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HOLODOMOR: A HISTÓRIA DA GRANDE FOME CONTADA PELO · não entendo”. Aluno C: “minha mãe faz comidas ucranianas, perohê, borth, kutiá, ... em relatos eles diziam que tinham

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HOLODOMOR: A HISTÓRIA DA GRANDE FOME CONTADA PELO JORNAL PRÁCIA EM PRUDENTÓPOLIS.

Verônica Tebinka1 Carmem Lúcia Gomes De Salis2

RESUMO

O presente trabalho constituiu uma iniciativa de análise sobre o assunto relacionado ao Holodomor contado pelo Jornal Prácia de Prudentópolis. Este estudo compreendeu a imigração ucraniana para Prudentópolis, Paraná e Brasil, bem como, a Revolução Russa e suas consequências. O trabalho introdutório deu sequência para o estudo e análise do jornal como fonte de pesquisa com visita a Thipografia onde se edita o centenário Jornal Prácia, e o Museu do Milênio o qual guarda parte da história do povo ucraniano. A partir desses elementos as aulas foram organizadas de forma dinâmica onde prevaleceram debates, atividades em grupo, seminários, atividades escritas, pesquisas no laboratório de informática, em bibliotecas, e narrativas sobre os conteúdos trabalhados e relacionados à temática Holodomor. Como objetivo centrou-se na analise da História do Holodomor pós Revolução Russa de 1917 e suas consequências para os países ocupados, bem como, sua divulgação junto à comunidade ucraniana de Prudentópolis por meio dos artigos do Jornal local Prácia. Aplicado à turma do 9º ano do Colégio Estadual Alberto de Carvalho, este projeto foi implementado e constatou-se através dele que os alunos desconheciam a temática e que um número reduzido de familiares lembrava o acontecimento.

PALAVRAS-CHAVE: Jornal Prácia. Holodomor. Genocídio. Ucranianos.

1 INTRODUÇÃO

A proposta está alicerçada nas Diretrizes Curriculares de História para a

Educação Básica do Estado do Paraná que se baseia na linha de estudo dos

fundamentos teórico – metodológicos para o ensino de História focado no uso de

fontes históricas no contexto escolar, nos diferentes níveis e modalidades de ensino.

Conforme as Diretrizes Curriculares Estaduais, (DCEs – 2008) em 2002

houve um grande avanço na rede pública Estadual e iniciou-se uma discussão

coletiva e participativa envolvendo professores da rede estadual, com o objetivo de 1 Graduada em História pela Universidade Unijuí-RS, 1998. Especialista em Metodologia do Ensino- Aprendizagem da História no processo educativo pela Universidade Jaboticabal-SP, 1999. 2 Professora Doutora do Departamento de História da Universidade Estadual de Centro Oeste - UNICENTRO- Guarapuava.

elaborar novas Diretrizes Curriculares Estaduais para o Ensino de História. (DCE's,

2008, p.44)

As diretrizes passaram a garantir autonomia aos professores, para recorrer às

diversas fontes historiográficas como: registros orais, livros, cinema, canções,

palestras, relatos, memória, vestígios, construções históricas locais, fotos, imagens,

jornais, entre outras. Dessa forma estas constituem ferramentas valiosas para o

desenvolvimento do pensamento histórico dos alunos. De acordo com Fonseca,

As fontes assumem um papel fundamental na pratica do ensino de História, uma vez que são capazes de ajudar o aluno a fazer diferenciações, abstrações que entre outros aspectos é uma dificuldade quando tratamos de crianças e jovens em desenvolvimento cognitivo. No entanto, diversificar as fontes utilizadas em sala de aula tem sido o maior desafio dos professores na atualidade (FONSECA In: KARNAL, 2005, p.56).

O professor até faz uso das fontes na sala de aula, porém, na maioria das

vezes, desconhece o valor dessa ferramenta que é pouco explorada. O uso das

variadas fontes poderia servir como suporte de pesquisa para as aulas de História.

Atualmente o mundo está rodeado de infinitos meios que podem contribuir no

desenvolvimento das práticas metodológicas em sala de aula, principalmente no

ensino da história.

Atualmente sentimos grande desafio na produção do conhecimento histórico.

Nas últimas décadas a disciplina tem sido repensada pelos especialistas da área

buscando novos caminhos na construção do conhecimento. Sabemos que durante

muito tempo a História era vista apenas por grandes personalidades e fatos,

estabelecendo relações com o passado e presente, mas negligenciou os processos

históricos que se construiu durante o período.

Faz-se necessário repensar a História, como produção de conhecimentos,

não apenas na memorização dos acontecimentos de seu tempo, mas a reflexão a

partir dos mesmos saberes e construção a cada dia de novos argumentos para

inserir o educando no contexto que ele seja capaz de debater, refletir e solucionar

problemas enfrentados no seu cotidiano, isso constitui um dos grandes desafios

para os professores nos dias de hoje. Segundo DCEs,

A História tem como o objeto de estudo os processos históricos relativos às ações humanas praticadas no tempo,bem como a respectiva significação atribuída pelos sujeitos, tendo ou não consciência dessas ações. As relações humanas produzidas por essas ações podem ser definidas como

estruturas sócio-históricas, ou seja, são formas de agir, pensar, sentir, representar, imaginar, instituir e de relacionar social, cultural e politicamente. (DCEs, 2008, p.46)

Nesta perspectiva inseriu-se a proposta de ação – didática como um material

de apoio, desenvolvido para o programa de desenvolvimento Educacional (PDE), no

qual por meio de leituras, reflexões e produções dos alunos buscou-se como

objetivos deste trabalho produzir conhecimento histórico com os alunos a partir de

uma variedade de fontes disponíveis sobre o tema holodomor. Assim, buscou-se

pensar junto com os alunos as consequências da grande fome para o povo

ucraniano e os reflexos para Prudentópolis, onde o maior número de imigrantes

ucranianos se instalou, e, passados 80 anos o fato permaneceu nas memórias

escondidas dos descendentes e também dos manuais didáticos. Pretendeu-se

analisar a maneira como fora contada a grande fome – holodomor, e as implicações

na história deste povo. A organização deste trabalho centrou-se na forma como esse

assunto era contado nas notícias veiculadas pelo jornal Prácia para o povo aqui

instalado.

Segundo as DCEs, os conteúdos temáticos devem priorizar as histórias locais

e do Brasil, estabelecendo-se relações e comparações com a História Mundial.

(DCEs, 2008, p.68). Dessa forma se sugeriu que os alunos fizessem uma pesquisa

sobre o que os familiares tinham de conhecimento sobre Imigração e o Holodomor,

para assim, dessa pesquisa relacionar o conhecimento comum ao científico.

2 DESENVOLVIMENTO

Para o desenvolvimento do estudo foi necessário trabalhar com o processo

imigratório dos ucranianos para o Brasil com o objetivo de fazer com que os alunos

entendessem que o Holodomor contribuiu para o adensamento do processo

imigratório.

As atividades foram desenvolvidas no Colégio Estadual Alberto de Carvalho

no total de 32 horas aulas. Assim torna-se necessário ressaltar que todas as

atividades foram pensadas para produzir conhecimentos históricos acerca do

Holodomor partindo da memória, experiências vividas e compartilhadas pelos

alunos, ou seja, o objetivo foi partir do presente do aluno para que este compreenda

o processo histórico no qual o holodomor estava presente e ao mesmo tempo fazer

com que a história tenha um sentido no seu presente.

Assim, propusemos como primeira atividade um questionário prévio sobre

conceitos relacionados à imigração, Holodomor, fundação de Prudentópolis e

história da Ucrânia. O objetivo foi verificar se havia uma identificação do aluno com a

história local, ou se estes tinham uma ideia do que são estes conceitos e a partir da

análise dos mesmos pensar e repensar as ações que viriam a seguir e ajudar nas

escolhas dos textos que seriam trabalhados para situá-los quanto às questões da

imigração para Prudentópolis e sua estreita relação com o processo do Holodomor.

As respostas dos alunos – devemos ressaltar que cerca de 80% destes são

descendentes de ucranianos - nos evidenciaram que eles possuem um

conhecimento baseado no “senso comum” “vago” e que desconhecem ou negam os

elementos que fazem parte da chamada cultura ucraniana. Havia, de início, até certo

desconforto em se afirmar enquanto descendente de ucranianos como podemos

observar por meio de suas falas: Aluno A: “Eu não sei nada do que é imigração”.

Aluno B: “na minha casa os pais vão à missa ucraniana, mas eu não gosto porque

não entendo”. Aluno C: “minha mãe faz comidas ucranianas, perohê, borth, kutiá,

holopti, mas não acho graça nisso”. Aluno D: “no Natal tem Chiatei vetir, as pessoas

cantam nas casas“, porque isso professora? Também tem aquelas bênçãos de

Páscoa, que levam comida para o padre abençoar e todos comem juntos no

domingo da Páscoa é meio esquisito isso”.

Pelos alunos também podemos observar que há uma contradição implícita em

suas falas, ou seja, na medida em que tentam “negar” sua descendência perante a

comunidade escolar, enfatizam que em suas casas há uma vivência/experiência e

ao mesmo tempo uma “luta” para manter traços e elementos que os identificam

enquanto “ucranianos”.

Percebemos também que a “vergonha” em se assumirem como descendentes

perpassa a questão da língua, talvez porque dentro da sala de aula, havia uma

minoria que não conhecia o idioma. No entanto, em relatos eles diziam que tinham

vergonha de falar o idioma porque os colegas iriam tirar “sarro”.

Partindo desses pressupostos foi organizada a aula sobre imigração onde

foram trabalhados textos que ressaltaram o processo imigratório para o Brasil, bem

como, artigos que versaram sobre a formação de Prudentópolis e a questão da

valorização cultural. A partir desse trabalho percebemos que os alunos passaram a

ter outro “olhar“ sobre a história do lugar onde vivem e de sua própria história,

observou-se um processo de identificação, de aproximação da história de si e do

espaço que os acolhe.

O processo de distanciamento deu lugar a pedidos de aula de língua

ucraniana, músicas, artesanato e até de culinária. Devemos ressaltar que tais

pedidos foram feitos tanto pelos alunos descendentes, quanto não descendentes.

Assim, o objetivo inicial foi atingido na medida em que, estes compreenderam

que Prudentópolis foi fundada tendo o processo imigratório como um dos principais

elementos e que é importante valorizar a memória e a história do lugar. De acordo

com os alunos não descendentes, as aulas ajudaram a entender porque se fala a

língua nas repartições públicas, farmácias, lojas, açougues, entre outros, ou seja, no

cotidiano da cidade, e passaram a entender o processo de formação da cidade.

Dentro da perspectiva ainda da questão da preservação da memória e história

da comunidade propusemos a atividade de visita ao museu do milênio. Antes de sua

concretização os alunos foram submetidos a um questionário prévio: Você já visitou

o museu? Descreva a importância de se visitar o museu para o entendimento da

questão da imigração.

Do total de 33 alunos 18% nunca haviam visitado o museu e 82% haviam

visitado, uma, duas ou mais vezes. Foram unânimes nas respostas que o museu

guardava coisas velhas. Aluno A disse: “é um amontoado de objetos que não

queriam em casa, levaram pra não jogar em qualquer lugar.” Aluno B: “Pra quê?

Pleno século XXI com tantas coisas boas e novas ficar vendo aquilo.” Aluno C: “é,

parece que é interessante guardar essas coisas também, nunca tinha parado para

pensar que todo acervo faz parte da cultura ucraniana e que tem relação com a

fundação da cidade.” Além de perceberem que a partir daqueles vestígios é possível

construir a história o aluno D completou: “quanta coisa podemos aprender que não

está nos textos escritos”.

Ao visitarem o museu os alunos compreenderam melhor a temática

relacionada ao Holodomor e o processo da Imigração ucraniana, uma vez que, os

objetos concretos estão permeados por relações sociais, econômicas, culturais,

religiosas e políticas.

Portanto, as fontes são subsídios importantes na construção do

conhecimento, unindo a teoria com a prática, referenciada pela observação e análise

dos objetos concretos.

Depois da visita de duas aulas e cheia de perguntas aos curadores do museu,

os alunos voltaram entusiasmados. Como atividade sobre essa visita distribuiu-se as

carteiras em círculo na sala de aula e todos tinham um minuto para fazer suas

considerações sobre o museu. Essa atividade foi produtiva porque permitiu que cada

um falasse enfatizando o que lhe chamou mais atenção e comparasse com os textos

estudados. Aluno C: “Lá em casa tem um quadro daqueles de nossa senhora que

era da minha vó”. Aluno D: “Eles não tinham luz elétrica, usavam lampião, que

legal!”. Aluna E: “Minha baba tinha o enxoval bordado à mão”, Aluno F: “Onde

ligavam o ferro? Cadê o fio daquele ferro?”.

O que mais foi citado foram os objetos como os instrumentos de trabalho,

móveis, bordados, pêssankas, fotografias, maquetes, documentos, passaportes,

lampiões, ferros de passar roupa à brasa, teares, também lhes chamou atenção a

casa típica ucraniana montada no interior do museu. Tal atenção voltada aos

instrumentos de trabalho e do cotidiano denotam certa familiaridade entre eles e

esses objetos, no entanto, o curioso é que passaram a encará-los não como simples

objetos, passados despercebidos no seu dia-a-dia, mas como elementos da História

que podem contar uma história.

Observou-se que o museu foi o local onde os alunos conseguiram ligar a aula

teórica com o vivido e experienciado no seu cotidiano, para entender o processo

histórico. Tal afirmação pode ser compreendida pela fala de um dos alunos: “nossa

professora, quantas coisas aprendi, como é bom, assim a gente entende bem

melhor o assunto, do começo quando você falou que vamos estudar textos sobre a

imigração ucraniana, pensei...lá vem aula chata, mas, agora compreendi mesmo, é

tão fácil e ajuda conhecer a história dos imigrantes ucranianos”

Segundo Abud, (2010, p.126):

Para os estudantes, visitar um museu tem muitos significados. É uma oportunidade de “sair da escola”, de deixar de lado os movimentos repetitivos e previsíveis da sala de aula. É também momento de “adquirir conhecimentos”, conhecer um espaço diferente, coisas “antigas”, um lugar bonito, novas pessoas.

O museu pode ser considerado somente como algo a mais a se conhecer, mas

se for contextualizado com o conteúdo abordado como foi o caso do Holodomor e a

cultura ucraniana, adquire um sentido diferente como aponta Bittencourt (2009,

p.355):

Mesas, vasos de cerâmica, vidro ou metal, roupas, tapetes, cadeiras, automóveis ou locomotivas, armas e moedas, podem ser transformados de simples objetos da vida cotidiana, que apenas despertam interesse pelo “viver de antigamente”, em documentos ou em material didático que servirão como fonte de análise de interpretação e crítica por parte dos alunos.

Os textos debatidos em sala de aula também se relacionaram com a visita ao

museu porque através deles, aspectos relevantes foram levantados sobre a

imigração, haja vista, que o texto é abstrato e a visita condicionou uma visão mais

ampla, por estar envolvendo objetos concretos que na prática são conhecidos.

Reconhecer as representações acerca dos museus, da memória e história

presente neles, favorece a promoção da importância desse ambiente para

questionar e reconstruir significados e representações do senso comum. É nesse

sentido que a prática pedagógica deste trabalho foi subsidiada pela visita ao Museu

do Milênio e da Tipografia. Acredita-se que sem a visita ao museu não se teria

compreendido as fontes e o processo da construção do conhecimento subsidiado

por elas. Mas, além disso, antes havia certo descaso em ampliar o estudo com a

visita agendada ao museu, e, após a visita os alunos passaram a ver a história de

outra forma, passei a sentir uma diferença na sala de aula, por ter realizado uma

visita dirigida com a construção conjunta a cerca da problemática relacionada ao

Holodomor, pois, o despertar do entusiasmo dos alunos favoreceu a visita à ao

jornal e instigou os alunos a quererem saber mais sobre o processo de produção do

jornal e como as notícias da Ucrânia chegavam ao Brasil para os imigrantes.

Neste contexto incluíram-se outras fontes historiográficas para o ensino, com

um instrumento efetivo no processo de ensino aprendizagem, e não mais como um

elemento ilustrativo ou de comprovação dos conteúdos trabalhados pelo professor.

Ao visitar a tipografia observou-se que as máquinas de impressão foram alvo

de questionamentos dos alunos, mas, mais que isso, de conhecer mesmo “tocando

nas peças”, de “senti-las”, e de “explorá-las”. O aluno A questionou: “Onde está a

máquina mais antiga de imprimir?”, Aluno B: “Do que são feitas essas peças?”,

Aluno C: “Como o jornal era impresso?”, Aluno D: “Demorava pra fazer o jornal?”

Aluno D: “De onde pegavam as notícias para escrever no jornal”? E assim, uma a

uma as perguntas eram respondidas pelo palestrante. O que chamou a atenção dos

alunos foi o considerável tamanho das máquinas, das peças antigas e o próprio

processo de produção do jornal Prácia. Quanto às notícias sobre o Holodomor, o

palestrante foi questionado pelos alunos sobre como essas notícias chegavam até o

redator e editor do jornal. Ele respondeu-lhes que as notícias chegavam através de

cartas, de viajantes, ouvindo rádio, e de notícias de parentes de ucranianos de

Prudentópolis. O derretimento do chumbo para as letras também chamou a atenção

deles, pois, uma pessoa teria que chegar com antecedência na Tipografia para

preparar as linotipos para a impressão, um processo lento que evoluiu e isso foi

observado de perto pelos estudantes, que manusearam também os jornais antigos

desde 1911 até os dias de hoje, com foco nos anos referentes à grande fome

ocorrida na Ucrânia.

Esse contato com o concreto (jornal fonte) foi de extrema valia para os

estudantes, uma vez que, encontraram essa fonte organizada, mas ainda não

totalmente digitalizada. Ter realizado a visita ao museu e depois a Tipografia

contribuiu para ampliar e mergulhar na busca da compreensão do objeto de estudo

centrado na grande fome e com foco nos ucranianos. Ao manusear o jornal Prácia

puderam ver como era a escrita, a disposição das notícias, a propaganda, enfim, a

forma como eram e são distribuídas no Jornal Prácia.

O conteúdo relacionado à Revolução Russa foi um trabalho alicerçado nos

livros didáticos de Schmidt, Mário Furley e o Projeto Radix de Vicentino, Claudio, os

quais destacaram uma abordagem crítica. A partir da leitura e análise dos textos se

fez considerações sobre o processo revolucionário do leste europeu e suas

implicações para a sociedade da época. Durante a Revolução Russa Stalin, foi

responsável pelo fato ocorrido na Ucrânia, uma vez que isso ocorreu no seu

governo. A coletivização trouxe consequências trágicas para o povo ucraniano, e

sobre elas os alunos debruçaram-se e levantaram várias questões sobre o regime

socialista, sobre o stalinismo, sobre o poder e sobre punição. Solicitou-se aos alunos

que observassem se havia referência ao Holodomor, e que a partir dessa

observação constataram que não havia nos manuais didáticos a temática da grande

fome, assim os alunos passaram a construir conhecimentos sobre a história do povo

ucraniano com a variedade de fontes que fossem colhidas e consideradas. Inclusive

um deles questionou: “(...) de outros lugares a gente fica sabendo o que acontece.

Porque no livro de história não tem nada dessa fome que os ucranianos sofreram

professora? A isso se seguiram outras questões como: “A fome da África tá

estampada em vários livros, a pobreza do nordeste também, e na Televisão e

internet a gente vê tanta coisa e da fome na Ucrânia não tem nada?” Assim

resolveu-se abordar sobre o que mencionavam como: tecnologia atual, sobre

internet rápida, das produções historiográficas e da própria democracia, do fim do

socialismo, da queda do muro de Berlim, das reformas de Gorbatchev, e muito do

que foi negligenciado, hoje está vindo à tona, também em função das mudanças que

ocorreram no final do século XX e início do XXI. Chegou-se a comentar a Lei 12.528

referente à Comissão Nacional da Verdade, que tem por objetivo verificar se houve

violação dos direitos humanos de 1935 a 1988 no Brasil. Dessa forma explanou-se

sobre o Stalinismo Russo e os regimes totalitários no Brasil.

Isso serviu de estímulo, ao mesmo tempo em que, de indignação para alguns

dos alunos que levantaram questões como o porquê de não constar esta temática

para o conhecimento de todos, e, talvez acreditando que o Holodomor fosse

responsável por influenciar o povo ucraniano que aqui se estabeleceu no período

entre guerras. Essa atividade foi realizada em dupla e feita uma pesquisa sobre

Revolução Russa sob o olhar de diferentes autores. Na internet foram pesquisados e

lidos vários textos que tratavam da temática referente à Revolução Russa.

Assim a mediação ocorreu para lembrar que a história é escrita de forma

crítica ou não, mas, que independentemente de como for, ela trará algo para

acrescentar na compreensão dos assuntos, e nossa ideia de história deve centrar-se

no fato de sermos objeto e sujeito da história, e, que para ampliar a nossa visão

sobre o tema abordado fez-se necessário recorrer a várias fontes.

A partir desses questionamentos o trabalho foi desenvolvido oralmente pela

professora com uso de slides definindo o que foi o Holodomor, ем “Голодомор”

Голо grande “мор” fome, genocídio praticado pela União Soviética no anos de 1932-

1933, na Ucrânia após a coletivização forçada, que levou a morte de sete a dez

milhões de pessoas das quais três milhões eram crianças. A partir disso, explorou-se

o tema para que os alunos compreendessem o verdadeiro significado do ocorrido na

história ucraniana e que o mesmo teve impacto para os ucranianos de

Prudentópolis, que na época recebiam noticias da tragédia pelo Jornal Prácia e por

cartas dos familiares.

Em seguida foram trabalhados textos com depoimentos sobre: o Holodomor:

O Genocídio Ucraniano, e Holocausto Ucraniano.

Para explanar sobre o mesmo, recorreu-se a definição realizada pelo

presidente da Ucrânia em 26/11/2007:

Trata-se de uma campanha organizada de fome coletiva que, nos anos de 1932 e 1933, exterminou, de acordo com diversas estimativas, entre sete e dez milhões de cidadãos, incluindo um terço de todas as crianças da Ucrânia. Através de uma forma hedionda de mitigar a dimensão do acontecimento, o Estado soviético denominou o fato como uma mera “frustração de safra”. Dirigentes soviéticos pretendiam evitar responsabilidade e esconder a real intencionalidade, as causas e as consequências dessa tragédia humana. Apenas isso seria o bastante para fazer uma pausa e honrar a memória das vítimas.

(Disponível em http://www.ecclesia.com.br/pastoralis/?p=535, de Viktor S. Yushchenko - Presidente da Ucrânia, acesso em 16 de agosto de 2013)

O trabalho foi realizado em grupo e contou com o levantamento de questões

subsidiado pela pesquisa de campo onde os alunos perguntaram para as pessoas

mais idosas de suas comunidades e também a seus pais se tinham conhecimento

sobre o assunto que estavam investigando, o que surpreendeu a maioria deles,

porque poucos falavam que conheciam e segundo comentários dos alunos, os mais

idosos pareciam não querer lembrar-se de tamanho sofrimento vivenciado pelos

seus descendentes.

De posse da pesquisa oral os alunos passaram a unir-se em equipes para

tratar da temática e investigar o assunto com base no Jornal Prácia que fora

traduzido por mim autora do artigo e fotocopiado para cada grupo para as referidas

análises. As reportagens tanto em ucraniano, quanto em português foram

disponibilizadas dos anos de 1932 a 1934, as quais foram passíveis de tradução e

não se encontravam tão deterioradas.

No ano de 1911 em dezembro em Prudentópolis os padres basílianos iniciaram a imprimir o “MISSIONÁRIO BRASILEIRO”, sob o comando do Redator [ ] o Padre Rafael Krynytchkyjosbm. Já o “Missionário” teve como meta escrever exclusivamente somente temas religiosos [seguindo] modelo do “Missionário”, que era editado, na Galícia em Govkva. E um ano depois, 1912 em novembro iniciam-se a imprimir-se o jornal “PRACIA”, (o trabalho) sob a redação do recém-chegado da Galícia um homem inteligente e bom cristão o Senhor Ocep Martenetz. Estes dois periódicos iniciaram o seu trabalho sob o comando dos padres basilianos e sempre tiveram como meta formar o caráter do povo ucraniano. (KALENDÁRIO, Basilianos, 1999, p.118)

O Jornal Prácia um dos principais meio de comunicação da época trazia

informações sobre os mais diversos acontecimentos mundiais para manter a

comunidade ucraniana de Prudentópolis informada sobre os acontecimentos,

sobretudo de sua pátria, também serviu de fonte para dar visibilidade à temática

referente ao Holodomor.

Assim os alunos observaram à escrita e a maneira como eram dispostas

essas notícias, bem como o conteúdo abordado e apontado com indignação pelo

abandono de crianças nas ruas, como consta no 8º Jornal analisado - Prácia, 11 de

maio de 1934, o correspondente de Nova York informando pelo telegrama que:

[...] um grupo de americanos encontrava-se chocado com a situação que viram em Kiev. Crianças abandonadas nas ruas com cartazes dos pais que deixaram seus filhos com fome. Em vários lugares as crianças remexiam o lixo a procura de alimentos para comer. O fato era constrangedor.

Mais além o jornalista complementa a tragédia onde o povo faminto se

alimenta pelo o que encontra, e isto com outros depoimentos do Prácia também

revolta os alunos e passa ser objeto de discussão nos grupos. O aluno A, por

exemplo, questiona: “Hoje isso não acontece né professora?” O aluno B

complementa: “Claro que não, o governo é diferente.” O aluno C diz :o povo devia se

unir e enfrentar o governo e matá” outro aluno interferiu : “tem que ser muito anti

humano, “como era o nascimento das crianças,tinha hospitais“? Aluno D Aqui pude

observar que, na medida em que, as discussões prosseguiam, os alunos tentavam

compreender o contexto da época do Holodomor, se questionando e fazendo

considerações sobre fome zero e o bolsa família, dois programas do governo

federal, onde argumentavam que no Brasil isso não pode acontecer porque as

pessoas tem acesso à comida e não passariam por isso. Interessante foi observar

essa analogia feita por eles, ao mesmo tempo interferi fazendo considerações sobre

o Stalinismo – Ditadura no regime socialista russo para contextualizarem o que

estavam estudando. Foi benéfico porque todos se envolveram, eles não divagavam,

não dispersaram como sempre acontecia nas aulas, e, isso foi muito importante pra

eu sentir que o trabalho estava sendo conduzido de forma satisfatória e não inibidora

de enfrentamento dos desafios. Mais adiante na leitura do Prácia evidenciaram:

[...] ontem vi pessoas só couro e osso, praticamente transparentes envoltos por mosquitos. Há alguns metros cavalos mortos sendo disputados para comer. O cheiro era insuportável. Morriam famílias inteiras, os corpos permaneciam duas semanas esperando que mais gente morresse para enterrá-los juntos numa só vala. Muitos estavam ainda vivos, mas acabavam sendo jogadas juntas.

E assim sucessivamente citavam e comentavam o que mais lhes chamava a

atenção na leitura, debatiam com os colegas procurando compreender o porque

disso tudo e como se poderia ter evitado tamanho sofrimento. Apontavam as leis, a

crueldade de Stalin, dos seus soldados, a política e a morte como consequência.

Como antes não demonstraram conhecimento acerca do assunto esse momento foi

muito produtivo, pois, permitiu que adentrassem na história, questionando e

levantando hipóteses como “Decerto esse Stálin era louco” “ou será que os soldados

eram mais cruéis que ele?”. De fato todos participavam, ora mais ora menos,

emitiam opiniões acerca dos depoimentos, entre todos eles, um deles disse: “O que

os ucranianos tinham feito pra merecer tanto sofrimento? E pensar que foram

milhões de mortos, é muita gente mesmo.” A indignação e revolta foram comuns

visto que: “Outros acontecimentos são “badalados” e esse do Holodomor ficou no

silêncio” como afirmou um dos alunos. Procurei lembrar a todos que também pode

haver inúmeros outros fatos na história sem talvez ter sido evidenciados, e que, com

muita leitura e estudo se pode através da pesquisa trazê-los ao conhecimento.

Instigar o aluno a pensar é um caminho para que desenvolva o espírito crítico

e percebeu-se que esse trabalho favoreceu a ambos: o professor e o aluno, porque

se pode averiguar e fazer uma auto avaliação do que se propôs a desenvolver e

verificar os avanços na sala de aula com o envolvimento da prática da pesquisa de

forma motivadora.

Esse trabalho foi de fundamental importância para a construção do

conhecimento acerca da temática, porque a partir dele e de outros subsídios já

considerados os alunos passaram a sentirem-se sujeitos da história. Os alunos

comentavam entre eles: “Que absurdo!” Indignaram-se pela forma que as pessoas

morriam. A partir daí, começaram a produzir narrativas mais elaboradas como a que

define o Holodomor escrito por uma aluna “(...) esse genocídio teve o objetivo de

castigar os camponeses por causa, da sua resistência à política do governo

soviético”.

Assim se pode verificar que o trabalho com as fontes, principalmente o jornal,

instigou os alunos a se aprofundarem no estudo tanto da construção da narrativa

histórica quanto das consequências da Revolução Russa, da política Stalinista.

Assim observou-se que houve compreensão do contexto da época do Holodomor,

do antes e depois da grande fome.

No entanto, percebi que o professor para trabalhar com este tipo de fonte,

precisa levar em consideração uma espécie de roteiro que o ajude a entender o

contexto de produção do mesmo. Assim, é importante que se atente para a questão

da periodização do jornal; para a questão política do mesmo, ou seja, a questão

ideológica; suas características internas, ou seja, as partes constitutivas do mesmo;

seus colaboradores entre outros aspectos.

Assim, ao considerar os cuidados necessários, o jornal torna-se um a fonte

válida, principalmente, quando se está trabalhando com um tema como o

Holodomor, pouquíssimo explorado pela historiografia e ausente nos manuais

didáticos. Para trabalhar com esta fonte foi preciso conceituar o conhecimento e a

informação. É possível realizar um trabalho de produção de conhecimento a partir

dele quando a prática é subsidiada pela teoria e vice versa. A seguir a produção dos

alunos sobre o Holodomor, exposto no mural do Colégio.

Figura 1: Imagem do mural feito pelos alunos com textos e fotografias das visitas ao

Museu e Tipografia.

Fonte: Colégio Estadual Alberto de Carvalho, 2013.

Nesse sentido este trabalho forneceu visibilidade à temática ainda pouco

explorada e ausente no currículo escolar. Talvez assim se evidencie que este povo

pode ter tido sua identidade moldada pelo medo, receio e que, por isso, talvez, ainda

seja pouco compreendida suposto “distanciamento do outro”. Talvez essa seja uma

das possíveis respostas para a história do povo que aqui se instalou. Um povo

influenciado pela Igreja e que ainda mantém na língua e religiosidade seu

sentimento de pertencimento.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho realizado com os alunos do nono ano do Colégio Estadual

Alberto de Carvalho foi produtivo e despertou o interesse dos alunos em conhecer

mais sobre a cultura ucraniana, uma vez que, de início pareciam desinteressados e

não até riam da palavra Holodomor, pouco sabiam sobre os ucranianos (sua história

e história que ajuda a explicar o local onde vivem) e ao aprofundarem os estudos

sobre a temática, perceberam o quão foi importante conhecer mais de perto o que

julgavam de forma depreciativa. No início não havia grande empolgação porque

parecia que encontrar evidências sobre o assunto seria difícil, mas com a mediação

tanto das aulas teóricas, como das de campo, foi possível despertar o interesse dos

alunos pelo assunto e até pela história como disciplina.

O trabalho do historiador foi evidenciado e os alunos puderam sentir-se um

pouco “historiadores”. Ao ter contato com diversas fontes, busquei lembrar como o

historiador pode escrever a história tanto na sala de aula quanto no Museu, na

tipografia ou no laboratório de informática, ao se fazer seleção daquilo que possa

servir como fonte para história. Abordagem com o uso dos jornais não parecia

despertar interesse a princípio, mas quando contextualizada e referenciada trouxe

aos alunos oportunidade de aprofundar e conhecer para argumentar.

O preconceito surge a partir do não conhecimento a respeito de algo, e os

alunos que a princípio sentiam vergonha em falar a língua ucraniana, passaram a

sentir certo orgulho da história do lugar onde vivem.

Como resultado expressivo observou-se através da direção do trabalho o

interesse por saber mais sobre o tema e a intensificação das pesquisas frente às

dificuldades de se compreender determinados assuntos que façam parte da

disciplina de história. Este trabalho serviu para repensar a minha própria prática

pedagógica para flexibilizar a figura do professor diante dos alunos. O imediatismo

permeia as salas de aula e o professor precisa constantemente repensar a sua

prática para que as aulas não percam o sentido para o aluno e não desmotivem o

professor.

Uma das considerações que não pode deixar de ser feita, é a de que os

alunos após visitarem o museu, a tipografia e conhecerem como era editado o Jornal

Prácia, passaram a sentir interesse em aprofundar os estudos, percebido pelos

questionamentos que faziam nas visitas e depois na sala de aula, passaram a fazer

um esforço em aliar a prática com a teoria.

Esse trabalho propôs uma auto avaliação e reascendeu a chama do

entusiasmo por aulas que prendam a atenção do aluno e o mergulhem, na busca

constante do conhecimento. Considerar a fonte jornal como subsídio para se

compreender parte da história foi consideravelmente valioso, porque os alunos

sentiram-se livres para tirarem suas conclusões e partilharem com colegas e

familiares. Enfim antes de iniciar o trabalho temi pelas dificuldades no caminhar das

32 aulas, mas considero que foram favorecedoras de um crescimento tanto para

mim como pessoa, quanto para os alunos.

4 REFERÊNCIAS

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