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Hegel e a Crítica à Racionalidade Moderna Vitor Vieira Vasconcelos Bacharel em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais UFMG Belo Horizonte, Minas Gerais, 2005 Hegel percebe que os discursos filosóficos expoentes da era moderna se fundamentam a partir da subjetividade: é o sujeito que parte para conhecer o mundo, começando pela autorreflexão. Descartes e Kant claramente partiram da reflexão subjetiva, porém, a novidade de Hegel é interpretar esse princípio metodológico a partir de uma perspectiva historicizada. No desenrolar da história, o amadurecer da Razão leva ao progresso que é tanto científico, técnico, moral e filosófico. Contudo, nesse processo de reflexão, o sujeito moderno acabou criticando as tradições, e fechou a racionalidade dentro de um solipsismo, ficando confinado apenas ao seu universo subjetivo individual. Essa é a crítica de Hegel à modernidade, pois ele afirma que apenas a racionalidade subjetiva não é capaz de resolver os problemas humanos e nem de fornecer um conhecimento seguro e verdadeiro do real. Extrapolando a subjetividade, Hegel funda o conhecimento e a Razão na ontologia do Absoluto, o que subjaz e sustenta todo o real. A razão subjetiva continua existindo e não é substituída pela razão maior do absoluto. Dessa maneira, Hegel pensa ter resolvido o problema da solipsismo. Por exemplo, as contradições da razão moral subjetiva Kantiana seriam solucionadas, pois serão resolvidas dentro da lógica moral do Estado, o qual terá como fim a busca pelo maior bem a todas as pessoas.

Hegel e a Crítica à Racionalidade Moderna

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No desenrolar da história, o amadurecer da Razão leva ao progresso que é tanto científico, técnico, moral e filosófico. Contudo, nesse processo de reflexão, o sujeito moderno acabou criticando as tradições, e fechou a racionalidade dentro de um solipsismo, ficando confinado apenas ao seu universo subjetivo individual. Essa é a crítica de Hegel à modernidade, pois ele afirma que apenas a racionalidade subjetiva não é capaz de resolver os problemas humanos e nem de fornecer um conhecimento seguro e verdadeiro do real. Extrapolando a subjetividade, Hegel funda o conhecimento e a Razão na ontologia do Absoluto, o que subjaz e sustenta todo o real. A razão subjetiva continua existindo e não é substituída pela razão maior do absoluto. Dessa maneira, Hegel pensa ter resolvido o problema da solipsismo. Por exemplo, as contradições da razão moral subjetiva Kantiana seriam solucionadas, pois serão resolvidas dentro da lógica moral do Estado, o qual terá como fim a busca pelo maior bem a todas as pessoas.

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Hegel e a Crítica à Racionalidade Moderna

Vitor Vieira Vasconcelos

Bacharel em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG

Belo Horizonte, Minas Gerais, 2005

Hegel percebe que os discursos filosóficos expoentes da era moderna

se fundamentam a partir da subjetividade: é o sujeito que parte para conhecer

o mundo, começando pela autorreflexão. Descartes e Kant claramente partiram

da reflexão subjetiva, porém, a novidade de Hegel é interpretar esse princípio

metodológico a partir de uma perspectiva historicizada.

No desenrolar da história, o amadurecer da Razão leva ao progresso

que é tanto científico, técnico, moral e filosófico. Contudo, nesse processo de

reflexão, o sujeito moderno acabou criticando as tradições, e fechou a

racionalidade dentro de um solipsismo, ficando confinado apenas ao seu

universo subjetivo individual. Essa é a crítica de Hegel à modernidade, pois ele

afirma que apenas a racionalidade subjetiva não é capaz de resolver os

problemas humanos e nem de fornecer um conhecimento seguro e verdadeiro

do real.

Extrapolando a subjetividade, Hegel funda o conhecimento e a Razão na

ontologia do Absoluto, o que subjaz e sustenta todo o real. A razão subjetiva

continua existindo e não é substituída pela razão maior do absoluto. Dessa

maneira, Hegel pensa ter resolvido o problema da solipsismo. Por exemplo, as

contradições da razão moral subjetiva Kantiana seriam solucionadas, pois

serão resolvidas dentro da lógica moral do Estado, o qual terá como fim a

busca pelo maior bem a todas as pessoas.