148
GUINÉ BISSAU Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP Maio de 2014 Parceiro estratégico:

GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

GUINÉ BISSAU

Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

Maio de 2014

Parceiro estratégico:

Page 2: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

2

Índice

1. CEDEAO. Enquadramento regional, político e económico ............................................................................. 22

1.1. Caracterização da comunidade ...................................................................................................................... 22

1.1.1. Principais objetivos e aspirações da CEDEAO ............................................................................................... 22

1.1.2. Os Estados Membros da CEDEAO ................................................................................................................ 23

1.1.3. Mecanismos de integração e prioridades de desenvolvimento da CEDEAO .................................................. 23

1.2. A CEDEAO enquanto comunidade económica ............................................................................................... 26

1.3. As economias da CEDEAO ............................................................................................................................ 32

1.3.1. Nigéria e Gana. As duas maiores economias da Comunidade. ...................................................................... 32

1.3.2. Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Senegal e Togo. Setor agrícola

dominante. ...................................................................................................................................................... 33

1.3.3. Guiné, Níger e Serra Leoa. Indústria Extrativa, um setor em expansão. ........................................................ 37

1.3.4. Cabo Verde e Gâmbia. Economias orientadas para os serviços. ................................................................... 38

1.4. Trocas comerciais na CEDEAO ...................................................................................................................... 39

1.4.1. Complementaridade das economias ............................................................................................................... 39

1.4.2. Comércio intrarregional ................................................................................................................................... 40

1.5. Comércio extrarregional .................................................................................................................................. 43

1.5.1. Principais parceiros comerciais da CEDEAO .................................................................................................. 43

1.5.2. Trocas comerciais entre a CPLP e a CEDEAO .............................................................................................. 44

1.6. Investimento direto estrangeiro na CEDEAO .................................................................................................. 47

1.7. Principais setores de oportunidade por país e infraestruturas de apoio ......................................................... 49

1.8. Principais produtos importados pelos países da CEDEAO e oportunidades para as empresas Portuguesas 52

2. Nigéria – A principal economia da CEDEAO .................................................................................................. 58

2.1. Macroeconomia .............................................................................................................................................. 59

2.1.1. PIB da economia nigeriana ............................................................................................................................. 59

2.1.2. Orçamento Geral do Estado ........................................................................................................................... 60

2.1.3. Dívida pública ................................................................................................................................................. 61

2.2. Estrutura Produtiva ......................................................................................................................................... 62

2.3. Política económica .......................................................................................................................................... 64

2.3.1. Perspetivas Futuras ........................................................................................................................................ 64

2.3.2. Prioridades estratégicas da Nigéria ................................................................................................................ 65

2.4. Infraestruturas e energia ................................................................................................................................. 68

2.5. Grandes projetos de investimento previsto em infraestruturas ....................................................................... 80

2.6. Abertura da economia e relações comerciais ................................................................................................. 85

2.7. Principais setores de oportunidade ................................................................................................................. 92

2.8. Investimento direto estrangeiro na Nigéria...................................................................................................... 93

2.9. Financiamento à economia ............................................................................................................................. 94

2.9.1. Principais bancos presentes ........................................................................................................................... 94

2.9.2. Bancarização da população ............................................................................................................................ 95

Page 3: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

3

2.9.3. Taxa de juros de empréstimos ........................................................................................................................ 96

2.9.4. Bolsa de valores ............................................................................................................................................. 96

3. Guiné-Bissau .................................................................................................................................................. 98

3.1. Macroeconomia .............................................................................................................................................. 98

3.1.1. PIB da economia guineense ........................................................................................................................... 98

3.1.2. Orçamento Geral do Estado ........................................................................................................................... 99

3.1.3. Dívida Pública ................................................................................................................................................. 99

3.1.4. Reserva de moeda estrangeira ..................................................................................................................... 101

3.1.5. Evolução das taxas de juro e variação da liquidez ....................................................................................... 101

3.1.6. Taxa de câmbio ............................................................................................................................................ 103

3.2. Política Económica ....................................................................................................................................... 103

3.3. Estrutura produtiva ........................................................................................................................................ 105

3.3.1. PIB por setor ................................................................................................................................................. 105

3.3.2. Retrato do setor empresarial do Estado ....................................................................................................... 105

3.4. Recursos naturais ......................................................................................................................................... 106

3.5. Infraestruturas e energia. Situação atual e projetos de investimentos .......................................................... 106

3.6. Abertura da economia e relações comerciais ............................................................................................... 109

3.7. Investimento Direto Estrangeiro na Guiné-Bissau ........................................................................................ 116

3.8. Principais setores de oportunidade ............................................................................................................... 117

3.9. Financiamento à economia ........................................................................................................................... 118

3.9.1. Principais bancos presentes ......................................................................................................................... 118

3.9.2. Bancarização da população .......................................................................................................................... 119

3.9.3. Taxas de juro de empréstimo ........................................................................................................................ 119

3.9.4. Bolsa de valores ........................................................................................................................................... 119

4. Investir na Guiné-Bissau ............................................................................................................................... 122

4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ................................................ 122

4.1.1. População Ativa ............................................................................................................................................ 122

4.1.2. Desemprego ................................................................................................................................................. 122

4.1.3. Desigualdades .............................................................................................................................................. 123

4.1.4. Breve descrição do regime de segurança social ........................................................................................... 123

4.2. Como investir na Guiné-Bissau? ................................................................................................................... 124

4.2.1 Fases/Etapas a observar no Processo de estabelecimento na Guiné-Bissau .............................................. 125

4.3. Incentivos e benefícios ao investimento ....................................................................................................... 125

4.4. Principais mecanismos de financiamento ..................................................................................................... 127

4.5. Competitividade da Guiné-Bissau ................................................................................................................. 129

4.5.1. Atratividade da Guiné-Bissau no contexto regional ...................................................................................... 129

4.6. Principais constrangimentos ao IDE e Exportação ....................................................................................... 130

4.6.1. Exportações/Importações – Barreiras aduaneiras: tarifas, barreiras não tarifárias, outros impedimentos .... 130

4.6.2. Entrada e saída de capitais........................................................................................................................... 131

4.6.3. Sistema Fiscal ............................................................................................................................................... 132

4.6.4. Obtenção de vistos ....................................................................................................................................... 134

Page 4: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

4

4.6.5. Modelos de cobertura de riscos financeiros, operacionais, propriedade ...................................................... 135

4.6.6. Sistema jurídico e judiciário .......................................................................................................................... 135

4.6.7. Resolução extrajudicial de litígios ................................................................................................................. 136

4.7. Principais características dos acordos da Guiné-Bissau no domínio do comércio e investimento ............... 136

4.7.1. Protocolos existentes na CEDEAO e posicionamento da Guiné-Bissau face aos mesmos. ........................ 136

4.7.2. Acordos essenciais da Guiné-Bissau na área do comércio (ACI, APPRI, ADT) ........................................... 137

4.7.3. Acordos entre os Estados Unidos e a Guiné-Bissau – AGOA ...................................................................... 137

4.7.4. Acordos entre a União Europeia e a Guiné-Bissau ....................................................................................... 138

5. Atratividade da Guiné-Bissau no contexto da CPLP ..................................................................................... 140

Page 5: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

5

Acrónimos

ACP – African, Caribbean, and Pacific Group of States

ADT – Acordo para evitar a Dupla Tributação

AGO – Angola

AGOA – African Growth and Opportunity Act

ANIP – Agência Nacional de Investimento Privado

APPRIS – Acordos de Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos

ASEAN – Association of Southeast Asian Nations

BAfD – Banco Africano de Desenvolvimento

BAOD – Banque Ouest Africaine de Développement

BD – Barris (de petróleo) por dia

BDI – Burundi

BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

BIT – Bilateral Investment Treaty

BM – Banco Mundial

BNA – Banco Nacional Angolano

BNT – Barreiras Não Tarifárias

BTA – Bilateral Trade Agreements

BT – Barreiras Tarifárias

BWA – Botsuana

CAF – República Centro-Africana

CCI – Câmara de Comércio Internacional

CEDEAO – Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental

CEEAC – Comunidade Económica dos Estados de África Central

CMR – Camarões

Page 6: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

6

COD – República Democrática do Congo

COG – Congo

CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

DB – Ranking Doing Business

EM – Estados Membros

EUA – Estados Unidos da América

FMI – Fundo Monetário Internacional

GAB – Gabão

GATT – General Agreement on Tariffs and Trade

GNL – Gás Natural Liquefeito

GNQ – Guiné Equatorial

IDA – Banco Mundial

IDE – Investimento Direto Estrangeiro

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

INE – Instituto Nacional de Estatística

IPA – Investment Promotion Agency

LSO – Lesoto

LUPP – Luanda Urban Poverty Programme

MDG – Madagáscar

MERCOSUL – Mercado Comum do Sul

MMTZ – Maláui-Moçambique-Tanzânia-Zâmbia

MOZ – Moçambique

MUS – Maurícias

MWI – Maláui

NAM – Namíbia

OEM – Original Equipment Manufacturer

Page 7: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

7

OHADA - Organização para a Harmonização em África do Direito dos Negócios

OMC – Organização Mundial do Comércio

OPEC / OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo

PE – Projetos Estruturantes

PIB – Produto Interno Bruto

PPPs – Parcerias Público-Privadas

PTAs – Preferential Trade Arrangements

SACU – Southern African Customs Union

SADC – Southern African Development Countries

SIDS – Small Islands Developing States

STP – São Tomé e Príncipe

SWZ – Suazilândia

SYC – Seicheles

TBI – Tratado Bilateral de Investimento

TCD – Chade

TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação

TZA – Tanzânia

UE – União Europeia

UEMOA – União Económica e Monetária do Oeste Africano

UNCTAD – United Nations Conference for Trade and Development

USAID – United States Agency for International Development

WTTC – World Travel & Tourism Council

ZAF – África do Sul

ZCL – Zona de Comércio Livre

ZMB – Zâmbia

ZWE – Zimbabué

Page 8: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

8

Nota prévia

Page 9: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

9

Nota prévia

O presente documento constitui resultado de um trabalho de pesquisa e análise que decorreu entre 1 de julho e 31 de Dezembro de 2013, ao abrigo de contrato celebrado entre a AIP – Associação Industrial Portuguesa (“AIP”) e a PricewaterhouseCoopers&Associados – Sociedade de Revisores Oficiais de Contas, Lda. ( “PwC”).

Os elementos estatísticos, dados e informação constantes do presente documento e que serviram de base à análise e conclusões obtidas, têm por base informação pública disponível, como referenciado ao longo do documento, as quais foram alvo de apreciação quanto à sua materialidade e aplicabilidade à análise, tendo presente critérios de razoabilidade e aderência às realidades locais e regionais, e que sejam do nosso conhecimento. Foram integrados alguns dados e elementos adicionais que foram publicados após a fase de pesquisa e análise dada a sua relevância para o estudo.

Esta comunicação é de natureza geral e meramente informativa, não se destinando a qualquer entidade ou situação particular, e não substitui aconselhamento profissional adequado ao caso concreto.

As conclusões obtidas e os cálculos efetuados estão dependentes da qualidade da informação obtida em todos os aspetos materialmente relevantes, sendo que a informação recolhida foi considerada como adequada, não tendo sido realizada qualquer forma de auditoria ou certificação, para além do referido, que não as de consistência com fontes concorrentes ou complementares, salvo indicação expressa em contrário.

Os valores e as conclusões apresentados só terão sustentabilidade caso se verifiquem os pressupostos considerados, não podendo este estudo ser entendido como uma garantia ou confirmação de que esses pressupostos se verificarão. Desta forma, as nossas conclusões devem ser analisadas em função das limitações referidas. A PwC e a AIP, não se responsabilizarão por qualquer dano ou prejuízo emergente de decisão tomada com base na informação aqui descrita.

Em nenhuma circunstância, assumiremos qualquer responsabilidade relativamente a terceiros que tenham

acesso ao presente documento.

Projeto Co-Financiado:

Page 10: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

10

Sumário

Executivo

Page 11: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

11

Sumário Executivo

A redefinição das centralidades de dinamismo económico, a par da relativa contração das economias desenvolvidas, confere uma nova relevância às economias emergentes.

Entre estas, os países da CPLP e a Região Administrativa Especial de Macau (RAE Macau) assumem um papel relevantíssimo, não só pelo seu potencial intrínseco, mas também por se encontrarem inseridas em comunidades económicas regionais em crescente integração económica. Constituem, assim, um incontornável desafio e uma oportunidade única para os empresários nacionais.

Com efeito, os países da CPLP e a RAE de Macau encontram-se integrados em sete espaços regionais económicos distribuídos por quatro continentes.

Estima-se que o espaço lusófono tenha cerca de 258 milhões de habitantes e as regiões económicas que integram cerca de 1.8 mil milhões de habitantes.

Os estados membros da CPLP e a RAE de Macau apresentam, no seu conjunto, potencialidades e características próprias que podem permitir aumentar as exportações das empresas portuguesas, potenciar novas parcerias para a sua internacionalização e atrair investimento direto estrangeiro.

CPLP

Características

%

Comércio CPLP

(% Quota Mundial)

% - Valor

População CPLP 2012, % da população mundial 3,68%

CPLP - Total do comércio mundial

3,9% - US$ 706 mil milhões

PIB 2012, % do PIB mundial 3,67%

Exportações totais CPLP 2,1% - US$ 379 mil milhões

Água disponível na CPLP 2012, % mundo 13,53% Importações totais CPLP 1,8% - US$ 327 mil milhões

Terra arável disponível na CPLP, % mundo 5,86%

Fonte: Banco Mundial, FAO e UNCTADstat

Acresce que muito embora os países da CPLP apresentem uma dinâmica de crescimento relevante, quando comparados com o resto do mundo, verificamos a existência de um gap. Ora, este gap deverá poder ser minimizado ou revertido, através do incremento da cooperação e da integração da CPLP, assente na proximidade cultural e na complementaridade de competências.

Page 12: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

12

O reforço da integração no espaço comum lusófono e o estabelecimento de players regionais e de redes de empresas oriundas desse espaço facilitarão o acesso a novos consumidores, com preferências tendencialmente convergentes, e a mercados com elevadíssimo potencial de desenvolvimento e forte necessidade de investimento.

Por outro lado, o desenvolvimento será exponenciado com o desenvolvimento dos grandes projetos de infraestruturas regionais, aumentando ainda o grau de integração de cada uma das comunidades económicas regionais.

Adicionalmente, grandes áreas dessas regiões não apresentam, ainda, um nível de concorrência particularmente elevado, podendo conferir uma vantagem relevante (first mover) aos investidores

que primeiro acedam ao mercado.

As comunidades económicas regionais a que pertencem os demais países da CPLP e a RAE de Macau, são constituídas por 53 países, aos quais acrescem ainda os EM da União Europeia e do Espaço Económico Europeu. Apesar de Timor-Leste ainda só ser membro observador da ASEAN já apresentou o pedido formal de adesão à ASEAN.

Comunidades económicas regionais*

ASEAN

Estados Membros: Indonésia, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia, Brunei Darussalam, Vietname, Laos, Myanmar e Camboja.

Membros observadores: Papua Nova Guiné e Timor-Leste.

SADC

Estados Membros: Angola, Botsuana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagáscar, Maláui, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Seicheles, África do Sul, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué.

CEEAC

Estados Membros: Angola, Burundi, Camarões, República Centro - Africana, Chade, Congo, República Democrática do Congo, Guiné Equatorial, Gabão

e São Tomé e Príncipe.

MERCOSUL

Estados Membros: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela.

CEDEAO

Estados Membros: Benim, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Senegal,

Serra Leoa e Togo. * A RAE Macau apesar de não se encontrar numa comunidade económica regional foi analisada enquanto plataforma para a China e RAE Hong-Kong.

*RP China e RAE Macau

2.35% 2.60%

3.24% 3.40% 3.38% 3.54%

3.31%

4.04% 4.37% 4.46% 4.51% 4.49%

2%

3%

4%

5%

2013 2014 2015 2016 2017 2018

Taxa de crescimento estimada

CPLP Mundo

Fonte: FMI e análise PwC

Page 13: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

13

O presente guia procura, portanto, enfatizar como os países da CPLP e a RAE de Macau podem contribuir para as exportações portuguesas e o IDE nacional, enquanto plataformas de acesso àqueles mercados de integração regional. E, reciprocamente, enfatizar ainda como Portugal pode tornar-se uma plataforma de acesso do resto do mundo àqueles mercados e, simultaneamente, promover também as exportações e o IDE oriundos daquelas regiões, enquanto plataforma de acesso à União Europeia e ao Espaço Económico Europeu.

Para o efeito procurou-se caraterizar, nas suas múltiplas dimensões, os mercados das comunidades económicas regionais, o país com maior representatividade económica na região e o país da CPLP. Foi analisado um conjunto muito alargado de variáveis económicas e oportunidades nestes mercados que resultam no presente guia de investimento, não só para os mercados alvo, neste caso Guiné-Bissau, como também para a respetiva comunidade económica regional, neste caso a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental CEDEAO).

Conhecer a estratégia regional comum e o nível de integração dos países, permitirá antecipar as tendências de desenvolvimento da economia, o comportamento dos mercados e a sua futura evolução, que será sempre reforçada pelo processo de integração destas regiões e consequente convergência económica.

Guiné-Bissau e a CEDEAO

No presente guia procurou-se analisar em que medida a integração regional da Guiné-Bissau com a CEDEAO, e com os países da CPLP, poderá dinamizar o seu posicionamento enquanto plataforma para as trocas de bens e serviços (e, num futuro próximo, de capitais) na região, primordialmente como porta económica da CPLP para a CEDEAO (e vice-versa) e, simultaneamente, fortalecer a sua estrutura económica e social, e com isso materializar o potencial de crescimento.

As relevantes potencialidades da CEDEAO poderão ser exploradas pela CPLP através dos seus 2 países membros que pertencem à comunidade, Cabo Verde e Guiné-Bissau. Muito embora estes países apresentem diferenças endógenas que deverão ser consideradas, ambas as nações apresentam caraterísticas comuns aos demais países da CPLP, dado que têm o português como língua oficial, e uma vez que possuem relevantes laços culturais. Acresce que a Guiné-Bissau possui recursos agrícolas e minerais por explorar, assim como um património florestal e ambiental que encerra em si um potencial turístico aliciante.

A Guiné-Bissau é uma economia de pequena dimensão – o país registou um PIB de US$ 822 milhões em

2012. O desempenho económico apresenta volatilidade correlacionada com os períodos de maior ou menor

estabilidade política. A contribuir para a perda de performance da economia, nos períodos mais recentes além

do fator referido acima, estiveram (i) a queda da produção e do preço da castanha de caju, principal artigo

exportado pelo país, e também, (ii) os choques externos, nomeadamente o acréscimo do preço das

importações de produtos energéticos e petrolíferos.

No período recente, como aspeto positivo à que realçar o decréscimo acentuado do endividamento, tendo a

Guiné-Bissau beneficiado de perdões de dívida ao abrigo do programa HIPC (Highly Indebted Poor Countries)

– tendo a dívida pública nominal descido para 43,7% do PIB em 2011. O governo tem vindo a desenvolver

esforços para concluir acordos bilaterais com os restantes credores internacionais, numa estratégia nacional

empenhada em melhorar, ainda mais, a sustentabilidade da dívida pública.

O país beneficia de recursos hídricos e minerais que se encontram por explorar, na sua quase totalidade. O

Governo ciente dessa realidade tem em curso um plano de desenvolvimento de minérios, em conjugação com

a manutenção da sua sustentabilidade ambiental. O acesso aos recursos referidos depende de infraestruturas

fiáveis e apropriadas, poderão vir a ser criadas com o apoio de instituições financeiras multilaterais,

nomeadamente o BAfD (Banco Africano de Desenvolvimento) que aprova empréstimos para reabilitação de

vias urbanas. Nesse sentido foi aprovado um financiamento de US$ 500 milhões para a execução do projeto

do Porto de Buba. Estão abertas vias para o desenvolvimento e progresso na Guiné-Bissau.

Page 14: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

14

Em termos de desempenho setorial, destaca-se o i) setor agrícola, e neste caso a produção e exportação da

castanha de caju, absorvida na sua quase totalidade pelo mercado indiano, e a exportação de borracha

natural, absorvida maioritariamente pelo mercado espanhol, e ii) o setor terciário, constituído principalmente

pelo comércio (42,5% do setor, dada a pouca expressão dos restantes setores).

As expetativas para a economia da Guiné-Bissau são positivas, assentes em: i) realização de eleições no

curto prazo, tidas como um sinal de confiança para a concessão de ajuda internacional, ii) realização de

investimentos de reabilitação da rede de infraestruturas do país no médio prazo, e iii) crescimento e retoma

dos mercados de destino dos principais motores de exportação guineenses. A ajudar à concretização destas

expectativas, realçamos os importantes aspetos de integração regional, através da adoção do Franco CFA da

CEDEAO como moeda guineense, integração do país na bolsa de valores da União Económica e Monetária

do Oeste Africano (UEMOA), e a monitorização e estabilidade do setor financeiro assegurada pela comissão

bancária da UEMOA.

No entanto, deverá ter-se presente a existência de elevada informalidade na estrutura económica do país, que

deverá ser considerada pelos agentes económicos.

As oportunidades imediatas concentram-se no setor agrícola, encontrando-se reunidas as condições

climatéricas e de solo necessárias à exploração agrícola em maior escala, num ramo de negócio que exige um

nível de investimento reduzido. Mais aliciante é a exploração de recursos minerais, a qual poderá ter um maior

impacto nos níveis de rendimento e assim permitir a expansão de outros setores da economia.

Em 2012, as importações da Guiné-

Bissau ascenderam a US$ 227 milhões.

As suas principais relações comerciais

são com Portugal, Senegal e EUA, que

representam no seu conjunto cerca de

69% das importações totais da Guiné-

Bissau.

Verifica-se a acentuada dependência

económica do país relativamente a

nações desenvolvidas e industrializadas,

através do perfil de bens adquiridos,

necessários à condição mínima de

qualquer espaço económico.

De referir, como aspeto adicional de

integração económica, que a política

comercial nacional está enquadrada nas

recomendações da UEMOA, aplicando a

Guiné-Bissau a tarifa externa comum

(“TEC”) da União sobre os produtos

importados. A coordenação de políticas

comerciais é um vetor fundamental para

criar redes comerciais entre os EMs da

CEDEAO e a CPLP.

Em termos de IDE na Guiné-Bissau, os valores registados desde 2010 têm vindo a diminuir, sendo que o valor

registado em 2012 corresponde a cerca de USD 16 milhões, metade do valor total registado em 2010. Ainda

assim, valores muito reduzidos, registando a Guiné-Bissau o menor volume de investimento de todos os

países da CPLP.

Do total dos produtos importados pela Guiné-Bissau aos parceiros económicos, no total de US$ 227 milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 70% das importações, no total de cerca de US$ 159 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Arroz; Bebidas não alcoólicas; Tubos e perfis ocos, acessórios de ferro e aço; Pedra, areia e cascalho; Bebidas alcoólicas; Materiais de construção (cimento); Produtos comestíveis e preparações; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Gorduras vegetais fixos e óleos, refinados; Óleos brutos de petróleo, materiais em bruto; Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Sabonetes, limpeza e produtos de polimento; Geradores; Válvulas e tubos catódicos; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Gorduras vegetais fixos e óleos; Açúcar, melaço e mel; Produtos laminados planos, ferro, de aço não ligado, revestidos, folheados; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Tabaco; Mobiliário e peças; Artigos confecionados de matérias têxteis; Equipamento de telecomunicação; Leite e produtos lácteos.

Fonte: UNCTADStat, dados de 2012

Page 15: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

15

Portugal atualmente representa cerca de

29% do total das importações

guineenses, num volume total de US$ 66

milhões.

Constata-se uma concentração de valor

num conjunto de bens importados. Os

produtos portugueses mais exportados

para a Guiné-Bissau em 2012 foram

óleos de petróleo (US$ 22 milhões),

bebidas não alcoólicas (US$ 8 milhões) e

bebidas alcoólicas (US$ 7 milhões), as

quais representam 34%, 13% e 12% do

valor total de importações.

O nível de penetração e as boas relações

comerciais e culturais entre Portugal e

Guiné-Bissau poderão permitir beneficiar

de crescimento futuro e permitir/facilitar

uma maior presença na CEDEAO. A

melhoria das infraestruturas do país é um

fator crítico para a competitividade da

Guiné-Bissau.

Os investidores Portugueses poderão antecipar a previsão de crescimento do setor agrícola e do setor

energético (resultante do incremento do processo de industrialização do país e da intensificação da exploração

de recursos naturais), bem como explorar as necessidades de know-how para os diversos setores, e de

recursos de construção para a execução das obras críticas a médio prazo.

Do total dos produtos importados pela Guiné-Bissau a Portugal, no total de US$ 66 milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 81% das importações, no total de cerca US$ 55 milhões:

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Bebidas não alcoólicas; As bebidas alcoólicas; Materiais de construção (cimento); Geradores; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Materiais de construção (tijolos); Mobiliário e peças; Ovos; Aves gemas; Albumina de ovo; Gorduras vegetais fixos e óleos, refinados, do fracionamento; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Arroz; Equipamento mecânico manuseio, e suas partes; Braços e munição; Propano e butano liquefeito; Produtos comestíveis e preparações; Artigos de plástico; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Máquinas de processamento de dados; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Prego, parafusos, porcas, rebites e semelhantes de metais; Artigos de tecidos têxteis; Roupas e outros artigos têxteis usados; Pigmentos, tintas, vernizes e materiais relacionados.

Fonte: UNCTADStat, dados de 2012

Page 16: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

16

Comunidade Económica do Estados da África Ocidental (CEDEAO)

Através da estratégia adotada pela CEDEAO em 2006, a ‘Visão 2020’, os EMs pretendem desencadear um

processo de transformação nos seus territórios, que permita incrementar o nível de relações comerciais e

económicas numa verdadeira região sem fronteiras, tomando partido dos enormes recursos da CEDEAO.

Sendo o nível de complementaridade ainda muito reduzido no seio da CEDEAO, a melhoria da intensificação

das trocas comerciais é um dos seus objetivos, pelo que se torna necessária alguma especialização na cadeia

de valor pelos EMs.

Observa-se, contudo, que há uma potencial alavancagem comercial entre Nigéria, Costa do Marfim, Gana, e

Senegal, podendo este sub- grupo de países dentro da CEDEAO vir a tornar-se o eixo motor da região. O

detalhe dos bens importados e exportados por estas nações evidencia a preponderância de cacau, algodão,

combustíveis, minérios e outros, tendo por contrapartida necessidades de bens que não se encontram

disponíveis nesta região.

No comércio extrarregional, os principais mercados de exportações são países com elevada produção

industrial, como a China, países membros da UE (França, Reino Unido e Holanda, em particular), EUA e

República da Coreia.

As matérias-primas têm um enorme

destaque nas exportações da

CEDEAO, sendo em boa parte

responsáveis pelo saldo positivo da

balança comercial, e permitindo

uma redução considerável das suas

necessidades de financiamento

junto do exterior.

Ao nível das importações da região,

verifica-se um abrandamento do

crescimento, embora as

importações mantenham uma taxa

média de crescimento de 11.8%

entre 2009 e 2012.

Importa referir que a CEDAO conta

com um mercado potencial de 319

milhões de consumidores.

No Top dos produtos mais

importados pela CEDEAO são de

destacar os óleos brutos, óleos de

petróleo, óleos de xistos, materiais

em bruto e veículos automóveis

para transporte de pessoas,

consequência do desenvolvimento

industrial da região.

Ainda assim, as exportações de

Portugal diminuíram 3,1% no

período de 2008 a 2012. Perspetiva-

se que a curto ou médio prazo,

Portugal apresenta uma balança comercial negativa com a região, a qual é fortemente influenciada pela

importação de combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados que corresponderam a 90% das

importações portuguesas da região em 2012.

Do total dos produtos importados pela CEDEAO, no montante de US$ 104 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 50 principais produtos que representam 70% das importações, no montante de cerca de US$ 72,7 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Óleos brutos de petróleo, óleos de xistos, materiais em bruto; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Arroz; Produtos comestíveis e preparações; Embarcações; Equipamento de telecomunicação; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Trigo e centeio em grão; Máquinas para a construção civil; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Peixe fresco ou congelado; Materiais de construção; Açúcar, melaço e mel; Tecidos de algodão; Leite e dos produtos lácteos; Geradores; Motocicletas e velocípedes; Automóveis; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Tubos e perfis ocos, acessórios de ferro e aço; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Metais comuns; Gorduras vegetais e óleos, refinados; Papel e cartão; Máquinas e aparelhos; Artigos de plástico; Peças e acessórios dos veículos; Máquinas de energia elétrica e componentes; Fertilizantes; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Material impresso; Bombas e compressores a gás e ventiladores; Motores de combustão interna e peças; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Aparelhos de medição, análise e controle; Polímeros de etileno, em formas primárias; Produtos laminados planos de ferro, aço não ligado, não revestido; Ferramentas mecânicas, outras; Inseticidas e produtos semelhantes, para venda a retalho; Aquecimento e resfriamento de equipamentos e suas partes; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Alumínio; Aparelhos para canalizações, caldeiras, reservatórios, cubas; Outras matérias plásticas em formas primárias; Produtos diversos das indústrias químicas; Máquinas de processamento de dados; Mobiliário e peças; Chapas, filmes, papel alumínio e lâminas, de plástico.

Fonte: UNCTADStat, dados 2012

Page 17: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

17

Nas trocas comerciais entre a CEDEAO e

CPLP, apenas Portugal e o Brasil

apresentam níveis significativos, quer em

termos de importações, quer em termos de

exportações.

O Brasil e Portugal têm vindo a registar

fortes deficits comerciais em relação à

CEDEAO.

Portugal registou em 2012 um défice

comercial de US$ 1,1 mil milhões, em

particular devido ao peso das importações

de petróleo.

Nigéria

A Nigéria assume um papel central na região, enquanto principal economia da CEDEAO (responsável por

cerca de 66% do PIB), o país africano mais populoso (cerca de 168 milhões de habitantes), e com base na

revisão do PIB de 2013, a maior economia africana.

A Nigéria possui uma equilibrada distribuição espacial da sua economia e um grau de desenvolvimento notório

(existem poucas áreas com aproveitamento agrícola que não estejam a ser exploradas), além das relevantes

reservas petrolíferas e um setor de serviços, bancário e telecomunicações, bastante desenvolvido).

O governo tem levado a cabo um programa de consolidação orçamental que estabelece como teto máximo um

défice orçamental de 3% do PIB, o qual tem sido eficientemente cumprido nos últimos anos, o que, juntamente

com uma política monetária conservadora dotou a economia de uma estabilidade macroeconómica facilitadora

do desenvolvimento da atividade económica.

Desta forma, a Nigéria tem beneficiado de anos de forte e sustentável crescimento, proporcionando uma

melhoria na qualidade de vida da população, redução da pobreza (muito embora se devam registar as

elevadas desigualdades na distribuição do rendimento), desenvolvimento de setores chave, e qualificação da

população. Em suma, trata-se de uma economia em transformação, o que conduz a mudanças de padrões de

consumo e a novas rotas de desenvolvimento, o que traz novas oportunidades de negócio.

Em termos de política industrial foi decidido eliminar os subsídios ao setor petrolífero em 2012, responsáveis

por 30% dos gastos totais do Estado em 2011 (cerca de 4,2% do PIB da Nigéria). Esta poupança orçamental

foi, em parte, redirecionada para a execução do plano estratégico nacional, fundamentado nos seguintes

eixos: i) programas para a segurança social, e ii) projetos de infraestruturas tidas como fulcrais para o

desenvolvimento da economia.

Segundo alguns relatórios internacionais, a Nigéria será o país com a maior taxa média de crescimento anual

do PIB a nível mundial, entre 2010 e 2050. Note-se que, apesar do moderado crescimento económico a que

se assiste no setor petrolífero, a Nigéria registou um crescimento anual do PIB em 2012 superior a 6%, sendo

que 2012 faz parte de um período em que o crescimento da economia se tem vindo a dever ao setor das

telecomunicações, correios, extração mineira, hotelaria, restauração, construção civil, comércio grossista e

retalhista, imobiliário e agricultura. Este crescimento evidencia a diversificação da base económica nacional e

o aligeirar da dependência face ao setor petrolífero.

Do total dos produtos importados pela CEDEAO a Portugal, no valor total de US$ 593 milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 59% das importações do bloco, no montante de US$ 353 milhões:

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Materiais de construção (cimento); Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Bebidas alcoólicas; Gorduras vegetais e óleos, refinados; Gás propano e butano liquefeito; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Bebidas não alcoólicas; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Mobiliário e peças; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Embarcações; Produtos comestíveis e preparações; Leite e produtos lácteos; Tubos e perfis ocos, acessórios, ferro, aço; Papel e cartão; Materiais de construção (tijolos); Artigos de plástico; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Equipamento de telecomunicação; Máquinas para a construção civil; Metais comuns; Tabaco; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Papel e cartão.

Fonte: UNCTADStat, dados 2012

Page 18: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

18

A Nigéria importa maioritariamente óleos

brutos de petróleo, veículos automóveis para

transporte de pessoas, produtos comestíveis e

preparações representando estes, 65% do

total das importações.

As importações da Nigéria à CPLP não são

significativas (3,21%), sendo estas

maioritariamente asseguradas pelo Brasil, e

em segundo e terceiro lugar por Portugal e por

Angola.

As exportações da Nigéria para o mundo

encontram-se concentradas em combustíveis

minerais (94%).

Os principais destinatários são países

industrializados como a China, os EUA, o

Brasil e a Alemanha, representando 47% das

suas exportações. Os EUA têm vindo a

incrementar o seu peso, enquanto a China

apresenta variabilidade ao longo dos períodos

analisados.

Refira-se que a balança comercial de Portugal com a Nigéria tem sido negativa, cifrando-se em cerca de US$

1,5 mil milhões em 2012, dados os elevados volumes de crude, óleos brutos de petróleo e gás natural

importados para satisfazer as necessidades energéticas do país.

As oportunidades que sobressaem na Nigéria baseiam-se em 3 eixos fundamentais: i) o crescimento anual

previsto para o setor agrícola em cerca de 5% ao ano, ii) o crescimento do setor industrial a 15% ao ano até

2020, e iii) o crescimento do setor financeiro, imobiliário, comércio e outros serviços a 13%.

Para os agentes económicos Portugueses e da CPLP poderão ser prioritárias a implementação de soluções

para infraestruturas e a indústria de materiais ou complementares à construção e para a indústria

agroalimentar (prevê-se que a pressão do crescimento dos rendimentos per capita venha colocar pressão

sobre a procura deste tipo de produtos. As empresas brasileiras com implementação relevante no território

poderão ser uma fonte de inspiração e de ensinamentos.

Do total dos produtos importados pela Nigéria aos seus parceiros económicos. no montante de US$ 51 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 53% das importações, no total de cerca de US$ 27.3 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Produtos comestíveis e preparações; Trigo e centeio em grão; Equipamento de telecomunicação; Arroz; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Peixe fresco ou congelado; Embarcações; Automóveis; Motocicletas e velocípedes; Geradores; Leite e produtos lácteos; Máquinas para a construção civil; Máquinas de energia elétrica e componentes; Papel e cartão; Peças e acessórios dos veículos; Açúcar, melaço e mel; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Tubos e perfis ocos, acessórios de ferro, aço; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Motores de pistão de combustão interna; Metais comuns; Cacau; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio.

Fonte: UNCTADStat, dados 2012

Page 19: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

19

Conclusões Globais

A Guiné-Bissau apresenta um ambiente de negócios com pontos concretos de atratividade, que se tornarão mais seguros e viáveis ao investimento, uma vez ultrapassada a conjuntura política atual. O setor agrícola, a aposta no posicionamento de Portugal enquanto país exportador de combustíveis refinados (nº. 1 para a Guiné-Bissau), e o desenvolvimento do canal comercial de bebidas revelam-se como as principais oportunidades de investimento no curto-prazo.

O país identificou a necessidade de desenvolvimento das suas infraestruturas portuárias e rodoviárias, assim como da sua rede energética, fundamentais a uma maior integração com a comunidade económica regional, e progresso nacional. Já foram dados passos importantes na execução destes projetos, como seja a assinatura de contratos de financiamento, assim como a previsão de construção de infraestruturas rodoviárias assegurada por investidores privados angolanos, o que conduzirá a transformações significativas na realidade guineense. Portugal pode fazer parte desta “corrida à construção” com a sua reputada experiência de grandes obras em África, enquanto parceira de consórcios de construção, e peritagem numa variedade de áreas de engenharia.

Por fim, e como é regra no mundo dos negócios além-fronteiras, haverá sempre que considerar questões

culturais do país alvo na forma como os contatos e os negócios se devem processar, bem como aproveitar o

apoio e assessoria prestada por entidades nacionais e internacionais que, através de presença global,

estabelecem pontes para a abordagem a estes mercados, apoiam na implementação e acompanhamento do

investimento, e acima de tudo na otimização destes projetos.

Há um conjunto de elementos a ponderar na abordagem ao mercado que podemos sintetizar no seguinte quadro:

Page 20: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

20

Forças Fraquezas

Português é a língua oficial da Guiné-Bissau

Portugal é um parceiro económico potencial ao nível de bens agrícolas

Previsões de crescimento continuado da atividade económica nos próximos anos

Localização geostratégica para a CEDEAO

Integração regional crescente na comunidade económica

Recursos minerais e fósseis economicamente atrativos

Envolvente cambial da Guiné-Bissau – paridade da CFA em relação ao euro,

Vasta área cultivável – 300 mil hectares adequados à exploração e cultivo de arroz

Experiência das empresas portuguesas em projetos de infraestruturas em África

Reputação e reconhecimento das empresas portuguesas em África

Inserida no triângulo dos países do petróleo – Golfo da Guiné onde se concentra 2/3 da produção petrolífera da África Subsariana

Falta de mão-de-obra qualificada

Baixos níveis de rendimentos

Reduzida dimensão da economia

Grau de bancarização da população muito reduzido

Subdesenvolvimento do setor bancário

Elevada dependência da castanha de caju enquanto principal dinamizador das exportações guineenses

Infraestruturas fundamentais em estado debilitado

Ausência de política económica e estruturas jurídicas e contabilísticas comuns

Baixa penetração das tecnologias de informação e de comunicações

Sistemas de gestão débeis

Oportunidades Ameaças

Potencial de crescimento, apoiado na tendência de crescimento económico registada nos últimos anos

Redução acentuada do nível de endividamento do país e trabalho do executivo guineense no sentido de aliviar ainda mais o seu esforço de serviço de dívida

Projetos relevantes de investimento previstos em infraestruturas (setores portuário, hídrico, rodoviário e ferroviário)

Crescimento potencial do setor energético

Perspetivas de estabilização da taxa de inflação

Reduzidos obstáculos à obtenção de vistos

Reservas naturais propícias ao desenvolvimento de um setor turístico

Utilização da Guiné-Bissau como porta de entrada para os países vizinhos

Dependência elevada de ajuda externa, ao nível da execução do seu Orçamento de Estado

Elevada dependência de combustíveis fósseis, com elevados custos de importação

Nível de saneamento básico e a falta de acesso a cuidados básicos de saúde contribui para a propagação de doenças

Impossibilidade de consolidação da estabilidade política no curto-prazo

S W

O T

Page 21: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

21

1.CEDEAO

Enquadramento regional, político e

económico

Page 22: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

22

1. CEDEAO. Enquadramento regional, político e

económico

1.1. Caracterização da comunidade

1.1.1. Principais objetivos e aspirações da CEDEAO1

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) foi criada em 1975 e é composta,

atualmente, por 15 Estados-Membros (EM). Inicialmente, a constituição desta comunidade teve como objetivo

principal a diminuição das barreiras tarifárias e não-tarifárias, a supressão dos direitos e taxas de importação,

a eliminação das restrições de comércio intrarregional e a introdução progressiva de uma tarifa aduaneira e de

uma política comercial comum, a supressão dos obstáculos à livre circulação de pessoas, bens, serviços e

capitais, a harmonização das políticas económicas, industriais, agrícolas, monetárias e de infraestruturas.

As insuficiências do Tratado de 1975 vieram a ser reconhecidas na década de 90. Após amplo debate, o

Tratado foi revisto a 24 de julho de 1993. O novo Tratado passou a dotar formalmente a Comunidade da

responsabilidade de evitar e de resolver conflitos na região.

Oito países da sub-região (Benim, Burkina-Faso, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Mali, Níger, Senegal e Togo)

organizaram-se igualmente numa União Económica e Monetária – a UEMOA (União Económica e Monetária

do Oeste Africano), partilhando a mesma moeda, o franco CFA.

Figura 1 – Principais etapas históricas na criação da CEDEAO

1 A Inserção de Guiné-Bissau na CEDEAO

Page 23: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

23

1.1.2. Os Estados Membros da CEDEAO

A CEDEAO é composta por quinze Estados-Membros: Benim,

Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana,

Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Senegal,

Serra Leoa e Togo. Não obstante a pluralidade linguística e de

dialetos que se encontram na região, a língua oficial

predominante é o inglês (65% da população da região), seguida

do francês. O Português surge como 3º língua, sendo língua

oficial em Cabo Verde e Guiné-Bissau, que no seu conjunto

representam 0.7% da população residente na CEDEAO.

Atualmente, todos os países que constituem a comunidade são também membros da OMC, estando adstritos

ao regime jurídico e acordos estabelecidos no quadro desta organização.

1.1.3. Mecanismos de integração e prioridades de desenvolvimento da CEDEAO2

Por forma a permitir aumentar a coesão entre os EM e eliminar progressivamente as barreiras à plena

integração, a Comunidade tem vindo a implementar programas estratégicos no âmbito do seu processo de

renovação e desenvolvimento.

Estes programas têm como objetivos de estratégia regional:

1. Promover a boa governação, justiça e melhorar a prevenção, gestão e mecanismos de resolução de

conflitos;

2. Promover o desenvolvimento de infraestruturas e um ambiente empresarial competitivo;

3. Promover o desenvolvimento sustentável e a cooperação regional;

4. Aprofundar a integração económica e monetária;

5. Reforçar a capacidade institucional;

6. Reforçar os mecanismos de integração no mercado global.

2 http://www.spu.ecowas.int/

Língua Oficial por País

Português Francês Inglês

Cabo Verde, Guiné-

Bissau

Benim, Burquina-Faso,

Costa do Marfim, Guiné,

Mali, Níger, Senegal,

Togo

Gâmbia, Gana,

Libéria, Nigéria,

Serra Leoa

Figura 2 - Países que integram a CEDEAO

Page 24: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

24

1. Promover a boa governação, justiça e melhorar a prevenção, gestão e mecanismos de resolução de

conflitos

Desafios Necessidade de implementar soluções que evitem o conflito e que ajudem a estabilizar o “pós-conflito”; Necessidade de melhorar os sistemas de gestão regional e recursos humanos, por forma a ser possível gerir múltiplas tarefas de forma eficiente e eficaz; A necessidade de melhorar a infraestrutura social, diplomacia e questões humanitárias.

Estratégia Mobilizar os recursos e melhorar as estratégias necessárias para cumprir a missão de manutenção da paz, estabilidade e segurança na região, dentro do contexto de uma boa governação como base para o desenvolvimento sustentável.

2. Promover o desenvolvimento de infraestruturas e um ambiente empresarial competitivo

Desafios Fornecimento de infraestruturas económicas e tecnológicas de base; Desenvolvimento do setor educacional; Empreendedorismo e desenvolvimento empresarial.

Estratégia Fornecer os elementos políticos necessários por forma a assegurar a competitividade regional e nacional, bem como um ambiente de negócios propício ao desenvolvimento do setor privado e aumento da capacidade de suporte a uma estrutura de investimento regional.

3. Promover o desenvolvimento sustentável e cooperação regional

Desafios Falta de infraestruturas físicas e sociais para o estabelecimento de um setor privado forte; Ausência de vontade política para implementar os vários protocolos de livre circulação de pessoas, mercadorias e serviços; Falta de capacidade de gestão do processo de desenvolvimento e falta de coerência e consistência na negociação coletiva; Falta de um programa de harmonização da política industrial que promova o desenvolvimento do setor e facilite a redução de custos nos setores produtivos das economias regionais.

Estratégia Apoiar e incentivar iniciativas que facilitem o cumprimento das políticas e protocolos existentes e proporcionar um ambiente favorável para o desenvolvimento sustentado da região.

4. Aprofundar a integração económica e monetária

Desafios Ausência de políticas económicas e estruturas

Estratégia Promover a harmonização da política económica e

Page 25: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

25

jurídicas e contabilísticas comuns; Falta de coerência e sinergias no mecanismo de vigilância multilateral das diversas instituições da Comunidade; Escassez de informação sobre questões de desenvolvimento socioeconómico; “Não-realização” de critérios de convergência primária e secundária de forma sustentável pelos EM; “Não operacionalização” das instituições relevantes necessárias para a introdução de moeda única.

cooperação monetária como um meio de atingir a convergência macroeconómica e eventualmente, obter uma moeda única na região.

5. Reforçar a capacidade institucional

Desafios Escassez de investimento no desenvolvimento dos recursos humanos e falta de cultura organizacional; Estruturas organizacionais ineficientes e sistemas de gestão fracos; Baixa penetração das Tecnologias de Informação e de Comunicação (TICs).

Estratégia Desenvolver um ambiente de trabalho eficiente e funcional por forma a melhorar a produtividade e a coordenação das atividades necessárias à concretização dos objetivos da região.

6. Reforçar os mecanismos de integração no mercado global

Desafios A instituição de um planeamento estratégico e de um sistema de programação que seja não só prospetivo, mas também a chave para alcançar a visão da região; Falta de mecanismos eficazes para uma abordagem integrada de promoção do comércio; Baixo valor acrescentado e má qualidade dos produtos provenientes da região; Mau estado das infraestruturas da região; A atual crise global e os seus efeitos nas ajudas e nos fluxos de investimento direto estrangeiro (IDE).

Estratégia Implementação da Visão 2020 da CEDEAO (ver caixa abaixo).

Page 26: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

26

1.2. A CEDEAO enquanto comunidade económica

O desempenho económico da região da CEDEAO nos últimos 5 anos foi fortemente influenciado pela

desaceleração da economia global. O fraco desempenho económico mundial provocou uma diminuição da

procura global, comprometendo o ritmo de crescimento acelerado da economia da região da CEDEAO, que

ainda assim registou uma taxa de crescimento média entre 2008 e 2012 de 5,9%.

Tabela 1 - Caracterização dos países membros da CEDEAO

País

Extensão

Territorial

(km2)

População4

População

(% s/ total

região)

PIB3

(milhões

US$)

PIB

per

capita4

Nível

de

IDH4

Índice de

Liberdade

Económica5

(ranking 2013)

Benim 112.622 10.050.702 3,2% 7.557 752 Baixo 101

Burquina-Faso 274.200 16.460.141 5,2% 10.441 634 Baixo 86

Cabo Verde 4.033 494.401 0,2% 1.897 3.838 Médio 65

Costa do Marfim 322.462 19.839.750 6,2% 24.680 1.244 Baixo 126

Gâmbia 11.295 1.791.225 0,6% 917 502 Baixo 92

Gana 238.533 25.366.462 8,0% 40.710 1605 Médio 77

Guiné 245.857 11.451.273 3,6% 6.767 591 Baixo 137

Guiné-Bissau 36.544 1.663.558 0,5% 897 539 Baixo 138

Libéria 111.369 4.190.435 1,3% 1.767 422 Baixo 147

Mali 1.240.192 14.853.572 4,7% 10.308 694 Baixo 111

3 World Bank 2012

4 PNUD 2012 e World Bank

5 www.heritage.org

Visão 2020

A Visão 2020, que “tem como objetivo transformar a Região da África Ocidental numa região sem fronteiras, onde os

cidadãos podem criar e aproveitar as oportunidades de negócio para uma produção sustentável, através da exploração

dos enormes recursos da região”, foi adotada em 2006, no seguimento de vários processos de mudança.

A “Visão” pretende atingir os seguintes objetivos até 2020:

i) Transformar a “CEDEAO de Estados” numa “CEDEAO de Pessoas”, para que os próprios cidadãos estejam

envolvidos no processo de integração regional e estejam no centro das preocupações políticas da região;

ii) Criar um espaço no qual as pessoas vivam com dignidade e paz, no âmbito do Estado de Direito e da boa

governação;

iii) Criar uma região sem fronteiras;

iv) Estabelecer uma região devidamente integrada na “aldeia global” e que consiga tirar proveito dessa

globalização.

Para assegurar a implementação da Visão 2020, a Comissão da CEDEAO criou o Programa de Desenvolvimento da

Comunidade, cujo objetivo é assegurar a coerência e coordenação das iniciativas regionais de desenvolvimento e

“oferecer” à região um programa de desenvolvimento económico regional de referência, de médio e longo prazo.

Page 27: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

27

País

Extensão

Territorial

(km2)

População4

População

(% s/ total

região)

PIB3

(milhões

US$)

PIB

per

capita4

Nível

de

IDH4

Índice de

Liberdade

Económica5

(ranking 2013)

Níger 1.267.000 17.157.042 5,4% 6.568 383 Baixo 128

Nigéria 923.768 168.833.776 53% 262,605 2.722 Baixo 120

Senegal 196.722 13.726.021 4,3% 14.159 1.023 Baixo 116

Serra Leoa 71.740 5.978.727 1,9% 3.796 635 Baixo 151

Togo 56.785 6.642.928 2,1% 3.813 574 Baixo 150

Total 4.669.515 318.500.013 100% 593.892

N/A

Os países-membros da CEDEAO apresentam profundas e crescentes assimetrias estruturais, que apontam

para uma disparidade entre tamanho e riqueza. A extensão territorial dos países membros oscila entre os 4.03

km2 de Cabo Verde e os 1.267.000 km

2 do Níger. Este último, apesar de ser o país com maior extensão

territorial, representa apenas 5,4% da população total da região. De acordo com dados do Banco Mundial, a

Nigéria representava, em 2012, 53% da população total da região e cerca de 66% do Produto Interno Bruto

(PIB) do mesmo.

No que se refere ao índice de liberdade económica6, é de notar que a pontuação geral para a região da

CEDEAO em 2013 é de 55%, ligeiramente abaixo da média mundial nesse mesmo ano, de 59,6%. No entanto,

verificam-se profundas diferenças entre os 15 países da comunidade. Cabo Verde e Gana, países com maior

pontuação neste índice (63,7% e 61,3%, respetivamente) são, coincidentemente, também os países da região

com maior PIB per capita (US$ 3.838 e US$ 1.605). Por outro lado, Serra Leoa, Togo e Libéria encontram-se

no fim da tabela situando-se em 151º, 150º e 147º lugares do ranking, respetivamente, cerca de 70 posições

abaixo de Cabo Verde, com valores igualmente reduzidos do seu PIB per capita.

Em 2012, o PIB dos EM da CEDEAO ascendia no seu conjunto a US$ 396.882 milhões, com uma contribuição relevante do setor agrícola que, em média, representava cerca de 36% do total do PIB da região.

Mesmo nos países em que as exportações são dominadas por produtos minerais (industria extrativa), como a Guiné, Níger e Serra Leoa, é o setor agrícola que que apresenta maior peso no PIB e que ocupa a maior parte da população ativa. Cabo Verde e Gâmbia são uma exceção, com o setor dos serviços a representar mais de metade do PIB.

Em termos de crescimento, o PIB dos EM da

CEDEAO aumentou, em 2012, cerca de US$

23.799 milhões em relação ao ano de 2011

(+6,4%), e US$ 81.683 milhões face a 2008

(+5,9% /ano), sugerindo uma aceleração

económica dos EM nos anos mais recentes.

Os países que mais cresceram nos últimos 5 anos

(2008-2012) foram a Libéria e o Gana, com taxas

de crescimento médias de 11,09% e 8,61%,

6

Considera dez categorias: negócios; comércio; liberdade fiscal; intervenção do governo; monetária; investimentos; financeira; corrupção; trabalho; direitos de propriedade.

Gráfico 1 – PIB por setor - CEDEAO

36.1

5.0

6.1

7.5

8.6

8.4

4.2

9.9

12.9

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%Comércio

Transportes ecomunicação

Outros

Adminstração pública,saúde e educação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Construção

Agricultura

Page 28: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

28

respetivamente. No entanto, sendo a Libéria um país economicamente pobre, tem um contributo

proporcionalmente modesto para o crescimento da região.

Gráfico 2 - Crescimento médio anual países CEDEAO 2008-2012

7

Economicamente, a região é dominada pela Nigéria – que representa cerca de 66% do PIB da região, em

parte como resultado do setor petrolífero, o qual tem crescido a uma taxa média de 6,96% ao ano, em linha

com a média da região, como seria expectável. Também o Gana tem um peso significativo na região, superior

a 10%, e tem crescido a uma taxa média de 8,61% nos últimos 5 anos, constituindo um acelerador do

crescimento económico, em parte motivado pelo desenvolvimento do setor financeiro. Cabo Verde, Gâmbia,

Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Níger, Serra Leoa e Togo representam, no seu conjunto, apenas 6,7% do total

do PIB da região (dados de 2012).

7

Elaboração própria com base em dados do World Bank

66.2%

10.3%

6.2%

3.6%

2.6%

2.6%

1,9% 6,7%

2012

65.7%

9.1%

7.4%

4.2%

2.8%

2.6% 2,1% 6,0%

2008 Nigéria

Gana

Costa doMarfim

Senegal

Mali

Burquina-Faso

Benin

Outros

Gráfico 3 - Contribuição de cada EM para o PIB da CEDEAO, 2008 e 2012

3.83%

6.16%

4.89%

2.55%

4.00%

8.61%

2.87%

3.42%

11.09%

3.33%

2.60%

6.96%

3.25%

6.97%

4.02%

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

-

50,000

100,000

150,000

200,000

250,000

300,000

PIB

(U

S$ m

ilhões)

PIB (2008) PIB (2012) CAGR PIB12-08PIB 08-12

Page 29: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

29

Nos últimos 5 anos, podemos verificar que a contribuição de cada país para o PIB da região tem-se mantido

relativamente constante, sendo de referir, no entanto, que os países de matriz francófona têm vindo a perder

peso na região, com especial destaque para o Senegal e a Costa do Marfim.

Em 2012, representando 35% da população, os países de língua oficial francesa contribuíam com apenas 18%

do PIB regional (20% em 2008).

A análise do gráfico permite-nos compreender a dimensão do PIB de cada um dos países e o seu crescimento

não só em 2012 como, também, face à média de crescimento entre o período 2008 a 2012. Assim temos, a

Costa do Marfim que denota um retomar do crescimento económico, crescendo acima da média que vinha

apresentando nos últimos anos.

O mesmo se passa com a Gâmbia, Níger, Burkina-Faso e Serra Leoa. No entanto, todos estes países

possuem economias relativamente pequenas quando comparadas com os verdadeiros motores da região, a

Nigéria e o Gana, cujo crescimento abrandou em 2012 face à média dos últimos 5 anos, mas ainda assim,

entre os 5% e 10%.

África apresenta em termos mundiais índices de competitividade reduzidos, com perspetiva de crescimento.

Benin; 7,557

Burquina-Faso; 10,441

Gâmbia; 917

Cabo Verde; 1,897

Costa do Marfim; 24,680

Gana; 40,711

Guiné; 6,768

Mali; 10,308 Guiné-Bissau; 897

Liberia; 1,767 Niger; 6,568

Nigéria; 262,606

Senegal; 14,160

Serra Leoa; 3,796

Togo; 3,814

(5%)

0%

5%

10%

15%

20%

(5%) 0% 5% 10% 15% 20%

Cre

scim

en

to d

o P

IB 2

01

2

Crescimento médio do PIB 2008-2012

Gráfico 4 – Evolução das economias da região 2008-2012

Page 30: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

30

Fonte: African Competitiveness Report 2013

Os países da CEDEAO que mais desceram no ranking de competitividade global foram a Gâmbia, Nigéria e

Benim, cujas posições nos rankings do Global Competitiveness Index do World Economic Forum.

Gráfico 5 - Relação entre crescimento do PIB e variação no global competitiveness index 2008-2013

Cabo Verde; 4.98%

Senegal; 1.41%

Nigeria; 5.16%

Benim; 3.31%

Bukina Fasso; 5.74%

Gambia; -1.29%

Ghana; 9.30%

Guiné Bissão; 1.59%

Guiné; 15.69%

Liberia; 20.08% Mali; 20.08%

Niger; 5.16%

Togo; 4.81%

-5%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

0 5 10 15 20 25 30

Taxa

de

cre

scim

en

to m

ed

io a

nu

al d

o P

IB 2

00

8-

20

12

Alteração ao Ranking GCI 2008/-2013/14

Fonte: Cálculos PwC com base nos dados do World Economic Forum

Figura 3 – Índice de competitividade global

Page 31: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

31

Para 2014, estimou-se que a grande maioria dos EM da região apresente perspetivas de crescimento

superiores a 6%.

Figura 4- Estimativas de crescimento do PIB em África

Fonte: FMI

Page 32: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

32

1.3. As economias da CEDEAO

1.3.1. Nigéria8 e Gana. As duas maiores economias da Comunidade.

A economia nigeriana é a maior da região e a segunda maior

da África Subsariana, a seguir à África do Sul.

Esta economia está estruturada fundamentalmente em torno

de produtos agrícolas e do petróleo. Deve porém ter-se

presente a riqueza disponível em recursos naturais, contando

com cerca de 34 minerais diferentes, neles se incluindo ouro,

minério de ferro, carvão e calcário.

O setor agrícola representa cerca de 30,9% do PIB do país e

emprega quase ¾ da população. A avicultura e o cacau são

duas das áreas em que a produção não tem conseguido

acompanhar a procura doméstica e internacional. Não

obstante a sua relevância económica, o setor agrícola

representa apenas 2,5% das exportações, com especial

destaque para o cacau, as peles e os couros.

Já o setor petrolífero, apesar de representar 15% do PIB, é responsável por 71% das exportações e 79% das

receitas do Estado. Os planos de desenvolvimento estabelecidos pelo Governo visam incentivar o crescimento

de atividades não ligadas ao setor petrolífero, com forte investimento em infraestruturas chave, de modo a

evitar assim que a Nigéria continue a sofrer da designada “doença holandesa”9. Por comparação podemos

verificar que Angola está a fazer um esforço semelhante a preparar um futuro não dependente do petróleo.

A Nigéria importa10

combustíveis refinados, máquinas e automóveis, que juntos somaram 48,3% das

importações do país em 2012. É o maior exportador de petróleo do mundo mas, devido à baixa capacidade

de utilização das suas refinarias, cerca de 85% dos produtos petrolíferos de que necessita têm de ser

importados.

A economia do Gana é a 2ª maior da África Ocidental e a 6ª

maior da África Subsariana. Encontra-se localizada numa

zona estratégica, o Golfo da Guiné, onde se concentra cerca

de 2/3 da produção petrolífera da África Subsariana).

O país produz um conjunto variado de culturas, sendo as

principais o cacau, o óleo de palma, o coco, o café, o caju, o

algodão, o tomate, a cola, a borracha e a madeira. O setor

primário é o principal empregador do país (60% do total da

população ativa). O Gana é o 3º produtor mundial de cacau,

tendo esta cultura contribuído para aproximadamente 20%

das exportações em 2012.

A produção petrolífera representou cerca de 6,8% do PIB em

2012, tendo as exportações de petróleo representado cerca

de 20% do total das exportações nesse mesmo ano. A

exploração do ouro dominou o setor da indústria extrativa,

representando cerca de 40% das exportações (10º produtor

mundial em 2012). No Gana, segundo maior produtor

8 http://www.nigeria.gov.ng/2012-10-29-11-05-46/economy e African Economic Outlook.

9 Doença holandesa – ‘Dutch disease ‘explica as consequências negativas que resultam de aumentos significativos nos

rendimentos de um país. A abundância em recursos naturais leva a que o país se especialize só na produção / exploração desses bens e não desenvolva a sua indústria. 10

Brasilglobal.net

Gráfico 6 - PIB por setor 2011 - Nigéria

30.9

6.2 1.9

40.9

2.3

14.6

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100% Comércio

Transportes ecomunicação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Construção

Agricultura

Gráfico 7 - PIB por setor 2011 - Gana

25.6

9.2

9.1

6.7

8.5

6.4

9.4

11.9

11.7

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%Comércio

Transportes ecomunicação

Outros

Adminstração pública,saúde e educação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Energia

Construção

Agricultura

Page 33: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

33

africano de ouro, também existe produção de diamantes, de manganésio e de bauxite.

Os serviços financeiros têm vindo igualmente a desempenhar um papel relevante no desenvolvimento da

economia do Gana, encontrando-se em expansão, com ativos sobre gestão estimados em cerca de 35% do

PIB11

, acima da média da região (31%).

1.3.2. Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Senegal e Togo. Setor agrícola dominante.

Benim, Guiné-Bissau, Libéria e Togo são países com

economias pouco diversificadas e predominantemente

agrícolas.

No Benim, a economia é dominada pela produção de algodão.

Apesar do enorme potencial no setor (36% do PIB em 2012),

apenas 17% da área agrícola disponível é explorada

anualmente. A agricultura, incluindo a criação de gado, é um

dos pilares da economia do Benim, particularmente na

ocupação da mão-de-obra. O setor agro-pastoril ocupa cerca de

80% da população ativa do país. Para além do setor agrícola, o

país é rico em recursos minerais como o calcário, areia, granito

e gravilha, apenas explorados para produção local.

O setor industrial é tipicamente manufatureiro, com destaque

para unidades dedicadas ao processamento de produtos

agrícolas. O setor petrolífero é desenvolvido e o petróleo bruto é

o principal produto exportável do Benim. Os serviços têm ganho

importância na economia, particularmente no que diz respeito

às atividades comerciais estimuladas pelo Porto de Cotonou.

Em 2012, os principais produtos exportados pelo Benim foram

petróleo e derivados de petróleo (47,3%), metais e pedras

preciosas (14,5%), produtos têxteis (10,2%), produtos de metais

não-ferrosos (7,2%) e castanhas de caju (7,1%).

Quanto às importações, destacam-se produtos como o

petróleo e derivados de petróleo (17,2%), tecidos de

algodão (14,3%), gorduras e óleos animais e vegetais

(7,5%), automóveis (7,3%) e confeções (5,3%).

A Guiné-Bissau é altamente dependente da agricultura,

que representou 47,3% do PIB em 2012. Apesar do

considerável potencial económico de que o país dispõe

na exploração de recursos minerais, a sua exploração é

ainda limitada, consequência da elevada instabilidade

política recorrente em que o país vem vivendo nos

últimos anos.

Os principais produtos exportados12

pelo país são as

frutas (castanha-do-pará e castanha de caju) - 83,7% do

total em 2012 -, a borracha - 4,8% -, a madeira - 4,5% -,

e os peixe congelado - 3,9%. Quanto às importações,

destacaram-se em 2012 os combustíveis, cereais e

11

Bank of Ghana – Set 2012 12

www.brasilglobalnet.gov.br

Gráfico 8 - PIB por setor 2012 - Benim

36.0

4.9

2.0

8.4

11.0

8.4

9.4

18.5

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100% Comércio

Transportes ecomunicação

Outros

Adminstraçãopública, saúdee educaçãoInd. Extrativa

Indústria

Serviçosfinanceiros

Construção

Agricultura

Gráfico 9 - PIB por setor 2012 – Guiné-Bissau

47.3

1.3 3.9

12.0

11.5

4.9

19.2

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%Comércio

Transportes ecomunicação

Adminstração pública,saúde e educação

Indústria

Serviços financeiros

Construção

Agricultura

Page 34: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

34

máquinas (41,8% do total das importações), o ferro e aço (6,9%), as obras de ferro/aço (6,4%) e as bebidas

(5,7%).

Com múltiplas reservas naturais e a inexistência de obstáculos à obtenção de vistos – exigidos apenas para

cidadãos de países não pertencentes à CEDEAO – o país deverá ver aumentada a relevância do turismo na

sua economia.

Na Libéria e no Togo, a agricultura é de subsistência, sendo este setor o principal empregador da população.

Os principais produtos agrícolas cultivados na Libéria são o arroz, a mandioca, o café e o cacau, enquanto no

Togo se encontra a mandioca, o milho, o algodão, o café e o cacau. Neste último caso, apesar de a agricultura

representar 46,6% no PIB do país, verifica-se existir ainda muito potencial agrícola por explorar, uma vez que

apenas 45% do terreno cultivável está realmente cultivado. O Togo é também um dos maiores produtores de

fosfato em África e tem significantes reservas de minério de ferro, mármore e rocha calcária.

Em 2012, a borracha foi o principal produto exportado pela Libéria, com 26% do total exportações. Outros

produtos exportados foram as embarcações flutuantes com 23,9%, minério de ferro com 23,1%, combustíveis

(óleo de petróleo, bruto e refinado) com 12,9% e madeira com 6,8%. O país importa na sua maioria, bens com

alto valor agregado, especialmente embarcações, que representaram 58,2% do total das compras do país em

2012. Os combustíveis, basicamente óleo de petróleo refinado, representaram 4,8%. De notar que a Libéria é,

hoje em dia, procurada para o registo de navios face a um regime fiscal extremamente favorável. Libéria, Ilhas

Marshall e Panamá detém, em conjunto, 40% da frota mundial de navios.

No Togo, os principais produtos exportados foram, no ano de 2012, o sal, pedras e cimento13

(26,3% do total

das exportações do país), seguido dos plásticos (8,2%), algodão (7,4%), combustíveis (7,2%) e embarcações

flutuantes (5,3%). Os principais produtos importados foram: combustíveis (21,8%), sal, pedras e cimento14

(6,2%), plásticos (6,1%), automóveis (6%), embarcações flutuantes (5,5%), máquinas mecânicas (5,2%),

produtos farmacêuticos (4,4%), aço e ferro (3,6%) e máquinas elétricas (3%).

13

Existem duas cimenteiras no Togo: a WACEM (West African Cement) e a CIMTOGO (subsidiária da HeidelbergCement). 14

Existe uma cimenteira na Libéria: Liberia Cement Corp (CEMENCO), subsidiária da HeidelbergCement.

Gráfico 10 - PIB por setor 2012 – Libéria Gráfico 11 – PIB por setor 2012 - Togo

73.3

2.7

6.0 2.4 3.7 2.1 2.4 5.7

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100% Comércio

Transportes ecomunicação

Outros

Adminstração pública,saúde e educação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Energia

Construção

Agricultura

46.2

3.8 3.5 5.1

8.2

4.4

8.2

9.6

9.5

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100% Comércio

Transportes ecomunicação

Outros

Adminstração pública,saúde e educação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Energia

Construção

Agricultura

Page 35: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

35

Mali e Senegal são os países com maior PIB da

região, a seguir à Nigéria, ao Gana e à Costa do

Marfim.

Os recursos naturais têm um papel fundamental na

economia do Mali, em particular o ouro e o

algodão. O país tornou-se no terceiro maior

produtor de ouro do continente africano, depois da

Africa do Sul e do Gana. A produção deste recurso

representando atualmente ¼ do PIB do país.

Quanto ao algodão, apesar de ainda não ter sido

criada uma indústria de produção local, a

disponibilidade de algodão de boa qualidade pode

ser uma vantagem potencial para o Mali. O setor

primário foi o único fator de crescimento em 2012,

graças à produção de arroz (27%) e algodão (8%).

O principal produto exportado é o algodão, que

representa cerca de 65% do total das exportações

do país, seguido dos adubos (10,9%) e das

sementes e grãos (8,3%). No que respeita às

importações, destacam-se as máquinas mecânicas

e elétricas (22,4%), os automóveis (8,2%), o sal,

pedras e cimento (8,1%) e os produtos

farmacêuticos (7,7%).

Gráfico 12 - PIB por setor 2012 - Mali

Gráfico 13 - PIB por setor 2012 - Senegal

Quanto ao Senegal, a agricultura não só é um dos principais

setores de atividade do país (16,7%), como emprega mais

de 60% da população ativa. Dentro da produção agrícola

destaca-se a produção de amendoim (10º maior produtor

mundial) e de óleo de amendoim.

Embora a indústria extrativa seja um setor com um reduzido

peso relativo no PIB senegalês, representando apenas 2,9%

do mesmo em 2012, merece referência a exploração de ouro

que foi, nesse ano, o segundo produto mais exportado pelo

país.

A necessidade de diversificar as bases de apoio da

economia, fortemente dependente, para efeitos de

exportações, da agricultura e pescas e da indústria extrativa

levou a uma aposta no setor do Turismo, maioritariamente

balnear (54%) e de negócios (33%). Em 2012, o peso do

setor no PIB era de cerca de 11%, sendo de esperar que

aumente 4,7% em 2013.

Atualmente está a ser construído um novo aeroporto (Blaise

Diagne International Airport), próximo da cidade de Ndiass,

que será um hub para a região do oeste africano.

Os principais produtos exportados pelo país foram, em 2012, as pérolas, pedras preciosas (15,7%),

combustíveis e óleos minerais (13,9%), peixe, crustáceos e moluscos (12,6%), sal, enxofre, pedra; gesso, cal

e cimento (11%) e produtos químicos inorgânicos (10,7%). No que respeita às importações, destacam-se os

combustíveis e óleos minerais (24,4%), cereais (10,3%), máquinas e aparelhos mecânicos (8,3%), veículos

automóveis e partes (5,9%) e máquinas e aparelhos elétricos (4,4%).

42.1

5.0

6.2

7.1

8.9

8.6

5.9

14.1

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100% Comércio

Transportes ecomunicação

Outros

Adminstração pública,saúde e educação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Energia

Construção

Agricultura

16.7

4.2 3.3

15.0

14.7

2.9

7.2

7.0

11.6

17.4

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%Comércio

Transportes ecomunicação

Outros

Adminstração pública,saúde e educação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Energia

Construção

Agricultura

Page 36: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

36

O Burkina Faso é um país pobre, sem acesso ao

mar e dependente das exportações de algodão e

ouro. É escasso em recursos naturais e tem uma

base industrial precária. Cerca de 90% da população

vive da agricultura de subsistência, a qual é

vulnerável às cheias e secas. Em 2010, o ouro

tornou-se a maior fonte de exportações do país,

estando a sua produção estimada em 32,4 toneladas

em 2012.

Quanto ao setor secundário, a indústria mineira

(12,9% do PIB) constitui a sua “espinha dorsal”, e o

seu forte crescimento tem impulsionado os restantes

setores da economia.

A pauta de exportações do país é concentrada. Em

2012, o ouro foi o principal produto exportado,

representando 77,4% do total das vendas externas

nesse ano. O algodão representou 11,8%, as

sementes/grãos 3,9% e as frutas (cocos, castanha-

do-pará e castanha de caju, tâmaras, figos, abacates,

etc.) representaram 2,9%.

As importações são compostas, em grande parte, por

bens com alto valor agregado, especialmente os

combustíveis (23,9%), as máquinas mecânicas e

elétricas (14%), os automóveis (7,2%), os produtos

farmacêuticos (5,9%) e os cereais (5,1%).

Gráfico 14 - PIB por setor 2011 – Burkina Faso

Também na Costa do Marfim o setor agrícola é o

principal setor de atividade do país (30% do PIB),

sobretudo na área das culturas alimentares. A

Costa do Marfim é o primeiro produtor mundial de

cacau, seguido da Indonésia e do vizinho Gana. É

também o quarto produtor mundial de caju e o

sétimo produtor mundial de borracha.

O ouro, os diamantes e o manganês têm sido os

principais recursos explorados na Costa do Marfim

desde a sua independência. Esta atividade de

exploração mineira, que representa uma pequena

fração do potencial de exploração mineira do país,

deverá ser intensificada podendo o setor vir a

tornar-se uma componente essencial no

desenvolvimento económico do país. Em 2011, a

indústria extrativa representava cerca de 5% do

PIB da Costa do Marfim, sendo particularmente

notável a contribuição do setor petrolífero e do

ouro.

Os principais produtos exportados em 2011 foram

o cacau (38,2%), os combustíveis (24,5%) e a

borracha (10%). No que respeita às importações,

os combustíveis predominam e representaram, em

2011, mais de 1/4 do total. O país importa em

grande parte óleo bruto e exporta o óleo refinado.

33.7

4.0

5.5

7.5

12.9

17.0

2.1

12.6

3.7

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%Comércio

Transportes ecomunicação

Outros

Adminstraçãopública, saúde eeducaçãoInd. Extrativa

Indústria

Serviçosfinanceiros

Energia

Construção

Agricultura

30.0

6.0

2.7

11.2

13.1

4.7

13.6

14.7

3.8

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Comércio

Transportes ecomunicação

Outros

Adminstração pública,saúde e educação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Energia

Construção

Agricultura

Gráfico 15 PIB por setor 2011 – Costa do Marfim

Page 37: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

37

1.3.3. Guiné, Níger e Serra Leoa. Indústria Extrativa, um setor em expansão.

A economia da Guiné beneficia da grande

quantidade de minerais presentes no seu

território, possuindo 1/3 do total das reservas de

bauxite do planeta, milhões de toneladas de

minério de ferro, grandes depósitos de diamante

e de ouro e quantidades ainda não determinadas

de urânio. O bauxite, o ouro e os diamantes

representam quase 88% das exportações de

bens. O setor é o principal destino do IDE.

Tem também um potencial de crescimento

considerável para setores como agricultura e

pesca. A terra, a água e as condições

climatéricas favorecem a agricultura e a

agroindústria em grande escala.

O Níger, é um país sem costa litoral e com

uma economia centrada na agricultura de

subsistência e na criação de animais, e com uma

das maiores jazidas de urânio do mundo.

O setor primário registou níveis de crescimento

elevados em 2012 (16,5%), tendo o setor agrícola

contribuído em 24,8% para este crescimento. O

crescimento do setor secundário em 2012 (37,7%)

deveu-se à evolução positiva das indústrias

extrativas, que cresceram cerca de 152,5% graças

à produção de petróleo. É um país com

abundancia em recursos naturais, particularmente

minerais, petróleo e gás. Os principais recursos

são o urânio, ouro, carvão, ferro, calcário e

fosfatos.

Os principais produtos exportados15

pelo país em

2012 foram os minerais (41,4%), combustíveis

(31,5%) e pérolas, ouro e pedras preciosas

(11,5%). No que respeita às importações de

produtos agrícolas, destaca-se o arroz (14,1%),

dada a sua importância na base alimentar.

15

MRE/DPR/DIC - Divisão de Informação Comercial, com base em dados da ONU/UNCTAD/ITC/COMTRADE /Trademap, agosto 2013

Gráfico 16 - PIB por setor 2012 – Guiné

Gráfico 17 - PIB por setor 2011 – Níger

21.2

12.4

7.4

21.6

5.5 3.6

21.9

5.8

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Comércio

Transportes e comunicação

Outros

Adminstração pública, saúdee educação

Ind. Extrativa

Indústria

Construção

Agricultura

43.1

5.6

5.5

6.3

9.6

3.2

6.8

15.8

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Comércio

Transportes e comunicação

Outros

Adminstração pública, saúdee educação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Energia

Construção

Agricultura

Page 38: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

38

A agricultura é o principal setor de atividade da

Serra Leoa, representando 53,91% do PIB e

empregando a maior parte da mão-de-obra local.

A indústria mineira tem vindo a ganhar

importância na economia do país. Segundo o

FMI, o PIB do país deverá crescer a um ritmo

acelerado entre 2013/2014, em média 15% ao

ano, impulsionado principalmente por este setor.

Existem perspetivas de exploração de novas

reservas de petróleo, bem como de exploração de

jazidas de ouro e diamantes.

O Governo tem como objetivo atrair investimentos

para os setores de infraestrutura básica, energia,

saúde e educação. O elevado índice de

importação de recursos alimentares (cerca de

40% da procura doméstica) constitui ainda um

desafio às autoridades locais.

O país tem também um grande potencial para o

Turismo, com belas praias, sendo este setor um

dos quatro pilares do programa estratégico de

desenvolvimento do país.

No que respeita às exportações16

, os principais produtos exportados pelo país em 2011 foram os minérios

(12,9%), pérolas, ouro e pedras preciosas (12,1%) e cacau (7%). Quanto aos produtos importados destacam-

se, no mesmo ano, as máquinas mecânicas e elétricas (31,8%) e os automóveis (11,3%).

1.3.4. Cabo Verde17 e Gâmbia. Economias orientadas para os serviços. Cabo Verde é uma pequena economia aberta, muito condicionada pela conjuntura externa, o que se explica pela elevada dependência face às importações de energia e alimentos e aos fluxos de capitais oriundos do estrangeiro.

A economia é orientada para o setor dos serviços, incluindo

atividades como o comércio, transportes, comunicações,

hotelaria, atividade bancária, de alojamento e serviços

públicos que totalizam cerca de 70% do PIB. A agricultura e pescas representam cerca de 9% do PIB, atividades essas que são desenvolvidas por cerca de 70% da população de Cabo Verde que habita em regiões rurais. No entanto, de todo o território, apenas quatro ilhas têm produção agrícola significativa (Santiago, Santo Antão, Fogo e Brava). O turismo, uma das atividades estratégicas de Cabo Verde, concentra-se em grandes zonas de resorts, criando assim um desafio importante de articulação com comunidades locais, na alavancagem do seu potencial impacto económico.

Gráfico 19 - PIB por setor 2010 – Cabo Verde

Entre os produtos mais exportados por Cabo Verde em 2012 estão as conservas de pescado, representando

43,3% do total das exportações e o peixe, moluscos e crustáceos que se posicionam em segundo lugar com

16

www.brasilglobalnet.gov.br 17

Plano Estratégico 2011-2014 - PwC

Gráfico 18 - PIB por setor 2012 – Serra Leoa

53.9

3.1

12.1

4.5

10.3

5.1

7.4

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Comércio

Transportes ecomunicação

Outros

Adminstração pública,saúde e educação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Energia

Construção

Agricultura

9.2

12.4

4.2 6.2

13.7

16.2

17.4

18.5

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100% Comércio

Transportes ecomunicaçãoOutros

Adminstração pública,saúde e educaçãoInd. Mineira

Industria

Serviços financeiros (*)

Energia (*)

Construção

Agricultura

Page 39: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

39

40,7%. Os principais produtos importados pelo país no mesmo ano foram os combustíveis (14,3%), os

reatores e caldeiras (7,3%), as máquinas (5,9%), os veículos automóveis (5,1%) e o ferro e o aço (5%).

Também na Gâmbia são os serviços que mais

contribuem para a economia do país,

representando cerca de 60% do PIB em 2011. A

reexportação, o comércio e o turismo, bem como

os transportes e telecomunicações, são os

principais motores de crescimento do setor. A

reexportação e o comércio transitário têm sido uma

parte importante da economia do Gâmbia, sendo o

porto de Banjul o único no país e um dos mais

eficientes e seguros da região.

A agricultura continua a ser o 2º setor mais

importante na economia em termos de peso no

PIB, sendo considerado o único meio de

subsistência de grande parte das famílias do meio

rural.

A indústria extrativa contribuiu em apenas 2,7%

para o PIB do país, uma vez que este apenas

produz minerais industriais para consumo local.

Os principais produtos exportados em 2012 foram a madeira (54,5%), frutas (19,6%), peixe e crustáceos

(5,3%), gorduras e óleos animais ou vegetais (4,6%), minérios, escórias e cinzas (4,6%). Os principais

produtos importados em 2012 foram o algodão (15,9%), açúcares e produtos de confeitaria (5,9%), gorduras e

óleos animais ou vegetais (5,4%), cereais (5%) e combustíveis minerais (4,9%).

1.4. Trocas comerciais na CEDEAO

1.4.1. Complementaridade das economias

A intensificação das trocas comerciais exige complementaridade industrial das

economias, implicando níveis de especialização diferenciada entre parceiros. O

baixo nível de industrialização das economias da região reduz essa possibilidade,

que, no entanto, poderá ser estimulada pelo desenvolvimento económico e pelo

esforço de diversificação das economias - uma aspiração de muito dos países da

região.

As exportações intra-CEDEAO representam 8,64% do total das exportações da região (2012)

Gráfico 20 - PIB por setor 2011 – Gâmbia

32.0

3.6

13.8

4.9

4.6

11.6

27.8

(10%)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%Comércio

Transportes e comunicação

Outros

Adminstração pública,saúde e educação

Ind. Extrativa

Indústria

Serviços financeiros

Energia

Construção

Agricultura

Page 40: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

40

Tabela 2 - TCI (Trade Complementary Index) intra-CEDEAO18

Fonte: Cálculo realizado pela PwC com base nos dados do UNCTAD, UNCTADstat

O nível de complementaridade intrarregional da CEDEAO é

muito reduzido, sendo particularmente baixos os indicadores

apresentados por Cabo Verde e pela Guiné-Bissau. De facto

apenas 8,64% das exportações dos países da região ficam

na região e Cabo Verde e a Guiné Bissau apresentam graus

de complementaridade que não excedem 18 e 8 pontos,

respectivamente. Não obstante, verifica-se que poderá

existir um potencial de complementaridade e maior

intensidade no relacionamento comercial entre alguns

países da CEDEAO. De facto, é notória qua alavancagem

comercial intra-CEDEAO poderá ser potenciada

fundamentalmente por 4 motores, pela Nigéria - país

dominante da região, Senegal, Costa do Marfim e

subsidiariamente pelo Gana - ou seja pelas 4 maiores

economias da região.

1.4.2. Comércio intrarregional

A CEDEAO regista o 4º maior valor de trocas intrarregião, entre as comunidades comparadas (cfr infra),

medido pelo rácio de exportações sobre o PIB dos espaços de integração analisados, cujo nível de integração

é liderado pela União Europeia (“UE”) e seguido pela ASEAN e SADC. Importa, no entanto, ter em

consideração o nível de desenvolvimento da região e o facto das trocas informais nestas regiões poderem

representar o dobro das registadas.

18

O Trade Complementary Index (TCI) é um indicador utilizado para medir a compatibilidade do perfil comercial, através da comparação das estruturas de exportação e de importação entre países. Índices mais elevados revelam potenciais de complementaridade superiores e maior correspondência entra a estrutura de exportações/importações dos 2 países. TCI nulo é sinónimo de não complementaridade.

BenimBurkina

Faso

Cabo

Verde

Costa do

MarfimGâmbia Gana

Guiné-

BissauGuiné Libéria Mali Níger Nigéria Senegal

Serra

LeoaTogo

Benim 0 36 13 7 42 7 40 25 54 57 35 56 11 58 35

Burkina Faso 25 0 8 8 25 17 30 30 10 24 40 28 13 20 15

Cabo Verde 4 11 0 2 9 5 18 12 3 7 7 5 4 4 5

Costa do Marfim 40 53 12 0 53 18 40 35 68 70 32 61 21 70 50

Gâmbia 19 20 13 9 0 12 25 25 12 19 22 14 10 17 15

Gana 31 39 36 10 27 0 24 33 16 27 32 24 17 22 53

Guiné-Bissau 3 4 8 4 3 4 0 3 2 3 5 3 4 3 2

Guiné 11 13 11 8 12 8 13 0 7 14 12 8 7 11 11

Libéria 10 13 5 4 11 8 14 13 0 10 12 10 7 13 10

Mali 19 25 9 8 13 12 16 19 10 0 26 14 12 12 12

Níger 10 4 3 3 4 6 3 4 2 4 0 22 7 3 4

Nigéria 20 12 7 90 10 78 16 11 7 11 12 0 75 11 10

Senegal 41 54 18 15 66 19 50 40 50 80 40 50 0 0 40

Serra Leoa 7 8 6 8 7 11 10 10 6 7 10 4 3 0 5

Togo 31 44 10 6 45 13 35 36 22 40 44 22 12 25 0

País

impo

rtad

or

País exportador

Page 41: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

41

Tabela 3 - Comunidades económicas regionais em perspetiva (2012)

Indicador SADC União

Europeia CPLP CEEAC Mercosul CEDEAO ASEAN

Exportações intrarregião

(milhões US$, 2012) 27.153 3.630.191 16.283 1.111 67.343 11.667 324.184

Exportações intrarregião

(% no PIB da região, 2012)

4,09% 21,90% 0,62% 0,47% 2,10% 2,86% 13,90%

Exportações intrarregião

(% das exportações mundiais, 2012)

0,15% 19,87% 0,09% 0,01% 0,37% 0,06% 1,77%

Crescimento anual médio das exportações

intrarregião (2008-2012)

6,66% -2,17% 8,12% 3,43% 4,50% 4,27% 6,65%

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Apesar do peso relativo reduzido no total das exportações mundiais (0,06%), a CEDEAO apresenta um

crescimento médio anual das exportações intrarregião de 4,3%, pouco mais de metade do crescimento

evidenciado pela CPLP. Este crescimento de relacionamento comercial, vem sendo acompanhado pelo ritmo

de crescimento do PIB, que apresenta uma correlação positiva relativamente forte com este indicador, como

seria expectável, crescendo a um ritmo inferior ao do PIB que desde 2008 cresceu a uma taxa anual média de

5,7% ao ano.

Gráfico 21 - Evolução do comércio intra-CEDEAO vs. Evolução do PIB da região

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Verifica-se uma grande disparidade ao nível das relações comerciais dos países membros da CEDEAO,

existindo 3 clusters principais, situando-se Cabo Verde e a Guiné-Bissau no cluster menos dinâmico.

9,872 8,200

9,776 10,538

11,667

317,618

275,997

342,521

374,695 396,882

-

50,000

100,000

150,000

200,000

250,000

300,000

350,000

400,000

450,000

-

2,000

4,000

6,000

8,000

10,000

12,000

14,000

2008 2009 2010 2011 2012

PIB

a p

reço

s c

orr

en

tes (

milh

ões U

S$)

Imp

ort

açõ

es;

Exp

ort

açõ

es (

Milh

ões U

S$)

Exportações (milhões US$) PIB (milhões US$)

Page 42: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

42

Cabo Verde, Guiné-Bissau, Gâmbia, Serra Leoa, Guiné, Libéria, Níger, Togo e Benim apresentam uma

contribuição muito pequena ou quase nula (no caso de Cabo Verde) para o comércio intra-CEDEAO, o que

pode ser explicado pela dimensão das suas economias relativamente aos restantes países da comunidade.

O segundo cluster é constituído pelo Burkina Faso, Mali e Senegal, evidenciando um maior peso de

exportações e importações intra-CEDEAO.

Os países que mais contribuem para a intensificação das trocas comerciais intra-CEDEAO são a Nigéria,

Costa do Marfim e o Gana que, simultaneamente, melhor se podem constituir como motores de

desenvolvimento regional, à luz das conclusões inferidas ao nível da complementaridade comercial das suas

economias acima.

Produtos transacionados intra-CEDEAO (2012)

Gráfico 23 - Produtos transacionados intra-CEDEAO (2012)

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat (2012)Fonte: UNCTAD, UNCTADstat 19

Acrónimos World Bank: BEN – Benim; Burkina Faso – BFA; CVP – Cabo-Verde; CIV - Costa do Marfim; GMB - Gâmbia; GHA - Gana; GIN – Guiné; GNB - Guiné-Bissau; LBR – Libéria; MLI – Mali; NER – Níger; NGA – Nigéria; SEN – Senegal; SLE – Serra Leoa; TGO – Togo.

63% 8%

10%

8%

4%

3%

Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados

Maquinaria e equipamentos detransporte

Bens manufaturados

Químicos e produtos relacionados

Outros artigos manufaturados

Bebidas e tabaco

Gráfico 22 - Peso das exportações/importações intra-CEDEAO no total da região, 2012

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

19

GHA

CIV

NGA

MLI

SEN BFA

BEN TGO NER LBR GIN

SLE GMB

GNB

CPV

0%

4%

8%

12%

16%

20%

24%

28%

32%

36%

40%

44%

0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% 18% 20% 22% 24%

Imp

ort

açõ

es in

tra-C

ED

EA

O (

% n

o

tota

l im

po

rtaçõ

es in

tra

-CE

DE

AO

)

Exportações intra-CEDEAO (% no total das exportações da CEDEAO)

As principais trocas assentam em

produtos petrolíferos, produtos

manufaturados e maquinaria e

equipamentos de transporte,

representando 81% do total.

Page 43: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

43

1.5. Comércio extrarregional

1.5.1. Principais parceiros comerciais da CEDEAO

A CEDEAO importa maioritariamente da China, países membros da UE (França, Reino Unido e Holanda, em

particular), EUA e República da Coreia.

Ao longo de 2008-2012, verificou-se um saldo positivo da balança comercial, com um fluxo de exportações

superior ao das importações de 61 milhões de US$ (2011) e de 58 milhões de US$ (2012), reduzindo

consideravelmente as necessidades de financiamento externas.

2008 2009 2010 2011 2012

Importações (milhões US$) 89 399 67 044 83 286 103 489 104 708

Exportações (milhões US$) 106 759 82 327 117 498 164 612 163 224

Saldo da balança comercial 17 360 15 283 34 212 61 123 58 516

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Além disso, constata-se que a balança comercial relativa às trocas intrarregião tem vindo a contribuir

significativamente para o crescimento da economia, em média cerca de 12% do PIB.

Entre 2008 e 2009 assistiu-se a uma queda acentuada de 25% quanto às importações da região, assim como

a um ligeiro abrandamento do crescimento das importações (2011 para 2012: 1,2%). Não obstante, as

importações têm vindo a apresentar um crescimento médio anual de 11,8%, entre 2009 e 2012.

Gráfico 24 - Evolução das importações da CEDEAO e principais países de destino, 2008-2012

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat; International Trade Center

15% 17% 20% 20% 23%

7% 7% 7% 6%

6% 7% 7%

7% 6% 7% 6%

6% 7% 7%

7% 6% 8%

7% 8% 5%

89,399

67,044

83,286

103,489 104,708

20,000

40,000

60,000

80,000

100,000

120,000

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

I m

po

rtaçõ

es (

milh

ões U

S$)

Peso

na

s i

mp

ort

açõ

es t

ota

is d

a C

ED

EA

O

China França EUA

Holanda República da Coreia Reino Unido

Importações (milhões US$)

Page 44: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

44

1.5.2. Trocas comerciais entre a CPLP e a CEDEAO

A Balança Comercial entre a CPLP e a CEDEAO apresenta-se fortemente deficitária, sendo que a taxa de

cobertura das importações por exportações da CPLP, é de 26%, correspondendo a um saldo comercial

negativo para a CPLP em US$ 8,4 mil milhões.

Importações

Analisando a relação comercial na vertente das importações da CEDEAO com os países pertencentes à

CPLP, apenas Portugal e Brasil apresentam níveis significativos no contexto global. Apesar do Brasil

apresentar um fluxo de exportações superior ao de Portugal (2.354 milhões de US$ em 2012 face a 588

milhões de US$), constata-se que as exportações de Portugal para a região diminuíram a uma média 3,1% no

período entre 2008 a 2012.

Gráfico 25 - Importações da CEDEAO dos países da CPLP

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

666 481 587 678 588

2,437

1,735 1,788

2,808

2,345

3.47%

3.30%

2.85%

3.37%

2.80%

500

1,000

1,500

2,000

2,500

3,000

3,500

4,000

2008 2009 2010 2011 2012

Imp

ort

õe

s (m

ilh

õe

s U

S$)

Portugal Brasil

Page 45: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

45

Gráfico 26 - Importações CEDEAO de Portugal (2012)

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

A CEDEAO importa maioritariamente de Portugal bens manufaturados, maquinaria e equipamentos de transporte e combustíveis que, no total, respeitam a 62% do cabaz de produtos importados a este país.

De referir que o principal parceiro comercial de Portugal na CEDEAO é Cabo Verde.

A CEDEAO importa fundamentalmente alimentos, animais vivos e alguma maquinaria e equipamentos de transporte ao Brasil, sendo que o valor das exportações é 5 vezes superior ao valor de Portugal.

O volume mais significativo de importações ao Brasil, por parte dos EM da CEDEAO, é alcançado por países que não integram a CPLP.

Gráfico 27 - Importações CEDEAO do Brasil (2012)

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

28%

22% 12%

11%

8%

8%

7%

Bens manufaturados

Maquinaria e equipamentos detransporte

Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados

Alimentos e animais vivos

Químicos e produtos relacionados

Outros artigos manufaturados

Bebidas e tabaco

61% 12%

10%

8%

4%

Alimentos e animais vivos

Maquinaria e equipamentos de transporte

Químicos e produtos relacionados

Bens manufaturados

Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados

Page 46: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

46

Exportações

A CPLP é o destino de 6,9% das exportações da CEDEAO, direcionadas maioritariamente para Portugal e Brasil.

Gráfico 28 - Exportações da CEDEAO para a CPLP

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

A CEDEAO apresenta uma balança comercial com a CPLP superavitária por via das importações à região do Brasil e de Portugal.

Gráfico 29 - Exportações CEDEAO para Portugal (2012)

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Gráfico 30 - Exportações CEDEAO para Brasil (2012)

O Brasil importa quase exclusivamente combustíveis da CEDEAO (96%), Portugal importa também alimentos, animais vivos e matérias-primas.

2,222 1,744 1,906 2,341 1,687

6,368

5,093 6,430

9,911 9,643

-

2,000

4,000

6,000

8,000

10,000

12,000

14,000

2008 2009 2010 2011 2012

Ex

po

rta

çõ

es

(m

ilh

õe

s U

S$

)

Portugal Brasil

90%

3% 3%

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Alimentos e animais vivos

Matérias-primas (exceto combustíveis)

As exportações da CEDEAO para estes 2 países cresceram, em média, 7,2% por ano, entre 2008 e 2012, embora com tendências dissimilares

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

96%

3%

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Alimentos e animais vivos

Page 47: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

47

1.6. Investimento direto estrangeiro na CEDEAO

Desde 2008, a CEDEAO tem conseguido manter a sua competitividade relativamente à captação de

investimento direto estrangeiro. Apesar de um declínio considerável em 2010 e de um ligeiro abrandamento

sentido em 2012, os montantes de capital estrangeiro investido em cabo Verde no período entre 2008 e 2012,

aumentaram.

É igualmente de realçar os valores significativos de investimento da região no exterior, que em 2012

representaram 20% do investimento atraído para a região, um valor que representa o dobro do montante

investido 2008.

Gráfico 31 - IDE na CEDEAO - inward e outward, 2008-2012

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Os níveis de investimento direto estrangeiro apresentam valores relativamente reduzidos, equivalentes a cerca

de 4% do PIB da região. O IDE na região é normalmente orientado para a Nigéria e Gana. O Burkina Faso, a

Gâmbia, a Guiné-Bissau e o Togo têm-se apresentado pouco atrativos ao investidor estrangeiro, seja pela sua

dimensão, seja pela sua estrutura produtiva e menor estabilidade política e económica.

12,136

14,712

11,846

17,117

15,612

1,700 2,115 1,288 1,467

3,022

-

4,000

8,000

12,000

16,000

20,000

2008 2009 2010 2011 2012

Mil

es U

S$

Inward Outward

Page 48: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

48

Tabela 4 - Investimento Direto Estrangeiro nos países-membros da CEDEAO – inward, 2008-201220

País 2008 2009 2010 2011 2012

Benim 170 134 177 161 159

Burquina-Faso 106 101 35 42 40

Cabo Verde 209 119 112 93 71

Costa do Marfim 446 377 339 286 478

Gâmbia 70 40 37 36 79

Gana 1.220 2.897 2.527 3.248 3.295

Guiné-Bissau 5 17 33 25 16

Guiné 382 141 101 956 744

Libéria 284 218 450 508 1.354

Mali 180 748 406 556 310

Níger 340 791 940 1.066 793

Nigéria 8.249 8.650 6.099 8.915 7.029

Senegal 398 320 266 338 338

Serra Leoa 53 110 238 715 740

Togo 24 49 86 171 166

CEDEAO 12.136 14.712 11.846 17.117 15.612

20

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Page 49: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

49

1.7. Principais setores de oportunidade por país e infraestruturas de apoio

Regiã

o

País Principais produtos

agrícolas

Oportunidades para o bloco (produtos e serviços associados

aos setores)

Principais aeroportos

Principais portos

CE

DE

AO

Ben

im

Alg

od

ão,

milh

o,

mand

ioca

, in

ha

me,

feijã

o,

óle

o d

e p

alm

a,

am

en

do

im, casta

nh

a d

e

caju

, pecuári

a

Indústr

ia têxtil, M

ate

ria

is

de c

onstr

uçã

o, C

ime

nto

,

Agro

negócio

, In

dústr

ia

min

eira,

Energ

ia,

Turism

o

Coto

nou C

ad

jeh

oun

Airp

ort

Coto

nou

Burk

ina F

aso

Alg

od

ão,

am

endo

im,

nozes

de k

arité

, sésam

o, m

ilho,

sorg

o, m

ilheto

, arr

oz;

pecuári

a

Alg

od

ão,

beb

idas,

agro

indústr

ia, sab

ão,

cig

arr

os, tê

xte

is, o

uro

Ouaga

dou

gou

Bob

o D

iou

lasso

n/a

Costa

do M

arf

im

Café

, caca

u, b

ana

na,

sem

ente

s d

e p

alm

a,

milh

o,

arr

oz, m

an

dio

ca, b

ata

ta-

doce, açúcar,

alg

od

ão,

borr

acha,

mad

eira

Agricu

ltura

, In

dústr

ia

petr

olífe

ra,

Ind

ústr

ia

min

eira,

Ind

ústr

ia t

êxtil,

Mate

riais

de

constr

uçã

o,

Indústr

ia a

limenta

r,

Turism

o

Felix

Houp

hou

et

Bo

igny

Inte

rna

tio

na

l A

irport

Abid

jan

San-P

edro

Gâm

bia

Arr

oz, m

ilho, sorg

o,

am

en

do

im,

gerg

elim

,

mand

ioca

, sem

ente

s d

e

palm

a;

bovin

os, ovin

os,

caprinos

Agricu

ltura

, M

eta

lurg

ia,

Indústr

ia a

ero

espacia

l,

Indústr

ia a

ero

utica,

Aqu

acultura

, E

nerg

ia,

Turism

o, In

dústr

ia m

ineira

Yun

dum

Inte

rnation

al

Airp

ort

Ban

jul

Page 50: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

50

Regiã

o

País Principais produtos

agrícolas

Oportunidades para o bloco (produtos e serviços associados

aos setores)

Principais aeroportos

Principais portos

Gana

Cacau,

arr

oz, m

andio

ca,

am

en

do

im,

milh

o, n

ozes d

e

karité

, b

ana

nas,

mad

eira

Agricu

ltura

, In

dústr

ia t

êxtil,

Indústr

ia a

limenta

r, S

de,

Hort

icultura

, In

dústr

ia

min

eira,

Ind

ústr

ia

petr

olífe

ra,

Turism

o

Cim

ento

Koto

ka

Inte

rnation

al A

irport

Takora

di

Tem

a

Guin

é

Arr

oz, café

, abacaxi,

sem

ente

s d

e p

alm

a,

mand

ioca

, ba

nan

a, b

ata

ta-

doce; b

ovin

os, ovin

os,

caprinos,

mad

eira

Agricu

ltura

,

Saú

de, In

dústr

ia m

ineira

,

Indústr

ia p

etr

olífe

ra,

Tele

co

mun

icações,

Turism

o

Osvald

o V

ieri

a A

irp

ort

Conakry

Kam

sar

Lib

éria

Borr

acha, ca

fé, caca

u,

arr

oz, m

an

dio

ca, ó

leo

de

palm

a, ca

na-d

e-a

çúcar,

bana

nas; ovin

os, ca

prin

os,

made

ira

Agro

negócio

, In

dústr

ia

min

eira,

Ind

ústr

ia

petr

olífe

ra,

Turism

o,

Serv

iços fin

ance

iros

Robert

s In

tern

atio

na

l

Airp

ort

Bucha

nan

Monro

via

Mali

Alg

od

ão,

milh

o,

arr

oz,

leg

um

es,

am

endo

im,

bovin

os,

ovin

os, capri

nos

Agro

negócio

, In

dústr

ia

min

eira,

Tele

co

mun

icações,

Pro

duçã

o d

e e

nerg

ia,

Urb

an

ização, F

orm

ação

técnic

a

Sen

ou I

nte

rnationa

l A

irp

ort

Gao Inte

rnatio

nal A

irport

Kou

likoro

Page 51: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

51

Regiã

o

País Principais produtos

agrícolas

Oportunidades para o bloco (produtos e serviços associados

aos setores)

Principais aeroportos

Principais portos

Níg

er

Feijã

o-f

rad

e, a

lgodã

o,

am

en

do

im,

milh

o, sorg

o,

mand

ioca

, arr

oz,

gado,

ovelh

as, cabra

s, cam

elo

s,

burr

os, cavalo

s,

aves

Agricu

ltura

,

Saú

de, In

dústr

ia m

ineira

,

Indústr

ia p

etr

olífe

ra,

Turism

o, In

dústr

ia

alim

enta

r

Mano

Dayak I

nte

rna

tio

na

l

Airp

ort

Dio

ri H

am

ani

Inte

rna

tio

na

l A

irport

Bon

ny Inshore

Term

ina

l

Cala

bar

Lagos

Sen

ega

l

Am

endo

im, m

ilho, sorg

o,

arr

oz, alg

odã

o, to

ma

te,

vegeta

is v

erd

es, g

ado

,

aves, suín

os,

peix

e

Agro

negócio

,

Tele

co

mun

icações,

Indústr

ia m

ine

ira, T

urism

o,

Indústr

ia p

etr

olífe

ra,

Mate

riais

de c

onstr

uçã

o

Leop

old

Sedar

Se

ngh

or

Inte

rna

tio

na

l A

irport

Dakar

Serr

a L

eoa

Arr

oz, café

, caca

u,

sem

ente

s d

e p

alm

a,

óle

o

de p

alm

a, a

me

ndo

im;

aves,

bovin

os, ovin

os, suín

os;

peix

e,

Agricu

ltura

, In

dústr

ia

min

eira,

Ind

ústr

ia

petr

olífe

ra,

En

erg

ia,

Serv

iços fin

ance

iros,

Turism

o, In

dústr

ia t

êxtil

Sherb

ro Inte

rnation

al

Airp

ort

Lu

ng

i In

tern

atio

nal

Airp

ort

Fre

eto

wn

Pe

pe

l

Sherb

ro Isla

nds

Togo

Café

, caca

u, a

lgodã

o,

inh

am

e,

ma

nd

ioca,

milh

o,

feijã

o,

arr

oz, sorg

o,

pecuári

a; p

eix

e

Min

era

ção d

e f

osfa

to,

agro

indústr

ia, cim

en

to,

art

esanato

, tê

xte

is,

beb

idas.

Lom

e

Nia

mto

ugo

u

Kpe

me

Lom

e

Page 52: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

52

1.8. Principais produtos importados pelos países da CEDEAO e oportunidades para as empresas Portuguesas

A CEDEAO apresenta algumas oportunidades para as empresas portuguesas em termos de destino de

exportações e que, em muitos casos, poderão ser potenciados por via da Guiné Bissau.

Do total dos produtos importados pela CEDEAO, no montante de US$ 104 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 50 principais produtos que representam 70% das importações, no montante de cerca de US$ 72,7 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pela CEDEAO a Portugal, no valor total de US$ 593 milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 59% das importações do bloco, no montante de US$ 353 milhões:

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Óleos brutos de petróleo, óleos de xistos, materiais em bruto; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Arroz; Produtos comestíveis e preparações; Embarcações; Equipamento de telecomunicação; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Trigo e centeio em grão; Máquinas para a construção civil; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Peixe fresco ou congelado; Materiais de construção; Açúcar, melaço e mel; Tecidos de algodão; Leite e dos produtos lácteos; Geradores; Motocicletas e velocípedes; Automóveis; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Tubos e perfis ocos, acessórios de ferro e aço; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Metais comuns; Gorduras vegetais e óleos; Papel e cartão; Máquinas e aparelhos; Artigos de plástico; Peças e acessórios dos veículos; Máquinas de energia elétrica e componentes; Fertilizantes; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Material impresso; Bombas e compressores a gás e ventiladores; Motores de combustão interna e peças; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Aparelhos de medição, análise e controle; Polímeros de etileno, em formas primárias; Produtos laminados planos de ferro, aço não ligado, não revestido; Ferramentas mecânicas, outras; Inseticidas e produtos semelhantes, para venda a retalho; Aquecimento e resfriamento de equipamentos e suas partes; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Alumínio; Aparelhos para canalizações, caldeiras, reservatórios, cubas; Outras matérias plásticas em formas primárias; Produtos diversos das indústrias químicas; Máquinas de processamento de dados; Mobiliário e peças; Chapas, filmes, papel alumínio e lâminas, de plástico.

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Materiais de construção (cimento); Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Bebidas alcoólicas; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Gás propano e butano liquefeito; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Bebidas não alcoólicas; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Mobiliário e peças; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Embarcações; Produtos comestíveis e preparações; Leite e produtos lácteos; Tubos e perfis ocos, acessórios, ferro, aço; Papel e cartão; Materiais de construção (tijolos); Artigos de plástico; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Equipamento de telecomunicação; Máquinas para a construção civil; Metais comuns; Tabaco; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Papel e cartão.

Do total dos produtos importados pelo Burkina Faso aos parceiros económicos, no total de US$ 3.1 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 60% das importações, no total de cerca de US$ 1.9 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pela Costa do Marfim aos parceiros económicos, no total de US$ 9.7 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 66% das importações, no total de cerca de US$ 6.4 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de Óleos brutos de petróleo, óleos de xistos; Embarcações;

Page 53: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

53

70%; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Materiais de construção (cimento); Artigos de plástico; Máquinas para a construção civil; Fertilizantes; Tabaco; Equipamento de telecomunicação;

Produtos comestíveis e preparações; Geradores; Trigo e centeio em grão; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Aparelhos para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Produtos medicinais e farmacêuticos; Metais comuns; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Papel e cartão; Sais metálicos e peroxossais, de ácidos inorgânicos; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Motocicletas e

velocípedes; Papel e cartão.

Arroz; Peixe fresco ou congelado; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Trigo e centeio em grão; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Equipamento de telecomunicação; Materiais de construção (cimento); Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Máquinas para a construção civil; Polímeros de etileno, em formas primárias; Tabaco não manufaturado: Veículos a motor para transporte de mercadorias; Papel e cartão; Produtos laminados planos, ferro, de aço não ligado, revestido, folheado;

Leite e produtos lácteos; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Fertilizantes; Outras carnes e miudezas comestíveis; Outras matérias plásticas em formas primárias; Inseticidas e produtos semelhantes, para venda a retalho; Bombas e compressores a gás e

ventiladores; Ferramentas mecânicas, outras; Produtos comestíveis e preparações.

Do total dos produtos importados pela Gambia aos parceiros económicos, no total de US$ 380 milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 67% das importações, no total de cerca de US$ 255 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pelo Gana aos parceiros económicos, no total de US$ 18 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 54% das importações, no total de cerca de US$ 9.7 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Tecidos de algodão; Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Arroz; Açúcar e mel; Gorduras vegetais e óleos refinados; Tecidos artificiais; ; Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Materiais de construção (cimento); Veículos automóveis para transporte de pessoas; Leite e produtos lácteos; Chá;

Legumes, raízes, tubérculos, preparados, conservados; Artigos de plástico; Máquinas e aparelhos elétricos; Outros artigos manufaturados diversos; Tules,

guarnições, renda, fitas e outras mercadorias pequenas; Calçado; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Outras carnes e miudezas comestíveis; Geradores; Produtos medicinais e farmacêuticos; Tabaco; Produtos laminados planos, ferro,

de aço não ligado, revestidos, folheados.

Óleos brutos de petróleo, óleos de xistos, materiais em bruto; Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Máquinas para a construção civil; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Embarcações;

Arroz; Material impresso; Equipamento de telecomunicação; Inseticidas e produtos semelhantes, para venda a retalho; Tubos e perfis ocos, acessórios, ferro, aço; Artigos de plástico; Materiais de construção (cimento); Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Açúcar e mel; Aparelhos de medição, análise e controle ; Metais comuns; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Outras carnes e miudezas comestíveis; Mobiliário e peças; Fertilizantes; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis.

Do total dos produtos importados pela Guiné aos parceiros económicos, no total de US$ 2.3 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 64% das importações, no total de cerca de US$ 1.5 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pela Libéria aos parceiros económicos, no total de cerca US$ mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 70% das importações, no total de cerca de US$ 739 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Page 54: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

54

Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Arroz; Máquinas para a construção civil; Equipamento de telecomunicação; Tabaco; Materiais de construção (cimento); Tecidos de algodão; Elementos

químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Veículos automóveis para transporte de pessoas;

Açúcar e mel; Motocicletas e velocípedes; Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Máquinas e aparelhos elétricos; Produtos comestíveis e preparações; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Geradores; Calçado; Roupas e outros artigos têxteis usados; Os sais metálicos e

peroxossais, de ácidos inorgânicos; Trigo e centeio em grãos; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis.

Embarcações; Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Estruturas e peças, ferro, aço, alumínio; Máquinas de construção civil; Arroz; Partes não elétricas e acessórios para máquinas; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Outras

carnes e miudezas comestíveis; Produtos comestíveis e preparações; Geradores; Materiais para a construção civil (tijolos); Materiais de construção (cimento); Relógios; Metais comuns; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Equipamento de telecomunicação; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Roupas e outros artigos têxteis usados; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Artigos de plástico; Pigmentos, tintas, vernizes e materiais relacionados; Ferramentas para a indústria, outros; Aparelhos de medição, análise e controle.

Do total dos produtos importados pelo Mali aos parceiros económicos, no total de cerca US$ 2.9 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 66% das importações, no total de cerca de US$ 1.9 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pelo Níger aos parceiros económicos, no total de US$ 2.9 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 68% das importações, no total de cerca de US$ 1.9 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Materiais de construção (cimento); Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Fertilizantes; Os tecidos de algodão; Máquinas para a construção civil;

Equipamento de telecomunicação; Produtos comestíveis e preparações; Trigo e centeio em grãos; Arroz; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Motocicletas e velocípedes; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Metais comuns; Artigos de plástico; Sais

metálicos e peroxossais, de ácidos inorgânicos; Tabaco; Inseticidas e produtos semelhantes, para venda a retalho; Leite e produtos lácteos; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Automóveis; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Gorduras vegetais e óleos; Máquinas e aparelhos elétricos.

Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Arroz; Máquinas para a construção civil; Roupas e outros artigos têxteis usados; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Materiais de construção (cimento); Tecidos de algodão; Produtos comestíveis e preparações; Fertilizantes; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Leite e produtos lácteos; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Tabaco; Açúcar e mel;

Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Animais vivos; Equipamento de telecomunicação; Milho; Rádios; Legumes; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Tubos e perfis ocos, acessórios, ferro, aço; Aparelhos de medição, análise e controle de aparelhos; Energia.

Do total dos produtos importados pelo Senegal aos parceiros económicos, no total de US$ 6.4 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 67% das importações, no total de cerca de US$ 4.3 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pela Serra Leoa aos parceiros económicos, no total de US$ 1.5 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 76% das importações, no total de cerca de US$ 1.1 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Page 55: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

55

Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Óleos brutos de petróleo, óleos de xistos; Arroz; Trigo e centeio em grãos; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Produtos comestíveis e preparações; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Gorduras vegetais fixos e óleos, refinado;

Gás propano e butano liquefeito; Pirites de enxofre e de ferro não torrados; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Máquinas para a construção civil;

Equipamento de telecomunicação; Açúcar e mel; Geradores; Tecidos de algodão; Leite e produtos lácteos; Fertilizantes; Gorduras vegetais fixos e óleos, refinado, do

fracionamento; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Legumes; Artigos de plástico;

Motores de pistão de combustão interna, peças; Bombas, compressores de gás e ventiladores.

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Arroz; Roupas e outros artigos têxteis usados; Outras carnes e miudezas comestíveis; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Açúcar e mel; Leite e produtos lácteos; Materiais de construção (cimento); Veículos a motor para transporte de mercadorias; Geradores; Farinha de trigo e farinha de trigo

com centeio; Trigo e centeio em grãos; Cereais em grãos (excluindo o trigo, arroz, cevada, milho); Produtos laminados planos, ferro, aço não ligado, revestidos, folheados; Tabaco; Legumes; Produtos residuais de

petróleo; Compostos de função amina; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Embarcações; Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Motocicletas e velocípedes; Máquinas e aparelhos elétricos; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Mobiliário e peças.

Do total dos produtos importados pelo Togo aos parceiros económicos, no total de US$ 1.7 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam cerca de 75% das importações, no total de cerca de US$ 1.3 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pelo Benim aos parceiros económicos, no total de US$ 2.2 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 76% das importações, no total de cerca de US$ 1.6 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Os tecidos de algodão; Tecidos artificiais; Mobiliário e peças; Gorduras vegetais e óleos, refinado;

Motocicletas e velocípedes; Gás propano e butano liquefeito; Produtos residuais de petróleo; Artigos de plástico; Materiais de construção (cimento); Calçado; Luminárias e acessórios; Copos; Aparelhos de medição, análise e controle de aparelhos; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Roupa para mulher, de malha; Produtos comestíveis e preparações; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Máquinas e aparelhos elétricos; Artigos de viagem, bolsas e artefactos semelhantes; Açúcar e mel; Roupas de homem de matérias têxteis, de malha,

croché; Arroz; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Os polímeros de etileno, em formas primárias.

Os tecidos de algodão; Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Arroz; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Outras carnes e miudezas comestíveis; Tecidos e tecidos artificiais; Máquinas e aparelhos elétricos; Tules, guarnições, rendas, fitas e outras mercadorias pequenas; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Roupas e outros artigos têxteis usados; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Energia; Outros artigos manufaturados diversos; Calçado; Equipamento doméstico; Metais comuns; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Materiais de construção (cimento);

Motocicletas e velocípedes; Equipamento de telecomunicação; Artigos de tecidos têxteis; Artigos de plástico; Açúcar e mel; Veículos a motor para transporte de mercadorias.

Países analisados autonomamente

Do total dos produtos importados pela Nigéria aos seus parceiros económicos. no montante de US$ 51 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 53% das importações, no total de cerca de US$ 27.3 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pela Guiné-Bissau aos parceiros económicos, no total de US$ 227 milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 70% das importações, no total de cerca de US$ 159 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Page 56: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

56

Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Produtos comestíveis e preparações; Trigo e centeio em grão; Equipamento de telecomunicação; Arroz; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Peixe fresco ou congelado; Embarcações; Automóveis; Motocicletas e velocípedes; Geradores; Leite e produtos lácteos; Máquinas para a construção civil; Máquinas de energia elétrica e componentes; Papel e cartão; Peças e acessórios dos veículos; Açúcar, melaço e mel; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Tubos e perfis ocos, acessórios de ferro, aço; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Motores de pistão de combustão interna; Metais comuns; Cacau; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio.

Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Arroz; Bebidas não alcoólicas; Tubos e perfis ocos, acessórios de ferro e aço; Pedra, areia e cascalho; Bebidas alcoólicas; Materiais de construção (cimento); Produtos comestíveis e preparações; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Gorduras

vegetais fixos e óleos, petróleo bruto, refinado; Óleos brutos de petróleo, materiais em bruto; Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Sabonetes, limpeza e produtos de polimento; Geradores; Válvulas e tubos catódicos; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Gorduras vegetais e óleos bruto; Açúcar, melaço e mel; Produtos laminados planos, ferro, de aço não ligado, revestidos, folheados; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Tabaco; Mobiliário e peças; Artigos confecionados de matérias têxteis; Equipamento de telecomunicação; Leite e produtos

lácteos.

Fonte: UNCTADStat, dados 2012

Page 57: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

57

2.Nigéria

A principal economia da CEDEAO

02

Page 58: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

58

2. Nigéria – A principal economia da CEDEAO21

Independente desde 1960, a Nigéria é o maior país do

continente africano em termos populacionais, com uma

população estimada em mais de 168 milhões de

habitantes, sendo esperado que ultrapasse os 200

milhões de habitantes até 2020.

Apesar da língua oficial da Nigéria ser o inglês,

existem mais de 500 dialetos locais. O país possui

mais de 200 grupos étnicos e tem uma população rural

que representa cerca de 50% da sua população total,

estimando-se que mais de 40% da população é cristã

e que mais de 40% da população é muçulmana.

Esta diversidade da população nigeriana tem suscitado

alguns conflitos étnicos e religiosos que, por vezes,

têm interferido no desenvolvimento económico do país.

Superar os problemas de segurança e encarar

positivamente a multiculturalidade do país apresenta-

se como o maior desafio que a Nigéria enfrenta

atualmente.

O país conta com uma área total de 923.768

Km2 (cerca de 10 vezes o tamanho de Portugal)

divididos por 36 estados e o território da capital

federal, onde se encontra Abuja, a capital do

país. A Nigéria faz fronteira com o Benim, o

Níger, o Chade e os Camarões, beneficiando

ainda de uma linha costeira de 853 km.

A distribuição espacial da economia nigeriana

demonstra diferenças marcantes entre o norte e

o sul. O sul caracteriza-se por uma elevada

densidade populacional e é onde se situam as

maiores cidades do país. No entanto, também

se verifica uma importante atividade agrícola no

norte do país, com um volume populacional

relevante.

A incidência da pobreza evolui à medida que a

distância à costa marítima aumenta. Enquanto as taxas de pobreza nos estados costeiros estão tipicamente

abaixo dos 40%, essas taxas passam os 70% em muitas partes do centro e do extremo norte da Nigéria.

Relativamente a outros países africanos, o desenvolvimento da agricultura é forte: existem poucas áreas com

potencial agrícola que não estejam já a ser exploradas, o que se verifica com maior ênfase no norte do país. A

Nigéria integra organizações económicas internacionais relevantes como é o caso da CEDEAO, da

Commonwealth of Nations e ainda da OPEC (OPEP), beneficiando assim de relações privilegiadas com vários

países.

21

CIA Factbook

Page 59: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

59

2.1. Macroeconomia22

A Nigéria tem beneficiado de anos de estável crescimento económico, proporcionando assim uma melhoria na

qualidade de vida da população, diminuição da corrupção e desenvolvimento de setores chave para um

crescimento sustentável do seu PIB.

No entanto, o país ainda enfrenta grandes desafios. Em primeiro lugar, o desenvolvimento das suas

infraestruturas de modo a conseguir diminuir os custos de produção e distribuição dos produtos; em segundo

lugar, a segurança que afeta particularmente a produção de petróleo e, por fim, a aposta no capital humano,

particularmente desafiante considerando a elevada taxa de pobreza e de analfabetismo da Nigéria.

Tabela 5 – Indicadores sociais (2012)

Nigéria IDH Esperança média de

vida Número médio de anos

de estudo Analfabetismo

Índice de pobreza multidimensional

153.º 52,3 anos 5,2 anos 38,7%

31%

Fonte: Human Development Reports – United Nations

A Nigéria tem vindo a desenvolver recentemente consideráveis esforços no combate à corrupção, podendo-se,

por exemplo, observar uma evolução positiva no índice de perceção da corrupção. Apenas com o

desenvolvimento económico, alcançado através da abertura da sua economia, do combate à corrupção, de

reformas estruturais em setores chave não relacionados com o petróleo e do investimento em capital humano,

pode a Nigéria vir a afirmar-se enquanto líder no continente africano, garantindo assim um crescimento

sustentável.

2.1.1. PIB da economia nigeriana23

Como referido a Nigéria é o país com maior peso na região, representando mais de 66% do PIB da CEDEAO. Conjuntamente com o Gana e a Costa do Marfim, estes três países correspondem a 82,29% do PIB da CEDEAO.

Gráfico 32 - Representação da percentagem do PIB dos EM na CEDEAO24

Fonte: Banco Mundial

22

Human Development Reports – Nações Unidas 23

Banco Africano de Desenvolvimento 24

World Bank

Benin 1.90%

Burquina Faso 2,63%

Cabo Verde 0.48% Costa do Marfim

6.22%

Gana 10.26%

Gâmbia 0.23%

Guiné 1.71%

Guiné-Bissau 0.23%

Libéria 0.45%

Mali 2.60%

Niger 1.65%

Nigeria 66.17%

Senegal 3.57%

Serra Leoa 0.96%

Togo 0.96%

Outros 3.30%

Page 60: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

60

A economia nigeriana sofreu um ligeiro abrandamento do seu

crescimento, em 2011 e em 2012. Este abrandamento deveu-se ao

elevado crescimento registado em 2010 e ao abrandamento do

crescimento no setor petrolífero.

Os setores agrícolas, comércio grossista e retalhista e petrolífero

continuam a ser a base da economia nigeriana, apesar do decréscimo

no setor petrolífero. No entanto, destaca-se pela positiva o forte

crescimento do setor das telecomunicações.

Gráfico 33 – Evolução anual do PIB, em milhares US$

Fonte: Banco Mundial

Gráfico 34 - Taxa média anual de desemprego, em percentagem

A previsão de crescimento económico mantém-se

estável, apesar dos riscos relacionados com a

segurança, fruto de conflitos religiosos, da falta de

infraestruturas, nomeadamente que ajudem a

contrariar as cheias anuais, e do abrandamento

do crescimento económico mundial.

Importa salientar que o forte crescimento

económico vivido pela Nigéria ainda não se

traduziu em níveis relevantes de criação de

emprego ou de diminuição da pobreza, sendo um

desafio futuro da economia.

Fonte: FMI

O desemprego continua a aumentar fixando-se em 23,9%, sendo os últimos dados disponíveis referentes ao

ano de 2011. O crescimento económico não tem sido acompanhado por alterações estruturais na economia

nigeriana geradoras de emprego. Os planos de desenvolvimento estabelecidos pelo Governo visam incentivar

o crescimento de atividades não ligadas ao setor petrolífero.

2.1.2. Orçamento Geral do Estado25

A política orçamental da Nigéria tem como objetivo a manutenção da estabilidade macroeconómica, visando a

consolidação orçamental, a par do crescimento económico. O programa de consolidação orçamental

estabeleceu como teto máximo um défice orçamental de 3% do PIB, o que tem sido eficientemente cumprido

nos últimos anos. Esta política fiscal menos expansionista, bem como uma política monetária relativamente

25

Banco Africano de Desenvolvimento, 2013

207,116

168,587

228,638 243,986

262,606

-

50,000

100,000

150,000

200,000

250,000

300,000

2008 2009 2010 2011 2012

12.70% 14.90%

19.70% 21.10%

23.90%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

2007 2008 2009 2010 2011

A Nigéria removeu os subsídios

ao setor petrolífero e pretende

depender menos das receitas do

petróleo para se financiar,

através da modernização da sua

economia

Page 61: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

61

rígida conduzida pelo Banco Central da Nigéria, têm conseguido manter a inflação em níveis considerados

“aceitáveis”, a rondar os 12%.

O governo visa reorientar os gastos do Estado, passando uma parte da despesa corrente para despesas em

capital, visando assim melhorar as infraestruturas físicas.

Como parte da consolidação orçamental, o Governo eliminou os subsídios ao setor petrolífero em 2012, que

representaram 30% dos gastos totais do Estado em 2011 (cerca de 4,2% do PIB do país). A poupança

realizada foi direcionada para programas de segurança social e projetos de investimento.

O Governo tem conseguido alocar os seus recursos de acordo com os objetivos estabelecidos, dedicando

assim uma parte relevante dos investimentos públicos à segurança (19,9%), educação (8,65%), saúde (6%),

energia (3,5%), desenvolvimento e agricultura (1,7%) e serviços públicos (3,9%).

No Orçamento de Estado para 2013 está projetado um défice de 2,17% do PIB, o que significa uma melhoria

do défice de 2,85% obtido em 2012, sendo o objetivo do Governo manter esta política fiscal prudente e

sustentável.

Tabela 6 - Principais rubricas dos Orçamentos de Estado

Indicador 2012 2013 2014

Receitas totais (em % do PIB) 29,20% 28,80% 29,10%

Receitas fiscais (em % do PIB) 4,20% 4,00% 3,80%

Receitas petrolíferas (em % do PIB) 23,40% 23,40% 23,80%

Despesa corrente (em % do PIB) 18,80% 18,10% 17,50%

Fonte: Banco Africano de Desenvolvimento

2.1.3. Dívida pública26

Durante o forte crescimento do setor petrolífero nos anos 1970, a Nigéria investiu avultadas quantias em

infraestruturas, tendo para isso contraído uma elevada dívida, que se tornou insuportável com a queda do

preço do petróleo nos anos seguintes. No início do século XXI o país encontrava-se altamente endividado,

nomeadamente devido ao acumular de juros compensatórios pelo atraso no pagamento do seu passivo. Este

facto levou os seus principais credores internacionais a concederem-lhe um perdão de endividamento,

mediante um pagamento imediato de uma parte relevante do mesmo, em 2006.

Desde então a Nigéria tem vindo a aumentar novamente a sua dívida pública, tanto em termos brutos como

em percentagem do PIB.

A dívida pública nigeriana ascende a cerca de 18% do PIB, sendo mais de 80% deste passivo detido por

credores domésticos. O Governo federal é responsável por cerca de 64% da dívida pública e 70% deste

passivo de fonte doméstica, pelo que os Estados detêm cerca de 60% do endividamento público de fonte

estrangeira e representam um total de 36% da dívida pública total.

26

Banco Africano de Desenvolvimento

Page 62: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

62

Gráfico 35 - Dívida pública bruta, em milhares de milhões de NGN

Gráfico 36 - Dívida pública bruta, em percentagem do PIB

Fonte: FMI

Apesar dos desenvolvimentos recentes serem bastantes positivos para a Nigéria, sendo inclusive o seu

crescimento económico aparentemente estável, as agências de notação de crédito consideram que a

economia da Nigéria está demasiado dependente do preço do petróleo. Reconhecem, no entanto, a

estabilidade política, o crescimento económico e algumas das reformas introduzidas pelo governo na Nigéria

como positivas, o que conduziu a evoluções positivas na notação concedida à Nigéria ao longo da última

década.

Ainda assim, o roubo de petróleo e a sabotagem aos oleodutos já custaram mais de US$ mil milhões ao

Estado nigeriano apenas durante os primeiros 4 meses de 2013.

Tabela 7 - Notação de crédito da dívida pública nigeriana

Indicadores S&P Moody’s Fitch

Notação BB- BA3 BB-

Perspetivas Estável Estável Estável

Considerações Especulativo Especulativo Especulativo

Fonte: S&P, Moody’s e Fitch

2.2. Estrutura Produtiva

A Nigéria é o maior produtor africano de produtos agrícolas, com especial relevo para a produção de cereais,

arroz, óleo vegetal, raízes e tubérculos, citrinos, vegetais, nozes e frutas, o que concede alguma diversificação

às exportações do país. No entanto, o setor agrícola sofreu durante anos da falta de infraestruturas. O setor

contribuiu para 39,21% do PIB do país em 2012, tendo obtido um crescimento de 3,97% no mesmo ano,

sendo previsto que o setor continue a crescer entre 4% e 5% nos próximos anos.

2,849

3,816

5,323

6,494

7,663

-

1,000

2,000

3,000

4,000

5,000

6,000

7,000

8,000

9,000

2008 2009 2010 2011 2012

11.60%

15.20% 15.49% 17.20% 17.76%

0%

5%

10%

15%

20%

2008 2009 2010 2011 2012

Page 63: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

63

Gráfico 37 - Contribuição para o PIB dos setores de atividade na Nigéria (2012)

Fonte: National Bureau of Statistics

O crescimento populacional da Nigéria aliado ao aumento do

rendimento disponível das famílias conduziu o país a uma condição de

importador de alimentos, dado que a produção agrícola não tem

aumentado a um ritmo suficientemente rápido (nomeadamente arroz,

trigo, milho, peixe e açúcar).

Outro setor relevante para a economia nigeriana é o comércio

grossista e a retalho, contribuindo para 19,92% do PIB e que tem vivido anos de forte crescimento, sendo

projetado um crescimento superior a 8% por ano para os próximos anos.

Em terceiro lugar destaca-se o setor petrolífero que representa 13,76% do PIB nigeriano e que tem vindo a

estabilizar a sua importância, nomeadamente devido a problemas relacionados com a segurança e

infraestruturas, bem como com o desenvolvimento do preço internacional do petróleo desde 2010, dependente

do crescimento dos principais países consumidores de petróleo.

Finalmente, a economia do país tem sido impulsionada pelo crescimento do setor da tecnologia

telecomunicações e entretenimento, que se destaca com crescimentos superiores a 30% por ano,

representando já 7,05% do PIB do país. Dado o baixo nível de desenvolvimento atual deste setor, a margem

para o crescimento é ainda muito elevada, pelo que se espera que o setor continue a apresentar um

crescimento acima de 20% por ano (no ponto 4.4. Infraestruturas e energia pode encontrar-se uma descrição

detalhada do estado atual da tecnologia e das perspetivas para o futuro).

Tabela 8 - Contribuição para o PIB e crescimento dos setores de atividade na Nigéria, em 2012 e 2013

Contribuição para o PIB em 2012

Crescimento em 2012

Crescimento estimado

(1ºT – 2013)

Agricultura 39,21% 3,97% 4,14%

Mineração 0,38% 12,52% 12,00%

Petróleo e gás natural 13,76% -0,91% -0,54%

Indústria 4,20% 7,55% 8,41%

Telecomunicações 7,05% 31,83% 24,53%

Finanças e seguros 3,37% 4,05% 3,61%

Comércio grossista e a 19,92% 9,61% 8,22%

Agricultura 39.21%

Mineração 0.38%

Petróleo e gás

natural 13.76%

Indústria 4.20%

Telecomunicações 7.05%

Finanças e seguros 3.37%

Comércio grossista e a

retalho 19.92%

Construção civil 2.19%

Hotelaria e restauração 0.55%

Imobiliário 1.85%

Serviços comerciais

0.95%

Outros 6.58%

Outros 3.73%

O transporte de mercadorias,

equipamentos, petróleo e gás é

consideravelmente mais

dispendioso na Nigéria do que em

países comparáveis da África

Subsariana

Page 64: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

64

retalho

Construção civil 2,19% 12,58% 15,66%

Hotelaria e restauração 0,55% 12,15% 13,61%

Imobiliário 1,85% 10,41% 10,06%

Serviços comerciais 0,95% 9,69% 8,63%

Outros 6,58% 5,18% 5,37%

Fonte: National Bureau of Statistics

Analisando o crescimento de 2012 face ao estimado para 2013, os principais setores encontram-se em

desaceleração, com exceção do Turismo, Construção e Indústria, no entanto, todos eles com peso

relativamente pequeno no PIB.

Gráfico 38 - Crescimento e contribuição para o PIB dos setores de atividade na Nigéria (2012 e 2013)

2.3. Política económica

2.3.1. Perspetivas Futuras27

De acordo com um relatório do Citigroup de 2011, a Nigéria será o país com a maior taxa média de

crescimento anual do PIB no mundo, entre 2010 e 2050, incluindo-se assim no grupo designado como Global

Growth Generators 28

. Considera-se que a Nigéria sofreu durante anos da chamada “maldição dos recursos

naturais”, no entanto, o país está a começar a demonstrar capacidade para gerir eficazmente os seus

recursos. Desta forma espera-se que o crescimento médio do PIB per capita entre 2010-2050 seja de 6,9%

por ano.

27

Banco Africano de Desenvolvimento, FMI, World Bank e Citigroup 28

Global Growth Generators: Bangladesh, China, Egito, Índia, Indonésia, Iraque, Mongólia, Nigéria, Filipinas, Sri Lanka, Vietname

Agricultura; 4.14% (2013)

Petróleo e gás natural; -0.54% (2013)

Indústria; 8.41% (2013)

Telecomunicações; 24.53% (2013)

Comércio grossista e a retalho; 8.22% (2013)

Construção civil; 15.66% (2013)

Hotelaria e restauração; 13.61%

(2013)

(5%)

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

(10%) (5%) 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

Cre

scim

en

to e

stim

ado

par

a 2

01

3

Crescimento do sector em 2012

Fonte: National Bureau of Statistics

Page 65: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

65

A inflação, acima dos 11%, embora

elevada, quando comparada com

países de desenvolvimento médio, é em

grande medida influenciada pela

dependência externa dos preços dos

alimentos, do preço petróleo e suscetível

às condições climatéricas que tenham

impacto na produção agrícola interna.

No entanto, as restrições na política

monetária e a estabilidade do preço do

petróleo poderá permitir, ao longo dos

próximos anos, uma queda da inflação

para valores inferiores a 10%.

Fonte: Banco Mundial e Citigroup

Os grandes desafios da Nigéria centram-se no desenvolvimento do seu capital humano. O país necessita de

fortes investimentos na educação e na saúde de forma a poder garantir a qualidade de vida da sua população,

bem como a qualidade da sua força de trabalho.

Encontram-se previstas reformas agrícolas e o desenvolvimento de infraestruturas que permitam o

escoamento rápido e eficaz dos produtos, bem como incentivos ao desenvolvimento do setor privado e

reformas institucionais nos diversos organismos do Estado.

2.3.2. Prioridades estratégicas da Nigéria29

A Nigéria estabeleceu um plano de desenvolvimento económico designado Nigeria Vision 20: 2020 (NV20),

que deve ser implementado em três planos de implementação de médio prazo.

O primeiro plano de implementação de médio prazo cobre o período 2010-2013, o segundo o período 2014-

2017 e o terceiro plano de implementação compreende o período 2018-2020.

A visão baseia-se em dois objetivos específicos que pretendem ser alcançados até 2020:

PIB nominal não inferior a US$ 900 mil milhões; e,

PIB per capita não inferior a US$ 4 mil.

Para se alcançarem estes objetivos, foram definidas um conjunto de prioridades estratégicas em termos

políticos, macroeconómicos e nos principais setores da economia.

29

Nigeria Vision 20: 2020 – Economic Transformation Blueprint

0.10%

2.50%

4.30%

2.70%

1.88%

1.10%

5.40%

3.10%

1.55%

10.30% 10.60%

5.40%

6.20%

6.45%

5.98%

6.96%

7.98% 7.36%

6.55%

7.20%

7.00% 6.70%

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

1994 1998 2002 2004 2006 2010 2012 2018

Gráfico 39 - Crescimento anual do PIB real

Page 66: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

66

Tabela 9 - Objetivos NV20

Aspirações nacionais

Política Democracia estável, pacífica e harmoniosa.

Macroeconomia Uma economia estável e internacionalmente competitiva, com um PIB não inferior a US$ 900 mil milhões e um rendimento per capita não inferior a US$ 4 mil.

Agricultura Um setor agrícola tecnologicamente modernizado que explore a totalidade dos recursos agrícolas do país, garanta a segurança alimentar nacional e contribua para ganhos na balança comercial.

Saúde Um setor que contribua e sustente a esperança média de vida do país não inferior a 70 anos e reduza ao mínimo as doenças infeciosas, entre outras.

Indústria Um setor competitivo que contribua pelo menos para 40% do PIB.

Infraestrutura Serviços adequados, cujas infraestruturas garantam a completa circulação de todos os setores económicos.

Educação Um sistema de educação moderno que proporcione oportunidades para atingir um capital humano adequado, competente e no seu máximo potencial.

O grupo de trabalho dedicado à implementação do primeiro plano, subjacente ao tema “acelerando o

desenvolvimento, a competitividade e a criação de riqueza”, foca-se no estabelecimento das fundações

necessárias para atingir os objetivos propostos para 2020, começando pelas infraestruturas, as fontes de

crescimento e o capital humano.

Tabela 10 – Objetivos do 1.º Plano de Implementação

Seis grandes objetivos

1. Diminuir a lacuna infraestrutural para permitir o desencadear do crescimento económico e da criação de riqueza; 2. Otimizar as fontes de crescimento económico de modo a aumentar a produtividade e competitividade; 3. Estabelecer uma base de capital humano produtivo, competitiva e funcional com vista ao crescimento económico

e ao progresso social; 4. Desenvolver uma economia baseada no conhecimento; 5. Melhorar o sistema de governação, a segurança, a lei e a ordem, bem como promover um uso mais eficiente e

eficaz dos recursos naturais de modo a promover a harmonia social e um ambiente empresarial propício ao crescimento; e,

6. Fomentar o desenvolvimento económico e social acelerado e sustentável de forma competitiva e ecológica.

O Governo pretende continuar e incentivar as reformas nos setores petrolífero, energético e dos serviços

públicos, a par do combate à corrupção e da melhoria dos níveis de cumprimento da lei.

Tabela 11 – Quadro macroeconómico de base para o NV20

Desenvolvimentos 1999-2009

Desenvolvimentos no setor real

─ Crescimento médio anual do PIB real em cerca de 6,5%;

─ Crescimento sustentado por setores não-petrolíferos;

─ Crescimento superior ao crescimento populacional médio de 3,2% por ano; e

─ Um setor agrícola dominante na economia durante esse período.

Setor externo ─ Balança corrente positiva no período 1999-2008 (saldo negativo em 2009 foi provocado pela crise económica);

─ A Nigéria abandonou o grupo dos Países Pobres Altamente Endividados (PPAE), mantendo desde então um rácio dívida/PIB baixo; e

─ Taxa de câmbio estável.

Operações orçamentais ─ Política orçamental do Governo baseada na consolidação orçamental e na promoção de emprego, crescimento e desenvolvimento; e

─ Elevadas receitas de fontes petrolíferas.

Page 67: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

67

Desafios ao desenvolvimento

─ Infraestrutura desadequada e agricultura de subsistência;

─ Fraca pesquisa focada no desenvolvimento e na inovação;

─ Contribuição reduzida da indústria para o emprego e elevado desemprego jovem;

─ Receitas do Estado demasiado dependentes das receitas petrolíferas; e

─ Preocupações sobre o crescimento da dívida nacional.

Perspetiva económica global

─ O ambiente económico internacional é essencial para o desenvolvimento da Nigéria;

─ Dependência da recuperação do crescimento económico mundial;

─ Principais consumidores de petróleo empenham-se cada vez mais para diminuir a sua dependência do petróleo;

o Os EUA lançaram uma nova política energética que incentiva fontes de energia alternativas e eficientes;

o Aproveitamento das extensas reservas petrolíferas do país, para permitir ao país criar uma conjuntura de não dependência face ao petróleo;

─ O maior desafio na gestão da política macroeconómica durante o período de implementação do programa NV20 será a diversificação da estrutura económica, para setores não dependentes do petróleo; e,

─ Quadro macroeconómico irá focar-se na manutenção da estabilidade macroeconómica de modo a posicionar a economia numa trajetória de crescimento sustentável, sem pressões inflacionistas.

Estratégias de política macroeconómica

Os 3 Pilares ─ Garantir a produtividade e o bem-estar da população;

─ Otimização das fontes chave do crescimento económico; e,

─ Fomento do desenvolvimento económico e social sustentável.

As estratégias ─ Crescimento económico de dois dígitos e manutenção de fundamentos económicos fortes;

─ Diversificação da economia;

─ Estimular o setor industrial e fortalecer as suas ligações;

─ Elevar a competitividade relativa do setor real;

─ Desenvolver o setor financeiro;

─ Investimento massivo em infraestrutura e capital humano; e,

─ Adoção de uma política orçamental e monetária pragmática, com atenção ao comércio externo e à dívida pública.

O total de investimento para o primeiro plano de implementação é de cerca USD 185 mil milhões, sendo que

USD 60 mil milhões serão investidos pelo Governo Federal da Nigéria, USD 55 mil milhões pelos Estados e

USD 80 mil milhões pelo setor privado.

Page 68: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

68

2.4. Infraestruturas e energia30

O estado das infraestruturas na Nigéria

Figura 5 - O Estado das Infraestruturas em África - Nigéria

Apesar das infraestruturas na Nigéria ilustrarem a concentração espacial da atividade económica no sul, o país

(contrariamente aos seus vizinhos) desenvolveu acessos de alcance nacional. São poucas as áreas que

permanecem sem acessos ao nível nacional. A condição da rede de estradas é porém muito irregular,

30

Africa Infrastructure Country Diagnosis e Banco Africano de Desenvolvimento

Fonte: Africa gearing up, PwC 2013

Page 69: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

69

afetando negativamente a conetividade nacional, sendo que algumas estradas têm simultaneamente troços

em boas e em péssimas condições. Existem 5 pontos onde as redes rodoviárias nigerianas intersetam a rede

regional, nomeadamente na costa este-oeste e em alguns corredores que ligam ao interior do país.

A rede elétrica tem alcance nacional e quase todos os grandes centros de produção de energia estão ligados

ao sistema nacional. Apesar do sistema GSM de telecomunicação ter uma boa cobertura, existem regiões,

principalmente a norte, que sofrem falhas e interrupções frequentemente. A nível de integração regional, a

Nigéria encontra-se ligada a cabos submarinos que rodeiam a costa oeste da África (SAT-3, MAIN-1 e Glo-1),

no entanto, o país não tem ligação terrestre de fibra-ótica com os seus vizinhos.

Quanto ao setor agrícola, apesar da sua vasta implantação e níveis de produtividade, as áreas irrigadas são

reduzidas e muito dependentes dos rios.

Os recursos naturais concentram-se fundamentalmente concentrados na zona sudeste do país, já próximo da

costa litoral.

Figura 6 - Recursos naturais

Fonte: Afric a Infrastructure Country Diagnosis

No domínio dos transportes públicos, estes verificam-se como desadequados, e têm encorajado a utilização

de motociclos para o transporte comercial e de passageiros.

O transporte fluvial, esse, mantém-se estagnado, tal como as infraestruturas do setor, apesar do país ter cerca

de 3.300 kms de vias fluviais navegáveis. Não obstante essas vias terem como objetivo conferir acesso à

costa, não estão ainda adequadas à navegação devido à falta de alargamento das vias, e à falta de navios

modernos.

Page 70: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

70

Relativamente ao setor energético, a rede elétrica nigeriana está ligada ao Níger a norte, existindo planos para

ligar a Nigéria ao Benim e ao Níger, no contexto do Grupo de Energia da África Ocidental. No entanto, a rede

elétrica da Nigéria ainda não está ligada aos Camarões. O Gasoduto da África Ocidental liga o Gana à Nigéria,

através do qual é exportado gás para fins de produção energética.

Apesar do estado de algumas das suas infraestruturas, a Nigéria fez importantes progressos infraestruturais

nos últimos anos. Comparando com a maioria dos países da África Subsariana, tem uma rede energética,

rodoviária, ferroviária e tecnológica (telecomunicações e plataformas informáticas) que cobre uma extensa

área do país.

Tabela 12 - Realizações e desafios dos setores de infraestruturas

Realização Desafios

Transportes aéreos

Expansão recente do mercado interno;

Surgimento de transportadoras regionais importantes;

Novas rotas para a Europa e para os EUA;

Avanços significativos na supervisão da segurança.

Desenvolver o potencial como centro regional de transporte aéreo;

Concessão de aeroportos.

TIC Cobertura GSM de baixo-custo extensiva;

Setor de linha fixa competitivo;

Rede de fibra ótica privada extensa.

Aumentar a penetração de serviços TIC;

Reduzir os custos de serviços online;

Tornar o mercado mais eficiente.

Portos Adoção de um modelo de concessão moderno;

Emissão de inúmeras concessões.

Melhorar o desempenho alfandegário;

Melhorar os acessos marítimos e térreos;

Planear o incremento de novas capacidades.

Energia Elevadas taxas de eletrificação;

Restruturação do setor e aumento das tarifas.

Investimento para melhorar a confiança nos serviços;

Combater as enormes ineficiências do setor.

Ferroviário Extensa rede ferroviária nacional. Melhorar o desempenho para aumentar o fluxo.

Rodoviário Extensa rede rodoviária nacional. Aumento dos fundos para manutenção rodoviária;

Melhorar os acessos rurais.

Recursos hídricos

Progresso no quadro institucional. Desenvolver o potencial de irrigação de alto-retorno.

Água e saneamento

Melhorar o acesso a bons serviços de água;

Melhoria dos hábitos sociais;

Combater as enormes ineficiências dos serviços;

Maior atenção a poços e furos;

Melhorar a qualidade de latrinas tradicionais.

Transportes

A densidade rodoviária da Nigéria é de 0,21km de estrada por km2, o que fica bem

acima da média da África Central e Ocidental de apenas 0,06km de estradas por km2,

chegando a ser semelhante à densidade verificada em países como a África do Sul, o

México ou o Brasil. De igual maneira, o volume do tráfego na rede rodoviária nigeriana

é relativamente elevado quando comparado com o verificado em países similares, o

que indica que a rede está a ser efetivamente utilizada.

Estima-se que a rede rodoviária da Nigéria seja superior a 197.000 km, sendo

que apenas 18% estão pavimentados. A rede primária federal é responsável

por cerca de 9% do total, com os Estados a gerir a maioria das estradas

A rede rodoviária é

responsável por cerca de

90% do transporte interno e

transfronteiriço de

mercadorias

Page 71: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

71

secundárias que totalizam aproximadamente 24% da rede total. O remanescente da rede rodoviária está sob a

gestão dos governos locais, correspondendo a acessos às comunidades locais. Cerca de 30.000 km da rede

rodoviária estão localizados em áreas urbanas.

Os maiores problemas da rede rodoviária estão relacionados com a desadequação dos serviços devido à falta

de manutenção o que conduz a um mau estado da rede rodoviária. Adicionalmente, problemas com

segurança, aplicação da lei e criminalidade são comuns.

Estima-se que em 2010 a frota de veículos de 4 rodas fosse de cerca de 5,2 milhões de veículos e a frota de

veículos de 2 rodas de cerca de 5,2 milhões. A frota total de veículos tem crescido cerca de 10% por ano, no

entanto, quando se tem em consideração a população do país, estes números perdem alguma importância,

dado ainda se encontrarem muito abaixo da densidade encontrada em países como a África do Sul, o Brasil

ou a Rússia.

Figura 7 - Cobertura nacional da rede de transportes da Nigéria

Fonte: Africa Infrastructure Country Diagnosis

Page 72: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

72

Tabela 13 - Indicadores das infraestruturas rodoviárias da Nigéria comparados com países africanos de baixo e de médio rendimento, com referência a 2006

Unidade Países ricos em recursos

Nigéria Países de

rendimento médio

Densidade das estradas pavimentadas

Km/1000 km2 de terra arável 59,1 174,1 318,4

Densidade das estradas não-pavimentadas

Km/1000 km2 de terra arável 38,0 94,2 278,4

Acessibilidade rural ao SIG % de população rural residente até 2 km de distância de uma “estrada”

26,0 19,7 31,5

Tráfego nas estradas pavimentadas

Média anual do tráfego diário 1.408,2 1.772,4 2.558,3

Tráfego nas estradas não-pavimentadas

Média anual do tráfego diário 24,7 32,7 74,7

Condição da rede pavimentada

% em condições boas ou razoáveis 67,9 67,4 82,0

Condição da rede não-pavimentada

% em condições boas ou razoáveis 61,4 32,9 57,6

Qualidade percecionada

dos transportes

% de empresas que identificam as estradas como grande

constrangimento 30,2 29,9 18,2

Sobreinvestimento % da rede pavimentada com menos de 300 veículos por dia

19,8 4,8 18,4

Subinvestimento % da rede não pavimentada com mais de 300 veículos por dia

9,3 26,7 20,0

Fonte: Africa Infrastructure Country Diagnosis

A Nigéria tem ainda um pequeno nível de sobreinvestimento (estradas cujo investimento foi demasiado alto

para as necessidades reais) mas acima de tudo tem um elevado nível de subinvestimento (estradas que

necessitam de mais investimento mediante a realidade).

Nota-se que uma extensão relevante dos acessos rurais irá requerer uma

estratégia de alinhamento das políticas de desenvolvimento do setor das

infraestruturas rodoviárias e do setor agrícola. A rede rural rodoviária nigeriana

totaliza cerca de 85.000 km, no entanto, para garantir acesso a estradas

durante todo o ano a 75% das populações rurais necessitaria da extensão em

mais 20.000 km. Adicionalmente, a Nigéria tem pouco mais de 54% da média

da densidade das estradas pavimentadas verificada nos países africanos de

rendimento médio, e apenas cerca de 34% da média da densidade das

estradas não-pavimentadas verificada nos países africanos de rendimento

médio.

A rede ferroviária estende-se por um total de 4.332 km, no que corresponde a cerca de 3.505 km de rotas,

sendo que apenas pouco mais de 30 km são em duas vias e concentram-se na zona de Lagos.

A Nigéria tem uma das mais extensas redes ferroviárias de África, sendo apenas inferior em comprimento à

rede ferroviária da África do Sul. Apesar de historicamente as ferrovias da Nigéria se encontrarem entre as

melhores da África Ocidental, nos últimos anos tem havido um fraco investimento na requalificação de

algumas linhas.

Apesar da procura potencial por serviços ferroviários existente, o tráfego em volume tem vindo a diminuir de modo latente nas últimas décadas. A larga população e economia da Nigéria constituem as bases para uma enorme procura tanto para o transporte de passageiros, como para o transporte de mercadorias. Devido a um

A Nigerian Railway Company detém uma frota com cerca de 200 locomotivas, apesar da maioria não estar operacional

Page 73: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

73

desempenho deficiente e a serviços de má qualidade, o transporte ferroviário de mercadorias e passageiros caiu consistentemente entre 1960 e 2005.

Com o reconhecimento da importância do setor dos transportes ferroviários para o país pelo Governo,

algumas linhas essenciais foram construídas, concluídas ou melhoradas. Assim a linha de Lagos – Kano que

se estende por 1.224 km encontra-se agora operacional e espera-se que as linhas de Port Harcourt –

Maiduguri e de Itakpe – Aajaokuta venham a estar brevemente operacionais. Foram compradas 25 novas

locomotivas, bem como reformados alguns vagões e carruagens. Estas reformas resultaram num crescimento

significativo, passando a rede ferroviária de 1 milhão de passageiros em 2009 para cerca de 4,2 milhões de

passeiros em 2012.

Tabela 14 - Indicadores das infraestruturas ferroviárias para a Nigéria e outros países selecionados, com referência a 2006

NRC (Nigéria)

GRC (Gana)

OCBN (Benim)

SITARAIL (Costa do Marfim-Burkina Faso)

TRANSRAIL (Senegal –

Mali)

CAMRAIL (Camarões)

SPOORNET (África do

Sul)

Concessionado (1) / Estado (0)

1 1 0 1 1 1 0

Densidade de tráfego, carga, 1.000 t-km/km

15 242 148 494 318 1.091 5.319

Eficiência

Pessoal: 1.000 taxas unitárias por colaborador

37 84 40 481 - 603 3.037

Carruagem: 1.000 passageiros-km por carruagem

737 416 900 862 - 4.738 596

Carruagem: 1.000 t-km por vagão

59 458 74 1.020 804 868 925

Disponibilidade das locomotivas em %

13 7 3 35 40 26 -

Tarifas

Taxas unitárias médias, carga, US$ cêntimos/t-km

- 2,4 2,0 3,3 2,2 2,2 -

Taxas unitárias médias, passageiros, US$ cents/passageiros-km

- 4,4 5,8 5,5 3,3 5,2 -

Fonte: Africa Infrastructure Country Diagnosis

A Nigéria conta com cerca de 3.800 kms de vias navegáveis nos 12 principais

rios do país, com notável destaque para a importância do rio Níger e do rio

Benue. A Nigéria tem ainda um fraco desempenho no índice de qualidade das

infraestruturas portuárias (Fórum Económico Mundial), obtendo em 2012

apenas 3,6 pontos, em 7. Este desempenho encontra-se abaixo de alguns dos

países comparáveis, como a África do Sul (4,7 pontos) mas, ainda assim,

acima de países como o Brasil (2,6 pontos). Convém ainda notar que a

qualidade dos portos nigerianos tem vindo a aumentar, tendo o país passado

de 2,6 pontos em 2008 para 3,6 pontos em 2012, com crescimento em todos

os anos.

Os rios Níger e Benue são as principais ligações aos portos marítimos de Apapa, Tin Can, Warri, Port Harcourt, Onne e Calabar

Page 74: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

74

O sistema portuário da Nigéria tem tradicionalmente colocado entraves ao desenvolvimento económico do

país, devido à sua capacidade condicionada e aos elevados custos operacionais. O tempo médio de espera

dos contentores nos maiores portos da Nigéria varia entre 30 a 40 dias, enquanto o benchmark internacional

aponta para uma média de 7 dias em 2010.

Uma reforma profunda das infraestruturas portuárias começou no ano 2000. Essa reforma visava diminuir

os maiores constrangimentos ao funcionamento eficiente das operações e assim facilitar as atividades de

importação e exportação. Esta reforma foi bem planeada e, inclusive, bem implementada na maioria do

sistema portuário nigeriano. As alterações incluíram a concessão da exploração dos portos, bem como a

concessão ao setor privado da maioria das operações de movimentação de carga.

De modo a adaptar o país aos novos modelos de gestão dos portos, a Autoridade Portuária Nigeriana (NPA,

na sigla inglesa) foi profundamente restruturada, passando a existir 4 autoridades portuárias autónomas:

Lagos, Calabar, Port Harcourt e Delta.

De acordo com esta reforma as funções da NPA são de planeamento e desenvolvimento das infraestruturas

portuárias, facilitação do financiamento de novas construções através de contratos de construção, exploração

e transferências (BOT), concessões a operadores privados para prestação de serviços portuários, arrecadação

das tarifas portuárias e, genericamente, agir como a entidade concessionária em nome do Governo.

No entanto, as reformas não conseguiram ainda combater os problemas de

base que afetam negativamente o sistema portuário da Nigéria, tal como um

baixo desempenho das alfândegas e níveis elevados de corrupção.

A nível dos transportes aéreos a Nigéria registou melhorias significativas ao

longo da década de 2000, principalmente a nível dos voos domésticos. O país

encontra-se no grupo restrito de países da África Subsariana que tem

autorização para operar voos para os EUA, em companhias nacionais, dado a

supervisão de segurança aérea nigeriana ser considerada boa para os padrões

americanos.

Tabela 15 - Indicadores de referência para o transporte aéreo para a Nigéria e outros países selecionados

31

Nigéria Gana Costa do Marfim

Senegal Quénia Tanzânia

Tráfego

Lugares domésticos (milhões por ano) 9,3 0,14 0 0,13 2,09 1,87

Lugares em viagens internacionais para África (milhões por ano)

1,3 0,91 0,85 1,26 3,14 1,27

Lugares em voos intercontinentais (milhões por ano)

2,44 0,83 0,3 1,23 2,76 0,59

Lugares disponíveis per capita 0,09 0,08 0,06 0,23 0,28 0,12

Qualidade

% de lugares-km em aviões de pequeno e médio porte

29,6 15,7 52,3 39,3 23,3 48,6

% de lugares-km em novos aviões 71,4 96,8 90,8 98,3 80,2 79,3

Número de companhias na lista negra da UE 0 0 0 0 0 0

FAA/IASA auditoria N/A Não Não N/A Não Não

% de companhias 28,6 0 0 50,0 11,1 33,3

Fonte: Africa Infrastructure Country Diagnosis

31

Ano de referência: 2007

O recurso aos portos interiores ainda é muito limitado, tanto no transporte de passageiros como no transporte de

mercadorias

Page 75: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

75

Apesar do tráfego aéreo ter crescido rapidamente as ligações permanecem as

mesmas e maioritariamente centradas nos países da CEDEAO. O que se torna

impressionante dada a importância da Nigéria na região é que as ligações

relevantes centram-se nas ligações Lagos-Acra e Abuja-Lagos.

A Nigéria é servida por 4 aeroportos internacionais (Lagos, Abuja, Kano e Port

Harcourt) e por cerca de 20 aeroportos domésticos, os quais são detidos e

operados pela Federal Airports Authority of Nigeria (FAAN).

Lagos ainda não assumiu o seu papel como centro de transporte aéreo para a

região. Enquanto na África Oriental e na África Austral algumas cidades desenvolveram-se já como um centro

de transportes para as respetivas regiões, tal como Joanesburgo, Nairobi e Adis Abeba, não existe ainda um

centro equivalente para a África Ocidental, sendo expectável que o aeroporto de Lagos venha a assumir esse

papel, dada a sua localização e dimensão. Esperam-se pois desenvolvimentos nesta área, com a reforma da

Autoridade Federal Aeroportuária da Nigéria e com a concessão de alguns terminais de diversos aeroportos

ao setor privado, como é o caso do aeroporto de Terminal Internacional de Lagos II.

Energia A Nigéria alcançou taxas de eletrificação relativamente elevadas, principalmente nas áreas urbanas, sendo que o acesso à eletricidade tem vindo a expandir-se rapidamente. No entanto, a Nigéria enfrenta problemas relativamente à sua capacidade instalada e ao funcionamento de alguma da sua produção.

Adicionalmente, o setor energético na Nigéria pode ser caracterizado pelos seus elevados

níveis de ineficiência operacional e por preços demasiado baixos, mesmo quando comparados com qualquer

grupo de países semelhantes. Assim, as ineficiências no setor energético têm custos ocultos muito avultados,

sendo estimados em mais de 1% do PIB.

A rede nigeriana de gasodutos estende-se por 3.071 km para gás natural, 124 km para gás condensado e 156

km para GPL.

A capacidade instalada de geração de energia em infraestruturas públicas, em 2010, era de cerca de 6.978

MW, no entanto, em 2012 apresentava apenas uma disponibilidade de 4.300 MW, equivalente a apenas 48%

da capacidade instalada. Por sua vez, a capacidade instalada de geração de energia em infraestruturas

privadas era de 9.384 MW, em 2011. No entanto, a capacidade disponível nesse ano foi de apenas 5.400 MW.

Perante uma procura estimada entre 10.000 MW e 12.000 MW, a capacidade disponível conjunta de 8.760

MW.

O impacto económico do défice energético da Nigéria é ainda significativo. De acordo com alguns inquéritos

realizados a empresas, a Nigéria é afetada por interrupções no fornecimento de energia em mais de 320 dias

por ano, um nível muito mais elevado do que o verificado em outros países africanos. Como consequência,

60% das empresas nigerianas têm os seus próprios geradores, novamente uma percentagem

substancialmente superior a verificada em outros países africanos. Estima-se que as perdas no setor privado

resultantes das falhas de energia atinjam quase 10% das receitas totais.

A infraestrutura aeroportuária nigeriana conta com 62 pistas de aviação, das quais 32 estão pavimentadas

Page 76: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

76

Figura 8 - Infraestrutura da rede de eletricidade da Nigéria

Tabela 16 - Indicadores energéticos de referência

Unidades Países ricos em recursos

Nigéria

Início dos anos 2000

Nigéria

Fim dos anos 2000

Países de rendimento

médio

Capacidade instalada de produção de energia

MW/milhões de pessoas

43,2 41,7 38,1 798,6

Consumo de energia kWh/capita 205,7 151,9 107,6 4.479,3

Falhas de energia Dias/ano 14,5 321 - 5,9

Empresas que dependem do seu próprio gerador

% consumo 44,9 60,9 - 10,9

Perdas devido a falhas de energia

% vendas 7,0 8,9 - 1,6

Acesso a eletricidade % população 46,0 51,3 48,6 59,9

Acesso urbano a eletricidade

% população 79,4 84,0 85,0 85,2

Acesso rural a eletricidade

% população 28,0 34,6 31,0 31,8

Crescimento do acesso a eletricidade

% população/ano 2,4 2,8 0,6 1,5

Cobrança das faturas % faturação 81,1 63,5 88,0 100,0

Perdas na distribuição % produção 25,8 30,0 20,0 10,1

Recuperação de custos % custos totais 53,9 28,0 31,0 100,0

Totais de custos ocultos em % das receitas

% 168,3 548,2 246,6 0,1

Fonte: Africa Infrastructure Country Diagnosis

Fonte: Africa Infrastructure Country

Diagnosis

Page 77: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

77

Tabela 17 – Desafios identificados pelo Governo no setor energético

Desafios ao setor energético

─ Capacidade instalada de produção de energia desadequada; ─ Fornecimento de combustível insuficiente para as centrais térmicas; ─ Problemas relacionados com a tecnologia utilizada na produção de energia; ─ Um sistema de transmissão e distribuição de energia sobrecarregado, com equipamentos ineficientes e

obsoletos, um sistema de controlo e gestão antiquado e roubos frequentes de equipamento; ─ Quadro regulatório e institucional fraco; ─ Ambiente desadequado para a atração de investimento privado; ─ Política de preços desajustada conciliada com uma reduzida capacidade de faturação, tornando o setor

financeiramente não-sustentável; ─ Constrangimentos da capacidade e qualidade da força de trabalho no setor.

Água e saneamento

A Nigéria tem extensos recursos hídricos, com uma capacidade total em barragens de 51

mil milhões de metros cúbicos. Cerca de 47% da capacidade total das barragens

nigerianas está alocada exclusivamente à produção de energia hidroelétrica, cerca de 41%

para múltiplos objetivos e finalmente, cerca de 12% exclusivamente para a irrigação e o fornecimento de água.

No ano de 2010, apenas 4% da população nigeriana tinha acesso a água canalizada, abaixo da média da

África Subsariana (16%) e ainda bem abaixo da média dos países africanos de rendimento médio (60%). O

acesso a água tratada é muito superior nas áreas urbanas, chegando a 74% da população urbana, enquanto

nas áreas rurais mais de metade da população depende de poços e nascentes não protegidos ou tratados.

A maioria dos problemas relacionados com o fornecimento de água está relacionada com o desencontro entre

as receitas provenientes dos serviços prestados e os custos associados. A maioria dos Estados nigerianos

não tem fundos para investir dado os baixos preços praticados pelos serviços públicos, para além das

dificuldades de cobrança das taxas aplicadas.

Figura 9 - Infraestruturas de irrigação da Nigéria

Fonte: Africa Infrastructure Country Diagnosis

Page 78: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

78

Adicionalmente, apenas cerca 33% da população tinha acesso a saneamento básico em 2010, sendo que este

indicador tem vindo a piorar ao longo dos anos, devido ao aumento populacional nas zonas em zonas urbanas

de modo pouco controlado e à dificuldade de incremento de cobertura nas zonas rurais.

Tabela 18 – Saneamento básico na Nigéria

Problemas relacionados com o saneamento básico na Nigéria

─ A falta de mecanismos públicos de intervenção que estejam alinhados com as políticas utilizadas, deixando às

populações a responsabilidade de aquisição dos equipamentos necessários;

─ Pobreza nas zonas rurais, o que dificulta a aquisição de equipamentos pela população nestas zonas;

─ Capacidade insuficiente dos níveis de governação relacionados com o planeamento e implementação dos

programas que atinjam os objetivos ambiciosos estabelecidos;

─ Falta de mecanismos que suportem a entrada de investidores privados para o fornecimento de serviços

relacionados com o saneamento básico.

Page 79: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

79

Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC)

O número total de utilizadores da internet e linhas de telefone móvel e fixa ascendeu a 143 milhões, em 2011, o que corresponde a mais de 85% da população nigeriana. A cobertura de rede GSM alcança mais de 70% da população. O investimento privado em infraestruturas de telecomunicações no período 2005-2010 totalizou cerca de US$ 3,4 mil milhões, com valores muito superiores a serem investidos na operação e manutenção da rede. Nota-se ainda que a política de liberalização do Governo resultou na entrada de 30 operadoras no mercado nigeriano apenas em 2009.

A Nigéria conseguiu avanços significativos no desenvolvimento das suas infraestruturas TIC. Em particular, o

país foi bem-sucedido no desenvolvimento de uma rede de fibra-ótica a nível nacional. Contrariamente a

outros países africanos que estão a desenvolver as suas redes através de infraestruturas públicas, a Nigéria

optou por liberalizar o mercado da fibra-ótica, o que resultou num investimento privado avultado neste setor.

No entanto, é pouco provável que o setor privado invista na extensão desta rede para pequenos centros

urbanos ou comunidades rurais.

Apesar do desenvolvimento impressionante na última década, um grande fosso digital continua a separar a

Nigéria das economias mais avançadas do mundo. Este fosso é especialmente notório no que toca à

qualidade das infraestruturas, ao custo do acesso da população e à falta de competências relacionadas com o

setor.

A penetração de telemóveis foi de 67 por 100 pessoas em 2012 o que contrasta com uma penetração de 2 por

100 pessoas em 2003, demonstrando assim o rápido crescimento do setor no país. No entanto, um dos

grandes constrangimentos a maiores progressos na penetração das tecnologias de comunicação é o seu

custo e o baixo nível de rendimento da população. Apesar do declínio dos preços verificados nos últimos anos,

fruto do aumento da competitividade, os preços ainda são superiores ao desejável, principalmente no acesso à

internet, pelo que incentivos ao investimento privado em prol da competitividade são ainda necessários (ver

ponto 2.5. Grandes projetos de investimento previstos em infraestruturas, para uma análise dos

desenvolvimentos previstos para o setor) .

Figura 10 - Cobertura das redes TIC

Fonte: Africa Infrastructure Country Diagnosis

Page 80: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

80

2.5. Grandes projetos de investimento previsto em infraestruturas32

A adequada implementação do programa de investimento em infraestruturas facilitará atingir o objetivo de

US$ 900 mil milhões de PIB e US$ 4.000 de PIB per capita para. Este crescimento colocaria a economia

nigeriana no mesmo patamar que países como a Austrália, a Polónia ou Taiwan em termos de dimensão

absoluta.

Os gastos previstos de US$ 448 mil milhões no desenvolvimento e manutenção de infraestruturas teriam um

enorme impacto no mercado doméstico de trabalho, na redução da pobreza e no setor privado. No mercado

de trabalho significaria a criação de cerca de 4,5 milhões de empregos, com um custo estimado de US$ 126

mil milhões em salários. Melhores infraestruturas têm um papel fundamental na redução da pobreza, com um

impacto direto no rendimento, na saúde, nutrição, educação e coesão social, (estima-se que com a

implementação deste plano o número absoluto de pessoas que vivem abaixo do limiar da pobreza diminua de

108 milhões em 2010 para 98 milhões em 2020).

Um investimento tão significativo gerará oportunidades reais para a comunidade empresarial no país,

nomeadamente no fornecimento de bens e serviços à construção e manutenção das infraestruturas, bem

como pelos benefícios inerentes à atividade económica de uma rede de infraestruturas muito mais eficiente.

Investimentos previstos

─ O programa envolve investimentos de cerca de US$ 137 mil milhões em bens de capital, US$ 90 mil milhões dos

quais em infraestruturas e US$ 47 mil milhões na renovação e expansão da frota dos transportes;

─ Uma parte substancial destes equipamentos será importada, dada a limitada capacidade da indústria interna;

─ Cerca de US$ 184 mil milhões serão gastos em materiais de construção, peças sobressalentes e outros bens

necessários às atividades de investimento e manutenção;

─ Estima-se que este programa de investimento venha a aumentar a procura doméstica por bens e serviços

importados.

32

Nigeria Vision 20: 2020

Page 81: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

81

Transportes

Setor Objetivos

Rodoviário ─ Cerca de 145.000 km da rede atual (cerca de 75% do total) será reabilitada e melhorada,

incluindo a reabilitação e melhoria de estradas terciárias;

─ Cerca de 7.993 km das estradas federais primárias e secundárias passarão a ter duas vias;

─ A rede irá expandir cerca de 2.900 km (incluindo 726 km na Autoestrada Níger Delta Coastal

e 1.000 km em novas estradas secundárias geridas pelos Estados, em resposta à contínua

urbanização do país;

─ Manutenção periódica de 24.925 km de estradas federais no período 2011-15 e manutenção

de rotina de 19.290 km de estradas no período 2011-20.

Ferroviário ─ Conclusão prioritária da reabilitação de 85% das vias existentes e conclusão da linha

Ajaoukuta – Warri;

─ A reabilitação inclui ligações ferroviárias aos principais portos nigerianos;

─ Construção de uma forte rede de transportes ferroviários em Lagos e Abuja;

─ Concessão das linhas ferroviárias Lagos – Kano e Port Harcourt – Maiduguri;

─ Construção das linhas ferroviárias aos armazéns no interior, de modo a liga-los aos portos

marítimos, aeroportos internacionais e principais centros económicos e industriais;

─ Expansão da rede atual em 784 km nas linhas Abuja/Idu – Kaduna, Abuja – portos de Lagos,

Warri e Port Harcourt, Abuja – Minna, Kafanchan e Itakpe, Calabar – Cidade de Benim

(Nigéria).

Portos ─ Construção de novos grandes portos marítimos de águas profundas, um no Sudoeste (em

Lekki, Badagry ou Olokola) e outro no Sudeste (em Bonny ou em Akwa Ibom);

─ Contratos de concessão para melhorar a gestão;

─ Investimentos em movimentação de carga e no aprofundamento dos cais para uma média de

13 metros, para permitir maiores navios;

─ Aprofundar os canais em aproximadamente 3 metros, particularmente os canais do complexo

de Lagos e o canal de Bonny-Port Harcourt.

Vias fluviais ─ Dragagem e instalação de auxílios de navegação 24 horas durante o ano inteiro, nas

principais vias fluviais;

─ Promoção de políticas de preços que aumentem o tráfego nas vias fluviais;

─ Reestruturação da National Inland Waterways Authority para conceder oportunidades de

participação ao setor privado na gestão e operação das vias fluviais;

─ Estabelecimento de uma autoridade de supervisão de segurança para reduzir o número de

acidentes.

Armazenamento ─ Construção de 6 contentores com instalações alfandegárias nos Estados de Abia, Bauchi,

Platea, Oyo e Borno para acomodar os contentores despachados por comboio a partir dos

portos marítimos.

Aviação ─ Melhorar e expandir os aeroportos internacionais, bem como melhorar os padrões de

segurança;

─ Concessão dos 4 aeroportos internacionais e transferência de todos os aeroportos

domésticos para os Governos Estaduais;

─ Reabilitação de 21 aeroportos geridos pelo Estado;

─ Expandir a capacidade de alguns aeroportos geridos pelo Estado para atender à procura

projetada no transporte de passageiros;

─ Construção de um pequeno número de novos aeroportos para atender à nova procura

identificada;

─ Aumento da frota existente em 50 a 60 aviões, para incrementar a capacidade disponível em

5.400 lugares.

Transporte de ─ Construir 3 centros de tratamento de gás e uma rede de transmissão de gás em

Page 82: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

82

gás Warri/Forcados, em Port harcourt e Calabar/Akwa Ibom;

─ Desenvolver a rede de gasodutos locais, acrescentando 1.853 km à rede de distribuição

existente;

─ Acrescentar 82 navios à frota de GPL para a Europa e para os EUA;

─ Desenvolver um gasoduto entre a Nigéria e a Argélia.

Transporte

urbano

─ Operacionalização para 47 principais cidades e algumas áreas urbanas;

─ Reparação de 30.000 km de estradas urbanas até 2020, com cerca de 90% das estradas

pavimentadas;

─ Pavimentação de 14.160 km de novas estradas;

─ Manutenção periódica de 4.444 km de estradas urbanas em condições aceitáveis;

─ Manutenção de rotina em 2.523 km de estradas;

─ Desenvolvimento de grandes sistemas de transporte nas áreas metropolitanas, com ênfase

em autocarros, comboios (grandes sistemas ferroviários em Lagos, Abuja e Port Harcourt) e

ferries.

Setor Investimento

Rodoviário ─ US$ 41 mil milhões em infraestruturas rodoviárias ─ US$ 27 mil milhões em manutenção da rede; ─ US$ 932 milhões em estudos técnicos

Ferroviário ─ US$ 540 milhões em reabilitação de estradas; ─ US$ 8,8 mil milhões no aumento da capacidade instalada; ─ US$ 360 milhões em estudos técnicos de alta-prioridade.

Portos ─ US$ 1,83 mil milhões no investimento de terminais existentes; ─ US$ 19 mil milhões no total do programa de investimentos nos portos; ─ US$ 250 milhões em estudos de viabilidade e planeamento.

Vias fluviais ─ US$ 176 milhões para reabilitação de 9 portos e 2 cais; ─ US$ 248 milhões na aquisição de 16 cargueiros; ─ US$ 136 milhões para a aquisição de 13 ferries; ─ US$ 95 milhões para terminais; ─ US$ 16 milhões para estudos técnicos.

Armazenamento ─ US$ 64 milhões no total do programa de investimento.

Aviação ─ US$ 1,1 mil milhões na reabilitação de 21 aeroportos; ─ US$ 530 milhões na reabilitação dos 4 aeroportos internacionais; ─ US$ 590 milhões em 17 aeroportos domésticos; ─ US$ 140 milhões em estudos; ─ US$ 400 milhões em segurança aérea; ─ US$ 3,3 mil milhões no aumento da frota.

Transporte de gás ─ US$ 4 mil milhões para a construção dos 3 centros de tratamento de gás; ─ US$ 19,6 mil milhões para investimentos nos gasodutos; ─ US$ 5,1 mil milhões no transporte de GPL; ─ US$ 14,5 mil milhões na aquisição de navios para o transporte de GPL; ─ US$ 10 mil milhões no investimento do gasoduto entre Nigéria e a Argélia (estimativa de

2008).

Transporte urbano

─ US$ 11,1 mil milhões na reabilitação e expansão da rede terciária das 47 principais cidades; ─ US$ 3,2 mil milhões na reabilitação e expansão da rede terciária das outras áreas urbanas; ─ US$ 8 mil milhões para a construção do sistema de transporte ferroviário de Lagos; ─ US$ 3,2 mil milhões para a construção do sistema de transporte ferroviário de Abuja e Port

Harcourt; ─ US$ 20,4 mil milhões em serviços relacionados com autocarros; ─ US$ 992 milhões na renovação da frota de táxis; ─ US$ 5,8 mil milhões na expansão da frota de táxis; ─ US$ 597 milhões em parques de estacionamento; ─ US$ 6.464 mil milhões para melhoria de vias para pedestres e veículos motorizados de 3

rodas; ─ US$ 660 milhões para estudos técnicos.

Page 83: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

83

Energia

Objetivo Investimento

Privatização de todas as centrais de produção de energia térmica US$ 40,9 mil milhões para a produção

de energia

Melhoria do desempenho da distribuição de energia através de investimento na

transmissão e na privatização de empresas de distribuição

US$ 1,6 mil milhões em programas de

capacitação

US$ 800 milhões em estudos técnicos

Investimento na transmissão de energia US$ 11,4 na reabilitação e expansão da

atual rede transmissão

Investimento na distribuição de energia US$ 6,879 mil milhões em linhas de

distribuição e conectividade

Água e saneamento

Setor Investimento

Recursos hídricos

─ US$ 1,95 mil milhões para a construção de barragens para irrigação e múltiplos objetivos;

─ US$ 210 milhões em programas de capacitação e estudos técnicos;

─ US$ 23 milhões na reabilitação das atuais barragens.

Irrigação

─ US$ 8,43 mil milhões em trabalhos após as barragens;

─ US$ 1,94 mil milhões em trabalhos antes das barragens;

─ US$ 740 milhões em programas de capacitação, estudos de viabilidade e estudos

técnicos.

Fornecimento de

água

─ US$ 13,1 mil milhões na reabilitação das infraestruturas urbanas de fornecimento de

água;

─ US$ 5 mil milhões em infraestruturas associadas aos programas rurais;

─ US$ 1,5 mil milhões em programas de capacitação e estudos técnicos.

Saneamento básico ─ US$ 59,1 mil milhões em saneamento básico urbano;

─ US$ 4,7 mil milhões em saneamento básico rural.

Page 84: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

84

TIC

Objetivo Investimento

Desenvolvimento de uma rede de banda larga ligada a outros países

da África Austral e Ocidental

US$ 252 milhões para projetos de harmonização

de sistemas na CEDEAO

US$ 795 milhões em outros projetos

Desenvolvimento regional de plataformas de e-government US$ 1.042,5 milhões

Estabelecimento de um fornecedor independente de infraestruturas

relacionadas com a rede de fibra-ótica US$ mil milhões

Page 85: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

85

2.6. Abertura da economia e relações comerciais

A Nigéria depende em larga escala do mercado internacional do petróleo, uma vez que as exportações de

petróleo são uma grande fatia das exportações nacionais. De forma a combater esta dependência, o Governo

Nigeriano tem apostado na promoção de exportações não-relacionadas com o petróleo, através do esforço do

Nigerian Export Promotion Council (NEPC). A balança comercial tem vindo a deteriorar-se mas ainda assim

mantendo-se em terreno positivo.

A taxa de inflação mantém-se elevada sendo que o objetivo do Governo passa por reduzir esta taxa para

valores abaixo dos 10%.

Tabela 19 - Abertura da economia de Nigéria

Nigéria 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa de câmbio (US$ / NGN) 117,19 148,27 149,27 154,26 157,54

Inflação 11,58% 11,54% 13,72% 10,84% 12,22%

Balança Comercial (em % do PIB) 11,55% 5,32% 5,31% 3,99% n.d.

Balança Corrente (em % do PIB) 1,41% 0,82% 0,58% 0,36% n.d.

Fonte: World Bank; OANDA

Importações

As importações da Nigéria têm a sua origem na sua maioria nos Estados Unidos da América e na China, tendo

ambos vindo a aumentar o seu peso no total das importações do país.

Gráfico 40 - Evolução das importações de Nigéria e principais países de origem, 2008-2012

Fonte: International Trade Center; UNCTAD, UNCTADstat

8% 6%

18% 18% 22%

15% 18%

17% 15% 12%

4%

6% 7% 8%

3%

3% 6% 7%

7%

5% 6%

3%

5%

5%

5% 6%

6%

4% 4%

4% 4%

5%

4%

4%

49,951

33,906

44,235

56,000

51,000

-

10,000

20,000

30,000

40,000

50,000

60,000

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

Pe

so

na

s im

po

rta

çõ

es

to

tais

da

Nig

éri

a

Índia

França

Japão

Alemanha

Brasil

Antígua e Barbuda

China

EUA

Importações

Page 86: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

86

A maioria das importações nigerianas corresponde a maquinaria e equipamentos de transporte. Além dos

referidos destacamos os seguintes produtos: óleos de petróleo ou de minerais betuminosos com o máximo de

70% de óleo bruto (12% das importações da Nigéria), veículos de transporte de pessoas (5%) e produtos e

preparações comestíveis (4%).

Gráfico 41 - Importações da Nigéria - Top produtos, 2012

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

A CPLP tem pouca representatividade nas importações da Nigéria. O Brasil é o país com maior relevância,

representa 3% das importações da Nigéria, nomeadamente através de bens alimentares (mel, açúcar e arroz)

35%

17% 15%

13%

10%

5% 3%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Alimentos e animais vivos

Bens manufaturados

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Químicos e produtos relacionados

Outros artigos manufaturados

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Page 87: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

87

Gráfico 42 - Importações da Nigéria à CPLP

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Figura 11 - Principais importações da Nigéria provenientes do Brasil (2012)33

33

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

1,628

1,068 1,072

1,793

1,542

132

50 73

109

94

13

85 83

24

50

3.59%

3.37% 2.61%

3.46%

3.21%

-

500

1,000

1,500

2,000

2,500

2008 2009 2010 2011 2012

Imp

ort

açõ

es (

milh

ões U

S$)

Brasil Portugal Angola

A CPLP representou, em 2012, apenas 3,21% das importações da Nigéria

Brasil Origem de 3% das importações da Nigéria

Page 88: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

88

Gráfico 43 - Importações da Nigéria provenientes do Brasil (2012)

O Brasil apresenta um saldo comercial positivo com a Nigéria (US$ 7,8 mil milhões).

Figura 12 - Principais importações da Nigéria provenientes de Portugal (2012)34

34

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Mais de metade das importações da Nigéria provenientes do Brasil referem-se a bens alimentares, nomeadamente o açúcar e o arroz

Portugal Origem de apenas 0,1% das importações da Nigéria

56%

16%

11%

7%

6%

Alimentos e animaisvivos

Maquinaria eequipamentos detransporte

Químicos e produtosrelacionados

Bens manufaturados

Combustíveisminerais, lubrificantese materiaisrelacionados

Page 89: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

89

As relações comerciais da Nigéria com Portugal têm pouca expressão.

Gráfico 44 - Importações de Nigéria provenientes de Portugal (2012)

35

35

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

35%

28%

18%

8%

6% 4%

Maquinaria eequipamentos detransporte

Combustíveisminerais, lubrificantese materiaisrelacionados

Bens manufaturados

Químicos e produtosrelacionados

Alimentos e animaisvivos

Matérias-primas(excetocombustíveis)

Sendo pouco expressivas, as importações da Nigéria provenientes de Portugal correspondem, em grande percentagem, a maquinaria e equipamentos de transporte

Page 90: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

90

Exportações

No conjunto, EUA e China representaram 34% das exportações da Nigéria,

(essencialmente em petróleo) Nos últimos 5 anos, os EUA têm vindo a

aumentar o seu peso nas exportações da Nigéria.

Gráfico 45 - Evolução das exportações da Nigéria e principais países de destino, 2008-2012

Fonte: International Trade Center; UNCTAD, UNCTADstat

Dos países da CPLP, Brasil e Portugal são os que mais importam da Nigéria. Em 2012, as importações de

combustíveis minerais representaram 99% e 96% das importações destes países provenientes da Nigéria,

respetivamente.

Gráfico 46 - Exportações da Nigéria para a CPLP36

A Balança Comercial entre a CPLP e a Nigéria apresenta-se fortemente negativa, sendo as importações

cobertas por menos de 15% das exportações, sendo que o único país da CPLP com saldo comercial positivo é

Angola, que apenas exporta US$50 milhões.

36

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

8% 6%

18% 18% 22% 15% 18%

17% 15% 12%

4%

6% 7% 8%

3%

3% 6% 7%

7%

5% 6%

3% 3%

5% 5%

5% 6%

6%

4% 4%

4% 4%

5%

4% 4%

49,951

33,906

44,235

56,000

51,000

-

10,000

20,000

30,000

40,000

50,000

60,000

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

Pe

so

na

s im

po

rta

çõ

es

to

tais

de

Nig

éri

a

Índia

França

Japão

Alemanha

Brasil

Antígua e Barbuda

China

EUA

Importações

6,237 4,975

6,347

9,727 9,363

2,131

1,640

1,825

2,251 1,583

10.23%

11.66%

9.44%

9.53%

8.75%

-

2,000

4,000

6,000

8,000

10,000

12,000

14,000

2008 2009 2010 2011 2012

Imp

ort

õe

s (

mil

es

US

$)

Brasil Portugal

A CPLP representou, em 2012, 8,75% das exportações da Nigéria

94% das exportações nigerianas em 2012 referem-se a petróleo

Page 91: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

91

Figura 13 - Principais exportações da Nigéria para o Brasil (2012)

Figura 14 - Principais exportações da Nigéria para Portugal (2012)37

37 Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

A Petrobras explora

petróleo e gás, em

parceria com um veículo

de investimento gerido e

administrado pela BTG

Pactual, representando

estes produtos cerca de

92% das exportações

da Nigéria para o Brasil.

Brasil destino de 7% das exportações da Nigéria

Portugal Destino de 1,6% das exportações da Nigéria

Page 92: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

92

2.7. Principais setores de oportunidade

Um nível de investimento substancialmente grande será realizado em áreas não relacionadas com o petróleo.

O investimento fixo na economia irá aumentar de cerca de 24,7% do PIB (US$ 57 mil milhões em 2010) para

cerca de 32% do PIB em 2020 e espera-se que se mantenha a este nível nos anos seguintes. O investimento

total em infraestruturas, que se estima ter sido de 2,2% do PIB em 2010, irá crescer para cerca de 12% do PIB

até 2016 e depois irá reduzir-se para 9,6% até 2020.

Estima-se que o setor agrícola irá continuar a crescer a uma taxa próxima de 5% por ano, pelo que se espera

que o setor venha a ter um peso relativo cada vez menor na economia nigeriana.

Estima-se que o setor industrial irá crescer a uma taxa de 15% por ano no resto da atual década (acima da

verificada no início da década, de 9,2%).

Os setores relacionados com as infraestruturas têm sido os que mais têm crescido nos últimos anos, pelo que

se espera que no período 2011-2020 a média de crescimento deste setor seja de 15% por ano, um pouco

abaixo das taxas de crescimento médias obtidas nos últimos anos de cerca de 17%.

Finalmente, serviços financeiros, imobiliário, seguros, comércio e outros serviços irão crescer a uma taxa de

13% por ano, pelo que se espera que venham a ganhar algum peso na economia.

Considerando o elevado nível de investimento em infraestruturas que está planeado até 2020, o aumento da

população e o aumento da renda per capita, destacamos alguns dos grandes setores que identificamos como

de forte potencial de crescimento e retorno.

Memorando de entendimento Brasil e Nigéria

O memorando assinado em 8 de outubro de 2013 prevê a cooperação institucional entre o Brasil e a

Nigéria, com a criação de um grupo de trabalho permanente para tratar dos assuntos comerciais e de

investimento. O grupo deverá ainda discutir a possibilidade de serem estabelecidos acordos de comércio e

de investimento entre os dois países.

“A cooperação industrial, financeira e comercial se relacionam entre si e, por meio deste grupo, poderemos

trabalhar em diferentes frentes, com uma governação que irá permitir aos dois ministérios acompanhar a

parceria de acordo com as estratégias dos nossos países. O grupo também permitirá o encaminhamento

de diversos temas para os devidos órgãos governamentais, o que facilitará a solução das questões

pendentes”.

Este grupo de trabalho irá contar com a participação do Banco Nacional do Desenvolvimento Económico e

Social (BNDES), e do Banco de Infraestrutura da Nigéria, onde será debatido o lançamento de

instrumentos financeiros entre os dois países.

“A proximidade geográfica e cultural que existe entre os nossos países ainda não está refletida em nossas

relações económicas. Esta parceria, portanto, visa promover o nosso potencial neste sentido”.

Ricardo Schaefer, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

Page 93: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

93

Tabela 20 – Setores de forte crescimento potencial

Setor Potencial

Obras públicas ─ Projetos de infraestrutura planeados; ─ Habitações derivadas do crescimento populacional e do aumento da renda per capita.

Telecomunicações ─ Com a falta de know-how existente, a procura potencial, as redes de fibra-ótica instaladas, o aumento do rendimento per capita da população e ainda com a diminuição dos custos operacionais fruto de economias de escala, o desenvolvimento no setor das telecomunicações deverá ser relevante e sustentado.

Indústria ─ Materiais para a construção civil; ─ Peças sobressalentes; ─ Navios, veículos automóveis, carruagens e outros meios de transporte; e ─ Equipamento de média-alta tecnologia para a indústria.

Agrícola ─ O crescimento populacional previsto, aliado ao crescimento do rendimento per capita colocará uma enorme pressão sobre a já deficitária balança comercial agrícola da Nigéria, pelo que o país deverá continuar a aumentar as suas necessidades de produtos agroindustriais nos próximos anos.

2.8. Investimento direto estrangeiro na Nigéria

Devido à turbulência sentida no norte do país desde há 3 anos, insegurança

política e o menor dinamismo da economia global, o investimento direto

estrangeiro na Nigeria tem vindo a regredir desde 2010. De notar que a

Nigéria é o país que mais IDE recebe em África.

Gráfico 47 - Fluxos de IDE na Nigéria, 2008-2012

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

O interesse pelos investidores estrangeiros na Nigéria vem motivado pelos abundantes combustíveis minerais

existentes na região.

Nigéria Dados referentes aos últimos 24 meses

Número de projetos: 104

CAPEX: 6.940 milhões US$

Postos de trabalho criados: 11.488

Empresas/investidores: 86

Top cidades recetoras de IDE

Lagos: 43 projetos

Port Harcourt: 5 projetos

Abuja: 4 projetos

Ikeja: 3 projetos

Ibadan: 1 projeto

A Nigéria é o principal destino de IDE do continente africano

5.143

17.453

33.224

25.024

16.227

(.826) (.097)

5.514

.858 .557

(5)

-

5

10

15

20

25

30

35

2008 2009 2010 2011 2012

Flu

xo

s d

e I

DE

(m

ilh

õe

s U

S$)

Inward Outward

Page 94: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

94

2.9. Financiamento à economia38

2.9.1. Principais bancos presentes

O sistema bancário é dominado por 6 bancos (First Bank of Nigeria Plc, Zenith Bank, United Bank for Africa

Plc, Guaranty Trust Bank Plc, Access Bank Plc e Ecobank Nigeria Plc), num total de 22 bancos.

No final de 2011, os 6 bancos dominantes (1 pan-

africano e 5 bancos nacionais) foram

responsáveis por cerca de 60% do total dos ativos

do setor bancário.

Contrariamente ao que sucede nos demais países

da África Subsariana, os bancos europeus na

Nigéria apenas detêm 4% do total de ativos.

O sistema bancário nigeriano está capitalizado,

com boa liquidez e rentabilidade.

O rácio de empréstimos não rentáveis (NPL) caiu

para cerca de 5% do total de empréstimos em

junho de 2012, maioritariamente devido à

transferência de ativos tóxicos para a Companhia

de Gestão de Ativos da Nigéria (AMCON, na sigla

em inglês).

O total de ativos do setor financeiro fixou-se em

MGN 18.210.000 milhões no final de dezembro de

2011, o que representa cerca de 53,6% do PIB.

Dos 22 bancos existentes, 4 são detidos por

grupos financeiros estrangeiros (Citibank Nigeria

Limited, First Bank of Nigeria, Ecobank Nigeria Plc

e Guaranty Trust Bank), enquanto 17 são

inteiramente controlados domesticamente.

Os bancos domésticos controlavam 86,4% dos ativos da indústria em dezembro de 2011 comparando com os

13,6% controlados pelos grupos estrangeiros.

38

Nigeria: Financial Sector Stability Assessement - FMI

Predominantemente local

Equilibrada

Estrangeira e Governo

Predominantemente estrangeira

Predominantemente Governo

Excluído

(Fonte: World Bank Staff Estimates, 2007)

Estrutura acionista bancáriaFigura 15 - Estrutura acionista bancária em África

Page 95: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

95

2.9.2. Bancarização da população39

Tabela 21 – Acesso ao setor bancário

Indicadores 2008 2009 2010 2011

Depositantes em bancos comerciais (por 1,000 adultos) 304,85 454,39 462,79 506,70

Sucursais de bancos comerciais (por 100,000 adultos) 6,13 6,34 6,43 6,44

Mutuários de bancos comerciais (por 1,000 adultos) 25,75 28,799924 29,987016 27,56

Caixas multibancos (ATM) (por 100,000 adultos) 8,45 11,21 10,99 11,99

Fonte: Banco Mundial

Tabela 22 – Obtenção de crédito

Indicador Nigéria África Subsariana OCDE

Índice de eficiência dos direitos legais (0-10) 9 6 7

Índice de profundidade das informações de crédito (0-6) 4 2 5

Cobertura de órgãos de registo públicos (% de adultos) 0.1 4.2 10.2

Cobertura de órgãos de registo privados (% de adultos) 4.1 5.6 67.4

Fonte: Relatório Doing Business – Banco Mundial

A relativa baixa bancarização da população nigeriana

está obviamente relacionada com o nível de

rendimento médio da população. Dado que uma

grande percentagem da população se encontra abaixo

do limiar da pobreza, muitas pessoas não têm fundos

necessários para abrir uma conta bancária.

Ainda assim pode verificar-se uma melhoria em todos

os indicadores. O número de pessoas que possuem

uma conta bancária tem vindo a aumentar de forma

rápida e consistente desde 2008, passando de cerca

de 30% para cerca de 50% da população adulta.

De igual modo, o número de sucursais de bancos tem

vindo a aumentar, em nível absoluto e relativo ao

incremento populacional, bem como o número de

caixas multibanco.

39

Banco Mundial

< 10%

Entre 10% e 20%

Entre 20% e 30%

Entre 30% and 40%

> 40%

Não disponível

(Fonte: World Bank, Global Financial Inclusion Database, 2011)

Contas bancárias (% +15anos)Figura 16 - Contas bancárias (% +15 anos) em África

Page 96: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

96

2.9.3. Taxa de juros de empréstimos40

Tabela 23 – Taxas de juro de referência

Indicador 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa de juros nos depósitos (%) 11,97 13,30 6,52 5,70 8,41

Taxa de juros dos empréstimos (%) 15,48 18,36 17,59 16,02 16,79

Taxa de juros real (%) 4,05 23,82 -7,25 13,36 14,09

Fonte: Banco Mundial

A política monetária tem tido como objetivo uma inflação de apenas 1 dígito, sendo assim mantida uma política

monetária rigorosa. Desde o declínio da inflação no final de 2011, verificou-se uma subida rápida em 2012

como resultado da supressão dos subsídios ao setor petrolífero. Três medidas foram tomadas em janeiro de

2012 para reduzir as pressões inflacionistas. A taxa de referência do Banco Central da Nigéria foi aumentada

de 6,25% para 12%, o requisito de reservas obrigatórias (CRR) foi aumentado de 1% para 8% e os rácios de

liquidez (LR) foram aumentados de 25% para 30%.

Gráfico 48 - Taxa de inflação, variação anual em percentagem

A taxa de inflação relativamente elevada

contribuiu para taxas de juros igualmente

elevadas. Os bancos na Nigéria aumentaram

as suas taxas máximas de juros nos

empréstimos em maio de 2012. Este facto

condiciona a concessão de crédito ao setor

privado e particularmente ao setor agrícola.

As taxas de juros elevadas e a utilização de

reservas de moedas estrangeiras para

apoiar o naira (“NGN”no mercado

internacional de câmbio, limitou a

volatilidade da taxa de câmbio, ajudando

assim a manter a taxa de câmbio em torno

de NGN 160 por 1 US$.

Fonte: Banco Mundial

2.9.4. Bolsa de valores41

Em janeiro de 2013, a bolsa de valores da Nigéria (NSE) tinha 258 empresas cotadas, sendo esperado que a NSE atinja uma capitalização bolsista de US$ 1.000.000 milhões em 2016, sendo a terceira maior bolsa de valores de África em capitalização bolsista.

Cerca de 57% dos 5 milhões de investidores ainda são investidores nigerianos, o que poderá vir a ser

alterado, considerando os bons desempenhos da NSE, a atratividade do país e a adoção das IFRS.

40

Banco Mundial e Banco Africano de Desenvolvimento 41

Nigerian Stock Exchange

11.58% 11.54%

13.72%

10.84% 12.22%

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

14%

16%

2008 2009 2010 2011 2012

Page 97: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

97

3.Guiné-Bissau

Page 98: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

98

3. Guiné-Bissau

3.1. Macroeconomia

3.1.1. PIB da economia guineense

A Guiné-Bissau, a par da Gâmbia, representa 0,23% do PIB da CEDEAO, sendo contudo um dos países da CPLP mais integrado regionalmente, uma vez que tem como moeda o Franco CFA, ou seja, a moeda da CEDEAO.

Gráfico 49 - Representação da percentagem do PIB dos EMs na CEDEAO

Fonte: Banco Mundial

A economia da Guiné-Bissau contraiu 1,5% em 2012, para US$ 822,3 milhões, interrompendo o ritmo de

crescimento que vinha tendo lugar desde 2010. Esta contração, para além de ser resultado do golpe de

Estado de 12 de abril de 2012, pode ainda ser explicada pela queda na produção e no preço da castanha de

caju nos mercados internacionais, um dos principais produtos na balança comercial do país.

Benin 1.90%

Burkina Faso

2.63%

Cabo Verde 0.48%

Costa do Marfim 6.22%

Gana 10.26%

Gâmbia 0.23%

Guiné 1.71%

Guiné-Bissau 0.23% Libéria

0.45%

Mali 2.60%

Niger 1.65%

Nigeria 66.17%

Senegal 3.57%

Serra Leoa 0.96%

Togo 0.96%

Outros 3.30%

Page 99: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

99

Gráfico 50 – Crescimento anual do PIB da Guiné-Bissau (últimos 4 anos)42

No quadro da CPLP, a Guiné-Bissau é um dos países que menos contribui para o PIB da CEDEAO, como

adiante se demonstra. Apesar de se encontrar localizada numa região rica em recursos minerais e fósseis, a

Guiné-Bissau não tem conseguido traçar um caminho sólido e sustentável de desenvolvimento económico e

social, em grande medida devido a um clima político instável e a uma administração pública com pouca

formação e qualificação.

O défice orçamental foi de 2,3% do PIB em 2012, esperando-se contudo uma redução para 0,8% no final de

2013, em resultado de uma melhor disciplina orçamental e de uma arrecadação de receitas mais eficaz.

De notar que se verificou uma subida para 7,79% em 2012 no défice da balança de transações correntes,

prevendo-se no entanto melhorias para os próximos anos. São esperados aumentos na produção e

exportação da castanha de caju (produto que representa aproximadamente 45% do PIB, correspondendo a

cerca de 30% do setor primário).

3.1.2. Orçamento Geral do Estado

O Governo aprovou, em julho de 2013, o Orçamento de Estado para 2013. Rondando os US$ 200 milhões, o

país dispunha de apenas metade desse valor, pressupondo que o restante seria assegurado através de ajuda

externa, apesar de muitos dos seus parceiros internacionais (i.e. UE, Nações Unidas e Estados Unidos) terem

deixado de prestar apoio financeiro ao país até ao período transitório para a realização de eleições legislativas

e presidenciais.

3.1.3. Dívida Pública

Depois da redução da dívida do país alcançada ao abrigo da Iniciativa para os Países Pobres Altamente

Endividados (“HIPC”), a dívida pública nominal do país desceu para 43,7% do PIB em 2011 (incluindo

pagamentos em atraso), dos quais 17,5% por dívida externa, e 26,2% por dívida interna. Em termos de

exportações, o valor líquido da dívida externa passou de 53,4% em 2010, para 37,4% em 2012, notando-se

assim uma melhoria acentuada na redução da dívida.

O Governo guineense impulsionou uma estratégia diplomática com vista a assegurar o perdão da dívida

baseando-se no facto de já se terem verificado os requisitos da iniciativa para os HIPC.

42

Banco Mundial

832 835

967

822

1.1% 1.7%

4.8%

-6.7%

-8.0%

-6.0%

-4.0%

-2.0%

0.0%

2.0%

4.0%

6.0%

700

750

800

850

900

950

1,000

2009 2010 2011 2012

US

$ M

ilh

ões

PIB (M US$) Crescimento anual do PIB

Page 100: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

100

De notar que o Governo assinou recentemente um acordo bilateral com a França e a Bélgica, tendo concluído

acordos de reescalonamento da dívida com o Banco Árabe para o Desenvolvimento Económico em África, o

Banco de Desenvolvimento Islâmico, o Kuwait e a Arábia Saudita.

As autoridades guineenses continuam a trabalhar tendo em vista a conclusão de acordos bilaterais com os

restantes credores. A este propósito, indicam-se, na tabela abaixo, os valores contribuídos por Portugal à

Guiné-Bissau, no âmbito da estratégia de cooperação entre os dois países:

Tabela 24 – Ajuda Pública ao Desenvolvimento bilateral Portugal – Guiné-Bissau (em EUR)43

2007 2008 2009 2010 2011 2012*

11.517.705 12.370.507 10.361.000 11.868.051 9.634.208 7.104.942

*dados preliminares

Tabela 25 – Volume da dívida externa (em US$ milhões)

Categoria

credor Credores 2009 2010 2011 2012

Credor

Multilateral FMI 9,9 2,1 9,6 13,3

Credor

Multilateral IDA 303,8 34,5 34,1 33,5

Credor

Multilateral BAfD 153,5 11,1 11,1 11,2

Credor

Multilateral BOAD 1,6 15,4 30,0 48,5

Credores

Bilaterais

Clube de

Paris44

241,5 2,7 2,7 2,7

Credores

Bilaterais Outros 295,1 90,9 90,9 90,9

O perdão - ainda que parcial - da dívida veio melhorar a relação com os credores externos do país, tendo

enviado uma mensagem positiva aos doadores e potenciais investidores, melhorando, em grande medida, a

sustentabilidade da dívida.

Por outro lado, o programa Extended Credit Facility (“ECF”) financiado pelo FMI, veio ajudar o nível de

financiamento à economia guineense, apoiando medidas que possibilitem o progresso macroeconómico,

estável e sustentável, a médio prazo.

Por último, refira-se que o Governo tem como objetivo manter a dívida a um nível sustentável, recorrendo

apenas, e caso seja necessário, a empréstimos com taxas de juro reduzidas. O Governo continuará a

reembolsar os pagamentos atrasados anteriores a 1999.

43

Instituto Camões – Camões Instituto de Cooperação e da Língua 44 Clube de Paris é uma instituição informal constituída por um grupo de 19 países desenvolvidos cuja missão é ajudar financeiramente países com dificuldades económicas. Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Países Baixos, Irlanda, Itália, Japão, Noruega, Reino Unido, Rússia, Suécia e Suíça

Page 101: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

101

A dívida pública interna guineense tem descido. No entanto, a perspetiva de melhoria das condições políticas

poderá proporcionar novas fontes de financiamento internacional ao país com o correspondente impacto na

dívida pública.

3.1.4. Reserva de moeda estrangeira

O país está obrigado a cumprir os requisitos mínimos estabelecidos pelo Banco Central dos Estados da África

Ocidental, uma vez que a política monetária do país está a seu cargo. Relativamente às reservas mínimas,

estas foram, desde março de 2012, fixadas em 5%.

Tabela 26 – Reservas mínimas – Coeficiente de reservas45

2007 (dez.) 2008 (dez.) 2009 (dez.) 2010 (dez.) 2011 (dez.) 2012 (jun.)

Operações do Banco

Central

Sistema bancário

Coeficiente de reservas 9,3 8,7 (6,3) 5,6 2,2 1,9

3.1.5. Evolução das taxas de juro e variação da liquidez

A estabilidade do setor financeiro é assegurada e monitorizada pela Comissão Bancária da UEMOA, e pelo

Banco Central dos Estados da África Ocidental, responsável pela política monetária e financeira da União.

45

Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO) na Guiné-Bissau; FMI

A Comissão Bancária da UEMOA é um órgão jurisdicional, com autoridade para aplicar sanções

disciplinares, entre as quais se contam advertir e reprimir as instituições a seu cargo, proibir certas

operações, impor restrições a atividades bancárias, suspender auditores e diretores, bem como revogar

licenças de atividade bancária.

A Comissão tem, enquanto objetivo primordial, assegurar a supervisão, uniforme e eficiente, dos bancos

e instituições financeiras nos EM da UEMOA, bem como promover a integração financeira da região,

devendo ainda garantir que as instituições de crédito mantêm estruturas financeiras sãs, incluindo níveis

de liquidez e rácios de solvabilidade adequados. Neste sentido, o Secretariado Executivo da Comissão

Bancária emite instruções gerais para os bancos e para as outras instituições financeiras da União,

define procedimentos contabilísticos e normas prudenciais, supervisionando – à distância e

presencialmente – as instituições financeiras a atuar na região.

O Secretariado pode ainda atuar preventivamente, ao colocar uma instituição financeira em dificuldades

sob o seu controlo direto, nomeando um administrador temporário.

Note-se que o licenciamento de qualquer instituição financeira na UEMOA está sujeito a autorização

prévia do Secretariado Executivo, seguido por uma apreciação ao pedido de cariz técnico. No entanto, o

licenciamento e a revogação do mesmo exigem o aval do Ministro das Finanças do EM responsável pelo

banco ou instituição financeira em causa.

Fonte: FMI

Page 102: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

102

Tabela 27 – Evolução da taxa de juro (taxas anuais, em percentagem)46

2007

(dez.)

2008

(dez)

2009

(dez.)

2010

(dez.)

2011

(dez.)

2012

(jun.)

Depósitos

(a prazo)

Até 90 dias 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5

91 a 180 dias 1,8 1,8 1,8 1,8 1,8 1,8

181 a 365 dias 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0

Crédito

Até 90 dias 14,0 14,0 14,0 14,0 14,0 14,0

91 a 180 dias 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0

181 a 365 dias 16,0 16,0 16,0 16,0 16,0 16,0

Descoberto em Dep.

Ordem

18,0 18,0 18,0 18,0 18,0 18,0

Operações do Banco Central

Sistema bancário

Taxa de desconto 4,75 4,75 4,25 4,25 4,25 4,25

O papel desempenhado pela economia informal traduz-se numa excessiva liquidez dos bancos, uma vez que

poucas empresas guineenses têm capacidade para fornecer os dados e as garantias necessárias para a

obtenção de empréstimos bancários (ao abrigo do Sistema Contabilístico da África Ocidental, conhecido por

SYSCOA).

Gráfico 51 – Fatores de variação da liquidez (variação em % do stock inicial da massa monetária)47

O excesso de liquidez reflete também um quadro jurídico inadequado, tornando difícil angariar garantias e

proporcionar segurança para a prestação de crédito – os empréstimos representaram apenas 13,2% do PIB

em 2012.

46

Agência do BCEAO na Guiné-Bissau; FMI 47

Banco de Portugal, 2012

Page 103: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

103

3.1.6. Taxa de câmbio

Relativamente à taxa de câmbio efetiva, cumpre referir que esta é fortemente condicionada pela evolução da

rupia indiana, uma vez que aproximadamente 80% das exportações do país são destinadas à Índia. A taxa de

câmbio é também influenciada, ainda que num grau menor, pelo dólar de Singapura. Os outros principais

parceiros comerciais do país utilizam também o Franco CFA (os EM da UEMOA), ou o euro (como Portugal) –

moedas cuja paridade é fixa, o que contribui para uma elevada solidez dos valores da taxa de câmbio efetiva e

contribui como facilitador de integração económica regional.

Gráfico 52 – Taxa de câmbio efetiva (índices base 100:2000, médias mensais) 48

3.2. Política Económica

Potencialidades e crescimento económico

Tendo crescido em anos anteriores, a economia guineense sofreu em 2012 uma contração, resultado do golpe

de Estado, como se pode comprovar através do gráfico seguinte.

Gráfico 53 – Variação anual do PIB guineense (projeções a partir de 2013)49

Dependendo maioritariamente da castanha de caju (que em 2012 representou aproximadamente 90% das

suas exportações), a economia do país carece de diversificação.

48

Banco de Portugal, 2012 ICTE – índice de taxa de câmbio efetiva – é calculado a partir das taxas de câmbio oficiais praticadas para as moedas dos principais parceiros comerciais do país. 49

FMI, 2013

4.3

2.1 3.2 3.2 3 3.5

5.3

-1.5

4.2

10.2

4.5

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2018

Variação anualPIB (em %)

Page 104: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

104

No entanto, para que esta diversificação seja atingida, e para que o país se possa desenvolver

economicamente é necessária a implementação de reformas, tanto a nível institucional como regulatório,

nomeadamente:

A implementação de resoluções quanto às intervenções militares frequentes;

Implementação de reformas ao nível do processo democrático;

Melhorias a nível institucional;

Redução da vulnerabilidade da economia a choques externos;

Desenvolvimento das infraestruturas;

Melhoria na gestão das finanças públicas;

Aplicação efetiva das leis fiscais e aduaneiras, após reformas adequadas.

Inflação média anual50

Tendo a inflação atingido cerca de 5% em 2011, devido em grande parte à subida do preço dos produtos

importados, a mesma deverá ajustar-se aquando da retoma gradual da economia e do adequado fornecimento

do mercado interno. Assim, em termos estimados, a inflação em 2012 deverá ter atingido cerca de 2,1%

prevendo-se, com a gradual recuperação do consumo interno, um novo ajustamento para 2013 e 2014.

População e desenvolvimento social51

Tendo um dos mais baixos índices de IDH – encontrando-se na posição 176 num total de 192 países

avaliados.

Contribuem para este resultado:

A pobreza generalizada da população;

Os salários extraordinariamente baixos, resultantes da falta de oportunidades laborais;

Uma esperança média de vida de apenas 48,6 anos, agravada pelo difícil acesso a cuidados de saúde

de qualidade.

Entre 2000 e 2010, o país registou uma taxa de crescimento de IDH anual de 0,9%, face a uma média de 2,1%

para a África Subsaariana, denotando a instabilidade política e social em que vive o país.

50

African Economic Outlook, 2012 51

African Economic Outlook, 2012

Page 105: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

105

3.3. Estrutura produtiva

3.3.1. PIB por setor

Gráfico 54 – PIB guineense por setor52

A agricultura contribuiu 47% para o PIB do país em 2012. Empregando cerca de 72% da população, o setor

agrícola e piscatório utiliza técnicas rudimentares, carecendo de desenvolvimento e modernização.

O setor secundário - que inclui a indústria, indústria mineira, a construção, a energia, o gás e a água -

representou aproximadamente 12% do PIB, sendo que o setor terciário, constituído principalmente pelo

comércio, totalizou 42,5% do mesmo.

3.3.2. Retrato do setor empresarial do Estado53

Não existindo condições de estabilidade política para que exista uma administração pública normalizada, o

setor empresarial do Estado na Guiné-Bissau não está – ainda – preparado para funcionar com eficiência.

A existência de um quadro jurídico e regulamentar inadequado, pessoal sem formação, a par da inexistência

de perspetivas de progressão em termos de carreira dentro da administração pública, e da inexistência de

órgãos institucionais têm dificultado o desenvolvimento deste setor.

52

African Economic Outlook, 2012 53

African Economic Outlook, 2012

47%

4% 12%

12%

5%

19%

Agricultura

Serviços financeiros

Indústria

Administração pública, saúde eeducação

Transportes e comunicação

Comércio

Page 106: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

106

3.4. Recursos naturais54

Entre os principais recursos naturais da Guiné-Bissau contam-se o fosfato, o granito, a argila, a bauxita, o

calcário, bem como reservas de petróleo não exploradas. Com vastos recursos hídricos, mais de 2 milhões de

hectares de florestas, fauna e ecossistemas diversificados, o país dispõe de uma imensa biodiversidade, que

se encontra ainda por explorar.

O Governo está ciente da necessidade de desenvolver o quadro jurídico e regulatório referente aos recursos

naturais por forma a impulsionar o potencial económico do país, procurando simultaneamente assegurar que

os danos ambientais sejam reduzidos ao indispensável. Assim, foram já aprovadas leis que visam a

manutenção da sustentabilidade ambiental.

Uma vez reposta a normalidade política e social, o Governo pretende, com o apoio de várias agências ao

serviço das Nações Unidas, concluir um plano de desenvolvimento de minérios. Cumpre notar que em 2012

foram ainda aprovadas leis que regem a extração de petróleo, dos minérios e dos seus derivados.

Encontra-se também em preparação um plano nacional para o desenvolvimento dos recursos naturais do país,

cumprindo-se assim os requisitos de transparência exigidos pela EITI.

3.5. Infraestruturas e energia. Situação atual e projetos de investimentos

55

Os conflitos a que o país esteve sujeito causaram grandes danos às suas infraestruturas, que terão de ser

reabilitadas.

Por outro lado, na Guiné-Bissau há ainda necessidade de construir infraestruturas de base, sem as quais o

crescimento do país ficará fragilizado. A título de exemplo notamos que o desenvolvimento do setor mineiro

depende em grande medida da capacidade do setor dos transportes.

Transportes rodoviários

A rede rodoviária cobre 4.400 km de estrada, sendo que apenas cerca de 10% está

asfaltada. De notar que o BAfD financiou as obras de reabilitação de 43km de vias

urbanas em Bissau, iniciadas em julho de 2013, no valor de € 62 milhões (Francos CFA

41 mil milhões).

Grande parte do território guineense é atravessado por rios, e a falta de pontes faz com que frequentemente

se tenha de recorrer a ferries, em nada facilitando o transporte de mercadorias. No entanto, e no âmbito da

parceria estabelecida entre a Guiné-Bissau e a UE, foi financiada, integralmente, a construção de duas obras

de fulcral importância para o desenvolvimento do país – a ponte Euro-Africana em São Vicente, e a ponte

Amílcar Cabral em João Landim.

54

African Economic Outlook, 2012 55

Comissão Europeia, 2013; UE, 2013; Delegação da UE na Guiné-Bissau, 2013; UNICEF, 2013; Bissau Tourism, 2012

Page 107: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

107

Com a construção destas pontes facilitou-se a circulação e o tráfego no norte do país, fomentando também a

mobilidade e as trocas comerciais ao nível oeste, fator de grande importância para a integração regional na

CEDEAO.

Figura 17 – Mapa rodoviário guineense56

Aeroportos

O país dispõe de um aeroporto internacional pavimentado, o Aeroporto Internacional de

Bissau.

As companhias aéreas com voos regulares e diretos para a Guiné-Bissau são:

Royal Air Maroc (voos da Europa e dos Estados Unidos, com escala em Casablanca);

ASKY (companhia aérea do Togo, voos do Lomé, Togo);

Senegal Airlines (voos semanais de Dakar).

A TAP e a TACV no passado faziam voos regulares para Bissau, encontrando-se estes, à data, suspensos.

Portos

Apesar da localização do país potenciar as trocas comerciais por via dos transportes

marítimos e fluviais, as infraestruturas neste setor ainda são em número reduzido, e

encontram-se, na sua grande maioria, em más condições, necessitando de urgente

reabilitação.

Localizado no estuário do rio Geba, o Porto de Bissau, considerado o maior local de exportação de castanha

de caju da África Ocidental e o mais importante porto do país, necessita também de obras de reabilitação e de

56

http://www.africa-turismo.com

Page 108: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

108

ampliação por forma a poder dar resposta às necessidades do setor privado, sendo necessário o seu

desassoreamento para a atracagem de navios de maior calado.

O projeto do Porto de Buba dispõe de grandes potencialidades, tendo já sido objeto de um financiamento

aprovado de US$ 500 milhões. Está ainda prevista a criação de uma estrada que irá ligar Buba à área de

exploração de bauxite, bem como a construção de uma ferrovia com ligações à Guiné Conacri, assegurada

por investidores privados angolanos, que receberão, como contrapartida, a cedência da exploração do Porto e

a autorização para extração de bauxite.

Cumpre referir que as condições naturais do Porto de Buba, principalmente a profundidade das suas águas e

a amplitude da zona abrigada, permitem que possam ser recebidos navios de grande porte. Acresce que, o

porto encontra-se localizado perto da Guiné e do Senegal podendo ainda servir de ligação através de futuros

corredores territoriais ao Mali, ao Senegal e ao Burkina Faso, facilitando e incrementando a integração

económica na CEDEAO.

Energia

O país encontra-se dependente de produtos petrolíferos, apesar do seu elevado potencial

energético, especialmente em energia hidroelétrica. A construção projetada da barragem

do Saltinho poderá vir a fornecer eletricidade a todo o país, bem como gerar eletricidade

para exportação.

Esta construção é prioritária para resolver o problema interno da escassez de eletricidade e de aumentar as

exportações regionais do país.

Contudo, atualmente a produção de energia elétrica é reduzida e a eletrificação escassa, sendo comuns os

cortes de energia, tendo por este motivo várias empresas optado pela instalação de geradores elétricos.

Sendo o acesso à energia um fator determinante para o desenvolvimento económico, através do programa

para a facilidade energética (“ACP-EU Energy Facility”) foram selecionados três projetos totalizando Francos

CFA 5,3 mil milhões (€ 8 milhões) com o intuito de fornecer energia elétrica, de forma fiável, sustentável e

acessível nas cidades de Bambadinca, Bissorá e na região de Gabú, privilegiando as fontes de energia

renováveis.

Água e saneamento

Estima-se que só metade da população nas zonas rurais tenha acesso a água potável,

sendo que apenas 5% terá acesso a um saneamento adequado, pelo que a solução deste

problema deva ser encarado como uma prioridade, e consequentemente uma oportunidade

para o desenvolvimento socioeconómico do país.

No âmbito do programa de “Reabilitação das Infraestruturas Sociais”, o Fundo Europeu de Desenvolvimento

disponibilizou, desde 2009, 3,3 mil milhões de francos CFA (€ 5 milhões), tendo em vista a melhoria das

condições sanitárias e estruturas de vários centros de saúde e hospitais do país, permitindo assim um

atendimento sanitário apropriado a mais de 600.000 pessoas.

Tecnologias de informação e comunicação

O Governo anunciou a intenção de privatizar a indústria das telecomunicações, e o

alargamento da sua disponibilização / cobertura a todo o país. Assim e, tendo em vista a

Page 109: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

109

sua privatização, a Guiné Telecom (operadora de rede fixa) e a Guinetel (operadora móvel) foram

reestruturadas pelo Governo, que para tal recorreu a um fundo de Francos CFA 7 mil milhões (€10 milhões) do

BAfD e do Ecobank Transnational Inc.

De notar que em junho de 2013, a autoridade reguladora nacional das tecnologias de informação e

comunicação da Guiné-Bissau lançou um concurso para o fornecimento e instalação de equipamentos e de

aplicações informáticas de controlo e gestão de frequências.

3.6. Abertura da economia e relações comerciais

De acordo com o African Economic Outlook, a Guiné-Bissau

depende fortemente de ajuda externa. A balança comercial

da Guiné-Bissau tem vindo, desde 2008, a mostrar-se

deficitária e fortemente dependente das exportações de

castanha de caju, cuja performance é afetada pela variação

dos preços deste produto nos mercados internacionais e

flutuação nas colheitas.

A média do défice da balança comercial nos últimos 5 anos

é de US$ 80 milhões, refletindo a dependência externa do

país ao nível das trocas comerciais.

Tabela 28 - Abertura da economia de Guiné-Bissau

Guiné-Bissau 2008 2009 2010 2011 2012

Abertura da economia 39,59% 36,63% 36,49% 48,13% 39,75%

Taxa de câmbio (US$ / XOF57

) 439,26 462,89 486,18 462,51 503,07

Inflação 10,46% (1,65%) 2,52% 5,05% 2,13%

Balança Comercial (em % do PIB) (13,22%) (15,60%) (15,71%) (10,62%) (13,22%)

Balança Corrente (em % do PIB) (3,39%) (5,52%) (8,66%) (4,36%) (7,79%)

Fonte: Banco Mundial; OANDA; UNCTAD

Importações

As importações da Guiné-Bissau nos últimos anos têm apresentado um ligeiro crescimento, com Portugal,

Senegal, Estados Unidos e China a ganharem mais relevância, enquanto países de origem. Portugal e o

Senegal lideram a lista de países de origem das importações da Guiné-Bissau, representando, em 2012, cerca

de 50%.

57 XOF – Franco CFA (código moeda)

“A política comercial está enquadrada nas

recomendações da UEMOA, de orientação

bastante liberal, com previsibilidade e

transparência do regime tarifário. A Guiné-

Bissau aplica a tarifa externa comum (TEC)

da UEMOA sobre todos os produtos

importados. A TEC dispõe de quatro

categorias tarifárias com uma taxa máxima

(exceto para álcool e tabaco) limitada a

20%.”

Fonte: African Economic Outlook

Page 110: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

110

24% 17%

24% 28% 29%

23%

19%

21% 19%

21%

2% 3%

7%

3%

7%

4% 5%

5%

3% 10%

2%

3%

205

183 178

236 227

-

50

100

150

200

250

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

Pe

so

na

s im

po

rta

çõ

es

to

tais

de

Gu

iné

-Bis

sa

u

Índia

China

EUA

Senegal

Portugal

Importações

No quadro da CPLP, para além de Portugal, o Brasil também exporta para a Guiné-Bissau, embora em 2012

tenha visto o seu peso nas importações guineenses diminuir, representando apenas cerca de 1% no total das

importações da Guiné-Bissau aos países da CPLP.

Gráfico 56 - Importações da Guiné-Bissau a países da CPLP

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Nas importações da Guiné-Bissau em 2012 é relevante destacar as compras de combustíveis minerais (20%),

de arroz (9%), bebidas não alcoólicas (4%), pedra (4%) e tubos de ferro e aço (4%).

49

32

43

66 66

6

7

9

6 2

26.54%

21.00%

29.33%

30.48% 29.91%

-

10

20

30

40

50

60

70

80

2008 2009 2010 2011 2012

Imp

ort

õe

s (

US

$ m

ilh

õe

s)

Portugal Brasil

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Gráfico 55 - Importações da Guiné-Bissau por país de origem

Page 111: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

111

-

50

100

150

200

250

2008 2009 2010 2011 2012

Imp

ort

õe

s (

US

$ m

ilh

õe

s)

Commodities e transações n.e.

Óleos vegetais e animais, gorduras eceras

Químicos e produtos relacionados

Bens manufaturados

Bebidas e tabaco

Matérias-primas (excetocombustíveis)

Maquinaria e equipamentos detransporte

Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados

Outros artigos manufaturados

Alimentos e animais vivos

Gráfico 57 - Importações da Guiné-Bissau - Top produtos

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

As matérias-primas (exceto combustíveis), bens manufaturados, máquinas e equipamentos e combustíveis

minerais têm vindo a ganhar mais peso na estrutura de importações

Gráfico 58 - Estrutura de importações da Guiné-Bissau

20%

20%

17%

16%

9%

5%

5%

5% 3%

Alimentos e animais vivos

Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados

Bens manufaturados

Maquinaria e equipamentos de transporte

Bebidas e tabaco

Outros artigos manufaturados

Químicos e produtos relacionados

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Óleos vegetais e animais, gorduras e ceras

CAGR 2008-2012

-

-7%

-1%

6%

5%

10%

5%

5%

-1%

-2%

Page 112: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

112

Figura 18 – Principais importações da Guiné-Bissau a Portugal (2012)

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

As importações portuguesas apresentam um elevado grau de diversidade de produtos.

Portugal apresenta como produtos exportados de maior relevo os combustíveis e as bebidas, alcoólicas e não alcoólicas, com crescimento positivo entre 2008 e 2012 (taxa média anual de crescimento na ordem dos 20%).

Gráfico 59 - Importações da Guiné-Bissau a Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

34%

24%

14%

10%

7%

6% 3%

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados

Bebidas e tabaco

Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados

Alimentos e animais vivos

Outros artigos manufaturados

Químicos e produtos relacionados

Portugal 29% das importações de Guiné-Bissau

Page 113: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

113

Figura 19 - Principais importações da Guiné-Bissau ao Brasil

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 60 - Importações da Guiné-Bissau ao Brasil

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

O Brasil exporta essencialmente açúcar para a Guiné-Bissau, tendo este em 2012 representado 33% do total das importações de açúcar do país.

Exportações

Nos últimos 5 anos, cerca de 80% das exportações da Guiné-Bissau destinaram-se ao mercado indiano, 99%

das quais consistiram em exportações de castanha de caju, num valor global médio de US$ 60 milhões. A

Espanha importa da Guiné-Bissau, principalmente, borracha natural.

61% 21%

11%

6% Alimentos e animais vivos

Bens manufaturados

Maquinaria e equipamentos detransporte

Bebidas e tabaco

Brasil 1% das importações de Guiné-Bissau

Page 114: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

114

Gráfico 61 - Evolução das exportações da Guiné-Bissau e principais países de destino

Fonte: International Trade Center; UNCTAD, UNCTADstat

As exportações da Guiné-Bissau para a CPLP apresentam pouca expressão, sendo Portugal o maior cliente

da comunidade, importando fundamentalmente madeira e algodão.

Gráfico 62 - Exportações da Guiné-Bissau para a CPLP

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

77% 83%

76% 77% 82%

4% 4%

4% 8%

4%

3%

3%

128 122

127

230

130

-

50

100

150

200

250

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

Pe

so

na

s e

xp

ort

õe

s t

ota

is d

e G

uin

é-B

iss

au

Brasil

Togo

Espanha

China

India

Exportações

34

12,398

4,874

191

138

168

186

202

0

2,000

4,000

6,000

8,000

10,000

12,000

14,000

2008 2009 2010 2011 2012

Milh

are

s U

S$

Portugal Brasil Cabo Verde

Page 115: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

115

Figura 20 - Principais exportações da Guiné-Bissau para Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

As principais exportações, em 2012, da Guiné-Bissau para Portugal foram matérias-primas, representando cerca de 66,8% do total deste fluxo.

Gráfico 63 - Exportações da Guiné-Bissau para Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

73%

14%

7% 3% Outros artigos manufaturados

Alimentos e animais vivos

Maquinaria e equipamentos detransporte

Bebidas e tabaco

Portugal 1% das importações portuguesas têm como origem a Guiné-Bissau

Page 116: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

116

3.7. Investimento Direto Estrangeiro na Guiné-Bissau

O investimento estrangeiro na Guiné-Bissau tem apresentado uma tendência decrescente, justificável pela

instabilidade política, social e económica que o país vem atravessando.

Gráfico 64 - Fluxos de IDE na Guiné-Bissau

De acordo com as previsões do FMI, o IDE líquido deverá baixar no médio prazo para cerca de 0,6% do

PIB/ano e em seguida, com a estabilização da situação política e o ambiente de negócios mais apelativo, subir

para cerca de 1,3% do PIB/ano.

Tabela 29 – IDE na Guiné-Bissau: projetos greenfield de maior dimensão, anunciados entre 2003-2010

Empresa Investimento

estimado (US$ milhões)

Criação estimada de postos de trabalho

Ano País de origem Setor Área chave de

negócio

Champion Resources

480,9 289 2003 Canadá Carvão, petróleo e gás natural

Extração

France Télécom

400 123 2007 França Comunicações TIC e infraestruturas de internet

Banque d'Afrique Occidentale

18,4 32 2009 Camarões Serviços financeiros

Serviços prestados às empresas

Ecobank 9,2 16 2007 Togo Serviços financeiros

Serviços prestados às empresas

TOTAL 909 460

Fonte: UNCTAD, “Foreign Direct Investment in LCDs: Lessons Learned from the decade 2001-2010 and the way forward”

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

209.217

119.40 111.525

93.144

70.929

.112 (.172) .040 1.432 (.914)

(50)

-

50

100

150

200

250

2008 2009 2010 2011 2012

Flu

xo

s d

e ID

E (

US

$ m

ilh

õe

s)

Inward Outward

Page 117: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

117

3.8. Principais setores de oportunidade

O setor tem grandes potencialidades de desenvolvimento. As perspetivas para o setor agrícola são claramente

positivas – o clima e qualidade do solo são favoráveis a culturas de rendimento (castanha de caju, amendoins

e algodão), fruta, vegetais e tubérculos.

A exportação de produtos agrícolas, ainda em bruto, para os principais exportadores mundiais, como a Índia,

que procede à respetiva transformação e venda, constitui uma oportunidade de investimento para desenvolver

a indústria local que dispõe de poucas meios para proceder à sua transformação.

O país tem também mais de 300 mil hectares adequados para plantações de arroz, mantendo-se, ainda assim,

e devido à falta de desenvolvimento dos recursos nesta área, dependente de importações agroalimentares.

Relativamente aos setores mineiro e turístico, o Governo, tendo em vista o seu desenvolvimento, celebrou

contratos de concessão e licenças de exploração nestas áreas. Há ainda áreas de desenvolvimento turístico

por explorar, como sucede com o Parque Natural das Lagoas de Cufada.

Com múltiplas reservas naturais e a inexistência de obstáculos à obtenção de vistos (dispensados para os

cidadãos de EM da CEDEAO), o país deverá ver aumentada a relevância do turismo na sua economia.

Adicionalmente, cumpre ainda referir que os viajantes devem possuir documento comprovativo de vacinação

contra a febre-amarela, requisito exigido pelo Governo para entrada no país.

O país mostra também elevadas potencialidades ao nível dos recursos naturais, possuindo, para além de

amplos recursos hídricos e ecossistemas diversificados, reservas de fosfato, granito, argila, bauxite, calcário e

de petróleo.

No entanto, a instabilidade política sentida nos últimos anos impediu que estes setores se desenvolvessem

devidamente podendo as áreas constituir oportunidades para potenciais investidores.

Page 118: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

118

3.9. Financiamento à economia58

3.9.1. Principais bancos presentes

O setor financeiro guineense é composto apenas por 4 bancos, 2 seguradoras e 18 instituições oficialmente

registadas de serviços financeiros descentralizados.

Os 4 bancos presentes no país, que geram um produto bancário superior a Francos CFA 6,6 mil milhões, são:

Banco de África Ocidental, que

detém cerca de 50% do mercado, e

possui atualmente 10 agências das

21 presentes no país, detendo 50%

das caixas automáticas instaladas

no mercado, bem como a totalidade

dos TPA's /POS – “Point of Sale”;

Banco da União criado em 2004,

com vista ao estabelecimento de

uma instituição bancária no país

que fosse capaz de responder às

necessidades dos particulares e

empresas na Guiné-Bissau;

Ecobank Transnational Inc. - banco

pan-africano, com operações em 33

países africanos, sendo o grupo

independente bancário regional

líder na África Ocidental e Central;

Banco Regional de Solidariedade

criado em 2001 pelos Chefes de

Estado dos EM da UEMAO, tendo

como principal objetivo combater a

pobreza na região, concedendo

crédito direto às populações mais

vulneráveis, segundo critérios de

elegibilidade.

58

African Economic Outlook, 2012; Banco de Portugal, 2012; Banco de África Ocidental; Banco da União;

Predominantemente local

Equilibrada

Estrangeira e Governo

Predominantemente estrangeira

Predominantemente Governo

Excluído

(Fonte: World Bank Staff Estimates, 2007)

Estrutura acionista bancáriaFigura 21 – Estrutura acionista bancária em África

Page 119: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

119

3.9.2. Bancarização da população59

Apesar do setor bancário ter vindo a ganhar

um maior relevo no país durante os últimos

anos, a bancarização ainda é baixa

(rondando 4%). No entanto, os esforços

levados a cabo pelo banco central,

conjugados com medidas recentes – i.e.

pagamento de salários superiores a Francos

CFA 50. 000 através de contas bancárias –

devem vir a melhorar a taxa de

bancarização.

3.9.3. Taxas de juro de empréstimo

Os bancos no país têm poucas oportunidades para conceder crédito, devido à falta de instrução da população,

bem como à incapacidade das instituições em fornecer os dados necessários para o efeito. Assim, o setor

bancário não tem conseguido desempenhar o seu papel no setor privado.

Não existindo dados reunidos sobre as taxas de juro utilizadas no país quanto a empréstimos a longo prazo,

refere-se apenas que o Banco Central dos Estados da África Ocidental fixou, em junho de 2013, a taxa de juro

de cedência de liquidez em 3,75%.

3.9.4. Bolsa de valores

A Guiné-Bissau não dispõe de uma bolsa de valores a nível nacional. No entanto, e sendo EM da UEMOA, o

país integra a bolsa de valores da União, que transaciona direitos, ações e obrigações. Encontram-se

atualmente cotadas 37 empresas nesta bolsa regional, não tendo no entanto, a Guiné-Bissau qualquer

empresa nacional cotada na bolsa, nem obrigações emitidas.

59

Sistema de Pagamentos – Relatório BCV 2012

< 10%

Entre 10% e 20%

Entre 20% e 30%

Entre 30% and 40%

> 40%

Não disponível

(Fonte: World Bank, Global Financial Inclusion Database, 2011)

Contas bancárias (% +15anos)

Figura 22 - Contas bancárias com antiguidade superior a 15 anos em África

Page 120: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

120

Page 121: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

121

4.Investir na

Guiné-Bissau

Page 122: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

122

4. Investir na Guiné-Bissau

4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social

4.1.1. População Ativa

Com cerca de 1,7 milhões de habitantes, a Guiné-Bissau apresenta um nível de desenvolvimento muito

reduzido, devido em particular à pobreza generalizada e à baixa esperança de vida, resultantes da ausência

de oportunidades de obtenção de rendimento e da dificuldade de acesso a serviços de saúde de qualidade.

O Governo da Guiné-Bissau tem vindo a adotar políticas públicas ambiciosas, com os seguintes objetivos:

reduzir a pobreza através do reforço do Estado de Direito, aumentar o crescimento económico e atingir metas

de desenvolvimento consideradas cruciais. No entanto, instabilidades institucionais têm levado a atrasos na

concretização destas políticas.

Estima-se que atualmente a população potencialmente ativa, que compreende os cidadãos com mais de 15

anos, represente 37% da população total da Guiné-Bissau.

4.1.2. Desemprego

A Guiné-Bissau não dispõe de dados oficiais acerca do nível de desemprego, nem de dispositivos apropriados

para o registo de desempregados, pelo que as estatísticas existentes não são fiáveis. Tendencialmente

verifica-se alguma sazonalidade, na medida em que o emprego está fortemente dependente dos ciclos

agrícolas. Não obstante, estima-se que a taxa de desemprego ronde os 10%.

Embora aparentemente positiva, esta estimativa não reflete as situações de subemprego, sobretudo no meio

rural, nem do desemprego entre os jovens, fatores que, se considerados, aumentariam a taxa de desemprego

para cerca de 30%.

O Governo, em parceria com o Fundo mundial para a criação de emprego nos Estados frágeis em conflito, tem

vindo a trabalhar com o objetivo de reverter o desempego, através da implementação de políticas adequadas

para combater a instabilidade política, a fragilidade económica, a não criação de emprego no setor público, na

agricultura e nos serviços.

A Lei Geral do Trabalho (Lei n.º 2/1986, de 5 de abril) estabelece o enquadramento geral das relações laborais

entre empregadores e trabalhadores que exerçam a sua atividade no território da Guiné-Bissau. Estão

excluídos do âmbito de aplicação deste diploma:

Os trabalhadores da Função Pública;

As relações laborais emergentes do contrato de serviço doméstico;

As relações laborais estabelecidas em países estrangeiros, entre empregadores e trabalhadores não

residentes na Guiné-Bissau, que exerçam temporariamente a sua atividade nesse território.

Page 123: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

123

4.1.3. Desigualdades

A Guiné-Bissau apresenta desigualdades estruturais no que respeita ao tratamento dos cidadãos em função

do respetivo género. Tal resulta essencialmente do sistema social dominante que estabelece um estatuto

social diferenciado do homem e da mulher.

Não obstante a sua representação muito significativa na sociedade (cerca de 51% da população guineense é

do sexo feminino), a mulher tem uma fraca representatividade no setor laboral.

O Governo da Guiné-Bissau tem vindo a desenvolver esforços no sentido de mudar este status quo, tendo

ratificado um conjunto de declarações, convenções e resoluções internacionais com o objetivo de proteger e

promover o papel da mulher na sociedade guineense. Por outro lado, está prestes a ser adotada uma Política

Nacional de Igualdade e Equidade do Género (PNIEG), que irá servir de quadro de promoção, coordenação e

seguimento de todas as ações neste domínio.

4.1.4. Breve descrição do regime de segurança social

A Guiné-Bissau implementou recentemente um sistema de Segurança Social que, ainda que deficitário, devido

à falta de recursos financeiros e meios técnicos para o melhorar, visa garantir, de forma ativa, a proteção dos

cidadãos contra riscos que determinam a perda ou redução da sua capacidade de trabalho.

Atualmente, o Instituto Nacional de Segurança Social prevê a existência de diferentes tipos de apoios sociais,

como sejam:

- Pensões de velhice, invalidez e sobrevivência (vitalícia e temporária);

- Abonos de família e assistência médica e medicamentosa;

- Subsídios de doença, maternidade, paternidade, adoção, amamentação, deficiência e de funeral.

A inscrição no Instituto Nacional de Segurança Social é obrigatória para os trabalhadores por conta de outrem

e implica uma contribuição no montante de 22% do valor das remunerações, sendo o respetivo encargo

partilhado por ambas as partes (trabalhador: 8%; entidade patronal: 14%).

Por outro lado, os trabalhadores independentes podem beneficiar de um regime de Segurança Social próprio,

ainda que a título facultativo.

Page 124: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

124

4.2. Como investir na Guiné-Bissau?

O investimento na Guiné-Bissau é atualmente regulado pela Lei n.º13/2011 – Código do Investimento – que

tem por objetivo tornar o país mais atrativo, tanto para o investimento estrangeiro como para o investimento

nacional. Este diploma prevê o aumento do nível de transparência do processo de investimento, a

simplificação dos procedimentos administrativos necessários à realização de operações de investimento e a

limitação do âmbito de aplicação do regime contratual, fonte de incertezas e de arbitrariedades consideradas

desincentivadores do investimento.

Nos termos deste Código, é considerado investimento o conjunto de capitais, bens corpóreos ou incorpóreos,

ou créditos utilizados por investidores na criação, modernização ou expansão de atividades económicas. Por

outro lado, o investimento estrangeiro corresponde a todo o investimento realizado por investidores, cujos

recursos não sejam originários do país.

Estão abrangidos por esta legislação todos os investimentos efetuados, independentemente do setor de

atividade, nacionalidade do investidor e forma jurídica da empresa, ou de qualquer distinção de outra natureza,

com exceção dos efetuados nas áreas de exploração mineira, petrolífera e florestal, bem como os realizados

em zonas francas e lojas francas, que sejam regulados nos termos de legislação própria ou de contratos de

investimento.

Apesar de o Governo ter competência para criar zonas francas no país, e de estas estarem especificamente

referidas no Código do Investimento, atualmente não existem zonas francas na Guiné-Bissau.

As operações de investimento na Guiné-Bissau estão subordinadas ao ordenamento jurídico nacional e às

normas que decorrem dos tratados internacionais a que a Guiné-Bissau esteja vinculada.

Paralelamente, no âmbito do Código do Investimento, são garantidos aos investidores os seguintes direitos:

Igualdade de tratamento entre investidores nacionais e estrangeiros;

Repatriamento de lucros, dividendos ou capital para o estrangeiro;

Repatriamento de remuneração auferida por trabalhadores estrangeiros autorizados a residir no país;

Indemnização pecuniária em caso de nacionalização/expropriação (as quais só ocorrerão em caso de

interesse ou utilidade pública).

O organismo responsável pela gestão e aplicação do Código do Investimento é a Direção Geral de Promoção

do Investimento Privado (DGPIP), cujos principais objetivos são:

Promover a iniciativa privada, criando condições que facilitem aos investidores a implementação das

suas atividades;

Realizar estudos setoriais;

Captar financiamento;

Informar os investidores dos procedimentos de acesso ao mercado.

Page 125: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

125

4.2.1 Fases/Etapas a observar no Processo de estabelecimento na Guiné-Bissau

Para efeitos da legalização de uma sociedade na Guiné-Bissau, é necessário reunir, previamente ao respetivo

registo, os seguintes documentos:

Estatutos;

Certidão da denominação ou negativa;

Declaração de depósito do capital social;

Procurações (no caso de existirem);

Bilhete de identidade, Passaporte ou Cartão de Cidadão Estrangeiro.

Posteriormente, por forma a efetuar o registo da sociedade na DGPIP, o investidor deverá apresentar a este

organismo um estudo de viabilidade, o estatuto/certidão da escritura pública, uma declaração prévia de

investimento (a obter na DGPIP) e uma carta dirigida ao Diretor do DGPIP a solicitar a aprovação do projeto,

ao abrigo do Código do Investimento em vigor.

O registo de operações de investimento é da competência da Direção de Relações Financeiras Internacionais

do Ministério das Finanças, sendo esta também a entidade a quem compete a emissão do certificado do

investimento. O registo das operações de investimento deve ser solicitado em pedido dirigido a este organismo

e em três exemplares originais, juntamente com o documento do banco relativo a operações de importação de

capitais. Adicionalmente é condição necessária para o registo das operações de investimento a apresentação

do comprovativo de depósito bancário ou da operação bancária referente ao montante do investimento que se

pretenda registar.

O registo de operações de investimento demora até cinco dias úteis, termo após o qual é emitido o certificado

de investimento (no prazo máximo de cinco dias úteis).

O certificado de registo na DPIP permite aos investidores realizarem os atos e contratos necessários ao

investimento e beneficiar dos direitos, garantias e incentivos previstos no Código de Investimento.

4.3. Incentivos e benefícios ao investimento

O Código de Investimento estabelece também os incentivos fiscais atribuídos ao investimento. Apenas beneficiam de incentivos fiscais, os projetos de investimento igual ou superior a US$ 34 mil que visem pelo menos um dos seguintes aspetos:

A criação de nova empresa ou atividade;

A expansão, modernização ou diversificação de atividades já existentes;

A renovação de equipamentos. Os incentivos ao investimento na Guiné-Bissau podem revestir as seguintes formas:

1. Incentivos ao investimento, concedidos na fase de realização dos investimentos; 2. Incentivos à consolidação da empresa e ao emprego, concedidos nos anos iniciais, da fase de

operação de novas empresas; 3. Incentivos à formação profissional de trabalhadores; 4. Incentivos ao investimento em infraestruturas económicas ou sociais de uso público.

Porém, no caso de projetos de grande interesse económico para o país, cujo montante a investir seja superior a US$ 80 milhões, poderão ser atribuídos outros incentivos por decisão do Conselho de Ministros, ao abrigo de contrato de investimento, que incidirão sobre a contribuição industrial, a contribuição predial e sobre quaisquer outros impostos sobre o rendimento, assim como sobre a taxa fundiária e outras devidas no âmbito da concessão de terras.

Page 126: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

126

As condições aplicáveis a cada um dos incentivos fiscais ao investimento disponíveis na Guiné-Bissau são as seguintes:

Tipos Incentivos atribuídos Duração

Incentivos Fiscais na Fase de Investimento

Isenção sobre os direitos aduaneiros (Tarifa Exterior Comum) para as importações de bens de equipamento destinados à realização do investimento proposto e de peças de reposição cujo valor não exceda 15% do valor dos bens de equipamento para os quais as peças são adquiridas (excluindo algumas taxas em benefício de organizações internacionais);

Isenções sobre o Imposto Geral sobre Vendas (IGV) na aquisição, no país ou no estrangeiro, de bens de equipamento destinados à realização do investimento proposto e de peças de reposição cujo valor não exceda 15% do valor dos bens de equipamento para os quais as peças são adquiridas.

Concedidos pelo prazo máximo de três anos

Incentivos Fiscais na Fase de Operação

Reduções degressivas da contribuição industrial que serão escalonadas da seguinte forma: a) 100% no ano fiscal do início de atividade da empresa; b) 100% no segundo ano fiscal; c) 90% no terceiro ano fiscal; d) 80% no quarto ano fiscal; e) 60% no quinto ano fiscal; f) 40% no sexto ano fiscal; g) 20% no sétimo ano fiscal.

Aplicável exclusivamente a empresas recém-criadas, produtoras de bens ou de serviços, com exceção dos bancos e demais estabelecimentos do setor financeiro.

Concedidos pelo prazo máximo de sete anos

Incentivo à Formação Profissional de Trabalhadores

Dedução à matéria coletável da contribuição industrial, em montante correspondente ao seu dobro, e das despesas de formação efetuadas em cursos especializados, realizados no país ou no estrangeiro, e ministrados em instituições de formação acreditadas pelas autoridades competentes;

Apenas aplicável a empresas com domicílio ou representação permanente na Guiné-Bissau.

N/A

Incentivo ao Investimento em Infraestruturas

Dedução ao imposto, sem prejuízo da dedução como custos na determinação da matéria coletável, da totalidade das despesas com a construção, para uso público, das estradas, portos, aeroportos e hospitais.

Aplicável a investidores que se instalem fora do Setor Autónomo de Bissau.

No período de realização das despesas, é passível de reporte nos três exercícios seguintes.

Por forma a poder beneficiar destes incentivos, o investidor deverá apresentar ao membro do Governo responsável pelo setor da economia um “dossier de acesso aos incentivos”, o qual incluirá, nomeadamente, o projeto de investimento. A decisão quanto à atribuição de incentivos fiscais será tomada no prazo de 15 dias após a receção do dossier, sendo que, decorrido este prazo sem que haja decisão do departamento governamental da economia, o dossier será tacitamente deferido, e considerar-se-ão aprovados os incentivos solicitados. Após a receção do dossier de investimento já aprovado, o departamento governamental responsável pelas finanças dispõe de cinco dias úteis para a sua apreciação e registo, bem como para o remeter à Direção Geral das Alfândegas para efeitos de execução. Os departamentos governamentais responsáveis pelo cumprimento das decisões relativas aos dossiers de candidatura aprovados, dispõem de quarenta e oito horas para a sua execução.

Page 127: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

127

4.4. Principais mecanismos de financiamento

O meio privilegiado para o investimento na Guiné Bissau é a banca comercial do país, a par da banca

comercial do país de origem do investimento.

Portugal dispõe de linhas de crédito específicas de apoio à internacionalização das empresas e à exportação,

sendo de salientar a linha de crédito ao importador do bem com origem em Portugal, com o apoio da Caixa

Geral de Depósitos.

Existem vários mecanismos alternativos para investir na Guiné Bissau, sendo que alguns dos bancos comerciais que operam no país poderão recorrer a financiamento junto de instituições financeiras multilaterais, como o BAfD, o BEI, o Fundo Europeu de Desenvolvimento ou o Banco Mundial, recebendo fundos que permitem a concessão de crédito à economia e às empresas.

Para grandes projetos de investimento com impacto económico em países em desenvolvimento, e cujo plano de investimento permita desenvolver a economia local, existem instrumentos financeiros disponibilizados pelas referidas instituições financeiras multilaterais destinados ao apoio direto às empresas interessadas em realizar investimentos nestes países.

A Guiné-Bissau tem vindo a beneficiar de vários programas de financiamento destinados a potenciar o

desenvolvimento de áreas muito específicas da economia (como por exemplo, sistema educativo, desemprego

jovem, e reabilitação agrícola) disponibilizados numa base pontual pelo BAfD.

Outro instrumento disponível para o financiamento de investimentos de grande dimensão e com reconhecido impacto económico é o Fundo de Cooperação China-Países de Língua Portuguesa.

Este fundo, criado em 2010 com intuito de fortalecer a cooperação e as relações de investimento entre a China e os países de língua Portuguesa, disponibiliza um total de US$ mil milhões para projetos de investimento que promovam a melhoria da qualidade de vida das populações e o desenvolvimento social e económico dos países destinatários do financiamento. Um dos critérios elegíveis para obtenção do financiamento é a aposta na utilização de tecnologia industrial avançada.

O pedido de acesso a este financiamento faz-se através do preenchimento da candidatura por parte da empresa ou investidor interessado, e depende da decisão da comissão de investimento, composta por membros da equipa de gestão do fundo. Os montantes máximos de investimento em cada projeto são determinados pela equipa de gestão do fundo e podem variar entre 5 e 20 US$ milhões.

No que se refere aos veículos de investimentos, o fundo admite a utilização de diversos instrumentos, adaptados em função das caraterísticas das empresas e da natureza dos projetos. Nesse sentido, para além dos instrumentos de capital diretos, tais como ações ordinárias de empresas ou projetos, admite-se ainda investimentos de quase capital (instrumentos híbridos de capital e obrigações convertíveis).

Para além destas entidades, existem na Europa Instituições Financeiras ao Desenvolvimento (IFD), que financiam projetos de investimento em países em desenvolvimento mediante o cumprimento de um conjunto de requisitos, onde se inclui, a contribuição para o desenvolvimento económico do país alvo do investimento a realizar.

Estas instituições representam uma fonte de financiamento importante para investimentos em países em desenvolvimento, uma vez que beneficiam de apoios do Estado Europeu de origem e do acesso a fundos comunitários orientados para o apoio ao desenvolvimento permitindo-lhes financiar projetos de internacionalização de pequenas e médias empresas a condições de mercado mais competitivas, por prazos mais longos e com instrumentos alternativos que permitem diminuir os riscos da operação.

As IFD europeias constituíram uma associação designada por European Development Finance Institutions (EDFI), que no final do ano de 2012, detinha um portfolio de 4.705 projetos num total de cerca de 26 mil milhões de euros, sendo que só no ano de 2012 foram aprovados 4,7 mil milhões de euros a aplicar em 714 novos projetos.

Page 128: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

128

Contudo, nem todas as áreas ou setores de atividades são elegíveis para efeitos de atribuição de financiamento.

Regra geral, os produtos financeiros disponibilizados pelas IFD são:

Empréstimos de longo prazo, com taxas a juros de mercado;

Empréstimos de longo prazo, com taxas a juros bonificados;

Participações de capital;

Financiamento “mezzanine”;

Garantias;

Donativos destinados ao financiamento de atividades específicas nos países de menor rendimento;

Produtos de gestão de risco; Apoio à realização de estudos de sustentabilidade do projeto.

A SOFID é a instituição portuguesa membro da EDFI (Association of European Development Finance

Institutions). A SOFID – Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento60

– é uma sociedade financeira,

de capitais maioritariamente públicos, que tem como missão ajudar a promover o crescimento económico e

social de países emergentes e em vias de desenvolvimento, nomeadamente alguns dos países da CPLP,

como seja a Guiné-Bissau.

Neste âmbito, podem apresentar projetos de investimento à SOFID empresas privadas e públicas, desde que

geridas de forma comercial, e com uma participação acionista portuguesa mínima de 20%, cujos projetos

cumpram os seguintes requisitos:

Investimentos de raiz, ampliações, reabilitações, modernizações ou aquisições de ativos;

Programas setoriais (múltiplos projetos promovidos por um único mutuário, Parcerias Público

Privadas, projetos regionais, parcerias entre empresas/empresários portugueses e de outros países);

Não podem ser projetos com impactos sociais ou ambientais negativos, nem projetos de caráter

especulativo ou que envolvam trabalho infantil, entre outros;

São apoiados todos os setores relevantes para o desenvolvimento sustentado dos países de destino

e que correspondam aos interesses da economia e das empresas portuguesas, mas privilegiados os

setores da agro-indústria, da indústria transformadora, das infraestruturas, da energia, do turismo,

comércio e serviços e ainda o setor financeiro;

O financiamento mínimo é de 250 mil Euros e o máximo é de 2,5 milhões de Euros;

Os mutuários não podem ser sociedades offshore sedeadas em locais que integrem a lista da OCDE

de regimes fiscais privilegiados não cooperantes.

Através da SOFID, é possível também aceder a financiamento no âmbito do Fundo UE-África para as

Infraestruturas, que canaliza fundos do Banco Europeu para o Investimento, quer para entidades privadas quer

para entidades públicas, para investimentos com carácter transfronteiriço ou regional nos setores da energia,

transportes, água, saneamento e tecnologias de informação.

O tipo de financiamento pode variar em função das características das empresas e da natureza dos projetos.

Nesse sentido, para além dos instrumentos de capital direto, tais como aquisição de ações ordinárias de

empresas, admitem-se ainda investimentos de quase capital (ações preferenciais, instrumentos híbridos de

capital e obrigações convertíveis).

60 Nota: As referências a esta entidade devem lidas como SOFID ou como futuro banco de fomento.

Page 129: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

129

4.5. Competitividade da Guiné-Bissau

4.5.1. Atratividade da Guiné-Bissau no contexto regional

No contexto da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados do Oeste Africano) e da ECOWAS

(Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), a Guiné-Bissau é o EM numa das posições mais

baixas no ranking no estudo “Doing Business 2013” do Banco Mundial, no que se refere à facilidade de fazer

negócios (lugar 179 num ranking de189 países).

Tabela 30 - Doing Business 2013 – Posição por país da CEDEAO/ECOWAS

Países Facilidade de

se fazer negócios

Abertura de empresas

Obtenção de alvarás de construção

Obtenção de eletricidade

Registo de propriedade

Obtenção de crédito

Gana 64 112 162 63 45 23

Cabo Verde

122 129 122 106 69 104

Serra Leoa

140 76 173 176 167 83

Gâmbia 147 123 90 119 120 159

Libéria 149 38 126 145 178 104

Mali 151 118 99 115 91 129

Burkina Faso

153 120 64 139 113 129

Togo 156 164 137 89 160 129

Senegal 166 102 133 180 173 129

Benim 175 153 111 141 133 129

Níger 176 167 160 118 87 129

Costa do Marfim

177 176 169 153 159 129

Guiné 178 158 152 88 151 154

Guiné-Bissau

179 148 117 182 180 129

Os fluxos de IDE na Guiné-Bissau, analisados pelo African Economic Outlook do Banco Mundial, revelam que

os valores oficiais de IDE atingiram em 2012 cerca de 16 milhões de dólares.

No contexto da CEDEAO, a Guiné-Bissau é o país que menos IDE recebe, apesar das últimas tentativas do

Governo guineense para tornar o país mais atrativo ao investimento e de potenciar o seu crescimento

económico.

Page 130: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

130

Estes números são em parte explicados pela instabilidade política do país, que tem condicionado a entrada de

fluxos de IDE.

4.6. Principais constrangimentos ao IDE e Exportação

4.6.1. Exportações/Importações – Barreiras aduaneiras: tarifas, barreiras não tarifárias, outros impedimentos

Licenciamento das Importações para a Guiné-Bissau

A Guiné-Bissau integra a UEMOA. No âmbito desta união económica foi criada uma união aduaneira, ao

abrigo da qual foram eliminados os direitos aduaneiros aplicados às trocas comerciais entre os seus EM.

No ano de 2000, foi também criada uma Pauta Aduaneira Externa Comum, baseada no Código Aduaneiro da

Organização Mundial do Comércio, que assenta em 4 categorias de bens:

i. Bens sociais essenciais, material informático, bens de equipamento, bens culturais e científicos –

isentos de direitos aduaneiros;

ii. Matérias-primas, incluindo petróleo e cereal para a agricultura – sujeitos a direitos aduaneiros a uma

taxa de 5% sobre o valor da mercadoria;

iii. Produtos intermédios, incluindo veículos – sujeitos a direitos aduaneiros a uma taxa de 10% sobre o

valor da mercadoria;

iv. Bens de consumo final – sujeitos a direitos aduaneiros a uma taxa de 20% sobre o valor da

mercadoria.

Para além destas tarifas alfandegárias, poderão ainda ser cobrados vários impostos/taxas, tais como a Taxa

Estatística (1%), Imposto Comunitário de Solidariedade (1%), Taxa CEDEAO (0,5%), Imposto Especial sobre o

Consumo (variável em função do tipo de produtos), IVA (15%) e Emolumentos pelos Serviços Aduaneiros.

Para que uma empresa possa exportar para a Guiné-Bissau, terá de apresentar às autoridades competentes a

fatura comercial e o certificado de origem (em formato EUR1 para produtos com origem na UE), este último

apenas quando for solicitado. É ainda necessária uma licença de importação para fins estatísticos, emitida

automaticamente pelo Ministério do Comércio, do Turismo e Artesanato. Tratando-se de plantas e derivados é

ainda necessário apresentar um certificado fitossanitário.

Uma vez que não existem requisitos específicos de normalização e qualidade na Guiné-Bissau, é usual os

importadores cumprirem os requisitos previstos na legislação portuguesa, norte-americana ou britânica.

Adicionalmente, não existe regulamentação específica relativa a rotulagem ou embalagem, sendo comum a

observação das regras previstas na legislação portuguesa.

Para incentivar o investimento estrangeiro existem algumas isenções de direitos aduaneiros para empresas

registadas na DGPIP (Direção Geral de Promoção do Investimento Privado), que incidem sobre a importação

temporária ou definitiva de bens ou equipamentos necessários para a realização dos negócios, e também

sobre a importação de matérias-primas e subsidiárias necessárias à produção, durante os 2 primeiros anos de

implementação do projeto.

Page 131: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

131

4.6.2. Entrada e saída de capitais

Regras gerais do regime cambial

No âmbito do regime cambial, são consideradas operações cambiais:

A compra e venda de moeda estrangeira e qualquer outra operação que envolva a aquisição ou

alienação de meios de pagamento sobre o estrangeiro;

As operações sobre ouro amoedado, em barra ou outras formas não trabalhadas;

A liquidação de transações de mercadorias, invisíveis correntes e de capitais celebrados entre

residentes e não residentes;

A abertura e movimentação, por não residentes, de depósitos bancários em moeda estrangeira, em

instituições bancárias da Guiné-Bissau;

A abertura e movimentação por residentes, de depósitos bancários em moeda estrangeira, no país e

no estrangeiro.

Para poderem operar no mercado cambial, as entidades devem requerer uma autorização junto do Banco

Central Guineense, sendo que podem ser autorizadas a exercer a sua atividade neste campo as instituições

do sistema cambial e as casas de câmbio regularmente constituídas.

As entidades autorizadas a exercer a atividade cambial não podem celebrar entre si, com instituições

financeiras estrangeiras ou com outras entidades, acordos ou contratos de que possa resultar uma situação de

domínio sobre o mercado cambial ou alterações no funcionamento deste.

Apenas os residentes detentores de moeda estrangeira a podem ceder livremente a entidades autorizadas a

exercer o comércio de câmbios, sem ter que justificar a respetiva proveniência. As pessoas/entidades não

residentes devem declarar às autoridades alfandegárias, à sua chegada, o montante da moeda estrangeira de

que são portadores.

Page 132: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

132

4.6.3. Sistema Fiscal

A legislação fiscal guineense encontra-se dispersa por diversos Códigos e Regulamentos, alguns dos quais

antigos. No entanto, encontra-se em curso um estudo com vista à implementação de uma reforma fiscal.

De acordo com os dados do FMI, a Guiné-Bissau é um dos países que apresenta uma das taxas de eficiência

fiscal mais baixa (medida em função das receitas efetivas em relação ao PIB).

Tabela 31 - Quadro resumo com os principais impostos da Guiné-Bissau

Imposto Taxa Incidência subjetiva Incidência objetiva

Contribuição industrial

25%

Pessoas singulares ou coletivas titulares de rendimentos provenientes das atividades objeto de tributação por este imposto, que tenham no país a sua sede social ou alguma forma de representação permanente, e as que, residindo no estrangeiro, desenvolvam no país ações pelas quais lhe sejam devidos pagamentos ou créditos por entidades residentes (no país).

Rendimentos provenientes do exercício de atividades de natureza comercial ou industrial, com caráter empresarial, incluindo as prestações de serviço que não estejam sujeitais a Imposto Profissional;

Rendimentos provenientes da atividade de pesquisa, desenvolvimento e exploração de hidrocarbonetos líquidos ou gasosos

Imposto profissional

Trabalhadores por conta de outrem:

Taxas variáveis entre 1 % e 12%

Todos os indivíduos que aufiram rendimentos de trabalho no território da República da Guiné-Bissau, ainda que nele não tenham a sua residência permanente, por trabalho aí prestado ou pelo exercício, ainda que ocasional, no mesmo território, de qualquer profissão liberal, constante da tabela de profissões anexa ao Código de Imposto Profissional.

Rendimentos de trabalho, em dinheiro ou espécie, quer resultem de relações de trabalho subordinado, de contrato de prestação de serviços ou do exercício de uma profissão liberal por conta própria.

Trabalhadores por conta própria:

Taxas variáveis entre 10% e 25%

Imposto Geral sobre vendas e serviços (IGV)

10%

As pessoas singulares sem vínculo de emprego (trabalhadores independentes) ou coletivas que desenvolvam uma atividade de produção, comércio ou de prestação de serviços do IGV;

As pessoas singulares ou coletivas que, segundo a legislação aduaneira, procedam à importação de bens;

As pessoas singulares ou coletivas que, em fatura ou documento equivalente, mencionem indevidamente IGV;

Transmissões de bens móveis corpóreos efetuadas no território nacional, a título oneroso, por um sujeito passivo agindo como tal;

Importações de bens;

Prestações de serviços em geral, efetuadas no território nacional ou a entidades estabelecidas no território nacional, a título oneroso, por um sujeito passivo agindo como tal.

Page 133: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

133

Imposto Taxa Incidência subjetiva Incidência objetiva

O Estado, demais pessoas coletivas de direito público e bem assim as empresas concessionárias, quando desenvolverem uma atividade sujeita à tributação em sede de IGV;

São, ainda, sujeitos passivos, na condição de responsáveis pelo pagamento do imposto:

Toda a pessoa singular ou coletiva, assim como transportadores, armazenistas e depositários que detenham a posse de bens sujeitos a IGV e que não estejam acompanhados de documentação comprovativa da sua aquisição na forma de lei, ou de sua entrada legal no país, com o efetivo pagamento do imposto devido, se for o caso;

Beneficiários de serviços de qualquer natureza localizados no território nacional, quando o prestador estiver localizado no estrangeiro.

São contribuintes-substitutos aqueles que, por expressa disposição legal e para além de ter a obrigação do imposto devido nas operações por eles realizadas, forem incumbidos de efetuar a liquidação e retenção do IGV referente a clientes, nomeadamente, retalhistas, ou prestadores de serviços sediados fora do território nacional, na forma em que for regulamentado em ato administrativo próprio, submetido ao Conselho de Ministros.

Imposto de capitais

25 % (exceto no caso de lucros ou dividendos atribuídos aos sócios, lucros auferidos nas contas em participação e rendimentos provenientes da concessão ou cedência de patentes, em que a taxa é 10%)

Juros de capitais mutuados;

Juros de mora;

Lucros ou dividendos atribuídos aos sócios;

Lucros auferidos nas contas em participação;

Juros de depósitos confiados a entidades legalmente autorizadas a recebê-los;

Juros de suprimentos;

Juros de conta corrente;

Juros de obrigações;

Rendimento de trespasse;

Page 134: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

134

Imposto Taxa Incidência subjetiva Incidência objetiva

Royalties;

Quaisquer outros rendimentos de capitais.

Para além destes, existem outros impostos, tais como o imposto complementar, imposto de turismo, imposto

de selo, imposto sobre a venda ao público de combustíveis, imposto extraordinário sobre a castanha de caju,

contribuição predial e o imposto do consumo e fabrico.

Atualmente, a Guiné-Bissau tem em vigor um único acordo para evitar a dupla tributação internacional, que foi

celebrado com Portugal.

4.6.4. Obtenção de vistos

Existem vários tipos de vistos para a entrada na Guiné-Bissau:

i. Visto de trânsito – Este é concedido ao cidadão estrangeiro que, para chegar ao país de destino,

tenha de desembarcar na Guiné-Bissau, sendo válido por 4 meses, prorrogáveis, e para uma única

entrada. Para a obtenção deste visto o cidadão estrangeiro deverá apresentar o passaporte ou

documento equivalente com visto para o país de destino ou fazer prova de não exigência de tal visto,

bem como apresentar o bilhete de passagem para esse país.

ii. Visto de turismo – Concedido ao cidadão estrangeiro que, a título recreativo ou de visita, se desloque

à Guiné-Bissau. É válido por 60 dias prorrogáveis, no máximo 2 vezes e por iguais períodos, e deve

ser utilizado nos 180 dias subsequentes à sua concessão. Por acordo entre as partes, este visto pode

não ser exigido a nacionais de países que não requeiram o mesmo aos guineenses (tratamento

recíproco).

iii. Visto temporário – Concedido aos cidadãos estrangeiros que se desloquem à Guiné-Bissau em

missão de estudo ou de negócios, ao abrigo de acordos de cooperação ou sob regime de contrato de

serviço do Estado ou de pessoas coletivas públicas da Guiné-Bissau. É válido por 180 dias, ou o

correspondente à duração da missão ou contrato, podendo ser prorrogado por igual período da

concessão ou pelo tempo que se estender a missão ou o contrato, devendo ser utilizado nos 90 dias

subsequentes à sua concessão.

iv. Visto de residência – É concedido aos estrangeiros que desejem fixar-se habitualmente no território

nacional. Assim, é concedido aos estrangeiros que sejam autorizados a residir no país uma

autorização de residência com a validade de um ano, a qual servirá de prova da sua identidade,

quando requerida. Aos estrangeiros residentes na Guiné-Bissau há 5, 10 ou 20 anos consecutivos,

poderá ser concedida uma autorização de residência para períodos superiores a 3 e 5 anos ou vitalício

nos termos a regulamentar.

v. Visto de cortesia, Visto oficial e Visto diplomático – Concedidos pelas Missões Diplomáticas da Guiné-

Bissau, devendo ser utilizados dentro dos 90 dias subsequentes à sua concessão, podendo, no

entanto, ser emitidos pelos postos consulares de carreira da Guiné-Bissau em países onde não

existam missões diplomáticas. É válido por 60 dias para múltiplas entradas.

Os vistos referidos são emitidos pelas Missões Diplomáticas, pelos Postos Consulares e pelos Consulados

Honorários (se autorizados para tal), exceto no que respeita ao visto de residência que é emitido pelo

Ministério do Interior.

Não obstante, não carecem de visto de entrada no território guineense:

Page 135: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

135

Os estrangeiros titulares dos documentos referidos em acordos bilaterais, leis ou convenções

internacionais, de que a Guiné-Bissau seja parte;

Os estrangeiros com autorização de residência válida;

Os estrangeiros cujos países mantêm com a Guiné-Bissau acordos de supressão de vistos ou de livre

circulação de pessoas;

Os cônsules honorários da Guiné-Bissau.

4.6.5. Modelos de cobertura de riscos financeiros, operacionais, propriedade Apesar de não ser obrigatório, é aconselhável obter um contrato de seguro sobre as mercadorias e bens com

destino à Guiné-Bissau.

A cobertura de risco das exportações de Portugal para a Guiné-Bissau poderá ser realizada por empresas seguradoras privadas tendo em consideração que, no caso dos seguros de créditos com Garantia do Estado, o operador único, por protocolo com o Estado Português, é a empresa Companhia de Seguro de Créditos (COSEC) que, para além do seguro de crédito à exportação dispõe de um mecanismo de garantias de seguro de caução.

Contudo, esta cobertura não tem sido possível numa apólice global, relativamente a exportações para a Guiné Bissau.

4.6.6. Sistema jurídico e judiciário

O sistema judiciário guineense comporta um duplo grau de jurisdição: o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e

os Tribunais Regionais de 1ª Instância.

O STJ, com a sua sede em Bissau, é competente em matéria cível, penal e social e contencioso

administrativo, enquanto os Tribunais Judiciais de 1ª Instância são os Tribunais Regionais e os Tribunais de

Setor, que se encontram distribuídos por zonas (centro, norte, sul e leste).

A alçada dos Tribunais Regionais e dos Tribunais de Setor em matéria cível é de 3.000.000 e 1.500.000

Francos CFA (4.500 e 2.250 Euro, respetivamente). Os Tribunais Judiciais de 2ª Instância são os Tribunais da

Relação, que se organizam em Câmaras.

O órgão de soberania com competência para administrar a justiça em nome do povo nos litígios procedentes

das relações jurídicas administrativas é o Tribunal Administrativo.

Formas societárias

Na Guiné-Bissau, as sociedades são reguladas pelo Ato Uniforme Relativo ao Direito das Sociedades

Comerciais e ao Agrupamento de Interesse Económico da Organização para a Harmonização em África do

Direito dos Negócios (OHADA) e devem adotar uma das seguintes tipologias:

Sociedade em Comandita Simples;

Sociedade de Responsabilidade Limitada;

Sociedade Anónima.

Page 136: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

136

4.6.7. Resolução extrajudicial de litígios

A Guiné-Bissau tem implementado um regime de Arbitragem Voluntária cuja finalidade é constituir um meio

alternativo de justiça para resolver litígios entre pessoas particulares relativos a direitos patrimoniais. Não

obstante, a Guiné-Bissau não aderiu à Convenção de Nova Iorque para o Reconhecimento e Execução de

Sentenças Arbitrais Estrangeiras, o que inviabiliza o reconhecimento imediato das sentenças emanadas ao

abrigo do regime da Arbitragem Voluntária.

4.7. Principais características dos acordos da Guiné-Bissau no domínio do comércio e investimento

4.7.1. Protocolos existentes na CEDEAO e posicionamento da Guiné-Bissau face aos mesmos.

A CEDEAO conta com mais de 20 instrumentos de cooperação entre os EM, dos quais 2 protocolos foram

retificados inúmeras vezes.

Tabela 32 – Situação da Guiné-Bissau face aos acordos e protocolos existentes na CEDEAO

Tipo de Acordo Âmbito e Descrição do Acordo

Protocolos da CEDEAO Assinados pela Guiné-Bissau

1- Protocolo sobre democracia e boa governação;

2- Protocolo relativo à definição do conceito de produtos originários dos EM da CEDEAO;

3- Protocolo relativo à aplicação de compensação pela perda de rendimentos tida pelos EM da CEDEAO;

4- Protocolo relativo ao mecanismo de prevenção, gestão, resolução, manutenção da paz e segurança;

5 – Protocolo relativo à forma e estabelecimento de empresas na CEDEAO;

Outros Protocolos da CEDEAO (sem informação disponível sobre a efetiva assinatura pela Guiné-Bissau)

6- Protocolo relativo à livre circulação de pessoas, direito de residência e estabelecimento;

7- Protocolo sobre a Energia;

8 – Protocolo relativo à definição da condição dos Cidadãos da CEDEAO;

9 – Protocolo relativo ao Fundo de Cooperação, Remuneração e Desenvolvimento da CEDEAO;

10 - Protocolo relativo à reexportação dentro da CEDEAO de Bens importados de países terceiros;

11 – Protocolo de avaliação da perda de receita dos EM da CEDEAO.

Page 137: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

137

4.7.2. Acordos essenciais da Guiné-Bissau na área do comércio (ACI, APPRI, ADT)

Há um conjunto de acordos bilaterais que são essenciais para compreender os mecanismos que poderão

facilitar o acesso dos investidores portugueses aos mercados: os acordos comerciais de investimento, os

acordos de promoção e proteção recíproca de investimentos e os acordos para evitar a dupla tributação.

Tabela 33 - Acordos Bilaterais de Guiné-Bissau

Tipo de Acordos Acordos assinados mas que ainda não estão em vigor

Acordos em vigor

Acordos de Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos

Gâmbia Portugal

Acordos para Evitar a Dupla Tributação

Não Portugal

A Guiné-Bissau integra a UEMOA, juntamente com Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Mali,

Níger, Senegal e Togo.

A Guiné-Bissau faz parte da Zona Franco-Africana, partilhando com os restantes EM uma moeda

comum (o Franco CFA);

A Guiné-Bissau faz parte da Organização Mundial do Comércio desde 31 de maio de 1995;

A Guiné-Bissau é membro da Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (MIGA);

A Guiné-Bissau é membro da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) e aderiu ao seu

código de classificação internacional de patentes e registro de marcas, sendo igualmente membro da

Organização Africana da Propriedade Intelectual (OAPI);

Guiné-Bissau faz parte da União Africana, do Banco Africano de Desenvolvimento (BAfD), do Banco

Islâmico de Desenvolvimento (BisD) e do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento

(BIRD);

Guiné-Bissau retificou a Convenção de Paris para a proteção da propriedade industrial e propriedade

intelectual para a proteção de marcas e patentes, bem como a Convenção de Berna para a Proteção

da propriedade Literária e Artística;

Guiné-Bissau aderiu ao Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes – PCT.

4.7.3. Acordos entre os Estados Unidos e a Guiné-Bissau – AGOA

A Lei de Crescimento e Oportunidades para África (AGOA), aprovada em 2000, tem vindo a permitir desde

então a exportação de bens e produtos para os EUA, com isenção de taxas alfandegárias. Para beneficiarem

deste regime fiscal é necessário que os produtos sejam originários de países africanos, e que os países sejam

reconhecidos como estando a implementar medidas que possibilitem uma economia de mercado livre e com

políticas democráticas.

Page 138: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

138

4.7.4. Acordos entre a União Europeia e a Guiné-Bissau

O Acordo Cotonu

O Acordo Cotonu, assinado por 79 países em 2000, é o principal instrumento para a prestação de assistência

pela UE em matéria de cooperação para o desenvolvimento com os Estados de África, das Caraíbas e do

Pacífico (ACP), e de cooperação da UE com os países e territórios ultramarinos.

O Acordo Cotonu tem por objetivo promover e acelerar o desenvolvimento económico, cultural e social dos

países ACP e trouxe uma nova visão da cooperação. A nova parceria combina a ajuda para o

desenvolvimento, a dimensão política e os aspetos comerciais. O seu principal objetivo é a redução da

pobreza nos Estados ACP do qual faz parte a Guiné-Bissau.

O Acordo Cotonou previu a criação de um importante instrumento financeiro de apoio aos seus objetivos, o

Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED).

O Acordo Cotonu prevê também a promoção de instrumentos de dinamização do IDE para os países ACP:

Promoção do investimento:

Apoio e financiamento dos investimentos nos países ACP, através de subsídios para

assistência financeira e técnica, serviços de assessoria e consultoria, capitais de risco para

participações no capital ou operações assimiláveis, garantias de apoio a investimentos

privados, nacionais e estrangeiros, bem como empréstimos e linhas de crédito, empréstimos a

partir dos recursos próprios do Banco Europeu de Investimento;

Criação de instrumentos de garantias de investimento, através crescente da disponibilização e

utilização, entre outros, de:

Seguros de risco enquanto mecanismo de diminuição do risco, no intuito de aumentar a

confiança dos investidores nos Estados ACP;

Fundos de garantia para cobrir os riscos associados a investimentos elegíveis, em especial,

regimes de resseguros destinados a cobrir o IDE realizado por investidores elegíveis;

Proteção dos investimentos, a promoção de acordos de promoção e de proteção dos

investimentos que possam igualmente constituir a base de sistemas de seguro e de garantia.

Estes mecanismos de apoio às empresas têm vindo a ser promovidos, entre outros, pelas Instituições

Financeiras para o Desenvolvimento.

Outros Acordos

Além do Acordo Cotonu, existe um conjunto de outras convenções e compromissos políticos assinados entre a

UE e a Guiné-Bissau.

Entres estes contam-se a Declaração de Paris sobre a eficácia da ajuda, de 2 de Março de 2005, e

instrumentos subsequentes, e a Parceria Estratégica África-UE de 2007.

Page 139: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

139

5.CPLP

Atratividade da Guiné-Bissau

no contexto da CPLP

Page 140: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

140

5. Atratividade da Guiné-Bissau no contexto da

CPLP

A Guiné-Bissau não tem qualquer representatividade nos fluxos de IDE como aliás espelham os resultados do

estudo Doing Business, relativamente à posição ocupada pela Guiné-Bissau nos vários indicadores, sendo de

salientar que ocupa a última posição no que respeita à facilidade de realização de negócios, obtenção de

eletricidade ou o período de tempo necessário para a constituição de uma empresa.

Tabela 34 - Doing Business 2013 – Posição por país da CPLP

Países Facilidade de

fazer negócios

Abertura de empresas

Obtenção de alvarás de construção

Obtenção de eletricidade

Registo de propriedade

Obtenção de crédito

Portugal 30 31 78 35 30 104

Cabo Verde 122 129 122 106 69 104

Brasil 130 121 131 60 109 104

Moçambique 146 96 135 174 155 129

São Tomé e Príncipe

160 100 91 72 161 180

Timor-Leste 169 147 116 40 185 159

Angola 172 171 124 113 131 129

Guiné-Bissau 179 148 117 182 180 129

Fonte: http://www.doingbusiness.org/custom-query#Economies

A intensificação das trocas comerciais exige complementaridade industrial das economias, implicando níveis

de especialização diferenciada entre parceiros.

Tabela 35 - TCI (Trade Complementary Index) da CPLP e RAE Macau (%)61

Fonte: Cálculo realizado pela PwC com base nos dados do UNCTAD, UNCTADstat

61

O Trade Complementary Index (TCI) é um indicador utilizado para medir a compatibilidade do perfil comercial, através da comparação das estruturas de exportação e de importação entre países. Índices mais elevados revelam potenciais de complementaridade superiores e maior correspondência entra a estrutura de exportações/importações dos 2 países. TCI nulo é sinónimo de não complementaridade.

Angola Brasil Cabo Verde Guiné-Bissau Moçambique São Tomé e

Príncipe Timor Leste Portugal Macau

Angola 5 1 2 4 2 1 80 0Brasil 40 32 19 31 24 23 47 13

Cabo Verde 6 5 3 8 4 3 2 7Guiné-Bissau 2 5 3 4 1 1 1 0

Moçambique 15 12 13 10 11 10 9 9

São Tomé e Príncipe 18 13 18 19 19 6 3 8

Timor Leste 5 1 5 3 7 4 1 4

Portugal 83 48 72 38 66 51 37 35

Macau 11 8 9 5 12 6 5 1

País

impo

rtad

or

País exportador

Page 141: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

141

O nível de complementaridade comercial das economias da CPLP e RAE Macau é muito baixo, excetuando o

relacionamento entre Portugal e Angola.

De facto apenas 2,9% das exportações dos países da CPLP se destinam a outros países da CPLP, peso

relativo que tem vindo a reduzir-se desde 2008. Apesar das exportações intrarregião evidenciarem um

decréscimo médio anual 0,4% de 2008 a 2012, verifica-se uma retoma favorável das exportações intrarregião

de 20,8% (crescimento médio anual) a partir de 2010.

Verifica-se um elevado potencial de complementaridade recíproco no relacionamento comercial entre alguns

países da CPLP.

O índice de complementaridade entre Portugal e Angola (83 pts e 80 pts) revela uma relação potencial

biunívoca.

A estrutura de importações de Portugal poderá também potenciar as suas relações com o Brasil (48 pts),

Guiné-Bissau (38 pts), Moçambique (66 pts), São Tomé e Príncipe (51 pts) e Timor Leste (37 pts). Por seu

lado a estrutura de importações do Brasil poderá apresentar algum grau de complementaridade com as

estruturas exportadoras de Angola (40 pts) e Portugal (47 pts). Por outro lado, o índice de complementaridade

entre Portugal e Cabo Verde evidencia uma relação potencial unívoca, apresentando um grau de

complementaridade de 72 pts.

De facto, é notório que a alavancagem comercial intra-CPLP poderá ser potenciada fundamentalmente por 2

motores, por Angola - país com maior relevância nas exportações intrarregião e por Portugal – país CPLP que

mais destaca nas importações intrarregião.

Nesta medida Portugal poderá potenciar-se como hub comercial da CPLP, assumindo um papel fundamental

de porta de entrada para os países da CPLP e destes para a UE.

Page 142: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

142

Guiné-Bissau – Valor total das importações US$ 227 milhões, 2012

Principais produtos importados Potenciais fornecedores

CPLP

Alimentos

Cereais

Bebidas não alcoólicas

Produtos comestíveis e preparações

Gorduras vegetais e óleo refinado

Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio

Brasil

Portugal1

Combustíveis minerais

Os óleos de petróleo ou de minerais

betuminosos> óleo de 70%

Óleos brutos de petróleo, materiais em bruto

Angola

Brasil

Timor-Leste2

Maquinaria e equipamento

de transporte

Equipamento eletrónico

Veículos automóveis

Geradores

Veículos a motor para transporte de

mercadorias

Equipamento de telecomunicação

Brasil

Portugal

Matéria prima (exceto

combustíveis)

Pedra, areia e cascalho

Materiais de construção (cimento)

Açúcar, melaço e mel

Brasil

Portugal

Bebidas e tabaco

Bebidas alcoólicas

Bebidas não alcoólicas

Tabaco

Brasil

Portugal

Angola

Produtos manufaturados

Tubos e perfis ocos, acessórios de ferro e aço

Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e

seções

Válvulas e tubos catódicos

Produtos laminados planos, ferro, de aço não

ligado, revestidos, folheados

Brasil

Portugal

Produtos químicos Sabonetes, limpeza e produtos de polimento Brasil

Portugal

Outros artigos

manufaturados Mobiliário e peças Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat 1Petróleo refinado

2 Indiretamente, produz matéria prima

Alguns dos produtos com potencial de produção local*

Alimentos

Cereais

Arroz

Castanha do Caju

Borracha natural *Para mais dados ver setores.

Page 143: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

143

Page 144: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

144

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Caracterização dos países membros da CEDEAO ............................................................................................... 26

Tabela 2 - TCI (Trade Complementary Index) intra-CEDEAO ................................................................................................ 40

Tabela 3 - Comunidades económicas regionais em perspetiva (2012) .................................................................................. 41

Tabela 4 - Investimento Direto Estrangeiro nos países-membros da CEDEAO – inward , 2008-2012 .................................. 48

Tabela 5 – Indicadores sociais (2012) .................................................................................................................................... 59

Tabela 6 - Principais rubricas dos Orçamentos de Estado ..................................................................................................... 61

Tabela 7 - Notação de crédito da dívida pública nigeriana ..................................................................................................... 62

Tabela 8 - Contribuição para o PIB e crescimento dos setores de atividade na Nigéria, em 2012 e 2013 ............................ 63

Tabela 9 - Objetivos NV20 ..................................................................................................................................................... 66

Tabela 10 – Objetivos do 1.º Plano de Implementação .......................................................................................................... 66

Tabela 11 – Quadro macroeconómico de base para o NV20 ................................................................................................. 66

Tabela 12 - Realizações e desafios dos setores de infraestruturas ....................................................................................... 70

Tabela 13 - Indicadores das infraestruturas rodoviárias da Nigéria comparados com países africanos de baixo e de médio

rendimento, com referência a 2006 ........................................................................................................................................ 72

Tabela 14 - Indicadores das infraestruturas ferroviárias para a Nigéria e outros países selecionados, com referência a 2006

............................................................................................................................................................................................... 73

Tabela 15 - Indicadores de referência para o transporte aéreo para a Nigéria e outros países selecionados ....................... 74

Tabela 16 - Indicadores energéticos de referência ................................................................................................................ 76

Tabela 17 – Desafios identificados pelo Governo no setor energético ................................................................................... 77

Tabela 18 – Saneamento básico na Nigéria ........................................................................................................................... 78

Tabela 19 - Abertura da economia de Nigéria ........................................................................................................................ 85

Tabela 20 – Setores de forte crescimento potencial .............................................................................................................. 93

Tabela 21 – Acesso ao setor bancário ................................................................................................................................... 95

Tabela 22 – Obtenção de crédito ........................................................................................................................................... 95

Tabela 23 – Taxas de juro de referência ................................................................................................................................ 96

Tabela 24 – Ajuda Pública ao Desenvolvimento bilateral Portugal – Guiné-Bissau (em EUR) ............................................ 100

Tabela 25 – Volume da dívida externa (em US$ milhões) ................................................................................................... 100

Tabela 26 – Reservas mínimas – Coeficiente de reservas .................................................................................................. 101

Tabela 27 – Evolução da taxa de juro (taxas anuais, em percentagem) .............................................................................. 102

Tabela 28 - Abertura da economia de Guiné-Bissau ............................................................................................................ 109

Tabela 29 – IDE na Guiné-Bissau: projetos greenfield de maior dimensão, anunciados entre 2003-2010 .......................... 116

Tabela 30 - Doing Business 2013 – Posição por país da CEDEAO/ECOWAS .................................................................... 129

Tabela 31 - Quadro resumo com os principais impostos da Guiné-Bissau .......................................................................... 132

Tabela 32 – Situação da Guiné-Bissau face aos acordos e protocolos existentes na CEDEAO ......................................... 136

Tabela 33 - Acordos Bilaterais de Guiné-Bissau .................................................................................................................. 137

Tabela 34 - Doing Business 2013 – Posição por país da CPLP ........................................................................................... 140

Tabela 35 - TCI (Trade Complementary Index) da CPLP e RAE Macau (%) ....................................................................... 140

Page 145: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

145

Índice de Gráficos

Gráfico 1 – PIB por setor - CEDEAO ..................................................................................................................................... 27

Gráfico 2 - Crescimento médio anual países CEDEAO 2008-2012 ....................................................................................... 28

Gráfico 3 - Contribuição de cada EM para o PIB da CEDEAO, 2008 e 2012 ......................................................................... 28

Gráfico 4 – Evolução das economias da região 2008-2012 ................................................................................................... 29

Gráfico 5 - Relação entre crescimento do PIB e variação no global competitiveness index 2008-2013 ................................ 30

Gráfico 6 - PIB por setor 2011 - Nigéria ................................................................................................................................. 32

Gráfico 7 - PIB por setor 2011 - Gana .................................................................................................................................... 32

Gráfico 8 - PIB por setor 2012 - Benim ................................................................................................................................... 33

Gráfico 9 - PIB por setor 2012 – Guiné-Bissau ...................................................................................................................... 33

Gráfico 10 - PIB por setor 2012 – Libéria ............................................................................................................................... 34

Gráfico 11 – PIB por setor 2012 - Togo .................................................................................................................................. 34

Gráfico 12 - PIB por setor 2012 - Mali .................................................................................................................................... 35

Gráfico 13 - PIB por setor 2012 - Senegal .............................................................................................................................. 35

Gráfico 14 - PIB por setor 2011 – Burkina Faso ..................................................................................................................... 36

Gráfico 15 PIB por setor 2011 – Costa do Marfim .................................................................................................................. 36

Gráfico 16 - PIB por setor 2012 – Guiné ................................................................................................................................ 37

Gráfico 17 - PIB por setor 2011 – Níger ................................................................................................................................. 37

Gráfico 18 - PIB por setor 2012 – Serra Leoa ........................................................................................................................ 38

Gráfico 19 - PIB por setor 2010 – Cabo Verde ....................................................................................................................... 38

Gráfico 20 - PIB por setor 2011 – Gâmbia ............................................................................................................................. 39

Gráfico 21 - Evolução do comércio intra-CEDEAO vs. Evolução do PIB da região ............................................................... 41

Gráfico 22 - Peso das exportações/importações intra-CEDEAO no total da região, 2012 ..................................................... 42

Gráfico 23 - Produtos transacionados intra-CEDEAO (2012) ................................................................................................. 42

Gráfico 24 - Evolução das importações da CEDEAO e principais países de destino, 2008-2012 .......................................... 43

Gráfico 25 - Importações da CEDEAO dos países da CPLP ................................................................................................. 44

Gráfico 26 - Importações CEDEAO de Portugal (2012) ......................................................................................................... 45

Gráfico 27 - Importações CEDEAO do Brasil (2012) .............................................................................................................. 45

Gráfico 28 - Exportações da CEDEAO para a CPLP ............................................................................................................. 46

Gráfico 29 - Exportações CEDEAO para Portugal (2012) ...................................................................................................... 46

Gráfico 30 - Exportações CEDEAO para Brasil (2012) .......................................................................................................... 46

Gráfico 31 - IDE na CEDEAO - inward e outward, 2008-2012 ............................................................................................... 47

Gráfico 32 - Representação da percentagem do PIB dos EM na CEDEAO ........................................................................... 59

Gráfico 33 – Evolução anual do PIB, em milhares US$ ......................................................................................................... 60

Gráfico 34 - Taxa média anual de desemprego, em percentagem ......................................................................................... 60

Gráfico 35 - Dívida pública bruta, em milhares de milhões de NGN ...................................................................................... 62

Gráfico 36 - Dívida pública bruta, em percentagem do PIB .................................................................................................... 62

Gráfico 37 - Contribuição para o PIB dos setores de atividade na Nigéria (2012) ................................................................. 63

Gráfico 38 - Crescimento e contribuição para o PIB dos setores de atividade na Nigéria (2012 e 2013) .............................. 64

Gráfico 39 - Crescimento anual do PIB real ........................................................................................................................... 65

Gráfico 40 - Evolução das importações de Nigéria e principais países de origem, 2008-2012 .............................................. 85

Gráfico 41 - Importações da Nigéria - Top produtos, 2012 ..................................................................................................... 86

Gráfico 42 - Importações da Nigéria à CPLP ......................................................................................................................... 87

Gráfico 43 - Importações da Nigéria provenientes do Brasil (2012) ....................................................................................... 88

Gráfico 44 - Importações de Nigéria provenientes de Portugal (2012) ................................................................................... 89

Gráfico 45 - Evolução das exportações da Nigéria e principais países de destino, 2008-2012 ............................................. 90

Gráfico 46 - Exportações da Nigéria para a CPLP ................................................................................................................. 90

Gráfico 47 - Fluxos de IDE na Nigéria, 2008-2012 ................................................................................................................. 93

Gráfico 48 - Taxa de inflação, variação anual em percentagem ............................................................................................ 96

Gráfico 49 - Representação da percentagem do PIB dos EMs na CEDEAO ......................................................................... 98

Gráfico 50 – Crescimento anual do PIB da Guiné-Bissau (últimos 4 anos) ............................................................................ 99

Gráfico 51 – Fatores de variação da liquidez (variação em % do stock inicial da massa monetária) ................................... 102

Gráfico 52 – Taxa de câmbio efetiva (índices base 100:2000, médias mensais) ................................................................. 103

Page 146: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

146

Gráfico 53 – Variação anual do PIB guineense (projeções a partir de 2013) ....................................................................... 103

Gráfico 54 – PIB guineense por setor .................................................................................................................................. 105

Gráfico 55 - Importações da Guiné-Bissau por país de origem ............................................................................................ 110

Gráfico 56 - Importações da Guiné-Bissau a países da CPLP ............................................................................................. 110

Gráfico 57 - Importações da Guiné-Bissau - Top produtos .................................................................................................. 111

Gráfico 58 - Estrutura de importações da Guiné-Bissau ...................................................................................................... 111

Gráfico 59 - Importações da Guiné-Bissau a Portugal ......................................................................................................... 112

Gráfico 60 - Importações da Guiné-Bissau ao Brasil ............................................................................................................ 113

Gráfico 61 - Evolução das exportações da Guiné-Bissau e principais países de destino .................................................... 114

Gráfico 62 - Exportações da Guiné-Bissau para a CPLP .................................................................................................... 114

Gráfico 63 - Exportações da Guiné-Bissau para Portugal .................................................................................................... 115

Gráfico 64 - Fluxos de IDE na Guiné-Bissau ........................................................................................................................ 116

Page 147: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

Guiné Bissau. Integração regional na CEDEAO e relacionamento com os países da CPLP

147

Índice de Figuras

Figura 1 – Principais etapas históricas na criação da CEDEAO ............................................................................................ 22

Figura 2 - Países que integram a CEDEAO ........................................................................................................................... 23

Figura 3 – Índice de competitividade global ........................................................................................................................... 30

Figura 4- Estimativas de crescimento do PIB em África ......................................................................................................... 31

Figura 5 - O Estado das Infraestruturas em África - Nigéria ................................................................................................... 68

Figura 6 - Recursos naturais .................................................................................................................................................. 69

Figura 7 - Cobertura nacional da rede de transportes da Nigéria ........................................................................................... 71

Figura 8 - Infraestrutura da rede de eletricidade da Nigéria ................................................................................................... 76

Figura 9 - Infraestruturas de irrigação da Nigéria ................................................................................................................... 77

Figura 10 - Cobertura das redes TIC ...................................................................................................................................... 79

Figura 11 - Principais importações da Nigéria provenientes do Brasil (2012) ........................................................................ 87

Figura 12 - Principais importações da Nigéria provenientes de Portugal (2012) .................................................................... 88

Figura 13 - Principais exportações da Nigéria para o Brasil (2012) ....................................................................................... 91

Figura 14 - Principais exportações da Nigéria para Portugal (2012) ...................................................................................... 91

Figura 15 - Estrutura acionista bancária em África ................................................................................................................. 94

Figura 16 - Contas bancárias (% +15 anos) em África ........................................................................................................... 95

Figura 17 – Mapa rodoviário guineense ............................................................................................................................... 107

Figura 18 – Principais importações da Guiné-Bissau a Portugal (2012) .............................................................................. 112

Figura 19 - Principais importações da Guiné-Bissau ao Brasil ............................................................................................. 113

Figura 20 - Principais exportações da Guiné-Bissau para Portugal ..................................................................................... 115

Figura 21 – Estrutura acionista bancária em África .............................................................................................................. 118

Figura 22 - Contas bancárias com antiguidade superior a 15 anos em África ..................................................................... 119

Page 148: GUINÉ BISSAU - Particulares · 4.1. Breve descrição do mercado de trabalho e do regime de Segurança Social ... BCEAO – Agência do Banco Central dos Estados da África Ocidental

148

Apoio: Projeto Co-Financiado:

Um estudo realizado no âmbito do projeto nº 30030, apoiado pelo QREN, através do SIAC do Programa Operacional Fatores de Competitividade (COMPETE) pela: