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HISTÓRIAS DE ALUNOS EMPREENDEDORES A desigualdade social que afeta nossa juventude, vai de encontro às suas necessidades nestes tempos em que as tecnologias da comunicação e da informação se defrontam com altas taxas de desemprego. O aluno do Ensino Médio é hoje, sujeito das ações que advêm da revolução do conhecimento. Como pessoa humana, precisa reunir formação ética, autonomia intelectual e pensamento crítico, aliados à compreensão dos fundamentos técnico-científicos dos processos produtivos. O aprendizado contínuo torna-se imprescindível à flexibilidade exigida às novas condições do mundo contemporâneo. Esse livro apresenta o resultado da experiência de se trabalhar a cultura do empreendedorismo junto aos jovens do ensino médio de algumas escolas públicas do estado do Rio Grande do Norte. Por meio do depoimento de professores, relatam- se as experiências bem sucedidas de jovens e educadores que mudaram o rumo das suas vidas, a partir das lições de empreendedorismo adquiridas em sala de aula, em escolas do interior do estado, onde as escolhas são praticamente nulas. A partir dos relatos pode-se evidenciar que, a partir da disseminação da cultura empreendedora na escola, é possível transformar vidas, pensar políticas educacionais modernas e eficaz es, capazes de gerar nos educadores e educandos novas formas de pensar e agir utilizando a energia criativa , capaz de contribuir, entre outros aspectos, para o fortalecimento da cidadania e da inclusão social, além da geração de emprego e renda.

HISTÓRIAS · Esse livro apresenta o resultado da experiência de se trabalhar a cultura do empreendedorismo junto aos jovens do ensino médio de algumas escolas

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HISTÓRIAS DE ALUNOS

EMPREENDEDORES

A desigualdade social que afeta nossa juventude,

vai de encontro às suas necessidades nestes

tempos em que as tecnologias da comunicação

e da informação se defrontam com altas taxas de

desemprego. O aluno do Ensino Médio é hoje,

sujeito das ações que advêm da revolução do

conhecimento. Como pessoa humana, precisa

reunir formação ética, autonomia intelectual e

pensamento crítico, aliados à compreensão dos

fundamentos técnico-científi cos dos processos

produtivos. O aprendizado contínuo torna-se

imprescindível à fl exibilidade exigida às novas

condições do mundo contemporâneo.

Esse livro apresenta o resultado da experiência de

se trabalhar a cultura do empreendedorismo junto

aos jovens do ensino médio de algumas escolas

públicas do estado do Rio Grande do Norte. Por

meio do depoimento de professores, relatam-

se as experiências bem sucedidas de jovens e

educadores que mudaram o rumo das suas vidas,

a partir das lições de empreendedorismo adquiridas

em sala de aula, em escolas do interior do estado,

onde as escolhas são praticamente nulas.

A partir dos relatos pode-se evidenciar que, a

partir da disseminação da cultura empreendedora

na escola, é possível transformar vidas, pensar

políticas educacionais modernas e eficaz es,

capazes de gerar nos educadores e educandos

novas formas de pensar e agir utilizando a energia

criativa , capaz de contribuir, entre outros aspectos,

para o fortalecimento da cidadania e da inclusão

social, além da geração de emprego e renda.

HISTÓRIAS DE ALUNOS EMPREENDEDORES

ISBN 978-85-88779-20-4

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NATAL/RN

2010

PROJETO DESPERTAR-RN:

HISTÓRIAS DE ALUNOS EMPREENDEDORES

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©2010. SEBRAE/RN – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Rio Grande do Norte. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – É permitida a reprodução total ou parcial deste volume, desde que seja citada a fonte.

Sérgio Roberto de Medeiros FreirePresidente do Conselho Deliberativo

José Ferreira de Melo NetoDiretor Superintendente

Murilo DinizDiretor de Administração e Finanças

João Hélio Costa da Cunha Cavalcanti JúniorDiretor Técnico

João Bosco Cabral FreireGerente da Unidade de Educação e Tecnologia

Lúcia Maria Holanda FonteneleCoordenadora Estadual do Projeto Casos de Sucesso

Antônio Carlos Teixeira Liberato (Msc.)Organizador

Maria do Socorro de Azevedo Borba (Msc)Orientadora Acadêmica

Alberto Soares CoutinhoMaria Célia Freire CabralInalda de Araújo Bezerra MarinhoConselho Editorial

Fred VerasMoraes NetoFotografi as

GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

Iberê Ferreira de SouzaGovernador

Otávio Augusto de Araújo Tavares Secretário Estadual de Educação

Salizete Freire SoaresSecretaria Adjunta

Cátia Lopes de Araújo Muniz Subsecretaria de Educação

Erileide Maria Oliveira Rocha Subcoordenadora do Ensino Médio

Vera Lúcia Gonçalves ReisGestora do Projeto Despertar pela Secretaria Estadual de Educação

Entidades que compõem o Conselho Deliberativo do SEBRAE/RN

Agência de Fomento do Estado do Rio Grande do Norte – AGNAssociação Comercial e Industrial de Mossoró – ACIMAssociação Norte-riograndense de Criadores – ANORCBanco do Brasil S/A – BBBanco do Nordeste do Brasil – BNBCaixa Econômica Federal – CEFFundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte – FAPERNFederação da Agricultura e Pecuária do Estado do Rio Grande do Norte – FAERNFederação das Associações Comerciais do Estado do Rio Grande do Norte – FACERNFederação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Rio Grande do Norte – FCDLFederação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte – FIERNFederação do Comércio, Bens, Serviços e Turismo do RN – FECOMERCIOGoverno do Estado do Rio Grande do Norte – Secretaria de Desenvolvimento EconômicoServiço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAEServiço Nacional de Aprendizagem Industrial do Estado do Rio Grande do Norte – SENAI/DR/RN

Catalogação na fonte: Lúcia Maria Holanda Fontenele(Bibliotecária do SEBRAE/RN)

S491p SEBRAE/RNProjeto Despertar-RN: histórias de alunos empreendedores. / Organizado por Antônio Carlos Teixeira. Liberato. - Natal: SEBRAE/RN, 2009.

78 p.1. Empreendedorismo 2. Estudo de caso

I. Liberato, Antônio Carlos Teixeira. II. Título

ISBN 978-85-88779-20-4CDU 658

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O SEBRAE-RN, dedica este livro a todos os professores, “empreendedores” por natureza, Equipe Técnica da Secretaria de Educação, Diretores e Técnicos de Dired, Gestores de Escolas,

bem como, a todos os que já participaram do projeto e que deram sua contribuição na implantação e condução do Projeto Despertar.

A todos os Secretários de Educação que nestes oito anos, contribuíram com o êxito dessa iniciativa educativa.

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A ideia do Projeto Despertar, começou a ser concebida a partir de 1999, quando o Sistema SEBRAE iniciou um processo de reposicionamento institucional, ao defi nir novas diretrizes para um direcionamento estratégico inovador. Dentre essas diretrizes, uma das ações estratégicas prioritárias foi: “Disseminar a cultura do empreendedorismo e da cooperação em todos os níveis da educação formal”. Baseado nessa orientação, o público jovem surgiu para o Sistema SEBRAE, como um grande foco, e a escola, como um grande meio para se fazer chegar a mensagem do empreendedorismo. No fi nal de 2002, após sucessivas reuniões e debates entre os grupos de trabalho constituído pelo SEBRAE Nacional, MEC (Ministério da Educação) e CONSED (Conselho Nacional de Educação) foi orientado para que todas as unidades estaduais do Sistema SEBRAE desenvolvessem articulações junto às Secretarias Estaduais de Educação visando inserir a escola pública do ensino médio, em práticas pedagógicas que estimulassem a cultura do empreendedorismo no ambiente escolar. Tendo esse objetivo, como referencial, no primeiro semestre de 2003 foi assinado um Protocolo de Intenções entre o SEBRAE/RN e a Secretaria Estadual de Educação e Cultura (SEEC), o qual vem se desenvolvendo desde então.

A base teórico metodológica do Projeto Despertar fundamenta-se nos quatro Pilares da Educação do Século XXI: Aprender a Conhecer, Aprender a Fazer, Aprender a Ser e Aprender a Conviver. Face a essas premissas, o empreendedor passa a ser visto como um Ser humano integral em suas múltiplas dimensões. Estes quatro pilares vão de encontro a perspectiva inovadora da Secretaria de Educação, ao acreditar numa educação inovadora, que tem como desafi o formar sujeitos autônomos, críticos, emancipados e cidadãos, autores de sua própria história.

Nesse sentido, a Escola passa a ser vista pelas duas Instituições, como agente promotora e determinante na construção de novos saberes e novas competências, cabendo-lhe a missão de preparar as futuras gerações para uma nova Era, que não é só a do pleno emprego, mas que exige outros referenciais na direção do trabalho e da cidadania.

Nestes oito anos de execução do Projeto, o êxito das ações deve-se, acima de tudo, ao nível de envolvimento institucional e o comprometimento que compõe essa parceria, ao priorizar planejamento participativo e gestão compartilhada. Ao SEBRAE cabe a “formação empreendedora” dos professores e gestores escolares . Para habilitarem-se ao Projeto, os professores passam por um amplo Programa de capacitação , atrelado a um monitoramento sistemático das atividades, que envolve reuniões de avaliação, visitas a escolas e outros eventos como, capacitações complementares, palestras e workshops. À Secretaria de Educação compete, juntamente com as suas 16 representações regionais, espalhadas por todo o Estado, propiciar as condições para que o Projeto de fato, “aconteça” nas escolas.

As ações educacionais são realizadas anualmente, desde 2003 para alunos regularmente matriculados no ensino médio. Ao contrário das aulas normais em que o aluno é obrigado a participar integralmente das aulas, no Projeto Despertar a participação é por adesão, ou seja, é de livre e espontânea vontade do aluno. As aulas, realizadas através de “encontros”, são

PREFÁCIO

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desenvolvidas na própria escola (atividade extracurricular) em horários alternativos, de forma a não atrapalhar as atividades educacionais regulares dos alunos.

A aplicação da metodologia tem uma carga horária de 96 horas/aula. Na primeira etapa são realizados Encontros em sala de aula, onde os alunos aprendem os conteúdos teóricos do empreendedorismo por meio de textos, dinâmicas de grupo e refl exões. Na 2ª Etapa, os alunos realizam atividades praticas e externas. Fazem pesquisas de mercado, visitam empresas para conhecer o seu dia a dia, entrevistam empreendedores e levantam recursos para desenvolver os seus projetos de negócios. Por fi m, na 3ª Etapa é realizada a Feira do Jovem Empreendedor. Momento em que o aluno “veste a camisa” de empreendedor, apresentando para a comunidade os seus projetos de negócios, que na maioria das vezes, saem da Feira e se transformam em realidade.

De acordo com as avaliações realizadas pela equipe técnica do SEBRAE-RN e Secretaria de Educação do RN , o Projeto Despertar gera impactos não apenas no seu público. Em cidades do interior, onde as escolhas são quase nulas, ele movimenta toda a comunidade, pois o empreendedorismo é transmitido no sentido de fortalecer a crença em um futuro melhor, onde cada um é capaz de construir e empreender. Esse diferencial, tem fortalecido laços entre a escola, os empresários locais, a comunidade do entorno da escola, as lideranças locais e políticas e os alunos, que passam a identifi car oportunidades, ter consciência cidadã, conhecer e a intervir nas suas realidades com uma visão diferente.

Até 2009, o Projeto Despertar foi implantado em 105 municípios do Rio Grande do Norte, oportunizando a capacitação de 18.343 alunos de 145 escolas estaduais de ensino médio. A cada ano, aumenta a adesão de novas escolas para participar do projeto, que tem uma meta ousada: chegar a todos os municípios e escolas de ensino médio do estado.

Num curto espaço de tempo, o Projeto Despertar evoluiu muito além do que se imaginava. A proposta lançada foi rapidamente absorvida, gerou resultados, e transformou vidas. O fato é que hoje, os jovens egressos de escolas públicas materializaram suas ideias e foram muito além: desafi aram uma realidade social e econômica considerada desfavorável, e estão hoje empreendendo.

Neste livro, através do relato descritivo de 11 professores que acompanharam a trajetória exitosa dos seus alunos, apresentamos uma amostra dos resultados alcançados nesses oito anos de existência do projeto. São relatados através da metodologia de desenvolvimento de casos de sucesso (HAVARD), as experiências empreendedoras de jovens egressos de escolas públicas e uma professora, que transformou os seus sonhos em realidade.

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CHUVA DE SUCESSO NO SEMIÁRIDO POTIGUAR, 12PROFESSORA JAÉCIA BEZERRA DE BRITO

DO CAOS AO SUCESSO, 18PROFESSOR JAILSON CARAÚ

CONCRETIZANDO UM SONHO, 24PROFESSOR JAILSON CARAÚ

SOUSA’S LAN HOUSE, A HISTÓRIA DE SUCESSO DE UMA PROFESSORA, 30PROFESSORA MARIA DA CONCEIÇÃO DA COSTA SOUSA

SANDÁLIAS ECOLÓGICAS, 36PROFESSORA JERUSA FERREIRA DA SILVA FERREIRA

A AGRICULTORA QUE SE TRANSFORMOU EM MULHER DE NEGÓCIO ATRAVÉS DO EMPREENDEDORISMO, 42PROFESSORA LEODETE PASCOAL GURGEL

MILLA CABELOS: LIÇÕES DE EMPREENDORISMO NA PRÁTICA, 48PROFESSORA LUZINETE PEREIRA DO NASCIMENTO

TEMPERO EMPREENDEDOR, 54PROFESSORA JACINTA MARTA ARAÚJO

DO ESPETINHO DE RUA AO MERCADINHO, 60PROFESSORES JOÃO AMÂNCIO FILHO / RAIMUNDO ANTONIO DE SOUZA LOPES

O PONTO DO BOLO: DO ARTESANATO PARA INDÚSTRIA, 68PROFESSORES ANTONIA FERNANDES / RAIMUNDO ANTONIO DE SOUZA LOPES

DO AÇOUGUE RUDIMENTAR AO EQUIPADO FRIGORÍFICO, 74PROFESSORA MARLETE FRANÇA DE AZEVEDO

SUMÁRIO

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HISTÓRIAS DE ALUNOS EMPREENDEDORES

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O SUCESSO

É PARA

QUEM SONHA

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Alcançar o sucesso não é n ada fácil. Imagine p ara quem ainda nem saiu do ensino médio.

Trilhar este caminho é, r ealmente, uma tarefa desafi adora. Mas como sempre, para aqueles

que se esforçam e se dedicam. Quem tem verdadeiro espírito empreendedor. Aquele que só se

satisfaz estando à frente, comandando seu destino.

Neste l ivro, a presentamos a t rajetória em preendedora d e 1 0 j ovens e u ma p rofessora q ue

fi zeram d os s eus p rojetos d e vida, m otivo p ara m udar s uas r ealidades. P rovando q ue o

empreendedorismo não tem idade, basta ser estimulado e apoiado.

O SEBRAE/RN ao desenvolver o Projeto Despertar, em parceria com a Secretaria Estadual de

Educação, une esforços na disseminação de uma cultura empreendedora entre os jovens do

Estado do Rio Grande do Norte. U ma iniciativa que gerou resultados reais, para sonhos tão

distantes. E de realizar sonhos, o SEBRAE entende.

José Ferreira de Melo NetoDiretor Superintendente do SEBRAE / RN

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CHUVA DESUCESSO NO

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JAÉCIA BEZERRA DE BRITO1

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COMO TEVE INÍCIO...

Em 2005, aquele ano começara mal, poucas chuvas, consequentemente, a cidade das cordilheiras permaneceria bem quieta quanto a investimentos. Acari, como tantas outras cidades do sertão potiguar, sofria com a seca e assim permanecia com a base da economia voltada para a agropecuária.

Nesse contexto, qualquer sonho empresarial de uma jovem de 16 anos fi cava adormecido embaixo de um manto de poeira de pessimismo e falta de perspectiva.

Então, Acari, o torrão dos antepassados Cariris, do cinquentenário açude oásis Gargalheiras, de centenárias igrejas e fi éis fervorosos, era vi-vida por Solange, com a efemeridade própria dos torrões de açúcar na boca dos jovens, uma delícia fácil para suprir os desejos primários das descobertas juvenis.

Naquele ano matriculou-se no 2º ano do ensino médio, na Escola Es-tadual Professora Iracema Brandão de Araújo. Que escola era aquela, onde seu namorado estudava? Era excesso de liberdade, ou autonomia na apren-dizagem? À medida que o tempo ia passando, descortinava-se a escola de gestão aberta e participativa, que independente dos problemas educacionais brasileiros mantinha a tradição de mediar o processo de evolução cidadã e intelectual de inúmeros jovens (fi cou entre as seis melhores escolas do país em 2005).

O mês era maio, as professoras Alani de Oliveira Vital e Jaécia Bezerra de Brito convidaram os alunos para o Projeto Despertar, e mesmo sem ter noção em que poderia empreender, Solange aderiu ao projeto.

O DESPERTAR DA MOÇA-MENINA

Solange Priscila Azevedo da Silva recebeu de sua mãe Lindaci o refe-rencial de esposa, mãe e dona de casa. Seu pai, Adilson, que herdou um comércio ambulante de relógios, juntamente com a mãe, incentivava-lhe a estudar. Quando perguntavam a ela sobre uma profi ssão, mencionava sem muita convicção a de guarda rodoviária.

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CHUVA DE SUCESSO NO SEMIÁRIDO POTIGUAR

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A iniciativa de participar do Aprender a Empreender deveu-se unica-mente a forma como as monitoras fi zeram o convite; além de expor farto material com as propostas do Projeto, elas mostraram a necessidade de empreender em todos os campos de ação, para ganhar autonomia inte-lectual e fi nanceira, possibilitando uma melhor qualidade de vida. Se a moça tivesse levado em consideração o pensamento da maioria dos 11 mil habitantes da cidade, com certeza continuaria pensando que o sucesso empresarial devia-se única e exclusivamente à posição social, golpe de sorte ou herança, e assim não participaria do Despertar.

No mês de novembro, durante a feira do jovem empreendedor, per-cebeu que, muito mais que as guloseimas vendidas por Solange e suas amigas, Isabela e Denise, o mercado de trabalho em Acari precisava de jovens empreendedores preocupados com o bem-estar do próximo. Dessa maneira, a terra árida necessitava do aconchego, frescor e boas sensações dos eventos sociais com mais frequência; bem como mais pessoas para atender aos anseios de conforto, beleza, saúde e descontração da comunida-de. Logo, aquela moça-menina chegaria ao mês de outubro com um plano de negócios preparado, porém, ainda não havia despertado para as suas múltiplas habilidades empresariais de promotora de eventos e vendedora, ou mesmo gerente de vendas.

APRENDENDENDO A APRENDER

Em março de 2006, em seu primeiro dia como estagiária numa loja especializada em cosméticos e perfumarias, Solange não havia esquecido dos produtos que vendera na Feira do Jovem Empreendedor, em novem-bro passado. Porém, muito mais vivas estavam as lições aprendidas com a empresária Jacira Bezerra de B. Lopes, dona da loja especializada em cosméticos e perfumarias, entrevistada na época das ofi cinas, e que só vieram confi rmar a importância do conteúdo programático do Despertar. Durante um mês, a aluna e esportista mediana; logo se transformara na estagiária atenta às ações e conceitos de responsabilidade, persistência, organização, foco, criatividade, coragem, parcerias e oportunidades, todos muito importantes para atender aos desejos de felicidade do cliente.

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SER A MELHOR ERA A META

A partir do estágio, a organização do tempo foi cada vez mais ne-cessária, pois nos meses de agosto e setembro, a candidata à vendedora fez panfl etagem para a loja especializada em cosméticos e perfumarias em Acari e em Cuité, cidade da Paraíba; e ainda organizou o primeiro evento para angariar fundos para a formatura no ensino médio, que seria no fi nal do ano.

A primavera não trouxe somente fl ores para o ‘Sol’; ao iniciar o mês de outubro, ela substituiu uma colega, que estava entrando de férias e que em seguida entraria em licença maternidade. O resultado foi a admissão como vendedora da loja especializada em cosméticos e perfumarias, no mês de janeiro de 2007.

INVESTINDO NA CAPACITAÇÃO

Atenta às oportunidades que a empresária Jacira oferecia, a então ven-dedora participou de diversos cursos de capacitação empresarial, entre eles, o Empretec. Enquanto isso, no mês de julho, conseguiu promover mais uma festa em prol da escola.

Já se passara um ano da última primavera, e novamente em outubro, Solange não colheu fl ores, mas frutos do seu desempenho. Sendo assim, a loja de Acari havia superado as metas de venda, e a franquia da loja es-pecializada em cosméticos e perfumarias premiou, durante um programa de incentivo interno, as melhores vendedoras do Brasil com uma viagem para a capital do Estado de São Paulo.

Nessa escalada de sucesso, a jovem não esqueceu os eventos, e retoman-do um lugar de destaque na quadrilha junina Arizão, promoveu mais cinco eventos no 1º semestre de 2008. Além de ajudar o grupo, ela, vestida de noiva, conseguiu junto com os colegas o 2º lugar no festival de quadrilhas do Estado do Rio Grande do Norte, da Intertv Cabugi.

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CHUVA DE SUCESSO NO SEMIÁRIDO POTIGUAR

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No mês de abril, seu sucesso como vendedora foi reconhecido com a promoção para gerente de vendas. Como a meta de vida da garota passou a ser estudar para ser a melhor e buscar seus objetivos, qualquer narrador levaria sua história para um desfecho de expectativas futuras e novos desafi os...

AÇÃO REFLEXÃO AÇÃO

O inverno de 2008 estava indo embora, e em suas refl exões, Solange ponderava sobre seu novo desafi o; multiplicadora de todo conhecimento até então adquirido, passaria a coordenar a equipe de vendedoras em todos os sentidos. No entanto, com tamanha responsabilidade, ela ain-da não conseguira ingressar na faculdade de Administração. Não havia espaço para temores e vacilações; mesmo percebendo que poderia ter estudado mais, participou do ENEM e concorreu a uma vaga na UFRN. Além dos estudos, também sentia falta de alguns cuidados para consigo mesma: a saúde, a atenção com a família, com o namorado, enfi m, tudo precisava ser mais bem organizado, para que ela tivesse um melhor apro-veitamento de seu tempo. Havia aprendido muito, em outros tempos, não teria essas preocupações; mas o Despertar, defi nitivamente, fez com que ela acordasse para uma nova vida. Poderia sonhar alto, deveria então apenas construir os alicerces. Sonhos, sonhos de empresária de moda, franqueada, esposa, boa fi lha e boa mãe. Encher o mundo de felicidade e ser muito feliz. Em se tratando de Solange, sonhos e realidade sempre caminharam muito próximos.

1 Jaécia Bezerra de Brito, Professora SEEC/RN. Histórias de Sucesso dos Participantes do Projeto Despertar - SEBRAE/RN e SEEC/RN, orientado pela profª Maria do Socorro de Azevedo Borba, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e consultora do SEBRAE/RN – e-mail [email protected]; Antonio Carlos Liberato - Coordenador do Projeto Despertar - RN (SEBRAE/RN).

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DO CAOSAO SUCESSO

JAILSON CARAÚ1

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DO CAOS AO SUCESSO

José Vitor Cunha Fonseca, um jovem de apenas 20 anos de idade, teve que, em dezembro de 2007, assumir o negócio falido de sua famí-lia. Depois de liquidar a falência, abriu um novo empreendimento, uma Distribuidora de Água Mineral, na mesma cidade, Angicos, 170km de Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte.

A cidade de Angicos possui uma população de aproximadamente 11.000 habitantes. Destes, cerca de 9.000 residem na zona urbana. Uma grande parcela dessa população atua nos serviços públicos, porém, a maior fonte econômica desse município ainda é a pecuária, mesmo com o cres-cimento do comércio e de algumas microempresas. O clima é típico da região semiárida do Nordeste brasileiro, o que restringe as atividades agrí-colas, fazendo com que o homem do campo se dedique mais ao pastoreio.

COMO TUDO COMEÇOU

A trajetória de sucesso desse jovem empreendedor teve início quando começou a participar do Projeto Despertar, depois de ter aceitado o convite da Equipe Coordenadora desse projeto, na escola em que estudava, após ser submetido e aprovado em um exame de seleção elaborado por essa mesma equipe, a fi m de selecionar os alunos participantes desse projeto nessa escola.

José Vitor foi aluno das primeiras turmas do Projeto Despertar, que teve início na Escola Estadual Professor Francisco Veras, no ano de 2004. Esse estabelecimento de ensino, há quatro anos, oferece aos seus alunos a opor-tunidade de participarem desse projeto, como uma forma de incentivá-los a buscar ampliar os seus horizontes.

A Escola Estadual Professor Francisco Veras foi fundada no ano de 1964 como grupo escolar. Após 1976 tornou-se escola de ensino funda-mental e, em 1985, introduziu o ensino médio. A partir de 2006, começou extinguir de forma gradativa o ensino fundamental, tornando-se exclusi-vamente escola de ensino médio.

José Vitor Cunha Fonseca se considera uma pessoa que sabe ser amigo, que prima pela lealdade e honestidade. Antes da sua participação nesse

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projeto, era um jovem igual aos demais, gostava de baladas, curtir som, estar em contato com a sua galera; sempre foi muito atencioso com todo mundo, tratava a todos com muito respeito, tinha boas amizades e se dedicava para executar bem as tarefas.

Segundo o próprio José Vitor, o Projeto Despertar agregou–lhe novas competências e habilidades como, por exemplo: persistência, aprender a refl etir antes de fazer qualquer coisa, planejar, estabelecer metas, objetivos e querer crescer sempre. Este último item, segundo ele, tem sido a marca de sua trajetória, pois desde que iniciou o seu empreendimento ele só tem crescido e os seus planos são: continuar crescendo. Ele lembra que no início foi se submeter ao exame de seleção para fazer o Projeto Despertar por causa do incentivo dos professores. Depois também desejou participar desse Projeto pela possibilidade de ganhar dinheiro, com o uso das infor-mações que ele iria adquirir. Ele narra que, quando foi preciso empreender, pensou em outros negócios, mas se decidiu por uma distribuidora de água mineral, pois, segundo José Vitor, essa ideia veio tão forte na sua mente que ele acredita que foi dada por Deus.

VIRANDO O JOGO

Para montar esse empreendimento, José Vitor teve que vender um bem que estimava muito: um paredão – uma grande caixa de som composta por vários twitters, cornetas, auto-falantes, colocada em uma carrocinha para ser rebocada por um veículo – que ele havia montado aos poucos. Depois, teve que buscar informações sobre fornecedores e estabelecer contatos, adquirir os vasilhames e contratar o veículo para transportar a mercadoria de Natal para Angicos. Esse empreendimento passou a pre-encher quase todo o tempo dele, pois é preciso estar sempre verifi cando o carregamento; conferindo a quantidade; a qualidade dos vasilhames que entram e que saem; entrar em contato com os fornecedores e sair em busca de novos clientes.

Como se pode perceber, ele faz quase tudo na empresa. No início tinha até que carregar e descarregar o caminhão e fazer entregas, a fi m de reduzir custos. Todavia, hoje já pode pagar a outros para realizarem essas tarefas, pois os lucros aumentaram devido ao crescimento do empreendimento.

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CONSOLIDANDO A VITÓRIA

Para atingir o sucesso, Vitor passou primeiro por uma situação muito di-fícil em que teve que, aos vinte anos de idade, assumir o empreendimento da família, uma casa de ração para animais que estava à beira da falência, devido ao grande número de “calotes” por parte de seus clientes. Assumindo então a responsabilidade para resolver esta questão e garantir o sustento de toda família, José Vitor decretou a falência desse empreendimento; como já foi mencionado, planejou e empreendeu em um novo negócio, foi bem-sucedido graças à aplicação dos conhecimentos adquiridos no Projeto Despertar.

No mês de agosto de 2008, José Vitor deu mais um passo importante para ampliar seu empreendimento e consequentemente os seus rendimen-tos, comprou um caminhão através de uma fi nanciadora. Acredita que não terá difi culdades em pagá-lo, pois com este veículo já concretizou mais um de seus projetos: ampliar o seu mercado consumidor, o que ele chama de ampliar a rota, ou seja, vender em outras cidades. José Vitor disse que apren-deu com essas experiências a valorizar as coisas que se conquistam com o dinheiro que se ganha, mas também as amizades, os relacionamentos – de um modo geral.

EM BUSCA DE NOVAS CONQUISTAS

Para o futuro – ele espera que seja próximo – deseja adquirir mais veícu-los a fi m de entrar no mercado consumidor de um maior número possível de cidades. Ele se mostra muito confi ante com relação à concretização e o sucesso desse novo projeto, pois a água dessa região é de qualidade duvidosa e se atribui a ela muitos problemas de saúde. E ainda tem outro fator muito favorável: o aumento do poder aquisitivo das famílias.

A CONFIANÇA DOS VENCEDORES

Em 2008 quando ele analisa essa opção, ou seja, comercializar água, tem orgulho porque, segundo ele, as pessoas necessitam de água e o que ele co-mercializa é uma água de boa qualidade, portanto, ele está contribuindo para a saúde das pessoas. Além dessa satisfação pessoal, esse empreendimento supre as suas necessidades fi nanceiras, sem contar também que ele ajuda a melhorar a vida das pessoas que trabalham com ele, outro fator que o deixa bastante feliz e orgulhoso.

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DO CAOS AO SUCESSO

Perguntando se faria algo diferente, caso fosse iniciar hoje o seu empre-endimento, ele disse que não, pois acredita que fez tudo certinho. Tanto é verdade que ele está tendo sucesso e dá algumas dicas para quem quer começar um empreendimento: estude o tipo de empreendimento que quer montar, seus concorrentes e o mercado, depois refl ita, planeje, avalie e te-nha, assim como ele teve, muita perseverança para concretizar o projeto, não levando em conta as opiniões negativas e vencendo os obstáculos. Ele acredita que hoje está mais bem preparado para vencer obstáculos e seu desafi o mais novo é – como já foi dito – ampliar e entrar no mercado de outra cidade, porque ele acredita que as grandes oportunidades de cresci-mento, no momento, estão fora de Angicos.

Na sua visão somente uma coisa pode atrapalhar os seus planos e co-locar seu empreendimento em perigo: um elevado aumento no preço da água. Mas, no momento, ele se mostra bastante confi ante com a continui-dade do sucesso de seu empreendimento.

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO

Que lições você tira dessa história?

Você acredita que um curso pode infl uenciar no sucesso de um em-preendedor?

Na sua análise, quais são os pontos fortes desse empreendedor, para estar obtendo sucesso?

O que você acrescentaria nas decisões ou ações tomadas por José Vitor?

Qual a sua opinião a respeito dessa relação escola e empreendedorismo?

Na sua visão, o Brasil atual oferece melhores condições para quem quer iniciar um empreendimento?

1 Jailson Caraú, Professor SEEC/RN. Histórias de Sucesso dos Participantes do Projeto Despertar – SEBRAE/RN e SEEC/RN, orientado pela profª Maria do Socorro de Azevedo Borba, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e consultora do SEBRAE/RN – e-mail: [email protected]; Antonio Carlos Liberato - Coordenador do Projeto Despertar - RN (SEBRAE/RN).

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CONCRETIZANDO UM SONHO

JAILSON CARAÚ 1

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E TUDO COMEÇOU QUANDO...

Romária Steffanne Lopes Verde, 21 anos, proprietária de uma loja de confecções e acessórios, iniciou a carreira de sucesso com a qual sonhava desde que começou a trabalhar com vendas de porta em porta. Sonho este que ela concretizou há três anos, na cidade de Angicos, que fi ca a cerca de 170km de Natal, a capital do Estado do Rio Grande do Nor-te. A população desta cidade é de aproximadamente 11.200 habitantes, sendo aproximadamente 9.000 habitantes na parte urbana do município. Destes, a maioria trabalha nos serviços públicos e no pequeno comércio e alguns nas poucas microempresas existentes na cidade. A principal ati-vidade econômica do município ainda é a agropecuária, mesmo com as condições adversas, como o clima semiárido e a vegetação de caatinga. Essas características que impõem tantas difi culdades para a sobrevivência da população, somadas ao baixo desempenho educacional da maioria das escolas, aliadas à pouquíssima oferta de postos de trabalho, têm levado os jovens angicanos a migrarem para os grandes centros urbanos do país. É por tudo isso que casos como o de Romaria tornam-se tão simbólicos para mostrar aos jovens que um futuro melhor mesmo sem saírem de suas cidades ainda é possível.

ENCONTRANDO O CAMINHO PARA A REALIZAÇÃO DE UM SONHO

Em 2004, o Projeto Despertar começou a ser implantado na Escola Estadual Professor Francisco Veras, que foi fundada no ano de 1964 como grupo escola, e oferecia apenas o antigo primário. Com o passar dos anos tornou-se escola de ensino de 1º e 2º grau. Atualmente, está gradativa-mente extinguindo o ensino fundamental para oferecer apenas o ensino médio, pois a demanda desde público-alvo necessita de um estabelecimen-to exclusivo e que ofereça vagas nos três turnos. Com relação ao Projeto Despertar, a primeira turma que foi selecionada na escola, por indicação dos professores, seguiu os seguintes critérios: as notas, a participação nas atividades de sala de aula e até mesmo a relação familiar ou a deles próprios com algum empreendimento. Nos anos seguintes, os coordenadores do

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CONCRETIZANDO UM SONHO

Despertar nessa escola passaram a utilizar um teste para fazer com que os alunos participassem mais ativamente. Foi dessa forma que Romária ingressou nesse projeto, no ano de 2006. Segundo a mesma, antes do Despertar era uma jovem como as demais, que gostava de estar na escola devido ao contato com as colegas, e que fora dela levava uma vida tranqui-la, realizando afazeres domésticos e dedicando um pouco do seu tempo para realizar visitas a alguns domicílios a fi m de comercializar roupas. Ela lembra que quando tomou conhecimento do projeto Despertar, logo fi cou interessada, pois, já que trabalhava com vendas, queria conhecer um pouco mais do funcionamento do mundo do empreendedorismo.

TORNANDO REAL UM PROJETO IDEALIZADO

Para iniciar esse empreendimento, Romária teve que recorrer a um empréstimo bancário. Ela não teve medo de realizá-lo, pois sabia muito bem o que estava fazendo, já tinha bastantes clientes, certa experiência no ramo e possuía algumas habilidades essenciais para o comércio, tais como: conhecimento dos produtos e saber atender aos clientes. Além de tudo, o montante que ela conseguiu junto a uma instituição fi nanceira não foi muito elevado, o que tornou as prestações relativamente suaves, dando-lhe mais tranquilidade, uma vez que a grande maioria das vendas são feitas a prazo.

Depois de ter conseguido o dinheiro necessário para montar o seu empreendimento, ela foi às compras, tanto de roupas e acessórios femini-nos, quanto de equipamentos para estruturar a sua loja. Teve também o cuidado de avisar pessoalmente aos seus antigos clientes que estava abrindo uma loja e, além disso, fez propaganda para atrair a atenção da população angicana para a inauguração desse empreendimento.

Como tem um emprego no qual cumpre expediente na parte da ma-nhã, ela conta com a ajuda de familiares que ajudam a tomar conta da loja. Porém, ela fez questão de dizer que toma as decisões na loja, faz as compras e escolhe o que vai comprar, que sempre atende ao que está na moda, conciliando com a demanda e o gosto dos clientes. Romária também disse que faz pessoalmente as compras, pois desta forma pode

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fazer uma análise melhor dos produtos que está comprando. Sendo assim, muitas vezes precisa se deslocar para fora do Estado, a fi m de encontrar novidades e melhores preços.

No começo foi difícil, devido às prestações do empréstimo que teve que contrair para iniciar o empreendimento, o enfrentamento da concorrência, e até mesmo a falta de costume de alguns de seus antigos clientes de irem comprar na sua loja, visto que antes eles a recebiam em suas casas. Hoje em dia tudo está melhor, porque conta com um bom número de clientes, já tem mais experiência e maior estoque de mercadorias.

VOLTANDO A SONHAR

Romária disse que tem certeza de que fez as escolhas certas, que se sente realizada com tudo o que já conquistou e aprendeu, bem como que se fosse começar novamente do zero, faria tudo igual. Com exceção da questão do empréstimo, que seu empreendimento seria feito com recursos próprios, evitando algumas preocupações vividas pela mesma na fase inicial.

Apesar da satisfação com o êxito dessa empreitada, ela revelou que tem planos para ampliar o seu comércio; não apenas a quantidade de mercado-rias, como também as instalações físicas. Para isso ela pretende fazer uma reserva de capitais para não depender de empréstimos.

Para Romária o que pode vir a difi cultar a concretização desse novo sonho é um possível aumento da concorrência, uma vez que são ótimas as perspectivas de crescimento econômico para o município, com o advento da vinda de uma unidade da UFERSA, o que atrairá novos consumidores e gerará emprego e renda.

Para quem quer começar um empreendimento, Romária aconselha a pessoa a procurar conhecer bem o ramo de atividade em que pretende atuar, conhecer o mercado consumidor, estar sempre a par de tudo e manter os pés no chão.

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1Jailson Caraú, Professor SEEC/RN. Histórias de Sucesso dos Participantes do Projeto Despertar – SEBRAE/RN e SEEC/RN, orientado pela profª Maria do Socorro de Azevedo Borba, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e consultora do SEBRAE/RN – e-mail: [email protected]; Antonio Carlos Liberato - Coordenador do Projeto Despertar - RN (SEBRAE/RN).

QUESTÕES PARA REFLETIR

1) Você concorda com a adesão das escolas a projetos de empreende-dorismo? Por quê?

2) Em sua opinião, os nossos jovens estão preparados para atuar como empreendedores? Por quê?

3) O que você faria diferente do que fez a nossa personagem?

4) O que você julga ser necessário a um jovem para se tornar um em-preendedor de sucesso?

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SOUSA’S LAN HOUSE,A HISTÓRIA

DE SUCESSO DEUMA PROFESSORA

MARIA DA CONCEIÇÃO DA COSTA SOUSA1

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A história começou em maio de 2005 na cidade de Baía For-mosa/RN. Baía Formosa é uma cidade aconchegante localizada no litoral sul potiguar, que se destina, pelas suas belezas naturais, a ter um destino turístico promissor. Foi neste cenário que se desenrolou uma história de sucesso.

Maria da Conceição da Costa Sousa, a protagonista desta his-tória – viúva, 51 anos, professora aposentada da Escola Estadual Professor Paulo Freire, onde teve acesso à primeira informação sobre o Projeto Despertar – não podia imaginar que aquele mo-mento em que a diretora, Maria de Fátima Alexandre, a chamou à sua sala iria mudar o rumo de sua vida. Foi informada que tinha sido escolhida, juntamente com outra professora, Ione Francinete Damasceno Tavares, para participar de uma capacitação com a finalidade de serem multiplicadoras do Projeto Despertar. Este Projeto tinha como objetivo ensinar noções de empreendedoris-mo aos alunos. Naquele momento, a protagonista desta história ficou apavorada, mas aceitou o desafio. Foram para Natal e, nas dependências do SEBRAE, aconteceu a capacitação.

Foi no 4º dia da capacitação, em 30 de maio, no momento em que estudava para responder algumas perguntas fundamentais para elaborar um plano de negócio, que surgiu a luz que deu um novo rumo a sua vida. As tais perguntas eram como: Qual a mi-nha meta? O que vou fazer para atingir uma meta? Por que essa meta é importante? Em quanto tempo eu vou atingir essa meta?

Assim, nasceu a ideia do futuro empreendimento, que naquele momento projetava para realizar no prazo de 18 meses, mas con-seguiu realizá-lo em 12 meses. Maria da Conceição voltou para Baía Formosa, começou a responder aos questionamentos e, a partir da identificação das oportunidades, a resposta que tinha era: Qual a meta? Ter uma Lan House. O que fazer para atin-gir essa meta? Adquirir um ponto e equipamentos. Por que essa meta é importante? Porque vai gerar renda e satisfação pessoal.

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SOUSA’S LAN HOUSE, A HISTÓRIA DE SUCESSO DE UMA PROFESSORA

Em quanto tempo atingirei essa meta? Em dezembro de 2006. Maria da Conceição percebeu que naquele momento as suas pre-ocupações estavam voltadas para o que ela faria quando se apo-sentasse, ela que era “pai e mãe dessa família”, preocupava-se em manter o padrão de vida que tinha e que proporcionava aos filhos.

O MOMENTO DA VIRADA

Naquele momento, a sua perspectiva de vida era que na apo-sentadoria viveria de trabalhos manuais, como crochê e ponto de cruz, mas as possibilidades trazidas pelo “Projeto Despertar” e a chegada de um dinheiro que não esperava, em setembro de 2005, a permitiram pagar as dívidas e também aplicar para antecipar a realização do sonho, que se iniciou naquela construção do projeto, feito durante a capacitação do Projeto Despertar.

No final de abril de 2006, pôde dar forma ao empreendimento, tirando-o do papel. O primeiro passo foi resolver onde funcio-naria a Lan House. Seria num corredor lateral de sua residência e, assim, iniciou a procura da melhor estrutura para a instalação. Teve a ideia de colocar uma bancada de granito com capacidade para cinco máquinas.

Juntamente com o filho mais novo, Hálison da Costa Sousa, – que na época trabalhava com computação na Prefeitura de Baía Formosa – comprou todos os equipamentos necessários. A parte mais difícil foi encontrar os programas ideais e disponibilidade de sinal para internet, para o funcionamento, que na época era via satélite, que estivessem dentro de um orçamento acessível.

Na manhã de 06 de maio de 2005, após os últimos ajustes, o filho gritou: “Tá tudo pronto, já podemos abrir”. Foi uma grande festa, a protagonista sentiu-se tão feliz, só comparado ao nas-cimento de seus f ilhos, “filho” este parido seis meses antes do

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projetado, fruto da fé em Deus, determinação e planejamento do recurso recebido de forma inesperada. Não desanimou nem mesmo diante das situações adversas. As pessoas não acreditavam que poderia dar certo. A cada computador, acessório e programa comprado, tinha a certeza que iria vencer. Com pouco tempo de inauguração, teve que mudar de operadora por duas vezes, che-gando até a parar por duas semanas. Foi quando, no meio dessa “tempestade”, chegaram os proprietários da Digicontrol (internet via rádio) e firmou-se parceria. Tudo isso ocorreu para melhoria dos serviços. Assim, passou-se a existir acesso à internet para toda a cidade de Baía Formosa e Barra de Cunhaú. Maria da Conceição desconhecia que todos os obstáculos levariam ao crescimento. Esta história foi rodeada de fatos que não estavam previstos nos planos iniciais, mas ela acreditou desde o começo que conseguiria tudo isso, fruto de uma ação empreendedora gerada a partir da capacitação no SEBRAE.

CRESCENDO E MELHORANDO

Em fevereiro de 2007 foi inaugurada a segunda fase do projeto. Se antes era uma bancada com 05 (cinco) computadores, agora passaram a ser 02 (duas) bancadas com 15 (quinze) computadores em operação.

LIÇÕES PARA TODA VIDA

Diante do conhecimento do Projeto Despertar e das dificulda-des enfrentadas para essas realizações, Maria da Conceição sentiu-se realizada, descobriu que não há limites para os sonhos, desde que se acredite com fé em Deus, planejamento, determinação, organização, superação dos problemas, fortalecendo os relaciona-mentos com familiares, amigos, parceiros, clientes, e estruturando assim uma história de sucesso.

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SOUSA’S LAN HOUSE, A HISTÓRIA DE SUCESSO DE UMA PROFESSORA

1Maria da Conceição da Costa Sousa, Professora SEEC/RN. Histórias de Sucesso dos Participantes do Projeto Despertar – SEBRAE/RN e SEEC/RN, orientado pela profª Maria do Socorro de Azevedo Borba, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e consultora do SEBRAE/RN – e-mail: [email protected]; Antonio Carlos Liberato - Coordenador do Projeto Despertar - RN (SEBRAE/RN).

OS SONHOS PARA O FUTURO

O projeto de M aria d a Conceição é f uturamente, com as necessárias ampliações, montar um Cyber Café com espaço para lanches, café, exposições de trabalhos manuais (crochê, ponto de cruz, entre outros), e a melhor qualidade de acesso à internet, que continuará sendo o carro-chefe. Crendo sempre: EU VOU CONSEGUIR.

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SANDÁLIASECOLÓGICAS

JERUSA FERREIRA DA SILVA FERREIRA1

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COMO TUDO COMEÇOU!

Cruzeta, cidade localizada no sertão nordestino, no Seridó do Rio gran-de do Norte, é uma cidade jovem, com apenas 88 anos. Nasceu o seu nome do cruzamento dos três rios: Quimporó, Salgado e Do Meio, e por meio da doação de terras feita pelo Senhor Joaquim José de Medeiros e alguns outros donatários. As principais atividades que geram empregos são: o emprego público, a agricultura, as cerâmicas, o comércio. Mas a demanda de oportunidades de emprego não atende à população de modo satisfatório. A família do protagonista sempre foi autônoma, nunca teve oportunidade de emprego fi xo.

Daniel Bruno da Silva começou a trabalhar muito cedo, desde os sete anos. Vinha do sítio de bicicleta para ajudar o avô no serviço. Esse negócio surgiu há décadas na família. O bisavô, o velho Pixico, conhecido na cida-de, trabalhava com sola, fazendo sela, arreio, chinelo, coisas para atender o homem do campo na década de 40. Ele ensinou ao seu avô, Geraldo de Pixico, que ouvindo falar que existiam pessoas em Caicó que trabalhavam com pneus velhos fazendo objetos, foi lá, aprendeu, e começou a usar o material de pneus para fazer bacia, para lavar roupa nos rios, para depósito de água para armazená-la nos sítios durante a seca; nesse período não ha-via as cisternas. Usava também para pôr a água dos animais, as chamadas tinas. Também havia a necessidade de se fazer alpargatas, os chinelos, de material mais duro, que protegesse os pés do sertanejo dos espinhos.

Tudo era feito sem um conhecimento técnico, muito empiricamente e com muito sacrifício, perambulando em feiras nas cidades circunvizinhas.

Com sacrifício, Daniel estudava à tarde, na Escola Estadual Joaquim José de Medeiros, escola de renome no estado por ser Referência nacio-nal em Gestão, em 2000, e estadual, em 2005. Além de ser referência no Estado com bons resultados no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), com 4,2 pontos no último realizado. Estava cursando o 1º ano do ensino médio quando soube do Projeto Despertar, divulgado amplamente pela escola.

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SANDÁLIAS ECOLÓGICAS

UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL

O projeto foi divulgado nas salas de aula e na difusora local. Mas o número de inscritos superou as expectativas. Para selecionar, foi feita uma prova com questões sobre empreendedorismo, elaboradas pelos professo-res, em que se escolhiam as melhores notas.

E, por insistência da professora Jerusa, que via no seu negócio uma grande potencialidade, Daniel resolveu participar, embora acreditasse que seu trabalho não tinha nada de excepcional. Talvez por ser uma tradição, e ser algo comum em sua família.

Ele foi porque acreditava que era uma possibilidade de adquirir um certifi cado que garantiria um emprego no futuro. Sua visão era pequena, e não vislumbrava aprimoramento e melhoria nas condições de trabalho e de vida, nem para ele nem para a própria comunidade. “Tudo era muito superfi cial para mim naquele momento”, afi rmou. “Se não fosse os incen-tivos dos professores, não teria feito a inscrição”.

O PRINCÍPIO: O NASCER DE UMA NOVA VISÃO

Tudo foi apreendido melhor por meio das constantes dinâmicas de grupo, que os encorajava e fazia crescer a autoestima e a crença no sucesso. Além de aulas teóricas.

Aprendeu-se a lidar com o consumidor, como tratá-lo, como expor o produto, assim como a fazer publicidade por meio da mídia ou da boca a boca, sabendo que para obter bons resultados é necessário investimento e planejamento das ações, e que um bom empreendedor é aquele que investe mesmo correndo risco. Daí tirou a maior lição.

As aulas começaram em agosto de 2006. E já começou a ver o algo a mais que se apresentava aos seus olhos. Percebia os erros cometidos relati-vos a cálculos de compra de material e lucro, bem como a importância da previsão e do planejamento nas ações, numa nova visão de mercado, com tomada de consciência sobre a importância do consumidor e as relações com ele estabelecidas. Tudo na dimensão de valorização do produto e ver-satilidade do seu uso. Procurando detectar necessidades momentâneas e até

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futuras, do cliente quanto à utilização do produto. Abrindo possibilidades para diálogos mais direcionados e coerentes dentro das características do produto e sua diversidade de usos.

Antes, Daniel só se interessava pelo preço, sem procurar entender o cliente e ter uma visão além de si mesmo e de sua necessidade. Isso mudou sua postura.

No encerramento, com a feirinha, pôde ter contato com pessoas de outras localidades que se encantaram com seu produto. Mesmo pessoas da própria cidade começaram a ter uma nova visão sob a reciclagem, um bem ao meio ambiente.

AS NOVAS PERSPECTIVAS

A visão do empreendedor é que motiva seus resultados. Caso tenha-se uma visão mirrada e pessimista, só se colherá fracassos, mas caso se tem esperança e trabalha duramente para se cumprir suas metas, se obtém sucesso.

Hoje Daniel conversa com mais desenvoltura com o cliente, e mesmo estando no exército, aproveita as oportunidades que tem lá para expor seu ofício e seu produto. Já recebeu várias encomendas de sandálias e utensílios variados. Em 2008, estabeleceu em sua cidade uma parceria com um rapaz que faz estofado, fornecendo tiras de borracha para os assentos do sofá, fazendo-os mais confortáveis, bem como fazendo calços para o feixe de molas, barra de direção e base de motor de caminhões e máquinas das cerâmicas.

No exército, poderá angariar mais recursos para aprimorar seu negócio. E até gerar empregos para o lugar.

E quando olha para o passado, percebe erros que repassa para fi car alertar sobre os que tinha cometido:

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SANDÁLIAS ECOLÓGICAS

1 Jerusa Ferreira da Silva Ferreira, Professora SEEC/RN. Histórias de Sucesso dos Participantes do Projeto Despertar – SEBRAE/RN e SEEC/RN, orientado pela profª Maria do Socorro de Azevedo Borba, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e consultora do SEBRAE/RN – e-mail: [email protected]; Antonio Carlos Liberato - Coordenador do Projeto Despertar - RN (SEBRAE/RN).

Ver o certifi cado apenas como uma possibilidade de um emprego, desconsiderando o valor de ser dono do próprio negócio e suas po-tencialidades.

Não saber perceber as necessidades do cliente de modo consciente e usar isso em favor da venda. Isso se obtém por meio da conversa.

Direcionar o capital a investimentos estritamente necessários.

“Às pessoas deixo aqui mais que um testemunho de sucesso, mas a compreensão que o conhecimento é a mola mestra de qualquer atividade bem-sucedida. Sem conhecimento não crescemos, e rever posturas com humildade de quem aprende é o primeiro passo”, afi rma.

SEÇÃO PARA DISCUSSÃO:

O curso deveria oferecer mais vagas, de modo a abranger todo o ensino médio, pois nunca se sabe de onde vem um pensamento empreendedor, bem como a outras pessoas da comunidade que tem grande potencialidade.

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A AGRICULTORA QUESE TRANSFORMOU EMMULHER DE NEGÓCIO

ATRAVÉS DO EMPREENDEDORISMO

LEODETE PASCOAL GURGEL1

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COMO TUDO COMEÇOU!

Os desafi os enfrentados pelo sistema de ensino público no Brasil, alia-dos aos avanços tecnológicos e às crescentes infl uências dos meios de comunicações trazem consigo implicações para a inserção do jovem no mercado de trabalho. Pensando em minimizar esse quadro, o Serviço Bra-sileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, e a Secretaria da Educação da Cultura e dos Desportos do Estado do Rio Grande do Norte, através da Subcoordenadoria de Ensino médio – SUEM, propõem uma metodologia específi ca a fi m de despertar o jovem para a importância das atividades empreendedoras, estimulando-os a atuar no mercado de trabalho pela via do empreendedorismo.

Com o apoio da comunidade escolar foi implantado no ano de 2006, na Escola Estadual Antônio Francisco, na cidade de Felipe Guerra/RN, o “Projeto Despertar”, cujo objetivo se origina em desenvolver as habilidades empreendedoras do aluno do ensino médio, visando atender às necessi-dades da clientela escolar, haja vista a notória falta de estímulo provocada pelas políticas socioeconômicas locais e o sentimento de incapacidade de mudar esse cenário de pobreza e desigualdade.

A exposição desse relato traduz a dinâmica do “Projeto Despertar” na referida escola, e mais precisamente na vida da estudante do 2° ano Maria José de Lima, que, em 2006, incentivada pelo desejo de crescer, apostou na proposta do projeto. Os resultados obtidos nesse período de execução demonstram a efi ciência da metodologia adotada pelo SEBRAE e seus parceiros na preparação dos estudantes para atuar no mercado de trabalho.

ASPECTOS HISTÓRICOS SOBRE A CIDADE DE FELIPE GUERRA

Felipe Guerra é uma cidade agrária, no entanto, possui uma situação socioeconômica de população rural crítica se comparada aos habitantes da zona urbana. A desigualdade social é percebida pelo nível de pobreza que se instaura nessas comunidades, a falta de assistência, a ausência de políticas de incentivo à agricultura e o difícil acesso das comunidades ru-rais ao centro, dentre outros fatores. Dessa forma, isso tem desencadeado uma série de problemas que afetam diretamente o jovem, que precisa estar preparado para as exigências do mercado.

Situada no centro da cidade, a escola em questão atende uma clientela de 630 alunos (2008), e tem estado em posição de alerta nos últimos 05

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A AGRICULTORA QUE SE TRANSFORMOU EM MULHER DE NEGÓCIO ATRAVÉS DO EMPREENDEDORISMO

anos. O fato da maioria do seu alunado pertencer à zona rural tem gerado uma série de preocupações para a escola, que luta para inseri-los no mer-cado de trabalho, haja vista a falta de oportunidade e o preconceito que muitos desses alunos sofrem por não estarem qualifi cados para as novas demandas sociais e econômicas.

Foi nesse cenário que no ano de 2006 surgiu o Projeto Despertar, dando um novo horizonte para os jovens do ensino médio desta escola. A adesão ao Projeto promoveu mudanças na vida dos estudantes e das comunidades circunvizinhas, pois conseguiu revelar o potencial existente em cada um dos participantes, transformando-o em capacidade, compe-tência e habilidade.

Este foi o caso da aluna Maria José de Lima Morais, residente na zona rural, fi lha de agricultor sem experiência para o mundo dos negócios, preparada apenas para auxiliar o pai na lavoura e a mãe nas atividades domésticas, com baixo índice de aprendizagem. Porém, o sonho de crescer e fazer o diferencial na sua família fez com que ela não hesitasse diante da oportunidade que se abria através do Projeto.

O MEDO NÃO PODE NOS DETER

Maria José ingressou no ensino médio no ano de 2005. Oriunda da zona rural, a estudante não tinha perspectivas para o futuro, nem motivação para estudar, pois via nas outras pessoas da sua comunidade que termi-navam o ensino médio o exemplo da exclusão. A aluna não encontrava nenhum referencial para poder acreditar no seu poder de transformação, um desafi o que somente o Projeto Despertar pôde oferecer na vida da estudante.

O ano de 2006 veio marcar a vida profi ssional de Maria José, que até então plantava arroz juntamente com sua família para garantir sua so-brevivência. Em julho do mesmo ano, através da divulgação do Projeto na escola, abriu-se um novo horizonte que até então parecia impossível. Motivada pelas propostas do Projeto, a aluna buscou mudar o destino que parecia determinado para os jovens da sua comunidade.

Após participar do segundo encontro do Projeto em agosto de 2006, Maria deu início àquilo que mudaria sua história. Incentivada pela instrutora, ela começou a vender bijuterias que outra aluna trou-xera para mostrar na sala. No encontro seguinte, com o lucro do que vendera, ela comprou o dobro da mercadoria e ainda se ofereceu a uma

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representante da Avon para vender os seus produtos, o que de certa forma foi uma ponte para sua próxima atividade. Maria participou de uma ofi cina de confecção de caixas para presentes e por ocasião do dia dos pais, confeccionou 200 caixas e assim garantiu uma melhor vendagem dos perfumes e kits.

Sem perder de vista o seu objetivo, em outubro de 2006, data da expo-sição no mercado central, uma dinâmica proposta no décimo encontro que teve como objetivo arrecadar fundos para a feira empreendedora, Maria lançou um novo produto na sua barraca, ela produziu 120 trufas e arrumou-as em cestas ornamentais, o que lhe rendeu um bom lucro.

Com a exposição das caixas na feira do jovem empreendedor que acon-teceu em novembro de 2006 (ocasião das festividades da padroeira local), Maria José fi rmou contrato com os lojistas para confeccionar embalagens variadas para as festividades natalinas e de ano-novo, o que lhe rendeu uma tiragem de 800 caixas.

BUSCANDO PARCERIAS

Maria, em parceria com seu pai, montou um pequeno comércio de artesanatos e cereais na sua comunidade. Com a pretensão de expandir os negócios, buscou parceria junto ao Banco do Nordeste e ampliou o comércio, transferindo a maior parte para o centro da cidade. A fi m de vencer a concorrência, ela fez uma parceria com o representante da Caixa Econômica local, instalando a prestadora de serviços no seu próprio esta-belecimento, o que tem garantido uma boa lucratividade.

CONQUISTANDO ESPAÇO NA SOCIEDADE

No campo do empreendedorismo intelectual Maria participou de vários cursos de capacitação. A história de sucesso de Maria tem repercutido em sua comunidade, gerando um clima de expectativa por parte dos outros jovens que começaram a acreditar no seu próprio potencial e no poder de mudança proposto pelo “Projeto Despertar”.

E O FUTURO, O QUE FAZER?

A proposta apresentada pelo Projeto Despertar na Escola Estadual Antônio Francisco revelou a importância do apoio do SEBRAE e seus parceiros na preparação dos jovens para atividades empreendedoras. Esta

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A AGRICULTORA QUE SE TRANSFORMOU EM MULHER DE NEGÓCIO ATRAVÉS DO EMPREENDEDORISMO

união permitiu mudar a consciência de todos os participantes e em particu-lar de Maria José de Lima Morais que, antes do projeto, se sentia totalmente à margem do processo de desenvolvimento social, econômico e político.

A experiência com o “Despertar” rendeu para a estudante lições signifi -cativas. Ela aprendeu que através dos seus próprios erros poderia acertar. O primeiro deles foi acreditar que não era capaz, o segundo foi sua resistência em aderir ao Projeto; subsequente a este foi o medo de oferecer as primeiras bijuterias às pessoas, produto que alavancou seu empreendimento. Outra lição importante e de maior relevância foi a certeza de que cada um tem um potencial a ser explorado, bastando apenas acreditar para fazer-se dono dos seus sonhos.

Firmada na confi ança da sua capacidade, Maria tem incentivado em-preendedores iniciantes a acreditar em suas potencialidades, a correr riscos calculados, a não perder as oportunidades e, acima de tudo, a não desistir diante das difi culdades, pois, segundo a mesma, “desafi os servem para serem vencidos”.

A superação das difi culdades enfrentadas impulsionou a estudante a desenvolver planos para o futuro, merecendo destaque o ingresso na Fa-culdade de Administração. Nesse sentido Maria José argumenta que: “Ao empreendedor é necessário que esteja sempre apto a aprender”, a fi m de atender a demanda do mercado de trabalho e as exigências tecnológicas e sociais vigentes.

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO

1) Qual é a principal fonte de renda da sua cidade?

2) Quais são as expectativas dos jovens da sua comunidade?

3) Que alternativas são oferecidas para os jovens que não se sentem preparados para o mercado de trabalho?

1 Leodete Pascoal Gurgel, Professora SEEC/RN. Histórias de Sucesso dos Participantes do Projeto Despertar – SEBRAE/RN e SEEC/RN, orientado pela profª Maria do Socorro de Azevedo Borba, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e consultora do SEBRAE/RN – e-mail: [email protected]; Antonio Carlos Liberato - Coordenador do Projeto Despertar - RN (SEBRAE/RN).

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MILLA CABELOS: LIÇÕES DE

EMPREENDORISMO NA PRÁTICA

LUZINETE PEREIRA DO NASCIMENTO1

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O INÍCIO DO NEGÓCIO

O Município de Lajes Pintadas foi criado em 31 de dezembro de 1958, sendo desmembrado do Município de Santa Cruz, neste Estado do Rio Grande do Norte, pela Lei Estadual de nº. 2.332, de 31.12.1958, e instalado do dia 1º de janeiro de 1959. A cidade recebe esse nome por passar ao pé de umas lajes onde no passado, havia desenhos humanos, fi guras, fi sio-nomias e outros valores gráfi cos, fi xados com tinta indelével e vermelha. O município é tributário do Rio Inharé.

A cidade de Lajes Pintadas fi ca distante da Capital do Estado do RN, aproximadamente, 134km. Possuía, em 2008, população equivalente a 4.217 habitantes, dos quais 2.162 homens e 2.055 mulheres (Censo do IBGE).

No que tange aos aspectos econômicos, destacam-se como principais fontes de renda do município de Lajes Pintadas, a agricultura e a pecuária, a mineração e o artesanato em sisal e pedra-sabão, contribuindo estes últi-mos entes econômicos para o conhecimento da terra em âmbito nacional. Destaca-se também pela sua vida pacata de pequena cidade do interior norte-rio-grandense bastante acolhedora, bem como pela vida cultural e religiosa bastante ativa.

Levando-se em consideração tais fatores, no ano de 2004, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE/RN e a Secretaria de Estado da Educação e da Cultura – SEEC/RN, programa-ram ações em uma perspectiva de Educação Empreendedora, através do Projeto Despertar. Visando assim a inclusão dos jovens e adolescentes no mundo do trabalho e dos negócios, de forma a incentivá-los, fomentando uma cultura empreendedora e apoiando a criação do negócio próprio, dando inicio à sua independência fi nanceira.

O Projeto Despertar foi implantado nas Escolas do Ensino Médio do Estado do Rio Grande do Norte, incluindo-se neste contexto a Escola Estadual Virgílio Furtado – Ensino Fundamental e Médio, desta cidade de Lajes Pintadas/RN, uma das escolas palcos dessa primeira experiência.

A Escola Estadual Virgílio Furtado de Ensino Fundamental e Médio que foi criada em 1978 e fi ca à Rua Joaquim Bernardino da Silva, nº. 350, na cidade de Lajes Pintadas/RN. O terreno fora projetado para uma ma-ternidade. Como a maternidade não saiu do papel, o terreno, que viria a

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ser local da maior Escola da cidade, serviu de campo de futebol para os desportistas locais. Quando foi construída em 1978, a Escola teve como Patrono o Sr. Virgílio Furtado, fi cando assim ofi cializada como “Escola Estadual Virgílio Furtado – Ensino de 1º Grau.

Na estrutura física, pode-se enumerar: 6 (seis) salas de aula; 1 (uma) pequena biblioteca; 1 (uma) cozinha; 1 (um) sanitário masculino para alu-nos; 1 (um) sanitário feminino para alunas; 1 (um) auditório; 1 (um) pátio aberto cimentado para recreação; 1 (um) pátio frontal sem piso; 1 (um) laboratório de informática; 1 (um) laboratório de ciências; 1 (uma) sala de multimeios; 1 (um) quartinho para despejo; corredores de acesso; 1 (uma) passarela de entrada; hall de entrada; secretaria; sala dos professores; sala da direção; sanitário dos funcionários e muro de contorno.

As leis vigentes no Brasil, incluindo-se neste contexto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB de nº 9.394/96, abordam a importân-cia de uma política que promova a cidadania do povo brasileiro, inclusive dos adolescentes e jovens, no tocante a uma educação empreendedora e em defesa do seu próprio negócio como forma efi caz de aquisição de uma auto-nomia que possa proporcionar-lhes autoestima e independência fi nanceira.

Dentro deste contexto, o Projeto Despertar veio como uma oportuni-dade para os jovens e adolescentes, incentivando sua inserção no mundo do trabalho e dos negócios, contribuindo de tal forma para o seu crescimento enquanto cidadãos agentes de transformação social e defensores de seu próprio negócio e de sua estabilidade fi nanceira.

Implantado em 2004 em nível de 7ª DIRED – Diretoria Regional de Educação de Santa Cruz/RN, o Projeto Despertar teve como Escola pio-neira na ora mencionada DIRED, a mencionada Escola Estadual Virgílio Furtado – Ensino Fundamental e Médio, da cidade de Lajes Pintadas/RN. Para tanto, fora oferecida uma capacitação ao então Gestor Escolar – Pro-fessor José Airton Gomes Ferreira; à Supervisora Pedagógica – Professora Rita de Cássia Rocha, para atuar como coordenadora do Projeto na Escola e aos professores José Jorge de Oliveira e Luzinete Pereira Nascimento de Gusmão, para atuarem como instrutores. Também foram capacitadas as Estagiárias Maria das Dores dos Santos e Maria Rosilene de Almeida Oliveira, também para atuarem como instrutoras do Projeto que estava iniciando na Escola.

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A seleção das turmas para participarem do Projeto aludido deu-se de forma bastante criteriosa pela Coordenação local e pelos instrutores. Após a seleção, o primeiro passo para implementação do Despertar foi a Aula Inaugural, que aconteceu na cidade de Bodó; juntamente com os alunos e instrutores daquela cidade, como forma de estabelecer intercâmbio e troca de experiências entre as duas cidades envolvidas – Lajes Pintadas/RN e Bodó/RN.

Seguindo uma metodologia apropriada do Despertar, o trabalho ocor-reu na Escola, através de encontros presenciais e atividades vivenciais, culminando com a 1ª Feira do Empreendedorismo, a qual contribuiu para que a comunidade escolar pudesse presenciar a gama de talentos existentes por parte da clientela envolvida no Projeto.

DESPERTANDO PARA O FUTURO

Dentre alguns casos de sucesso que ocorreram em consequência da Ação Empreendedora do Projeto Despertar na Escola Estadual Virgí-lio Furtado – Ensino Fundamental e Médio, pode-se destacar a aluna Hadmilla Amparo Nascimento de Oliveira, que participou assiduamente, conciliando as ações do tão mencionando projeto com a rotina estudantil e um curso de cabeleireira que fazia na época, aspirando continuar empreen-dendo e já arquitetando o seu próprio negócio. De acordo com as próprias palavras da aluna: “Quando estudava o 3º Ano do Ensino Médio no ano de 2004, fui contemplada para participar do programa no ano seguinte, em 2005, fi z um curso de cabeleireira e montei o meu próprio negócio, um salão de beleza: Milla Cabelos”.

Com ajuda de seus pais e desmedido esforço, conseguiu montar o seu próprio negócio, conquistando desta forma a sua autonomia e independên-cia fi nanceira, o que tem contribuído para a comodidade do seu dia a dia e na luta pelo crescimento da sua vida de negócios e profi ssional.

A jovem Hadmilla Amparo Nascimento de Oliveira é proprietária do salão de beleza “Milla Cabelos”, tendo obtido constantemente êxito, con-quistando uma clientela à qual faz jus, o que concorre para seu sucesso de forma gradual e constante.

O Projeto Despertar é um programa que dá oportunidade de con-hecer os pontos principais para montar seu próprio negócio, a chance

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de conhecer as regras básicas de tratamento com os clientes, o quanto é importante trabalhar em equipe e também o valor do trabalho individual e a utilização de instrumentos importantes para uma boa propaganda do negócio.

O salão de beleza “Milla Cabelos” está localizado na Rua Elias Borges, nº 60, na cidade de Lajes Pintadas/RN, com sede própria. Na estruturação do salão foram necessários os seguintes mecanismos: empréstimo consig-nado pelos pais da empreendedora; e, para manter, a empreendedora fez o “crediamigo”, do Banco do Nordeste.

Em meados de 2008 contabiliza-se o seguinte movimento: são aten-didos em média 50 (ciquenta) clientes que variam entre crianças, jovens e adultos; a procura torna-se mais frequente nas épocas festivas da cidade.

O QUE ESPERAR DO FUTURO

O processo de mobilização e efetivação do Projeto Despertar na Escola Estadual Virgílio Furtado – Ensino Fundamental e Médio, na cidade de Lajes Pintadas/RN, oportunizou à comunidade escolar, sobretudo aos educandos, a consciência de que é possível crescer, aprender e ser feliz, conquistando a sua própria autonomia como cidadão e agente de trans-formação social.

A metodologia e a abordagem do Projeto Despertar são bastante per-tinentes quando tratam de questões que possibilitem aos jovens e adoles-centes enveredarem no mundo dos negócios e, desta forma, adquirirem meios que possibilitem o seu crescimento como cidadãos e até mesmos como iniciantes da vida empresarial.

As noções de cidadania propostas ao mundo atual também dizem re-speito à independência da pessoa humana e sua inserção no mundo dos negócios e do trabalho-artifício do modelo de sociedade que a globaliza-ção nos apresenta. Daí, ser fundamental a existência e a continuidade do Projeto Despertar nas escolas públicas.

1 Luzinete Pereira do Nascimento, Professora SEEC/RN. Histórias de Sucesso dos Participantes do Projeto Despertar – SEBRAE/RN e SEEC/RN, orientado pela profª Maria do Socorro de Azevedo Borba, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e consultora do SEBRAE/RN – e-mail: [email protected]; Antonio Carlos Liberato - Coordenador do Projeto Despertar - RN (SEBRAE/RN).

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TEMPERO EMPREENDEDOR

JACINTA MARTA ARAÚJO1

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COMO TUDO INICIOU!

O desafi o proposto pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Peque-nas Empresas – SEBRAE e pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio Grande do Norte de fomentar na classe estudantil a cultura de empreendedorismo por meio de um projeto desenvolvido nas escolas públicas de ensino médio, encontrou um solo fértil e promissor na cidade de Macaíba. Por localizar-se próximo a Natal, é considerada cidade dor-mitório, pois grande parte de seus habitantes em idade adulta estudam e/ou trabalham na capital.

Nesta cidade está localizada a Escola Estadual Dr. Severiano, situada à rua Dr. Heráclito Vilar, n° 100, Centro; instituição onde foi implantado o Projeto Despertar, cujo objetivo seria dar novos horizontes aos jovens alunos, mostrando-lhes perspectivas reais, por meio de uma educação empreendedora para a vida.

A história de sucesso aqui relatada tem como protagonista o jovem Walter da Costa Dantas, nascido em 26 de março de 1986, fi lho de família de humilde, do município de Currais Novos, Rio Grande do Norte, que se sobressaiu dentre outros alunos movido por uma forte determinação de fazer acontecer.

EMPREENDENDO NAS OPORTUNIDADES

É comum na classe estudantil secundarista, principalmente no Nor-deste, uma dualidade na perspectiva de vida. Enquanto uns perdem a esperança e acomodam-se no que têm e na fi nalização do ensino médio como último estágio de estudo, outros aspiram novos conhecimentos e novos horizontes profi ssionais. Assim, o Projeto Despertar alcançou o jovem que tinha vontade de fazer cursos dessa natureza, mas não tinha condições fi nanceiras. Observou-se nesta oportunidade a possibilidade de unir a força de vontade ao talento que afl oravam no futuro empreendedor.

Por meio de questionário escrito e entrevista, foram selecionados 35 alunos para participar do projeto no período de junho a novembro de 2004, cujos instrutores foram o professor Moisés Bezerra Constâncio e a coordenadora pedagógica Jacinta Marta Araújo da Silva.

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TEMPERO EMPREENDEDOR

Foram dez encontros, no fi m dos quais haveria a culminância na Feira do Jovem Empreendedor, no Centro de Convenções de Natal, quando as escolas fariam Amostras de empresas criadas pelos alunos como resultado do Projeto Despertar, com a aplicação das técnicas ad-quiridas durante o curso.

No decorrer das reuniões, o jovem Walter destacava-se por sua partici-pação, interesse pelos temas estudados e sua vontade de conhecer melhor as bases do empreendedorismo. Nesta época trabalhava em um restau-rante de comida nipônica, onde aprendeu a fazer sushi, mas sua paixão pela gastronomia veio de sua mãe, Suetônia Batista da Costa, cozinheira profi ssional, que ensinou as primeiras receitas ao fi lho.

SUCESSO E TALENTO: TEMPEROS ESSENCIAIS DO EMPREENDEDOR

Na culminância do Projeto, a empresa criada por Walter apresentou um sushibar com o sugestivo nome de Nippon Brasil. A opção pela es-pecialização na culinária japonesa tornou-se um diferencial do aluno. No fi nal da exposição, levou o prêmio de melhor empresa. Tal conquista foi de grande importância para dar esperança ao futuro empreendedor, que vislumbrava a realização de seus sonhos como profi ssional.

Após cobertura jornalística do evento, Walter foi convidado para es-tagiar em um famoso restaurante na bela capital Natal. Após o estágio, aproveitou o movimento turístico da cidade para a abertura de um sushibar com um amigo sueco em fevereiro de 2006, o que lhe trouxe experiência no ramo, mas ainda não era o que queria. Neste tempo, fez o curso EM-PRETEC, do SEBRAE.

Em fevereiro de 2006, impulsionado por um forte sentimento em-preendedor, decidiu trabalhar novamente como empregado, com o propósito de conhecer lugares ainda desconhecidos, em busca de novos clientes, novos paladares. Para isso, aceitou a proposta do All Phrae, res-taurante em São Paulo, capital. Lá, enfrentou muitas difi culdades, mas acreditando em sua capacidade, persistiu em prosseguir para alcançar suas metas e resolveu atingi-las em defi nitivo.

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Os conhecimentos adquiridos nos cursos de empreendedorismo o em-basaram para dar forma ao seu plano de negócio. Fez o curso na melhor escola de formação de sushimen do Brasil, o Clube do Sushi, em São Paulo.

Neste mesmo ano de 2006, estrategicamente escolheu a cidade de Ati-baia, São Paulo, local onde existe a segunda maior colônia japonesa do Estado, para continuar trabalhando em restaurantes para seu sustento e para levantar capital para colocar em prática seus planos. Aproveitava tam-bém para formar clientela e divulgar seus trabalhos, inclusive nos cursos de culinária oriental que ministrava na cidade.

Como etapa fi nal de seu plano, procurou o maior empresário do ramo na cidade de Atibaia propondo não um emprego, mas uma sociedade. Expôs seu projeto e fechou contrato como sócio de um restaurante de comida oriental demonstrando força de vontade e talento.

Como estratégia para lançar sua empresa no mercado, fez pesquisas para saber a opinião de seus futuros clientes e cadastrá-los. Proporcionou degustação no buffet no período diurno para atrair o paladar da popula-ção e organizou um ambiente futurístico e ao mesmo tempo resgatador de tradições milenares do povo oriental, como por exemplo, toalhinhas quentes para assepsia das mãos e o sushi “Oshizushi”, que deu início a todos os outros sushis apreciados hoje. A festa de inauguração foi fechada para autoridades da cidade e pessoas ilustres.

Para isso conta com uma equipe muito bem treinada e de inteira con-fi ança: sua mãe, seu irmão e sua esposa.

EMPREENDEDOR DE SUCESSO

No início de novembro de 2006 foi inaugurado o maior e melhor es-paço de comida oriental de Atibaia, o Nippon Brasil (mesmo nome da empresa apresentada no Projeto Despertar).

Em dezembro de 2008, é o único sushiman da cidade especializado em “Sushi Kasher” (sushi para judeus), inclusive fazendo festas especiais para este tipo de clientela.

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TEMPERO EMPREENDEDOR

Walter aprendeu grandes lições nesse processo, dentre elas o fato de que não existe negócio ruim, e sim empreendedor mal informado. Também aprendeu que não existe meta inatingível.

Aproveitando as oportunidades, percebeu que sempre poderia estar no lugar certo, com as pessoas certas, e que seu defeito está no fato de que pode ser mais rápido no agir, no colocar em prática seus planos, mas isso é um processo de amadurecimento que vem com a vivência.

Seus planos para o futuro incluem criar o Buffet Walter Dantas Con-fraternizações e Eventos, cujo objetivo será de levar até os clientes seus serviços.

Dentre as muitas metas alcançadas, cita-se nesta história o prêmio “The best of”, recebido pelo protagonista no seguimento de pratos orientais com o “Summer Plate”, uma invenção que virou moda na cidade de Atibaia.

O Nordeste do Brasil também ganhou com o sucesso de Walter, pois ele, como bom currais-novense, ganhou e espalhou fama de que os sushi-men nordestinos têm o tempero mais parecido com o originário oriental.

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO

1) Em sua opinião, por que é importante buscar parcerias, como fez o protagonista da história?

2) O que você faria diferente, no caso específi co da abertura do restau-rante em Atibaia, São Paulo?

3) Quais sugestões podem ser apresentadas como estratégias para a abertura do Buffet Walter Dantas Confraternizações e Eventos?

4) Qual a importância dos estudos para o empreendedor?

1 Jacinta Marta Araújo, Professora SEEC/RN. Histórias de Sucesso dos Participantes do Projeto Despertar – SEBRAE/RN e SEEC/RN, orientado pela profª Maria do Socorro de Azevedo Borba, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e consultora do SEBRAE/RN – e-mail: [email protected]; Antonio Carlos Liberato - Coordenador do Projeto Despertar - RN (SEBRAE/RN).

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DO ESPETINHO DE RUA AO

MERCADINHOJOÃO AMÂNCIO FILHO

RAIMUNDO ANTONIO DE SOUZA LOPES1

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O INÍCIO DO SUCESSO

A história de sucesso de Jane Maria de Medeiros, 41 anos, na época aluna da 1ª série “a”, começa no ano de 2006, na Escola Estadual Professor José Nogueira, situada à Rua 06 de Janeiro, s/n, fundada em 21 de dezembro de 1977, e que aderiu ao Projeto Despertar no ano de 2006, funcionando com 12 (doze) salas e 1.180 alunos.

Jane era uma verdadeira senhora do lar. Sua vida se resumia às atividades domésticas, o cuidado com sua filha (13 anos), e o zelo para com o seu marido, um trabalhador autônomo que passava por dificuldades profissionais e, consequentemente, financeiras. Um belo dia, diante de tanta ociosidade, Jane resolveu voltar a estudar, tentar recuperar o tempo perdido e aproveitar, através dos estudos retomados, as oportunidades que a vida poderia lhe oferecer.

Apesar das dificuldades impostas pela vida, Jane sempre contou com o apoio de sua genitora – morava com ela – que ajudava nas despesas de casa, pagando o aluguel da casinha onde ela morava com o marido e a filha, e ainda contribuía nas despesas com a ali-mentação. Para ajudar o marido, Jane se dispunha a fazer faxina, trabalhando como empregada doméstica, porém não deixando seu sonho de um dia ter o seu próprio negócio, morrer apenas no sonho. No entanto, por falta de conhecimentos, ela colocava mais obstáculos em cima daquilo que poderia ser a solução para os seus problemas. Ela não entendia sobre finanças, como começar um comércio e, muito menos, como escolher o negócio próprio.

Decidida a tornar seu sonho realidade, ela voltou a estudar. Como obra do destino, o Projeto Despertar já tinha sido implan-tado na escola e ela foi convidada a participar, em 2006, pelo próprio diretor da instituição, por ver nela uma pessoa determi-nada, capaz de alcançar seus objetivos.

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DO ESPETINHO DE RUA AO MERCADINHO

Eu f iquei sabendo do Projeto Despertar e me agarrei com unhas e dentes, pois vi ali a oportunidade que eu precisava. O meu receio inicial foi com relação à idade: todos os pré-selecionados eram jovens e eu pensei que o ‘curso’ era somente para quem era adolescente. Mas os professores já conheciam a minha história de muita luta e de um passado de sofrimento, e por isso mesmo deram a maior força, me indicando para ser uma das selecionadas. Revelou emocionada Jane.

Com o início das aulas teóricas, ministradas pelo Professor João Amâncio, Jane se assustou um pouco, e o medo tomou conta de sua confiança, bloqueando suas competências para desenvolver um projeto para a feira. Isso a tornou insegura, um pouco desori-entada, pois percebeu – diante das dificuldades iniciais – que não tinha nenhuma habilidade para trabalhar qualquer coisa que não fosse relacionada com a atividade doméstica.

Foi nesse período que surgiu um fator preponderante que veio pôr a prova os ensinamentos teóricos do Projeto Despertar e fazer a diferença: sua mãe precisou voltar para a casa dela e a sua situação financeira se agravou. Seu marido, já fazia tempo, não conseguia um trabalho, e as coisas foram apertando. O aluguel foi vencendo, a conta da luz atrasando, o papel da água acumulando, o desespero tomando conta.

É NA CRISE QUE APARECE AS MELHORES OPORTUNIDADES DE SE GANHAR DINHEIRO

Jane resolveu então tomar uma atitude empreendedora e pôr em prática às lições do Projeto Despertar. Como não tinha habilidade para artesanato, salão de beleza, manicure ou cabeleireira, re-solveu começar pelo que sabia fazer: cozinhar. “O meu raciocínio foi lógico e simples: começar a administrar por aquilo em que a minha criatividade era mais bem explorada”, disse com um sor-riso de satisfação.

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Com a ideia na cabeça, Jane procurou o professor e os co-legas do Projeto Despertar e colocou seus planos, mostrando a necessidade que t inha de começar a pôr em prática, desde já, os ensinamentos e, por conseguinte, o projeto da feira. Recebeu em troca total apoio por parte do professor e dos colegas e, a partir daquele momento, passou a ter credibilidade no grupo e ser uma voz de liderança na sua turma normal de sala de aula.

A oportunidade veio num momento crucial: seu marido chegou em casa desanimado, trazendo uma pequena cesta básica e um quilo de carne em uma das mãos.

Aqui está o que pude arranjar com um pequeno ‘bico’ que consegui. Não é muita coisa, mas dá para ir comendo, só espero que dure para um mês, pois não sei quando arranjarei outro trab-alho. Por falar em trabalho, esse ‘curso’ que você está fazendo não ensina como ganhar dinheiro não? – a voz soou com um misto de desânimo e ironia.

Jane, diante daquela situação, tomou uma decisão e disse: “Com esse quilo de carne tudo vai mudar. Eu vou transformar a carne em espetinho, vender em churrasquinho e ganhar dinheiro”.

Seu marido a olhou com espanto e incredulidade, dizendo que ela estava louca, pois ia arriscar o que tinha e se aventurar em tentar vender – em forma de espetinhos – o pouco que tinham para saciar a fome. Jane foi à cozinha, pegou uma faca, partiu o quilo de carne no meio, uma parte reservou para o consumo fa-miliar, a outra parte ela dividiu em 18 (dezoito) espetinhos. “Você vai ver como esses espetinhos serão o início de um grande projeto na nossa vida. E vai dar certo, assim você me ajude”, jurou Jane, olhando para seu marido.

Em seguida, Jane passou a temperar a carne destinada aos es-petinhos, buscou em suas economias o dinheiro necessário para

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comprar os palitos dos espetinhos, os pratos de papelão e os guardanapos. Na volta passou na mercearia e comprou um ¼ (um quarto) de um saco de carvão, fiado.

Nas aulas ela havia aprendido que nunca devia deixar de correr atrás dos seus sonhos, que tudo dependia do espírito empreend-edor. Porém, foi uma frase que ela havia incorporado nas aulas, a chave para o seu sucesso: é na crise que aparecem as melhores oportunidades de se ganhar dinheiro.

Naquela noite de quinta-feira, do ano de 2006, Jane saiu de sua casa carregando um depósito emprestado da vizinha, cheio de 18 (dezoito) espetinhos, o seu marido levava à churrasqueira emprestada da mãe dele, e os dois foram em busca do sonho. “Confesso que foi difícil enfrentar os conhecidos e expor a minha situação, pois a partir daquele momento todos ficaram sabendo da nossa real situação f inanceira”, lembrou Jane, com os olhos marejados de lágrimas.

Na esquina da Rua João Cordeiro com a Avenida Rio Branco, no Bairro do Santo Antonio, debaixo de um poste, Jane começou a montar o seu espetinho. O cheiro atraiu a vizinhança e, em me-nos de uma hora, ela já havia vendido o que tinha levado. Com o dinheiro apurado, Jane comprou um quilo de carne, um quilo de farinha, mais pratos e palitos de espetos e ainda pagou o ¼ (um quarto) do saco de carvão que havia comprado fiado. “Como não t inha experiência, eu primei por buscar no meu melhor, a excelência do meu produto. O meu diferencial foi o atendimento, mostrando as minhas dificuldades, porém procurando agradar a todos”, disse com orgulho. Nas noites seguintes os resultados se mostraram excelentes, isso fez com que o número de clientes aumentasse, consequentemente, a variedade no acompanhamento do espetinho, também. Logo, a propaganda se mostrou eficaz, pois foi basicamente difundida pelos próprios fregueses do ponto

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debaixo do poste, pelo cheiro que se propagava atraindo clientela e pelos próprios vizinhos, que se esforçavam em ajudar Jane.

O sucesso do espetinho deu um novo ânimo a Jane. Ela passou cada vez mais a se interessar pelas aulas seguintes e quando foi entregue a apostilha, um texto chamou a sua atenção: era aquele que falava de um senhor que montou o seu comércio de cachorro-quente na beira da estrada, e como suas vendas cresceram, ele conseguiu mandar o seu filho para a universidade.

Finalmente foi chegada a hora da feira e Jane realizou-se pro-fissionalmente.

A sua história já havia sido difundida entre os participantes e todos queriam conhecê-la e ao seu empreendimento, que, por sinal, chegou bastante diversificado, com espetinhos de carne de boi, carne de frango, coração, carne de porco, linguiça calabresa, queijo, além de refrigerantes em geral.

E COMO SUPERAR-SE NO FUTURO?

Quando perguntada qual o segredo do seu sucesso, ela sempre dizia: procurar atender a todos com a mesma atenção, antecipando seus gostos e paladares, disponibilizando serviços que seus con-correntes não utilizavam.

Segundo a sua opinião, o projeto dentro da escola é uma rique-za e ela faz questão de incentivar aos que estão entrando, dando seu testemunho e d izendo que se o Projeto Despertar t ivesse acontecido em sua vida quando ela era mais jovem, com certeza não teria passado tantas dificuldades. Em meados de 2008, Jane já diversificou o seu empreendimento, abrindo um comércio tipo mercearia ou bodega, onde de tudo se encontra um pouco, desde balas e bombons, cereais, perfumaria, produtos de limpeza, chás, lamparinas, etc.

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A ideia veio quando ela visitou a feira em Parnamirim, em uma aula prática do Projeto Despertar, e viu um mini mercadinho. Em relação ao espetinho, agora ele está na calçada da própria residên-cia, com toda a infraestrutura, para atender melhor aos fregueses.

1João Amâncio Filho, Raimundo Antonio de Souza Lopes, Professores SEEC/RN. Histórias de Sucesso dos Participantes do Projeto Despertar – SEBRAE/RN e SEEC/RN, orientado pela profª Maria do Socorro de Azevedo Borba, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e consultora do SEBRAE/RN – e-mail: [email protected]; Antonio Carlos Liberato - Coordenador do Projeto Despertar - RN (SEBRAE/RN).

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O PONTO DO BOLO:DO ARTESANATO PARA INDÚSTRIA

ANTONIA FERNANDESRAIMUNDO ANTONIO DE SOUZA LOPES1

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QUANDO TUDO INICIA

“Quando o Projeto Despertar entrou na minha vida, eu já tinha planos de montar uma padaria”, revelou Ana Paula Veras Benjamin Avelino, de 23 anos, na época, aluna da 2ª série “b”, da Escola Estadual Professor Moreira Dias, fundada no ano de 1936, localizada à Rua Silva Jardim s/n, no Bairro Doze Anos, e que aderiu ao Projeto Despertar no ano de 2003.

Essa história de sucesso não veio de um sonho sonhado sozinho pela Ana Paula: fez parte, também, do sonho do seu marido, Maxwuel da Costa Avelino, que também estudava na mesma escola e na mesma sala que ela. Juntos, eles sonharam idealizar o mesmo empreendimento, o problema era como tornar realidade esse sonho. Sem saber como pôr em prática, eles continuaram sonhando até aparecer a oportunidade através do Projeto Despertar.

Ana Paula, com sua visão empreendedora, enxergou ali a oportuni-dade que faltava para ela e o seu esposo começarem as suas histórias de sucessos. Inscreveram-se, foram selecionados e começaram a se dedicar com afi nco às aulas ministradas pela professora Antonia Fernandes, já começando a pôr em prática, inclusive, as técnicas e ensinamentos da apostilha.

“O que nos faltava, como o conhecimento técnico e a motivação, nós aprendemos nas aulas teóricas e práticas do Projeto Despertar”, disse Ana Paula, relembrando que, inicialmente custou a entender o porquê da necessidade da pesquisa de mercado, teias de relacionamen-tos e as parcerias.

Porém, isso não foi motivo para adiar mais ainda seus planos. Na medida em que as aulas iam acontecendo, eles iam pondo em prática, começando a montar o projeto de negócio. A primeira tomada de de-cisão foi a de derrubar uma parede da casa deles e transformá-la num local comercial, abrindo uma porta larga para a rua.

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O PONTO DO BOLO: DO ARTESANATO PARA INDÚSTRIA

TUM SONHO QUE SE SONHA SÓ É APENAS UM SONHO, COMPARTILHADO SE TORNA REALIDADE

Já cientes das parcerias, contataram o dono de um forno de padaria para que ele fornecesse o pão e o bolo de leite, e eles revendessem em seu estabelecimento. Em casa, Ana passou a produzir outros tipos de bolos e seu marido, com a ajuda de uma bicicleta, uma caixa grande acondicionada na garupa, saía oferecendo nas casas comerciais da cida-de. Por dia, eles vendiam cerca de 6 (seis) bolos e 2 (dois) rocamboles. Ana Paula relembra que era uma alegria só e isso os animava a conti-nuar com a garra própria dos empreendedores.

Paralelamente, cada vez mais eles se aplicavam nas aulas, apreen-dendo mais conhecimentos úteis para o futuro deles como empreen-dedores, não obstante o plano de negócio que eles estavam montando para a Feira do Jovem Empreendedor do ano de 2003.

Quando fi nalmente a feira aconteceu, eles já tinham uma grande bagagem na área de alimentação e, por isso mesmo, o plano de negócio contemplou um projeto nessa área, com o nome “Maná dos Céus”, que segundo Ana Paula foi um sucesso estrondoso. “Tudo que nós levamos para a feira, nos dois dias, nós vendemos. E ainda por cima, foi necessário improvisarmos um forno no próprio local da feira, para podermos fazer, na hora, alguns salgadinhos que os visitantes solici-tavam”, frisou com orgulho a jovem empreendedora.

Com o término do Projeto Despertar, Ana Paula e o marido se vol-taram para o seu comércio, agora com toda a bagagem de experiências de quem já sabia como lidar com o mercado de trabalho.

Como o nosso objetivo era o de ampliar cada vez mais o nosso comércio, multiplicamos nossos esforços no sentido de mais pon-tos de entregas, consequentemente, aumentou os nossos pedidos ao fornecedor e, por conseguinte, também houve uma multiplicação nos produtos produzidos no próprio local de trabalho. (Esclareceu Maxwuel, o esposo de Ana Paula).

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Com a alavancada nos negócios, o casal resolveu investir em maqui-nários para eles mesmos passarem a produzir toda a gama de produ-tos oferecidos à clientela. Inicialmente foi comprado um balcão para acondicionamento e amostra dos bolos e rocamboles produzidos em casa, um freezer para os frios, uma geladeira e um forno industrial para acelerar a produção, e a bicicleta foi trocada por um veículo automo-tivo, o que os fez mais ágeis nas entregas, reduzindo o fator tempo e com maiores quantidades.

Passados cinco anos desde as suas participações no Projeto Des-pertar, Ana Paula e Maxwuel já consolidaram o seu empreendimento, tornando-se um dos principais fornecedores na área de bolos e rocam-boles na cidade de Mossoró, com uma tiragem – só de bolos – para mais de 3000 por semana. Além disso, eles inauguraram o próprio forno, realizando o sonho de, realmente, montar a própria padaria. Com isso, eles diversifi caram os tipos de bolos que fornecem, dispo-nibilizando uma variedade de salgados, rocamboles, pudins, sorvetes, tortas geladas, pastéis e confeccionando bolos para aniversários e ca-samentos.

E O SONHO TRANSFORMOU-SE EM NEGÓCIO CONSOLIDADO...

O resultado desse sucesso já está ultrapassando os limites do município, pois eles estão fornecendo para a localidade de Trapiá – a 15 (quinze) quilômetros de Mossoró –, todas as semanas, 60 (sessenta) bolos, 1000 (mil) pães, 500 (quinhentos) pastéis, além de 30 (trinta) rocamboles.

O segredo desse sucesso, segundo Ana Paula é, em primeiro lugar, acreditar em seus sonhos; em segundo, capacitar-se para conhecer aqui-lo em que vai trabalhar; terceiro, fazer pesquisas de mercado, buscar parcerias e montar sua rede de contatos; em quarto, pechinchar para

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O PONTO DO BOLO: DO ARTESANATO PARA INDÚSTRIA

diminuir preços. “Isso lhe dá uma condição melhor de lutar com a con-corrência do segmento, pois seus custos são menores e, quem sai ganhan-do, é o cliente”, completou, deixando escapar que já estão pensando em trocar o veículo automotivo por uma picape 0 (zero) quilômetro.

Mesmo diante das difi culdades, eles nunca pensaram em desistir, e essa marca de perseverança, segundo Maxwuel, eles aprenderam com o Projeto Despertar, assim como uma de suas máximas: quando uma coisa não dá certo, invente outra, mas nunca desista dos seus objetivos.

O trabalho é árduo, cansativo, no início, mas é compensador no seu fi nal. Com sacrifício, perseverança, criatividade e habilidade, nós montamos nossa rede de distribuição em todos os bairros da cidade, e já atuamos, também, entregando nosso produto, até nos principais hospitais da cidade. O Projeto Despertar não é só capitalismo, ou a formação profi ssional para o mercado de trabalho. É, também, a oportunidade que ele nos oferece de pensarmos e agirmos como um ser coletivo, preocupados com a comunidade em que vivemos e com a nossa condição de cidadãos voltados para os desafi os que o mundo nos impõe.

1Antonia Fernandes, Raimundo Antonio de Souza Lopes, Professores SEEC/RN. Histórias de Sucesso dos Participantes do Projeto Despertar – SEBRAE/RN e SEEC/RN, orientado pela profª Maria do Socorro de Azevedo Borba, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e consultora do SEBRAE/RN – e-mail: [email protected]; Antonio Carlos Liberato - Coordenador do Projeto Despertar - RN (SEBRAE/RN).

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DO AÇOUGUERUDIMENTAR AO

EQUIPADOFRIGORÍFICO

MARLETE FRANÇA DE AZEVEDO1

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E TUDO COMEÇOU ASSIM...

Na cidade de Parelhas, região do Seridó Oriental, distante 249km da capital, de clima semiárido, a agricultura perdeu espaço para outras ativi-dades econômicas como a ceramista e a mineradora, que não absorvem totalmente a mão de obra ociosa. Some-se a isso a precária qualifi cação profi ssional de uma parte considerável da população e tem-se um pan-orama inicial da situação local. Este quadro reforça os problemas sociais gerados pelo desemprego ou subemprego, especialmente no Bairro Cruz do Monte, de periferia e que no seu nascedouro abrigava uma população essencialmente fragilizada pelo desemprego.

Porém, com o passar dos anos este citado bairro foi se estruturando melhor, em termos da presença constante do poder público nas ações que ajudam a melhorar a qualidade de vida. Há um setor deste bairro onde o comércio diversifi cado está se consolidando e ampliando as possibilidades de inserção social das famílias ali residentes, embora a principal ocupação da mão de obra seja com as cerâmicas.

A existência de boa parte da população deste bairro à margem do pro-cesso produtivo sempre se constituiu em desafi o, devido à limitação em termos de programas de qualifi cação profi ssional para a maioria dos jovens moradores, ou ainda porque as oportunidades de trabalho e geração de renda não foram ampliadas por falta de informações de parte das pessoas que desenvolvem alguma atividade, mas de forma precária.

Porém, pode-se registrar um caso de sucesso nesse meio, graças à im-plantação do Programa Despertar, no ano de 2005, na principal escola pública do bairro, a Escola Estadual Dr. Mauro Medeiros. Nela, o aluno Wellinton Pereira de Azevedo, conhecido como “Veinho”, teve a opor-tunidade de ampliar os conhecimentos do mundo dos negócios; devido à sua veia empreendedora, até então despercebida por falta de informações, tomou impulso considerável ao participar do Programa Despertar.

Não foi necessário para Wellinton buscar uma ocupação longe do seu convívio familiar e comunitário para se revelar um empreend-edor. Procurando driblar as difi culdades inerentes ao comércio de

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DO AÇOUGUE RUDIMENTAR AO EQUIPADO FRIGORÍFICO

gêneros alimentícios, a vontade de inovar na atividade de marchante ganhou relevância, à medida que ele ia recebendo as orientações do Programa Despertar.

O DESENROLAR DO NEGÓCIO!

Foi nesta localidade em Parelhas que Wellinton nasceu e cresceu no seio de pessoas humildes. A família buscava a sobrevivência abatendo animais para os marchantes parelhenses no Matadouro Público Municipal. Ele participava dessa atividade e ia aprendendo até que resolveu montar o próprio negócio em 2006: a venda de carnes. No início era tudo muito difícil, pois o comodismo, o medo de contrair dívidas e não poder pagá-las e o pessimismo não permitiam que pensasse na possibilidade de ampliação. Era tudo muito acanhado.

Mesmo assim, conseguiu se estabelecer em um ponto comercial na própria residência (doado pela sogra), na Rua Edmundo Bezerra, nº 31, no bairro Cruz do Monte.

Para a execução de seu projeto, Wellinton teve que organizar seu esta-belecimento de forma a atrair clientes para comprar carnes bovina, suína, ovinas e de aves.

Assim sendo, num estabelecimento que vende gêneros alimentícios dessa natureza, os cuidados com a higiene são indispensáveis, além da necessidade de o ambiente oferecer condições para uma perfeita acomo-dação dos produtos.

Foi com a participação dele no Programa Despertar – cujo objetivo é formar alunos autônomos, construir competências que os tornem capazes de tomar decisões, traçar planos e criar empreendimentos e geração de renda, na Escola Estadual Dr. Mauro Medeiros, onde o mesmo ainda estuda – que obteve melhores conhecimentos sobre a atividade empreend-edora. Para ele, por menor que seja o empreendimento, exige planejamento, visão de mundo e inovações sempre.

Na fase de montagem do Açougue Tradição, em 2006, Wellinton se valeu de recursos da própria família, como o prédio, a reforma, as despesas

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com mão de obra, pedreiro, entre outras. Teve que recorrer a empréstimos para a compra de um freezer.

Ao fazer esses investimentos, fi cou sem capital de giro. Assim, na sua avaliação, com planejamento e monitoramento constante, está se recu-perando das dívidas. Para ele, a presença constante de sua esposa nas atividades do açougue também contribuiu para um dinamismo maior, especialmente no atendimento aos clientes.

Atenta às preferências destes, além do lançamento de algumas estraté-gias de marketing como as promoções, conseguiu atrair mais pessoas para comprar em seu estabelecimento.

As oportunidades de trabalho e geração de renda no próprio local de convívio das pessoas não são percebidas, o que se constitui em um prejuízo considerável em termos de qualidade de vida, não só do ponto de vista econômico como também social. Por essa razão, fazer chegar a essas pessoas as informações sempre constituiu um desafi o. As instituições já existentes nesse meio podem cumprir muito bem esse papel.

AS POSSIBILIDADES DE AMPLIAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

O desafi o de implantação de um empreendimento comercial requer do empreendedor uma visão bem apurada no dia a dia. Dedicar atenção especial às estratégias de vendas, aos recursos empregados, à logística (for-necedores e transporte) são elementos indispensáveis ao bom andamento de qualquer negócio.

Nesse sentido, as projeções para o futuro sinalizariam para possibili-dades de diversifi cação da venda, incluindo outros gêneros alimentícios, como verduras, legumes e frutas da época, devido à procura ser constante por parte dos clientes.

Um dos erros cometidos por Wellinton durante a fase de implantação do frigorífi co foi a desistência dos estudos formais, pois o tempo para essa atividade se apresentava bastante limitado. Com o decorrer do processo,

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DO AÇOUGUE RUDIMENTAR AO EQUIPADO FRIGORÍFICO

1 Marlete França de Azevedo, Professora SEEC/RN. Histórias de Sucesso dos Participantes do Projeto Despertar – SEBRAE/RN e SEEC/RN, orientado pela profª Maria do Socorro de Azevedo Borba, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e consultora do SEBRAE/RN – e-mail: [email protected]; Antonio Carlos Liberato - Coordenador do Projeto Despertar - RN (SEBRAE/RN).

ele foi percebendo a necessidade de retomar os estudos no Ensino Médio, porque para ele a limitação de conhecimentos geraria problemas futuros.

Ciente das difi culdades que teria pela frente Wellinton partira de volta à escola, pois nunca poderá dispensar conhecimentos, nesse caso, o con-hecimento formal.

A VISÃO DO AUTOR

Diante desse quadro apresentado por Wellinton de ampliação de seu negócio, será sempre necessário a aquisição de novos conhecimentos para ampliação das competências em geral, necessárias ao bom andamento do negócio em questão.

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HISTÓRIAS DE ALUNOS

EMPREENDEDORES

A desigualdade social que afeta nossa juventude,

vai de encontro às suas necessidades nestes

tempos em que as tecnologias da comunicação

e da informação se defrontam com altas taxas de

desemprego. O aluno do Ensino Médio é hoje,

sujeito das ações que advêm da revolução do

conhecimento. Como pessoa humana, precisa

reunir formação ética, autonomia intelectual e

pensamento crítico, aliados à compreensão dos

fundamentos técnico-científi cos dos processos

produtivos. O aprendizado contínuo torna-se

imprescindível à fl exibilidade exigida às novas

condições do mundo contemporâneo.

Esse livro apresenta o resultado da experiência de

se trabalhar a cultura do empreendedorismo junto

aos jovens do ensino médio de algumas escolas

públicas do estado do Rio Grande do Norte. Por

meio do depoimento de professores, relatam-

se as experiências bem sucedidas de jovens e

educadores que mudaram o rumo das suas vidas,

a partir das lições de empreendedorismo adquiridas

em sala de aula, em escolas do interior do estado,

onde as escolhas são praticamente nulas.

A partir dos relatos pode-se evidenciar que, a

partir da disseminação da cultura empreendedora

na escola, é possível transformar vidas, pensar

políticas educacionais modernas e eficaz es,

capazes de gerar nos educadores e educandos

novas formas de pensar e agir utilizando a energia

criativa , capaz de contribuir, entre outros aspectos,

para o fortalecimento da cidadania e da inclusão

social, além da geração de emprego e renda.

HISTÓRIAS DE ALUNOS EMPREENDEDORES

ISBN 978-85-88779-20-4

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