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Julho/Agosto de 2013 - Nº 2 Passa Tempo Créditos *Pacientes Colaboradores: Larissa de Paula, 14 anos; Robson, 16 anos; Gabriela Pires, 16 anos; * Pacientes ilustradores: Raissa Feliz, 11 anos; Ar- thur Silva, 9 anos; Nayara, 7 anos; Marcos Ulisses, 6 anos; e Eduardo, 7 anos. * Voluntário responsável: João Lucas Braga. 1. Durante a aula de matemática, o professor pergunta: — Vamos imaginar que você tem um real no bolso e pede ao seu pai mais um real. Com quantos reais você ca? — Um real! — Você não sabe nada de matemática. — E o senhor não sabe nada sobre o meu pai. ******* 2. O que é, o que é? Que não se come, mas é bom para se comer? ******* 3. O que é, o que é? Me diga se for capaz. Me diga quem é aquele que num instante se quebra se alguém diz o nome dele? ******* Qual o vinho que não tem álcool? MEU CABELO CAIU! E AGORA?? Piadas & Charadas FIQUE LIGADO é uma publicação realizada por pacientes internados no Hospital da Criança de Brasília José Alencar Quando tinha 8 anos fui diagnosticada com leucemia. Fiz o tra- tamento por 2 anos e correu tudo bem. Mesmos com a quimioterapia, naquela época meu cabelo resistiu rme e forte. No inicio desse ano, 2013, tive uma recaída e tive que recomeçar o tratamento. Dessa vez as minhas madeixas não aguentaram a forte medicação e nas primeiras sessões alguns os caíram, então resolvi raspar logo tudo. O primeiro dia de “careca” foi esquisito. Sentia aquela sensa- ção gelada e quando passava a mão na cabeça parecia que estava molhada. Comecei a sair de casa com touca ou lenços, não que eu tivesse vergonha, mas porque não sabia como seria para as outras pessoas me verem sem cabelo. Quis evitar aquele primeiro impacto. Logo as pessoas ao meu redor se acostumaram com a ideia, então nem a peruca que eu comprei estou usando ultimamente. Lógico que car careca não é a melhor das opções (no meu caso nem é uma opção). Não vou dizer que é bom, mas também não é o m do mundo. Ter ou não cabelo não dene quem eu sou o quão feliz eu posso ser. Na verdade tem sim um lado bom! Reduzi considera- velmente meu tempo no banho, de 40 para 20 minutos. Com toda essa historia, tive que criar um novo estilo bem próprio, anal, “moda careca” não é algo que se encontra nas lojas de um shopping. Frequentemente uso lenços, toucas, bonés, etc. Me sinto bem assim! Esse não é um período fácil. Hospital, agulhas, vários remédios, inchar, desinchar, dores, car enjoada, não poder ir pra escola, cinema... Mas sei que se eu não levar numa boa vai ser pior ainda. Então, é isso que tento fazer: levar numa boa. Tudo isso é passageiro e logo estarei na ativa, com meus longos cabelos de volta. E, no futuro, quando chegar a hora de lavar, secar e desembaraçar o cabelo, sei que ainda vou sentir saudade da minha linda e brilhante careca! Meu nome é Larissa de Paula, tenho 14 anos e FIQUEI CARECA! Um boné pra proteger a careca Olá pessoal, meu nome é Robson, tenho 16 anos e sou de Pirenópolis-GO. Estou no 1º ano do en- sino médio e, nas horas vagas, ajudo meu pai no trabalho. Gosto muito de andar de moto e visitar os meus amigos. Legal também é ir tomar banho no rio e, para isso, Pirenópolis é a cidade perfeita. Há 3 meses descobri um tumor, comecei o tratamento, passei por três cirurgias e sigo com medica- mentos constantemente. No inicio do tratamento os médicos disseram que meu cabelo poderia cair. Fiquei chateado e preocupado, pois gostava do meu cabelo. Depois da segunda sessão de quimioterapia os os começaram a cair de verdade. Agora já me acostumei e estou tranquilo com esse negócio de estar careca. Gosto muito de boné, então os uso para proteger a cabeça e está tudo ok! Com muita fé em Deus eu vou vencendo essa batalha. Sei que logo estarei curado e verei meu cabe- lo crescer e car como antes. Agradeço às enfermeiras e médicas que são muito legais. Em especial agrade- ço a Dona Odete (enfermeira) que me passou muita conança e alegria! Diz aê! Resposta: O-vinho de codorna. Resposta: Talher Ligue os pontos e pinte! Resposta: O Silêncio

HCB | Hospital da Criança de Brasília José Alencar · 2013-07-24 · Oi, meu nome Gabi Pires, tenho 16 anos e sou de Formoso-MG. Ano passado estava na minha casa limpando um arm

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Page 1: HCB | Hospital da Criança de Brasília José Alencar · 2013-07-24 · Oi, meu nome Gabi Pires, tenho 16 anos e sou de Formoso-MG. Ano passado estava na minha casa limpando um arm

Julho/Agosto de 2013 - Nº 2

Passa Tempo

Créditos*Pacientes Colaboradores: Larissa de Paula, 14 anos; Robson, 16 anos; Gabriela Pires, 16 anos; * Pacientes ilustradores: Raissa Feliz, 11 anos; Ar-

thur Silva, 9 anos; Nayara, 7 anos; Marcos Ulisses, 6 anos; e Eduardo, 7 anos. * Voluntário responsável: João Lucas Braga.

1. Durante a aula de matemática, o professor pergunta:— Vamos imaginar que você tem um real no bolso e pede ao seu pai mais um real. Com quantos reais você !ca?— Um real!— Você não sabe nada de matemática.— E o senhor não sabe nada sobre o meu pai. *******

2. O que é, o que é?Que não se come, mas é bom para se comer? *******3. O que é, o que é?Me diga se for capaz. Me diga quem é aquele que num instante se quebra se alguém diz o nome dele? *******Qual o vinho que não tem álcool?

MEU CABELO CAIU! E AGORA??

Piadas & Charadas

FIQUE LIGADO é uma publicação realizada por pacientes internados no Hospital da Criança de Brasília José Alencar

Quando tinha 8 anos fui diagnosticada com leucemia. Fiz o tra-tamento por 2 anos e correu tudo bem. Mesmos com a quimioterapia, naquela época meu cabelo resistiu !rme e forte. No inicio desse ano, 2013, tive uma recaída e tive que recomeçar o tratamento. Dessa vez as minhas madeixas não aguentaram a forte medicação e nas primeiras sessões alguns !os caíram, então resolvi raspar logo tudo.

O primeiro dia de “careca” foi esquisito. Sentia aquela sensa-ção gelada e quando passava a mão na cabeça parecia que estava molhada. Comecei a sair de casa com touca ou lenços, não que eu tivesse vergonha, mas porque não sabia como seria para as outras pessoas me verem sem cabelo. Quis evitar aquele primeiro impacto. Logo as pessoas ao meu redor se acostumaram com a ideia, então nem a peruca que eu comprei estou usando ultimamente. Lógico que !car careca não é a melhor das opções (no meu caso nem é uma opção). Não vou dizer que é bom, mas também não é o !m do mundo. Ter ou não cabelo não de!ne quem eu sou o quão feliz eu posso ser. Na verdade tem sim um lado bom! Reduzi considera-velmente meu tempo no banho, de 40 para 20 minutos. Com toda essa historia, tive que criar um novo estilo bem próprio, a!nal, “moda careca” não é algo que se encontra nas lojas de um shopping. Frequentemente uso lenços, toucas, bonés, etc. Me sinto bem assim! Esse não é um período fácil. Hospital, agulhas, vários remédios, inchar, desinchar, dores, !car enjoada, não poder ir pra escola, cinema... Mas sei que se eu não levar numa boa vai ser pior ainda. Então, é isso que tento fazer: levar numa boa. Tudo isso é passageiro e logo estarei na ativa, com meus longos cabelos de volta. E, no futuro, quando chegar a hora de lavar, secar e desembaraçar o cabelo, sei que ainda vou sentir saudade da minha linda e brilhante careca!

Meu nome é Larissa de Paula, tenho 14 anos e FIQUEI CARECA!

Um boné pra proteger a careca Olá pessoal, meu nome é Robson, tenho 16 anos e sou de Pirenópolis-GO. Estou no 1º ano do en-sino médio e, nas horas vagas, ajudo meu pai no trabalho. Gosto muito de andar de moto e visitar os meus amigos. Legal também é ir tomar banho no rio e, para isso, Pirenópolis é a cidade perfeita. Há 3 meses descobri um tumor, comecei o tratamento, passei por três cirurgias e sigo com medica-mentos constantemente. No inicio do tratamento os médicos disseram que meu cabelo poderia cair. Fiquei chateado e preocupado, pois gostava do meu cabelo. Depois da segunda sessão de quimioterapia os !os começaram a cair de verdade. Agora já me acostumei e estou tranquilo com esse negócio de estar careca. Gosto muito de boné, então os uso para proteger a cabeça e está tudo ok! Com muita fé em Deus eu vou vencendo essa batalha. Sei que logo estarei curado e verei meu cabe-lo crescer e !car como antes. Agradeço às enfermeiras e médicas que são muito legais. Em especial agrade-ço a Dona Odete (enfermeira) que me passou muita con!ança e alegria!

Diz aê!

Resposta: O-vinho de codorna.

Resposta: Talher

Ligue

os pontos e

pinte!

Resposta: O Silêncio

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Receita para fazer em casa!

Pergunte ao Doutor!

Seu cabelo também caiu? Então, entre no FaceBook, procure o nosso grupo “JORNAL FIQUE LIGADO! “ e deixe a sua opinião! Lá você também vai en-contrar dicas para cuidar da sua careca, modos de usar lenços, como cuidar da peruca, etc. A GENTE SE ENCONTRA POR LÁ!

Oi, meu nome é Gabi Pires, tenho 16 anos e sou de Formoso-MG. Ano passado estava na minha casa limpando um armário quando, de repente, minha perna enfreque-ceu e eu caí. A partir daí começou a minha história aqui no HCB.

A princípio parece que eu perdi muitas coisas: cabelo, perna, tempo... mas na verdade eu ganhei muito mais: amadurecimento, experiência de vida, amigos, tempo com aminha familia e, principalmente, aprendi a dar muito valor a vida. O cabelo vai crescer, uma prótese vai ocupar o lugar da perna e as coisas vão se ajeitar como eram antes. A diferença é que agora di!cilmente algo vai me fazer perder o sorriso!

Perdas e Ganhos

Descobri um osteosarcoma, que é um cancer no osso. Por causa disso perdi uma das minhas pernas. Nesses 9 meses entre cirurgias e quimioterapias acabei perdendo também o meu cabelo. Quando o médico disse que meu cabelo cairia eu chorei, porque é muito ruim para uma menina de 15 anos estar careca. A quimioterapia começou, o cabelo começou a cair, aí eu raspei o que restou e fui me acostumando com essa ideia. Sabia que eu não podia perder o sorriso! Em pouco tempo ganhei um presentão: uma menina que conheci na ABRACE cortou seu próprio cabelo, fez uma peruca e me deu. Meu novo cabelo tem até luzes!

Em junho ocorreu a minha última internação. Farei só mais alguns exames, !-sioterapia e já volto para casa. Com isso tudo aprendi que as coisas mais importantes da vida são a fé e a felicidade. Tenho Deus do meu lado e isso me faz perceber que ter ou não cabelo é o de menos.

SEM PERDER A ALEGRIA Oi!! Meu nome é Ana Vitoria, tenho 16 anos e sou de Posse-GO. Há seis meses tive que começar a fazer visitas frequentes ao Hospital. Não que eu quisesse vir, mas sou obrigada por causa da quimioterapia que agora faço periodicamente. Não gosto nem um pouco dessa história de Hospital. Vivia minha vida normalmente, indo para a escola e saindo com meus amigos. Agora, tive que me mudar pra Brasília e me distanciar de tudo que eu considerava como “uma vida normal”. No começo eu !quei com muita raiva! Raiva de tudo. Estava chateada por ter !cado doente e tive medo dessa “novidade” entrando na minha vida sem ser convidada. Pra piorar, veio o fato de !car CARECA! Mas depois que o susto inicial passou, percebi como estou rodeada de pessoas especiais. Minha família e meus amigos estão me apoiando muito e me sinto muito mimada. Eles me !zeram perceber que isso tudo já aconteceu mesmo, então o jeito é viver essa “aventura” da melhor maneira. E qual é a melhor maneira? Tranquilidade, fé, esperança e muitos sorrisos! Esse é o segredo. A!nal, não é porque eu estou no hospital que eu tenho que perder a alegria.

Você sabia que o açaí é um alimento perfeito para crianças e para quem pratica esporte? Ele é indicado para repor energias perdidas, pois, tem alto teor calórico. É rico em proteínas, !bras, lipídeos, vitamina E e minerais, além de apre-sentar elevado teor de pigmentos antocianinas que são recomendados ao controle do colesterol. Também é fonte de ferro e de !bras, indispen-sáveis para um bom funcionamento intestinal.

Bom apetite! Equipe de Nutrição HCB

? Meu nome é Arthur Silva, tenho 9 anos e moro em Luziânia. Gostaria de perguntar por que às vezes é difícil de encontrar a veia para colocar o acesso quando estamos internados?

? Me chamo Jaqueline da Silva, tenho 13 anos e moro no Varjão. Queria saber por que não se pode !car perto de crianças ou plantas quando se faz transplante de medula? Obrigada!

RESPOSTA: Arthur, às vezes a veia !ca escondida, então a pessoa que está colocando a agulha precisa procurá-la. Tam-bém, devido a quimeoterapia ou por causa de desidratação, algumas veias !cam um pouco duras, di!cultando o acesso. Ainda, há casos em que a cri-ança !ca agitada e assim !ca mais di!cil encontrar a veia.

Victor SilvaBiomédico Hospital da Criança de Brasília

RESPOSTA: Jaqueline, quando se faz transplante de medula, a nossa imuni-dade (desefas do corpo) !ca muito baixa. E como as crianças pequenas !cam sempre com gripe e as plantas têm fungos, o contato com elas aumenta muito o risco de infecção.

Dra. Paula Azevedo A. LopesOncologista pediátrica Hospital da Criança de Brasília

Quer colaborar com o jornalzinho “FIQUE LIGADO”? Procure o voluntário João Lucas Braga, para colocarmos sua materia ou o seu desenho nas próximas edições!