3
HISTÓRIA Emanoel Rodrigues As terapias orgânicas, tais como a terapia eletroconvulsiva (cujos pioneiros foram Ugo Cerletti e Lúcio Bini), a terapia do coma insulínico (desenvolvida por Mandred Sakel) e a psicocirurgia (introduzida por Egas Moniz), todas começaram no primeiro terço do século XX, anunciando a revolução biológica na psiquiatria. Na segunda metade do século XX, a quimioterapia como tratamento para doença mental tornou-se uma importante área de pesquisa e prática. Quase que imeditamente após a introdução da clorpromazina (Amplictil) no começo dos anos 50, as drogas psicotrópicas tornaram-se o esteio do tratamento psiquiátrico, particularmente para os pacientes com sérias enfermidades mentais. Em 1949, o psiquiatra australiano John Cade descreveu o tratamento da excitação maníaca com o lítio (carbolitium ou carbolim), o que é amplamente aceito como um momento fundamental na história da psicofarmacologia. Ao conduzir experimentos com animais, Cade percebeu, um tanto acidentalmente, que o carbonato de lítio deixava os animais letárgicos, o que o inspirou a administrar esta droga a vários pacientes psiquiátricos agitados. Em 1950, Carpentier sintetizou a clorpromazina (um antipsicótico ), ao tentar desenvolver uma droga anti-

HISTÓRIA psicofármacos- parte 1

Embed Size (px)

DESCRIPTION

parte 1

Citation preview

Page 1: HISTÓRIA psicofármacos- parte 1

HISTÓRIA

Emanoel Rodrigues

As terapias orgânicas, tais como a terapia eletroconvulsiva (cujos pioneiros foram Ugo Cerletti e Lúcio Bini), a terapia do coma insulínico (desenvolvida por Mandred Sakel) e a psicocirurgia (introduzida por Egas Moniz), todas começaram no primeiro terço do século XX, anunciando a revolução biológica na psiquiatria. Na segunda metade do século XX, a quimioterapia como tratamento para doença mental tornou-se uma importante área de pesquisa e prática. Quase que imeditamente após a introdução da clorpromazina (Amplictil) no começo dos anos 50, as drogas psicotrópicas tornaram-se o esteio do tratamento psiquiátrico, particularmente para os pacientes com sérias enfermidades mentais.Em 1949, o psiquiatra australiano John Cade descreveu o tratamento da excitação maníaca com o lítio (carbolitium ou carbolim), o que é amplamente aceito como um momento fundamental na história da psicofarmacologia. Ao conduzir experimentos com animais, Cade percebeu, um tanto acidentalmente, que o carbonato de lítio deixava os animais letárgicos, o que o inspirou a administrar esta droga a vários pacientes psiquiátricos agitados.Em 1950, Carpentier sintetizou a clorpromazina (um antipsicótico ), ao tentar desenvolver uma droga anti-histamínica que serveria de coadjuvante na anestesia. Laborit relatou a capacidade desta droga de induzir uma "hibernação artificial". A clorpromazina foi rapidamente introduzida na psiquiatria norte-americana, e muitas drogas de eficácia semelhante vêm sendo sintetizadas desde então, incluindo o haloperidol (Haldol) um antipsicótico,1958, por Jansen.A imipramina (tofranil) um antidepressivo tem parentesco estrutural com a clorpromazina. Enquanto realizava pesquisas clínicas com drogas semelhantes à clorpromazina, Thomas Kuhn constatou que, embora não fosse muito eficaz para reduzir a agitação, a imipramina parecia reduzir a depressão, em alguns pacientes.A introdução do inibidor da monoaminooxidades (IMAO) para o tratamento da depressão evoluiu a partir da observação de que o agente tuberculostático iproniazida tinha efeitos elevadores do humor em alguns pacientes.Em 1960, com a introdução do clordiazepóxido (um agente benzodiazepínico antiansiedade, sintetizado no final da década de 50), o arsenal psicofamacológico incluía antipsicóticos (por exemplo,clopromazina e haloperidol), antidepressivos tricíclicos (por

Page 2: HISTÓRIA psicofármacos- parte 1

ex.,imipramina) e IMAO (por ex.,iproniazida), um agente antimania (lítio) e agentes antiansiedade (por ex.,benzodiazepínicos, além de drogas mais antigas, como os barbitúricos).Os 25 anos seguintes foram primariamente devotados aos estudos clínicos demonstrando a eficácia destas drogas e ao desenvolvimento de compostos afins em cada categoria. A eficácia de cada uma das classes de drogas no tratamento de síndromes psiquiátricas relativamente específicas e para a elucidação de seus efeitos farmadinâmicos impulsionou o desenvolvimento das várias hipóteses de neurotransmissores nos transtornos mentais(por ex., a hipótese da dopamina na esquizofrenia, e da monoamina para os transtornos afetivos)Desde 1960, o maior acréscimo às drogas psicoterapêuticas é representado pelos anticonvulsivantes, particularmente a carbamazepina (Tegretol) e o ácido valpróico (Depakene), eficazes no tratamento de alguns pacientes com distúrbio bipolar. A buspirona (Buspar ou Ansitec), um ansiolítico não-benzodiazepínico, foi introduzida para uso clínico na América do Norte em 1986. Várias drogas antidepressivas novas têm sido comercializadas (fluoxetina-Prozac, paroxetina-Aropax, sertalina-Zoloft, entre outros).Novas drogas antipsicóticas com um perfil de ação voltado para sintomas negativos e mecanismo de ação atípico, tais como clozapina (Leponex), alozapina (Ziprexa) e a risperidona (Risperdal). Espera-se que o crescente conhecimento da neurociência leve ao desenvolvimento de novas drogas durante a próxima década. Bibliografia:Prinípios e práticas em psicofarmacoterapia,phipip G. Jnaicak, editora Medsi,1996.