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A transição da Idade Média para a Idade Moderna: A partir da Segunda metade do século XV, o mundo europeu sofreu grandes transformações políticas, econômicas, sociais e culturais. Estas transformações, que marcam o fim da Idade Média e o início dos Tempos Modernos, trouxeram como conseqüência a expansão comercial européia e levaram aos Descobrimentos Marítimos. No campo político, houve o fortalecimento e centralização do poder real; Na economia, o comércio tornou-se mais importante; Na sociedade, surgiu e se fortaleceu uma nova classe social: a burguesia; No campo cultural, houve o Renascimento artístico; Nas ciências, houve o progresso técnico e científico; No campo religioso, o Cristianismo foi divulgado em outros continentes. As rotas comerciais que ligavam Europa, Ásia e África tinham como centro de convergência o Mar Mediterrâneo. Crise do Feudalismo: No século X o aumento da população acarretou em uma séria crise não so politica mais tambem religiosa , economica , social e ideologica.Causas da crise do feudalismo: -Politico: *O poder do estado era desentralizado ,ou seja, os senhores feudais denominavam preços ,pesos e leis. O Poder passa a ser centralizado (soberano=governo).Surgem os Estados Nacinais. -Econômia : * Com o aumento da população a demanda de alimento ficou pequena para a população, a agricultura perde espaço para a econômia de mercado (comercial); -Social: * Com a peste negra que atingiu de forma devastadora a europa e matou a metade da população. Começa a surgir uma nova classe social:A Burguesia; -Ideologica: * A Igreja Católica dominava todos os setores com a base essaunidade começa a ser questionada e surge novos valores e novos ideias. Com essa ideias surge o Renascimento. -Religioso: * A Igreja Católica , passa a ser questionada .e surge novas religiões (Reforma Religiosa ou Protestante) O Comércio das Especiarias: Especiarias eram produtos raros, vindos principalmente do oriente, que passaram a ser consumidos em larga escala pelos europeus desde a época das Cruzadas (Idade Média). Exemplos: pimentas, canela, cravo, seda, marfim, cânfora, nós moscada, gengibre, alóes, incenso, sândalo, perfumes e produtos aromáticos. Constantinopla, cidade pela qual as especiarias orientais chegavam à Europa, onde eram distribuídas com grandes lucros, pelos navios das repúblicas de Gênova e Veneza, foi conquistada pelos turcos otomanos, em 1453. Importante: O comércio das especiarias do Oriente fez desenvolver o Capitalismo europeu na sua fase mercantilista. Favoreceram Portugal e Espanha a se lançarem nas Grandes Navegações: a posição geográfica privilegiada, a tradição marítima (atividade pesqueira) e a centralização política pioneira, devido à "Reconquista" (luta dos cristãos contra os árabes). Dois foram os principais ciclos de navegação: leste ou oriental (ciclo dos Portugueses) e oeste ou ocidental (ciclo dos Espanhóis). Ciclo Português: O ciclo oriental ou português visava a contornar o litoral da África para chegar às Índias (oriente). O grande impulso para os descobrimentos portugueses foi a criação do Centro de Geografia e Náutica, localizado em Sagres (sul de Portugal), pelo Infante Dom Henrique("O Navegador"). O Estado financiava as pesquisas e reservava para si a exclusividade das viagens. A tomada de Celta, em 1415, no norte da África, marcou o início das conquistas de além-mar. Ciclo Espanhol: O ciclo ocidental ou espanhol objetivava chegar ao Oriente (Índias) viajando pelo ocidente ("El Ocidente por el poniente"), segundo os planos do navegador Cristóvão Colombo, natural de Gênova (Itália), que acreditava na esfericidade ou redondeza da terra. Recebeu apoio dos "Reis Católicos" que governavam a Espanha: Fernão (rei de Aragão) e Isabel (rainha de Castela). Suas caravelas eram: Santa Maria (nau capitânia), Pinta e Nina. O Tratado de Tordesilhas: O descobrimento da América quase levou Portugal a declarar guerra á Espanha pois o rei daquele país julgava-se lesado em seus direitos. Para solucionar o problema da partilha (divisão) das terras descobertas, o Papa Alexandre VI, a pedido dos "Reis Católicos", por intermédio da Bula Intercoetera (1493) estabeleceu os limites das terras entre Portugal e Espanha, através de um meridiano imaginário que seria contado a partir de 100 léguas a oeste das Ilhas de Cabo Verde e Açores, o que não foi aceito por Portugal. Os países ibéricos chegaram a um acordo através do Tratado de Tordesilhas ou de participação do Mar Oceano, assinado em 1494. Ficou estabelecido que as terras e Ilhas a leste do meridiano, a contar de 370 léguas das Ilhas de Cabo Verde, pertenceriam a Portugal e, as que ficassem a oeste da mesma linha, pertenceriam à Espanha. Conseqüências da expansão marítima e comercial européia: surgimento de Impérios Coloniais regidos pela política mercantilista; oceano Atlântico passou a ser o principal centro comercial; propagaram-se os conhecimentos geográficos e astronômicos e os das ciências naturais; baixou o preço de custo das especiarias e drogas; surgiram as companhias de comércio; a burguesia passou a ter maior importância social e influência política. O Descobrimento do Brasil: Após o descobrimento do caminho marítimo para as Índias, o rei de Portugal,Dom Manuel I, "O Venturoso", (da dinastia de Ávis) organizou poderosa esquadra com objetivo de fundar feitorias no Oriente (Calicute). Esta expedição, que foi chefiada pelo fidalgo Pedro

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A transição da Idade Média para a Idade Moderna: A partir da Segunda metade do século XV, o mundo europeu sofreu grandes transformações políticas, econômicas, sociais e culturais. Estas transformações, que marcam o fim da Idade Média e o início dos Tempos Modernos, trouxeram como conseqüência a expansão comercial européia e levaram aos Descobrimentos Marítimos. No campo político, houve o fortalecimento e centralização do poder real; Na economia, o comércio tornou-se mais importante; Na sociedade, surgiu e se fortaleceu uma nova classe social: a burguesia; No campo cultural, houve o Renascimento artístico; Nas ciências, houve o progresso técnico e científico; No campo religioso, o Cristianismo foi divulgado em outros continentes. As rotas comerciais que ligavam Europa, Ásia e África tinham como centro de convergência o Mar Mediterrâneo.

Crise do Feudalismo: No século X o aumento da população acarretou em uma séria crise não so politica mais tambem religiosa , economica , social e ideologica.Causas da crise do feudalismo:-Politico:*O poder do estado era desentralizado ,ou seja, os senhores feudais denominavam preços ,pesos e leis. O Poder passa a ser centralizado (soberano=governo).Surgem os Estados Nacinais.-Econômia :* Com o aumento da população a demanda de alimento ficou pequena para a população, a agricultura perde espaço para a econômia de mercado (comercial);-Social:* Com a peste negra que atingiu de forma devastadora a europa e matou a metade da população. Começa a surgir uma nova classe social:A Burguesia;-Ideologica:* A Igreja Católica dominava todos os setores com a base essaunidade começa a ser questionada e surge novos valores e novos ideias. Com essa ideias surge o Renascimento.-Religioso:* A Igreja Católica , passa a ser questionada .e surge novas religiões (Reforma Religiosa ou Protestante)

O Comércio das Especiarias: Especiarias eram produtos raros, vindos principalmente do oriente, que passaram a ser consumidos em larga escala pelos europeus desde a época das Cruzadas (Idade Média). Exemplos: pimentas, canela, cravo, seda, marfim, cânfora, nós moscada, gengibre, alóes, incenso, sândalo, perfumes e produtos aromáticos. Constantinopla, cidade pela qual as especiarias orientais chegavam à Europa, onde eram distribuídas com grandes lucros, pelos navios das repúblicas de Gênova e Veneza, foi conquistada pelos turcos otomanos, em 1453. Importante: O comércio das especiarias do Oriente fez desenvolver o Capitalismo europeu na sua fase mercantilista. Favoreceram Portugal e Espanha a se lançarem nas Grandes Navegações: a posição geográfica privilegiada, a tradição marítima (atividade pesqueira) e a centralização política pioneira, devido à "Reconquista" (luta dos cristãos contra os árabes). Dois foram os principais ciclos de navegação: leste ou oriental (ciclo dos Portugueses) e oeste ou ocidental (ciclo dos Espanhóis).

Ciclo Português: O ciclo oriental ou português visava a contornar o litoral da África para chegar às Índias (oriente). O grande impulso para os descobrimentos portugueses foi a criação do Centro de Geografia e Náutica, localizado em Sagres (sul de Portugal), pelo Infante Dom Henrique("O Navegador"). O Estado financiava as pesquisas e reservava para si a exclusividade das viagens. A tomada de Celta, em 1415, no norte da África, marcou o início das conquistas de além-mar.

Ciclo Espanhol: O ciclo ocidental ou espanhol objetivava chegar ao Oriente (Índias) viajando pelo ocidente ("El Ocidente por el poniente"), segundo os planos do navegador Cristóvão Colombo, natural de Gênova (Itália), que acreditava na esfericidade ou redondeza da terra. Recebeu apoio dos "Reis Católicos" que governavam a Espanha: Fernão (rei de Aragão) e Isabel (rainha de Castela). Suas caravelas eram: Santa Maria (nau capitânia), Pinta e Nina.

O Tratado de Tordesilhas: O descobrimento da América quase levou Portugal a declarar guerra á Espanha pois o rei daquele país julgava-se lesado em seus direitos. Para solucionar o problema da partilha (divisão) das terras descobertas, o Papa Alexandre VI, a pedido dos "Reis Católicos", por intermédio da Bula Intercoetera (1493) estabeleceu os limites das terras entre Portugal e Espanha, através de um meridiano imaginário que seria contado a partir de 100 léguas a oeste das Ilhas de Cabo Verde e Açores, o que não foi aceito por Portugal. Os países ibéricos chegaram a um acordo através do Tratado de Tordesilhas ou de participação do Mar Oceano, assinado em 1494. Ficou estabelecido que as terras e Ilhas a leste do meridiano, a contar de 370 léguas das Ilhas de Cabo Verde, pertenceriam a Portugal e, as que ficassem a oeste da mesma linha, pertenceriam à Espanha. Conseqüências da expansão marítima e comercial européia:surgimento de Impérios Coloniais regidos pela política mercantilista; oceano Atlântico passou a ser o principal centro comercial; propagaram-se os conhecimentos geográficos e astronômicos e os das ciências naturais; baixou o preço de custo das especiarias e drogas; surgiram as companhias de comércio; a burguesia passou a ter maior importância social e influência política.

O Descobrimento do Brasil: Após o descobrimento do caminho marítimo para as Índias, o rei de Portugal,Dom Manuel I, "O Venturoso", (da dinastia de Ávis) organizou poderosa esquadra com objetivo de fundar feitorias no Oriente (Calicute). Esta expedição, que foi chefiada pelo fidalgo Pedro Álvares Cabral, senhor de Bel Monte e Alcaide - Mor de Azurara, descobriu o Brasil no dia 22 de abril de 1500.

A Viagem de Cabral: Na viagem, durante a travessia do Atlântico desgarrou-se a nau (barco) de Vasco de Ataíde. O primeiro ponto avistado foi o Monte Pascoal, no dia 22 de abril de 1500. Após o contato inicial amistoso com os índios, a esquadra fundeou na atual baia de Cabrália ("Porto Seguro"). Tendo Gaspar de Lemos retornado a Portugal levando cartas relativas ao descobrimento, a esquadra prosseguiu viagem para as Índias, após deixar no Brasil dois degredados. Denominou-se "Semana de Vera Cruz" ao período em que a esquadra de Cabral esteve no Brasil. Documentos sobre a descobertaOs principais documentos sobre o descobrimento são: Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal Dom Manuel I; Carta do Mestre João ao mesmo rei; Relação do piloto Anônimo; Carta de Dom Manuel I aos reis Católicos. Nomes dados à terra: Cabral chamou-a de Terra de Vera Cruz, enquanto Caminha denominou-a Ilha de Vera Cruz. O nome Brasil foi devido à abundância de madeira tintorial (Ibirapitanga), que os europeus chamavam de pau-brasil.

Teorias do DescobrimentoAs duas teorias que surgiram para explicar o Descobrimento do Brasil são: intencionalidade (mais aceita) e casualidade (acaso).

Os povos indígenas que habitavam o Brasil antes da colonização portuguesa não possuíam escrita; assim, não existem documentos escritos que expliquem como eram essas comunidades antes do “descobrimento”, conforme explicam Flávio de Campos e Renan Garcia Miranda: A forma de tentar reconstituir a vida dos nativos antes da chegada dos europeus é, por mais paradoxal que possa parecer, pelos relatos e crônicas escritos por esses mesmos europeus no período colonial. Como os povos indígenas da América portuguesa não desenvolveram a escrita, os principais documentos a respeito de sua história foram elaborados pelos conquistadores. A partir de relatos dos descobridores e de estudiosos do período pode-se concluir a forma com que os indígenas viviam como sociedade.

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Sabe-se que os indígenas não tinham a mesma visão capitalista dos europeus, haja vista que viviam em uma sociedade na qual não havia desigualdades, tampouco disputa de poder. Andreza Pierin ressalta que: Essas sociedades desenvolveram formas particulares de manejo dos recursos naturais, que não visam diretamente o lucro, mas à reprodução cultural e social, além de percepções e representações em relação ao mundo natural, marcadas pela idéia de associação com a natureza e a dependência de seus ciclos. Os índios pertencem a uma sociedade cujo fim é a reprodução da solidariedade e não a acumulação de bens e lucro. Portanto, estuda-se a forma de viver dos indígenas que habitavam o País naquela época a partir de relatos de descobridores, como os trechos da carta endereçada ao Rei D. Manuel escrita por Pero Vaz de Caminha: Foram-se lá todos; e andaram entre eles. E segundo depois diziam, foram bem uma légua e meia a uma povoação, em que haveria nove ou dez casas, as quais diziam que eram tão compridas, cada uma, como esta nau capitaina. E eram de madeira, e das ilhargas de tábuas, e cobertas de palha, de razoável altura; e todas de um só espaço, sem repartição alguma, tinham de dentro muitos esteios; e de esteio a esteio uma rede atada com cabos em cada esteio, altas, em que dormiam. E de baixo, para se aquentarem, faziam seus fogos. E tinha cada casa duas portas pequenas, uma numa extremidade, e outra na oposta. E diziam que em cada casa se recolhiam trinta ou quarenta pessoas, e que assim os encontraram; e que lhes deram de comer dos alimentos que tinham, a saber muito inhame, e outras sementes que na terra dá, que eles comem. E como se fazia tarde fizeram-nos logo todos tornar; e não quiseram que lá ficasse nenhum. E ainda, segundo diziam, queriam vir com eles. Resgataram lá por cascavéis e outras coisinhas de pouco valor, que levavam, papagaios vermelhos, muito grandes e formosos, e dois verdes pequeninos, e carapuças de penas verdes, e um pano de penas de muitas cores, espécie de tecido assaz belo, segundo Vossa Alteza todas estas coisas verá, porque o Capitão vô-las há de mandar, segundo ele disse. E com isto vieram; e nós tornamo-nos às naus. O texto acima exposto de Pero Vaz de Caminha demonstra a simplicidade e inocência dos povos indígenas. Em consonância com a simplicidade e inocência colocadas por Pero Vaz de Caminha, Luiz Donizete Benzi Grupioni destaca alguns dos valores mais característicos das sociedades indígenas: Sociedades indígenas são sociedades igualitárias, não estratificadas em classes sociais e sem distinções entre possuidores dos meios de produção e possuidores de força de trabalho. São sociedades que se reproduzem a partir da posse coletiva da terra e dos recursos nela existentes e da socialização do conhecimento básico indispensável à sobrevivência física e ao equilíbrio sócio-cultural dos seus membros. Deste modo, a partir dos ensinamentos de Luiz Donizete Benzi Grupioni, pode-se concluir que os indígenas valorizavam a terra e não degradavam o meio ambiente, haja vista que este era o meio de sobrevivência das comunidades. Boris Fausto exemplifica as atividades dos indígenas como sendo a caça, a pesca, a coleta de frutos, a agricultura, bem como o artesanato, sendo que todas estas atividades não eram em busca do lucro como nas sociedades capitalistas, porém o autor não acredita que eles possuíam consciência de proteger o meio ambiente. Todavia, afirma que: De qualquer forma, não há dúvida de que, pelo alcance limitado de suas atividades e pela tecnologia rudimentar de que dispunham, estavam longe de produzir os efeitos devastadores da poluição de rios com mercúrio, ou da derrubada de florestas com motosserras, características das atividades dos brancos nos dias de hoje. Verifica-se que os indígenas possuíam uma sociedade extremante diferente da sociedade européia, sendo que esta chegou ao Brasil com o intuito de obter riquezas e poder, enquanto que os indígenas somente utilizavam a terra, a água e caçavam para a sobrevivência da espécie.

As conseqüências da conquista para os indígenas

A partir da chegada dos portugueses no Brasil, a vida dos indígenas foi transformada. Além do cotidiano e dos costumes, começou a ser modificado também o meio ambiente, como esclarece Carlos Frederico Marés de Souza Filho: Os europeus, especialmente os portugueses e espanhóis, chegaram na América como se estivessem praticando a expansão de suas fronteiras agrícolas. Foram chegando, extraindo as riquezas, devastando o solo e substituindo a natureza por outra, mais conhecida e dominada por eles. As populações locais viviam do que a aqui tinham, comiam milho ou mandioca, produziam biju, ricas carnes de animais nativos, aves ou peixes. Aos poucos foram introduzidas novas comidas, cabras, carneiros, queijos e novas plantas, cana-de-açúcar, café e beterraba. A introdução de novas essências não poupou nem mesmo as árvores e os frutos, a tal ponto de se dizer que a natureza foi substituída. Diferente do que muitos contam, os indígenas, assim como os negros, foram escravizados. Darcy Ribeiro relata que eles eram caçados e apropriados pelos senhores para os servirem. Enquanto que o negro era utilizado para mão de obra mercantil e de exportação, o índio era utilizado para transportar cargas, para cultivar gêneros, preparar alimentos, para a caça e a pesca. Desta forma o indígena passou a perder seu espaço e sua liberdade, ficando cada vez mais dependente do “homem branco”, o que ficou ainda mais marcado com a vinda dos Jesuítas, em meados do século XVI.

II - A COLONIZAÇÃO

Mercantilismo e colonização: A colonização na época moderna aparece como um desdobramento da expansão marítima e comercial européia, que assinala o inicio dos Tempos Modernos. O sistema de colonização que a política mercantilista visa a desenvolver, subordina se ao Mercantilismo: a função da Colônia seria completar a economia metropolitana. A história colonial do Brasil está vinculada à expansão comercial e colonial da Europa. O sistema colonial é o conjunto de relações entre as metrópoles e suas respectivas colônias em uma determinada época histórica.Colônias de povoamento e de exploraçãoColônias de povoamento. Nos termos característicos do sistema colonial mercantilista, elas podem ser consideradas um foco de desajuste. Toda sua organização econômica não está montada para a metrópole, não se constituindo desse modo como economia complementar. A produção é feita para o consumo interno, caracterizando-se pela diversificação de seus produtos. A pequena propriedade é o tipo predominante, normalmente localizadas em áreas de clima temperado.Colônias de exploração. Podem ser consideradas como as mais típicas da colonização européia. Toda organização econômica está em função do mercado externo. Coerentemente, a grande propriedade, a monocultura e o trabalho escravo são os pilares dessas economias complementares. A que particularmente nos interessa é a América portuguesa, que pode ser definida como colônia de exploração.

Período pré - colonial (1500 - 1530): Corresponde à fase da exploração do pau-brasil. Neste período o rei de Portugal tomou as seguintes providências: enviou expedições exploradoras, arrendou o Brasil e enviou expedições guarda-costas. As expedições de Gaspar de Lemos (1501) e de Gonçalo Coelho (1503) vieram fazer o reconhecimento do litoral brasileiro. Portugal arrendou o Brasil a um grupo de cristãos novos (judeus) chefiados por Fernão de Noronha. Este também recebeu a primeira Capitania Hereditária (1504): a ilha de São João ou da Quaresma, hoje integrantes do arquipélago de Fernando de Noronha. Pelo arrendamento, era permitido extrair pau-brasil e estabelecia a obrigatoriedade de fundar feitorias (armazéns fortificados). Para reprimir (combater) o contrabando do pau-brasil, realizado principalmente por corsários franceses, foram enviadas duas expedições policiadoras (guarda-costas) de 1516 e 1526, chefiadas por Cristóvão Jacques. Neste período, a atitude de Portugal em relação ao Brasil é de desinteresse pois o comércio oriental (das especiarias) é o foco central do comércio externo português. Além disso, o que a colônia recém descoberta poderia oferecer?Não há nenhum produto que possa atrair a política mercantilista portuguesa. Em outras palavras, qualquer tentativa de aproveitamento da terra implicaria em gastos para a metrópole.

Extração do pau-brasil: O pau-brasil existia com abundância na orla litorânea, desde o Rio Grande do Norte até a região fluminense (Cabo Frio). A viagem da nau Bretoa está ligada a um grande carregamento desta madeira. Conhecido pelos índios como "Ibirapitanga" e batizado pelos europeus como pau¬brasil, teve fácil aceitação na Europa como material colorante, próprio para tingir tecidos. Descoberto o produto, foi imediatamente declarado monopólio da Coroa e sua exploração feita pela iniciativa privada (particular), tendo a frente Fernão de Noronha. No período pré - colonizador (1500 - 1530), a extração do pau - brasil constituiu-se na mais importante atividade econômica. O grande número de indígenas existente na costa permitiu aos portugueses que a exploração dessa madeira

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tintorial (pau - brasil) fosse realizada com facilidade, através da utilização da mão de obra indígena sob a forma de Escambo ou comércio de troca. Conseqüências da extração do pau - brasil: • ocasionou o surgimento de feitorias. Estas não chegaram a fixar o colono europeu ao solo; • influenciou na substituição do nome de Terra de Santa Cruz pelo de Brasil. É claro que, desde a descoberta, a metrópole reserva para si a exclusividade da exploração do pau - brasil. Assim, a Coroa passa a ter controle sobre o produto, inserindo-o do mesmo sistema comercial que vigorava no Oriente, isto é, o Estanco: a metrópole pode fazer concessões a particulares mediante pagamento de direitos. Toda a exploração é feita com o consentimento do rei de Portugal. Importante: Em relação a nossa colonização, a exploração do pau - brasil não favoreceu a criação de núcleos fixos de povoamento, pois era uma atividade nômade. A colonização: Esta fase tem início em 1530 quando Portugal toma providências visando a ocupação sistemática (efetiva) do litoral brasileiro. Principais medidas: expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza (1530/ 32), divisão do Brasil em Capitanias Hereditárias e instituição do Governo geral.As razões da colonização podem ser assim resumidas: comércio português das especiarias nas Índias (Oriente) estava em decadência;Portugal corria o risco de perder o Brasil devido á presença dos corsários franceses no litorala possibilidade de encontrar jazidas minerais.

III - ORGANIZAÇÃO POLÍTICA E SOCIAL DO PERÍODO COLONIAL

Capitanias HereditáriasO rei D. João III ("O Colonizador") instituiu este regime, em 1534, graças à influência de Diogo de Gouveia. Nosso país foi dividido em lotes de terras ("Capitanias"), doadas a Capitães (Donatários); começavam no litoral indo até o meridiano de Tordesilhas. Motivos que levaram o rei de Portugal a instituir este sistema:a grande extensão territorial do Brasil;a experiência bem sucedida dos portugueses nas ilhas do Atlântico: Açores, Madeira, Cabo Verde, ...os recursos limitados da Coroa portuguesa, devido ao insucesso dos negócios doOriente (Índias). Mas, como as capitanias hereditárias solucionariam os problemas portugueses? Em primeiro lugar, defenderiam a terra face á ameaça externa e transferiam para particulares o ônus da colonização, preservando a Coroa e criando uma alternativa ao comércio do Oriente. Carta de doação e foral eram documentos que regulamentavam as Capitanias. Pela carta de doação, o Capitão-mor (donatário) recebia a concessão da terra do rei. Através do foral eram fixados os direitos e deveres dos donatários e colonos. Direitos dos donatários: fundar vilas ou núcleos de povoação; distribuir lotes de terras ou sesmarias; exercer a justiça civil e criminal; colonizar, defender e fazer progredir a Capitania com seus próprios recursos. Entre os direitos da Coroa (Metrópole) podemos citar: monopólio da exploração do pau-brasil; fabricação de moedas; o quinto de ouro e das pedras preciosas. São Vicente e Pernambuco foram as Capitanias que mais prosperaram. Na Capitania de São Vicente foram fundadas as povoações (vilas) de santos (por Brás Cubas), Santo André da Borda do campo, São Paulo de Piratininga e Itanhaém. Diversos fatores do relativo insucesso das Capitanias: a indisciplina dos colonos, os ataques dos indígenas, as incursões de estrangeiros (franceses), a falta de recursos dos donatários, a inexistência de um governo central para ajudar os donatários. São Vicente, doada a Martim Afonso de Sousa, foi administrada pelo Padre Gonçalo Monteiro. São Vicente incluía dois lotes. Principal riqueza: cana-de¬açúcar. A extinção das Capitanias Hereditárias ocorreu na administração do Marquês de Pombal (1759). A instituição das Capitanias resultou numa grande descentralização: o rei dava ao donatário amplos poderes. As Capitanias são em número de quinze e os donatários, doze. Entretanto o regime das Capitanias hereditárias não apresentou o resultado esperado, comprometendo essa primeira iniciativa de Colonização.Diversos fatores contribuíram para o relativo insucesso das Capitanias: o direito do couto e do homizio, a grande extensão dos lotes, a indisciplina dos colonos.Governos Gerais O insucesso das Capitanias Hereditárias mostrou a impossibilidade da colonização com base apenas no capital particular. O Governo Geral foi instituído pelo rei D. João III em 1548, a conselho de Luís de Góis. Foi criado tendo em vista a necessidade de organizar e centralizar a administração, exercer uma melhor fiscalização, promover a defesa da Colônia contra os ataques estrangeiros e para dar " favor e ajuda" aos donatários das Capitanias. As atribuições do Governador Geral estavam no Regimento (Regimento de Almeirim ou Regimento da Castanheira). A Capitania da Bahia de Todos-os-Santos foi adquirida pelo rei, mediante indenização, para ser a sede do Governo Geral. Os três auxiliares do Governador Geral eram: provedor-mor, ouvidor-mor eo capitão-mor da costa. O provedor-mor era encarregado de assuntos financeiros; o ouvidor-mor cuidava de assuntos judiciais; o capitão-mor da costa era encarregado da defesa. O Governo Geral foi criado mediante em Regimento que procurava superar os antigos obstáculos encontrados. Seus artigos dão atribuições muito bem definidas ao novo representante do governo português na Colônia.Ao Governador-Geral competia: coordenar a defesa da terra contra ataques, instalando e refazendo fortes, construindo navios e armando os colonos; fazer alianças com os índios, iniciando sua catequese; explorar o sertão, informando a Coroa Portuguesa sobre as descobertas feitas; doar sesmarias, facilitando o estabelecimento de engenhos;proteger os interesses metropolitanos no que diz respeito ao estanco do pau-brasil e à arrecadação de impostos. É importante lembrar que o Governo Geral não foi criado para acabar com as Capitanias hereditárias, mas sim para centralizar a administração. As Capitanias continuaram existindo e sendo administradas pelos seus donatários, que, entretanto, a partir daí, deveriam prestar obediência política ao Governador-Geral. O que desapareceu foi a descentralização política, pois o governador como representante do rei português, simbolizava a autoridade suprema na Colônia, o poder centralizado de onde partiam as decisões política em nome de Portugal.Os três primeiros Governadores do Brasil foram, respectivamente, Tomé deSouza, Duarte da Costa e Mem de Sá.

1º Governador Geral (Tomé de Souza - 1549/1553)Os fatos principais foram: chegou à Bahia em 1549 e, neste mesmo ano, fundou Salvador, a primeira cidade e capital brasileira. Foi auxiliado pelo náufrago Diogo Álvares Correia (" Caramuru" ); trouxe o primeiro grupo de padres jesuítas incluindo Manuel da Nóbrega para iniciar o trabalho de catequese; criação do primeiro bispado do Brasil, sendo D. Pedro Fernandes Sardinha nosso primeiro (1551); realizado uma visita às Capitanias do Sul; mandou que se organizasse uma expedição para fazer o reconhecimento do interior da Bahia (Francisco Bruza Espinoza). Incrementou a cultura da cana-de-açúcar; importou gado da ilha de Cabo Verde; introduziu escravos negros africanos no Brasil.2º Governador Geral (Duarte da Costa - 1553/1557)Fatos principais: trouxe sete jesuítas incluindo o " Apóstolo do Brasil e do Novo Mundo" (José de Anchieta); houve a invasão da Baía de Guanabara pelos franceses chefiados por Villegaignon; surgiu a questão entre o 1º Bispo e o filho do Governador (Álvaro da Costa); foi fundado o colégio de São Paulo de Piratininga pelos padres jesuítas (Nóbrega, Anchieta, Manuel de Paiva, Leonardo Nunes e Outros); houve uma insurreição dos indígenas ("Confederação dos Tamoios") chefiada por Cunhambebe.3º Governador Geral (Mem de Sá - 1558/1572)Expulsão dos franceses da Baía de Guanabara, graças à participação dos tamoios pelos jesuítas Nóbrega e Anchieta ("Paz de Iproig"); fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro por Estácio de Sá (1565); organização de três entradas; combate à escravização indígena e antropofagia; chegada do segundo Bispo do Brasil (D. Pero Leitão), em 1559.

Os quarenta mártires do Brasil: D. Luís Fernandes de Vasconcelos foi nomeado quarto Governador Geral. Não chegou ao Brasil em virtude de sua esquadra Ter sido atacada por corsários calvinistas em alto-mar (Jacques Sória - 1570 e Jean Capdeville - 1571). No primeiro ataque o Governador foi morto e diversos padres jesuítas chefiados por Inácio de Azevedo foram sacrificados ("Os quarenta mártires do Brasil").Divisão do Brasil em dois governos. Em 1572, o rei de Portugal, Dom Sebastião, resolveu dividir o Brasil em dois governos:Norte, sediado em Salvador, sob a chefia de Luís de Brito e Almeida.Sul, sediado no Rio de Janeiro, chefiado por Antônio Salema.

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IV - A ECONOMIA COLONIAL

Aspectos gerais: "A mentalidade mercantilista entre os séculos XIV e XV caracterizou-se pelo espírito do lucro fácil e enriquecimento rápido". "Portugal não pensou no Brasil como região para onde seria transferida a população. Considerou sua Colônia americana como supridora ou fornecedora de matérias primas e consumidora de produtos enviados pela metrópole".

Ciclos econômicosO estudo da formação econômica do Brasil pode ser orientado através do estudo dos ciclos, isto é, o período no qual determinado produto ou atividade econômica constituiu realmente o esteio econômico básico da Colônia. Segundo este conceito os ciclos de nossa economia podem ser limitados, no tempo, da seguinte forma: ciclo do pau - brasil (de 1500 a 1553); ciclo da cana-de-açúcar (de 1600 a 1700); ciclo do ouro ou da mineração (de 1700 a 1800).

Importantes aspectosAs características básicas eram monocultura, escravidão, latifúndio e exportação. Elas estão mais identificadas com a produção açucareira. Principais produções: açúcar e mineração. Atividades subsidiárias: algodão, tabaco, extrativismo vegetal. Outra forma de produção não escravista: a pecuária. A existência de "produtos-rei" ou "ciclos" em nossa economia resulta da dependência ao mercado externo, ou seja, uma produção voltada basicamente para o exterior. Manufaturas que se desenvolveram na etapa colonial: charqueadas e curtumes, cerâmica e cordoaria, estaleiros, caieiras, artefatos de ferro, ourivesaria, manufaturas de tecidos, etc.

Companhia de comércioPortugal exerceu, inicialmente, o direito de exclusividade (monopólio) sobre certos produtos (ex.: pau-brasil). No período da União Ibérica (1580 - 1640), o monopólio tornou-se total. Após a União Ibérica, Portugal continuou com o sistema de monopólio, através das Companhias de Comércio. As Companhias de Comércio na época colonial foram: Companhia Geral do Comércio do Brasil (1649). Contribuiu para a expulsão dos holandeses do Nordeste brasileiro, sendo criada por sugestão do Padre Vieira. Companhia de Comércio do Estado do Maranhão (1682). Esteve ligada à revolta de Beckman Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão (1755) e Companhia Geral de Comércio de Pernambuco e da Paraíba (1759). Foram criadas pelo Marquês de Pombal.

A agroindústria açucareira: A empresa açucareira foi a solução que possibilitou a valorização econômica das terras descobertas e dessa forma garantiu a posse pelo povoamento da América Portuguesa. O cultivo da cana-de-açúcar desenvolveu-se no litoral, especialmente na Zona da Mata Nordestina. A cana-de-açúcar foi o mais importante produto agrícola até o Primeiro Reinado. Esta atividade favoreceu o aparecimento de uma nova estrutura social e econômica. Durante mais de século e meio, a produção do açúcar representou, praticamente, a única base da economia brasileira. Até meados do século XVII, o Brasil foi o maior produtor mundial de açúcar. A escolha da empresa açucareira não foi feita por acaso. Os portugueses escolheram a exploração da monocultura da cana-de¬açúcar porque, além de seu aspecto econômico, ela viabilizaria a colonização do país. Obs.: Portugal não tinha condições econômicas suficientes para estabelecer sozinho, uma empresa açucareira no Brasil. Diante dessas dificuldades, os portugueses recorreram aos holandeses, que financiaram as despesas, mas fizeram algumas exigências, tais como o direito de refinar e negociar o açúcar. A facilidade de levantar empréstimos dos holandeses se deveu ao fato deles já comerciarem o açúcar, produzido pelos portugueses nas ilhas atlânticas desde o século XV e, principalmente, porque a empresa açucareira brasileira despontava como algo viável e altamente rentável. Conseqüências da produção açucareira: ocupação das terras úmidas do litoral nordestino (Zona da Mata); a formação da família patriarcal; surgimento de uma aristocracia rural (os senhores-de-engenho); as invasões holandesas no Nordeste ("Guerra do açúcar"); introdução do escravo negro africano; fixação do colono à terra; progresso das Capitanias de Pernambuco e São Vicente; desenvolvimento da monocultura e do latifúndio; surgimento de povoados, vilas e cidades. Importante: o sociólogo Gilberto Freyre no livro "Casa Grande e Senzala", descreveu muito bem a sociedade açucareira nordestina onde predominava o patriarcalismo.

Atividade pastorilA criação de gado (pecuária) durante o Brasil-Colônia esteve, inicialmente, associada ao cultivo da cana-de-açúcar junto ao litoral, porque era uma atividade acessória (de subsistência). Com a expansão da agro-indústria açucareira surgiram conflitos entre criadores de gado e plantadores de cana. O gado foi obrigado a se deslocar para o sertão, porque as terras do litoral eram necessárias ao cultivo da cana-de-açúcar. Junto ao Rio São Francisco ("Rio dos Currais") surgiram várias fazendas de gado como a de Garcia D'Ávila, proprietário da Casa de Torre e Guedes de Brito. A iniciativa de afastar o gado do litoral partiu dos senhores de engenho, no que foram apoiados pela metrópole. Para os senhores, era importante afastar o gado dos engenhos porque ele causava-lhes prejuízo, pois estragava o plantio da cana-de-açúcar, e a sua importância era absolutamente inferior. O gado servia apenas como alimento, transporte e força de trabalho em alguns engenhos, ao passo que a empresa açucareira era, então, a fonte fundamental da riqueza colonial. A pecuária brasileira, no período colonial, caracterizou-se por:- exigir pequeno investimento inicial; daí estar aberta a quase todos os homens livres;- aproveitar a mão-de-obra indígena, que a ela se adaptava mais que à agricultura;- Ter-se desenvolvido de forma extensiva, contribuindo para o povoamento do interior (sertão brasileiro);- Ter sido motivo de sobrevivência econômica de regiões em que outras atividades entraram em decadência.

A pecuária originou ainda um novo tipo social, o fazendeiro de gado. Alguns senhores, inclusive, já tinham sido proprietários de terra no litoral e, decadentes, buscavam agora formar fazendas de gado no interior.O vaqueiro era um homem livre. Não estava sujeito aos abusos e ao chicote do feitor. Além disso, o vaqueiro tinha o direito de ter a sua própria roça, recebia um salário anual e podia formar a sua própria fazenda, pois a montagem de uma fazenda de gado não exigia a aplicação de muito capital. A terra era abundante eo vaqueiro conseguia as suas primeiras cabeças de gado, ganhando do fazendeiro uma cabeça para cada quatro que nasciam.Alguns índios se adaptaram ao trabalho nas fazendas de gado e se tornaram boiadeiros. Conseqüência da criação de gado: influencia do folclore: "bumba meu boi, negrinho do pastoreio", etc. contribuiu para ocupação do sertão nordestino e do Centro Sul do país; ocupação dos Estados do Piauí e Maranhão (do sertão para o litoral); surgimento de cidades no interior; incorporação do Índio à sociedade brasileira; facilitou a integração das regiões brasileiras.

A MINERAÇÃO: O ciclo do ouro, diamantes e pedras preciosas fez com que nosso país passasse a ter novas riquezas. Teve importância decisiva na ocupação da região de Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Planalto Baiano. A mineração tornou-se a mais importante atividade econômica do Brasil-Colônia no século XVIII.Pela própria característica desta atividade, altamente lucrativa, a Coroa, para evitar evasão de divisas, teve que exercer controle direto sobre a produção. Foi assim a atividade econômica que maior fiscalização sofreu por parte de Portugal. De início, era permitida a livre exploração, devendo ser pago como tributo a metrópole, a quinta parte (20%) de tudo que era extraído ("o quinto"). Depois dos primeiros achados de ouro em Minas Gerais (1693), surge o Regimento de Superintendentes, guardas-mores e oficiais deputados para as minas de ouro (1712), em que era estabelecido a Intendência das Minas, através da qual o superintendente dirigia, fiscalizava e cobrava o tributo ("o quinto").Foi estabelecida depois a cobrança indireta através da capitação, isto é, um tributo fixo pago em ouro e que recaia sobre cada um dos trabalhadores empregados nas minas.

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Para evitar o descaminho e o contrabando, Portugal proibiu a circulação de ouro em pó e em pepitas e criou as Casas de Fundição (1720). Quando o quinto arrecadado não chegava a cem arrobas (1500 Kg), procedia-se a "Derrama", isto é, obrigava-se a população a completar a soma.Havia dois tipos de extração de ouro: a faiscação e as lavras. a faiscação ou faisqueira era a pequena extração, feita por homens livres e nômades; era uma atividade realizada normalmente nas areias dos rios ou riachos. As lavras eram a extração de grande porte, exigiam maior investimento de capital, eram estabelecimentos fixos, dispondo de mão de obra escrava e algumas ferramentas. A lavra foi o tipo de extração mais freqüente na fase áurea da mineração.

Intendência das Minas: Era o órgão responsável pelo policiamento da mineração, pela fiscalização e direção da exploração das jazidas. Era o local onde se fazia o registro das minas descobertas. Funcionou como tribunal e era responsável pela cobrança de impostos. A descoberta de uma jazida deveria ser comunicada ao Intendente das Minas que procedia a divisão das datas (lotes).O indivíduo que havia descoberto tinha o direito de escolher os dois primeiros lotes. Em seguida, era escolhida uma data para a Fazenda Real, que depois a vendia em leilão. Os outros lotes eram sorteados entre os interessados presentes. Mão de obra: O negro escravo africano predominou como mão de obra na área mineradora. O negro, na área mineradora, desfrutava de uma situação melhor do que na região açucareira: podia conseguir a carta de alforria, pagando certa quantia. Áreas de produção: As principais áreas mineradoras no Brasil-Colônia foram Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás ou seja, a parte Centro-Sul do país.

Apogeu da mineraçãoO século XVIII corresponde à fase de apogeu da mineração, levando certo autor a falar na "Idade do Ouro" do Brasil. Neste período houve grande desenvolvimento artístico e cultural na região de Minas Gerais, como o estilo barroco das construções das igrejas e moradias, a Escola Literária Mineira, as esculturas do "Aleijadinho", as músicas cantadas nas igrejas e associações religiosas.Tratado de Methuen – 1703 O tratado estipulava o seguinte: Portugal admitia só consumir tecidos ingleses. A Inglaterra admitia só consumir vinhos portugueses. Como conseqüência desse tratado, Portugal tornou-se um país exclusivamente agrário, o que prejudicou as possibilidades de desenvolvimento de uma indústria manufatureira, colocando o país submisso ao capital inglês. O tratado tornou-se um dos motivos para o escoamento do ouro brasileiro para os cofres britânicos. As jazidas de ouro e diamantes encontradas no Brasil eram de aluvião. Isto quer dizer que elas estavam na superfície da terra e, por isso mesmo, era mais fácil explorá-las. Por esse motivo, as jazidas se esgotaram rapidamente e a mineração entrou em decadência.Em 1765, o Marquês de Pombal, ministro português, determinou a cobrança de impostos atrasados. Esta cobrança, denominada "derrama", era feia com muita violência pelas autoridades portuguesas.

Extração de diamantesO Brasil foi o primeiro grande produtor moderno de diamantes. Os primeiros achados foram na região do Arraial do Tijuco, depois Distrito Diamantino (subordinado diretamente a Portugal) e atual cidade de Diamantina situada em Minas Gerais. ConseqüênciasA atividade mineradora ocasionou muitas transformações para a Colônia (Brasil) e trouxe conseqüências (internas e externas) no plano político, social e econômico. Podemos alinhar como conseqüência da mineração: o surgimento das inúmeras povoações (núcleos urbanos) no interior: as "Vilas do Sertão"; o controle direto do sistema de produção mineral pela Coroa, para assegurar grandes núcleos na exploração das minas; surgimento de reações contra a política fiscal (Revolta de Vila Rica e Inconfidência Mineira); a transferência da capital em 1763, da Bahia (Salvador) para o Rio de Janeiro, que tornar-se-á o principal centro urbano da Colônia; a sociedade torna-se mais complexa, surgindo atividades de trabalho livre como artesão, comerciantes, militares e funcionários; progresso cultural com o aparecimento do estilo barroco nas igrejas de Minas Gerais e os trabalhos esculpidos por "Aleijadinho"; deslocamento do eixo econômico do Nordeste açucareiro (em crise) para a área mineradora (Centro-Sul); a Guerra dos Emboabas (1707 1709), que foi uma luta entre paulistas(descobridores das minas) e os forasteiros; um rápido crescimento demográfico. O número de habitantes do Brasil aumentou consideravelmente, tendo em vista o afluxo de pessoas provenientes de várias partes do mundo, em busca de riquezas minerais; surgimento do mercado interno por causa do desenvolvimento do comércio; - ocupação de todo o centro do continente sul-americano pela colonização portuguesa; criação das Capitanias de Minas Gerais (1720), Goiás (1744) e Mato Grosso (1748); abertura das primeiras estradas entre o interior "sertão" e o litoral; desenvolvimento da pecuária.

Conseqüências externas da mineraçãoA principal conseqüência da produção mineradora do Brasil, no plano externo foi a forte concentração de capital na Inglaterra, que possibilitou a Revolução Industrial.Outros produtos: fumo, algodão e "drogas do sertão".

Cultivo do algodãoInicialmente utilizado para a produção de vestimentas de pobres escravos, atingiu apogeu no século XVIII com o desenvolvimento da indústria têxtil, durante a Revolução Industrial. Teve grande produção no Maranhão e Pernambuco.

Cultivo do fumoO fumo (tabaco) era cultivado no litoral da Bahia (Recôncavo), de Sergipe e Alagoas, tendo-se constituído num comércio complementar e dependente ao do açúcar pois servia para a troca (escambo) de escravos da África.

Extração das "Drogas do Sertão""Drogas do Sertão" eram assim chamados os produtos extraídos da exuberante Floresta Amazônica, Pará e Maranhão. Na extração das "drogas do sertão" foi empregada a mão de obra indígena. "Droguistas do Sertão" eram expedições que penetravam no Vale Amazônico à procura destes produtos. "Tropas de Resgate" eram expedições militares que iam escravizar índios na Amazônia para trabalhar nas fazendas do Maranhão e Pará.

A SOCIEDADE COLONIAL

Basicamente três grupos étnicos entraram na formação da sociedade colonial: o indígena, o europeu (português) e o negro africano. Desde o início da colonização mesclaram-se os grupos étnicos, através da miscigenação racial, originando-se vários tipos de mestiços:-do branco com o negro = mulato- do branco com o índio = mameluco (caboclo)-do negro com o índio = cafuzoAs condições históricas da colonização criaram formas de convivência e adaptação entre as raças formadoras da etnia brasileira. Os índios sempre que conseguiram, optaram pelo isolamento. Já o convívio entre portugueses e africanos obedecia às regras do sistema escravista aqui implantado, resultando em maior aproximação e em verdadeira promiscuidade.

A Sociedade ColonialNos séculos XVI e XVII a sociedade colonial brasileira era basicamente rural (agrária), patriarcal e escravista, onde a atividade econômica predominante era a agricultura (cana-de-açúcar e tabaco).

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Esta sociedade era rigidamente estratificada: no vértice da pirâmide estavam os grandes proprietários rurais ("senhores-de-engenho"), que formavam uma aristocracia rural; na base havia um contingente numeroso de escravos e dependentes. No século XVIII, com a mineração, a sociedade tornou-se mais democratizada, possibilitando uma maior mobilidade social.Isto porque na área mineradora, em processo de urbanização a posição social do indivíduo dependia apenas da quantidade de dinheiro que possuía.

As principais nações indígenas: Usando-se critérios lingüísticos, podemos dividir os índios do Brasil em quatro nações:-Caraíbas -encontrados no norte da bacia Amazônica;-Nuaruaques -encontrados na bacia Amazônica, até os Andes; -Jês ou Tapuias -encontrados no Planalto Central brasileiro;-Tupis -encontrados por toda a costa atlântica e algumas áreas do interior.A maior parte dos indígenas que habitavam o litoral do Brasil na época do descobrimento pertencia ao grupo lingüístico tupi. O indígena brasileiro encontrado pelos portugueses vivia num regime de comunidade primitiva, ou seja, uma forma de organização social onde a ausência da propriedade privada dos meios de produção resulta numa economia comunitária, onde não existiam classes sociais.

Contribuições: Os índios deram importante contribuição para os costumes, cultura e a formação do povo brasileiro. Dentre essas contribuições, podemos destacar:uso da rede para dormir, tão comum nas regiões Norte e Nordeste; utilização do milho, da mandioca, do guaraná, etc; técnicas da coivara, ou queimada das roças antes de fazer novo plantio. diversos vocabulários falados no idioma.

A escravidão e o extermínio indígena: Na época do descobrimento, a população indígena do Brasil era de mais de um milhão de pessoas. Atualmente, está reduzida a menos de cem mil. Os primeiros contatos entre brancos e índios foram amigáveis. Mais tarde, quando teve início a exploração agrícola, os índios passaram a ser um obstáculo para os colonizadores, que precisavam de suas terras e de seu trabalho. Assim, os indígenas começaram a ser obrigados ao trabalho da lavoura. Muitos índios foram massacrados ou escravizados pelo colonizador, que lhes roubava a terra e atacava suas mulheres. A escravidão dos indígenas acontecia principalmente nas áreas mais pobres, onde havia poucos recursos para a compra de escravos negros. O maior exemplo disso foi a Capitania de São Vicente (São Paulo), nos séculos XVI e XVII; de lá partiam as bandeiras do ciclo do apresamento indígena, que promoviam verdadeiras guerras de extermínio.

O negro do Brasil: Os negros foram introduzidos no Brasil a fim de atender às necessidades de mão-de-obra e às atividades mercantis (tráfico negreiro). O comércio de escravos africanos para o Brasil teve início nos primeiros tempos da colonização. Na África os negros eram trocados por aguardentes de cana, fumo, facões, tecidos, espelhos, etc.Os africanos que vieram para o Brasil pertenciam a uma grande variedade de etnias. De modo geral, podemos classificar os negros entrados no Brasil em três grandes grupos:Sudaneses - oriundos da Nigéria, Daomé, Costa do Ouro. Compreendia os iorubas, jejês, minas, fanti-ashanti e outros. Localizados inicialmente na Bahia, depois se espalharam pelas regiões vizinhas.Bantos - divididos em dois grupos: Congo-angolanos e moçambiques. Os bantos foram traduzidos para o Rio de Janeiro, Maranhão e Pernambuco.Malês - eram os sudaneses islamizados. Os negros possuíam religião politeísta e suas crenças mesclaram-se ao cristianismo (sincretismo religioso). A escravidão negra no Brasil não foi apenas uma questão de preferência do negro ao índio, mas sim uma questão de interesse da burguesia e do governo português, que já se enriqueciam com o tráfico negreiro antes da descoberta do Brasil. Aprisionados ou trocados, os negros eram trazidos para o Brasil nos porões dos navios negreiros (tumbeiros). Durante a viagem, morriam cerca de 40% dos traficados. Marcados com ferro em brasa, os negros eram embarcados em Angola, Moçambique e Guiné e desembarcados em Recife, Salvador e Rio de Janeiro. O negro entrou na sociedade colonial brasileira como cultura dominada; as marcas da escravidão persistem até os dias de hoje.

As contribuições dos negros para a cultura brasileira: O negro deu importantes contribuições para a cultura e para a formação do povo brasileiro, podendo citar-se:diversos vocábulos falados no idioma; hábitos alimentares, principalmente da culinária baiana; instrumentos musicais, como tambores, atabaques, flautas, marimbas, cuícas e berimbaus; ritmo musical das canções populares brasileiras, como o samba; danças, como o cateretê, o jongo, etc. (folclore). O negro deixou marcas profunda na própria composição física do povo brasileiro. Apesar de muito se dizer ao contrário, os negros reagiram à opressão branca e iniciaram, no Brasil, os primeiros movimentos para a sua libertação, formando os quilombos.

O mais importante dos quilombos foi Palmares. Localizava-se no atual Estado de Alagoas e durou aproximadamente 70 anos. Como Palmares significava a liberdade e, portanto, era uma atração constante para novas fugas de escravos, tinha de ser destruído pelos senhores prejudicados pela existência dessa rebeldia negra. Palmares foi destruído em 1694, pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, contratado pelos senhores de engenho. Em 1695, foi assassinado Zumbi, o maior líder negro da História do Brasil. Sua cabeça foi exposta em Pernambuco, acabando com a lenda da sua imortalidade.

V - ATAQUES AO LITORAL BRASILEIRO: Os franceses no Rio de Janeiro (século XVI) Em 1555, durante o governo de Duarte da Costa, houve a invasão francesa na Baía de Guanabara. A expedição, apoiada pelo Almirante Coligny, era comandada por Nicolau Durand Villegaignon e tinha por objetivo estabelecer a França Antártica, colônia para os protestantes(huguenotes) que estavam sendo perseguidos na França.A expulsão dos franceses ocorreu após os combates de Uruçumirim e Paranapuã, no governo de Mem de Sá (1565), graças a Estácio de Sá e à atuação dos padres jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, responsáveis pela pacificação dos índios revoltados ("Confederação dos Tamoios"), chefiados por Cunhanbebe. Em 1594, Jacques Riffault e Chales des Vaux estiveram no Maranhão. O último levou informações à França sobre a possibilidade de fundar uma colônia naquela região. Em 1612, chegou ao Maranhão uma expedição chefiada por Daniel de La Touche, que fundou a cidade de São Luís ( atual capital do Maranhão), cujo objetivo era fundar uma colônia ("França Equinocial").A expulsão dos franceses foi conseguida graças ao mameluco Jerônimo de Albuquerque e Alexandre de Moura, entre 1614/1615.

Os franceses no Rio de Janeiro (século XVIII)Em 1710 a cidade do Rio de Janeiro, na época, grande centro produtor de açúcar, foi atacada pela esquadra de Jean François Duclerc. Este foi derrotado, aprisionado e depois misteriosamente assassinado.Em 1711 chegou a 2ª esquadra chefiada por Duguai Trouin que exigiu a rendição do governador do Rio de Janeiro Francisco de Castro Morais e só se retirou mediante recebimento de elevado resgate.

Ataques inglesesDurante a União Ibérica, corsário e piratas fizeram incursões em diversos pontos de nosso litoral, como:Edward Fenton atacou Santos (1583), sendo repelido; Robert Withrington entrou na Baía de Todos os Santos e saqueou o Recôncavo(1587); Thomas Cavendish atacou Santos e São Vicente (1591); Jaime Lancaster, com os piratas franceses Venner e Noyer,

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atacou Recife e Olinda (1595), saqueando a primeira;presença inglesa no Grão-Pará, com fundação de fortins na Amazônia:Jaime Purcell(1621) e Rogério North (1631).

UNIÃO IBÉRICA

Chamamos de União Ibérica ou União das Monarquias Ibéricas, o período que vai de 1580 a 1640, quando Portugal e suas colônias passaram para o domínio da Espanha.Isto aconteceu devido à questão da sucessão dinástica em Portugal. Depois de D. João III ("O Colonizador") reinou, em Portugal, seu neto D. Sebastião. Mas este morreu na batalha de Alcáce-Quibir (1578), na África combatendo os muçulmanos ("cruzadismo português"). É sucedido pelo seu tio-avô, o velho Cardeal D.Henrique, que reinou apenas dois anos, pois morreu em 1580. Ao falecer, surgiu a questão da sucessão dinástica: o cardeal D. Henrique não possuía filho e seu parente mais próximo era Felipe II, rei da Espanha, da dinastia dos Habsburgos, que se impõe como herdeiro legítimo e passa a governar Portugal e todas as suas colônias, inclusive o Brasil.

Conseqüências da União Ibérica (1580 - 1640)a ruptura prática da linha de Tordesilhas;o Brasil começou a sofrer investidas dos maiores adversários da Espanha: Inglaterra, França e Holanda;a aplicação das Ordenações Filipinas;em 1621, o Brasil foi dividido em dois Estados: Estado do Maranhão, com capital em São Luís e depois Belém;Estado do Brasil (do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul), tendo como capital, Salvador;as invasões holandesas no Nordeste brasileiro, devido à guerra entre Espanha e Holanda;criação do Conselho das Índias (1604), para fortalecer as fiscalização das colônias;a decadência econômica e política do reino lusitano, que passa a depender, cada vez mais, da Inglaterra.O povo português ficou revoltado, nada podendo fazer para evitar que Felipe II subornasse as autoridades do Reino, até o momento em que as Cortes o aclamaram Rei de Portugal, com o nome de Felipe I.

AS INVASÕES HOLANDESAS (A guerra do Açúcar)

Antecedentes. O país que hoje chamamos Holanda, pertencia à Espanha até 1579, ano em que os holandeses iniciaram a sua Guerra de Independência. A Espanha não reconheceu a independência da Holanda e a guerra entre os dois países prosseguiu até 1648. Devido a esta guerra, a Espanha proibiu suas colônias de fazerem comércio com os holandeses.As invasões holandesas (1624 - 1630) As invasões holandesas ou "Guerra do Açúcar" no Nordeste têm como causas:a União Ibérica (1580/ 1640);a proibição do rei Felipe II, ordenado que os portos de todas as colônias fossem fechados aos navios da Holanda;o interesse dos holandeses em ocupar a Zona da Mata nordestina para restabelecer o comércio açucareiro que lhes proporcionava grandes lucros.A Companhia de Comércio das Índias Ocidentais (1621), que recebeu o monopólio do Comércio do Atlântico, foi criada com o objetivo de ocupar o Nordeste Açucareiro. Bahia e Pernambuco, as Capitanias que mais produziam açúcar na época colonial, foram atacadas pelos holandeses.

Invasão da Bahia (1624 - 1625)Na primeira invasão (1624), os holandeses eram chefiados por Jacob Willekens e Johan Van Dorth. O Governador do Brasil era Diogo de Mendonça Furtado, que foi preso de "armas na mão"; os invasores ocuparam a cidade de Salvador, sede do Governo Geral.A defesa ficou a cargo do Bispo D. Marcos Teixeira, que criou uma companhia de emboscadas ("Milícia dos Descalços"). A expulsão dos holandeses ocorreu em 1625, graças à expedição luso-espanhola ("Jornal dos Vassalos"), comandada porD. Fradique de Toledo Osório. Os holandeses cercados pela esquadra no porto de Salvador, capitularam e retornaram para a Europa.

Invasão em Pernambuco (1630 - 1654)A segunda invasão holandesa ocorreu em Pernambuco, ("Zuickerland" = terra do açúcar) em 1630, sob o comando de Hendrick Coenelizoon Lonck; o desembarque ocorreu em Pau Amarelo.A resistência foi organizada por Matias de Albuquerque, governador de Pernambuco, que fundou o Arraial do Bom Jesus. Em 1631 ocorreu a batalha dos Abrolhos entre a esquadra de D. Antônio de Oquendo (espanhola) e a esquadra do Almirante holandês Jansen Pater. Em 1632 ocorreu a deserção de Domingos Fernandes Calabar, contribuindo decisivamente para que os holandeses se fixassem no Nordeste.Os holandeses ocuparam novos territórios (Itamaracá, Rio Grande do Norte, Paraíba) e tomaram o Arraial do Bom Jesus.Em Porto Calvo, Calabar foi preso e enforcado.Matias de Albuquerque foi substituído por D. Luís de Rojas e Borba, que depois morreu no combate de Mata Redonda frente aos holandeses; seu substituto foi o Conde Bagnoli.Para governar o "Brasil Holandês", foi nomeado o Conde Maurício de Nassau, que além de estender o domínio holandês (do Maranhão até Sergipe, no rio São Francisco) realizou uma excelente administração:- fez uma política de aproximação com os senhores-de-engenho;-incrementou a produção açucareira;-concedeu tolerância religiosa;- trouxe artistas e cientistas como Franz Post (pintor) Jorge Markgraf (botânico), Pieter Post (arquiteto), nomes ligados ao movimento renascentista flamengo;- promoveu o embelezamento da cidade de Recife, onde surgiu a "Mauricéia", nailha de Antônio Vaz. Denominou-se "Insurreição Pernambucana" (1645 - 1654) o movimento de reação ao domínio holandês no Nordeste, após a retirada do Conde Maurício de Nassau. Os principais nomes foram o índio Poti (Felipe Camarão), o negro Henrique Dias,o português João Fernandes Vieira e André Vidal de Negreiros. Os insurgentes adotaram como lema "Deus e Liberdade" e fundaram o Arraial Novo do Bom Jesus.Os "independentes" conseguiram derrotar os holandeses nas batalhas do Monte das Tobocas (1645) e dos Guararapes (1ª 1648, 2ª 1649). A rendição ocorreu na Campina da Taborda (1654). Contudo, as guerras holandesas só se encerraram com a assinatura do Tratado de Haia (1661) entre Portugal e Holanda.A integração entre brasileiros, portugueses, brancos, negros e mestiços, que lutaram juntos pela defesa do Brasil, contribuiu para desenvolver o sentimento de brasilidade, ou seja, o sentimento nativista.

Diversos fatos estão relacionados com a capitulação dos holandeses do Brasil:a restauração de Portugal (fim do domínio espanhol), devido a aclamação do Duque de Bragança com o título de D. João IV, motivou

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um levante no Maranhão, culminando com a expulsão dos holandeses daquela região;o Ato de Navegação (1651) decretado por Cromwell, da Inglaterra, que enfraqueceu o poderio marítimo holandês;a criação da Companhia Geral do Comércio do Brasil (1649), a conselho do Padre Vieira, para fazer concorrência à Companhia das Índias Ocidentais (holandesa);a política da intolerância dos sucessores de Nassau fez unir os senhores-de-engenho (aristocracia rural) que haviam se acomodado com a situação.Expulsos do Brasil, os holandeses passaram a produzir açúcar na região das Antilhas, fazendo concorrência ao açúcar produzido no Brasil. Isto contribuiu decisivamente para o declínio (diminuição) da produção açucareira nordestina, que entrou em crise. Esta crise que o Brasil e Portugal atravessavam foi superada com a descoberta das riquezas minerais (ouro, diamante e pedras preciosas), no século XVIII.Após a expulsão dos holandeses (Paz de Haia, em 1661), Portugal passou a sofrer maior influência da Inglaterra (Tratado de Methuem).

VI - A EXPANSÃO TERRITORIAL

"Os portugueses andavam como caranguejos, arranhando o litoral". (Frei Vicente Salvador).

Conquistas do Norte e Nordeste

- Na Paraíba as primeiras tentativas foram feitas, sem êxito, por Frutuoso Barbosa. Mais tarde, ele e Felipe de Moura com uma expedição por terra e Diogo Flores Valdés, chefiando uma expedição marítima, fundaram o Forte de São Felipe,depois abandonado por causa dos ataques dos índios potiguares.A conquista da Paraíba foi efetivada por Martim Leitão, que se aliou ao chefe indígena Piragibe, surgindo a cidade de Filipéia de Nossa Senhora das Neves (1584), depois chamada de Paraíba, atual João Pessoa.- A conquista de Sergipe foi efetuada Cristóvão de Barros, em 1590, que derrotou os índios chefiados por Boiapeba e fundou São Cristóvão.- Manuel Mascarenhas Homem conquistou o Rio Grande do Norte, com auxílio de Feliciano Coelho e Jerônimo de Albuquerque. Em 1597, foi fundado o Forte dos Reis Magos, que a partir de 1599, passou a se chamar Natal.- Pero Coelho de Souza tentou, sem êxito, através de duas investidas, ocupar o Ceará. Os padres jesuítas Francisco Pinto e Luiz Figueira também não conseguiram. A ocupação do Ceará foi realizada por Martim Soares Moreno, ajudado pelo índio Jacaúna. Fundou o Forte de Nossa Senhora do Amparo (1613) que deu origem à atual cidade de Fortaleza.- O Maranhão foi conquistado por Alexandre de Moura e o mameluco Jerônimo de Albuquerque (1615), do interior para o litoral, graças à atividade pastoril.- A conquista do Pará foi efetuada por Francisco Caldeira Castelo Branco, quefundou o forte Presépio, origem da cidade de Belém (1616).

- O povoamento do Piauí foi feito do interior para o litoral, graças à criação de gado bovino. Os irmãos Domingos Afonso Mafrense ("O Sertão") e Julião Afonso Serra, rendeiros da Casa da Torre (de Garcia D'Ávila), fundaram a Vila Mocha, depois Oeiras, antiga capital de Piauí (1674). - A conquista do Vale Amazônico foi realizada pelo Capitão Pedro Teixeira (1637 - 1639), que subiu o rio Amazonas (de Belém até Quito), tomando posse desta imensa região, em nome do rei de Portugal. A posse da bacia amazônica deveu-se aos missionários (jesuítas, franciscanos, carmelitas e mercenários), às lutas contra os estrangeiros, os "droguistas do sertão" e ás expedições militares ("tropas de resgate").

Importante: Só com a expulsão dos franceses da Paraíba, do Rio Grande do Norte, do Ceará e do Maranhão foi possível completar a ocupação da Região Nordeste.

Ocupação do InteriorAs quatro bases econômicas da ocupação do sertão foram: a criação de gado, caça ao gentio, a atividade mineradora e a extração de especiarias, produtos silvestres e plantas medicinais ("drogas do sertão").O elemento humano que realizou a expansão territorial do Brasil era representado pelos criadores de gado (boiadeiros), pelos padres missionários no seu trabalho de catequese, pelos entradistas e bandeirantes, cuja atuação foi de fundamental importância e cujos motivos de ação foram múltiplos e variados: expedições militares, apresamento de indígenas, descoberta de ouro e pedras preciosas.O caminho dos que partiam de Pernambuco em demanda (direção)do sertão foi o Rio São Francisco, conhecido como "Rio da Unidade Nacional" e "Rio do Currais", devido à existência de grandes e numerosas fazendas de gado em suas margens.No Sul, onde tiveram início as primeiras expedições pelo interior, os meios de penetração do sertão foram os Rios Paraná, Tietê e Paraíba do Sul.

A ocupação da Planície AmazônicaO povoamento do Vale Amazônico amoldou-se às contingências da coleta dos produtos extrativos, sobretudo vegetais ("drogas do sertão "), na considerável dispersão amazônica, onde os cursos d`água serviam como único pólo forte e estável de atração do povoamento. Nesta atividade extrativa o índio era insubstituível, pois sem ele "não se dava um passo".A escravização dos silvícolas pelos colonos, no Maranhão, deu origem a conflitos com os padres jesuítas a organização da produção também reflete as condições em que ela se realiza: não tem por base a propriedade da terra (fundiária), como na agricultura e na mineração. A exploração realiza-se indiferentemente na imensa floresta aberta a todos e faz-se de maneira esporádica, coincidindo com as épocas próprias da coleta.

Colonização do Vale AmazônicoDiversos fatores contribuíram para a ocupação do Vale Amazônico: a extensa rede hidrográfica, a fundação de diversas missões religiosas, a presença dos droguistas do sertão e das tropas de resgates.

A rede hidrográficaA Bacia Amazônica é a maior bacia fluvial do globo. Essa imensa rede hidrográfica é comandada pelo Rio Amazonas, o segundo do mundo pela extensão e pelos inúmeros afluentes, alguns dos quais estão incluídos entre os mais extensos rios da Terra: Madeira, Juruá, Tapajós, Xingu, etc. Os cursos fluviais, por serem inteiramente navegáveis, contribuíram sobremaneira para a ocupação da Amazônica.

Ocupação e povoamento do Centro-Sul (século XVIII)O Centro-Sul compreendia as atuais Regiões Sudeste e Centro-Oeste. Sua ocupação se processou através do extrativismo mineral e pelo movimento das "entradas e bandeiras". A atividade responsável pela ocupação e povoamento do Centro-Sul, especialmente das atuais regiões de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, foi a mineração.

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Ocupação do Extremo SulO Extremo Sul foi a última região incorporada ao território brasileiro. Isto ocorreu só no final do século XVIII.

O meio geográficoA parte meridional do Brasil apresenta uma individualidade em relação às demais regiões: está totalmente dentro do clima temperado (subtropical), possui uma vegetação de fácil penetração, com uma planície (Pampa ou Campanha Gaúcha) coberta por campos limpos, apresentando pequenas ondulações ("coxilhas"). A ocupação da extremidade sul do Brasil foi essencialmente militar. O tipo de povoamento baseou-se na colonização e imigração. O regime da posse da terra era a grande propriedade.Em 1737, povoadores militares ocuparam o Rio Grande do Sul fundando o Forte (presídio) Jesus-Maria-José, do qual se originou a atual cidade do Rio Grande.

Expansão bandeiranteConstituem movimentos de expansão territorial, responsáveis pela atual configuração geográfica do Brasil. As entradas eram expedições organizadas pela iniciativa oficial (governo), prevaleceram no século XVI e normalmente respeitavam a linha de Tordesilhas. As entradas de Aleixo Garcia e Pedro Teixeira constituem exceções.As bandeiras geralmente organizadas graças à iniciativa particular, eram expedições que:ultrapassavam a linha do Meridiano de Tordesilhas;contribuíram para aumentar consideravelmente o território brasileiro;partiam, quase todas de São Vicente (São Paulo);utilizavam os rios Tietê, Paraná, São Francisco e os afluentes meridionais do Amazonas;aprisionavam índios em massa;começaram no século XVI e atingiram apogeu nos séculos XVII e XVIII;tiveram a participação ativa dos paulistas.

Entradas pioneirasEm 1504, Américo Vespúcio organizou uma entrada em Cabo Frio (RJ). Depois Martim Afonso de Souza organizou três outras: no Rio de Janeiro (Francisco Chaves), em Cananéia (SP) e na região do rio da Prata (Pero Lopes de Souza).

Ciclo das entradasAlém das entradas pioneiras, temos o ciclo baiano, sergipano, cearense, espírito¬santense e amazônico. Os integrantes do Ciclo baiano são: Francisco Bruza Espinosa, o padre Azpilcueta Navarro, Antônio Dias Navarro e Gabriel Soares de Souza. Pero Coelho de Souza e os padres jesuítas Francisco Pinto e Luiz Figueira destacaram-se no Ciclo Cearense. Marcos de Azevedo pertence ao ciclo espírito¬santense; o capitão Teixeira está ligado ao ciclo amazônico.

Ciclo das bandeirasAs bandeiras paulistas abrangem três fases: ciclo do ouro de lavagem, ciclo da caça ao índio (bandeirismo de apresamento) e grande ciclo do ouro. Estas bandeiras, além de procurar riquezas minerais escravizavam índios e combatiam os negros que haviam fugido das fazendas.

Ciclo do ouro de lavagemFernão Dias Paes ("Caçador de Esmeraldas"), foi o mais famoso bandeirante do ciclo do ouro de lavagem. Outros nomes deste ciclo: Brás Cubas, Luis Martins, André Leão, Garcia Rodrigues Paes, Heliodoro Eobanos e Jerônimo Leitão. O romance "Caçador de Esmeraldas", escrito por Olavo Bilac, descreve a bandeira chefiada por Fernão Dias Paes, nos sertões de Minas Gerais.

Ciclo da caça do índioAntônio Raposo Tavares foi o bandeirante que mais se destacou na caça ao gentio (indígena). Ele destruiu as províncias missionárias jesuíticas (missões ou reduções) de Guairá (no Paraná), Tape e Uruguai (no Rio grande do Sul) e Itatim (em Mato Grosso), aprisionando milhares de índios. Depois de atravessar Mato Grosso, entrou na Bolívia, atravessou a Cordilheira dos Andes, foi até o oceano Pacífico, regressou ao litoral Atlântico pelo Rio Amazonas e voltou a São Paulo pela zona costeira (1648-1651) - (1º Périplo Brasileiro).Os irmãos Preto (Manuel e Sebastião) foram os primeiros a fazer uma investida contra uma província inaciana. Eles atacaram as reduções jesuíticas de Guairá (1628 - 1630), Tape e Uruguai, habitadas por cerca de 200.000 indígenas. Domingos Jorge Velho foi o bandeirante paulista contratado para destruir o Quilombo dos Palmares (1694), localizado em Alagoas. Após extinguir aquele agrupamento de negros fugitivos, ocupou o interior de Piauí, exterminando os indígenas ("Guerra dos Cariris" ou "Guerra dos Bárbaros"), possibilitando a montagem de 39 estâncias de gados na região. Bartolomeu Bueno da Silva (pai), chamado pelos índios de "Anhanguera", devassou os sertões de Goiás.

Grande ciclo do ouro e diamanteAntônio Rodrigues Arzão descobriu as primeiras minas de ouro, em 1693, no rio Casca (Cataguases) em Minas; Manuel Borba Gato descobriu as Minas de Sabará (Minas Gerais), em 1700; Bernardo da Fonseca Lobo descobriu diamantes em Diamantina (antes Arraial do Tijuco e Distrito Diamantino) - Minas Gerais, em 1729; Bartolomeu Bueno da Silva Júnior (filho), 2º "Anhanguera", encontrou ouro onde surgiu Vila Boa, hoje cidade de Goiás; Pascoal Moreira Cabral descobriu ouro em Coxipó-Mirim (Mato Grosso), em 1719.MonçõesForam expedições fluviais, que saíram de São Paulo (Porto Feliz), em direção a Mato Grosso e Goiás, como conseqüência do movimento bandeirista.

VII - OS TRATADOS DE LIMITES E AS GUERRAS NO SUL

AntecedentesO Tratado de Tordesilhas, na realidade jamais demarcado, nunca foi respeitado. A identificação dos limites dos domínios portugueses e espanhóis na América do Sul agravou-se após a União Ibérica;A ocupação portuguesa no Sul (política expansionista realizada pelos bandeirantes) chocou-se com os interesses espanhóis no Rio da Prata, que tinha em Buenos Aires seu centro mais importante;A cobiça dos portugueses (aliados dos ingleses) pela área do Prata é comprovada pela fundação da Colônia do Sacramento em 1680, defronte a Buenos Aires, centro da disputa entre espanhóis e portugueses;O interesse inglês em dominar o mercado platino após a Restauração portuguesa (1640). A Inglaterra pressionará para a ocupação, pelos portugueses, da saída do Rio da Prata;O contrabando, facilitado pela presença da Colônia do Sacramento provocou intensos choques entre portugueses e espanhóis, levando-os a assinarem diversos tratados a respeito da região.

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Ocupação do extremo sulAbandonada por longo tempo, só no final do século XVII esta região, cujas pastagens são as melhores do país, teve o estabelecimento de várias missões jesuíticas espanholas: Santo Ângelo, São Borja, São Miguel, São Lourenço, São João Batista, São Nicolau e São Luís Gonzaga, que foram os Sete Povos das Missões, do rio Uruguai.Em 1680, uma expedição chefiada por D. Manuel Lobo, governador do Rio de Janeiro, fundou a Colônia do Sacramento na margem esquerda do Rio da Prata, foco de grande disputa entre Portugal e Espanha, na região Platina. A fundação da Colônia de Sacramento, pelos portugueses, motivou a reação dos espanhóis e os choques militares no sul tornaram-se freqüentes.O forte presídio Jesus-Maria-José, atual cidade do Rio Grande (RS), foi fundado pelo Brigadeiro José da Silva Pais, que chefiava uma expedição para combater os espanhóis. Em 1760, o Rio Grande foi elevado à condição de Capitania, subordinada ao Rio de Janeiro.

Tratados de limitesApós a vigência da União Ibérica, foram assinados diversos tratados de limites que envolviam regiões ao sul da América tais como: Lisboa, 1º de Utrecht, 2º de Utrecht, Madri, El Pardo, Santo Idelfonso e Badajós.Tratados de Lisboa (1681)Foi motivado pela anexação espanhola da Colônia do Sacramento. Portugal, apoiado pela Inglaterra, obtém a devolução da Colônia (1681).

1º Tratado de Utrecht (1713)O 1º Tratado de Utrecht foi firmado entre a França (Luís XIV) e Portugal (D. João V). Estabeleceu os limites entre o Brasil e a Guiana Francesa, assegurando o nosso domínio sobre o Amapá (ou a Terra do Cabo Norte), tendo como base o rio Oiapoque (Vicente Pinzón).

2º Tratado de Utrecht (1715)Foi firmado entre Portugal e Espanha. A Colônia do Sacramento era devolvida pela segunda vez a Portugal, porque os espanhóis haviam atacado e retomado aquela Colônia. Os colonos espanhóis protestaram contra a devolução e fundam Montevidéu, junto à Colônia do Sacramento, provocando novos choques na região.

Tratado de Madri (1750)Foi o mais importante dos Tratados de limites assinados entre portugueses e espanhóis. Estabeleceu a troca da Colônia do Sacramento, que passaria para Espanha.O brasileiro Alexandre de Gusmão ("Avô dos Diplomatas brasileiros") defendeu o princípio do "Uti Possidetis" (direito de posse), ou seja estabeleceu que cada uma das nações ficaria com os territórios que já estivessem em seu poder. Este princípio, aceito pela Espanha, beneficiou Portugal que havia ocupado as terras a oeste do Meridiano de Tordesilhas, graças à expansão territorial feita pelos bandeirantes, durante o período da União Ibérica (1580 - 1640), completada pelos criadores de gado e padres missionários.

O Tratado de Madri é importante porque dava ao Brasil (salvo pequenas modificações, como a compra do Acre em 1903), aproximadamente, a sua atual configuração geográfica. Os padres jesuítas espanhóis, juntamente com os comerciantes da região não se conformaram com as decisões do Tratado de passar a região dos Sete Povos das Missões para o domínio português: instigaram os índios a uma luta, ocasionando a "Guerra Guaranítica". Como o tratado não foi cumprido, porque os demarcadores suspenderam os trabalhos, a Colônia do Sacramento permaneceu com Portugal.

Guerra de El Pardo (1761)Anulou o de Madri, porque os índios dos Sete Povos das Missões revoltaram-se ("Guerra Guaranítica") e Portugal recusou-se a entregar a Colônia do Sacramento.Tratado de Santo Idelfonso (1777)

AntecedentesEm conseqüência da Guerra dos Sete Anos, na Europa, surgiram hostilidades na América. D. Pedro de Cevallos, governador de Buenos Aires, atacou e ocupou a Colônia do Sacramento em 1762, tendo sido devolvida no ano seguinte.Posteriormente, os espanhóis se apossaram de Santa Catarina e, pela quinta vez, da Colônia do Sacramento.O Tratado reconheceu o princípio do "Uti possidetis"(direito de posse) e restabeleceu, em linhas gerais, o Tratado de Madri. Contudo, Portugal cedia a Colônia do Sacramento, os Sete Povos das Missões e parte do Rio Grande; a Espanha devolvia a Ilha de Santa Catarina.

Tratado de Badajós (1801)As guerras napoleônicas levaram a Espanha a lutar contra Portugal. O Tratado de Badajós pôs fim à Guerra e determinou que a Colônia do Sacramento passaria para a Espanha. Como não mencionasse os Sete Povos e parte do Rio Grande, permitiu assim que Portugal ficasse na posse dos territórios conquistados (Rio Grande de São Pedro).

VIII - NOVA POLÍTICA COLONIAL ( SÉCULO XVIII)

Após a restauração portuguesa (1640), o primeiro rei da Dinastia de Bragança (D. João IV) dedicou a maior atenção à política administrativa da Colônia, tomando medidas visando defesa, povoamento, melhoria das comunicações e organização da justiça.A administração tornou-se mais rígida, sendo criado o Conselho Ultramarino (1642), visando a centralizar toda a administração colonial. Ao contrário do que acontecera até meados do século XVII, as Câmaras Municipais, antes tão poderosas, tiveram seus poderes restringidos. Os juizes ordinários, eleitos pelos colonos que tinham direito a voto, foram substituídos pelos Juizes de Fora, nomeados pelo rei. Surgiram Companhias de Comércio privilegiadas, que tinham monopólios de certos produtos em determinadas regiões.

Administração Pombalina (século XVIII)No século XVIII, em virtude da pregação das idéias liberais, surge em Portugal uma tentativa de reformulação especialmente no campo econômico: é a política pombalina.Sebastião José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras (Marquês de Pombal), eraprimeiro ministro do rei D. José I de Portugal. A administração pombalina visava arecuperação da economia do Brasil em benefício de Portugal, a fim deste país selivrar do domínio econômico da Inglaterra.

Pombal incentivou as atividades comerciais, agrícolas e de construção naval.

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Algumas medidas tomadas por Pombal:promoveu a transferência da capital do Brasil para o Rio de Janeiro (1763);criou duas companhias de comércio: Maranhão/ Grão-Pará e Pernambuco/ Paraíba;expulsou os padres jesuítas e criou as escolas régias;impulsionou a construção naval; incrementou algumas indústrias como laticínios e anil; deu maior atenção à mineração;criou o Tribunal de Relação no Rio de Janeiro e Juntas de Justiça nas demais Capitanias;extinguiu o estado do Maranhão e o sistema de Capitanias Hereditárias;com a morte de D. José I (1777) sobe ao trono D. Maria I, ocasião em que a obra de Pombal é paulatinamente (aos poucos) desfeita ("Viradeira").

IX - OS CONFLITOS DO BRASIL COLÔNIA

As rebeliões coloniais conheceram duas fases:movimentos nativistas;movimentos de libertação nacional.

Movimentos Econômico-NativistasCaracterizaçãoNativismo é o sentimento de apego (amor) a terra EM QUE NASCEU. Os movimentos nativistas expressam o descontentamento dos colonos frente a problemas econômicos locais. Estes movimentos, liberados pela aristocracia rural brasileira (proprietários de terras e escravos), classe dominante da Colônia, via seus lucros reduzidos pela intermediação dos comerciantes portugueses.

O sentimento nativista, no Nordeste desenvolveu-se em função das lutas contra os holandeses, para combater a política de "arrocho" após a saída de Nassau do Brasil; no Sudeste foi devido as lutas pela posse de minas. As principais manifestações foram: Aclamação de Amador Bueno (1641); Revolta de Beckman (1684), Guerra dos Emboabas (1707-1709); Guerra dos Mascates (1710) e Revolta de Vila Rica (1720).

Aclamação de Amador Bueno (1641)Ocorreu em São Paulo, região que se encontrava marginalizada dentro do sistema Colonial Português e onde existia grande número de espanhóis, devido a União Ibérica e a proximidade da região do Prata. Em 1º de dezembro de 1640 deu-se a Restauração em Portugal sendo aclamado o Duque de Bragança que reinou como nome de D. João IV, acabando o domínio espanhol.Em 1641, chega a São Paulo a notícia da restauração. Parte da população insuflada pelos espanhóis resolveu aclamar o paulista Amador Bueno, rico fazendeiro, rei de São Paulo. Recusando o título, procurou abrigo no mosteiro de São Bento.Este episódio pode ser conceituado como "simples e vã tentativa dos castelhanos em, fazendo valer o prestígio adquirido, subordinarem São Paulo à coroa da Espanha".

Revolta de Beckman (1684)Ocorreu no Maranhão e teve como causas:a luta entre os colonos e jesuítas devido a escravização dos índios;a mudança da sede do governo do Estado do Maranhão, de São Luís para Belém;os abusos cometidos pela Cia de Comércio do Estado do Maranhão que exercia o monopólio de todo o comércio de compra e venda da produção maranhense;a concorrência na exploração das "Drogas do Sertão".Aproveitando a ausência do governador, Manuel Beckman (rico fazendeiro), secundando pelo irmão Tomás Beckman, Jorge Sampaio e Francisco Deiró, depuseram o capitão-mor e tomaram a administração da capitania.

Organizaram uma "Junta dos Três Estados" (representantes do clero, nobreza epovo) que tomou as seguintes medidas:

-expulsão dos jesuítas;- abolição do monopólio comercial (a Cia de Comércio foi extinta);- envio de um emissário a Portugal para justificar o movimento e fazer reclamações.

O movimento terminou com a nomeação do novo governador, Gomes Freire de Andrade, que anulou os atos da Junta. A repressão à revolta levou à morte os líderes rebeldes. Manuel Beckman foi enforcado (1685). Este movimento, foi isolado e não contestou a dominação metropolitana, mas apenas um de seus aspectos: o monopólio. O governo português extinguiu a Companhia de Comércio do Maranhão, como queriam os revoltosos, mas os jesuítas puderam retornar e continuar o seu trabalho.

Guerra dos Emboabas (1709)Ocorreu em Minas Gerais e teve como causa a luta pela posse das minas entre paulistas e emboabas (forasteiros). Com a descoberta de ouro no Brasil, muitos portugueses e populações da orla litorânea, que estavam decadentes devido ao declínio da produção açucareira, dirigiram-se para os sertões de Minas Gerais entrando em conflito com os descobridores das minas (paulistas) para exploração das jazidas.O primeiro incidente aconteceu entre o paulista Jerônimo Pedroso de Barros e o reino (português) Manuel Nunes Viana, em Caeté. A nomeação do "emboabas" Manuel Nunes Viana como "governador das Minas" irritou os paulistas, pois se sentiram lesados, começando, então, violentos choques: atacados pelos emboabas chefiados por Bento do Amaral Coutinho, junto ao rio das Mortes, depois de resistirem, os paulistas cercados se renderam, mas foram traídos. Foi o episódio do Capão da Traição (1708) onde morreram 300 paulistas.O governador do Rio de Janeiro D. Fernando Mascarenhas de Lencastre tentou acabar a luta, mas não teve êxito (1709). Seu substituto, Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho conseguiu a pacificação.

Principais conseqüências:• criação de uma nova Capitania, a de São Paulo e Minas do Ouro, separada do Rio deJaneiro (09 de Novembro de 1709) que passou ao domínio direto da Coroa, sendoseu primeiro governador Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho;elevação da vila de São Paulo à categoria de cidade (julho de 1711);separação entre a Capitania de São Paulo e a de Minas Gerais (1720)transferência do pólo de irradiação de Taubaté para Sorocaba pelos bandeirantes paulistas;descoberta de ouro nas regiões de Mato Grosso e Goiás para onde se dirigiram, depois, os paulistas.

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Guerra dos Mascates (1710 - 1711)Foi um conflito ocorrido em Pernambuco, resultado do choque entre a aristocracia rural de Olinda e os comerciantes ("Mascates") de Recife. A rivalidade entre "brasileiros" (de Olinda) e "portugueses" (de Recife), tinha como causas: 1º) a decadência da lavoura açucareira devido a concorrência Antilhana, levou a aristocracia rural a endividar-se com os comerciantes portugueses que monopolizavam o comércio de Pernambuco; 2º) mesmo decadente, Olinda era Vila, possuía Câmara Municipal e tinha autonomia em relação a Recife, que era sua comarca e subordinada administrativamente.

A elevação de Recife a categoria de vila pelo rei de Portugal no final de 1709, por pressão dos "mascates" separando-a de Olinda precipitou os acontecimentos. Os primeiros desentendimento surgiram entre o governador Sebastião de Castro Caldas, simpático aos mascates (de Recife) e o ouvidor Luiz de Valenzuela Ortiz, favorável aos de Olinda.

Um atentado à vida do governador por desconhecidos levou-o a tomar medidas repressivas contra os olindenses. Estes revoltaram-se em fins de 1710, liderados por Bernardo Vieira de Melo, invadindo Recife, derrubando o pelourinho (símbolo de autonomia administrativa) e obrigando o governador a fugir para a Bahia.

Abertas as vias de sucessão, o governo foi entregue ao bispo D. Manuel Álvares da Costa, que anistiou os amotinados, enquanto era rejeitada a proposta do Sargento-mor Bernardo Vieira de Melo de proclamar a independência de Pernambuco sob a forma republicana de governo, no mesmo estilo das cidades livres da Itália (Veneza e Gênova) e contaria com a proteção de uma potência cristã.A luta terminou com a chegada do novo governador, Felix José Machado, que recebeu ordem de pacificar os conflitos em Pernambuco.Os principais envolvidos foram presos e Recife foi confirmada como vila, passando a ser o centro administrativo da Capitania. A vitória dos comerciantes de Recife tornou claro à aristocracia rural que os seus interesses eram bem diferentes dos interesses portugueses. A rivalidade entre brasileiros e portugueses na Capitania continuou a existir mas só se transformou novamente em revolta mais de um século depois (1817 - Revolução Pernambucana) e com caráter diferente.

Revolta de Vila Rica (1720)Ocorreu em Minas Gerais e teve como causas principais a criação das "casas de fundição", a carestia de vida e monopólio e estanco sobre mercadorias. Com a criação das casas de fundição, todo ouro extraído deveria ser fundido em barra , isto é, "quintado" (retirado o imposto do quinto) sendo proibida a circulação do ouro em pó, para evitar o contrabando.O monopólio que os reinóis (portugueses) exerciam sobre a comercialização de gêneros de primeira necessidade encarecia, à medida que aumentava a produção de ouro. Vários mineiros, entre os quais Pascoal da Silva Guimarães, Sebastião Veiga Cabral e Felipe dos Santos Freire (principal líder), em Vila Rica, promoveram o levante.

O governador de Minas, Conde Assumar (D. Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos) que estava em Ribeirão do Carmo (Mariana), atendeu às exigências dos revoltosos. Em seguida , contando com os "Dragões" e os paulistas, avançou contra Vila Rica, reprimiu violentamente esta rebelião prendendo os principais chefes. Felipe dos Santos, o de mais baixa condição social, foi o único condenado à morte: foi enforcado e esquartejado.

A revolta de Vila Rica foi o reflexo do aumento da exploração portuguesa sobre o Brasil. Este movimento foi local e não contestou a dominação portuguesa. Seu objetivo não era fazer a libertação do Brasil e sim acabar com os abusos do monopólio português. A revolta de Felipe do Santos (1720) antecedeu a Inconfidência Mineira (1789), na mesma Vila Rica (atual Ouro Preto).

A conseqüência dessa revolta foi a criação da Capitania de Minas Gerais, separada de São Paulo (1720). A Revolta de Vila Rica foi fundamental para o amadurecimento da consciência colonial. Por outro lado, inaugurou um período de sangrentas repressões desfechadas pela Metrópole. O antagonismo entre Colônia e Metrópole é retratado nas últimas palavras de Felipe dos Santos: "Morro sem me arrepender do que fiz e certo de que o canalha do rei será esmagado". Era o prenúncio das lutas de libertação nacional que se desencadeariam no Brasil a partir do século XVIII.

Tentativas de Libertação Colonial Caracterização- estes movimentos tinham como objetivo libertar o Brasil do domínio português e foram mais abrangentes que os movimentos nativistas; - ocorreram no período de crise do capitalismo comercial e ascensão do capitalismo industrial (este era contrário aos monopólios);- com a Revolução Industrial, a partir do final do século XVIII desenvolve-se o livre cambismo, que forçava a abertura de novas frentes de trabalhos. Isto chocava-se com o pacto colonial;- a Inglaterra, nação pioneira da Revolução Industrial, como centro da capitalismo desejava garantir os mercados de matérias-primas e consumidores de manufaturados;

-as nações Ibéricas (Portugal e Espanha) entraram em decadência. Por não terem acumulado capital suficiente para iniciar o processo de industrialização, ficaram presas ao Mercantilismo e ao Absolutismo (Antigo Regime). Não tinham, portanto, as condições necessárias para ingressar na nova fase do Capitalismo; - o Liberalismo político e econômico, posto em prática na Revolução Francesa, repercutiu nas colônias;- a Independência dos Estados Unidos (em 1776 - primeiro país do Continente Americano a romper com os laços coloniais) provou que o colonialismo mercantilista podia ser derrotado; - o Iluminismo, filosofia revolucionária do século XVIII que defendia os princípios de "Liberdade, Igualdade, Fraternidade", foi o pensamento que orientou os movimentos contrários ao Antigo Regime; - os movimentos que precederam nossa independência política sofreram influências das idéias liberais da França e da Independência dos Estados Unidos e quase todos tiveram a participação ativa do clero e da Maçonaria;- a Inconfidência Mineira (1789), a Conjuração Baiana (1798) e a Revolução Pernambucana (1817) foram os principais movimentos precursores da Independência do Brasil.

Inconfidência Mineira (1789)

Aconteceu na região de Minas, onde a opressão metropolitana estava concentrada nos monopólios e nos impostos. Foi o primeiro movimento de tentativa de libertação nacional e teve como causas:Intelectuais - A divulgação das idéias liberais francesas, trazidas da Europa por estudantes brasileiros (Domingos Vidal Barbosa, José Álvares Maciel, José Joaquim Maia, José Mariano Leal) e o exemplo da Independência dos Estados Unidos (1ª colônia da América a se libertar do domínio da metrópole - 1776);Políticas - O governo despótico da metrópole, a péssima administração dos vice-reis e governadores de minas;Sociais - O desenvolvimento de uma classe média com o aparecimento de uma elite intelectual;Econômicas - A cobrança de pesados impostos que asfixiaram a região mineradora por ocasião da exaustão das minas, o estanco do

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sal, a derrama (cobrança dos quintos atrasados), a proibição de instalação de fábricas (1785), a proibição da construção de estradas para o interior e para o litoral.A conspiração foi realizada por elementos da elite econômica, onde se destacou a presença de padres e letrados como:- Tomás Antônio Gonzaga desembargador e poeta, autor do poema "Marília de Dirceu" e "Cartas Chilenas";- Cláudio Manuel da Costa, advogado e poeta muito rico, emprestava sua casa para os conspiradores se reunirem;

-padres Carlos de Toledo e José de Oliveira Rolim;- Francisco de Paula Freire de Andrade, tenente-coronel, comandante do "Regimento dos Dragões", tropa militar de Minas Gerais, e que estava hierarquicamente logo abaixo do governador;- Inácio de Alvarenga Peixoto, poeta e minerador;- José Álvares Maciel, estudante universitário, tendo chegado ao Brasil em 1788, era francamente fiel aos ideais iluministas;

-José Joaquim de Maia, estudante universitário, que teria se entrevistado com Thomas Jefferson, embaixador dos Estados Unidos na França e um dos líderes do movimento de independência daquele país, e solicitado auxilio aos norte-americanos;- Domingos Vidal Barbosa e Salvador Gurgel do Amaral, doutores;-Francisco Antônio de Oliveira Lopes, Coronel;- Luiz Vieira da Silva, cônego;- Joaquim Silvério dos Reis, Basílio de Brito Malheiros (coronéis) e o mestre de campo Inácio Correa Pamplona (delatores).

O Alferes Joaquim José da Silva Xavier ("Tiradentes") é considerado o principal nome pois foi o que propagou junto ao povo insatisfeito e conseguiu adeptos para a conspiração. A revolta seria iniciada por ocasião da "Derrama" (cobrança dos impostos atrasados) e a senha seria: "Tal dia faço meu batizado". O Visconde de Barbacena (Luiz Antônio Furtado de Mendonça) era o então governado de Minas Gerais. Com exceção de Tiradentes, todos os líderes da Inconfidência Mineira eram ricos, ligados à extração mineral e à produção agrícola. Esse fato é perfeitamente compreensível, pois os grandes proprietários eram os que mais interesses tinham em romper o pacto colonial.

Planos dos conjurados:fazer a independência com a capital em São João Del Rei; fundar uma universidade em Vila Rica; adotar uma bandeira com o dístico (frase ou lema): "Libertas quae sera tamem" (liberdade ainda que tardia), do poeta Virgílio; adotar, provavelmente a forma republicana de governo; instituir o serviço militar obrigatório e uma ajuda (pensão) às famílias numerosas; criar indústrias; quanto ao trabalho escravo, não chegaram a uma conclusão.

A denúncia e a devassaO movimento não chegou a ter sucesso, uma vez que os grandes planos não iam muito além das salas de reuniões. Isolados da grande massa popular, sem pensar em armas para o levante, bastou uma denúncia para acordar os conspiradores de seu grande sonho.Joaquim Silvério dos Reis, principal delator e um dos maiores devedores da Coroa, resolveu denunciar o movimento ao Visconde de Barbacena, em troca do perdão da dívida.

Logo após aconteceram os seguintes fatos:- O Visconde de Barbacena suspendeu a "derrama" e determinou a prisão dos envolvidos em sua Capitania;- houve prisão de Tiradentes no Rio de Janeiro, na ruas dos Latoeiros, atual Gonçalves Dias, (o vice-rei na época era D. Luís de Vasconcelos e Souza);- Foram abertas duas devassas que depois se unificaram, transformando-se numa alçada (tribunal especial);- Cláudio Manuel da Costa suicidou-se na prisão , em Vila Rica (Casa dos Contos);- de todos os conjurados presos, que respondiam pelo crime de inconfidência (falta de fidelidade ao rei), Tiradentes foi o único que assumiu total responsabilidade e participação no movimento;- na sentença, 12 líderes foram condenados à morte e depois perdoados pela rainha D. Maria I, que condenou alguns ao degredo perpétuo e outros ao degredo provisório;- Tiradentes foi condenado à morte por enforcamento. Foi executado no Campo da Lampadosa, no Rio de Janeiro, no dia 21 de abril de 1792; a cabeça cortada e conduzida para Vila Rica, o corpo foi esquartejado e postos os pedaços pelos caminhos de Minas Gerais. Avisado da conspiração, o Visconde de Barbacena suspendeu a derrama e iniciou a captura dos implicados. Quase três anos depois terminava a devassa. A sentença que condenava à morte 11 dos acusados foi modificada por Dona Maria I. Estabeleceu-se o degredo perpétuo para dez inconfidentes e apenas um serviria de bode expiatório:

Tiradentes. A 21 de abril de 1792 executou-se a sentença de Tiradentes com requintes de crueldade...Conseqüências: suspensão da derrama; abolição do estanco do sal; a idéia de independência germinaria mais tarde em 1822. Sobre o movimento pode-se afirmar que a falta de consistência ideológica não invalida o significado da Inconfidência Mineira. Era um sintoma da desagregação do Império português na América. Pode-se, portanto, considerá-la, sem hesitação, um movimento precursor da Independência do Brasil.

Conjuração Baiana (1798)

Também conhecida como "Revolução dos Alfaiates" foi o movimento precursor da Independência que apresentou características mais populares. Considerada a Primeira Revolução Social do Brasil, a Conjuração Baiana teve a participação de pessoas humildes como soldados libertos, alfaiates, etc. Surgiu devido à pregação das idéias liberais francesas e ação da Maçonaria. Seus objetivos eram: atender às reivindicações das camadas pobres da população, libertar o Brasil de Portugal, proclamar a república, conceder liberdade de comércio e abolir a escravidão.Seus objetivos, portanto, foram mais abrangentes, não se limitando apenas aos ideais de liberdade e independência do movimento de Minas Gerais. O levante baiano propunha mudanças verdadeiramente revolucionárias na estrutura da Colônia. Pregava a igualdade de raça e cor, o fim da escravidão, a abolição de todos os privilégios, podendo ser considerada a primeira tentativa de revolução social brasileira.

A revolta teve como líderes:João de Deus Nascimento, alfaiate e principal figura; Manuel Faustino dos Santos Lira, alfaiate, preto liberto; Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas, soldados.

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Todas as pessoas acima estavam aliadas aos elementos da Maçonaria. A divulgação da ideologia liberal da Revolução Francesa era feita, na Bahia, pela loja maçônica "Cavaleiros da Luz", que contava com a participação de intelectuais como Cipriano Barata (cirurgião) e José da Silva Lisboa (futuro Visconde de Cairu).

O movimento limitou-se a Salvador, antiga Capital do Brasil, onde grande parte da população compunha-se de artesãos livres (sapateiros, alfaiates, mulatos, ex¬escravos).Pode-se afirmar ainda que a Conjuração Baiana foi influenciada também pela Independência de Haiti, antiga colônia francesa situada nas Antilhas. Tendo sido distribuídos papéis em Salvador anunciando o movimento, o governador da Bahia, Marquês de Aguiar (D. Fernando José de Portugal e Castro), mandou apurar a autoria dos manuscritos, tendo sido identificado o soldado Luís Gonzaga das Virgens, que foi logo preso.Traídos por delatores, os chefes foram presos e julgados. Luís Gonzaga das Virgens, Lucas Dantas, João de Deus e Manuel Faustino dos Santos Lira foram condenados à morte (enforcados) e depois esquartejados; os intelectuais como Cipriano Barata foram absolvidos.

A violência da repressão expressou a popularidade do movimento. Seis dos réus foram condenados à morte e os demais tiveram pena de degredo ou prisão. O surgimento das lutas de libertação aumentou a repressão metropolitana. A Coroa passou a conceder prêmios em dinheiro, privilégios e cargos importantes aos denunciantes dos chamados crimes contra a Coroa Portuguesa.

Revolução Pernambucana de 1817Ocorreu durante a permanência da família real no Brasil e teve como causas: rivalidade entre reinos (portugueses) e mazombos (brasileiros); influência das idéias liberais francesas; pesados impostos e abusos administrativos; exemplo das colônias espanholas; arbitrária e opressiva administração militar; atuação das sociedades secretas (Maçonaria), como o nativista Areópago de Itambé, que defendiam idéias anticolonialistas; insatisfação popular e atraso no pagamento da tropa.

A difícil situação econômica de Pernambuco (crise na lavoura açucareira), escassez de gêneros de primeira necessidade e a seca que assolava a região criaram um clima favorável ao movimento revolucionário. O protesto para o início do movimento foi o incidente em que um reino foi surrado por um oficial do Regimento dos Henriques.

O governador de Pernambuco, Caetano Pinto de Miranda Montenegro, tendo recebido denúncias dos preparativos dos revoltosos, determinou a prisão de todos os implicados. O Brigadeiro Barbosa de Castro ao prender o Capitão José de Barros Lima ("Leão Coroado") foi morto, amotinando-se a tropa. O governador enviou ao quartel seu ajudante de ordens Ten Cel Alexandre Tomás, que também foi morto. Caetano Pinto refugiou-se na Fortaleza do Brum, onde capitulou e retirou-se para o Rio de Janeiro. Com a resistência dos militares envolvidos tem início a revolução que, vitoriosa, organizou um governo provisório:- Domingos José Martins, principal figura, representava o comércio;- Domingos Teotônio Jorge (Exército);- Padre João Pessoa Ribeiro de Melo Montenegro (clero);

-Manoel Garcia de Araújo (agricultura); -Dr. José Luiz de Mendonça (Magistratura).O Padre Miguelino (Miguel Joaquim de Almeida Castro)era o secretário de governo; no jornal "Preciso" eram publicados as diretrizes do governo. Organizou-se, também, um Conselho Consultivo onde se destacava Antônio Carlos de Andrade (irmão de José Bonifácio) e o dicionarista Antônio de Morais Silva. A revolução teve a adesão das seguintes Províncias do Nordeste: Paraíba e Rio Grande do Norte.

Os principais fatos foram : Enviou emissários ao estrangeiro (Inglaterra, Estados Unidos e Argentina); Estabeleceu a liberdade de pensamento; Aboliu o monopólio do pau-brasil, o estanco do sal e os títulos de nobreza; Adotou uma bandeira (azul e branca, com uma cruz vermelha, três estrelas,o arco-íris e o sol); Enviou José Martiniano de Alencar (que foi preso no Ceará) e José Ribeiro de Abreu Lima, mais conhecido como Padre Roma (que foi preso e executado na Bahia).O conde dos Arcos ( D. Marcos de Noronha), governador da Bahia, enviou alguns navios comandados por Rufino Batista e uma divisão, por terra, comandada pelo Marechal Joaquim de Melo Cogominho de Lacerda que se juntou às forças do novo governador Luiz de Rego (este formara um "Corpo Expedicionário"). Do Rio de Janeiro seguiu uma esquadra chefiada por Rodrigo Lobo. Os revoltosos foram derrotados em Utinga, Pindobas e Ipojuca. A repressão se prolongou até 1818: 12 foram executados como os Padres Miguelino e Roma e o capitão Domingos Teotonio Jorge; alguns implicados foram libertados e outros transferidos para as prisões da Bahia onde permaneceram até 1821, quando obtiveram o perdão real.As principais conseqüência deste movimento foram: aceleramento da marcha para a Independência e separação de Alagoas e do Rio Grande do Norte da Província de Pernambuco.

A República Velha vai de 1889 à 1930 e corresponde aos governos de Deodoro da Fonseca (1889-1891), Floriano Peixoto (1891-1894), Prudente de Morais (1894-1898), Campos Sales (1898-1902), Rodrigues Alves (1902-1906), Afonso Pena (1906-1909), Nilo Peçanha (1909-1910), Hermes da Fonseca (1910-1914), Wenceslau Brás (1914-1918), Epitácio Pessoa (1918-1922), Artur Bernardes (1922-1926) e Washington Luís (1926-1930).

Mesmo com a mudança do regime político-administrativo, no começo da República Velha as antigas ordens sociais vigentes no 2º Império ainda permaneceram por alguns anos. As condições econômicas, sociais e políticas em que a chegada desse novo modelo político se instalou nos Estados e nos Municípios, não mudaram de uma hora para outra as estruturas sociais dominantes. Cabe, ainda, relembrar a diversidade regional que interferia na composição política e administrava das unidades federativas.

Em síntese as várias oligarquias regionais de base socioeconômica (latifundiária-patrimonialista e agrário-mercantil), o coronelismo, o voto de cabresto, o curral eleitoral, as fraudes eleitorais, a política do café-com-leite e o imobilismo influenciaram nas questões sociais do país. Podemos dividir a questão social na República Velha em dois momentos o 1º corresponde de 1889-1920 e o 2º de 1920-1930. O ano de 1920 é divisor pelos movimentos tenentista e modernista. 

Os movimentos político-sociais e correntes ideológicas que influenciaram a questão social no período podem ser assim, classificados:

 1- ação de esquerda 2- ação de direita 3- tenentismo 4- modernismo

Na ação de esquerda estão o socialismo, o anarquismo e o marxismo. Todas estas correntes tem em comum: a ausência de um pensamento estruturado, difusão restrita, e tentativa de institucionalização, predomínio de ação e confusão ideológica e teórica. Na ação de direita estão os nacionalistas, o positivismo e o catolicismo. Estes possuem as seguintes características gerais: ausência de teorização, entusiasmo pela educação, tentativa de institucionalização, combate ao elemento estrangeiro, pensamento oficial de lugar

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político na classe média.

O tenentismo mostrava seu inconformismo com a situação política e social do Brasil (corrupção e eleições fraudulentas) e desejavam afastar as oligarquias do comando do país. Por fim, o modernismo defendia a descrença nos valores oligárquicos e nos valores europeus, denunciavam os problemas sociais (preconceito racial, ufanismo, à falta de valores, e o abuso de poder).

A história da Monarquia Brasileira estará dividida em duas partes. Nesta aula, de número 14, observaremos o Primeiro Reinado e o Período Regencial. Na próxima aula, de número 15, estudaremos o Segundo Reinado e o golpe republicano.

O Primeiro Reinado (1822/1831)

O Primeiro Reinado é caracterizado pela organização do Estado Nacional Brasileiro, que pode ser dividido nas seguintes etapas: as guerras de independência, o reconhecimento externo de nossa independência, a elaboração da primeira Constituição e a abdicação de D. Pedro I.

As guerras de independência

Para garantir a independência e manter a unidade territorial D. Pedro I teve que enfrentar a resistência de algumas províncias, governadas por portugueses e que se mantiveram leais às Corte portuguesas. As províncias foram a Bahia, Pará, Piauí e Maranhão.

Outra província que se opôs foi a Cisplatina. A guerra da Cisplatina, que se iniciou em 1823, só terminou em 1828 com a proclamação de sua independência ( é o atual Uruguai).As guerras de independência contrariam a visão tradicional de que a independência brasileira foi pacífica. Em virtude da ausência de um exército nacional organizado, as guerras de independência contaram com o apoio das milícias civis - com forte participação popular- e auxílio de mercenários ingleses e franceses, destacando-se Lord Cochrane, John Grenfell, John Taylor e Pierre Labatut.

Com a derrota das forças militares contrárias à independência a unidade territorial foi mantida e D. Pedro I coroado imperador em dezembro de 1822.

O reconhecimento da independência

O primeiro país a reconhecer oficialmente a independência do Brasil foram os Estados Unidos da América, no ano de 1824. O reconhecimento deu-se obedecendo os princípios da Doutrina Monroe, que pregava e defendia a não intervenção da Europa - através da Santa Aliança- nos assuntos americanos. "A América para os americanos" erao lema da Doutrina Monroe. Desta forma, os Estados Unidos da América garantiam sua supremacia política na região.

No ano de 1825 foi a vez de Portugal reconhecer a independência de sua antiga colônia. A Inglaterra atuou como mediadora entre o Brasil e Portugal. Em troca do reconhecimento, Portugal exigiu uma indenização de dois milhões de libras, que auxiliariam o Reino lusitano a saldar parte de suas dívidas com os britânicos. Como o Brasil não possuia este montante, a Inglaterra tratou de emprestar. Assim, o dinheiro exigido por Portugal nem saiu da Inglaterra e, de quebra, o Brasil tornou-se seu dependente financeiro.

Graças à mediação inglesa no reconhecimento de nossa independência, esta obteve importantes regalias comerciais com a assinatura de um tratado, no ano de 1827, que reafirmava os tratados de 1810. O acordo garantia tarifas alfandegárias preferenciais aos produtos ingleses, o que prejudicou o desenvolvimento econômico brasileiro. O novo acordo estabelecia a extinção do tráfico negreiro cláusula que não foi concretizada.Assim, o Brasil continuava a ser um exportador de produtos primários, importador de produtos manufaturados e dependente financeiramente da Inglaterra.

A Organização jurídica do Estado Brasileiro

Após a independência do Brasil, tornou-se necessário organizar o novo Estado, através de uma Constituição. Neste momento, a vida política no novo país estava dividida em dois grupos. O Partido Português, que articulava a recolonização do Brasil, e o Partido Brasileiro, dividido em duas facções: os conservadores, liderados pelos irmãos Andrada e que defendiam uma monarquia fortemente centralizada; e os liberais, que defendiam uma monarquia onde os poderes do rei fossem limitados.

No ano de 1823, uma Assembléia Constituinte - composta por 90 deputados -apresentou um projeto constitucional que mantinha a escravidão, restringia os poderes do imperador e instituía o voto censitário: o eleitor ou o candidato teria de comprovar um determinado nível de renda. A renda seria avaliada pela quantidade anual de alqueires de mandioca produzidos. Dado a isto, este projeto constitucional ficou conhecido como a "Constituição da Mandioca".Não gostando de ter os seus poderes limitados, D. Pedro I fechou a Assembléia Constituinte. Procurando impedir sua dissolução, a Assembléia ficou reunida na noite de 11 para 12 de novembro, episódio conhecido como Noite da Agonia.

Dissolvida a Assembléia, D. Pedro convocou um grupo de dez pessoas - Conselho de Estado - que ficou encarregado de elaborar um novo projeto constitucional. O projeto será aprovado em 25 de março de 1824.

A CONSTITUIÇÃO DE 1824

A seguir, os principais aspectos da primeira Carta do Brasil:

-estabelecimento de uma monarquia hereditária;-instituição de quatro poderes: poder Executivo, exercido pelo imperador e seus ministros; poder Legislativo, exercido por deputados eleitos por quatro anos e senadores nomeados em caráter vitalício; poder Judiciário, formado por juízes e tribunais, tendo como órgão máximo o Supremo Tribunal de Justiça e o poder Moderador, de atribuição exclusiva do imperador e assessorado por um Conselho de Estado. Pelo poder Moderador, o imperador poderia interferir nos demais poderes. Na prática, o poder político do imperador era absoluto;-O país foi dividido em províncias, dirigidas por governadores nomeados pelo imperador;-O voto era censitário, tendo o eleitor ou candidato de comprovar uma determinada renda mínima; o voto seria a descoberto ( não secreto );-Eleições indiretas;-Oficialização da religião católica e subordinação da Igreja ao controle do Estado.

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Assim, a Constituição outorgada em 1824, impedia a participação política da maioria da população e concentrava os poderes nas mãos do imperador, através do exercício do poder Moderador.

O excessivo autoritarismo do imperador, explicitado com o fechamento da Assembléia Constituinte e com a outorga da Constituição centralizadora de 1824, provocaram protestos em várias províncias brasileiras, especialmente em Pernambuco, palco da primeira manifestação do Primeiro Reinado. Trata-se da Confederação do Equador.

A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR

O nordeste brasileiro, no início do século XIX, encontrava-se em grave crise econômica. Somada aos ideais revolucionários de 1817 ( Revolução Pernambucana) ocorre em Pernambuco um movimento republicano, de caráter separatista e popular.

Entre os líderes do movimento temos as figuras de Manuel de Carvalho Pais de Andrade, Cipriano Barata, padre Gonçalves Mororó e Frei Caneca. O movimento recebeu apoio de outras províncias nordestinas ( Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba ).

Os rebeldes proclamaram a independência e fundaram uma república, denominada Confederação do Equador ( dada à localização geográfica das províncias rebeldes, próximas à linha do Equador ) e adotaram, de forma provisória, a Constituição da Colômbia.A repressão ao movimento, determinada pelo imperador, foi violenta e seus principais líderes condenados à morte.

A Abdicação de D. Pedro I

Vários foram os fatores que levaram à abdicação de D. Pedro I. O Primeiro Reinado apresentava um difícil situação financeira em decorrência da balança comercial desfavorável, contribuindo para as altas taxas inflacionárias.

Um grande descontentamento em relação à figura do imperador, em virtude de seu autoritarismo, como o fechamento da Assembléia Constituinte, a imposição da Constituição de 1824, a repressão à Confederação do Equador.Contam-se ainda, a desastrosa Guerra da Cisplatina e a participação do imperador na sucessão do trono português.

A imprensa brasileira inicia uma série de críticas ao governo imperial, resultando no assassinato do jornalista Líbero Badaró, grande opositor de D. Pedro I.

No ano de 1831, em Minas Gerais, o imperador enfrentou sérias manifestações, sendo recebido com faixas negras em sinal de luto pelo morte do jornalista. Retornando à capital do Império, seus partidários promoveram uma festa em homenagem ao imperador, desagradando a oposição e ao povo. Inicia-se uma luta entre partidários e opositores ao imperador, denominada "Noite das Garrafadas".

Após sucessivas mudanças ministeriais, procurando conter as manifestações, D. Pedro I abdicou, na madrugada de 7 de abril de 1831, em favor de seu filho D. Pedro de Alcântara.Em Portugal, após enfrentar o irmão D. Miguel, será coroado rei de Portugal, com o título de Pedro IV.

A abdicação de D. Pedro I consolidou o processo de independência, ao afastar o fantasma da recolonização portuguesa. Daí, nos dizeres de Caio Prado Jr., "o 7 de abril, completou o 7 de setembro".

Como seu legítimo sucessor possuia apenas cinco anos de idade, inicia-se um período político denominado Período Regencial.

O Período Regencial (1831/1840)

O Período Regencial foi um dos mais conturbados da história brasileira. Dada a menoridade do sucessor ao trono, o país foi governado por regentes, que, segundo a Constituição de 1824, seriam eleitos pela Assembléia Geral.

Durante as regências haverá três correntes políticas: os Moderados ou Chimangos, que representavam a aristocracia rural; os Restauradores ou Caramurus, composto por comerciantes portugueses e pela burocracia estatal; os Exaltados ou Farroupilhas que representavam as camadas médias urbanas.

Os Moderados defendiam uma monarquia moderada, os Restauradores pregavam a volta de D. Pedro I e os Exaltados exigiam uma maior autonomia das províncias. Os mais radicais, entre os exaltados, pediam o fim da Monarquia e a proclamação de uma República.

A ORGANIZAÇÃO DAS REGÊNCIAS

Regência Trina Provisória ( abril a junho de 1831 )

Composta por Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, José Joaquim Carneiro de Campos e Francisco de Lima e Silva. O principal ato dos regentes foi a promulgação da Lei Regencial, que suspendia temporariamente o exercício do poder Moderador.

Regência Trina Permanente (1831/1835)

Composta por Francisco de Lima e Silva, José da Costa Carvalho e Bráulio Muniz.O ministro da Justiça foi o padre Diogo Antônio Feijó, que criou a Guarda Nacional; uma milícia armada formada por pessoas de posses, que se transformou no principal instrumento de repressão da aristocracia rural, para conter os movimentos populares. O comando da Guarda Nacional nos municípios era entregue ao coronel, patente vendida aos grandes proprietários de terras, que assumiam, localmente, as funções do Estado, garantindo a segurança e a ordem.

No ano de 1832, foi aprovado o Código do Processo Criminal, que concedia aos municípios uma ampla autonomia judiciária. Esta autonomia será utilizada para garantir a imunidade aos grandes proprietários de terras.

No ano de 1834, procurando atenuar as disputas políticas entre exaltados e moderados, foi elaborado o Ato Adicional, que estabelecia algumas alterações na Constituição de 1824. A seguir, as emendas à Constituição de 1824:

-a criação das Assembléias Legislativas Provinciais, substituindo os Conselhos Provinciais e garantindo uma maior descentralização administrativa;-a extinção do Conselho de Estado, que assessorava o imperador no exercício do poder Moderador

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-criação do Município Neutro do Rio de Janeiro, sede da administração central;-substituição da Regência Trina pela Regência Una, eleita pelas assembléias de todo país. O mandato do regente seria de quatro anos. Semelhante medida é tida como uma experiência republicana.

O Ato Adicional é visto como um avanço das idéias liberais visando garantir uma maior autonomia aos poderes locais.No ano de 1835 o padre Feijó foi eleito regente uno.

A REGÊNCIA UNA DE FEIJÓ (1835/1837)

Durante a regência de Feijó a uma reorganização dos grupos políticos. O grupo Moderado divide-se em progressistas, defensores da autonomia provincial, e os regressistas, que pregavam uma maior centralização política, para enfrentar os movimentos populares. Os progressistas criaram o Partido Liberal, e os regressistas o Partido Conservador.Durante a regência de Feijó ocorrerá dois importantes levantes regenciais - a Cabanagem na província do Pará e a Guerra dos Farrapos, na província do Rio Grande do Sul.

Mostrando incapacidade para conter as revoltas, Feijó sofre grande oposição parlamentar sendo obrigado a renunciar em 1837.

A REGÊNCIA UNA DE ARAÚJO LIMA ( 1837/1840)

Araújo Lima era presidente da Câmara e partidário dos Conservadores. Sua regência é de caráter conservador. Os movimentos populares eram atribuídos às reformas liberais do Ato Adicional. Procurando restaurar a ordem no país, o Ato Adicional foi alterado, mediante a aprovação, no ano de 1840, da Lei Interpretativa do Ato Adicional, que suprimia a autonomia das províncias e garantia a centralização política.

No ano de 1840 foi fundado o Clube da Maioridade, que defendia a antecipação da maioridade do imperador. Segundo os membros do Clube, a presença do imperador contribuiria para cessar os movimentos populares.

Em julho de 1840, após a aprovação de uma emenda constitucional - que antecipava a maioridade do imperador - D. Pedro II foi coroado imperador do Brasil. Este episódio é conhecido como Golpe da Maioridade ( D. Pedro tinha, na ocasião 15 anos ).

As Rebeliões Regenciais

O período regencial foi marcado por uma grande instabilidade política, devido aos conflitos entre a própria elite dirigente - os liberais e os conservadores - e das camadas populares contra esta elite dirigente.

Após a independência, tornou-se necessária a organização do Estado Nacional que, como vimos, manteve as estruturas sócio-econômicas herdadas do período colonial: o latifúndio monocultor e escravocrata, mantendo a economia nacional voltada para atender as necessidades do mercado externo.

Tal quadro veio agravar a situação das camadas populares que passaram, por meio das rebeliões, a questionar a estrutura do novo Estado e a propor um novo modelo- daí as propostas separatistas e republicanas.

A CABANAGEM ( PARÁ- 1835/1840)

Um dos mais importantes movimentos sociais ocorridos na história do Brasil, marcado pelo controle do poder político pelas camadas populares.A população do Pará vivia em um estado de penúria, e sua esmagadora maioria vivia em cabanas, à beira dos rios, em condições de absoluta miséria.

O início do levante está ligado às divergências, no interior da elite dirigente, em torno da nomeação do presidente da província. A revolta contou com apoio da população pobre -insatisfeita com as péssimas condições de vida e contra os privilégios das oligarquias locais.Em 06 de janeiro de 1835, os cabanos dominam a capital da província e ocupam o poder. Estabelecem um governo autônomo e de caráter republicano.

Entre os principais líderes encontravam-se o cônego Batista Campos, os irmãos Antônio e Francisco Vinagre, Eduardo Angelim e o fazendeiro Clemente Melcher-proclamado o novo presidente da província.

A Cabanagem foi um movimento essencialmente popular. Em virtude de traições ficou enfraquecido, facilitando a repressão pelas forças regenciais. A primeira rebelião popular da história brasileira terminou com um saldo de mais de 40.000 mortes, em população de aproximadamente 100.000 pessoas.

A GUERRA DOS FARRAPOS (RIO GRANDE DO SUL- 1835/1845)

A revolução farroupilha foi a mais longa que já ocorreu na história brasileira. O movimento possui suas raízes na base econômica da região. A economia gaúcha desenvolveu-se para atender as necessidades do mercado interno -a pecuária e a comercialização do charque.

Os fazendeiros de gado gaúcho, denominados estancieiros, se revoltaram contra a elevação dos impostos sobre o charque, impedindo de competir com o charque argentino- que era privilegiado com tarifas alfandegárias menores.

Os estancieiros reivindicavam uma maior autonomia provincial. Os farroupilhas -que pertenciam ao Partido Exaltado, em sua maioria republicanos; liderados por Bento Gonçalves ocuparam Porto Alegre - no ano de 1835 - e em 1836 proclamaram a República de Piratini.Em 1839, com o auxílio do italiano Giuseppe Garibaldi e Davi Canabarro proclamaram a República Juliana, região de Santa Catarina.

Com o golpe da maioridade, em 1840, D. Pedro II; procurando pacificar a região, prometeu anistia aos revoltosos -medida que não surtiu efeito. Em 1842 foi enviado à região Luís Alves de Lima e Silva - o barão de Caxias -para dominar a região. Em 1845 foi assinado um acordo de paz - Paz de Ponche Verde - entre Caixas e Canabarro, que entre outras coisas estabelecia anistia geral aos rebeldes, libertação dos escravos que lutaram na guerra e taxação de 25% sobre o charque platino.

O termo "farrapos" foi uma alusão à falta de uniforme dos participantes da rebelião.

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A SABINADA ( BAHIA - 1837/1838)

Movimento liderado pelo médico Francisco Sabino Barroso, contrário à centralização política patrocinada pelo governo regencial. Foi proclamada uma república independente até que D. Pedro II assumisseo trono imperial. O governo central usou da violência e controlou a rebelião, que ficou restrita à participação da camada média urbana de Salvador.

A BALAIADA ( MARANHÃO - 1838/1841)

Movimento de caráter popular que teve como líderes Raimundo Gomes, apelidado de "Cara Preta"; Manuel dos Anjos Ferreira, fabricante de cestos e conhecido como "Balaio" e Cosme Bento, líder de negros foragidos.

A grave crise econômica do Maranhão e a situação miserável da população, provocou uma rebelião contra a aristocracia local. Os rebeldes ocuparam a cidade de Caxias e procuraram implantar um governo próprio. A repressão regencial foi liderado por Luís Alves de Lima e Silva, que recebeu o título de "barão de Caxias" pelo sucesso militar.

Houve ainda um outro levante, que durou apenas dois dias, mas tem grande importância, por tratar-se de uma rebelião de escravos. Trata-se da Revolta dos Negros Malês, ocorrida na Bahia, no ano de 1835. Os negros malês eram de religião muçulmana, e se rebelaram contra a opressão dos senhores brancos. Com gritos de "morte aos brancos, viva os nagôs", espalharam pânico pela região. A repressão foi muito violenta.

 

EXERCÍCIOS

1) (FUVEST) - Sobre a Guarda Nacional, é correto afirmar que ela foi criada:a) pelo imperador, D. Pedro II, e era por ele diretamente comandada, razão pela qual tornou-se a principal força durante a guerra do Paraguaib) para atuar unicamente no Sul, a fim de assegurar a dominação do Império na Província da Cisplatina;c) segundo o modelo da Guarda Nacional Francesa, o que fez dela o braço armado de diversas rebeliões no período regencial e início do 2º Reinado;d) para substituir o exército extinto durante a menoridade, o qual era composto, em sua maioria por portugueses e ameaçava restaurar os laços coloniais;e) no período regencial como instrumento dos setores conservadores destinado a manter e restabelecer a ordem e a tranqüilidade públicas.

2) (FUVEST) -O sistema eleitoral adotado no Império Brasileiro estabelecia o voto censitário. Esta afirmação significa que:a) o sufrágio era indireto no que se referia às eleições geraisb) para ser eleitor era necessário possuir uma determinada renda anualc) as eleições eram efetuadas em dois turnos sucessivosd) o voto não era extensivo aos analfabetos e às mulherese) por ocasião das eleições, realizava-se o recenseamento geral da população.

3)(UESC) Movimentos políticos e sociais colocaram em perigo a unidade territorial brasileira após a independência de 1822. Identifique dentre eles os que continham propostas federalistas;a) Malês e Confederação do Equador;b) Emboabas e mascates;c) Balaiada e Farroupilhad) Mascates e Malês;e) Confederação do Equador e Emboabas.

4) (UFOP-MG) - O Ato Adicional à Constituição brasileira de 1824, aprovado em 12 de agosto de 1834, suprimiu:a) as assembléias provinciaisb) o Senado vitalícioc) o Conselho de Estadod) o município neutroe) o poder Moderador

5)(UMC) - O golpe da maioridade, datado de julho de 1840 e que elevou D. Pedro II a imperador do Brasil, foi justificado como sendo:a) uma estratégia para manter a unidade nacional, abalada pelas sucessivas rebeliões provinciaisb) o único caminho para que o país alcançasse novo patamar de desenvolvimento econômico e socialc) a melhor saída para impedir que o partido Liberal dominasse a política nacionald) a forma mais viável para o governo aceitar a proclamação da República e a abolição da escravaturae) uma estratégia para impedir a instalação de um governo ditatorial e simpatizante do socialismo utópico.

Respostas dos exercícios1) E2) B3) C4) C5) A

Política interna

A vida política nacional, ao longo do Segundo Reinado, foi marcada pela atuação de dois partidos políticos: o Partido Conservador e o Partido Liberal. Os dois partidos representavam a classe dominante, defendiam a monarquia e a manutenção da mão-deobra- escrava.

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 Por isto, não apresentavam divergências ideológicas, justificando uma frase muito comum na época: "Nada mais parecido com um conservador do que um liberal no poder, e nada mais parecido com um liberal do que um conservador no poder".

EVOLUÇÃO POLÍTICA

O primeiro ministério do Segundo Reinado era composto por liberais, que apoiaram o golpe da Maioridade. Funcionou de 1840 a 1841 e ficou conhecido como "Ministério dos Irmãos", sendo formado pelos irmãos Cavalcanti, Coutinho e Andrada. O gabinete ministerial sofria oposição da Câmara, formada, na sua maioria por conservadores. Diante desta situação, a Câmara de Deputados foi dissolvida e marcada novas eleições.

Para garantir uma maioria de deputados liberais, os membros do Partido Liberal, usando de violência, fraudaram as eleições e garantiram a maioria parlamentar. Tal episódio é conhecido como "eleições do cacete".

Os conservadores reagiram e exigiram que o imperador dissolvesse a Câmara que havia sido eleita nas "eleições do cacete". D. Pedro II demitiu o ministério liberal, nomeou um ministério conservador e marcou novas eleições - também marcadas pelas fraudes.

A vitória dos conservadores e o avanço de medidas centralizadoras provocaram uma reação dos liberais, em São Paulo e Minas Gerais - a chamada Revolta Liberal de 1842.

Em 1844 o imperador demitiu o gabinete conservador e nomeou um gabinete liberal, cuja principal decisão foi a criação da tarifa Alves Branco (1844), que extinguiu as taxas preferenciais aos produtos ingleses ; no ano de 1847 foi criado o cargo de presidente do Conselho de Ministros, implantando o parlamentarismo no Brasil.

O PARLAMENTARISMO ÀS AVESSAS

O parlamentarismo é um regime político onde o partido que detém a maioria no Parlamento indica o primeiro-ministro, que é o chefe de governo e comanda o poder Executivo. Desta forma, o Executivo fica subordinado ao Legislativo.

No Brasil, ao contrário, o primeiro-ministro era escolhido pelo imperador. Se a Câmara não tivesse uma maioria de parlamentares do partido do ministério adotado, ela seria dissolvida e novas eleições eram marcadas, o que tornava o Legislativo refém do Executivo.

A REVOLUÇÃO PRAIEIRA (PERNAMBUCO- 1848/1850)

Movimento que ocorreu na província de Pernambuco, e está relacionado aos levantes liberais de 1848, período conhecido como Primavera dos Povos.As causas do movimento podem ser encontradas no controle do poder político pela família dos Cavalcanti e no monopólio do comércio exercido pelos estrangeiros, principalmente portugueses e que não empregavam trabalhadores brasileiros, desenvolvendo um forte sentimento antilusitano.

O porta-voz da rebelião era o Diário Novo, jornal dos liberais que estava instalado na Rua da Praia - daí a denominação de praieiros aos rebeldes -que no ano de 1848 publicou o "Manifesto ao Mundo", redigido por Borges da Fonseca. O manifesto, fortemente influenciado pelas idéias dos socialismo utópico, reivindicava o voto livre e universal, a liberdade de imprensa, autonomia dos poderes, liberdade de trabalho, federalismo, nacionalização do comércio varejista, extinção do poder Moderador e do Senado vitalício e a abolição do trabalho escravo.

Entre as lideranças do movimento, que contou com forte apoio popular, encontram-se Nunes Machado e Pedro Ivo. Embora reprimida com muita facilidade foi um movimento contra a aristocracia fundiária e está inserida no quadro geral das revoluções populares que ocorreram na Europa de 1848.

Política externa

A política externa brasileira, durante o Segundo Reinado, foi marcada por conflitos na região do Prata - responsáveis pela Guerra do Paraguai e por atritos diplomáticos com a Inglaterra, gerando a chamada Questão Christie.

A QUESTÃO CHRISTIE (1863)

A influência da Inglaterra no Brasil está presente desde antes da nossa independência. Com a assinatura dos tratados de 1810, a Inglaterra ganha privilégios econômicos. Com a independência do Brasil, em 1822, a Inglaterra impõem, como forma de reconhecer a independência, a renovação dos tratados de 1810. Ademais, o Brasil era dependente financeiramente da Grã-Bretanha.

Durante o Segundo Reinado, as relações entre Brasil e Inglaterra conhece sucessivos atritos que culminaram com o rompimento das relações diplomáticas entre os dois países.As hostilidades entre Brasil e Inglaterra começaram em 1844, com a aprovação da tarifa Alves Branco, que acabou com as vantagens comerciais que a Inglaterra tinha no Brasil.

A resposta do governo britânico foi a aprovação do Bill Aberdeen, decreto que proibia o tráfico negreiro e outorgava o direito, aos ingleses, de aprisionar qualquer navio negreiro.Respondendo às pressões inglesas, no ano de 1850 foi promulgada a Lei Euzébio de Queiróz, que extinguia definitivamente o tráfico negreiro no Brasil.

No ano de 1861, o navio inglês Prince of Walles afundou nas costas do Rio Grande do Sul e sua carga foi pilhada. O embaixador inglês no Brasil, William Christie, exigiu uma indenização ao governo imperial. No ano de 1862, marinheiros britânicos embriagados foram presos no Rio de Janeiro e o embaixador Christie exigiu a demissão dos policiais e desculpas oficiais do governo brasileiro à Inglaterra.

O Brasil recusou-se a aceitar as exigências de Christie. Alguns navios brasileiros foram aprisionados pela Inglaterra; o governo brasileiro pagou a indenização referente ao roubo da carga do navio inglês naufragado.

Em 1863, sob a mediação de Leopoldo I, rei de Bélgica, ficou estabelecido que a Inglaterra deveria pedir desculpas ao governo brasileiro, pelo ocorrido com os marinheiros na cidade do Rio de Janeiro. Diante da negativa da Inglaterra, D. Pedro I resolveu romper relações diplomáticas com a Inglaterra.

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AS CAMPANHAS BRASILEIRAS NO PRATA

Entre 1851 e 1870, o governo brasileiro realiza intervenções militares na região platina - formada pela Argentina, Uruguai e Paraguai. Os motivos destas intervenções eram as disputas territorias, a tentativa de impedir a formação de um Estado poderoso e rival e garantir a livre navegação nos rios da bacia do Prata ( Paraná, Paraguai e Uruguai ).Campanha contra Oribe (1851)

O Uruguai possuia dois partidos políticos: o Blanco, liderado por Manuel Oribe, aliado dos argentinos; e o Colorado, liderado por Frutuoso Rivera, apoiado pelo Brasil.

A aliança entre Manuel Oribe, então presidente do Uruguai, com o governo argentino de Juan Manuel Rosas, trouxe a tona a idéia de restauração do antigo vice -reinado do Prata. Procurando garantir a livre navegação no rio da Prata, D. Pedro II envia uma tropa militar -sob o comando de Caxias. Esta tropa recebe o apoio das tropas militares de Rivera que, juntas, depuseram Manuel Oribe do poder.

Campanha contra Rosas (1851)

Como Rosas apoiava os blancos, o governo imperial organizou uma expedição e invadiu a Argentina. Os brasileiros venceram, na batalha de Monte Caseros, depuseram Rosas e, em seu lugar colocaram o general Urquiza, auxiliar do Brasil na campanha contra Oribe. No ano de 1864 outro conflito na região, desta vez envolvendo o Paraguai.

A GUERRA DO PARAGUAI ( 1864/1870)

O Paraguai se constituiu em uma exceção na América Latina, durante o século XIX, em virtude de seu desenvolvimento econômico autônomo. Durante os governos de José Francia (1811/1840) e Carlos López (1840/1862) houve um relativo progresso econômico, com construção das estradas de ferro, sistema telegráfico eficiente, surgimento das indústrias siderúrgicas, fábricas de armas e a erradicação do analfabetismo.

As atividades econômicas essenciais eram controladas pelo Estado e a balança comercial apresentava saldos favoráveis, garantindo a estabilidade da moeda, criando as condições para um desenvolvimento auto-sustentável, sem recorrer ao capital estrangeiro.

Solano Lópes, presidente do Paraguai a partir de 1862, inicia uma política expansionista, procurando ampliar o território paraguaio. O objetivo desta política era conseguir acesso ao oceano Atlântico, para garantir a continuidade do desenvolvimento econômico da nação. A expansão territorial do Paraguai deu-se com a anexação de regiões da Argentina, do Uruguai e do Brasil.

Ademais, a Inglaterra não via com bons olhos o desenvolvimento autônomo do Paraguai, achando necessário destruir este modelo econômico.No ano de 1864, o governo paraguaio aprisionou o navio brasileiro Marquês de Olinda, e invadiu o mato Grosso, levando o Brasil a declarar guerra ao Paraguai.Em 1865 é formada a Tríplice Aliança, união das forças brasileiras, argentinas e uruguaias contra o Paraguai.

PRINCIPAIS BATALHAS

Batalha de Riachuelo e a batalha de Tuiuti, onde as forças paraguaias foram derrotadas; após a nomeação de Caxias no comando das tropas brasileiras ( no lugar do general Osório ), houve sucessivas vitórias nas batalhas de Humaitá, Itororó, Avaí, Lomas Valentinas e Angostura. Solano López foi morto em 1870, na batalha de Cerro Corá.

CONSEQÜÊNCIAS DA GUERRA DO PARAGUAI

A guerra serviu para destruir o modelo econômico do Paraguai, tornando-o um dos países mais pobres do mundo, sua população sofreu uma drástica redução ( cerca de 75% dela morreu na guerra).

Para o Brasil, a participação na guerra contribuiu para o aumento da dívida externa e a morte de aproximadamente 40 mil homens.

A Inglaterra foi a grande beneficiada com a guerra, pois acabou com a experiência econômica do Paraguai na região, e seus empréstimos reafirmaram a dependência financeira do Brasil, Argentina e Uruguai. A guerra do Paraguai marca o início da decadência do Segundo Reinado, em razão do fortalecimento político do Exército, que torna-se um foco abolicionista e republicano.

Economia do Segundo Reinado

Durante o Segundo Reinado houve uma diversificação das atividades econômicas, muito embora o modelo econômico estivesse voltado para atender as necessidades do mercado externo.

O cacau e a borracha ganharam destaque na produção agrícola. O surto da borracha - Pará e Amazonas - levou o Brasil a dominar 90% do comércio mundial. Porém, o principal produto de exportação brasileira será o café.

Café: expansão e modernizaçãoO café foi introduzido no Brasil, por volta de 1727, por Francisco de Mello Palheta. A partir de 1760 o produto passou a Ter uma importância comercial, sendo utilizado para a exportação. Inicialmente no Rio de Janeiro, no vale do Paraíba e, posteriormente o Oeste paulista.

No vale do Paraíba, as fazendas de café eram estruturadas de forma tradicional, ou seja, grandes propriedades que utilizavam a mãode-obra escrava. O esgotamento do solo e a escassez de terras contribuíram para a decadência da produção na região. Em contrapartida, a expansão do mercado consumidor internacional favoreceu a expansão do cultivo do café para o Oeste paulista.

A economia cafeeira foi responsável pelo processo de modernização econômica do século XIX: desenvolvimento urbano, dos meios de transportes ( ferrovias e portos ), desenvolvimento dos meios de comunicação ( telefone e telégrafo ) , a substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre e o surto industrial.

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Substituição do trabalho escravo pelo trabalho assalariado.

A crise do escravismo brasileiro está relacionado a uma série de fatores, entre os quais, as pressões inglesas sobre o tráfico negreiro e a expansão da atividade cafeeira, trazendo a necessidade de ampliar a força de trabalho.

Com a extinção do tráfico negreiro em 1850- lei Euzébio de Queiróz- os fazendeiros de café tiveram que encontrar uma solução para suprir a falta de mão-de-obra; esta solução será a importação de imigrantes europeus.

O pioneiro em recrutar imigrantes europeus foi um grande fazendeiro da região de Limeira, em São Paulo, o senador Nicolau de Campos Vergueiro, que trouxe para a sua fazenda famílias da Suíça e da Alemanha, iniciando o chamado sistema de parceria.

O sistema de parceria

O fazendeiro custeava o transporte dos imigrantes europeus até suas fazendas e estes, por sua vez, pagariam os fazendeiros com trabalho. O trabalho consistia no cultivo do café e gêneros de subsistência, entregando ao fazendeiro boa parte da produção ( dois terços). O regime de parceria não obteve sucesso, em razão dos elevados juros cobrados sobre as dívidas assumidas pelos colonos para trabalharem no Brasil, os maus tratos recebidos e o baixo preço pago pelo café cultivado.

Diante do fracasso do sistema e das revoltas de colonos, outras formas de estímulo à vinda de imigrantes forma adotados.

A imigração subvencionada substituiu o sistema de parcerias. Nela, o Estado pagava os custos da viagem do imigrante europeu e regulamentava as relações entre os fazendeiros e os colonos.

Os grandes "importadores" de imigrantes foram a Itália e a Alemanha, países que passavam por guerras, em virtude do processo de unificação política.A consolidação do trabalho livre e assalariado fortaleceu o mercado interno brasileiro e criou condições para o desenvolvimento industrial.

Com a extinção do tráfico negreiro e a entrada maciça de imigrantes europeus, abriu-se a possibilidade do desenvolvimento da chamada economia familiar: pequenas propriedades, voltadas para o abastecimento do mercado interno. Pressionado pela aristocracia rural, o governo imperial aprovou, em 1850, a chamada Lei das Terras, determinando que as terras públicas só poderiam tornar-se privadas mediante a compra. Dado ao preço elevado das terras, pessoas de poucos recursos não tinham acesso, evitando desvio de mão-de-obra para outras atividades que não fossem o setor agroexportador.

O surto industrial

O desenvolvimento industrial brasileiro está relacionado com a promulgação, em 1844 da tarifa Alves Branco, que aumentou as taxas alfandegárias sobre os artigos importados; o fim do tráfico negreiro foi um fator que também favoreceu o florescimento industrial, pois os capitais destinados ao comércio de escravos passaram a ser empregados em outros empreendimentos e, com a vinda dos imigrantes e da consolidação do trabalho assalariado, houve uma ampliação do mercado consumidor.

O maior destaque industrial do período foi, sem dúvida nenhuma, Irineu Evangelista de Souza, o barão de Mauá. Dirigiu inúmeros empreendimentos, tais como bancos, companhias de gás, companhias de navegação, estradas de ferro, fundição, fábrica de velas. No campo das comunicações, trabalhou na instalação de um cabo submarino ligando o Brasil à Europa.O surto industrial e a chamada "Era Mauá", entraram em crise a partir de 1860, com a tarifa Silva Ferraz, que substituiu a tarifa Alves Branco. Houve uma redução nas taxas de importação e a concorrência inglesa foi fatal para os empreendimentos de Mauá.

A queda da monarquia brasileira

A queda monarquia brasileira está relacionada às mudanças estruturais que ocorreram no Brasil ao longo do século XIX: a modernização da economia, o surto industrial, a substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre e assalariado, o abolicionismo, o movimento republicano, o choques com a Igreja e o Exército.

O movimento abolicionista

A campanha pela abolição da escravidão ganhou impulso com o final da guerra do Paraguai. Muitos soldados negros que lutaram na guerra foram alforriados. Organizaram-se no país vários "clubes" que discutiam a questão. Visando diminuir as pressões internas e externas(a Inglaterra tinha interesses na abolição), o governo imperial iniciou uma série de reformas, com o intuito de reduzir a escravidão:

-Lei do Ventre Livre (1871)- filhos de escravas nascidos a partir daquela data seriam considerados livres. Os seus efeitos foram reduzidos visto que o escravo ficaria sob a tutela do proprietário até os oito anos, cabendo a este o direito de explorar o trabalho do escravo até este completar 21 anos de idade.

-Lei dos Sexagenários (1885)- libertava os escravos com acima de 65 anos de idade. Esta lei ficou conhecida como "a gargalhada nacional". Primeiro pelo reduzido número de escravos libertados, uma vez que poucos atingiam tal idade; além disto, um escravo com mais de 65 anos representava um custo ao grande proprietário, não tendo condições alguma de trabalhar. Por fim, depois da libertação, o negro deveria dar mais três anos de trabalho ao senhor, como forma de indenização!!

-Lei Áurea (1888)- decretava, no dia 13 de maio, a libertação de todos os escravos no Brasil.

A abolição da escravidão no Brasil foi um duro golpe aos grandes proprietários de terras escravocratas, que passaram a combater a Monarquia. São os chamados "Republicanos de 13 de maio".

A questão religiosa

Choque do governo imperial com a Igreja Católica, em virtude do regime do padroado, ou seja, o poder do imperador de nomear bispos-ficando a Igreja subordinada ao Estado. Em 1864, o Papa Pio IX, através da bula Sillabus proibiu a perman6encia de membros da maçonaria dentro da organização eclesiástica.

O imperador, membro da maçonaria, rejeitou a bula. Porém, dois bispos obedeceram o papa e expulsaram párocos ligados à maçonaria. Os bispos foram condenados à prisão com trabalhos forçados, sendo anistiados pouco depois. Os bispos eram D. Vidal de Oliveira da diocese de Olinda, e D. Antônio de Macedo da diocese de Belém.

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O episódio deixou claro que, caso houvesse uma conspiração contra a Monarquia, esta não receberia o apoio da Igreja.

A questão militar

Desde o final da Guerra do Paraguai, o exército vinha exigindo uma maior participação nas decisões políticas do império. A insatisfação política, as idéias positivistas e os baixos soldos levaram os militares, através da imprensa, a criticarem a monarquia.Em 1883, o tenente-coronel Sena Madureira criticou as reformas no sistema de aposentadoria militar, sendo punido. O governo proibiu qualquer tipo de declaração política dos militares na imprensa.

Em 1885, o coronel Cunha Matos do Piauí, utilizou-se da imprensa para defender-se da acusação de desonesto, sendo preso por 48 horas. A punição provocou um mal-estar na alta oficialidade, reclamando da interferência civil sobre os assuntos militares. Entre os oficiais descontentes com a Monarquia estava o marechal Deodoro da Fonseca.

O movimento republicano

O movimento republicano iniciou-se em 1870, com a fundação do Clube Republicano e do jornal "A República" e o lançamento do "Manifesto Republicano".

O Partido Republicano apresentava duas correntes: os evolucionistas, liderados por Quintino Bocaiúva, que defendiam a via pacífica para atingir o poder; os revolucionários, sob a liderança de Silva Jardim, que pregavam a revolução e a participação popular. O movimento de 15 de novembro foi conduzido pelos evolucionistas.

Entre os republicanos militares, as idéias de Augusto Comte foram muito difundidas, principalmente por Benjamin Constant -trata-se do positivismo, cujo lema era "Ordem e progresso".

A proclamação da República

Em 1888, um novo gabinete fora nomeado, tendo como primeiro ministro Afonso Celso de Oliveira Figueiredo, o visconde de Ouro Preto. Este iniciou um amplo programa reformista procurando salvar a monarquia.

No dia 14 de novembro de 1889 foi divulgado um boato de que o visconde de Ouro Preto havia decretado a prisão de Deodoro da Fonseca e Benjamin Constant. Os militares rebelaram-se e na madrugada do dia 15, o marechal Deodoro da Fonseca assumiu o comando dos rebelados que marcharam em direção ao centro da cidade.Na tarde de 15 de novembro de 1889, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, José do Patrocínio declarava a proclamação da República.

O movimento, elitista e que não contou com a participação popular, foi aplaudido e incentivado pela burguesia cafeicultora do Oeste Paulista, pois o ideal republicano envolvia a idéia de federação, ou seja, grande autonomia aos estados membros. Desta forma, a província de São Paulo ocuparia um ligar de destaque no Estado republicano, como se verá adiante.

 

EXERCÍCIOS

1) (FGV_SP)- Os empreendimentos industriais do barão de Mauá redundaram em inúmeras falências, após um relativo sucesso, entre outros fatores devido a (à):a) suas posições nacionalistas contrárias aos investimentos estrangeirosb) reformulação da tarifa Alves Branco em favor da tarifa Silva Ferrazc) falta de cobertura financeira (bancária) baseada em seus próprios recursosd) carência de mão-de-obra especializadae) oposição direta que lhe moviam os grandes propriedades rurais.

2) (PUCC-SP) - A importância da Lei Eusébio de Queiróz (1850), no contexto do processo de abolição da escravatura, esta no fato de ter:a) declarada extinto o tráfico de africanos, estipulando penas para seus infratoresb) concedido liberdade a todos os escravos que participaram da Praieira (1848);c) permitido a repressão dos traficantes de escravos por navios da marinha portuguesad) libertado os escravos que fossem maiores de 60 anos de idade; e) acabado com a venda em separado de casais africanos em leilões públicos.

3) (UFOP-MG) - Dentre os fatores que determinaram a passagem da monarquia à república, no Brasil, não se inclui ( incluem):a) a abolição da escravidão e a consolidação do trabalho assalariado; b) a tomada de consciência por parte do exército, após a guerra do Paraguai, de sua situação e papel na vida nacional;c) a luta entre o partido Conservador, que defendia a monarquia, e o Partido Liberal, que desejava a forma republicana;d) o combate à descentralização administrativa pela implantação do federalismo;e) o desenvolvimento de grupos médios urbanos, compostos de profissionais liberais, pequenos comerciantes e funcionários públicos.

 

RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS :1-B2-A3-C

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A República Velha está subdividida em dois períodos. A República da Espada, momento da consolidação das instituições republicanas, e a República Oligárquica, onde as instituições republicanas são controladas pelos grandes proprietários de terras.

A República da Espada (1891/1894)

Período inicial da história republicana onde o governo foi exercido por dois militares, devido o temor de uma reação monárquica. Momento de consolidação das instituições republicanas. Os militares presidentes foram os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.

GOVERNO DE DEODORO DA FONSECA

O governo de Deodoro da Fonseca é dividido em dois momentos, o governo provisório e o governo constitucional.

GOVERNO PROVISÓRIO (1889/1891)

Período que vai da proclamação da República em 15 de novembro de 1889 até a elaboração da primeira constituição republicana, promulgada em 24 de fevereiro de 1891.

Entre as principais medidas do governo provisório estão a extinção da vitaliciedade do Senado, a dissolução da Câmara dos Deputados, a supressão do Conselho de Estado, extinção do Padroado e do beneplácito, a separação entre Igreja e Estado, a transformação das províncias em estados, o banimento da Família Real.

Além disto, estabeleceu-se a liberdade de culto, a secularização dos cemitérios, criação do Registro Civil - para legalizar nascimentos e casamentos -a grande naturalização, ou seja, todo estrangeiro que vivia no Brasil adquiriu nacionalidade brasileira, e foi convocada uma Assembléia Nacional Constituinte, responsável pela elaboração da primeira constituição republicana do Brasil.

A CONSTITUIÇÃO DE 1891

Durante os trabalhos da Assembléia Constituinte evidenciaram-se as divergências entre os republicanos. Havia o projeto de uma república liberal - defendido pelos cafeicultores paulistas - grande autonomia aos estados (federalismo); garantia das liberdades individuais; separação dos três poderes e instauração das eleições. Este projeto visava a descentralização administrativa, tornando o poder público um acessório ao poder privado - marcante ao longo da República Velha.

O outro projeto republicano era inspirado nos ideais da Revolução Francesa, o período da Convenção Nacional e a instalação da Primeira República Francesa. Este ideal era conhecido como república jacobina, defendida por intelectuais e pela classe média urbana.

Exaltavam a liberdade pública e o direito do povo discutir os destinos da nação. Por fim, inspirada nas idéias de Augusto Comte, com bastante aceitação dentro do exército brasileiro, o projeto de uma república positivista. O seu ideal era o progresso dentro da ordem, cabendo ao Estado o papel de garantir estes objetivos.

Este Estado teria de ser forte e centralizado.Em 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada a segunda Constituição brasileira, e a primeira republicana. O projeto de uma república liberal foi vencedor.

Foram características da Constituição de 1891:

-instituição de uma República Federativa, onde os Estados teriam ampla autonomia econômica e administrativa;-separação dos poderes em Poder Executivo, exercido pelo presidente -eleito para um mandato de quatro anos (sem direito à reeleição), e auxiliado pelos ministros; o Poder Legislativo, exercido pelo Congresso Nacional, formado pela Câmara de Deputados( eleitos para um mandato de três anos, sendo seu número proporcional à população de cada Estado) e pelo Senado Federal, com mandato de 9 anos, a cada três anos um terço dele seria renovado; o Poder Judiciário, tendo como principal órgão o Supremo Tribunal Federal.

-o voto era descoberto (não secreto), direto e universal aos maiores de 21 anos. Proibido aos soldados, analfabetos, mendigos e religiosos de ordens monásticas.

-ficava estabelecida a liberdade religiosa, bem como os direitos e as garantias individuais.A Constituição de 1891 foi fortemente influenciada pelo modelo norte-americano, sendo adotado o nome de República Federativa dos Estados Unidos do Brasil. Nas "diposições transitórias" da Constituição ficava estabelecido que o primeiro presidente do Brasil não seria eleito pelo voto universal, mas sim pela Assembléia Constituinte.

O ENCILHAMENTO

Além da elaboração da Constituição de 1891, o governo provisório de Deodoro da Fonseca foi marcado uma política econômica e financeira, conhecida como Encilhamento.Rui Barbosa, então ministro da Fazenda, procurou estimular a industrialização e a produção agrícola. Para atingir estes objetivos, Rui Barbosa adota a política emissionista, ou seja, o aumento da emissão do papel-moeda, com a intenção de aumentar a moeda em circulação.

O ministro facilitou o estabelecimento de sociedades anônimas fazendo com que boa parte do dinheiro em circulação não fosse aplicado na produção, mas sim na especulação de títulos e ações de empresas fantasmas.

A especulação financeira provocou uma desordem nas finanças do país, acarretando uma enorme desvalorização da moeda, forte inflação e grande número de falências.Deve-se ressaltar que a burguesia cafeeira não via com bons olhos esta tentativa de Rui Barbosa em industrializar o Brasil, algo que não estava em seus planos.

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GOVERNO CONSTITUCIONAL (1891)

Após a aprovação da Constituição de 1891, Deodoro da Fonseca eleito pela Assembléia- permaneceu no poder, em parte devido às pressões dos militares aos cafeicultores. A eleição pela Assembléia revelou os choques entre os republicanos positivistas ( que postulavam a idéia de golpe militar para garantir o "continuísmo" ) e os republicanos liberais.

O candidato destes era Prudente de Morais, tendo como vicepresidente o marechal Floriano Peixoto. Como o voto na Assembléia não era vinculado, Floriano Peixoto foi eleito vice-presidente de Deodoro da Fonseca. O novo governo, autoritário e centralizador, entrou em choque com o Congresso Nacional, controlado pelos cafeicultores, e com militares ligados a Floriano Peixoto.

Deodoro da Fonseca foi acusado de corrupção e o Congresso votou o projeto da Lei das Responsabilidades, tornado possível o impeachment de Deodoro. Este, por sua vez, vetou o projeto, fechou o Congresso Nacional, prendeu líderes da oposição e decretou estado de sítio.

A reação a este autoritarismo foi imediata e inesperada, ocorrendo uma cisão no interior do Exército. Uma greve e trabalhadores, contrários ao golpe, em 22 de novembro no Rio de Janeiro, e a sublevação da Marinha no dia seguinteliderada pelo almirante Custódio de Melo- onde os navios atracados na baía da Guanabara apontaram os canhões para a cidade, exigindo a reabertura do Congresso - forçaram Deodoro da Fonseca a renunciar à Presidência, sendo substituído pelo seu vice-presidente, Floriano Peixoto.

GOVERNO DE FLORIANO PEIXOTO (1891-1894).

Adepto do republicanismo radical, o "florianismo" virou sinônimo de "jacobinismo". Foi um defensor da força para garantir e manter a ordem republicana, recebendo o apelido de "Marechal de Ferro".

Floriano reabriu o Congresso Nacional, suspendeu o estado de sítio e tomou medidas populares, tais como a redução do valor dos aluguéis das moradias populares e suspendeu a cobrança do imposto sobre a carne vendida no varejo. Estas medidas, porém, estavam restritas à cidade do Rio de Janeiro.

Seu governo também incentivou a indústria, através do estabelecimento de medidas protecionistas -evidenciando o nacionalismo dos republicanos radicais. No entanto, este caráter nacionalista de Floriano Peixoto era mal visto no exterior, o que podia dificultar as exportações de café e os interesses dos cafeicultores.

O início da oposição à Floriano partiu em abril de 1892, quando foi publicado o Manifesto dos Treze Generais, acusando o governo de ilegal e exigindo novas eleições. Pela Constituição de 1891, em seu artigo 42, caso o Presidente não cumprisse a metade do seu mandato, o vice-presidente deveria convocar novas eleições. Floriano não acatou as determinações do artigo, alegando ter sido eleito de forma indireta.

Os oficiais que assinaram o manifesto foram afastados e presos por insubordinação.Paralelamente, o Rio Grande do Sul foi palco de uma guerra civil, envolvendo grupos oligárquicos pelo controle do poder político.

Federalistas (maragatos), liderados por Gaspar Silveira Martins, contra os castilhistas (pica-paus), chefiados por Júlio de Castilhos, que controlavam a política do Estado de maneira centralizada. Floriano interveio no conflito, denominado Revolução Federalista em favor de Júlio de Castilhos. O apoio de Floriano aos castilhistas fez com que a oposição apoiasse os maragatos.

Em setembro de 1893, na cidade do Rio de Janeiro, eclode a Segunda Revolta da Armada, liderada pelo almirante Custódio de Melo. A revolta da Armada fundiu-se com a Revolução Federalista. A repressão aos dois movimentos foi extremamente violenta.Após três anos de governo, enfrentando com violência as oposições, Floriano Peixoto passa a presidência à Prudente de Morais, tendo início a República das Oligarquias.

República das Oligarquias (1894/1930)

As oligarquias eram constituídas por grandes proprietários de terra e que exerciam o monopólio do poder local. Este período da história republicana é caracterizado pela defesa dos interesses destes grupos, particularmente da oligarquia cafeeira.

Os grupos oligárquicos vão garantir a dominação política no país, através do coronelismo, do voto do cabresto, da política dos governadores e da política de valorização do café.A política dos governadores

Um acordo entre os governadores dos Estados e o governo central. Os governadores apoiavam o presidente, concordando com sua política. Em troca, o governo federal só reconheceria a vitória de deputados e senadores que representassem estes governadores. Desta forma, o governador controlaria o poder estadual e o presidente da República não teria oposição no Congresso Nacional.

O instrumento utilizado para impedir a posse dos deputados da oposição foi a Comissão Verificadora de Poderes : caso um deputado da oposição fosse eleito para o Congresso, uma comissão - constituída por membros da Câmara dos Deputados - acusando fraude eleitoral, não entregava o diploma. O candidato da oposição sofria a chamada "degola". No entanto, para manutenção de seu domínio político, no plano estadual, sob o apoio do governo central, as oligarquias estaduais usavam das fraudes eleitorais.

A política dos governadores foi iniciada na presidência de Campos Sales, e responsável pela implantação da chamada política do café-comleite.

A política do café-com-leite

Revezamento, no executivo federal, entre as oligarquias paulistas e mineiras. O número de deputados federais era proporcional à população dos Estados. Desta forma, os estados mais populosos - São Paulo e Minas Gerais -tinham maior número de representantes no Congresso.

Coronelismo e voto do cabresto

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O sistema político da República Velha estava assentado nas fraudes eleitorais, visto que o voto não era secreto. O exercício da fraude eleitoral ficava à cargo dos "coronéis", grandes latifundiários que controlavam o poder político local ( os municípios ). Exercendo um clientelismo político (troca de favores) o grande proprietário controlava toda uma população ("curral eleitoral"), através do voto de cabresto.

Assim, o poder oligárquico era exercido no nível municipal pelo coronel, no nível estadual pelo governador e, através da política do café-com-leite, o presidente controlava o nível federal.

A política de valorização do café.

Durante a segunda metade do século XIX, até a década de 30, no século XX, o café foi o principal produto de exportação brasileiro. As divisas provenientes desta exportação, contribuíram para o início do processo de industrialização- a partir de 1870.Por volta de 1895, a economia cafeeira passou a mostrar sinais de crise. As causas desta crise estavam no excesso de produção mundial. A oferta, sendo maior que a procura, acarreta uma queda nos preços prejudicando os fazendeiros de café.

Procurando combater a crise, a burguesia cafeeira - que possuia o controle do aparelho estatal -criou mecanismos econômicos de valorização do café. Em 1906, na cidade de Taubaté, os cafeicultores criaram o Convênio de Taubaté -plano de intervenção do estado na cafeicultura, com o objetivo de promover a elevação dos preços do produto. Os governadores dos estados produtores de café ( São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais ) garantiam a compra de toda a produção cafeeira com o intuito de criar estoques reguladores. O governo provocaria uma falta do produto, favorecendo a alta dos preços, e, em seguida vendia o produto.

Os resultados desta política de valorização do café foram prejudiciais para a economia do país. Para comprar toda a produção de café, os governos estaduais recorriam a empréstimos no exterior, que seriam arcados por toda a população; além disto, caso a demanda internacional não fosse suficiente, os estoques excedentes deveriam ser queimados, causando prejuízos para o governo - que já havia pago pelo produto!

Outro mecanismo da valorização do café, foi a política cambial de desvalorização do dinheiro brasileiro em relação à moeda estrangeira. Para quem dependia da exportação -no caso a burguesia cafeeira semelhante política atendia seus interesses: na hora da conversão da moeda estrangeira em moeda brasileira não havia perdas; porém, para quem dependia das importações -no caso a grande maioria dos brasileiros, visto que se importava quase tudo, principalmente gêneros alimentícios e roupas -esta política tornava os produtos estrangeiros muito mais caros.

A política de valorização do café, de forma geral, provoca o que se chamará de "socialização das perdas". Os lucros econômicos ficariam com a burguesia cafeeira e as perdas seriam distribuídas entre a população.

A sucessão oligárquica ( 1894/1930)

PRUDENTE DE MORAIS (1894/1898)

Seu governo foi marcado pela forte oposição dos florianistas. Adotou uma postura de incentivar a expansão industrial, mediante a adoção de taxas alfandegárias que dificultavam a entrada de produtos estrangeiros. Esta política não agradou a oligarquia cafeeira, reclamando incentivos somente para o setor rural.

O principal acontecimento de seu governo foi a eclosão da Guerra de Canudos, entre 1896 e 1897, no interior da Bahia. As causas deste movimento são encontradas no latifúndio de caráter monocultor voltado para atender os interesses do mercado externo. O predomínio do latifúndio acentua a miséria da população sertaneja e a fome.

O movimento de Canudos possui um cunho religioso (messianismo). Antônio Conselheiro, pregando a salvação da alma, fundou o arraial de Canudos, às margens do rio Vaza-Barris. Canudos possuirá uma população de, aproximadamente, 20 mil habitantes. Dedicavam-se às pequenas plantações e criação de animais para a subsistência.

O arraial de Canudos não agradava à Igreja Católica, que perdia fiéis; nem aos latifundiários, que perdiam mão-de-obra. Sob a acusação do movimento ser monarquista, o governo federal iniciou uma intensa campanha militar.

A Guerra de Canudos é objeto de análise de Euclides da Cunha, em sua obra "Os Sertões".

CAMPOS SALES ( 1898/1902)

Em seu governo procurou reorientar a política econômica para atender os interesses das oligarquias rurais: café, algodão, borracha, cacau, açúcar e minérios. Adotando o princípio de que o Brasil era um país essencialmente agrícola, o apóio à expansão industrial foi suspenso.

Já em seu governo, a inflação e a dívida externa eram problemas sérios. Seu ministro da Fazenda, Joaquim Murtinho, deu início ao chamado saneamento financeiro: política deflacionista visando a valorização da moeda. Além do corte de crédito à expansão da industria,

o governo deixou de emitir moeda e criou novos impostos, aumentando os que já existiam. Procurou-se uma redução dos gastos públicos e foi adotado uma política de arrocho salarial. Outra medida para o equilíbrio econômico foi o funding-loan, acordo de negociação da dívida externa: o Brasil teria um novo empréstimo; suspensão, por 13 anos do pagamento das dívidas e de 63 para liqüidar as dívidas.

Para conseguir apóio do Congresso na adoção do saneamento financeiro, Campos Sales colocou em funcionamento a política dos governadores.

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RODRIGUES ALVES (1902/1906)

Período conhecido como "qüadriênio progressista", marcado pela modernização dos portos, ampliação da rede ferroviária e pela urbanização da cidade do Rio de Janeiro - preocupação de seu prefeito, Pereira Passos.

Houve também a chamada Campanha de Saneamento, dirigida por Osvaldo Cruz, buscando eliminar a febre amarela e a varíola. Para combater a varíola, foi imposta a vacinação obrigatória, provocando um descontentamento popular. Os opositores ao governo aproveitaram-se da situação, eclodindo a Revolta da Vacina.

No quadriênio de Rodrigues Alves foi aprovada as decisões do Convênio de Taubaté, visando a valorização do café.

Destaque para o surto da borracha que ocorreu em seu governo. A extração e exportação da borracha atendia os interesses da indústria de pneumáticos e de automóveis. No entanto, a extração da borracha não se mostrou como alternativa ao café. Sua exploração apresentou umcaráter de surto, de aproximadamente 50 anos.

A economia da borracha provocou uma questão externa, envolvendo Brasil e Bolívia, a chamada Questão do Acre. A solução veio com a assinatura do Tratado de Petrópolis, em que o Brasil anexou o Acre, pagando uma indenização de 2 milhões de libras para a Bolívia.

AFONSO PENA ( 1906/1909)

Implantação do plano para a valorização do café, onde o governo compraria toda a produção de café e armazenando-a, para depois vendê-la. Faleceu em 1909, tendo seu mandato presidencial terminado por Nilo Peçanha, seu vice-presidente.

NILO PEÇANHA (1909/1910)

Criação do Serviço de Proteção ao Índio, dirigido pelo marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.

Seu curto governo foi marcado pela sucessão presidencial. De um lado, representando a máquina oligárquica, estava o candidato Hermes da Fonseca, de outro, como candidato da oposição, estava Rui Barbosa.

O lema da campanha de Rui Barbosa era Campanha Civilista, visto que Hermes da Fonseca era marechal do exército. Rui Barbosa defendia a reforma eleitoral com o voto secreto, a revisão constitucional e a elaboração do Código Civil. Apesar de grande votação, Rui Barbosa não venceu as eleições.

HERMES DA FONSECA ( 1910/1914)

Imposição da chamada Política das Salvações: intervenção federal para derrubar oligarquias oposicionistas, substituindo-as por outras que apoiassem a administração.

Esta política de intervenção provocou a chamada Revolta de Juazeiro, ocorrida no Ceará, e liderada pelo padre Cícero.

Ainda em seu governo, na cidade do Rio de Janeiro, eclodiu a Revolta da Chibata, liderada pelo marinheiro João Candido, contra os castigos corporais e excesso de trabalho na Marinha. A rebelião militar foi duramente reprimida.

O seu governo foi marcado por uma acentuação da crise econômica - queda nas exportações do café e da borracha - levando o governo a realizar um segundo funding loan.

VENCESLAU BRÁS ( 1914/1918)

Em seu governo ocorre, no sul do país, um movimento social muito semelhante à Guerra de Canudos. O conflito, denominado Guerra do Contestado, apresentava como causas a miséria e a fome da população sertaneja, nas fronteiras de Santa Catarina e Paraná. O movimento teve um caráter messiânico, pois liderado pelo "monge" João Maria. A exemplo de Canudos, o movimento foi duramente reprimido pelo governo.

O principal evento, que marcou o quadriênio de Venceslau Brás, foi a Primeira Guerra Mundial (1914/18). A duração da guerra provocou, no Brasil, um surto industrial. Este processo está ligado à política de substituição de importações: já que não se conseguia importar nada, em virtude da guerra, o Brasil passou a produzir. Este impulso à industrialização fez nascer uma burguesia industrial e o operariado.

A classe operária, por sua vez, vivia em precárias condições, não possuindo salário mínimo, não tendo jornada de trabalho regulamentada, havia exploração do trabalho infantil e feminino. Muitos acidentes de trabalho aconteciam. Contra este estado de coisas, a classe operária manifestou-se, através de greves.

A maior delas ocorreu em 1917, sendo reprimida pela polícia. Aliás, a questão social na República Velha, ou seja, a relação capital/trabalho, era vista como "caso de polícia". Até a década de 30 o movimento operário terá como bandeira os ideiais do anarquismo e do anarcossindicialismo.

RODRIGUES ALVES/ DELFIM MOREIRA (1918/1919)

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O eleito em 1918 fora Rodrigues Alves que faleceu (gripe espanhola) sem tomar posse. Seu vice-presidente, Delfim Moreira, de acordo com o artigo 42 da Constituição Federal, marcou novas eleições. O vencedor do novo pleito foi Epitácio Pessoa.

EPITÁCIO PESSOA ( 1919/1922).

Seu governo é marcado pelo início de graves crises econômicas e políticas, responsáveis pela chamada Revolução de 1930.

A crise econômica foi deflagrada com o início da queda - gradual e constante - dos preços das matérias primas no mercando internacional, por conta do final da Primeira Guerra Mundial. O setor mais afetado no Brasil foi, como não poderia deixar de ser, o setor exportador do café.

No plano militar, Epitácio Pessoa resolveu substituir ministros militares por ministros civis, em pastas ocupadas por membros das Forças Armadas. Para o Ministério da Marinha foi indicado Raul Soares, e para o Ministério da Guerra, Pandiá Calógeras. A nomeação causou descontentamento militar.

A oposição militar às oligarquias desencadearam o chamado Tenentismo. O tenentismo foi um movimento que propunha a moralização do país, mediante o voto secreto e da centralização política. Teve um forte caráter elitista -muito embora sua propostas identificavam-se com os interesses das camadas médias do país. Os tenentes julgavam-se os únicos capazes de solucionarem os problemas do país: o chamada "ideal de salvação nacional".

O primeiro levante do tenentes ocorreu em 05 de julho de 1922, episódio conhecido como Levante do Forte de Copacabana ( os 18 do Forte). O motivo deste levante foi a publicação de cartas, cujos conteúdos, ofendiam o Exército. O autor teria sido Artur Bernardes, recém eleito presidente da República.

ARTUR BERNARDES ( 1922/1926).

Apesar do episódio das "cartas falsas", Artur Bernardes foi declarado vencedor em março de 1922 . O descontentamento no meio militar foi muito grande. O levante do forte de Copacabana foi uma tentativa de impedir a sua posse.

No ano de 1924 uma nova revolta tenentista ocorre. Desta feita em São Paulo - Revolução Paulista de 1924. A reação do governo foi violenta, forçando os rebeldes a fugirem da cidade. Os revoltosos encontraram-se com outra coluna militar (gaúcha) é comandada por Luís Carlos Prestes. Originou-se assim, a Coluna Prestes, que percorreu cerca de 25 mil quilômetros no interior do Brasil, denunciando os problemas da República Oligárquica. No ano de 1927 a Coluna foi desfeita, tendo a maioria dos líderes buscado refúgio na Bolívia.

O governo de Artur Bernardes foi palco da Semana de Arte Moderna, inaugurando o Modernismo no Brasil. A expansão industrial, o crescimento urbano, o desenvolvimento do operariado inspiraram os modernistas.

WASHINGTON LUÍS ( 1926/1930)

Governo marcado pela eclosão da Revolução de 1930.

No ano de 1929, a Bolsa de Valores de Nova Iorque quebrou, causando sérios efeitos para a economia mundial. A economia norteamericana fica arruinada, com pesadas quedas na produção, além da ampliação do desemprego. A crise econômica nos EUA fizeram-se sentir em todo o mundo.

Os efeitos da crise de 1929, para o Brasil, fizeram-se sentir com a queda brutal nos preços do café. Os fazendeiros de café pediram auxílio ao governo federal, que rejeitou, alegando que a queda nos preços do café seria compensada pelo aumento no volume das exportações, o que, aliás, não ocorreu.

No plano interno, em 1930, ocorriam eleições presidenciais. Washington Luís indicou um candidato paulista -Júlio Prestes, rompendo o pacto estabelecido na política do café-com-leite. Os mineiros não aceitaram ( Washington Luís representava os paulista e, seguindo a regra, o próximo presidente deveria ser um mineiro, aliás o governador de Minas Gerais, Antônio Carlos de Andrada ). O rompimento da política do café-com-leite vai fortalecer a oposição, organizada na chamada Aliança Liberal.

A Aliança Liberal era uma chapa de oposição, tendo Getúlio Vargas para presidente e João Pessoa para vice-presidente. Esta chapa contava com o apoio das oligarquias do Rio Grande do Sul, Paraíba e de Minas Gerais, além do Partido Democrático, formado por dissidentes do Partido Republicano Paulista (PRP).

O programa da Aliança Liberal vai de encontro aos interesses das classes dominantes marginalizadas pelo setor cafeeiro e, aumentando sua base de apoio, defendia a regulamentação das leis trabalhistas, a instituição do voto secreto e do voto feminino. Reivindicava a expansão da industrialização e uma maior centralização política. De quebra, propunha a anistia aos tenentes condenados, sensibilizando o setor militar.

Porém, mediante as tradicionais fraudes eleitorais, o candidato da situação, Júlio Prestes, venceu as eleições. A vitória do candidato situacionista provocou insatisfação das oligarquias marginalizadas, dos tenentes e da camada média urbana. Alguns tenentes, como Juarez Távora e João Alberto, iniciaram uma conspiração para evitar a posse de Júlio Prestes. Temendo que a conspiração pudesse contar com a participação popular, os líderes oligárquicos tomaram o comando do processo. "Façamos a revolução antes que o povo a faça", esta fala de Antônio Carlos Andrade, governador de Minas, sintetiza tudo.

O estopim do movimento foi o assassinato de João Pessoa. Em 03 de outubro, sob o comando de Góes Monteiro eclode a revolta no Rio Grande do Sul; em 04 de outubro foi a vez de Juarez Távora iniciar a rebelião na Paraíba.

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Por fim. Em 24 de outubro de 1930, temendo-se uma guerra civil, o alto-comando das Forças Armadas no Rio de Janeiro desencadeou o golpe, depondo Washington Luís, impedindo a posse de Júlio Prestes e formando uma junta pacificadora, composta pelos generais Mena Barreto, Tasso Fragoso e pelo almirante Isaías Noronha. No dia 03 de novembro Getúlio Vargas era empossado, de forma provisória, como presidente da República.

SIGNIFICADO DA REVOLUÇÃO DE 30.

O movimento de 1930, apesar de sua complexa base social ( oligarquias dissidentes, tenentes, camadas médias urbanas ) não deve ser visto como uma ruptura na estrutura social, política e econômica do Brasil. A revolução não rompeu com o sistema oligárquico, houve tão somente uma substituição de oligarquias no poder. A revolução de 30 colocou um novo governo compromissado com diversos grupos sociais. Sob este ponto de vista, pode-se dizer que o movimento de 1930 patrocinou um "re-arranjo" do Estado brasileiro.

EXERCÍCIOS

1) (UFS) - "...o chefe político lhes dava roupa, cachaça e umapapeleta de voto..." Ao texto pode-se associar, na evolução política brasileira, o

a) mercantilismo e a Colôniab) encilhamento e o Impérioc) centralismo e a Regênciad) coronelismo e a República Velhae) caudilhismo e a República Nova

2) (UNIFENAS) - O objetivo da Coluna Prestes, que na décadade 1920 percorreu milhares de quilômetros pelo Brasil, era:

a) combater o sistema oligárquico vigente;b) apoiar a campanha civilista;c) defender a ordem no governo Artur Bernardes;d) promover a constitucionalização do País;e) reagir contra a ditadura quase declarada do governo Artur Bernardes.

3) (UNESP)-A Semana de Arte Moderna de 1922, que reuniu em São Paulo escritores e artistas, foi um movimento:

a) influenciado pelo cinema internacional e pelas idéias propagadas nas Universidades de São Paulo e do Rio de Janeirob) de renovação das formas de expressão com a introdução de modelos norte-americanos;c) de contestação aos velhos padrões estéticos, as estruturas mentais tradicionais e um esforço de repensar a realidade brasileira;d) desencadeado pelos regionalismos nordestinos e gaúcho, que defendiam os valores tradicionais;e) de defesa do realismo e do naturalismo contra as velhas tendências românticas.

4) (FATEC) - O episódio de Canudos foi:

a) o resultado da introdução de tecnologia moderna e de forma capitalista no Nordeste, alterando sua tradicional estrutura latifundiária. Daí o caráter monarquista do movimento de Antônio Conselheiro;b) um incidente diplomático em que se envolveram o Brasil e a Argentina, devido à disputa fronteiriça de Canudos;c) a revolta militar contra o governo de Prudente de Morais, ocorrida no Estado de São Paulo, em 1901, liderada por Antônio Conselheiro;d) o escândalo financeiro provocado pelo ministro Bernardino de Campos, durante a presidência de Prudente de Morais;e) a revolta ocorrida no sertão da Bahia, nos últimos anos do século XIX, em que os sertanejos, sob a liderança de Antônio Conselheiro, resistiram durante meses a várias expedições militares enviadas pelos governos estadual e federal;

5) (MACKENZIE) - Governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro reuniram-se no Convênio de Taubaté, em 1906, tendo em vista:

a) impedir qualquer intervenção do Estado na economia cafeeira;b) criar mecanismos que evitassem a queda do café, através da compra de estoques excedentes pelo governo com empréstimos externos;c) evitar novos cultivos, reduzir financiamento, visando ajustar oferta e procura sem intervenção do governo;d) atuar no mercado externo, reduzindo a concorrência de outros países produtores de café e expandindo o mercado interno;e) defender uma política agrícola voltada para a policultura, rompendo com a dependência em relação ao café, nosso produto chave na balança de pagamentos.

6) (FUVEST) -Caracteriza o processo eleitoral durante a primeira República, em contraste com o vigente no Segundo Reinado:a) a ausência de fraudes, com a instituição do voto secreto e a criação do Tribunal Superior Eleitoral;b) a ausência de interferência das oligarquias regionais, ao se realizarem as eleições nos grandes centros urbanos;c) o crescimento do número de eleitores, com a extinção do voto censitário e a extensão do direito do voto às mulheres;d) a possibilidade de eleições distritais e a criação de novos partidos políticos para as eleições proporcionais;e) a maior participação dos eleitores das áreas urbanas ao se abolir o voto censitário e se limitar aos alfabetizados

7)(UFS) -O Brasil a partir da primeira Guerra Mundial

(1914/1918) e em decorrência de seus efeitos, sofreu diversas transformações, dentre elas:

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a) o incremento da política de incentivo à podução de soja;b) o fim do monopólio estatal sobre as atividades extrativistas;c) a aceleração do processo de industrialização no eixo São Paulo/Rio de Janeiro;d) a eliminação das barreiras alfandegárias entre zona rural e zona urbana;e) o aprofundamento do fenômeno da ruralização no eixo Norte/Nordeste.

8-(MACKENZIE) - Em 3 de outubro eclodiu a revolução de 1930, pondo fim à República Velha. Dentre as causas deste episódio histórico destacamos:a) a vitória da oposição nas eleições e o temor de revanchismos nas oligarquias derrotadas;b) a dissidência das oligarquias nas eleições de 1930, fortalecendo a Aliança Liberal, derrotada, contudo, pela fraude da máquina do governo;c) o programa da Aliança Liberal não identificado com as classes médias urbanas;d) a sólida situação econômica do núcleo cafeeiro no início da década de trinta;e) o apoio dos jovens militares, tenentistas, à política oligárquica nos anos vinte.

Respostas dos exercícios

1) D2) A3) C4) E5) B6) E7) C8) B

A chamada Era Vargas está dividida em três momentos: Governo Provisório, Governo Constitucional e Estado Novo.

O período inaugurou um novo tipo de Estado, denominado “Estado de compromisso”, em razão do apóio de diversas forças sociais e políticas: as oligarquias dissidentes, classes médias, burguesia industrial e urbana, classe trabalhadora e o Exército. Neste “Estado de compromisso” não existia nenhuma força política hegemônica, possibilitando o fortalecimento do poder pessoal de Getúlio Vargas. Governo Provisório ( 1930/1934 ).

Aspectos políticos e econômicos No plano político, o governo provisório foi marcado pela Lei Orgânica, que estabelecia plenos poderes a Vargas. Os órgão legislativos foram extintos, até a elaboração de uma nova constituição para o país.

Desta forma, Vargas exerce o poder executivo e o Legislativo. Os governadores perderam seus mandatos – por força da Revolução de 30 – seu nomeados em seus lugares os interventores federais ( que eram escolhidos pelos tenentes ).

A economia cafeeira receberá atenções por parte do governo federal. Para superar os efeitos da crise de 1929, Vargas criou o Conselho Nacional do Café, reeditando a política de valorização do café ao comprar e estocar o produto.

O esquema provocou a formação de grandes estoques, em razão da falta de compradores, levando o governo a realizar a queima dos excedentes. Houve um desenvolvimento das atividades industriais, principalmente no setor têxtil e no de processamento de alimentos. Este desenvolvimento explica-se pela chamada política de substituição de importações.

REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 32

Movimento ocorrido em São Paulo ligado à demora de Getúlio Vargas para reconstitucionalizar o país, a nomeação de um interventor pernambucano para o governo do Estado (João Alberto). Mesmo sua substituição por Pedro de Toledo não diminuiu o movimento.

O movimento teve também como fator a tentativa da oligarquia cafeeira retomar o poder político. O movimento contou com apoio das camadas médias urbanas. Formou-se a Frente Única Paulista, exigindo a nomeação de um interventor paulista e a reconstitucionalização imediata do país.

Em maio de 1932 houve uma manifestação contra Getúlio que resultou na morte de quatro manifestantes: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Iniciou-se a radicalização do movimento, sendo que o MMDC passou a ser o símbolo deste momento marcado pela luta armada.

Após três meses de combates as forças leais a Vargas forçaram os paulistas à rendição. Procurando manter o apoio dos paulistas, Getúlio Vargas acelerou o processo de redemocratização realizando eleições para uma Assembléia Constituinte que deveria elaborar uma nova constituição para o Brasil.

A CONSTITUIÇÃO DE 1934

Promulgada em 16 de novembro de 1934 apresentando os seguintes aspectos: A manutenção da República com princípios federativos; Existência de três poderes independentes entre si: Executivo, Legislativo e Judiciário; Estabelecimento de eleições diretas para o Executivo e Legislativo; As mulheres adquirem o direito ao voto; Representação classista no Congresso (elementos eleitos pelos sindicatos); Criado o Tribunal do Trabalho; Legislação trabalhista e liberdade de organização sindical; Estabelecimento de monopólio estatal sobre algumas atividades industriais; Possibilidade da nacionalização de empresas estrangeiras; Instituído o mandato de segurança, instrumento jurídico dos direitos do cidadão perante o Estado.

A Constituição de 1934 foi inspirada na Constituição de Weimar preservando o liberalismo e mantendo o domínio dos proprietários visto que a mesma não toca no problema da terra. Governo Constitucional (1934/1937). Período marcada pelos reflexos da crise mundial de 1929: crise econômica, desemprego, inflação e carestia. Neste contexto desenvolve-se, na Europa, os regimes totalitários ( nazismo e fascismo) – que se opunham ao socialismo e ao liberalismo econômico.

A ideologia nazi-fascista chegou ao Brasil, servindo de inspiração para a fundação da Ação Integralista Brasileira (AIB), liderada pelo jornalista Plínio Salgado. Movimento de extrema direita, anticomunista, que tinha como lema "Deus, pátria, família”. Defendia a implantação de um Estado totalitário e corporativo.

A milícia da AIB era composta pelos “camisas verdes”, que usavam de violência contra seus adversários. Os integralistas receberam apoio da alta burguesia, do clero, da cúpula militar e das camadas médias urbanas. Por outro lado, o agravamento das condições de vida da classe trabalhadora possibilitou a formação de um movimento de caráter progressista, contando com o apoio de liberais,

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socialista, comunistas, tenentes radicais e dos sindicatos – trata-se da Aliança Nacional Libertadora (ANL). Luís Carlos Prestes, filiado ao Partido Comunista Brasileiro foi eleito presidente de honra. A ANL reivindicava a suspensão do pagamento da dívida externa, a nacionalização das empresas estrangeiras e a realização da reforma agrária. Colocava-se contra o totalitarismo e defendia a democracia e um governo popular. A adesão popular foi muito grande, tornando a ANL uma ameaça ao capital estrangeiro e aos interesses oligárquicos.

Procurando conter o avanço da frente progressista o governo federal - por meio da aprovação da Lei de Segurança Nacional – decretou o fechamento dos núcleos da ANL. A reação, por parte dos filiados e simpatizantes, foi violenta e imediata. Movimentos eclodiram no Rio de Janeiro, Recife, Olinda e Natal – episódio conhecido como Intentona Comunista.

O golpe do Estado Novo No ano de 1937 deveria ocorrer eleições presidenciais para a sucessão de Getúlio Vargas. A disputa presidencial foi entre Armando de Sales Oliveira – que contava com o apoio dos paulistas e de facções de oligarquias de outros Estados. Representava uma oposição liberal ao centralismo de Vargas.

A outra candidatura era a de José Américo de Almeida, apoiado pelo Rio Grande do Sul, pelas oligarquias nordestinas e pelos Partidos Republicanos de São Paulo e Minas Gerais. Um terceiro candidato era Plínio Salgado, da Ação Integralista. A posição de Getúlio Vargas era muito confusa – não apoiando nenhum candidato. Na verdade a vontade de Getúlio era a de continuar no governo, em nome da estabilidade e normalidade constitucional; para tanto, contava com apoio de alguns setores da sociedade. O continuísmo de Vargas recebeu apoio de uma parte do Exército – Góes Monteiro e Eurico Gaspar Dutra representavam a alta cúpula militar – surgindo a idéia de um golpe, sob o pretexto de garantir a segurança nacional.

O movimento de “salvação nacional” – que garantiu a permanência de Vargas no poder – foi a divulgação de um falso plano de ação comunista para assumir o poder no Brasil. Chamado de Plano Cohen, o falso plano serviu de pretexto para o golpe de 10 de novembro de 1937, decretando o fechamento do Congresso Nacional, suspensão da campanha presidencial e da Constituição de 1934. Iniciava-se o Estado Novo.

O Estado Novo ( 1937/1945 ). O Estado Novo – período da ditadura de Vargas – apresentou as seguintes características: intervencionismo do Estado na economia e na sociedade e um centralização política nas mãos do Executivo, anulando o federalismo republicano.

A CONSTITUIÇÃO DE 1937

Foi outorgada em 10 de novembro de 1937 e redigida por Francisco Campos. Baseada na constituição polonesa ( daí o apelido de “polaca” ) apresentava aspectos fascistas.

Principais características: centralização política e fortalecimento do poder presidencial; extinção do legislativo; subordinação do Poder Judiciário ao Poder Executivo; instituição dos interventores nos Estados e uma legislação trabalhista. A Constituição de 1937 eliminava a independência sindical e extinguia os partidos políticos.

A extinção da AIB deixou os integralistas insatisfeitos com Getúlio. Em maio de 1938 os integralistas tentaram um golpe contra Vargas – o Putsch Integralista – que consistiu numa tentativa de ocupar o palácio presidencial. Vargas reagiu até a chegada a polícia e Plínio Salgado precisou fugir do país.

POLÍTICA TRABALHISTA

O Estado Novo procurou controlar o movimento trabalhador através da subordinação dos sindicatos ao Ministério do Trabalho. Proibiu-se as greves e qualquer tipo de manifestação.

Por outro lado, o Estado efetuou algumas concessões, tais como, o salário mínimo, a semana de trabalho de 44 horas, a carteira profissional, as férias remuneradas. As leis trabalhistas foram reunidas, em 1943, na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), regulamentando as relações entre patrões e empregados.

A aproximação de Vargas junto a classe trabalhadora urbana originou, no Brasil, o populismo – forma de manipulação do trabalhador urbano, onde o atendimento de algumas reivindicações não interfere no controle exercido pela burguesia.

POLÍTICA ECONÔMICA

O Estado Novo iniciou o planejamento econômico, procurando acelerar o processo de industrialização brasileiro. O Estado criou inúmeros órgãos com o objetivo de coordenar e estabelecer diretrizes de política econômica.

O governo interveio na economia criando as empresas estatais – sem questionar o regime privado. As empresas estatais encontravam-se em setores estratégicos, como a siderúrgia ( Companhia Siderúrgica Nacional ), a mineração ( Companhia Vale do Rio Doce ), hidrelétrica ( Companhia Hidrelétrica do Vale do São Francisco ), mecânica ( Fábrica Nacional de Motores ) e química (Fábrica Nacional de Álcalis ).

POLÍTICA ADMINISTRATIVA

Procurando centralizar e consolidar o poder político, o governo criou o DASP ( Departamento de Administração e Serviço Público), órgão de controle da economia. O outro instrumento do Estado Novo foi a criação do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda ), que realizava a propaganda do governo. O DIP controlava os meios de comunicação, por meio da censura.

Foi o mais importante instrumento de sustentação da ditadura que, ao lado da polícia secreta, comandada por Filinto Müller, instaurou no Brasil o período do terror: prisões, repressão, exílios, torturas etc...

Como exemplo de propaganda tem-se a criação da Hora do Brasil – que difundia as realizações do governo; o exemplo do terror fica por conta do caso de Olga Benário, mulher de Prestes, que foi presa e deportada para a Alemanha (grávida). Foi assassinada num campo de concentração.

O BRASIL E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Devido a pressões – internas e externas – Getúlio Vargas rompeu a neutralidade brasileira, em 1942, e declarou guerra ao Eixo ( Alemanha, Itália, Japão ). A participação do Brasil foi efetiva nos campos de batalha mediante o envio da FEB ( Força Expedicionária Brasileira ) e da FAB ( Força Aérea Brasileira ).

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A participação brasileira na guerra provocou um paradoxo político: externamente o Brasil luta pela democracia e contra as ditaduras, internamente há ausência democrática em razão da ditadura. Esta situação, somada à vitória dos aliados contra os regimes totalitários, favorece o declínio do estado Novo e amplia as manifestações contra o regime.

O FIM DO ESTADO NOVO

Em 1943 Vargas prometeu eleições para o fim da guerra; no mesmo ano houve o Manifesto dos Mineiros, onde um grupo de intelectuais, políticos, jornalistas e profissionais liberais pediam a redemocratização do país. Em janeiro de 1945, o Primeiro Congresso Brasileiro de Escritores exigia a liberdade de expressão e eleições.

Em fevereiro do mesmo ano, Vargas publicava um ato adicional marcando eleições presidenciais para 2 de dezembro. Para concorrer as eleições surgiram os seguinte partidos políticos: UDN ( União Democrática Nacional )- Oposição liberal a Vargas e contra o comunismo. Tinha como candidato o brigadeiro Eduardo Gomes; PSD ( Partido Social Democrático ) – era o partido dos interventores e apoiavam a candidatura do general Eurico Gaspar Dutra; PTB ( Partido Trabalhista Brasileiro ) – organizado pelo Ministério do Trabalho e tendo como presidente Getúlio Vargas.

Apoiava, junto com o PSD, Eurico Gaspar Dutra; PRP ( Partido de Representação Popular ) – de ideologia integralista e fundado por Plínio Salgado; PCB ( Partido Comunista Brasileiro ) – tinha como candidato o engenheiro Yedo Fiúza.

Em 1945 houve um movimento popular pedindo a permanência de Vargas – contando com o apoio do PCB. Este movimento ficou conhecido como queremismo, devido ao lema da campanha “Queremos Getúlio “. O movimento popular assustou a classe conservadora, temendo a continuidade de Vargas no poder. No dia 29 de outubro foi dado um golpe, liderado por Goés Monteiro e Dutra. Vargas foi deposto sem resistência.

O governo foi entregue a José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal. Em dezembro de 1945 foram realizadas as eleições com a vitória de Eurico Gaspar Dutra.

EXERCÍCIOS

1) (Fac. Med. Marília-SP)-De profundos reflexos no desenvolvimento da história política do Brasil, existe um episódio conhecido pelo nome de Plano Cohen que consiste:

a) na coligação de forças imperialistas que visavam impedir a proclamação da República, nos fins do século XIX b) num documento forjado, denunciando uma fantasiosa implantação do comunismo no Brasil, a fim de justificar um golpe de Estado para o continuísmo de Getúlio Vargas no poder c) no conjunto de propostas feitas pelo generais recém-chegados da Europa, ao fim da Segunda Guerra Mundial, para a volta do Estado democrático no Brasil, dominado pela ditadura de Vargas d) nas transformações administrativas necessárias à interiorização da capital federal para Brasília; e) em algo totalmente diferente do que foi escrito anteriormente.

2) (Cesgranrio) – O regime político conhecido como Estado Novo implantado por golpe do próprio presidente Getúlio Vargas, em 1937, pode ser associado à (ao)

a) radicalização política do período representada pela Aliança Nacional Libertadora, de orientação comunista, e pela Ação Integralista Brasileira, de orientação fascista b) modernização econômica do país e seu conflito com as principais potências capitalistas do mundo, que tentavam lhe barrar o desenvolvimento c) ascensão dos militares à direção dos principais órgãos públicos, porque já se delineava o quadro da Segunda Guerra Mundial d) democratização da sociedade brasileira em decorrência da ascensão de novos grupos sociais como os operários e) retorno das oligarquias agrárias ao poder, restaurando-se a Federação nos mesmos moldes da República Velha.

3) (FUVEST-SP) – A política cultural do Estado Novo em relação aos intelectuais caracterizouse:

a) pela repressão indiscriminada, por serem os intelectuais considerados adversários de regimes ditatoriais b) por um clima de ampla liberdade, pois o governo cortejava os intelectuais para obter apoio ao seu projeto nacional c) pelas indiferença, pois os intelectuais não tinham expressão e o governo se baseava nas forças militares d) pelo desinteresse com relação aos intelectuais, pois o governo se apoiava nos trabalhadores sindicalizados e) por uma política seletiva através da qual só os adversários frontais do regime foram reprimidos.

4) (UFMS)- O queremismo, movimento surgido no final do Estado Novo (1945), tinha como uma de suas finalidades:

a) obter o fim da ditadura, afastando Getúlio Vargas do poder b) formar um governo forte, em substituição ao de Getúlio Vargas c) introduzir o parlamentarismo para controlar Getúlio Vargas d) manter Getúlio Vargas no governo, sob um novo regime constitucional e) instalar uma Assembléia Constituinte liderada pela União Democrática Nacional.

5) (Fuvest-SP) – O governo de Vargas, no período de 1937 a 1945, pode ser considerado:

a) presidencialismo autocrático b) parlamentarismo populista c) presidencialismo democrático d) parlamentarismo oligárquico e) ditadura socialista

6) (Vunesp)- A revolução constitucionalista de 1032 foi impulsionada pela:

a) Ação Integralista Brasileira, que procurou mobilizar a sociedade contra o fascismo europeu b) União dos estados de São Paulo, Mato Grosso e Rio de Janeiro c) Tentativa de reação da velha oligarquia paulista, apoiada, a príncípio, pela oligarquia de Minas Gerais, contra o governo de Vargas d) Reação de base popular, buscando a reconstitucionalização imediata do país e) Contestação do Rio Grande do Sul, pelo regime dos interventores estaduais, adotado por Getúlio Vargas.

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RESPOSTAS

1) B 2) A 3) E 4) D 5) A 6) C

A década de 30 trouxe profundas mudanças na estrutura social e econômica brasileiras. Houve um avanço na industrialização brasileira, grande desenvolvimento urbano – com aumento da população. O urbanismo favoreceu o crescimento da burguesia industrial, da classe média e do proletariado. O fortalecimento destas novas forças sociais trouxe uma mudança no aparelho estatal: a permanência do populismo, transformado em prática política costumeira com o intuito de conquistar o apoio das massas – principalmente a urbana.

O fenômeno do populismo consiste, enfim, na manipulação – por parte do Estado ou dos políticos – dos interesses da classe trabalhadora. O período que vai de 1945 (fim do Estado Novo) até 1964 (golpe militar) apresentou as características acima.

Governo de Eurico Gaspar Dutra (1946/1951)

Marcado pela aliança política PSD/PTB, apresentou aspectos conservadores. Em setembro de 1946 foi promulgada uma nova constituição, onde manteve-se a república presidencialista e o princípio federativo. Foi instituído o voto secreto e universal e a divisão do estado em três poderes ( Executivo, Legislativo e Judiciário).

Externamente seu governo foi marcado pela aproximação com os Estados Unidos – início da guerra fria e a opção brasileira pelo capitalismo. Como reflexo desta política houve o rompimento das relações diplomáticas com a União Soviética e o Partido Comunista foi colocado na ilegalidade. No plano interno, Dutra procurou colocar em prática o primeiro planejamento global da economia brasileira, o Plano Salte (saúde, alimentação, transporte e energia). Houve a pavimentação da rodovia Rio-São Paulo e a instalação da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF).

Verificou-se uma enorme inflação, em razão do aumento da emissão de papel-moeda. Ao mesmo tempo elevava-se o preço do café e das matérias-primas, auxiliando a balança comercial brasileira.

Governo de Getúlio Vargas ( 1951/1954 )

A Segunda presidência de Vargas foi marcada pelo nacionalismo e pelo intervencionismo estatal na economia, trazendo insatisfações ao empresariado nacional e ao capital internacional.

No ano de 1951 o nacionalismo econômico de Vargas efetivou-se no projeto de estabelecer o monopólio estatal do petróleo. Esse programa, que mobilizou boa parte a população brasileira tinha como slogan “O Petróleo é nosso”, resultando na criação da Petrobrás – empresa estatal que monopolizou a exploração e o refino do petróleo no Brasil. Vargas planejava também a criação da Eletrobrás, com o objetivo de monopolizar a geração e distribuição de energia elétrica. Propôs, no ano de 1954, um reajuste de 100% no salário mínimo, como forma de compensar as perdas salariais, em virtude da inflação.

A aplicação de uma política nacionalista, bem como a aproximação de Vargas à classe trabalhadora, preocupava a classe dominante. Temia-se a criação de uma República Sindicalista, como na Argentina de Perón. O líder da oposição a Vargas era o jornalista Carlos Lacerda, que denunciava uma série de irregularidades do governo; Lacerda também era o porta-voz dos setores ligados ao capital estrangeiro.

Neste contexto ocorreu o atentado da Rua Toneleiros, uma tentativa de assassinar Carlos Lacerda. No episódio foi morto o major da aeronáutica Rubens Vaz. Os resultados da investigação apontaram que Gregório Fortunato - principal guarda-costas do presidente - como o responsável pelo acontecimento.

Embora nunca tivesse ficado provado a participação de Getúlio Vargas no episódio, este foi acusado pelos opositores como o mandante do atentado. Em 23 de agosto o vice-presidente, Café Filho rompeu com o presidente; no mesmo dia, o Exército divulga um manifesto exigindo a renúncia de Vargas. Na madrugada de 24 de agosto, Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no coração.

Governo de Café Filho ( 1954/1955 )

Após a morte de Vargas, Café Filho – vice de Vargas assumiu o poder. Nas eleições de 1956, o candidato da aliança PSD-PTB – Juscelino Kubitschek – venceu. O período de governo de Café Filho apresentou uma crise política quando o coronel Bizarria Mamede, da Escola Superior de Guerra, proferiu um discurso contra a posse de JK. O então Ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott, resolveu punir o coronel – ferindo a hierarquia, pois a punição deveria ser dada pelo presidente da República – ao qual o ministro era subordinado.

Café Filho foi afastado da presidência, por motivos de saúde, assumindo o presidente da Câmara de Deputados, Carlos Luz. Este era do PSD, da ala conservadora, e inimigo político de Juscelino. Carlos Luz resolveu não punir o general Mamede – tornando-se cúmplice de suas declarações e forçando o pedido de demissão do general Lott.

Ficava claro a tentativa de um golpe e Henrique Lott, um defensor da legalidade constitucional e da posse dos candidatos eleitos, antecipou-se aos golpistas. Lott não assinou o pedido de demissão e organizou um contra-golpe. Ordenou que as tropas fossem às ruas, reassumiu o poder e afastou Carlos Luz da presidência.

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A presidência foi entregue ao presidente do Senado, Nereu Ramos, que governou até a posse de Juscelino Kubitschek (31/01/56).

Governo de Juscelino Kubitschek ( 1956/1961)

Governo marcado pelo grande desenvolvimento econômico. Política econômica delineada pelo Plano de Metas, que tinha como lema “Cinqüenta anos de progresso em cinco de governo.”

A realização do Plano de Metas resultou na expansão e consolidação do "capitalismo associado ou dependente" brasileiro, pois o processo de industrialização ocorreu em torno das empresas estrangeiras ( as multinacionais ). Estas empresas controlaram os setores chaves da economia nacional – maquinaria pesada, alumínio, setor automobilístico, construção naval – ocasionando a desnacionalização econômica.

A política econômica de JK acarretou um processo inflacionário, em razão da intensa emissão monetária, e a política de abertura ao capital estrangeiro resultou em remessas de lucros e royalties ao exterior. O período de JK foi marcado, também, pela consrtrução de Brasília, pela criação da Sudene (Superitendência para o Desenvolvimento do Nordeste).

A era JK foi também marcada por crises políticas, ocorrendo duas tentativas de golpe: o levante de Jacareacanga e o de Aragarças – insurreições por parte de alguns militares. No final de seu governo a dívida externa brasileira aumentou consideravelmente, levando o país a recorrer ao FMI e ao seu receituário.

Em 1960 houve eleições e Jânio da Silva Quadros, então governador de São Paulo foi o vencedor, tendo como partido político a UDN e como vice-presidente João Goulart, da coligação PSD/PTB.

Governo de Jânio Quadros (1961)

Jânio Quadros assume a presidência em um contexto de grave crise financeira: intensa inflação, crescimento da dívida externa e déficit na balança de pagamentos. Visando restabelecer o equilíbrio financeiro do país, Jânio realizou um reajuste cambial, restringiu os créditos, incentivou as exportações e congelou os salários. Iniciou a apuração de denúncias de corrupção administrativa e nomeou uma comissão para definir a limitação da remessa de lucros para o exterior.

No campo externo, Jânio Quadros procurou estabelecer uma política externa independente dos Estados Unidos: aproximou-se dos países socialistas ao restabelecer as relações diplomáticas com a União Soviética, enviou o vice-presidente à China e prestigiou a Revolução Cubana, ao condecorar com a Ordem do Cruzeiro do Sul um de seus líderes, Ernesto “Che” Guevara. Semelhantes atitudes preocuparam os norte-americanos e a classe dominante nacional.

A oposição ao governo tinha em Carlos Lacerda, governador do Rio de Janeiro, seu principalrepresentante e que articulava um golpe de estado.

Sem apoio político Jânio acabou renunciando no dia 25 de agosto de 1961 – após sete meses de governo. Sua renúncia nunca foi satisfatoriamente explicada. A renúncia gerou uma grave crise política envolvendo a posse, ou não, de seu vice-presidente João Goulart.

Governo de João Goulart ( 1961/1964 )

João Goulart – cujo apelido nos meios sindicais era Jango – não era bem visto pela elite nacional e pelas Forças Armadas. Era tido como agitador e com tendências comunistas. Representava uma ameaça a “segurança nacional” trazendo risco às instituições democráticas do país.

Sob estas alegações, os ministros militares pediram ao Congresso Nacional a permanência de Raniere Mazzilli na presidência –que assumiu interinamente visto que Jango estava na China. Contra a tentativa de golpe o governador do Rio Grande do Sul –Leonel Brizola-, e cunhado de João Goulart liderou a chamada “campanha de legalidade”, que buscava garantir a posse de João Goulart.

Para conciliar as duas correntes – favorável e contra a posse – o congresso Nacional aprovou um ato adicional em 02 de setembro de 1961, estabelecendo o sistema parlamentarista no Brasil. Com o parlamentarismo os poderes do presidente foram limitados sendo que o primeiro-ministro é que governaria de fato.

O primeiro a ser eleito a exercer tal função foi Tancredo Neves. Diante do fracasso do parlamentarismo foi convocado um plesbicito para decidir sobre a manutenção ou não do regime. O resultado foi a volta do presidencialismo (06/01/63).

Inicia-se uma segunda fase do governo de João Goulart marcada pela execução do chamado Plano Trienal, que buscava combater a inflação e realizar o desenvolvimento econômico. O plano deveria ser acompanhado de uma série de reformas estruturais, denominadas reformas de base, que incluía a reforma agrária; a reforma eleitoral – estendendo o direito de votos aos analfabetos; a reforma universitária, ampliando o número de vagas nas faculdades públicas e a reforma financeira e administrativa, procurando limitar a remessa de lucro e os lucros dos bancos.

O descontentamento com a política do governo aumentou a partir do dia 13 de março de 1964 quando, num comício na Central do Brasil – diante de 200 mil trabalhadores – Jango radicalizou sua promessa de reforma agrária, lançou a idéia de uma “reforma urbana” e decretou a nacionalização das refinarias particulares de petróleo.

A reação uniu os grandes empresários, proprietários rurais, setores conservadores da Igreja Católica e a classe média urbana que realizaram a Marcha da Família com Deus e pela Liberdade.

Em seguida houve uma revolta dos marinheiros do Rio de Janeiro, servindo de pretexto para o golpe militar alegava-se que a disciplina nas Forças Armadas estava em jogo. Na noite de 31 de março de 1964 o general Olympío Mourão Filho (arquiteto do falso plano Cohen) colocou a guarnição de Juiz de Fora em direção ao Rio de Janeiro. No dia 1º de abril João Goulart foi deposto e exilou-se no Uruguai, no dia 2 de abril. Encerrava-se assim o período democrático e iniciava-se a República Militar no Brasil.

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Exercícios1) (PUCC-SP)- O Plano de Metas, durante o período governamental de 1956/60, foi por muitos criticado em virtude:a) do aumento do custo de vida, associado a um grande processo inflacionáriob) da frustada implantação de parque industrial no Sudeste do Brasilc) da nacionalização da distribuição dos derivados do petróleod) da inexistência de debate democrático nas decisões econômicase) do desaparecimento de capitais estrangeiros em prejuízo do desenvolvimento econômico.

2) (UFRGS-RS) – Para enfrentar a crise brasileira, o governo Jânio Quadros defendeu:

I. uma política de combate à inflaçãoII. uma política comercial de abertura aos países socialistasIII. a estatização da economiaQuais as afirmações corretas?

a) apenas Ib) apenas IIc) apenas IIId) apenas II e IIIe) apenas I e II

3) (Mackenzie) – O governo Juscelino Kubitschek foi responsável:

a) pela eliminação das disparidades regionais;b) pela queda da inflação e da dívida externa;c) por uma política nacionalista e de rejeição ao capital estrangeiro;d) pela entrada maciça de capitais estrangeiros e a internacionalização de nossa economia;e) por práticas antidemocráticas como a violenta repressão às rebeliões de Jacareacanga eAragarças.

4) (UFPA) – A crise gerada pela renúncia do presidente Jânio Quadros foi temporariamentecontrolada em 1961 através:

a) das reformas de base com vistas à modernização do País;b) do Ato Institucional nº 5 e o fechamento total do regime;c) da emenda parlamentarista, que possibilitou a posse do presidente João Goulart, conciliando setores em confronto;d) do Golpe Militar, provocando a queda do governo Goulart;e) da convocação de novas eleições, desfazendo o clima de acirramento da oposição entreesquerda e direita.

Respostas

1) A2) E3) D4) C

O golpe militar de 1964 foi efetivado com o objetivo de evitar a ameaça comunista. O regime militar foi marcado pelas restrições aos direitos e garantias individuais e pelo uso da violência aos opositores do regime.

O modelo político do regime militar foi caracterizado pelo fortalecimento do Executivo que marginalizou o Legislativo (através da cassação de mandatos) e interferiu nas decisões do Judiciário (como por exemplo a publicação dos atos institucionais); pela centralização do poder, tornando o princípio federativa letra morta constitucional; controle da estrutura partidária, dos sindicatos e demais representações; pela censura aos meios de comunicação e intensa repressão política – os casos de tortura eram sistemáticos.

O modelo econômico do regime militar foi marcado pelo processo de concentração de rendas e abertura externa da economia brasileira.

Governo do marechal Castello Branco ( 1964/67)

Foi eleito por vias indiretas, através do ato institucional nº 1, em 10 de abril de 1964.

Em seu governo foi criado o Serviço Nacional de Informação (SNI). Seu governo é marcado por uma enorme reforma administrativa, eleitoral, bancária, tributária, habitacional e agrária. Criou-se o Cruzeiro Novo, o Banco Central, Banco Nacional da Habitação e o Instituto Nacional da Previdência Social (INPS). Criou-se também o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.

Em outubro de 1965 foi assinado o ato institucional nŠ2, ampliando o controle do Executivo sobre o Legislativo, extinguindo os partidos políticos – inaugurando o bipartidarismo no Brasil. De um lado o partido governista a ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e, de outro lado, a oposição, reunida no MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Este mesmo ato determinou que as eleições para presidente seriam diretas.

Em fevereiro de 1966 foi decretado o ato institucional nº 3 estabelecendo eleições indiretas para governador e para os municípios considerados de “segurança nacional”, incluindo todas as capitais. Em 1967, mediante o ato institucional nº4, foi promulgada uma nova Constituição. Nela mantinha-se o princípio federativo e os princípios dos atos institucionais – eleições indiretas para presidente e governadores.

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A Constituição fortalecia os poderes presidenciais, permitindo ao presidente decretar estado de sítio, efetivar intervenção federal nos Estados, decretar recesso no Congresso Nacional, legislar por decretos e cassar ou suspender os direitos políticos. Antes de deixar a presidência, Castello Branco instituiu a Lei de Segurança Nacional, sendo um conjunto de normas que regulamentava todas as atividades sociais, estabelecendo severa punições aos transgressores.

Governo do marechal Costa e Silva ( 1967/1969)

Fazia parte da chamada “linha dura” – setor do Exército que exigia medidas mais enérgicas e repressivas para manter a ordem social e política.

Em seu governo, no ano de 1967, formou-se a Frente Ampla, grupo de oposição ao regime militar – liderada por Carlos Lacerda e JK. A Frente exigia a anistia política, eleições diretas em todos os níveis e a convocação de uma Assembléia Constituinte.

As agitações internacionais de 1968 tornou a esquerda mais radical, defendendo a luta armada para a redemocratização do país. O movimento estudantil crescia e exigia democracia.

Da mesma forma, os grupos de direita também se radicalizavam. O assassinato do estudante Edson Luís pela polícia, na Guanabara, provocou um enorme ato de protesto – a passeata dos cem mil. Em dezembro de 1968, o deputado pelo MDB, Márcio Moreira Alves fez um pesado discurso e atacando as Forças Armadas.

O ministro da Justiça, Gama e Silva, procurou processar o deputado; porém o Congresso garantiu a imunidade do parlamentar. Como resposta, Costa e Silva decretou o ato institucional nŠ5 – o mais violento de todos. Pelo AI-5 estabeleceu-se, entre outros: o fechamento do Legislativo pelo presidente da República, a suspensão dos direitos políticos e garantias constitucionais, inclusive a do habeas-corpus; intervenção federal nos estados e municípios.

Através do AI-5 as manifestações foram duramente reprimidas, provocando o fechamento total do regime militar. Segundo o historiador Boris Fausto: “Um dos muitos aspectos trágicos do AI-5 consistiu no fato de que reforçou a tese dos grupos de luta armada.” Semelhante tese transformou-se em realidade com a eleição (indireta) de um novo presidente – Emílio Garrastazu Médici –pois Costa e Silva sofreu um derrame cerebral.

Governo do general Médici ( 1969/1974)

Período mais repressivo de todo regime militar, onde a tortura e repressão atingiram os extremos, bem como a censura aos meios de comunicação. O pretexto foi a intensificação da luta armada contra o regime.

A luta armada no Brasil assumiu a forma de guerra de guerrilha (influenciada pela revolução cubana, pela guerra do Vietnã e a revolução chinesa). Os focos de guerrilha no Brasil foram: na serra do Caparaó, em Minas Gerais – destruído pela rápida ação do governo federal; um outro foco foi no vale do Ribeira, em São Paulo, chefiado pelo ex-capitão Carlos Lamarca – foco também reprimido pelo governo rapidamente.

O principal foco guerrilheiro foi no Araguaia, no Pará. Seus participantes eram ligados ao Partido Comunista do Brasil e conseguiram apoio da população local. O modelo teórico dos guerrilheiros seguia as propostas de Mao Tsé-tung. O foco, descoberto em 1972, foi destruído em 1975. Ao lado da guerrilha rural, desenvolveu-se também a guerrilha urbana.

Seu principal organizador foi Carlos Marighella, líder da Aliança de Libertação Nacional. Para combater a guerrilha urbana o governo federal sofisticou seu sistema de informação com os DOI-CODI (Destacamento de Operação e Informações-Centro de Operações de Defesa Interna), que destruíram os grupos de guerrilha da extrema esquerda. Os DOIs-CODIs tinham na tortura uma prática corriqueira.

O MILAGRE ECONÔMICO

Período do governo Médici de grande crescimento econômico e dos projetos de grandes impactos (como a Transamazônica e o Movimento Brasileiro de Alfabetização-MOBRAL), em razão do ingresso maciço de capital estrangeiro.

Houve uma expansão do crédito, ampliando o padrão de consumo do país e gerando uma onda de ufanismo, como no slogan “este é um país que vai prá frente”. O regime utiliza este período de otimismo para ocultar a repressão política – aproveita-se inclusive das conquistas esportivas da década de 70, como o tricampeonato de futebol.

O ideólogo do “milagre” foi o economista Delfim Netto usando como atrativo ao capital estrangeiro as baixas taxas de juros utilizadas no mercado internacional. No entanto, a modernização e o crescimento econômico brasileiro não beneficiou as camadas pobres. No período do “milagre” as taxas de mortalidade infantil subiram e, segundo estimativas do Banco Mundial, no ano de 1975 70 milhões de brasileiros eram desnutridos.

O governo do general Ernesto Geisel (1974/79)

O presidente Geisel tomou posse sob a promessa do retorno ‘a democracia de forma “lenta, gradual e segura”. Seu governo marca o início do processo de abertura política.

Em novembro de 1974 houve eleições parlamentares e o resultado foi uma expressiva vitória do MDB. Preocupado com as eleições municipais, no dia 1Š de julho de 1976 foi aprovada a Lei Falcão, que estabelecia normas gerias para a campanha eleitoral através do sistema de radiodifusão: exibição da fotografia do candidato, sua legenda e seu número. Apresentação do nome e seu currículo. Semelhantes regras forçava o candidato a conquistar o voto no contato direto com o eleitor.

No dia 1º de abril de 1977, o presidente – utilizando o AI-5 – decretou o recesso do Congresso Nacional. Foi promulgando, então, o pacote de abril, estabelecendo mandato de seis anos para presidente da República, manutenção das eleições indiretas para governador, diminuição da representação dos estados mais populosos no Congresso Nacional e criada a reserva de um terço das vagas do Senado para nomes indicados pelo governo (senador biônico).

Embora a censura aos meios de comunicação tenha diminuído o regime continuava fechada e a repressão existia. Como exemplo, a

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morte do jornalista da TV Cultura, Vladimir Herzog, nas dependências do DOI-CODI paulista (1975) e o “suicídio” do operário Manuel Fiel Filho em 1976.

O ano de 1977 foi muito agitado politicamente – em razão da crise mundial do petróleo – resultando em cassações de mandatos e diversas manifestações estudantis em todo o país. No ano de 1978 houve uma greve de metalúrgicos no ABC paulista, sob a liderança de Luís Inácio da Silva, o Lula. No final de seu governo, Geisel revogou o AI-5.

O governo do general Figueiredo ( 1979/1985)

Durante o governo de João Baptista Figueiredo houve fortes pressões, da sociedade civil, que exigiam o retorno ao estado de direito, uma anistia política, justiça social e a convocação de uma Assembléia Constituinte.

Em março de 1979, uma greve de metalúrgicos no ABC paulista mobilizou cerca de 180 mil manifestantes; em abril de 1981, uma nova greve, que mobilizou 330 mil operários, por 41 dias. Neste contexto é que se destaca o líder sindical Luís Inácio da Silva – Lula. A UNE reorganizou-se no ano de 1979 e, neste mesmo ano, o presidente Figueiredo aprovou a Lei da Anistia – que beneficiava exclusivamente os presos políticos. Alguns exilados puderam voltar ao país.

Ainda em 1979 foi extinto o bipartidarismo, forçando uma reforma partidária. Desta reforma surgiram o PSD (Partido Social Democrático), herdeiro da antiga Arena; o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), composto por políticos do antigo MDB; o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), controlado por Ivete Vargas e formado por setores da antiga ARENA; PDT (Partido Democrático Trabalhista), fundado por Leonel Brizola e PT (Partido dos Trabalhadores), com propostas socialistas. Em 1983 a sociedade civil participou intensamente do movimento das Diretas-já.

Em 1984 foi apresentada a Emenda Dante de Oliveira, que propunha o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República. A emenda foi rejeitada pelo Congresso Nacional.

No ano de 1985, em eleições pelo Colégio Eleitoral, o candidato da oposição- Tancredo Neves derrotou o candidato da situação – Paulo Maluf. Tancredo Neves não chegou a tomar posse – devido a problemas de saúde veio a falecer em 21 de abril de 1985. O vicepresidente, José Sarney assumiu a presidência, iniciando um período conhecido como Nova República.

A Nova República

Governo de José Sarney (1985/1990)O mandato de José Sarney foi marcado pelos altos índices inflacionários e pela existência de vários planos econômicos: Plano Cruzado (1986), Plano Bresser (1987) e Plano Verão (1989).

O plano de maior repercussão foi o Plano Cruzado, que, procurando conter a inflação determinou: congelamento de todos os preços por um ano; abono salarial de 8%, e reajustados após um ano, ou quando a inflação atingisse 20%; extinção da correção monetária e o cruzeiro perdia três zeros e passava ser chamado de cruzado.

Por ser um governo de transição democrática, importantes avanços políticos ocorreram, como a convocação de uma Assembléia Constituinte que elaborou e promulgou a Constituição de 1988 – “Constituição Cidadã”- que estabeleceu as eleições diretas em todos os níveis; a legalização dos partidos políticos de qualquer tendência; instituição do voto facultativo aos analfabetos, jovens entre 16 e 18 anos e pessoas acima de 70 anos; fim da censura; garantido o direito de greve e a liberdade sindical; ampliação dos direitos trabalhistas; intervenção do Estado nos assuntos econômicos e nacionalismo econômico ao reservar algumas atividades às empresas estatais.

As eleições presidenciais de 1989

Em dezembro de 1989 foram realizadas as primeiras eleições diretas para a Presidência da República desde 1960. Três candidatos destacaram-se na disputa: Fernando Collor de Mello, do pequeno Partido da Renovação Nacional (PRN); Leonel Brizola do Partido Democrático Brasileiro (PDT) e Luís Inácio “Lula” da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT).

A disputa foi para o segundo turno entre Fernando Collor e Lula, cabendo ao primeiro a vitória nas eleições – graças à imagem de “caçador de marajás”, e de uma plataforma de luta contra a corrupção, na modernização do Brasil e de representar os pobres e marginalizados – os “descamisados”.

O governo de Fernando Collor de Mello (1990/92)

Aplicou o plano econômico denominado de Plano Brasil Novo, o qual extinguiu o cruzado novo e retornou o cruzeiro; congelou preços e salários; bloqueio boa parte do dinheiro de aplicações financeiras e de poupanças por 18 meses. Houve grande número de demissões no setor público, redução nas tarifas de importação e um tumultuado processo de privatizações.

No entanto, as denúncias de corrupção envolvendo o alto escalão do governo levou o Congresso a formar uma Comissão Parlamentar de Inquérito. O relatório final da CPI apontou ligações do presidente com Paulo César Farias – amigo pessoal e tesoureiro da campanha presidencial. O envolvimento de Collor no chamado “esquema PC”, que envolvia troca de favores governamentais por dinheiro, gerou o processo de impeachment – ou seja, o afastamento do Presidente da República. Fernando Collor procurou bloquear o processo, porém a população foi às ruas exigindo seu afastamento (“os caras-pintadas”).

O presidente renunciou em 30 de dezembro de 1992, após decisão histórica do Congresso Nacional no dia anterior pelo seu afastamento. O vice-presidente Itamar Franco assumiu o cargo.

O governo de Itamar Franco ( 1992/1995)

Realização de um plebiscito em 1993 que deveria estabelecer qual o regime político (monarquia ou república) e qual a forma de governo (presidencialismo ou parlamentarismo). No dia 21 de abril o resultado do plebiscito confirmou a manutenção da república presidencialista. No aspecto econômico o mais importante foi a aplicação do Plano Real, que buscava combater a inflação e estabilizar a

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economia nacional. O Plano pregava a contenção dos gastos públicos, a privatização de empresas estatais, a redução do consumo mediante o aumento da taxa de juros e maior abertura do mercado aos produtos estrangeiros.

O Plano contribuiu para a queda da inflação e aumento do poder aquisitivo e da capacidade de consumo – em razão da queda dos preços dos produtos face à concorrência estrangeira. A popularidade do Plano Real auxiliou o ministro da Fazenda de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, a vencer as eleições em outubro de 1994.

O governo de Fernando Henrique Cardoso (1995/2002)

Fernando Henrique Cardoso foi o primeiro presidente do Brasil a conseguir uma reeleição– através de uma mudança constitucional. Seus dois mandatos são caracterizados pela aceleração do processo de globalização: a criação do Mercosul e a eliminação das barreiras alfandegárias entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai ( a formação do bloco obedece várias etapas). Em termo de organização social destaque para a questão fundiária do país e a atuação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que, através da ocupação de terras procura agilizar o processo de reforma agrária no país. Os anos de FHC como presidente foram marcados pela hegemonia do neoliberalismo e antigos e urgente problemas nâo foram solucionados, tais como a exclusão social, a imensa concentração fundiária e empresarial, a corrupção e os descasos administrativos, ausência de uma política educacional, desfaçatez na área da saúde e previdência social, a violência urbana, o desemprego, crescimento do subemprego, concentração de rendas e injustiça social... Somente através do conhecimento histórico podemos analisar, entender e transformar a nossa história. Somente ela (a História) pode conscientizar a todos nós, para que juntos – ou individualmente – possamos transformar nossa dura, triste e fascinante realidade...

Exercícios

1) (UFRS)- Considere o modelo econômico brasileiro e suas características intensificadas a partir de 1964:I) internacionalização da economia brasileira.II) Maior presença das multinacionais no sistema produtivo local.III) Exportação de bens manufaturados baratos e importação de equipamento e tecnologia.Quais estâo corretas?a) apenas Ib) apenas IIc) apenas IIId) Apenas I e IIe) I, II e III

2) (FUVEST-SP) Sobre o fim do período militar no Brasil (1964/1985), pode-se afirmar que ocorreu de forma:a) conflituosa, resultando em um rompimento entre as Forças Armadas e os partidos políticos;b) abrupta e inesperada, como na Argentina do general Galtieri;c) negociada, como no Chile, entre o ditador e os partidos na ilegalidade;d) lenta e gradual, como desejavam setores das Forças Armadas;e) sigilosa, entre o presidente Geisel e Tancredo Neves, à revelia do exército e dos partidos.

3) (MOGI-SP) – Assinale a alternativa certa:a) a crise energética da década de 70 não afetou o Brasil com intensidade maior em razão da produção maciça de eletricidade, como também porque o petróleo descoberto na época foi suficiente para cobrir a maior parte de consumo dos derivados do produto;b) a abertura política iniciada no governo Geisel permitiu que se evidenciassem problemas graves no campo social, o que foi demonstrado pelas inúmeras greves de caráter reivindicatório salarial ocorridas a partir daquele governo;c) o governo Figueiredo, dando seqüência à abertura iniciada na gestão presidencial anterior, estabeleceu eleições diretas para preenchimento de todos os cargos do poder executivo a partir de 1982;d) a censura à imprensa foi totalmente abolida a partir do início do governo do general EmílioGarrastazu Médici;e) a extinção do AI-5 colaborou para que a democracia plena fosse adiada indeterminadamente no Brasil.

4) (FGV-SP) – Dos fatos abaixo, qual não teve relação com o movimento das “Diretas-já!” de 1984:a) a eleição direta de José Sarney para a presidência da República;b) a mobilização política da juventude de classe média, que se repetiria com os “carapintadas” anti-Collor alguns anos depois;c) o fortalecimento da candidatura de Tancredo Neves a presidente, ainda que escolhido indiretamente;d) a transformação de uma parte dos políticos que apoiavam a ditadura militar em membros da Frente Liberal, pela cisão dentro do PDS;e) a ampliação da participação político-partidária, inclusive com a formação de partidos novos e o enfraquecimento do regime militar.

5) (UFMS) – No governo de Ernesto Geisel, a chamada abertura democrática iniciou-se com:a) a introdução do voto vinculado;b) o término da intervenção nos sindicatos;c) a revogação do ato institucional nº5;d) a concessão do direito de voto aos analfabetos; e) a volta dos exilados políticos de 1964.

6) (FATEC) – Sobre o governo do presidente Itamar Franco, considere as seguintes afirmações:I-Embora os graves problemas sociais e econômicos continuassem a exigir providências, o grande debate político dava-se em torno da definição das futuras candidaturas para presidente da República;II- Após a realização do plebiscito que decidiu sobre o regime e a forma de governo que deveriam vigorar no País, a revisão constitucional (questão de fundamental importância) não foi adiante;III- A culminância da atuação do Ministério da Fazenda deu-se com a implantação de um novo plano econômico: o Plano Real. Tratava-se de um conjunto de medidas que deveriam estabilizar a moeda e promover a estabilidade da economia.

Destas afirmações.a) apenas a II é a III são corretas;b) apenas a I é a II são corretas;c) apenas I é III são corretas;d) apenas I é correta;e) todas são corretas 

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Respostas1) E 2) D 3) B 4) A 5) C 6) E

Questões Sociais na República Velha

A República Velha possuía algumas questões sociais que inibiam o desenvolvimento do país, como: as oligarquias, a educação, a saúde, e o trabalho. As Oligarquias são grupos estaduais que queriam o predomínio na direção dos negócios públicos. A economia brasileira era baseada na exportação do café, e as oligarquias rurais mono-exportadoras reivindicavam autonomia política e mais incentivo para a classe. As terras eram imensos latifúndios controlados por poderosos fazendeiros que detinham todas as instâncias da autoridade local. O sistema patriarcal era o dominante, havendo absoluta obediência ao chefe local, materializado na política pela figura do coronel. O coronelismo é um fenômeno político-eleitoral que ocorre na instância municipal ou micro-regional. O poder político das oligarquias agrárias se sustentava no controle do voto da população rural e nas máquinas eleitorais (coronéis).                           No início da Primeira República, os ideais estabelecidos para o novo regime e a autonomia constitucional adquirida pelas unidades federadas não aconteceram de fato. A República do ponto de vista cultural e pedagógico, não vingou: foi uma revolução que abortou e que, contentando-se com a mudança do regime não teve o pensamento ou a decisão de realizar uma renovação intelectual das elites culturais e políticas, necessárias às novas instituições democráticas.

A educação nesse período coube ao grupo de elites ilustradas, formadas na tradição iluminista, reproduzindo o modelo europeu, naturalmente observadas as devidas condições, inclusive intelectuais das unidades federadas. Porém, a Igreja Católica que era poderosíssima e exercia sem freios o controle da vida moral e cultural do país, ainda tinha influências no sistema educacional brasileiro.

A saúde era outro problema social principalmente nos grandes centros urbanos.   O movimento sanitarista tornou-se um importante marco no “processo civilizador” de construção do Estado Nacional Brasileiro, e na mudança da relação entre Estado e Sociedade. A população não via com bons olhos a iniciativa dos sanitaristas que queriam acabar com as epidemias que assolavam as periferias das grandes cidades, assim surgindo várias revoltas como a da Vacina. O movimento médico-sanitarista criou uma explicação alternativa para a condição social do país, que tinha nítido contraste com aquela até então corrente entre as elites nacionais, que o “mal do atraso nacional” era o “mal da raça e da miscigenação”.Deste modo, o movimento sanitarista antecipou em larga medida as idéias e percepções de reformas políticas, institucionais e sociais que, no pós-II Guerra Mundial, seriam difundidas sob o signo de “Estado de Bem-Estar Social”. O trabalho foi outra questão social delicada na República Velha, foi durante este período que, começaram a se desenvolver as classes médias urbanas, assim como a classe operária, que cresceu à medida que a industrialização se expandiu. As condições de trabalho eram bastante precárias, pois não havia leis que regulamentassem a relação patrão - empregado. As jornadas de trabalho eram muito longas, não havia férias, nem aposentadoria ou descanso semanal remunerado, não havia proteção para o trabalho de mulheres e crianças, e muitas fábricas tinham o ambiente insalubre.

Os Operários na República Velha

Os operários procuravam se organizar para defender seus interesses, criando associações de auxílio mútuo, fundando jornais e sindicatos. Mesmo com o surgimento do Partido Comunista, dos movimentos grevistas e o anarquismo, a sociedade continuava dominada pelas oligarquias rurais que, ao lado de alguns elementos ligados a indústrias, ocupavam as posições de maior importância política e econômica. Na década de 1920 o movimento tenentista foi à primeira contestação aberta à República Oligárquica. Movidos pelo ideal de salvação nacional e pelo descontentamento dos problemas sociais e políticos os jovens oficiais do Exército, acreditavam que o caminho para salvar o país era sua ascensão ao poder. Assim, terminaram por liderar várias rebeliões começando com a Revolta do Forte de Copacabana em 1922, com a Revolta Paulista de 1924, e com a Coluna Prestes de 1925-27, culminando com a Revolução de 1930. O modernismo um movimento cultural influenciado pelos fatos políticos e econômicos do Brasil e do mundo queria mudanças reais na estrutura política e social do país. Utilizando-se da literatura os modernistas denunciavam os vícios e o social da República Velha. Os movimentos sociais eram tratados pelas autoridades como "caso de polícia", e eles têm em comum a insatisfação com as estruturas político-sociais da República Velha.

Revoltas Tenentistas

Movimentos de insurreição que explodem no Rio de Janeiro, em 1922; em São Paulo, em 1924; e continuam até 1927 com a luta da Coluna Prestes no interior do Brasil. Expressam a insatisfação de setores militares com os governos e a República Velha.

Manifestando os interesses da baixa e média oficialidade, os tenentes tornam-se importante núcleo de oposição às oligarquias e ao sistema republicano vigente. Pregam a moralização da política e a volta das liberdades públicas, defendem o capital nacional e exigem a restauração das forças militares.

Os Dezoito do Forte– Em 1922, o presidente Epitácio Pessoa nomeia um civil para o Ministério da Guerra, o que causa agitação nos quartéis do Rio. A jovem oficialidade contesta a vitória de Artur Bernardes, candidato oficial à Presidência da República. O governo manda fechar o Clube Militar e prender seu presidente, o marechal Hermes da Fonseca. Em 5 de julho, parte da guarnição do Forte de Copacabana rebela-se. O governo manda bombardear o forte e decreta estado de sítio. Após frustradas negociações, 17 militares e um civil deixam o quartel e enfrentam as forças legalistas na praia de Copacabana. Os revoltosos são mortos; só os tenentes Eduardo Gomes e Siqueira Campos sobrevivem. O 5 de Julho de 1924– Dois anos depois, em São Paulo, também em 5 de julho, ocorre nova rebelião. Unidades do Exército e da Força Pública, comandadas pelo general Isidoro Dias Lopes e por Miguel Costa, Joaquim e Juarez Távora, atacam a sede do governo, forçam a fuga do governador e ocupam a cidade. Exigem a renúncia de Artur Bernardes, a convocação de uma Assembléia Constituinte e o voto secreto. Tropas oficiais bombardeiam a capital paulista e os rebeldes retiram-se em 27 de julho. Liderados por Miguel Costa, cruzam o interior e juntam-se ao movimento militar organizado pelo capitão Luís Carlos Prestes.

A COLUNA PRESTES + TENENTISMO

A "Grande Marcha" de 1925 a 27 foi o ponto culminante de um movimento militar, denominado de Tenentismo. Esse movimento armado visava derrubar as oligarquias que dominavam o país e, posterirormente, desenvolver um conjunto de reformas institucionais, com o intuito de eliminar os vícios da República Velha. A organização politica republicana baseava-se na estrutura agrária existente, onde a sociedade rural estava enquadrada política e eleitoralmente pelos mecanismos de mandonismo local, dentro de um sistema marcado pelos currais eleitorais. Dessa maneira, os grupos urbanos estavam marginalizados efetivamente da vida política do país. Apesar de formado por uma minoria da sociedade, as camadas urbanas conheciam um processo constante de crescimento, que havia se acentuado principalmente com a 1° Guerra Mundial. Militares, funcionários públicos, operários, pequenos proprietários e trabalhadores em geral, formavam uma camada média crescente, com direitos políticos garantidos, mas na prática excluída do poder.O descontentamento com tal situação processou-se de diversas maneiras, destacando-se o movimento operário e o tenentismo O movimento tenentista reflete ao mesmo tempo a crise da República Velha e seus tradicionais métodos de manipulação do poder, como também as peculiaridades da instituição militar, melhor definida politicamente desde o governo Floriano Peixoto. Desde o final do século XIX pode-se perceber um movimento no interior do exército promovido pelos militares "florianistas", que consideravam o exército como o

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verdadeiro responsável pela implantação da República no país. Essa tendência reforçou o sentimento de corpo dos militares que, a partir do governo de Prudente de Morais, passaram a ocupar um lugar secundário na política nacional. Sem poder político efetivo, porém organizados dentro de uma instituição centralizada, parte dos militares enxergava a república se corromper pelos políticos civis, que haviam se apropriado do poder. Apesar desse sentimento de corpo e a uma certa oposição a política desenvolvida pelos coronéis, não foi o exército como um todo que participou das rebeliões que ocorreram na década de 20. O movimento armado foi organizado principalmente pelos tenentes e contou com a simpatia e a aprticipação de elementos da baixa oficialidade (sargentos, cabos e soldados) enquanto que a cúpula militar se manteve fiel a "ordem". De uma forma geral considera-se o movimento tenentista como elitizado, na medida em que considera que apenas o exército é capaz de eliminar os vícios da República e dotar o país de uma estrutura política e administrativa moderna. Apesar de terem um padrão de vida igual ao da classe média e em parte refletir o mesmo descontentamento frente ao poder, os tenentes não podem ser considerados como representantes desta camada, primeiro por não pretender organiza-la, segundo por que possuíam um "espírito de corpo", com características bem peculiares, reforçando os intereses intrínsecos desse grupo social. No inicio de abril de 1925, as forças gaúchas comandadas pelo capitão Luís Carlos Prestes se uniam com as tropas que fugiam de São Paulo. Os dois grupos haviam participado das rebeliões do ano anterior, mantiveram focos de resistência e procuravam manter e fortalecer sua organização, para retomar a luta pelo grande ideal: Salvar a Pátria. Depois de convencer os líderes paulistas da possibilidade da vitória contra o governo e as tropas fiéis a ele, Prestes iniciou a longa marcha afastando-se do país. A coluna atravessou o Paraguai no final de abril e voltou ao país através do Mato GrossoDo Mato Grosso, passando por Goiás, a coluna dirigiu-se para o Nordeste, atingindo o Estado do Maranhão no mês de novembro de 1925, chegando logo depois a ameaçar diretamente a cidade de Teresina. Na região nordeste os rebeldes percorreram praticamente todos os estados, chegando a ameaçar efetivamente a cidade de Teresina. Em todos os momentos a maior resistência virá das forças arregimentadas pelos coronéis.As tropas que combateram a Coluna eram bastante diversificadas, mostrando a disposição do governo e dos latifundiários em eliminar esse foco de rebelião. O exército, as policias estaduais, jagunçoa dos coronéis e eventualmente cangaceiros participaram do combate à Coluna Prestes."Nos Estados economicamente poderosos (as oligarquias) constituíam forças policiais organizadas como pequenos exércitos; nos Estados economicamente fracos, armaram os próprios exércitos privados dos latifundiários. Sobre esses dois suportes é que assentou o combate aos revolucionários tenentistas, desde que estes empreenderam a arrancada pelo interior, com a Coluna Prestes ."A grande marcha realizada pela Coluna por vários estados do Brasil não conseguia efetivamente atrair a simpatia da opinião pública; apenas em algumas ocasiões cidades ou grupos de homens apoiaram o movimento e até mesmo passaram a integra-lo. A idéia de que o movimento cresceria em número e em força ao longo da marcha foi se desfazendo durante o trajeto na região nordeste. Num meio físico hostil, ilhada pelo latifúndio, não achou nas massas do interior o apoio necessário e alentador. Apesar dessa significação profunda que adquiriu a Coluna, de ser ela, na expressão dos revolucionários, a chama que mantinha a Revolução, nunca conseguiu mais que uma sensibilização superficial nas grandes massas para as quais dizia voltar-se. Estas não acorreram ao chamado paternal dos "tenentes", não se colocaram sob sua proteção para, juntos, pôr nos eixos uma República que "nascera bem", mas que se "desvirtuara" em meio ao caminho.

A Revolução de 1930 (Resumo)

. Introdução

No fim da década de 1920, os setores que contestavam as instituições da República Velha não tinham possibilidade de êxito: os tenentes, após vários insucessos, estavam marginalizados ou no exí1io; as classes médias urbanas não tinham autonomia para se organizar. Todavia, uma oportunidade abrir-se-ia para esses setores: uma nova divergência entre as oligarquias regionais e o golpe sofrido pelo setor cafeeiro com a crise mundial de 1929.

2. Fatores da Revolução de 1930

• A dissidência regional: a indicação de Júlio Prestes pelo presidente Washington Luís como candidato do governo à Presidência na eleição de 1930, ao que parece, para que sua política de estabilização financeira não fosse interrompida, não foi aceita por Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, presidente do Estado de Minas Gerais. Rompia-se a Política do Café-com-Leite. Antônio Carlos, a fim de enfrentar o governo federal, realizou uma aliança com o Rio Grande do Sul e a Paraíba. No Rio Grande do Sul, o Partido Republicano e o Partido Libertador tinham chegado a um relativo acordo, o que fortalecia o Estado no plano nacional. Ao Rio Grande do Sul foi oferecida a candidatura à Presidência, e à Paraíba, a candidatura à Vice-Presidência. Juntaram-se a eles o Partido Democrático de São Paulo e outras oposições dos Estados, dando origem a uma coligação denominada Aliança Liberal (1929). Dela faziam parte velhos políticos como Borges de Medeiros e Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, e os ex-presidentes Epitácio Pessoa, Artur Bernardes e Venceslau Brás. Foram lançadas as candidaturas de Getúlio Vargas para presidente e de João Pessoa para vice. O programa da Aliança Liberal satisfazia as aspirações dos setores opostos ao cafeeiro, ao proclamar que todos os produtos nacionais deveriam ser incentivados, e não somente o café, cujas valorizações prejudicavam financeiramente o País. Outrossim, pretendendo sensibilizar as classes médias urbanas, o programa defendia as liberdades individuais, o voto secreto, a participação do Poder Judiciário no processo eleitoral, leis trabalhistas e anistia política.Apesar da grande repercussão de sua campanha nos centros urbanos, os candidatos da Aliança Liberal foram derrotados, pois a grande maioria dos Estados alinhava-se com o presidente Washington Luís.

• A crise de 1929: embora seja certo que a crise mundial repercutiu com mais intensidade no Brasil em 1931, é preciso considerar que seus efeitos iniciais já abalavam o setor cafeeiro. Esse fato foi percebido pelos adversários da oligarquia cafeicultora, que nele viram uma oportunidade de derrubá-la.Por outro lado, o setor cafeeiro e o governo federal estavam distanciados por este ter recusado auxílio no início da crise. Os grupos dominantes de São Paulo, embora tivessem marchado com a candidatura de Júlio Prestes, não estavam dispostos a uma luta armada.

3. O movimento

Com a derrota eleitoral, os velhos políticos da Aliança Liberal - como Borges de Medeiros - pretenderam compor-se com os vitoriosos, como geralmente acontecia na República Velha. Mas existia na Aliança uma ala de políticos jovens (Maurício Cardoso, Osvaldo Aranha, Lindolfo Collor, João Neves, Flores da Cunha, Virgílio de Melo Franco e Francisco Campos) que não se conformava com uma situação na qual sua ascensão política permanecia dependente. Portanto, optaram eles pela via armada e, para isso, aproximaram-se dos tenentes, como Juarez Távora, Ricardo Hall e João Alberto. A conspiração sofreu várias oscilações por causa da posição conciliatória dos velhos oligarcas da Aliança Liberal, inclusive do próprio Getúlio Vargas, o que provocou seu esfriamento. Porém, foi alentada pela "degola" de deputados federais eleitos por Minas Gerais e Paraíba (maio de 1930), quebrando a Política dos Governadores e pelo assassinato de João Pessoa (julho de 1930) em Recife, por motivos ligados a problemas locais, mas explorado politicamente pelos conspiradores, e pela adesão do gaúcho Borges de Medeiros, em agosto do mesmo ano. Os tenentes foram aproveitados por sua experiência revolucionária, mas a chefia militar coube ao tenente-coronel Góis Monteiro, elemento de confiança dos políticos gaúchos. No dia 3 de outubro eclodiu a revolta no Rio Grande do Sul, e no dia seguinte, sob a chefia de Juarez Távora, no Nordeste. Dela participavam tropas das milícias estaduais e forças arregimentadas por "coronéis". Das tropas do Exército, várias aderiram ao movimento, algumas mantiveram-se neutras, e poucas resistiram. Em vários Estados os governantes puseram-se em fuga. Quando se esperava um choque de grandes proporções entre as tropas que vinham do Sul e as de São Paulo, o presidente Washington Luís foi deposto, no dia 24, por um grupo de altos oficiais das Forças Armadas, que tinham a intenção de exercer um papel moderador. Formou-se uma Junta Governativa Provisória, intitulada Junta Pacificadora, integrada pelos generais Mena Barreto e Tasso Fragoso, e pelo almirante Isaías Noronha. Após algumas hesitações, a Junta passou o poder para Getúlio Vargas no dia 3 de novembro.

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4. Conclusão

Em 1930, a crise que se configurara ao longo da década atingiu sua culminância: as oligarquias regionais dissidentes optavam pela luta armada, o descontentamento militar ganhava novo alento, as classes médias urbanas, insatisfeitas, constituíam um amplo setor de apoio. Nesse momento, o setor cafeeiro era atingido pelos primeiros efeitos da Crise de 1929 e se distanciava do Governo Federal. Daí a possibilidade de vitória de uma revolução. Portanto, um fator externo - a Crise Mundial de 1929 - combinou-se com o agravamento de contradições internas.O setor cafeeiro continuou representando o papel fundamental na economia do País, mas, com a derrota, perdeu a hegemonia política.A Revolução levou a uma nova composição de equilíbrio entre setores da classe dominante. Não houve uma ruptura no processo histórico, e sim apenas uma acomodação de interesses e uma atualização de instituiçõesNo início dos anos 40, as relações entre o Brasil e os Estados Unidos foram marcadas pela evolução da Segunda Guerra Mundial. De um lado, os Estados Unidos desejavam ter o Brasil como aliado político e militar, e pretendiam instalar bases militares no Nordeste brasileiro, com o objetivo principal de garantir a defesa do continente quanto a uma possível invasão da Alemanha e de seus aliados. O Brasil assumia grande importância estratégica para a defesa do continente. Por sua proximidade relativa com a África, o Nordeste brasileiro se constituía num alvo provável de uma eventual invasão da América do Sul e, ao mesmo tempo, representava um local ideal para a partida de aeronaves que se dirigissem para a África e União Soviética desde o continente americano. A cidade de Natal apresentava grande interesse militar, podendo servir de base de apoio à travessia de aviões do Atlântico Sul e, no caso de uma eventual tentativa de invasão do continente, num ponto estratégico para um possível ataque ao Canal do Panamá. Em 1943, o Presidente norte- americano Roosvelt visita a Base de Natal voltando de Casablanca Por outro lado, a extensão territorial e as riquezas naturais do Brasil conferiam ao país uma importância especial dentre todos os países da América Latina. Pela dimensão de seu território e por sua população o Brasil apresentava condições de liderar os demais países da América do Sul. Essa possibilidade assumia ainda maior relevo diante da indisfarçável simpatia do governo argentino pelas forças do Eixo. Assinatura do Acordo Comercial Brasil - Estados Unidos Roosvelt, sentado, é cumprimentado pelo Ministro da Fazenda Souza Costa ao centro Osvaldo Aranha, então Embaixador do Brasil nos EUA. Cerca de um mês após o ataque japonês a Pearl Harbor, e no momento em que os norte-americanos desenvolviam um intenso esforço diplomático para obter solidariedade dos países latino-americanos aos Aliados, o Presidente argentino, Ramos Castillo declarava à imprensa que seu país não iria à guerra ou promoveria a ruptura de relações diplomáticas com os países do Eixo. Nesse contexto, as relações com o Brasil ganhavam maior significação política para os Estados Unidos. O governo dividia-se em duas correntes: uma delas francamente favorável ao alinhamento do Brasil com os Aliados e outra favorável a uma posição de neutralidade. Na verdade, o segundo grupo acreditava ser possível uma vitória militar da Alemanha, e muitos de seus integrantes nutriam simpatias para com o regime fascista. A primeira corrente era liderada pelo ministro das Relações Exteriores, Osvaldo Aranha. A segunda tinha à frente o Chefe do Estado-Maior da Forças Armadas, General Góis Monteiro. Durante os debates que precederam a tomada de posição brasileira, Góis Monteiro enviou uma carta ao então ministro da Guerra, Eurico Dutra, afirmando que o Brasil estava totalmente despreparado para enfrentar a guerra. A afirmação foi endossada pelo próprio Ministro da Guerra em documento ao Presidente da Republica. Dutra assinalava que o Brasil, no princípio de 1942, não possuía mais do que uma centena de canhões, todos eles sem munição. Dispunha de apenas 40 tanques italianos e 10 norte-americanos, sendo que estes últimos igualmente sem munição. Argumentando com a fragilidade real das Forças Armadas, Dutra propunha o adiamento do rompimento de relações diplomáticas com o Eixo, alegando não ter condições de garantir a integridade territorial do país. O Ministro da Aeronáutica, Salgado Filho, endossava a posição do Ministro da Guerra, lembrando que a Força Aérea Brasileira contava com apenas 27 aparelhos Vultée, de combate. Independente das motivações políticas e ideológicas dos chefes militares e ministros era real o quadro de extrema fragilidade militar. Diante desse quadro, Getúlio Vargas decidiu negociar com os americanos não simplesmente o fornecimento de armamento norte-americano ao Brasil, mas principalmente a concessão de créditos e assistência técnica para implantar as indústrias siderúrgica e bélica no Brasil. Por outro lado, o Conselho de Defesa Nacional dos Estados Unidos manifestava o interesse norte-americano em importar minérios estratégicos do Brasil. Os americanos tinham grande interesse em evitar que o Brasil fornecesse quaisquer minérios e materiais estratégicos aos países do Eixo. Com esse propósito eles assinaram em 1941 um contrato de aquisição de minerais estratégicos, tais como bauxita, berilo, manganês, ferro-níquel, titânio, zircônio, diamantes industriais, quartzo, além de borracha. O presidente norte-americano Franklin Roosvelt e Getúlio Vargas no Rio de Janeiro em 1936 Vargas, por sua vez, propunha aos americanos a troca desses minerais e borracha por créditos e assistência técnica para a aquisição de armamentos e para a implantação de projetos industriais (1). Vários fatores econômicos pesavam a favor da aliança com os Estados Unidos. A Europa conflagrada diminuiria suas importações do Brasil, e ao país, produtor de café e de algumas poucas matérias-primas, restava o grande mercado norte-americano. Em novembro de 1940, 14 países produtores de café e os Estados Unidos assinaram um acordo segundo os americanos se obrigaram a comprar 15,5 milhões de sacas, 9,3 milhões das quais do Brasil (2). Em janeiro de 1942, pouco tempo depois do ataque a Pearl Harbor, realizou-se no Rio de Janeiro, a III ª Reunião de Consultas dos Ministros das Relações Exteriores das Repúblicas Americanas. Ao longo do encontro, os Estados Unidos tentaram obter um documento de rompimento coletivo de relações diplomáticas dos países latino-americanos com o Eixo. A Argentina, contudo, realizava esforços para impedir que o projeto de resolução prosperasse. Finalmente foi aprovada uma resolução recomendando aos países participantes da conferência o rompimento de relações diplomáticas com a Alemanha, Itália e Japão. Na própria noite de encerramento da reunião, alguns países, entre eles o Brasil, anunciaram o rompimento com o Eixo. A Política de Boa Vizinhança de Roosvelt, trouxe ao Brasil diversos artistas norte-americanos. Na foto, Walt Disney, à esquerdae Osvaldo Aranha, à direita No início de 1941, o Congresso dos Estados Unidos havia votado a Lei de Empréstimo e Arrendamento conferindo poderes ao presidente dos EUA para vender, transferir, trocar, arrendar e emprestar armamentos e equipamentos a qualquer país sempre que a defesa dos Estados Unidos assim o exigisse. A lei, conhecida como "Lend and Lease", fora motivada diretamente pela situação da Inglaterra, que em janeiro de 1941 não dispunha de reservas de ouro ou dólares para comprar nos EUA as armas que necessitava para fazer frente ao esforço de guerra contra a Alemanha. Em janeiro de 1942, logo após a III ª Reunião de Consultas, depois de ter rompido relações com o Eixo, Vargas enviou aos Estados Unidos o Ministro da Fazenda Souza Costa para definir os acordos de compras de armas e de concessão de créditos e assistência técnica para a aquisição de tanques, navios anti-submarinos, aviões, armas e munição de todo o tipo, além de recursos e assistência técnica para implantação de indústrias estratégicas no Brasil, particularmente da indústria siderúrgica. Posteriormente foi incluída no acordo a Fábrica Nacional de Motores. (3) O cineasta Orson Welles ao centro foi outro dos artistas norte-americanos a visitar o Brasil Roosvelt valeu-se da cultura para aproximar o Brasil dos Estados UnidosNo lado direito da foto, Lourival Fontes diretor do Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado Novo. Os americanos pressionavam o Brasil a permitir a instalação de bases militares americanas em Belém, Natal e Fernando de Noronha. O Brasil buscava obter o máximo de concessões dos americanos em troca das facilidades militares no Norte e Nordeste e do apoio político brasileiro. No dia 28 de fevereiro, no exato momento em que se ultimavam os acordos econômicos da missão Souza Costa, o Embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Jefferson Caffery, endereçava uma carta a Vargas solicitando, em nome de Roosevelt, permissão para a instalação das bases militares.(4) Finalmente, a três de março de 1942 o Brasil e Estados Unidos assinavam o acordo de Empréstimo e Arrendamento, que fixava em 200 milhões de dólares as importações de armamentos pelo Brasil, com uma redução de 65% nos preços. Foram também assinados acordos sobre as exportações de ferro e borracha para os EUA, sendo que, no segundo caso, envolvendo toda a produção brasileira destinada à exportação em um período de cinco anos. A Política de Boa Vizinhança de Roosvelt trouxe ao Brasil diversos empresários norte-americanos. Na foto, da esquerda para a direita, Nelson Rockfeller, Jefferson Caffery embaixador dos EUA no Brasil e o General Goes Monteiro Outro importante documento firmado entre os dois países após o rompimento de relações do Brasil com o Eixo foi o Convênio Político e Militar, assinado em 23 de maio de 1942. Esse acordo estabelecia bases abrangentes para as relações entre os dois países no quadro de guerra, especialmente sobre o concurso de suas forças militares e econômicas para a defesa do continente (5). O Convênio estabelecia as condições de instalação e operação das bases militares norte-americanas no Brasil. O artigo VIII estabelecia como dever brasileiro promover "a mobilização de sua indústria bélica, inclusive construções navais e aeronáutica".(6) Apesar de constar como obrigação brasileira, o texto na verdade respondia aos interesses do Brasil e ao empenho do

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Governo Vargas de implantar a indústria de base e a indústria bélica no país. O artigo XIII obrigava os Estados Unidos a fornecer ao Brasil não somente material bélico, o que já fora previsto no Acordo de Empréstimo e Arrendamento, mas também "os materiais indispensáveis para o desenvolvimento de suas redes ferroviárias nas zonas possíveis de operação" (7). Roosvelt enviou um escultor ao Brasil para fazer o busto de Getúlio

FEB entra em combate: Soldados da artilharia da Força Expedicionária Brasileira na Itália Em 1941 um avião militar alemão atacou um navio brasileiro no Mediterrâneo, vindo a falecer o comandante e tendo ficado feridos treze tripulantes. Era a primeira agressão alemã a embarcações brasileiras. Algum tempo depois o navio brasileiro Santa Clara desaparecia próximo às ilhas Bermudas, em condições de bom tempo, o que gerou suspeitas de que havia sido afundado por um submarino alemão. Contudo, foi no ano seguinte, logo após o rompimento das relações diplomáticas entre o Brasil e os países do Eixo, que teve início uma longa série de ataques de submarinos alemães à marinha mercante brasileira.

OS ATAQUES DOS SUBMARINOS ALEMÃES: Em 15 de fevereiro de 1942 o Buarque, um navio de cinco mil toneladas, foi afundado pelo submarino alemão U 432. Todos os tripulantes e passageiros se salvaram, exceto um passageiro português que faleceu de ataque cardíaco. Três dias depois, em 18 de fevereiro, o navio mercante Olinda era afundado por um submarino alemão. O comandante do navio brasileiro foi obrigado a subir a bordo do submarino para ser interrogado. Poucos dias mais tarde, em 25 de fevereiro, o submarino italiano Leonardo da Vinci atacava o navio brasileiro Cabedelo, nas costas das Antilhas. Toda tripulação desapareceu. Em 6 de março o submarino alemão U 155 afundou o navio mercante Arabutan, tendo falecido um tripulante durante o ataque. Em 8 de março outro navio brasileiro era atingido: o Cairu. Apesar de todos os passageiros terem sido embarcados em quatro baleeiras, apenas um foi resgatado no dia seguinte. Os outros foram levados por uma corrente para alto mar e muitos dos tripulantes e passageiros morreram congelados, antes de serem resgatados. Em 1º de maio de 1942, outro navio, o Parnaíba, foi afundado pelo submarino alemão U 162, perecendo sete pessoas. Em 20 de maio era a vez do navio Comandante Lira, registrando-se a morte de dois tripulantes. Em 24 de maio outro navio, o Gonçalves Dias era afundado com a perda de seis homens.

O U-507 ATACA NAVIOS DE PASSAGEIROS: Em quinze de agosto o navio de passageiros Baependi, que navegava desarmado de Salvador para Recife, foi afundado pelo submarino U-507. Levava 73 tripulantes e 232 passageiros. Entre eles estavam 140 militares que iriam servir em Recife. 55 tripulantes e 214 passageiros morreram no ataque. Na mesma noite, o U-507 atacou outros dois navios de passageiros. Em apenas cinco minutos, o Araraquara, que também partira de Salvador com destino a Maceió, naufragou perecendo 66 de 74 tripulantes e 65 dos 68 passageiros. Pouco tempo depois o U-507 afundou o navio Aníbal Benévolo, que partira igualmente de Salvador com destino a Aracajú. A embarcação afundou em apenas dois minutos, morrendo 67 dos 71 tripulantes. Os 83 passageiros estavam dormindo e pereceram todos. Na fatídica noite de 15 de agosto, o U-507 havia causado a morte de 550 pessoas, sendo que a grande maioria era composta de passageiros da navegação costeira. A opinião pública do país foi tomada de revolta e consternação. Dois dias depois, o mesmo U-507 afundava o Itagiba, navio que ia do Rio a Recife. Nove tripulantes e trinta passageiros pereceram. No mesmo dia o submarino alemão continuava sua jornada assassina e afundando o Arará, um pequeno veleiro de oitenta e seis toneladas que viajava de Salvador para Santos carregado de ferro velho. Morreram vinte tripulantes. Em 19 de agosto, a fúria do U-507 continuava a se manifestar: uma pequena barcaça de oitenta e nove toneladas foi afundada, sem que houvesse vítimas (1). A opinião pública se indignava com os ataques e se comovia com a tragédia de tantas vidas humanas perdidas. A cada navio afundado mais brasileiros tomavam partido contra a Alemanha, e saiam às ruas em manifestações, exigindo do Governo a declaração de guerra ao Eixo. Estudantes ligados à União Nacional dos Estudantes fazem encenaçãocontra os nazistas. Finalmente, diante do clamor popular, Getúlio Vargas reconheceu o estado de beligerância em 22 de agosto de 1942. Nove dias mais tarde, em 31 do mesmo mês, o Brasil declarava guerra aos países do Eixo. Getúlio reunido com seu Ministério logo após a declaração de guerra ao Eixo em 1942 Em dezembro de 1942 Getúlio afirmava em um discurso que a participação do Brasil na guerra não deveria se limitar ao fornecimento de materiais estratégicos aos países aliados e que uma ação militar fora do continente americano deveria ser considerada. Vargas ressaltava ainda que o país não deveria se limitar ao envio de "contingentes simbólicos".(2) Dias após o pronunciamento de Getúlio, o Ministro da Guerra, Eurico Dutra enviou ao presidente brasileiro um memorando sobre a constituição de uma força especial com o propósito de lutar em solo europeu. Essa força seria constituída de cinco divisões totalizando cem mil homens. Dessa forma, em 9 de agosto de 1943, foi constituída a Força Expedicionária Brasileira - FEB. Ela contou com a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, além de outros organismos de apoio. Em fins de 1943, ficou estabelecido que as forças brasileiras lutariam na Itália. O General João Batista Mascarenhas de Morais foi convidado para comandar as tropas. Em 1º de junho de 1944 embarcava para a Itália o primeiro contingente militar brasileiro. A bordo do no navio norte-americano General Mann, as tropas seguiam sob o comando do General Euclides Zenóbio da Costa, totalizando 5.075 homens. Em 22 de setembro, seguiam para os campos de batalha outros 5.075 homens, sob o comando do General Osvaldo Cordeiro de Farias. O 3º Escalão embarcou no mesmo dia em outro navio, totalizando 5.239 soldados e oficiais. Finalmente, em 8 de fevereiro de 1945 seguiram os últimos 5082 homens. Em 23 de novembro seguiram mais 4.691 combatentes. Em outubro de 1944 cerca de 400 homens da Força Aérea Brasileira seguiram para a Europa, sob o comando do Major Nero Moura. Assim sendo, a FEB envolveu um efetivo de vinte e cinco mil homens, representando uma divisão. O primeiro Escalão brasileiro integrou-se ao IV corpo do V Exército norte-americano cuja missão era destruir a chamada Linha Gótica, formada principalmente por forças alemãs. A linha atravessa a região da cadeia de montanhas dos Apeninos e terminava no mar Adriático. As posições alemãs estavam situadas em fortalezas no alto de montanhas íngremes, propiciando assim uma visão privilegiada do palco dos combates para as forças alemãs e italianas. Elas totalizavam vinte e oito divisões, sendo que apenas duas eram italianas. Em 15 de setembro de 1944 a participação brasileira na guerra na Europa teve início. Sob o comando do General Zenóbio da Costa, as forças brasileiras obtiveram suas primeiras vitórias em 16, 18 e 26 de setembro, com a ocupação de Massarosa, Camiore e a tomada do Monte Prano. A 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária foi então transferida para o Vale do Reno, onde participou do ataque a Monte Castelo, a 987 metros de altura. Entre 24 de novembro e 12 de dezembro as forças brasileiras atacaram as posições fortificadas alemães, sem êxito. Cento e quarenta e cinco soldados brasileiros pereceram nos ataques. Em 19 de fevereiro de 1945 os ataques recomeçaram. Dessa vez os brasileiros estavam acompanhados da 10ª Divisão de Montanha norte-americana. Participaram dos combates o 1º Regimento de Infantaria além da Força Aérea Brasileira e de forças de artilharia. Os planos de ataque foram elaborados pelo então Tenente-Coronel Humberto Castelo Branco. Soldados alemães presos por soldados brasileiros da FEB. Em 19 de fevereiro de 1945 os ataques recomeçaram. Dessa vez os brasileiros estavam acompanhados da 10ª Divisão de Montanha norte-americana. Participaram dos combates o 1º Regimento de Infantaria além da Força Aérea Brasileira e de forças de artilharia. Os planos de ataque foram elaborados pelo então Tenente-Coronel Humberto Castelo Branco. Dois dias depois de iniciados os combates, Monte Castelo foi conquistada. Três dias outra localidade, La Serra era libertada das mãos dos alemães.Em 5 de março, forças brasileiras e norte-americanas tomaram Castelnuovo. Em abril de 1945, as forças brasileiras integraram-se à Operação Primavera que cobriu todo o norte da Itália. Em 14 de abril duas divisões norte-americanas atacaram Vergato e Tole, enquanto a divisão brasileira conquistou Montese, e a partir daí diversas outras localidades. Em 8 de maio, a Segunda Guerra Mundial terminava no território europeu. Ao todo, quatrocentos e cinqüenta e quatro integrantes da FEB perderam suas vidas na campanha da Itália.

AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS DE 1824 A 1988

1824: Outorgada (tornada pública) pelo imperador D. Pedro I. Fortaleceu o poder pessoal do imperador com a criação do quarto poder (moderador), que permitia ao soberano intervir, com funções fiscalizadoras, em assuntos próprios dos poderes Legislativo e Judiciário. Províncias passam a ser governadas por presidentes nomeados pelo imperador. Estabeleceu eleições indiretas e censitárias (homens livres, proprietários e condicionados ao seu nível de renda). 1891: Promulgada pelo Congresso Constitucional , elegeu indiretamente para a Presidência da República o marechal Deodoro da Fonseca. Instituiu o presidencialismo, eleições diretas para a Câmara e o

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Senado e mandato presidencial de quatro anos. Estabeleceu o voto universal, não-obrigatório e não-secreto; ficavam excluídos das eleições os menores de 21 anos, as mulheres, os analfabetos, os soldados e os religiosos. 1934: Promulgada pela Assembléia Constituinte no primeiro governo de Getúlio Vargas. Instituiu a obrigatoriedade do voto e tornou-o secreto; ampliou o direito de voto para mulheres e cidadãos de no mínimo 18 anos de idade. Continuaram fora do jogo democrático os analfabetos, os soldados e os religiosos. Para dar maior confiabilidade aos pleitos, foi criada a Justiça Eleitoral. Instituiu o salário mínimo, a jornada de trabalho de oito horas, o repouso semanal e as férias anuais remunerados e a indenização por dispensa sem justa causa. Sindicatos e associações profissionais passaram a ser reconhecidos, com o direito de funcionar autonomamente. 1937: Outorgada (concedida) no governo Getúlio Vargas. Instituiu o regime ditatorial do Estado Novo: a pena de morte, a suspensão de imunidades parlamentares, a prisão e o exílio de opositores. Suprimiu a liberdade partidária e extinguiu a independência dos poderes e a autonomia federativa. Governadores e prefeitos passaram a ser nomeados pelo presidente, cuja eleição também seria indireta. Vargas, porém, permaneceu no poder, sem aprovação de sua continuidade, até 1945. 1946: Promulgada no governo de Eurico Gaspar Dutra, após o período do Estado Novo, restabeleceu os direitos individuais e extinguiu a censura e a pena de morte. Instituiu eleições diretas para presidente da República, com mandato de cinco anos. Restabeleceu o direito de greve e o direito à estabilidade de emprego após 10 anos de serviço. Retomou a independência dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e a autonomia dos estados e municípios. Retomou o direito de voto obrigatório e universal, sendo excluídos os menores de 18 anos, os analfabetos, os soldados e os religiosos. 1988: Retomada do pleno estado de direito democrático após o período militar. Ampliação e fortalecimento das garantias dos direitos individuais e das liberdades públicas. Retomada do regime representativo, presidencialista e federativo. Destaque para a defesa do meio ambiente e do patrimônio cultural da nação. Garantia do direito de voto aos analfabetos e aos maiores de 16 anos (opcional) em eleições livres e diretas, para todos os níveis, com voto universal, secreto e obrigatório. Reformas Constitucionais 1961: Adoção do parlamentarismo. 1963: Volta ao presidencialismo. 1964-1967: Com o golpe de Estado e até 1967, são decretados quatro atos institucionais que permitem ao governo legislar sobre qualquer assunto. É instituída, entre outras coisas, a Lei de Greve e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS); decretam-se o fim da estabilidade no emprego, as eleições indiretas para presidente da República e governadores de estados. O Poder Judiciário torna-se mais dependente do Executivo. São extintos os partidos políticos e é criado o bipartidarismo. 1967: Uma Carta constitucional institucionaliza o regime militar de 1964. Mantêm-se os atos institucionais promulgados entre 1964 e 1967. Fica restringida a autonomia dos estados. O presidente da República pode expedir decretos-leis sobre segurança nacional e assuntos financeiros sem submetê-los previamente à apreciação do Congresso. As eleições presidenciais permanecem indiretas, com voto descoberto. 1968: Ato Institucional nº.5 Suspensão da Constituição. Poderes absolutos do presidente: fechar o Congresso, legislar sem impedimento, reabrir cassações, demissões e demais punições sumários, sem possibilidade de apreciação judicial. 1969: Nova emenda constitucional, que passou a ser chamada de Constituição de 1969. Foi promulgada pelo general Emílio Garrastazu Médici (escolhido para presidente da República por oficiais de altas patentes das três Armas e com ratificação pelo Congresso Nacional, convocado somente para aceitar as decisões do Alto Comando militar). Incorporou o Ato Institucional nº. 5. Mandava punir a todos que ofendessem a Lei de Segurança Nacional. Extinguiu a inviolabilidade dos mandatos dos parlamentares e instituiu a censura aos seus pronunciamentos. Suspendeu a eleição direta para governadores, marcada para o ano seguinte. 1979: Reforma da Constituição de 1969, em que é revogado o AI-5 e outros atos que conflitavam com o texto constitucional.Quanto às medidas de emergência, o presidente poderia determiná-las, dependendo apenas da consulta a um conselho constitucional, composto pelo presidente da República, pelo vice-presidente, pelos presidentes do Senado e da Câmara, pelo ministro da Justiça e por um ministro representando as Forças Armadas. O estado de sítio só poderia ser decretado com a aprovação do Congresso.

1. “Jean de Léry, em seu livro Viagem à terra do Brasil, fala do estranhamento que os tupinambás tinham com relação ao interesse dos europeus pelo pau-brasil: “Uma vez um velho perguntoume:Por que vindes vós outros, mairs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir (...). Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? – Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar, e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados.”In: LÉRY, Jean de. Viagem à terra do Brasil. Belo Horizonte, Ed. Itatiaia, São Paulo, Ed. USP, 1980, p. 168-9.

Com base no seu conhecimento da história das primeiras décadas da colonização do Brasil, coloque V, se for verdadeiro ou F se for falso:( ) Alguns Estados europeus não reconheciam o direito de Portugal sobre a “nova terra” e, dessa forma, empreendiam incursões a fim de disputar a posse das riquezas naturais nela existentes.( ) O pau-brasil, árvore então encontrada em abundância na Floresta Atlântica, era o principal produto brasileiro comercializado na Europa, onde o utilizavam comomatéria-prima nas manufaturas têxteis.( ) Na exploração econômica do pau-brasil, o escambo representou a principal forma de relações comerciais entre europeus e indígenas da América Portuguesa.( ) A exploração do pau-brasil só se tornou economicamente rentável para os portugueses com a introdução da mão-de-obra escrava africana.( ) Tanto franceses como portugueses aproveitavam-se das desavenças entre grupos tribais para a obtenção de homens para o trabalho e para a guerra.( ) A presença de Jean de Léry em solo brasileiro está associada ao episódio da criação da França Austral, momento em que aquela potência expandiu os seus domínios até o extremo sul do continente americano.

2. A produção de açúcar, desenvolvida no Nordeste brasileiro a partir do século XVI,a) priorizou o uso de mão-de-obra indígena, graças ao domínio da técnica de cultivo;b) promoveu a organização de uma sociedade aristocrática, patriarcal e escravista;c) foi financiada por capitais da Coroa e da burguesia lusitana;d) gerou uma economia monocultora e voltada para o mercado interno;e) realizou-se em latifúndios, favorecendo o povoamento do sertão.

3. A respeito da economia e da sociedade no Brasil Colônia, é correto afirmar que:a) no nordeste, a atividade pecuária ficou vinculada ao engenho, utilizando trabalho escravo negro e pouco contribuindo para a colonização do sertão;b) na região das Minas, o surgimento de irmandades ou confrarias, que em geral se organizavam de acordo com linhas raciais definidas, estimulou a arte sacra barroca;c) com o desenvolvimento da economia açucareira, as relações sociais foram adquirindo caráter aberto, favorecendo a mobilidade social de mestiços e homens brancos pobres;d) as missões religiosas formadas pelos jesuítas visavam, através da catequese, preparar os indígenas para viverem integrados à sociedade dos brancos como mão-de-obra escrava.

4. Eram direitos dos donatários:a) fundar vilas, conceder sesmarias e cobrar impostos;b) a redízima, a vintena e a transferência da capitania para outro donatário;c) fundar vilas, a redízima e a transferência da capitania para outro donatário;d) a redízima, a cobrança de impostos e a venda da capitania para qualquer outro nobre;

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e) fundar vilas, a vintena e a venda da capitania para qualquer outro nobre.

5. A economia colonial brasileiraa) possibilitou a comercialização direta dos produtos coloniais brasileiros com vários reinos europeus e vice-reinos coloniais americanos.b) foi a base para a formação e o desenvolvimento da Companhia das Índias Ocidentais, com sede em amsterdã.c) estimulou a produção de açúcar de cana na Europa.d) tem, com a produção do tabaco e a exportação das ervas do sertão, os maiores lucros do período.e) enquadrava-se nos interesses comerciais europeus que geraram a colonização.

6. O “ministério das capacidades” foi nomeado por:a) D. Pedro I b) Padre Feijó c) Araújo Limad) Pedro II e) Evaristo da Veiga

7. .Os movimentos nativistas mais embasados filosoficamente pelas idéias iluministas foram:a) Revolta Beckman e Guerra dos Mascatesb) Guerra dos Emboabas e Revolta de Felipe dos Santosc) Revolta Beckman e Inconfidência Mineirad) Revolta de Felipe dos Santos e Revolução dos Alfaiatese) Inconfidência Mineira e Revolução dos Alfaiates.

8. A Guerra Guaranítica é um episódio da História do Brasil referente a conquista e colonização do:a) Maranhão b) Mato Grosso c) Sul do Brasild) Ceará e) Pará

9. Examinando a transmigração da Família Real para o Brasil pode mos concluir que:I – Foi um ato voluntário e isolado de Portugal, sem vinculação com o contexto político europeu:II – No campo econômico provocou profundas mudanças no Brasil.III – Abriu caminho para soberania nacional.IV – A posição comercial inglesa foi mais favorecida que a dos portugueses.

Com base na análise, assinale a alternativa correta.a) Somente II, III e IV estão corretas.b) Somente II e IV estão corretas.c) Somente III e IV estão corretas.d) Somente I, II e III estão corretas.e) Todas estão corretas.

10. A Missão Saraiva é um fato ligado a nossa política externa como o (a):a) Vaticano b) Uruguai c) Inglaterra d) Argentina e) Peru11. A política de Rui Barbosa, conhecida como "Encilhamento” , favoreceu:a) o desenvolvimento das artes em geral;b) a educação escolar básicac) a primeira crise econômica do governo republicanod) a aprimoramento das relações da Igreja com o Estado;e) o estabelecimento do governo provisório.

12. O primeiro presidente civil da República foi:a)Hermes da fonseca b)Deodoro da Fonsecac)Floriano Peixoto d)Prudente de Moraise)Campos Sales

13. A modernização, da cidade do Rio de Janeiro pelo prefeito Pereira Passos e a tentativa do higienista Osvaldo Cruz de erradicar a febre amarela e a varíola das terras cariocas são fatos ocorridos no governo de:a)Afonso Pena b)Epitácio Pessoac)Venceslau Brás d)Rodrigues Alvese)Deodoro da Fonseca

14. Proclamada a República do Brasil, formou-se um governo provisório sob a chefia de Deodoro da Fonseca. São episódios desse governo:a)Convênio de Taubaté e Funding Loanb) Grande naturalização e a Revolta da Chibatac) Revolta de Canudos e a Campanha Civilistad)Revolta da Chibata e a Revolução Federalistae)Grande naturalização e o Encilhamento

15. "Façamos a Revolução antes que o povo a faça", foi uma afirmação, nos convulsionados dias de 1930, proferidas por um dos chefes da Aliança Liberal:a)Antônio Carlos de Andradab) Virgílio de Melo e Francoc) João Neves Fontourad) Júlio Prestese)Washington Luís

16. O episódio conhecido com “Os 18 do Forte” marcou:a) começo da Revolução de 1824b) formação da Coluna Prestesc) Rendição de Canudosd) Derrubada da República Velhae) Primeira revolta ligada ao movimento tenentista

17. A chamada Política dos Governadores, instituída a partir do governo de Campos Salles, caracterizava-se por:a) permitir que a escolha do Presidente da República fosse resultado de um consenso entre os governadores;b) tornar os governadores um mero instrumento do poder do Presidente da República;c) fortalecer os governadores como o principal instrumento para garantir a estabilidade política entre as oligarquias regionais;d) tornar os governadores representantes de um federalismo liberal e democrático;

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e) promover, através dos governadores, a desarticulação das oligarquias locais.

18. A Revolução Federalista no Rio Grande do Sul e o levante de Canudos foram dois graves problemas com que se defrontou o governo de:a) Floriano Peixoto b) Campos Sallesc) Prudente de Morais d)Hermes da Fonsecae)Rodrigues Alves.

19. O início da política de valorização do café surge no governo de Rodrigues Alves, durante:a) a Conferência de Itu b) o Funding Loanc)o Convênio de Taubaté d) o Encilhamentoe)a política das Salvações

20. A Primeira Guerra mundial pode ser considerada fator de aceleração do processo econômico brasileiro porque:a) dificultou as importações, originando a “ indústria de substituições”;b) desenvolveu no Brasil uma indústria bélica para abastecer os aliados;c) desenvolveu no Brasil uma indústria de base, com intuito de fornecer máquinas para os países aliados; aumentou as relações comerciais com os países do eixo;d) provocou o desenvolvimento agropecuário no Nordeste para abastecer os Aliados.

21. A política externa da Primeira República, entre 1889 e 1930, é dominada em sua maior parte pela ação do Barão do Rio Branco. A ela encontra-se ligado o “Tratado de Petropólis” , de 1903, garantindo-nos a posse do Acre e a exploração econômica do seguinte produto:a) juta b) petróleo c)borrachad)madeira e)papel

22. A maior parte dos litígios fronteiriços do Brasil, durante a República Velha foi resolvida através:a) da luta armada b) da compra do território contestadoc) do arbitramento d)do plebiscito na área em litígioe) por determinação da ONU

23. A solução para o problema que surgiu entre a Argentina e Brasil sobre a posse da região de Palmas ( oeste de Santa Catarina), no início deste século, foi feita por:a)ação militar do executivo brasileiro que venceu as forças argentinas;b)arbitramento do presidente norte-americano Grover Cleveland que deu ganho de causa ao Brasil;c)trocas territoriais decididas por diplomatas de ambos os países;d) divisão da área entre as duas nações, decidida pelo árbitro suíço Walter Hauser;e)pagamento de indenização do governo brasileiro ao argentino após negociações diplomáticas.

24. A Aliança Liberal” defendendo o lema “ Representação e Justiça”, apresentou na campanha pela sucessão presidencial a chapa formada por:a) Nilo Peçanha – J. Seabrab) Hermes da Fonseca – Venceslau Brásc) Afonso Pena – Nilo Peçanhad) Washington Luís – Melo Vianae) Getúlio Vargas – João Pessoa

25. Sobre a Constituição de 1937, outorgada por Getúlio Vargas, que, através dela, institui o Estado Nacional, podemos afirmar que:a) separou o Estado da Igrejab) Aboliu o cargo de Vice Presidente da Repúblicac) Permitiu o voto das mulheresd) Estabeleceu o voto secretoe) Denominou-se constituição da mandioca

26. A implantação do estado Novo no Brasil significa:a)proscrição do Partido Comunistab) a consolidação do Integralismoc)a vinculação da política externa brasileira ao eixo Roma-Berlimd)uma vitória pessoal do presidente Getúlio Vargase)a extinção do federalismo republicano.

27. Entre as iniciativas de Getúlio Vargas em 1930, destaca-se a criação do:a) Programa de Integração Socialb) Departamento Nacional de Telecomunicaçõesc) Ministério da Indústria, Comércio e Trabalhod) Instituto Nacional de Previdência Sociale) Partido Trabalhista Brasileiro

28. De um ponto de vista externo, a queda de Vargas em 1945 está vinculada:a)à queda dos regimes totalitários fascistas no fim da Segunda Guerra Mundial;b)às pressões dos Estados Unidos da América, interessados em governos democráticos em todo o continente;c)ao apoio dado pela Forças Armadas dos EUA aos militares brasileiros, responsáveis pela queda do ditador gaúcho;d)à perda de prestígio internacional, já que o ditador apoiava os regimes totalitários da Itália e da Alemanha;e)às ligações econômicas, políticas e ideológicas entre o governo brasileiro e as potências do eixo.

29. O “Manifesto dos Mineiros” (1943), que contou com a assinatura de Milton Campos, Pedro Aleixo e Magalhães Pinto, entre outros foi uma:a)manifestação contrária ao esquerdismo na política brasileira;b)posição assumida pelo empresariado contra o imperialismo norte americano;c)denúncia contra a influência da Ação Integralista Brasileira;d)demonstração de apoio ao governo de Getúlio Vargas;e)definição de políticos liberais em relação ao Estado Novo;

30. A criação da Petrobrás, monopolizando a prospecção e a refinação de petróleo no Brasil, ocorreu no governo de:a)Juscelino b)João Goulart c)Dutrad)Getúlio Vargas e)Castelo Branco

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31. Dentre as metas prioritárias contidas no plano de governo de Juscelino Kubitchek, podemos citar:a)a integração da indústria básica e a política externa independente;b)a indústria nuclear, à construção naval e a colonização do Oeste;c)a indústria básica, a educação e a liderança brasileira no Terceiro Mundo;d)a construção de Brasília, a indústria Bélica e a integração nacional;e)energia, indústria básica e transportes.

32. O cargo de Presidente do Conselho de Ministros no regime parlamentarista instalado no Brasil em 1961 foi primeiramente exercido por:a) Raul Pila b)Tancredo Neves c)Moura Andraded)Delfim Neto e)Santiago Dantas

33. Ao iniciar a execução do Plano Trienal, plano de combate a inflação e de promoção do desenvolvimento econômico do Brasil, João Goulart tinha á frente do Ministério do Planejamento e Coordenação Econômica:a)Darci Ribeiro b)Delfim Neto C)Celso Furtado d)Roberto Campos e) Santiago Campos

34. O Banco Nacional da Habitação e o Banco Central são criações do governo de:a)João Goulart b)Médici c)Castelo Brancod)Getúlio Vargas e)Geisel

35. A partir de 1964 é meta governamental um amplo desenvolvimento no campo econômico. Para que esse objetivo seja alcançado foram feitos sucessivos planejamentos. O que esteve em execução no governo Médici foi:a)Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG)b)Plano Saltec)Plano Cohend)I Plano Nacional de Desenvolvimento(IPND)e) Plano Qüinqüenal

36. O governo de Médici destacou-se pelas seguintes realizações:a)instalações das hidrelétricas de Furnas e Itaipú;b) criação da Sudam e da Sudene;c) Criação do PIS e do PRORURALd)construção das rodovias Transamazônica e Belém-e)Brasília implantação da indústria naval e desenvolvimento da energia nuclear.

37. Durante o governo de Dutra (1946-1951) são verdadeiras as afirmativas referentes à política externa brasileira, exceto:a) o alinhamento do Brasil com os EUA para a defesa do continente e na luta contra o comunismo;b)a assinatura do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR);c) a assinatura da Carta de Bogotá, da qual resultou a Organização dos Estados Americanos (OEA);d) o rompimento das relações com a URSS;e)política externa independente, visando assumir a liderança entre os países do Terceiro Mundo, sobretudo na América Latina.

38. Durante o governo do Presidente Jânio Quadros forma alteradas as diretrizes da política externa. Essas alterações ficaram conhecidas como:a)política externa independente, com aproximação comercial e cultural dos países africanos, especialmente os de língua portuguesa;b)política externa independente, com aproximação cultural e econômica dos países da Europa Central e Ocidental;c)política externa independente, com aproximação comercial e industrial, dos países comunistas;d) política externa dependente, com definição do pragamatismo econômico sob a direção norte-americanae) política externa dependente, com aproximação comercial e cultural dos países latino-americanos.

39. A abertura de relações diplomáticas com a República Popular da China favorecendo o escoamento de produtos brasileiros para este amplo mercado, assim como a assinatura do Acordo Nuclear Brasil- Alemanha são realizações do governo;a)Castelo Branco b)Costa e Silvac)Médici d)ErnestoGeisel e)Figueiredo

40. Os reis de Portugal D. João I e D. Sebastião pertenceram, respectivamente, às dinastias de:(A) Borgonha e Avis (B) Avis e Bragança(E) Borgonha e Bragança(C) Bragança e Avis (D) Avis e Avis

41. Sobre a expansão marítima portuguesa podemos concluir que:I - Foi iniciada com a conquista de Ceuta.II - Visava fundar colônias de povoamento nas costas africanas.III - O objetivo final seria fundar feitorias em Calicute e expandir a fé cristã.IV- Ficou conhecida como ciclo oriental.Com base na avaliação das afirmativas apresentadas, assinale a alternativa correta:(A) Todas as afirmativas são verdadeiras(B) São verdadeiras as afirmativas I, II e III(C) São verdadeiras as afirmativas I, II e IV(D) São verdadeiras as afirmativas I, III e IV(E) São verdadeiras as afirmativas II, III e IV

42. O principal argumento que defende a tese da intencional idade do Descobrimento do Brasil é:(A) a implantação da Política do Segredo, por parte de Portugal(B) a interpretação histórica da carta de Pero Vaz de Caminha(C) a presença de espanhóis no litoral brasileiro, em 1499(D) a experiência náutica dos comandantes da esquadra de Cabral(E) a modificação da Bula Inter-Coetera para Tratado de Tordesilhas

43. O principal motivo que levou Portugal a implantar o sistema de Capitanias Hereditárias no Brasil foi:(A) carência de recursos financeiros(B) distribuir terras ao excedente populacional português(C) atender às exigências da burguesia mercantil

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(D) centralizar a administração colonial(E) ocupar rapidamente todo o litoral e o interior do Brasil

44. A respeito dos grupos indígenas no Brasil podemos afirmar que:(A) praticavam o suicídio coletivo e foram catequizados nas Missões do litoral(B) organizavam-se em tribos e eram monogâmicos(C) foram empregados na criação do gado e eram politeístas(D) adaptaram-se ao trabalho na lavoura e eram nômades(E) miscigenaram com o homem branco gerando o cafuzo e o grupo tupi era o que habitava a maior parte do nosso litoral

45. Quanto ao tráfico negreiro podemos concluir:I - Foi incentivado pela Coroa portuguesa que recebia 10% do lucroIII - A aguardente, o tabaco e o pau-brasil eram as "moedas" básicas do escambo escravistaIII - A maioria dos negros trazidos da África eram das tribos dos Bantos e dos SudanesesIV - Os navios negreiros eram conhecidos por tumbeiros devido à excessiva mortandade em seu interior

Com base na avaliação das afirmativas apresentadas, assinale a alternativa correta:(A) Todas as afirmativas são verdadeiras(B) São verdadeiras as afirmativas I, II e III(C) São verdadeiras as afirmativas I, II e IV(D) São verdadeiras as afirmativas I, III e IV(E) São verdadeiras as afirmativas II, III e IV

46. Dentre as contribuições do branco português à nossa cultura podemos destacar:(A) couvade e o gosto pelo comércio (D) coivara e caráter paternalista(B) sincretismo religioso e o idioma (D) expansão territorial e a religião católica(E) canoas e o uso do tabaco

47. Dentre as afirmações abaixo assinale a que NÃO está relacionada com a Economia Colonial:(A) a atividade extrativa do pau-brasil não fixou o homem à terra.(B) a empresa açucareira foi a solução encontrada por Portugal para ativar o mercado interno no Brasil.(C) o sistema de PLANTATION incluía dentre outros aspectos a mão de obra escrava indígena ou negra.(D) o ouro descoberto na região das Gerais era do tipo aluvião, logo esgotou-se rapidamente.(E) as drogas do sertão foram coletadas pelos índios aculturados nas Missões do Amazonas.

48. Comparando a estrutura da sociedade da cana-de-açúcar com a da mineração podemos afirmar que:(A) eram muito semelhantes pois ambas adotavam o Plantation.(B) eram diversificadas pois enquanto a da cana adotava o escravismo a da mineração quase não o empregava.(C) eram semelhantes quanto ao aspecto da mobilidade social.(D) eram diversificadas quanto ao acesso mais democrático da mineração.(E) ambas tinham a base escravista e criaram núcleos urbanos.

49. Uma das causas da Inconfidência Mineira foi o (a):(A) adoção do livre cambismo na região das Gerais(B) Alvará de 1701 que restringia a permanência do gado a menos de 10 léguas do litoral(C) proibição da circulação do ouro em pó ou em pepitas(D) criação das Casas de Fundição(E) temor da cobrança dos impostos atrasados

50. Correlacione a coluna da direita com a esquerda.

PERSONAGENS 1. João Ramalho2. Felipe dos Santos 3. Mem de Sá 4. Vilegaignon 5. Estácio de Sá 6. Duarte da Costa 7. CaramuruFATOS HISTÓRICOS

( ) Náufrago português que auxiliou Martim Afonso de Souza a fundar o primeiro núcleo colonizador no Brasil( ) Fundou o Forte de Coligny( ) Governador-geral quando da fundação da França Antártica pelos franceses

(A) 1 - 4 - 6(B) 7 - 5 - 3(C) 7 - 4 – 3(D) 1-5-6(E) 2 - 3 - 5

GABARITO1. V V V F V F, 2. B, 3.B, 4.A, 5.E,6.C, 7.E, 8.C, 9.A, 10. B, 11.C, 12.D, 13.D, 14. E, 15.A, 16.E, 17.C, 18.C, 19.C, 20.A, 21.C, 22.C, 23.B, 24.E, 25.B, 26.D, 27.C, 28.A, 29.A, 30.D, 31.E, 32.B, 33.C, 34.C, 35.D, 36.B, 37.E, 38.C, 39. D, 40.D, 41. D, 42.E, 43.A, 44C, 45.D, 46.D, 47.B, 48.D, 49.E, 50.A,

Entre 1871 e 1914, durante a chamada belle époque, a sociedade européia, liberal e capitalista, passou por uma das fases de maior prosperidade. O desenvolvimento industrial trouxe para boa parte da população um conforto nunca antes experimentado, enquanto a ciência e a técnica abriam possibilidades inimagináveis de comunicação e transporte, com a invenção do telégrafo, do telefone e do automóvel.

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Entretando, as disputas territoriais entre as potências e a má distribuição dos benefícios do progresso entre a população criavam um clima de instabilidade constante. O risco de um confronte iminente pairava no ar. Até que, em 1914, as previsões se confirmaram, com o início da "guerra que ia acabar com todas as guerras", como se constumava dizer na época. Na prática, não foi isso que o mundo assistiu. Outro conflito, maior e ainda mais devastador, iria eclodir 25 anos depois. A expressão Grande Guerra, cunhada para o conflito que pela primeira vez na história envolveu todo o planeta, se justifica pelas proporções que o confronto alcançou, pelo aparato bélico que foi mobilizado e pela destruição devastadora que provocou. As novas armas, fruto do desenvolvimento industrial, e os métodos inéditos empregados nos combates deram aos países capitalistas o poder quase absoluto de matar e destruir. Por volta de 1914, havia motivos de sobra para o acirramento das divergências entre os países europeus. Era grande, por exemplo, a insatisfação entre as nações que tinham chegado tarde à partilha da África e da Ásia; a disputa ostensiva por novos mercados e fontes de matérias-primas envolvia muitos governos imperialistas; e as tensões nacionalistas, acumuladas durante décadas, pareciam prestes a explodir. O que estava em jogo eram interesses estratégicos para vencer a eterna competição pela hegemonia na Europa e no mundo.

Causas do conflito:

A disputa colonial: buscando novos mercados para a venda de seus produtos, os países industrializados entravam em choque pela conquista de colônias na África e na Ásia.A concorrência econômica: cada um dos grandes países industrializados dificultara a expansão econômica do país concorrente. Essa briga econômica foi especialmente intensa entre Inglaterra e Alemanha.A disputa nacionalista: em diversas regiões da Europa surgiram movimentos nacionalistas que pretendiam agrupar sob um mesmo Estado os povos de raízes culturais semelhantes. O nacionalismo exaltado provocava um desejo de expansão territorial.

Movimentos nacionalistas: os interesses da Alemanha, Rússia e França.Entre os principais movimentos nacionalistas que se desenvolveram na Europa no início do século XX, podemos destacar os seguintes:· Pan-eslavismo: buscava a união de todos os povos eslavos da Europa oriental. Era liderado pela Rússia.· Pangermanismo: buscava a expansão da Alemanha através dos territórios ocupados por povos germânicos da Europa central. Era liderado pela Alemanha.· Revanchismo francês: visava desforrar a derrota francesa para a Alemanha em 1870 (Guerra Franco-prussiana) e recuperar os territórios da Alsácia-Lorena, cedidos aos alemães. A situação conflituosa deu origem à chamada paz armada. Como o risco de guerra era bastante grande, as principais potências trataram de estimular a produção de armas e de fortalecer seus exércitos.

A política das alianças:O clima de tensão internacional levou as grandes potências a firmar tratados de alianças com certos países. O objetivo desses tratados era somar forças para enfrentar a potência rival.A Tríplice Aliança: formada por Alemanha, Império Austro-húngaro e Itália.A Tríplice Entente: formada por Inglaterra, França e Rússia.

A explosão da guerra mundial

Assassinato de Francisco Ferdinando (Sarajevo, Bósnia, 28/06/1914): foi o estopim que detonou a Primeira Guerra Mundial, quando as tensões entre os dois blocos de países haviam crescido a um nível insuportável. Principais fases: primeira fase (1914/1915) movimentação de tropas e equilíbrio entre as forças rivais; segunda fase (1915/1917) guerra de trincheiras; terceira fase (1917-1918) entrada dos Estados Unidos, ao lado da França e da Inglaterra, e derrota da Alemanha.

Entrada da Itália – A Itália, membro da Tríplice Aliança, manteve-se neutra até que, em 1915, sob promessa de receber territórios austríacos, entro na guerra ao lado de franceses e ingleses.Saída da Rússia – Com o triunfo da Revolução Russa de 1917, onde os bolcheviques estabeleceram-se no poder, foi assinado um acordo com a Alemanha para oficializar sua retirada do grande conflito. Este acordo chamou-se Tratado de Brest-Litovsk, que impôs duras condições para a Rússia.Entrada dos Estados Unidos – Os norte-americanos tinham muito investimentos nesta guerra com seus amigos aliados (Inglaterra e França). Era preciso garantir o recebimento de tais investimentos. Utilizou-se como pretexto o afundamento do navio “Lusitânia”, que conduzia passageiros norte-americanos.Participação do Brasil – Os alemães, diante da superioridade naval da Inglaterra, resolveram empreender uma guerra submarina sem restrições. Na noite de 3 de abril de 1917, o navio brasileiro “Paraná” foi atacado pelos submarinos alemães perto de Barfleur, na França. O Brasil, presidido por Wenceslau Brás, rompeu as relações com Berlim e revogou sua neutralidade na guerra. Novos navios brasileiros foram afundados. No dia 25 de outubro, quando recebeu a noticia do afundamento do navio “Macau”, o Brasil declarou guerra à Alemanha. Enviou auxilio à esquadra inglesa no policiamento do Atlântico e uma missão médica.

Conseqüências da guerra: a) O aparecimento de novas nações; b) Desmembramento do império Austro- Húngaro; c) A hegemonia do militarismo francês, em decorrência do desarmamento alemão; d) A Inglaterra dividiu sua hegemonia marítima com os Estados Unidos; e) O enriquecimento dos Estados Unidos; f) A depreciação do marco alemão, que baixou à milionésima parte do valor, e a baixa do franco e do dólar; g) O surgimento do fascismo na Itália e do Nazismo na Alemanha. Os "14 Pontos do Presidente Wilson" :Em mensagem enviada ao Congresso americano em 8 de janeiro de 1918, o Presidente Wilson sumariou sua plataforma para a Paz que concebia:1) "acordos públicos, negociados publicamente", ou seja a abolição da diplomacia secreta; 2) liberdade dos mares; 3) eliminação das barriras econômicas entre as nações; 4) limitação dos armamentos nacionais "ao nível mínimo compatível com a segurança"; 5) ajuste imparcial das pretensões coloniais, tendo em vista os interesses dos povos atingidos por elas; 6) evacuação da Rússia; 7) restauração da independência da Bélgica; 8) restituição da Alsácia e da Lorena à França; 9) reajustamento das fronteiras italianas, "seguindo linhas divisórias de nacionalidade claramente reconhecíveis"; 10) desenvolvimento autônomo dos povos da Áutria-Hungria; 11) restauração da Romênia, da Sérvia e do Montenegro, com acesso ao mar para Sérvia; 12) desenvolvimento autônomo dos povos da Turquia, sendo os estreitos que ligam o Mar Negro ao Mediterrâneo "abertos permanentemente"; 13) uma Polônia independente, "habitada por populações indiscutivelmente polonesas" e com acesso para o mar; e 14) uma Liga das Nações, órgão internacional que evitaria novos conflitos atuando como árbitro nas contendas entre os países. Os "14 pontos" não previam nenhuma séria sanção para com os derrotados, abraçando a idéia de uma Paz "sem vencedores nem vencidos". No terreno prático, poucas propostas de Wilson foram aplicadas, pois o desejo de uma "vendetta" por parte da Inglaterra e principalmente da França prevaleceram sobre as intenções americanas.

O Tratado de Versalhes: conjunto de decisões tomadas no palácio de Versalhes no período de 1919 a 1920. As nações vencedoras da guerra, lideradas por Estados Unidos, França e Inglaterra, impuseram duras condições à Alemanha derrotada. O desejo dos alemães de superar as condições humilhantes desse tratado desempenhou papel importante entre as causas da Segunda Guerra Mundial:- Restituir a região da Alsácia-Lorena à França.

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- Ceder outras regiões à Bélgica, à Dinamarca e à Polônia ( corredor polonês).- Ceder todas as colônias.- Entregar quase todos seu navios mercantes à França, à Inglaterra e à Bélgica.- Pagar uma enorme indenização em dinheiro aos paises vencedores.- Reduzir o poderio militar de seus exércitos limitados a 100 mil voluntários, sendo proibida de possuir aviação militar, submarinos, artilharia pesada e tanques, e o recrutamento militar foi proibido.- Considerada a grande culpada pela guerra. A formação da Liga das Nações: em 28 de abril de 1919, a Conferência de Pás de Versalhes aprovou a criação da Liga das Nações, com a missão de agir como mediadora nos casos de conflito internacional, preservando a paz mundial. Entretanto, sem a participação de países importantes como os Estados Unidos, União Soviética e Alemanha, a liga revelou-se um organismo impotente.A ascensão econômica dos Estados Unidos no pós-guerra: os Estados unidos alcançaram significativo desenvolvimento econômico através da exportação de produtos industrializados. A Europa tornou-se dependente dos produtos americanos.

Causas

A Segunda guerra mundial pode ser entendida a partir das relações internacionais, do imperialismo, do crescimento do nacionalismo e do desenvolvimento da indústria bélica. Com a crise mundial de 1929, o nacionalismo cresceu, bem como a extrema direita (os regimes totalitários).

Política expansionista

Na Alemanha, com a implantação do III Reich, o Tratado de Versalhes foi desrespeitado, levando a reorganização das Forças Armadas e ao desenvolvimento da produção de armamentos. Iniciava-se então a política de expansão territorial – proclamando a necessidade de que toda a raça germânica (considerada a superior). A expansão alemã iniciou-se em 1938 com o Anschluss, ou seja, a união da Áustria e da Alemanha. Em seguida foi anexada a região dos Sudetos ( Tchecoslováquia ). A ocupação da região foi aprovada pela Conferência de Munique ( Alemanha, Itália, França e Inglaterra). Em 1939 a Alemanha realiza um acordo com Itália e Japão – surgindo assim o EIXO ( Roma, Berlim, Tóquio). Já o governo fascista da Itália conquistou a Abissínia (Etiópia) e a Albânia.No extremo oriente, o Japão anexava a Manchúria e outras regiões da China

Política de apaziguamentoEnquanto os países do EIXO realizavam a expansão territorial, e colocando em risco a paz mundial, a Liga das Nações, a França e Inglaterra limitavam-se à pequenas reprimendas – procurando evitar a guerra. No entanto, a ausência de medidas mais duras só contribuíam para o fortalecimento do EIXO.

Política de neutralidadePostura internacional adotada pelos Estados Unidos da América – muito mais preocupados em solucionar os efeitos internos da crise de 1929 – que não interferiram nas relações políticas da Europa até a guerra começar.

Política de isolamentoA União Soviética encontrava-se isolada nas relações- e decisões – políticas, pelo fato do regime comunista, imposto desde 1917. A URSS ainda acreditava que a política do apaziguamento servia para jogar a Alemanha contra ela ( exemplificada na Conferência de Munique ). Procurando romper seu isolamento a URSS assinou um pacto de não-agressão com a Alemanha. Este pacto, denominado Ribbentrop-Molotov, atendia aos interesses da URSS, livrando-a ( inicialmente) de uma agressão alemã e conseguindo maior tempo para se preparar; beneficiava a Alemanha que evitava uma guerra em duas frentes (oriental e ocidental). Porém, tanto comunistas quanto nazistas sabiam que o tratado teria curta duração. Garantida a neutralidade da URSS a Alemanha, em 1Š de setembro de 1939 invadiu a Polônia, iniciando a Segunda Guerra.

A Guerra civil espanholaUm outro fator da Segunda Guerra foi a Guerra civil espanhola(1936-1939), envolvendo fascistas espanhóis e republicanos. As tensões iniciaram-se em 1931 com a abdicação do rei Afonso XIII, em virtude das pressões sociais, que exigiam uma república. Com a abdicação, instalou-se uma república de caráter liberal. A nascente república espanhola passa por graves problemas políticos – reação da antiga elite dominante, anticlericalismo acentuado, autonomismo regionais (como o caso do País Basco e Catalunha) e crescimento dos movimentos populares. Neste contexto surge um grupo conservador, de extrema direita, com aspectos fascistas – a Falange. Nas eleições de 1936, a Frente Popular – frente anti-fascista composta por liberais, socialistas, anarquistas e comunistas – venceu e procurou efetivar um conjunto de reformas sociais. Em 18 de julho do mesmo ano, o general Francisco Franco iniciou uma revolta contra a república. Contou com o apóio da Falange, dos latifundiários, da Igreja e da classe média urbana. A Guerra civil espanhola foi extremamente violenta e contou com a participação internacional. A Frente Popular recebe apoio da União Soviética e da Brigadas Internacionais (compostas por pessoas de diversos países); já a Falange conta com o apóio da Alemanha, Itália e Portugal. A ajuda da Itália e Alemanha foi decisiva para a vitória de Franco, iniciando-se na Espanha um Estado de características fascista- o Franquismo.

Fases da guerraA primeira fase da guerra foi marcada pela vitória do EIXO – de 1939 a 1941. A Alemanha adotou a Blitzkrieg – “guerra-relâmpago”- tática de operação combinanda (naval,aérea e terrestre). A Alemanha ocupou a Polônia, Dinamarca, Noruega, Holanda, Bélgica e França. A França, após a invasão, ficou dividida em duas áreas: uma zona de ocupação pelos nazistas e uma zona “livre”- governada pelos simpatizantes do nazismo. Em agosto de 1940 iniciou-se o ataque a Grã-Bretanha, neutralizada pela ação da RAF (força aérea britânica). Em 1941 o EIXO recebeu apoio da Hungria, Romênia e Bulgária, houve a ocupação da Iugoslávia e da Grécia. No mesmo ano houve o desembarque da Afrikakorps (comandada por Rommel) com o objetivo de conquistar o canal de Suez. Entre os anos de 1941 a 1943 houve um período de equilíbrio entre as forças na guerra. Em junho de 1941 a Alemanha deu início à Operação Barbarossa – a invasão da União Soviética. A ofensiva nazista, inicialmente, foi vitoriosa. Em dezembro de 1941, o Japão durante seu expansionismo pela Ásia, atacou Pearl Habor – fato que marca a entrada dos EUA no conflito.Entre 1943 e 1945 a guerra é marcada pela vitória das forças contrárias ao EIXO. A Batalha de Stalingrado, vencida pelos comunistas, marca o início da derrocada dos nazistas; em 1944 inicia-se a Operação Overlord (Dia D) e o desembarque dos aliados na Normandia. A Itália já havia se retirado do conflito em julho de 1943. O Japão cede em 1945 após os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagazaki.

As consequências da guerraA Segunda Guerra provocou um desenvolvimento da indústria bélica e um grande número de mortes: a União Soviética teve 20 milhões de mortos; 6 milhões de alemães; 1,2 milhões de mortos japoneses; e o extermínio de judeus, nos campos de concentração chegou a cerca de 7 milhões de vítimas. Outra consequência foi a reunião dos aliados e da União Soviética, procurando reorganizar o mapa político alterado pela guerra. As conferências e suas principais decisões foram: Conferência do Cairo- Realizada ainda durante a guerra (1943), reuniu Churchill (Grã-Bretanha), Roosevelt (EUA) e Chang Kai-chek (China) que discutiram o mapa da Ásia – alterado pelo

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Japão. Conferência de Teerã- Dezembro de 1943 que reuniu Churchill, Roosevelt e Stalin (União Soviética). Selaram a decisão do Dia D , formularam a criação de organismo internacional para preservar a paz mundial e decidiram dividir a Alemanha em zonqas de influência. Conferência de Ialta- Com a participação de Churchill, Roosevelt e Stalin que confirmaram a divisão da Alemanha e dividiram a Coréia em zonas de influência: o Sul controlado pelos EUA e o Norte pela União Soviética. Conferência de Potsdam- Participação de Clement Attlee (Grã-Bretanha), Harry Truman (EUA) e Stalin. Efetivou a divisão da Alemanha em zonas de influência, a criação de um tribunal para julgar os crimes nazistas (Tribunal de Nuremberg) e estipulado uma indenização de 20 bilhões de doláres à Inglaterra, URSS, França e EUA. Outras conseqüências:A criação da ONU; O Plano Marshall, plano de ajuda econômica dos EUA para recuperar a economia européia. A nação que quisesse receber a ajuda deveria combater- internamente-o avanço das idéias comunistas; A Guerra Fria, um conflito ideológico entre o capitalismo- sob a liderança dos EUA – e o comunismo, liderado pela União Soviética. A Guerra Fria foi inaugurada pela Doutrina Truman, que justificava uma intervenção militar para evitar que os comunistas chegassem ao poder em qualquer país. Por conta guerra fria foi criada, em 1949, a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e em 1955 firmado o Pacto de Varsóvia- bloco militar dos países comunistas. O primeiro conflito da Guerra Fria foi a Guerra da Coréia (1950/53) quando a URSS ajudou a Coréia do Norte a invadir a Coréia do Sul, auxiliada pelos EUA.Houve ainda o processo de descolonização da Ásia e da África.

EXERCÍCIOS

1)(UNITAU) – O fato concreto que desencadeou a Segunda Guerra Mundial foi:a) a saída dos invasores alemães do território dos Sudetos, na Checoslováquiab) a tomada do “corredor polonês” que desembocava na cidade-livre de Dantizg (atual Gdansk), pelos italianos; c) a invasão da Polônia por tropas nazistas e a ação da Inglaterra eda França em socorro de sua aliada, declarando guerra ao Terceiro Reichd) a efetivação do “Anschluss”, que desmembrou a Áustria da Alemanha; e) a invasão da Polônia por tropas alemãs, quebrando o Pacto Germano-Soviético.

2) (UFRN) – Em relação à Segunda Guerra Mundial, é correto afirmar que:a) Hitler empreendeu uma implacável perseguição aos judeus, que resultou na morte de seis milhões de pessoas; b) Os norte-americanos permaneceram neutros na guerra até 1941, quando bombardearam Hiroshima e Nagasakic) de Gaulle foi o chefe do governo de Vichyd) com o ataque alemão a Pearl Habor, os norte-americanos resolveram entrar na guerrae) a Crise de 1929 nada teve a ver com a Segunda Guerra Mundial.

3) (Objetivo)- Assinale a alternativa errada no contexto da Segunda Guerra Mundial:a) A anexação da Albânia pelas tropas fascistas italianasb) A invasão, pelos japoneses, de regiões chinesas de grande importância econômica;c) A anexação da região dos Sudetos, na Tchecoslováquia, pelos alemães;d) A vitória alemã na batalha de Stalingrado, que consolidou a hegemonia nazista;e) A crise do Corredor Polonês, que culminou com a invasão da Polônia por tropas nazistas.

4) (UNIP) – O plano Marshall, assinado em abril de 1948 pelo presidente Truman:a) isolou completamente os Estados Unidos da Europa, através do congelamento dos empréstimos que o país havia feito aos aliados durante a Segunda Guerra Mundialb) proposto pelo general George Marshall, chefe do Estado-Maior do Exército norte-americano, visava recuperar a economia interna dos Estados Unidos, abalada pela Guerra do Pacíficoc) foi criado com a finalidade de reconstruir os países comunistas abalados pela Grande Guerra de 1939 a 1945d) deu ênfase inicial ao fornecimento de alimentos, rações para animais e fertilizantes, com o objetivo de aumentar a produtividade agrícolae) destinou recursos financeiros aos países europeus de pequeno porte, tendo em vista que a França, Inglaterra, Alemanha e Itália eram nações altamente desenvolvidas.

Respostas :1) C 2) A 3) D 4) D