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Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa História do Direito Português Periodificação da história do Direito: Pluralismo Jurídico (1143 - 1446) - Começa na formação de Portugal como reino e termina na data das primeiras ordenações do reino (ordenações afonsinas – Rei D. Afonso V “O Africano”) - O poder é essencialmente pluralista; - Existem várias fontes de direito, todas em competição na tentativa de vigorarem.Havia lei, jurisprudência, costume, direito romano, direito canónico (direito da igreja), direito árabe ou muçulmano, direito visigodo. Modo de formação das fontes do Direito - lei, costume, canónico. Nota: 1128-1185 Reinado de D. Afonso Henriques (Criou uma única lei – “Lei da barregans dos coléricos” I. Transição do pluralismo jurídico para o monismo jurídico (1146 – 1820) - O período inicia-se com as ordenações do reino, de D. Afonso V e termina em 1820 com a revolução liberal. Em 1820 triunfa o liberalismo em Portugal, é uma data política e não jurídica; - Dá-se um período de transição do pluralismo jurídico para o monismo jurídico. Uma época de ouro - época dos descobrimentos; - A lei passa a estar organizada em ordenações do reino: 1º Afonsinas -1446 2º Manuelinas D. Mauel1 - 1521 3º Filipinas [ Filipe 2º de Espanha e 1º de Portugal - 1603]

História Do Direito

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Faculdade de Direito da Universidade de LisboaHistria do Direito Portugus Periodificao da histria do Direito: Pluralismo Jurdico (1143 - 1446) - Comea na formao de Portugal como reino e termina na data das primeiras ordenaes do reino (ordenaes afonsinas Rei D. Afonso V O Africano) - O poder essencialmente pluralista; - Existem vrias fontes de direito, todas em competio na tentativa de vigorarem.Havia lei, jurisprudncia, costume, direito romano, direito cannico (direito da igreja), direito rabe ou muulmano, direito visigodo. Modo de formao das fontes do Direito - lei, costume, cannico. Nota: 1128-1185 Reinado de D. Afonso Henriques (Criou uma nica lei Lei da barregans dos colricos

I. Transio do pluralismo jurdico para o monismo jurdico (1146 1820)- O perodo inicia-se com as ordenaes do reino, de D. Afonso V e termina em 1820 com a revoluo liberal. Em 1820 triunfa o liberalismo em Portugal, uma data poltica e no jurdica;- D-se um perodo de transio do pluralismo jurdico para o monismo jurdico. Uma poca de ouro - poca dos descobrimentos;- A lei passa a estar organizada em ordenaes do reino:1 Afonsinas -1446 2 Manuelinas D. Mauel1 - 1521 3 Filipinas [ Filipe 2 de Espanha e 1 de Portugal -1603]

II. Triunfo do monismo jurdico (1820 2015)- A partir de 1820 o direito importado;- Pretendiam um cdigo especfico para cada ramo do direito. Um livro sistemtico, sucinto e cientfico fruto da razo;Aparece um cdigo para cada ramo o direito:1 Cdigo Constitucional -18222 Cdigo Comercial 18333 Cdigo Administrativo 18364 Cdigo Penal 18525 Cdigo Civil - 1867- A lei transforma-se na fonte mais importante do direito portugus Uma das fontes - a lei vai triunfar em toda a linha, ao longo dos seculos XVIII e XX;

Smbolo da Justia:Justia DireitoA linguagem um esforo da caracterizao do pensamento. Antes do escrito, havia a imagem. Representao do Direito: Figura de uma mulher Deusa: A imagem tinha uma enorme importncia, no sentido em que transmite de imediato o pensamento. Os antigos representavam o direito atravs de uma figura feminina..- Ao mau dava um castigo e ao bom dava uma recompensa.Coloca uma venda nos olhos, no sentido de ser imparcial.A Deusa surge com uma espada na mo direita, a mo com mais fora.A fora est ao servio da justia!

Roupa: A deusa vestia-se com um vestido comprido e branco, era a cor na inocncia e pureza.

Balana: Instrumento de preciso, encontrava-se nas mos da Deusa.

Olhos vendados: A justia no momento em que vai dar a cada um, aquilo que seu, coloca a venda nos olhos. No v interesses. A justia imparcial.

Conceito de justia: dar a cada um o que seu/ o que merece o que devido/ aquilo a que tem direito. A deusa dava a cada um o que era seu: Mau - Punio Bom Prmio

Direito (2valores):- Ordem, segurana, tem de ser justa- Justia, para se alcanar a pazAtravs da ordem atinge-se a segurana,

Fontes de Direito Nacional 1. Direito Consuetudinrio Costume Conceito de Costume- Fonte mais pura, genuna e autntica do direito. aquilo que o costume sente como justo. Forma-se de forma natural Fenmeno cultural genunoArtigos - 1401, 1400, 348Caractersticas: 1- Formao lenta do direito2- Formao natural do direito3- No est positivado 4- obrigatrio5- Altera-se com a deslocao territorial Lei

2. A leiLei: Lei vigora em todo o territrio nacionalRequisitos: 1- Temporalidade2- Respeitar a lei divina3- Respeitar o bem comumTipos de Costume:1- Costume de acordo com a lei, diz o mesmo que a lei Secundun Legem2- Costume que est para alm da lei3- Costume que entra em conflito com a lei Costume contra legem Lei da boa razo - Todos os costumes contrrios boa razo so eliminados. o fim do costume contra legem. TACITUS CNSENSUS POPULI LONGA CONSUETUDINE INNETERATUSCostume UsoUso social facultativo no obrigatrio. Enquanto, que o costume para cumprir.

3. JurisprudnciaConceito: Actividade dos tribunais quando aplicam o direito aos caos concretos da vida, quando resolvem problemas que lhe so colocados. Conjunto das sentenas de um pas.Actualmente, no se pode realizar justia com as prprias mos/ ou justia privada.A justia privada deu origem justia pblica. - Princpio da justia pblica: S o estado pode repor a origem violada.Lei de Proibido fazer justia com as prprias mos. Os tribunais so os rgos de soberania 202 CRP Decises dos tribunais so obrigatrias para todos - 205 CRPA jurisprudncia no era encarada como uma fonte de direito, aparece apenas com a figura do estylo, uma moda, habito que as pessoas tm de imitar. A certa altura os juzes ao jugarem verificavam as sentenas anteriores e julgavam ao estilo dos anteriores, criava uma corrente jurisprudencial.

1. EstyloJurisprudncia (Estylo): Tribunais julgam da mesma maneira os casos diferente. Julgam ao estilo do que j foi julgado. A jurisprudncia nasce na poca medieval. Razes - Aparecimento do ESTYO: Principio hedonista: Obter o mximo resultado com o mnimo esforo; Juiz um prtico o direito, est pressionado pelo trabalho e para resolver o caso mais fcil olhar para a cadeia jurisprudencial; Segurana jurdica, na aplicao do direito; Uniformizao da jurisprudncia artigo 8 CC;

A. Quantas sentenas so necessrias para criar um estilo?B. So sentenas dos tribunais superiores ou os inferiores tambm?C. O Estylo obriga para o futuro?1496- Ordenaes afonsinas, estylo uma das fontes mais importante. (lei, costume, jurisprudncia).Na altura s valia o estilo do tribunal da corte, o actual supremo tribunal de justia. 2. AlvidroConceito: Partes quando estiverem em conflito, podem julgar o conflito fora os tribunais. Partes juntam-se e entregam ao caso a uma pessoa, na sua ideia, mais adequada. Quando no houvesse norma as partes escolhiam um rbitro, conhecidas das partes e respeitada.

Motivos do Sucesso do Alvidro: No havia juiz, ou era incompetente; Prximo da vida real, mais justo e conforme o caso; Decises mais rpidas; Mais barato, do que um processo judicial;

O alvidro renasceu, hoje em dia grande parte dos acidentes de carros no resolvidos pelos peritos. Quando h um conflito de consumo, entramos num centro de arbitragem de conflitos de consumo. Julgados de paz: estes foram criados em 2001, resolvem questes pequenas: Problemas de condmino; Problemas de guas; Problemas de ocupao de terrenos, Pequenos conflitos inferiores a 3500 Pequenos crimes, difamao, injuria;

Nota: Custos de 70 !

Direito da famlia1. IntroduoO que o direito da famlia?Sempre foi e ser a clula base da sociedade, instituio primria da sociedade. Quanto mais forte for a famlia mais foste a sociedade. um grupo de tal forma importante, que o homem nasce e vive no ceio da famlia. Se o homem no for socorrido aps o parte morre, a famlia acompanha o homem do nascimento at morte. Com a famlia h menos, criminosos, menos infelizes. Esta mexe com os valores mais importantes: parentesco (problema de sangue, laos de sangue), nascimento e morte (deve nascer e morrer dentro da famlia), relao entre as pessoas ou at com o desafecto. Famlia vria ao longo do tempo, no direito romano havia uma famlia patriarcal, que era regida pelo homem mais velho. Actualmente, temos uma famlia nuclear. Filhos muitas vezes de pais diferentes, o que gera conflitos. - Em Portugal 69% de divrcios!

2. 3. 4. Esponsais Podiam ficar noivas durante dois anos, se fossem ricos, o casamento era muito importante. Unio de famlia e de duas pessoas.

O noivo tinha que dar trs coisas noiva:- Anel, a ttulo de compromisso- Beijo, sculo. Costume do sculo, beijo que o noivo d noiva como prova do compromisso de casar na casa ou na mo- Um dote, uma fatia do patrimnio do noivo que se transfere directamente para a esfera jurdica desta. Para segurana econmica desta. Se no casasse perdia o dote. Depois de casar era proprietria sempre. Se no noivo no quisesse casar, perdia o dote.Dote em Portugal, arras. 1/10 do patrimnio, para noiva no para a famlia como no direito visigodo. Dinheiro, vestidos, vinho, trigo, animais domsticos. Ex: Rei D. Fernando casa com Leonor Teles, esta exige aldeias vilas e cidades.

5. Casamento3 Maneiras:1) Casamento de Bno: Casamento Cannico, realizado na igreja exige um padre ou bispo Matrimonio

2) Casamento de Juras:No tem ningum sem ser testemunhas nem padre, no h sacramento do matrimnio nem liturgia. Juras porque num lugar solitrio junta-se e juram Actual registo civilAcontecia quando a famlia no era de acordo

3) Casamento Casamento sem formalidades, sem padre as pessoas simplesmente juntavam-se. Acontecia nas camadas mais pobres.Rei D. Dinis - 1211 O homem que se juntar com uma mulher durante dois anos, se fizerem compras e viverem juntas consideram-se casadas. Porqu ? Para moralizar a camada mais vasta e para legitimar os filhos.

6. Poder Paternal Saber quem governa, quem o chefe e a directriz da famlia. O sustento da famlia. No direito romano era o homem mais velho. No direito visigodo a mulher comea a ter mais visibilidade. Esta pode comprar, celebrar contractos. Em Portugal, at ao 25 de Abril, o direito visigodo. O chefe o homem, mas a mulher pode actuar sozinha. Situao actual, 36 CRP Igualdade jurdica no casamento. 1676 CC Libertao do homem

Direito das sucesses

1. Introduo um direito actualmente contido no cdigo civil, a partir dos artigos 2024. Regula a transmisso e a partilha dos bens de uma pessoa que morreu, para as pessoas que lhe sucedem. Homem nasceu, cresceu, constituiu famlia, fez contractos, comprou, vendeu, e agra morre. A morte um facto natural, lei natural. A partilha abre-se no momento da morte, o que fazer aos bem e direito. O morto, de cujus Quem so os sucessores:1. Herdeiro, recebe uma herana. Um conjunto indeterminado de bens.2. Legatrio, recebe um legado. Um bem perfeitamente determinado no patrimnio do outro. Um objecto especifico do patrimnio do outro.

2. Quota disponvel e indisponvel H uma quota que vai directamente para a famlia, o mordo no pode dispor Quota indisponvel H uma parte no patrimnio que este pode dispor sem dar explicaes. Quota livre ou disponvelRealiza em forma de testamento: 1. Realizado pelo notrio que o coloca num cofre notarial. 2. Pessoa leva um envelope ao notrio, coloca o carimbo e coloca-o no cofe, sem ser assim no t^wm um valor jurdico. Valor da quota disponvel, direito medieval 1/5 20% (norte), (por influencia rabe) sul 33%. Actualmente, artigo 2158, 21593. Princpios fundamentais

a) Princpio da igualdade entre o homem e a mulher Direito Visigodo

b) Princpio da proximidade do grau de parentesco. Linha Colateral Parental Linha Recta Parental

c) Princpio da representao, no caso do filho do morto j ter morrido e ter descendentes o neto concorre em p de igualdade com o tio Questo de justia natural 2160 CC

d) Princpio da ordem ou hierarquia na sucesso, s se passa para a segunda classe quando a mesma no tenha. Antigamente em Portugal, a primeira classe agarrava tudo. No caso de no ter primeira classe, passava-se para a segunda (avs e pais). Terceiros (irmos e sobrinhos). Quarta (esposo ou esposa).Actualmente:1. Esposo ou Esposa + Descendentes 2. Esposo ou Esposa + Pais3. Irmos + Sobrinhos4. Outros parentes colaterais at ao 4 grau de parentesco, avs sobrinhos netos5. Estado