24
– HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes ungulados, isto é, apoiam-se e movimentam-se sobre quatro membros, estando a parte distal dos mesmos revestida por casco. A parte distal do membro anterior de um bovino é conhecida por mão e os seus dois dígitos são também designados por dedos, o dedo lateral e o dedo medial (didactilia). No membro posterior, a sua parte distal designa-se de pé, tendo estes também dois dedos, sendo lateral de maiores dimensões. Cada membro apresenta, além dos dois dedos principais, dois dedos suplementares ou rudimentares, encontrando-se estes últimos projectados atrás do boleto e geralmente não estão em contacto com o solo. – Histologia do casco Cada dígito de um bovino e composto por três tipos de tecido: a epiderme, a derme e o tecido subcutâneo. A epiderme é queratinizada e a derme, também chamada de córion, é uma estrutura altamente vascularizada que tem como função a nutrição do casco. Por último, o tecido subcutâneo que forma a almofada digital. Além dos três tecidos referenciados, cada dígito compõem-se ainda de três falanges e três sesamóides, tendões e ligamentos8. O termo casco compreende a cápsula ou estrato córneo da epiderme e os outros componentes. – Epiderme A epiderme divide-se em: estrato basal, estrato germinativo e estrato córneo, este último ainda se subdivide em: em estrato externo, estrato médio e estrato interno ou lamelar. A epiderme é avascular, pelo que os queratinócitos da camada germinativa dependem do suprimento sanguíneo da derme (córion) para obtenção de oxigênio e nutrientes. Esta difusão sanguínea pode ser quebrada o que conduz à produção de um mau tecido córneo.

HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

  • Upload
    others

  • View
    15

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

– HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS

DOS BOVINOS

Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes ungulados, isto é,

apoiam-se e movimentam-se sobre quatro membros, estando a parte distal

dos mesmos revestida por casco.

A parte distal do membro anterior de um bovino é conhecida por mão e os

seus dois dígitos são também designados por dedos, o dedo lateral e o dedo

medial (didactilia). No membro posterior, a sua parte distal designa-se de pé,

tendo estes também dois dedos, sendo lateral de maiores dimensões.

Cada membro apresenta, além dos dois dedos principais, dois dedos

suplementares ou rudimentares, encontrando-se estes últimos projectados

atrás do boleto e geralmente não estão em contacto com o solo.

– Histologia do casco

Cada dígito de um bovino e composto por três tipos de tecido: a epiderme, a

derme e o tecido subcutâneo. A epiderme é queratinizada e a derme, também

chamada de córion, é uma estrutura altamente vascularizada que tem como

função a nutrição do casco. Por último, o tecido subcutâneo que forma a

almofada digital. Além dos três tecidos referenciados, cada dígito compõem-se

ainda de três falanges e três sesamóides, tendões e ligamentos8.

O termo casco compreende a cápsula ou estrato córneo da epiderme e os

outros componentes.

– Epiderme

A epiderme divide-se em: estrato basal, estrato germinativo e estrato córneo,

este último ainda se subdivide em: em estrato externo, estrato médio e

estrato interno ou lamelar.

A epiderme é avascular, pelo que os queratinócitos da camada germinativa

dependem do suprimento sanguíneo da derme (córion) para obtenção de

oxigênio e nutrientes. Esta difusão sanguínea pode ser quebrada o que conduz

à produção de um mau tecido córneo.

Page 2: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

A camada germinativa da epiderme e o córion têm uma íntima relação, por

consequência, qualquer lesão numa destas estruturas conduz a prejuízos na

outra.

A estabilidade estrutural do tecido córneo é resultante dos complexos

formados entre a queratina e os aminoácidos metionina, histidina, lisina e

arginina, bem como água, macro e micro-elementos (cálcio, fósforo, cobre,

zinco, enxofre cobalto, molibdénio) e uma pequena quantidade de gordura.

Externamente, verificam-se na epiderme ou tecido córneo, estruturas que

adquirem um nome próprio1 (figura 1 e 2):

- Bordo coronário ou coroa;

- Parede ou muralha;

- Palma ou sola;

- Talão;

- Linha branca.

Figura 1 – Representação esquemática da anatomia do casco, vista

palmar (Adaptado de 3).

Page 3: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

– Derme

A derme ou córion divide-se em três partes:

- A parte coronariana ou perioplo. Esta ocupa um espaço restrito, sendo

formada por papilas vascularizadas que se orientam em direcção à superfície

do chão. O tecido córneo mole da banda coronária é produzido por células

germinativas;

- A parte parietal ou tubular localiza-se imediatamente abaixo da derme

coronariana;

- A derme lamelar é predominantemente vascular e tem muitas fibras

reticulares densas que ligam a parede dos vasos à falange distal;

– Tecido subcutâneo

O tecido subcutâneo ou sub-cutis é abundante no bulbo ou talão,

apresentando- se como uma densa camada de tecido fibroelástico,

O bulbo tem uma importante função de amortização dos impactos e, quando é

pressionado durante a distribuição de peso, expande-se axial e abaxialmente,

transferindo as forças para a parede do casco. Quando ocorrem alterações na

estrutura do talão ou quando há reduzidas forças de tensão, por exemplo, na

laminite crónica, a absorção do impacto pelo bulbo fica claramente

comprometida.

O tecido subcutâneo está ausente na maioria do córion.

– Aspectos anatómicos

Sob o ponto de vista anatómico, além das estruturas histológicas atrás

referidas, é essencial abordar as estruturas ósseas, as articulações, os

ligamentos e os tendões, pois elas estão encarregadas de suportar, distribuir e

amortecer o peso do animal no solo.

Page 4: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

– Ossos

Quanto à constituição óssea, as extremidades distais dos membros

compreendem diversos ossos, entre o carpo (mão) ou o tarso (pé) e as

falanges distais3.

Os ossos suportam primariamente as estruturas do pé. Cada dedo é

constituído por três ossos principais:

- Falange proximal ou primeira falange;

- Falange média ou segunda falange;

- Falange distal ou terceira falange.

Existem ainda outros ossos mais pequenos, os ossos sesamóides, essenciais

para atuar como guia dos tendões.

O osso mais susceptível de ser lesado é a terceira falange, pois está mais

exposta a traumatismos ou a agentes infecciosos que podem chegar até ela

após a ocorrência de lesões e deformações na proteção córnea ou epiderme.

– Articulações

As articulações são a união entre os ossos, que estão recobertos por

cartilagem na sua parte final (figura 2). Estas estruturas estão encarregadas

de proteger a fricção entre os ossos a quando o movimento destes. A

articulação está rodeada por uma cápsula articular onde está um líquido

gelatinoso, chamado líquido sinovial, e tem como função a lubrificação

contínua, reduzindo ainda mais o atrito7.

A articulação interfalangiana distal, está totalmente encerrada na cápsula

córnea e une a segunda e a terceira falange. A unha ou dedo compreende a

terceira falange, a parte distal da segunda falange, o osso sesamóide distal ou

osso navicular, os ligamentos articulares e a parte terminal dos tendões

flexores e extensores, o córion e o tecido subcutâneo, estando todas estas

estruturas envoltas pela cápsula córnea.

Page 5: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

– Ligamentos

Os ligamentos unem e suportam os ossos entre si. Existem vários ligamentos

que estão encarregados de prevenir que os dedos se afastem lateralmente.

Dentro destes, os mais importantes são os ligamentos cruzados5.

Sempre que um animal comece a ter alterações no caminhar estes ligamentos

sofrem estiramento e provocam inflamação com as conseqüentes

claudicações.

– Tendões

Os tendões unem os músculos aos ossos, ao contrário dos ligamentos que

contatam osso entre si. Nos membros há dois tipos de tendões (figura 2):

- Os tendões flexores ou posteriores, que têm como função elevar o pé e a

perna;

- Os tendões extensores ou anteriores, que permitem a descida gradual do pé.

Os tendões, tal como os ligamentos, são de natureza fibroelástica. Estes estão

recobertos por uma bainha fibrosa que, quando lesionada, leva a inflamações

e, quando colonizadas por bactérias conduz a um processo de tendinite7.

– Irrigação e enervação do pé

Devido à complexidade da enervação e irrigação do pé, é de grande relevância

que aqui seja mencionada, pois o seu conhecimento é de vital importância

para a conhecer a fisiopatogenia das lesões, proceder à correta instauração de

técnicas de anestesia e terapêutica1.

Pelo fato de a maioria das lesões serem encontradas nos membros

posteriores, descrevem-se aqui, ainda que de forma sucinta, os seus vasos

mais importantes e com interesse em intervenções cirúrgicas ou dolorosas no

pé, dando particular atenção aos vasos sanguíneos já que a anestesia regional

intravenosa é a que mais utilizada.

Page 6: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

Os principais vasos arteriais que irrigam o pé são:

- As arteríolas plantar medial e plantar lateral, que são ramas da

artéria safena;

- A artéria metatársica dorsal, que se liga às artérias plantares;

- A artéria digital comum plantar III, que é um ramo da artéria

plantar medial que continua em direcção ao espaço interdigital onde

se anastomosa com o tronco principal. É encontrada quando há

amputação de um dedo.

As veias estão divididas num sistema profundo havendo, contudo, alguns

vasos importantes:

- A veia safena lateral que emerge de duas tributárias;

- A veia safena medial que é formada por duas ramos, o ramo cranial

e o ramo caudal.

As veias superficiais, abaixo do jarrete, podem salientar-se pela aplicação de

um torniquete para administração de anestésico local com o objetivo de

dessensibilizar os dedos.

Quanto à enervação do pé, está a cargo dos ramos superficiais e profundo do

nervo peronial e dos nervos plantares medial e lateral. O bloqueio destes

nervos é importante caso se opte por uma técnica anestésica que não a

intravenosa regional. Entre essas técnicas de anestesia destacam-se duas:

infiltração peri-neural dos nervos digitais plantares e bloqueio circular. Quanto

à anestesia por bloqueio nervoso, o método consiste no bloquear dos troncos

nervosos responsáveis pela enervação das extremidades distais. Procede-se à

tranquilização do paciente e à limpeza e desinfecção da zona abaixo do boleto.

O primeiro ponto de inoculação é na face anterior do boleto e o segundo

ponto é posterior e entre os dois dedos acessórios. O terceiro e o quarto

pontos de inoculação são laterais, interno e externo, cerca de dois centímetros

acima dos dedos acessórios.

Page 7: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

Figura 2 – Esquema representativo da anatomia e histologia do dedo

(Adaptado de 3).

– ETIOLOGIA DOS PROBLEMAS PODAIS

A intensificação das técnicas produtivas com a especialização de vacas por

raças e o moderno maneio na produção leiteira trouxeram um aumento do

número de claudicações, já que os bovinos experimentaram alimentações ricas

em fatores predisponentes para que estas ocorram. Algumas repercussões nas

claudicações dos bovinos situam-se na produção, condição corporal,

fertilidade, mamites, longevidade, sacrifícios dos animais (abate), melhoria

genética e mão-de-obra. Assim, importa conhecer e identificar os fatores

contributivos para a ocorrência de tais lesões.

Page 8: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

– Fatores biomecânicos que contribuem para claudicações

Existe uma interação entre o solo que os bovinos pisam e os seus próprios

membros, o que requer conhecimentos da mecânica de apoio, bem como

conhecimentos do próprio chão que o animal pisa durante toda a sua vida.

Muitos outros fatores interferem diretamente na biomecânica podal e as

próprias patologias nestes locais que à frente serão abordadas.

– Extremidades posteriores

Os membros posteriores, durante o período que a vaca está parada,

apresentam movimentos de balanço nas ancas de 2,5cm para cada lado. Isto

conduz a um aumento de peso nos talões externos, enquanto que os internos

ficam inalterados4.

O talão posterior externo e a respectiva unha são maiores que o interno,

assim ao apoiar em terreno duro recebe mais pressão o que conduz a uma

maior irrigação sanguínea e consequentemente a um sobre-crescimento dessa

mesma unha2 (figura 33).

Outra característica da unha posterior externa é o facto de apresentar menor

concavidade na superfície palmar em relação à unha posterior interna. A unha

interna ou medial tem um apoio mais instável em terrenos duros, assim

transmite mais peso à unha lateral. Também nos movimentos de rotação as

unhas laterais ficam mais expostas a pressões sobre as mesmas. Todos estes

fatores anátomo-mecânicos contribuem para que as patas posteriores sejam

mais acometidas por lesões em relação às anteriores, e são as unhas laterais

ou externas as mais afectadas7.

– Extremidades anteriores

Os problemas podais nas extremidades anteriores são menos freqüentes do

que nas posteriores, no entanto, quando ocorrem alterações ou patologias

podais nestes membros, são muito mais incômoda para os bovinos

contribuindo para isso o balanceio do pescoço e o aumento de peso do

pescoço e da cabeça.

Page 9: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

Quando a claudicação é unilateral, o bovino procura voltar o pescoço para o

lado são a fim de aliviar algum peso. Nas extremidades anteriores, as unhas

que freqüentemente sofrem mais lesões são as internas ou mediais e em tais

situações, é comum os bovinos cruzarem os membros para aliviar a dor.

Pensa-se que o fato da unha medial ser mais afetada se deve ao sobre-peso

oblíquo exercido nesta unha quando o bovino estende o pescoço através das

estruturas metálicas colocadas nas manjedouras para conseguirem alcançar o

alimento.

– Outras causas de claudicação

Além dos fatores atrás abordados outros existem e que são na atualidade

considerados fatores de risco. Genericamente, podemos dividir as claudicações

pela sua etiologia em três tipos: metabólicas, mecânicas e infecciosas (figura

34).

Alguns fatores de risco para a claudicação estão relacionados com a

alimentação, a hereditariedade, as instalações, o pastoreio, a produção, a

correção de cascos, a concentração de gado, o Homem, a fase da lactação, o

clima, a umidade, a idade, os traumatismos, e a época do ano. É de grande

importância conhecer estes fatores de risco, já que podem influenciar a

estrutura e a função do casco e assim conduzir a medidas que se possam

implementar para colocar em prática métodos profiláticos para uma melhoria

da sanidade dos bovinos.

Sobre alguns destes fatores atrás mencionados se irá em seguida fazer uma

breve abordagem, tal como a algumas patologias que deles possam derivar.

– Alimentação

Existe grande consenso de que a alimentação é um fator fundamental no

desenvolvimento dos problemas podais. Manifestações de úlceras palmares e

abcessos da linha branca são ambos consequências da incapacidade do córion

para produzir uma unha saudável, e a alimentação é de grande

responsabilidade nesta ocorrência.

Page 10: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

A laminite está associada a toxémia por ingestão de excesso de hidratos de

carbono, a acidose ruminal e, em alguns trabalhos (segundo Roberto Acuña)

também comprovaram que um excesso de proteínas em mais de 15%

aumenta essa predisposição4. Pastagens e forragens que contenham altos

conteúdos de nitratos podem de igual forma causar laminites4.

Por outro lado, as lesões traumáticas por penetração de corpos estranhos

devem- se quase sempre a um casco de má qualidade, que pode ser originado

por uma inadequada administração de nutrientes que intervêm no processo de

queratinização. A ingestão de grandes quantidades de concentrado e baixo

consumo de forragem é um fator de problemas podais. Os amidos e outros

açúcares associam-se a problemas podais, bem como a proteína de alta

degradabilidade. Alimentações ricas em proteínas e baixas em fibras

conduzem a fezes abundantes e líquidas que vão conspurcar os pisos onde os

animais se movimentam, isto predispõe ao crescimento de microrganismos e

amolecimento dos cascos, sendo assim mais facilmente atacados por esses

agentes patogénicos7.

Carência de micro-elemetos, como o cobre (Cu) e o zinco (Zn), e de vitamina

E e selénio (Se) são na atualidade considerados fatores de risco para as

doenças podais7.

– Factores genéticos

A conformação das unhas é uma característica herdada, as quais demonstra

ter alguma correlação com as claudicações.

As unhas devem ser iguais, devendo ser descartadas do efetivo todas as vacas

com diferenças acentuadas de tamanho entre elas4. A seleção genética, para

aumentar a produção leiteira, não tem sido acompanhada com a seleção para

a qualidade dos cascos e dos membros, a fim de que os animais suportem

melhor o maior peso que o melhoramento genético permitiu2. Isto porque a

heritabilidade da conformação podal é bastante inferior à heritabilidade de

outras características morfológicas e até reprodutivas.

Page 11: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

A pigmentação do casco é uma questão racial e mesmo não sendo

cientificamente comprovado tem aceitação geral que os claros ou não

pigmentados têm menor resistência que os escuros, sendo assim mais

susceptíveis a lesões.

– Instalações

Os tipos de estábulo são um fator ambiental de capital importância no

conforto dos animais pois condiciona o seu comportamento, a locomoção e as

relações sociais.

– Estabulação fixa

Em explorações bovinas de característica tradicional, as quais ainda assentam

em sistemas de estabulação fixa, as vacas amarradas permanentemente

acedem facilmente ao alimento e por conseguinte têm locomoção nula o que

lhe permite um sobre-crescimento do casco devido à falta de desgaste. Nesta

estabulação, as claudicações podais são mais frequentes nas patas anteriores,

pois as anteriores apoiam sobre um solo mais seco. Pelo contrário, as patas

posteriores estão em ambiente conspurcado devido às dejeções e urinas,

sendo assim a carga bacteriana sobre estas unhas é bastante elevada e a

resistência do casco diminuída pelo contínuo humedecimento e ataque de

agentes corrosivos7.

– Estabulação livre

Este é o tipo de estabulação que mais interessa, já que a grande parte das

vacarias têm vindo a evoluir para este sistema, verificando-se, com o passar

dos anos, o quase desaparecimento da estabulação fixa5.

É importante que a drenagem dos pátios e passeios, onde os animais se

deslocam, seja feita corretamente de forma a evitar zonas de acumulação de

dejetos.

Uma boa qualidade da cama dos animais nos cubículos faz com que estes

permaneçam deitados durante um maior número de horas do que quando as

camas apresentam uma altura baixa, provocando desconforto. Isto obriga as

vacas a estarem mais tempo de pé, assim exercem mais tempo pressão sobre

Page 12: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

as patas. Com um maior número de horas de descanso as claudicações nas

vacas acabam por diminuir drasticamente7.

Os cubículos mal desenhados e curtos fazem com que as vacas tenham os

membro posteriores no limite da estrutura, apoiando-se, por vezes, nas pinças

causando grande desequilíbrio e desconforto aos animais2.

As vacas leiteiras precisam de estar deitadas entre 12 a 14 horas por dia. Para

isso o tamanho dos cubículos e a qualidade da cama são dois fatores para que

isso ocorra.

– Pastoreio

As vacas em condição de pastoreio têm os cascos mais secos que as vacas

confinadas. Existe uma relação entre o conteúdo de água do casco e a sua

dureza. Um aumento de água do casco leva a uma menor resistência e

consequentemente a um maior desgaste. Quando os cascos estão expostos a

uma maior umidade dos currais, ficam amolecidos permitindo que penetrem

nestes corpos estranho como pedras ou objetos pontiagudos. Por esta razão

as vacas em pastoreio têm menor exposição a dejetos e umidade o que

contribui para a ocorrência de um menor número de patologias podais.

O exercício durante o pastoreio favorece a atividade do retorno venoso,

aumenta a produção de casco e previne a invasão bacteriana.

– Produção

Numa exploração, as vacas com maiores índices de produção leiteira têm

maior risco de sofrer claudicações, sendo esse risco acrescido na fase de

maior produção que ocorre por volta dos 70 dias pós-parto.

Também no peri-parto, produzem-se uma grande quantidade de alterações

hormonais, alimentares e de maneio que geram uma situação de stress. Se

estes processos não forem controlados podem contribuir para problemas

podais5.

Page 13: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

– Correcção funcional dos cascos

A correção funcional dos cascos deve ser feita de forma rotineira, tentando

restabelecer as proporções normais dos mesmos, restaurar a posição dos

membros e favorecer uma distribuição equilibrada do peso. Esta correcção

deve fazer parte de um programa de medicina preventiva nos efectivos

bovinos2.

Dada a importância deste assunto, será assim apresentado um capítulo

dedicado a este tema.

– Concentração de gado

A falta de superfície de cama em estabulações livres e o número de cubículos

sensivelmente inferior ao número de animais (figura 3) tem como

consequência um tempo menor de permanência dos animais deitados. Isto

reflete-se numa má qualidade das camas e correlaciona-se com um maior

número de claudicações, sendo mais freqüentes em animais que estão um

menor número de horas deitados7.

Em estábulos com pouco espaço, a contaminação das camas por fezes e

urinas faz-se rapidamente, assim como a carga bacteriana, o que incrementa

a incidência de doenças de doenças infecto-contagiosas, bem como a sua

velocidade de difusão7.

– Higiene

A sujidade combinada com umidade tem uma elevada relação com o

aparecimento de claudicações em bovinos (figura 4). A dermatite digital e

interdigital, erosão dos talões e pododermatites com complicações sépticas.

Pátios com dejetos e camas envoltas em umidade maceram a queratina do

casco e o próprio epitélio, facilitando a penetração de agentes infecciosos.

Page 14: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

Pátios com dejetos e camas envoltas em umidade maceram a queratina do

casco e o próprio epitélio, facilitando a penetração de agentes infecciosos.

Figura 3 – Situação de sobre-população em regime de exploração bovina intensiva.

Figura 4 – Deficiente higiene dos pisos.

Page 15: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

– Fator humano

A indiscutivelmente aceite que a intervenção humana numa exploração de

bovinos, principalmente de leite, tem um papel preponderante na diminuição

de vacas claudicantes e patologias à claudicação associadas7.

Se os criadores de bovinos tiverem conhecimentos básicos de podologia terão

obrigatoriamente menos vacas com problemas podais, não só pelo fato de

terem sensibilidade para o problema, mas também porque têm percepção do

real interesse que se deve dar a tais doeças. Este conhecimento adquirido

alerta os criadores para encomendar os serviços técnicos de um podólogo o

que permitirá impedir que algumas patologias podais se tornem crónicas ou

incurável.

Um veterinário com conhecimento de podologia e consciente da sua

importância pode ter uma direta influência para convencer o criador de

bovinos da real necessidade de encontrar esforços para prevenir e resolver os

problemas das unhas7.

– Climatologia

É uma evidência que o calor constitui uma fonte de stress para as vacas

leiteiras de alta produção. As consequências metabólicas do stress pelo calor

conduzem ao aparecimento de problemas nas patas dos bovinos5.

Por outro lado, um clima seco é favorável para a saúde podal, visto que solos

menos úmidos estão menos predispostos a levarem as patas dos bovinos à

incidência de claudicações.

– Época do ano

Em regiões onde o pastoreio predomina, a observação de patologias podais

tem menor incidência no Verão, sendo o Inverno e a Primavera as épocas do

ano com maior prevalência, destacando-se as dermatites digitais e

interdigitais.

Em estabulação livre, as diferenças estacionais são menos notadas,

contribuindo para isso o maior stress existente.

Page 16: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

– Humidade

A cápsula córnea é uma estrutura higroscópica e a umidade impregna-se na

queratina do casco amolecendo-o. Como consequência, diminui a resistência

mecânica e aumenta a possibilidade de ataques químicos e bacterianos7.

Pelo contrário, uma grande perda de umidade do tecido córneo torna-o duro e

quebradiço, predispondo ao aparecimento de pequenas rachas denominadas

por fissuras. A quantidade normal de água no casco deve ser de 14 a 20% e

na palma de 15 a 30%7.

– Idade

Quanto mais idade tiver um bovino, maior será a probabilidade de padecer de

problemas nas patas. As vacas velhas tendem a sofrer de problemas crónicos

nas patas com frequentes recidivas.

– EQUIPAMENTO E INSTRUMENTAL USADO EM PODOLOGIA

Para o exame e recorte das unhas em bovinos, devem ser usados métodos de

contenção e instrumentos adequados à prática da podologia. A segurança do

animal e a segurança do operador devem estar presentes, já que atos

irrefletidos podem conduzir a graves consequências físicas tanto para o animal

em observação, como para o podólogo.

Neste capítulo, serão abordados todos os meios tecnológicos disponíveis no

mercado ou, pelo menos, a sua maioria, para a prática da podologia bovina

– Troncos de contenção

Na prática clínica podem-se usar as salas de ordenha ou recorrer-se ao

posicionamento do animal em decúbito lateral a fim de conter o animal.

Todavia, estes métodos mais tradicionais e em desuso oferecem pouca

segurança ao técnico que executa o trabalho e causam-lhe desconforto devido

a ângulos incorretos de visão.

Page 17: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

Hoje, usam-se troncos de contenção dos mais variados modelos e de diversos

fabricantes. O uso de troncos de contenção transportáveis é o método mais

seguro e cómodo5.

– Troncos de contenção Wopa

Estes troncos são de fabrico holandês, de grande qualidade e com uma

grande variedade de modelos. Podem ter um funcionamento manual ou ter

um funcionamento hidráulico, sendo estes últimos mais cômodos e rentáveis,

porém mais honorosos na sua aquisição.

Os troncos Wopa (figura 5) são verticais e permitem um ângulo de visão mais

correto para o exercício da correção dos casco, estando o animal em estação.

Figura 5 – Troncos de contenção Wopa® móveis (Adaptado de 11).

Page 18: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

– Troncos de contenção de origem uruguaia

Neste caso, os troncos são também verticais, embora menos usados na

Europa (figura 6).

Figura 6 – Troncos de contenção uruguaios. Vista lateral e frontal (Adaptado de 4).

– Troncos de contenção tombadores-hidráulicos

Estes modelos exigem menos esforço físico por parte do técnico, porém o ângulo de

visão para a correção dos cascos é menos perfeita, acrescendo ainda o facto de causar

mais stress ao animal (figura 7). A grande vantagem é proporcionar ao técnico o

acesso a todos os dígitos ao mesmo tempo2,4.

Figura 7 – Tronco de contenção tombador-hidráulico. Modelo Fregonezzi (Adaptadode 2).

Page 19: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

– Instrumentos usados em podologia

Os instrumentos usados em podologia são geralmente muito simples, sendo

aqui também possível encontrar diversos fabricantes e modelos.

Nestes instrumentos de corte incluem-se as tenazes de corte articuladas

(figura 13), as facas de cascos (para a mão direita e para a mão esquerda)

(figura 8) e a rebarbadora com discos especiais de corte que facilitam o

trabalho e o tornam menos laborioso.

Também neste conjunto de ferramentas se incluem o equipamento para afiar

as facas de cascos (esmerilador e pedras de afiar) (figuras 9 e 10), grosas

para acabamento do recorte podal (figura 13), tacos ortopédicos de vários

modelos (figura 14) e botas de irrigação (figura 15).

Outras ferramentas podem ser adquiridas, embora estes sejam os mais usuais

e de maior necessidade.

Figura 8 – Facas de casco

direitas e esquerda.

Figura 9 – Disco de trapo para polir

após o afiar da faca.

Page 20: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

Figura 10 – Discos de corte

para esmerilador.

Figura 11 – Rebaixador de cascos.

Figura 13 – Tenaz de corte de

unhas (em cima) e grosa para cascos

(em baixo).

Figura 12 – Pinça de detecção de dor.

Page 21: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

Figura 14 – Tacos ortopédicos e cola para cascos.

Figura 15 – Bota de irrigação.

– CORRECÇÃO FUNCIONAL DOS CASCOS EM BOVINOS

Para uma perfeita correção de cascos em bovinos exige-se que o técnico que

opera em podologia tenha um conhecimento correto da anatomia dos

membros. Sobre estas regiões anatômicas já foram anteriormente dispensadas

algumas páginas. Outros aspectos de grande importância são a observação da

postura corporal do animal (figura 28), a posição dos curvilhões que estão

paralelos, num animal são, abertos, quando há sobrecarga das unhas

posteriores externas e assimétricos em relação à verticalidade do úbere2,5,8:

- adiantados quando o sofrimento é na ponta da unha (pinça),

denominado neste caso de camping under (figura 27);

- quando o apoio é por detrás do úbere, posição de camping back, indica

que há lesões no talão e o animal adota o apoio mais sobre as pinças7 (figura

16).

Por último devem ser observados epitélios adjacentes às unhas e

naturalmente as próprias unhas. A observação atenta das unhas,

quanto à sua morfologia e aspecto patológico, dará indicação do tipo

de correção mais adequado e poderá obrigar a fazer algumas

alterações ao padrão típico do aparo funcional periódico dos cascos

Page 22: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

de animais que não claudicam. Esse aparo profilático deve ser feito

de seis em seis meses. É sobre este último aspecto que vamos

centrar e orientar a nossa descrição, alicerçando oprocedimento em

suportes técnico-científicos e que, pela sua natureza, obedece a

várias etapas.

Figura 16 – Bovino em posição de camping back.

– Correcção das unhas dos membros posteriores

Nos membros posteriores, começamos por corrigir a unha interna ou

medial por ser esta a mais pequena e normal, enquanto nas unhas

dos membros anteriores começa- se a correção pela unha externa ou

lateral sendo o procedimento igual em ambas.

Deve inicia-se a correção após limpeza geral do casco com jactos de

água ou com a faca de cascos para que se possam remover todos os

resíduos de material inorgânico podendo-se assim explorar melhor

toda a região da parede axial, da sola, do talão e da linha branca.

Page 23: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

– Unha interna

Inicialmente, medem-se 7,5cm de comprimento desde o começo da

parede dura do casco até à pinça, ou seja, desde a parede

dorsobaxial do dígito ou banda coronária até à sua extremidade

distal. De seguida, corta-se o excesso com uma tenaz em forma

perpendicular à sola, devendo a espessura da sola ficar entre 0,5 a

0,7cm de altura (figura 30) após fazer o rebaixamento da sola com

uma faca de cascos (figura 17). A sola não deve ficar mais baixa que

a medida atrás referenciada e deve respeitar-se a altura dos talões.

No entanto, encontram-se unhas internas com o comprimento

correto, não devendo, por isso, ser cortadas, apenas deve-se

proporcionar uma certa estabilidade.

Figura 17 – Medidas recomendadas

para o recorte funcional dos cascos

(Adaptado de 6).

– Unha externa

Compara-se o comprimento das duas unhas acercando-se ou

aproximando-as e toma-se como referência o comprimento da unha

interna, cortando-se de seguida a unha externa (figura 29).

Posteriormente, com o uso da faca de cascos, faz-se o abaixamento

da unha desde o talão até à pinça aproximando o mais possível esta

da unha interna em relação à altura da sola, isto permite uma

correta distribuição do peso. Cada unha ficará a suportar 50% do

peso, ou o mais próximo possível dessa proporção.

Page 24: HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS … · –HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS DOS BOVINOS Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes

– Moldar as concavidades axiais

Estas concavidades devem ser moldadas nos dois terços posteriores

da unha, respeitando o terço anterior que é de grande interesse para

um apoio estável da unha, deixando assim uma zona onde a pressão

por suporte do peso deve ser exercida (figura 31).

– Limpeza dos talões

Toda a região dos talões deve ser limpa de erosões e tecido

necrótico. É tão frequente encontrar talões erosionados que inclui-se

a sua limpeza como parte do recorte ou correção dos cascos. Para a

correção funcional básica bastam estes passos com os respectivos

procedimentos.