1 Utilizar o SYGADE para o registo, monitoria e gestão de toda a dívida pública (interna e externa)

Melhoria da gestão da dívida

Dez. 2011 MF1

Reforma fiscal e reforço da cobrança de receitas

2 Fiscalizar os importadores que subdeclaram as suas obrigações fiscais, a começar pelos que apresentam as maiores diferenças.

Reforço da cobrança de receitas

Dez. 2011 MF

3 Rever o quadro jurídico que regulamenta os acordos de repartição das receitas (“restituições”).

Reforço da cobrança de receitas

Dez. 2011 MF

Ambiente de negócios

4 Elaborar um plano para a gestão dos recursos naturais do país.

Melhoria do ambiente de negócios

Dez. 2011 ME2

1 Ministério das Finanças 2 Ministério da Economia

17

Tabela 5. Guiné-Bissau: Medidas Estruturais para 2011

Categoria Medidas Prazo

Reforma fiscal e reforço da cobrança de receitas

1 Elevar o preço de referência das exportações de caju para USD 750 por tonelada. (¶17)

2011

2 Elevar o preço de referência das importações dos géneros de primeira necessidade (arroz, para FCFA 6 000, açúcar, para FCFA 8 500 e farinha, para FCFA 8 500). (¶17)

2011

3 Elevar a taxa aplicável ao pagamento antecipado do imposto sobre os lucros colectado nas alfândegas (antecipação da contribuição industrial), de 3 para 5 por cento para o sector informal. (¶17)

2011

4 Reintroduzir a selagem nas bebidas alcoólicas e no tabaco. (¶22) Jan 2011

5 Adaptar o sistema SYDONIA ++ aos parâmetros da Guiné-Bissau (incluindo as isenções e tarifas específicas), testar o sistema e ministrar formação aos funcionários. (¶22)

Ago. 2011

6 Realizar um exame minucioso de todas as isenções aduaneiras. (¶22) Junho 2011

7 Rever a segmentação dos sujeitos passivos segundo o volume de negócios, com limiares para os pequenos e grandes contribuintes nas faixas de FCFA 10 e FCFA 40 milhões, respectivamente. (¶22)

Jun. 2011

8 Cruzar os dados do SYDONIA com as declarações de impostos dos 300 maiores importadores em 2009–10. (¶22)

Jun. 2011

9 Fiscalizar os importadores que subdeclaram as suas obrigações fiscais, a começar pelos que apresentam as maiores diferenças . (¶22)

Dez 2011

10 Aumentar para 90 por cento a taxa de declaração do imposto geral de vendas pelos grandes contribuintes. (¶22)

2011

11 Continuar a reforçar a unidade dos grandes contribuintes no Ministério das Finanças. (¶22)

2011

Gestão das finanças públicas

12 Rever o quadro jurídico que regulamenta os acordos de repartição das receitas (“restituições”), para aumentar a parcela de receitas não consignadas no orçamento. (¶23)

Dez 2011

13 Buscar assistência técnica para reforçar os procedimentos de elaboração do orçamento. (¶23)

Jun 2012

14 Elaborar e actualizar periodicamente o plano de tesouraria para o orçamento de 2011. (¶23)

2011

15 Estabelecer um vínculo operacional entre o orçamento/Tesouro no âmbito do SIGFIP e as administrações alfandegária e fiscal. (¶23)

Mar 2011

16 Continuar a publicar relatórios trimestrais de execução orçamental. (¶23) 2011

17 Alterar as leis orgânicas do Tribunal de Contas. (¶23) 2011

18

18 Submeter ao Tribunal de Contas as contas de execução orçamental referentes a 2010. (¶23)

Set 2011

Reforma da função pública

19 Submeter ao Conselho de Ministros um plano de acção para a reforma da administração pública, com um calendário de médio prazo para a redução dos quadros da função pública através de aposentação dos trabalhadores e da eliminação de postos, a partir de 2011. (¶24)

Jan 2011

20 Começar a utilizar a folha de pagamentos unificada e o sistema de gestão do pessoal no Ministério das Finanças e no Ministério da Função Pública. (¶25)

Jan 2011

21 Implementar o sistema informatizado e uniformizado de pagamentos salariais e gestão de pessoal em todos os ministérios. (¶25)

Ago 2011

Reforma do sector de defesa e segurança

22 Elaborar um plano operacional com a relação dos possíveis reformados e os projectos para a construção das instalações militares e de segurança. (¶26)

2011

Regularização dos atrasados

23 Concluir a auditoria dos atrasados do sector privado referentes a 2000–07. (¶18)

2011

Ambiente de negócios

24 Adoptar a regulamentação do novo Código de Investimentos. (¶28) 2011

25 Elaborar um plano de acção para identificar e remover os entraves ao desenvolvimento do sector privado e melhorar o ambiente de negócios na Guiné-Bissau. (¶28)

Ago 2011

26 Elaborar um plano para a gestão dos recursos naturais do país. (¶30) Dez 2011

Serviços sociais

27 Adoptar uma nova estratégia quinquenal de redução da pobreza (ERP). (¶31)

Dez 2010

Gestão da dívida pública

28 Fortalecer a unidade de gestão da dívida pública. (¶32) 2011

29 Produzir relatórios electrónicos trimestrais sobre a dívida pública, no mais tardar três meses após o fim de cada trimestre, num formato coerente com as normas de reporte financeiro do BCEAO. (¶32)

Jun 2011

30 Utilizar o SYGADE para o registo, monitoria e gestão de toda a dívida pública. (¶32)

Dez 2011

19

MEMORANDO TÉCNICO DE ENTENDIMENTO

Bissau

16 de Novembro de 2010 1. O presente memorando apresenta as definições dos critérios de desempenho quantitativos e estruturais, metas indicativas e indicadores de referência estruturais para a monitorização do programa apoiado por um acordo ao abrigo da Facilidade de Crédito Ampliado (ECF). Também especifica a periodicidade acordada e os prazos para a disponibilização de dados ao corpo técnico do FMI para fins de monitorização do programa.

Indicadores Quantitativos e Factores de Correcção

A. Indicadores Quantitativos

2. Os indicadores quantitativos são os seguintes:

a. Limites mínimos acumulados para a receita pública

b. Limites máximos acumulados para o défice primário interno (base de compromissos)

c. Limite máximo acumulado para o montante de despesas não tituladas (DNT).

d. Limites mínimos acumulados para gastos sociais e outros gastos prioritários

e. Limites máximos acumulados para a variação do financiamento interno líquido do orçamento

f. Limites máximos acumulados para novos atrasados de pagamentos internos do Governo, incluindo salários em atraso

g. Limites máximos acumulados para a nova dívida externa não concessional contraída ou garantida pelo Governo

h. Limites máximos acumulados para a nova dívida externa de curto prazo

i. Limites máximos acumulados para os novos atrasados de pagamentos externos.

Foram estabelecidos indicadores quantitativos para o final de Março, Junho, Setembro e Dezembro. São propostos critérios de desempenho quantitativos para os indicadores (e) a (i) para o final de Junho e final de Dezembro de 2011. Os indicadores de uma nova dívida externa não concessional, nova dívida externa de curto prazo e novos atrasados de pagamentos externos são contínuos. Definições e cálculo

3. Para efeitos do programa, por Governo entende-se o Governo central da Guiné-Bissau. Esta definição exclui entidades públicas com personalidade jurídica autónoma cujo orçamento não é incluído no orçamento do Governo central.

20

Março Junho Set. Dez.

Prog. Prog. Prog. Prog.

Receitas fiscais 6.437 17.988 28.759 35.745

Tabela 1. Valores Mínimos Trimestrais para as Receitas Fiscais do Governo, 2011

(Acumulado, milhões de FCFA)

Março Junho Set. Dez.

Prog. Prog. Prog. Prog.

Défice primário interno total -1.039 -449 -2.473 -7.579

Receitas 8.161 21.436 38.978 47.688

Despesas primárias internas 9.199 21.886 41.450 55.267

Novos atrasados internos 0 0 0 0

Despesas não tituladas 200 200 200 200

Tabela 2. Saldo Primário Interno, Novos Atrasados Internos

e Despesas não Tituladas, por Trimestre, 2011

(Acumulado, milhões de FCFA)

4. O limite mínimo proposto para as receitas fiscais do governo inclui os impostos directos e indirectos, assim como a recuperação dos atrasados fiscais e esforços adicionais de aumento das receitas (Tabela 1).

5. O défice primário interno (base de compromissos) é calculado como a diferença entre a receita pública e as despesas primárias internas na base de compromissos (Tabela 2). A receita pública inclui todas as receitas fiscais e não fiscais e exclui os donativos externos. A despesa interna primária consiste na despesa corrente somada às despesas de investimento com financiamento interno, excluindo todos os pagamentos de juros. Os compromissos do governo incluem todas as despesas cuja cabimentação tenha sido aprovada pelo Ministério das Finanças, as despesas automáticas (tais como salários e ordenados, pensões, serviços de utilidade pública e outras despesas cujo pagamento seja centralizado) e as despesas efectuadas por via de operações de compensação.

6. Os novos atrasados de pagamentos internos do governo são definidos como os pagamentos acumulados (rest-a-payer) durante o ano ainda não saldados até um mês depois do trimestre para ordenados e salários (incluindo pensões), e até três meses depois para bens e serviços e transferências, no final de Março, final de Junho, final de Setembro e final de Dezembro de 2011.

7. As despesas não tituladas são definidas como qualquer pagamento do Tesouro sem classificação nas tabelas de despesas apresentadas pela Direcção Nacional do Orçamento.

8. O financiamento interno líquido inclui o financiamento bancário e não bancário (Tabela 3). O financiamento bancário consiste nas variações líquidas dos saldos das contas do Tesouro no BCEAO (excluindo os desembolsos líquidos do FMI) e bancos comerciais

21

Março Junho Set. Dez.

Prog. Prog. Prog. Prog.

Financiamento interno 1.431 -520 -1.954 0

Financiamento bancário 1.431 -520 -1.954 0

BCEAO 1.431 -520 -1.954 0

Bancos comerciais (incl. regionais) 0 0 0 0

Bancos comerciais regionais e BTs 0 0 0 0

Financiamento não bancário 0 0 0 0

Tabela 3. Financiamento Interno por Trimestre, 2011

(Acumulado, milhões de FCFA)

(excluindo os saldos nessas contas que não estejam prontamente disponíveis para financiar o orçamento, como seja o caso das contas co-tituladas com doadores e sujeitas a duas assinaturas), bem como nos montantes pendentes de empréstimos, incluindo os Títulos do Tesouro, junto do BCEAO e da banca comercial (local e regional). O financiamento não bancário engloba as receitas de privatização, bem como quaisquer outras dívidas financeiras internas eventualmente mantidas fora do sector bancário, com excepção dos novos atrasados internos.

9. Os limites máximos acumulados para a nova dívida externa em condições não concessionais aplicam-se à dívida contraída ou garantida pelo governo. A dívida externa é definida como uma dívida detida por credores fora da região da UEMOA. Para os fins da ECF, utilizam-se as seguintes definições de “dívida” e “empréstimo concessional”:

a. O indicador da dívida externa aplica-se à dívida, incluindo compromissos contraídos ou garantidos para os quais não se recebeu um valor em contrapartida. Por “dívida” entende-se um passivo corrente (ou seja, não contingente) criado por via contratual mediante a provisão de valor na forma de activos (incluindo moeda) ou serviços, e que requeira que o devedor realize um ou mais pagamentos na forma de activos (incluindo moeda) ou serviços, em data(s) futura(s). As dívidas podem assumir várias formas, sendo as principais: i) empréstimo, ou seja, um adiantamento de dinheiro concedido ao devedor pelo credor com base num compromisso segundo o qual o devedor reembolsará tais fundos no futuro (incluindo depósitos, títulos, obrigações, empréstimos bancários e créditos ao comprador), bem como a troca temporária de activos equiparada a um empréstimo totalmente garantido, ao abrigo da qual se requer que o devedor reembolse tais fundos, e normalmente pague juros, readquirindo a garantia ao comprador em data futura (por exemplo, contratos de recompra e acordos oficiais de swap); ii) crédito de fornecedor, ou seja, um contrato através do qual o fornecedor permite ao devedor o adiamento dos pagamentos até uma data posterior à entrega dos bens ou à prestação dos serviços; e iii) arrendamentos, ou seja, acordos através dos quais um locatário adquire o direito de uso de um prédio por um ou mais períodos especificados, em geral inferiores à vida útil esperada do prédio, retendo o locador o título de propriedade do prédio. A dívida é o valor actual (na data de início do arrendamento) de todos os pagamentos

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de arrendamento a efectuar durante o prazo de vigência do acordo, excluindo os pagamentos referentes à operação, reparação ou manutenção do prédio. Ao abrigo da definição de dívida apresentada acima, os juros de mora, multas e indemnizações por perdas e danos decididos judicialmente, em resultado do incumprimento de pagamentos de uma obrigação contratual que constitua dívida, também são dívida. O não pagamento de uma obrigação que não constitua dívida segundo a presente definição (por exemplo, pagamento contra entrega) não gera uma dívida. Para fins de monitorização da ECF, os acordos de pagamento, ao longo do tempo, de obrigações a credores externos impostas por decisão judicial não constituem empréstimo externo não concessional.

b. A condição de concessionalidade da dívida, para efeitos do programa, é avaliada com base na sua componente de donativo. A dívida é concessional caso inclua uma componente de donativo de pelo menos 50 por cento, calculada da seguinte forma: a componente de donativo de uma dívida é a diferença entre o valor actualizado (VA) da dívida e o seu valor nominal expresso como percentagem do valor nominal da dívida. O VA da dívida no momento da sua contratação é calculado descontando o fluxo futuro de pagamentos do serviço da dívida. As taxas de desconto aplicadas para este efeito são as taxas de juro comerciais de referência para a moeda específica (CIRR), publicadas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Para dívidas com um prazo de vencimento de pelo menos 15 anos, aplica-se a média CIRR a 10 anos para calcular o VA da dívida e, assim, a sua componente de donativo. Para dívidas com um prazo de vencimento inferior a 15 anos, aplica-se a média CIRR a seis meses. Em ambos os casos, i.e. médias a dez anos e a seis meses, são adicionadas as mesmas margens para diferentes períodos de amortização que são aplicadas pela OCDE (0,75 por cento para períodos de amortização inferiores a 15 anos, 1 por cento para 15 a 19 anos, 1,15 por cento para 20 a 29 anos, e 1,25 por cento para 30 ou mais anos).

10. Limite máximo à nova dívida externa de curto prazo contraída ou garantida pelo governo. A dívida externa de curto prazo é a dívida com prazo contratual inferior a um ano. As operações de alívio da dívida e os Títulos do Tesouro emitidos em FCFA no mercado regional da UEMOA são excluídos deste critério de desempenho. No contexto do programa, nem o Governo nem as empresas públicas contratarão ou garantirão dívida externa de curto prazo. Este critério de desempenho será monitorizado continuamente.

11. Limite máximo aos novos atrasados de pagamentos externos. Os atrasados de pagamento externos são definidos como os pagamentos externos devidos porém não efectivamente pagos na data do vencimento. Nos casos em que o credor concedeu um período de carência após a data de vencimento contratual, a situação de atraso ocorre após o final do período de carência. Nos termos do programa, o governo se compromete a não acumular atrasados sobre a sua dívida externa, com a excepção daqueles decorrentes da dívida pública que está em processo de renegociação com os credores, inclusive os credores

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Março Junho Set. Dez.

Prog. Prog. Prog. Prog.

Gastos sociais e outros gastos prioritários 2.932 5.864 8.795 11.727

Educação 1.649 3.299 4.948 6.598

Saúde 897 1.794 2.691 3.588

Agricultura 264 527 791 1.055

Infra-estruturas 122 244 365 487

1 Gastos correntes e de investimento com financiamento interno.

Tabela 4. Gastos Sociais e Prioritários1 por Trimestre, 2011

(Acumulado, milhões de FCFA)

bilaterais fora do Clube de Paris. Este critério de desempenho será monitorizado continuamente.

12. O conceito de Governo utilizado para efeito dos indicadores da dívida externa é mais alargado que o utilizado para os agregados do orçamento; ele inclui toda a dívida que possa vir a ser considerada como passivo do Estado. Além do Governo central, a definição inclui também as instituições da administração pública, as empresas públicas autorizadas a contrair, garantir ou receber empréstimos não concessionais, as instituições públicas de natureza científica e técnica, profissional, industrial e/ou comercial, e as autarquias locais.

13. Por gastos sociais e outros gastos prioritários entende-se o total da despesa corrente nos sectores da Educação, Saúde e Agricultura e as despesas de investimento financiadas com recursos internos (Tabela 4).

B. Factores de Correcção

14. Serão usados os seguintes factores de correcção:

a. Se os pagamentos da compensação das pescas forem inferiores ao programado, o limite máximo ao défice primário interno (base de compromissos) será aumentado pelo valor total de tal défice, até a um máximo de FCFA 3 mil milhões. O programa pressupõe os seguintes pagamentos da compensação das pescas (acumulados desde 1 de Janeiro de 2011): zero no final de Março; zero no final de Junho; FCFA 5 mil milhões no final de Setembro e FCFA 5 mil milhões no final de Dezembro.1

b. O limite máximo ao financiamento interno será aumentado em função de qualquer défice no apoio orçamental externo e no pagamento da compensação das pescas, pelo valor total de tal défice, até a um máximo de FCFA 3,5 mil milhões. O programa pressupõe os seguintes montantes de apoio orçamental externo e de

1 Para os fins deste MTE, a taxa de câmbio FCFA/euro é de 655,956 e a taxa de câmbio FCFA/USD é de 524.

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pagamentos da compensação das pescas (acumulados desde 1 de Janeiro de 2011): zero no final de Março; zero no final de Junho; FCFA 8,9 mil milhões no final de Setembro e FCFA 12,5 mil milhões no final de Dezembro.

c. O limite máximo ao financiamento interno será aumentado em Março, Junho e Setembro em função do pagamento de atrasados referentes aos anos transactos que exceder os montantes programados, até a um máximo de FCFA 1,85 mil milhões. O programa presume os seguintes pagamentos de atrasados referentes a anos transactos (montante acumulado desde 1 de Janeiro de 2011): zero no final de Março; zero no final de Junho; zero no final de Setembro e FCFA 1,85 no final de Dezembro.