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Histórico do Behaviorismo Introdução O comportamento humano sempre foi fonte de curiosidade, inclusive da Psicologia que buscou maneiras adequadas de estuda-lo. Foi com esta intenção que surgiu o Behaviorismo. Ele é uma corrente de pensamento psicológico, que utiliza uma palavra da língua inglesa “behavior” (EUA) com o significado de comportamento ou conduta para sua designação, justamente por considera-lo o único objeto de estudo aceitável através de uma metodologia científica. Este trabalho busca descrever de forma resumida a sua história e evolução, mostrando as diversas correntes de pensamento na Psicologia que tem em comum o comportamento como objeto de estudo, mesmo que com diferentes maneiras de estudar ou de explica-lo. Como era antes do Behaviorismo? - A mente era estudada pela introspecção do que ocorre “nela”, como um palco ou arena. - Alguns psicólogos objetivistas e comparatistas não se contentavam com o problema central da introspecção, ou seja, a vulnerabilidade às distorções pessoais. o Psicologia Objetiva: Ramo da Psicologia que usava métodos estritamente objetivos de medição.

Histórico do Behaviorismo

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Page 1: Histórico do Behaviorismo

Histórico do Behaviorismo

Introdução

O comportamento humano sempre foi fonte de curiosidade, inclusive da

Psicologia que buscou maneiras adequadas de estuda-lo. Foi com esta intenção que

surgiu o Behaviorismo. Ele é uma corrente de pensamento psicológico, que utiliza

uma palavra da língua inglesa “behavior” (EUA) com o significado de comportamento

ou conduta para sua designação, justamente por considera-lo o único objeto de

estudo aceitável através de uma metodologia científica.

Este trabalho busca descrever de forma resumida a sua história e evolução,

mostrando as diversas correntes de pensamento na Psicologia que tem em comum

o comportamento como objeto de estudo, mesmo que com diferentes maneiras de

estudar ou de explica-lo.

Como era antes do Behaviorismo?

- A mente era estudada pela introspecção do que ocorre “nela”, como um

palco ou arena.

- Alguns psicólogos objetivistas e comparatistas não se contentavam com o

problema central da introspecção, ou seja, a vulnerabilidade às distorções

pessoais.

o Psicologia Objetiva: Ramo da Psicologia que usava métodos

estritamente objetivos de medição.

- F.C. Donders (1818-1889): pioneiro no estudo experimental de

laboratório em Psicologia com seres humanos (“Tempo de Reação ao

Estímulo”).

- H. Ebbinghaus (1850-1909): “Medidas de Aprendizagem e de Memória”.

- G. Fechner (1801-1887): “Escala de intensidade subjetiva da sensação”.

- I.P. Pavlov (1849-1936): “Medida de reflexos condicionados” –

Descobriu o que ele chamou de condicionamento clássico, ele observou

que os cães não salivavam apenas ao ver a comida, mas também quando

associavam algum som ou gesto à chegada da comida (como por

exemplo, o som dos passos de seu assistente ou a apresentação da tigela

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de alimento). A ideia básica do condicionamento clássico consiste em que

algumas respostas comportamentais são reflexos incondicionados, inatas

em vez de aprendidas.

o Psicologia Comparativa: Estudo do comportamento de animais não

humanos a fim de generalizar seus achados para o comportamento

humano; influência da noção de continuidade entre as espécies que

compartilham histórias evolutivas – ideia do ancestral comum; Darwin foi o

pioneiro da Psicologia Comparativa com o livro “A expressão das emoções

nos homens e nos animais”.

- G. J. Romanes (1848-1894): Concluiu sobre o progressivo

enfraquecimento da analogia entre os humanos e a psicologia animal à

medida que se recua para espécies mais inferiores.

- C.L. Morgan (1852-1936): Cânone de Morgan – Parcimônia no Estudo

Animal.

- E.L. Thorndike (1874-1949): Estudo com gatos em caixas-problemas /

Lei do Efeito - afirma que aquelas ações que têm resultados agradáveis

para o animal (incluindo o homem) tendem a se repetir, enquanto que as

que têm resultados desagradáveis tendem a desaparecer.

1910 - Watson torna-se o grande expoente do Behaviorismo Metodológico,

com seu livro "A Psicologia como um Behaviorista a vê", onde questiona a

introspecção como fonte de dados para a Psicologia e defende o uso de

experimentos laboratoriais no lugar.

Primeira Geração do Behaviorismo – Behaviorismo Metodológico:

- Influenciado pela Psicologia Objetiva e pela Psicologia Comparativa pela

adoção de métodos estritamente objetivos de medição e pelo evolucionismo.

- Manifesto de 1913 de Watson - Tese defendida:

“Os psicólogos se embrenharam num esforço inútil ao definir a

Psicologia como a ciência da consciência através de métodos não

confiáveis e especulações infundadas. Deve-se estudar o

comportamento que pode ser objetivamente observado”.

- Não crê em ações inatas ou talentos, para o behaviorismo tudo vem da

experiência e aprendizado (apoiado no Realismo).

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- Consiste na produção sobre um comportamento involuntário a partir de um

estímulo que anteriormente não provocava tal reação (baseado em respostas

involuntárias – um organismo associa diferentes estímulos que ele não

controla), ou seja, o behaviorismo de Watson fundamenta-se no trabalho de

Pavlov: o condicionamento clássico, ou o reflexo incondicionado que consiste,

em respostas que são produzidas por estímulos antecedentes do ambiente,

chegando-se ao conceito de "reflexo condicionado" que consiste em

interações estímulo-resposta nas quais o organismo é levado a responder a

estímulos que antes não respondia. Isso se dá em função de um pareamento

de estímulos.

- A formulação do behaviorismo metodológico é representada pela relação

S R, onde S é o estímulo do ambiente e R a resposta involuntária do

organismo.

- Caso de estudo mais famoso de Watson – Pequeno Albert: Buscava a

possibilidade de condicionar as emoções em seres humanos.

- Watson postulava uma ciência capaz de prever e controlar o

comportamento.

1930 - Neobehavioristas - após Watson, alguns behavioristas buscaram

melhorar a proposta inicial, rejeitando alguns dos argumentos do Manifesto de

1913:

- Edward C. Tolman (1886 - 1959) e o Behaviorismo Cognitivista - traz o

processo cognitivo para o condicionamento.

- Clark Hull (1884 - 1952) e o Behaviorismo Hipotético-Dedutivo - ciência

matemática da psicologia / teoria quantitativa

- Autores como Tolman e Hull propõem o Behaviorismo Mediacionista, que

entende que o organismo se relaciona com o ambiente de forma indireta,

mediado por "variáveis interiores". Essa versão dualista do Behaviorismo,

contudo, não foi para frente, sendo substituído pela seguinte (o Behaviorismo

Radical).

- Nessa época, Thorndike também estabelece suas Leis da Aprendizagem.

1940 - B. F. Skinner surge superando o modelo Pavlov-Watson, de reflexo

condicionado, ao inaugurar o conceito de comportamento operante, bem como

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de comportamentos encobertos. Com isso Skinner cria o Behaviorismo Radical,

pautado não no reflexo como unidade mínima de análise, mas nas contingências

de reforçamento.

Segunda Geração do Behaviorismo – Behaviorismo Radical:

- B. F. Skinner (1904-1990) e o Behaviorismo Radical - S: R S

- O behaviorismo radical de Skinner está na formulação do "condicionamento

operante" que pode ser representado pela relação:  R à S, em que R é a

resposta e S é o estímulo reforçador que tanto interessa ao organismo, e a

flecha significa 'levar a'. Os sujeitos associam os comportamentos às

consequências, ficando mais propensos a repetir os comportamentos

recompensados (reforços) e menos propensos a repetir os comportamentos

punidos (punição), ou seja, respostas voluntárias que operam/agem sobre o

ambiente,

- Skinner sustentou que o caminho para uma ciência do comportamento

estava no desenvolvimento de termos e conceitos que permitissem

explicações verdadeiramente científicas (baseado no Pragmatismo).

1950-1970 – Pós-Behavioristas

- Surge a 2a geração de terapeutas comportamentais. Fase da Terapia

Comportamental clássica: já madura e bem formatada.

- Noam Chomsky publica uma resenha desfavorável ao livro

"Comportamento Verbal" de Skinner.

- Surgem os pós-Behavioristas que defendem uma mistura do Behaviorismo

Radical com o Cognitivismo:

o Albert Bandura (1925-...) e a Aprendizagem Social = Teoria cognitiva

Social - Para Bandura, o indivíduo é capaz de aprender também

através de reforço vicário (ou aprendizagem vicariante), ou seja,

através da observação do comportamento dos outros e de suas

consequências, com contato indireto com o reforço. Entre o estímulo e

a resposta, há também o espaço cognitivo de cada indivíduo (S-O-R).

- Ocorre a suposta "Revolução Cognitiva", mesclando-se a influência do

Behaviorismo. Advento do paradigma misto Cognitivo-Comportamental.

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1980 - Arthur Staats sugere uma 3a geração para o Behaviorismo chamando-

a de "Behaviorismo Social" (posteriormente, "Behaviorismo Psicológico") e diz

que ele seria mais capaz de explicar os comportamentos humanos complexos

por lidar melhor com emoções, aprendizagem social e símbolos.

Terceira Geração do Behaviorismo – Behaviorismo Social:

- A primeira grande modificação introduzida foi o reconhecimento de que a

análise do comportamento deve considerar os processos simbólicos.

- Uma Segunda inovação importante diz respeito à concepção de

comportamento como uma interação contínua e recíproca entre fatores

ambientais, comportamentais e cognitivos. Passa a vigorar um determinismo

recíproco entre homem-ambiente. O homem é capaz de direcionar o curso da

sua ação, isto é, transforma-se em um organismo ativo que é capaz de

selecionar e organizar dentre os estímulos que determinam as suas

respostas, aqueles que consideram relevantes.

- Uma terceira modificação é a noção de "aprendizagem através de

modelação" que se refere à aquisição de conhecimentos e comportamentos

novos por meio de observação. Assim, as expectativas individuais

independem de resultados produzidos pelas próprias ações, ou seja, as

respostas às ações de outros são importantes para guiar o próprio

comportamento.

REFERÊNCIAS

BENJAMIN, Jr; LUDY T. Uma breve História da Psicologia Moderna. LTC Editora,

2009.

REIS, Alessandro V. História da Análise do Comportamento. Disponível em:

<http://olharbeheca.blogspot.com/2011/01/historia-da-analise-do-

comportamento.html > Acesso em: 07 agosto 2011.

TERRA, Márcia. Behaviorismo em Discussão[1]. Disponível em: <

http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/b00008.htm > Acesso em:

07 agosto 2011.