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HARPA DE OURO (1889-1899) república é menina bonita diamante incorruptível 001 Entre os astros, sagrados montes Feliz asilo da paixão: Puros jardins, sonoras fontes, E virginal um coração Vibrando aos claros horizontes E encantando à etérea soidão. 002 Quis ser em chegar, primeirinha: Oh, a gentileza do lar! A tudo dispor; pra onde vinha Sem dizer e onde a s’encontrar Fé, por sugestão que adivinha, Alma que espera. "Hei de, hei de a (...) 003 "Doces miragens, adeus! Vejo Na profundez do coração, O intenso oceano do desejo, D’Heleura a ideal solidão: Vos deixo a Deus, Deixai-me o beijo Preço da livre sem senão: 004 "Doutra dona... oh, a inteligência Dona... mas, cetim branco e flor! ‘Menina e moça’, áurea existência Musa cívica a Musa-Amor! Já fotografara-te o pensamento Que um pensamento houve a transpor". 005 Das cinzas fênix renascida, Arte divina a retratar Anos treze -quão parecida! Ela era; hei de noutra a encontrar Helê que dos céus é descida, Céus! a borboleta solar! 006

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Um dos livros fundamentais do autor de O Guesa.

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  • HARPA DE OURO (1889-1899)

    repblica menina bonita

    diamante incorruptvel

    001

    Entre os astros, sagrados montes

    Feliz asilo da paixo:

    Puros jardins, sonoras fontes,

    E virginal um corao

    Vibrando aos claros horizontes

    E encantando etrea soido.

    002

    Quis ser em chegar, primeirinha:

    Oh, a gentileza do lar!

    A tudo dispor; pra onde vinha

    Sem dizer e onde a sencontrar

    F, por sugesto que adivinha,

    Alma que espera.

    "Hei de, hei de a (...)

    003

    "Doces miragens, adeus! Vejo

    Na profundez do corao,

    O intenso oceano do desejo,

    DHeleura a ideal solido:

    Vos deixo a Deus, Deixai-me o beijo

    Preo da livre sem seno:

    004

    "Doutra dona... oh, a inteligncia

    Dona... mas, cetim branco e flor!

    Menina e moa, urea existncia

    Musa cvica a Musa-Amor!

    J fotografara-te o pensamento

    Que um pensamento houve a transpor".

    005

    Das cinzas fnix renascida,

    Arte divina a retratar

    Anos treze -quo parecida!

    Ela era; hei de noutra a encontrar

    Hel que dos cus descida,

    Cus! a borboleta solar!

    006

  • A metamorfose sagrada

    De jovem ptria e o cidado

    Oiro de lei, Virgnia honrada

    Por todo o nobre corao:

    Ditando diga: eu sou a amada,

    A amante Luz, o Amor e o Po.

    007

    Mundo-novo riso aucenas,

    (O riso-cus!) vejo-a na luz

    Musa armada, Minerva-Atenas,

    Fora e firmamento azuis

    Qual brilha por noites serenas

    Pentastral smbolo da Cruz.

    008

    Helvcia urea, tiras-me o sono!

    Sigo ao gnio ptrio o amor,

    Frutidores dias de outono,

    Melhor do que os tempo da flor:

    Liras perdidas do abandono,

    Harpa h virgem-oiro o cantor.

    009

    Subir montes! voar! voar! asas

    Do ar! das nuvens! do areo tufo!

    Arde o peito rbidas brasas

    A quem vai da glria soido:

    guia, que ao sol ressoando passas

    Leva-me a nova habitao!

    010

    Flrido carro desce e rindo

    Dlia branca: "aos astros subir!"

    Ave de Jove, ao novo Pindo

    Adeja e descobre o porvir!

    Sinto o corao livre-abrindo:

    Corcel do ar livre, aos cus! feri.

    011

    Voa! voa! da grande lira

    Como o "si" vibrando estalou -

    Mais veloz! hei fome! e delira

    Hagios artos... Deus consagrou

    Eia! Eia! Eia! o peito respira,

    guia celeste!...

    Chegou.

    012

    "Sou o Sol, tenho altos planetas

  • Aos quais dou luz, mando-os girar

    No anelo-Zodaco, violetas

    Afrodita ou Terra-lunar,

    Zeus-trovador: busco as diletas

    Do corao. -Mandam entrar?

    013

    "Sou rion! em meu talabarte

    Brilham, amor, amor, amor,

    Teologais -o Dentista-Mrtir;

    Floriano e a Redentora Flor -

    Belm do po, meiga reparte

    Raes de glria ao vencedor!"

    014

    As filhas expondo-se peste,

    Salvaram da contagio

    Que anunciada ao sol e a leste

    Fazia o terror nao

    Ai! ai! das florinhas celestes

    Divinas filhas de Orio!

    015

    (Abre Beatriz: Isabelzinha

    Aprende ao piano e encanta o lar)

    "Sou F, que aos combates caminha;

    Esprana, que aos cus h de chegar;

    Caridade, que justa linha

    Social-ideal". Cndoro o olhar

    016

    DAlto Sol Znite e tamanho,

    Coos rouxinis negros da luz

    Ante auroras, fixo, ermo, estranho,

    Que ao mundo aclara e a vida induz:

    Diz, famlia, mesa, ndeo banho

    E a glria, vs? -"A bela cruz!"

    017

    Baco, h Meninos-de-oiro inda? ainda?

    Marqueses de Itamarati?

    Sei flor em boto que mais linda,

    Sempre-menor pblica: a

    (No aos de P flauteios) vinda

    Nas luzes de Apolo -frigie

    018

    Riso de Deus, que qual da lira

    Corda que, ao estalar, lampejou:

    Se Ouvidor braslio a partira,

  • Raios a Frana lhencordoou;

    S o riso lhe prmio: delira

    Por ela um... qual no Ota abrasou -

    019

    Que tambm de cinzas jovito

    Renato, frigie diz: sou Deus,

    Tu s meu riso; o peito aflito

    Buscou-te em vo terra, em vo cus,

    Nalma sondando e no Infinito,

    At que tencontrou. E os teus?

    020

    "Home." Oh! pura democracia

    Casa do po, rsea Belm

    Onde o viajor h, findo o dia,

    Luz e descanso! A penedia

    Toda ressoa a harpas que vm,

    Cintila a luz que o rir te tem.

    021

    - Teu nome?- Escreve-o; rasga-o; e logo

    Janela a fora. Vou o salvar;

    (Ligava amor) lutas de fogo:

    Ergo do cho: ganho urea ao jogo,

    E o roto nome eu quero honrar

    De tua homnima sem lar.

    022

    Nem revoluo sem calvrios,

    Verdes canas, loucos, dor

    H, com que nos pagam salrios

    Os que mais nos devem amor:

    Constelemos, pois, Serpentrios,

    Em firmamento encantador:

    023

    Na amendoeira refletida;

    Teu nome eu gravo; o ergui do cho:

    O ureo estilete a tens, querida

    Lembrana; guarda-o; e por tua vida

    Graves meu nome: s o meu po -

    Oh, quo faminto o corao!

    024

    O po dalma e luz, do banquete

    Montevideano, em que faz

    Brinde dhonra a cisplatinete

    Irm mais velha, a doce paz

    De Buenos Aires e o Catete,

  • E o ndeo lar. Sonhar Bogots

    025

    Ptrias regies de formosura,

    De to longe olhando Moiss -

    Terras promisso e ventura:

    Terra nunca entrada, como s

    A encantadora sepultura

    Donde eternidade, alvos ps

    026

    Firmes, levanta-se o colosso

    Imortal de glria sem fim!

    Terras do Guesa e o Zac -ao dorso

    Do ndeo cavalo, aneo o selim,

    O vulto sublime do coro

    Dentro das nuvens de rubim.

    027

    Quem no ama curvar-se, bela,

    Sob o arco daliana-amor?

    Dentes como as frescas estrelas;

    Boca, o rosal sagrado em flor

    E esse do olhar lampear centelhas

    Reveses, doirado negror.

    028

    Oh, pressentida do den! Quando

    Gritavam, Deus? onde a ver?

    Formas... via-as divinizando

    Pirides. Quanto descrer!

    Mas, sempre ao corao te olhando -

    - Eia! colheita! e aqui vim ter.

    029

    Dos Orgos nas sublimes serras

    (De meus to cuidada e em lugar

    Da que i me deveram) nasceras:

    Meu tesoiro eu cria encontrar

    (Oh, alma, vingana quando erras!)

    E nunca!... To doirado o mar!

    030

    Vim, eu "quase-mundo" e dizendo,

    s novas eras quem nasceu,

    Ter onze anos, treze crescendo:

    Vejo-a atravs do peito meu

    A construir seu ninho. Oras o tendo,

    Cus! cus! foi quando o homem descreu!

    031

  • "Onde os rochedos, que choravam

    Qual depois de morta a mam?

    E as ondas, que livres saltavam

    Cheias dris, clara a manh?

    As revolues que bradavam

    derrocada cortez?

    032

    "Formas! formas dHebe juventa

    (Desastradas quedas no d),

    Brasil-Iolas que avelhenta,

    Em Brasil remoce, Mraz,

    Coas virginais formas sedentas

    Dencanto e de glria, voc!"

    033

    Na luz tembalavas. " esta?"

    Nalma inquiro; e oio do ar: "Sim!"

    Quem responderia? Em tua festa

    No foste, aos brinquedos da sesta

    Das sombras, olhando pra mim

    No teu remoto alto fortim.

    034

    E eu a buscar-te!... Liberdade

    cada peito, ao que h de Deus,

    Toda responsabilidade

    De glria e amar. So, em verdade,

    O Imprio a arder, os olhos teus -

    Que obedeam eles aos meus!

    035

    J gritos de stima corda

    Nas grandes alturas ouvi

    Qual sonora redes nas bordas

    Do abismo: talvez que de ti

    Vibrada hora dalma que acorda -

    Oh, fui eu, s eu que o no cri,

    036

    Indo ainda dos povos orgia,

    Dos cisnes que alvejam!

    Transpus

    Do novo as montanhas, que eu via

    Sempre ao imaginar; e ao que induz

    Voltei, a onde a vida existia,

    Aos teus puros cus. Meiga luz

    037

    De Columbus, pomba dos mares

  • Em correio, atrevido aor

    Das cincias, que no dos azares

    Dos desconhecido, ao amor

    Tal vim pressentindo pomares

    Que, existentes, speram cultor.

    038

    Cheguei dada hora candente -

    Quem no chega em f? qual tambm

    dada hora estavas contente

    Como perguntando "quem vem"?

    Prontinha e com faces rubentes

    Da que espera incgnito algum.

    039

    Que estao divina-celeste!

    Ver-te, aumentam olhos do Deus

    Da humanidade sem a peste

    Com que desbarata os ateus

    Que vivem-lhe ao seio e Ele os veste.

    - Quanto Ele luz nos risos teus!

    040

    Serguem (dEle a onipotncia

    - Daqueles que amados lhe so);

    Prosseguem; encontram-se em crena,

    Que no do telgrafo ao:

    Mas que o relmpago, existncia

    Subtnea, amor h corao;

    041

    Vibra-o, ideal formoso -a Chama!

    o sol que ilumina no umbror:

    No a toquem! a ningum ama!

    Ou incendeia ignvoma! em flor,

    Fechado leque -e o no destrama

    A Ilha Fiscal, noite fulgor:

    042

    Isabel, senterra o homem

    Como o ureo fruto vegetal

    Que os tempos maduram: assomem

    O encantador e o ente imortal:

    Aos Andes tuas asas o tomem,

    Ao bero, ao sepulcro natal!

    043

    E qual do mar volve a espuma,

    O trreo terra incorporou

    E s aes vivas uma a uma

  • O esprito que a separou

    E o tempo jamais o consuma,

    Alma que ao mundo iluminou.

    044

    Dele s a belssima flama

    A quem o universo produz

    Alimento e que a ningum ama:

    Quem a toca, morre; a luz,

    dio das trevas, que derrama

    Claridade do alto da Cruz.

    045

    No kynpidos Helena, ela

    Que acende guerrear ao furor;

    Mas Heleura terra-donzela

    Virgem ardente, em puro amor,

    Firmas-abertos olhos, a bela,

    O sangue-novo, o mundo-dor.

    046

    Recordar: fsfor puro, Heleura

    Riscando a alva areia do cho...

    Quo doce luz! Cresce; crescera

    Na ausncia amor. A maldio

    Queimara: queimada figueira...

    Tremeu, por ti, meu corao.

    047

    Voltar! no ver-te mais?... oh, pranto

    Que duvidou! Perdo de Deus!

    E de novo aos cus me alevanto

    Condor audaz: e eis-me entre os meus,

    Eis-me ao teu lado, ao teu encanto,

    Ao teu brinquedo, aos risos teus!

    048

    Soides: lunch, fines herbs omlette,

    Seletas (mesma cor) e a entrar,

    Dos raios do sol a toilette,

    A febre-amarela!... mais celeste

    Bem-vir!... Truth verdade e parar!

    049

    E nos brilhantes, de tuas asas

    Mais do que as da guia, eu os degraus

    Do amor subo: ou s tu que abrasas

    Toda a cidade -gneos saraus

    Incendiando, em chamas as casas;

    De ti desvio espritos maus.

  • 050

    O horizonte ocaso, diria

    Em constante conflagrao

    A queimar quanto em cada dia

    Produz da terra o corao:

    O fogo sinistro que ardia

    Indicava conspirao.

    051

    Vises de um leito cetim-branco -

    Sino dIs, que vens quebrar

    Se escreves bel. Menino manco

    Morreu Caim terra a lavrar,

    Abel eu sou, que deixo o flanco

    De umbror e venho a te saudar.

    052

    Salvam manhs: squadra platina

    Em Guanabara. urea nao

    Dos bom ares, vamos -divinas

    Pampas! Sadam teu corao,

    Que mesmo a esta hora abre a menina

    O consagrando a amor. Ento,

    053

    Que encantada a vejam, o expande;

    Manda a amor que embale-a; aps

    Olhos arregalando grandes

    Como quem diz: olham pra ns -

    Onze anos tu; eu como os Andes

    E o fim do mundo. Jerics

    054

    Rosas reverdejam; e helianto

    No sol mirar-se a feliz

    Doce unio, da calda-encanto

    Coo genitroso vin-vieux. Ris?

    (O riso-cus!) pelo teu pranto

    Dei toda sorte minha. Eu quis

    055

    Ser teu Great-Dog: e tu meu Srio!

    Oh, borboleta-girassol!

    Gnio-amor! oh, luz-delrio!

    Oh, tanta luz! tanto arrebol

    (O riso-cus!) e o lume e o lrio

    De teus cabelos de crisol!

    056

    Acompanhei-te solitrio

  • E sem ser visto, a ser o juiz

    Do teu bom carter, sacrrio

    Que estudo (mam creu e diz):

    Lady-like; e do relicrio

    Do sentimento, um Deus feliz.

    057

    Ora, sempre-sempre invisvel,

    Antes de voltares, voltei:

    Sob a lustrosa rvor sensvel

    Na qual o nome teu gravei,

    E mudo e trgico e terrvel

    E tesperando ali fiquei.

    058

    A ltima rosa desfolhava

    Do ar sobre mim; e eu via ento

    No tronco o nome iluminava

    E a imagem tua era a viso;

    Do anagrama Dog, God estava

    Do amor em que h nenhum seno.

    059

    Caiu borrasca; e eu firme. Quando

    Chegaste, noite e que eu te ouvi,

    Tua voz cantava e transformando

    (Todos olhando) os cus de ti

    Luz doce-eltrica irradiando

    E que ao mundo negas for me.

    060

    Dizem: Namoro escandaloso...

    Ele vous fait la court... Se v...

    Awful!... "Se a proteger eu ouso,"

    Responde, "o horrio indicar,

    No os que arranham, a hora do esposo

    Amor, que me devorar."

    061

    Esposo ideal Tntalo, Tntalo -

    Isabel, luz! luz!

    Homem eu sou, quero-te o escndalo

    E porque morte contrapus,

    Beber-te flama, inseto vndalo

    De amar amar, o amor da Cruz!

    062

    A eterna luz que faz cegueira

    E trevas faz do bem e o mal,

    Our first shining riscando a terra

  • Doirado fsforo edenal -

    Quo doce luz! quo verdadeira!

    Quo encantada virginal!

    063

    Na tua mesa o amor-perfeito,

    Prato brilhante, Isabel,

    Quando almoamos, do teu peito

    Creio nutrir-me o po de mel.

    E ao fino servio do eleito

    Os risos daliana novel.

    064

    Altos degraus da glria, a glria

    Coa genial croa tua alm

    Cercar-me a fronte, da vitria

    Que na bela alma se contm

    Encantadora intransitria

    Como a verdade, o sumo bem.

    065

    Do raio X na luz sagrada,

    Voador dos ares atravs

    Navegamos coa doce amada

    Ao plo ermo! esprana! Tu s

    De glria a incgnita gelada

    Que move a terra, Firmes ps,

    066

    Polaris ciclista, da rosa

    Dem voltas -brilhas qual manh!

    Beijo a cabea gloriosa:

    Oh! strelejas! feres! "Mam

    S a beija!" Tal corajosa

    Treme abalada agulha-im.

    067

    Resplendeceu todo o universo:

    Gritava Grdon, ring the bell

    Vi no meu dedo este ureo verso

    Frana-aliana wedding anel;

    Vi no teu brao elo to terso -

    Quem fez tudo isso? Oh, Isabel,

    068

    Nem tu nem, eu! H, h pontinha,

    Que ignoramos, na aura de Deus:

    A sorte grande dei-te minha;

    Dei-te a bandeira com que os meus

    Guiava eu triunfal. Noivinha

  • Musa, durmo aos sonhares teus.

    069

    "Acordar! no entristeas

    Ao esplendor de tanta luz!

    Sou o ideal em que pensas."

    - Oio Isabel ou Jesus?...

    070

    "Acordar! floram Desertos!

    De Washington, Bolivar, Tell,

    De OHiggins -os teus exrcitos!"

    - Jesus! a voz dIsabel!...

    071

    guia sublime ao Corcovado

    Nuvens denvolta sobe alm:

    Da natureza o imenso quadro

    V como ondula, amplo vaivm

    Da luz, ao mar. Sinto levado

    O corao no areo trem.

    072

    Qual um revlver fumegante

    O Po dAcar, ao fulgor

    Da calma h raios, em diamante

    Esfulge. Truth! luz do amor

    Vinda ela, desenha, ermo Atlante,

    Cus, nuvens, rochedos-negror:

    073

    E a tela ocenea azul-sedosa

    E esta montanha a refletir

    A luz do ar puro e a luz das rosas

    E a luz da tua alma e do teu rir

    Qual novos mundos, s gloriosa

    O Amor, a Calma, o Deus porvir!

    074

    -Rigoleto?... oh, libertinagens!...

    Oio, homem vo, femme varie...

    Prfidos sons, osis-miragens,

    Trfegos voejos-colibris:

    Do lumeftuo apago imagens;

    Do amor sagrado amo-a e vivi.

    075

    Oh viverei eternamente!

    Aos livres fora e luz eu dou;

    Se um muro existe que somente

    Separa... nunca separou

  • Quando, a fuso dalmas candentes

    Os peitos, Deus-Uno julgou.

    076

    Eis de Setembro a inteligncia;

    Ou dIporanga a onda cristal

    Onde bebeu a Independncia

    Ou do chileno cndor andeal

    Que a esta nova era abre existncia,

    Fulgores toda a Ilha Fiscal.

    077

    No ureo sarau da propaganda

    Da paz, ganhei tua livre mo

    Que ora to doce amostra a amanda

    Encantadora direo

    Do teu leito, coo rir da que anda

    Nesse dever que da afeio:

    078

    Que a tossezinha e os risos todos

    Divinos oia a me afagar

    E em pensamento eu veja os modos

    E possa ouvir o ressonar

    Puro da noite e esses denodos

    Dos virgens sonhos stando a amar.

    079

    Minha cabea adormecida

    To perto a dela estou feliz,

    Perto da noiva pressentida

    Desde o seu bero; e o Deus o quis

    Zelassem-lhe irmos meus a vida -

    Histria que mam lhe diz.

    080

    Novo den cantarei antevendo

    A musa advir, a livre ideal:

    Poisavam formas, se rendendo,

    E eras a criao genial

    Longnquo sol claro esplendendo -

    Vim da borboleta moral

    081

    posse! eu armado das dores,

    Que so tambm armas dos teus:

    E nos encontramos nas flores -

    "Que vista linda!" os, mam! Deus!

    - Vo projetis dos contendores

    Contas pedir aos tredos seus.

  • 082

    Que madrugada! voava aos ares

    Uma alva luz, luz alva-azul

    (Da flor de Zni aos alamares)

    De Zni e Clia, aqum do Sul

    Despertavas boa: que os Lares

    Aos teus clamavam... de Stambul.

    083

    Quo lmpidas ondas banharam

    Aos pes em sonoras manhs!

    - Ceres, Lcios que a gua turvaram,

    Metamorfoseados em rs,

    Aos descambiamentos cantaram

    Anrquicos seus ratapls.

    084

    Jckie partindo: o derradeiro

    Dia brincam; ento eu vou

    V-los brincar -que infantil cheiro

    D hear my vow before I go

    Em qual dilema aventureiro

    Ds e no s, sou e no sou!

    085

    (Que nunca, nunca eu dizer possa,

    Ou mestalara o corao:

    Bela sublime a crescer moa,

    Luz desta ptria em remisso,

    Destas montanhas rsea cora,

    O amor a quer do Cidado) -

    086

    Brincar navio! marinheiro

    Jckie; Isabel capito.

    Naufrgio!... gritou timoneiro.

    Dem salva-vidas!... Salvao.

    Flutua, sobre o mar fragueiro

    Formando em flor, um corao.

    087

    Narea barca helespontina

    Lobo do mar, salvei-a: ri!

    Quo divinal! quo sacarina!

    A linda jia!... "Can not see."

    Beijo-lhe as tranas; na infantina

    Boca h segredos de rubi.

    088

    Porm, nas prais do ureo porto

  • Mordeu essa ncora fatal

    De "home" esprana, "home" conforto

    Que afouto amor eleva ideal:

    Que nem mais brinca; e h do Deus morto

    A glria, ao sculo advir al.

    089

    E do navio no anagrama

    Coa noiva estou... vendo navios:

    E porque o mundo se destrama

    Por estes janurios rios,

    Amando como quem mais ama,

    E vindo inverno e estando estios.

    090

    Na jacarndea rvor de vida

    Trepa; eu desenho o resplendor

    Dwifezita Syke-Hamadryada

    Que atira flores no pintor:

    -Vem ver o fiel quadro, querida -

    "Nonsenses... fruit I give you for"...

    091

    Ao sero, que selvagerias!

    Da Harpa doirada, oh! que encordoar!

    "I hate you!" no vias, no vias

    O inimigo! e lutar! e lutar!

    "Que a um republicano te havias,

    Horrores! e vais-me deixar!"

    092

    - Hora-Hora-eis-me sol todo fculas

    Que tu s, tu s -oh , o splndido sol!

    Se s as manchas belas imculas

    Vtimas, como um girassol -

    Recomeam brigas tentculas:

    Que noivado! que home inter wall!...

    093

    No foi minha culpa, na luta

    Tocar da roseira os botes -

    Que lindas coisas que h! to bruta!

    Oh! do Altar nas constelaes

    Quo doce ajoelhar!... oh! escuta!

    Pedra dara a arder... Sagraes,

    094

    Do sangue que i sacrificaste

    Do corao do amado teu,

    Saudades tuas: tu ficaste

  • Gloriosa -a luz de Prometeus

    Genuna dos cus da tua haste

    Que ao deserto resplandeceu

    095

    Incndio. Da cinza alvacenta,

    Heartease aos encantos surgiu:

    E internou-se, dalma sedenta

    Noutra e onde eterna existiu,

    Como ora ests a to atenta...

    Que de amor que amor permitiu!

    096

    "Se amigo eu sou do Presidente,

    Mais nunca me h dela falar?"

    Vo-se trs dias; e eu descontente

    Vejo-a tambm longe a cismar:

    Vou silencioso e humildemente

    Falo; e de novo a oio. Oh, meu lar.

    097.

    "Isa"! Quando tua dindinha

    Nos deu xeque-mate urea lei,

    Ouviu-se o Destino: "adivinha;

    Mais do que Belona, darei

    Paixo doutra, outra Isabelzinha,

    Que entre os livres sejas um rei:

    098

    Rei da democracia-pura

    Da sade e o fraternal Deus,

    Da gua cristalina e murmura

    E mesa um s prato; e por teus

    Bombardeada a Europa, ventura

    Antilhana prola!" -Deus!

    099

    Sobre o sepulcro de meu pai

    Tal fora exposta... uma harpa elia

    Recenada; Musa magnlia,

    Como do Palor, quando cai

    O caro que se nos imola,

    Que vem tanta luz! -Escutai:

    100

    "Quando aparecesse eu no mundo

    Deslumbraria. Tu s a luz

    E o fragor eu sinto profundo

    Em que se alevanta uma cruz -

    Sem do Faustus o pacto, em tudo

  • Hei quanto em cus terra produz.

    101

    Politrpon, fui naufragado:

    Frana, eternal gratido

    Das festas da Indstria... Coitado

    Vaidoso o trs Napoleo!

    - Do mundo dos reis exaltado

    Um brasil-brilhante, ao Salo

    102

    Dos destinos vede a beleza:

    O veio buscar LAvenir ;

    Aps mil desgraas, ao Guesa

    Rojou urea praia -E ele a ouvir

    Hinos triunfais da Marselhesa

    Sorrindo a Frana ao do porvir

    103

    Novo Odisseus. Mas ao proscrito,

    Argueiro suspeitoso ao rei,

    Se lgrimas houve o granito

    Dos serros braslios. que amei,

    O honraram diamante bonito

    De liberdade. -Os presenciei,

    104

    Lisboa Serra, o Odorico, o Dias,

    O Sousa, o Gabaglia, a guardar

    Ao de Bagagem -qual dirias

    Inteira Europa a lapidar

    Estranha pedra e que haverias

    De ver de ti diante ora a estar

    105

    yankea, parsea balana...

    Pesara mais que o Imperador;

    Do incndio dAlbion, cinza-esprana...

    E donde Libertas a amor

    Surde armada; e tua a trana...

    - Tal, "perdido" foi vencedor.

    106

    Oh, a bandeira incendiria

    Em flegros campos -um rosal

    Guardando a bela rvor, hasteria

    Gravado teu nome auroral,

    Infncia ptria ignara vria

    E do encantador frutinal

    107

  • Eu to zeloso! oh, verdeante

    Que o pomo ds de oiro em amor,

    Como s a coroa irradiante

    A arder-nos da fronte ao redor!

    Coo riso-cus, o amor amante

    luz do lbio encantador.

    108

    Ento a seleta me deste -

    Como agora dizes you steal?

    Eu? ladro do fruto celeste?

    Prometeus pr fogo ao Brasil?

    Pelas redentoras de Orestes!...

    Ns reedificamos -perfil

    109

    "Castelo hotel:" ter nesse eu possa

    Four rooms... "No one h de ter!"

    - Que corao duro de moa!

    Parecia que ia eu morrer -

    I hate you, diz uma esposa

    Ao seu Deus? ao reconhecer

    110

    Revolucionrio contrrio

    De sua dindinha e terror?

    Dir-se-ia ferir-me o nefrrio

    Das Marianinhas dor

    Da trezena maia, o horrio

    Do Novembral reis a depor.

    111

    O escravo eu, descravos de Nero;

    Diplomata eu... daltivez

    Das Foras-candinas, coo ferro

    Nalma e no semblante uma vez

    Um homem livre... ora o fagueiro

    Da Liberdade, bem me vs

    112

    Deus pai de pretos. To amado,

    Se tua dindinha a me,

    Basta eu ser, contigo, o afilhado:

    Distribu-lhes terras -manhs

    Da Repblica o ente adorado

    Smbolo teu, meus talisms,

    113

    Novo mundo, que minha porta

    Senta-se e lembra os lares meus,

  • Que ainda eu sou alma que aporta

    Nas encantadas terras-cus...

    "Oh! a esta borboleta morta

    Stragam, tocando-a os dedos teus!"

    114

    Columbus, quanto hei pequenino

    No Internacional grande hotel,

    Dentre o que h bero de um menino

    Adormentado ao menestrel

    De um sabi puro, e o granddivino

    Que h, com sua me, Isabel.

    115

    Hunting-watch, a noite aos ares

    Erra no umbror gota de luz,

    Lume de um hino dos cismares

    Dela, que vem que a mim conduz

    De descobrimentos stelares

    Sonhos seus de amor -luzeluz.

    116

    So Salvador! ao navegante

    Quo belo o ser salvo por ti,

    luz divina noite errante

    Nas praias de Guanaani,

    Qual olhar felino-triunfante

    Da terra encantada! E tal vi

    117

    Fora que eternal predestina:

    H Columbus? h Isabel,

    Ou no se descobre a menina

    Virgem Amarca! Haja o anel

    Da noiva, o que em Deus peregrina

    Mares revoltos, sob doce!

    118

    Puros cus. Dormindo, h dos sonhos

    Cadentes estrelas, os cus,

    Que so luzeluzes risonhos

    Bordando alma lcidos vus:

    E despertam olhos, tristonhos

    Como ao terror de seus trofus.

    119

    Doce doce homstego encanto

    Dos tetos abrigos! do lar

    Que h segredos risos e prantos -

    Oh, Isabel, coabitar

  • ter achado o nvio recanto

    Dos cus de amor em terra-mar!

    120

    o novssimo eternamente

    Ser: ns somos os ideais

    Deste ideal novo continente,

    Poesia da bno dos pais!

    Cratera, Tenerife ardente

    Que ao longe vermelha avistais.

    121

    -te a guarda dhonra, divina,

    A luz do bardo-cidado,

    Qual social fora a que inclina

    A realeza: ao corao

    s glrias o que predestina

    Toda a porvir revoluo.

    122

    Providncia -oh, sabedoria!

    A Columbus, pomba ideal,

    Se de Juno ao Cncer envia;

    Manda ao Capricrnio, Cabral.

    E i tendes que cumprir se havia

    Toda a verdade... zodiacal.

    123

    Manhs de oitubro: ao primeirinho

    Claro, qual dela, acordo e estou

    matinal luz rubro-vinho

    Frescura dalma; e as rosas vou

    Aonde em vestido cor de ninho

    Ela, eu olhando, ontem revoou.

    124

    Sacrifico da esprana o inseto

    Entre os flores do roseiral:

    Coo alfinete "I-am-busy" penetro

    O verde-brando dorso, e qual

    Dela os cabelos no ombro abertos

    Tremem as asas do mortal.

    125

    A hora das sestas; dos lunchs a hora

    Afortunada, a do Senhor -

    Oh! sweet home! Eis Deus agora!

    Silencio! no ar oio rumor

    Destrelas... quo cintiladora

    Cai do amplo cu! topsion-flor!

  • 126

    E profundidade da grande calma

    Anima: vida: embala, ao sol

    Poisa fronteira -oh! uma alma!

    So duas! no ar a unida palma

    Jldeo-amarelo oiro-arrebol.

    Voam no raio, amam no sol.

    127

    Climas nossos -olha! "Estou vendo"

    Smblos de amor que amostra Deus...

    "Bichos de po; Mam dizendo

    You put me in a chop." E os cus

    Descem por ns: e assim prendendo

    Sto nossos dias, teus aos meus.

    128

    E os dois insetos asas douram

    Quatro no abrao encantador

    Ao claro clima e em que, se choram

    Olhos luz, faces no coram -

    V bem como o cu-amor:

    "Oh! a encantada interna flor!"

    129

    Indianas calmas -oh! iandara!

    Oh! inrucem dos favos teus

    Do cu da boca: a ns cantara

    Te Deum laudamus! Alma-Deus

    Em que o doce amor encantara

    Os dias nossos, teus e meus.

    130

    A ardente chama! a achei nos ares:

    Colhi, da montanha a soido.

    Conto esta histria outros lugares:

    Como doa o corao

    Tocando os ps em novos lares

    Onde se faz ressurreio.

    131

    Morrer de cimes: formosssima

    Ao sero (parvenus? ... dulor...)

    Vem a brincar fulgorosssima

    ou ler ao gs juntinha a amor;

    Porm tornando-se doidssima,

    Repreende Musa o trovador.

    132

    Quis ser a discpula minha:

  • Scrates, eu sonho tambm

    Do meu peito aberto a andorinha

    Gritando serguer cus alm

    Peito alvo e asas negras; sol vinha,

    E a ouvi despertar. Oh! meu bem!

    133

    Bem hajam que luz se desejam,

    To encantados coraes!

    Que a divindade todos vejam

    Interno paraso, e edenes

    Intimamente onde sestejam

    Porque so neles as soides.

    134

    Que "estou studando o animalzinho"...

    Salutar presena, oh! mam!

    Da ornitologia de um ninho

    Todo hoje amor, dor amanh,

    Da nova ptria ao puro vinho

    Deixai-me a embriaguez crist!

    135

    Esta a efgie santa em que eu creio

    E tenho ao peito, amores meus,

    Amor de Minerva: se ao meio

    Despelho outros-tempos os seus

    Brilhos mirar... ainda releio

    metamorfose -Deus! Deus!

    136

    Deus! Rosebud nctar candente

    Que ao velho odre Itamarati

    ("Tudo esfacelado"... Prudente!)

    Fez rebentar! Rsea frigie,

    No meninos-de-oiro, a juvente

    Ptria moral. -Itamarati

    137

    Doirado pao-agoiro catico

    De titular mofo e bolor,

    Mais descravos tempos um prtico,

    Do que pra bero de uma flor;

    Domino noir templo deodrico

    Mais, do que liberdade-amor.

    138

    Dir-se-ia, somente pensavam

    Grandiosos; em seus mausolus

    Sem verem que as sombras estavam

  • Dos donos primeiros. Trofus

    Dir-se-ia, que sembaraavam

    Os vivos coos mortos, co-rus.

    139

    Bebo Carioca, onda divina

    Que da terra esquicha e que faz

    Lindos, rosto e voz, menina;

    E eu nos Tamoios creio. Mas

    Telepata eu, se a assassina

    Trama romper venho: da paz

    140

    Da Sade, fraternidade

    Desconfiada! comendador,

    Cansais, como outrora a piedade

    Do vosso bom Imperador.

    E o meu Presidente em verdade

    Negais-me! Que olhais com terror

    141

    cartola, vejo. Mas, vede

    Que o tm de depor amanh;

    E eu vindo o livrar, no me credes;

    Sois as mesuras cortess,

    Senhor mordomo: e estas paredes

    Derribar vim. Novinha e s

    142

    Da Repblica a casa branca

    Onde um Mac-Kinley cidado

    Fez caso de tudo coa franca

    Luz do valente corao -

    DWilmington licena barranca,

    Vereis na harmonia asceno.

    143

    -De Terespolis aos montes

    Transporte o eleito a capital:

    Puros ares, sublimes frontes

    Revocaro todo o ideal

    Que presidia aos horizontes

    Donde raiara o Novembral.

    144

    Olho no padre, olho na missa -

    Alerta, escolares da luz!

    De um pai a alma doce desliza

    Per jnior que s benos o induz,

    Quando jacobnea matiza

  • Graa aos barbades Esas.

    145

    Da propaganda os ureos sonhos

    Como enegreceram aqui!

    Qual fossem oirama os risonhos

    Ideais de Silva Jardim:

    Muros combateram medonhos

    Vencendo... sem ver Benjamim!

    146

    Vencido o novel, ao "Deserto"

    O "moo" os deixou: corao

    Findando seu tempo. e correto

    Que vai meteoro num vulco

    Depor sua croa - Oh, Brutus, certo

    St Cronos na revoluo!

    147

    E eis minha casa, miniatura

    Da Repblica: o po... me dar

    Pedras a Vitria, e doura...

    Nessus maggior dolore, a olhar

    Sorrindo esprana, que ventura

    Quo docemente h de chegar!

    148

    Como as juritis do deserto

    Gemiam-lhe os seios -meu Deus!

    E arrancaram-lhe os descobertos

    Profundos tesoiros to seus!

    E o Amazonas sem vagas... certo

    Que o Saara... templos Anteus.

    149

    Oh, o Saara onde existncia

    Do fresco osis (qual fulgor

    De uma esmeralda) incandescncia

    Do areal abrasador

    V-se o rebanho e a independncia

    Do errante viver do pastor!

    150

    Lhe o crebro o alto firmamento:

    Se i as nuvens, se i o vendaval

    Resvalam batidos ao vento,

    Gravam fatos -e histria astral

    A estar belo o pensamento

    Parado, ante o grande ideal:

    151

  • Ao horizonte rubro-flavo,

    Luminosos templos de Al,

    O homem adora: o livre escravo

    De quanto sente e de quanto h

    Nos cus, no osis, no doce favo

    De uns seios desertos-saaras.

    152

    Porque aurora e ocaso, semelham,

    Mesmas cores, mesmo o rumor,

    Divinas murtas que envermelham,

    Lauris de outono que ho rubor,

    Diamantes que intactos espelham

    Boutonires de grand senhor...

    153

    Mas, estava a terra sombria,

    Ds que a miragem apagou:

    Pendo noctmbulo, ao meio dia

    E sem sol nem sangue! e eu stou

    Da aurora hora rubra, que eu via

    Da gerao nova. Corou

    154

    Dona Isabelzinha e sorriu

    (O riso-Cus!) verdade imagem

    Desperana e f! Quem no viu

    Travs de to lmpida aragem

    A flor darbor vitae ramagem -

    E os frutos, morangos no Rio!

    155

    E Itamarati... dnteo abismo

    Dado pra bero mais gentil

    Revoluo! E eu cismo, cismo

    Vendo e ouvindo o infrneo alcantil,

    De Waterloo sepulcro mutismo,

    Fundo o gemer -ai do Brasil!

    156

    Enchei-o de oiro! Se diria

    Infanticdio: puro e so

    Nato em tanto amor e que havia

    Ser estrangulado traio

    Em Guanabara, na Bahia,

    Em cada impuro corao.

    157

    E do Marqus "Menino de Oiro"

    O quadro exposto: e eu diante a olhar

  • (H quarenta anos), ora o agoiro

    Harpas-Selvagens a vibrar

    Ouvide e aprendei o tesoiro

    Das cincias dos destinos, do ar:

    158

    -Vi, os Garfield o deixaram,

    A vtima exposta ao traidor;

    Os de Prudente o antemuraram

    Sublimes! De um Csar ao ardor,

    Fanticos rudes se armaram

    Que ento houvesse um vencedor.

    159

    Astro, a "epopia da lealdade"

    Entoarei por Bittencourt;

    Astro, a darmas da Liberdade

    Per Floriano, ElCid; Artur,

    A mais formosa da verdade

    Lhe ouvindo ests ao sul-murmur.

    160

    Oh! noite gloriosa! oh!, fulgores

    Da Ilha Fiscal! quando da mo

    Cai, da Princesa, o leque; e a amores

    Libertas hasteia o pendo,

    Menina bonita das dores,

    Incorruptvel diamante! a ho

    161

    Truth e o do mar, "velho verdico,"

    Passado - Presente - Porvir,

    A vendo o tesoiro braslico

    colonial lagarta, -o aurir

    Do Imprio crislis, -e o idlico

    Borboletear do teu rir,

    162

    Liberdade, flor senhorita

    Qual Santa Teresa, a unio

    Da luz e do amor, a bendita

    Crucis -pentastral pavilho

    Que h sangue e o rubor nobilita

    A arder neo-ptrio corao.

    163

    Senhorita, aos pais esperana,

    A virginal sempre-menor

    Da idade que nunca descansa

    Constante afanosa de amor,

  • Que h luzes no olhar e na trana,

    E na boca a urea vera flor,

    164

    Nas coroas dentais: no do infesto

    Que embota o esmalte aos de Xavier

    Gloriosos lrios honestos

    Em sempre juvente mulher,

    Sempre-menor, desse modesto

    Que a anjo ditador se requer.

    165

    Refratrio o gnio; cresa

    Mais em idade, o corao,

    Do delicado que adolesa

    Mais quer a ideal nutrio

    Luz do diamante -o resplandea

    Nos cus da ntima solido.

    166

    Donde o rir lrios-Tiradentes,

    ucenais coroas, de amor

    s Eucaristias contentes.

    Porque Washington o lavrador

    o Batismo dos continentes

    Da Liberdade -ao peito a flor,

    167

    Das ptrias de ambos: do diamante

    A amorosa Minas Gerais;

    E a da magnlia latejante

    A livre Virgnia -imortais

    De George e Joaquim-Jos, de ante

    As duas ptrias ideais:

    168

    Do Batismo e da Eucaristia

    Os sacramentos em Jesus:

    Limpa, a existncia principia;

    E o que a sociedade conduz

    Outros to santos que ele via,

    Dados os quis depois da Cruz.

    169

    Onde o homem moral o Guesa,

    (Da vingana a negra paixo)

    Que abolindo morte e tristeza,

    Ter a incruenta revoluo:

    Tequendama queda ndea mesa

    Guatavita sacro. Em boto

  • 170

    Rsea chama que, ardendo ao peito

    Do cidado, faz rebentar

    Espelhos; e qual do teu leito

    A doce mensagem de um lar

    Nidoso inodro-amor-perfeito,

    Pedra dara dureo Altar.

    171

    Se de Amrica ao alade,

    Levantei a revoluo:

    De Moiss se hei voz e virtude,

    Por Deus, que encontrei meu Aro!

    s leis! Operrios, incude!

    Forjai armas do Cidado!

    172

    Qual pondo fogo prpria armada

    Cortez, se arma f; Odisseus,

    Barca tormenta abandonada,

    Atira-se ao plago - Deus,

    Tal de quelidnia avisada

    Foi minha alma s trevas dos meus:

    173

    Nuvem... que metamorfoseia

    Relmpago... alma clarido

    De Jesus, que eterno incendeia

    Sempre presente ao corao:

    Reino de Memria e cadeia

    De gerao em gerao.

    174

    Raio do Sol que dulcificas

    O pomo e coloras a flor,

    Que terra amante mirificas

    Quanto nutrio tem amor,

    Raio do Sol, montanhas ricas!

    -Ao teu sagrado resplendor,

    175

    Rosa humana que terra morre

    E deixando ao Invisvel Deus

    Quanto proclamara da torre

    De sublime entrada, dos meus

    Imensos afetos! Concorre

    Morte nos cus divinos teus.

    176

    Olhar h a que relgios param;

  • O meu, oito e meia, parou

    Quando olhos teus o consultaram,

    Fulgor negro-ureo; e a hora tardou

    Dont go to bed yet. E olharam

    Qual, de ento, vendo-os sempre estou

    177

    Smbreo olhar dAstra: amarantos

    Virginais, da bela estao

    Quero-te os terrveis encantos

    Que h na Doirada negrido

    Das chamas que produzem prantos,

    Fascinam -Jardins ao vulco.

    178

    Manes da Imperatriz Cristina

    Que os conduzis s chamas suas

    De vingana incua divina,

    Que inda eternidade os influas

    Ao claro melhor! alma Plnia,

    Hs companheiros, glrias tuas!

    179

    E Isabel que os astros aguardam,

    J no aposento entrando seu,

    Qualse as paredes aclararam

    Vejo atravs, que amanheceu:

    Fraises de Therse lembraram

    Sua luz, seus rumores, Conto eu

    180

    O lindo parseo romance:

    A Sorbonaarmava-me (eu sou

    O Itajuba)... Mas, num relance

    Porta abre e mamiselle entrou;

    E enquanto janta-se, haja chance,

    Ctara afinando, cantou:

    181

    E os estudantes ao estribilho

    Chanterelle e riso. Ela, ento

    Mui sria, o pratinho do milho

    Girava ao redor; e a cano

    Bisada entre bravos, o trilho

    Seguia a graciosa viso.

    182

    Sonhavam das algas verdosas

    O manto em florido pradal

    E as ondas profundas dolosas

  • Coo chamar de abismo fatal

    E donde as mes-dgua amorosas

    Penteavam o cabelo. Auroral:

    183

    Bom dia! que em triangulares

    Ptalos quatro unam -rubi

    De um beijo. ureo lume Polris

    Magnete da terra, de ti

    Que ests pondo a mesa dos Lares...

    Quo bela a Repblica assi!

    184

    Tirdato anel daliana

    Hel bracelete priso:

    Oh! como encantada lembrana

    Ests sempre a olhar! Solido

    Que os cus, ao que fora esperana

    Confirmam presentes e do...

    185

    Verso de slabas quarenta

    Em que, Fortuna, hs de girar;

    Fsfor riscando terra; argntea

    Belm do po; mesa de amar;

    Taa de amor; vida sedenta

    De afetos! ... fra o doce lar.

    186

    -Onde ests Isabel? "Na tua alma."

    -Isabel? -No teu corao."

    -Porm, quem responde a esta calma

    Em que os pensamentos te vo? -

    "Famlia e luz tua, tua palma

    E que contigo sempre esto."

    187

    Oh, "Isa!" que s "diretamente"

    O bom carter de mam,

    Meu pseudnimo dos contentes

    Dias doirados doutra manh.

    Que tua agora -onipresente,

    Eis o amuleto: hymo an.

    188

    Mams fazem votos delrios:

    Cortam seus cabelos, levar

    Vo ao Deus-Jesus dos Martrios;

    E em romaria a Ribamar

    Ps descalos, no ombro o seu lrio.

  • Da morte j salvo, mostrar.

    189

    De Mount-Vernon aves canoras,

    Escutas-as tambm, Isabel!

    Em nossa alma fazem auroras

    Como o daliana teu anel

    Sentir-se no dedo: a vitria

    Tem-te no equador o docel.

    190

    Vais das borboletas caa

    Acompanhada de Beatriz

    E na mangueira (da desgraa

    Um qual futuro mais feliz)

    Fulge uma luz: a luz se faa

    Amor, que Oromaso bendiz.

    191

    Ho trombas como os elefantes,

    Talvez de mor fora moral,

    As borboletas estelantes

    Qual almas em luz areal:

    Aquelas do guerras ruidantes;

    Esta glria a Plato e ao rosal.

    192

    Lookinglass ?... quo ferinos zelos!

    Despertar serpentes no den!

    Do que os to luzentes espelhos,

    Antes pranto e ausncia... oh! meu bem!

    Deixem-me da noiva os desvelos;

    Tomem de jacina o refm.

    193

    Tratas doeluros, de priquitos:

    E minha porta, "You love bread"

    Dizer sentadinha... infinito

    Malicioso, o rir lindo e red...

    Tu fazes o mundo bonito,

    "Isa"de mam -oh! my head!

    194

    Quando a Garibaldi-Mavorte

    Cantando passarinho veio

    Do sol poente, hora da morte,

    (Dizem) da Liberdade o esteio

    Tombado sorriu: a consorte

    Alma de Anita -o levou, creio,

    195

  • eternidade e qual me levas,

    Vestida de branco cetim!

    Flores das nossas puras selvas,

    Grandes harpas de oiro, de si...

    -Lminas ?... do ar?... Deus que as elevas

    Volve-as a dctor Guilhotin!

    196

    Da revoluo eu Saint-Just,

    Eu Robespierre, haverei

    Pedras... de Vitria... me custe

    Po de justia, oiro de lei;

    No cofre em que o mundo discute,

    No mundo onde aos cofres eu dei.

    197

    s to sublime de verdade!

    Spritos guiam, Isabel!

    Oh, incendiada divindade!

    Como ao ar voam pombas sem fel

    So soft! inveja a humanidade,

    No is... tens no teu nome Abel!

    198

    E foste? ai! paraisal gloriosa,

    Provocando a todos sgrimir, -

    Morra quem tocar nesta rosa!

    Qual madalenita do rir,

    (O riso-cus!...) voz tempestuosa

    Te ordena a parar! Ao porvir

    199

    Do grande amor! o que redime

    De amorinhos, crte letal:

    Ao grande amor que como crime

    Hstia sagrada, hstia fatal,

    Pela inteligncia, sublime

    Antes que inocncia do mal.

    200

    Oio... at o irmo teu suicida

    Jovem gnio sergue por ti:

    DEmil lendo os cantos de vida,

    Qual dele longo eco te ouvi:

    Oh! da ptria, musa querida -

    Lookinglass ?... Vinganas de mim.

    201

    E condutor do cego Omhero

    Foi o discpulo amigo meu:

  • Mais o choro e mais desespero

    Do quanto urea Amarca perdeu:

    E todos partimos, antero -

    Ora s tu, o condutor meu.

    202

    "Ai! ai!" retinir sandorinha

    Pelo ar de cristal: mais veloz

    Que os pombos de Clia mesquinha,

    Avisa que a prendam: feroz

    Minha alma tremeu pela alminha

    Dela, sempre que oio-lhe a voz!

    203

    Deixem-ma infantil demncia,

    Em toda inocncia animal

    E que do paraso a indecncia

    E a flor que a alma esfolha moral:

    Deixem-ma a to breve existncia

    Da luz (o riso-luz!...) fatal!

    204

    Dedos de rosa h ainda Aurora

    Dhericos tempos omheriais

    Abrindo as portas do dia: a hora

    Do leite a espumar nos currais,

    Do orvalho e da fonte sonora,

    Da alegria e a bno dos pais.

    205

    Deixem-ma aurialva gloriosa,

    Sempre-menor, do cidado

    A filha-famlia, a aura, a rosa

    Florindo em cada um corao,

    Fazendo dAmarca formosa

    Um s amor. Oh, a nao

    206

    Dalma, que est em toda parte

    Onde esteja, aonde ela v!

    A senha Virgnia e no Marte;

    A festa Jesus em Can;

    Noivos ps firmes: em tal arte

    Olhai Fnix urea. De l...

    207

    Surdida das cinzas da esposa,

    Mesmo o semblante, juvenil,

    Da luz do relmpago-rosa

    Que treme ao horizonte brasil:

  • A virginal da ptria, que ousa

    Ser a lei nova e finda a vil.

    208

    Lei nova, Amazonas grand nortes

    Olhando do equador ao cu.

    Imprio crauacanga mortes

    Se a, do sul, cabea perdeu:

    Jovem Repblica ps fortes

    Belas reouve-as, Montevidu

    209

    Irm mais velha -oh, quo preclara!

    Riogrande turea cerviz

    A cabea ao tronco emendara,

    Com sangue altivo a cicatriz:

    Tirania, decapitara;

    Liberdade " vida!" lhe diz.

    210

    E s a lei nova: nela creste,

    noiva minha! oh! Isabel!

    Ash new dress?... nd old one!" Deste?

    Aceito o to brando cintel...

    No star Deus no drama celeste,

    Quem dir? E aps tanto mel

    211

    Decretar, de mim longe cresas

    "Menina e moa"; e o corao

    Longe e s leis, que deste, obedeas

    Educado ausncia e paixo

    Infinita... assim amanheas,

    dia da volta unio!...

    212

    Cores do teu peignoir do banho,

    Miostis transformado em flor,

    Borboletas mil e o tamanho

    Astral orelhinha e urea cor

    Cobrindo-o: no doce emaranho

    Lembram dias do nosso amor.

    213

    Luz, luz -s tm eternidade

    Os que irradiaram aos cus

    Travs trrea humanidade,

    Tenebrosos humus-ateus

    Riqueza -de fertilidade

    Donde o po, que nutre aos de Deus;

  • 214

    Salvada minha e po sagrado

    De rosa de luz e verdor,

    Que eu vejo em teu leito a meu lado

    Qual um vivo almoo de amor

    mesa coberto; e esfaimado

    Da hora espera o banqueteador

    215

    Deus o Infinito, sempre-hodierno,

    Abismo-Entranha universal

    Onde os astros giram internos -

    Incompreensvel? oh! qual!

    Teus olhos atestam o Eterno

    E este amor indica o Eternal:

    216

    E esta harmonia e o ptrio abrigo

    Smbolo teu e em que te amei:

    Por ela vindo, eis-me contigo

    Com quem repblica salvei

    De conspiradores - inimigo

    Anjo, das orcamidas! Lei

    217

    Do resplendor sol (palpitante

    Corao) que nuvem corou

    Qual o apagassem e levante

    Novo ao diorama iluminou

    Folho, veludoso-verdeante

    Que a um leque de virgem ornou.

    218

    E compressa a terra espumeja

    Em formas viventes de amor

    Quando o sol coos raios a beija

    E do seio arranca-lhe a flor -

    Oh! como o horizonte lampeja

    Dalma ao cair de um gladiador!

    219

    Ficou-lhe a glria, essa eterna alma

    Pairando em suas belas aes:

    Noite e da luz dacesa palma,

    Que a Moiss guiava, os clares;

    a stelipra noite, que exalma

    Ao dia as novas geraes.

    220

    E em Deus desbrocham as flores;

  • Resplendem os homens em Deus

    Coa ndole, ou bela ou horrores;

    Quanto sai da terra entra em Deus,

    Mocidade, ledice, amores.

    Volta terra quem sai de Deus.

    221

    Quando eu desse etereal paterno

    Dentre relmpagos voltar,

    No seio terreno materno

    Ento me vero repoisar:

    Que fiz tantos anos no Eterno

    Se no, que existe, confirmar?

    222

    J seguindo as garas mais puras

    Voadoras do ar atravs,

    Ou do relmpago s alturas

    A que o horizonte treme: e o vs,

    Mar vanzeiro s dobras escuras

    Destes rochedos. Firmes ps

    223

    Da infncia eu saltador-Apolo

    Afeito ao sagrado pomar,

    Por toda a vida amei o colo

    Em adolescente pendoar

    Quando a Musa encarna: e eu lhimolo

    A adorao da harpa do lar.

    224

    Armas com que fiz a repblica

    Pontas voltaram contra mim:

    Antes deixasse a raa lbrica

    Em seu hediondo chifrim,

    Do que estar Libertas to pudica

    Envergonhada. Mas eu vim.

    225

    Das chamas de ardentes fornalhas

    Do rei Nabucodonozor

    E a esttua de oiro sesmigalha

    S aos firmes ps do Senhor:

    Sou das pavoneadas gralhas

    O inimigo, o dependor.

    226

    E ordenaste cincia o strabismo

    Da desgraadinha infeliz

    Septnia de cftens e abismo

  • Dinveja e punhal, que feliz

    Rival toda bela e pontismo

    Seguia assassina. Oh, bendiz

    227

    Deus universal, a quem ame

    Sentir em tuas leis divinais!

    E ordenaste linchado o infame

    Imoral Baslio. Mortais,

    No caia a obra (se proclame)

    Dos cruzadores sociais.

    228

    E eu do capitlio sou ganso,

    Da Liberdade o trono-amor:

    Na paz da Amrica eu descanso,

    E a guerra eu sou e a magna dor:

    Beijando teus cabelos, trano

    Tuas asas do sol-beija-flor.

    229

    Triunfador o vs romano,

    Do capitlio altivo descer

    O Brasileiro-Americano

    Honrado como tem de ser

    Cada um eleito soberano

    Que te d mais resplandecer:

    230

    Venturosos dias de outono

    Que de um bom carter h luz!

    Parando em saudoso abandono

    Abenoam quanto os seduz -

    Rseo crepusclo e horas do sono

    Deternidade, a magna cruz:

    231

    Trmino da harpa corda negra;

    Do oiro virgem h vibrao

    Melhor, que h luz e ao bardo alegra

    A hora final do corao;

    Solar borboleta que integra

    A to gentil revoluo!

    232

    -O ano da graa, oitenta e cinco,

    Voltando ptria, os irmos meus

    Velando teu bero e o antigo

    Mundo incendiado: de Deus

    Nasceste para mim. Quantos brincos

  • Auravam desperas por teus!

    233

    E eu te pressentindo -Libertas

    Metamorfoseal redeno

    De tanta crislida s festas;

    Porm, nunca a transformao!

    genial musa! eis que s sestas

    Encontro-te: s a solido:

    234

    Tambm as da Ctia j fra

    Cravado o meigo Prometeus

    E em ctio vapor... qual outrora

    Marselhez salvou-me dos teus

    A quem dei o fogo da aurora...

    Tambm aqui preso eis-me um Deus;

    235

    Sagrado mar trouxe-o ao Deserto...

    Onde encantados stamos ns?

    E sempre longes, sempre pertos,

    Nesta paixo dos sempre a ss...

    .......................................................

    -"Conge." Um beijo-cus abertos.

    Eia! cerra o vu! tempo atroz!

    236

    -Peneu! Peneu! Sbito, Apolo

    Indo a prender Dafne, a correr,

    Estaca ante um, surto do solo,

    Flreo loureiro, imo o querer!

    Quebrando ele um, qual virgem colo,

    Doirado ramo rosicler

    237

    Fz sua coroa gloriosa -

    Oh! a amante no tocada a amor!

    Oh! a mais bela! a ideal esposa!

    Morta paixo em que h terror,

    Dafne! Dafne! lurea! rosa!

    Que adeus sagrado-encantador!

    238

    A flor de seu pai, porque as margens

    A ss no ficassem do rio,

    Soltando a urea trana s aragens

    Na Metamorfose sorriu

    bno paterna e s miragens

    De amor - E o laurel existiu.

  • 239

    "Te vista," diz me. Cruenta

    Separao, Deus!... Crescer.

    Verso de slabas quarenta

    J no Infinito escrito est

    Nessa harpa de oiro a amar sedenta

    Que ainda esta serra ressoar.

    240

    E os olhos seus relampaguearam

    ureo-negror, cndoro vo -

    E nem adeuses resgataram

    De amor nem fria no tocou -

    Olhos terrveis! umectaram

    Ao pranto, que os no separou,

    241

    Mas interrompe a histria ardente

    Do incompreendido amar fatal

    Que desde o bero a alma presente

    At que o encontra. Unem-se, ideal;

    Dos fins do mundo, ouvem-se; ausentes,

    Vivem unidos; co-leal:

    242

    Um duplo altar, e ajoelhados

    Da imagem sua adorao:

    Vivem desprana os encantados,

    Binria estrela, uma a atrao;

    Da f nos portos ancorados

    Do Infinito na imensido.

    243

    E qual das nuvens negrejantes

    Abre o relmpago atravs,

    Nalma esto cntilas radiantes

    Das fbreas cores isabis

    E quem fulminam qual instantes

    Da morte. E ouvir-se: ai "linda Ins!"

    244

    Rseas harpas j vieram

    Do corao dIsabel

    Dar saudades.

    De quantas sortes lhe deram,

    Sorriu to s s verdades

    Deste anel.

    245

    Mais do que a toda a montanha,

  • Sorrir to somente a amor,

    ser alma

    Que se funde e que sentranha

    Na eternidade, urea palma,

    urea flor:

    246

    Dos banhos nessa ledice

    Da boa vinda e do adeus,

    Banhos dIris:

    Da ltima doce meiguice

    Prova da hora de partires -

    Ai dos meus!

    247

    Ela indicou-me o caminho,

    Que amanh devo seguir,

    Ou a morte...

    Sigo-a eu, meu novo ninho,

    Meu amor, minha consorte,

    Meu porvir.

    248

    Losangos daliana -ao dedo

    Olhando-me o seu anel,

    Deu-me o riso

    Em que h pavor e h segredo

    Dos encantos do paraso, Isabel.

    249

    E por que de tais sorrisos

    Nem eu me lembrasse mais,

    Desde quando,

    Hei dor ignota; improvisos

    Hei minha alma lacerando

    Risos tais.

    250

    O riso, Deus! dalma em pena;

    Risos dexistncia ao fim,

    Dolorosos

    Da doura nazarena,

    To sagrados, to saudosos,

    Ai de mim!

    251

    Como ao umbror da tempestade

    Do homem a alma, a virginal

    Luze e dela

    Relampeja a claridade

  • Que transforma nessa estrela

    De luz tal

    252

    Que resplande das tormentas

    Ao travs da cerrao;

    Riso esprana.

    Das belas tristes, sedentas,

    Resignadas desespranas -

    Ora, ento

    253

    O de sangue ltimo beijo

    Na arbor vitae lhencravou

    A existncia

    Das saudades, dos desejos

    E que amparam l nausncia

    Quem amou.

    254

    Agora, notcias dela,

    Pensamentos seus me vm,

    Me rodeiam;

    Meus vo-lhe todos. Quo bela

    Sagrada ausncia! Pranteiam

    Sumo bem.

    255

    Que a democracia pura

    (Essa que chamam "feroz")

    do Deus

    O natal dhonra e candura,

    Quando h prmio Prometeus

    ... Sim, de vs...

    256

    Divinos ontens. Cus abaixo,

    Deso; fui cimos, fui vulco:

    Deso, s plancies percos e achos,

    Mas sem dispnia ao corao

    Do subir da glria qual Naxos

    Croa dariadna. Solido.

    257

    Vejo-a toda hora, ubicuidade

    Nos cus, na terra, em meu hotel,

    O mesmo olhar e a divindade,

    Quo isolante e a alvura-mel!

    Mam dizia "ser a lealdade"

    E a fronte queima-me o laurel.

  • 258

    Taves de amar pungindo ao gnio,

    As artes gloriosas esto:

    Verdeante murta, auros edneos

    Crespos, Augustas beijos do

    De amor sagrado: e ao peito aneo

    Escutas rugir o vulco.

    259

    Depois fortnio quem canta:

    Nunca eu diga quem ouso amar -

    To alva, to alva garganta

    E o luznegror crespo e o olhar

    Qual zona-trrida abrilhanta;

    E a branca espuma em verde mar

    260

    Mater! Mater reveste o monte

    Verdicler, magnlia alva a abrir

    Opalino leque o horizonte,

    Pra-raio os cus a ferir;

    Quo lctea, oh quo lctea fronte!

    Zona-trrida musa advir!

    261

    Negrores crespos transluzentes

    Martrios como os de mam;

    O olhar brilhantes negros; dentes

    Toda a abrir rindo. Oh! talism!

    No Avenir tomou-me afro agente

    Por capitain du batiment.

    262

    E o s negror e o branco branco

    Da zona-trrida, eis a maior

    A influncia maior que um franco

    Peito haver pode. Tanto alvor,

    A um misantropo tal barranco

    Que o faz retroceder a amor.

    263

    Sem dinteresse o presente, o astro,

    Dos cus de si, a iluminar,

    Alvura de Juno o alabastro

    E em covinhas riso a beijar:

    Pressentes das formas o rastro

    irradiao. Eia! voltar!

    264

    Lureos losangos, folhas meigas

  • Tecei croas ao triunfador:

    Mudem pirides em pegas

    Saltitantes, horror! horror!

    Musa do bom carter, chegas

    boa hora de luz e dor.

    265

    Perfaz tua imortalidade

    Tu mesma coos encantos teus;

    Faze paixo, glria e saudade,

    Que o novo-mundo creia os meus

    Da nova crena, a Liberdade

    Alma transparente de Deus.

    266

    E a formosura onipotente

    Qual o astro das verdes manhs

    Do Dentista, em dia contente

    Descolinhas mistas-irms

    Com que honrei eu, quando Intendente,

    Libertas, a que honra-me as cs.

    267

    Cs de Josefus, noivo ancio

    Da cheia de graas, a moa

    De bendita alvura formosa,

    Mater! Mater! a um corao

    Que andar veja a terra dolosa

    Dos homens transformao,

    268

    Maio -o ms sagrado aos Maiores,

    A Apolo, Santssima Flor

    E morta que chorava: a adores

    Comigo, oh, tu que s-me favor!

    Que esta alma de tua alma aprimores,

    Gmeos, signo da hora da Dor.

    269

    Solenes calmas, oh! iandara!

    Famlia em tranqilo viver,

    Desse que ptria tanto honrara,

    Musa, linda a mais no ser!

    E quanto amor frutificara

    Arbor vitae, bem podes ver.

    270

    E como de Deus contemplada

    Disse o amoroso ancio:

    (Olhos baixou a toda amada)

  • Oh murcha minha murchido!

    E dessa famlia adorada

    Fz-se a ideal, constelao,

    271

    Sagrado alvor qual nunca eu vi

    Nem nos cus que alveja Galxia:

    Que surja o novo homem desta hstia

    Dalva magnlia, a flor de ti.

    Onipotente alvura lctea,

    Negror crespo e o olhar. Ex vi

    272

    Dessa esmeraldina miragem

    Que apaga-se quando encontrar

    Creras, do mundo na voragem,

    Doce estao de puro amar

    Onde esquea-se a vil carnagem

    Da terra. E a finde o pensar.

    273

    Mater! Mater! musa do amor,

    Eu agradeo as de teus hinos,

    "Verduras de estilos" divinos

    E o tom moral, que o do cantor

    Seguro de vida. Meninos,

    Guardai o culto desta flor.

    274

    Assim, pela janela fora

    Lanando dindinha a coroa,

    Encanecera a essa mesma hora

    A sempre mrtir, sempre boa,

    A rosa de oiro e redentora

    De Leo Treze. A bela Coroa!

    275

    E o selo viu a esta e Vitria

    Civis, mulheres-honras suas -

    Oh! mais que dos homens a glria!

    - Tronos: ou desa o andar das ruas;

    Ou morra vergonha da histria -

    Quo belas destronadas duas!

    276

    Ontem to linda; feia agora:

    Fotografai ontem: guardar!

    Os cus reproduzem aurora,

    Que ajudeis o globo a girar:

    Refratrio o gnio: senflora

  • A terra; e no h flor o Lar.

    277

    Doce tamarindeiro! Entoara

    Dela a ave os trinos a advir-

    Augustas calmas, oh iandara!

    Quero sombra as sestas dormir -

    Mater! Mater, quanto encantara

    O som do teu lmpido rir!

    278

    Talheres de oiro, ao aristocrata

    Almoo estou. Democracia

    No jornal, lembra a intemerata

    Nau de Pris... s carecia

    Destivador-curtidor. Grata

    Berlim, como Faure a harmonia!

    279

    E um Mac-Kinley imberbe que a prola

    Das Antilhas liberta ao mar!

    Perdida a vi queixosa-qurula:

    Bradei-lhe, eia! a ss! triunfar!

    E na imensidade urea-crula

    Dos cus de Monroe ei-la a brilhar!

    280

    Vtimas do Sprito monarco,

    Tal sem famlia estou, sem Deus.

    Remetido em ctio barco...

    Os mares prendem Prometeus,

    Se qinqnia Bessy qual arco

    No vibra contra imigos meus.

    281

    Agora , ouve o fim, como um credo:

    Nas ilhas do Diabo h cajs;

    E Dreyfus l vive em degredo

    Por ordem de Pncio-Caifs...

    "E o Cristo?..." de guerra o segredo:

    Mas, no podendo ir o voraz

    282

    Que amostrou luz... j ests rindo!...

    Lincharam, por ele, um judeu...

    E o dio franco-prussiano eis findo

    Histrias tais Zola entendeu.

    E o seclo, que vai-se esvaindo,

    Luz de moribundo acendeu:

    283

  • Ao desarmamento, dentre hinos;

    Havana, que se libertou;

    Ilha Fiscal, fulgor divino,

    Que o leque Princesa quebrou,

    Rosa de oirozo seclo o ensino

    D dos jardins onde enflorou:

    284

    Melhor que o de luzes, de coroas;

    Seclo da Verdade e de paz,

    Do velho Deus, das virgens boas,

    Do civilizado "rapaz",

    Do septenal Bielas s loas

    Do fim do mundo... de Satans;

    285

    Que o da democracia pura,

    Esse as Musas e a Exposio

    eternamente formosura

    Do jovem moral corao:

    Sculo... durea sepultura

    Dos "insignes", da Revoluo.