40
80 81 Pequenas hi tech Inovação e tecnologia valorizam empreendimentos Hobby vira empresa Quando a diversão se transforma em negócio lucrativo Marcas e patentes Micro e pequenas também podem proteger invenções Trimestral nº14 Ano 4 Jun/12 A revista da pequena empresa no Paraná

hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

80 81

Pequenas hi techInovação e tecnologia

valorizam empreendimentos

Hobby vira empresaQuando a diversão se transforma

em negócio lucrativo

Marcas e patentesMicro e pequenas também podem proteger invenções

Trimestral nº14 Ano 4 Jun/12

A revista da pequena empresa no Paraná

Page 2: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Editorial

Mais uma edição da Soluções Sebrae, a revista da pequena empresa no Paraná! A cada entrega, a sensação de dever cumprido e de conexão. Para o Sebrae/PR, mais uma prova da importância de disseminar o conhecimento em favor do empreende-dorismo e das pequenas empresas.

Os leitores conferem nesta edição reportagens sobre mercado, associativismo, comportamento, capacitação, oportunidades e tendências. A entrevista, com o es-pecialista Felipe Morais, deixa um alerta para os empresários de olho na internet: as redes sociais exigem contato contínuo com os consumidores.

Destaque para matéria de capa, para quem quer empreender, mas que dispõe de pouco dinheiro. De acordo com especialistas, é possível sim superar este desafio, recorrente no dia a dia de muitos empreendedores. Mas é preciso tomar alguns cui-dados e investir em planejamento.

A Revista Soluções traz ainda temas como pequenas empresas que apostam em tec-nologia e em biotecnologia, para melhorarem produtos e conquistarem mercado. Bem como duas reportagens com orientações úteis sobre marcas, patentes e inven-ções e sobre parcelamento de dívidas.

Nesta edição, abrimos espaço editorial ainda para conhecer um pouco mais sobre o empreendedorismo no outro lado do mundo e como os chineses têm avançado dia após dia, mudando o perfil de suas empresas e tornando-se, de fato, concor-rentes globais.

Vale a pena ainda conferir a reportagem sobre a iniciativa de um grupo de empreen-dedores gaúchos, que instituiu o EmpreenDrinks, happy hour para discutir negócios. O movimento nasceu em 2011 e já tem nove edições. Comportamento que virou mania também em centros como São Paulo.

E, por fim, tecnologia social é o tema explorado na seção associativismo. Mas que ‘bicho’ é esse? Para que serve? E o que tem a ver com empreendedorismo e micro e pequenas empresas? Todas as respostas podem ser conferidas por você nesta edi-ção da Revista Soluções!

Boa leitura! Leandro Donatti, o editor

Conexão

2 3

Page 3: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Índice

Capa - Pág. 12

Artigos

Entrevista

Eloi Zanetti - Pág. 35 ...empresas e pessoasvêm e vão e o que fica mesmo são...

Allan Costa - Pág. 77...reflexões interessantes para os nossos pequenos negócios...

Negócios compouco dinheiro

Planejamento, espíritoempreendedor e oportunidades com retorno econômico certo ajudam a superar faltade capital inicial

Para especialista Felipe Morais,a internet permite que pequenas empresas façam uso de seusrecursos e colham os lourosde seus investimentos

Redes sociais exigem conexão contínuacom o consumidor

Renata Todescato,gerente de Atendimento Individuale Marketing do Sebrae/PR

CoordenaçãoRenata TodescatoGerente de Atendimento Individuale Marketing

Edição/Jornalista ResponsávelLeandro DonattiRegistro Profissional– 2874/11/57-PR

Ammanda MacedoEspecialista em Marketing

Adriana Schiavon GonçalvesEspecialista em Marketing

Reportagens: Adriana De Cunto, Andréa Bordinhão, Beth Matias, Giselle Ritzmann Loures, Katia Michelle Bezerra, Leandro Donatti, Maigue Gueths e Mirian Gasparin.

Fotos: Cristiane Shinde, Luiz Costae Rodolfo Buhrer.

[email protected]://asn.sebraepr.com.br

Críticas e comentários, mande um e-mail para [email protected]

Anuncie na Revista Soluções: [email protected]

ImpressãoArtes Gráficas Renascer Ltda.(Mult-graphic)

Design Gráfico e DiagramaçãoIngrupo//chp Propaganda

PeriodicidadeTrimestral

ISSN 1984-7343

SEBRAE/PR – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Paraná

Jefferson NogaroliPresidente do Conselho Deliberativo

Allan Marcelo de Campos CostaDiretor Superintendente

Julio Cezar AgostiniDiretor de Operações

Vitor Roberto TioquetaDiretor de Gestão e Produção

É com satisfação que a equipe da Revista Soluções divide uma informação com você e sobre você, nosso leitor. A cada edição, cresce o número de apreciadores das versões online da publicação.

São quase 2 mil downloads, no www.sebraepr.com.br, desde março deste ano, quando entrou no ar a edição que teve como destaque de capa uma reportagem especial sobre empreendedorismo criativo.

As edições preparadas especialmente para iPhone, iPad e Android também têm sido sucesso de público e de crítica. Juntas, somam mais de 8 mil aces-sos, desde o final do ano passado.

Os números são motivo de comemoração, revelam novos hábitos e refor-çam o que defendemos desde a estreia da versão online da Soluções, a necessidade de conteúdos extras e exclusivos para os leitores na rede.

E é nisso que estamos trabalhando a cada edição. Aos poucos, aprimorare-mos o processo e conquistaremos novos leitores.

Conheça gratuitamente as versões online no www.solucoessebrae.com.br e dê a sua opinião. Ajude nossa equipe com críticas e comentários. Mande e-mail com suas considerações para [email protected].

Novos hábitosExpediente

Comportamento

Happy hour exclusivopara negócios

Empreendedorismona telinha

PÁG. 56

PÁG. 46

Personalidade

Giro pelo Paraná

Empreendedorismocomo marca registrada

PÁG. 74

PÁG. 72

Parcelamento e perdão de dívidas

‘Receita’ empreendedora

Pequenas hi tech

Quando o hobbyvira empresa

O avanço do ‘dragão’

PÁG. 32

PÁG. 36

PÁG. 18

Serviço

Tendência

PÁG. 60

PÁG. 48

Associativismo

Tecnologia SocialPÁG. 66

Capacitação

Mercado

A menina do vale

Biotecnologia é aliadade pequena empresa

Marcas, patentes e invenções

PÁG. 42

PÁG. 22

PÁG. 24

Pág. 8

4 5

Page 4: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

EducaçãoOs educadores que levam o empreen-dedorismo para faculdades e universi-dades podem acessar o Portal Educação Empreendedora. O www.educacaoem-preendedora.org.br promove o contato e a troca de melhores práticas entre os agentes de ensino de empreendedoris-mo. Uma oportunidade ímpar para ga-rantir a melhoria da qualidade da oferta de programas educacionais e firmar a cultura empreendedora no País.

EmpregosAs micro e pequenas empresas gera-ram, no Brasil, 70% em média dos pos-tos de trabalho com carteira assinada, em abril de 2012. Os dados são do Ca-dastro Geral de Empregados e De-sempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.

CanalO Facebook lançou no Brasil o programa Rota do Sucesso, para pequenas e mé-dias empresas. A ideia é auxiliar o em-preendedor a divulgar seu negócio na rede social, por meio de página no Face-book. Para participar, acesse: www.face-book.com/BrasilMarketing.

2014Quer conhecer as oportunidades de ne-gócios antes, durante e depois da Copa do Mundo de 2014? O Sebrae/PR tem um site exclusivo sobre o tema. É o www.sebraepr2014.com.br. Você encontrará arquivos gratuitos para download e in-formações de inteligência competitiva.

EmpreendedoresO Paraná bateu a marca de 120 mil em-preendedores individuais. O número corresponde ao período de setembro de 2009, quando o Portal do Empreen-dedor (www.portaldoempreendedor.gov.br) passou a operar no Estado, até maio de 2012. A figura jurídica do em-preendedor individual foi instituída para facilitar a formalização de manicu-res, chaveiros, artesãos, costureiras, sa-

pateiros, entre outras 400 ocupações.

CriativosA revista norte-americana Fast Company divulgou os 100 empresários mais criati-vos do mundo. Três brasileiros foram citados, sendo dois donos de pequenas empresas. Lourenço Bustani, da Manda-lah Consultoria, ficou na 48ª posição, e Flávio Pripas e Renato Steinberg, do Fashion.me, rede social de moda, na 54ª colocação. Carla Schmitzberger, da Al-pargatas (Havaianas), ficou em 97º lu-gar. Lista completa no www.fastcom-pany.com/most-creative-people/2012.

Financiamento O Banco do Empreendedor Paraná ofe-rece linhas de financiamento que va-riam de R$ 1 mil a R$ 15 mil para micro-empresas (com faturamento bruto anual de até R$ 360 mil) e de R$ 15 mil a R$ 300 mil para pequenas empresas (com faturamento bruto anual entre R$ 360 mil e R$ 3,6 milhões). O governo do Paraná oferece taxas de juros que va-riam de 0,58% a 1,1% ao mês. Quer sa-ber mais? www.fomento.pr.gov.br.

Declaração Aproximadamente 70 mil empreende-dores individuais do Paraná entrega-ram a Declaração Anual do Simples Na-cional (DASN), referente ao exercício financeiro de 2011. Do total de 95.553 empreendedores individuais, formali-zados até 2011 e que precisavam pres-tar contas, 68.157 enviaram a declara-ção. No Estado, o índice de entrega chegou a 71%, maior que a média na-

cional, que ficou em 60%.

SustentabilidadePesquisa Sebrae Nacional mostra que pequenas empresas ainda precisam avançar sustentabilidade e meio am-biente. Sessenta e cinco porcento dos entrevistados avaliaram o nível de co-nhecimento que possuem sobre os te-mas como “médio”. Os empresários rea-lizam ações como coleta seletiva de lixo (70,2%). Apesar disso, percentual ex-pressivo ainda não tem por hábito utili-zar matérias-primas ou materiais reci-

cláveis no processo produtivo (51,7%).

Linha direta com o leitor Radar da pequena empresa

Um ‘jogo rápido‘ sobre os pequenos negócios, geradores de empregos e renda

Cartas

A Revista do Sebrae/PR é uma fonte de inspiração para as pessoas

que sonham em ter um negócio próprio, que, muitas vezes, se inicia

com um sonho distante. Lendo as matérias, nos encorajamos a acre-

ditar nesse sonho. Uma revista bem escrita, colorida, com um texto

acessível e de leitura agradável! Em tempos de discrença e apatia, é

muito importante ter exemplos de pessoas que alcançam o sucesso

através de boas ideias, de otimismo e perseverança.

Amélia Gomes - Amigos da Horta Teatro de Educação Infantil

- Curitiba - PR

Gostaria de expressar a satisfação que tive em acessar a Revista

Soluções. Produto de qualidade tanto no visual como nos conteú-

dos elaborados. Matérias que realmente fazem a diferença para o

empresário brasileiro e contribuem para a atualização das informa-

ções. Parabéns a todos os envolvidos no processo de criação. Te-

nham a certeza de que estão fazendo a diferença.

Juliano Kaimoto - Grupo SMZTO Participações - Curitiba - PR

A revista está ótima!!! Tive uma noção de que não sou uma exceção

entre os jovens que querem empreender de modo criativo. Aliás,

criatividade acima de tudo! Adorei as dicas para despertar a criativi-

dade. São coisas que vou levar para vida. A revista apenas acrescen-

tou informações valiosas. Parabéns a todos que trabalham pensan-

do em um mundo melhor!

Bryan Scheuermann Jacob – Estudante - Florianópolis - SC

Gostamos muito da edição passada. Nós da Escola de Criativida-

de enxergamos que o processo de pensar criativo vale para qual-

quer pessoa, de qualquer área, perfil ou expertise. Criatividade é

para todos, assim como empreender é para todos. Baseado nis-

so, as abordagens sobre o tema criatividade e empreendedoris-

mo em todo o conteúdo da revista foram muito felizes, pois trou-

xeram a diversidade de casos de empreendedores com grande

mistura de ideias, setores e histórias. Por meio da conexão de

ideias e histórias de propósito e significado é que se desperta

ainda mais a vontade de empreender e buscar o diferencial cria-

tivo nos negócios e na profissão.

Jean Sigel - Escola de Criatividade - Curitiba – PR

Redes sociais

Soluções perguntou: É possível ter sucesso

nos negócios com pouco dinheiro?

#revistasolucoes

Enquete

Sim, com criatividade tudo é possível.

Não, sem dinheiro não é possível ter sucesso.

Queremos sua opinião

[email protected]

A décima terceira edicão da Revista Soluções teve como tema central o empreendedorismo criativo.

6 7

Page 5: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Felipe Morais

Redes sociais exigemconexão contínua

Internet permite que pequenas empresas usem seus recursos e colhamos louros de seus investimentos, mas é preciso olhar sempre para o consumidor

Por Beth Matias

As redes sociais somaram 1,2 bilhão de usu-ários em 2011, o que representou um avan-ço de 23,1% sobre o ano anterior. Chineses (21,3%) e americanos (12,3%) dominaram as redes. O Brasil ficou em terceiro lugar com 5,5% e somou 66,2 milhões de usuários.

Para este ano, o número de usuários deve-rá crescer 19,2% do volume global (che-gando a 1,5 bilhão de usuários). A sonda-gem foi feita pela empresa americana de consultoria e pesquisa Emarketer. Os anunciantes devem investir US$ 7,72 bi-lhões em divulgação de suas marcas nas mídias sociais este ano, incluindo espaços pagos e presença em jogos e aplicativos.

Outra pesquisa, feita pela Ibope Niel-sen Online, divulgada em fevereiro des-te ano, mostra que, em janeiro, no Bra-sil, foram veiculadas mais de 6 mil campanhas de 2.124 diferentes anun-ciantes. Na comparação com janeiro de 2011, o crescimento do número de campanhas foi de 39%. O número de peças publicitárias em formato display passou de 20 mil e representou um au-mento de 69% em relação ao mesmo período do ano anterior.

E engana-se quem pensa que no contin-gente de anunciantes apenas as grandes empresas têm vez. A democrática internet permite que micro e pequenas empresas façam uso de seus recursos e colham os louros de seus investimentos a médio e longo prazo.

As redes sociais são grandes aliadas dos pequenos negócios quando o as-sunto é divulgação. Isso porque o custo ainda é mais baixo do que a publicidade online. Mas para obter sucesso com as redes sociais, é preciso planejamento, indica o especialista em Planejamento Estratégico Digital e E-commerce, Feli-pe Morais (@plannerfelipe), autor do Blog do Planejamento (plannerfelipe-morais.blogspot.com).

“A internet ainda é inovação, é algo novo que estamos aprendendo. Estar fora das redes é o mesmo que você ir a uma festa, perguntarem seu e-mail e você dizer que não tem. Causa estranheza, é como se você estivesse mentindo. Estar fora das redes vai além de estar desconectado, é perder negócios.”

Em entrevista à Revista Soluções, Mo-rais explica como pequenos negócios podem se organizar para reforçar o va-lor de sua marca e obter sucesso na rede. Acompanhe.

Ent

revi

sta

Revista Soluções - Por que as empresas precisam das redes sociais? Quais as van-tagens? Há desvantagens?

Felipe Morais - Não iria pelo caminho van-tagens x desvantagens nesse quesito. Estar nas redes hoje pode ser considerado como uma obrigação. É preciso estar e ponto. E por que isso? Porque as pessoas já estão lá nas redes falando da sua marca, produto ou segmento. Estão expondo o que acham da concorrência também. É um canal impor-tante de pesquisa e relacionamento. Gera vendas, se for bem trabalhado. Gera rela-cionamento, se ouvir o consumidor. Hoje as redes se tornaram um grande consultório de psicanálise onde as pessoas entram no seu Facebook, por exemplo, para expor o término de um namoro. Não estou repri-mindo isso, mas é um fato e as marcas que sabem trabalhar redes – aí sim um número pequeno – sabem como tirar proveito des-ses desabafos do consumidor.

Revista Soluções - Que tipo de comunica-ção os empreendedores podem fazer nas mídias sociais?

Felipe Morais - Fale de você. As pessoas seguem a Nike porque querem saber do mundo da Nike. Os tênis, os jogadores pa-trocinados, os eventos esportivos, as rou-pas, as lojas e, claro, uma promoção é sem-pre bem-vinda. Mas não é só isso que movimenta uma rede, que é feita por pesso-as e, quando a marca entende isso, sabe como lidar com isso, sabe o que oferecer ao consumidor e sabe como conversar com ele.

Revista Soluções - É possível uma empre-sa fazer um planejamento de crescimento envolvendo as redes sociais. Como isso pode ser feito?

Felipe Morais - Não só é possível como deve ser feito. Entrar nas redes sem planejar é dar um tiro no pé. É preciso planejar o ma-rketing da empresa incluindo o digital e, den-tro dele, as redes sociais. E vamos entender aqui que digital não é apenas as redes sociais. Siga o modelo clássico de planejamento: ob-jetivo, cenário, concorrência, target (público--alvo), estratégia, plano tático e mensuração. Entenda cada ponto como traçar o caminho da marca, mas não esqueça os pontos de contato com o consumidor, seja para pesqui-sa, para divulgação ou relacionamento.

Revista Soluções - Como medir o retorno de investimento feito em uma rede social?

Felipe Morais - Não é só em dinheiro que se mede o retorno. Muito se fala do capital

social. O Danilo Gentili (humorista de tele-visão), por exemplo, passa dos 2,8 milhões de seguidores no Twitter. O que ele ganha com isso? Lota os shows, aumenta a audi-ência do programa. As pessoas “rettui-tam” seus comentários, interagem com ele. Ele sabe o que as pessoas querem ver no programa, dão dicas de piadas. Por que uma marca não trabalha assim? Uma Nes-tlé, por exemplo, se ainda não o fizer, pode usar a rede para saber qual sabor do sorve-te será a sensação do verão? Ou para saber que tipo de chocolate as pessoas prefe-rem comer no inverno? Isso não é dinheiro imediato para as empresas, é um dinheiro futuro, mas nem todos têm essa visão.

Revista Soluções - É correto afirmar que empresas conectadas às mídias sociais têm mais sucesso quando o assunto é va-lor de marca?

Felipe Morais - Sim, desde que o trabalho seja bem-feito. Valor de marca passa mui-to pela reputação, que é essencial nas re-des. Voltando ao Gentili... Ele é um come-diante, brinca com todo o tipo de situação, mas tem sucesso no valor da sua marca porque é respeitado, do seu jeito, pelo seu DNA, mas é. O William Bonner (apresenta-dor do Jornal Nacional) tem mais de 1 mi-lhão de seguidores e também é respeita-do pelo seu trabalho. Está na hora das marcas seguirem esses exemplos.

Revista Soluções - Como uma pequena empresa pode tornar sua marca um su-cesso na internet?

Felipe Morais - Sendo relevante. Analise o que as empresas não fazem e faça! En-tenda o consumidor. Magazine Luiza era uma loja pequena, entrou no e-commerce quando poucos acreditavam e olha hoje o sucesso que é, com faturamento na casa dos bilhões. Parabéns à visão da equipe da Luiza Trajano (proprietária do Magazine Luiza). Vá crescendo aos poucos, vá plane-jando, entendendo, conversando com as pessoas. Faça promoções, mas não só isso. Analise o que está acontecendo e o que as pessoas querem. Isso é o mais importante.

8 9

Page 6: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

zer um post por mês, não levar nada de novo ou ser muito óbvio. O principal erro é não escutar o que as pessoas es-tão falando.

Revista Soluções - É possível controlar o que se fala da empresa na internet?

Felipe Morais - Impossível. Como vou fa-zer com que 50, 100, 300 pessoas não postem no Twitter o que elas pensam, suas opiniões? Não estamos na ditadura e sim na democracia. As pessoas têm opiniões sobre tudo, certo ou errado, vai da avaliação de cada um. Eu posso achar um jogador de futebol medíocre e meu amigo achar ele um craque. Quem está certo ou errado? Não tem como controlar o que se fala, mas tem como evitar que comentários, às vezes inocen-tes, tornem-se grandes problemas. Como? Simples, monitorando, enten-dendo o que aconteceu e agindo rápido para solucionar o problema.

Revista Soluções - Como gerenciar uma crise de marca provocada na rede?

Felipe Morais - Sinceridade, transparên-cia, assumindo o erro e chamando as pessoas para ajudar a arrumar o erro. Eu erro, a Coca-Cola erra, a Apple erra. As marcas são conduzidas por pessoas, se-res humanos, que estão fadados a er-ros. Uma marca que erra e não assume, que decide ignorar as pessoas que fo-ram de alguma forma lesadas, tem grandes chances de ser Trend Topics (os mais vistos no Twitter) mundial, de for-ma negativa. É muito mais fácil ser fala-do de forma negativa do que positiva nas redes, porque é mais difícil as pes-soas elogiarem uma marca. Criticar todo mundo faz, mesmo sem saber o que está acontecendo.

Revista Soluções - Quais são os conse-lhos que um especialista pode dar para uma pequena empresa que pretende se relacionar por meio das mídias digitais?

Felipe Morais - Planeje a sua entrada. Entenda o consumidor. Ligue o DNA da sua marca com o que o consumidor quer. Se você tem 1, 3, 5 ou 500 funcionários, para as redes pouco importa. Um funcio-nário pode fazer melhor o trabalho do que 10 do seu concorrente. Entre na rede, entenda o que acontece, estude a dinâmica. Indique uma pessoa para cui-dar dos perfis, monitorar, responder, agir rápido. Depois, colha os frutos.

Revista Soluções - Quais são as atividades mais comuns que as empresas fazem nas redes sociais?

Felipe Morais - Promoções, divulgação de produtos, SAC 2.0. Tem muito mais a se fa-zer, mas esse é um começo. O fato de umas empresas aderirem ao SAC 2.0 já é uma evolução, mas tem que ser one-to-one (atendimento personalizado).

Revista Soluções - Para estar conectado a uma rede social é preciso mudar o modelo de negócios?

Felipe Morais - Não! É preciso entender de pessoas, entender do seu negócio e como as pessoas procuram isso. É preciso saber a dinâmica da internet, em como vender pelo canal sem exclusivamente ter um e-com-merce. Não precisa mudar o modelo de ne-gócio para entrar na web, é preciso saber como usar a web a favor do seu modelo.

Revista Soluções - As ferramentas de marketing nas redes sociais servem tam-bém para as empresas tradicionais, como uma sorveteria, uma mecânica, um posto de gasolina?

Felipe Morais - Com certeza. Se um em-presário acha que Twitter é só para a Nes-tlé, Coca-Cola ou Sony está completa-mente equivocado! As pessoas só compram chocolate Nestlé? Se fosse as-sim como que as outras empresas iam crescer? Como a Cacau Show ia crescer passando de venda porta a porta para um gigante que fatura R$ 800 milhões por mês se o CEO (sigla em inglês para Chief Executive Officer que designa o mais alto cargo executivo de uma organização) da marca pensasse que as pessoas só consu-missem chocolate Nestlé? São essas re-flexões que precisam ser feitas diaria-mente para crescer. Se uma sorveteria tem 400 pessoas que passam lá por mês para comprar um sorvete, são 400 pesso-as que se relacionam com ela. Por que não expandir esse relacionamento por mais tempo e ainda entender como as 400 pessoas podem trazer mais 400 pes-soas para tomar sorvete? Redes sociais são pessoas falando com pessoas. Se eu mando um tweet “estou na sorveteria do Zezinho tomando um sorvete de flocos delicioso” e tenho 700 pessoas que me seguem no Twitter, olha o impacto que eu gerei. E melhor, de graça para a marca.

Revista Soluções - Uma empresa que não está conectada às redes está menos ex-posta às críticas e reclamações?

Felipe Morais - Não. Independentemen-te da marca estar ou não, se eu vou a um banco, por exemplo, e por algum motivo fico bravo com o atendimen-to ou serviço, vou colocar no Twitter e/ou Facebook. Quando uma marca não monitora isso é pior, pois uma crítica pode tomar uma proporção gigantesca se não for solucionada na raiz, no momento em que foi fei-to o post. Não estar nas redes não significa que as marcas estão menos expostas. As marcas estão, a cada dia mais, nuas.

Revista Soluções - Quais são as princi-pais falhas que uma empresa pode co-meter nas redes sociais?

Felipe Morais - Não monitorar, ignorar críticas, só responder elogios. Ficar fa-zendo promoção atrás de promoção. Fa-

Felipe Morais, especialista

Foto

: Div

ulg

ação

Estar fora das redes vai além de estar desconectado, é perder negócios

10 11

Page 7: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Sem capital

Por Andréa Bordinhão

Cap

a

12 13

Page 8: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Espírito empreendedor. Apesar de esta ser uma das características mais importantes para que um empresário de micro e pequena empresa seja bem-sucedido, muitos empreende-dores com esse potencial desistem diante de uma barreira muito comum no Brasil: a falta de capital para ini-ciar o negócio.

No entanto, especialistas e exemplos de empresários que deram certo com pouco ou sem nenhum dinheiro inicial mostram que é possível ter sucesso mesmo investindo pouco.

Antes de falar sobre como abrir um negócio sem capital ou quais os me-lhores meios para obter investimen-to, o especialista em empreendedo-rismo José Dornelas ressalta que a falta de dinheiro pode ser um bom motivador para a inovação. Isto é, se o futuro empresário tem em mente um negócio inovador, as chances de ter sucesso mesmo com pouco inves-timento ou de se obter capital tor-nam-se mais fáceis.

Segundo Dornelas, no Brasil existem li-nhas de financiamento para projetos inovadores. Além disso, é mais fácil con-seguir um sócio-investidor quando o produto é inédito. Porém, propor algo diferente do que já existe no mercado nem sempre é fácil e, muitas vezes, ideias que não são tão inovadoras tam-bém têm bom potencial.

Para Dornelas, o primeiro passo que o empreendedor deve dar é tirar suas ideias da cabeça. Deve colocá--las no papel em forma de plano de negócios. “Essa é a forma que o futu-ro empresário consegue visualizar melhor o seu objetivo e o que precisa fazer para alcançá-lo, inclusive quan-to precisa para iniciar o negócio”, ex-plica. O especialista diz que o plano de negócios “traz segurança aos em-presários”, em especial àqueles que têm recursos escassos.

Segundo Dornelas, com o plano de ne-gócios em mãos também é mais fácil correr atrás de capital para iniciar o em-preendimento. “No plano, vai ficar mais claro se a oportunidade tem mesmo po-tencial de retorno econômico, se tem mercado, clientes. Isso tudo facilita na hora de convencer alguém a investir.”

Especialistas e empresários que deram certo com pouco ou sem nenhum dinheiro inicial mostram que é possível ter sucesso

Se a ideia é inovadora ou não, é importante que o empreendedor entenda bem do ramo que pretende atuar e de como funciona o mercado

Anderson Domanoski de Camargo, empresário

Foto

: Lu

iz C

ost

a/La

Imag

en

Se depois de feito o plano de negócios a conclusão for pela necessidade de ir atrás de investidores, o especialista aconselha que as instituições financeiras sejam a úl-tima opção. “Fazer um financiamento é a última alternativa porque se começa com uma dívida. Há alternativas que são socie-dades, ou seja, são contrapartidas.” Entre os possíveis sócios podem estar familia-res, amigos e até mesmo um sócio-inves-tidor – pessoas que têm dinheiro, mas não têm a ideia.

CompensaçõesAlgumas características, justamente como o espírito empreendedor, po-dem até compensar a falta de dinhei-ro. Entre as principais está o conheci-mento. Se sua ideia é inovadora ou não, é importante que você entenda bem do ramo que pretende atuar e de como funciona o mercado em que está entrando.

“A ousadia também é muito importan-te. Isso ajuda o empreendedor a não ver a falta de recursos próprios como impedimento. O futuro empresário precisa estar disposto, motivado e

preparado para ser um gestor”, con-clui Dornelas. Além disso, ter um boa rede de contatos também ajuda a dar o impulso inicial.

SacrifíciosAlém dos sacrifícios para abrir o negó-cio, é importante lembrar-se das mu-danças que acontecem na vida pessoal do futuro empresário. Muitos empre-endedores deixam a vida de emprega-do para ter seu negócio próprio. Aí, explica José Dornelas, “é preciso sa-ber equacionar a vida pessoal com o profissional”.

Portanto, como o lucro não vem logo no início e nem se deve fazer muitos aportes do caixa da empresa na fase inicial, é preciso ter dinheiro para se manter nos primeiros meses.

TendênciaA consultora do Sebrae/PR, Sonia Massae Shimoyama, afirma que é fre-quente a procura por empreendimen-tos de baixo investimento, sobretudo por aqueles que querem melhorar sua renda, de forma emergencial. “Muitas pessoas que buscam no Se-

Algumas dicas para quem vai iniciar um negócio com

pouco capital

Seja inovador. Procure “vender” algum diferencial

aos seus clientes;

Tenha cuidado ao eleger um sócio, pois a parceria vai durar

por muito tempo e é fundamental para o sucesso

do empreendimento;

Separe um dinheiro para suas despesas pessoais

antes de começar o negócio;

Evite muitas retiradas de dinheiro do seu negócio no início – a não ser para

reinvestimento;

Fique dentro da lei.Essa dica vale tanto para

o seu negócio quanto para seus fornecedores;

Se você era empregado, esteja consciente que a

rotina mudará. Tudo agora dependerá de você.

Liste os principais problemas do dia a dia e crie soluções

simples e até automatizadas porque seu tempo

será escasso;

14 15

Page 9: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

“Eu sempre tive vontade de abrir uma loja no ramo que atuo, mas tinha medo por não ter capital para iniciar. Mas quando meu filho nasceu come-cei a sofrer com a falta de tempo para minha família”, conta. Foi aí que Camargo resolveu que, mesmo sem dinheiro, era hora de tentar voar com as próprias asas.

“Eu percebi que muitos conhecidos meus tinham lojas e terceirizavam o serviço de assistência técnica. E, como eu tenho experiência nisso, achei que era minha oportunidade.”

O empresário emprestou dinheiro dos sogros e da irmã para dar o passo ini-cial. Abriu uma empresa, alugou um imóvel perto de um bairro perto da sua casa e acionou seus contatos no mercado. “Eu abri a loja com menos de R$ 5 mil. Mas fui contatando lojistas, os profissionais do ramo que eu co-nheço e hoje já tenho um bom volume de serviços.”

O empresário, que já está há quase seis meses com a loja aberta, conta que no início trabalhava sozinho e ago-ra já precisou contratar um funcioná-rio para ajudá-lo. “O que eu pude per-ceber é que faltou acreditar em mim mesmo. Os empreendedores precisam acreditar, meter a cara”, aconselha.

Saiba mais

Indicações de livros e sites

Empreenda (quase) sem dinheiro,de José Dornelas

Como Conseguir Investimento para o seu Negócio - Da Ideia à Abertura de Capital,de Andrew Zacharakis, José Dornelas,Jeffry A. Timmons, Stephen Spinelli

www.josedornelas.com.brwww.portaldoempreendedor.gov.br

brae informações para abrir negócios não possuem dinheiro nem capital inicial para começar.”

Sonia Shimoyama concorda com Dorne-las e também entende que a falta de di-nheiro, no entanto, não é impedimento para ser empresário. “Há inúmeras opor-tunidades de negócios que independem de altos investimentos. São ideias sim-ples, que podem ser implantadas em casa, com poucos recursos, mas que atendem uma demanda de consumo.” A consultora cita como exemplo serviços de comércio online, entregas, comidas prontas, dentre outros que estão em alta (leia mais nesta página).

“As franquias de baixo valor de investi-mento também são uma boa opção, porque dispõem de um modelo de gestão (junto ao franqueador).“ Sem falar que um hobby, no seu entendi-mento, poderá ser o início de um pe-queno negócio em casa, com custos fi-xos bem mais baixos.

O ideal para quem não tem dinheiro, se-gundo a consultora do Sebrae/PR, é co-meçar pequeno, sem dívidas e de forma estruturada, apostando em informação e em orientações técnicas, muitas delas obtidas de forma subsidiada, a baixo custo, em organizações como o Sebrae. “Com conhecimento, o empresário terá condições de oferecer serviços diferen-ciados, que se reverterão em lucro.”

Para Sonia Shimoyama, independente do tamanho do investimento, o planeja-mento é crucial, pois a responsabilidade do empresário, com o sucesso da em-presa, independe de valor. “O pequeno negócio deve ser considerado um início, já que o empreendedor deve vislumbrar um futuro bem maior. Esta é a essência do empreendedorismo.“

Vontade e coragemAnderson Domanoski de Camargo conta que sempre trabalhou como empregado no mesmo segmento: as-sistência técnica para celulares. Se-gundo ele, tornou-se especialista em software de celulares e já estava atu-ando em cargo de chefia.

No entanto, estava cada vez mais sem tempo para a família. Isto, aliado à von-tade de ser dono do próprio negócio, faz de Camargo um exemplo entre os que resolveram empreender sem dinheiro.

O primeiro passo que o empreendedor deve dar é tirar suas ideias da cabeça, deve colocá-las no papel em forma de plano de negócios

Design gráficoTendo a competência necessária e

uma rede de contatos – ou divulgação

adequada –, este é um trabalho que

pode ser feito em casa.

Transporte escolarDesde que se tenha um veículo

adequado e a empresa obtenha todas

as licenças necessárias para atuar no

ramo, este é um nicho aquecido.

Organizador de eventosEste é um nicho que nem sempre exige

muito capital inicial, principalmente

se o profissional começar organizando

eventos menores.

Comércio onlineMuitas vezes, precisa apenas fazer um

website no segmento que quer atuar e

divulgá-lo. No entanto, é preciso pensar

bem antes de empreender, já que a

concorrência na maioria dos segmentos

virtuais é muito grande.

Comidas prontasHá mercado para comidas prontas, sejam

refeições ou comida premium (para cafés

e bares). Este é um negócio que pode se

iniciar em casa. Mas além do talento para

cozinhar, é preciso criar uma rede contatos.

É possível, também, prestar serviços

a domicílio para festas, preparando

churrascos, massas, dentre outros.

Serviços domésticosExistem outros serviços, além da faxina,

que também podem ser prestados

por empresas: serviços de cozinheira,

organização, babá, cuidadores de idosos,

dentre outros.

CosturaEste é outro nicho no qual se pode

trabalhar em casa. É preciso apenas

divulgação e um bom trabalho para

garantir a indicação boca a boca.

Aula particularCaso se tenha boa expertise, esse

também é um negócio que pode ser

tocado em casa ou na casa dos alunos.

Artesanato

Quem tem o dom para artes pode

confeccionar produtos. A venda

pode ser feita de porta em porta,

exposições em locais gratuitos,

online, entre outros.

EntregasServiços simples de entregas, como

os prestados por motoboys, podem

ser iniciados com pouco capital –

apenas o veículo e divulgação.

No entanto, não deixe de regularizar

o negócio antes de iniciá-lo.

Ideias que estão por pertoO espírito empreendedor é fundamental para se começar qualquer negócio, com ou sem dinheiro.

Mas a ideia e o talento também são importantes.

A Revista Soluções traz algumas dicas de negócios que requerem pouco capital inicialpara aqueles que querem empreender, mas estão desencorajados por causa da falta de dinheiro.

16 17

Page 10: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Antenados

Mer

cado

A empresa paranaense Akiyama Soluções Tecnológicas é, certamente, um dos exem-plos mais significativos para mostrar que empresários de micro e pequenas empre-sas do Paraná podem e devem estar aten-tos às tecnologias existentes no mundo e às necessidades do mercado.

Em maio do ano passado, a Akiyama foi a primeira empresa selecionada desde a abertura do escritório da Endeavor no Paraná, entrando, assim, para o rol dos renomados empreendedores Endeavor, organização internacional que seleciona empresas e empresários de pequeno e médio porte com o objetivo de colabo-rar com o desenvolvimento e dissemina-ção de seus negócios.

A aprovação da Endeavor foi, na verdade, o reconhecimento a uma incansável car-reira do fundador da empresa Ismael Akiyama. Formado como técnico em Ele-trônica no antigo Centro Federal de Edu-cação Tecnológica (Cefet) - hoje Universi-dade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) - Ismael começou a trabalhar aos 19 anos na empresa do pai de um amigo da escola, o empresário João Mario Ta-reszkiewicz, que criou a Henry Tecnolo-gia, hoje um dos maiores players em con-trole de ponto e acesso. Ali, ele trabalhou, por oito anos, em diferentes áreas na em-presa, até que, em 2001, começou a se interessar por biometria.

No final de 2005, Ismael deixou a Henry Tecnologia e fundou a Akiyama, que, no iní-cio, tinha duas linhas de negócios: a distri-buição de componentes eletrônicos e a au-tomação industrial. Isso foi até meados de 2007, quando vislumbrou o mercado pro-missor da identificação biométrica.

Nascia aí o novo negócio da empresa. A companhia de Akiyama acabou transfor-mando o mercado ao possibilitar a coleta de impressões digitais sem necessidade de um papiloscopista (profissional especiali-zado em recolhê-las e analisá-las).

Graças à interface simples e inteligível, a ferramenta pode ser usada por qualquer pessoa, sem treinamento prévio, o que torna o procedimento três vezes mais ba-rato e até dez vezes mais rápido que o método convencional. Hoje, a Akiyama é especialista em identificação civil e crimi-nal por meio da biometria.

O sistema foi desenvolvido em 2007, quan-do a empresa aderiu a um projeto do Depar-tamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR),

para identificação dos candidatos à carteira de habilitação dentro das autoescolas para-naenses. O sucesso do programa foi tam-bém o primeiro passo para que conquistas-se outros clientes de peso, entre eles o governo federal.

Um de seus principais trabalhos é o reca-dastramento de eleitores feito pelo Tri-bunal Superior Eleitoral (TSE), mas a Akiyama também está envolvida em ou-tro projeto de importância estratégica para o País: o Registro de Identificação Civil (RIC), um dos maiores programas de cadastramento do mundo.

Assim, a empresa que, em 2005, foi fun-dada com um investimento de apenas R$ 72 mil chegou a um crescimento de mais de 600% nos últimos três anos, o que lhe garantiu o quarto lugar na classificação das micro e pequenas empresas com maior taxa de crescimento nos anos de 2010 e 2011, no ranking da Revista Exa-me. Atualmente, a empresa possui uma carteira com aproximadamente 1.300 clientes e 70 funcionários.

De olho na Copa do Mundo, a Akiyama de-senvolveu a tecnologia para o projeto Torci-da Legal, do Ministério dos Esportes. O pro-grama pretende proibir a entrada nos estádios de torcedores que participaram de algum ato violento em jogos de seus times ou cometeram outros tipos de infrações, como a venda de ingressos falsos. Para bar-rá-los, o governo se valerá da identificação digital criada pela Akiyama. Segundo maté-ria publicada pelo jornal Estado de São Pau-lo, a venda de 300 equipamentos para o Ministério do Esporte, além da prestação de serviços de assistência técnica e do trei-namento de funcionários, rendeu à Akiya-ma R$ 3 milhões. O valor corresponde a cerca de 10% do faturamento alcançado pela empresa em 2010 (R$ 29,5 milhões).

Criando robôsCoincidência ou não, o empresário Ricar-do Vieira de Almeida, de Ponta Grossa, também é técnico em Eletrônica e deci-diu investir em alta tecnologia. Em 2010, ele abriu a Brasil Robots, empresa volta-da para soluções de vídeo inspeção ro-botizada, ou, mais especificamente, a primeira empresa do País que produz robôs para vídeo inspeção controlados via rádio. Explicando: são equipamentos que se deslocam ao longo dos dutos e, ao mesmo tempo, geram imagens deta-lhadas online das tubulações.

A inovação e a tecnologia são ingredientes que agregam valor aos produtos, serviçose processos

hi techPequenas

São cada vez mais comuns os casos de empreendedores que apostamem negócios que têm como base a tecnologia de ponta

Por Maigue Gueths

Ismael Akiyama, empresário

Foto

: Div

ulg

ação

18 19

Page 11: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Funcionário de uma empresa de manu-tenção industrial, Ricardo de Almeida conta que percebeu a necessidade de ter um sistema mais prático para traba-lhar dentro das tubulações. “Em geral, o mercado só tem robôs com cabos, o que é ruim de trabalhar, porque eles acabam enroscando quando tem uma curva, por exemplo. Às vezes, não chegam a locais de acesso mais difícil, e eu resolvi desen-volver um equipamento sem cabo”, diz.

Com essa ideia na cabeça, em 2008 ele começou a trabalhar no projeto. Foram dois anos de pesquisas e cerca de R$ 25 mil em investimentos iniciais para o de-senvolvimento da tecnologia, até che-gar a seu primeiro protótipo, que ga-nhou o nome de VOR-38 (Veículo de Operação Remota). Com o primeiro robô com tecnologia 100% nacional e tecnologia capaz de fazer vídeo inspe-ção com controle remoto, em 2010, ele abriu a Brasil Robots.

No começo teve dificuldades, como o de-sembaraço aduaneiro de uma máquina im-portada do Japão, que ficou seis meses re-tida na Receita Federal. Mas a insistência, segundo ele, valeu a pena.

A empresa produz, atualmente, três mode-los de robôs para serem usados em tama-nhos diferentes de tubulações. Os robôs desenvolvidos possuem alta tecnologia, produzem imagens de alta qualidade e, como grande diferencial, têm manuseio e operação simples e funcionais.

O modelo, segundo Ricardo de Almeida, é praticamente 100% nacional, o que re-sultou em preço mais acessível, além de maior garantia na hora de reposição de peças e manutenção. O preço de um robô fabricado por ele é de aproximada-mente R$ 11 mil, enquanto um similar importado, segundo ele, ficaria em tor-no de US$ 20 a US$ 30 mil.

O produto atende, hoje, empresas de saneamento, que precisam fazer inspe-ção de encanamentos e inspeção de du-tos de ar condicionado, uma exigência da Agência Nacional de Vigilância Sani-tária (Anvisa), que determina limpeza periódica dessas instalações. Mas Ricar-do de Almeida já pensa em usar seus robozinhos também para fins de segu-rança pública, fazendo-os entrar em ação em situações de perigo. O empresário se diz otimista com o negó-

cio e acredita que até o final de 2012 con-seguirá repor o investimento feito, o que significa os R$ 25 mil iniciais mais R$ 12 mil gastos em maquinário. E esse dinhei-ro já tem destino certo: será reinvestido em mais uma máquina para aumentar a capacidade de produção e que permita produzir modelos maiores, para outros tamanhos de dutos.

Fazer o que gostaDiogo Zanardini não usa alta tecnologia, mas tem muito em comum com os empre-sários Ismael Akiyama e Ricardo de Almei-da. Como eles, Diogo deixou de lado a fun-ção que exercia para se dedicar a um projeto novo. Graduado em Design Gráfico e Pro-dução Multimídia, Diogo simplesmente largou seu trabalho na área de publici-dade, para investir naquilo que, até en-tão, era seu hobby, o ciclismo e a paixão pelas bicicletas.

Tudo começou, conta, quando decidiu mon-tar uma bicicleta elétrica para uso próprio. A princípio, usou um motor a combustão, mas logo viu que não dava certo. “O motor gerava muito arraste (quando a roda fica presa), e como era um motor dois tempos, que usa gasolina misturada a óleo, produzia muita fumaça”, conta. Sua segunda opção

foi importar um motor elétrico da China. “Foi muito fácil, em quatro horas eu instalei o motor na bicicleta e já estava andando”, diz, lembrando que a primeira montagem já mostrou que esse tipo de motor seria bas-tante adequado ao seu projeto, pois tinha força e não provocava arraste.

Assim que os amigos viram, começaram a pedir por um exemplar. E foi aí que ele pen-sou: “por que não abrir uma empresa de bi-cicletas elétricas personalizadas?” Ele, en-tão, procurou o Sebrae/PR para se qualificar e traçar um plano de negócios. Foi quando conheceu pessoas ligadas ao Parque Tecno-lógico de Itaipu (PTI), que o convidaram para produzir as bicicletas naquela cidade, tendo sua empresa incubada no PTI.

Diogo reconhece que é uma grande opor-tunidade para sua empresa, que ele pre-tende abrir em novembro, mas ainda estu-da os prós e contras.

A marca para suas bicicletas elétricas perso-nalizadas ele já tem: Full Shift. O diferencial de seu produto com as bicicletas elétricas já existentes no mercado é a personalização. Para isso, a produção é artesanal.

“A pessoa vai encomendar uma bicicleta e vou fazer um projeto adequado para ela. Vou ver se quer algo mais radical, ou con-

servador, se precisa de acessórios, qual a capacidade de armazenamento de bateria. Às vezes, a pessoa já tem uma bicicleta e é preciso fazer só uma adaptação, o que vai diminuir o custo”, conta.

Outro diferencial é o tipo de bateria utiliza-da. As bicicletas elétricas, segundo ele, em geral usam um sistema compartilhado, que exige que o ciclista pedale inicialmente para o motor entrar em funcionamento. Ele optou por um motor que aciona sem necessidade de pedalar.

Os testes são feitos em um protótipo. Ele testou bateria de chumbo, optou pela de lí-tio, produzida na China, com diferentes po-tências e capacidade de armazenamento, dependendo do uso a que for submetida. Já os quadros, normalmente ele usa mode-los prontos, da marca Schwinn, mas Diogo já começa a fazer contatos com serralheiros locais para desenvolver quadros próprios.

Ele diz que se tivesse mais recursos poderia agilizar mais a produção, importar mais motores, avaliar mais tipos de baterias. Mas, para ele, isso não é problema. O maior desafio, conta, é aprender a ter uma em-presa. “O maior desafio é a administração, ver que isso não é mais uma brincadeira. A parte de desenvolvimento do produto é fá-cil, o difícil é saber ser uma empresa”, diz.

Boa gestãoPara a consultora do Sebrae/PR, Ilka Toyo-moto, é cada vez mais crescente o número de pequenos negócios que têm por base inovação e tecnologias, sejam de alta com-plexidade ou não. “Isso mostra que os em-presários de micro e pequenas empresas estão antenados num mercado cada vez mais exigente. A inovação e a tecnologia são ingredientes que agregam valor aos produtos, serviços e processos. Nos peque-nos negócios, tornam os empreendimen-tos mais lucrativos e competitivos.”

Toyomoto dá um conselho para os empre-endedores que têm apostado nas tecnolo-gias, para que não descuidem da gestão empresarial e do planejamento. “São requi-sitos essenciais para o bom andamento de qualquer negócio. Não existe milagre, é preciso estar atento ao mercado e ao mo-delo de negócios, tanto quanto ao desen-volvimento tecnológico.”

Outro aspecto importante a ser ressaltado é que a competitividade global exige, cada vez mais, que os processos de inovação se tornem parte da gestão diária das empre-sas. E não há restrição de porte para isso. “Sejam elas micro ou pequenas empresas, inovação se tornou questão de ordem.”

Não existe milagre, é preciso estar atento ao mercado e ao modelo de negócios, tanto quanto ao desenvolvimento tecnológico

Diogo Zanardini, empreendedor

Ricardo Vieira de Almeida, empresário

Foto

: Ro

do

lfo

Bu

hrer

/La

Imag

en

Foto

: Ro

do

lfo

Bu

hrer

/La

Imag

en

20 21

Page 12: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Mais produtividade

Por Giselle Ritzmann Loures

Biotecnologia é aliadade pequena empresa

Empresário em Maringá desenvolve projeto para levar, a produtoresde bananas, possibilidade viável de melhorar qualidade e produtividade

Constantino de Marchi Júnior, produtor

Mer

cado

A experiência de quase duas décadas na gestão de uma pequena empresa, que co-meçou com a comercialização de sementes de hortaliças e fertilizantes, mais a visão empreendedora do empresário Constanti-no de Marchi Júnior resultaram em um pro-jeto inovador, que aproxima a biotecnolo-gia de pequenas propriedades rurais.

Em Maringá, noroeste do Paraná, o em-presário decidiu investir em uma alterna-tiva para inovar os produtos comerciali-zados na empresa, batizada de Hortaviva Sementes, e, ainda, levar para os produ-tores de bananas uma possibilidade de melhorar a qualidade e a produtividade no campo.

Para tornar viável a ideia, o empresário inscreveu o projeto na Chamada Pública do Programa de Apoio à Pesquisa em Em-presas (PAPPE Subvenção Paraná). Ao ser selecionado, fechou uma parceria com a Universidade Estadual de Maringá (UEM) para pesquisar a carga genética da muda da banana que, com intervenções em la-boratório, tenha mais efetividade e quali-dade no plantio da fruta.

“A biotecnologia é o grande futuro da agri-cultura. É preciso trabalhar no segmento para aumentar a produtividade no campo. E nós fomos atrás da Universidade, que é um grande centro de pesquisa e detém essa tecnologia”, observa o empresário.

Na prática, Constantino de Marchi Júnior firmou um convênio com a UEM para, a par-tir de uma empresa incubada na Universi-dade, pesquisar mudas de bananas com o uso da biotecnologia. O método investe no estudo de um conjunto de técnicas e co-nhecimento sobre os processos biológicos e sobre as propriedades dos seres vivos para obter produtos de alta qualidade ou assegurar serviços mais eficientes.

“A cultura da banana é facilmente atacada por vírus ou pragas. O que nós fazemos é buscar mudas de bananas no campo, que passam por uma bateria de exames. Nes-ses testes, é possível detectar várias doen-ças. No material em que não identificamos nenhuma doença, nós o clonamos com a garantia que, no laboratório, esse mate-rial está livre de doenças”, explica Cons-tantino de Marchi Júnior.

De acordo com o empresário, com esse processo seletivo, é possível produzir mudas de bananas em escala geométrica, a partir de uma única matriz, com a garan-tia de alto padrão de qualidade.

Inovação para o mercadoPara Constantino de Marchi Júnior, o PA-PPE Subvenção Paraná foi um instrumento de ligação entre a ideia de pesquisar o uso da biotecnologia e sua aplicabilidade no campo. “Na minha empresa, eu não teria estrutura para criar um laboratório”, afir-ma o empresário.

Com o convênio firmado com a UEM e o projeto aprovado pelo PAPPE, recursos foram liberados para que Constantino de Marchi Júnior investisse na iniciativa, que já apresenta resultados comerciais.

“Queria ter um milhão de mudas de bana-nas, que venderíamos todas no mercado interno. Mesmo com o uso da biotecnolo-gia, o preço da muda chega com um valor acessível para o produtor. Foi importante participar do PAPPE. Eu já tinha a ideia. Gosto muito de plantas. Resolvi inscrever o projeto, que foi selecionado, e demos início ao trabalho”, diz.

No futuro, a possibilidade de criar um labo-ratório na sede da Hortaviva Sementes, que dê continuidade às pesquisas, está nos planos de Constantino de Marchi Júnior.

Instrumento de apoioO PAPPE Subvenção Paraná é um meca-nismo criado para atender a demanda de empresários de micro e pequenas empre-sas que buscam inovar, a partir do desen-volvimento ou adequação de produtos ou processos produtivos.

A gestão do PAPPE, bem como a avalia-ção dos projetos inscritos, é compartilha-da por um consórcio institucional, forma-do pelo Sebrae/PR, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e o Instituto Brasileiro da Qualidade e Pro-dutividade no Paraná (IBQP-PR).

Já os recursos financeiros, repassados por meio de subvenções não-reembolsá-veis, mas que preveem prestação de con-tas e contrapartidas dos empresários de micro e pequenas empresas, são libera-dos pela Financiadora de Estudos e Proje-tos (Finep), vinculada ao Ministério da Ci-ência e Tecnologia.

O consultor do Sebrae/PR, Aloísio Cer-queira, considera a Chamada Pública uma grande oportunidade para os empresá-rios desenvolverem produtos e serviços com características inovadoras, aprovei-tando o apoio e os recursos públicos.

“O PAPPE é um instrumento valioso de apoio financeiro aos projetos de inova-

ção. Hoje são raríssimas as micro e peque-nas empresas que dispõem de recursos para investir em inovação. Com recursos garantidos, o empresário tem condições de pensar no futuro”, explica o consultor.

Aloísio Cerqueira ainda salienta que co-nhecimento do mercado, no qual a em-presa está inserida, é crucial. “É o exem-plo de Constantino de Marchi Júnior. Um empresário não pode pensar em desen-volver um novo produto ou serviço sem conhecimento, por isso, é necessário se envolver no processo de desenvolvimen-to, para ter condições de absorver a transferência de conhecimento tecnoló-gico na empresa, conduzida pelos pesqui-sadores contratados”, observa.

Para Felipe Couto, coordenador do Núcleo de Capital Inovador do Centro Internacio-nal de Inovação do Senai, vinculado à Fiep, empresas que investem em melhorias in-crementais de produtos ou processos con-quistam posicionamento e resultados de mercado, cada dia mais competitivo.

“O empresário soube buscar parcerias para inovar, tem experiência e visão de mercado. Observar os concorrentes tam-bém é outra característica fundamental”, avalia Felipe Couto.

O coordenador do Núcleo de Capital Inova-dor do Centro Internacional de Inovação do Senai ainda salienta que inovação, aplicada a melhorias de produtos ou serviços, gera valor para as micro e pequenas empresas.

O projeto da Hortaviva Sementes está en-tre os 55 escolhidos pelo PAPPE Subven-ção Paraná, que, em recursos financeiros, disponibilizou mais de R$ 13 milhões para incentivar a inovação em pequenos negó-cios, no Estado.

Saiba mais

Quer saber mais sobreo PAPPE Subvenção, acessewww.sebraepr.com.br/pappe

Foto

: Stu

dio

Alf

a

22 23

Page 13: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Marcas, patentes e invenções

O que os empresários de micro e pequenas empresas precisam saber para proteger o patrimônio imaterial de seus empreendimentos

Propriedade intelectual

Por Mirian Gasparin

No Brasil, 70% das micro e pequenas empresas não consideram em seus planos de negócios a proteção de marcas ou patentes

Serv

iço

O tema propriedade intelectual deveria ser item obrigatório da agenda empresa-rial no Brasil. Afinal, no mundo dos negó-cios, marcas e invenções, devidamente protegidas por legislação, podem se transformar em bens e aumentar a com-petitividade das empresas. Isso sem falar da função social de disseminação de co-nhecimento, de transferência de tecnologia e de desenvolvimento.

No Brasil, apesar de se computar nos úl-timos anos um aumento nos registros de marcas e patentes, os números ainda deixam muito a desejar. De acordo com a base de dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), em 2011, o aumento foi de 13% em relação a 2010, somando 31.944 pedidos de patentes, muito abaixo do líder Japão que apre-senta, em média, anualmente, 480 mil registros de patentes.

As estatísticas do INPI também apon-tam uma entrada maior de registros nos estados. O Paraná ficou no ano passado em quarto lugar, com 627 pedidos. O lí-der foi o Rio de Janeiro com 21.315, se-guido de São Paulo com 7.115 e do Rio Grande do Sul com 958.

Como a estatística é feita a partir do local onde os pedidos foram depositados, e não na origem do depositante, o Rio de Janeiro aparece com um índice bem maior, isso porque, como é a sede do INPI, todas as solicitações de estrangeiros en-tram por este local, explica o gerente da Agência Paranaense de Propriedade In-dustrial (APPI), Marcus Julius Zanon.

O destaque negativo fica por conta da queda de 10,5% nas solicitações de re-gistros de propriedade industrial de Mi-nas Gerais e de 4,36% de Santa Catarina. Já o Amapá, há pelo menos cinco anos, não apresenta pedidos de patentes.

Tecnicamente todas as empresas, inde-pendente do porte, deveriam se preocu-par mais em proteger o seu ativo inte-lectual. Entretanto, no Brasil, 70% das micro e pequenas empresas não consi-deram em seus planos de negócios a proteção de sua marca ou patente, infor-ma o advogado Natan Baril, sócio da Ba-ril & Advogados Associados, de Curitiba.

Segundo Baril, que é um dos 30 mais ad-mirados na área de Propriedade Intelec-tual segundo a Revista Advocacia 500, na Europa e nos Estados Unidos a cultu-ra da proteção é muito maior. Nestes

países existe proteção para inovações feitas até por crianças de 13 a 14 anos.

De acordo com Baril, que participou, este ano, nos Estados Unidos, do princi-pal encontro mundial de propriedade intelectual, promovido pela Internatio-nal Trademark Association, e que reuniu 8 mil profissionais de todo o mundo, dois ativos são relevantes para um ne-gócio: a marca e o registro da patente. “Deixar de fazer a proteção da patente do produto é o mesmo que entregá-lo para domínio público”, explica.

Mas de que forma os empresários de mi-cro e pequenas empresas podem prote-ger suas ideias de negócios usando os registros de propriedade intelectual? Segundo Marcus Zanon, ideias não são protegíveis sob nenhuma forma. “A con-cepção de uma ideia devidamente mate-rializada pode ser protegida conforme a sua natureza. A propriedade intelectual é definida como sendo todas as criações produzidas pelo intelecto humano.

Como exemplo, podemos citar as obras musicais; criações literárias; pinturas; es-culturas; programas de computador; de-senvolvimento de novas tecnologias e diversas outras formas onde a criativida-de do homem foi de alguma maneira concretizada. Já a propriedade indus-trial é uma subdivisão da propriedade intelectual e abrange especificamente as criações que possam ser aplicadas em algum tipo de indústria. A propriedade industrial será considerada como bens intangíveis protegíveis sob a forma de patente de invenção ou de modelo de utilidade; registro de desenho industrial e registro de marcas”, explica.

Para o pesquisador do INPI, Dirceu Yoshikazu Teruya, os empresários de micro e pequenas empresas podem uti-lizar a propriedade intelectual para proteger as criações humanas por meio de patente, marcas, desenho industrial, direito de autor (livro, manual), prote-ção de novas variedades de plantas, to-pografia de circuito integrado, de acor-do com seu modelo de negócio e se o pedido se enquadrar no escopo de pro-teção do direito.

Em sua opinião, o empresário de pe-queno porte ainda tem uma noção res-trita de como a propriedade intelectual pode contribuir no desenvolvimento de

24 25

Page 14: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

seu negócio. Teruya chama a atenção para o fato de que a propriedade inte-lectual não se limita apenas na prote-ção, mas também como mecanismo de geração de negócio por meio de licen-ciamento de propriedade industrial ou contratos de transferência de tecnolo-gia. Dessa forma, o empresário de mi-cro e pequena empresa pode adquirir tecnologia por meio de licenciamento de direito de propriedade industrial, contratos de tecnologia e contratos de serviços de assistência técnica para o desenvolvimento de seu plano de ne-gócio. Também o empresário de micro e pequena empresa pode licenciar pro-priedade intelectual para terceiros e assim obter uma remuneração pela tec-nologia desenvolvida.

De acordo com o pesquisador do INPI, a decisão do uso da patente na produção de um produto ou de um processo vai

depender da natureza do produto ou processo produtivo, da viabilidade eco-nômica da produção desse produto ou da implementação do processo e da sua capacidade técnica de incorporar o pro-gresso técnico na produção de bens.

“No caso do negócio de uma micro e pequena empresa deve-se levar em consideração a viabilidade econômica da tecnologia para a produção do bem ou do processo, bem como o acesso à fonte de financiamento, disponibiliza-ção do know-how para a produção, questão do marketing e propaganda, canais de distribuição e de logística do seu produto até o mercado. Esse con-texto é um dos desafios do empresário de micro e pequena empresa brasileiro, ou seja, ter a capacidade de inserir o produto no mercado e ser reconhecido pelo mercado”, ressalta. Também a pa-tente, como fonte de informação, pode

contribuir na tomada de decisão do em-presário na hora de fazer investimento.

Como fazer o registroA demora em obter um registro de pa-tente ou de marca é a principal grita dos empresários brasileiros. Segundo infor-mações do advogado Natan Baril, o pro-cesso de registro da marca no INPI de-mora de dois a três anos. Já a concessão de uma patente poderá demorar de qua-tro a cinco anos. Existem processos que se arrastam por mais tempo ainda.

“Nesse sentido, o profissional deve dar tranquilidade e assegurar ao empresário que ele possa usar a marca ou o produto independente de ter ou não o registro. A legislação permite que o invento seja ex-plorado mesmo antes do pedido de pa-tente ter sido aprovado”, informa.

Com relação aos custos, para o registro de uma marca o empresário gastará R$ 1

mil. Já para registrar a patente de um produto, o gasto será de R$ 3 mil. “Se compararmos com outros investimentos que uma empresa faz, o custo do regis-tro de uma patente ou de uma marca não é tão elevado”, justifica Baril.

O que é passível de proteção O gerente da APPI, órgão vinculado ao Instituto de Tecnologia do Paraná (Te-cpar), Marcus Julius Zanon, explica o que é passível de proteção. A Lei 9.279/96, no artigo 10, diz o que não é patenteável e o que não se considera invenção nem modelo de utilidade. O artigo 18 dispõe o que não é patenteável.

Considerando que a proteção patentá-ria garante ao titular o direito exclusivo de uso sobre o bem protegido e levan-do-se em conta que o interesse coletivo deve prevalecer sobre os interesses in-dividuais, cada país, ao reconhecer o sis-

Para o registro de uma marca, o empresário gastará R$ 1 mil, já para registrar a patentede um produto o gasto será deR$ 3 mil, em média

A preocupação em proteger ideias, invenções e marcasé antiga, vem desdeo século 18

Nova Lei sobre Direito de Autor.

D. João VI, em um Ato Real, contempla a concessão de privilégios a inventores.

Nova regulamen-tação da profis-são de agente

da Propriedade Industrial.

Ratificação da conven-ção Inter-Americana de

Washington (1946) sobre Direito de Autor.

Novo Código de Pro-priedade Industrial.

Promulgação da Revisão de Estocolmo da Convenção de Paris, sem adesão aos artigos 1 a 12 e 28, alínea

1, continuando em vigor no Brasil, nessa parte, o texto

da Revisão de Haia.

Ratificação e Promulgação do Tratado de Cooperação

em Matéria de Patentes PCT, aprovado em

1970, do qual o Brasil é membro

fundador.

Lei relativa à proteção e às condições de comercialização

de "software".

Extensão da adesão do Brasil aos artigos 1 a 12 e 28, alínea 1, do texto

da revisão de Estocolmo da Convenção de Paris.

1946 1949 1967 1969 1970 1971 1973 1975 1978 1987 1992 1994 1995 1996 1997 1998 19981809 1824 1830 1875 1883 1896 1910 1922 1924 1929 1933 1934 1934 1945

A primeira Constituição do Brasil provê direitos

temporários exclusivos a inventores.

Ato regula a con-cessão de patentes.

Primeira lei de prote-ção a marcas.

Adesão à Convenção da União de Paris como

membro fundador.

Aprovação dos acordos de Madri sobre Registro Internacional de Marcas

e sobre Repressão à Falsa Indicação de

Procedência.

Convenção Pan-Ame-ricana em Buenos

Aires sobre Patentes, modelos e desenhos industriais, direito de

autor e marcas que foi ratificada em 1915.

Adesão à Convenção de Berna sobre Direito

de Autor.

Promulgação da Convenção

Pan-Americana de Santiago do

Chile (1923) sobre Marcas.

Ratificação da Revisão de Haia do Acordo da Convenção da União de

Paris de 1925.

Aprovação do regulamento do DNPI (Departamento Nacional da Proprie-

dade Industrial) e estabelecimento da profissão de agente oficial da Proprie-

dade Industrial.

Denúncia ao Acordo de Madri sobre Registro

Internacional de Marcas.

Aprovação do Regula-mento para concessão de patentes de desenho ou modelo industrial, para

registro do nome comercial e do título de estabeleci-mento e para repressão à

concorrência desleal.

Primeiro Código de Propriedade

Industrial.

Novo Código de Propriedade

Industrial.

Fundação do Instituto Nacional

da Propriedade Industrial (INPI).

Novo Código de Pro-priedade Industrial.

Lei de Proteção do Direito de Autor,

substituindo as dis-posições do Código

Civil sobre a matéria.

Promulgação da Ata final da Rodada do Uruguai do Acordo

GATT (TRIPS).

Em 1º de janeiro começou a funcionar a OMC (Orga-

nização Mundial do Co-mércio), da qual o Brasil é

membro fundador.

Promulgação de nova Lei de Propriedade Industrial com

vigência a partir de 1997.

Primeira Lei de Pro-teção de Cultivares.

Nova Lei de Proteção da Propriedade Intelectual de Programas de Computador

(Lei do Software), com eliminação das restrições à comercialização, até então

existentes.

Evolução da propriedade intelectual no Brasil

26 27

Page 15: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Marcus Julius Zanon, da APPI

Natan Baril, advogado

Foto

: Ro

do

lfo

Bu

hrer

/La

Imag

en

Foto

: Div

ulg

ação

tema patentário e, ser for o caso, dentro das imposições do Acordo TRIPS (do in-glês Agreement on Trade-Related As-pects of Intellectual Property Rights), tem o direito, em vista de seus próprios interesses e respeitando os princípios da Convenção da União de Paris (CUP), de delimitar a matéria a ser protegida.

Neste sentido, o artigo 18 da Lei de Pro-priedade Intelectual dispõe o que não é passível de patente. A seguir a relação:

1. O que for contra a moral e aos bons costumes (invenções contrárias aos cul-tos religiosos e aos sentimentos dignos de respeito e veneração), à ordem pú-blica (invenções contrárias às leis e à segurança pública) e à saúde pública (invenções de finalidade exclusivamen-te contrária à saúde).

Como ordem pública, para os efeitos da presente disposição, incluem-se as in-venções contrárias às leis e à segurança pública. A proibição em razão da lei deve ser expressa, incluindo-se as invenções que se refiram a ramos de atividade ou industrial cuja exploração seja proibida, como por exemplo, as invenções relacio-nadas ao beneficiamento de produtos com fim exclusivamente alucinógeno.

Por outro lado, as invenções que se des-tinem aos jogos de azar (por exemplo, jogo de roleta) não se incluiriam. Neces-sariamente, nas proibições, uma vez que a lei coíbe tão somente a exploração não

autorizada de tais jogos, e não o jogo em si. No que tange à segurança, o exemplo citado a nível internacional diz respeito às denominadas cartas-bomba, uma vez que as mesmas têm como única finalida-de o dano, atingindo de forma direta à segurança pública.

No que se refere às invenções de finali-dade contrárias à saúde não se incluem aquelas que indiretamente possam por em risco a saúde ou mesmo a vida das pessoas que as empregam ou que este-jam sujeitas aos seus efeitos ou consequ-ências. Neste caso, seriam incluídas tão somente as invenções que tivessem fina-lidade exclusivamente contrárias à saú-de, hipótese praticamente inexistente.

Quanto às invenções de finalidade con-trária à moral, aos cultos religiosos e aos sentimentos dignos de respeitos e veneração, trata-se de interpretação bastante subjetiva e mutável, uma vez que tais conceitos racionam-se aos cos-tumes e valores sociais.

2. Matéria relativa à transformação do núcleo atômico (são patenteáveis so-mente os equipamentos, as máquinas, os dispositivos e similares e, eventualmen-te, processos extrativos que não alterem ou modifiquem as propriedades físico--químicas dos produtos ou matérias).

3. Todo ou parte dos seres vivos, exceto os micro-organismos transgênicos que atendam aos três requisitos de paten-

teabilidade - novidade, atividade inven-tiva e aplicação industrial - previstos no artigo 18 o e que não sejam mera des-coberta. Organismos transgênicos são definidos no artigo 18, parágrafo único, como sendo organismos, exceto o todo ou parte de plantas ou de animais, que expressem, mediante intervenção hu-mana direta em sua composição gené-tica, uma característica normalmente não alcançável pela espécie em condi-ções naturais.

4. Quanto à condição de liceidade, este tipo de restrição está presente em pra-ticamente todas as legislações a nível mundial. A disposição legal deve ser entendida de modo a alcançar somente as invenções cujo caráter de licitude se relacione diretamente ao objeto da in-venção, não alcançando aquelas cuja ilicitude pode advir de uma das formas ou modos particulares de sua utilização ou emprego, não previstas no relatório descritivo do pedido.

Também não é passível de proteção no Brasil a ideia, a descoberta, a lei, o brasão, a bandeira e as fórmulas matemáticas.

Proteção ou segredoA preocupação em proteger ideias, in-venções e marcas é antiga. Consta que a primeira lei de proteção de ativos in-tangíveis começou com o direito do au-tor (copyright), ainda no século 18, quando a Coroa Britânica concedeu à associação de donos de papelaria e li-vreiros o monopólio real da produção impressa e comercialização de escritos. A lei, a rigor, assegurava o direito aos livreiros e não aos autores.

Quase 200 anos depois, surge a primeira legislação conferindo ao criador o direito exclusivo sobre um livro por 14 anos. A lei tinha uma ressalva: se o autor estivesse vivo quando o período de proteção expi-rasse, poderia renová-lo pelo mesmo tempo. A legislação de propriedade inte-lectual evoluiu ao longo dos séculos (veja quadro nas páginas 26 e 27), forjando em vários países, principalmente naqueles que precocemente aderiram à Revolução Industrial, a cultura de criar, proteger e comercializar ideias ou produtos.

A primeira legislação de patente no Brasil é de 8 de abril de 1809, quando Dom João VI, recém-chegado, criou o

Deixar de fazer a proteção da patente do produto é o mesmo que entregá-lo para domínio público

Não é passível de proteção no Brasil a ideia, a descoberta, a lei, o brasão, a bandeira e as fórmulas matemáticas

28 29

Page 16: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

paração simultânea e umidade; sistema para remoção do gás sulfídrico e do gás carbônico contido no biogás resultante da biodigestão anaeróbica de resíduos orgânicos; dispositivo para depuração da umidade residual contida no biogás resultante da biodigestão anaeróbica de resíduos orgânicos; e dispositivo para pré-aquecimento de comburente utilizado em motores de combustão.

Além desses produtos, a Unioeste tam-bém vem se mostrando forte no desen-volvimento de software, especialmen-te na área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e Tecnologias As-sistivas, com destaque para o xLupa – software livre para ampliação de tela para alunos/pessoas com baixa visão; SisLattes – sistema de extração auto-mática de informação da base de curri-culum Lattes/Capes; dentre outros.

A Unioeste participou recentemente da Inovatec – Feira Paranaense de Ne-gócios entre Empresas, Universidades e Instituições de Pesquisa, realizada no Cietep, em Curitiba. Durante o evento, a Unioeste foi procurada por empresas que demonstraram interesse pelos tra-balhos apresentados.

A Universidade levou para a feira resul-tados da atividade intelectual, na for-ma de produtos tecnológicos (equipa-mentos, processos e softwares), todos eles com pedidos de proteção junto ao INPI e habilitados para a transferência de tecnologia.

Saiba mais

Indicações de livros e sites

Barbosa DBB. Uma introdução à proprie-dade intelectual. Rio de Janeiro:Lumen Júris; 2003.

Gontijo C. Propriedade industrial noséculo XXI: direitos desiguais. Brasília:Instituto de Estudos Socioeconômicos/Rede Brasileira pela Integraçãodos Povos/Comércio com Justiça/Oxfam International; 2003.

Acesse: www.inpi.gov.br

alvará para que fossem tomadas iniciati-vas em favor da invenção de máquinas que dinamizassem a economia da nova sede da Corte. A primeira invenção oficial brasileira de que se tem registro data de 1822. Tratava-se de uma máquina de des-cascar café sem quebrar o grão.

O registro de uma patente tem dura-ção de 20 anos e depois se torna domí-nio público. Ou seja, depois da perda de validade, o produto poderá ser pro-duzido livremente por qualquer empre-sa. Isso tem feito com que muitos em-presários optem pelo segredo industrial, alerta o diretor da Phytople-nus, Paulo Chapaval.

O segredo industrial nada mais é do que a informação legalmente sob controle de pessoas ou organizações, que não deve ser usada por terceiros, sem o consenti-mento do detentor. “Ao contrário do re-gistro de patente, o segredo industrial não tem data de validade e pode ser per-petuado se for muito bem guardado”, destaca. E acrescenta que a indústria far-macêutica perde US$ 30 bilhões com o término do registro de patentes.

Entre os seis segredos industriais mais cobiçados do mundo estão os da Coca--Cola, o sorvete Häagen-Dazs, Nescafé, o perfume Chanel nº 5, o champanhe Krug e o uísque Johnnie Walker.

Unioeste transfere tecnologia A Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) já realizou cinco transferências de tecnologia para em-presas, sendo que quatro delas foram objeto de proteção junto ao INPI.

Uma das transferências foi para a mi-croempresa Biogás Motores Estacioná-rios Ltda., de Toledo. Segundo informa o professor do curso de Engenharia Química da Unioeste e que está assu-mindo a divisão de Propriedade da ins-tituição, Camilo Freddy Mendoza More-jon, tratam-se de dispositivos e sistemas da área de energia, resultados de pesquisas desenvolvidas na Unioes-te nos últimos anos.

“Neste momento, a empresa está fazen-do os ajustes finais para a inserção do produto no mercado”, adianta Morejon.

A negociação envolveu os seguintes produtos: gasoduto para transporte de biogás proveniente da biodigestão ana-eróbica de resíduos orgânicos, com se-

O registro de uma patente tem duração de 20 anos e depois se torna domínio público

30 31

Page 17: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Perdãoe parcelamento

de dívidasGoverno do Paraná perdoa débitos tributários de até R$ 10 mil e refinancia

dívidas em 120 parcelas; Simples Nacional também oferece benefício

Refis

Por Mirian Gasparin

Débitos de micro e pequenas empresas do Simples Nacional podem ser parcelados em até 60 vezes

Os contribuintes paranaenses em débi-to com o Fisco estadual ganharam uma nova chance para parcelar as dívidas do Imposto sobre Circulação de Mercado-rias e Serviços (ICMS), do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doações de Quaisquer Bens ou Direitos (ITCMD) e do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). O parce-lamento é em até 120 meses, com re-dução de multas e juros.

Segundo o secretário de Fazenda do Paraná, Luiz Carlos Hauly, os contri-buintes inadimplentes devem aprovei-tar para regularizar sua situação, pois este é o primeiro e último refinancia-mento de dívidas que o Paraná vai fa-zer neste governo.

A dívida de 70 mil contribuintes com o Fisco estadual totaliza hoje R$ 17 bi-lhões. Entretanto, segundo o secretá-rio da Fazenda, uma boa parte deste valor é devida por empresas que já fe-charam suas portas.

No dia 9 de maio, com a entrada em vi-gor da Lei n° 17.082/2012 e a edição do Decreto n° 4.489, foram perdoados os débitos tributários referentes ao ICMS de 16 mil contribuintes, inscritos em dí-vida ativa, ajuizados ou não, cujo saldo atualizado até 31 de dezembro de 2010 era igual ou inferior a R$ 10 mil.

Por meio do novo Refis estadual, as em-presas poderão pagar ou parcelar os débi-tos, relativos a fatos geradores ocorridos até 30 de setembro de 2011, constituídos ou não, inscritos ou não em dívida ativa, mesmo com a execução fiscal ajuizada.

Neste caso, o contribuinte deverá efetu-ar o pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios da Procura-doria do Estado, limitados ao percentual de 1% do valor consolidado a ser pago.

O contribuinte que pagar de uma só vez o débito devidamente atualizado até o dia 31 de julho de 2012 terá redução de 95% do valor da multa e 80% dos juros de mora. Na hipótese de parcelamento, para até 60 parcelas, haverá redução de 80% do valor da multa e 60% dos juros de mora. No caso de até 120 meses, a redu-ção será de 65% da multa e 60% dos juros.

Mas o empresário disposto a aderir ao Refis estadual deve correr. O pedido de parcelamento terá que ser formaliza-do até 9 de julho, mediante requeri-mento a ser protocolado na Delegacia

Regional da Receita ou na Agência da Re-ceita Estadual, do domicílio tributário do contribuinte. Para fazer jus a esse parcela-mento, o ICMS declarado em GIA/ICMS desde outubro de 2011 deverá estar em dia. A GIA-ICMS é uma declaração mensal cujas informações devem refletir os lan-çamentos efetuados no Livro Fiscal Regis-tro de Apuração do ICMS. Esta declaração tem por finalidade demonstrar o imposto apurado em cada período de apuração, bem como apresentar outras informa-ções de interesse econômico-fiscal.

O pedido deste parcelamento implica na confissão dos débitos fiscais, exigin-do, inclusive, para o seu deferimento a expressa renúncia a qualquer defesa ou recurso, administrativo ou judicial, em que se esteja discutindo o respectivo crédito tributário.

A indexação das parcelas será efetuada pelos juros pela Taxa Selic. O vencimen-to da primeira parcela ocorrerá em 31 de julho de 2012 e das demais até o úl-timo dia útil dos meses subsequentes. O valor das parcelas mensais não pode-rá ser inferior a R$ 1.000 na hipótese de pessoas jurídicas e R$ 300 no caso de pessoas físicas.

Admite-se, ainda, a transferência de saldos de parcelamentos em curso para esta nova modalidade. Neste caso, os contribuintes deverão rescindir o anti-go parcelamento e solicitar a inclusão dos débitos no novo.

Por outro lado, o contribuinte tem que ter em vista que o não pagamento da primeira parcela ou o inadimplemento de três parcelas, consecutivas ou não, por prazo superior a 60 dias, importará na rescisão imediata do parcelamento.

A omissão na entrega da GIA/ICMS men-sal ou a falta de recolhimento do ICMS declarado, durante o período de vigência do parcelamento, também acarretará a rescisão do parcelamento. Essa revoga-ção além de ocasionar a exigibilidade imediata do saldo, ainda terá o condão de restabelecer os valores dispensados (multa e juros), prevalecendo os benefí-cios apenas proporcionalmente aos valo-res das parcelas pagas.

Há ainda a possibilidade de os contri-buintes parcelarem seus débitos, cujos fatos geradores tenham ocorrido até 30 de novembro de 2009, em 60 meses, recolhendo 25% em até 59 parcelas,

Serv

iço

Marcos Quintanilha,especialista

Foto

: Div

ulg

ação

32 33

Page 18: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

das dívidas tributárias gera concorrên-cia desleal para as empresas que cum-prem suas obrigações do Fisco.

Entretanto, na sua avaliação, ficar inadimplente não é garantia de que o go-verno poderá adotar um novo Refis e o negócio poderá fracassar em função da restrição dos fornecedores e bancos.

“O mau pagador tem outros custos que o bom acaba não sofrendo, pois mesmo que possa parcelar seus débitos acabará pagando juros e multas. Além do que fi-car inadimplente poderá excluir a empre-sa da concorrência pública.”

O ideal, segundo Quintanilha, é o em-presário manter as finanças de seu ne-gócio equilibradas. Algumas medidas podem ser tomadas pelas empresas para que não corram o risco de ficar inadimplentes.

Em primeiro lugar, as empresas devem fa-zer um controle rigoroso do seu fluxo de caixa. “O empresário deve saber qual será a entrada e saída de caixa no período míni-mo de três meses. O que ocorre com fre-quência é que muitas vezes a empresa tem entrada de dinheiro para fazer frente aos seus compromissos, só que o cronograma é diferente das datas de pagamento. Com isso, acaba não pagando em dia os seus débitos, tendo ainda que arcar com juros e multa, ou então tem que recorrer a em-préstimos bancários de curto prazo, cujos custos são elevadíssimos”, alerta.

Não controlar adequadamente o fluxo de caixa também poderá implicar no atraso de pagamentos dos impostos. “Muitas vezes, o empresário acaba op-tando por pagar os fornecedores e dei-xa os impostos para outra data. Aí além de pagar juros e multa também correrá o risco de ser autuado”, observa o sócio da Ernst & Young Terco.

No caso de expandir os negócios, os em-presários devem tomar muito cuidado e olhar o equilíbrio financeiro da empre-sa, pois há um consumo maior de caixa.

“Crescer é saudável, mas a expansão deve ser feita com muito planejamento. Se a opção para crescer for através de empréstimo bancário, deve-se verificar qual a melhor linha. Se ainda assim o cus-to for elevado, é melhor repensar, pois não há lucro suficiente que possa cobrir o custo do dinheiro emprestado. Essa é uma das armadilhas na hora de finan-ciar”, adverte Quintanilha.

Saiba mais

Acesse: www.fazenda.pr.gov.br

Já os empresários inscritos no SimplesNacional podem conhecer as regras deparcelamento de débitos tributários nowww.receita.fazenda.gov.br

postergando 75% do valor do débito consolidado para pagamento na última parcela, a qual poderá ser paga me-diante a utilização de precatórios, pró-prios ou cedidos até 9 de dezembro de 2010, sujeitos à adesão ao “leilão de deságio” junto à Câmara de Conciliação de Precatórios. Os valores com benefí-cios estão disponíveis para consulta no portal da Receita do Paraná. Mais infor-mações na Delegacia Regional da Re-ceita ou Agência da Receita Estadual do seu domicílio tributário.

Simples NacionalOs débitos apurados no Simples Nacio-nal, sistema de tributação das micro e pequenas empresas, também podem ser parcelados a qualquer tempo pelos em-presários inadimplentes. A informação é do coordenador estadual de Políticas Pú-blicas do Sebrae/PR, Cesar Rissete.

Os débitos de responsabilidade das mi-croempresas e empresas de pequeno porte poderão ser parcelados em até 60 parcelas mensais e sucessivas, ob-servadas as disposições constantes na Instrução Normativa RFB 1.229, de de-zembro de 2011.

“Os empresários de micro e pequenas empresas podem regularizar sua situa-ção, evitando ficar com pendências, que, em alguns casos, podem represen-tar impedimentos para operações de crédito futuras”, alerta Rissete.

Os débitos inscritos em Dívida Ativa da União (DAU), os débitos de ICMS e de ISS inscritos em dívida ativa do respec-tivo estado e município, as multas por descumprimento de obrigação acessó-ria e, ainda, os débitos relativos à Con-tribuição Patronal Previdenciária para a Seguridade Social, em alguns casos, não poderão ser parcelados.

Os pedidos de parcelamento deverão ser apresentados exclusivamente por meio do site da Receita Federal do Brasil, no www.receita.fazenda.gov.br, por meio da opção “Pedido de Parcelamento de Débi-tos Apurados no Simples Nacional”. O va-lor das prestações será obtido mediante divisão da dívida consolidada pelo número de parcelas do parcelamento concedido. O valor mínimo da parcela é de R$ 500.

Como manter o equilíbrioPara o sócio da Ernst & Young Terco, Marcos Quintanilha, o refinanciamento

O controle rigoroso do fluxo de caixa pode ajudar o empresário a não se tornar inadimplente

Como os protagonistas de histórias, as empresas também percorrem as suas “jor-nadas de heróis”. Elas nascem, crescem, se desenvolvem, passam por dificuldades, desafios, conquistam aliados, se reinven-tam, vencem batalhas e, como todos os seres vivos, morrem. Raríssimas são as corporações centenárias.

Não é difícil de encontrar, em qualquer lu-gar do mundo, edificações antigas, em ruí-nas, emolduradas pela tristeza do mato to-mando conta do entorno – a outrora grande fábrica, símbolo da pujança e orgu-lho local, relegada à inclemência do tempo.

Nossos olhos veem e indagam: quantas fa-mílias dependeram daquela empresa du-rante sua existência econômica? Quantos empregos, casamentos e filhos foram cria-dos e educados com o dinheiro gerado pe-las suas máquinas?

A lembrança está perdida na poeira dos barracões, nas ervas que medram por en-tre as frestas, no telhado que cai e nos ma-quinários encostados. E, se não foram para o lixo ou queimados, ainda restam recortes de jornais amarelados, fotos de operários em atividade, de reuniões e tur-mas em festa. Também pode ter sobrado alguns documentos e diplomas que outro-ra enfeitaram orgulhosos as paredes das salas de espera, e mais nada. A inexorabili-dade do deus Cronos diz: tudo passa.

Empresas e pessoas vêm e vão e o que fica mesmo são as histórias memorizadas por aqueles que gravitaram ao redor da sua existência. É por isso que nos últimos tem-pos o mundo empresarial percebeu o va-lor da preservação das suas histórias – até como reforço na construção, gestão e de-fesa das marcas.

Comunicadores precisam saber que têm a obrigação de deixar um rastro na história. Já vi empresas, outrora pujantes, ao se-rem desligadas, sumirem por completo, sem nenhuma referência para o futuro.

A memória guarda imagens na forma de fo-tografias, monumentos arquitetônicos, lo-gomarcas, livros e filmes e essas serão de-codificadas e transmitidas pela palavra. Máquinas serão vendidas, desmanchadas ou recicladas, prédios serão demolidos e novos empreendimentos surgirão no local.

Ao final, o que restará mesmo serão as his-tórias – palavras – contadas sobre aquele belo tempo de prosperidade. A literatura e a documentação museológica descobrem e nos apresentam cada vez mais histórias de ciclos econômicos. O último bom lugar está presente no coração de todos nós.

Por isso, é importante que o comunicador saiba criar, inventar, organizar, registrar e alinhavar com inteligência as histórias da empresa que representa. Existe algum

A palavra é o que fica Eloi Zanetti

é consultor e palestrante em Marketing, Comunicação Corporativa e Vendas.Acesse www.eloizanetti.com.br

Artigo

Por Eloi Zanetti

mito fundador? Das dificuldades enfrenta-das surgiu alguma inovação significativa que mereça registro? Quando a empresa deu a sua grande virada, e o que isso re-presentou para a região, país ou para o mundo? Públicos internos e externos pre-cisam das histórias – elas criam senso de pertencimento.

Não nos é dado o poder dos dias vindou-ros. Trabalha-se no momento em um gran-de conglomerado e amanhã ele poderá ser apenas uma pálida lembrança. Se as suas narrativas estiveram bem organiza-das, sua memória persistirá por muito mais tempo, talvez até por um tempo maior do que a sua existência real.

De tudo vai restar um pouco e esse pouco serão as palavras que contarão as faça-nhas vividas por aquele grupo, que se reu-niu em torno de uma ideia, que se tornou tangível pela ação de alguns empreende-dores. Um bom trabalho de comunicação institucional, que saiba contar e organizar as boas histórias sobre a sua atual empre-sa é o que ficará na mente e no coração

das gerações futuras.

Foto

: La

Imag

en

34 35

Page 19: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Saiba como madeireiro do interior do Paraná mudou de profissãoe tornou-se dono de restaurantes especializados em cheeseburger

Por Adriana De Cunto

Qualidade

Cap

acit

ação

empreendedora‘Receita’

Junior Durski, empresário

Foto

: Ro

do

lfo

Bu

hrer

/La

Imag

en

36 37

Page 20: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Raio-x do Madero

O cheeseburger representa 90% das vendas.

180 mil pessoas são atendidas por mês nos restaurantes e até o final do ano a meta é chegar a 300 mil clientes por mês.

As vendas chegam a R$ 6 milhões mensais e até o

final do ano a previsão é vender mensalmente

R$ 10 milhões. O quadro total de funcionários é formado por 600 pessoas.

R$ 700 mil foram pagos em impostos no mês de abril.

Fonte: Junior Durski

Em 2009, o empresário paranaense Ju-nior Durski se encontrava diante de um dilema. Continuar trabalhando como madeireiro, profissão que exercia desde 1984, ou investir na gastronomia, um hobby que já havia lhe dado fama e pres-tígio em Curitiba?

Inspirado por uma entrevista do milioná-rio George Soros - que dizia nunca com-prar uma empresa sem imaginar como ela estaria em 20 anos -, Durski resolveu fa-zer também um tipo de exercício de futu-rologia. Como resultado dessa breve in-cursão pela arte da previsão, ele transformou os restaurantes Durski e Madero, até então uma atividade secun-dária, em seu principal empreendimento.

Os 13 restaurantes, sendo 12 Maderos, já renderam a Junior Durski vários prê-mios, entre eles duas vezes Chef do Ano pela Revista Veja (2009 e 2011) e Res-taurateur do Ano pelo Guia Brasil 4 Ro-das (2010). Mas não é o glamour dos tí-tulos o que mais impressiona em seu currículo. É a trajetória construída com base em muito trabalho - algumas deci-sões equivocadas e outras acertadas - que chama a atenção na história deste empreendedor de 50 anos.

Atraído pelo comércio da madeira, Ju-nior Durski viveu em Machadinho do Oeste, Rondônia, por 15 anos, entre 1984 e 1999. Depois mudou para Curiti-ba. Na capital paranaense, continuou como madeireiro por mais dez anos, po-rém, dedicando um bom tempo para o seu hobby, a gastronomia.

No mesmo ano em que se mudou para o Paraná, fundou o Durski, casa de pratos típicos da culinária polonesa e ucraniana. No primeiro ano do estabelecimento, a primeira estrela no Guia 4 Rodas. Porém, o negócio não deslanchava e Durski viu-se frente ao primeiro grande problema no ramo da gastronomia: mudar a proposta do restaurante para cozinha internacio-nal, tornando o lugar um sucesso de pú-blico e de crítica.

Solucionar problemas é uma habilidade que ele desenvolveu - e começou a gostar - com o passar do tempo. “O meu trabalho é resolver problemas”, afirma. “Eu tive su-cesso como madeireiro e, algumas vezes, tive insucesso. E todas as vezes que eu tive insucesso foi porque não resolvi pro-blemas, porque tive preguiça, de alguma maneira fui relapso”, comenta.

Quando se mudou para Rondônia, na dé-cada de 1980, havia uma chamada do go-verno federal para ocupar a Amazônia. “Naquela época, era um orgulho ser ma-deireiro”, recorda. Com o passar do tem-po, a situação mudou, pois a atividade, segundo Durski, tornou-se politicamente incorreta e veio o desejo de mudar de ramo de negócio.

Da madeira para o MaderoEm 2005, ainda tendo a gastronomia como hobby, o chef abriu seu segundo res-taurante, o Madero, ao lado do Durski, mas totalmente diferente, pois a propos-ta foi inspirada na paixão do empresário pelo cheeseburger. Tanto que ele viajou pelos Estados Unidos para pesquisar e chegar ao que acredita ser o ideal do fa-moso sanduíche - ele é preparado artesa-nalmente com carne selecionada grelha-da, queijo cheddar, tiras de tomate e cebola orgânicos e pão de fabricação pró-pria, estilo francês.

A receita o inspirou o slogan da casa: the best burger in the world (o melhor ham-búrguer do mundo). O sucesso foi imedia-to, tanto que o empresário decidiu abrir mais um Madero no Shopping Palladium, em Curitiba, e vendeu duas franquias da casa, nos shoppings Estação, também na Capital, e São José, em São José dos Pi-nhais, na Grande Curitiba.

Os novos empreendimentos não foram bem, principalmente o de São José dos Pi-nhais. “Foi uma lástima”, avalia. Reverter a situação exigiu grande esforço de Junior Durski, que passou a trabalhar nas noites e finais de semana ao lado do franqueado para tentar achar uma solução. Eles quase fecharam quatro meses depois da inaugu-ração, quando, em um sábado venderam apenas R$ 380. Foi então que decidiram reduzir os preços em 42%.

O erro era posicionamento de preço, cons-tataram. Dois meses depois da redução no valor dos produtos, eles registraram um au-mento nas vendas (em reais) de 400%.

As duas franquias foram revistas. Junior Durski recomprou a unidade do Shopping Estação e tornou-se sócio em São José dos Pinhais, que vai muito bem. No sába-do, 19 de maio de 2012, vendeu R$ 13.800. “É exatamente o mesmo restau-rante, o mesmo lugar, no mesmo shop-ping, agora com preço mais barato e essa foi a diferença”, acrescenta. O posiciona-mento de preço foi revisto em todas as

para ele traz uma conotação de atendi-mento padronizado. “Não somos uma rede, eu não gosto de rede, sou um antirre-des. Cada restaurante tem sua característi-ca e arquitetura própria. Quando você en-tra em um Madero, sabe que está em um Madero, mas um é diferente do outro”, diz.

Mão de obraPara oferecer um serviço diferenciado, é preciso investir na equipe de funcioná-rios e o chef faz questão de treinar todo o pessoal. Ele prefere contratar sem ex-periência anterior, em cidades da região de Prudentópolis, no Paraná, onde nas-ceu. A ideia surgiu na concepção do pri-meiro restaurante, típico da cozinha po-lonesa e ucraniana. “Eu queria que as

A empresa conta com centro de qualidade, onde se concentram os funcionários que atuam no setor de treinamento e supervisão de produtos e atendimento

casas, exceto na matriz, localizada no Lar-go da Ordem, centro de Curitiba.

O aumento das vendas em 400% em ape-nas dois meses na unidade de São José dos Pinhais foi mais um incentivo para Durski se dedicar integralmente ao ramo da gastronomia.

“Até então era hobby, mas eu vi que tinha a possibilidade de transformar isso em um bom negócio”, explica. Hoje, o Madero conta com 12 restaurantes, oito deles em Curitiba. Os demais estão em São José dos Pinhais e Londrina, ambos no Paraná; Goiâ-nia, Goiás; e Balneário Camboriú, em Santa Catarina. O sistema de franquia foi aban-donado pelo empresário, que encontrou sócios para os novos empreendimentos.

“O modelo de franquia não é fácil de tra-balhar em gastronomia de qualidade. Franquia é mais padrão”, acredita Durski. “No nosso caso, não deu certo”. Hoje, ele tem participação em todos os restauran-tes e frisa: “É melhor com sócios”.

Até o final de 2012, mais quatro restau-rantes Madero serão abertos, mais um em Curitiba, no bairro Champagnat; em Ma-ringá, também no Paraná; Joinville, em Santa Catarina; e Manaus, no Amazonas. Quando questionado por que abrir uma casa no norte do País, o chef justifica que não quer perder o vínculo dos 15 anos em que morou na região da Amazônia.

Apesar da expansão, Junior Durski não classifica o Madero em rede, termo que

38 39

Page 21: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Expansão por franquiasQuando um empresário decidir expandir sua marca por meio de franquias é preciso seguir algumas etapas para garantir o su-cesso do empreendimento, indica Edson Sillas, professor do Programa de Negó-cios da FAE e da Universidade Positivo. É necessário formatar o projeto com aju-da de uma consultoria, fazer uma boa se-leção de perfil de franqueados e montar uma equipe de orientação, acompanha-mento e supervisão de campo. Além dis-so, é importante realizar treinamentos constantes com os franqueados. Ele cita o exemplo de empresas que cresceram utilizando o sistema de franquias: O Boti-cário, Cacau Show, Dudalina e Hering.

Segundo ele, as franquias são uma boa maneira de projetar a marca usando o di-nheiro de terceiros, além de criar um mer-cado cativo para receber a produção. É importante também prever no contrato a desqualificação do franqueado quando ele não cumprir as orientações e exigên-cias do franqueador.

Saiba mais

Associação Brasileira de Barese Restaurantes:www.abrasel.com.br

Gestão de Restaurantes:www.gestaoderestaurantes.com.br

pessoas que trabalhassem no Durski fossem desta origem”, explica.

Depois que o primeiro grupo de Pruden-tópolis foi recrutado, familiares e amigos começaram a se interessar e a procurar pelos funcionários de Junior Durski. Entre 2 mil e 3 mil pessoas daquela região tra-balharam nos estabelecimentos. “A gen-te está conhecido na região. Eles nos pro-curam e dizem que querem trabalhar, estudar, morar em Curitiba”, conta.

Na avaliação de Durski, o pessoal do inte-rior é trabalhador, dedicado, educado e respeitoso. A empresa fornece toda a in-fraestrutura necessária. São vários aloja-mentos, sempre bem perto dos restau-rantes onde os funcionários trabalham. Eles também recebem comida, alimenta-ção, assistência de saúde e odontológica e tempo livre para lazer e estudo.

O pessoal recrutado tem, geralmente, en-tre 20 e 25 anos e passa por um treina-mento de três meses. Na primeira sema-na, é realizada uma integração para os novos empregados entenderem o negó-cio e adaptarem-se à cidade. Nesse perío-do eles têm aulas de boas maneiras, higie-ne pessoal e cuidados com a roupa.

A empresa dispõe de um restaurante-es-cola, criado no ano passado, para treinar os futuros profissionais. “A grande van-tagem é que ele (o novo contratado) não

tem nenhum vício de trabalho antigo. Ele será formado como nós queremos”, ar-gumenta. Ao chegar a Curitiba, o recém--contratado custa em média R$ 1.500,00 por mês. Recebem um salário durante o período de treinamento e, depois disso, passam a ganhar salários conforme a função desempenhada.

Há pouca rotatividade, principalmente no Durski, onde tem garçonete trabalhando há dez anos - realidade difícil nos dias atu-ais. No Madero, é um pouco diferente. Al-gumas pessoas deixam a empresa porque querem voltar para o interior ou porque conseguem um cargo melhor - geralmen-te subgerente em outro restaurante.

Chef empresárioUma equipe de dez pessoas trabalha no controle de qualidade dos restaurantes Madero percorrendo todas as casas, em-bora Junior Durski também visite constan-temente as unidades. “Minha receita de empreendedorismo é muito trabalho e gostar muito do que está fazendo”, ensina.

A empresa conta com um Centro de Qualidade, onde se concentram os fun-cionários que atuam no setor de treina-mento e supervisão de produtos e aten-dimento. Grande parte dos alimentos servidos é artesanal, com dois locais de fabricação. Uma, no centro de Curitiba, se encarrega dos molhos, doces, embuti-dos e pães. O outro centro, que se res-ponsabiliza pelo corte e armazenamen-to das carnes, fica no município de Balsa Nova, na Grande Curitiba.

Na opinião dele, crescer como chef de co-zinha também envolve muito mais traba-lho do que talento nato. “O que difere um chef de outro é o paladar. Não vejo outra coisa que seja tão determinante quanto o paladar”, diz, acrescentando que desen-volver o paladar requer desenvolvimento e trabalho, como experimentar ingredien-tes, ir a restaurantes diferentes e não fa-zer nada que prejudique as papilas gusta-tivas, como fumar.

Junior Durski reconhece que nesse ramo é raro ficar apenas criando novos cardá-pios e desenvolvendo pratos diferentes. “É difícil ser só chef e é difícil ser só em-presário”, resume. Sorte dele, que gosta dos dois aspectos da profissão. Ele diz que adora ficar na cozinha e no escritó-rio. “Eu sou muito empreendedor, não posso ver oportunidades que eu quero aproveitar”, comenta.

Junior Durski,empresário

40 41

Page 22: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Brasileira Bel Pesce revela, em seu livro recém-lançado, como Vale do Silício, nos Estados Unidos, é inspiração para quem quer sucesso

Por Adriana De Cunto

Lições

Cap

acit

ação

Duas graduações e três cursos compac-tos pelo Massachusetts Institute of Tech-nology (MIT), passagens pelo Google e Microsoft e hoje dona da própria empre-sa, no Vale do Silício, reduto da tecnolo-gia mundial. Bel Pesce, com apenas 24 anos, é dona do currículo invejável.

E é justamente a pouca idade que a pau-listana radicada nos Estados Unidos pre-tende desmistificar no primeiro capítulo do seu livro, “A menina do vale - como o empreendedorismo pode mudar sua vida”, lançado este ano.

Para Bel Pesce, não importa idade se a pessoa realmente quer empreender. Ela dá exemplos de empresários bem-suce-didos que começaram seus negócios em diferentes fases da vida, como Ray Croc, que, aos 52 anos, iniciou a expansão da Rede Mc Donald’s; os irmãos Catherine e Dave Cook, que criaram (quando ainda estavam no ensino médio) o aplicativo My Year Book, adquirido depois pela rede social Quepasa por 100 milhões de dólares; ou Jack Arnold Weil, que, em 1946, então com 40 anos, fundou a Rock-mount Ranch Wear. A companhia estabe-leceu novos padrões de estilo caubói e Jack esteve envolvido com a empresa até o último dia de vida - ele tinha 107 anos quando morreu.

A trajetória de Bel Pesce é surpreenden-te, principalmente quando se leva em conta a forma inusitada como ingressou no MIT, o principal instituto de tecnologia dos Estados Unidos.

Garota de classe média paulistana, apaixo-nada por Matemática, ganhou bolsa de es-tudos para fazer o ensino médio em uma boa escola particular de São Paulo. Sonha-va em estudar no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) quando descobriu que não era preciso ser cidadão americano para se candidatar a uma vaga no MIT.

O detalhe é que restavam apenas 20 dias para encerrar o prazo de um processo que demora meses e envolve várias eta-pas, como entrevista, cartas de recomen-dação, provas de matérias, redação. A chance era mínima, mas para ela, se há uma probabilidade, mesmo que seja pe-quena, vale a pena tentar.

O ano era 2006 e a menina passou na pri-meira tentativa, depois de enfrentar situa-ções de forte estresse, como convencer um brasileiro representante do MIT a entrevis-tá-la mesmo depois de terminado o prazo.

A moça descobriu onde o ex-aluno da uni-versidade americana morava, colocou em uma caixa todos os seus diplomas e certi-ficados que, acreditava, ajudariam no processo e ficou por 20 minutos em fren-te à porta do homem convencendo-o a ajudá-la. Obviamente, que ele não resis-tiu aos apelos da jovem. “Naquela hora eu aprendi, nunca desista, tem sempre um jeito”, afirma.

A aprovação no MIT, o tempo que passou no campus da conceituada instituição e o trabalho no Vale do Silício serviram de inspiração para uma frase que Bel Pesce faz questão de estampar com destaque na sua página na internet e que lhe serve como um mantra: “Sonhe o impossível. Faça acontecer”.

Bel Pesce trabalhou no próprio MIT para pagar a universidade e aproveitou inten-samente a vida acadêmica. Conseguiu duas graduações, Engenharia Elétrica e Ciências da Computação, e três diplomas de cursos compactos: Administração, Economia e Matemática. Além de fazer aulas bem inspiradoras e diferentes dos outros estudantes de Engenharia, como Japonês, Coreografia e Música.

A importância de ter uma boa equipe é inestimável, as ideias vêm e vão e você pode encontrar dezenas e dezenas de novas ideias em questão de horas

Ilust

raçã

o/C

apa

do

livr

o "

A m

enin

a d

o v

ale"

/Ag

enci

a Ye

ah!

42 43

Page 23: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Após três meses do lançamento, a Lemon, pequena empresa da empreendedora Bel Pesce, já contava com 1 milhão de usuários

Saiba mais

Acesse: www.belpesce.com/pt/e www.ameninadovale.com

Bel Pesce aconselha alguns livros sobre empreendedorismo:

“Perdendo Minha Virgindade”,de Richard Branson, Editora Cultura;

e “Se eu soubesse aos 20... - Lições para ser bem-sucedido em qualquer idade”, de Tina Seelig, Editor da Boa Prosa.

Ilustrações por Agência Yeah!

E fazem parte do livro“A menina do vale- como o empreendedorismopode mudar sua vida”

Ainda na faculdade, Bel Pesce trabalhou em empresas que fazem parte do sonho de muita gente, a Microsoft e o Google. Essa experiência a ajudou a formatar seu próprio grande sonho: empreender no Vale do Silício, região da Califórnia, Esta-dos Unidos, que reúne empresas com in-clinação para inovar em tecnologia.

“Eu sou doida por esse lugar. É apaixo-nante”, resume. Com os diplomas do MIT na mão, ela desistiu de um Mestrado para trabalhar na Ooyala, plataforma de vídeo digital. Depois, aos 23 anos e em socieda-de com dois empresários latino-america-nos, fundou a empresa Lemon, que pro-duz um aplicativo no telefone celular utilizado para organizar as finanças. Após três meses do lançamento, a Lemon já contava com 1 milhão de usuários.

Na Microsoft, a brasileira trabalhou quando tinha apenas 19 anos, fazendo parte do Office Labs, um setor que se dedica a inovações relacionadas à pro-dutividade. Chegou a liderar uma equi-pe e administrar projetos do começo ao fim. No Google, atuou no setor de pesquisas para inovar os sistemas do Google Translate.

Para Bel Pesce, empreender envolve “tra-balhar pesado, se possível com muito amor”. A trajetória de sucesso em tão pou-co tempo não tira a humildade da paulista-na. “Eu estou construindo a minha histó-ria. Preciso aprender muita coisa”, diz.

O desejo de transmitir as lições que aprendeu no MIT e no Vale do Silício virou mais um empreendimento, o e-book “A menina do vale - como o empreendedo-rismo pode mudar sua vida”, disponibili-zado gratuitamente pela internet.

O livro é mais um exemplo de como a paulistana vê a missão do empreendedor - a criação de produtos que toquem posi-tivamente a vida das pessoas. Com essa obra, ela espera ajudar jovens (ou não tão jovens) a buscar inspiração e soluções para a carreira.

Na opinião dela, as lições que o Vale do Silício ensinaram podem ser aplicadas em qualquer lugar do mundo.

Lições valiosas“A menina do vale - como o empreendedo-rismo pode mudar a sua vida” é dividido em 18 capítulos. Qualquer pessoa pode baixá-lo gratuitamente pela internet aces-sando o site www.ameninadovale.com.

A Revista Soluções antecipa, a seguir, alguns trechos das lições inspiradoras de Bel Pesce. Acompanhe:

1- Idade

“Se você realmente sonha em empreen-der, a sua idade não importa. O que im-porta é ser extremamente apaixonado por solucionar problemas e melhorar as vidas das pessoas, e estar disposto a tra-balhar arduamente para fazer as coisas acontecerem. O que importa é entender que, às vezes, nem tudo sairá como você espera e estar sempre pronto para apren-der e tentar novamente.”

2 - Inspiração

“Ao longo da sua vida, ter a quem admirar ajuda a se manter focado nas conquistas que realmente importam. Além disso, pessoas admiráveis em geral mostram horizontes muito amplos e fazem com que você não limite as suas ambições.”“Pessoas que admiro me ajudam a ver que posso e devo sonhar alto. Ao en-tender o que eu admiro nelas, eu aca-bo conhecendo-me muito melhor e entendendo o que realmente importa para mim.”

3 - Dificuldades

“Começar uma empresa é uma experiên-cia emocionante, mas não é fácil. Constan-temente, você estará dormindo pouquíssi-mas horas, trabalhando intensamente e, ainda assim, as coisas, muitas vezes, não sairão conforme o planejado.”

Conquistar um currículo como esse no MIT exigiu grande esforço, pois enquanto um aluno do instituto faz em média qua-tro matérias por semestre, ela chegou a fazer 13 disciplinas no mesmo período. “Não tenho nada de especial. Só determi-nação e iniciativa”, justifica.

Faça acontecerFoi graças a um trabalho no MIT que Bel Pesce descobriu a paixão pelo empreen-dedorismo. Aos 19 anos, ela participou de uma competição em equipe chamada MIT 100K, concorrendo com um projeto para aumentar a cobertura de telefonia celular na área rural da África.

A proposta não ganhou prêmio, mas a moça descobriu como era bom criar um produto, formar e motivar um time e trabalhar duro e com entusiasmo para fazer acontecer.

O empreendedorismo não é herança de família, pois o pai é funcionário de uma empresa e a abertura de um pró-prio negócio não fazia parte das con-versas da casa. Embora, hoje, Bel Pesce avalie que a vocação já se manifestava nela desde pequena, quando fazia biju-terias para vender.

“Algo que ajuda muito nesses momentos de agonia é simplesmente conversar com outras pessoas (...). Se você pedir opini-ões para as pessoas certas, é bem possí-vel que alguém que tenha tido um pro-blema semelhante ao seu e possa ajudá-lo a seguir na direção certa.”

4 - Equipe

“A importância de ter uma boa equipe é inestimável. As ideias vêm e vão. Você pode encontrar dezenas e dezenas de no-vas ideias em questão de horas.”“Os membros de sua equipe precisam ser extremamente apaixonados por cons-truir uma empresa.”

5 - Experiência

“Recentemente, aprendi que, juntamen-te com trabalho árduo e paixão, há algo que faz com que você cresça muito mais rapidamente: conselhos pertinentes.”“Vale muito a pena procurar pessoas que passaram por algo semelhante ao que você está vivenciando agora. Encontre-se com essas pessoas, conte a sua história e alguns de seus planos para elas. Peça conselhos. Não tenha medo de mandar e--mails para pessoas que você ainda não conhece pessoalmente. Além disso, certi-fique-se de manter contato e cuidar mui-to bem desses seus mentores.”

6 - Erros

“Mesmo as pessoas mais trabalhadoras e inteligentes ainda cometem vários erros. Aliás, em geral, as únicas pessoas que não

cometem erros são aquelas que não estão correndo riscos suficientes. Como empre-endedor, você terá que aprender a lidar com alguns fracassos. Muitos fundadores de sucesso são capazes de aprender rapi-damente com os erros. Esta é a chave.”

7 - Networking

“O networking está no coração do Vale do Si-lício e é responsável por grande parte do que a região é hoje. Ser bom em conectar pessoas pode ajudá-lo a encontrar um parceiro de ne-gócios, um mentor e um advogado.”

8 - Desânimo

“O maior risco é aceitar ‘não’ como respos-ta quando o ‘sim’ é uma possibilidade.”

9 - Zona de conforto

“As pessoas geralmente adoram como-didade, o que as faz continuar a viver a vida do mesmo jeito, dia após dia. Mui-tas pessoas evitam mudanças, e se ape-gam a seus hábitos diários, sempre fu-gindo do desconhecido. No entanto, ao fazer isso, elas acabam fechando as por-tas para aventuras emocionantes.”

10 - Iniciativa

“É ótimo conseguir tudo o que os outros esperam de você. Mas é sensacional quando você vai completamente além das expectativas. A melhor maneira de surpreender as pessoas é tendo iniciati-va. Não tenha medo de pensar de modo diferente ou iniciar seus próprios proje-tos. Comece agora, não espere até al-guém lhe pedir algo.”

44 45

Page 24: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Documentário

Com

port

amen

to

Manuela Abdo, produtora, e Luiz Fernando Gaio, diretor de fotografia

Foto

: Lu

iz C

ost

a/La

Imag

en

na telinhaEmpreendedorismo

Série produzida no Paraná, com apoio da Ancine, retratará histórias deempreendedores de baixa renda que apostam nos negócios para sobreviver

Por Katia Michelle Bezerra

O paranaense Edinaldo Dias de Souza chegou a Curitiba ainda adolescente para fazer um tratamento de saúde. Gostou da cidade e resolveu não voltar mais para o interior. Começou a traba-lhar e logo um amigo o convidou para montar uma bicicletaria.

O sócio desistiu do negócio pouco tempo depois. Edinaldo continuou. No início, le-vava a pequena loja e ainda tinha que tra-balhar fora, mas não demorou a dedicar--se apenas aos consertos e vendas de peças de bicicletas, em Colombo, na Gran-de Curitiba. O resultado foi próspero.

A dedicação de Edinaldo à sua loja de bicicletas e o seu esforço empreende-dor é tema do episódio-piloto da série de tevê “Plano de Negócios”, da produ-tora curitibana Arte Nove.

Com projeto aprovado pela Lei do Au-diovisual da Agência Nacional do Cine-ma (Ancine), a série está em fase de captação de recursos e vai contemplar 16 histórias de empreendedores para-naenses de baixa renda.

Os empreendedores foram escolhidos por uma extensa pesquisa feita pela Aliança Empreendedora, ONG especia-lizada em empreendedorismo de baixa renda. A produtora executiva Manuela Abdo conta que foram entrevistados cerca de 50 empreendedores para es-colher os participantes do projeto.

O critério de seleção, além do baixo in-vestimento, era que os empreendedores fossem da periferia e que os negócios es-tivessem inseridos na comunidade.

Assim, histórias como a de Edinaldo, no episódio-piloto “A Bicicletaria de Edi-naldo”, ganham corpo, contadas pelos próprios empreendedores em episó-dios de 12 minutos, dirigidos pela docu-mentarista Bianca Krebs.

O projeto começou a ser pensado há cerca de dois anos. Formada em Admi-nistração de Empresas, a produtora Ma-nuela Abdo lembra que sempre desejou fazer um projeto documental para con-tar, de forma simples, ações empreen-dedoras de sucesso.

“São histórias inspiradoras, que mos-tram a realidade brasileira de pessoas que empreendem por necessidade e não por oportunidade”, salienta.

A proposta é contar as histórias pela óti-ca dos próprios empreendedores. Na

série, os projetos selecionados tratam dos nichos de mercado mais variados, desde jardinagem, salão de beleza, até uma pequena fábrica de barra de cereais.

Além de revelar como os empreende-dores começaram o negócio – e prospe-raram com a dedicação ao trabalho -, a ideia é mostrar as soluções criativas que cada empresário encontrou para fazer com o que o negócio desse certo.

Edinaldo, por exemplo, personagem principal do piloto da série, nunca havia trabalhado com reparos e peças de bici-cleta e precisou da ajuda de amigos para começar a entender do negócio.

Ele chegou a pedir um empréstimo para comprar novas peças e investir na loja de bicicletas e fez um planejamento ri-goroso para conquistar o retorno no in-vestimento. E conseguiu.

O empresário viu na Vila Zumbi dos Pal-mares, local de Colombo onde montou a bicicletaria, um nicho importante de mercado, já que muitos moradores da região vão trabalhar de bicicleta.

Dados sociais e culturais do local de ori-gem do negócio estão contemplados no episódio. E quando a série for ao ar, após a captação de recursos e as parcerias reali-zadas, também será possível acessar a um site com informações complementares.

“A ideia é que essas histórias sirvam de inspiração para outras pessoas. Para mostrar que montar um negócio pode ser difícil, mas não é impossível”, afirma Manuela Abdo.

ExperiênciaO diretor de fotografia e coordenador do projeto Luiz Fernando Gaio ressalta que o processo de escolha dos empre-endedores foi uma experiência única. Ele compara as histórias com a própria experiência dos realizadores.

Sócio da produtora Arte Nove, ele e os parceiros do projeto investiram recur-sos próprios no episódio-piloto da série antes mesmo do projeto ser aprovado pela Ancine. Agora já estão com várias propostas de patrocínio e uma parceria sendo negociada com a TV Futura.

“É muito importante para ver essas pes-soas empreendedoras que, mesmo sem recursos, superam qualquer dificulda-de. É um aprendizado para nós, que também somos empreendedores”, diz. Para Manuela Abdo, conhecer as histó-

rias dos empreendedores de baixa ren-da é uma lição de vida. “Eles foram atrás e fizeram acontecer. É muito inspirador e nosso objetivo com o projeto é justa-mente inspirar outras pessoas.”

As histórias que serão filmadas ainda estão em processo de seleção, mas Ma-nuela Abdo revela que cerca de dez já estão praticamente fechadas.

Os episódios ainda não têm data para se-rem exibidos, mas a E-Paraná (antiga TV Educativa, mantida pelo governo do Esta-do) já é parceira da veiculação do projeto.

A proposta é também expandir a exibição gratuitamente para mais tevês Educativas e redes IFES (TVs Universitárias). O programa será exibido durante um período de quatro meses, sendo um episódio por semana.

PatrocínioEmpresas podem patrocinar o projeto da série de tevê “Plano de Negócios” por meio da Lei do Audiovisual e ainda abater o valor do Imposto de Renda.

Os patrocinadores poderão ter sua lo-gomarca aplicada na abertura e no final do programa. Os 16 capítulos do pro-grama, de 12 minutos cada, terão exibi-ção inédita e serão reprisados.

Saiba mais

Quem quiser saber mais sobreo projeto pode entrar em contato coma produtora executiva Manuela Abdo, através do [email protected]

46 47

Page 25: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

‘dragão’ O avanço do

Segunda potência econômica do mundo tem feito lição de casae mudado perfil de seus empresários e de seus produtos

Por Andréa Bordinhão

China

Com

port

amen

to

48 49

Page 26: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Made in China. Obviamente não há quem que não leia esta frase com frequência nos produtos que consome no Brasil e em boa parte do mundo. Para muitos consumido-res, no entanto, esta procedência significa falta de qualidade. Porém, o ‘dragão’ asiá-tico, como é conhecido o país, está fazendo a lição de casa e mudando o perfil de seus empresários e de seus produtos. Com a pe-quena e média empresa consolidada como base da economia, os chineses ainda têm muito a mostrar e a ensinar.

Voltando alguns milhares de anos e olhan-do para a história da China, é possível identificar um povo obstinado e adaptá-vel. Após passar por diversas guerras ao longo de centenas de anos, o país perdeu e recuperou diversas partes do seu terri-tório, mas manteve sua cultura intacta. Em 1949 os comunistas tomaram o poder, estatizaram as empresas e propriedades rurais. E foi assim, fechados ao mundo, que os chineses viveram até o final da dé-cada de 1970. O crescimento econômico começou com Deng Xiaoping, em 1978.

A China, que teve sua economia desenvol-vida em um terreno socialista, que impu-nha penas a atitudes capitalistas, mudou de trilhos a partir de 1978. Mesmo com o regime político ainda fechado, é a partir daí que começa a história do ‘dragão’ asiá-tico que conhecemos hoje. Após uma sé-rie de reformas econômicas, com fartos subsídios estatais, o país se tornou um grande exportador de produtos de baixo custo e, com a mão de obra barata, atraiu multinacionais.

O governo chinês criou um ambiente propício aos negócios. Com a intenção de atender às grandes empresas estrangei-ras atraídas ao país, o governo investiu em infraestrutura, energia e matéria-pri-ma. E as multinacionais levaram a tecno-logia. Assim, a China ganhou competitivi-dade no mercado internacional, os governantes continuaram a investir e chegamos à China de hoje: a segunda po-tência econômica do mundo, organizada, competitiva e adaptável às mudanças e exigências globais.

O ranking Doing Business, feito todos os anos pela International Finance Corpara-tion (IFT), entidade ligada ao Banco Mundial, mostra a facilidade de se fazer negócios em 183 países. A República Po-pular da China ficou na 91ª posição nes-te ranking. Já o Brasil está no 126ª lugar.

Com o crescimento econômico acelerado da China, os micro e pequenos empreen-dimentos também ganharam um excelen-te ambiente para se desenvolver e hoje representam a maior parte das empresas chinesas. “Uma das razões de os empresá-rios chineses chegarem onde estão é a adaptação de se desenvolver com pouco capital”, explica o economista Marcos Troyjo, diretor do BRICLab da Columbia University e especialista do Instituto Mille-nium. Além de muitas vezes empreender com pouco capital, Troyjo afirma que uma das grandes lições que o empresário chi-nês de micro e pequena empresa tem a dar é o “sacrifício”. “Essa palavra quer di-zer que a pessoa sofre em nome de algo sagrado. E os chineses veem o trabalho desta forma.”

O diretor de Gestão e Produção do Sebrae/PR, Vitor Roberto Tioqueta, que participou do Global Leadership Program, uma iniciativa da entidade que, em maio passado, levou empresários paranaenses à China, voltou da missão entusiasmado com o avanço chi-nês. “A China não está mais produzindo pro-dutos de baixa qualidade, como muitos em-presários brasileiros pensam, mas melhorando a sua produção com alta tec-nologia. O país está focado em assumir o primeiro lugar no ranking das economias mundiais”, assinala.

E para isso, na avaliação de Tioqueta, as empresas têm o governo como o principal aliado, responsável pelos investimentos em modernização, infraestrutura e tecno-logia de ponta. “Houve um planejamento de Estado na China e parte do PIB (Produ-to Interno Bruto) é revertida na melhoria do país, em estradas, aeroportos, portos inovadores. Há uma convergência rumo a um interesse comum: os chineses querem ser os primeiros do mundo e caminham para isso.” O diretor do Sebrae/PR diz que o país é hoje um grande “canteiro de obras”, que tem melhorado os salários dos trabalhadores e que, a cada ano que passa, consolida ainda mais sua renda média.

Para a consultora do Sebrae/PR, Rosânge-la Angonese, que também integrou o Glo-bal Leadership Program à China, como co-ordenadora do grupo, a questão cultural influencia muito na forma de fazer negó-cios dos chineses. “Os valores pessoais são transferidos para as empresas. O res-peito é um valor muito forte. Eles têm res-peito incondicional às hierarquias, aos mais velhos.” Os chineses, lembra a con-

sultora, também demoram para fechar negócios porque têm a necessidade de estabelecer bases de confiança.

Outra característica apontada pela con-sultora é o foco na oportunidade. Segun-do Rosângela Angonese, os chineses são muito ágeis em detectar oportunidades. “E eles querem se tornar uma economia global, por isso empreendem mundo afo-ra, em busca de oportunidades de negó-cios, de investimentos, de parceria e de mercados para seus produtos, e não só regionalmente. Os chineses têm uma vi-são de longo prazo e muita persistência e comprometimento com a meta futura”, destaca a consultora.

Para Vitor Tioqueta, a China é um celeiro de oportunidades para os empreendedo-res brasileiros. No entanto, segundo ele, é preciso levar em conta todas estas carac-terísticas para se “aprender” a fazer negó-cios com os chineses. Além disto, explica, quando se quer os chineses como forne-cedores, é preciso desenvolvê-los justa-mente por causa das diferenças culturais. O diretor do Sebrae/PR percebeu durante a missão técnica que os chineses veem os brasileiros como importantes parceiros

comerciais. “Para isso, no entanto, os em-presários brasileiros precisam estar aten-tos a outras questões também como a produção em escala. Tudo o que é vendi-do na China, é vendido em grandes quan-tidades. As micro e pequenas empresas, por meio de produção associada, podem suprir essa exigência do mercado chinês”, sugere Tioqueta.

Inovação, qualidadee produtividadeSegundo os especialistas, a China está melhorando a qualidade dos seus produ-tos, inovando e evoluindo muito tecnolo-gicamente. “A China percebeu esta neces-sidade. Por isso a economia do país está passando por uma mudança de DNA. Isto é, está passando da produção de merca-dorias com baixo valor agregado para a fabricação produtos de alta tecnologia. As empresas estão investindo em ciência e tecnologia. Além disso, a mão de obra está cada vez mais qualificada e mais bem remunerada”, afirma Marcos Troyjo.

“A qualidade e o design também já fazem parte dos produtos chineses”, conta a também consultora do Sebrae/PR, Carla Werkhauser, que participou de visita téc-

Na China, pequenos empreendimentos também ganharam excelente ambiente para se desenvolver e hoje representam a maior parte das empresas

É um celeiro de oportunidades para os empreendedores brasileiros, que só ganharão o mercado chinês se também produzirem em escala

Grupo Global Leadership Program na China

Foto

: Div

ulg

ação

50 51

Page 27: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Os valores pessoais são transferidos para as empresas e o respeito é muito forte; eles têm obediência incondicional às hierarquias, aos mais velhos

Os empresários brasileiros têm que atuar aonde os chineses não chegam, vender para nichos específicosou para classesmais altas

nica à China em 2011. Na sua avaliação, além de já estarem pagando melhores sa-lários, as empresas também estão remu-nerando os empregados por produtivida-de. “E, em muitas empresas, já se encontra certificações ISO. Os chineses percebe-ram a necessidade de adequação da sua operação industrial aos padrões mun-diais”, completa.

Números trazidos pela pesquisa A transfor-mação da China em economia orientada à inovação, feita pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), divulgada em agosto de 2011, mostram que desde 1999 o investimento em Pesqui-sa e Desenvolvimento (P&D) na China cres-ce, em média, 20% ao ano. A meta do ‘dra-gão’ asiático é investir 2,5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em P&D até 2020.

O estudo do IEDI lembra que o governo da China vê “o progresso científico e tecnoló-gico como principal meio de obter ganhos substanciais de produtividade e promover o desenvolvimento econômico e social, de forma coordenada e sustentável”. Esta vi-são está no Programa Nacional de Médio e Longo Prazo para o Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia, iniciado em 2006 e que tem o objetivo de transformar a Chi-na em uma economia orientada à inova-ção até 2020.

Em números, os principais objetivos deste Programa, que já estão sendo alcançados, são reduzir a dependência nacional de tecnologia estrangeira para menos de 30%, ampliar o gasto do PIB com P&D para 2,5%, elevar a contribuição das ativi-dades de ciência, tecnologia e inovação a 60% do crescimento do PIB e posicionar a China entre os cinco principais países do mundo em número de patentes domésti-cas e em citação internacional de artigos científicos. Tudo isso até 2020.

Investimentos em inovação são um fator estratégico para os chineses. “Um mito que caiu por terra depois que estive lá é de que eles só fazem cópias. Isso existe sim. Mas eles investem muito em tecnolo-gia porque sabem que para competir glo-balmente precisam melhorar seus produ-tos, agregar valor, e inovar cada vez mais”, conclui Rosângela Angonese.

EducaçãoTodo aporte feito em pesquisa e desen-volvimento científico e tecnológico tam-bém tem reflexo no investimento em edu-cação feito pelos chineses. As despesas

com educação subiram de 3,4% do PIB em 2002 para 4% em 2010.

Segundo o estudo do IEDI, em 2009, mais de 20,2 milhões de chineses cursavam graduação e 1,3 milhão estavam em cur-sos de pós-graduação. Em 2010, o gover-no chinês lançou o Plano de Médio e Lon-go Prazo de Desenvolvimento de Talentos com o objetivo de elevar o número de pesquisadores a 3,8 milhões até 2020, sendo 40 mil destes cientistas de altíssi-mo nível em áreas-chave de inovação.

Dados coletados em visita à China por Ro-sângela Angonese mostram a consequên-cia do investimento em educação. Segun-do ela, o custo da mão de obra chinesa está aumentando ano a ano justamente pelo fato de as pessoas estarem se capaci-tando. Dados obtidos na China pela con-sultora dão conta que em 1978 o trabalha-dor industrial chinês ganhava, em média, US$ 50. Em 2009, esse valor médio subiu para US$ 2 mil.

Incentivo governamentalÉ clara a conclusão de que o empresário chinês é tão competitivo porque é empe-nhado, se adapta às necessidades e às exi-gências mundiais, busca inovar e investe em tecnologia. No entanto, o governo também tem um papel importante para o desenvolvimento das empresas, em espe-cial das micro e pequenas. Além de inves-tir em infraestrutura e proporcionar um bom ambiente para os negócios, os em-preendedores chineses têm financiamen-to fácil e abundante e uma carga tributá-ria menos pesada.

“O principal empresário na China é o Esta-do, que garante financiamento às empre-sas. Lá o empreendedorismo se dá de mãos dadas com o Estado e isso traz algu-mas características específicas ao modelo de negócio chinês”, afirma Marcos Troyjo.

A carga tributária chinesa imposta aos em-presários, segundo os especialistas, é qua-se metade do que é cobrado no Brasil. “O governo chinês opta por gerar empregos, muitos nas indústrias têxteis e de calça-dos, pois entende que essas pessoas vão gastar parte dos seus salários localmente e movimentar a economia”, diz a consulto-ra do Sebrae/PR, Carla Werkhauser.

Competir é difícil, mas possívelO principal temor, e para muitos um pro-blema real, dos empresários brasileiros em relação à China é a dificuldade de com-petição com os produtos mais baratos

produzidos por lá. No entanto, os especia-listas argumentam que é possível se adap-tar e encontrar nichos de mercado no Brasil aonde os produtos chineses não chegam.

A consultora do Sebrae/PR, Carla Werkhauser, lembra que os produtos da China são comprados para atender, princi-palmente, às classes C, D e E, já que a in-dústria chinesa trabalha com grandes vo-lumes e compete fortemente por preço. “Por outro lado, os empresários brasilei-ros têm uma boa oportunidade atuando com a diferenciação de produto e co-cria-ção, atendendo nichos específicos e a classe B e parte da classe C. Uma estraté-gia é agregar valor através do design e produzir em lotes menores, abastecendo o pequeno e médio varejo sempre com novos produtos”, exemplifica.

Carla Werkhauser, que foi à China partici-par de uma feira da área de vestuário, deu um bom exemplo de nichos de mercado: “os produtos chineses demoram até qua-tro meses para chegar ao Brasil. Então, eles dificilmente conseguirão copiar uma tendência que é lançada por uma novela, por exemplo”. “O Brasil tem um mercado imenso. Temos que conhecê-lo e saber as ansiedades do nosso consumidor. A com-

petitividade das nossas indústrias tam-bém passa por uma gestão profissional dos recursos, investimentos em tecnolo-gia, pesquisa e redução de custos.”

Experiência ímparO sócio-proprietário da Fiasul, Rainer Zie-lasko, integrou o grupo que viajou para a China, no Global Leadership Program, do Sebrae/PR. O empresário, que preside a Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Fa-ciap), conta que, para os gestores da em-presa, com sede em Toledo e no mercado desde 1994, viagens internacionais são sempre enriquecedoras.

“Quando eu vi a programação da viagem, onde você tem visitas a empresas e a uni-versidades, com toda uma organização de palestras, fiquei interessado porque a ab-sorção de conhecimento é boa. Eu até posso ir sozinho para a China, mas eu não entraria em uma universidade ou em uma empresa para conversar com um empre-sário”, observa Rainer Zielasko.

Na sua avaliação, o olhar in loco, diante da dinâmica empresarial, e o potencial de con-sumo do ‘dragão’ asiático se caracterizam como uma fonte promissora de informa-

Marcos Troyjo, economista

Foto

: Div

ulg

ação

ções, que ajuda a compreender a China não apenas como uma ameaça para o mercado brasileiro. Para ele, o Brasil perde em com-petitividade para os chineses em questões relacionadas, por exemplo, à logística.

“O país mantém um infraestrutura exce-lente, com estradas em ótima conserva-ção, portos e grandes aeroportos. Isso contribui na questão da logística da pro-dução, além da carga tributária ser menor. Mas eu posso olhar um copo com água pela metade e dizer que está ou meio cheio ou meio vazio. O que nos anima é pensar que há 500 milhões de chineses querendo gastar. Se a gente quiser bater eles em commodities, vamos perder. Mas, se oferecermos produtos diferenciados, com moda e design, eles vão comprar.”

De acordo com Zielasko, é importante que os empresários busquem conhecer outras realidades, para não ficar exclusivamente envolvidos no ambiente do próprio negó-cio. “Muitos não saem da empresa, e até tem aquele ditado que diz que é o olho do dono que engorda o gado. É preciso acompanhar, mas é preciso sair, também. Conhecer tendências para não ser engoli-do pelo mercado. Cada vez mais que você fica só na sua ‘caixinha’ é perigoso.”

52 53

Page 28: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

ceberam a importância de falar inglês para se comunicar com os empresários de outras culturas. Eu também percebi uma vontade muito grande de atender bem, agradar, fazer negócios. Isso me parece já ser reflexo da nova educação que a China vem dando à população.”

A boa impressão do empresário deve ren-der frutos. Para continuar sua jornada de negócios com o outro lado do mundo, Zar-pellon vai fazer um curso de importação para microempresas com o intuito de aprender toda a parte burocrática deste tipo de comércio. “A partir disso, posso co-meçar a fazer pedidos a partir das amos-tras que recebi dos chineses”, aposta. (Co-laborou nesta reportagem o jornalista Leandro Donatti)

para visitar algumas fábricas. E já voltei para lá este ano”, conta o proprietário da loja Relopeças, Guilherme Zarpellon.

O empresário curitibano, que foi por con-ta própria, descreve sua primeira ida à Chi-na como uma “aventura”, já que descobriu as primeiras fábricas que visitou pela in-ternet. “E este ano voltei para uma feira do setor de bijuterias para descobrir mais fornecedores.” Zarpellon procura, do ou-tro lado do mundo, um fornecedor que desenvolva uma linha exclusiva para a sua empresa como complemento à sua linha nacional de produtos. E garante que vol-tou com uma ótima impressão dos empre-sários chineses.

“A tecnologia de acabamento, forma e materiais deles está bem à frente”, afir-ma. Segundo o empresário, desde que respeitada a quantidade mínima de pro-dução exigida pelos chineses, é possível encomendar qualquer produto com o aca-bamento que se desejar e com um preço bastante atrativo.

Além disso, Zarpellon achou os empresá-rios chineses receptivos desde o primeiro contato. “A maioria das empresas que atu-am no meu setor é familiar. Mas eles per-

Saiba mais

Acessewww.apexbrasil.com.brwww.iedi.org.brwww.imil.org.brmigre.me/9tkig

Para o empresário Edenir Zandoná Junior, que há 13 anos preside o Sindicato do Co-mércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado do Paraná (Sindifarma), a viagem para a China, no Global Leadership Program, foi uma excelente oportunidade para conhe-cer o potencial competitivo daquele país.

“Eu sempre tive a curiosidade de ver como era o mercado chinês, conhecer as cidades e compreender esse crescimento tão ex-pressivo. Curiosidade de conhecer como eles realizam, por exemplo, a Feira de Cantão (realizada em Guangzhou), que re-úne 26 mil empresas em um único local. Achei muito interessante. Eu já visitei ou-tros países, mas essa viagem à China ultra-passou as minhas expectativas”, diz Ede-nir Zandoná Junior.

Pequenos estão chegandoReceosos em um primeiro momento, ago-ra os proprietários de micro e pequenas empresas do Brasil também estão sendo atraídos pelas oportunidades do mercado chinês. “Por uns quatro anos tive vontade de conhecer as empresas chinesas, mas não tinha coragem por causa da distância, da língua, da diferença cultural. Resolvi ir a primeira vez no final do ano passado

Grupo Global Leadership Program na China

Foto

: Div

ulg

ação

54 55

Page 29: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Happy hour exclusivo para negócios

Evento, lançado em Porto Alegre, estimula empreendedores e investidoresa se conhecerem fora de ambientes convencionais de trabalho

Por Katia Michelle Bezerra

EmpreenDrinks

Com

port

amen

toIndependente da economia, da cultu-ra e da região em que se vive, no mun-do empresarial há sempre uma regra simples: há pessoas com boas ideias e pessoas querendo investir em um bom negócio.

Unir esses dois grupos em um mesmo espaço, fugindo das reuniões tradicio-nais e dos ambientes formais, é a pro-posta de um evento realizado em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, desde 2011, e que começa a ganhar visibilida-de em grandes centros como São Paulo.

O EmpreenDrinks é uma espécie de happy hour que reúne em um mesmo local, empreendedores, investidores, meio acadêmico e startups (empresas iniciantes) para falar sobre um tema ou simplesmente se conhecerem.

O evento já está na sua nona edição e seis grandes investimentos já foram re-alizados a partir dos encontros. O publi-citário Guilherme Masseroni, um dos fundadores e organizadores do evento, conta que o encontro tem como objeti-vo instigar os participantes a fazer no-vos negócios. “Qualquer pessoa pode participar, mediante inscrição prévia. Mas na hora é que se descobrem quem são os investidores e quem são os em-preendedores”, conta.

Inspirado em um modelo norte-ameri-cano, o EmpreenDrinks é realizado uma vez por mês em um bar e, claro, como o próprio nome diz, é possível aproveitar o encontro também para descontrair. “Com esse modelo ágil de encontro, é possível ‘vender’ ideias em um ambien-te descontraído. As pessoas precisam ser rápidas e, principalmente, foca-das”, salienta Masseroni.

Durante os eventos, os participantes são convidados a fazer seus pitchings. Para esclarecer: o pitching é uma ma-neira rápida, fácil e dinâmica de con-vencer alguém de que a ideia que você tem para apresentar é muito boa. “Um dos objetivos do EmpreenDrinks é dar espaço para apresentação de pitching e ‘treinar’ os empreendedores para esta-rem frente a frente com investidores”, diz o organizador do evento, explican-do que o pitching é uma ferramenta fundamental para atrair parceiros, só-cios, investidores, clientes e colabora-dores para o seu negócio.

Ele ressalta que nesse tipo de encontro, o empreendedor tem que estar prepa-rado para defender suas ideias com ob-jetividade. “Os investidores também estão sendo formados e aprendendo sobre esse mercado, mas, na escala de necessidade, os empreendedores preci-sam ainda mais dos investidores do que o contrário”, analisa Masseroni.

O evento já vai para nona edição, reu-nindo cerca de 150 pessoas em cada uma delas. “O fato de acontecer em um ambiente informal faz com que as coi-sas aconteçam de uma maneira mais na-tural”, defende Masseroni.

Para o organizador do evento, quan-do um empreendedor apresenta um pitching de forma clara e objetiva, a possibilidade de um investidor se sentir atraído pelo negócio é muito maior. “A apresentação de pitching no EmpreenDrinks estimula a evolução dos empreendedores e os treina os para que eles estejam prontos para encarar dois, três, cinco minutos com um investidor”, assinala.

Durante o EmpreenDrinks, cada empre-endedor tem alguns minutos para apre-sentar suas ideias e mais alguns outros minutos para responderem perguntas.

Os organizadores, no entanto, estimu-lam que os participantes passem por todas as mesas para fazer o que é a pro-posta principal do evento: trocar ideias. Estabelecendo essa primeira relação,

EmpreenDrinks, em Porto Alegre

Logomarca do evento

Foto

: Div

ulg

ação

56 57

Page 30: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Saiba mais

Acessewww.abstartups.com.brwww.empreendrinks.com.br

Qualquer pessoa pode atingir um objetivo, basta querer e estar preparada para a batalha, e esta regra vale também para o empreendedorismo

Com esse modelo ágil de encontro, é possível vender ideias em um ambiente descontraído

mais informal, fica mais fácil partir para um “segundo encontro” até a efetiva-ção do negócio.

Outra curiosidade do evento é o fato dele ser divulgado nas redes sociais e atrair cada vez mais pessoas por esse meio. O Twitter, o Facebook e outras redes ajudam a expandir a divulgação do evento, que, a cada edição, tem atraído mais participantes, conforme salienta Masseroni.

Rede socialA empresária Manoela Barreto, 21 anos, dona da Agência 352 X soube do evento a partir dos seus contatos nas redes so-ciais. Decidiu participar da primeira edi-ção e, desde então, só faltou a um even-to das nove edições já realizadas.

“É um evento ótimo para quem está co-meçando. Você pode trocar experiên-cias e também dar a sua opinião sobre os negócios que estão sendo realiza-dos”, conta exemplificando que, ao pas-sar de mesa em mesa para conhecer pessoas e apresentar seu negócio, os participantes acabam indicando possí-veis clientes.

A empresa de Manoela tem dois anos e, a partir da experiência no evento, ela já está reformulando algumas pre-missas, incluindo a oferta de serviços. “É bem interessante verificar outros cases e também poder contar a própria experiência para quem está começan-do também”, revela.

Para ela, ao enxergar a operação de ou-tras startups, há situações que podem ser utilizadas efetivamente no dia a dia da sua própria empresa.

Outra questão avaliada pela jovem empresária é o ambiente em que es-sas apresentações são realizadas. “Faz muita diferença o fato desse evento acontecer em um ambiente informal. Acho que os empreendedores têm menos medo de errar e de expor suas dúvidas”, conclui.

Em busca do novoE para quem quer buscar novas ideias, o evento também é um prato cheio. O consultor internacional para marcas di-gitais, Ricardo Cappra, é um empreen-dedor investidor e está sempre em bus-ca de novas propostas de negócio. Em maio, foi convidado para integrar, pela primeira vez, o público do evento. “Eu achei muito bacana. É um método sim-ples de apresentação e que dá muitos resultados”, diz.

Cappra acredita que esse tipo de even-to atrai jovens empreendedores, com muita energia para começar um novo negócio. Ele próprio já se interessou pela ideia de um jovem empreendedor, apresentada durante o evento, mas prefere não dar detalhes até que a ne-gociação esteja concluída.

“Para um investidor, esse tipo de even-to é muito importante. É quando o in-vestidor consegue ter ideia do poten-

cial do negócio e se os empreendedores sabem do que estão falando, ou seja, têm capacidade para levar a ideia adian-te”, diz. Para ele, a grande vantagem desse tipo de encontro é unir gente jo-vem, com boas ideias, mas com pouca experiência de mercado, com pessoas que já acumulam experiência e têm vi-são de mercado para saber a potenciali-dade do negócio.

TendênciaPara a socióloga Karla Gobo, coordena-dora dos cursos de Ciências Políticas, Relações Internacionais e Gestão do Centro Universitário Internacional Unin-ter, é cada vez mais natural que as pes-soas se encontrem em ambientes infor-mais e que as relações de trabalho saiam do universo do escritório.

“Dá para perceber esse tipo de movi-mento, mas é importante salientar que um encontro de empreendedores fora do ambiente formal não quer dizer au-sência de burocracia.”

Para a socióloga, as tecnologias atuais permitem que as relações de trabalho possam acontecer em qualquer am-biente e é por isso que movimentos como o home office (executivos que tra-balham em casa ) e o coworking (execu-tivos de áreas diferentes que trabalham em um mesmo ambiente) são cada vez mais comuns. “O EmpreenDrinks segue essa tendência”, salienta.

Esse movimento, na opinião de Karla, traz vantagens e desvantagens. A van-tagem, intrínseca, é aumentar as rela-ções de trabalho, agregar conhecimen-to e expandir negócios. No entanto, ela alerta, que a divisão entre o trabalho e a vida pessoal fica cada vez menor. “Você nunca sai do ambiente de trabalho e – consequentemente – nunca relaxa.” O desafio é equilibrar essas duas funções e, claro, fomentar a vida profissional sem esquecer que ter uma vida pessoal é imprescindível.

Entenda os termos

StartupA Associação Brasileira de Startups

(www.abstartups.com.br) define startup como

uma empresa de base tecnológica, com um

modelo de negócios repetível e escalável, que

possui elementos de inovação e trabalha em

condições de incerteza. Algumas pessoas defen-

dem que a startup é uma empresa iniciante, com

custo baixo de manutenção e com potencial de

crescimento.

CoworkingUnião de um grupo de pessoas que

trabalham de forma independente umas

das outras, mas compartilham ideias

e ideais e dividem o mesmo espaço,

trocando experiências. PitchingNão há uma tradução literal, mas no

mundo dos negócios, um pitching é

compreendido como a forma como

você pode vender a sua ideia para

alguém. Há escritores que defendem

técnicas de pitching.

O que éEmpreenDrinks é um evento men-sal realizado em Porto Alegre, que

liga empreendedores , startups, meio acadêmico, investidores e

entusiastas de startups.

Como funcionaEm um bar, as pessoas convidadas po-

dem apresentar seus pitchings por alguns minutos e responderem às eventuais

questões. Posteriormente, as pessoas são estimuladas a conhecer todos os partici-

pantes e trocar experiências.

58 59

Page 31: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Profissionalização

Tend

ênci

a

Quando o hobby vira negócio

Conheça três histórias de quem começou, brincando,negócios que se transformaram em empreendimentos rentáveis

Por Adriana De Cunto

Ninguém se iluda pensando que, porque é um negócio fruto de uma paixão, pode se dar ao luxo de atropelar as práticas de administração e marketing

Muita gente que leva a sério um hobby, em algum momento já foi questionado por que não começar a ganhar dinheiro com a habilidade, na maioria das vezes, desenvolvida desde criança. Mas trans-formar um hobby em um negócio lucra-tivo nem sempre é garantia de sucesso.

Antes de ceder à tentação de aten-der ao conselho amigo, é necessário seguir os mesmos passos que a abertura de qualquer negócio exi-ge: planejamento, pesquisa de mer-cado, análise dos pontos fortes e fracos da concorrência e estudo de viabilidade financeira.

“Ninguém se iluda pensando que, porque é um negócio fruto de uma paixão, pode se dar ao luxo de atro-pelar as práticas de administração e marketing já consagradas para qual-quer atividade envolvendo a produ-ção, venda e distribuição de produtos e serviços”, avisa Mario Persona, con-sultor e professor de Estratégias de Comunicação e Marketing.

Persona aconselha o potencial empre-endedor a procurar a ajuda especializa-da de um consultor ou instituição antes de dar primeiro passo. “Ele não precisa reinventar a roda da atividade empresa-rial, basta aproveitar a experiência dos que a inventaram e a mantêm rodando para poder dedicar seu tempo, esforços e criatividade à roda de sua paixão, o hobby”, afirma.

Ganhar a vida com a patinação artística sempre foi o sonho da paulistana Julia-na Bicalho Sanches, que, em 1989, le-vou a modalidade para Londrina, no norte do Paraná. Contrariando todas as probabilidades e conselhos - o es-porte era pouco difundido na região -, a ex-atleta começou dando aulas em um clube da cidade para uma turma de 30 pessoas e agora é dona de uma aca-demia, a Dancing Patinação, com picos de 370 alunos matriculados.

Ela também começa a expandir o negó-cio por meio de franquias e a escola ex-trapolou os muros, atendendo ainda 90 adolescentes em um grande colégio particular da cidade.

A patinação entrou cedo na vida de Juliana, ainda criança, na Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB) de São Paulo. Ela se destacou como

atleta. Foi campeã estadual paulista, tricampeã paulista, tetracampeã brasileira, bicampeã sul-americana e em um campeonato mundial, chegou ao 20º lugar. Viajou várias vezes para os Estados Unidos para cursos com técnicos renomados.

Optar por transformar o hobby em profissão não foi fácil. A mãe de Ju-liana queria que a jovem, prestes a enfrentar o vestibular, escolhesse a carreira de dentista. A decisão foi tomada após assistir ao Programa Pequenas Empresas, Grandes Negó-cios, veiculado aos domingos pela manhã em rede nacional, quando a adolescente viu o depoimento de um engenheiro que, insatisfeito com a profissão, resolveu abandonar tudo e fabricar pipas.

O programa mostrava que a fabricação do brinquedo foi um sucesso, tanto que o produto era transportado para a Itá-lia. “Se ele podia viver fazendo pipas, por que eu não poderia viver ensinando patinação?”, pensou a moça, que aca-bou cursando Educação Física e seguiu como professora de patinação na AABB. “Aquele programa de televisão mudou a minha vida”, recorda.

Quando se casou e mudou para Lon-drina, ela não mediu esforços para le-var adiante o sonho da escola de pati-nação. Mesmo intuitivamente, Juliana Bicalho usou técnicas de marketing para chamar a atenção dos londrinen-ses para o esporte. Ela sabia que o lan-çamento dos trabalhos tinha que ser em grande estilo e conseguiu que os colegas da AABB de São Paulo fizes-sem uma grande apresentação no Ca-nadá Country Clube de Londrina. O ingresso era um quilo de alimento não-perecível, que foram doados a uma entidade assistencial.

A apresentação conquistou o público e, em poucos dias, 70 alunos estavam ma-triculados para as aulas no clube, onde Juliana trabalhou por seis anos, até que vendeu dois carros, pegou as econo-mias, emprestou dinheiro com familia-res, alugou uma casa em um bairro no-bre de Londrina e partiu para realizar o sonho da academia.

Hoje, a Dancing Patinação tem 14 fun-cionários e a comunicativa e vibrante proprietária não para de sonhar: com-

60 61

Page 32: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Janete Rhoden Zanmaria, empresária

Foto

: VSI

Pro

du

ções

prou um terreno e pretende construir uma segunda sede. Para o futuro, Julia-na tem uma preocupação: conquistar a excelência na qualidade dos serviços prestados. “O desafio é que todos os funcionários falem a mesma língua, co-municando-se bem, querendo fazer sempre o melhor”, avalia.

O show de final de ano da Dancing Pa-tinação já faz parte do calendário do município. No ano passado, oito mil pessoas assistiram às apresentações dos alunos da escola. Como no lança-mento das aulas, em 1989, o ingresso continua sendo um quilo de alimento não-perecível.

Nessa empreitada de 23 anos, desde a mudança para Londrina, Juliana conta que o apoio da família foi es-sencial. O marido, empresário do se-tor de alimentos, ajudou na adminis-tração da academia e a sogra dá o suporte nos cuidados com o filho de 16 anos da professora.

Para quem deseja transformar um hobby em profissão, Juliana lembra que nesse

negócio também vale a velha operação matemática: 5% inspiração e 95% trans-piração. “A gente precisa ter discipli-na e traçar metas para um, dois, 15 anos”, afirma. As metas da professo-ra já estão traçadas até quando ela fizer 80 anos e se aposentar da aca-demia. “Quero aprender dança de salão e italiano.”

A hora de mudarJanete Rhoden Zanmaria não sonhava trabalhar com gastronomia, um hobby praticado por ela e pelos irmãos desde criança, incentivados pela mãe, Alindair Rhoden, cozinheira de mão cheia. Ela cursou Pedagogia na cidade onde mora, Pato Branco, no sudoeste do Paraná, mas a experiência na área da Educação não passou do estágio obrigatório. Na hora de pensar em ganhar dinheiro, ela buscou nas tradições da família o know--how para criar, há 11 anos, o Da Mama – Massas e Marmitas.

O negócio em família prosperou. Jane-te tem a irmã como sócia e, na cozinha, conta com a ajuda da mãe, que já havia

trabalhado em restaurante e preparado salgados para festas e eventos. Como acontece com a maioria das pessoas que deseja profissionalizar um hobby, a moça usou mais a intuição do que a pes-quisa e começou a produzir uma séria de produtos, de marmitas, passando por massas, biscoitos e doces. Segundo a empresária, o desgaste era grande e, muitas vezes, os resultados não com-pensavam tanto esforço. A variação de alimentos estava tirando a competitivi-dade do Da Mama.

Quando percebeu o problema, Janete procurou a consultoria do Sebrae/PR e frequentou alguns cursos que a ajuda-ram a definir uma área de atuação. “O Da Mama passou a ser um negócio quando eu coloquei um foco na empre-sa”, afirma. A pequena produção caseira de alimentos se transformou em uma cozinha industrial que atua no ramo de alimentação transportada, ou seja, o Da Mama produz a comida que é servida em restaurantes de 20 empresas de Pato Branco e Região.

Seiscentas pessoas são alimentadas de segunda a sexta-feira pelo Da Mama, hoje com 15 funcionários, sendo uma nutricionista, uma admi-nistradora de empresa, três motoris-tas e dez auxiliares de cozinha. Nos finais de semana, o número cai para cerca de 200. “As empresas têm que se adequar à realidade e buscar um foco.” Mesmo transformando a pro-dução caseira em industrial, Janete fez questão de continuar com uma característica do antigo negócio, mantendo alguns pratos com a recei-ta herdada de dona Alindair. O ma-carrão, por exemplo, é confecciona-do pelas auxiliares de cozinha e não são comprados prontos. “O macarrão é feito da mesma maneira que minha mãe ensinou. A diferença é que a má-quina manual foi substituída por uma máquina elétrica.”

O Da Mama trabalha de segunda a se-gunda, pois algumas fábricas mantêm a produção 24 horas por dia. Os funcioná-rios seguem uma escala de final de se-mana em que a proprietária também faz plantão. Claro que Janete acaba passando por lá mesmo em dias de fol-ga, para dar uma olhada nas panelas. “Cozinhar é o meu hobby”, justifica.

Antigamente, os hobbies que viravam negócio estavam restritos a atividades ligadas a necessidades básicas das pessoas

Ateliê de ideiasA estilista Lisa Simpson transformou a paixão pela costura em um pequeno ne-gócio. O ateliê da artista, batizado de AGENTE (costura), foi inaugurado há cerca de três anos, no Largo da Ordem, no centro histórico de Curitiba. Nas ara-ras, roupas customizadas que, com suas ideias, renovam velhos modelos.

Lisa descobriu na obrigação de frequen-tar aulas de costura em uma escola no Canadá, onde morou por cerca de dez anos, um talento. “Eu me apaixonei”, lembra. Quando voltou ao Brasil, a ins-piração para tornar roupas em peças únicas motivou Lisa, que passou a dar uma ‘cara’ diferente às próprias roupas. “As pessoas pediam as coisas que eu usava. E, de repente, quando eu vi, esta-va cheia de encomendas”, conta.

As palavras que soavam como incentivo para que Lisa transformasse o hobby de costurar em um negócio foram avalia-das pela artista, já que, trabalhando em casa, ela começou a fazer a sua clientela. Para ‘testar’ como o seu tra-balho seria recebido pelo público, Lisa transferiu seu ateliê e passou a costurar no mesmo prédio de um café, uma estratégia para divulgar suas ideias para as pessoas que fre-quentavam o local.

Decidida a ter o próprio espaço, Lisa procurou apoio no Sebrae/PR para buscar informações sobre a abertura de uma empresa. Ao andar pelo Largo da Ordem, ela lembra que se encan-tou pelo ponto comercial. “Eu passei em frente e vi o imóvel para alugar. Eu vi que era um preço que eu podia pa-gar e ainda tinha a questão da Feiri-nha do Largo (realizada todo domin-go), que reúne muitas pessoas. Eu ainda tenho algumas dificuldades na área de gestão, mas a empresa está andando”, conta.

No ateliê, as pessoas interessadas em customizar uma roupa podem entrar em bater um papo com a empresária e artista Lisa Simpson. “É bom fazer o que a gente gosta e eu estou cheia de enco-mendas”, diz.

A internet mudou o mercado“Como acontece com qualquer outro produto ou serviço, a pessoa que deseja transformar seu hobby em um negócio precisa ter visão empresarial”, diz o

A internet permite o encontro virtual de comunidades de olho num mesmo tema e possibilita que o hobbista venda seus produtos pelo comércio eletrônico

62 63

Page 33: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

consultor e professor Mario Persona. Isso implica em separar a paixão da pro-fissão, condição não muito fácil por-que, gostando demais do que faz, o apaixonado tende a acreditar que as outras pessoas também vão gostar e comprar a sua ideia.

Mario Persona aconselha ao empreen-dedor a abrir a mente para receber opi-niões, sugestões e críticas de outras pessoas. ‘’É comum o hobbista viver em um mundo à parte dos meros mortais e se considerar um incompreendido ou até um excêntrico. Porém, quando ele decide participar do mercado é bom en-tender que encontrará aí todos os tipos de pessoas, desde os puristas como ele até aqueles que não terão qualquer res-peito por seu hobby, mas pagarão para tê-lo. É o caso do artista que monta sua própria galeria e acaba descobrindo que as pessoas vão até lá, não para com-prar sua tão querida arte, mas para en-contrar um quadro na cor que combine com o sofá’’, ensina.

Saiba mais

Livros: Dia de Mudança, Marketing de Gente, Marketing Tutti-Frutti, Gestão de Mudanças em Tempos de Oportunidades, Receitasde Grandes Negócios e Crônicas de uma Internet de Verão, todos do professorMario Persona.

Dicas para pesquisa acesse:

www.mariopersona.com.br.

Para o consultor, a internet abriu um grande leque de oportunidades para o hobbista que deseja empreender. Antigamente, os hobbies que viravam negócio estavam restritos a ativida-des ligadas a necessidades básicas das pessoas. É o caso da costureira que decidia transformar sua arte em uma confecção ou o churrasqueiro de final de semana que acabava abrindo um restaurante. Hoje, a rede permite o encontro virtual de uma comunidade de aficcionados pelo mesmo tema e permite que o hobbista venda os seus produtos pelo comércio eletrônico. Para quem deseja se aventurar na in-ternet, Persona alerta que é preciso uma boa estratégia de atendimento, entrega e divulgação.

O fato de o hobbista ser um estudio-so pode ser uma vantagem se ele sou-ber aproveitar o conhecimento e transformá-lo em valor agregado. “Vi-mos muitas lojas de informática abri-rem e fecharem no início da história da computação, e, em muitas delas, o

que fez a diferença foi o conhecimen-to aliado ao tino comercial. O cliente sempre preferia ser atendido por al-guém que soubesse explicar como usar seu novo computador, a simples-mente comprá-lo em um supermerca-do. No início, os computadores não eram nada amigáveis e muitos gran-des magazines fizeram tentativas frustradas de entrar nesse mercado, mas faltava aos seus vendedores jus-tamente o know-how que qualquer hobbista possuía”, explica. Porém, o consultor lembra que os clientes ja-mais saberão que esse conhecimento está disponível se não existir uma es-tratégia adequada de comunicação.

Persona alerta ainda para oportunida-des paralelas ao hobby, que podem se tornar atividades mais vantajosas. “É o caso do artista cuja galeria do início aca-ba se transformando em uma oficina de molduras, ou da estilista de moda, que abre sua confecção de vestidos finos e depois vê suas máquinas e costureiras melhor aproveitadas fabricando bonés para empresas de brindes’’, explica. (Co-laborou nesta reportagem a jornalista Giselle Ritzmann Loures)

Lisa Simpson, empresária

Foto

: : L

uiz

Co

sta/

La Im

agen

Mario Persona, especialista

Foto

: Div

ulg

ação

As empresas precisam se adequar à realidade e buscar sempre um foco

A pessoa que quer transformar hobby em negócio necessita de visão empresarial

64 65

Page 34: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Transformação

Ass

ocia

tivi

smo

Foto

: Stu

dio

Alf

a

Tecnologia

Movimento transforma realidades, melhora a qualidade de vida das pessoas, cria empregos, aumenta renda e contribui para o meio ambiente

Por Maigue Gueths

social

Tecnologia social? Quem não ouviu falar, vai ouvir. Quando aliada ao empreende-dorismo, pode transformar realidades, melhorar a qualidade de vida das pesso-as, criar empregos, aumentar renda ou contribuir para o meio ambiente. E é essa transformação que buscam algumas ini-ciativas em andamento no Paraná.

Em Umuarama, a Associação de Defesa do Meio Ambiente (Adema), capitanea-da pela engenheira Maria Felomena San-dri, administra um projeto que tem como objetivo transformar a realidade das obras de construção civil da cidade, um setor conhecido pelo alto grau de geração de resíduos, para “lixo zero” nos canteiros. Para isso, a Adema viabilizou a criação de uma usina de transformação do lixo produzido pelas obras, capacitou todos os operários contra o desperdício e até mudou as leis da cidade.

Na Região Metropolitana de Curitiba, a transformação vem da agricultura, com a experiência do biólogo Ricardo Luiz Vieira, que viajou para a China e, de volta para o Brasil, decidiu adaptar para a rea-lidade local um sistema de baixo custo para produzir uma espécie de cogumelo, o shitake, hoje o segundo cogumelo co-mestível mais consumido no mundo. A ideia é oferecer aos agricultores do mu-nicípio de Almirante Tamandaré uma nova opção de produção e aumentar, as-sim, a renda da população local.

Também com objetivo de ser uma alter-nativa de renda sustentável para a co-munidade, a Associação MarAberto toca um projeto de cultivo de moluscos mais adequado à realidade dos pescadores da orla paranaense. Em vez de fazer o culti-vo em regiões costeiras abrigadas, como é feito normalmente, a maricultura acontece em mar aberto. Com isso, além de beneficiar os pescadores, que têm como cenário de trabalho praias exten-sas e desabrigadas, o projeto ainda trou-xe ganhos para o meio ambiente.

Afinal, o que é Tecnologia Social“Tecnologia social é um produto, um mé-todo, uma técnica, um processo criado para solucionar algum tipo de problema social e que atenda aos quesitos de sim-plicidade, baixo custo, fácil aplicação, que possa ser reaplicado com facilidade e que tenha um impacto social”, explica Flávio Locatelli, consultor do Sebrae/PR e um dos responsáveis pelo acompanha-

mento no Paraná de 13 instituições, que foram contempladas em 2008, por um edital do Sebrae Nacional, para realizar seus projetos de tecnologia social e de comércio justo.

O site da Fundação Banco do Brasil (FBB), instituição que em 2001 criou o Prêmio FBB de Tecnologia Social, e que hoje de-tém um enorme banco com essas tecno-logias, vai mais além. “É um conceito que remete para uma proposta inovadora de desenvolvimento, considerando a parti-cipação coletiva no processo de organi-zação, desenvolvimento e implementa-ção. Está baseado na disseminação de soluções para problemas voltados a de-mandas de alimentação, educação, ener-gia, habitação, renda, recursos hídricos, saúde, meio ambiente, dentre outras”, explica em sua página da internet.

Para Locatelli, no entanto, talvez, o maior objetivo de uma tecnologia social seja a disseminação. “O grande objetivo é que ela seja disseminada, multiplicada, que outras comunidades possam copiar a ideia e se beneficiem também. Só aí a tecnologia so-cial vai cumprir o seu papel de melhorar a vida das pessoas, a renda das famílias”, diz.

Ou seja, quando se fala que uma tecno-logia é social, está subentendido que carrega em seu DNA uma mensagem di-ferente das tecnologias convencionais, criadas dentro de universidades e cen-tros de pesquisa. “Em geral, a tecnologia social tem a ver com as soluções criadas na interação com a população, em res-posta aos problemas que ela enfrenta, levando em conta suas tradições, seus arranjos organizacionais, os saberes lo-cais e o potencial natural da região”, complementa Irene Hoffeider Vioti, con-sultora credenciada do Sebrae/PR nas áreas de empreendedorismo, sustenta-bilidade e gestão.

Diz-se, ainda, que a tecnologia social não se define apenas pelos impactos e resultados que ela produz. Ela é essen-cialmente um modo de fazer, um modo de produzir conhecimento, que presta atenção em valores como a participação e o aprendizado, a disseminação de in-formações e do conhecimento entre to-das as partes envolvidas, a transforma-ção das pessoas e da realidade social, entre outros aspectos, procurando ca-minhar para o desenvolvimento socioe-conômico sustentável.

Maria Felomena Sandri, administradora

Surge nos anos 1940 a 1950 do século passado, na Índia e República Popular da China, em resposta ao alto custo das tecnologias duras

66 67

Page 35: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

gem das tecnologias sociais, segundo Ma-rilia Ennes. “Em geral, elas têm grandes retornos para a sociedade, seja pela apro-priação das populações locais dos proces-sos e métodos, pela geração de renda para a população, pelo emprego múltiplo de mão de obra, pela preservação dos meios ambientais, pelo baixo custo ou pela apropriação e adequação pelos pró-prios usuários em função das especifici-dades dos recursos locais”, destaca.

Alternativa de rendaConsolidar o cultivo de mariscos como alternativa de geração de renda susten-tável no litoral do Paraná é o objetivo do projeto “Maricultura em Mar Aberto”, uma iniciativa da Associação MarBrasil, e

um dos vencedores do edital do Sebrae para tecnologias sociais.

Tendo como parceiros a Universidade do Vale do Itajaí (Univali), o Centro de Estu-dos do Mar (CEM) da Universidade Fede-ral do Paraná (UFPR), o Instituto Federal do Paraná (IFPR) e a colônia de pescado-res de Pontal do Paraná, o projeto consis-tia em instalar um sistema de cultivo em mar aberto, um sistema com menor im-pacto ambiental do que o cultivo em lu-gares abrigados, como as baías, como é feito normalmente. “É uma iniciativa pio-neira do Paraná. Em mar aberto, a água que o molusco filtra é muito mais limpa do que na baía, que sofre com a poluição, como óleo das barcas, por exemplo”, ex-plica o turismólogo André Petick Dias, diretor-executivo da MarBrasil.

Mas o maior objetivo, segundo ele, era mesmo gerar uma nova alternativa de renda para os pescadores, que só têm a pesca para sustento, e ainda gerar novos postos de trabalho. Para isso, os pesca-dores foram qualificados para fazer a manutenção das estruturas, o manejo do cultivo até a época de colheita.

Os resultados, no entanto, ainda não po-dem ser medidos. Hoje, cinco famílias de pescadores de duas comunidades, das praias de Ipanema e de Shangri-lá traba-lham no cultivo dos mariscos, que estão instalados em uma estrutura chamada de longline. Ali os moluscos ficam pendu-rados em pencas, submersos a 1m50 de profundidade, por todo período de en-gorda, de cerca de sete meses. A colhei-ta acontecerá no fim do ano, época em que o litoral paranaense tem maior quantidade de veranistas, potenciais consumidores do produto.

“Por enquanto, nós só estamos monito-rando, analisando esta primeira experi-ência, para ver se o método é condizente com a realidade das comunidades, se te-mos algum ajuste para fazer. Será nosso indicador de desempenho, e só depois vamos pensar em reaplicar essa tecnolo-gia”, explica Petick.

Pouca disseminaçãoEnquanto no Litoral são os pescadores que precisam de apoio para melhorar a renda, em Almirante Tamandaré, na Re-gião Metropolitana de Curitiba, os agri-cultores são o foco do projeto do Institu-to Mycena de Pesquisas Ecológicas, que aplica tecnologias sociais para implantar um sistema de cultivo de cogumelos co-mestíveis e medicinais.

O projeto é uma iniciativa do biólogo Ricardo Luiz Vieira, coordenador do projeto, que, após passar um tempo na China, decidiu experimentar uma técni-ca usada naquele país à realidade local. O sistema usa como matéria-prima po-das e resíduos agroflorestais (encontra-das na própria propriedade), que são triturados e misturados com serragem e outros ingredientes. Esse substrato é umedecido e submetido a um trata-mento de vapor. É nesse ambiente que nascem os dois tipos de cogumelos cul-tivados ali: shitake e pleurotus.

Para ele, a primeira etapa do projeto atingiu seu objetivo, que foi desenvolver uma tecnologia própria, simples e barata

de bioconversão de resíduos florestais em alimentos de alto valor agregado. Essa tecnologia, por sua vez, foi ampla-mente difundida entre os agricultores e outros empreendedores interessados. Aproximadamente 80 pessoas passaram pelos treinamentos. Os blocos fermenta-dos passaram a ser oferecidos aos produ-tores interessados.

O problema, conta, é que houve um inte-resse muito pequeno da comunidade lo-cal, que era o público-alvo inicial. “Por falta de conhecimento sobre o cultivo, medo de ter que correr atrás para conse-guir comercializar para valer, a adesão foi pequena”, diz Vieira.

Por outro lado, outras pessoas com maior grau de instrução e com mais re-cursos financeiros se interessaram pela atividade. Hoje, três estufas em três pro-priedades estão na produção, e geram receitas a partir de vendas em bandejas de 200 gramas de cogumelos frescos em diversas prateleiras.

Entre 2009 e 2011, em três anos do projeto, segundo Vieira, foi possível processar cerca de 7,5 toneladas de matéria-prima (biomas-

sa florestal), com produção de aproximada-

O grande objetivo é que a tecnologia social seja disseminada, multiplicada, que outras comunidades possam copiar a ideia e se beneficiar

A tecnologia social tem a ver com soluções criadas na interação coma população

Marilia Weigert Ennes, especialista

Foto

: Ro

do

lfo

Bu

hrer

/La

Imag

en

“A tecnologia social se vincula, assim, à ampliação da cidadania e à inclusão so-cial, porque possibilita a aprendizagem, a transformação da sociedade, e que os instrumentos de conhecimento sejam apropriados por aqueles que, ao longo da História, não tiveram acesso ao siste-ma de Ciência e Tecnologia”, reforça Lo-catelli, do Sebrae/PR.

Dentro desse conceito, talvez o principal exemplo de tecnologia social seja o soro caseiro, mistura de água, açúcar e sal que combate a desidratação e reduz a mortalidade infantil.

Não por acaso, segundo a especialista em Desenvolvimento Regional, Marilia Weigert Ennes, consultora credenciada do Sebrae Nacional, grande parte das tecnologias sociais criadas tem relação com o agronegócio. “Isso ocorre porque a demanda é maior nessa área, principal-mente quando se fala em agricultura fa-miliar. O pequeno precisa ter ganhos de produção para se manter no mercado. E a tecnologia social dá a possibilidade do próprio usuário fazer a adaptação para a sua realidade, porque ele vai ter domínio do processo que envolve a tecnologia social a ser aplicada, sem precisar buscar investimentos externos”, explica.

Como exemplo, ela cita a experiência do Instituto Maytenus, que vem difundindo várias tecnologias sustentáveis junto a agricultores orgânicos da região sudoes-te do Estado. Uma dessas tecnologias é um sistema de aquecimento de água via energia solar. “É uma tecnologia muito barata, com uso de garrafas pet, muito simples, que traz economia no uso da energia elétrica e pode ser reaplicada em cima de qualquer casa de agricultor”, diz.

Qualidade de vidaPara Irene Vioti, sempre que uma técnica ou processo novo provocam uma melho-ria na qualidade de vida ou na produção, como resultado há também um incenti-vo ao empreendedorismo. “É interessan-te porque a tecnologia social, quando é disseminada, acaba despertando na ca-beça do agricultor, do artesão ou do em-presário de microempresa a oportunida-de de um negócio. Esse pequeno vê que pode usar uma tecnologia que lhe foi ensinada e, com isso, vai gerar melho-rias. É um processo muito bacana.”

Retorno social, aliás, é a grande vanta-

mente 400 quilos de cogumelos frescos no período, o que representou um valor agre-gado de R$ 9 mil em produtos.

O desafio maior, agora, é aumentar a produção e as vendas. “O brasileiro não tem o hábito de comer esse tipo de co-gumelo, é preciso trabalhar nesse senti-do. Outro problema é a concorrência do cogumelo que vem de São Paulo, com preços mais baixos” diz ele, que já traçou uma meta para este ano: aumentar as vendas em 150% para, assim, conseguir manter o cultivo nas propriedades.

Pelo meio ambienteA cadeia produtiva da construção civil consome entre 14% e 50% dos recursos naturais extraídos em todo o planeta, incluindo quantidades de brita, areia, calcário para cimento, argila para cerâ-micas, entre outros itens. Para piorar, grande parte desse material vai sim-plesmente parar em lixões ou é aban-donada em terrenos. Basta saber que, no Brasil, os resíduos da construção e demolição representam entre 51% a 70% dos resíduos sólidos urbanos do-mésticos coletados.

68 69

Page 36: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Saiba mais

Site da Fundação Banco do Brasilwww.fbb.org.br/tecnologiasocial/

Site da Rede de Tecnologia Socialwww.rts.org.br

Preocupados com os impactos e perigos causados pelo descarte desses resíduos no ambiente, em 2008 a Associação de Defesa ao Meio Ambiente (Adema) e a As-sociação dos Engenheiros e Arquitetos do Noroeste do Paraná (Aeanopar) criaram, em Umuarama, a Cooperativa Ambiental de Resíduos da Construção Civil (Cooper-con). Coube à cooperativa, então, levar à frente um projeto de tecnologia social, contemplado pelo edital do Sebrae, e que tem como foco central reduzir a zero o lixo gerado pelas obras da cidade.

A ideia partiu da engenheira civil Maria Felomena Sandri, então presidente da Adema e da Aeanotar e hoje responsável pela Usina de Reciclagem da Cooperati-va, que transforma o lixo coletado nos canteiros. Além das duas entidades e do Sebrae, que juntos aplicaram R$ 180 mil no projeto, a iniciativa também contou com apoio da Prefeitura, que doou o ter-reno onde a usina foi construída.

Em linhas gerais, o projeto prevê que os caçambeiros levem o lixo das obras para a Cooperativa. Ali, é feita a separação dos materiais, já que cada um é reapro-veitado de maneira diferente. Depois de

Tecnologia social é produto, método, técnica, processo criado para solucionar algum tipo de problema social e que atenda quesitos como simplicidade

moídos, concreto, gesso e outros resídu-os serão novamente utilizados como pe-dra brita, para impermeabilização de es-tradas rurais ou para a confecção de blocos de concreto, meio fio, tampas de fossa e de tijolos ecológicos. A ideia da Cooperativa é destinar 5% do material produzido para o Programa Casa Fácil, que beneficia famílias com renda até três salários mínimos.

Para as lâmpadas, a Cooperativa agre-gou uma máquina de reciclagem, com capacidade para triturar 5 mil lâmpadas por mês. O vidro moído é vendido depois a fábricas de cerâmica que usam o pro-duto para vitrificar as peças.

Outro viés do projeto foi no sentido de capacitar a mão de obra utilizada nas obras. “Fomos às maiores construtoras da cidade, dando curso para todos os em-pregados, mostrando a importância de separarem os materiais na obra. Fazendo isso, uma obra pode ficar até 20% mais econômica. Sem falar que a reutilização depois é muito maior”, diz Felomena.

Ela afirma, no entanto, que alguns pontos do projeto ainda precisam avançar. “Nós queríamos criar uma co-operativa de economia solidária, mas isso acabou não acontecendo.” O ob-jetivo do projeto era, além de reduzir os impactos ambientais, gerar uma fonte de renda e empregos para os ca-tadores. Hoje, no entanto, quem atua na usina são 20 engenheiros, arquite-tos e ambientalistas.

Outro problema enfrentado pela Coo-perativa é o desvio do lixo gerado nas obras. Dos cerca de dez caçambeiros existentes na cidade, só dois entre-gam material com frequência à usina e um esporadicamente. Isso acontece, segundo Felomena, porque, no pro-cesso de aprovação da legislação so-bre o assunto na Câmara Municipal, alguns pontos foram retirados, sem o conhecimento da Associação. Um de-les dizia que, para obter o Habite-se do seu empreendimento, a construto-ra teria que comprovar a destinação dos resíduos gerados na obra. “Sem isso, os caçambeiros preferem vender o lixo para outro lugar do que dar para a cooperativa”, afirma a engenheira. Segundo ela, a situação é agravada em função falta de fiscalização.

Como surgiuMarilia Ennes explica que o princípio dos programas de tecnologia social está alicer-çado no espírito de reconstrução da época do pós-guerra. “Associados a essa época, surgem na Europa e em outros continen-tes a necessidade de soluções que ampa-rem simultaneamente o bem-estar das populações atingidas pelo pós-guerra e a geração de melhores condições de vida. Tal fato se dá naqueles países e nos países asiáticos e Terceiro Mundo, pelo aumento populacional”, explica.

Assim, as tecnologias sociais surgem nos anos 1940 a 1950 do século passa-do, especialmente em países da Índia e da República Popular da China, em res-posta ao alto custo das tecnologias “du-ras”. Pressionados pelo aumento popu-lacional e diante das crescentes demandas sociais, buscam-se soluções alternativas de produtividade para a produção agrícola, animal e energética. Inicialmente eram chamadas de tecno-logia apropriada, numa referência à adequação de métodos e processos jus-tapostos ao saber popular.

Essas tecnologias, adequadas ao saber local e com componentes de sustentabi-lidade, acabaram se propagando aos de-mais continentes do nosso planeta. Elas desembarcam nas Américas Central e do Sul nos anos 1960 e 1970, em programas de desenvolvimento patrocinados pela Organização das Nações Unidas (ONU) e por alguns outros organismos interna-cionais de cooperação mútua.

70 71

Page 37: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Empreendedorismocomo marca registrada

Presidente da Fomento Paraná fala sobre a importância da capacitação empresarial e de programas de apoio aos pequenos negócios

Juraci Barbosa Sobrinho

Por Mirian Gasparin

Capacitar empreendedores é uma marca

registrada na vida de Juraci Barbosa So-

brinho. O presidente da Fomento Paraná

S/A e conselheiro do Sebrae/PR começou

muito jovem a trabalhar. Com 11 anos, foi

contratado para ser o office-boy da Alian-

ça Francesa, mas foi na década de 1970

que pode vivenciar o verdadeiro sentido

do ensinar e do empreender.

Juraci iniciou suas atividades na Diaconia,

uma sociedade civil de ação social, cuja ta-

refa era estimular as igrejas do Paraná e de

Santa Catarina a não só fornecerem roupas

e alimentos à população carente, mas que

promovessem cursos de formação profis-

sional visando à colocação dessas pessoas

no mercado de trabalho ou então que pu-

dessem, por meio dos conhecimentos obti-

dos, abrir pequenos negócios.

Jaime Barbosa, o pai de Juraci, era supervi-

sor da Diaconia, mas como tinha dificulda-

des físicas para viajar, ele o acompanhava.

“Foi nas viagens pelo interior que aprendi

como era importante o braço da prefeitura

no momento em que as pessoas optavam

por um negócio para gerar sua própria ren-

da.” E nos anos 1975 a 1980 Juraci acabou

por chefiar o escritório da Diaconia.

Formado em Direito pela Universidade Fe-

deral do Paraná (UFPR), Juraci chegou a

exercer a advocacia. Seu escritório tinha

um bom número de clientes, entre eles,

grandes bancos, mas acabou ingressando

no Estado como advogado, onde atuou

como assessor jurídico e coordenador jurí-

dico de diversas secretarias estaduais.

No período de 1995 a 1998, presidiu o

Instituto Paranaense de Pesos e Medidas

(Ipem). Em seu currículo consta ainda a

subchefia da Casa Civil no governo de

Jaime Lerner. De 2001 a 2004, foi asses-

sor do então vice-prefeito de Curitiba,

Beto Richa, tendo se tornado presidente

da Companhia de Desenvolvimento de

Curitiba (Curitiba S/A), que, depois, se

transformou em Agência Curitiba de De-

senvolvimento, de 2005 a 2011.

Em 2005, sob a gestão de Juraci, foi cria-

do o Programa Bom Negócio, premiado

pela Financiadora de Estudos e Projetos

(Finep), órgão ligado ao Ministério da Ci-

ência e Tecnologia, tendo sido posiciona-

do como um dos cinco melhores projetos

de desenvolvimento econômico da Amé-

rica do Sul no 10º Fórum Interamericano

da Microempresa, do Banco Interameri-

cano de Desenvolvimento (BID).

Juraci sente orgulho quando fala do Bom

Negócio, que tem como objetivo promover

o desenvolvimento econômico local dos

bairros, através da capacitação, consultoria

e acompanhamento de empreendedores,

fortalecendo as iniciativas que possam re-

sultar na sustentabilidade das empresas e

na geração de novos negócios.

“Diante dos bons resultados alcançados, o

Bom Negócio está sendo copiado por di-

versos municípios brasileiros”, enfatiza.

Para ele, se a grande massa da economia

brasileira é formada pelas micro e peque-

nas empresas não há como o setor público

não apoiar este segmento, acrescenta.

No Paraná, o Bom Negócio deve atingir 40

municípios este ano. O Programa começou

em quatro cidades-pilotos: Palotina, Rolân-

dia, Pato Branco e Londrina. “Ao levar esta

proposta aos municípios, nosso objetivo é

estimular os empreendedores que bus-

quem capacitação permanente.” Ainda se-

gundo Juraci, o microcrédito para o empre-

endedor qualificado tem juro menor.

No ano passado, ele assumiu, a convite do

governo, a presidência da Fomento Paraná,

que é a única instituição financeira (de eco-

nomia mista) genuinamente do Estado que

tem por objetivo apoiar o desenvolvimento

econômico e social do Paraná, mediante li-

nhas de crédito disponibilizadas a toda po-

pulação empreendedora, cujas metodolo-

gias de concessões de financiamento

transformaram-na em uma instituição fi-

nanceira com um dos menores graus de

risco do País.

Para Juraci, é fundamental ter mecanis-

mos para que os empresários de micro e

pequenas empresas possam se desenvol-

ver. Neste sentido, a Fomento Paraná

tem criado novas linhas de crédito, iden-

tificado parceiros, concentrado esforços

em ações que injetam recursos nas eco-

nomias locais e regionais, e reduzido as

disparidades entre regiões.

A atuação da Fomento Paraná, como

parceira no desenvolvimento econômi-

co com linhas de crédito, encontra-se

em destaque a partir das ações de mi-

crocrédito do Programa Banco Social,

do crédito e apoio às micro e pequenas

empresas através do Programa Banco

do Empreendedor e demais linhas de

crédito, e por meio do fortalecimento e

expansão dos financiamentos ao setor

público em especial as prefeituras muni-

cipais do Estado.

No primeiro trimestre de 2012, a Fomen-

to Paraná possuía R$ 354 milhões de re-

cursos para financiar os setores público e

privado. Em igual período do ano passa-

do, este valor era de R$ 294 milhões, ou

seja, R$ 57 milhões a menos.

Somente através do Banco Social foram li-

berados, entre novembro de 2011 e abril de

2012, R$ 6,7 milhões para operações de mi-

crocrédito no Estado por meio de um con-

vênio com a Caixa Econômica Federal, no

valor total de R$ 10 milhões. O acordo per-

mite operações de crédito com valores en-

tre R$ 300 e R$ 15 mil, para capital de giro,

investimento fixo e investimento misto. A

taxa de juro varia de 0,58% a 1,1% ao mês.

Na opinião do presidente da Fomento Para-

ná, o empresário de microempresa de hoje

está mais preparado para enfrentar o merca-

do e o Sebrae/PR consolidou sua imagem

como referência. Também as escolas e o acor-

dar das universidades para o empreendedo-

rismo têm contribuído para o surgimento de

empreendedores mais preparados.

Juraci Barbosa Sobrinho, presidente da Fomento Paraná

Não há como serum bom empresário, hoje no Brasil, sem conhecer as ferramentas de gestão e sua aplicabilidade

Per

sona

lida

de

Foto

: Lu

iz C

ost

a/La

Imag

en

72 73

Page 38: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Celebração

Em 2012, o Sistema Sebrae completa 40 anos de servi-ço. Para marcar a trajetória, o Sebrae/PR realiza em 5 de outubro, no Dia Nacional da Micro e Pequena Em-presa, evento, no Castelo do Batel, na Capital. A ideia é fazer um balanço, para a sociedade, do apoio presta-do ao empreendedorismo e às micro e pequenas em-presas, geradores de emprego e de renda.

Sebrae Pocket

O Sebrae/PR tem uma novidade para empresários de micro e pequenas em-presas do Paraná. É a Coleção Sebrae Pocket, vídeos com miniaulas que con-têm dicas e informações sobre finanças, marketing, gestão e recursos humanos, apresentadas de forma simples e direta. Basta os empresários assistirem e apli-carem os conteúdos em suas empresas! No Sebrae Pocket Microempresas, estão disponíveis os títulos “Como identificar se a minha empresa está tendo lucro?”; “Como divulgar a minha empresa no Facebook?”; “Como elaborar um folder para minha empresa?”; “Como obter uma linha de crédito para minha empre-sa?”; e “Como encontrar funcionários?”. Já no Sebrae Pocket Pequenas Empre-sas, “Como elaborar o plano orçamen-tário da minha empresa?”; “Como faço para me tornar um franqueador?”; “Como faço uma pesquisa de satisfação dos clientes que atendo?”; “Como gerar inovação na minha empresa?”; e “Como implantar um modelo de excelência de gestão na minha empresa?”. São temas atuais, que podem fazer a diferença nas empresas! O Sebrae/PR informa que o número de DVDs em estoque é limitado. Mais informações, ligue para 0800 570 0800 ou acesse o site do Se-brae/PR no www.sebraepr.com.br.

Sebrae/PRPrefeito empreendedor

O Paraná foi destaque nacional na sétima edição do Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor, criado para promover o desenvolvimento municipal por meio do apoio ao empreendedorismo e às micro e pequenas empresas. O Estado venceu em três das oito categorias do Prêmio às quais concorreu. O anúncio foi em Brasília, em maio. O prefeito de Bom Sucesso do Sul, Elson Munaretto, venceu na categoria Melhor Projeto – Região Sul. A prefeita de Jacarezinho, Valentina Helena de Andrade Toneti, como Melhor Projeto Nacional em Pla-nejamento e Gestão Pública para o Desenvolvimento Sustentável. E o prefei-to de Cascavel, Edgar Bueno, como Melhor Projeto Nacional em Formalização de Empreendimentos e apoio ao Empreendedor Individual. Outras cinco ini-ciativas paranaenses, vencedoras da etapa estadual do Prêmio, divulgada em novembro do ano passado, chegaram à final nacional: Iretama (Promoção do Desenvolvimento Rural); Serranópolis do Iguaçu (Crédito e Capitalização); Lindoeste (Compras Públicas dos Pequenos Negócios Locais); Cambará (Lei Geral Municipal); e Curitiba (Médios e Grandes Municípios).

Gir

o pe

lo P

aran

á

Mulher de negócios

Ainda dá tempo para inscrever-se no Prêmio Sebrae Mulher de Negó-cios, que seleciona e premia relatos de vida de mulheres empreende-doras. O objetivo do Prêmio é reconhecer histórias de mulheres donas de negócios, integrantes ou presidentes de associações ou cooperati-vas e empreendedoras individuais, que transformaram sonhos em re-alidade. Para saber mais, acesse agora o www.mulherdenegocios.se-brae.com.br. As inscrições vão até 31 de agosto.

Emilia-Romagna

Empresários e lideranças empresariais da Região da Emilia-Romagna cumpriram no final de maio agenda oficial no Paraná. Eles integra-ram a maior missão internacional italiana já realizada no Brasil e que reuniu representantes de 15 regiões e 250 empresas italianas, em diversas cidades do País, dentre as quais Curitiba. A comitiva italiana, comandada pelo secretário das Atividades Produtivas da Emilia-Ro-magna, Gian Carlo Muzzarelli, esteve na sede do Sebrae/PR, na Capi-tal. O grupo participou de uma reunião técnica com conselheiros da entidade, integrantes da Diretoria Executiva e gestores de projetos de cooperação desenvolvidos entre o Sebrae/PR e a região italiana, desde julho de 2008, quando da instalação de um escritório de re-presentação da Região Emilia-Romagna no Paraná. Na avaliação de Muzzarelli, os quatro anos que marcam o início dos projetos realiza-dos em conjunto com o Sebrae/PR e a Região da Emilia-Romagna são positivos. O diretor de Operações do Sebrae/PR, Julio Cezar Agosti-ni, fez um balanço do processo de cooperação entre a entidade e a Região da Emilia-Romagna, nos seis eixos temáticos em atuação: agronegócio, Tecnologia da Informação (TI) e vestuário, desenvolvi-mento de lideranças cooperativistas, consolidação de Sociedades de Garantia de Crédito e criação de um Sistema de Inovação.

Microcrédito

Um convênio assinado entre represen-tantes da Caixa Econômica Federal e do Sebrae/PR tem mudado a realidade de empreendedores de micro e pequeno porte em quase 80 municípios do Estado. A parceria faz com que empresários for-mais e informais tenham acesso aos re-cursos do Microcrédito Produtivo Orien-tado – Programa Crescer. Nessa modalidade, entre janeiro e maio de 2012, cerca de 1 mil operações de crédito foram realizadas por meio da Caixa, no Paraná. O volume de recursos tomados ficou em R$ 10,5 milhões. A expectativa da Caixa é que, até o final deste ano, se-jam realizadas no Estado 3 mil operações. O empreendedor que necessitar tomar recursos para ampliar os negócios será atendido por um agente de crédito da Caixa que fará o trâmite legal da opera-ção. O tomador de recursos do Programa receberá uma cartilha de finanças auto-explicativa, elaborada pelo Sebrae, que traz informações sobre controles finan-ceiros, margem de lucro, controle de cai-xa, de estoque e de resultados, contas a pagar e a receber, inclusive com modelos de planilhas que poderão ser utilizadas em qualquer tipo de negócio. Após a rea-lização da operação, o Sebrae/PR fará contato para esclarecer dúvidas sobre gestão financeira e colocará outras solu-ções empresariais à disposição. Além da Caixa, o Sebrae/PR também mantém um convênio com o Banco do Brasil, outra instituição credenciada a operacionalizar o Crescer no Paraná, no qual também re-aliza orientação aos empreendedores que tomam empréstimos

74 75

Page 39: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

Missões do varejo

O Sebrae/PR e o Sistema Fecomércio/PR

realizam três missões técnicas focadas no

comércio, neste segundo semestre, para

Nova York, São Paulo e Curitiba. As via-

gens são uma oportunidade para gesto-

res de lojas paranaenses conhecerem, na

prática, modelos de gestão empresarial.

A primeira missão é para Nova York, de 25

de agosto a 3 de setembro. De 23 a 26 de

setembro, o destino será a capital do Pa-

raná e, fechando a programação, as enti-

dades realizam a missão para São Paulo,

de 21 a 24 de outubro. Nas viagens, os

participantes conhecerão exemplos de

modelos utilizados pelo comércio, como a

fidelização de clientes; capacitação e ava-

liação da equipe, serviços agregados que

valorizam o negócio; estratégia da experi-

mentação, na qual o cliente pode sentir o

produto ou serviço oferecido; layout dife-

renciado; constante monitoramento de

resultados; posicionamento e definição

clara do negócio, o que diferencia a em-

presa no mercado, entre outras. Todas as

visitas serão acompanhadas por consulto-

res do Sebrae/PR, especialistas em vare-

jo, e contam, também, com a realização

de workshops diários. Para saber mais so-

bre as missões, os empresários devem

entrar em contato com o Sebrae/PR, no

0800 570 0800, ou acessar www.sebrae-

pr.com.br/varejo.

Desafio Sebrae

Aproximadamente 13 mil estudantes universitários do Paraná inscreve-ram-se no Desafio Sebrae, edição 2012. Eles vão administrar virtual-mente, nos próximos meses, as diversas fases de um empreendimento, desde vendas até a diversificação de produtos do segmento de frutas tropicais. O Paraná foi o segundo estado em número de inscritos, atrás de São Paulo, que registrou 16.380 inscrições dentre uma população universitária seis vezes superior à paranaense. O centro-sul do Estado registrou 3.127 inscrições. Seguido do norte, com 3.220; noroeste, com 3.145; oeste, com 2.471; e sudoeste, com 964. No Brasil, a edição 2012 do Desafio Sebrae recebeu 153.027 inscritos. Com isso, o maior game empresarial para universitários do País ultrapassa a marca de 1 milhão de participantes desde que foi criado, em 2000. Durante o jogo, os uni-versitários terão que contratar empregados, gerenciar lojas, definir preços e comercializar os artigos.

Cafés especiais

No Dia Nacional do Café, celebrado em 24 de maio, os produto-res de cafés especiais do Norte Pioneiro do Paraná receberam a notícia de que a região conquistou a Indicação Geográfica de Procedência (I.G.P.), conferida pelo Instituto Nacional de Pro-priedade Industrial (INPI). A certificação garante a origem, os processos de produção e algumas características sensoriais dos cafés do Norte Pioneiro. Além dos paranaenses, apenas outras duas regiões brasileiras, localizadas em Minas Gerais, apresen-tam o registro oficial. O trabalho para a obtenção da I.G.P. ini-ciou em 2008 e confere maior visibilidade para a produção para-naense. A conquista mostra o sucesso de um trabalho coletivo. Ao ser reconhecido oficialmente, o café da região passa a servir de referência, como o que acontece com o presunto de Parma, com os vinhos de Bordeaux e Borgonha. A certificação benefi-ciará 7,5 mil cafeicultores e suas famílias, espalhados por 45 mu-nicípios do Norte Pioneiro e responsáveis pela produção de 1,3 milhão de sacas beneficiadas por ano, o que corresponde em média a 50% da produção paranaense de café.

se iniciam pela troca de cartões de visi-ta, cercada de reverências e protoco-los; passam pela atenção com a hierar-quia e o respeito às figuras de mais alta patente presentes em cada ambiente; e chegam ao cuidado com o lugar onde os visitantes estarão sentados na sala de reunião (jamais de costas para a por-ta, por exemplo, num costume herdado do tempo dos samurais em que estes assentos eram os mais vulneráveis ao ataque de inimigos, por exemplo).

Atenção aos detalhesA obsessão com os detalhes é levada ao extremo pelos japoneses, e se faz perceber em tudo, principalmente, naquilo que os olhos não veem. A im-pressão que se tem é que o mesmo cuidado que é dedicado àquilo que está aparente é colocado naquilo que está escondido ou fora do primeiro plano. Se uma mesa é revestida por um material especial do lado de cima, ela também o será pelo lado de baixo (quem nunca presenciou uma mulher desfiar a meia calça raspando a perna embaixo da mesa de um restaurante no Brasil?). Os fios e conexões que

Escrevo o artigo desta edição da Re-vista Soluções a bordo de um Shinkan-sen, o trem bala japonês que, neste caso, faz o percurso entre Tóquio e Hamamatsu, para onde me desloco, a fim de costurar uma parceria entre o banco japonês Iwata Shinkin Bank e o Sebrae/PR, com o intuito de viabilizar investimentos de empresas japonesas no estado do Paraná.

Durante os dias em que estive no Ja-pão, investi tempo em observar costu-mes e hábitos da cultura local que pu-dessem, de alguma forma, gerar reflexões interessantes para os nos-sos pequenos negócios no Brasil. Den-tre vários aprendizados, destaco al-guns que me chamaram a atenção de forma especial.

Valorização da cultura e tradiçãoO ambiente empresarial japonês e a cultura do país em si são permeados pelos valores milenares herdados dos antepassados e até hoje cultivados com respeito e atenção. Não conheci em nenhum outro lugar um ambiente que seja mais repleto de rituais do que o das empresas japonesas. Estes rituais

Artigo

Liçõesdo Oriente

Por Allan Marcelo de Campos Costa

Em um mundo cada vez mais padronizado, são os detalhes que fazem a diferença

76 77

Page 40: hi tech obby vira empresa Marcas e patentesbrasilrobots.com.br/rep/ed14.pdfA menina do vale Biotecnologia é aliada de pequena empresa Marcas, patentes e invenções PÁG. 42 PÁG

E, finalmente, o autêntico espírito de servir traz a reboque a capacidade de fazer com que nossos clientes se sin-tam verdadeiramente especiais. Ao se sentirem especiais, esses clientes se-guramente se transformarão em evangelizadores da nossa marca, dos nossos produtos e da nossa empresa.

No frigir dos ovos, são aspectos como estes que diferenciam as empresas vencedoras do resto.

Allan Marcelo de Campos Costa

é diretor-superintendente

do Sebrae/PR. Formado no Pro-

grama de Gestão Avançada pela

Harvard Business School, nos Es-

tados Unidos, é mestre em Gestão

Empresarial pela Fundação Getú-

lio Vargas e pela Universidade de

Lancaster, na Inglaterra. Cursou

o Programa de Desenvolvimento

de Dirigentes Empresariais do IN-

SEAD, França, é coautor do livro

“Electronic Business in Developing

Countries”, e possui artigos publi-

cados no Brasil, Chile, África do

Sul, Reino Unido, Holanda, Canadá,

Hungria e Eslovênia. Já foi secre-

tário de Estado do Planejamento e

Coordenação Geral do Paraná.

ção de ajudar. Ao perguntar a uma mensageira na recepção do hotel onde era o local do café da manhã, ela fez questão não apenas de me apon-tar o caminho, mas de me conduzir pessoalmente até o restaurante e de me deixar aos cuidados da funcionária responsável por mostrar a mesa que eu deveria ocupar. Este tipo de postu-ra faz com que o cliente se sinta ver-dadeiramente especial.

Esses três exemplos ilustram aspectos nos quais nossas empresas têm muito a aprender com nossos amigos do Oriente.

No caso do respeito à cultura e à tra-dição, precisamos compreender que toda empresa possui na sua essência uma história que não vai desaparecer jamais e que a compreensão e valori-zação desta história e da cultura de-corrente em vigência na empresa po-dem se transformar em fatores-chave de sucesso, uma vez que esta é a úni-ca coisa que não pode, de forma algu-ma, ser copiada pelos concorrentes.

No que tange à atenção aos detalhes, é importante que nossos pequenos negócios desenvolvam a consciência de que a velha máxima de que “o que os olhos não veem o coração não sen-te” não se sustenta mais. Em um mun-do cada vez mais padronizado, são os detalhes que fazem a diferença.

ficam ocultos por trás de uma cons-trução são instalados com o mesmo esmero e precisão dedicados a afixar o que está aparente. Não há “sujeira embaixo do tapete” e, pelo que pude perceber, tudo está relacionado com uma questão de respeito e respon-sabilidade em se fazer o trabalho bem feito.

Espírito de servirAo desembarcar em Narita e embar-car no ônibus que faria o trajeto entre o aeroporto e a cidade, observei que, após o embarque dos passageiros, uma moça com o uniforme da empre-sa de transportes embarcou, parou no corredor de embarque de frente para os passageiros, falou algumas pala-vras e fez um gesto de reverência, an-tes de desembarcar para que o ônibus seguisse o seu trajeto. Descobri que a função daquela simpática senhorita nada mais é do que transmitir aos clientes o agradecimento pelo privilé-gio que representa para a empresa que eles a tenham escolhido para fa-zer seu trajeto do aeroporto até o centro da cidade. A partir daí, todos os contatos com funcionários encarrega-dos do trato com os clientes foram uma sucessão de bons momentos. Sorriso permanente no rosto, reve-rências constantes, vontade e disposi-

Foto

: Ro

do

lfo

Bu

hrer

/La

Imag

en

O ambiente empresarial japonês e a cultura do país são permeados pelos valores milenares, herdados dos antepassados e até hoje cultivados com respeitoe atenção

78 79

0800 570 0800 www.sebraepr.com.br

Siga o SEBRAE/PR no Twittertwitter.com/sebrae_pr

REGIONAL SUDOESTE Pato BrancoAvenida Tupi, 333 - Bairro Bortot – CEP: 85.504-000Fone: (46) 3220-1250 – Fax: (46) 3220-1251

ESCRITóRIO – Francisco BeltrãoRua São Paulo, 1.212 - sala 01 - Bairro Centro – CEP: 85.601-010 Fone: (46) 3524-6222 – Fax: (46) 3524-5779

REGIONAL CENTRO-SUL CuritibaRua Caeté, 150 - Bairro Prado Velho – CEP: 80.220-300Fone: (41) 3330-5800 – Fax: (41) 3330-5768/ 3332-1143

ESCRITóRIO – GuarapuavaRua Arlindo Ribeiro, 892 - Bairro Centro – CEP: 85.010-070Fone: (42) 3623-6720 – Fax: (42) 3623-6720

ESCRITóRIO – Ponta GrossaAv. João Manoel dos Santos, 500 - Bairro Nova Rússia – CEP: 84.051-410Fone: (42) 3225-1229 – Fax: (42) 3225-1229

REGIONAL NOROESTE MaringáAvenida Bento Munhoz da Rocha Neto, 1.116 – Bairro Zona 07 – CEP: 87.030-010 Fone: (44) 3220-3474 – Fax: (44) 3220-3402

ESCRITóRIO – Campo MourãoRua Santa Cruz, 1.085 - Bairro Centro – CEP: 87.300-440Fone: (44) 3523-2500 – Fax: (44) 3523-2500

ESCRITóRIO – Paranavaí Rua Souza Naves, 935 – Jardim São Cristóvão – CEP: 87.702-220Fone: (44) 3423-2865 – Fax: (44) 3423-2865

ESCRITóRIO – UmuaramaAvenida Brasil, 3.404 – Bairro Zona I – CEP: 87.501-000Fone/fax: (44) 3622-7028 – Fax: (44) 3622-7065

REGIONAL NORTELondrinaAv. Santos Dumont, 1.335 – Bairro Aeroporto – CEP: 86.039-090Fone: (43) 3373-8000 – Fax: (43) 3373-8005

ESCRITóRIO – ApucaranaRua Osvaldo Cruz, 510 13º andar – Bairro Centro – CEP: 86.800-720Fone: (43) 3422-4439 – Fax: (43) 3422-4439

ESCRITóRIO – IvaiporãRua Professora Diva Proença, 1.190 – Bairro Centro – CEP: 86.870-000 Fone: (43) 3472-1307 – Fax: (43) 3472-1307

ESCRITóRIO – JacarezinhoRua Dr. Heráclio Gomes, 732 – Bairro Centro – CEP: 86.400-000Fone: (43) 3527-1221 – Fax: (43) 3527-1221

REGIONAL OESTECascavelAvenida Pres. Tancredo Neves, 1.262 – Bairro Alto Alegre – CEP: 85.805-000Fone: (45) 3321-7050 – Fax: (45) 3226-1212

ESCRITóRIO – Foz do IguaçuRua das Guianas, 151 – Bairro Jardim América – CEP: 85.864-470 Fone: (45) 3522-3312 – Fax: (45) 3573-6510

ESCRITóRIO – ToledoAvenida Parigot de Souza, 2.339 - Bairro Centro - CEP: 85.905-380Fone: (45) 3252-0631 - Fax: (45) 3252-6175