RESGATANDO MEMÓRIAS

O município de Três Passos localiza-se na região celeiro, noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Antes de 1944 pertencia ao município de Palmeira das Missões.

Três Passos surgiu por volta de 1879, de uma expedição de engenheiros e forte destacamento do exercito, com finalidade de fundar a colônia militar do Alto Uruguai. O nome do município - “Três Passos” - provém da existência de três correntes de água transpostas neste local (hoje estão no perímetro urbano e encontram-se canalizadas e possuem três marcos), onde também havia uma construção de madeira, o local desta construção ficou registrada nos documentos militares como o Pouso de Três Passos.

Já por volta de 1943, a colonização de nosso município estava bastante acelerada e em 28 de dezembro de 1944 Três Passos tornou-se independente quando o interventor do Estado, o Coronel Ernesto Dorneles, assinou o decreto nº 716 criando o município. Como o povo precisava de um representante o 1º prefeito nomeado pelo interventor foi Armando Prates Dias. Após este, teve outros prefeitos nomeados. Nessa época Três Passos contava com 37 casas de madeira.

Em 02 de janeiro de 1948 foi empossada a 1ª câmara de vereadores e 1º prefeito eleito Sr. José Pazzini. A partir de 1964 os municípios que faziam divisa com outros países, passaram a ser enquadrados na lei de segurança Nacional, o povo tinha direito de eleger seu representante, era escolhido por uma minoria (governador politico) por interesses particulares. Três Passos foi um deles, onde teve seus interventores Alcides Braun, Egon Julho Gelzer, Olavo Paulo Bondan, Egon Lauter e Renato José Oppermann.

Com a nova República, em 1985 foi extinguida a lei de Segurança Nacional, dando ao povo, a liberdade do voto pra eleger seu representante. Com isso, o povo passou a ter direito de cobrar responsabilidades e o prefeito o dever de cumprir seus compromissos com o povo.

Lista dos nomes dos prefeitos de Três Passos:

01/01/45- Armando Prates Dias-17/03/45 Dr. Luciano Machado, 21/11/45- Cap. Nelcides Sctriches- 14/0346-Dr.Carlos Nilo Machado- 31/03/47- Salatiel Republcano Mairesse –- 02/01/48- José Pazzini –eleito – 13/10/54 Wolfan Herbet Low empossado- 03/07 1975- prof. Egon Lauter nomeado- Posse, prefeitos eleitos 31/12/1951 Otacílio Mello Barcelos 31/12/1955 José Pazzini -31/12/1959 João Francisco Barros- 31/01/1964 Alcides Braun- 31/01/1969 –prefeitos nomeados Dr. Egon Julio Goelzer- 15/08/1969-Renato José Oppermann Prefeitos eleitos, 01/01/1986- Waldirio Pedralli- 01/01/1989 Reneu Geraldino Mertz- 27/06/1991-Lodário Larssen- 01/01/1993 Waldirio Pedralli- 01/01/1997 Zilá Maria Braitembach- 01/01/2001 Zilá Maria Braitembach 01/01/2005 Carlos Alberto Canova- 01/01/2009 Cleri Camillotti.

Na criação, o município de Três Passos tinha onze distritos: Sede, Alto Uruguai, Esperança do Sul, Tiradentes do Sul, Padre Gonzales, Lajeado Bonito, Bela Vista, Erval Novo, Lara, Floresta e Novo Planalto. No ano de 1993 emancipou-se o município de Tiradentes do Sul e, em 1995 emancipou-se o município de Esperança do Sul.

Hoje, Três Passos tem aproximadamente 24.000 habitantes, seis distritos que são: Sede, Padre Gonzales, Bela Vista, Floresta, Santo Antônio, e Erval Novo. O distrito de Padre Gonzales foi criado com a denominação de Lajeado Grande, conforme Lei nº 464 de 25 de novembro de 1953 e, alterada pela Lei nº 618 de 06 de maio de 1955 para distrito de Padre Gonzales.

A rede educacional do município conta com nove escolas municipais (sendo cinco no campo), e cinco estaduais (sendo duas no campo) e uma particular que é urbana. As escolas do campo participam do programa SEMEANDO - Semeando Educação e Saúde na Agricultura Familiar, um programa criado no ano 2000, mas no primeiro semestre de 2011 não esteve ativo, já no segundo

semestre está sendo reativado, e este traz grandes resultados para os alunos do campo onde desenvolvem projetos para serem aplicado em suas propriedades.

Um ponto negativo foi quando foram fechadas, no ano de 2009, oito escolas do campo onde estudavam alunos de 1° ao 5° ano.

A economia municipal baseia-se na produção de grãos, como soja, milho trigo e pastagem. Também destaca-se na criação de suínos, com parceria da Sadia, hoje denominada BR FOOD, onde grande parte da produção é exportada para países vizinhos. Tem ainda agricultores pecuaristas que se dedicam ao rebanho do gado leiteiro, os hortifrutigranjeiros que são industrializados em suas propriedades e vendidos na feira de produtores nas terças-feiras e quintas-feiras de cada semana.

Bienalmente, em anos pares, ocorre Feira Multissetorial a Feira de Indústria Comércio e Agropecuária- FEICAP – acontece normalmente no segundo bimestre do ano, no parque Municipal de Exposições.

A Feira das Flores – Blumenfest - acontece no mês de outubro dos anos ímpares, organizada pelo Centro Cultural 25 de julho, é marcada pela forte presença da cultura alemã, com apresentações de danças folclóricas, músicas, corais e gastronomia típica.

A festa do Colono e Motorista criada para comemorar o dia 25 de julho, tradicionalmente organizada pela comunidade de distrito de Padre Gonzales, que acontece em anos de intervalo da FEICAP.

A feira Três-Passense do livro - FETRELI realizada pelo Colégio Ipiranga, há três décadas representa o momento cultural regional, proporcionando o momento de leitura mais tradicional da região.

Os eventos do Natal começam no início de dezembro e duram o mês inteiro, com o Natal Encanto, apresentações artísticas e atividades culturais alusivas ao natal.

O ponto turístico RÜCKERT-THAL mostra esculturas e entalhes em madeira, brasões, troféus, lembranças confeccionadas pelo artesão Mauro Ruckert. Localiza-se em sua residência à Rua Tenente Prudente, 1061 Padre Gonzales Três Passos- RS.

HINO DE TRÊS PASSOS Letra de: Roberto Mazzini Bordini

Música de: Ricardo Mazzini Bordini

“Este hino que se faz qual flauta amena Em teu peito tuba sê canoro

Ao falar de uma gente que serena Faz seara em cada gesto de servir

Pois quem tem no peito a seiva dos três passos Tem os passos, olhos postos no porvir.

Estribilho:

Ama a terra que te brada a justiça Clama a terra a vida que verte do chão

Construindo assim guarida aos teus filhos E os filhos de teus filhos tal terão.

Quem bem cedo abrigou os viajantes E acolheu aos imigrantes generosa

Terra ardente, orgulhosa em dons ingentes É capaz de sustentar a imensidão Quem abriga tanta gente diferente

Faz-se una em verdadeira gratidão.

Ama a terra que te brada a justiça ...

Em teu seio sustentaste teus heróis De Gonzales e Daronchi redivivos

Aos que não se permitiram ditaduras Mantendo ideais com sangue altivos São esteios da Justiça que perduras

Nos caminhos que tu trilhas sempre vivos.

Ama a terra que te brada a justiça ...

Foste mãe de tantos pares ora grandes Deste força para dar-lhes de crescer Hoje és parceira amiga e respondes

A quem nunca viu negares tua mão São pedaços de um passado que escondes

Carinhosa em teu imenso coração.

Ama a terra que te brada a justiça Clama a terra a vida que verte do chão

Construindo assim guarida aos teus filhos E os filhos de teus filhos tal terão.”

O Hospital São José fechou em março de 2009, por não ter recursos financeiros da estrutura física que é uma exigência do Ministério da Saúde. Hoje neste local funciona um Centro de Recuperação para tratamento de Dependência Química.

O Hospital de Caridade de Três Passos, completou no corrente ano, 65 anos de fundação. Está situado na Rua Mário Totta, 157, no centro da cidade, possui 121 leitos, sendo 10 deles ocupados pela UTI adulta e 196 colaboradores. Conta hoje com estrutura física e equipe de profissionais treinados e capacitados para atender a demanda de saúde do município e de toda a região. Atualmente está ampliando sua estrutura preparando-se para implantar uma UTI neonatal e Hemodiálise.

O loteamento habitacional Pró-morar, distrito de Padre Gonzales situa-se próximo ao Trevo da BR 468 que dá acesso ao

distrito. O terreno de 60000m², ou 6 hectares, que foi adquirido do Sr. Alípio Hass, em 1984, pela prefeitura Municipal de Três Passos, sendo o prefeito na época Renato José Oppermann.

O bairro começou com um Projeto habitacional no Sistema de Mutirão, no dia 17 de agosto de 1988, com a meta de beneficiar 157 residências, distribuídas em dez quadras, construídas em três etapas (blocos), duas etapas com 50 casas (gêmeas) e outra etapa com 57 casas. O 1° morador foi o Sr. Ivo Küffel, que cuidava dos materiais e do controle dos que aqui trabalhavam, pois as casas quando prontas eram distribuídas conforme as horas de serviço que cada um fazia. Quem tinha mais horas podia escolher o local e casa que queria, com terrenos medindo 20x 30m². O 2º morador foi o Sr. Airton Rückert, no dia 26 de julho de 1991. Já o 3° morador foi a Srª Alzira Tonkrisst, no dia 09 de janeiro de 1990. Sendo que o pai de Airton Rückert foi atingido por um raio, quando ia voltando do trabalho no mutirão das construções das casas do bairro.

A vegetação do terreno era unha de gato e criciúma e a água era puxada da vertente para beber, já a da construção vinha por mangueiras do posto Ipiranga aproximadamente 800 metros de distância, no local tinha luz elétrica. Tinha critérios para participar do projeto: renda familiar até dois salários mínimos, residir mais de dois anos na sede do município, apresentar atestado de boa conduta, apresentar a carteira profissional, e o direito da escolha das casas era quem tinha maior número de horas de trabalho, e também não podia ter mais de dois filhos, pois a casa era de 5,75m².

Hoje moram no bairro 473 habitantes e, curiosamente, destes 73 são viúvas e só 3 viúvos. As árvores foram plantadas pelos moradores e algumas mudas doadas pela prefeitura. A religião é cerca de 70% é Católica o restante Evangélicos e Assembleia de Deus.

O bairro recebeu esse nome de início, sendo que depois quiseram mudar, mas houve muita polêmica nas sugestões e acabou ficando o mesmo nome.

A escola Coroinha Daronchi recebeu o nome em homenagem ao Coroinha que acompanhava o Padre Manuel Gomez Gonzales que foi cruelmente assassinado nas proximidades da escola. A mesma teve início do funcionamento no dia 10 de maio de 1991 com 53 alunos, de 1ª à 4ª série. Também foi construída grande parte pela comunidade, e outra pela prefeitura, para assim os alunos não precisarem deslocar-se para escolas na cidade. Na época a escola tinha apenas duas salas de aula, dois banheiros, e

uma salinha que servia de cozinha e secretaria. No inicio a aula começava as 7:30h da manhã até as 11:30h (para 3ª e 4ª), das 12:00h as 16:00h (1ª e 2ª), das 16:00h as 20:00h (5ª). Em 1993 foi ampliada com mais duas salas de aulas, para a 5ª e 6ª série, em 1994 funcionava de 1ª a 7ª série com 161 alunos e, então, foi construída a quadra esportiva e a cozinha.

No ano de 1995 começou a funcionar a turma de pré – Escola e de 1ª a 8ª série (1º grau completo). Já no ano de 1998. foi ampliada com mais duas salas de aula, no ano de 2001 no local onde tava a quadra de espores foi construído o ginásio de esportes. O mesmo além de jogos também serve para muitos eventos na comunidade, como para sociedade fazer almoços, festas, reuniões e bolãozinho, são elas: Damas Verde Palmas, sociedade de cavalheiros Recanto Verde, o Grupo de Idosos, Associação de Bairro, Igreja Católica e ainda a Saúde.

No dia 03 de julho de 2011 as sociedades tiveram inauguração de um novo salão comunitário, então deixaram de ocupar o ginásio de esportes da escola tendo assim sua sede própria.

Um ponto turístico que temos no bairro, muito falado no mundo inteiro, em uma área verde, próxima à Escola Coroinha Daronchi, onde temos uma capela (marco) que representa o local das árvores onde foram mortos o Padre e o Coroinha, fato muito triste que aconteceu no dia 21 de maio de 1924, entre 9 a 10 horas da manhã. Em uma pesquisa com alguns pais de alunos, eles tinham a ideia de que os mártires do Alto Uruguai tinham sido enforcados, isso foi um mal entendido da história, Mas, conforme escrito em um relato de Jacob Ratzinger (relato em 25/07/10, aos 57 anos de idade).

Na época o Padre e o Coroinha estavam voltando de rezar missa em Alto Uruguai em 20 de maio, estavam eles com duas mulas, então anoiteceu e eles estavam cansados, o Padre então

falou para o Coroinha encontrar um local para posar. Indo mais adiante o Coroinha avistou uma luz e avisou ao Padre, este pediu ao Coroinha para esperar ali até que Ele ia pedir pouso. O padre então chegando lá gritou: - O de fora. E o caboclo que lá morava respondeu: - O de dentro. Então os dois conversaram, e o Padre chamou o Coroinha para vir até a casa. Então, o dono da casa pediu para esconder as mulas que estava uma época muito perigosa, por causa da revolta dos Chimangos e dos Maragatos que tinha na época, então assim fizeram. A esposa do dono da casa logo providenciou a janta, sendo que nesse tempo o Coroinha que estava muito cansado pegou os pelegos da mulinha e deitou num canto. Quando a janta estava pronta pediram para ele jantar, e assim ele fez, depois da janta o Padre e o casal continuaram a conversar por mais um tempo, o coroinha foi dormir.

Cedinho acordaram, nem tomaram café, despediram-se, encilharam as mulas e seguiram viagem, de repente, encontraram um pé de goiaba e o Coroinha estava com fome, comeu algumas mas tirou uma bem graúda e deu para o padre, o mesmo não quis comer por querer ficar em jejum pois iria rezar missa e para comungar como era no costume de antigamente não podia comer nada. Foram mais uns quilômetros em frente então chegaram em um boteco, pediram informação onde ficava Três Passos, naquele mesmo momento apareceu um grupo de cinco homens e desconfiaram que era o padre, já foram perguntando que o que ele queria fazer, ele então disse que iria fazer casamentos batizados e abençoar o cemitério, logo se prontificaram em ir juntos. Então a poucos metros a diante em uma picada, pegaram o padre amarraram ele em uma árvore e deram dois tiros, o coroinha vendo toda aquela sena, passou pela mesma situação amarado e morto com um tiro no peito, um dos bandidos disse que se deixassem o coroinha, ele serviria de testemunha. O coroinha tinha apenas uma botina no pé com o qual fez um buraco sapateando, como sinal que ele não havia morrido logo, o outro pé tava tava machucado. Na hora que os bandidos estavam saindo, passou ali dois meninos um com nome de Matias e o outro de Antônio eram dois irmãos que estavam voltando da casa da irmã que morava em Padre Gonzales, foram buscar farinha no moinho para fazer pão novo para esperar o padre, eram filhos de Sebastião Tiesen e precisavam passar por aquela picada, quando iam passando um dos cinco pediu para eles se conheciam eles, então eles disseram que não, a resposta para eles foi que se os meninos fossem contar que haviam visto eles no mato os homens iriam mata-los. Então eles foram para casa e ficaram calados, isso foi na quarta-feira, somente na sexta-feira que

contaram que viram cinco homens e que foram ameaçados se contassem. O pai deles e vizinhos que estavam procurando foram logo no local onde os meninos falaram ter visto os homens e entraram um pouco mais a dentro já encontraram os corpos amarrados com cordas, num tronco de açoita-cavalo ou pau-de-leite.

Dois colonos então foram até a Colônia Militar em Alto Uruguai em busca da autoridade. Chegaram lá encontraram má vontade, e só no domingo de manhã, que foram lá para liberar os corpos. Nesse tempo todo ficaram vigiando os corpos e fizeram caixões onde colocaram os colocaram para sepultar no domingo a tarde, no cemitério que eles iriam abençoar, foram eles os primeiros corpos a ser enterrados no local, hoje localização seria perto do Hospital de Caridade. Depois de descoberto tudo, a mulher do bolicheiro contou que havia escutado tiros, mas pensou que alguém estava caçando javalis e também tinha visto pessoas passar lá com a mula parecida com a do padre, e o boné do padre, mas não desconfiou.

O coroinha tinha apenas 16 anos, e na última missa rezada em Alto Uruguai no dia 20 de maio, ele ficou padrinho de uma criança.

No local em todos os dias 21 de cada mês é rezada missa, sendo também no último domingo do mês de maio e feito romaria, caminhando cantando rezando orações, reunindo pessoas de vários municípios.

BIBLIOGRAFIA

VEIT, HUGO. Polígrafo de Estudos Sociais, Três Passos.SACHETT, ARMANDO ANTÔNIO e outros. Memórias I... Três Passos e Municipios descendentes. Três Passos: Editora SEDIGRAF, 1996.RUBERT, Pe. Arlindo. Servos de Deus Pe. Manuel e Adílio. 1ª Edição. Frederico Wesphalen : Editora Pluma Gráfica- ediora, 2005.GRAFFITI, Luis Gustavo. Três Passos: Imigração e Colonização. Ijui: 2004.RUCKERTT, Airton. Depoimento falado 2011.INTERNET.