História da Língua Portuguesa - Português do Brasil

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  • 7/25/2019 Histria da Lngua Portuguesa - Portugus do Brasil

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    A vibrante final de palavra admite variao de pronncia no PB, podendo ocorrer como vibrantesimples [r], fricativa [x], aspirada [h], ou ainda ser suprimida, enquanto em PE ocorre sempre comovibrante tap, [)], embora no estilo coloquial possa tambm ser suprimida.

    PB PE

    senhor amar senhor amarsenho[r] ama[r] senho[)] ama[)]senho[x] ama[x]senho[h] ama[h]senho[] ama[]

    As sibilantes em final de slaba e de palavra mantm-se como [s] e [z] no PB] e pronunciam-se comopalatais [*] e [+]em PE.

    PB PEmesmo [z] mesmo [+]peste [s] peste [*]meninos [s] meninos [*]

    No PB verifica-se a introduo de um [i] epenttico entre duas consoantes que, em Portugus, noformam habitualmente grupo, enquanto em PE as duas consoantes se mantm em sequncia.

    PB PEcaptura cap[i]tura captura [pt]absurdo ab[i]surdo absurdo [bs]pneu p[i]neu pneu [pn]

    Construes com gerndio:

    O PB apresenta construes com gerndio ao passo que o PE apresenta quase sempre construescom infinitivo:

    Progressivo:

    PB PEestava brincando estava a brincarvinha correndo vinha a correrestado namorando estava a namorar

    Predicado secundrio:

    PB PEpassou um ano ouvindo passou um ano a ouvirvoc v duas crianas brincando voc v duas crianas a brincar

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    Em construes que exprimem a distncia temporal, o PB utiliza os verbos fazere terquando o PEusa o verbo haver. Alm desta diferena de nvel lexical, nota-se tambm uma distino lxico-semntica, utilizando o PB estruturas inexistentes em PE.

    PB PE

    Ele est em Parisfaztrs anos. Ele est em Paris htrs anos.Ele se licenciou temdois meses. Ele se licenciou hdois meses.Ele casou. No levou dois anos e teve um filho. Ele casou e dois anos depois teve logo um filho.O Paulo parte para Roma em quinze dias. O Paulo parte para Roma dentro de quinze dias.

    O verbo tere haver tm uso diferente em PB e PE com o significado de existir:

    PB PE

    Temfogo naquela casa. Hfogo naquela casa.No baile tinhamuitos homens bonitos. No baile haviamuitos homens bonitos.

    Em PB habitual, antes de possessivo pr-nominal, a ausncia de artigo, enquanto em PE estsempre presente.

    PB PE

    Vou comprar meuvestido. Vou comprar o meuvestido.

    Certas construes com predicados como (ser) bom, (ser) natural implicam a utilizao do modoindicativo em PB e conjuntivo em PE. Pelo contrrio, em construes com verbos como supor,imaginar, o PB pode usar o conjuntivo e o PE o indicativo.

    PB PE

    Pena que ele no chegoua tempo. pena que ele no tenhachegado a tempo.Bom que j estdurando h dois anos. bom que j dureh dois anos.Imaginemos que hoje sejadomingo. Imaginemos que hoje domingo.

    3. Evolues especficas do Portugus falado no Brasil:

    3.1. Sujeito Nulo e Flexo Verbal

    Dentro do conjunto de mudanas sintcticas por que estaria a passar o Portugus Brasileiro (PB),refere-se como sendo das mais importantes a evoluo de uma marcao positiva para umamarcao negativa dentro do parmetro prop-drop, [coincidindo] com uma significativa reduo ousimplificao nos paradigmas flexionais.O Portugus Brasileiro, a partir do paradigma flexional de 6 formas previsto pela norma padro,apresenta hoje, na sua realidade oral, 3 paradigmas distintos, resultantes de crescentes processos desimplificao.

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    A distribuio desses trs paradigmas por entre os falantes pode ser caracterizada comocorrespondendo:A geraes mais velhas ou mais novas em contexto formal.B fala das geraes mais jovens e mais velhas em contexto informal.C entre falantes analfabetos ou com baixo nvel de escolarizao.

    Portugus padro Portugus BrasileiroA B C

    Eu amo Eu amo Eu amo Eu amoTu amas Voc ama Voc ama Voc amamVoc / ele /ela ama Ele / ela ama Ele / ela ama Ele /ela amamNs amamos Ns amamos A gente ama A gente amam

    Vs amais Vocs amam Vocs amam Vocs amamVocs / eles / elas amam Eles / elas amam Eles / elas amam Eles/elasamam

    Neste sistema como o crescente no Portugus Brasileiro preserva-se ainda a ocorrncia categrica dosujeito nulo no referencial, isto , como no exemplo 2 (Chove muito durante o inverno).

    3.2. Realizao varivel do Objecto Directo: cltico acusativo, pronome nominativo e objecto nulo

    No Portugus Brasileiro verifica-se um processo de perda do cltico acusativo de 3 pessoa o(s),a(s) dando margem a duas estratgias de preenchimento da posio do objecto directo:

    1) objecto nulo [e]quando o antecedente um SN ou uma orao.Conte aquela piada nova para o Joo. Voc j acontou para ele?Conte aquela piada nova para o Joo. Voc j contou [

    ] para ele?

    2) a utilizao da forma nominativa (ele(s), elas(s)) em funo de acusativo.A Paula est vindo; eu j achamei.A Paula est vindo; eu j chamei ela.

    A opo pelo objecto nulo [e] maioritria quando o antecedente marcado pelo trao semntico [-animado]:

    Eu comprei o dicionrio e emprestei [e] ao Joo.

    A opo pelo uso da forma ele / ela como acusativo mais frequente em estruturas sintcticas emque o antecedente marcado pelo trao semntico [+ animado]:

    Eu no tenho nenhuma queixa contra o professor. Eu acho elemaravilhoso.

    3.3. Colocao dos clticos

    A generalizao do uso da colocao pr-verbal do cltico uma das especificidades do PortugusBrasileiro. A ocorrncia do cltico em posio inicial absoluta o exemplo mais significativo dasmudanas ocorridas no PB:

    Meempreste o seu livro.

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    Eu estava lhecontando a histria.Vamos nosencontrar amanh tarde.

    A colocao ps-verbal do cltico, no tendo sido de todo banida do PB tem o seu uso definidosobretudo por factores de natureza extra-lingustica como falantes com um nvel mais elevado deescolaridade ou de faixa estria mais elevada, e tambm a registos mais formais de comunicao.

    3.4. Estratgias de relativizao

    1) relativa com lacunaEu tenho uma amiga que [e] ptima.

    2) relativa com pronome lembreteEu tenho uma amiga que ela ptima.O vestido que eu sa com ele ontem est sujo.

    3) relativa cortadoraO vestido que eu sa [e] ontem est sujo.

    Em termos sociolingusticos pode-se dizer que a variante cortadora tende a ser implementada, j quea variante com pronome lembrete ainda em certa medida estigmatizada.

    Na Gramtica do Portugus Brasileiro nota-se um enrijecimento da ordem sujeito-verbo-objectoSV(O) que se manifesta tanto nas oraes declarativas quanto nas interrogativas. A frequncia deocorrncia de frases declarativas com a ordem VS cai no Portugus Brasileiro de 42% no sculoXVIII para 21% na actualidade.A mudana mais significativa observa-se nas oraes interrogativas. Nestas, o padro VS, categricono sculo XVIII, amplamente subvertido no Portugus Brasileiro, de modo que actualmente afrequncia do padro SV de mais de 90%.

    Onde o Pedro estuda? (SV) Onde estuda o Pedro? (VS)O que esta cooperativa produz? (SV) Que produz esta cooperativa? (VS)

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