História Da Pós Grad Enfermagem Usp

Rev Esc Enferm USP2005; 39(Esp.):522-34.

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Taka OguissoMaria Alice Tsunechiro

THE UNIVERSITY OF SO PAULO, SCHOOL OF NURSINGS HISTORY OF GRADUATE PROGRAM

HISTORIA DEL PROGRAMA DE POSTGRADO DE LA ESCUELA DE ENFERMERA DELA UNIVERSIDADE DE SO PAULO

Taka Oguisso1, Maria Alice Tsunechiro2

RESUMOO estudo trata da histria dacriao e desenvolvimento doprograma de ps-graduao naEscola de Enfermagem daUniversidade de So Paulo e aparticipao das primeirasorientadoras, desde a instalao docurso de mestrado em 1973. Asfontes de pesquisa foram osdocumentos e registros existentesna secretaria da Ps-Graduao,publicaes, alm da memria vivade alguns docentes. Soapresentadas as transformaesocorridas como a criao doscursos de doutorado, o aumentodas reas de concentrao e aexpanso para outras instituiesfora do Estado de So Paulo e aidentificao nominal dasdoutoras pioneiras e as que estasformaram, dando origem segundagerao de doutores que, por suavez, formaram mestres e doutoresda terceira gerao e assimsucessivamente, constituindo-seem verdadeira rvore genealgicade mestres e doutores.

DESCRITORESHistria da enfermagem.Educao de ps-graduaoem enfermagem.Escolas de enfermagem(histria)

ABSTRACTIt reports the history of creationand development of the graduateprogram at this School, as well asparticipation the first group ofadvisers, since the creation of themasters course in 1973. Researchsources were documents and dataregistration at the GraduatePrograms secretariat, publica-tions, and also the living memoryof some faculty members.Evolutions occurred with thecreation of the doctoral program,the increasing of the study fieldsand its expansion to otherinstitutions outside of the SoPaulo State are presented as wellas the identification of the nurse-pioneers doctors who they for-med giving origin to the secondgeneration of doctors in nursing,who in their turn formed othermasters and doctors of the thirdgeneration, and so successively,conforming a true genealogical treeof masters and doctors

KEY WORDSNursing history.Education, nursing, graduate.School, nursing (history).

RESUMENEl estudio trata de la historia dela creacin y desarrollo delprograma de postgrado de laEscuela de Enfermera de laUniversidad de So Paulo y laparticipacin de las primerasasesoras, desde la instalacin dlPrograma de maestra en 1973.Las fuentes de investigacinfueron los documentos y registrosexistentes en la secretara delPostgrado, publicaciones, ade-ms de la memoria viva de algunosdocentes. Son presentadas lastransformaciones ocurridas comola creacin de los cursos dedoctorado, el aumento de las reasde concentracin y la expansinhacia otras instituciones fuera delEstado de So Paulo y la identi-ficacin nominal de las doctoraspioneras y las que stas formaron,dando origen a la segunda gene-racin de doctores que, a su vez,formaron magsteres y doctoresde la tercera generacin y assucesivamente, constituyndoseen un verdadero rbol genealgicode maestros y doctores.

DESCRIPTORESHistoria de enfermera.Educacin de postgrado enenfermera.Escuelas de enfermera(historia).

Recebido: 11/04/2005Aprovado: 22/06/2005

RELATO D

E PESQ

UISA

Histria da Ps-Graduao na Escola deEnfermagem da Universidade de So Paulo

1 Enfermeira. ProfessoraTitular do Departamento deOrientao Profissional(ENO) da Escola deEnfermagem da Universi-dade de So Paulo (EEUSP)[email protected]

2 Enfermeira. ProfessoraDoutora do Departamentode Enfermagem Materno-Infantil e Psiquitrica (ENP)da EEUSP.


Histria da Ps-Graduao naEscola de Enfermagemda Universidadede So Paulo

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INTRODUO

No evento comemorativo dos 15 anos de Ps-Graduao da Escola de Enfermagem da Universida-de de So Paulo (EEUSP), assim se expressava YorikoKamiyama(1), na ocasio Diretora desta Escola:

a ps-graduao , provavelmente, uma das ex-perincias mais bem sucedidas na histria da Es-cola de Enfermagem, onde sua ao e reflexos seestendem a todas as reas de enfermagem, so-bretudo de ensino, em nvel internacional.

Esta declarao corroborada por outros auto-res(2) que confirmam tambm que o ensino da ps-graduao o nvel mais bem sucedido do sistemade educao brasileiro.

Decorridos trinta anos desde a sua criao em1973, qual teria sido o impacto do Programa de Ps-Graduao da EEUSP na comunidade acadmica ena esfera profissional de sade, em geral, e na enfer-magem, em particular?

Alm de cumprir a exigncia legal de qualifica-o docente para o ensino superior, havia a neces-sidade poltica de atender a essa demanda e facilitaro acesso educao superior nos centros urbanosmais populosos. O Programa de Ps-Graduao vi-nha exatamente atender a exigncia de formaoacadmica daqueles que j estavam vinculados como ensino superior ou pretendiam nele ingressar.Assim, a melhor qualificao de docentes e deprofissionais engajados nos diferentes servios desade deve ter contribudo para formar novas gera-es de profissionais mais competentes e respon-sveis e que deve ter tido reflexos diretos em umaassistncia mais racional, eficaz e satisfatria clientela.

A EEUSP conta uma extensa folha de serviosprestados comunidade acadmica e aos serviosde sade, assim como a outras instituies educaci-onais e assistenciais. A fora do idealismo e da te-nacidade de pioneiras como Edith de MagalhesFraenkel, primeira diretora da EEUSP e Maria RosaSousa Pinheiro, segunda diretora, no tem paralelona histria da enfermagem brasileira e ambas, in-contestavelmente, so reconhecidas como duas desuas maiores lderes.

No incio da dcada de 1980, apenas 8,5% dafora de trabalho em enfermagem era composta deenfermeiros, 6,6% de tcnicos de enfermagem, 21,1%de auxiliares de enfermagem e 63,8% de atendentes,segundo dados do Conselho Federal de Enferma-gem/Associao Brasileira de Enfermagem(3)(COFEN/ABEn). Ora, 25 anos antes, o Levantamen-to de Recursos e Necessidades de Enfermagem(4),

realizado pela mesma ABEn havia identificado situ-ao semelhante com 7,5% de enfermeiros, 21,7%de prticos e auxiliares de enfermagem e parteiras ea grande maioria (70,8%) de atendentes. Na dcadade 1950, a diferena era que a categoria de tcnicosde enfermagem ainda no estava criada. Finalmen-te, aqueles dados comparados com os de 31 de de-zembro de 2003 mostram a evoluo quantitativaocorrida desde a pesquisa da dcada de 1950. Nes-sa data, os nmeros de profissionais com inscriodefinitiva no COFEN, para todo o Brasil, eram de:99.028 enfermeiros, 154.532 tcnicos de enfermageme 454.482 auxiliares de enfermagem, totalizando708.042 profissionais. Os atendentes deixaram deser provisionados, pois os que existiam, passaram categoria de auxiliar de enfermagem, por causa deum projeto nacional de Profissionalizao de Traba-lhadores da rea de Enfermagem PROFAE. Aque-les valores indicam que existem 13,98% de enfermei-ros, 21,83% de tcnicos e 64,19% de auxiliares deenfermagem, formando ainda uma pirmide, mas como pice reforado pelo aumento no nmero de en-fermeiros, que cresceu de 7,5% sobre a populaototal do pessoal de enfermagem na dcada de 1950para 8,5% em 1980 e da para 13,98% em 2003.

Historicamente, no perodo de 1940, os cursosde ps-graduao comearam a surgir na modalida-de de especializao, em distintas reas do conheci-mento de enfermagem, como o da Escola Anna Nerycriado em 1947, que funcionou pouco tempo. Ou-tros programas de ps-graduao tambm foraminterrompidos ou fechados, em geral, por falta derecursos.

Entre os cursos de graduao, a EEUSP surgiuem 1942, e o decreto de sua criao previa dois cur-sos: o normal e a ps-graduao que se destinava intensificao do estudo de uma parte ou da totali-dade de uma ou mais disciplinas do curso normal.Em 1946, as diplomadas pela sua primeira turma fo-ram sendo incorporadas ao quadro docente daEEUSP, sob o compromisso de seguirem um progra-ma de ps-graduao no exterior, com auxliode instituies americanas, como as FundaesRockefeller e Kellogg, alm de outras internacionaiscomo a Organizao Pan-Americana de Sade e oInstituto de Assuntos Interamericanos. At 1953,15 professoras haviam sado para cursos de ps-graduao no exterior(5).

A necessidade de ps-graduao em enferma-gem que j era sentida, foi legalmente reconhecidaem 1949, pois o Decreto 27.426(6), ao regulamentar aLei 775(7) de 1949, que dispunha sobre o ensino deenfermagem no pas, previu no artigo 3o, que almdos dois cursos ordinrios, podem(ou poderiam) sercriados outros de ps-graduao, destinados a am-


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pliar conhecimentos especializados de enfermagemou de administrao, alm de outros quatro artigosque especificavam como deveria ser o ensino e quemeram os destinatrios desses cursos.

Dessa forma, na dcada de 1950, houve a inicia-tiva de criar na Escola de Enfermagem Raquel HadockLobo, atualmente, pertencente Universidade Es-tadual do Rio de Janeiro, um curso de pedagogia edidtica para docentes. Em 1958, quando a direoda EEUSP decidiu planejar o programa de ps-gra-duao, 12 de suas professoras contavam com maisde dez anos de experincia no ensino de suas disci-plinas e nove delas haviam feito ps-graduao nosEstados Unidos. Assim, essa Escola estava capaci-tada e, em 1959, iniciou os cursos de ps-graduaoem Pedagogia e Didtica aplicada Enfermagem eAdministrao de Unidade de Enfermagem, com aju-da da Fundao Kellogg. A procura de programaspara o preparo de administradores, em escolas e noservio determinou a ampliao e a criao de maisdois cursos: Administrao de Ensino de Enferma-gem, em 1962, e Administrao de Servio de Enfer-magem, em 1967. Esses cursos funcionaram comoplos de ps-graduao em enfermagem para o pase para o exterior, at sua extino em 1969, pelaReforma Universitria(8) que determinou a criaodos cursos de ps-graduao stricto sensu(3) eformaram 491 profissionais, incluindo-se, entreeles, 60 enfermeiros procedentes de 15 pases lati-no-americanos(9).

Alm dos prprios enfermeiros sentirem neces-sidade de melhor qualificao para o ensino, as ins-tituies, sobretudo as de ensino de enfermagem,tambm se preocupavam em preparar enfermeiraspara a docncia, mas no havia o mesmo empenhona formao de doutoras ou livre-docentes, talvezporque essa exigncia no estava contida na Lei n.775/1949(7). A aparente despreocupao das enfer-meiras pode ser explicada, tambm, pela legislaodo exerccio profissional da poca a Lei no. 2.604/1955(10) que paralelamente legislao do ensinodava enfermeira, entre outras, a prerrogativa dedireo e ensino em escolas de enfermagem e deauxiliares de enfermagem. Desde a dcada de 1950e, at antes, alguns institutos e universidades (en-tre elas a USP), inspirados no modelo francs, jformavam doutores e livres-docentes em reas es-pecficas do conhecimento.

Na verdade, a instituio de ttulos de mestre edoutor provm da Idade Mdia, quando as univer-sidades foram criadas e, o grau de mestre e o dedoutor eram ttulos de docncia(11). O mestre de ar-tes era a qualificao para o magistrio nas artesliberais e o de doutor para o ensino de teologia,direito e medicina. Ensina a autora(11) que o ttulo

de doutor em medicina designava, portanto, o pro-fessor e no o mdico que exercia a profisso.

A demanda de docentes crescia na dcada de 1960,na medida em que aumentavam os cursos de gra-duao, que somava, em 1961, a 39 escolas, amaioria concentrada nas regies sudeste e sul(12).

A partir de 1964, a Escola de Enfermagem AnnaNery passou a oferecer cursos de Pedagogia e Di-dtica e em Administrao aplicada Enfermagem,assim como a Faculdade de Sade Pblica da USP,e a Fundao Escola Nacional de Sade Pblica noRio de Janeiro, cujos cursos sobre Sade Pblicapreviam a incluso de enfermeiros.

At essa dcada quase todos os cursos eramem nvel de especializao ou aperfeioamento edeixaram de funcionar a partir de 1970, por fora daLei no. 5.540/1968(8) e legislao complementar quefixava normas e funcionamento do ensino superior,mais conhecida como Reforma Universitria e exi-gia redefinio do corpo docente com base na qua-lificao com ttulos de mestre, doutor e livre-do-cente (Parecer CESu 77/1969(13)) e dois nveis deps-graduao: o stricto sensu, com mestrado edoutorado, e o lato sensu, com especializao e aper-feioamento. Na ocasio, o Estatuto da USP come-ou a ser reformulado incorporando tais exignciaspara a docncia e entrou em vigor, em 1970, dandoum prazo at 1972 para que os docentes semtitulao pudessem atender a esse requisito semfreqentar os dois nveis da ps-graduao strictosensu.

Entre as virtudes da Reforma Universitria, almde ampliar a capacidade de investigao das uni-versidades e de seu corpo docente, foram enumera-das, em 2002, as seguintes:

promover a formao de professores competen-tes que pudessem atender expanso quantita-tiva do ensino superior, estimular o desenvolvi-mento da pesquisa por meio de preparao denovos pesquisadores e assegurar o treinamentoeficaz de tcnicos e trabalhadores intelectuaisdo mais alto nvel, para fazer face s necessida-des do desenvolvimento em todos os setores(2).

Nas trs dcadas da ps-graduao, quem par-ticipou do Programa? Quem participou na laborio-sa tarefa de formao dessa gerao de enfermei-ros para trabalhos de ensino e pesquisa? Como aEEUSP contribuiu para essa formao nos ltimostrinta anos? Como tem repercutido nas institui-es de sade a utilizao de profissionais maisbem-qualificados? A produo cientfica de tesese dissertaes de enfermeiros tem contribudo paraa melhoria da assistncia prestada aos usuriosdos servios?



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Evidentemente, nem todas as questes poderoser respondidas de modo cabal neste estudo, poismais pesquisas e estudos sero necessrios na ou-tra ponta da linha, ou seja, sob a tica dos rgosutilizadores desses profissionais, para avaliar o efe-tivo impacto da contribuio, no sentido da quali-dade da assistncia prestada.

No presente estudo pretende-se dar visibilida-de aos atores do Programa de Ps-Graduao daEEUSP, talvez j esquecidos ou desconhecidos pe-las novas geraes de enfermeiros e deixar registrodesses fatos, antes que passem a ser parte de umpassado por demais remoto, prejudicando a trans-parncia das realidades vivenciadas por essas pes-soas. Assim, os objetivos so:

1. Descrever a trajetria histrica da Ps-Graduaode Enfermagem na EEUSP;2. Identificar a populao de enfermeiros(as) parti-cipantes desse programa e, dentro dela, verificarquantas geraes de doutores foram formadas des-de 1973.

METODOLOGIA

As fontes de pesquisa foram os registros exis-tentes na seo de Ps-Graduao da EEUSP sobreos alunos que se titularam por esse Programa e osdocentes que os formaram, relatrios, publicaes,normas legais e outros documentos relativos ao Pro-grama de Ps-Graduao. Outra fonte de dados foia memria viva de alguns docentes que relataramexperincias a respeito de fatos e situaes ocorri-dos no perodo em estudo.

Histria , realmente, a documentao da mem-ria, fortalecida por recursos confiveis e testadapelas regras da lgica e da evidncia. A tarefa dohistoriador, portanto, consiste em achar e avaliar a

evidncia e depois analis-la e interpret-la. Nessecontexto, problemas ou mitos citados por essas au-toras indicam que a boa histria surge de bons fa-tos e que a histria a estria da continuidade ouprogresso, uma tentativa de criar uma linha cont-nua para conectar eventos passados ao presente. Eo historiador precisa voltar ao passado para tentarcompreender eventos, comportamentos e crenasem seu prprio tempo e contexto(14).

Considerando que a historia a estria da con-tinuidade ou conseqncia no presente de fatos pas-sados, o futuro no ser uma simples continuaodo presente, mas ser uma conseqncia deste(1).

RESULTADOS

Em 1970, o fechamento do Programa de Ps-Gra-duao, iniciado em 1959, ensejou a preparao com-pulsria de seu corpo docente de preencher o re-quisito da obteno do grau de doutor. Na verdade,essa obrigatoriedade de qualificao foi sbita, do-lorosa e compulsria, pois o Estatuto da USP

seria reformulado, a EEUSP poderia ser extintase medidas imediatas no fossem tomadas pararomper a cadeia que se formaria e impediria ocrescimento da Escola(5).

De qualquer forma, esse episdio fez com queprofessoras e instrutoras da Escola obtivessem ograu de doutor, defendendo suas teses entre os anosde 1971 e 1972, como era permitido pelo estatutovigente na ocasio.

O Quadro 1 mostra as docentes da EEUSP quese titularam em 1971 e 1972 e no Quadro 2 as do-centes enfermeiras de outras escolas e institui-es que aproveitaram a oportunidade para suatitulao acadmica.

Quadro 1 - Quadro 1 - Quadro 1 - Quadro 1 - Quadro 1 - Primeiras doutoras da Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo, 1971- 1972.

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Quadro 2 - Quadro 2 - Quadro 2 - Quadro 2 - Quadro 2 - Enfermeiras doutoradas pela EEUSP em 1972, vinculadas a outras universidades.

A participao da Professora Wanda deAguiar Horta, detentora do ttulo de Livre-do-cente por concurso na Escola de EnfermagemAnna Nery, ttulo aceito pela USP que o consi-derou equivalente ao da Universidade(3), foi fun-damental na formao das primeiras doutoras deenfermagem na EEUSP, tendo sido a orientadorade cinco das docentes listadas no Quadro 1. AProfessora Leda Ulson Mattos, a primeira a titu-lar-se pela EEUSP, em 1971, pde contribuir nodoutoramento de outra docente. Sendo a primei-ra titulao, a maioria dos orientadores perten-cia a outras unidades da USP, notadamente, aFaculdade de Medicina, Faculdade de Sade P-blica, Faculdade de Educao e Instituto de Ci-ncias Biomdicas.

Algumas dessas docentes tituladas, que jhaviam completado seu tempo de servio, apo-sentaram-se e duas delas, por motivos particula-res, pediram resciso do contrato em 1973 e 1974,no havendo tempo para preparar outras pesso-as. A Professora Circe de Melo Ribeiro, mesmotendo se aposentado em 1978, formou outrasdocentes em nvel de mestrado e, depois, dedoutorado.

As docentes do Quadro 2 aproveitaram a opor-tunidade concedida pela USP para se titularem. Deregresso s suas universidades, conseguiram criarcursos de ps-graduao e ajudaram a formar no-vas geraes de mestres e doutores na enferma-gem, dados a serem estudados posteriormente.

Estudos preliminares para criao do Programade Ps-Graduao, nvel de mestrado, foram inicia-dos em 1970 quando foi novamente solicitada Fundao Kellogg, uma ajuda financeira que foiobtida. A proposta inicial Cmara de Ps-Gradu-ao (CPGr) criava apenas a rea de concentraoem Fundamentos de Enfermagem, que contava coma Professora Doutora Wanda de Aguiar Horta.Aprovado o Programa proposto, iniciou-se o pri-meiro curso em 1o de outubro de 1973. Era o segun-do no Brasil, pois, em agosto de 1972 havia sidoinstalado o primeiro curso de ps-graduao, emnvel de mestrado, na Escola de Enfermagem AnnaNery, no Rio de Janeiro.

Para o primeiro grupo, foram selecionadas 54alunas, sendo 25 auxiliares de ensino da EEUSP. Osegundo grupo, com 32 novas candidatas, 13 daEEUSP, iniciou-se em 1975, com outras reas de con-centrao, com as mesmas caractersticas de Fun-damentos de Enfermagem. As novas reas de con-centrao foram em: Enfermagem Obsttrica eNeonatal, Enfermagem Peditrica, Enfermagem Psi-quitrica e Administrao de Servios de Enferma-gem, aprovadas pela CPGr.

Na poca, a EEUSP estava estruturada em trsDepartamentos - Enfermagem Mdico-Cirrgica(ENC), Enfermagem Materno-Infantil e Psiquitrica(ENP) e de Orientao Profissional (ENO). As reasespecficas como Enfermagem Obsttrica eNeonatal, Enfermagem Peditrica e EnfermagemPsiquitrica vincularam suas prprias docentes, masas docentes que pertenciam a outras especialida-des, acabaram, por fora das circunstncias, vincu-lando-se ou a Fundamentos de Enfermagem, ou Administrao de Enfermagem.

Inicialmente, o Regulamento do Programa esta-belecia trs anos para completar os crditos e cincopara desenvolver a dissertao. As primeiras defe-sas de dissertao tiveram incio em 1975(5).

Em meados de 1976, a Professora Wanda Hortaalertou a Comisso de Ps-Graduao sobre a ne-cessidade de abrir o nvel de doutorado, pois asprofessoras que haviam concludo o mestrado que-riam prosseguir seus estudos, alm de que a Escolacontinuaria ameaada de extino se no houvesseaumento do nmero de doutoras.

Em 1978, foi solicitada CPGr a permisso parainiciar a formao em nvel de doutorado. Ante ainviabilidade de aprovao por insuficincia de mas-sa crtica, e por sugesto da CPGr, a EEUSP uniu-se Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto para ofe-recer em conjunto um nico programa, chamadoInterunidades. Assim, em 1981, foi aprovado o pri-meiro programa de doutoramento em enfermagemda Amrica Latina, credenciado pelo Conselho Fe-deral de Educao em 1986. A relao das docentesda EEUSP formadas por esse Programa na dcadade 1980 so apresentadas no Quadro 3.

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Quadro 3 - Quadro 3 - Quadro 3 - Quadro 3 - Quadro 3 - Doutoras pelo Programa Interunidades, docentes da EEUSP, dcada de 1980.

No Quadro 3, observa-se que a maioria dosorientadores era constituda pelo grupo das douto-ras pioneiras de 1972, com exceo do ProfessorJoel da Silva Camacho, pertencente ao quadro daEEUSP, formado na Pontifcia Universidade Catli-ca de So Paulo, da Professora Tamara IwanowCianciarulo, tambm do quadro, porm doutoradapela Escola de Sociologia e Poltica de So Paulo, aProfessora Yolanda Cintro Forghieri, que era doquadro do Instituto de Psicologia e o Professor NlioParra, da Faculdade de Educao que aceitaram ori-entar as candidatas ao doutorado do ProgramaInterunidades, na EEUSP.

Recorde-se que o nvel de doutorado em Enfer-magem foi aprovado na USP em outubro de 1981 eimplantado a partir de 1982. Nessa ocasio, algu-mas docentes da Escola j estavam vinculadas aoutros programas de doutorado e preferiram conti-nuar onde j estavam engajadas. Posteriormente,outras docentes tambm preferiram obter douto-ramento em outras unidades, dada a especificidadede seus projetos de pesquisa, bem como paraampliar o espectro de estudos e conhecimentos(Quadro 4).

Quadro 4 - Quadro 4 - Quadro 4 - Quadro 4 - Quadro 4 - Outras docentes doutoras (es) da EEUSP formadas fora da Unidade, na dcada de 1980.

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Legenda: Exon. exonerao; resciso resciso contratual; Transf FCF transferncia a pedido para a Faculdade de CinciasFarmacuticas, USP.

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IP Instituto de Psicologia; ICB Instituto de Cincias Biomdicas; FSP Faculdade de Sade Pblica; FCF Faculdade deCincias Farmacuticas; FE Faculdade de Educao; ESPoltica - Escola de Sociologia e Poltica; PUC-SP Pontifcia UniversidadeCatlica de So Paulo


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No final de 1987, desencadeou-se o processo decriao do nvel de doutorado como extenso domestrado na EEUSP, aprovado em 1989, com umanica rea de concentrao em Enfermagem. O pri-meiro grupo para esse Programa foi constitudo porcinco docentes da prpria EEUSP, das quais quatroconcluram e uma pediu desligamento aps um anode curso.

Na dcada de 1990, ocorreram eventos impor-tantes: a ampliao das reas de concentrao e aexpanso para outros Estados.

O Programa de Mestrado aumentou as reas deconcentrao com a Enfermagem em Sade Coleti-va no ano de 1992 sob a responsabilidade do De-partamento de Enfermagem em Sade Coletiva (ENS)e Enfermagem na Sade do Adulto Institucionalizadono ano de 1995, do Departamento ENC. Cabe escla-recer que o Departamento ENS foi criado em feve-reiro de 1987, a partir do desmembramento do De-partamento de Enfermagem Mdico-Cirrgica(ENC)(15).

Em maro de 1992, foi aprovada a expanso doPrograma de PsGraduao, nvel de Doutoradona Escola de Enfermagem da Universidade Federalde Minas Gerais(UFMG), com validade de cincoanos. Para a primeira turma, iniciada em 1992, foramselecionadas seis docentes e, em 1994, mais cincodocentes da UFMG e uma da Universidade Federalde Juiz de Fora (UFJF), tendo titulado 11 doutores eocorrido um desligamento.

Em fevereiro de 1998, iniciou-se o ConvnioMestrado Interinstitucional entre a USP, as Universi-dades Estaduais de Londrina e Maring e a Secreta-ria de Estado da Cincia, Tecnologia e Ensino Superi-or do Estado do Paran rea de Fundamentos deEnfermagem, para capacitao docente dos profes-sores dessas instituies. O Convnio previsto paradurar 30 meses foi prorrogado por seis meses. In-gressaram, por seleo, 15 alunos 10 professoresda Universidade Estadual de Londrina e 5 da Univer-sidade Estadual de Maring. Foram aprovados 14 alu-nos obtendo o ttulo de Mestre em Enfermagem euma aluna foi desligada por no cumprir as exignci-as regimentais at a data limite do Programa.

Destaque-se que o Programa em nvel demestrado foi sucessivamente recredenciado peloConselho Federal de Educao assim como o dou-torado tambm foi credenciado j s vsperas dacomemorao dos 15 anos da Ps-graduao daEEUSP(5).

Em dezembro de 1999, a USP autorizou a criaode mais um Programa de Ps-Graduao strictusensu, em Enfermagem na Sade do Adulto, nos n-

veis de mestrado e doutorado. Este Programa nas-ceu do desmembramento do Programa de Ps-Gra-duao em Enfermagem e fundiu as reas de con-centrao de Fundamentos de Enfermagem e deEnfermagem na Sade do Adulto Institucionalizado.Em 2002, esse ltimo Programa foi recomendado pelaFundao Coordenao de Aperfeioamento dePessoal de Nvel Superior (CAPES)(15).

Com essa reformulao, atualmente, existem doisProgramas de Ps-Graduao: o Programa de Ps-Graduao em Enfermagem (PPGE) sob a responsa-bilidade de trs Departamentos (ENP, ENO e ENS) eo Programa de Ps-Graduao em Enfermagem naSade do Adulto (PROESA) sob a responsabilida-de do Departamento ENC, alm do ProgramaInterunidades de Doutoramento, em parceria com aEscola de Enfermagem de Ribeiro Preto.

O Quadro 5, em anexo, mostra a rvore geneal-gica das primeiras orientadoras da Ps-Graduao,com a gerao de novos mestres e doutores a partirdos doutores pioneiros que ajudaram a criar o pri-meiro Programa de Ps-Graduao da EEUSP, nvelde mestrado, em 1973, orientando um grande nme-ro de enfermeiros. Nesta apresentao, por ques-to de espao, no Quadro 5, a primeira gerao representada pelas doutoras de 1972 que formaramas doutoras do Programa Interunidades (segundagerao), que por sua vez passaram a formar umgrande contingente de novos mestres e doutores(terceira gerao) e j formam a quarta gerao. Soelas: Circe de Melo Ribeiro, Evalda CanadoArantes, Sonia Della Torre Salzano e Wanda Escobarda Silva Freddi. Por exemplo, na rvore de EvaldaCanado Arantes que formou vrios mestres e dou-tores, entre eles, temos a Doutora Maguida CostaStefanelli (segunda gerao), que gerou tambm,um grande nmero de mestres e doutores como aDoutora Dulce Maria Rosa Gualda (terceira gera-o) que, por sua vez, formou outros como a Dou-tora Neide de Souza Praa (quarta gerao), jorientadora do Programa, formando outros pesqui-sadores.

A representao da rvore genealgica dosorientadores da EEUSP que no constam deste tex-to, est feita separadamente e encontra-se dispo-sio, para que orientandos e orientadores possamencontrar-se no quadro.

CONSIDERAES FINAIS

Em suma, os fatos cronolgicos da ps-gradua-o stricto sensu da EEUSP foram marcados pelacriao, em 1973, do Programa de Mestrado; em 1981,pela instalao do primeiro Doutorado, em conjun-



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to com a Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto,da mesma Universidade, finalmente, em 1989, da cri-ao de seu prprio programa de doutorado em En-fermagem e de um segundo programa de ps-gra-duao (mestrado e doutorado) de Enfermagem naSade do Adulto, do Departamento de EnfermagemMdico-Cirrgica (ENC) autorizado pela USP, em1999, e recomendado pela CAPES, em 2002.

Assim, o primeiro grupo de doutoras da EEUSP, de1972, formou novos doutores pelo Programa Inter-unidades, e estes passaram, efetivamente, a gerar ou-tros mestres e doutores de enfermagem, constituindouma verdadeira rvore genealgica com a gerao dedoutores que, por sua vez, passaram a gerar outrosdoutores, multiplicando-se geometricamente a for-mao de titulados e, ao mesmo tempo, prosseguindona carreira acadmica participando de concursos paraalcanar outros ttulos e graus acadmicos como alivre-docncia e o cargo de Professor Titular. Ex-alunos desse Programa, procedentes de outrasuniversidades ou que se transferiram para outros

centros de formao conseguiram criar novos cursosde ps-graduao no Pas e tambm se tornaramlderes de ncleos de pesquisas e centros de estudosem instituies acadmicas e assistenciais(15).

Cabe a homenagem a todos os docentes daEEUSP que impulsionaram a Ps-Graduao em seuincio, enfrentando desafios e a enorme sobrecargade trabalho com o intuito de formar academicamen-te as novas geraes de profissionais e assegurarque a enfermagem constitusse efetivamente umramo da cincia, com suas pesquisas e estudos ci-entficos que hoje merecem o devido respeito ecredibilidade nacional e internacional.

Espera-se que as novas geraes de enfermei-ros e docentes, mais amadurecidos e academicamen-te bem preparados, possam elevar ainda mais a qua-lidade do ensino e a produo cientfica, a fim demelhorar progressivamente a assistncia aos usu-rios dos servios de sade, objetivo final de todasas profisses e profissionais de sade.

REFERNCIAS

(1) Kamiyama Y. Discurso da sesso de instalao. In:Anais do Simpsio 15 anos de ps-graduao naEEUSP: reflexos e perspectivas; 1987 out. 24-25;So Paulo. So Paulo: Escola de Enfermagem da USP;1990. p. 21-4.

(2) Almeida MCP, Rodrigues RAP, Furegato ARF, ScochiCGS. A ps-graduao na Escola de Enfermagem deRibeiro Preto USP: evoluo histrica e sua contri-buio para o desenvolvimento da enfermagem. RevLat Am Enferm 2002; 10(3):276-87.

(3) Conselho Federal de Enfermagem/Associao Brasi-leira de Enfermagem. O exerccio de enfermagem nasinstituies de sade do Brasil. 1982-/1983. Rio deJaneiro: COFEN/ABEn; 1985; 1:65-70.

(4) Associao Brasileira de Enfermagem. Relatrio finaldo levantamento de recursos e necessidades da enfer-magem no Brasil 1956/1958. Braslia; 1980.

(5) Arantes EC. Evoluo da ps-graduao na Escola deEnfermagem da Universidade de So Paulo. In: Anais doSimpsio 15 anos de ps-graduao na EEUSP refle-xos e perspectivas; 1987 out 24-25; So Paulo. SoPaulo: Escola de Enfermagem da USP; 1990. p. 53-7.

(6) Brasil. Decreto n. 27426, de 14 de novembro de 1949.Aprova o regulamento bsico para os cursos de enfer-magem e de auxiliar de enfermagem. In: Ministrio daSade. Fundao Servios de Sade Pblica. Enfer-magem, legislao e assuntos correlatos. 3 ed. Riode Janeiro: Artes Grficas da FSESP; 1974. v. 1,p. 161-72.

(7) Brasil. Lei n. 775, de 6 de agosto de 1949. Dispesobre o ensino de enfermagem no Pas e d outrasprovidncias. In: Ministrio da Sade. Fundao Ser-vios de Sade Pblica. Enfermagem, legislao e as-suntos correlatos. 3 ed. Rio de Janeiro: Artes Grfi-cas da FSESP; 1974. v. 1, p. 154-7.

(8) Brasil. Lei n. 5540, de 28 de novembro de 1968. Fixanormas de organizao e funcionamento do ensinosuperior e sua articulao com escola mdia e d ou-tras providncias. In: Ministrio da Sade. FundaoServios de Sade Pblica. Enfermagem, legislao eassuntos correlatos. 3 ed. Rio de Janeiro: Artes Gr-ficas da FSESP; 1974. v. 2, p. 471-82.

(9) Carvalho AC. Escola de Enfermagem da UniversidadeSo Paulo: resumo histrico: 1942-1980. So Paulo:Escola de Enfermagem da USP; 1980.

(10) Brasil. Lei n. 2.604, de 15 de setembro de 1955.Regula o exerccio da enfermagem profissional. In:Ministrio da Sade. Fundao Servios de SadePblica. Enfermagem, legislao e assuntoscorrelatos. 3 ed. Rio de Janeiro: Artes Grficas daFSESP; 1974. v. 1, p. 177-9.

(11) Alcntara G. Universidades medievais. Rev EscEnferm USP 1975; 9(3):9-19.

(12) Vieira TT. A ps-graduao de enfermagem no Bra-sil. In: Anais do Simpsio 15 anos de ps-gradua-o na EEUSP reflexos e perspectivas, 1987 out.24-25; So Paulo. So Paulo: Escola de Enfermagemda USP; 1990. p. 41-51.

(13) Brasil. Parecer 77/69, CESu, aprovado em 11 defevereiro de 1969. Normas de credenciamento doscursos de ps-graduao. In: Ministrio da Sade.Fundao Servios de Sade Pblica. Enfermagem,legislao e assuntos correlatos. 3 ed. Rio de Janei-ro: Artes Grficas da FSESP; 1974. v. 2, p. 495-9.

(14) Linaugh JL, Reverby S. Thoughts on the nature ofhistory. Nurs Res 1987; 36(1):4-69.

(15) Universidade de So Paulo. Escola de Enfermagem.Sessenta anos da Escola de Enfermagem: uma traje-tria brilhante. So Paulo: EEUSP; 2002.


530


(continua...)

ANEXO

Quadro 5 - Quadro 5 - Quadro 5 - Quadro 5 - Quadro 5 - rvore genealgica das primeiras orientadoras da Ps-Graduao da Escola deEnfermagem da Universidade de So Paulo



531(continua...)

(continuao...)


532


(continuao...)

(continua...)



533(continua...)

(continuao...)


534


Correspondncia:Taka OguissoRua Joo Moura, 192 -Ap. 81 - Jd. Amrica -So Paulo05412-001 - SP

(continuao...)

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História Da Pós Grad Enfermagem Usp