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CENTRO DE ESTUDOS FIRVAL JOSÉ CARLOS NOGUEIRA JÚNIOR HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA: UM ESTUDO SOBRE A ÓTICA OCIDENTAL E ORIENTAL E O USO DE FITOTERAPIA E ERVAS MEDICINAIS NO BRASIL SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SP 2014

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CENTRO DE ESTUDOS FIRVAL

JOSÉ CARLOS NOGUEIRA JÚNIOR

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA: UM ESTUDO

SOBRE A ÓTICA OCIDENTAL E ORIENTAL E O USO DE

FITOTERAPIA E ERVAS MEDICINAIS NO BRASIL

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SP

2014

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CENTRO DE ESTUDOS FIRVAL

JOSÉ CARLOS NOGUEIRA JÚNIOR

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA: UM ESTUDO

SOBRE A ÓTICA OCIDENTAL E ORIENTAL E O USO DE

FITOTERAPIA E ERVAS MEDICINAIS NO BRASIL

Monografia apresentada à Faculdade de Educação, Ciência e Tecnologia – UNISAUDE/CENTRO DE ESTUDOS FIRVAL – como requisito a conclusão do Curso de Formação de Especialista em Acupuntura. Orientador (a): Prof. Esp. Miriam Leite Kajiya

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SP

2014

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FOLHA DE APROVAÇÃO

A monografia

........................................................................................................................................

........................................................................................................................................

Elaborada por

........................................................................................................................................

Orientada por

........................................................................................................................................

( ) aprovada ( ) reprovada

pelos membros da Banca Examinadora da Faculdade de Educação, Ciência e

Tecnologia – Unisaúde/ CEFIRVAL, com conceito.......................

São José dos Campos...... de.............................de 20....

Nome:...........................................................................................

Titulação:......................................................................................

Assinatura....................................................................................

Nome:...........................................................................................

Titulação:......................................................................................

Assinatura....................................................................................

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Dedico este trabalho aos meus pais,

meus familiares, minha namorada e meus amigos,

que me apoiaram e apoiam em todas as etapas da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, aquele que me ilumina me torna uma fortaleza, me

dá felicidades nos dias alegres e esperança nos dias sombrios.

A meus pais José Carlos e Maria Aparecida, por terem me ajudado em mais uma

etapa de aprendizado e ensinamentos.

Agradeço à minha amada avó Judicéa, à minha irmã Christianne, à minha sobrinha

Yasmin, ao meu cunhado Henrique por terem confiado e acreditado em mim nos

momentos que me serviram de “cobaias”.

Agradeço à minha namorada Ana Cláudia por seu apoio, incentivo, ajuda e

compreensão na minha busca por algo maior.

Aos meus amigos, tanto pessoais como os do curso, que sempre me apoiaram e

me ajudaram.

Agradeço aos Professores, que passaram da melhor forma seus ensinamentos, os

quais eu espero ser digno de usar com responsabilidade e sensibilidade.

Comprometo a cada dia estudar mais e mais, para que me torne uma pessoa e um

profissional melhor.

À professora Miriam, do estágio supervisionado, que nunca economizou sua

atenção, e esteve sempre disposta a passar seus ensinamentos e sabedoria,

quantas vezes fossem precisas.

À amiga/paciente Jane Kraus, por me apoiar e ajudar com sua sabedoria e seus

materiais, auxiliando na elaboração deste trabalho.

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EPÍGRAFE

“A base para o tratamento da doença

é que se deve buscar a raiz...

Uma vez que não se sabe como buscar a raiz,

Então o tratamento fica tão vago como alguém

que olha fixamente a amplidão do oceano

e não sabe como pedir água.”

Yu Chang

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RESUMO

O aumento da expectativa de vida da população, atualmente, é acompanhado do aumento da prevalência de doenças de grande impacto na qualidade de vida e hábitos da população. Dentre estas, destaca-se a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) em que sua prevalência, mundialmente e no Brasil, supera 30%. Segundo a Medicina Ocidental, é hipertensa a pessoa que tem uma PA sistólica maior ou igual a 140 mmHg e uma PA diastólica maior ou igual a 90 mmHg. Por outro lado, segundo a Medicina Tradicional Chinesa, a “hipertensão” seria causada por desequilíbrio nas energias yin e/ou yang dos órgãos Rim e Fígado, caracterizada por cefaléia e tontura, uma vez que a MTC não reconhece tal patologia e somente estes sintomas. Neste contexto, analisamos o uso de Fitoterápicos e Plantas Medicinais para tratamento da hipertensão arterial, por meio de consulta bibliográfica à trabalhos já publicados. A utilização de plantas na prevenção e/ou na cura de doenças é um hábito que sempre existiu na história da humanidade, e ainda hoje é muito difundida, principalmente após a instituição da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC), em 2006. O presente estudo teve como objetivo, buscar os estudos referentes à hipertensão arterial sistêmica segundo as medicinas ocidental e tradicional chinesa, e confrontar os dados bibliográficos referentes a esta doença, verificando a utilização da fitoterapia e das plantas medicinais para o tratamento da mesma. Para atingirmos esses objetivos foi realizada uma pesquisa bibliográfica, com levantamento de dados já analisados e publicados por meio escrito, livros, artigos periódicos e material virtual dos últimos dez anos (período entre 2004 e 2014). Usamos como base de dados fonte primária e secundária de artigos científicos de bibliotecas virtuais, e literatura bibliográfica científica; SciELO, Lilacs, Medline, e Google Acadêmico. Concluiu-se que se faz necessário mais pesquisas quanto aos reais benefícios de certas plantas medicinais usadas pela população no tratamento das HAS, observando também os possíveis efeitos colaterais que estas podem produzir, além do risco quanto ao uso concomitante com medicamentos alopáticos e homeopáticos.

Palavras Chave: Hipertensão Arterial Sistêmica, Fitoterapia, Plantas

Medicinais, Medicina Tradicional Chinesa.

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ABSTRACT

The increase of life expectancy of the population nowadays is accompanied by increased prevalence of major impact diseases on quality of life and habits of the population. Among these, we highlight that the systemic blood pressure (SBP) in its prevalence worldwide and in Brazil, exceeds 30%. According to Western medicine, a person is considered as hypertensive when greater than or equal to 140 mmHg systolic and greater than or equal to 90 mmHg diastolic BP. On the other hand, according to traditional Chinese medicine, the "hypertension" would be caused by imbalance in yin and/or yang energy from the organs Kidney and Liver, characterized by headache and dizziness since TCM doesn't recognize this condition and only these symptoms. In this context, we analyzed the use of Phytotherapics and Medicinal Plants for the treatment of hypertension, through literature references from articles already published. The use of plants in the prevention and/or cure of diseases is a habit that has always existed in human history, and is still widespread, especially after the establishment of the National Policy on Integrative and Complementary Practices at the SUS (NPICP) in 2006. The present study aimed to pursue studies related to hypertension according to Western medicine and traditional Chinese, and confront the bibliographic data for this disease, verifying the use of phytotherapy and medicinal plants for the treatment of this. To achieve these goals a bibliographical research was conducted, with survey data already analyzed and published through books, articles and virtual materials from the last ten years.(2004-2014) We use as a database primary and secondary source of scientific articles of virtual libraries, and scientific bibliographic literature; SciELO, Lilacs, Medline, and Google Scholar. It was concluded that more research is needed as to the real benefits of certain medicinal plants used by the population in the treatment of hypertension, also noticing the possible side effects they may produce, in addition to the risk of the concomitant use of allopathic and homeopathic medicines.

Keywords: Hypertension, Phytotherapy, medicinal plants, traditional Chinese

medicine.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Alho - Allium sativum L. -.............................................................. 36

FIGURA 2 Colônia - Alpinia speciosa Schum e Alpinia zerumbet - ............ 37

FIGURA 3 Embaúba - Cecropia pachystachya Trec, Cecropia hololeuca

Miq., Cecropia glaziovi Snethl. -..................................................................... 39

FIGURA 4 Capim-limão - Cimbopogon citratus Stapf -................................. 40

FIGURA 5 Cavalinha - Equisetum arvense -.................................................. 42

FIGURA 6 Pitangueira - Eugenia uniflora L. -................................................ 43

FIGURA 7 Gingko biloba - Gingko biloba L.-.................................................. 44

FIGURA 8 Erva-cidreira - Lippia alba N. E. Brown -....................................... 46

FIGURA 9 Melissa - Melissa officinalis -........................................................ 47

FIGURA 10 Erva-doce ou Anis - Pimpinella anisum L. -................................ 48

FIGURA 11 Alecrim - Rosmarinus officinalis L.-........................................... 49

FIGURA 12 Chuchuzeiro - Sechium edule -................................................... 50

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 10

2 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 12

2.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS) ......................................... 12

2.1.1 Prevalência da HAS no mundo e no Brasil ...................................... 12

2.2 Hipertensão Arterial Sistêmica na visão da Medicina Ocidental ................. 12

2.2.1 Fatores de Risco .............................................................................. 15

2.3 Hipertensão Arterial Sistêmica na visão da Medicina Tradicional Chinesa

(MTC) ................................................................................................................ 19

2.3.1 Diagnóstico de acordo com a MTC .................................................. 23

2.3.1.1 Plenitude Calor do Fígado ........................................................ 23

2.3.1.2 Mucosidade que ascende ao Aquecedor Superior ................... 24

2.3.1.3 Subida de Yang do Fígado devido à vazio de Yin .................... 24

2.3.1.4 Vazio de Yin e Yang do Rim ..................................................... 25

2.4 Tratamento da HAS na visão da Medicina Ocidental (Alopatia) .................. 26

2.5 Tratamento da HAS na visão da MTC ......................................................... 27

2.6 Fitoterapia e o uso de Plantas Medicinais ................................................... 28

2.6.1 Cuidados para obtenção das Plantas Medicinais .............................. 31

3 DISCUSSÃO ................................................................................................... 34

4 CONCLUSÃO ................................................................................................. 53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 54

ANEXO: REFERÊNCIAS DAS FIGURAS ........................................................ 64

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INTRODUÇÃO

O aumento da expectativa de vida da população, atualmente, é

acompanhado do aumento da prevalência de doenças de grande impacto na

qualidade de vida e hábitos da população. A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é

uma doença silenciosa, de causas multifatoriais, caracterizada por níveis elevados

da pressão arterial (PA), e que se mantêm constantemente elevados, sendo a

principal responsável por doenças cardiovasculares, que afeta todos os grupos

populacionais. A prevalência de HAS mundialmente e no Brasil supera 30% (SBC,

2010).

Segundo o Ministério da Saúde (2001), é considerado hipertenso a

pessoa que tem uma PA sistólica maior ou igual a 140 mmHg e uma PA diastólica

maior ou igual a 90 mmHg, tendo sido esses valores encontrados em pelo menos

duas aferições, realizadas na mesma ocasião clínica e em momentos próximos.

Hipertensão arterial sistêmica, segundo a Medicina Ocidental (MO), é uma doença

crônica determinada por elevados níveis de pressão sanguínea nas artérias, o que

faz com que o coração tenha que exercer um esforço maior do que o normal para

fazer circular o sangue através dos vasos sanguíneos.

Segundo a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), a hipertensão seria

causada por desequilíbrio nas energias yin e/ou yang dos órgãos Rim e Fígado. Não

existe tal doença na MTC, mas sintomas de cefaléia e tontura que correspondem

aos mesmos encontrados na HAS.

A procura por tratamentos alternativos ou adicionais ao farmacológico

vem crescendo consideravelmente, e o uso de chás e plantas medicinais se torna

cada vez mais freqüente para amenizar as complicações decorrentes da hipertensão

arterial; entre estas opções terapêuticas está o uso das plantas medicinais, que é

uma prática milenar (BRASIL, 2006). As plantas medicinais são uma das mais

antigas “armas” utilizadas pelo homem no tratamento de enfermidades de todos os

tipos. A utilização de plantas na prevenção e/ou na cura de doenças é um hábito que

sempre existiu na história da humanidade. O conhecimento sobre este tipo de

tratamento é repassado através de gerações o que proporciona boa qualidade de

vida aos usuários, além de ser de baixo custo, causar menos efeitos colaterais e ser

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de fácil acesso, pois a sua fonte é natural (DI STASI, 2007). Porém, pouco se sabe

sobre os verdadeiros efeitos dessas substâncias no organismo humano, portanto é

necessária cautela em seu uso, desde a escolha da planta e a parte utilizada, até o

modo de preparo.

Neste contexto, a fitoterapia é encarada como opção na busca de

soluções terapêuticas, utilizada principalmente pela população de baixa renda, pois

se trata de uma alternativa eficiente e barata, desde que utilizada da forma correta.

Por outro lado, as plantas medicinais produzem compostos bioativos que podem

atuar de forma dúbia. Desta, é fundamental o estudo de fitoterápicos e plantas

medicinais, visando identificar as possíveis interações e mecanismos de ação

farmacológica destes medicamentos, de forma a poder assegurar o seu uso

racional.

O objetivo deste trabalho é identificar quais as plantas medicinais mais

utilizadas por populares na HAS, segundo levantamento bibliográfico, e comparar o

diagnóstico ocidental e da MTC nesta doença verificando quais as formas de

controle utilizadas nestas duas correntes medicinais.

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REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Hipertensão Arterial Sistêmica

2.1.1 Prevalência da HAS no mundo e no Brasil

A Hipertensão Arterial Sistêmica é o mais importante fator de risco para

as doenças cardiovasculares e a mortalidade por doença cerebrovascular, está

linearmente relacionada aos níveis de tensão arterial (BARRETTO; SANTELLO,

2002).

A etnia negra tem uma freqüência maior de pessoas acometidas,

chegando a 20% da população jovem, contra 10% da população branca e

alcançando valores muito elevados nas populações acima de 50 anos (40% da

população total) e após os 60 anos (60% da população negra). (SBC, 2010; SBC,

2007; BARRETTO; SANTELLO, 2002).

No Brasil, os dados de prevalência da hipertensão arterial em inquéritos

populacionais apresentam diferenças importantes em estudos realizados em

diferentes municípios e regiões do país. O Ministério da Saúde do Brasil vem

reconhecendo prevalência de 26% na população adulta geral de todo o país, porém

com valores que variam de 22,3% a 44% nas diferentes regiões geográficas. A

explicação para essa distribuição heterogênea está nas diferenças da composição

da população e nos fatores de risco a que está submetida. (SBC, 2007; BARRETTO;

SANTELLO, 2002).

2.2 Hipertensão Arterial Sistêmica na Visão da Medicina

Ocidental

Hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial,

caracterizada por níveis elevados da pressão arterial (PA), e que se mantêm

constantemente elevados. Freqüentemente está ligada a alterações estruturais e/ou

funcionais de órgãos como o coração, rins, vasos sanguíneos e encéfalo, e a

alterações metabólicas que aumentam os riscos de acidentes cardiovasculares

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fatais ou não. A prevalência de HAS mundialmente e no Brasil supera 30% (SBC,

2010).

A HAS é a mais freqüente das doenças cardiovasculares, é também o

principal fator de risco para as complicações mais comuns como acidente vascular

cerebral e infarto agudo do miocárdio, além da doença renal crônica terminal. No

Brasil estimam-se entre 17 e 30 milhões de portadores de hipertensão arterial,

sendo 35% da população com 40 anos ou mais. E esse número é crescente; seu

aparecimento está cada vez mais precoce e estima-se que cerca de 4% das

crianças e adolescentes também sejam portadoras. A carga de doenças

representada pela morbimortalidade devido à doença é muito alta e por tudo isso a

Hipertensão Arterial é um problema grave de saúde pública no mundo. (BRASIL,

2012).

Segundo Barreto e Cardoso (2008) inicialmente a HAS é assintomática na

quase totalidade dos pacientes, e sua característica crônica e silenciosa acaba

dificultando a percepção dos problemas. Segundo o Ministério da Saúde (2010), é

considerado hipertenso a pessoa que tem uma PA sistólica maior ou igual a 140

mmHg e uma PA diastólica maior ou igual a 90 mmHg (valores encontrados em pelo

menos duas aferições (BRASIL, 2001). Para ser considerada hipertensa, deve-se

constatar que a PA de uma pessoa está elevada (com a média de duas a três

leituras feitas a intervalos de alguns minutos na posição sentada) pelo menos duas a

três vezes em consultas, com uma semana ou mais de intervalo. As medidas devem

ser feitas na posição ortostática e em decúbito dorsal nos indivíduos com uma

história sugestiva de hipotensão postural (GOLDMAN; BRAUNWALD, 2000).

A hipertensão arterial é considerada uma síndrome por estar

freqüentemente associado a um agregado de distúrbios metabólicos, tais como

obesidade, aumento da resistência à insulina, diabete melito e dislipidemias, entre

outros. A presença desses fatores de risco e lesões em órgãos-alvo, quando

presentes, é importante e deve ser considerada na estratificação do risco individual,

com vistas ao prognóstico e decisão terapêutica (ROSÁRIO et al, 2009; SBC, 2007).

A influência da HAS sobre o desenvolvimento das doenças

cardiovasculares (DCV) exige o reconhecimento de sua real distribuição nos

distintos estados brasileiros, estimando-se que aproximadamente 30 milhões de

brasileiros são atingidos pela doença. A pressão arterial é uma variável linear e

contínua que se associa positivamente com o risco cardiovascular, sendo que a

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relação entre morte por doença cérebro-vascular e PA é também contínua,

crescente e independente da faixa etária (SILVA; HANH, 2011).

É preciso reconhecer a PA pelo que ela é: um fator de risco cujo nível

afeta fortemente a probabilidade de eventos coronários e vasculares cerebrais –

mas não causa a doença (GOLDMAN; BRAUNWALD, 2000).

O sistema circulatório é provido de um mecanismo muito extenso para

controlar a PA, que é determinada aproximadamente pela relação entre o volume do

débito sistólico e a distensibilidade total da árvore arterial. Qualquer condição da

circulação que afete um desses dois fatores afetará também a pressão arterial

(TEIXEIRA, 2012; GUYTON, 1998).

Segundo as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2010), são

considerados fatores de risco: idade, gênero e etnia, excesso de peso e obesidade,

ingestão de sal, ingestão de álcool, sedentarismo, fatores socioeconômicos,

genética e outros fatores de risco cardiovascular. A grande prevalência desta

enfermidade e de seus fatores de risco, associada ao não tratamento adequado e ao

fato de ser assintomática, multiplica a probabilidade da ocorrência de complicações,

tais como: doença cerebrovascular, doença arterial coronariana, insuficiência renal

crônica e doença vascular de extremidades (SBC, 2007; BARRETO; SANTELLO,

2002).

O principal objetivo do tratamento da HAS é a redução da morbidade e da

mortalidade cardiovasculares por meio de medidas farmacológicas e não

farmacológicas. Medidas não farmacológicas consistem em redução do peso

corporal, dieta hipossódica e balanceada, aumento da ingestão de frutas e verduras,

redução de bebidas alcoólicas, realização de exercícios físicos, cessação/

atenuação do tabagismo e a substituição da gordura saturada por poliinsaturados e

monoinsaturados (SBC, 2007; BARRETO; SANTELLO, 2002).

A ocorrência desse agravo e de suas seqüelas vem sendo mensurada e

relacionada a fatores como idade, sexo, etnia, fatores estes considerados fixos e

que não podem ser modificados pelas condições de vida, exposições ambientais

nem comportamentais (BARRETO; SANTELLO, 2002).

Contudo, estudos epidemiológicos vêm demonstrando a associação da

HAS com as condições de vida, exposição ambiental e fatores comportamentais,

aos quais, associados aos fatores fixos, levarão a importantes diferenças no risco da

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instalação da hipertensão, bem como na intensidade e prognóstico dos casos

(BARRETO; SANTELLO, 2002).

Outros fatores também vêm contribuindo para o aumento da frequência

da HAS, como o aumento do peso corporal, envelhecimento da população, o

sedentarismo, e hábitos de vida como o tabagismo, alcoolismo, além do estresse

dos grandes centros urbanos, a alimentação inadequada, com muita ingestão de

sódio, frituras etc. (BARRETO; SANTELLO, 2002).

2.2.1 Fatores de Risco

Idade

A pressão arterial aumenta de forma linear com a idade, devido ao

depósito de cálcio nos vasos sanguíneos, que vão enrijecendo e tornando mais

estreita sua luz, o que obrigatoriamente aumenta a pressão do sangue no seu

interior. Pressão arterial elevada acaba prejudicando não só os rins, mas o coração

e principalmente o cérebro (SBC, 2010; BARRETO; SANTELLO, 2002).

Sexo

O gênero influencia a prevalência da hipertensão, pois homens têm taxas

de hipertensão mais elevadas até os 50 anos, enquanto as mulheres apresentam

maior prevalência após os 60 anos (BARRETO; SANTELLO, 2002).

Etnia

A prevalência e os agravos da hipertensão são maiores para a população

afro-descendente, e estudos apresentam como mecanismo predominante o excesso

de volume, pela diminuição dos níveis de renina. Outros estudos associam ainda o

menor nível socioeconômico, historicamente (BARRETO; SANTELLO, 2002).

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Fatores Sócio-econômicos

O menor nível sócio econômico associa-se á maior prevalência da

hipertensão arterial sistêmica, implicando questões como hábitos dietéticos, estresse

psicossocial, acesso a serviços de saúde e maior ingestão de álcool e sal

(BARRETO; SANTELLO, 2002).

Obesidade

A elevação do IMC (índice de massa corporal) é fator predisponente em

caráter individual para cerca de 20% a 30% dos casos de HAS. Obesidade central e

o aumento da circunferência abdominal são também importantes indicadores de

risco, mais importante ainda do que a adiposidade geral (BARRETO; SANTELLO,

2002).

Hipertensos com excesso de peso devem ser incluídos em programas de

emagrecimento com restrição de ingestão calórica e aumento de atividade física. A

meta é alcançar índice de massa corporal inferior a 25 kg/m² e circunferência da

cintura inferior a 102 cm para homens e 88 cm para mulheres, embora a diminuição

de 5% a 10% do peso corporal inicial já seja suficiente para reduzir a pressão arterial

(SBC, 2007).

A redução do peso está relacionada à queda da insulinemia, à redução da

sensibilidade ao sódio e à diminuição da atividade do sistema nervoso simpático

(SBC, 2007).

Sedentarismo

O sedentarismo aumenta em 30% a incidência de hipertensão.

Caminhadas com periodicidade de três vezes por semana, com duração mínima de

30 minutos, são exemplos das mudanças desejáveis para o impacto na redução da

HAS (BARRETO; SANTELLO, 2002).

A prática regular de exercícios físicos é recomendada para todos os

hipertensos, inclusive aqueles sob tratamento medicamentoso, porque reduz a

pressão arterial sistólica/diastólica em 6,9/4,9 mmHg. Além disso, o exercício físico

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pode reduzir o risco de doença arterial coronária, acidentes vasculares cerebrais e

mortalidade geral (SBC, 2007).

A recomendação para a população adulta em geral é a prática de

exercícios físicos por pelo menos 30 minutos, de forma contínua ou acumulada em

pelo menos 5 dias na semana (SBC, 2007).

Dieta

O excesso no consumo de sal contribui para a ocorrência de hipertensão.

Povos com histórico de baixa ingestão de sal têm menor prevalência de hipertensão

arterial, e quando presente, não aumenta com a idade. Dietas pobres em gorduras

saturadas e ricas em fibras e legumes guardam relação com menor prevalência em

hipertensão (BARRETO; SANTELLO, 2002).

A dieta preconizada pelo estudo DASH (Dietary Approachs to Stop

Hypertension) mostrou benefícios no controle da pressão arterial, inclusive em

pacientes fazendo uso de anti-hipertensivos. Ela enfatiza o consumo de frutas,

verduras, alimentos integrais, leite desnatado e derivados, quantidade reduzida de

gorduras saturadas e colesterol, maior quantidade de fibras, potássio, cálcio e

magnésio. Associada à redução no consumo de sal, mostra benefícios ainda mais

evidentes, sendo, portanto, fortemente recomendada para hipertensos. Compõe-se

de quatro a cinco porções de frutas, quatro a cinco porções de vegetais e duas a

três porções de laticínios desnatados por dia, com menos de 25% de gordura (SBC,

2010; SBC, 2007; BARRETO; SANTELLO, 2002).

É preciso mencionar que, de modo geral, os negros, os idosos, os

diabéticos e os hipertensos obesos respondem mais que os outros pacientes à

redução da ingestão de sal (GOLDMAN; BRAUNWALD, 2000).

Suplementação de potássio

A suplementação de potássio promove redução modesta da pressão

arterial. Sua ingestão na dieta pode ser aumentada pela escolha de alimentos

pobres em sódio e ricos em potássio, como feijões, ervilha, vegetais de cor verde-

escuro, banana, melão, cenoura, beterraba, frutas secas, tomate, batata inglesa e

laranja (SBC, 2007).

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É razoável a recomendação de níveis de ingestão de potássio de 4,7

g/dia (SBC, 2007).

Álcool

Com relação à ingesta de etanol, fatores como gênero, quantidade e

freqüência alteram o efeito e a magnitude dos danos sobre a hipertensão. O uso de

bebidas alcoólicas fora dos horários das refeições tem efeito potencializador da HAS

(BARRETO; SANTELLO, 2002).

Embora a ingestão moderada de etanol (uma ou duas doses diárias {600

mL de cerveja, 240 mL de vinho ou 90 mL de bebidas destiladas}) proteja contra a

coronáriopatia, o excesso (quatro doses ou mais ao dia) eleva os níveis tensionais

(GOLDMAN; BRAUNWALD, 2000).

Recomenda-se limitar o consumo de bebidas alcoólicas a, no máximo, 30

g/dia de etanol para homens e 15 g/dia para mulheres ou indivíduos de baixo peso.

Aos pacientes que não se enquadrarem nesses limites de consumo, sugere-se o

abandono (SBC, 2007).

Síndrome Metabólica

A síndrome metabólica refere-se ao agrupamento de hipertensão com

adiposidade abdominal (“obesidade central”), resistência à insulina e um padrão

dislipidêmico consistindo tipicamente de níveis de triglicerídeos plasmáticos

elevados e níveis baixos do colesterol associado à lipoproteína de alta densidade

(HDL) (SILVA, 2009). Esta síndrome aumenta a mortalidade geral em 1,5 vezes e

2,5 vezes a mortalidade cardiovascular (BARRETO; SANTELLO, 2002).

Tabagismo

O tabagismo é um importante fator de risco para a mortalidade e

morbidade cardiovasculares e está associado ao risco aumentado de doença arterial

periférica, doença cardíaca coronária e morte súbita. Embora não esteja claro quais

compostos do cigarro contribuem para a patogênese da doença vascular, a nicotina

tem um papel central nos efeitos cardiovasculares do fumo, uma vez que piora a

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vasodilatação dependente do endotélio e regula a produção dos fatores de

crescimento (GOLDMAN; BRAUNWALD, 2000).

O ato de fumar um único cigarro eleva agudamente a PA e a freqüência

cardíaca devido ao estimulo induzido pela nicotina da secreção das catecolaminas.

Esse efeito desaparece em 15 minutos, recomendando-se que a PA seja medida

pelo menos 15 minutos após o paciente ter fumado (GOLDMAN; BRAUNWALD,

2000).

Hipertensão Arterial Secundária

Hipertensão arterial secundária é conseqüência de uma causa

identificável, passível ou não de correção. Sua prevalência, em torno de 3% a 10%,

depende da experiência de quem investiga e dos recursos diagnósticos disponíveis

(SBC, 2007).

Entretanto, antes de se prosseguir na investigação, deve-se fazer o

diagnóstico diferencial com as seguintes possibilidades: medida inadequada da

pressão arterial; hipertensão do avental branco; tratamento inadequado; não adesão

ao tratamento; progressão da doença; presença de comorbidades; interação com

medicamentos (SBC, 2007).

As doenças renais são a causa mais comum de hipertensão secundária,

ocupando lugar de destaque a estenose da artéria renal, a par de transtornos

endócrinos como a síndrome de Cushing, o hipertireoidismo, o hipotireoidismo, a

acromegalia, a síndrome de Cohn ou hiperaldosteronismo primário, o

hiperparatiroidismo e tumores como os para-gangliomas e os feocromocitomas

(SBC, 2007).

2.3 Hipertensão Arterial Sistêmica na Visão da Medicina

Tradicional Chinesa

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é um vasto campo de

conhecimento, de origem e concepção filosófica abrangendo vários setores ligados à

saúde e à doença. Suas concepções são voltadas muito mais ao estudo dos fatores

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causadores da doença, à sua maneira de tratar e aos estudos das formas de

prevenção.

Para tanto, a MTC enfatiza fenômenos precursores das alterações

funcionais e orgânicas que provocam o aparecimento de sintomas e de sinais. O

fator causal destes processos nada mais é do que o desequilíbrio da energia interna,

ocasionado pelo meio ambiente, origem externa, ou pela alimentação desregrada,

emoções retidas, fadigas de origem interna (YAMAMURA, 2001).

Para os chineses tradicionais, nosso organismo é formado de matéria e

energia e é justamente a parte energética, a força vital ou Qi, que circularia nos

meridianos dos órgãos e vísceras, e todas as doenças seriam conseqüentes a um

distúrbio de circulação do Qi. Os meridianos são canais de energia que estão

localizados sob a pele, formando uma vasta e extensa rede por onde circula o Qi e o

Xue (sangue), que interliga todos os elementos anatômicos do corpo, conectando a

superfície com o interior, as vísceras e os órgãos com os membros e as articulações

e os segmentos superiores com os inferiores. (PAI, 2005)

O mecanismo energético do organismo envolve as estruturas funcionais

consideradas energéticas pela MTC, como a rede de energia (Mai) os sistemas de

meridianos, as funções Yin/Yang, os reaquecedores, os quatro mares e o Shen que

se encarregam do controle da organização, manutenção do equilíbrio energético e

do balanceio normal e quantitativo de sangue/energia. Como resultado dessas

interações de personalidade (energias individualizadas ou próprias), cada indivíduo

apresenta o seu modo racional próprio integral, e individualizado, frente a cada

distúrbio energético causador do rompimento da harmonia (He), antes ocorrida. Por

isso, a tradição diz: “Cada um é doente à sua maneira” e “para uma mesma doença,

o tratamento, em cada paciente é diferente” (DULCETTI- JÚNIOR, 2001).

O diagnóstico Chinês está intimamente relacionado com o Padrão de

Identificação, uma vez que fornece as ferramentas necessárias para identificar estes

padrões. Ele está baseado no princípio fundamental de que os sinais e sintomas

refletem a condição dos sistemas internos. Enquanto na medicina ocidental levam-

se em conta os sinais e sintomas como manifestações subjetivas ou objetivas da

patologia, a MTC considera muitas manifestações diferentes, muitas das quais não

estão relacionadas a um processo patológico real. Ela emprega muitas outras

manifestações para formar um quadro de desequilíbrio presente em uma

determinada pessoa (MACIOCIA, 1996).

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O modelo de diagnóstico da medicina clássica chinesa engloba o aspecto

do distúrbio energético como também o seu resultado: surgimento de sinais e

sintomas compondo as chamadas síndromes por todos os seus graus ou estágios,

orgânicos e psíquicos modalizados ou individualizados através de seus fatores

modificadores (DULCETTI- JÚNIOR, 2001).

Ao invés de analisar os sintomas e sinais um por um, tentando achar uma

causa para eles, como faz a medicina ocidental, a medicina chinesa forma um

quadro geral tomando todos os sintomas e sinais em consideração para identificar a

desarmonia subjacente. Nesse aspecto, a medicina chinesa não procura

principalmente causas, mas padrões. Assim, quando dizemos que certo paciente

apresenta-se com o padrão de desarmonia de deficiência do Yin do Rim, esta não é

a causa da doença (que deve ser procurada na vida da pessoa), mas sim a

desarmonia subjacente da doença ou o modo em que a condição se apresenta.

Naturalmente que em outros aspectos, após a identificação do padrão, a medicina

chinesa vai um passo mais adiante para tentar identificar a causa da desarmonia

(MACIOCIA, 1996).

O conceito de doença é diferente na medicina chinesa e na medicina

ocidental. Uma doença na medicina chinesa é um sintoma na medicina ocidental. O

mesmo principio de “uma doença, muitos padrões; um padrão, muitas doenças”

aplica-se à relação entre doenças chinesas e ocidentais e poderíamos cunhar uma

declaração moderna “uma doença chinesa, muitas doenças ocidentais; uma doença

ocidental, muitas doenças chinesas” (MACIOCIA, 2007).

A MTC classifica a Hipertensão Arterial como desarmonia entre o Yin e

Yang do fígado e dos rins, também pode ser causada pela presença de umidade-

calor ou mucosidade (MACIOCIA, 2010). Através da dietoterapia, fitoterapia e a

acupuntura, podemos equilibrar e harmonizar esses distúrbios energéticos do

organismo, curando essa patologia. Conforme a Medicina Tradicional Chinesa a

hipertensão arterial ocorre devido a desequilíbrios energéticos em alguns Zang Fu

(Órgãos e Vísceras), sendo que os Órgãos causadores são principalmente o Fígado

e o Rim (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992).

Para a Medicina Tradicional Chinesa os sentimentos têm o potencial para

perturbar as funções físicas e energéticas dos Zang Fu (Órgãos e Vísceras) e com

isso perturbar o funcionamento geral do organismo. A alegria, a tristeza, a raiva, o

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medo, a ira, a preocupação, entre outros sentimentos, podem ser os causadores de

inúmeras doenças (SILVA, 2009).

No caso da hipertensão arterial, o desequilíbrio energético pode ser no

Fígado ou nos Rins. O Fígado e os Rins compartilham uma raiz comum, portanto

deficiência de um freqüentemente afetará o outro. A ascensão do Yang do Fígado

também pode derivar de Deficiência de Yang do Rim. Os Rins são as fontes de toda

energia Yin e Yang no corpo humano. Há uma interação próxima entre os dois e não

podem ser separados. A raiva causa ferimento do Fígado e conseqüentemente

causa desequilíbrio energético do respectivo órgão. A raiva também é um dos

sintomas, na medicina ocidental, da hipertensão arterial. O medo, assim como a

raiva, tem influência na hipertensão arterial, pois este sentimento lesiona o Rim.

Segundo a MTC, o desequilíbrio energético neste órgão também é causador da

hipertensão arterial (CHONGHUO, 1993).

O termo “raiva” deve ser interpretado de forma bastante ampla, a fim de

incluir vários estados emocionais aliados, como ressentimento, raiva reprimida,

sensação de mágoa, frustração, irritação, fúria, indignação, animosidade ou

amargura e o sentimento de sentir-se prejudicado. Qualquer desses estados

emocionais pode afetar o Fígado (Gun), e persistindo por longo período causam

estagnação do Qi ou do Sangue do Fígado, ascensão do Yang do Fígado ou

queimação do Fogo do Fígado. O Fígado é responsável pelo livre fluxo de Qi no

organismo harmonizando, também, os tendões. Se a raiva for reprimida causará

Estagnação do Qi do Fígado; se for expressada, causará ascensão do Yang do

Fígado ou queimação do Fogo do Fígado (MACIOCIA, 1996). A raiva faz o Qi

ascender e vários sinais e sintomas irão se manifestar na cabeça e no pescoço, e

esta perturbação se traduz por cefaléias, insônia, tensão nos ombros, zumbidos,

face avermelhada, gosto amargo na boca, comportamentos extravagantes,

rompantes e animosidades acirradas: manifestações na parte superior do corpo.

Uma raiva não sentida, guardada e não expressa pode levar à depressão e a

pessoa passa a se apresentar pálida, desanimada, falando baixo, o que leva a

pensar em depleção de Qi, recorrendo à perspectiva do Yin e Yang (WINK, 2005;

MACIOCIA, 1996).

O medo, incluindo sentimentos como ansiedade, temor, pavor e pânico,

desordena o Qi, e machuca o Rim (Shen), faz o Qi descer e este escapa se

traduzindo na incapacidade de controlar os esfíncteres, provocando enurese,

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incontinência urinária e diarréia que ocorrem em situações de medo excessivo ou

pânico. O Rim armazena a Essência (Jing) que é constituída pela Essência dos pais

(Energia Ancestral) e pela Essência Pós Natal, a qual é formada a partir da

transformação dos alimentos e relaciona-se com as funções de aquecimento,

ativação, transformação e movimentação de Qi, Sangue e Líquidos Corporais. Um

Rim em desarmonia não consegue cumprir com suas funções que são, além de

armazenar a Essência, controlar a recepção do Qi e ser à base do Yin e Yang

(WINK, 2005; MACIOCIA, 1996).

Segundo a MTC, devemos ter uma atitude preventiva em relação à

“hipertensão”, a prática de exercícios corporais e meditação auxiliam a manutenção

da saúde cardiovascular.

Em MTC a hipertensão pode dividir-se nas seguintes categorias: Xuan Yu

(vertigens) e Tou Tong (cefaléia).

2.3.1 DIAGNÓSTICO DA HAS DE ACORDO COM A MEDICINA

TRADICIONAL CHINESA

Existem quatro padrões principais no diagnóstico da hipertensão. Esses

padrões são: Plenitude Calor do Fígado; Mucosidades que afetam o Aquecedor

Superior (AS); Subida de Yang devido a Vazio de Yin; Vazio de Yin e Yang do Rim.

2.3.1.1 Plenitude Calor do Fígado

Esta síndrome se caracteriza pela estagnação e nodosidades do Qi do

fígado que se transformam em fogo. Este fogo do fígado assalta a cabeça,

acarretando cefaléias, vertigens, rosto e orelhas vermelhas. O fogo produz

nervosismo, irritação, loucura, perturba a mente, causando perturbações no sono e

pesadelos (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992).

As manifestações produzidas por esta síndrome são as seguintes:

hipertensão, cefaléia (generalizada, no vértice ou nas têmporas) e tonturas que

agravam com calor e estados de irritabilidade, face vermelha, olhos vermelhos,

insônia, hemorragia nasal, boca amarga e garganta seca, sede, urina escassa e

escura, obstipação com fezes secas, irritabilidade e/ou tendência para acessos de

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raiva, língua vermelha com saburra amarela, pulso em corda, forte e rápido

(MACIOCIA, 1996; AUTEROCHE; NAVAILH, 1992).

2.3.1.2 Mucosidade que acende ao Aquecedor Superior

Alimentação inadequada, excesso de trabalho e estresse ou doença

prolongada podem prejudicar o baço e o estômago no transporte e transformação, o

que resulta na produção de umidade e fleuma. Estagnada a fleuma-umidade,

impedem a ascensão pura de Qi e a descendência de yin turvo, causando tonturas e

dores de cabeça (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992).

As manifestações primárias são: hipertensão, cefaléia e tonturas

acompanhadas por sensação de peso na cabeça, sensação de peso no corpo,

sensação de opulência torácica (sensação de plenitude e opressão no peito e

epigástrio), alterações de apetite, sabor gorduroso na boca, náusea, língua com

saburra branca e pegajosa, pulso escorregadio (MACIOCIA, 1996; AUTEROCHE;

NAVAILH, 1992).

2.3.1.3 Subida de Yang do Fígado devido a Vazio de Yin

Esta síndrome se manifesta quando o Yin do Fígado e dos Rins está

vazio, e não se pode controlar o Yang do Fígado (O Yin do Fígado e dos Rins se

auxiliam mutuamente). Este, em excesso relativo, torna-se demasiadamente forte e

se eleva em sentido contrário (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992). Quando o Yang do

Rim permanecer deficiente por um longo período, poderá causar uma deficiência

secundária do Yin do Rim, que provocará a ascensão do Yang do Fígado

(MACIOCIA, 1996).

Em seguida a uma excitação dos sentimentos (raiva incubada, ansiedade,

preocupações, pavor), o Qi se acumula e se transforma em fogo. O fogo esgota os

líquidos do Sangue, assim o Yin não pode mais controlar o Yang. Nota-se que a

aparência da doença está no excesso de Yang, porém a realidade está no vazio de

Yin (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992).

O Yang não controlado eleva-se até a parte superior do corpo e provoca

vertigens, cefaléias, rosto e olhos vermelhos, irritação, arrebatamento. Por outro lado

o Yin não pode alimentar o Shen (mente), acarretando amnésia, insônia, abundância

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de sonhos, palpitações. O fígado e os rins governam os tendões e os ossos, quando

o Yin dos mesmos está fraco, a lombar e os joelhos ficam lassos e amolecidos

(AUTEROCHE; NAVAILH, 1992).

Neste tipo de Síndrome, encontramos estes sinais e sintomas:

hipertensão, tonturas, cefaléia, acessos de calor, zumbidos, insônia, irritabilidade,

dormência ou tremor dos membros, sintomas que agravam com irritabilidade ou

calor, lombalgia que melhora com pressão e está associada a cansaço, fraqueza

dos membros inferiores e zona lombar, urina escura, língua vermelha sem saburra

ou com saburra muito fina, pulso fino, superficial e rápido (em corda) (MACIOCIA,

1996; AUTEROCHE; NAVAILH, 1992).

A cefaléia proveniente de ascensão do Yang do Fígado é intensa, severa

do tipo latejante ou distensão. Algumas pessoas descrevem como pulsátil, triturante

ou explosão. Ela geralmente afeta um ou os dois lados da cabeça e geralmente é

sentida atrás de um ou dos dois olhos (MACIOCIA, 1996).

2.3.1.4 Vazio de Yin e Yang do Rim

O Yin do Rim (Shen) provê energia para as funções fisiológicas enquanto

o Yang do Rim provê armazenamento para o Yin do Rim (Shen). O Yin e Yang do

Rim são mutuamente dependentes promovendo e restringindo um ao outro,

conduzindo a uma harmonia interna do Yin e Yang e do funcionamento saudável dos

órgãos. É a interação dinâmica entre os dois que mantém a atividade normal da

vida. Quando o equilíbrio do Rim (Shen) Yin e do Rim (Shen) Yang é interrompido,

mudanças patológicas tomam lugar e surgem enfermidades (AUTEROCHE;

NAVAILH, 1992).

Por serem interdependentes entre si, Yin e Yang se influenciam

mutuamente. Por isso, se o Yin do Rim (Shen) sofre danos, em longo prazo o Yang

do Rim (Shen) será afetado, o que resultará em esgotamento do Yin e do Yang

(MACIOCIA, 1996).

Na deficiência do Yin do Rim (Shen) apresentam-se: dor e fraqueza da

região lombar e joelhos, tonturas, zumbido nos ouvidos, problemas de audição, boca

e garganta seca, sensação de calor ao anoitecer nas palmas das mãos, solas dos

pés e peito, sudorese espontânea, urina escassa, constipação e emissão seminal. O

pulso é fraco ou fino e rápido; a língua é vermelha e sem saburra ou coberta com

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uma fina camada desta. A deficiência de Yin do Rim produz sinais de Calor Vazio

(MACIOCIA, 1996; AUTEROCHE; NAVAILH, 1992).

Na deficiência do Yang do Rim (Shen) incluem: dor ou sensação de frio

nos joelhos e região lombar, aversão ao frio, extremidades frias, fadiga mental,

micção pálida e abundante, enurese, perda de libido ou impotência em casos

severos; esterilidade feminina e edemas gerais podem ocorrer. O pulso é fino e

profundo; a língua apresenta-se edemaciada, úmida, e coberta com saburra branca.

A Deficiência de Yang do Rim (Shen) produz sinais de frio interno (MACIOCIA, 1996;

AUTEROCHE; NAVAILH, 1992).

2.4 TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA NA

VISÃO OCIDENTAL (ALOPATIA)

Segundo Péres, Magna e Viana (2003) o tratamento para o controle da

HAS inclui, além da utilização de medicamentos, a modificação de hábitos de vida.

Sendo que o objetivo principal não é reduzir sintomas, mas prevenir complicações

cardiovasculares (BARRETO; SANTELLO, 2002).

As principais classes de medicamentos disponíveis para o tratamento da

HAS são diuréticos, simpaticolíticos, vasodilatadores (VD), bloqueadores dos canais

de cálcio (BCC), inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) e

bloqueadores do receptor de angiotensina II (BRA) (GUS et al, 2004).

Os diuréticos são um grupo de fármacos que atuam no rim com o objetivo

de aumentar a excreção de sódio, por meio de mecanismos que impedem a

reabsorção fracionada deste íon nos túbulos renais, aumentando o volume e o grau

de diluição da urina. Estes são os mais usados pela população (BARRETO;

CARDOSO, 2008).

Os agentes simpaticolíticos de ação central atuam como agonistas dos

receptores alfa-2 adrenérgico no sistema nervoso central resultando na redução da

atividade simpática aferente e levando a diminuição da pressão arterial (SBC, 2007).

Os vasodilatadores atuam sobre a musculatura da parede vascular,

promovendo relaxamento muscular com conseqüente vasodilatação e redução da

resistência vascular periférica. Pela vasodilatação arterial direta, promovem retenção

hídrica e taquicardia reflexa, o que contra-indica seu uso como monoterapia. São

utilizados em associação a diuréticos e/ou betabloqueadores (SBC, 2007).

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Os betabloqueadores causam redução do inotropismo e cronotropismo

cardíaco com relativa redução da freqüência cardíaca seguida de redução da

pressão arterial e de um reajuste na resistência periférica. Os betabloqueadores

podem também exercer seus efeitos hipotensivos mediante a redução do incremento

da renina, redução na liberação de catecolaminas no terminal sináptico. Eles

reduzem a pressão arterial em algumas horas (BARRETTO; CARDOSO, 2008).

Os inibidores da ECA bloqueiam a conversão da angiotensina I em

angiotensina II, produzindo como conseqüências a redução na resistência vascular

sistêmica e da pressão arterial, diminuição da pressão diastólica final dos

ventrículos, redução no trabalho cardíaco e do consumo de oxigênio pelo miocárdio,

entre outros (BARRETTO; CARDOSO, 2008).

Os BRAs inibem potente e seletivamente a maioria dos efeitos da

angiotensina II. As indicações e a eficácia dos BRAs são provavelmente

semelhantes àquelas dos IECAs (BARRETTO; CARDOSO, 2008).

2.5 TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA NA

VISÃO DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

Como vimos anteriormente, a MTC não diagnostica a hipertensão como

uma doença em si, mas classifica segundo seus métodos que seriam os sintomas

causados por esta.

Segundo universo da MTC, devemos ter uma vida equilibrada, regrada,

sem excessos. Com relação à HAS (ou os sintomas e sinais) uma atitude preventiva,

com prática de exercícios corporais e meditação auxiliaria a manutenção da saúde

cardiovascular. Podemos tratar com Acupuntura, tanto sistêmica quanto Auricular, e

com as fórmulas herbais chinesas, além da Dietoterapia.

A acupuntura tanto no tratamento sistêmico, auricular e/ou emergencial,

estabiliza os sintomas da Hipertensão Arterial e reduz os fatores de risco para o

desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Mesmo que a acupuntura não seja

realizada exclusivamente para a prevenção e tratamento da hipertensão arterial, esta

doença pode ser prevenida ou tratada indiretamente se a acupuntura for realizada nos

casos de agravos que são causadores desta doença (Silva, 2009). Estudos realizados

recentemente evidenciaram o uso de eletroacupuntura e laserpuntura como eficazes no

tratamento da HAS. A eficácia segundo a MTC surge do reequilíbrio das energias yin e

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yang, por outro lado a ciência ocidental indica que as agulhas influem positivamente no

sistema renina-angiotensina (importante na regulação da pressão) e modulam a

atividade endócrina, diminuindo a produção das substâncias aldosterona e angiotensina

II. Os dois mecanismos estão na base do processo da hipertensão (Revista ISTO É,

2014)

As fórmulas Herbais Chinesas mais comumente usadas são Shan Zha, Tian

Ma (Gastrodia Rizoma) e Ku Xia Cao (Prunella).

2.6 FITOTERAPIA E O USO DE PLANTAS MEDICINAIS

Fitoterapia é o método de tratamento de doenças pelas plantas

medicinais, de maneira não agressiva, pois estimula as defesas naturais do

organismo. Fito = planta e Terapia = tratamento (REZENDE, 2006).

A Organização Mundial da Saúde define planta medicinal como sendo

“qualquer vegetal que possui, em um ou mais órgãos, substâncias que podem ser

utilizadas com fins terapêuticos ou que sejam precursores de fármacos semi-

sintéticos” (COSTA; MAYWORM, 2011).

A utilização das plantas medicinais pelo povo faz parte da cultura, como

resultado das experiências de gerações passadas, que foram transmitidas por meio

de aprendizagem consciente e inconsciente (PANIZZA, 1997). Segunde Yunes e

Calixto (2001) a utilização de plantas como fonte de medicamentos para o

tratamento de enfermidades que acometem a espécie humana, remonta à idade

antiga.

Certamente, a terapêutica moderna, composta por um grande número de

medicamentos com ações específicas, não teria atingido o grau de desenvolvimento

atual se não fosse o auxílio de produtos naturais. São inúmeros os exemplos de

medicamentos que foram desenvolvidas, diretamente ou indiretamente, de fontes

naturais, especialmente de plantas (YUNES; CALIXTO, 2001).

As plantas medicinais desempenham, portanto, papel muito importante na

medicina moderna. Primeiramente porque podem fornecer fármacos extremamente

importantes, os quais dificilmente seriam obtidos via síntese química. Em segundo

lugar, as fontes naturais fornecem compostos que podem ser levemente

modificados, tornando-os mais eficazes ou menos tóxicos. Em terceiro lugar, os

produtos naturais podem ser utilizados como protótipos para obtenção de fármacos

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com atividades terapêuticas semelhantes a dos compostos originais (TUROLLA;

NASCIMENTO, 2006).

Por meio de plantas medicinais secas ou frescas e seus extratos naturais,

a Fitoterapia trata várias das enfermidades que afligem nosso povo. Chamamos de

plantas medicinais as que têm aplicação consagrada pelo uso médico ou pelo povo,

que constam da Farmacopéia Brasileira (PANNIZZA, 1997). De maneira científica,

Fitoterapia pode ser definida como o estudo e a aplicação dos efeitos terapêuticos

de drogas vegetais e derivados dentro de um contexto holístico, segundo Eldin e

Dunford (2001). É considerado Fitoterápico toda preparação farmacêutica que utiliza

como matéria prima partes das plantas (folhas, caules, raízes, flores, sementes) de

conhecido efeito farmacológico. Quando utilizadas de maneira adequada, as ervas e

plantas apresentam efeitos terapêuticos, ás vezes, superiores ao dos medicamentos

convencionais, com efeitos colaterais minimizados (REZENDE, 2006).

Os medicamentos fitoterápicos são comercializados na forma de extratos

padronizados, sejam eles líquidos, sólidos ou extratos viscosos, preparados

normalmente por maceração ou destilação (YUNES; CALIXTO, 2001).

De um modo geral, os remédios à base de ervas funcionam como os

medicamentos convencionais. Eles contêm grande número de substâncias químicas

que ocorrem na natureza e que atuam dentro do corpo, alterando a química deste.

Diferentemente dos medicamentos purificados, as plantas contêm uma grande

variedade de substâncias e, portanto, menor quantidade de uma determinada

substância química ativa. Isto diminui sua toxicidade. Outro benefício, é que elas

tendem a conter combinações de substâncias que operam em conjunto para

restaurar o equilíbrio do corpo (ROTHFELD; VERT, 2003).

Os medicamentos fitoterápicos são utilizados, de maneira geral, de forma

preventiva, tendo em vista que não possuem ação terapêutica imediata, e por essa

razão não são recomendados nas emergências médicas (YUNES; CALIXTO, 2001).

A fitoterapia popular usa processos de preparação simples que foram

desenvolvidos ou incorporados pela população ao longo dos anos. A esses

processos os farmacêuticos chamam de preparações caseiras. As preparações

caseiras podem não ser tão precisas quanto às farmacêuticas, mas têm suficiente

qualidade para permitir um tratamento de casos simples. Para possibilitar a

utilização correta de plantas medicinais é preciso saber dosar a quantia certa das

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partes a serem usadas, através de uma balança que meça em gramas ou medidas

em colheres de café, chá, sobremesa ou sopa (BOTSARIS, 2006).

Ainda, segundo Botsaris (2006), quando se utiliza plantas medicinais por

via oral o cálculo da dose deve ser feita cuidadosamente, para evitar superdosagem

e suas consequências.

Existem várias maneiras de se preparar as plantas medicinais para uso

por via oral, as principais serão descritas abaixo:

a) INFUSÃO: A infusão nada mais é do que o tradicional chá. É feita com a

colocação de água fervente num recipiente onde estão as plantas medicinais, depois

se deve esperar de 5 a 10 minutos para beber. A vantagem da infusão é por ser fácil

e rápida de fazer. É ideal para uso com flores, folhas e ramos finos. A desvantagem

consiste no baixo aproveitamento das plantas, no caso da extração do princípio ativo

por infusão ser parcial (BOTSARIS, 2006).

b) TÍSANA: É o processo onde se põe a água a ferver e, quando estiver fervendo,

acrescentam-se as ervas e tapa-se novamente. Deixa-se a ervas fervendo por mais

alguns minutos e tira do fogo. Repousa o liquido por alguns minutos, coa-se e está

pronto para o uso.

c) DECOCÇÃO: É o processo de cozimento das plantas medicinais. A preparação é

feita com a colocação das plantas em uma panela adequada, com água suficiente

para cobrir os vegetais, deixando-os sob fogo brando por 15 a 20 minutos. A

decocção não pode ferver. Às vezes faz-se necessário o uso de banho-maria para

evitar a fervura que, caso ocorra, irá degradar os princípios ativos da planta e

prejudicar sua ação. Finalizado o cozimento, o decocco deve ser coado e bebido em

seguida. A vantagem da decocção está no fato da planta ser mais bem aproveitada,

devido sua melhor extração. É uma técnica de emprego restrito, pois muitas

substâncias ativas são alteradas por aquecimento prolongado (BOTSARIS, 2006).

Tanto o infuso quanto o decocto podem ser adoçados, para melhorar o

sabor. Geralmente, recomenda-se o uso de mel, por seu poder curativo.

d) PÓ: Consiste na transformação das plantas medicinais em pequenos grãos, por

meio do processo de moagem. O pó em geral, é considerado uma preparação

oficinal (feita em farmácia). Contudo ele pode ser feito em casa, utilizando um

liquidificador pra este uso exclusivo (BOTSARIS, 2006).

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e) MACERAÇÃO: Deixa-se de molho as ervas em água fria, durante 10 a 24 horas,

dependendo o que se emprega. Folhas, flores, sementes e partes tenras ficam 10 a

12 horas. Talos, cascas e raízes brandas, picados, permanecem de 16 a 18 horas.

Talos, cascas e raízes duras, devem ser picados e permanecer de 22 a 24 horas. O

método de maceração oferece a vantagem de que os sais minerais e as vitaminas

das ervas são aproveitados.

2.6.1 CUIDADOS PARA OBTENÇÃO DAS PLANTAS MEDICINAIS

Devemos ter cuidados quanto à planta que estamos utilizando no preparo

caseiro ou, até mesmo, numa produção industrializada. Não é toda parte e qualquer

planta que pode ser utilizada, mesmo fazendo parte da espécie indicada. Existem

diversos fatores que devemos ter cuidado, pois uma planta pode ser contaminada

por fungo, material químico etc. Sabe-se que muitas plantas medicinais apresentam

substâncias que podem desencadear reações adversas, seja por seus próprios

componentes, seja pela presença de contaminantes ou adulterantes presentes nas

preparações fitoterápicas, exigindo um rigoroso controle de qualidade desde o

cultivo, coleta da planta, extração de seus constituintes, até a elaboração do

medicamento final (CARVALHO, 2012).

Para obtenção de plantas medicinais de alto valor biológico, qualidade e

com teor adequado de princípio ativo, devemos adotar uma série de práticas

agrícolas que proporcionem tal fato. Dentre estas, destacam-se:

a) Autenticação botânica da espécie empregada: Para esta etapa,

necessita-se de um especialista em Botânica, que possa classificar a

planta em gênero e espécie. A grande maioria das plantas medicinais

apresenta variações entre espécies e intra espécies. Neste caso,

também se deve atentar quanto às sementes empregadas e o material

de propagação (CARVALHO, 2012).

b) Partes das plantas utilizadas: As partes a ser usadas podem diferir

quanto á composição fitoquímica e propriedades farmacológicas. Deste

modo é importante definir qual a parte a ser utilizada, seja a folha, a

casca do caule, a raiz, as flores (CARVALHO, 2012).

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c) Fatores ambientais: A qualidade do material vegetal a ser coletado

pode ser modificada pelo clima, altitude, fertilidade do solo, emprego

de pesticidas, etc (CARVALHO, 2012). O solo deve ser isento de

contaminações por metais pesados ou agrotóxicos. A adubação deve

atender as exigências de cada cultura. A água também deve ser isenta

de contaminação química e biológica, e o sistema de irrigação deve

respeitar as características do solo (MORAIS et al, 2011).

d) Condição da colheita: O ciclo de crescimento afeta a composição

fitoquímica das plantas. É importante estabelecer para cada espécie

vegetal o momento apropriado de colheita, avaliar as condições de

armazenamento do material vegetal e sua importância na qualidade e

preparo do extrato (CARVALHO, 2012). A colheita faz-se no estágio de

maior teor de princípio ativo, com tempo seco e após a seca do

orvalho. O local de armazenamento deve ser seco, escuro e arejado,

com piso e paredes de fácil limpeza. O produto embalado deve ficar

sobre estrados de madeira e longe das paredes, evitando absorver a

umidade (MORAIS et al, 2011).

e) Contaminação por outros materiais: As plantas medicinais que servirão

como base para a preparação do fitomedicamento ou do preparado

caseiro, devem ser de excelente qualidade e estar livre de insetos,

cogumelos, excreta de animais, bactérias, endotoxinas, micotoxinas,

pesticidas e metais tóxicos, como manganês, urânio, cádmio, entre

outros (CARVALHO, 2012).

f) Padronização: Sabe-se que algumas plantas podem possuir centenas

de constituintes, alguns deles presentes em concentrações mínimas. O

teor dos constituintes presentes na planta varia consideravelmente em

função de fatores externos (temperatura, luminosidade, umidade, parte

da planta usada, nutrientes do solo, secagem, transporte, etc). Cada

um dos fatores pode afetar diretamente a qualidade da matéria prima

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vegetal, o produto final e a eficácia clínica dos medicamentos

fitoterápicos (CARVALHO, 2012).

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3 DISCUSSÃO

Para este estudo, foram selecionadas as plantas e fitoterápicos que mais

apareciam nos estudos, trabalhos científicos e livros analisados, que condiziam com

a diminuição da Pressão Arterial. Na cultura popular, existem diversas plantas e

formas de administração oral que são usadas para tal distúrbio (Síndrome, conforme

a MTC), mas que não tem comprovação científica quanto a sua eficácia na redução

da pressão arterial, e tantas outras que não fazem efeito algum sobre a HAS, mas

como são culturais, muitas pessoas continuam usando e indicando.

As plantas que comumente apareciam no material selecionado, são a

Melissa officinalis L., Allium sativum L., Cimbopogon citratus Stapf, Sechium edule

(Jacq.) Sw., Equisetum arvense L., Eugenia uniflora L., Gingko biloba, Cecropia

pachystachya Trécul., Alpinia speciosa Schum, Rosmarinus officinalis L., Lippia Alba

N. E. Brown e Pimpinella anisum L. Dentre estas plantas, algumas são confundidas

na cultura popular, devido á semelhança entre espécies, portanto nem todas

exercem a mesma função ou tem os mesmos componentes bioativos. O quadro

abaixo divide as plantas encontradas abaixo com o seu respectivo(s) nome(s)

encontrado(s) na população.

ESPÉCIE NOME POPULAR

Allium sativum L. Alho

Alpinia speciosa Schum Colônia, jardineira

Cecropia pachystachya Trécul.

Cecropia hololeuca Miq.

Cecropia glaziovi Snethl.

Embaúba, imbaúba,

umbaúba, ambaíba, pau-de-preguiça,

árvore-da-preguiça, pau-de-lixa

Cimbopogon Citratus Stapf. Capim limão, capim santo

Equisetum arvense L. Cavalinha, rabo-de-cavalo,

erva-carnuda.

Eugenia uniflora L. Pitanga

Ginkgo biloba Gingko

Lippia alba N. E. Brown Erva-cidreira, salsa, sálvia,

alecrim do campo

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Melissa officinalis L. Melissa, erva-cidreira

verdadeira, cidreira, citronela menor

Pimpinella anisum L. Erva-doce, anis

Rosmarinus officinalis L. Alecrim, erva-da-graça

Sechium edule (Jacq.) Sw. Chuchu, chuchu-branco

A atividade sobre a pressão arterial de algumas plantas medicinais é

devido à presença de metabólitos secundários, conhecidos também como princípios

ativos. Os princípios ativos são substâncias que a planta sintetiza e armazena

durante seu crescimento, e geralmente em uma mesma planta encontram-se vários

componentes ativos, dos quais um ou um grupo determinam a ação principal ou

atividade farmacológica.

O Allium sativum L., conhecido popularmente como alho é uma das

plantas mais usadas no controle da hipertensão arterial por populares. É uma planta

originária da Ásia Central, da família do Lírio, onde apenas o bulbilho (dente) tem

aplicação culinária e medicinal.

O conjunto de compostos de enxofre, principalmente a alicina, que tem

efeito vasodilatador, seriam os responsáveis pelo efeito hipotensivo do Allium

sativum, planta mais citada pelas literaturas com atividade sobre a PA. No entanto,

os frutosanos, mediante seu efeito diurético, atuariam como coadjuvantes (

TEIXEIRA, 2012). Possuem ainda a aliina como composto sulfurado, além de sais

minerais e vitaminas.

O alho pode ser usado por meio de infusão, maceração ou em forma de

pó. Recomenda-se seu uso para HAS, amassando um dente de alho em meio copo

de água potável, deixando em maceração durante a noite. Bebe-se em jejum, ao

levantar (PANIZZA, 1997). Pode-se ainda, utilizar uma colher de chá da tintura em

meio copo de água três vezes ao dia ou comer dois dentes de alho pela manhã. Seu

uso é contra indicado para hipotensos, e não deve ser ingerido em grande

quantidade por lactantes. Doses elevadas podem provocar tonturas, vômito, diarréia,

cólica intestinal, cefaléia e gastralgia.

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Figura 1: A) Allium Sativum L. Fonte: Internet, www.homeopathyandmore.com http://auntiedogmasgardenspot.wordpress.com/

http://bioweb.uwlax.edu/bio203/

A Alpinia speciosa Schum (pode ser encontrada na literatura científica

com a sinonímia de Alpinia zerumbet,(Pers.) B.L.Burt. et R.M), são popularmente

conhecidas como Colônia, e são muito empregadas para controle da hipertensão

arterial. Ela é uma herbácea rizomatosa, vigorosa, entouceirada, originária da China

e do Japão. Suas folhas coriáceas e espessas possuem estrias branco-amareladas;

são lanceoladas, oblongas e bem compridas. Não toleram geadas e multiplicam-se

por divisão de touceira, em qualquer época do ano (LORENZI; MELO- FILHO,

2001).

A colônia (também conhecida por jardineira) contém alguns flavonóides

que têm ação anti-hipertensiva e alguns princípios que apresentam ação ansiolítica

e sedativa (OLIVEIRA; ARAÚJO, 2007). O efeito anti-hipertensivo da colônia ocorre

por diversos mecanismos de ação, envolvendo diferentes substâncias químicas. A

atividade hipotensora do óleo essencial pode ser devido à ação direta sobre o

músculo liso vascular. O terpineol bloqueia o influxo de íons cálcio nos canais,

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enquanto a catequina e a epicatequina têm ação direta na musculatura lisa vascular

e os alcalóides conferem ação diurética. Possui ainda outros princípios ativos. (RIO

DE JANEIRO, 2010; MORAIS et al, 2011)

A colônia pode ser utilizada por meio de infusão ou por meio de tintura

(fitoterápico feito em casa ou comprado na farmácia). As partes utilizadas são o

rizoma (sem raiz), folha e flor. Estudos farmacológicos comprovaram a ação anti-

hipertensiva, quando as folhas são utilizadas na forma de infusão tomada durante

todo o dia e mantida na geladeira. Recomenda-se que o número de folhas pode

chegar até três para um litro de água por dia, tomando cuidado para não aumentar

muito o número de folhas utilizadas para não diminuir excessivamente os valores da

pressão. A tintura deve ser utilizada adicionando 10 ml dela diluídos em 1/2 de copo

d’água, tomada três vezes ao dia. Consumo por longos períodos pode produzir

efeitos indesejáveis e recomenda-se alternância mensal do tratamento. Sua

utilização por gestantes é contra-indicada (OLIVEIRA; ARAÚJO, 2007).

A) B)

C)

Figura 2: A) Alpinia Speciosa Schum; B) A. Zerumbet, árvores sinonímias, com folhagens diferentes. C) Flor da Alpínia Speciosa. Fonte: Internet.

https://www.flickr.com/photos/ http://flordeisabelly.webnode.com.br/ http://ic.dantas.fotoblog.uol.com.br/

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A Cecropia pachystachya Trecul. e suas espécies similares (Cecropia

hololeuca Miq., ou Cecropia glaziovi Sneth) popularmente conhecidas como

Embaúba (Embaúva, etc), pertencem à família Cecropiaceae, porém são árvores de

mesma espécie mas, de gêneros diferentes. A Cecropia Pachystachya Trec.tem o

tamanho médio, entre 4 e 7 metros de altura, folhas divididas entre 9 a 10 lobos,

separados até o pecíolo, com face superior áspera e inferior microtomentosa. É uma

espécie dióica, e florence entre os meses de setembro e outubro. A Cecropia

hololeuca Miq. é uma árvore que atinge entre 6 e 12 metros de altura, possuem

folhas peltadas de 60-80 cm de diâmetro, são profundo lobadas (6 a 10 lobos) com

as faces cobertas por denso tomento níveo. Também é dióica, porém florescem em

mais de uma época do ano, com maior intensidade entre os meses de outubro-

janeiro (LORENZI; MELO- FILHO, 2001).

Segundo estudos encontrados na literatura, a Embaúba possui ação

hipotensora, diurética e moduladora dos canais de cálcio voltagem dependentes. O

extrato das folhas inibe a enzima conversora de angiotensina (ECA) por ação

conjunta das flavonas (isovitexina) e procianidinas (REUTER; GARCIA, 2010). Além

disso, tem ação inibitória do influxo de íons cálcio e ação agonista sobre os

receptores β-adrenérgicos, responsáveis pelo efeito hipotensor encontrado nessa

planta. O extrato aquoso alterou o inotropismo do coração (Aumenta a energia do

músculo cardíaco sem multiplicar os batimentos do coração) (RIO DE JANEIRO,

2010). Outros estudos farmacológicos demonstraram efeito depressor central,

antidepressivo e ansiolítico determinado pelo extrato aquoso. Estudos científicos

comprovaram os usos medicinais das embaúbas, tradicionalmente realizados

através do chá das folhas secas caídas. Trata-se de um decocto feito com cerca de

20g de folhas secas (1 ou 2 folhas), em ½ litro de água, tudo fervido por 10 minutos.

O preparado então é deixado em geladeira e tomado na dose de uma xícara de chá

de 1 a 3 vezes por dia. Pode ser tomada em forma de tintura também, tomando-se 5

a 10 ml, 3 vezes ao dia, diluídos em 1/2 copo d’água.

Porém como foi observado na literatura, não há um consenso sobre qual

das espécies tem ação hipotensora e se ambas possuem, pois não é por serem da

mesma espécie que os componentes bioativos serão os mesmos. Isto dificulta a

recomendação quanto ao uso caseiro desta planta no auxilio ao combate da HAS.

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A) B)

C) D)

E)

Figura 3: Variedades de Cecropia: A) Pachystachya, B) Hololeuca e C) Glaziovi; D) e E) folhas.

Fonte: Internet. http://arvores.brasil.nom.br https://www.flickr.com/

http://www.ufrgs.br/fitoecologia/ http://cheirinhodemato.blogspot.com.br/

O Cimbopogon Citratus, também conhecido como Capim-limão, Capim-

santo ou Erva-cidreira, é uma planta pertencente à família Poaceae, uma das

maiores famílias essencialmente herbáceas, denominadas genericamente de

gramíneas. Erva perene, cresce formando touceiras de até 1 metro ou mais de

altura, com rizomas curtos; possui folhas finamente estriadas, ásperas e com

margens cortantes, de coloração verde-pálida (PANIZZA, 1997). Apresentam odor

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aromático agradável, característico de limão; sabor aromático e ardente, que

desaparece quando as folhas ficam secas.

O capim-santo (ou capim-limão) apresenta ação calmante e

antiespasmódica suave. O infuso, recém preparado das folhas frescas ou secas é a

maneira mais corriqueira de uso. O chá pode ser consumido à vontade, pois o

capim-santo é totalmente desprovido de toxidez. No Brasil a principal indicação de

seu uso é para crises nervosas, mas alguns estudos apontam uma ligeira ação

diurética da planta, sendo útil para a redução dos valores da PA, sendo que o

mecanismo de ação não foi devidamente esclarecido (OLIVEIRA; ARAÚJO, 2007).

Porém acredita-se que induz hipotensão possivelmente devido à redução da

resistência vascular, que pode ser causada por inibição do influxo de cálcio. Possui

óleo essencial rico (citral), além de alcalóides, saponinas, cumarinas e flavonóides

como bioativos. Acredita-se que sua ação calmante seria um dos fatores

responsáveis pela redução nos valores pressóricos (PANIZZA, 1997).

Figura 4: Cymbopogon Citratus. Fonte: Internet. http://gernot-katzers-spice-pages.com

http://www.tuninst.net/ https://aromaticscience.com/

http://www.np-d.com/

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A Equisetum arvense, também conhecida como Cavalinha (ou rabo-de-

cavalo, lixa-vegetal, erva-carnuda) é uma planta da família das Equisetaceas,

originária da Europa. Trata-se de uma herbácea perene, de rizoma horizontal, sobre

o qual se desenvolvem dois tipos de caules aéreos; os férteis, que são

acinzentados, nascem no final do inverno e terminam em espigas de 10 a 20 cm de

altura e os estéreis, que são verdes, de 20 a 80 cm de altura, aparecem no verão e

secam no inverno. Ambos são finos, ocos, em formato de cana e articulados. A

Cavalinha não produz flores e se propaga por meio de esporos. Tem sabor e odor

fraco, levemente salgado (PANIZZA, 1997).

O conteúdo de sais de potássio, flavonóides, equisetonina e ácido gálico

possuem ação sinérgica, proporcionando uma atividade diurética suave. Com a

utilização de cavalinha há um aumento de 30 % da diurese, sem alterações de

parâmetros hematológicos. O efeito é considerado do tipo volumétrico-natriurético,

sem produzir aumento da excreção de eletrólitos. Esta ação remineralizante é

atribuída aos ácidos silícicos, que também são importantes na manutenção da

substância fundamental do tecido conjuntivo (colágeno), aumentando a elasticidade

e resistência dos tecidos. As propriedades diuréticas observadas com a utilização de

cavalinha tornam-o uma importante alternativa de tratamento em casos que há

necessidade de um efeito diurético suave (REUTER; GARCIA, 2010). Possui

mecanismo de ação tão eficaz em estimular a diurese quanto a Hidroclorotiazida,

uma vez que possui efeito semelhante no volume urinário, na excreção de potássio

e cloreto (MAIA et al, 2011). Toma-se sob forma de infusão, colocando 5 g do caule

(aproximadamente 1 colher de sopa) em 100 ml de água fervente, por 10 minutos.

Deixa-se descansando abafada por 15 minutos e côa para beber. Orienta-se de 1 a

3 xícaras por dia (REUTER; GARCIA, 2010).

A Eugenia uniflora L., conhecida como Pitangueira (Pitanga, Ubipitanga,

Ibipitanga), dicotiledônea da família Myrtaceae, de origem brasileira é uma árvore

pequena (2 a 4m normalmente), de tronco tortuoso e de casca fina. Possui

ramificação densa e fina; as folhas são delicadas, opostas, de formato oval

alongadas, com nervuras; as flores são miúdas, de cor branca, com sépalas

alongadas e hast es compridas. O fruto (pitanga) é uma baga globosa e achatada,

canelada ou em gomos, com cálice persistente e quando maduros exibem uma

coloração vermelha (LORENZI, 2000; PANIZA, 1997).

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Figura 5: Equisetum arvense. Fonte: Internet. http://www.botanicalgarden.ubc.ca

http://en.wikipedia.org/wiki/Equisetum_arvense http://commons.wikimedia.org/wiki

Fitoterapicamente, a Eugenia uniflora L. é usada em forma de macerado,

onde se utiliza suas folhas para isto. Estudo sugere que seu uso empírico como

hipotensor é mediado por uma atividade vasodilatadora direta e um fraco efeito

diurético que poderia estar relacionado a um aumento do fluxo sanguíneo renal. Não

se sabe ao certo qual o princípio ativo responsável pelo efeito hipotensor, porém

encontramos dentre eles o óleo essencial (composto por cineol, geraniol e

citronelol), taninos, vitamina C, flavonóides e antocianina. Sua posologia é

recomendada a maceração, colocando 2 colheres de sopa de folhas fatiadas em 1

xícara de chá de álcool de cereais a 70% por uma semana. Após isto se côa e toma

10 gotas (ou 1 colher de café) diluído em um pouco de água, 2 vezes ao dia

(PANIZA, 1997).

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Figura 6: Eugenia uniflora. Fonte: Internet.

http://www.arvores.brasil.nom.br/new/pitanga/index.htm

A Gingko biloba L. (também conhecida como árvore-avenca, árvore-dos-

quarenta-escudos, árvore-dos-templos) é a planta mais utilizada e a que tem mais

estudos sobre sua eficácia em diversos casos e patologias. É também utilizada no

tratamento da HAS, como coadjuvante. Planta de grande força e resistência foi a

única espécie á sobreviver as explosões atômicas no Japão, sendo por isso

considerada um fóssil vivo. Pertencente á família Gingkoaceae, oriunda da China, a

Gingko Biloba é uma planta primitiva, de grande porte, caducifólia e dióica, com

folhas simples agrupadas em ramos laterais, com lâmina em forma de leque e

inervação dicotômica. As flores macho e fêmea crescem em árvores diferentes. Os

frutos de forma oval e suspensos crescem em grande abundância nas árvores

fêmea e amadurecem no Outono (LORENZI et al, 2003).

Com relação ao tratamento da HAS, suspeita-se que a Ginkgo biloba

contenha ingredientes ativos ligados à redução da pressão arterial. Os ingredientes

eficazes da erva ginkgo biloba são flavonóides químicos e terpenóides, também

conhecidos como antioxidantes. O bilobalido terpenóide, um componente de ginkgo

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biloba é um antioxidante que tem a capacidade de proteger as mitocôndrias. Em

termos de nosso sistema cardíaco, estes ingredientes ajudam a livrar o sangue de

radicais livres prejudiciais ligados a problemas cardíacos diferentes, incluindo

hipertensão. Uma das maneiras que a Ginkgo biloba pode ajudar a tratar pressão

alta é limitando a aterosclerose, ou endurecimento das artérias. Sua posologia

consiste no uso de extrato seco (fitoterápico industrializado), normalmente de 40mg,

por 2 ou 3 vezes ao dia, ou extrato fluido 0,5ml 3 vezes ao dia (LORENZI; MATOS,

2008).

Existem inúmeros estudos sobre as interações envolvendo o Ginkgo,

porém, não conclusivos, além de que alguns demonstram resultados contraditórios e

também quanto a sua eficácia na Hipertensão. Suspeita-se ainda, que doses

elevadas de Ginkgo biloba poderão elevar a P.A. quando administrado com

alimentos (com elevados níveis de proteína ou em conservas) que tenham tiramina.

Figura 7: Gingko biloba. Fonte: Internet. http://www.onlinetrees.com.au/p/4100690/gingko-biloba---maiden-

hair-tree-ginko-tree-.html http://mr-ginseng.com/ginkgo-biloba/

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A erva-cidreira [Lippia alba (Mill.) N.E.Brown] é uma espécie nativa

utilizada como planta medicinal em todo o Brasil. A Lippia alba N. E. Brown, é

comumente confundida com outras espécies devido á sua nomina popular (com a

Melissa officinalis L. e Cymbopogon citratus (DC.) Stapf, principalmente).

Pertencente à família Verbenaceae, esta planta é um subarbusto de morfologia

variável, alcançando até um metro e meio de altura (raramente dois metros),

apresenta ramos finos, esbranquiçados, arqueados e quebradiços, portando de

folhas opostas, elípticas de largura variável, com bordos serrados e ápice agudo. As

flores estão reunidas em inflorescência capituliformes de eixo curto que apresentam

dois diferentes tamanhos. A erva-cidreira quimiotipo I (citral e mirceno) tem folhas

ásperas, grandes e inflorescência com até 8 flores linguladas externas em torno de

um amplo conjunto de flores ainda fechadas. Na erva-cidreira quimiotipo II (citral e

limoneno) e III (carvona e limoneno), as folhas são menores e macias, as

inflorescências são menores que o tipo I, com um pequeno disco central de flores

ainda não desenvolvidas rodeado por apenas três a cinco flores linguladas. As

folhas são inteiras, opostas, de bordos serreados e ápice agudo, de 3-6 cm de

comprimento. Flores azul-arroxeadas, reunidas em inflorescências axilares

capituliformes de eixo curto e tamanho variável. Os frutos são drupas globosas de

cor róseo-arroxeada (LORENZI; MATOS, 2008).

A Lippia alba é utilizada em forma de chás, macerada, em compressas,

banhos ou extratos alcoólicos, por causa das propriedades farmacológicas dos seus

constituintes ativos, dentre eles o óleo essencial. Os óleos essenciais são

produzidos nas três vias do metabolismo secundário: chiquimato (compostos

aromáticos), mevalonato (derivados dos terpenóides) e malonato (ácidos graxos

saturados e insaturados, os polifenóis e os poliacetilenos), principalmente nas duas

últimas. Estes são constituídos principalmente de terpenos (monoterpenos e

sesquiterpenos)

A diversificação no uso de fitoterápico desta espécie está relacionada

com a composição química/ quimiotipo do óleo essencial, resultante da interação

entre as características genéticas da planta e das condições ambientais. Os

principais quimiotipos encontrados em L. alba são citral, citral-mirceno, citral-

limoneno, carvonalimoneno e linalol. Plantas de Lippia de quimiotipos citral-mirceno,

citral-limoneno têm sido bastante utilizadas no Brasil, na forma de chá das folhas

frescas, às quais têm sido atribuídas ações calmante, espasmódica, analgésica,

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sedativa e ansiolítica. O citral é um dos principais componentes do óleo essencial

(JANNUZZI et al, 2011). Com referência à ação hipotensora da erva cidreira nada foi

encontrado na literatura pesquisada, mas podemos supor, que a redução da pressão

arterial poderia ocorre em virtude da ação calmante que a erva apresenta através de

uma vasodilatação, já que é sabido que estados de estresse ou nervosismo

influenciam na elevação da pressão arterial.

Figura 8: Lippia Alba. Fonte: Internet. http://praticascomplementaresasaude.blogspot.com.br/

http://espacodosol.com/blog http://farmaciavivaceara.blogspot.com.br

A Melissa officinalis L., também chamada de Melissa ou cidreira

verdadeira, erva-cidreira, citronela menor, (muitas vezes confundida com a Lippia

alba N. E. Brown) é uma planta nativa da Europa. São plantas perenes, herbáceas

vivaz, aromáticas, eretas com caules ramificados desde sua base. Suas folhas são

verde claro, pecioladas, opostas, ovais, pilosas, com margem serrada e nervuras

salientes. Possuem flores axilares com coloração creme, porém quando adultas

mantém coloração brancas rosadas ou brancas manchadas de rosa (PANIZA,

1997).

São utilizadas a folha e o ramo floral para uso medicinal. Entre os

inúmeros compostos que foram isolados a partir do extrato de Melissa officinalis, os

mais importantes são os compostos polifenólicos (ácido rosmarínico e ácido cafeico),

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óleos essenciais (citral citronelal, citronelol, pineno, limoneno, linalol e geraniol),

aldeídos monoterpenóides, sesquiterpenos, flavonóides (luteolina) e taninos

(PANIZA, 1997). A principal característica terapêutica da planta é como calmante,

atuando no sistema nervoso central (SNC) através da modulação de processos

cognitivos e do humor, além de alterar movimentos espontâneos. Acredita-se que

ela causa vasodilatação periférica ocasionando diminuição da PA. Utilizada sob

forma de infusão, sua posologia consiste em tomar uma colher de sopa de folhas

frescas picadas para 200ml de água fervente. Toma-se de 50 a 200 ml/dia (MORAIS

et al, 2011; PANIZA, 1997).

.

Figura 9: Melissa oficinallis. Fonte: Internet. http://commons.wikimedia.org/wiki/

http://commons.wikimedia.org/wiki http://capimcidrera.blogspot.com.br/

A Pimpinella anisum, popularmente chamada de erva-doce (ou Anis), é

uma planta da família das Apiaceae que tem sua origem no Egito e na Grécia. Trata-

se de uma herbácea, de caule ereto, delgado e bastante ramificado. As folhas

inferiores são inteiras, denteadas, longamente pecioladas, que abraçam o caule, e

as superiores são filamentosas, com pecíolo curto. as flores são pequenas,

esbranquiçadas, terminais e se apresentam em cachos, no formato de guarda-

chuva. O fruto-semente é pequeno, oval alongado e achatado (PANIZA, 1997).

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Usa-se o fruto-semente na preparação fitoterápica. A erva doce possui

como princípios ativos óleo essencial (anetol), óleo fixo, proteínas, açucares e

cumarinas.

A erva-doce possui propriedades antiespasmódicas, inibidora da

fermentação intestinal e carminativa. Estudos recentes desvendaram novas e

importantes atividades atribuídas, e constataram a ação broncodilatadora do óleo

essencial e dos extratos etanólicos e aquosos desta planta que apresentaram forte

atividade antioxidante e notável ação antibacteriana para bactérias Gram positivas e

Gram negativas. Além disso, foi comprovado que o óleo essencial desta planta pode

reduzir os efeitos causados pelo uso da morfina (NASCIMENTO et al, 2005).

Apesar de tantos efeitos comprovados da ação da planta, não existe nada

na literatura que explique o uso da erva-doce como auxiliar no tratamento da

hipertensão arterial. Trata-se, por enquanto, de uma crendice popular, devido às

propriedades calmantes e relaxantes que a erva possui.

Figura 10: Pimpinella anisum. Fonte: Internet. http://gernot-katzers-spice-pages.com/engl/

http://articles.grandmasherbs.com/articles/ http://www.lvpeyzaj.com/foto.asp?id=11

A Rosmarinus officinallis L., conhecida popularemente como Alecrim, é

nativo da região do Mediterrâneo. Apresenta-se como uma planta pequena, de porte

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subarbustivo e ramoso. Caule lenhoso, ereto, muito ramificado, pode atingir até 2 m

de altura; suas folhas são finas, lineares e aromáticas, medindo 1,5 a 4 cm de

comprimento por 1 a 3 mm de espessura; as flores são pequenas, possuem

coloração azul-clara, rosada ou branca de aroma forte e agradável (MORAIS et al,

2011).

São usadas suas folhas e flores para infusão. Popularmente usada no

tratamento da HAS, não tem comprovação científica quanto sua eficácia. Pode ser

relacionada ao aumento de potássio (K+) livre e ao potencial antioxidante, que pode

ser correlacionado a estabilização das membranas dos eritrócitos e inibição da

produção de superóxido dismutase (SOD) e da peroxidação lipídica. Acredita-se que

por seu aumento da diurese, ajude a diminuir a pressão arterial, porém, em alguns

estudos não é indicada para indivíduos hipertensos. Possui como princípios ativos o

óleo essencial, diterpeno, taninos, colina, saponina ácida, flavonóides, dentre outros.

Utilizado em altas dosagens pode ser tóxico, e assim causar aborto, sonolência,

espasmo, gastrenterite, irritação nervosa e em grandes doses, a morte (LORENZI;

MATOS, 2008). A posologia indicada para infuso é de 20g de planta para 2 litros de

água, com ingestão de 2 a 3 xícaras ao dia.

Figura 11: Rosmarinnus oficinallis. Fonte: internet. http://www.internatura.org/guias/plantas/romero.html

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O chuchuzeiro, cientificamente conhecido como Sechium edule Schwartz

Dicotyledonae, da família Cucurbitaceae, também conhecido como caxixe, é

originário, provavelmente, da América Central (México) e cultivado em países de

clima quente em regiões tropicais e sub-tropicais. O Sechium edule é planta

trepadeira que pode produzir por vários anos; possui ramas longas com até 15m de

comprimento, onde apresentam gavinhas para sustentação no lugar onde trepa; das

ramas saem folhas numerosas com formato de coração. As flores são amareladas e

separadas em femininas e masculinas, distintas na mesma planta; a fecundação da

flor é totalmente dependente da polinização de abelhas silvestres. O fruto - chuchu -

é suculento com forma alongada, cor branco-creme, verde-claro ou verde-escuro,

liso ou enrugado, com ou sem espinhos. Existem 3 grupos básicos (tipos) de

chuchuzeiros segundo a coloração do fruto, podendo ser branca ou creme, verde-

claro e verde-escuro.

Possui como princípios ativos Saponinas e Polifenóis (flavonóides). Tem ação

diurética, seu fruto é rico em potássio. Em testes pré-clínicos, a polpa e a casca dos

frutos levaram a uma diminuição da pressão arterial, e fornecem evidências que

podem explicar sua utilização popular com esta finalidade. (BARROS et al, 2007).

Na medicina caseira, cozido sem sal, é indicado principalmente para hipertensos,

para problemas renais ou de bexiga. Recomenda-se, o infuso de chuchu da seguinte

maneira: ferva 4 folhas em 1 litro de água durante 10 minutos e reserve; em seguida

coe e deixe esfriar. Tomar durante o dia.

Figura 12: Sechium edule. Fonte: Internet. http://stuartxchange.com/Sayote.html http://zoom50.wordpress.com/2010/09/27/chayotemirliton-sechium-edule/

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De acordo com o levantamento literário realizado, foi observado que a

hipertensão arterial sistêmica é uma doença que aflige o mundo todo, sendo uma

doença crônica, silenciosa, de causas multifatoriais. Interessante é a diferença dos

pontos de vista sobre a mesma “patologia”, entre a medicina ocidental e a medicina

tradicional chinesa, quanto ao seu diagnóstico. Na medicina ocidental, hipertensão

arterial é uma doença crônica determinada por elevados níveis de pressão

sanguínea nas artérias, o que faz com que o coração tenha que exercer um esforço

maior do que o normal para fazer circular o sangue através dos vasos sanguíneos.

Na maioria das pessoas, a doença aparece porque é herdada dos pais ou por

hábitos de vida inadequados que influenciam para que a hipertensão se desenvolva.

Na linguagem da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), não há diagnóstico

para hipertensão e pressão alta. Geralmente, o padrão é sintomático, causado por

deficiência de yin e/ou yang do fígado e/ou do rim. Há também, casos de restrição

emocional que podem levar ao sobreaquecimento do fígado, resultando em padrões

deste em excesso. Raiva e medo são problemas emocionais que podem levar a uma

desarmonia e gerar uma lesão na energia destes órgãos, causando sintomas de

desordens hepáticas ou renais, como vertigem, cefaléia, irritabilidade.

Foi observado também que existem inúmeras plantas e ervas medicinais

usadas no combate á hipertensão arterial sistêmica, porém muitas sem alguma ou

nenhuma comprovação científica. Várias, ainda, não se sabem os princípios ativos

existentes e quais destes beneficiariam no combate á HAS.

Diversas plantas brasileiras são utilizadas pela população há várias

gerações, passando os ensinamentos ou crendices de pai para filho, para todo e

qualquer tipo de enfermidade e doença existente. O uso das ervas prometem saúde

e vida longa, com base no argumento de que plantas são seguras e a crença de que

o natural não é prejudicial à saúde. Deve se lembrar que poucas plantas apresentam

seu registro de forma adequada, e muitas vezes não estão em boas condições de

plantio, armazenamento, embalagem e consumo.

Dentre as plantas relatadas nesta pesquisa, apenas seis tem sua ação

científica comprovada sobre o controle da HAS, possuindo ação diurética,

vasodilatadora, ou com ação sobre os canais de cálcio (Allium sativum L., Alpinia

speciosa, Cecropia pachystachya, Equisetum arvense L., Eugenia uniflora L.,

Melissa oficinalis e Sechium edule). As outras plantas relatadas fazem parte da

crendice popular, porém em algumas se nota efeitos (diuréticos, vasodilatadores,

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calmantes, moduladoras de canais) diretos ou coadjuvantes sobre a HAS, porém

ainda sem comprovação científica.

É importante ressaltar que há muitas interações que podem ocorrer,

principalmente entre as próprias plantas medicinais/ fitoterápicos e medicamentos

alopáticos. Plantas medicinais podem desencadear reações adversas pelos seus

próprios constituintes, devido a interações com outros medicamentos ou alimentos,

ou ainda relacionados a características do paciente (idade, sexo, condições

fisiológicas, características genéticas). Erros de diagnóstico, identificação incorreta

de espécies de plantas e uso diferente da forma tradicional podem ser perigosos,

levando a superdose, inefetividade terapêutica e reações adversas. Além disso, o

uso desses produtos pode comprometer a eficácia de tratamentos convencionais,

por reduzir ou potencializar seu efeito (BALBINO; DIAS, 2010).

Agravando ainda mais a situação, aproximadamente metade dos

consumidores que utilizam plantas medicinais não avisam ao seu médico. (VEIGA-

JÚNIOR; PINTO, 2005)

A utilização inadequada de determinado fitoterápico ou droga vegetal

mesmo de baixa toxicidade, pode induzir distúrbios graves desde que pré-existam

outros fatores de risco tais como contra-indicações ou uso concomitante de outros

medicamentos (SILVEIRA et al, 2008).

A administração concomitante entre as plantas medicinais ou com

fitoterápicos pode alterar os níveis de respostas aos receptores específicos, que são

responsáveis pelos efeitos desejáveis, provocando a ampliação ou redução do efeito

farmacológico esperado devido ao sinergismo ou antagonismo.

A indicação do uso de plantas no combate à hipertensão deve ter

embasamento científico, para que o indivíduo não seja prejudicado. Ao utilizar uma

planta medicinal, é necessário saber identificá-la, conhecer-lhe a composição

química, as contra-indicações, a dosagem adequada, a via correta de administração

e o horário em que foi colhida, uma vez que esses cuidados podem interferir no

princípio ativo e, conseqüentemente, no efeito esperado (SOUZA et al, 2010). Como

foi observado na literatura, não há um consenso sobre qual das espécies tem ação

hipotensora e quais possuem certa eficácia. Isto dificulta a recomendação quanto ao

uso caseiro de certas plantas no auxilio ao combate da HAS.

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4 CONCLUSÃO

É expressivo o número de plantas medicinais que causam alteração na

pressão arterial e apesar de poderem oferecer tratamento para a HAS, elas também

podem trazer efeitos adversos, com conseqüências graves aos usuários de

fitoterápicos ou preparados caseiros. Porém, como não são bem conhecidos os

componentes bioativos de certas plantas utilizadas pela população, seus reais

efeitos e seu potencial de ação, isto pode causar efeitos adversos, principalmente se

associado a outros compostos bioativos e medicamentos alopáticos. O presente

estudo permitiu-nos concluir que se faz necessária uma maior pesquisa quanto aos

reais benefícios de certas plantas medicinais, seus princípios ativos, a dosagem

ideal, a melhor forma de utilização, observando também os possíveis efeitos

colaterais e o uso concomitante aos medicamentos alopáticos e homeopáticos.

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TEIXEIRA, K. Plantas Medicinais que Podem Causar Alteração na Pressão Arterial e interação com Anti-Hipertensivos. 2011, p.33. Monografia (Graduação Farmácia). UNESC- Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma-SC. Criciúma, 2012.

TOLEDO MM, RODRIGUES SC, CHIESA AM. Educação em saúde no enfrentamento da hipertensão arterial: uma nova ótica para um velho problema. Texto & Contexto Enfermagem, Florianópolis. v.16, n.2, p. 233-8, Abr./Jun. 2007

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ANEXO

REVISÃO DAS FIGURAS

Allium sativum L.

www.homeopathyandmore.com

http://auntiedogmasgardenspot.wordpress.com/tag/allium-sativum/

http://bioweb.uwlax.edu/bio203/s2008/gallant_kirk/

Acessados em sexta, 19 de julho de 2013, 20:03:19

Alpinia Speciosa Schum. e Alpinia Zerumbet

https://www.flickr.com/photos/olvwu/3469490298/

http://flordeisabelly.webnode.com.br/plantas-semi-sombra/

http://ic.dantas.fotoblog.uol.com.br/photo20040312205713.html

Acessados em sexta, 19 de julho de 2013, 20:26:37

Cecropia pachystachya Trécul., Cecropia hololeuca Miq. e

Cecropia glaziovi Snethl.

http://arvores.brasil.nom.br/new/embauba/index.htm

https://www.flickr.com/photos/mercadanteweb/7792277548/

http://www.ufrgs.br/fitoecologia/florars/open_sp.php?img=1506

http://cheirinhodemato.blogspot.com.br/2011_10_01_archive.html

Acessados em sexta, 19 de julho de 2013, 21:02:43

Cymbopogom citratus Stapf

http://gernot-katzers-spice-pages.com/engl/Cymb_cit.html

http://www.tuninst.net/MMPD/LSR/sa/sa.htm

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https://aromaticscience.com/the-gabaergic-system-contributes-to-

the-anxiolytic-like-effect-of-essential-oil-from-cymbopogon-citratus/

http://www.np-

d.com/product_info.php?products_id=178&language=en&osCsid=5ceb9e2a6c2

9ee17ead726f69d672288

Acessados em sábado, 20 de julho de 2013, 10:07:11

Equisetum arvense L.

http://www.botanicalgarden.ubc.ca/potd/2013/06/equisetum-

arvense.php

http://en.wikipedia.org/wiki/Equisetum_arvense

http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Equisetum_arvense_ENBLA0

6.jpeg

acessados em sábado, de ulho de , 21:53:01

Eugenia uniflora L.

http://www.arvores.brasil.nom.br/new/pitanga/index.htm

acessado em sábado, de ulho de , 22:11:19

Gingko Biloba L.

http://www.onlinetrees.com.au/p/4100690/gingko-biloba---maiden-

hair-tree-ginko-tree-.html

http://mr-ginseng.com/ginkgo-biloba/

acessados em terça, 23 de julho de 2013, 22:41:56

Lippia alba N. E. Brown

http://praticascomplementaresasaude.blogspot.com.br/2010/10/ener

gia-de-cura-da-melissa.html

Page 67: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA: UM ESTUDO SOBRE A …firval.com.br/ftmateria/1411747716.pdf · 2014-09-26 · antigas “armas” utilizadas pelo homem no tratamento de enfermidades

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http://espacodosol.com/blog/?p=2459

http://farmaciavivaceara.blogspot.com.br/2012/09/erva-cidreira.html

acessados em domingo, 21 de julho de 2013, 11:51:03

Melissa officinalis L.

http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Starr_070906-

8824_Melissa_officinalis.jpg

http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Melissa_officinalis_fl_kz.jpg

http://capimcidrera.blogspot.com.br/2010/04/melissa-officinalis.html

acessados em domingo, 21 de julho de 2013, 12:09:32

Pimpinella anisum L.

http://gernot-katzers-spice-pages.com/engl/Pimp_ani.html

http://articles.grandmasherbs.com/articles/Seasoning-Herbs/anise-

4.html

http://www.lvpeyzaj.com/foto.asp?id=11

acessados em terça, 23 de julho de 2013, 23:18:33

Rosmarinus officinalis L.

http://www.internatura.org/guias/plantas/romero.html

acessado em sábado, 20 de julho de 2013, 21:47:51

Sechium edule (Jacq.) Sw.

http://stuartxchange.com/Sayote.html

http://zoom50.wordpress.com/2010/09/27/chayotemirliton-sechium-

edule/

acessados em sábado, 20 de julho de 2013, 00:12:37