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Trabalho elaborado pelos alunos Jardel Luis Carpes e Lucas Dalfrancis da Silva em julho de 2011.
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CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM JORNALISMO
Jardel Luis Carpes
Lucas Dalfrancis da Silva
TRABALHO DE MEMÓRIA SOBRE O JORNAL ARAUTO COMUNITÁRIO
Santa Cruz do Sul, julho de 2011
1
Jardel Luis Carpes
Lucas Dalfrancis da Silva
TRABALHO DE MEMÓRIA SOBRE O JORNAL ARAUTO COMUNITÁRIO
Trabalho apresentado à disciplina de Metodologia de
Pesquisa em Comunicação ao Curso de Comunicação
Social – Habilitação em Jornalismo da Universidade de
Santa Cruz do Sul.
Profa. Dra. Ana Maria Strohschoen
Santa Cruz do Sul, julho de 2011
2
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 3
1 METODOLOGIA ................................................................................................................... 4
1.1 Referencial teórico ................................................................................................................ 4
1.2 Pré-entrevista com cronograma ............................................................................................ 5
1.3 Entrevistas ............................................................................................................................ 6
1.3.1 Entrevista com Luis Carlos Diehl ...................................................................................... 7
1.3.2 Entrevista com Daiana da Silva Theisen ........................................................................... 8
1.3.3 Entrevista com Nelci Muller.............................................................................................. 8
1.3.4 Entrevista com Michele Sehnem ....................................................................................... 9
1.3.5 Entrevista com Rodolfo Kroth ......................................................................................... 10
1.4 Pós-entrevista ..................................................................................................................... 11
2 HISTÓRICO .......................................................................................................................... 12
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 13
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 14
ANEXO A - Transcrição das entrevistas ................................................................................. 15
R
3
INTRODUÇÃO
Este trabalho de pesquisa objetiva ilustrar a trajetória de sucesso do jornal
Arauto Comunitário – que completa 25 anos e se consolida como o primeiro veículo de
comunicação impresso de Vera Cruz. A empresa jornalística foi escolhida pelo ato de
pioneirismo, pelo notório envolvimento comunitário e pela curiosidade – destes
acadêmicos – em compreender “a receita” que torna todo colaborador apaixonado pelo
que faz. Ao propagar a notícia de todos os fatos do município, tendo como esteio as
peculiaridades locais, outro fator considerado é a credibilidade do suporte perante a
população.
As atividades iniciaram em 24 de setembro de 1986, pelas mãos de Álvaro
Werner, Sérgio Jost e Ivênio Roque Mueller. Intitulado na época de Vera-cruzense, o
impresso era distribuído com periodicidade quinzenal. Nos primeiros três meses, a sede
da empresa era o salão de festas da família Mueller e, com poucos funcionários e
percalços no processo de produção, o folhetim tornou-se o “xodó” do povo de Vera
Cruz. A adesão popular foi excelente, comprovada pelo considerável número de
assinantes. Em 1993, com o intuito de se tornar regional, em vista das solicitações de
Santa Cruz do Sul e Vale do Sol, o jornal passou a se chamar Arauto, pois o nome Vera-
cruzense remetia apenas a notícias de Vera Cruz.
Durante esse processo evolutivo, muitas coisas mudaram. As informações
começaram a chegar à casa dos vera-cruzenses duas vezes por semana, as páginas em
preto e branco ganharam nuances coloridas e hoje até site com atualizações constantes o
Arauto possui. Crescer é peculiaridade da empresa, que percebeu a força das mídias
integradas e a lacuna existente para abrir uma emissora de rádio. As ondas sonoras da
Arauto FM podem ser sintonizadas a partir do mês de outubro. Essas histórias e outras
conquistas serão aprofundadas ao longo deste estudo que visa compreender o
desenvolvimento do meio comunicacional.
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1 Metodologia
1.1 Referencial teórico
Para um estudo desta grandeza, a metodologia para captação das informações se
estabelece a partir do uso da história oral. Através da escuta, estes pesquisadores são
capazes de perceber a realidade de cada entrevistado e rememorar a história da empresa.
É nítida, através de cada sorriso ou semblante de tristeza, a verdade sem disfarces. A
técnica de fazer indagações baseadas num roteiro – mas sem questionamentos
engessados – permite aos protagonistas da história que através da fala façam revelações
nunca antes escritas.
De acordo com Thompson (1998) um fator a destacar é que há muitos assuntos
sobre os quais as pessoas não descreveriam, mas falariam – como, por exemplo, o
relacionamento em família. Se você estiver contando histórias, não utiliza somente as
palavras, mas também a linguagem corporal e a expressão facial.
No jornal Arauto sentimos exatamente isso. Uma equipe que dedica seu trabalho
para escrita e para informar jamais pensou em descrever a amizade, o companheirismo
ou mesmo descrever os bastidores do trabalho. Outros jornais da região dispõem de um
blog com peculiaridades do jornal, mas o Arauto não.
A oralidade estudada há mais de duas décadas por Paul Thompson, neste
trabalho fica estabelecida como valor determinante para compreender a trajetória do
Jornal Arauto. Mesmo que existam fotografias de arquivo, exemplares antigos
catalogados por data e o histórico da empresa disponível no site, os pesquisadores
entendem que é preciso mais. É preciso ouvir daqueles que arquitetaram a empresa,
através da técnica oral, como foi seu impulso inicial, as peculiaridades e os desafios
vindouros.
Segundo Thompson (2002), a linguagem oral e os arquivos são responsáveis por
reviver a história com êxito. É através desse processo dialético envolvido por
informação e interpretação entre história e comunidade, que a finalidade da história é
transformada.
5
A metodologia empregada nesta disciplina fica comprovada através do estudo de
Thompson que afirma apesar da história oral ser vista como uma nova abordagem da
evidência, sua expressão tem um passado consideravelmente remoto. Segundo ele, já no
séc. V a.C., o método de Heródoto já tentava avaliar a evidência histórica procurando
testemunhas e interrogando-as rigorosa e minuciosamente. Além disso, a tradição oral
utilizada nas sociedades pré-letradas para se transmitir histórias de uma geração a outra,
já significava a prática da história oral (SILVA; ROLKOUSKI, 2011).
Deste modo, entende-se por história oral algo mais amplo, como a interpretação
da história e das mutáveis sociedades e culturas através da escuta das pessoas e do
registro de suas lembranças e experiências (THOMPSON, 2002).
Para não ficarem restritos a certas informações, estes pesquisadores resolveram
ver o que pensam os funcionários, os proprietários – ao estudar a relação existente e um
membro da sociedade que lê o jornal Arauto. Ao entrevistar classes diferente
procuramos ter um raio X exato da imagem institucional do veículo trabalhado.
Conforme Thompson de uma outra perspectiva, como historiadores orais, nunca
deveríamos ficar satisfeitos com abordagens aleatórias para escolher aqueles que iremos
ouvir, pois isso enfraquece seriamente as conclusões que podemos tirar de nossas
entrevistas. Em todo projeto precisamos dar atenção especial à formulação de
estratégias apropriadas de amostragem (THOMPSON, 2002).
1.2 Pré-entrevista com cronograma
Quanto à preparação para entrevista, ambos os pesquisadores estavam bem
preparados, isto é, munidos de informação para formular perguntas corretas nos
questionamentos. O pesquisador Lucas Dalfrancis pelo fato de ser de Vera Cruz e
trabalhar como Assessor de Imprensa na Prefeitura possui relação diária com os
colaboradores do veículo e por entrelinhas conhece a história e sabe da evolução da
empresa jornalística. O pesquisador Jardel Luis Carpes, apesar de ser santa-cruzense,
6
possui vínculos com o Jornal Arauto através de sua participação voluntária como
colunista de variedades no suplemento jovem Tá Ligado!
Para dar credibilidade ao estudo, os pesquisadores entrevistaram três esferas
diferentes que possuem envolvimento com o jornal: os diretores, os funcionários e a
população – a fim de saber a visão do jornal por quem está do outro lado. Em virtude do
trabalho dos pesquisadores – que precisam cumprir horário de expediente semanal – as
entrevistas ocorreram no fim de semana. Dia 16 de junho de 2011, durante a manhã e à
tarde de sábado. As entrevistas foram agendadas 48 horas antes e respeitaram a agenda
dos entrevistados. Como ferramenta foram utilizados um notebook e uma câmera de
filmagem em alta definição.
Para maior organização, os pesquisadores partiram para o trabalho de campo
com um questionário de perguntas, no entanto, estava acordado que as mesmas seriam
apenas norteadoras, pois conforme o assunto fluísse mais indagações iriam surgir. O
método foi utilizado a fim de possibilitar a utilização de materiais ricos e inesperados. A
forma de entrevista foi exitosa. Enquanto um pesquisador fazia as indagações de forma
bem informal e deixava o entrevistado mais solto o outro capturava toda a entrevista
através de vídeo.
A forma de capturação de dados utilizada por meio de sistema audiovisual se
torna interessante no momento em que além de se perceber a oralidade do entrevistado,
também se nota através da imagem as feições do indivíduo e os seus sentimentos. Ao
encontro desta proposta, com o objetivo de zelar pela qualidade do material, as
perguntas foram sempre objetivas e claras, sem que o pesquisador manifesta-se seu
pensamento pessoal sobre a história, visto que condicionar a resposta comprometeria o
resultado do estudo.
1.3 Entrevistas
A fim de trazer mais realidade ao trabalho de resgate institucional, saímos a
campo para entrevistar pessoas que, de fato, possuem uma relação intima com o Arauto.
Entrevistamos os diretores, funcionários e pessoas da comunidade – para saber como a
população enxerga o jornal. Os entrevistados foram: Sr. Luís Carlos Dhiel, Diretor
7
Administrativo e Sócio-proprietário; Sra. Daiana da Silva Theisen, Diretora Operacional
e Sócia-proprietária; Sra. Nelsi Mueller, Sócia-proprietária; Sra. Michele Sehnem,
Coordenadora de Criação; Sr. Rodolfo Kroth, aposentado.
1.3.1 Entrevista com Luís Carlos Dhiel:
“Fui rotulado de louco quando deixei meu trabalho como assessor de imprensa
na Prefeitura de Santa Cruz do Sul para ingressar no pequeno Vera-cruzense”, enfatizou
Dhiel no início da conversa. No entanto, afirma que a iniciativa, de entrar no grupo de
comunicação, em outubro de 1990, foi exitosa. “Sem quis um campo de trabalho que
pudesse desenvolver e consegui”, completou. O diretor ainda disse que a grandeza de
um município se mede pela grandeza de suas publicações e, deste modo, o jornal
pretende contribuir com o desenvolvimento da cidade.
Ao falar das evoluções, Dhiel recorda do processo artesanal que era feito o
jornal, impresso em Venâncio Aires por 14 anos a distância também era um entrave.
Com a chegada do curso de comunicação social da Universidade de Santa Cruz do Sul
(Unisc), não apenas o jornal Arauto como todos da região tiveram a oportunidade de
preencher as redações com profissionais capacitados. Hoje o jornal conta com a sua
maioria do quadro de funcionários formados pela Unisc. “Prezamos sempre por pessoas
formadas em comunicação. Por isso garantimos a qualidade”.
Dhiel falou ainda das perspectivas do jornal circular três vezes por semana.
Algo, que, segundo ele, se tornará realidade em breve. Outro grande passo é a
implantação da Rádio Arauto FM, que pretende agregar ao jornal e constituir de fato um
grupo de comunicação. Entretanto, Dhiel destaca que o jornal não tem vida perene,
para se manter de pé cada edição precisa ser aperfeiçoada e feita com responsabilidade.
Ao responder o que o Arauto representa em sua vida, o diretor foi enfático. “O jornal
representa tudo”.
Durante toda a entrevista, de 32 minutos, Dhiel foi calmo e enomizou sorrisos ou
contar histórias pitorescas. A entrevista aconteceu na sala de reuniões do jornal.
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1.3.2 Entrevista com Daiana da Silva Theisen:
Se Daiana não fosse um poço de delicadeza e humildade talvez pudesse dizer
que no Arauto começou a ser mandada e hoje manda. Mas como ele gosta de dizer, “não
existem chefes”. Todos os colaboradores possuem um potencial gigante, são
valorizados e colaboram no processo de crescimento do veículo. A jovem começou na
empresa em 1998, sem nem bem saber ligar um computador. No departamento de
diagramação foi que aguçou seu lado criativo. A moça tinha o sonho de ser secretária de
uma fumageira e hoje é uma das proprietárias da empresa.
Hoje, além de ser sócia-proprietária do Arauto, Daiana – que é formada em
Letras / Português e Inglês – é Diretora Operacional. Ela é responsável por integrar
tanto o setor de redação quanto de criação. Daiana explicou que o projeto gráfico do
jornal prevê no mínimo 16 páginas. Mas conforme o aumento de anunciantes pode ser
aumentado. Ao todo o jornal possui 22 funcionários e tem equipe de distribuição
própria. O cargo de Daiana supervisiona o trabalho de arte e redação, mas sempre dando
autonomia aos setores, como ela própria frisa.
Para ela, o sucesso do jornal é um reflexo do envolvimento comunitário, é o
lugar onde as pessoas se identificam. “Tudo que acontece em Vera Cruz está nas
páginas do jornal Arauto”, destaca. Daiana reitera que existe um cuidado muito grande
com as informações. No entanto, ela vê a mídia on-line como o grande desafio. Deste
modo, o jornal desenvolve em parceria com a Unisc o projeto Arauto na Rede, que irá
rebuscar matérias antigas e divulgar apenas na página web do Arauto. Ao ser indagada
sobre o que jornal Arauto representa na sua vida ele sintetiza: “É a minha vida. Foi onde
eu me descobri e me realizei”.
Durante a entrevista, de 42 minutos, a jovem sorriu, emocionou-se e relembrou
suas histórias de infância. “Quando ia à escola sempre lia o jornal antes de sair de
manhã”, contou. A entrevista aconteceu na sala de reuniões do jornal.
1.3.3 Entrevista com Nelsi Mueller:
Ao alto dos seus 69 anos, Nelsi Mueller viu Vera Cruz nascer e o jornal Vera-
cruzense também. De modo particular, o jornal bem mais de perto. Afinal, foi no salão
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de festas de sua casa que tudo começou. Ela juntou os materiais escolares da filha,
réguas, lápis e canetas para dar início e como diz ela, “parece que deu certo”. Nelsi
recorda dos inúmeros desafios da época e diz que se sente honrada em ter participado do
ato de pioneirismo.
“As pessoas tinham sede por informação, precisavam saber das coisas que
aconteciam por aqui, por isso nasceu o Vera-cruzense”, destacou Nelsi. Há dois anos ela
não integra mais a equipe do jornal, onde fazia parte do setor financeiro. Hoje ela
apenas faz visitas. Mas garante que todo sucesso existe por causa do trabalho. “O
Arauto faz parte da minha família e todos crescem com o jornal”, declarou. A fim de
cooperar ainda mais no processo comunicacional da cidade, Nelsi também é sócia da
rádio que irá abrir em outubro.
Na entrevista, quando relembrou a história do veículo, de todo o início lembrou
da família e os olhos marejados não seguraram o cair da lágrimas na face. Nelsi tomou
os pesquisadores como amigos, convidou para ver sua casa e ainda contou histórias da
família. Enquanto pesquisadores, a entrevista na casa de Nelsi Mueller foi a mais
emocionante de todas.
1.3.4 Entrevista com Michele Sehnem:
A história de Michele Sehnem se confunde muito com a de outros funcionários
do Jornal. A moça começou sua carreira profissional no Arauto junto com a faculdade
de Publicidade e Propaganda, no ano de 2003. “Aprendia no jornal e na faculdade. Tudo
isso somou na minha vida e me fez quem eu sou hoje”, destacou. Michele começou
fazendo anúncios e hoje a publicitária é coordenadora de criação. Além disso, depois de
formada, Michele convidou os diretores do Jornal para abrirem uma agência de
publicidade e num ato de empreendedorismo nasceu a Tri Multi Comunicação.
Para Michele, o jornal Arauto representa o passado e o futuro. “Recebi muitas
ofertas de trabalho bacanas, mas não consigo sair do jornal, é como se todos fizessem
parte da minha família. Aqui, estou realizada com o que faço”, salientou. Ao ser
questionada se não pretende “ganhar o mundo”, Michele responde que suas raízes estão
10
em Vera Cruz e seu talento profissional pode ser evidenciado no jornal Arauto. “Se o
jornal cresce, eu cresço junto”, simplificou.
Entrevista com Michele durou menos de 10 minutos e aconteceu na sala de sua
casa. A moça pretende voltar para a Unisc no próximo ano e cursar Relações Públicas.
1.3.5 Entrevista com Rodolfo Kroth:
Mais importante do que saber o que os funcionários pensam sobre o seu trabalho
e os diretores sobre o negócio, é saber a visão da comunidade sobre o jornal que lêem.
Deste modo, fomos ao encontro de um leitor singular, que possui uma relação especial
com o impresso. Rodolfo Kroth, 81 anos, coleciona todas as edições do jornal. E, além
disso, mantêm tudo muito bem organizado. Cataloga os impressos e os mantêm
fechadinhos em volumes de cinqüenta unidades no sótão da casa antiga onde mora, no
centro da cidade. “Essa mania começou por causa da gincana. Todo mundo queria
informações antigas e, assim, eu sempre podia ajudar”, explica.
Além de colecionar os exemplares, Kroth diz que pode testemunhar todo o
crescimento do jornal. “Antes era tudo preto e branco, hoje está mais moderno e bonito.
Sem falar que as informações chegam mais depressa”, diz. Ele reitera que todas as
informações pertinentes da cidade estão nas páginas do Arauto e lembra um grande
avanço. “Quem diria, o antigo Vera-cruzense agora está até na internet”, brinca. Ele
comenta que muito dos seus amigos agora podem estar sempre inteirados das notícias
do município lendo o jornal através da internet. “Mas eu sou do modo antigo, prefiro
folhear”. Par finalizar o aposentado diz que o jornal é a cara de Vera Cruz. “O Arauto é
uma identidade”.
A entrevista teve a duração de cerca de 30 minutos e embora por ser uma pessoa
mais idosa o entrevistado desviar do assunto em determinadas horas, a entrevista foi
exitosa e permitiu bastante informação.
11
1.4 Pós-entrevista
É nítido o sentimento de alegria de todos os colaboradores ao rememorar sua
trajetória na empresa. Nos mais diferentes entrevistados pode-se sentir o amor ao jornal
e o espírito de equipe é visto por todos como um instrumento facilitador para o sucesso.
Na entrevista do Diretor Administrativo, Luís Carlos Dhiel, pode-se notar as grandes
dificuldades para se produzir o jornal antigamente, sem as facilidades tecnológicas tudo
era mais complexo e atribulado. A exemplo de uma fotografia colorida – que precisava
vir de São Paulo e demorava um mês para chegar.
Mas o esforço das gerações passadas, ainda está presente nos novos profissionais
que compõem o atual quadro efetivo. Em entrevista, Michele Sehnem entende que o seu
crescimento depende da evolução do jornal, – a fórmula perfeita para um
desenvolvimento em harmonia. A seriedade e a transparência talvez sejam atributos
responsáveis pela credibilidade do jornal, espelhada na voz do leitor Rodolfo Kroth. “O
Arauto é a identidade de Vera Cruz”.
A vontade de crescer, de melhorar e alcançar voos mais altos é a receita para
fazer os olhos de cada funcionários brilharem. Sim, nós descobrimos. A chegada da
rádio, o nascimento de uma agência de publicidade e por aí em diante... Todas essas
conquistas fazem parte da história de cada indivíduo, e esses se sentem protagonistas de
cada conquista. Sentimento descrito com exatidão por Daiana Theisen, “o Arauto é a
minha vida”.
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2 HISTÓRICO
O Jornal Arauto Comunitário foi criado em 24 de setembro de 1986, com o
nome de Vera-cruzense em edições quinzenais. Nos três primeiros meses a sede da
empresa foi o salão de festas da família Mueller. Os idealizadores foram Álvaro
Werner, Sérgio Jost e Ivênio Roque Mueller. Seu primeiro anseio era ser porta-voz da
comunidade de Vera Cruz, que até então não tinha um veículo de comunicação que a
representasse. No entanto, vale lembrar que neste período o Jornal Gazeta do Sul já
circulava na cidade, mas as informações eram limitadas. Em 1991, Luís Carlos Dhiel
entra no grupo.
Posteriormente, em 1992, o jornal começou a circular uma vez por semana e a
denominação mudou para Arauto Comunitário, popularmente conhecido por Arauto. O
nome se adequava melhor ao crescimento do suporte e a sua tarefa de apresentar um
jornalismo abrangente, sério e comprometido em toda região. Em 1998 iniciaram as
edições bissemanais, as terças e sextas-feiras. No mesmo ano Daiana Theisen entra no
grupo.
O Arauto tem o compromisso de levar ao leitor a informação clara, coesa e
verídica, atestando o caráter comprometido do jornal no desenvolvimento das
comunidades nas quais está presente. Canal aberto com a população, os leitores têm
acesso direto ao jornal, assim como têm seu espaço garantido para publicação de artigos
de opinião.
O Arauto integra Instituto de Cooperação e Desenvolvimento de Mídia
Comunitária (Icom), entidade que agrega 11 jornais de várias regiões do Rio Grande do
Sul, cujos diretores se reúnem mensalmente para troca de informações e aprendizados.
Além de Vera Cruz, o Arauto circula nos municípios de Vale do Sol e Santa Cruz do
Sul. O sistema de entrega domiciliar abrange a cidade e o interior de Vera Cruz e Vale
do Sol e o centro de Santa Cruz do Sul. Ao todo são cerca de dois mil assinantes.
13
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao estudar a relação do jornal com a comunidade, mas com o trabalho focado na
interação com a direção e os colaboradores do veículo pudemos observar que o veículo
estudado não se trata de um ponto referencial de trabalho. Todos os indivíduos que
convivem no jornal Arauto vêem o local como uma casa e os colegas como membros de
uma família singular.
Em todas as entrevistas pôde-se perceber muitas lembranças, sentimento e
emoções afloradas. A vida daquelas pessoas está realmente ligada onde trabalham. De
quebra, pode-se observar que o ambiente de trabalho é tão bom que o valor financeiro,
por incrível que pareça é tratado como algo sem importância – ou talvez a melhor
palavra a ser empregada seja secundário.
Mesmo havendo uma hierarquia de quem manda e quem obedece, à relação
entre patrão e empregado se manifesta de maneira harmônica. Pode-se sentir que
ninguém é “mandado”, todos constroem seu ambiente de trabalho e toda ideia a fim de
tornar o jornal de melhor qualidade é bem-vinda e vêem para somar.
De todas as entrevistas e manifestações, os pesquisadores consideram a história
de Daiana Theisen como a mais emocionante e envolvente. Da garota que começou
como estagiária e hoje chegou ao topo. No entanto, a história aqui mensurada como
direta foi contada paulatinamente com emoção, detalhes e lembranças da infância. O
mais bacana é que hoje Daiana trata os estagiários com o mesmo carinho com que foi
tratada quando chegou ao veículo. É como se ver no espelho. Essa impressão foi
transmitida por ela na entrevista e pelos outros colegas de trabalho ao mencionarem o
seu nome.
Por fim, pode-se considerar todo o trabalho rico e exitoso. Além de estar mais a
par de todas as tarefas funcionais que ficam por detrás da impressão do Arauto
entendemos que o mais interessante é humanizar a esfera do estudo e compreender o
relacionamento interpessoal dos indivíduos que constroem o dia a dia. Eis os
protagonistas de uma história de 25 anos chamada Jornal Arauto, os colaboradores e a
comunidade.
14
REFERÊNCIAS
REINALDO, A. M. S.; SAEKI, T.; REINALDO, T. B. S. O uso da história oral na
pesquisa em enfermagem psiquiátrica: revisão bibliográfica. Revista Eletrônica de
Enfermagem, v 5, n 2, p 55 – 60, 2003.
THOMPSON, P. A voz do passado – História Oral. 2 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1998.
THOMPSON, P. História oral e contemporaneidade. História Oral, n 5, p 9-28, 2002.
SILVA, H.; ROLKOUSKI, E. A(s) voz(es) do passado – história oral: Paul Thompson
x Philippe Joutard. Disponível em: <http://www.sepq.org.br/IIsipeq/anais/pdf/
gt5/09.pdf> Acesso em 15 jun 2011.
XAVIER, A. R. A importância da História Oral como fonte identitária de um povo: um
resgate da memória. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/20856/1/A-
importancia-da-Historia-Oral-como-fonte-identitaria-de-um-povo/pagina1.html>
Acesso em 17 jun 2011.