História Das Assembleias De Deus No Brasil - Emílio Conde

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Redigitalizaao para verso DOC por: Levita Digital 14/02/2011

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ApresentaoAfirmou Bismark, certa vez, que o importante no escrever a Histria; indispensvel faz-la. No posso concordar de todo com o chanceler alemo. Embora tivesse ele suas razes, no haveria de ignorar: se hoje sabemos que um poderoso estadista fez histria foi porque algum historiador ps-se a registrar-lhe as faanhas. Sem o peregrino lavor da historiografia, nem memria potentado. Merc de Deus, possumos no somente memria, mas principalmente heris. Por isso houvemos por bem relanar o maior clssico das letras pentecostais de nosso pas. A Histria das Assemblias de Deus no Brasil no propriamente um relato do que fizeram reis, prncipes ou chanceleres. Todos os seus personagens, porm, so nobres: sacrificaram-se a fim de que o Reino de Deus fosse implantado de norte a sul de nosso pas. teramos deste ou de qualquer outro

EMLIO CONDESOUBECOMO RESGATAR NOSSAS MEMRIASNum trabalho onde o jornalista fez-se historiador, o apstolo da imprensa evanglica do Brasil entrou a pesquisar nossas razes. De entrevista em entrevista, reconstituiu os passos de Daniel Berg e Gunnar Vingren. Foi buscar as fontes primrias; falou com quem fez histria; manuseou atas, diplomas e dirios. Em seguida, esmerou-se o historigrafo no mister do historiador.

Com uma linguagem simples, posto que emotiva e bela, Emlio Conde descreve como o gro de mostarda germinou, enflorou-se e ps-se a outonar almas, igrejas, searas e misses. O que parecia uma semente destinada a ser pisada pelos homens, roubada pelas aves de rapina e pelos espinhos sufocada, deitou razes frondando-se como o maior avivamento desde John Wesley e George Whitefield. Uma obra como esta no pode cair no esquecimento. As novas geraes de pentecostais precisam saber como a mensagem do Evangelho integral de Nosso Senhor Jesus Cristo chegou nossa terra. Se de fato ansimos por avivamentos e refrigrios, urge espelharmo-nos em quem fez avivamentos e experimentou refrigrios.Voltemos, pois, s Sagradas Escrituras como a nossa nica regra de f e prtica. Lembremo-nos dos movimentos genuinamente bblicos e cristocntricos entre os quais acha-se a Obra Pentecostal. Tantas vezes tachado de hertico, o pentecostalismo demonstra estar revivendo uma promessa genuinamente bblica. Nenhum telogo de bom senso haver de contest-lo; sua autenticidade doutrinria e histrica atestada pelos profetas e apstolos de Nosso Senhor. Alm disso, a prtica a est para comprovar, a veracidade do que vimos pregando desde os paisfundadores: Jesus Cristo salva, batiza no Esprito Santo, cura as enfermidades, opera maravilhas e em breve haver de buscar os santos. Esta a histria de nossa igreja. No uma histria de reis e imperadores; o relato de homens e mulheres que se deram Obra de Deus e ao Deus da Obra. Enfim, esta a histria de como o Brasil foi transformado na maior nao pentecostal do mundo. E a CPAD, como a editora das Assemblias de Deus, sente-se honrada em resgatar um grande clssico de nossas letras. Na introduo desta obra, o leitor encontrar um relato de como o Evangelho de Cristo foi, pouco a pouco, entranhando-se em nossas terras. um resumo histrico que, iniciando-se com a descoberta do Brasil, culmina com a instaurao do pentecostalismo em

nosso pas nos alvores do sculo XX. A obra de Emlio Conde, propriamente dita, vai da chegada de Daniel Berg e Gunnar Vingren at a dcada de 1960. Embora no seja completa, em virtude da extenso e da complexidade de nossa igreja, uma obra indispensvel a quantos desejam inteirar-se do que o Senhor realizou nos primrdios do pentecostalismo em nosso pas. Foi impossvel a Emlio Conde registrar os nomes de todos os que se esforaram na expanso do Reino de Deus atravs da Obra Pentecostal.As omisses no puderam ser evitadas. Todavia, os nomes de todos os que se deram a esta obra acham-se registrados no Livro da Vida. E nas Bodas do Cordeiro, haveremos de receber nossos galardes. Que este livro inspire as novas geraes a levarem o Evangelho de Cristo at os confins da terra! 1911 2001 No ano do nonagsimo aniversrio de fundao das Assemblias de Deus no Brasil Ronaldo Rodrigues de Souza Diretor Executivo

Introduopor Claudionor Corra de Andrade

A SUGESTO DE PEROVAZ DE CAMINHAQuando da descoberta do Brasil, o escrivo da armada portuguesa, Pero Vaz de Caminha, enviou uma carta a el-rei, narrando-lhe as venturas do novo achado. Parecendo no se entusiasmar com as estranhezas das

possesses americanas, Caminha disse a Dom Manuel, o Venturoso, ser esta a nica coisa que se poderia fazer neste recanto de mundo: dedicar-se salvao dos gentios. Referia-se aos ndios que os foram recepcionar naquele j distante 22 de abril de 1500. Mais adiante, aps demonstrar o seu espanto pelo primitivismo da gente braslica, que "nem sinal de cortesia fizeram, nem de [querer] falar ao capito;nem a ningum", volta a tocar na converso dos ndios: "Parece-me gente de tal inocncia que, se ns entendssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristos, visto que no entendem crena alguma, segundo as aparncias. E bem creio que, se Vossa Alteza aqui mandar quem entre eles mais devagar ande, que todos sero tornados e convertidos ao desejo de Vossa Alteza. E por isso, se algum vier, no deixando logo de vir clrigo para os batizar; porque j ento tero mais conhecimento de nossa f, pelos dois degredados que aqui entre eles ficam, os quais hoje tambm comungaram".

A SUGESTO QUE NO FOI DEVIDAMENTE CONSIDERADAA histria mostra que a sugesto de Caminha no foi devidamente considerada. Com as investidas dos corsrios ingleses e franceses, conscientizou-se a coroa lusada ser o Brasil uma fonte de inesgotveis riquezas. Por que se preocupar com as almas dos gentios? Daro elas dividendos ao trono? Cristvo Colombo, alis, apesar do carter religioso de suas expedies, j teria afirmado: "A melhor coisa do mundo o ouro; capaz de enviar almas aos cus". O que esta afirmao vem demonstrar? Que a principal motivao dos empreendimentos martimos no era a expanso do Reino de Deus, mas a das possesses de Lisboa e Madrid. Por isto muito turbou-se Portugal com as

incurses dos corsrios s nossas costas. Para rechalos e explorar economicamente a terra, ensaia alguns passos para ocupar as vastides do Novo Mundo. Em 1530 encetada a primeira expedio colonizadora.Tendo frente Martim Afonso de Souza, a expedio daria incio ao povoamento efetivo das terras agora to cobiadas. Acompanhando Dom Martim, vem muita gente interessada no progresso daquele cho incipiente, rude e desconhecido. Passados dois anos, o rei Dom Joo III enderea-lhe uma carta, participandolhe de sua inteno em dividir o Brasil em capitanias hereditrias. Pelas novas disposies, caber-lhe-ia So Vicente. Corajoso e empreendedor, o nobre lusitano faz a capitania prosperar. Monta o primeiro engenho de acar no Brasil. D expresso aos povoados, e alento aos desbravadores que se dirigiam ao planalto de Piratininga. Ele demonstra ser a nova colnia uma terra vivel e mais que promissora. Haja vista ter sido a sua capitania, juntamente com a de Pernambuco, a mais desenvolvida e produtiva. Quanto salvao da alma do gentio, s seria tratada 23 anos depois. Afinal, para as potncias da poca, a f nada mais era que um pretexto para expandir o comrcio.

A CHEGADA DOS JESUTASA catequizao dos ndios brasileiros foi iniciada era 1553, no tempo do governador geral Mem de S. Tendo frente o padre Manoel da Nbrega, pretendiam os jesutas duas coisas: converter o gentio e instruir os colonos.Tal pretenso, porm, no deu resultado. No trato com gentes de cultura e ndole to diversas, a Companhia de Jesus viu seu sistema educacional desnudar-se amorfo e confuso. Nem os ndios eram convertidos, nem os colonos, educados. A partir de ento, os jesutas passaram a mudar de ttica. Criaram os colgios para se encarregarem da educao dos colonos, e as redues para induzir o

selvagem a obedincia f crist. Mas, como mais adiante veremos, o processo de catequese jesutico no surtiria os resultados esperados, pois no era objetivo dos discpulos de Igncio de Loiola fazer cristos; e, sim: tornar mais longos e eficazes os braos da Santa S. Naquele tempo, havia em nosso territrio seis milhes de ndios. Embora no seja fcil identificar as vrias naes em que se subdividiam, conforme o demonstraria o antroplogo Arthur Ramos, pode-se ao menos tentar uma classificao geral. Eis os grupos bsicos da gente ndia:Tupis, Gs, Carabas, Nu-Aruak. Destas etnias, a que mais sobressaiu foi a Tupi. Espraiando-se ao longo de nosso litoral, muito sofreram os tupis em contato com o colonizador lusitano. At 1580, os jesutas eram os nicos a cuidar da educao em nossa terra. Desde ento, seguidores de outras ordens comearam a vir para c dar a sua contribuio ao acabrunhante sistema educacional lusobrasileiro.

A TRISTE SORTE DO GENTIO EM TERRAS BRASLICASNo se sabe ao certo como os ndios chegaram s terras do Brasil. Supe-se terem eles, aps a confuso da Torre de Babel, deixado a plancie de Sinear e avanado em direo ao territrio atual da Rssia. De l, rumaram ao Estreito de Behring, onde, aproveitando-se de um congelamento das guas que separam os continentes Asitico e Americano, passaram para o Novo Mundo. E, assim, aps sucessivas e cansativas escalas, foram fixando-se desde o Alaska at a Argentina. Pejos traos fsicos, parecem fazer parte da grande famlia mongolide. Todavia, quando lhes examinamos as vrias lnguas, ficamos desconcertados: em nada lembram os idiomas indo-

europeus, semticos ou camticos. Somente a confuso de Babel, e a firme deciso do Senhor de espalhar os filhos todos de Ado pela face da terra, podem explicar a origem de gentes to estranhas e exticas quanto nossos ndios. Infelizmente, tornaram-se alvos fceis da ganncia do colono portugus que, inescrupulosamente, buscou reduzi-los servido. Todavia, isto no foi possvel porque, acostumados vida ao ar livre e em permanente contato com a natureza, cedo fugiam de seus amos, e embrenhavam-se nas matas. Foi a que se pensou na possibilidade de se transportar para c o negro africano. A estas alturas, contudo, o destino das naes ndias j estava selado. De um lado, os jesutas com as redues; de outro, os colonos, tentando escraviz-los. E o que dizer das investidas das bandeiras e entradas?Todos estes ataques foram dizimando os silvcolas.Dos seis milhes de ndios que havia no Brasil, quando do descobrimento, restam-nos hoje menos de duzentas mil almas. Todavia, no o nosso objetivo, neste livro, tratar das desventuras dos primitivos habitantes do pas. O que intentamos mostrar como desenvolveu-se a vida religiosa aqui e,em seguida, provar que, de todo esse sincretismo, ficou ao nosso povo uma triste herana espiritual: os cultos afro-brasileiros. Antes, porm, de tratarmos do assunto proposto, h uma pergunta que no haver de se calar jamais: o que fizeram os reformadores protestantes para evangelizar o Brasil? Sim, pois, na poca do descobrimento, o avivamento iniciado por Lutero e Calvino estava no auge. Que esforos envidaram para arrancar as tribos brasileiras e os colonos lusitanos daquelas densas trevas espirituais?

O DESCASO DOS REFORMADORES

Deflagrada por Martinho Lutero, a Reforma Protestante representou um grande avano para o mundo. A partir das Noventa e Cinco Teses fixadas nas portas da Igreja de Wittemberg, na Alemanha, em 31 de outubro de 1517, a histria das naes, principalmente europias, nunca mais seria a mesma. Posicionando-se contra, ou a favor, nenhum povo pode ignorar os efeitos daquele movimento que arrancou os filhos de Ado da Idade Mdia. De repente, viram-se milhes de almas livres do aguilho.da Santa S. J era possvel aspirar ao ar da liberdade. No que tange Obra Missionria, porm, a Reforma Protestante deixou muito a desejar. Embora apregoassem um retorno imediato s Escrituras, os reformadores no assimilaram a urgncia da Grande Comisso. Nos anos subseqentes, comearam a enredar-se em brigas intstinas e discusses tolas acerca de vrios pontos doutrinais. Enquanto isto, ia a Contra-Reforma ganhando terreno nas mais diferentes partes do mundo, notadamente nos continentes descobertos pelos espanhis e portugueses. O que alegavam os reformadores para no cumprir os requisitos da Grande Comisso? Contaminado por uma sndrome escatolgica, Martinho Lutero afirmava que, como a vinda de Cristo estava prxima, nada mais se poderia fazer em prol daqueles que, at aquela data, ainda no haviam sido alcanados pelo Evangelho. Por seu turno, Joo Calvino, envenenado pela doutrina da predestinao, defendia j estarem seguros os que haviam sido predestinados vida eterna. Quer fossem evangelizados, quer no, a salvao destes j estava garantida. Quanto aos outros, por que perder tempo falando-lhes de Jesus? Infelizmente, observamos estes mesmos entraves atrapalharem a Obra de Deus ainda hoje. chegado o momento, todavia, de nos desvenilharmos de tais empecilhos, e cumprir incondicionalmente os itens da Grande Comisso. Os que olham as nuvens das ltimas coisas jamais espalharo a Boa Semente das primeiras.

Em conseqncia de ambos os posicionamentos, as misses evanglicas muito sofreram. Aproveitando-se desta viso distorcida dos reformadores, a Igreja Catlica no perdeu tempo. Espalhou seus missionrios pelos mais distantes e exticos recantos do mundo.Haja vista os jesutas que se embrenharam pelo Novo Mundo, fazendo contatos com os indgenas, abrindo redues e estabelecendo os alicerces educacionais das naes latino-americanas. Os protestantes foram to pouco venturosos na evangelizao de nossa terra naqueles idos, que mesmo as poucas iniciativas, redundaram em fracasso.

AS PRIMEIRAS INICIATIVAS PARASEIMPLANTAR A F EVANGLICA NO BRASILA f evanglica, no Brasil, s comeou a prosperar nos ltimos dois sculos. Desde o descobrimento, conforme veremos a seguir, foram empreendidas diversas empreitadas para se implantar aqui os princpios da Reforma Protestante .Todas as empreitadas, porm, fracassaram: vinham escudadas em interesses que colidiam com os negcios supremos e inadiveis do Reino de Deus. Quando isto ocorre, as misses vem-se cobertas de frustraes e oprbrios; o evangelismo morre em seu nascedouro; e, entre os gentios, blasfemado o santo nome do Senhor. Apesar dos malogros franceses e das decepes holandesas, os reclamos da Grande Comisso no foram sufocados. Aquilo que parecia impossvel, quando do descobrimento, no est muito longe de ser alcanado: um Brasil evanglico.

OS FRANCESESFugindo s perseguies religiosas que se espalhavam por toda a Frana, Nicolau Durand de

Villegaignon demonstrou vivo interesse em se transferir s possesses portuguesas no Novo Mundo, e, aqui, fundar a Frana Antrtica. Apoiado por Coligny,veio frente de uma considervel leva de protestantes, conhecidos na Europa como huguenotes. Consigo, vieram tambm vrias famlias catlicas e alguns condenados. V-se, pois, que o objetivo desta cruzada no era primordialmente abrir uma frente missionria e,sim, estabelecer uma colnia francesa. Villegaignon chegou Guanabara em 1555, instalando-se na ilha de Serigipe que, mais tarde, receberia o seu nome. Dois anos depois, ancoravam em nossas guas os navios da segunda expedio, agora apoiada, no somente por Coligny, como pelo prprio Calvino. Com a chegada desta expedio, realiza-se o primeiro culto evanglico em carter oficial no Brasil. A data jamais seria esquecida: 10 de maro de 1557. Tivessem se aproveitado do enfraquecimento das instituies portuguesas, os franceses teriam se instalado definitivamente em nosso territrio. Haveriam de alterar a conformao poltica e geogrfica da possesso lusitana, dando origem a novos estados independentes. Eis que entre eles, todavia, levanta-se algum pronto a quebrar a harmonia at ento reinante entre as vrias faces da incipiente colnia: o prprio Villegaignon. Conhecido como o"Caim das Amricas", apostatou da f e ps-se a perseguir os huguenotes. Foi a partir desta insanidade que o projeto de se ter uma Frana nos trpicos comeou a gorar, pois os calvinistas representavam dois teros dos habitantes do povoado, alm de se constiturem no escol intelectual e moral da colnia. Expulsos da ilha, viram-se os huguenotes obrigados a se instalarem num lugar conhecido por eles como Briqueterie, at que um navio aparecesse e os levasse Frana. Enquanto isto, fizeram contato com os ndios que os supriam de vveres.A angustiante espera durou at quatro de janeiro de 1558, quando aportou

Guanabara o navio Jacques, do Havre. Villegaignon, entretanto, no teve muita ventura em seus empreendimentos, pois a coroa portuguesa, apesar de debilitada, reuniu energias suficientes para desalojar os invasores da riqussima colnia. Em 1567, o governador geral, Mem de S, restaura a soberania lusitana sobre todos os territrios dantes ocupados por Villegaignon. Nesta cruzada, contou com a inestimvel ajuda de seu sobrinho, Estcio de S. .

OS HOLANDESESMais felizes que os franceses, os flamengos deixaram a Holanda, que ascendia como uma das maiores potncias do mundo, dispostos a fundar uma grande colnia em terras brasileiras. Sob a sbia e segura orientao do conde Maurcio de Nssau, prosperam e atraem a simpatia de muitos portugueses, brasileiros e cristos novos (judeus convertidos fora ao catolicismo). Esperavam estes achar nos holandeses um pouco mais de liberdade. No entanto, como mais tarde constatariam, a Companhia das ndias Ocidentais no viera para beneficiar ningum, a no ser os financistas de Amsterd. O empreendimento durou de 1630 a 1654. Durante este perodo, marcado por admirveis progressos em diversas reas, os protestantes ensaiam alguns avanos evangelsticos e missionrios. Obreiros so enviados aos ndios; visitadores saem a consolar os enfermos com a leitura da Bblia e a confirmar os fracos na f, e vrios templos comeam a funcionar em Recife. Aproveitandose desta oportunidade, evanglicos franceses e ingleses tambm instalam-se na cidade que, mais tarde, viria a tornar-se capital de Pernambuco. Durante a ocupao holandesa, elaborado um projeto para se traduzir as Sagradas Escrituras na "lngua braslica". Com o trmino da gesto de Maurcio de Nassau,

porm, a empresa flamenga em terras brasileiras comea a entrar em declnio. Finalmente os invasores so derrotados e expulsos do Brasil. Na guerra contra os holandeses, atuaram o paraibano Andr Vidal de Negreiros, o portugus Joo Fernandes Vieira, o negro Henrique Dias e o ndio Felipe Camaro.

O EVANGELHO QUE DEMOROU A CHEGARA partir de ento, muito pouco se pde fazer pelas almas que, em nossos rinces, suspiravam pela Palavra de Deus. A situao s comearia a melhorar a partir de 1808, com a vinda da famlia real para o Brasil. Escoltados pelos ingleses, viram-se os prncipes lusitanos obrigados a cumprir determinadas clusulas que os tornavam dependentes de Londres.Tiveram de acabar com as atividades do Santo Ofcio em terras brasileiras, e no mais incomodar os sditos do Reino Unido em virtude da f que estes professavam. No vamos falar sobre as outras imposies que a Inglaterra colocou sobre Portugal, por no ser este o objetivo da presente obra. Pressionado pelos ingleses, Dom Joo VI expede a seguinte declarao: "Sua Alteza Real, o Prncipe Regente de Portugal declara e se obriga no seu prprio nome e no de seus herdeiros e sucessores a que os vassalos de Sua Majestade Britnica residentes em seus Territrios e Domnios no sero perturbados, inquietados, perseguidos ou molestados por causa de sua Religio, mas, antes tero perfeita liberdade de conscincia e licena para assistirem e celebrarem o servio divino em honra do Todo-Poderoso Deus; quer seja dentro de suas casas particulares, quer nas particulares Igrejas e Capelas que Sua Alteza Real, agora e para sempre graciosamente lhes concede a permisso de edificarem e manterem dentro de seus domnios e conquistas, contanto que as sobreditas capelas sejam construdas de tal maneira que exteriormente se

assemelhem a casas de habitao e tambm que o uso de sinos no lhes seja permitido". Sob o apangio deste benevolente decreto, a Igreja Anglicana, bem como as demais denominaes histricas, comissionam seus primeiros obreiros a trabalharem entre ns. Vm os presbiterianos, congregacionais e batistas. E, no incio deste sculo, j sem os empecilhos de uma religio oficial, eclode o movimento pentecostal no Par e, em poucos anos, chega ao Rio Grande do Sul. O movimento pentecostal, trazido para c pelos missionrios suecos, Daniel Berg e Gunnar Vingren, representou um dos maiores fenmenos religiosos das ltimas eras.

Os historiadores que se ocupam do Avivamento Pentecostal no Sculo 20 so unnimes em mencionar a Rua Azusa, em Los Angeles, Califrnia, em 1906, como o centro irradiador de onde o avivamento se espalhou para outras cidades e naes. A Rua Azusa transformou-se em poderosa fogueira divina, onde centenas e milhares de pessoas de todos os pontos da Amrica, ao chegarem atradas pelos acontecimentos e para ver o que estava se passando ali, eram batizadas com o Esprito Santo, e ao retornarem para suas cidades levavam essa chama viva que alcanava tambm outras pessoas. Porm, quem havia trazido a mensagem pentecostal a Los Angeles fora uma senhora metodista, que, por sua vez, a recebera na cidade de Houston, quando tinha ido visitar seus parentes. Antes dessa data (1906), podemos citar tambm os avivamentos ocorridos na Sucia em 1858, e na Inglaterra em 1740. Na Amrica do Norte, podem-se mencionar os avivamentos nos Estados de Nova Inglaterra em 1854, e na cidade de Moorehead, em 1892, seguidos dos de Galena, Kansas, em 1903, e Orchard e Houston, em 1904 e 1905, respectivamente. Reportemo-nos, pois, aos acontecimentos do ano de 1906, na Rua Azusa. Em um edifcio de forma quadrangular, que anteriormente servira como armazm de cereais, passaram a se reunir milhares de homens e mulheres sedentos da graa divina, para interceder pela salvao dos pecadores e clamar por um avivamento.Todos estavam desejosos de vida abundante, de uma vida de triunfo sobre o pecado. O pastor W. J. Seymour, que servia nessa igreja, no era pregador eloqente; porm, seu corao ardia de zelo pela pureza da Obra do Senhor, e sua mensagem era vivificada pelo Esprito Santo. Ele pregava a Palavra de Deus, anunciava a promessa divina, o batismo com o Esprito Santo, e em seguida, voltando a sentar-se em sua cadeira no plpito, colocava o rosto entre as mos, e no decorrer dos trabalhos ele no parava de interceder, de pedir que Deus operasse de maneira extraordinria nos coraes dos ouvintes. O que acontecia, ento, inexplicvel: o poder de Deus caa sobre a congregao; a convico das verdades divinas inundava os coraes; o desejo de santidade dominava as almas; e, repentinamente, brotavam louvores dos coraes; muitos eram batizados com o Esprito Santo, falavam em novas lnguas; outros profetizavam; outros cantavam hinos espirituais. A notcia desses acontecimentos foi anunciada em toda a cidade, inclusive nos jornais seculares, que imediatamente enviaram reprteres para observar e descrever os fatos. Os membros das vrias igrejas, uns por curiosidade, outros por desejo de receber mais graa do cu, chegavam para ver com os prprios olhos aquele fenmeno. Muitos deles traziam consigo a opinio de que tudo aquilo no passava de obra de fanticos. Porm, todos saam dali convencidos de que era um movimento divino, e transformavam-se em testemunhas e propagandistas do Movimento Pentecostal que se iniciara naquela ruazinha em Los Angeles.

O FOGO SE ESPALHADentro em pouco os grandes centros urbanos norte-americanos foram alcanados pelo avivamento. Uma das cidades que mais se destacaram e se projetaram no Movimento Pentecostal foi Chicago. As boas-novas do avivamento alcanaram,praticamente, todas as igrejas evanglicas da cidade. Em algumas, houve oposio da parte de uns poucos crentes, porm o avivamento triunfou, pois, alm de outras caractersticas que o recomendavam, ele se destacava pelo esprito evangelstico e pelo interesse que despertava pelo evangelismo dos outros povos. Ou seja: cada um que se convertia, transformava-se tambm em missionrio.

TOCHAS DESSA FOGUEIRAEnquanto o avivamento conquistava terreno e dominava a vida religiosa de Chicago, fatos de alta importncia envolveram dois jovens suecos residentes nos Estados Unidos, que em breve teriam suas vidas intimamente ligadas Histria das Assemblias de Deus do Brasil. Na cidade de South Bend, no Estado de Indiana, que dista cerca de cem quilmetros de Chicago, morava um pastor batista que se chamava Gunnar Vingren. Atrado pelos acontecimentos do avivamento de Chicago, o jovem originrio da Sucia foi a essa cidade a fim de saber o que realmente estava acontecendo ali. Diante da demonstrao do poder divino, ele creu e foi batizado com o Esprito Santo. Pouco tempo depois, Gunnar Vingren participou de uma conveno de igrejas batistas, em Chicago. Essas igrejas aceitaram o Movimento Pentecostal. Ali ele conheceu outro jovem sueco que se chamava Daniel Berg. Esse jovem tambm fora batizado com o Esprito Santo. Aps uma ampla troca de informaes, experincias e idias, Daniel Berg e Gunnar Vingren descobriram que Deus os estava guiando numa mesma direo, isto : o Senhor desejava envi-los com a mensagem do Evangelho a terras distantes, mas nenhum dos dois sabia exatamente para onde seriam enviados. Algum tempo depois, Daniel Berg foi visitar o pastor Vingren em South Bend. Durante aquela visita, quando participavam de uma reunio de orao, o Senhor lhes falou, atravs de uma mensagem proftica, que eles deveriam partir para pregar o Evangelho e as bnos do Avivamento Pentecostal. O lugar tinha sido mencionado na profecia: Par. Nenhum dos presentes conhecia aquela localidade. Aps a orao, os dois jovens foram a uma biblioteca procura de um mapa que lhes indicasse onde o Par estava localizado. Foi quando descobriram que se tratava de um estado do Norte do Brasil. Aqueles dois jovens missionrios suecos sentiam arder em seus coraes o entusiasmo e o zelo pela causa de Cristo. Eram tochas

daquela mesma fogueira que comeara a arder em Chicago. A chamada divina foi confirmada quando eles se reuniram para orar nesse sentido, no uma vez,mas durante trs dias seguidos .Tratava-se de uma chamada de f. Pois s exercitando a f eles poderiam deixar tudo para trs, dar adeus aos Estados Unidos um pas rico e especialmente promissor aos pregadores do Evangelho e sair rumo ao desconhecido. No tinham qualquer promessa de sustento, quer de igrejas, quer de particulares, mas tinham o corao cheio de confiana em Deus, e isso lhes proporcionava mais segurana do que qualquer promessa humana que por acaso lhes tivesse sido feita.

RUMO AO BRASILGunnarVingren e Daniel Berg despediram-se da igreja e dos irmos em Chicago. A ordem divina era marchar para onde lhes fora designado ir. A igreja levantou uma coleta para auxiliar os missionrios que partiam. A quantia que lhes foi entregue s deu para a compra de duas passagens at Nova Iorque. Quando l chegassem, eles no sabiam como conseguiriam dinheiro para comprar mais duas passagens at o Par. Porm, esse detalhe no os abalou em nada nem os deteve em Chicago espera de mais recursos.Tinham convico de que haviam sido convocados por Deus. Portanto, era da total responsabilidade e especialidade de Deus fazer com que os recursos materiais inexistentes necessrios viagem surgissem. A primeira etapa da viagem foi iniciada com orao. Na estao da estrada de ferro, antes de embarcarem para Nova Iorque, ante os olhares da multido, ajoelharam-se, deram graas a Deus, pediram direo para a jornada e partiram para uma terra que no conheciam. Chegaram grande metrpole, Nova Iorque, sem conhecer ningum, e sem dinheiro para continuar a viagem. Naquela cidade, tudo era grande, majestoso e impressionante. O movimento nas grandes avenidas; os edifcios imponentes e mais altos do que quaisquer outros no mundo pareciam alheios misso dos dois viajantes. As multides apressadas e as grandes lojas poderiam ter causado admirao aos dois provincianos recm-chegados, porm no lhes ofuscou a viso da grandeza da misso de que haviam sido incumbidos. No sabemos o que pensavam os dois forasteiros ao contemplarem o esplendor da babel moderna. Negcios no valor de milhes de dlares eram realizados naquela cidade, mas aqueles rapazes precisavam fazer uma viagem que lhes custaria 90 dlares, e eles no tinham essa importncia. Certamente, entre aquele vaivm da multido, eles pediam ao Senhor que os socorresse e guiasse.

DEUS PROVE 0 DINHEIRO

Os dois missionrios caminhavam por uma das ruas de Nova Iorque, quando encontraram um negociante que conhecia apenas o jovem Gunnar. Na noite anterior, enquanto estava em orao, aquele negociante sentira que devia enviar certa quantia ao irmo Vingren. Pela manh aquele homem colocou a referida importncia em um envelope para mand-la pelo correio, mas enquanto estava caminhando para executar aquela tarefa, viu os dois enviados do Senhor surgirem sua frente. Surpreso ao ver a maneira especial como Deus trabalhava, o comerciante contou-lhes sua experincia e entregou-lhes o envelope. Quando o irmo Vingren abriu o envelope, encontrou dentro dele 90 dlares exatamente o preo de duas passagens at o Par. Quantas glrias a Deus os nossos irmos deram naquela hora no sabemos, mas que foram muitas, disso temos certeza. Aquela oferta de 90 dlares tinha grande significao, no s porque era suficiente para as passagens, mas tambm porque confirmava, mais uma vez, que os novos missionrios estavam, de fato, na vontade de Deus. No se encontravam eles empenhados em uma obra de f? A f tinha de ser provada para ter valor. Por isso Deus lhes enviara 90 dlares; nem mais nem menos do que o necessrio, mas o suficiente.

OS PRIMEIROS FRUTOSNo dia 5 de novembro de 1910, a bordo do navio Clement, os missionrios deixaram a frgida Nova Iorque com destino clida Belm do Par. As atividades missionrias dos nossos irmos se iniciaram ali mesmo, a bordo do navio, entre tripulantes e passageiros. Eles distriburam folhetos e evangelhos; falaram a Palavra de Deus e testificaram a todos. Claro est que nem todos receberam a mensagem, porm os missionrios tiveram o privilgio de ver um dos tripulantes aceitar a Cristo, o qual, depois, foi batizado nas guas, e manteria mais tarde correspondncia com os missionrios. Era o primeiro fruto da misso dos dois servos de Deus, e mais uma prova de que o Senhor estava com os seus servos.

FINALMENTE NO BRASILNo dia 19 de novembro de 1910, em um dia de sol causticante dos trpicos, os dois missionrios desembarcaram em Belm. No possuam eles amigos ou conhecidos nessa cidade. No traziam endereo de algum que os acolhesse ou orientasse. Vinham unicamente encomendados graa de Deus; tinham a proteglos o Deus de Abrao. Carregando suas malas, enveredaram por uma rua. Ao alcanarem uma praa, sentaram-se em um banco para descansar; e a fizeram a primeira orao em terras brasileiras. Oraram por um povo que lhes era desconhecido, mas que j amavam, e pelo qual estavam dispostos a sacrificar-se.

No fcil imaginar quais foram as primeiras impresses dos jovens missionrios naquela tarde em uma praa de Belm, sentindo b sol a aquecer-lhe as roupas grossas e pesadas. Naquela poca, Belm no possua muitas atraes. Alm disso, fora invadida por multides de leprosos vindos at de naes limtrofes com o Amazonas, atrados pela notcia da descoberta de unia erva que, diziam, curava a terrvel doena. A pobreza do povo tambm contrastava com o padro de vida da outra Amrica. O diabo aproveitou-se de tudo isso para desanimar os recmchegados. Estes, contudo, tinham vindo por ordem do Rei dos reis: nada os amedrontaria nem os faria recuar.

Seguindo a indicao dc alguns passageiros com os quais viajaram, os missionrios GunnarVingren e Daniel Berg hospedaram-se num modesto hotel, cuja diria completa era de oito mil ris. Em uma das mesas do hotel, o irmo Vingren encontrou um jornal que tinha o endereo do pastor metodista Justs Nelson. No dia seguinte, foram procur-lo, e contaram-lhe como Deus os tinha enviado como missionrios para aquela cidade. Como Daniel Berg e GunnarVingren estivessem at aquele momento ligados Igreja Batista na Amrica (as igrejas que aceitavam avivamento permaneciam com o mesmo nome), Justus Nelson os acompanhou Igreja Batista, em Belm, e os apresentou ao responsvel pelo trabalho, pastor Raimundo Nobre. E, assim, os missionrios passaram morar nas dependncias da igreja. Alguns dias depois, Adriano Nobre, que pertencia a igreja presbiteriana e morava nas ilhas,foi a Belm em visita ao primo Raimundo Nobre. Este apresentou os missionrios a Adriano, que imediatamente mostrou-se interessado em ajud-los. Adriano, que folava ingls, convidou-os, ento, a passarem alguns meses nas ilhas. Eles aceitaram. A chegada dos missionrios suecos em companhia de Adriano foi uma surpresa para os moradores do Rio Tajapuru. Adriano possua vrias propriedades na regio. O local em que se hospedaram chamava-se Boca do Ipixuna. Os missionrios ficaram maravilhados com a exuberncia e as armadilhas da selva. Eles passaram a morar no quarto de Adrio, irmo de Adriano. Adrio, que nesse tempo ainda no era crente, contou que ficara impressionado com a vida de orao dos jovens missionrios. A qualquer hora da noite que despertasse, l estavam os jovens orando, a ss com Deus, em voz baixa, para no incomodar os que dormiam. Ao fim de algum tempo, os missionrios voltaram a Belm e continuaram a freqentar a Igreja Batista. Agora j podiam falar portugus. Vingren continuou a estudar a lngua, enquanto Daniel trabalhava como fundidor. Passado algum tempo, Berg comeou a dedicar-se ao trabalho de colportagem.

INICIA-SE A BATALHAOs avivamentos nascem como resultados de orao, e aqueles que vivem nos avivamentos alimentam-se da orao. Os jovens missionrios tinham o corao avivado pelo Esprito Santo, e oravam de dia e de noite. Oravam sem cessar. Esse fato chamou a ateno de alguns membros da igreja, que passaram a censur-los, considerando-os fanticos por dedicarem tanto tempo orao. Mas isso no os abalou. Com desenvoltura e eloqncia, continuaram a pregar a salvao em Cristo Jesus e o batismo com o Esprito Santo, sempre alicerados nas Escrituras. Todavia, como resultado daquelas oraes, alguns membros daquela Igreja Batista creram nas verdades do Evangelho completo que os missionrios anunciavam. Os primeiros a declararem publicamente sua crena nas promessas

divinas foram as irms Celina Albuquerque e Maria Nazar. Elas no somente creram, mas resolveram permanecer em orao at que Deus as batizasse com o Esprito Santo conforme o que est registrado em Atos 2.39Numa quinta-feira, uma hora da manh de dois de junho de 1911, na Rua Siqueira Mendes, 67, na cidade de Belm, Celina de Albuquerque,enquanto orava,foi batizada com o Esprito Santo. Aps o batismo daquela irm comearia a luta acirrada contra uma verdade doutrinria to bem documentada nas Sagradas Escrituras a atualidade do batismo com o Esprito Santo e dos dons espirituais. Logo que amanheceu, a irm Nazar apressou-se em ir casa de Jos Batista de Carvalho, na Avenida So Jernimo, 224, para contar as boas novas de que Celina Albuquerque recebera a promessa. Na casa de Jos Batista achavam-se reunidos vrios irmos, entre eles Manoel Rodrigues, que at ento era dicono da Igreja Batista. Mais tarde o irmo Manoel testemunharia: "Foi naquele momento que passei a crer no batismo do Esprito Santo". O acontecimento recebeu imediata divulgao. Na Igreja Batista alguns creram, porm outros no se predispuseram sequer a compreender a doutrina do Esprito Santo. Portanto, dois partidos estavam criados. Durante o culto realizado na noite daquele mesmo dia, o ambiente antes s dedicado a louvores a Deus e pregao de sua Palavra, foi transformado em um verdadeiro campo de batalha, com muitas disputas de pontos de vista e duelos de palavras. Alguns crentes, aferrados a um tradicionalismo sem qualquer base bblica, ameaavam exaltadamente punir, castigar ou desprezar os partidrios da doutrina que tanto caracterizara a Igreja Primitiva e os grandes avivamentos que se sucederam. Aps o culto, vrios irmos resolveram ir casa da irm Celina para verificarem pessoalmente o que estava acontecendo. Entre aqueles que foram Rua Siqueira Mendes encontravam-se Jos Plcido da Costa, Antnio Marcondes Garcia e esposa, Antnio Rodrigues e Raimundo Nobre.

AS POSIES SE DEFINEMNo dia 10 de junho, a igreja estava em efervescncia. Ningum faltou. A irm Celina, que fora batizada com o Esprito Santo, compareceu, porm no lhe permitiram que dirigisse a classe de Escola Dominical, conforme vinha fazendo ultimamente. O irmo Jos Plcido da Costa, conquanto superintendente desta, nada pde fazer a respeito. A igreja ainda no tinha pastor. Foi ento que Raimundo Nobre, sem qualquer autoridade legal, convocou a igreja para reunir-se extraordinariamente no dia 12. Nesse dia, Raimundo Nobre apoderou-se do plpito e atacou os partidrios do Movimento Pentecostal. O grupo atacado reagiu como outrora reagiram os discpulos quando ameaados pelo Sindrio. E l estava a irm Celina exaltando a

Cristo em lnguas estranhas. No havia mais o que se discutir; as posies estavam definidas. Nesse momento, Raimundo Nobre, de forma arbitrria, props que ficassem de p todos aqueles que aceitavam a doutrina do Esprito Santo. A maioria ps-se de p. Imediatamente Raimundo Nobre props minoria que exclusse a maioria. No poderia haver ilegalidade mais flagrante. Os membros atingidos, porm, no se atemorizaram. O irmo Manoel Rodrigues levantou-se e, ousadamente, leu em Atos dos Apstolos 2.39, onde claramente est escrito: "Porque a promessa vos diz respeito a vs, a vossos filhos, e -a todos os que esto longe; a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar". O irmo Plcido tambm se levantou e leu em 2 Corntios 6.17,18. A seguir, os "rebeldes" oraram, e, de mos erguidas, dando glria ao Cristo amado, abandonaram o local. Para conhecimento da posteridade, registramos aqui os nomes dos que, arbitrariamente, foram excludos daquela Igreja Batista por haverem recebido a f apostlica do batismo com o Esprito Santo: Celina e seu marido Henrique de Albuquerque; Maria Nazar; Jos Plcido, Piedade e Prazeres da Costa, estas, respectivamente esposa e filha daquele; Manoel Maria Rodrigues e esposa, Jerusa Rodrigues; Emlia Dias Rodrigues; Manoel Dias Rodrigues;Joo Domingues;Joaquim Silva; Benvindo Silva,Teresa Silva de Jesus e Isabel Silva, respectivamente esposa e filhos; Jos Batista de Carvalho e esposa, Maria Jos de Carvalho;Antnio Mendes Garcia. Dessa lista, 17 eram membros, e os outros, menores de idade.

NASCE A ASSEMBLIA DE DEUSAps os empolgantes acontecimentos que duraram exatamente dez dias, o pequeno grupo, no dia 18 de junho de 1911, convidou Daniel Berg e Gunnar Vingren a comparecerem Rua Siqueira Mendes, 67, em Belm. Com estas 17 pessoas, expulsas arbitrariamente da Igreja Batista, fundava-se a Assemblia de Deus que, nas dcadas seguintes, causaria admirao e espanto ao mundo inteiro pela pujana de seu crescimento. Em tudo isso pode-se notar a mo de Deus operando atravs de homens e mulheres humildes. Como se v, esta obra no pertence a homem algum, mas a Deus somente. A nova igreja estava livre para evangelizar. E, ousadamente, anunciava a salvao, a cura divina, o batismo com o Esprito Santo e a volta de Jesus Cristo para buscar a sua Igreja. Estavam todos cheios do poder de Deus. Em resposta s suas oraes, o Senhor operava sinais e maravilhas. Vivifi-cando cada testemunho e sermo, o Esprito Santo convencia os mais vis pecadores.

A HISTRIA SE REPETE

Os acontecimentos que culminaram com a fundao da Assemblia de Deus repercutiram profundamente entre as vrias denominaes evanglicas. Porm, o que sacudiu mais fortemente os chamados crentes histricos foi a atividade e o zelo dos membros da igreja recm-formada. O medo de que a Assemblia de Deus viesse a absorver as demais denominaes fez com que estas se unissem para combater o Movimento Pentecostal. Alis, no foi exatamente isto que aconteceu nos dias da Igreja Primitiva? Judeus de todos os matizes uniram-se para combater o Cristianismo. Mas nada puderam fazer, pois era o Reino de Deus que estava em ao! No ano de 1911, a histria repetiu-se na cidade de Belm. Alguns ingnuos dispuseram-se a combater o Movimento Pentecostal em seu nascedouro. Para alcanarem esse intento, no escolhiam os meios: calnia, intriga, delao, e at agresso fsica, tudo era vlido. Tudo era usado contra a igreja que acabava de iniciar suas atividades. Chegaram, inclusive, a levar aos jornais a denncia de que os pentecostais eram uma seita perigosa, tendo como prtica o exorcismo. Enfim, alarmaram a populao. Recebendo o violento artigo contra a Assemblia de Deus, A Folha do Norte, antes de o publicar, enviou um reprter disfarado para averiguar o que realmente acontecia nos cultos pentecostais. O reprter, para causar sensao, endossou os termos do artigo, cujo nico objetivo era desmoralizar o trabalho do Senhor. A matria, todavia, acabou por atrair numerosas pessoas para os cultos da nova igreja. No poderia haver propaganda melhor. Por fim, o citado reprter resolveu agir com imparcialidade, como se requer de todo profissional de imprensa. E aqui esto suas reais impresses acerca dos cultos promovidos pela Assemblia de Deus: "Nunca vi uma reunio to cheia de f, fervor, sinceridade e alegria entre os crentes". Essa confisso repercutiu como dinamite entre as denominaes histricas. Da em diante, todos queriam ver o que estava acontecendo; iam, viam, ficavam e confessavam que Deus, realmente, estava operando entre os pentecostais. Vendo que a calnia no surtira os efeitos esperados, o adversrio resolveu usar outra arma: a violncia. De repente as casas onde os irmos se reuniam passaram a ser apedrejadas, e estes, embora no molestassem a ningum e fossem cidados exemplares, comearam a ser gratuitamente insultados. Mas nada conseguia deter o mpeto do Movimento Pentecostal.

E ESTES SINAIS SEGUIRO AOS QUE CREREMPara convencer coraes to incrdulos e empedernidos, e confirmar a obra em um meio to hostil, o Senhor comeou a manifestar seu poder perante os olhares atnitos dos descrentes. Certa noite, em um culto realizado na Vila Coroa, apareceu um endemoninhado que se retorcia com tanta violncia que ningum o podia conter.

Os descrentes que l estavam tentaram imobiliz-lo, porm no conseguiram. Em dado momento, a irm Josina Galvo comeou a profetizar e, cheia do poder de Deus, dirigiu-se para onde estava o endemoninhado. Apontando o dedo na direo do possesso, ela ordenou em nome de Jesus que o demnio se retirasse. Para a admirao geral, o homem ficou de ccoras, imobilizado, completamente dominado pelo poder de Deus. Todos viram algo que, como um raio, saiu pela janela e desapareceu. Os incrdulos, que a tudo assistiam, reconheceram que de fato Deus estava no meio daquele povo. Algum tempo depois, caso idntico aconteceu na Vila Guarani. Um endemoninhado,ou melhor, o demnio que ameaava a tudo e a todos foi expulso, em nome de Jesus, ante os olhares de quantos estavam ali. Deus confirmava, dessa maneira, suas promessas no que diz respeito aos sinais que seguem aos que crem.

ATENDA SC ALARGAO trabalho estava estabilizado na capital do Par. A igreja era como que uma colmia de atividades evangelizadoras. Cada membro era um evangelista a testificar a parentes, amigos e vizinhos. Mas o interior do Estado tambm necessitava de receber as Boas Novas. Gunnar Vingren era o pastor da igreja, pois essa era a sua vocao. Quanto a Daniel Berg, tinha ele xito no trabalho de colportagem que lhe dava amplas oportunidades de testificar do amor e da salvao oferecidos por Jesus Cristo. Durante mais de um ano, Daniel percorrera dezenas de ruas de Belm, visitando casa por casa. Adquirira um bom conhecimento da cidade. Vendera muitas Bblias e evangelhos, e falara de Jesus a muitos na capital paraense. Contudo, outras cidades tambm necessitavam ouvir a mensagem evanglica.

BRAGANAFoi pensando nessa grande necessidade que Daniel Berg, em 1912, fez a primeira viagem cidade de Bragana, levando consigo Bblias, Novos Testamentos e evangelhos. A primeira pessoa a quem se dirigiu foi o Sr. Arruda, que apesar de ter-se mostrado nada amistoso mensagem do Evangelho, no tardaria a converter-se a Cristo. Tentando uma aproximao, Daniel perguntou-lhe se havia protestantes na cidade. A resposta veio seca e dura: "Graas a Deus, no!" Bem, mas Daniel l estava para falar da salvao oferecida por Jesus. E pelo menos, agora, j havia um. E em breve haveria dois: Daniel Berg e o Sr.Arruda. E no demoraria muito para que Bragana estivesse repleta de crentes.

SOUREAinda em 1912, Daniel Berg chegou cidade de Soure, na ilha de Maraj. Ele vendia Bblias e livros, testificava e realizava cultos. Foram muitas as pessoas que aceitaram a Cristo. Mas a reao dos inimigos do Evangelho no se fez esperar. Os novos convertidos foram ameaados e at apedrejados. Mas nada de mais grave lhes aconteceu. Um dos perseguidores, destacando-se da turba, gritou: "Tomara que uma ona devore esses pregadores de novidades".Alguns dias depois, a ona penetrou no quintal desse homem e o devorou totalmente. O fato encheu a populao de temor, e muitos consideraram o episdio um castigo divino.

SEPARANDO OS PRIMEIROS PASTORESAntes de o trabalho haver completado dois anos, a falta de obreiros j era sentida em vrias localidades onde igrejas e congregaes se haviam estabelecido. O primeiro crente da Assemblia de Deus no Brasil separado para o ministrio pastoral foi Absalo Piano. Sua ordenao, presidida pelo missionrio Gunnar Vingren, deu-se em fevereiro de 1913 em Rio Preto, Tajapuru do Norte. O segundo pastor a ser ordenado foi Isidoro Filho, que exerceu o seu ministrio inicialmente na Estrada de Ferro de Bragana. O terceiro foi Crispiano de Melo, que serviu nas ilhas paraenses. O quarto chamava-se Pedro Trajano, cuja vida foi. um exemplo de consagrao e abnegao Obra de Cristo. O quinto foi Adriano Nobre, quando j se haviam passado cinco anos desde o estabelecimento da f pentecostal em terras brasileiras.

XARAPUCUDaniel chegou a Xarapucu em 1913 com a misso de pregar e distribuir Bblias entre aquela gente faminta pela Palavra de Deus. Mas ali havia um homem determinado a dar um tiro de espingarda no pregador. E s no o fez por ter perdido a espoleta da arma. Todavia, pouco tempo depois o homem da espingarda converteu-se. Em seguida, ocorreu um avivamento de tal forma naquele lugar, que num curto perodo de tempo levou mais de 300 almas aos ps de Cristo.

CATIPURU .Em poucos lugares do Par o incio do trabalho foi mais cheio de incidentes, ameaas, prises e tocaias do que em Catipuru. Data de 1913 o incio dos trabalhos na pequena igreja. Ali os crentes no eram bem vistos. Certo dia as autoridades prenderam arbitrariamente os irmos, supondo que com esse ato os amedrontariam. Porm aconteceu o que os inimigos da Obra de Deus

no previram. Ao chegarem priso, os crentes ajoelharam-se para agradecer a Deus pelo fato de serem achados dignos de sofrer por amor ao Evangelho. E ali mesmo o Senhor Jesus batizou um rapaz com o Esprito Santo. Vendo que no conseguiriam impedir as reunies, os perseguidores (cerca de cinqenta) resolveram matar o pegador, e combinaram esper-lo na estrada pela qual este deveria passar. Porm est escrito que o anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra. E foi o que aconteceu. O Senhor guiou Daniel Berg a passar por outro caminho e, dessa forma, no o puderam matar. No havia mais o que duvidar: o prprio Senhor Jesus Cristo era o responsvel pela vida de Daniel Berg. O ano de 1913 foi assinalado por grandes acontecimentos. Como fruto do trabalho ativo de evangelizao, converteu-se, no interior do Estado, Clmaco Bueno Aza, que haveria de tornar-se um excelente colportor e evangelista. Ele estava to ciente de sua chamada que deixou os negcios particulares, dedicando-se inteiramente evangelizao na Estrada de Ferro Belm-Bragana. Aza abriu igrejas em Igarap-Assu, Benevides, Capanema, Timboteua, Peixe-Boi e Bragana. Em seguida, saiu a desbravar novas frentes de evangelizao em outros Estados.

ESPRITO MISSIONRIOHaviam-se passado apenas dois anos desde que a Assemblia de Deus iniciara suas atividades em terras brasileiras. Talvez algum pensasse ser ainda muito cedo para enviar missionrios a outros pases. Mas para Deus o tempo oportuno sempre hoje. O agora o tempo de Deus. Ao iniciar-se o ano de 1913, Gunnar Vingren sentiu que devia falar a Jos Plcido da Costa sobre a necessidade de se levar as Boas Novas a outras terras. O missionrio Vingren foi direto ao assunto: "Irmo Plcido, por que no vai pregar o Evangelho ao povo portugus?" Embora no pudesse responder afirmativamente naquele momento, Plcido d Costa compreendeu que esta era a vontade de Deus. A mensagem pentecostal traz, em si, o esprito missionrio. Como resistir ao apelo da Grande Comisso? Foi assim na Igreja Primitiva, e no poderia ser diferente em nossos dias. Por este motivo, o irmo Plcido no pde resistir ao chamado divino. No dia 4 de abril de 1913, Jos Plcido da Costa e famlia embarcaram no navio Hildebrand, na cidade de Belm, com destino a Portugal. Essa foi a primeira demonstrao viva e prtica do esprito missionrio de uma igreja que contava apenas dois anos de atividades. Segundo o relatrio prestado por Plcido da Costa, o trabalho em Portugal foi estabelecido logo no ms seguinte. Ou seja: em maio de 1913. A mensagem pentecostal passou a ser triunfalmente propagada em terras lusitanas.

NO INTERIOR DO ESTADOApesar das dificuldades de transporte, os novos bandeirantes continuavam ativos. Atravs de rios, chegavam s mais distantes ilhas; atingiam os mais desconhecidos rinces. semelhana de seu Senhor, no tinham conduo prpria, mas havia sempre algum disposto a conduzi-los nessa cruzada de f e amor.

ILHA CAVIANAQuando Daniel Berg chegou a Caviana em 1914, essa ilha j havia sido evangelizada. O missionrio foi bem recebido at mesmo pelos no crentes. Como as dificuldades de transporte eram muito grandes, os irmos oraram ao Senhor, pedindo-lhe que lhes desse um barco. A resposta divina no se fez esperar. Um fazendeiro local ofertou um barco que foi consagrado ao servio do Mestre com o nome de Boas Novas. Mais tarde, outras embarcaes, maiores e melhor equipadas, seriam utilizadas para o mesmo fim. Enquanto isto estava acontecendo, a igreja em Belm recebia, com muito jbilo, as notcias do progresso da Obra de Deus no interior do Estado, e as transmitia s coirms na Amrica do Norte e na Sucia. Atravs dessas notcias, Deus falava ao corao de seus servos, compungindo-os a virem se juntar aos nossos dois pioneiros: Daniel Berg e Gunnar Vingren. No dia 25 de outubro de 1914, isto , no ano em que teve incio a Primeira Grande Guerra, chegava a Belm o terceiro missionrio de f pentecostal: Otto Nelson e Adina, sua esposa. Eles representavam, sem dvida, um grande reforo para o trabalho, pois nessa poca o nmero de obreiros era insignificante. O irmo Otto demorou-se apenas trs meses em Belm, viajando em seguida para a cidade de Bragana, onde ministrou at agosto de 1915. O ano de 1915 foi pleno de vitrias tanto na capital como no interior. Foi exatamente neste perodo que as viagens evangelsticas de Clmaco Bueno Aza tornaram-se mais que notrias. Igrejas eram fundadas em diversas cidades; os milagres se sucediam, deixando o adversrio envergonhado. Enfim: o prestgio da Assemblia de Deus crescia por toda parte.

SO LUIZA Assemblia de Deus na cidade paraense de So Luiz teve o seu incio em 1915. Aqui o trabalho prosperou em todas as frentes, mostrando que as foras do inferno jamais haveriam de prevalecer contra a Igreja de Cristo. Em 1916, os efeitos da grande guerra, sentidos larga e dolorosamente na Europa,

comeavam a se refletir de maneira sensvel no Brasil. A Obra de Deus, porm, no sofreria qualquer interrupo ou recuo. Em 18 de agosto desse ano, chegava a Belm, procedente da Sucia, via Amrica do Norte, mais um casal de missionrios: Samuel e Lina Nystrn. A chegada do casal Nystrn foi para a igreja como a chuva em tempo de vero. Eles chegavam no tempo oportuno. Pois o desenvolvimento do trabalho exigia os esforos de muitos obreiros dedicados. Mas Samuel Nystrn no se demorou em Belm; no ano seguinte j estava em Manaus. Ele marcaria, assim, o seu pioneirismo no Estado do Amazonas.

CAPANEMAApesar da guerra na Europa e em outras regies do mundo, o trabalho do Senhor continuou a avanar vitoriosamente no interior do Par. No dia 6 de maro de 1916, a cidade de Capanema assistiu fundao da Assemblia de Deus. Esta igreja se tornaria grandemente operosa no campo missionrio e da evangelizao local. A Assemblia de Deus em Belm iniciou e findou o ano de 1917 alcanando expressivas vitrias. Foi nesse ano que Jos de Matos se viu convocado a trabalhar na Seara do Mestre.Tudo aconteceu enquanto Matos pilotava o navio Lino S. semelhana de Samuel, ele ouviu a voz de Deus. Ouviu e obedeceu. Foi ainda em 1917 que a Assemblia de Deus no Par assistiu ao casamento de seu pastor Gunnar Vingren com a irm Frida. O acontecimento deu-se no dia 16 de outubro, repercutindo em todo o Estado. Em novembro de 1917 foi publicado o primeiro jornal da Assemblia de Deus no Brasil: A Voz da Verdade. Dirigido pelo pastor Almeida Sobrinho e Joo Trigueiro, esta foi a primeira matria do peridico:"Jesus quem batiza com o Esprito Santo e com fogo".. 4 Voz da Verdade publicava as notcias do trabalho no interior, endereos e horrios de cultos, notas sociais e outras matrias. Do primeiro nmero do jornal, extramos estas expressivas notas: "Os nossos irmos Samuel Nystrn e Daniel Berg em uma viagem evangelstica que fizeram a seis igrejas da f apostlica, no interior deste Estado, batizaram 90 pessoas. A Assemblia de Deus, em So Luiz (Par), tem crescido tanto que o vasto salo da Casa de Orao tornou-se pequeno para acomodar os irmos que ali se renem. O pastor Gunnar Vingren batizou, no batistrio da Assemblia de Deus,nesta cidade (Belm), 12 pessoas que se entregaram a Jesus. O nosso irmo Severino Moreno foi para Manaus e l testificou acerca da verdade gloriosa de que Jesus batiza no Esprito Santo; foi to abenoado que precisou ir para aquela capital um missionrio da f apostlica'(Assemblia de Deus). Pelo que acima se pode ler, verifica-se quo pentecostal era A Voz da Verdade que servia Assemblia de Deus. Em Bragana, uma das cidades mais prsperas do Par, a Assemblia de Deus foi

fundada em 1917, sendo Isidoro Filho o seu primeiro pastor. O ano seguinte foi dedicado ao planejamento do avano da igreja. Nesse exerccio, no se registraram acontecimentos dignos de publicidade. Contudo, as notcias que chegavam do interior alegravam a todos, e faziam prever estrondosas vitrias. De Bragana, Clmaco Bueno Aza escrevia, narrando as maravilhas que Deus realizava, e insistindo que lhe enviassem mais Bblias e outras literaturas para serem distribudas. De outras cidades vinha o mesmo clamor. Foi justamente nesse perodo que os lderes sentiram a premente necessidade de um jornal que unisse o povo de Deus, compartilhando notcias e estudos bblicos, pois A Voz da Verdade vinha atendendo apenas parcialmente a esta necessidade. Em 1918, Clmaco, que at ento era evangelista, foi separado para servir como pastor

NOVO CAMPO DE AOA Assemblia de Deus no Par voltou-se, em 1919, para um novo campo de ao: a literatura. A Voz da Verdade deixou de circular em janeiro de 1918.Todos eram unnimes em reconhecer a necessidade da criao de um jornal que divulgasse as doutrinas apostlicas. Era um campo de ao que, nas mos de Deus, haveria de produzir cento por um. E foi assim que apareceu o Boa Semente. O primeiro nmero desse jornal foi publicado em janeiro de 1919. Estava aberto o caminho para novas conquistas para o Reino de Deus. Gunnar Vingren foi o seu primeiro diretor, e entre os seus colaboradores encontrava-se Samuel Nystrn. Apesar dos encargos, o jornal Boa Semente haveria de vingar, florescer e frutificar. A igreja crescia na capital e no interior. Em Belm, abriam-se novos locais de culto; no interior organizavam-se novas igrejas. Para atender necessidade sempre crescente de obreiros, a igreja reuniu-se no dia 15 de dezembro de 1919 com o objetivo de separar Jos Paulino Estumano de Morais para servir como pastor. O irmo Morais fora, durante muitos anos, presbtero da Igreja Presbiteriana Independente. Mas, tendo em vista a sua experincia pentecostal, resolveu unir-se Assemblia de Deus em 1917.

BONITOEm fins de 1919, Joaquim Amaro do Nascimento, Francisco Santos Carneiro e Joo Paraense, juntamente com as suas respectivas famlias, mudaram-se para a localidade dantes conhecida como Assaisal. A chegando Joaquim Amaro convenceu as pessoas do lugar que, dali em diante, o nome da localidade seria Bonito. A idia foi aceita. Porm, o culto que daria origem igreja em Bonito somente foi realizado no dia

12 de julho de 1920 na casa de Joaquim Amaro. O pastor PedroTrajano foi quem dirigiu o culto. O batismo dos primeiros convertidos tambm foi efetuado pelo pastor Trajano numa das visitas que este fez pequena congregao. A Assemblia de Deus em Bonito cresceu rapidamente, fazendo-se necessria a assistncia efetiva de um pastor. E o eleito foi o pastor Absalo Piano, que liderou aquela igreja de 1920 a 1928, data em que se transferiu para Urucuritema, para atender a um outro chamado. No pastorado de Absalo Piano, o rebanho do Senhor cresceu e espalhou-se pelas cidades vizinhas. Nesse perodo foi construdo o espaoso templo inaugurado no dia 14 de fevereiro de 1925. Com a mudana de Absalo Piano, a igreja ficou dois anos sob a direo do presbtero Joaquim Amaro. O segundo pastor da igreja em Bonito foi o irmo Jos Bezerra Cavalcante, homem prudente e mui experimentado na Obra do Senhor. Apesar das dificuldades encontradas, em poucos meses a vitria j estava consolidada em suas mos. Na gesto do pastor Bezerra Cavalcante, a igreja cresceu espiritual e economicamente. Em 30 de setembro de 1930 foi inaugurado o segundo templo. No ano seguinte, o pastor Bezerra foi substitudo pelo pastor Joo Trigueiro da Silva, que ali serviu at 1936, ocasio em que passou o cargo ao pastor Manoel Csar da Silva que, por seu turno, permaneceria at 1938. Nessa data, tomou posse o pastor Joviniano Rodrigues Lobato, cujo ministrio estendeu-se at 1943- Jos Leonardo o substituiria, nessa data, indo at 1945. Durante os meses seguintes, a igreja esteve sem pastor. O pastor Otoniel Alencar dirigiu a Assemblia de Deus em Bonito durante 10 meses, passando o cargo ao pastor Leonardo Luz, que o conservou at 1946. Veio depois o pastor Manoel Malaquias Furtado, que permaneceu at 1949, entregando, nessa data, as responsabilidades administrativas ao pastor Manoel Pinheiro, que iria at agosto de 1952. Mais uma vez, a igreja ficou sob os cuidados dos presbteros Jos Rodrigues e Joaquim Amaro do Nascimento at a chegada do pastor Jos Menezes, que tomou posse do cargo no dia 14 de dezembro de 1952. Em 1936, quando pastor em Manaus,o irmo Menezes tivera a revelao de que iria dirigir a Assemblia de Deus em Bonito. E a revelao cumpriu-se de forma cabal. Com a chegada do pastor Menezes, homem de viso e de iniciativa, a igreja entrou na fase mais prspera de sua existncia. Uma das , primeiras iniciativas de Jos Menezes foi a construo de um templo digno da obra que representava. Era essa uma tarefa difcil, sem dvida, em razo da falta de recursos, e de operrios crentes especializados. No obstante, grandes e pequenos participaram da construo, desde os alicerces at as cortinas do batistrio. O lindo e espaoso templo da Assemblia de Deus foi inaugurado em 30 de novembro de 1955.

A CHEGADA DE NELS NELSONNo dia 21 de maro de 1921, chegava a Belm, vindo da Amrica do Norte, o missionrio Nels Nelson. Era mais um pioneiro que chegava para juntar-se aos destemidos arautos do Evangelho. O missionrio Nels J. Nelson tinha, ento, 26 anos; vinha cheio de vida e disposto a levar muitas almas a Cristo. Embora no tenhamos dados completos das primeiras atividades do missionrio Nelson, sabemos que os primeiros quatro anos ele os passou nas ilhas, viajando, pregando a tempo e a fora de tempo, comendo quando havia o que comer, e sofrendo fome quando no havia alimento. Aps esse perodo, o missionrio aparece em vrios empreendimentos, em diversas pocas e lugares registrados nas pginas deste livro. Em 1922, Nels J.Nelson assumiu a responsabilidade do trabalho nas ilhas do Estado do Par, onde atuou durante quatro profcuos anos. O ano de 1921 assinala, tambm, o aparecimento do primeiro livro de hinos o Cantor Pentecostal. Com 44 hinos e 10 coros e impresso pela tipografia Guajarina, foi editado por Almeida Sobrinho e distribudo pela Assemblia de Deus na Travessa Nove de Janeiro, 75. Nos primeiros anos de atividades, as Assemblias de Deus usavam os Salmos e Hinos, um hinrio comum a vrias denominaes evanglicas.Todavia, a vida, as atividades e as doutrinas especficas exigiam o uso de uma hinologia essencialmente pentecostal. Pouco a pouco, foram surgindo os valores intelectuais para se constiturem a expresso potica das Assemblias de Deus.

CHEGAM OS REFOROSMil novecentos e vinte e um foi o ano de expanso do a ser o centro das atividades pentecostais em terras abertura e do progresso de novos campos chegavam Amrica do Norte, e muitos obreiros foram tocados por Brasil. trabalho. Belm continuava brasileiras. As notcias da s igrejas na Sucia e na Deus para vir trabalhar no

No dia 21 de maro de 1921 desembarcavam do navio Uberaba, em Belm, procedentes da Amrica do Norte, nada menos que 12 obreiros da seara pentecostal. Era um reforo potencialmente expressivo para a causa do Senhor. Essa foi uma data festiva para a Assemblia de Deus no Brasil. Alm dos nomes registrados nas pginas deste livro, outros obreiros muito contriburam para o progresso da Obra Pentecostal em seus primrdios:Vitor Johnson e esposa; Ana Carlson; Beda Palma; Gay de Vris; Augusta Andersson; Ester Andersson; Elisabeth Johnson e Ingrid Andersson. Esse esforo, porm, no foi suficiente para atender aos apelos que chegavam dos campos. A igreja necessitava de muitos obreiros. Atendendo a esses reclamos, a Assemblia de Deus em Belm separou, no dia 2 de maro de 1921, Bruno

Skolimowski para servir como pastor. E, de fato, ele viria a pastorear diversas igrejas no Par e no Sul do Brasil. A Assemblia de Deus no Brasil recebia missionrios, mas tambm os enviava a outras terras. No dia 21 de julho de 1921, o pastor Jos Matos embarcava com destino a Portugal. Era o segundo obreiro que saa de Belm para semear o Evangelho na potica e herica Lusitnia. De 18 a 22 de agosto de 1921 realizou-se a Conveno Regional das Assemblias de Deus no Estado do Par. A conveno foi hospedada em So Luiz, estando representadas as igrejas de Bragana, Cuatipuru, Tacari, Capanema, Abaet, Bonito, Burrinho, Cedro, Tomboteua, Pau Amarelo, Peixe Verde, Guan, Belm e Arama.

A PRIMEIRA ESCOLA BBLICAPor sua posio de primeira igreja e centro das atividades evangelsticas no Brasil, a Assemblia de Deus em Belm tinha a responsabilidade de preparar os obreiros que, dia a dia, o Senhor ia chamando. Foi considerando essa necessidade que a Assemblia de Deus em Belm organizou e realizou a Primeira Escola Bblica Pentecostal. Os estudos bblicos, ministrados pelo missionrio Samuel Nystrn, estenderam-se de 4 de maro a 4 de abril de 1922. Estes foram os pastores presentes primeira Escola Bblica das Assemblias de Deus:Jos Morais, Bruno Skolimowski, Isidoro Filho, Jos Felinto, Almeida Sobrinho, Antnio Rego Barros, Julio Silva, Francisco Gonzaga, Jos da Penha, Juvenal Roque de Andrade, Joo Queirs, Joo Batista de Melo, Manoel Csar, Paulino Fontenele da Silveira, Janurio Soares e Joo Francisco Argemiro. No mesmo ano foi realizada a Conveno Regional na cidade de Afu, que reuniu os obreiros de todo o Estado para estudarem a Palavra de Deus. Renovados pela graa divina, eles voltaram aos seus campos mais que dispostos a ganhar o mundo para Cristo. Em 1922 era publicada no Recife a primeira edio da Harpa Crist, que passou a ser o hinrio oficial das Assemblias de Deus. A primeira edio continha 100 hinos, e foi impressa nas oficinas do Jornal do Comrcio, na capital pernambucana. A tiragem de mil exemplares teve como editor Adriano Nobre. A distribuio estava a cargo de Samuel Nystrn. J a segunda edio da Harpa Crist,com 300 hinos,foi impressa nas oficinas Irmos Pongheti,no Rio de Janeiro, em 1923A Assemblia de Deus em Belm, tendo frente o pastor Samuel Nystrn, resolveu ampliar o trabalho de evangelizao atravs da palavra impressa, adquirindo as primeiras mquinas para imprimir o Boa Semente, folhetos, opsculos e outros materiais impressos. Corria o ano de 1923. O primeiro opsculo a ser impresso naquelas oficinas foi Jesus Cristo e Este Crucificado. A segunda Escola Bblica, sob os auspcios da Assemblia de Deus em Belm realizou-se de 24 de maro a 28 de abril de 1924. Os participantes, que

ultrapassavam a casa dos 40, vinham dos Estados do Par, Cear e Rio Grande do Norte.

VOZES DO SULO trabalho j estava consolidado em Belm. A igreja tinha como pastores os irmos Gunnar Vingren e Samuel Nystrn. As escolas bblicas eram uma bno. Quanto tipografia, j estava funcionando plenamente. E, neste setor, a cooperao de Nels J. Nelson era vital. Entretanto, alguma coisa estava acontecendo no Rio de Janeiro que acabaria por mudar as perspectivas da Obra Pentecostal em terras brasileiras. No incio de 1924, alguns irmos que se haviam mudado para a ento Capital Federal, ante o nmero sempre crescente de novos convertidos, comearam a orar para que Deus lhes enviasse um pastor. Ao mesmo tempo, escreviam igreja em Belm, insistindo no envio desse obreiro. Os pedidos eram cada vez mais insistentes. Eram as vozes do Sul que clamavam por auxlio. Como resposta, Deus dirigiu o pastor da igreja, Gunnar Vingren, a transferir-se para o Rio de Janeiro, a fim de organizar a igreja do Senhor, atendendo ao clamor do Sul. Assim, em abril de 1924, o missionrio Vingren e famlia deixaram, aps longos anos de convivncia, a igreja em Belm, que tanto amavam, para servir em outro campo que Deus havia preparado. A Assemblia de Deus em Belm perdia seu pastor, certo, mas atendia ao clamor daqueles que desejavam ganhar o Brasil para Cristo. No foi somente o missionrio Vingren que a igreja cedeu s necessidades do Sul, que eram cada vez mais acentuadas. Mais tarde, os missionrios Samuel Nystrn e Nels Nelson tambm atenderam ao apelo do Sul, e deixaram o pastorado em Belm em obedincia ordem divina.

A ADMINISTRAO SE RENOVACom a partida de Vingren para o Rio de Janeiro, a direo da Assemblia de Deus em Belm ficou sob a responsabilidade de Samuel Nystrn, que nas atividades pastorais e nas oficinas contava com a ajuda do missionrio Nels J. Nelson e do irmo Plcido Aristteles, homem de reconhecida capacidade literria. A igreja crescia em nmero e espiritualidade, e exigia cada vez mais espao para operar. No dia 30 de outubro de 1926 inaugurava-se o segundo templo da Assemblia de Deus em Belm, com a presena de mais de 1.200 pessoas. O santurio estava localizado na Travessa 14 de Maro, esquina com So Gernimo. Em 1927, a Assemblia de Deus em Belm, considerando a falta de pastores e evangelistas, e atendendo ao fato de que muitas igrejas passavam meses seguidos sem visita de obreiros, iniciou o que se pode chamar de evangelismo itinerante. Para esse ministrio foi designado o pastor Jos Morais, que deveria servir em tempo integral.

PRIMEIROS PASSOS DA BENEFICNCIA

De 24 de outubro a 7 de novembro de 1927, realizou-se em Belm mais uma Escola Bblica juntamente com a Conveno de Ministros do Evangelho. Uma das decises mais importantes foi a concesso de um auxlio s vivas e filhos dos obreiros falecidos no exerccio do cargo. Estava criada a Caixa das Vivas dos Pastores. O primeiro tesoureiro da entidade foi o irmo Manoel M. Rodrigues. Foi esse o primeiro movimento de beneficncia das Assemblias de Deus. Apesar de no possuir muitos recursos, pois dependia de ofertas voluntrias, esse movimento representou o embrio de muitos outros empreendimentos similares. Em 1940, numa conveno realizada na cidade paraense de So Luiz, fundou-se a caixa que, em 1953, sofreu vrias reformas, ganhando em 1954 estatutos e forma jurdica a Caixa de Beneficncia do Par.

MAIS OBREIROSNo dia 26 de setembro de 1928 chegavam a Belm o missionrio Algot Svenson e esposa. A ficaram at 1930, quando ento seguiram para Macei, capital de Alagoas. A igreja necessitava de obreiros, tanto para a capital como para o interior. Para atender a essa necessidade, a Assemblia de Deus em Belm convidou o pastor Jos Felinto de Oliveira para auxiliar o trabalho local. Falecendo este logo a seguir, foi substitudo pelo pastor Jos Felinto. Enquanto isto, era separado para servir como pastor nas ilhas, no dia 2 de maro de 1930, o irmo Joo Trigueiro, crente antigo e experimentado na f que, sem mais tardan, entrou em atividade. Em 1930, com a mudana de Samuel Nystrn para o Sudeste, primeiro para So Paulo e depois para o Rio de Janeiro, o missionrio Nels J. Nelson assumiu a responsabilidade do pastorado em Belm. Para auxili-lo, a igreja convidou o pastor Pedro Trajano, um dos primeiros obreiros separados para o ministrio. Em 1935, o missionrio Nelson licenciou-se por nove meses do pastorado da Assemblia de Deus em Belm a fim de atender a igreja em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Durante a sua ausncia, a igreja contou com a cooperao do pastor Jos Bezerra Cavalcante. Com a volta do missionrio Nelson, o trabalho ganhou novo impulso. Em novembro de 1936, o pastor Francisco Pereira do Nascimento foi convidado a auxiliar a Assemblia de Deus em Belm. Ao lado de Nelson e Trajano, entrou logo em atividade. Em no poucas ocasies foi enviado a auxiliar outras igrejas, mas logo regressava para reocupar o seu posto em Belm. No ano de 1936, para comemorar o vigsimo quinto aniversrio de sua fundao, a Assemblia de Deus em Belm promoveu a realizao da Conveno Geral em sua sede. Pastores e missionrios que viviam no estrangeiro e que, direta ou indiretamente, estavam ligados s suas atividades, foram convidados e fizeram-se presentes. A Conveno Geral atraiu a Belm dezenas de missionrios, pastores e

evangelistas. Entre outros, estiveram presentes Daniel Berg e Samuel Nystrn, que trabalhavam em Portugal, e A. A. Holmgren, redator do jornal Sanigens Vittne, que muito fez em favor do trabalho do Brasil. Tambm esteve presente a irm Celina Albuquerque, a primeira pessoa a ser batizada no Esprito Santo, no Brasil. As comemoraes do 25 aniversrio da Obra Pentecostal no Brasil estenderam-se de 13 a 20 de junho de 1936, delas participando toda a igreja. Joo Pereira de Queiroz tambm exerceu o pastorado na Assemblia de Deus em Belm. O pastor Jos Paulino Estumano de Morais auxiliou no pastorado da igreja durante oito anos, e o pastor Alcebades Pereira de Vasconcelos, por mais de dois anos. Com a ida do missionrio Nels J. Nelson para o Rio de Janeiro, em 1947, assumiu a direo da Assemblia de Deus em Belm o irmo Francisco Pereira do Nascimento. Com a experincia que vinha acumulando desde 1938, o pastor Pereira do Nascimento deu novo alento aos trabalhos. Com a mudana do pastor Jos de Morais para Timboteua, a igreja em Belm convidou Armando Chaves Cohen para auxiliar no pastorado local. Nesse perodo, a Assemblia de Deus contou com a cooperao do missionrio Hultgren, que visitava as igrejas e com elas cooperava. Quando se organizou o servio de evangelizao dos grandes rios Araguaia e Tocantins, o pastor Cohen acompanhou o missionrio Carlos Hultgren, que chegara a Belm em 30 de novembro de 1950 com a sua famlia, a fim de cooperar na evangelizao do Norte do Brasil. Algum tempo depois, o pastor Cohen voltou a Belm para, em seguida, aceitar a direo da Assemblia de Deus em Carolina, Maranho. Para o lugar do pastor Cohen a igreja em Belm convidou o pastor Jos Pinto de Menezes, o qual j vinha servindo ao lado do pastor Pereira do Nascimento, desfrutando da confiana de toda a comunidade dos fiis. Alm dos 12 templos que a igreja possua na cidade para congregar os sete mil membros arrolados (dados de 1955), o templo central em Belm foi ampliado duas vezes, em 1933 e em 1947, tornando-se, assim, o maior templo evanglico da capital paraense. Atendendo s necessidades de seus membros e s exigncias da cultura e do progresso, a Assemblia de Deus em Belm projetou e construiu o Colgio Evanglico, um edifcio com 24 salas de aula, alm de gabinetes e outras dependncias. O colgio est situado na Travessa Vileta, entre a Av. Duque de Caxias e 25 de setembro, num terreno que mede 60 metros de frente.

Folheando as pginas do primeiro jornal da Assemblia de Deus no Brasil, A Voz da Verdade, em seu primeiro nmero de novembro de 1917, encontramos esta pequena, mas esclarecedora notcia: "O nosso irmo Severino Moreno foi para Manaus, e l testificou acercada gloriosa verdade de que Jesus batiza com o Esprito santo. Seu trabalho foi to abenoado e resultou em tantos frutos que precisou ir para aquela capital um missionrio da f apostlica" (Assemblia de Deus). Como se v, Severino Moreno de Arajo foi quem levou a mensagem pentecostal mais para o norte. No foi o acaso que o impulsionou. A atmosfera espiritual e as atividades evangelsticas da Assemblia de Deus em Belm inspiraram os crentes a olhar para os campos que j estavam brancos para a ceifa. Severino no foi desobediente ordem divina. A semente estava lanada! Tempos depois, escrevia ele pedindo que lhe enviassem um obreiro para instruir os que haviam aceitado o Evangelho de Cristo. No dia 18 de outubro de 1917, embarcava em Belm com destino a Manaus o missionrio Samuel Nystrn e esposa, atendendo ao clamor macednico aqui parafraseado: "Olhai mais para o Norte, e ajudai-nos". O dia 1o de janeiro de 1918 pode ser considerado a data de fundao da Assemblia de Deus em Manaus. Os primeiros cultos foram realizados na Casa de Orao localizada na Rua Henrique Martins, esquina da Rua 13 de Maio (atualmente Avenida Getlio Vargas). O registro dos primeiros novos convertidos assinala dois nomes: Horcio da Silva Ventura e Fausta de Souza Lima. Trs meses aps a fundao da Assemblia de Deus, realizou-se o primeiro batismo nas guas na capital do Amazonas. O batismo foi efetuado pelo missionrio Samuel Nystrn nas guas do igarap Mestre Chico (Terceira Ponte). Entre os batizandos achava-se a irm Fausta Souza Lima. Os primeiros batizados com o Esprito Santo foram as irms Adalgiza e Fausta de Souza Lima,e os irmos Domiciano e Jos, ambos enfermos um leproso e outro tuberculoso , mas para admirao dos homens e glria de Deus, foram ambos totalmente curados. A igreja em Manaus crescia em nmero e em espiritualidade; pastor e membros desdobravam-se em servios para o Reino de Deus. Todos testificavam com poder. Os pecadores aceitavam a Cristo, e eram imediatamente batizados com o Esprito Santo. Assim se passaram quatro anos de lutas e vitrias na novel igreja, sob os cuidados do missionrio Samuel Nystrn. No final desse perodo, Samuel Nystrn teve de regressar urgentemente para Belm. A igreja em Manaus, embora sentisse falta de seu pastor, continuou a sua misso evangelizadora sob a responsabilidade dos irmos mais antigos. No obstante, todos queriam um pastor. Como os lobos ameaassem o rebanho, a igreja clamou ao Senhor da seara.

NOVAS PERSPECTIVASEnquanto isso, o Senhor Jesus constrangia o pastor Manoel Jos da Penha, em Belm, a viajar imediatamente para o Amazonas. A igreja em Manaus nada sabia

dessa viagem. E, assim, Manoel Jos da Penha ps-se a caminho, chegando capital amazonense em 9 de maio de 1923. Nesse dia, foi ele recebido como a resposta divina queles clamores incessantes. Com a chegada do novo pastor, a igreja rejuvenesceu-se e entregou-se mais ativamente aos trabalhos. Cultos tambm eram realizados na residncia do irmo Severino Moreno de Arajo. Mas o trabalho continuava a exigir a colaborao de mais obreiros. E estes no tardariam a chegar.Vindo de Belm, o irmo Domingos Elias dos Santos tornou-se eficiente auxiliar do pastor. Da Igreja Presbiteriana vieram os seguintes irmos: Pedro Alexandrino da Silva, Mariana da Silva e famlia, e a irm Joaquina Pedroso Lima (irm Quininha). Outros cooperadores fiis e dedicados vieram de igual modo juntar os seus esforos em prol do Reino de Deus: Domingos Elias dos Santos e Joo da Silva. Este ltimo, cabo da Marinha de Guerra, estagiava nessa poca em Manaus. Alguns dias aps a chegada do pastor Manoel Jos da Penha, isto , em 24 de maio de 1923, a igreja reuniu-se no igarap da Terceira Ponte para assistir ao batismo de outros novos convertidos. Desceram s guas, de acordo com a Palavra de Deus, os irmos Ernesto de Souza Lima (oficial da Polcia Militar), Honoreto Galvo Joo Pedro da Silva (cabo foguista da Marinha Mercante), Raimundo Rosa, e a irm Josefina (a ceguinha). Esta, aps ter sido batizada com o Esprito Santo, comeou progressivamente a ver at que ficasse completamente curada. As festividades natalinas, as primeiras celebradas no pastorado do irmo Penha, foram mais que expressivas. O culto foi realizado no templo provisrio localizado na Rua Emlio Moreira. Nesse 25 de dezembro de 1923, a igreja recebia como membros as seguintes pessoas: Violeta Coimbra do Santos e filhos, e Hermelinda Emlia Coimbra dos Santos, vindas de Belm, Par, e os irmos Jesuno Pereira de Melo e Martins Medeiros, ambos provenientes da Igreja Batista. O progresso da Assemblia de Deus em Manaus foi tal que se fez necessrio obter um prdio maior. A igreja resolveu, ento, transferir-se para a Rua Luiz Antony, esquina com a Monsenhor Coutinho. Com grande pesar, a igreja viu partir, em setembro de 1924, o .pastor Manoel Jos da Penha. No entanto, logo viria o consolo: Jos Paulino Estumano de Morais ocupou-lhe o lugar, e, neste pastorado, mostrou eficincia e dinamismo. Ele ocuparia o posto at 1927. As atividades do pastor Jos Morais estenderam-se da capital ao interior do vastssimo Estado do Amazonas. No ano de 1925, com a sada do missionrio Paulo Aenis, assumiu a responsabilidade da Assemblia de Deus em Alto Madeira o missionrio Nels J. Nelson. A Assemblia de Deus em Manaus hospedou a Conveno Regional que se realizou de 15 a 22 de novembro de 1936. Nessa poca pastoreava a igreja o irmo Jos Menezes,que serviu muitissimamente bem Obra de Deus nessa cidade. Os estudos bblicos estiveram a cargo do missionrio Nels J. Nelson. O primeiro templo (de madeira) foi construdo no pastorado do irmo Morais. O segundo (de alvenaria), com o respectivo batistrio, foi inaugurado em 24 de outubro de 1944; tinha capacidade para mais de 500 pessoas. Estiveram presentes inaugurao os pastores Jos Menezesjoo Queiroz, Deocleciano de Assis e Nels J.

Nelson. O terceiro templo seria construdo pelo pastor Jos de Souza Reis. So os seguintes os pastores que serviram Assemblia de Deus em Manaus: Samuel Nystrn,Manoel da Penha,Jos Paulino Estumano de Morais (que serviu em trs perodos diferentes), Manoel Higino de Souza, Josino Galvo, Jos Menezes, Jos Floriano Cordeiro, Jos Bezerra Cavalcanti, Jos Marcelino da Silva, Deocleciano Cabralzinho de Assis, Francisco Pereira do Nascimento, Joo Pereira do Nascimento, Joo Pereira de Queiroz, Alcebades Pereira de Vasconcelos, Otoniel Alves de Alencar e Jos de Souza Reis.

PENETRAO NAS SELVAS DEAUTAZ MIRIMA mensagem pentecostal, de acordo com a ordem de Jesus Cristo, tem de ser leyada at os confins da terra. Assim sendo, o testemunho da verdade no podia ficar circunscrito s cidades; devia tambm penetrar nas selvas amaznicas. Essa verdade foi bem compreendida pela Assemblia de Deus em Manaus. E, assim, aqueles obreiros transpuseram rios e atravessaram ilhas para anunciar as Boas Novas nos mais remotos lugarejos da exuberante selva brasileira. Indiscutivelmente, a Assemblia de Deus foi a pioneira na evangelizao da Amaznia. Ela cumpriu cabalmente a sua misso mesmo sem dispor de recursos, lanchas, ou o apoio das autoridades. Mas aqueles homens simples e cheios de f demonstraram que o Evangelho de Cristo deve e pode chegar at os confins da terra. Em mais de quatro sculos de histria, poucas igrejas lembraram-se de levar conforto espiritual s populaes esquecidas nas margens dos rios amaznicos. S as cidades atraam os que se diziam religiosos; s onde houvesse civilizao e conforto que estes podiam ser encontrados. Mas depois que a mensagem pentecostal subiu os rios e povoou as ilhas, ento a inveja, o despeito e o medo de perderem a influncia fizeram com que alguns deles se fizessem presentes. Porm o pioneirismo j pertencia s Assemblias de Deus. Em 1925,o Evangelho j havia chegado a Autaz Mirim. Antnio Matias Fernandez foi o primeiro a anunciar a mensagem de salvao nesse lugar. Ele pertencia a uma denominao evanglica, porm reconhecendo que havia outras bnos e promessas de Deus para o seu povo, desejou receb-las. E, recebendo-as, quis que outros tambm desfrutassem delas. Antnio Matias escreveu ao pastor Jos Morais, em Manaus, pedindo-lhe que fosse a Autaz Mirim orientar os novos convertidos e fundar o trabalho. O pastor Morais prontamente atendeu solicitao. E, assim, em 1925, era estabelecida na casa do irmo Antnio Matias Fernandez numerosa congregao da Assemblia de Deus, tendo frente o prprio irmo Matias. O primeiro pastor de Autaz Mirim foi o operoso e fiel Antnio Tibrcio Filho. Ficando na direo dos trabalhos de 1930 a 35, o pastor Tibrcio construiu o templo que foi inaugurado em 1931- Eis mais alguns pastores que passaram por essa igreja: Telesforo Santana, Joaquim dos Santos e Tertuliano Valentim Barbosa.

MIRACOCRA

No pastorado de Jos Morais, a Assemblia de Deus em Manaus estabeleceu vrios trabalhos no interior do Estado. Miracoera foi um deles. Durante visita que o pastor Morais fez a essa localidade, em 1925, fundou-se ali mais uma poderosa agncia do Reino de Deus. O primeiro culto nessa cidade foi realizado em casa do irmo Toms, sendo este e sua esposa, Geraldina, os primeiros convertidos. Em 1930, era inaugurado pelo dirigente do trabalho, irmo Srgio, o primeiro templo de Miracoera. J o segundo templo seria erguido por Antnio Tibrcio, que foi tambm o primeiro pastor local. O templo foi inaugurado em 16 de maro de 1951, sendo a solenidade presidida pelo pastor Alcebades P. de Vasconcelos, que se fazia acompanhar pelos presbteros Jos Guedes dos Santos e Jos Rodrigues Muniz, e por outros irmos da Assemblia de Deus em Manaus. Tambm serviram como pastor em Miracoera os irmos Telesforo Santana, Joaquim dos Santos e Osrio de Pinho.

MANACAPURUNa regio do Manacapuru,o Evangelho foi anunciado em 1932,num lugarejo chamado Marreco. O presbtero Antnio Barroso, de Manaus, foi quem levou a mensagem a Manacapuru, sendo esta recebida por muitas almas que vieram a se converter a Cristo. O primeiro pastor a servir nessa vastssima regio foi o irmo Telesforo Santana, que l esteve at 1936. Antnio Tibrcio Filho tambm pastoreou essa Assemblia de Deus entre 1944 e 45.0 pastor Severino Herculano da Rocha substituiu o pastor Tibrcio, a ficando at 1957, data em que faleceu. O pastor Benjamim Matias Fernandes veio logo a seguir.

ITACOATIARAFoi o major Farias quem primeiramente anunciou a mensagem pentecostal em Itacoatiara. E o primeiro pastor a servir nessa importante cidade foi Antnio Tibrcio Filho, atendendo, com carinho, ao rebanho do Senhor. Tambm exerceram o pastorado em Itacoatiara os seguintes irmos: Antnio de Almeida Jos Marcelino Jos Henrique de Almeida e Francisco dos Santos Matias.

TABATINGA(Rio Solimes) Foi o esforado pastor Jos Floriano quem iniciou a obra de evangelizao em Tabatinga; e f-lo de modo que esta jamais seria interrompida ou recuaria, pois esteve sempre em ascenso. O pastor Floriano transferiu-se mais tarde para Benjamim Constant, deixando o trabalho aos cuidados de Raimundo Pereira Garcia. Em 1941, o pastor Antnio Tibrcio assumiu o pastorado da igreja em Tabatinga. Depois veio o pastor Telesforo Santana. Logo em seguida viriam ainda mais dois pastores: Amaro Goes e Jos Henrique de Almeida.

PARINTINSApesar de outros lugares mais distantes terem sido alcanados pelo Evangelho, Parintins continuava a clamar. Mas finalmente chegou a sua vez. O trabalho aqui teve origem entre o povo humilde, mas pouco tempo depois conseguiu alcanar pessoas de outros nveis. Foram pastores da Assemblia de Deus em Parintins os seguintes obreiros: Manoel Nilo da Silva,Joo Francisco dos Santos e Jos Guedes dos Santos.

Mais cedo do que se supunha, a mensagem pentecostal, atravs da Assemblia de Deus, alcanou o extremo Norte do Brasil, fixando-se definitivamente nessas paragens. Rondnia, que j se chamou Guapor, formou-se a partir de territrios cedidos pelos Estados do Amazonas e Mato Grosso. Ao tempo em que os primeiros povoadores tocaram o extremo Norte, a regio ainda desfrutava da fama, do prestgio e da riqueza provenientes da borracha. Mas a queda do ltex acabaria por sepultar de vez o esplendor econmico daquelas vastides.

PORTO VELHOO ano de 1922 assinala a fundao da Assemblia de Deus na cidade mais importante da regio que, naquela poca, pertencia ao Amazonas: Porto Velho. A data de registro 28 de fevereiro. Entre os fundadores da Assemblia de Deus em Porto Velho estava um dos primeiros missionrios vindos da Amrica do Norte. Seu nome: Paul John Aenis. No um nome to conhecido quanto o de outros missionrios, pois ele trabalhou apenas alguns anos no Brasil. Porm sua atividade, no perodo em que serviu entre ns, acha-se assinalada em vrios lugares. Paul Aenis ministrou em Porto Velho at 1924.0 primeiro batismo efetuado por Paul Aenis, naquele extremo Norte, foi de nove pessoas; o segundo, de 12. Aqui esto outros nomes que tambm aparecem como fundadores do trabalho em Porto Velho: Jos Marcelino da Silva, oriundo de Belm, e que mais tarde seria pastor dessa igreja; Jos Joaquim da Silva; Rosa Lucas da Silva e Maria da Conceio. As atividades da igreja em Porto Velho logo se estenderam a outros lugares, no s aos centros populosos, como tambm aos seringais e s populaes ribeirinhas. Entre os locais em que o trabalho se estabeleceu esto Boa Hora, Baixo Madeira, margem do rio do mesmo nome; e Bom Futuro, um seringal s margens do Alto Madeira. Em junho de 1944, o missionrio Nels J. Nelson visitou a Assemblia de Deus em Porto Velho e dirigiu uma semana de estudos bblicos. Para a igreja foi uma chuva em pleno vero. Os tempos de refrigrio renovaram o nimo do povo de Deus. No ano de 1948 a Assemblia de Deus em Porto Velho hospedou a Conveno de Ministros e a Escola Bblica, acontecimento que repercutiu na vida de toda a comunidade. O fato de haver 45 alunos matriculados na Escola Bblica, numa igreja pequena e longnqua, muito expressivo. Era uma prova de que a Obra de Deus estava viva e operosa. A Assemblia de Deus em Porto Velho tem sido das mais favorecidas no que diz respeito assistncia espiritual. Desde sua fundao, sempre pde contar com pastores de tempo integral. Serviram a esta igreja os seguintes obreiros: Paul Aenis (fundador) de 1922-24; Manoel Csar da Silva, 1924-28; Jos Marcelino da Silva, 1928

(seis meses); Janurio Soares, 1928-30;Jos Marcelino da Silva, 1930-36; Manoel Pirabas, 1936-37; Raimundo Prudente deAlmeida, 1937-39; Juvenal Roque de Andrade, 1939-43; Francisco Vaz Neto, 1943-46; Joviniano Rodrigues Lobato, 194652; Benjamim Matias Fernandez, 1952-53; Leonardo Luz, 1953, data em que recolhemos estes informes.

GUAJAR MIRIMGuajar Mirim, que tambm pertence a Rondnia, somente receberia o Evangelho algum tempo depois da fundao da Assemblia de Deus em Porto Velho. Embora a data de fundao do trabalho em Guajar Mirim tenha se verificado seis anos aps a de Porto Velho, a mensagem pentecostal aqui j era conhecida bem antes dessa data. Ao oficializar-se a Assemblia de Deus, os arcanos apostlicos j ecoavam pelos quatro cantos de Guajar Mirim. A data oficial do incio das atividades da Assemblia de Deus em Guajar Mirim 20 de maio de 1928. Entre os fundadores dessa igreja encontram-se Maria Fausta Ramos, Benvindo Ramos e Maria Salomo. Atravs dos novos convertidos, a igreja em Guajar Mirim levou a mensagem pentecostal aos lugares mais longnquos, porm estratgicos: Cachoeira do Madeira, na margem direita do rio Alto Madeira; Abun; Ncleo Agrcola Presidente Dutra, E.F.M.M. e Forte Prncipe da Beira. elevado o nmero de obreiros que serviram igreja em Guajar Mirim. Apesar de no possuirmos datas exatas, temos, porm esta expressiva lista, por ordem cronolgica: Janurio Soares; Ursulino Costa; Luiz Higino; Raimundo Almeida; Jorge Timoliom; Quirino Peres; Jos Marcelino da Silva; Jos Miguel Barros de Carvalho; Francisco Nascimento Garcia; Joo Evangelista de Albuquerque; Tlio Barros Ferreira; Hemetrio Bertoldo Gomes; Francisco Nascimento Garcia (segundo perodo), e Abdias Pereira da Costa.

AMAP"O tempo, como sucesso de dias, revelador das coisas como tm que ser, e obriga os anos a falar", assim se inicia a nota da qual extramos as informaes que sintetizam a Histria das Assemblias de Deus no Amap. No ano de 1916, Macap era uma pequena cidade de pouco mais de mil habitantes; porm, era a mais importante da regio. Poucas pessoas, por certo, se aperceberam de que, no dia 26 de junho daquele ano, chegara a Macap um colportor com as malas cheias de Bblias, folhetos e evangelhos. Somente alguns dias depois toda a cidade ficou sabendo da presena do evangelista, em razo de lhe haverem tomado os livros e os queimado em praa pblica, como veremos a seguir. O evangelista Clmaco Bueno Aza, ento no verdor dos anos, e desfrutando o primeiro amor que Deus concede aos que aceitam a Cristo, havia chegado a Macap na data acima citada com a finalidade de espalha