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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Advogado, inscrito na OAB/UF sob o n., com escritório em, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 5º, LXVIII, da Constituição da República e no art. 647 e seguintes do Código de Processo Penal, impetrar ordem de HABEAS CORPUS para trancamento de ação penal em favor de NOME, nacionalidade, profissão, RG nº., CPF sob o nº., endereço, que sofre constrangimento ilegal por parte do MM. Juiz de Direito da 10ª Vara Criminal da Comarca da Capital-RJ, no processo n., pelos motivos a seguir expostos: I- DOS FATOS

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Advogado, inscrito na OAB/UF sob o n., com escritório em, vem, respeitosamente

perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 5º, LXVIII, da Constituição da

República e no art. 647 e seguintes do Código de Processo Penal, impetrar ordem de

HABEAS CORPUS

para trancamento de ação penal em favor de NOME, nacionalidade, profissão, RG nº.,

CPF sob o nº., endereço, que sofre constrangimento ilegal por parte do MM. Juiz de

Direito da 10ª Vara Criminal da Comarca da Capital-RJ, no processo n., pelos motivos a

seguir expostos:

I- DOS FATOS

Ocorre que a paciente foi investigada e está sendo processada por suposta infração

penal prevista no art. 171, do Código Penal.

Segundo descrito na peça acusatória, a denunciada teria deixado em poder da Firma

X, no dia 23 de Janeiro de 2012, de má-fé (essa não comprovada pelo Parquet) oito

tapetes orientais para limpeza.

Ainda, no dia 10 de fevereiro de 2003, os referidos tapetes foram entregues a paciente

que, teria deixado de pagar a quantia de R$540,00 (quinhentos e quarenta reais) pelos

serviços prestados.

Dessa forma, segunda a denúncia, a ré na ação penal, ora paciente, teria consciente e

voluntariamente com intuito de lucro, obtido vantagem ilícita em prejuízo do lesado,

praticando, portanto, o crime do art. 171, caput, do Código Penal.

No entanto, data venia, agiu mal o MM. Juízo ao receber a ação penal, pois como se

restará demonstrado a pretensão acusatorial é inócua e não merece prosperar.

II- DO DIREITO

Para que o processo penal possa se iniciar é necessário que estejam presentes algumas

condições, dentre as quais o fumus commissi delicti. “Ou seja, no processo penal, desde

o início, é imprescindível que o acusador público ou privado demostre a justa causa, os

elementos probatórios mínimos que demonstrem a fumaça da prática de um delito, não

bastando o cumprimento de critérios meramente formais” (Aury Lopes).

Ora, no caso presente o Ministério Público não procedeu à demonstração de que a

conduta praticada pela ré é típica, ilícita e culpável. Explica-se, a ação delituosa

imputada à ré tem previsão no artigo 171 do Código Penal, verbis, “obter, para si ou

para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em

erro, mediante artificio, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”. O Parquet não

demostrou nos autos a subsunção da conduta da ré ao referido tipo objetivo: não fez

prova do artificio, ardil ou outro meio fraudulento que a ré teria utilizado para a suposta

indução ou mantença da vítima em erro para assim obter a vantagem ilícita, estando,

pois, ausente a referida condição da ação.

Por sua vez o artigo 395, II do CPP diz que “A denúncia ou queixa crime será rejeitada

quando: [...] faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal”.

Ora, ao caso presente, com demostrado falta uma condição da ação, a saber o fumus

commissi delicti, pelo que deve o presente processo ser trancado.

Outrossim, falta à presente ação a condição de justa causa, pois o órgão acusador não

se incumbiu de apresentar os elementos probatórios que comprovassem a autoria e

materialidade do crime.

Destacamos o seguinte julgado:

TJ-BA - Habeas Corpus HC 03030737220128050000 BA 0303073-72.2012.8.05.0000 (TJ-BA)

Data de publicação: 17/11/2012

Ementa: HABEAS CORPUS. PLEITO DE TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL.

PACIENTE TIDA COMO INCURSA NO ART. 171, § 2º , INCISO VI , DO CP .

ALEGAÇÃO DE FALTA DE JUSTA CAUSA PARA O AJUIZAMENTO DA AÇÃO.

CHEQUE PRÉ-DATADO. DESVIRTUAMENTO DA NATUREZA JURÍDICA DO

TÍTULO. RELAÇÃO DE TRATO COMERCIAL. CELEBRAÇÃO DE CONFISSÃO

DE DÍVIDA POSTERIORMENTE À EMISSÃO DO CHEQUE E DEPÓSITO

JUDICIAL ANTES DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. PRECEDENTES DO

STF. ORDEM CONCEDIDA. I - Os fatos narrados na Denúncia não se ajustam ao tipo

penal previsto no art. 171, caput, nem tampouco à figura descrita no seu § 2º, inciso VI.

II - Do relato contido na Denúncia, depreende-se que os cheques foram emitidos ante

tempus, em garantia de pagamento pela aquisição de produtos e equipamentos médicos,

restando desnaturados da sua característica de ordem de pagamento à vista. III - Por

outro lado, conforme já se posicionou o Excelso Pretório, tendo ocorrido "o depósito do

valor do cheque em cartório antes do recebimento da denúncia, aplicável a

jurisprudência do STF, no sentido de exclusão da ação penal, não obstante a recusa do

credor em recebê-la por pretender quantia maior" (STF, RHC, RT 592/445). IV -

Discussão envolvendo o quantum debeatur há de ser dirimida no juízo cível, nos autos

da ação ordinária de preceito cominatório já ajuizada. Caráter subsidiário do Direito

Penal preconiza sua intervenção mínima, circunscrita aonde os demais ramos do Direito

não se prestem à solução dos conflitos. V - Ademais, a configuração do crime de

estelionato em sua forma fundamental está condicionada à má-fé do agente, devendo,

inclusive, a fraude ser apreciada caso a caso, em vista à pessoa da vítima, elemento

normativo que não se faz presente no caso. VI - Pronunciamento Ministerial pela

denegação da ordem. VII - ORDEM CONCEDIDA.

III - DO PEDIDO

Ante ao exposto, requer o trancamento do presente processo, pela falta das condições

da ação fumus commissi delicti e justa causa, estando, portanto, a ré na iminência de

sofrer coação ilegal na sua liberdade de ir e vir: artigo 647 combinado com 648, I do

CPP.

Termos em que,

Pede Deferimento.

Local, data.

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Advogado.

OAB/UF número.