Upload
vuxuyen
View
216
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Hipersuperfıcies do R4 com curvatura escalar nula invariantespor um subgrupo de isometrias
Tulio Guimaraes Jocelino [email protected] [email protected]
Faculdade de Matematica - FAMAT, UFU, Uberlandia/MG
Palavras-chave: Hipersuperfıcies Invariantes, Normal de Gauss, Curvatura Escalar, EquacoesDiferenciais.
Resumo: Este trabalho trata das hipersuperfıcies do R4 que possuem curvatura escalar S nulae que sao invariantes por um subgrupo de isometrias. Atraves de uma curva geratriz p.p.c.a.γ(u) = (x(u), z(u)), podemos reduzir as equacoes diferenciais parciais das curvaturas escalares Sdas hipersuperfıcie O(n)-invariante ou O(n)×O(n)-invariante, num sistema de coordenadas lo-cais, tornando-as equacoes diferenciais ordinarias em funcao das coordenadas da geratriz. Assimpodemos classificar as hipersuperfıcies em R4 que sao ou invariantes por O(3) ou por O(2)×O(2)com curvatura escalar nula.
1 Introducao
As superfıcies com curvatura constante constituem um tema muito pesquisado em GeometriaDiferencial. Os primeiros resultados nesta direcao devem-se a Delaunay [2]. Muitos outrosmatematicos, como Hsiang, dedicaram-se ao estudo deste tema, adaptando as tecnicas do R3
para dimensoes maiores, para hipersuperfıcies e para outros ambientes.Ao estudarem hipersuperfıcies em espacos Rn, com n > 3, os matematicos definiram as cur-
vaturas principais que caracterizam melhor as hipersuperfıcies atraves das r-esimas curvaturasmedias, dadas por:
Hr(p) =∑
16i1<i2<···<ir6n
1 nr
ki1ki2 · · · kir
sendo curvatura escalar a 2aesima curvatura media:
S = H2(p) =2
n(n− 1)(k1.k2 + · · ·+ k1.kn + k2.k3 + · · ·+ k2.kn + · · ·+ kn−1.kn).
Por meio da geometria equivariante, encontraram metodos que permitiram a construcao deexemplos de hipersuperfıcies que sao invariantes por um grupo G de isometrias com curvaturaescalar constante. A principal contribuicao para esta area foi a classificacao dos grupos de isome-trias de baixa cohomogeneidade dados por Hsiang e Lawson [3]. Usando geometria equivariantefoi possıvel construir contra-exemplos para a conjectura de Hopf [4].
Em nosso trabalho, seguimos [6] e [5] generalizando resultados da curvatura media paracurvatura escalar S de hipersuperfıcies em Rn+1 e Rn+1 × Rn+1 invariantes pelos subgruposde isometrias O(n + 1) e O(n+ 1)×O(n+ 1), respectivamente. Focamos nosso estudo nashipersuperfıcies em R4 com curvatura escalar S nula, classificando-as por meio de suas geratrizes.
2 Resultados
Para fazermos o estudo da curvatura escalar das hipersuperfıcies invariantes por O(n + 1) ouO(n+ 1)×O(n+ 1) utilizamos resultados obtidos na esfera. Parametrizamos a esfera Sn por:
Ψn(θ) = sen(θn).Ψn−1(θ1, · · · , θn−1)⊕ cos(θn)
73
ISSN 2317-3300
em que Ψ1(θ) = sen(θ1) ⊕ cos(θ1) e θ = (θ1, θ2, · · · , θn), temos como derivadas parciais
Ψnθi=
{sen(θn)Ψ
n−1θi
⊕ 0 para i 6= n
cos(θn)Ψn−1 ⊕ (−sen(θn)) para i = n
sendo ⊕ a soma direta. Assim temos:
Ψnθ1×Ψn
θ2×· · ·×Ψnθn = (−1)n
n∏i=1
seni−1(θi).Ψn 〈Ψn , Ψn
θ1×Ψnθ2×· · ·×Ψn
θn〉 = (−1)nn∏
i=1
seni−1(θi).
2.1 Curvatura escalar de Hipersuperfıcies O(n) ou O(n+1)×O(n+1)-Invariantes
As hipersuperfıcies rotacionais, invariantes por O(n), sao dadas pela uniao de orbitas Gγ(u),onde γ(u) = (x(u), z(u)), u ∈ I, e uma curva geratriz parametrizada pelo comprimento de arco(ppca), ou seja, [x′(u)]2 + [z′(u)]2 = 1, contida no espaco de orbitas Q = {(x, z) ∈ R2;x > 0}.Aqui x denota o raio da esfera e z sua altura em relacao ao hiperplano xn+1 = 0.
Uma parametrizacao desta hipersuperfıcie gerada por γ(u) = (x(u), z(u)) pode ser dada por
X(u, θ1, . . . , θn) = x(u).Ψn + z(u)en+2 = xΨn ⊕ z
tendo como derivadas parciais Xu = x′Ψn ⊕ z′ e Xθi = xΨnθi⊕ 0 i = 1, · · · , n. Sabendo que
Xu×Xθ1 × · · · ×Xθn = xnn∏
i=1
seni−1(θi)(z′Ψn ⊕−x′
)e pela curvatura escalar ser definida como
a soma das multiplicacoes das curvaturas principais duas a duas, nos permitindo cancelar asmudancas de sinal da Aplicacao Normal de Gauss em funcao do espaco, a definimos por
N =(−z′Ψn ⊕ x′
)sendo as curvaturas principais
k0 =〈dN(Xu), Xu〉
〈Xu, Xu〉= (−z′′x′ + x′′z′) ki =
〈dN(Xθi), Xθi〉〈Xθi , Xθi〉
=−z′
x∀i = 1, · · · , n.
Assim a curvatura escalar S dessas rotacionais geradas por γ(u) = (x(u), z(u)) e:
S(u) =−2x′′x+ (n− 1)(1− (x′)2)
(n+ 1)(x)2.
Ja as hipersuperfıcies M2n+1 ⊂ R2n+2 invariantes por O(n + 1) × O(n + 1) sao dadas pelauniao de orbitas Gγ(u), onde γ(u) = (x(u), z(u)) e uma curva geratriz ppca contida no espaco
de orbitas Q = {(x, z);x > 0, z > 0}. Aqui x e z denotam os raios das esferas.Uma parametrizacao explıcita para a hipersuperfıcie M e dada por
X(u, θ, θ) = x(u)Ψn(θ)⊕ z(u)Φn(θ),
em que Ψn(θ) e Φn(θ) sao parametrizacoes em coordenadas esfericas da esfera Sn ⊆ Rn+1,com θ = (θ1, . . . , θn) e θ =
(θ1, . . . , θn
), tendo como derivadas parciais Xu = x′Ψn ⊕ z′Φn,
Xθi = xΨnθi⊕ 0 e Xθj
= 0⊕ zΦnθj
para todo i, j = 1, 2, · · · , n.Da mesma forma que na secao anterior, calculamos a aplicacao normal nestas hipersuperfıcies
atraves do resultado
Xu×Xθ1×· · ·×Xθn×Xθ1×· · ·×Xθn = (−1)n+1xnzn
n∏i=1
seni−1(θi)n∏
j=1
senj−1(θj)[−z′Ψn ⊕ x′Φn
]e a normal destas hipersuperfıcies fica definida por N = [−z′Ψn ⊕ x′Φn] com curvaturas princi-
pais k0 = −z′′x′ + x′′z′, ki =−z′
xe kj =
x′
ze curvatura escalar
S(u) =1
2n+ 1
[(−z′′x′ + x′′z′)
−z′z + x′x
xz+
n− 1
2
([−z′z]2 + [x′x]2
x2z2
)+ n
−z′x′
xz
].
74
ISSN 2317-3300
2.2 Estudo das Hipersuperfıcies em R4 com Curvatura Escalar Nula
2.2.1 Rotacionais O(3) em R4 com Curvatura Escalar Nula
A geratriz das hipersuperfıcies rotacionais O(3) sao solucoes da E.D.O. de segunda ordem
2x′′x− (1− (x′)2) = 0,
que estudamos atraves da existencia de uma integral primeira V (x) = x(1− (x′)2
), com
V : R2 → R. Assim, alem das geratrizes serem curvas em Q = {(x, z);x > 0}, sao definidaspelas curvas de nıvel V1(x) = c.
Teorema 1 - Dada a E.D.O. x.(z′)2 = c que define as geratrizes ppca de hipersuperfıciesrotacionais M3 ⊂ R4 com curvatura escalar nula, se c = 0 entao a hipersuperfıcie e um hiper-plano, mas se c > 0 entao a geratriz da hipersuperfıcie e uma parabola de equacao z2 = 4cx+4c2.
Dem. Como x > 0 e por γ ser ppca logo (z′)2 = 1− (x′)2 > 0, entao x (z′)2 > 0. Assim parax (z′)2 = 0, teremos z′ = 0, isto e, z e constante. Daı esta curva geratriz gera um hiperplanocontido em R3 ⊕ R a uma altura z.
Para x.z′2 = c > 0 temos x′2 = 1 − z′2 = x−cx . Tomando a derivada de z em funcao de x,
temos(∂z∂x(x)
)2= c
x−c . Logo as geratrizes ppca sao parabolas de equacao z2 = 4cx+ 4c2.
2.2.2 Hipersuperfıcies O(2)×O(2)-Invariantes em R4 com Curvatura Escalar Nula
Para este caso temos as coordenadas da geratriz γ (u) = (x (u) , z (u)) como solucoes da E.D.O.de segunda ordem 0 = (−z′′x′ + x′′z′)(−z′z + x′x)− z′x′.
Estudamos essa equacao pelo metodo usado por BOMBIERI, de GIORGI e GIUSTI [1] intro-
duzindo a mudanca de coordenadas (x, z) 7−→ (w, v) em que w = arctan( zx
)e v = arctan
(z′
x′
),
reduzindo ao estudo das orbitas de um campo vetorial X(w, v) =(X1(w, v), X2(w, v)
)equiva-
lente a E.D.O. acima, onde X1(w, v) =12(sen 2w− sen 2v) e X2(w, v) =
12sen 2v estao definidos
num aberto de R2.
SendoX π-periodico em cada coordenada e alem dissoX(w+
π
2, v+
π
2
)= −X(w, v), (w, v) ∈(
0, π2)×(0, π2
)e X
(w +
π
2, v − π
2
)= −X(w, v), (w, v) ∈
(0, π2
)×(π2 , π
), podemos estudar o
campo vetorial somente no retangulo R = [0, π2 ]× [−π2 ,
π2 ], para obter a resolucao em todo o R2.
A classificacao dos pontos singulares em R sao em (0, 0) repulsor, em(π2 ,±
π2
)atratores e
em(0,±π
2
),(π2 , 0)pontos de sela.
Atraves destas informacoes acima e fazendo algumas analises do campo por meio da teoriasobre equacoes diferenciais temos uma descricao do retrato de fase do campo X:
Proposicao 2 - As trajetorias do campo X em R sao de uma das seguintes categorias:1) Existe apenas tres trajetorias horizontais com α-limite (0, v) e ω-limite (π2 , v), onde v ∈{−π
2 , 0,π2
}.
2) Trajetorias com α-limite (0, 0) que entram no interior de R+ e a deixam em pontos da forma(0, v), onde 0 < v < π
2 .3) Uma unica trajetoria com α-limite (0, 0) e ω-limite (0, π2 ).4) Trajetorias com α-limite (0, 0) e ω-limite (π2 ,
π2 ) possuindo uma tangente vertical nos pontos
(w, v) satisfazendo w = v ou v = π2 − w.
5) Uma unica trajetoria com α-limite (π2 , 0) e ω-limite (π2 ,π2 ).
6) Trajetorias que entram no interior de R+ por pontos da forma (π2 , v), 0 < v < π2 possuindo
ω-limite (π2 ,π2 ).
7) Todas as trajetorias intersectando R−, entram nessa regiao por pontos da forma (0, v1) e adeixa por pontos da forma (π2 , v2), onde v1, v2 ∈ (−π
2 , 0).
O lema abaixo nos da uma boa nocao de como serao as geratrizes γ(u) = (x(u), z(u)) destashipersuperfıcies:
75
ISSN 2317-3300
1
1
1
23 4 5
6
7
w
v
Figura 1: Trajetorias do campo vetorial
Lema 3 - Seja M uma hipersuperfıcie invariante por O(2) × O(2) em R4, com curvaturaescalar nula, gerada pela curva ppca γ(u) = (x(u), z(u)) com z = z(x), entao
d2z
dx2=
(1 +
(dz
dx
)2)
dz
dx
[−x+ z
dz
dx
]−1
.
Teorema 4 - As hipersuperfıcies invariantes pela acao do grupo O(2) × O(2) em R4 comcurvatura escalar nula, pertence a uma das seguintes classes (Figura 1):1) Cilindros, ou seja, hipersuperfıcies da forma R2 × S1.2) Hipersuperfıcies cuja geratriz intersecta a fronteira do espaco de orbita Q no eixo x, formando
um angulo v com o eixo x, onde 0 < v <π
2. Neste caso temos x 6= 0.
3) Hipersuperfıcies cuja curva geratriz intersecta a fronteira do espaco de orbita Q no eixo x,formando um angulo π
2 com ele.4) Hipersuperfıcies cuja curva geratriz tem uma singularidade em Q.5) Hipersuperfıcies cuja geratriz intersecta a fronteira do espaco de orbita Q no eixo z, formando
um anguloπ
2com ele.
6) Hipersuperfıcies cuja geratriz intersecta a fronteira do espaco de orbita Q no eixo z, formando
um angulo v com o eixo z, onde 0 < v <π
2. Neste caso temos z 6= 0.
7) Hipersuperfıcies cuja geratriz intersecta a fronteira do espaco de orbita Q em pontos da forma(x, 0), x 6= 0 e (0, z), z 6= 0, em ambos os casos formando um angulo diferente π
2 com o eixo deintersecao.
Referencias
[1] BOMBIERI, E.; DE DIORGI, E.; GIUSTI, E. Minimal cones and the Bernstein problem.Invent. Math. 7, p. 243-269, 1969.
[2] DELAUNAY, C. Sur la surface de revolution don’t la courbure moyenne est constante. J.Math. pure et appl. Serie 16, 1841.
[3] HSIANG, W. Y.; LAWSON, H. B. Minimal submanifolds of low cohomogeneity, Journal ofDifferential Geometry. vol. 5, p.1-38, 1971.
[4] HSIANG, W. Y.; TENG, Z. H.; Yu, W. C. New examples of constant mean curvature im-mersions of (2k − 1)-spheres into Euclidian 2k-space. Annals of Math. no 117 p.609-625,1983.
[5] LEITE, M. L. Rotational hypersurfaces of space forms with constant scalar curvature.Manuscripta Mathematica. v.67 no 1 p.285-304. :Ed. Springer-Verlag, 1990.
[6] PALMAS, O. O(2)×O(2)-invariant hypersurfaces with zero scalar curvature. Archives derMathematiques no 74 p.226-233. Basel: Ed. Birkhauser Verlag, 2000.
76
ISSN 2317-3300