Upload
others
View
2
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
HarmoniaIII
ModoMenor–Revisão
SegundoSchoenbergtantoomodomaiorcomoomenorsãoresíduosdos
antigosmodoseclesiásticos.OmodomaiorderivadoJônico,eomenordoEólio
(SCHOENBERG.2001.P.153).Comamúsicaocidentalmigrandodeumasituação
onde o modalismo imperava para uma situação de tonalismo, houve a
necessidade de se operar algumas modificações no modo Eólio para que as
músicasemMenorpudessemtambémoferecercertasvantagensou facilidades
do modo Maior. A mais evidente destas facilidades era a relação das funções
Tônica e Dominante, situadas no I e V grau da escala respectivamente, o que
produziaumamovimentaçãodetensão/relaxamentoinequívocaefluente.
No modo Eólio o V grau é um acorde menor, não tendo caráter de
dominante.Paraqueoquintograusetornassedominanteteríamosqueteruma
sensível (7M).Comissocriou‐seapartirdestemodo,umaescalasemelhantea
ele,porémcomumasensível,ouseja,comosétimograuelevadoemmeiotom.
ComestamudançapassouaexistirumatríademaiorsobreoVgraudaescala,
facilitandoaconduçãoharmônicadasmúsicasemmenor.
Estanovaescala foidesignadacomoMenorHarmônica,porseradvinda
de uma necessidade de natureza harmônica. A escala original (modo Eólio),
passou a se chamar Menor Natural, por ser a escala naturalmente formada a
partirdomodomaior(imitaçãodanatureza).
Noentanto,aescalaMenorHarmônicacomamudançadasétima,passou
a terum intervalode2aum(1 tomemeio)entreo sextoe sétimograu,oque
alémdeinusualnouniversomodalediatônico,eradedifícilafinação(lembrando
que nesta época a música vocal estava muito em voga). Para solucionar esta
dificuldade (ou atenuá‐la), elevou‐se também o sexto grau da escalamenor, o
que se mostrou bastante efetivo, sobretudo nos movimentos melódicos
ascendentes. Desta maneira, devido a uma demanda melódica, criou‐se uma
escalaMenorMelódica,naqualtodasasnotaseramiguaisamaiorcomexceção
da terça. O detalhe é que esta escalamuitas vezes,mantinha sua configuração
2
apenas nos movimentos ascendentes, retornando à Menor Natural nos
descendentes.
Aseguircadaumdoscamposharmônicosformadosapartirdostrêstipos
deescala
CampoHarmônicoMenor
OMenorNatural
Im7–IIm7(b5)–bIIImaj7–IVm7–Vm7–bVImaj7–bVII7
EmDó
Cm7Dm7(b5)Ebmaj7Fm7Gm7Abmaj7Bb7
OMenorHarmônico
Im(maj7)–IIm7(b5)–bIIImaj7(#5)–IVm7–V7–bVImaj7–VII°
EmDó
Cm(maj7)Dm7(b5)Ebmaj7(#5)Fm7G7Abmaj7B°
OMenorMelódico
Im(maj7)–IIm7–bIIImaj7(#5)–IV7–V7–VIm7(b5)–VIIm7(b5)
EmDó
Cm(maj7)Dm7Ebmaj7(#5)F7G7Am7(b5)Bm7(b5)
3
Na prática existe uma mistura das três escalas quando estamos
trabalhandoemMenor.Ocompositorousolistanãooptaporumtipodeescala
ououtro,eseatémaeledurantetodaamúsica.ComoapontamKostkaePayne
(2007),umdas formasdeentendermosesteprocessoépensarmosemapenas
umtipodeescalaMenorcomoVIeVIIgrausvariáveis.
Sefossemoselencartodasastétradesdostrêscamposteríamosumtotal
de quinze possibilidades, no entanto a prática mostra que apenas sete delas
(uma para cada grau) são mais utilizadas. Este procedimento também é
apontadoporCarlosAlmada(ALMADA,2009.P.170)
TétradesmaisusadasnatonalidadeMenor
Im7–IIm7(b5)–bIIImaj7–IVm7–V7–bVImaj7–VIIm°
EmDó
Cm7Dm7(b5)Ebmaj7Fm7G7Abmaj7Bm°
A seguir temos uma tabela criada por Sérgio Freitas que compara os
quatroCamposHarmônicos.
!"#!$%&'(#!)&*+&!$,"-.!/#&'-$!($!+$'0&*-$!#!&!#12"(&!(&1!)3$*&1!2&*$-1!*$!041-%$!)&)"3$'!
!"#$%&'()*+&',%-.%#&'/.'0#.%1)2'
!
4
SegundoRawlinseBahhaéapartirdosmodosdaMenorMelódicaquese
originamalgumasdasescalasmaisinteressanteseusadasparaimprovisação.Os
doisautorestambémafirmamqueastonalidadesmenoressãomaiscomplexas
queasmaioresporseremoriginadasdequatroescalas(!)(elesincluemomodo
Dórico). Tambémapontamque as escalasDórica eMenorMelódica funcionam
bem com acordes estáticos, e que as menores Natural e Harmônica são mais
utilizadasnasprogressõesharmônicasemmenor.(RAWLINSeBAHHA.2005.P.
25)
Devidoaesta importânciadaMenorMelódica, indicamosabaixoosseus
setemodos.
AEscalaMenorMelódicaeseusModos
I. MenorMelódica
II. Dóricob2(Frígio6)
III. LídioAumentado
IV. LídioDominante(Mixo11+)
V. Mixob13
5
VI. Lócrio#2(Lócrio9)
VII. Alterada
O sétimomodo da escalaMenorMelódica origina a escala Alterada (ou
Super‐Lócria),degrandeimportâncianaimprovisaçãoeestruturaçãodamúsica
popular.Paraqueestaescalapossaserutilizadacomfunçãodominante, temos
que “resignificar” o acorde do sétimo grau, passando de uma tétrade meio
diminutaparaumadominante.Vejamoscomoissoacontece:
No exemplo abaixo temos o acorde meio diminuto e o modo como
naturalmenteaparecenaMenorMelódica.
No entanto, na tentativa de utilizar as potencialidades de escala
dominante deste modo, opta‐se por considerar a nota Eb como D#
transformando o acorde gerador em acorde dominante. Com isso chegamos à
escalaAlterada.
6
Tudovaidependerdeparaaondeestamosindo,oquetransformariaoEb
emsensívelD#.
Uma dica para acharmos a Alterada é pensarmos em uma escalaMaior
coma fundamental elevadaemmeio tom.Outra formaépensarmosnaMenor
Melódicameiotomacima.Essasdicasfacilitamnaexecuçãomasnãoexplicama
origemdaescala.
Referências
ALMADA, Carlos. Harmonia Funcional. Campinas, SP: Editora da UNICAMP. 2009. 284p.
FREITAS, Sérgio P. R. Teoria da Harmonia em Música popular: uma
definição das relações de combinação entre os acordes na harmonia tonal. 1995. 173p. Dissertação (mestrado em artes) – Instituto de Artes – UNESP - Universidade Estadual Paulista. 1995.
KOSTKA, Stefan; PAYNE, Dorothy. Harmonia Tonal Traduzido por Hugo Ribeiro a partir da 3ª Ed. MacGraw Hill 2007.
RAWLINS, Robert; BAHHA, Nor Eddine. Jazzology. Milwaukee, WI: Hal Leonard Corporation, 2005. 265 p.
SCHOENBERG, Arnold. Harmonia. Trad. Marden Maluf. São Paulo: UNESP, 2001. 579 p.