52
História de Emi uma nova história do Mestre Rabiscador

História de Emi

  • Upload
    others

  • View
    4

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: História de Emi

História de Emi

uma nova história do

Mestre Rabiscador

Page 2: História de Emi

Naquele tempo, para lá das altas montanhas de Portugal, a vida era quase selvagem

Page 3: História de Emi

A vida era difícil, havia escassez de comida e as casas eram frias

Page 4: História de Emi

Durante o Verão trabalhavam sem descanso para tirar da terra algo para comer

Page 5: História de Emi

Durante o longo e frio inverno tinham pouco que fazer e pouco que comer

Page 6: História de Emi

Foi exatamente numa dessas aldeias que nasceu, no último dia de Verão, uma linda menina.

Page 7: História de Emi

No primeiro dia que viveu na Terra, a noite e o dia tiveram exatamente as mesmas horas. Os pais puseram-lhe o nome de Emi

Page 8: História de Emi

Talvez por isso,Emi sempre procurou aJustiça e a verdade

Page 9: História de Emi

A escola ficava longe da aldeia. As crianças tinham que acordar ainda de noite e fazer um longo caminho no meio da floresta para lá chegar.

Page 10: História de Emi

As crianças iam sempre juntas para a escola, para evitar os lobos e toda a espécie de monstros que viviam na floresta

Page 11: História de Emi

A professora zangava-se porque as crianças iam para a escola sem sapatos. Os pais não tinham dinheiro para os comprar. Então a professora mandava os miú-dos regressar à aldeia buscar sapatos.

Page 12: História de Emi

As crianças tinham de voltar a casa para buscar sapatos. As pessoas da primeira aldeia por onde passavam tinham pena e emprestavam-lhes sapatos , mas grandes.

Page 13: História de Emi

As crianças voltavam à escola com sapatos enormes nos pés e entre grandes risadas. A professora ficava ressabiada, mas nada podia fazer: os miúdos estavam calçados!

Page 14: História de Emi

No Verão havia festas nas aldeias próximas. Emi ia com os pais e gostava de comer bolo e ouvir a música.

Page 15: História de Emi

Na feira, os homens bebiam vinho, ficavam excitados e havia zaragata. Emi tinha medo e pedia ao pai para se irem embora

Page 16: História de Emi

Durante o inverno, passava as longas noites a ouvir as histórias do pai sobre os antigos, junto à lareira.

Page 17: História de Emi

Depois da escola, as crianças tinham de trabalhar no campo para ajudar os pais

Page 18: História de Emi

Emi era a melhor aluna da escola. A sua mãe achava que ela devia continuar os estudos, após concluir a escola primária.

Page 19: História de Emi

O Pai não estava de acordo, necessitava que Emi trabalhasse no campo para ajudar a família. Por fim, contrariado, lá aceitou.

Page 20: História de Emi

A nova escola ficava longe e Emi só podia vir a casa durante as férias, no velho e vagaroso comboio.

Page 21: História de Emi

Ficou alojada na casa de duas velhas, conhecidas de um conhecido de um conhecido do pai. Mas elas eram duas malvadas.

Page 22: História de Emi

As malvadas liam e censuravam as cartas que Emi escrevia. Quando o pai mandava comida boa, presunto, couves, queijos, as malvadas comiam quase tudo.

Page 23: História de Emi

Mas o que mais a entristecia era que, quando o pai se atrasava no pagamento quarto ,as ve-lhas malvadas diziam que ele era um teso e que nunca deveria ter mandado a filha estudar.

Page 24: História de Emi

Durante os fins de semana Emi aborrecia-se. Todas as crianças iam para casa da família, mas Emi ficava com as malvadas, sem ter nada que fazer.

Page 25: História de Emi

Numa tarde de domingo foi até ao jardim daquela cidade. Aí havia um lago com peixes ver-melhos. Emi estava habituada a ir a pesca no rio, com o seu pai.

Page 26: História de Emi

Emi conseguiu apanhar um dos peixes vermelhos e levou-o para casa, pensando que as malvadas ficariam contentes e poderiam comê-lo. Elas riram-se da façanha e ridiculari-zam Emi.

Page 27: História de Emi

Dessa vez, como em outras ocasiões, as malvadas aplicaram castigos cor-porais à Emi , coisa que nesses tempos não era considerada condenável.

Page 28: História de Emi

Quando Emi voltava a casa e os pais lhe perguntavam como ia a sua vida, ela respondia que as malvadas a tratavam bem. Não queria apoquentar os pais que tantos esforços já faziam.

Page 29: História de Emi

Durante as férias Emi tinha obrigatoriamente de trabalhar no campo. Quer dizer, as férias não eram férias.

Page 30: História de Emi

A professora disse à mãe de Emi que a miúda era inteligente e tinha capa-cidades para estudar na escola exclusiva da grande cidade, onde só iam os filhos dos ricos.

Page 31: História de Emi

O pai acabou por assentir em mandar a filha estudar para a longínqua ci-dade branca, mesmo que para tal tivesse de matar uma vaca, um porco e abater vinte árvores.

Page 32: História de Emi

O pai queria que ela estudasse leis, para defender os desprotegidos. Ela gostava de ser engenheira. Porém, nesse tempo, os portugueses achavam que tal profissão não era adequada para mulheres.

Page 33: História de Emi

Tinha a ambição de conhecer todas as plantas do Mundo e com algumas delas pro-duzir produtos bons para a saúde. Foi estudar para a escola de plantas.

Page 34: História de Emi

Pode parecer insólito, mas a escola das plantas não ficava no campo, mas na grande cidade, a cidade branca, a do castelo, a das colinas. Emi foi viver para lá.

Page 35: História de Emi

Emi extasiou-se com a luz da grande cidade, com os pregões matinais dos vendedores e vendedoras e com as feéricas luzes noturnas. Que diferença da quietude da aldeia!

Page 36: História de Emi

Emi achava a gente da cidade esquisita e hiper-ativa, como agora se diz das crianças. Sentia muitas saudades do barulho do rio, do chilrear dos pássaros, da família e do cheiro da terra.

Page 37: História de Emi

Emi ficou depecionada com a ciência que aprendia na escola. Não seria com tais conheci-mentos que podia ajudar os camponeses. Também percebeu que na cidade havia malvados que controlavam a vida de toda a gente.

Page 38: História de Emi

Mas num dia, num só dia, tudo mudou. A liberdade passou por ali, as pessoas começaram a dizer aquilo que tinham engolido durante anos. Foram uns tempos de sonho sem sono que Emi viveu. A cidade branca ficou vermelha de cravos.

Page 39: História de Emi

Foi bonita a festa! Todavia, uns tempos depois, já muitos cinzen-tos, tecnocratas e calculistas mandavam. Pouco lugar para o sonho, as mudanças e as ilusões! Paciência.

Page 40: História de Emi

Por fim EMI terminou os estudos. Foi a melhor. Ia agora pro-curar trabalho.

Page 41: História de Emi

Emi conseguiu trabalho numa grande e prestigiada organização, que se preocupava pelo futuro do Planeta e queria combater a fome.

Page 42: História de Emi

Sucede que nesse tempo começavam a aparecer os sinais da alteração do clima:a falta de água e os fogos. Contudo, naquela altura, os políticos consideravam o tema pouco interessante. Não dava votos.

Page 43: História de Emi

Emi teve a ideia de realizar uma barragem para guardar água para regar a terra. Assim, os agricultores melhorariam a sua vida”. Para isso tinha de con-vencer um exército de burocratas e de políticos!

Page 44: História de Emi

Por esses tempos, Emi já tinha conhecido um jovem rapaz sonhador que gostava de desenhar e de contar histórias. Andavam sempre juntos.

Page 45: História de Emi

Havia homens importantes que queriam gastar o dinheiro do país noutras coisas, mas Emi ganhou e conseguiu que se fizessem barragens e canais. Naquele país nunca mais houve inundações de inverno nem seca no Verão.

Page 46: História de Emi

Um dia, quando passeava com o rapaz sonhador numa floresta de sequóias, sen-tiu-se mal, com dores. Estava doente.

Page 47: História de Emi

O rapaz baixou-se para ajudar Emi a levantar-se do chão. Nesse instante, viu um vulto escuro que os observava, escondido atrás duma centenar árvore.

Page 48: História de Emi

Emi não melhorava. Os médicos diziam coisas estranhas e desviavam o olhar. O rapaz sonhador resolveu voltar ao bosque misterioso para ter uma conversa com a Morte.

Page 49: História de Emi

O rapaz disse à Morte que Emi fazia muita falta, pois ainda tinha muitas coi-sas boas para realizar. Propôs-lhe que levasse outra pessoa. Um malvado, por exemplo. A Morte tossiu e disse, enfadada, que não era assim que as coisas se passavam.

Page 50: História de Emi

Emi ficou cada vez mais doente. Um dia a Morte veio buscar-la. O rapaz pensou em ir atrás dela, mas, nesse momento teve um pensamento.

Page 51: História de Emi

O rapaz lembrou-se que, uns dias antres, Emi tinha dito: “depois podes falar de mim aos nossos netos. E quando existir internet, conta a história, os leitores vão sorrir.

FIM

Page 52: História de Emi

História de EmiMestre Rabiscador

(Rui Cavaleiro)

História de Rui Cavaleirocontada e ilustrada, no Twitter,

com desenhos do Mestre Rabiscador,entre 10 de Novembro e 30 de Dezembro de 2019