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 HISTÓRIA NATURAL DAS DOENÇAS É o nome dado ao conjunto de processos interativos compreendendo as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afeta o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forcas que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez ou morte !eavell e "larc#, $%&'() * história natural da doença, tem desenvolvimento em + períodos o período epidemiológico e o período patológico) $ o  eríodo .pidemiológico o interesse é dirigido para as relações suscetível ambiente) + o  eríodo atog/nico interessam as modi0cações que se passam no organismo vivo) *brangem, dois domínios integrantes o meio ambiente, onde ocorrem as pré-condições, e o meio interno onde a doença se processaria de forma progressiva, com modi0cações bioquímicas, 0siológicas e histológicas próprias de uma enfermidade) .m situações normais, com aus/ncia de estímulos, jamais se e1teriorizariam como doenças) .m presença a estes fatores intrínsecos pree1istentes, os estímulos e1ternos transformam-se em estímulos patog/nicos) 2entre as pré-condições internas, citam-se os fatores heredit3rios, cong/nitos ou adquiridos em conseq4/ncia de alterações org5nicas resultantes de doenças anteriores) 6 homem é gerador das condições sócio-econ7micas favorecedoras de anomalias ecológicas predisponentes a alguns dos agentes diretamente respons3veis por doenças) * utilidade, ou o objetivo da 8istória 9atural da doença é apontar os diferentes métodos de prevenç:o e controle,

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HISTRIA NATURAL

HISTRIA NATURAL

DAS DOENAS

o nome dado ao conjunto de processos interativos compreendendo as inter-relaes do agente, do suscetvel e do meio ambiente que afeta o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forcas que criam o estmulo patolgico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem ao estmulo, at as alteraes que levam a um defeito, invalidez ou morte (Leavell e Clarck, 1976).

A histria natural da doena, tem desenvolvimento em 2 perodos: o perodo epidemiolgico e o perodo patolgico.

1o Perodo Epidemiolgico: o interesse dirigido para as relaes suscetvel ambiente.

2o Perodo Patognico: interessam as modificaes que se passam no organismo vivo.

Abrangem, dois domnios integrantes: o meio ambiente, onde ocorrem as pr-condies, e o meio interno onde a doena se processaria de forma progressiva, com modificaes bioqumicas, fisiolgicas e histolgicas prprias de uma enfermidade.

Em situaes normais, com ausncia de estmulos, jamais se exteriorizariam como doenas. Em presena a estes fatores intrnsecos preexistentes, os estmulos externos transformam-se em estmulos patognicos.

Dentre as pr-condies internas, citam-se os fatores hereditrios, congnitos ou adquiridos em conseqncia de alteraes orgnicas resultantes de doenas anteriores.

O homem gerador das condies scio-econmicas favorecedoras de anomalias ecolgicas predisponentes a alguns dos agentes diretamente responsveis por doenas.

A utilidade, ou o objetivo da Histria Natural da doena apontar os diferentes mtodos de preveno e controle, servindo de base para a compreenso de situaes reais e especficas, formando operacionais s medidas de preveno.

1. Perodo da pr-patognese

Primeiro perodo da Histria Natural das Doenas (denominado por Leavell e Clarck, 1976).

Envolve as inter-relaes entre os agentes etiolgicos da doena, o suscetvel e outros fatores ambientais que estimulam o desenvolvimento da enfermidade e as condies scio-econmico-culturais que permitem a existncia destes fatores.

Exemplo: pessoas abastadas adoecerem de clera um evento de baixa probabilidade, isto , para os que dispem de meios, a estrutura formada pelos fatores predisponentes clera de mnimo risco. Em termos de probabilidade de adquirir doena, no outro extremo, encontra-se os usurios de drogas injetveis que participam coletivamente de uma mesma agulha; para estes, os fatores pr-patognicos estruturados criam uma situao de alto risco, favorvel aquisio da AIDS.

San Martin (1981), o sistema formado pelo ambiente, populao, economia e cultura - Sistema Epidemiolgico - social. Segundo ele, qualidade e dinmica do ambiente scio-econmico, modos de produo e relaes de produo, concentrao de riquezas, participao comunitria, responsabilidade individual e coletiva so componentes essenciais e determinantes no processo sade-doena.

1.1. Fatores sociais

O estudo em nvel pr-patognico da produo da doena em termos coletivos, objetivando o estabelecimento de aes de ordem preventiva, deve considerar a doena como fluindo, originalmente, de processos sociais, crescendo atravs de relaes ambientais e ecolgicas desfavorveis, atingindo o homem pela ao direta de agentes fsicos, qumicos, biolgicos e psicolgicos, ao se defrontarem, no indivduo suscetvel, com pr-condies genticas ou somticas desfavorveis.

O componente social na pr-patognese poderia ser definido: conjunto de todos os fatores que no podem ser classificados como componentes genticos ou agressores fsicos, qumicos e biolgicos.

a) Fatores scio-econmicos

b) Fatores scio-polticos

c) Fatores scio-culturais

d) Fatores psicossociais

1.1.1. Fatores scio-econmicos

Os grupos sociais economicamente provilegiados esto menos sujeitos ao dos fatores ambientais que estimulam a ocorrncia de certos tipos de doenas, suja incidncia elevada nos grupos economicamente desprivilegiados, os pobres:

so percebidos como mais doentes e mais velhos;

so de 2 ou 3 vezes mais propensos a doenas graves;

permanecem doentes;

morrem mais jovens;

procriam crianas de baixo peso em maior proporo;

aumento da taxa de mortalidade infantil.

A ttulo de exemplo, a desnutrio, as parasitoses intestinais, o nanismo e a incapacidade de se prover esto sempre presentes onde a misria se faz presente.

1.1.2. Fatores scio-polticos

Fatores polticos que devem ser fortemente considerados ao se analisarem as condies de pr-patognese ao nvel do social:

instrumentao jurdico-legal;

deciso poltica;

rigidez poltica;

participao consentida e valorizao da cidadania;

participao comunitria efetivamente exercida;

transparncia das aes e acesso informao.

1.1.3. Fatores scio-culturais

No contexto social, devem ser citados preconceitos e hbitos culturais, crendices, comportamentos e valores, valendo como fatores pr-patognicos contribuintes para a difuso.

Exemplo: o proceder das populaes rurais em regies subdesenvolvidas da frica e do Brasil, que conservam o hbito de defecar na superfcie do solo, nas proximidades de mananciais.

Um outro exemplo de padro externo de comportamento, com influncia quase que direta da difuso de doenas, que nas ltimas dcadas as DST entre os jovens tiveram uma larga expanso, fenmeno este, que deve ser associado as atuais liberdades e promiscuidades sexuais:

passividade diante do poder exercido com incompetncia ou m f;

alienao em relao aos direitos e deveres da cidadania;

transferncia irrestrita, para profissionais da poltica, da responsabilidade pessoal pelo social;

participao passiva como beneficirios do paternalismo de estado ou oligrquico;

incapacidade de se organizar para reivindicar.

Esta, tem sido a essncia de nossa cultura poltica, bem como a de outros povos subdesenvolvidos, reforada atravs de nossa histria pelos estratos polticos e econmicos, em benefcio de alguns, com prejuzo para o todo.

1.1.4. Fatores psicossociais

Dentre os fatores encontram-se: marginalidade; ausncia de relaes parentais estveis; falta de apoio no contexto social em que vive; condies de trabalho estressante; promiscuidade; transtornos econmicos, sociais ou pessoais; falta de cuidados maternos na infncia; carncia afetiva de ordem geral; agressividade vigente nos grandes centros urbanos e desemprego.

Estes estmulos tm influncia direta sobre o psiquismo humano, com conseqncias somticas e mentais danosas.

1.2. Fatores ambientais

Ambiente deve ser entendido como o conjunto de todos os fatores que mantm relaes interativas com o agente etiolgico e o suscetvel, incluindo-os, sem os confundir com os mesmos.

Inclui o ambiente fsico, que abriga e torna possvel a vida autotrfica e o ambiente biolgico, que abrange todos os seres vivos, inclui tambm a sociedade envolvente, sede das interaes sociais, polticas, econmicas e culturais.

1.2.1. Fatores genticos

Provavelmente determinam a maior ou menor suscetibilidade das pessoas quanto aquisio de doenas, embora isto permanea ainda na fronteira da pesquisa gentica. O fato que, quando ocorre uma exposio a um fator patognico externo, alguns dos expostos so acometidos e outros permanecem isentos.

1.2.2. Multifatorialidade

a estruturao de fatores condicionantes da doena.

2. Perodo de patognese

A histria natural da doena tem seguimento com a sua implantao e evoluo no homem. o perodo de patognese. Este perodo se inicia com as primeiras aes que os agentes patognicos exercem sobre o ser afetado.

Leavel e Clark (1976) vem o perodo de patognese como se desenvolvendo nos seguintes estgios: interao estmulo-hospedeiro; patognese precoce; doena precoce discernvel e doena avanada.

Perodo de patognese precoce: o perodo que houve o rompimento do equilbrio da sade, porm, no existe sinais clnicos de que isto ocorreu.

Perodo de doena precoce discernvel: quando foi possvel diagnosticar clinicamente a doena ou alteraes de condio de sade do indivduo dizemos ter encontrado o horizonte clnico. A partir deste momento o perodo se caracteriza pelos primeiros sintomas da enfermidade.

Perodo da doena avanada: nessa fase a doena j se apresenta em sua forma clnica mxima causando alteraes marcantes no organismo.

Perodo de convalescncia: neste perodo ocorre o desfecho da enfermidade, ou seja, pode ocorrer a recuperao, invalidez, tendncia a cronificar e a morte .

PR-PATOGNESE + PATOGNESE = HISTRIA NATURAL DA DOENAHistria natural de qualquer processo mrbido no homem

Perodo de Pr-PatognesePerodo de Patognese

Antes do homem adoecerO curso da doena no homem

Interao de agente da doena: hospedeiro humanoDoena avanada

Fatores ambientais que produzem ESTMULO doenaPatognese precoce - Morte estado crnico - Invalidez

Interao HOSPEDEIRO ESTMULORecuperao

Perodo de Pr-Patognese e Patognese da Histria Natural.3. Preveno

Preveno para Leavell e Clarck significa vir antes ou preceder e coincide com a atual definio de Prevenir: antecipar, preceder, tornar impossvel por meio de uma providncia precoce.

Tal preveno exige uma ao antecipada, baseada no conhecimento da histria natural, a fim de tornar improvvel o progresso posterior da doena. Pratica a medicina preventiva todo aquele que utiliza o conhecimento moderno, na medida de sua capacidade, para desenvolver a sade, evitar a doena e invalidez, e prolongar a vida. Isto significa boa assistncia de sade e de servios de sade pblica para as famlias, comunidades.

A preveno se faz no perodo pr-patognese, atravs de medidas que desenvolvam sade tima, pela proteo especfica do homem contra agentes patolgicos ou contra agentes patolgicos do incio da patognese, deve-se fazer a preveno secundria, por meio do diagnstico precoce e tratamento imediato e adequado. Quando o processo de patognese houver progredido e a doena avanado, a preveno secundria deve ser continuada, atravs do tratamento adequado, para evitar seqelas e limitar a invalidez. Mais tarde quando o defeito e a invalidez se tiverem fixado, pode-se conseguir a preveno terciria, atravs da reabilitao.

a) Preveno primriaa.1) Promoo da sade

feita atravs de medidas de ordem geral:

moradia adequada;

escolas;

rea de lazer;

alimentao adequada;

educao em todos os nveis.

a.2) Proteo especfica: imunizaes;

sade ocupacional;

higiene pessoal e do lar;

proteo contra acidentes;

aconselhamento gentico;

controle de vetores.

b) Preveno secundriab.1) Diagnstico precoce: inquritos para descoberta de casos na comunidade;

exames peridicos, individuais, para deteco precoce de casos;

isolamento para evitar a propagao de doenas;

tratamento para evitar a progresso da doena.

b.2) Limitao da incapacidade: evitar futuras complicaes;

evitar seqelas.

c) Preveno terciria: rabilitao (impedir a incapacidade total);

fisioterapia;

terapia ocupacional;

emprego para o reabilitado.

3.1. Preveno primria3.1.1. Promoo da sade

As medidas adotadas para a promoo da sade no se dirigem a determinada doena, mas servem para aumentar a sade e o bem-estar geral. A educao e a motivao sanitria so vitalmente importantes para a realizao deste objetivo.

Os procedimentos para a promoo da sade incluem um bom padro de nutrio, ajustado s vrias fases do desenvolvimento humano, levando-se em conta o perodo de rpido crescimento e desenvolvimento da infncia, as mudanas psicolgicas da adolescncia, as exigncias extras durante a gravidez e as variaes das necessidades alimentares dos velhos, em relao s dos adultos jovens.

Finalmente, considerando que todas as pessoas que tm sade em determinado grau, toda a doena que leve o paciente ao mdico oferece uma oportunidade para aconselhamento, no apenas no que se refere ao tratamento daquela doena, mas tambm no que se refere a manuteno da sade potencial que resta ao paciente.

3.1.2. Proteo especfica

Compreende medidas aplicveis a uma doena ou grupos de doenas especficas, visando interceptar as causas das mesmas antes que atinjam o homem.

A descoberta de agentes patolgicos no infecciosos e/ou infecciosos, as reaes que produzem no organismo e suas fontes no meio ambiente, permite que se atue no sentido de intercept-los antes que se inicie a patognese.

A proteo especfica contra riscos de intoxicao na indstria; proteo contra vrios agentes cancergenos e ao tratamento de leses pr-cancerosas; proteo contra cries.

Uma vez que mltiplos processos patolgicos encontram-se na comunidade, no lar e no ambiente de trabalho, elas podem ser e tem sido combatidas atravs de medidas especficas aplicveis ao agente, ao hospedeiro e ao meio ambiente. Certos agentes podem ser combatidos pela purificao da gua, pela eliminao de detritos e materiais radiativos, por dispositivos de proteo nas mquinas, alimentao suplementar, etc.

Os fatores ambientais podem ser anulados pela melhoria das condies habitacionais, saneamento bsico, controle da propagao de doenas, e melhoria de condies scio-econmicas.

3.2. Preveno secundria3.2.1. Diagnstico precoce e tratamento imediato

Evitar a contaminao de terceiros, se a molstia for transmissvel, curar ou estacionar o processo evolutivo da doena, a fim de evitar complicaes ou seqelas, evitar a invalidez prolongada.

O sucesso de um programa depende, em grande parte, da identificao dos casos em seus primeiros estgios, de adoo de tratamento imediato e adequado a fim de possibilitar que outros casos fiquem em observao, tanto quanto possvel, no incio do processo clnico. Tais medidas so preventivas no apenas para o prprio paciente que escapa da progresso da doena, mas tambm para outros, que ficam protegidos contra exposio do agente infectante.

3.2.2. Limitao da incapacidade

Este nvel implica na preveno ou no retardamento das conseqncias de molstias clinicamente avanadas.

apenas o reconhecimento tardio, devido ao conhecimento incompleto dos processos patolgicos, que separa este nvel de preveno do anterior.

3.3. Preveno terciria3.3.1. Reabilitao

a preveno da incapacidade total, depois que as alteraes anatmicas e fisiolgicas esto mais ou menos estabilizadas. Tem como principal objetivo o de recolocar o indivduo afetado em uma posio til na sociedade, com a mxima utilizao de sua capacidade restante.

O sucesso da reabilitao depender da existncia e meios adequados nos hospitais, na comunidade e na indstria.

4. Vigilncia epidemiolgica

Denomina-se Vigilncia Epidemiolgica (V.E.) o alerta permanente em relao freqncia e distribuio das doenas e dos fatores ou condies que propiciam o aumento do risco de transmisso das doenas. A V.E. um sistema de informao, deciso e ao, para recomendar, planejar e avaliar medidas de controle dos agravos.

Segundo o Ministrio da Sade, para que isto ocorra, necessrio que a V.E. seja um componente imprescindvel dos programas de controle de doenas e as suas atividades executadas em todos os nveis de prestao de servios (unidades bsicas, hospitais, clnicas particulares e populao em geral).

5. Notificao compulsria

A fim de organizar as aes de Vigilncia Epidemiolgica, o Ministrio da Sade estabeleceu normas relativas notificao compulsria das doenas, cujos objetivos so:

possibilitar a descoberta dos casos novos para desencadear o mais rapidamente possvel o processo de profilaxia;

permitir o planejamento das aes de sade, a partir das prioridades levantadas pelo comportamento epidemiolgico.

Para que estes objetivos sejam alcanados necessrio e obrigatrio que mdicos, profissionais de sade e responsveis pelos estabelecimentos de sade notifiquem os casos suspeitos ou confirmados das seguintes doenas de notificao compulsria:

tuberculose;

sarampo;

coqueluche;

difteria;

ttano;

poliomielite

malria;

hansenase;

meningites e doenas meningoccicas;

leishmaniose tegumentar e visceral;

raiva humana;

febre amarela;

peste;

esquistossomose;

doena de chagas;

AIDS;

clera.

Na relao, constam as doenas de notificao internacional e nacional; cada estado, de acordo com a situao epidemiolgica, poder acrescentar outras doenas.

Fonte: KAWAMOTO. Enfermagem Comunitria. Ed. EPU.