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hebreus 10
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SENDO UMA IGREJA CONFORME A VONTADE DE DEUS
Hebreus 10.19–25 (RA)
19Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, 20pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, 21e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, 22aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura. 23Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel. 24Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. 25Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.
1 INTRODUÇÃO
Novo ano chega, novos desafios, um novo local, novas perspectivas, há muito
a se fazer, muitos desejos, objetivos.
Mas como igreja, como devemos nos portar, que caminho devemos percorrer
para que esses propósitos sejam alcançados?
O que Deus espera de nós, para que de fato ele nos use para que esses
objetivos, desejos, desafios?
Esse texto de Hebreus nos dá um norte, uma base de onde devemos partir
para que sejamos uma igreja conforme a vontade de Deus.
2 CONTEXTO
A maior parte do livro de Hebreus é um exaltado tratado teológico sobre a pessoa e a obra de Jesus Cristo. Ao longo de nove capítulos, o autor do livro
considera atentamente o sistema sacrificial e sacerdotal do Antigo Testamento e defende que ele fora inteiramente cumprido na vida e morte de Jesus. Com o décimo capítulo, porém, o autor deliberadamente aplica tudo isso à vida de seus leitores. “À luz de todas essas coisas”, ele lhes diz,
“vocês devem viver de uma certa maneira”.
3 EXEGESE
Hebreus 10.19-25 repousa no coração dessa exortação. Nesses versículos, o
autor chama seus leitores a fazer três coisas:
1) primeiro, eles devem se aproximar de Deus. Uma vez que Jesus
conquistou para eles acesso ao trono de Deus, por sua morte na cruz,
eles hão de adorar a Deus não com temor e tremor, mas com total e
alegre confiança.
2) Segundo, ele os chama a conservar a sua confissão; não a retroceder e
ser destruídos, mas a crer, a ter fé, e, por esses meios, a salvar a sua
alma. Com essas duas exortações, o autor chama esses cristãos a olhar
atentamente para seu coração, mente e alma.
3) Mas há também uma terceira exortação aqui, na qual ele os chama a
olhar para fora de si mesmos e focar a sua atenção em seus irmãos e
irmãs em Cristo – na igreja.
O autor escreve nos versos 24 e 25: “Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima”.
Por causa de tudo o que Jesus fez, e por causa de tudo o que ele é, os cristãos devem estimular uns aos outros ao amor e às boas obras. Mas como devemos fazer isso? Por que meios podem os cristãos impelir uns aos
outros à bondade e à santidade?
O próprio texto oferece dois caminhos – não deixando de congregar e
fazendo admoestações uns aos outros.
Agora, essa frase – “não deixemos de congregar-nos” – é talvez a afirmação
bíblica mais clara da obrigação do cristão de frequentar uma igreja local.
Se somos parte do corpo de Cristo, então devemos, de fato estamos obrigados a, nos unir e compartilhar nossa vida com um corpo local de crentes. Esse verso dificilmente poderia ser mais direto.
Mas observe que o mandamento de não negligenciar a congregação não
caminha sozinho, ele se sustenta em outro mandamento.
O mandamento de congregar é apresentado como um meio para outro fim. Nós cristãos devemos congregar com o propósito de estimular uns aos outros ao amor e às boas obras.
4 FREQUENTAR
No mínimo, portanto, devemos dizer que, para todo cristão, frequentar as reuniões da igreja não é opcional. O autor de Hebreus, e portanto o próprio
Espírito Santo – ordena que os cristãos estejam presentes quando os crentes com quem eles congregam se reúnem.
De modo bastante prático, isso significa que nós talvez precisemos reorganizar
nossas agendas para encontrar tempo para o ajuntamento dos santos.
a) Compromissos de trabalho podem ter de ser deslocados.
b) Tarefas de casa podem ter de ser feitas em outro momento.
c) Relatórios podem ter de ser preenchidos mais cedo ou mais tarde.
d) A maioria das igrejas se reúne não mais do que duas ou três ou quatro
horas por semana, o que ainda deixa cerca de 144 horas para fazer
essas ou outras coisas.
e) De acordo com Hebreus, encorajar e estimular outros cristãos deve estar no topo da lista de prioridades de todo cristão, e isso significa frequentar as reuniões públicas da igreja.
4.1 MAS NÃO APENAS FREQUENTAR
Mas o autor de Hebreus está convocando a mais do que mera frequência.
Muitas vezes, os cristãos tratam a frequência na igreja como mais um item de
sua lista de “afazeres cristãos”.
Eles frequentam um culto de igreja, sentam quieta e anonimamente nos
fundos do salão, ouvem o sermão com o coração dividido, escapam durante o
hino final sem falar com ninguém, e mentalmente riscam o item da semana: “Igreja frequentada. Hebreus 10.25 obedecido”.
Mas isso não é de modo algum o que o autor de Hebreus tinha em mente aqui. Ele não diz simplesmente: “Frequente a igreja”.
Em vez disso, ele põe a frequência à igreja, muito deliberadamente, no contexto de conhecer, amar e encorajar outros crentes. Ele a põe no contexto de estimular uns aos outros ao amor e às boas obras.
a) A reunião pública de uma igreja local envolve mais do que indivíduos
que se reúnem para ouvir a Palavra de Deus pregada – embora isso
esteja certa e crucialmente envolvido.
b) Ela envolve também compartilhar vida com outros crentes que se
aliançaram para dar suporte e encorajamento uns aos outros como
cristãos.
c) É nas reuniões públicas da igreja que nós oramos uns pelos outros,
choramos e nos alegramos uns com os outros, carregamos os fardos e
as tristezas uns dos outros, ouvimos a Palavra de Deus juntos, e
trabalhamos para aplica-la à vida uns dos outros.
d) Em resumo, a reunião da igreja é o tempo mais importante que os crentes possuem para estimular uns aos outros ao amor e às boas obras.
CONSPIRAR E PROVOCAR
Observe mais duas coisas neste texto.
1) Primeiro, o autor de Hebreus ordena: “Consideremo-nos também uns
aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras”.
Ele está nos dizendo, em outras palavras, para pensarmos no assunto!
Um cristão deve conspirar, planejar, tramar, projetar e inventar como pode estimular seus irmãos e irmãs às boas obras – algo que
ele simplesmente não pode fazer a menos que sua vida esteja
firmemente entrelaçada com a deles. Como exatamente pode um
cristão conspirar e planejar pelo bem de seus companheiros crentes, se ele não os conhecer?
2) Segundo, observe a palavra “estimular”, que algumas versões
traduzem por “provocar”. A presença de um indivíduo no corpo deveria ter um efeito visível nos outros, um efeito estimulante ou provocativo: amor e boas obras começam a abundar nas vidas das pessoas ao seu redor!
Nós devemos e queremos encorajar os membros de nossa igreja a conspirar e
provocar – para o bem!
UMA ILUSTRAÇÃO
Uma vez lavando umas peças de bicicleta em um balde, percebi que toda lama
das peças ficava no fundo do balde, e a agua permanecia na superfície.
Se eu quisesse misturar toda aquela lama com a agua limpa, não importa o
quanto eu chacoalhasse o balde ela não se misturaria.
Se eu de fato quisesse agitar aquela lama para o topo, eu teria de pôr a mão
na água. Eu teria de me envolver com a água, agitando a lama de modo direto
e proposital.
Não é uma analogia perfeita, certamente, mas a igreja é um pouco desse jeito. Nenhuma verdadeira igreja de Jesus Cristo deveria ser o tipo de lugar onde os crentes simplesmente se reúnem uma vez por semana, esbarram um no outro, e então vão cuidar de seus negócios.
Que vergonha é quando os cristãos, para não mencionar os não cristãos,
pensam que isso é tudo o que as reuniões da igreja significam! Eu não consigo
pensar em muitas coisas que tornariam uma igreja mais sem vida ou menos
digna de zelo.
A exortação para “não deixar de congregar” não é entediante e sem vida desse modo.
Ela não chama os cristãos a sentar passivamente num banco. Ao contrário, ela os chama a uma vida crepitante de energia. Ela os chama a
viver juntamente com outros cristãos – a amá-los, encorajá-los, estimulá-los às
boas obras e, talvez mais importante, apontar-lhes sempre o Dia quando o seu
Senhor há de retornar.
“Ir à igreja” não resolverá. Apenas “sendo a igreja” nós podemos cumprir o que
Cristo planeja para nós como seu povo.