homeopatia curso

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    Belo Horizonte, junho de 2012

    Unidade 1: Histria e Conceitos

    Bsicos da Homeopatia

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    Crditos

    Todos os direitos reservados. permitida a reproduo parcial ou total desta

    obra, desde que citada a fonte e que no seja para venda ou qualquer fim

    comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta

    obra da Secretaria de Estado da Sade de Minas Gerais. O contedo desta

    publicao foi desenvolvido e aperfeioado pela equipe do Canal Minas Sade

    e especialistas do assunto indicados pela rea demandante do curso.

    Ficha Catalogrfica_____________________________________________________________________

    Canal Minas Sade. Secretaria de Estado da Sade de Minas Gerais. Curso deExtenso Introduo Homeopatia. Unidade 1: Histria e Conceitos Bsicos da

    Homeopatia. Belo Horizonte, Minas Gerais, junho, 2012.

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    Apresentao

    Ol! Este o seu Material de Referncia que contempla todo o contedodo curso de forma mais aprofundada. Nosso intuito agregar maisconhecimento sua aprendizagem, por isso, leia-o com ateno!

    Mas, antes de iniciar, conhea os objetivos de aprendizagem previstos paraessa unidade. Boa leitura!

    Conhecer os pressupostosbsicos do modelohomeoptico e a concepohomeoptica do processo deadoecimento humano.

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    1. Introduo

    A Homeopatia foi criada em uma poca em que a medicina ensaiava seus

    primeiros passos no nascente campo da cincia e ainda se debatia com os

    ltimos estertores das sombras medievais. Por isso, ela incorporou termos

    comuns prtica mdica de sua poca, os quais, em pouco tempo se

    transformaram ou caram no desuso, em decorrncia do rpido avano da

    epistemologia cientfica. Como, porm, diferentemente da escola mdica

    moderna, seus textos originais permanecem atuais e guardam valores

    inquestionveis para o seu conhecimento e prtica, essas expresses

    continuaram ativas e so utilizadas at os dias de hoje pelos seguidores de

    Hahnemann.

    Embora ricos de conceitos, so expresses que podem suscitar ao nefito

    certa estranheza, parecendo-lhes, de alguma forma, arcaicos. Expresses,

    como matria mdica, que na poca designava o estudo da aofarmacolgica das substncias medicamentosas, e miasma, que na

    atualidade perdeu seu significado original, so exemplos de vocbulos

    presentes nos textos originais da medicina homeoptica. Por haver-se ainda

    consorciado ao Vitalismo, a doutrina de origem grega que se ope ao

    materialismo, seus autores valiam-se de certas palavras tais como esprito,

    alma e fora vital os quais terminaram por ganhar, em nossa moderna

    civilizao ocidental, uma conotao eminentemente religiosa.

    O que voc pensa sobre aHomeopatia? Vamos entenderum pouco sobre ela?

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    Optamos, desse modo, neste texto introdutrio da arte homeoptica de curar,

    por substituir, quando possvel, essa antiga nomenclatura por outra mais

    moderna. Esperamos, assim, evitar que o estudioso se perturbe na absorodos elevados conceitos homeopticos, muitos deles, de certa forma, inabituais

    medicina de nossos dias. Contudo, em determinadas ocasies, no h como

    evitar o emprego de certas palavras, como alma e esprito, comuns na

    poca de Hahnemann, infelizmente eivadas de preconceitos e que aqui trazem

    os mesmos significados que as religies lhes emprestam.

    Pedimos a compreenso do leitor em aceit-las sem pr-

    julgamentos, pois, deixamos-lhe claro que a Homeopatia

    no se confunde com a religio, a despeito de

    compartilhar com o fidesmo humano determinados

    preceitos, pertinentes ao Vitalismo, e que ainda

    aguardam o aval da cincia moderna para se tornarem

    verdades inquestionveis razo humana. Que esse

    simples fato no sirva como um obstculo ao estudioso

    de absorver os elevados conceitos da filosofia

    homeoptica, que muito tem a contribuir com nosso

    conhecimento e a auxiliar decisivamente na

    humanizao de nossa hodierna medicina.

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    2. Os Primeiros Passos de Hahnemann

    Voc sabe quem criou a Homeopatia? Acompanhe.

    A Homeopatia foi criada pelo mdico Samuel

    Hahnemann, nascido em 10 de abril de 1755, em

    Meissen, na Alemanha. De origem presbiteriana,

    cresceu em meio s diferenciadas vises mdicasoriundas do iluminismo, as quais iniciavam o

    banimento do pensamento vitalista nas escolas de

    medicina de sua poca.

    Contam os seus bigrafos que o sbio de Meissen, desencantado com a

    medicina vigente, ainda fixada na prtica dos humores oriunda de Galeno,

    encantara-se com o Corpus hippocraticum desde os tempos de faculdade e

    ressuscitou-o atravs do novo acervo de conceitos mdicos que reunira para

    compor a Homeopatia.

    Em sua fase pr-homeoptica, foi um grande qumico e um exmio

    pesquisador, adquirindo cedo o hbito de experimentar em si mesmo tudo o

    que lia. Pela observao, ele logo chegou concluso de que os assim

    chamados miasmas contagiantes eram disseminados pelos barbeiros-cirurgies que drenavam abscessos e pelos mdicos que examinavam as

    parturientes, em decorrncia da falta de assepsia.

    Desencantado com a medicina emprica de sua poca, Hahnemann passou a

    se dedicar a tradues e soluo de problemas de qumica. Atuou na sade

    pblica e na higiene industrial, ao estudar a intoxicao dos trabalhadores das

    minas de carvo. Dizia-se na poca que era o mais ilustre mdico entre os

    qumicos e o mais insigne qumico entre os mdicos. De 1777 a 1796, ele

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    publicou 37 trabalhos cientficos e efetuou 17 tradues. Em 1790, no entanto,

    que inicia a Homeopatia, ao traduzir a obra de William Cullen, o

    farmacologista que descreveu pela primeira vez os efeitos curativos da quinina

    na malria. Na ocasio, pesquisadores haviam descoberto que os ndios

    peruanos usavam a gua amarga de quinina para se protegerem contra o mal

    dos pntanos. Prtica que eles tinham aprendido a partir da observao de

    que os macacos que bebiam as guas das lagoas onde caam as cascas da

    rvore Chinchona officinalis, da qual se extrai a quinina, estavam isentos do

    impaludismo. Cullen detalhava ainda que os nativos que manipulavam as

    cascas da rvore intoxicavam-se com a droga, terminando por apresentar

    acessos febris como se estivessem com malria. Sem compreender o valor da

    interessante observao, o farmacologista imputava os efeitos benficos do

    medicamento natural ao fato de ser um poderoso tnico para o estmago e por

    ser amargo. Hahnemann, todavia, no se convenceu dessa superficial

    explicao e resolveu procurar por outra. Experimentou em si mesmo os efeitos

    daquela nova substncia, sendo acometido, para surpresa sua, de um acesso

    semelhante malria. E, assim descreveu as suas interessantes sensaes:

    Como experimento, eu tomava quatro dracmas de boa cinchonaduas vezes ao dia. Os ps e as extremidades dos dedos

    esfriavam, eu ficava sem foras e sonolento; ento o corao

    comeava a palpitar e o pulso se tornava rgido e pequeno;

    ansiedade insuportvel, tremores, prostrao em todos os

    membros; depois, pulsao na cabea, rubor nas faces, sede e,

    em resumo, todos os sintomas que em geral so caractersticos

    da febre intermitente apareciam um aps outro, mas sem o rigor

    peculiar, o frio e a tremura. (...) Esse paroxismo durava duas outrs horas cada vez, e recorria se eu repetisse a mesma dose,

    no outra; eu interrompia o procedimento e voltava a ficar bem.

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    J untou a esse fato sua observao de que as doenas de mesma natureza

    excluam-se mutuamente por no poder conviver juntas no organismo.

    Esses foram os primeiros passos de Hahnemann no estabelecimento de uma

    nova cincia mdica que viria revolucionar a arte da cura.

    Indesejado na Alemanha, em decorrncia de seus ardorosos ataques aos

    mdicos da velha escola, como ele se referia prtica aloptica, exilou-se na

    Frana em seus oito ltimos anos de vida, vindo a falecer no dia 2 de julho de

    1843, com 88 anos, em Paris.

    Por exemplo, um episdio agudo de diarreia tratava uma

    colite crnica e a vacina (varola bovina) curava e

    prevenia a varola humana pelos mesmos motivos.

    Assim, o pesquisador chegou concluso de que a

    quinina tratava a malria pela sua capacidade de produzir

    no homem sadio sintomas semelhantes a essa

    enfermidade.

    Hahnemann recordou-se ento de Hipcrates que j

    anunciara o princpio de similitude:

    Pelo semelhante a doena surge e pela aplicao

    do semelhante a doena desaparece.

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    A seguir conhea cada um deles.

    3.1 A Lei de Similitude

    Atravs da experimentao da quinina, Hahnemann estabeleceu o fundamento

    teraputico bsico que definiria a Homeopatia: o semelhante pelo semelhante

    se cura. E passou a estudar as drogas existentes em sua poca, provando-as

    em si mesmo e nas pessoas que o seguiam, procurando pelos seus efeitos no

    homem sadio, para aplic-las depois na cura das enfermidades naturais

    caracterizadas por sintomas parecidos queles produzidos pelas drogas a

    chamada similitude de sintomas. Fato que originou a denominao de

    Homeopatia a essa nova arte mdica palavra oriunda do grego hmoios, que

    Voc sabe qual o fundamento teraputicobsico que define a Homeopatia? o queveremos a seguir .

    3. Fundamentos da Homeopatia

    Voc sabe quais so osfundamentos da Homeopatia?Observe abaixo:

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    significa semelhante, e ptheia, afeco ou doena. A partir desse fato,

    passou-se a empregar tambm o termo alopatia (do grego llos, contrrio,

    diferente) para definir o ato teraputico que utiliza substncias contrrias

    enfermidade no intento de se cur-la.

    Ao provar as substncias medicinais em si mesmo e no grupo de amigos quelogo passou a segui-lo, o sbio de Meissen alicerara outro dos princpios

    fundamentais da Homeopatia: a experimentao no homem sadio. Mtodo at

    hoje utilizado para se estudar os efeitos das diversas drogas disponveis na

    natureza para a cura dos males humanos, ento denominado patogenesia. E

    graas a isso a Homeopatia pde penetrar no sutil psiquismo humano, o que

    no teria conseguido se houvesse institudo o estudo dos medicamentos

    unicamente em animais. Dessa forma, foi ele o precursor do mtodo

    experimental em medicina, utilizando-o muito antes de Claude Bernard, o

    famoso pai da fisiologia e considerado o iniciador de tal procedimento.

    Logo Hahnemann observou que, ao utilizar em um paciente uma substncia

    capaz de produzir os mesmos sintomas que desejava curar, ocasionava

    inicialmente uma forte agravao, pois, no princpio, os efeitos do medicamento

    se somavam aos da prpria doena.

    3.2 Experimentao no Homem So

    3.3 Dinamizao

    Voc deve estar se perguntando... Que metodologiaHahnemann uti lizava em seus estudos?

    Com estes experimentos Hahnemann fez uma

    importante observao, vamos conhec-la?

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    O inspirado pesquisador, no entanto, utilizou-se de um especial mtodo dediluio, orientado unicamente pela sua intuio, pois no se conhecem os

    motivos que o levaram a tal procedimento. Ele preparava uma tintura pura da

    substncia medicamentosa, da qual retirava uma nica gota, e a dilua em cem

    gotas de gua alcoolizada. Com a inteno de homogeneizar a mistura,

    agitava-a fortemente, atravs de cem pancadas surdas e ritmadas,

    confeccionando o que se convencionou chamar de primeira diluio centesimal

    hahnemanniana, abreviadamente CH1. Dessa primeira diluio, ele retirava

    uma nova gota para dissolv-la em novo frasco com outras cem gotas de

    solvente, fazendo a CH2, e assim sucessivamente. Institua-se, desse modo,

    outro dos fundamentos bsicos da Homeopatia: o uso do medicamento

    dissolvido em sucessivas diluies e agitaes mtodo ento denominado

    dinamizao.

    Aps a terceira dinamizao, atingia-se o desiderato do fundador da

    Homeopatia, pois se aniquilava todo e qualquer efeito txico da droga brutautilizada. E Hahnemann passou a empregar inicialmente, na primeira fase de

    sua prtica, a quinta e a sexta dinamizaes, por se mostrarem susceptveis de

    exaltar reaes curativas no organismo sem lev-lo s ento indesejveis

    agravaes.

    Por exemplo, ante um quadro de diarreia, ao ministrar

    pequenas doses de substncias que tm a capacidadede mover abruptamente o intestino, provocava-se uma

    forte agravao, seguida de uma cura completa. A fim

    de fugir dessa danosa e indesejvel ao inicial,

    chamada efeito primrio, Hahnemann passou a diluir o

    medicamento.

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    Dessa maneira, a droga perdia toda e qualquer ao txica e agia por efeito

    secundrio, estimulando o organismo a reagir contra a sua prpria

    enfermidade. Assim, Hahnemann postulou inicialmente que seus

    medicamentos atuariam segundo os fundamentos da lei de ao e reao,

    como espcie de catalisadores, excitando a prpria capacidade de cura do

    organismo.

    Compreendia-se, ento, a Homeopatia como uma forma de se estimular as

    foras curativas inerentes do ser vivo, diferentemente da alopatia que se

    empenha na utilizao de drogas que combatem artificialmente a enfermidade.

    Ato este sem dvida efetivo, todavia, uma vez suspenso o ataque

    medicamentoso, deixa-se o organismo to susceptvel quanto antes de

    adoecer novamente.

    3.4 Efeito Primrio e Secundrio

    Por exemplo, diante de uma insnia, o emprego de

    drogas sonferas, utilizadas segundo o princpio doscontrrios, leva, por ao prpria, ao efeito desejado.

    Uma vez, porm, que so suspensas, promovem, por

    ao secundria, o recrudescimento do mal inicial. Gera-

    se, assim, a necessidade do uso permanente da droga de

    ao contrria, expondo-se o organismo a seus

    indesejveis efeitos colaterais.

    A part ir desses fatos, a Homeopatia passoua servir-se das substncias medicinais nasfamosas doses mnimas e infinitesimais.Mas quais seriam os seus efeitos?

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    J o mtodo homeoptico emprega, para tratar uma insnia, uma substncia

    potencialmente capaz de provoc-la, como a Coffea cruda, porm muitssima

    diluda.

    A partir dessa explicao inicial, a Homeopatia se difundiu pelo mundo

    ocidental, utilizando as diversas substncias encontradas na natureza, segundo

    a capacidade que detm de provocar males nos seres vivos, mtodo que aaproxima da vacinoterapia, ou seja, a utilizao de um mal para se curar o

    prprio mal que ele causa. Enquanto a vacinao propriamente a isoterapia,

    por ser o emprego exatamente do mesmo agente da doena que se deseja

    prevenir, a Homeopatia se caracteriza pelo uso de uma substncia natural que

    se assemelha enfermidade que se quer tratar, da ser chamada de medicina

    do semelhante. E para isso a Homeopatia passou a empregar substncias

    oriundas da natureza, porm de qualquer fonte, seja vegetal, animal ou

    mineral.

    Dessa forma, o seu efeito primrio estar atenuado e, por

    contrarreao, ela estimular o prprio organismo a reagir

    contra o seu mal, gerando-se assim um estmulo

    autocurativo, por efeito secundrio.

    3.5 Medicina Natural

    At aqui voc teve uma ideia dosprincpios bsicos da Homeopatia.Mas ela uma medicina natural?

    Vamos esclarecer a seguir.

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    muito comum ouvirmos pessoas dizendo-se em tratamento homeoptico pelo

    simples fato de estar usando determinados produtos naturais que, na verdade,

    no esto sendo aplicados segundo a lei de similitude e sequer dinamizados,

    prtica que, portanto, no diz respeito particular arte mdica desenvolvida porHahnemann. A Homeopatia o restrito uso de uma substncia que pode

    provocar o mal que se deseja curar e para isso ela aplica, por vezes,

    verdadeiros venenos da natureza substncias que, se ingeridas em forma

    bruta, poderiam trazer srios danos ao organismo ou mesmo aniquil-lo.

    O emprego do princpio de semelhana e dos

    medicamentos dinamizados define ento, com preciso,o que a Homeopatia, diferenciando-a de outras prticas

    de medicina natural, com a qual se confunde no conceito

    popular. Dessa forma, ela se distingue substancialmente

    da fitoterapia, mtodo que emprega ervas medicinais em

    forma de chs, infuses e outros preparos para a cura

    das doenas. Como sabemos, essa medicina natural,

    efetiva e til no combate a muitas doenas, subordina-se,no entanto, a fundamentos distintos dos preceitos

    bsicos da Homeopatia.

    Por exemplo, na prescrio homeoptica encontramoscom frequncia o Lachesis, o veneno da cascavel,

    Belladona e Nux vomica, plantas extremamente

    nocivas, e at metais imprprios para o consumo

    humano por serem altamente txicos, como o arsnico

    (Arsenicum album) e o mercrio (Mercurius solubilis).

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    Essas substncias, contudo, perdem toda a possibilidade de efeitos malficos

    em razo do avanado processo de diluio infinitesimal a que so submetidos,

    destituindo-os de qualquer resduo txico.

    Hahnemann, no entanto, no se deteve nos preparos iniciais de seus

    medicamentos e seguiu diluindo e agitando-os at a trigsima diluio (CH 30),com as quais realizou a maioria de seus experimentos. Hoje sabemos que, ao

    se chegar dcima segunda diluio (CH 12) atinge-se o nmero de Avogadro,

    o limiar de disperso molecular, a partir do qual no se encontram mais

    resduos da substncia inicial na soluo. Portanto, acima dessa dinamizao,

    j no h substncia material alguma nesses preparos, e o medicamento

    homeoptico passa a ser, na verdade, apenas uma essncia, no trazendo

    mais qualquer substrato fsico em sua composio. Fato inusitado para amedicina materialista, deixando atnito o raciocnio cientfico atual e um dos

    motivos para se refutar a sua ao.

    3.5 Energia Vital

    Lembra-se como a dinamizao?

    E se fssemos diluindo mais e maisas substncias, o que ocorreria?Vejamos na sequncia.

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    Evidentemente, o raciocnio materialista, que tende a negar tudo que extrapola

    a matria, recusa-se formalmente a admitir essa possibilidade. Evidentes

    efeitos, contudo, so passveis de observao nessas substncias

    dinamizadas, tornando-se intil simplesmente neg-las. Elas atuam at mesmoonde no possvel contrapor-se um efeito puramente psicolgico, como nos

    bebs e nos animais, demonstrando-nos que no se pode mais ignorar a

    evidente atuao da Homeopatia.

    Hahnemann no conhecia o nmero de Avogadro e no sabia que suas

    diluies haviam ultrapassado o limiar de disperso molecular. No obstante,

    ele intuiu que seus medicamentos estavam sobremodo sutilizados,

    caracterizando-os como uma emanao energtica, a que ele denominouessncia espiritual, por lhe faltar terminologia mais adequada na poca. E se

    os organismos vivos respondiam a essas substncias verdadeiramente

    eterizadas, o fundador da Homeopatia facilmente deduziu que eles deveriam

    possuir substratos de igual natureza. Assim, ao que tudo indica, ele chegou ao

    conceito de fora vital, concebendo que os seres vivos possuem um campo de

    expresso energtica a sustentar-lhes as estruturas fsicas uma emanao

    to sutil quanto seus medicamentos altamente diludos, os quais, por similitudede propriedades, tocavam-na. Logo, o sbio de Meissen no s chegou

    concluso da presena de um campo vital na organizao dos seres vivos

    como compreenso da natureza sutil e dinmica da enfermidade.

    Acredita-se, assim, que a dinamizao seja um processo

    capaz de suscitar um elemento formativo de naturezaenergtica existente nos compostos fsicos.

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    Mediante esses raciocnios, Hahnemann postulou o famoso conceito da

    unidade ternria do ser humano, concebendo-o como uma entidade possuidora

    de um corpo fsico, um campo de energias sutis que o anima e uma

    conscincia de natureza imaterial que o comanda. A estrutura fsica seria um

    composto material, inerte, sustentado e organizado por pulsos dinmicos, emseu conjunto denominado fora vital. Esta se subordina, por sua vez, ao

    governo absoluto da conscincia. E as enfermidades, antes de serem

    perturbaes puramente orgnicas, seriam alteraes desses campos

    eterizados e profundos do ser humano. Estabelecia-se, assim, na Homeopatia,

    um acervo de conhecimentos mdicos que a distanciava dos parmetros

    puramente materialistas, que ento passaram a orientar a medicina cientfica

    nascente.

    Com isso Hahnemann abraou-se ao vitalismo, a

    doutrina que apregoa a existncia de um elemento

    energtico, a energia vital, subordinado psique, na

    elaborao e manuteno da vida.

    3.6 A Unidade Ternria do Homem

    Vamos a mais um fundamento definido

    por Hahnemann? Siga em frente!

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    A despeito dessas interessantes descobertas e conjecturas, outros fatos ser-

    nos-iam revelados pelas acuradas observaes de Hahnemann diramos que

    o mais extraordinrio ainda estava por vir, em que pese o valor de suas iniciais

    consideraes. Fundamentando-se nesses interessantes princpios iniciais,estabelecia-se a Homeopatia como uma prtica mdica eficaz no tratamento

    das doenas humanas, mostrando-se mais eficiente do que a teraputica

    exercida na poca. E se mostrava no s efetiva como tambm suave e

    destituda de efeitos colaterais. Todavia, a proposta homeoptica ainda tratava

    rgos enfermos e doenas como fenmenos isolados da unidade vital,

    subordinando-se aos mesmos princpios conceptuais vigentes na medicina

    ou seja, a enfermidade era vista como um distrbio exgeno, estranho ao

    campo orgnico do ser e algo que precisava ser combatido com drogas de

    efeitos exteriores. Nessa fase da Homeopatia, chamada de primitiva ou

    organicista, Hahnemann utilizava ento baixas diluies dos medicamentos

    homeopticos, normalmente inferiores a CH 12, e empregava a similitude de

    sintomas no plano orgnico. Portanto, assim como a prtica mdica habitual,

    ele tratava as doenas como fenmenos independentes do organismo em que

    se desenvolviam. Essa forma de trabalho em Homeopatia foi aquela que se

    difundiu, sobretudo a partir da Frana, e ganhou o mundo, passando a ser

    conhecida como Homeopatia Francesa. Imperou e ainda subsiste como sendo

    a tpica maneira de atuar da Homeopatia, exercida, sobretudo, pela cultura

    popular.

    3.7 A Origem Endgena da Doena O Terreno Mrbido

    Vamos aprofundar um pouco mais nosestudos de Hahnemann? Fique Atento!

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    Contudo, o grande passo de Hahnemann no diz respeito a essas descobertas

    iniciais. Os fundamentos mais revolucionrios da sua arte de curar somente

    vieram tona nos oito ltimos anos de sua vida, quando empreendeu a obraque denominou Doenas Crnicas. O criador da Homeopatia havia chegado

    concluso, depois de pratic-la por 45 anos, que seus doentes, ainda que

    tratados pelo novo mtodo, voltavam a enfermar-se ao longo da vida, e muitos

    de forma ainda mais grave. Conclua assim o sbio de Meissen que sua nova

    medicina silenciara momentaneamente as doenas de seus pacientes, mas

    no curara de fato suas mrbidas tendncias a enfermar-se. No obstante, seu

    grande desiderato era empreender a cura real do homem e por isso voltou ssuas pesquisas e perquiries intuitivas, favorecido pelo seu brilhantismo e

    aguado senso de observao.

    Assim, Hahnemann tratou de penetrar mais profundamente no fenmeno da

    patologia humana, descobrindo, inicialmente, que seus medicamentos

    dinamizados possuam dois tipos especiais de efeitos, dependendo da diluio

    em que eram empregados: orgnicos e sensoriais. Enquanto nas primeiras

    dinamizaes a ao medicamentosa se restringia esfera dos rgos

    despertando sintomas que chamamos organotrpicos acima da CH 12 os

    sintomas suscitados eram de outra natureza e diziam respeito s sensaes e

    emoes do homem em sua esfera de interao com o meio ambiente

    nominados ento sintomas sensotrpicos.

    Hahnemann observou tambm que, curiosamente, os sintomas sensotrpicos

    apareciam nos pacientes antes mesmo que adoecessem seus rgos e

    caracterizavam uma maneira peculiar de ser e de adoecer. Fato que o levou a

    compreender que essa sintomatologia sutil e subjetiva compunha uma forma

    especial de cada doente enfermar-se e que a doena, na verdade, comeava

    na esfera mental do homem, uma vez que esses sintomas eram

    predominantemente de carter psquico. A esse quadro que antecedia o

    distrbio fsico e o acompanhava, Hahnemann denominou sintomatologia de

    terreno. Assim, muito antes de Freud, o criador da Homeopatia penetrou no

    inconsciente humano e vislumbrou a a verdadeira etiologia de nossas

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    enfermidades, determinando-lhes o carter eminentemente psquico,

    compreendendo as perturbaes fsicas como suas consequncias ltimas. E

    se esse era o real panorama da doena humana, sendo o distrbio dos rgos

    nada mais do que efeitos tardios do fenmeno mrbido, a teraputica

    verdadeiramente eficaz deveria ser dirigida ao terreno. Modificava-se assim

    substancialmente o desiderato da ao homeoptica.

    Hahnemann, portanto, fez a interessante descoberta da existncia de um solo

    frtil, chamado o doente, base para o desenvolvimento posterior de todas as

    suas enfermidades.

    O criador da Homeopatia, contudo, reconhecia que, alm dessa via endgena

    de adoecimento, existiam distrbios orgnicos decorrentes de meras

    perturbaes exteriores. Assim, o grande pensador estabelecia com clareza as

    duas vias do adoecimento humano: a via exgena, determinando a doena

    artificial aquela oriunda do meio exterior ou dos maus hbitos, nocivos s

    nossas exigncias orgnicas, como vcios e erros alimentares; e a via

    endgena, produzindo a doena natural aquela que se origina de nosso

    prprio terreno mrbido.

    A Homeopatia ento passou a apregoar o famoso

    postulado, atribudo a seu fundador: H doentes e no

    doenas. Preceito que determina, com clareza, que a

    enfermidade um produto do meio interno do prprio

    homem, estabelecendo-se com evidncia a via endgena

    (inerente ao prprio organismo) como a determinante de

    todo e qualquer distrbio patolgico natural.

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    Assim conceituado, deixaremos a enfermidade artificial, entendida como meroacidente biolgico, e passaremos a considerar como doena apenas a

    perturbao natural e endgena do terreno humano.

    Como j referido, as experimentaes homeopticas revelavam outro fato

    surpreendente: existiam distintas e peculiares maneiras de adoecimento do

    terreno, reveladas nas experimentaes com medicamentos altamente

    dinamizados. Esse fenmeno, que passou a ser fundamental na teraputica

    homeoptica, foi ento denominado idiossincrasia ou seja, a peculiar maneira

    de adoecer, que caracteriza cada ser humano.

    3.8 Individualizao

    As primeiras so as chamadas enfermidades exgenas

    e as ltimas, as endgenas. Estas, sim, so as nossas

    verdadeiras e naturais doenas, passveis de serem

    tratadas pela Homeopatia. As primeiras, ao contrrio,

    requerem terapias locais e prprias e, sobretudo, o

    estabelecimento de regimes adequados de vida.

    Voc sabe o que idiossincrasia? Vejamosa seguir.

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    A partir da, Hahnemann passou a tratar o doente como um todo e no suas

    doenas isoladamente, baseando-se nas peculiaridades de cada um. Ou seja,

    ele interps ao adoecimento o importante fator individual a considerao

    preponderante do seu terreno mrbido, fonte e sustento de todas as suas

    enfermidades fsicas, fato ento chamado individualizao. Assim cada doente

    passou a ser medicado segundo as caractersticas prprias de seu terreno

    mrbido e no pela doena orgnica que no momento apresentava. Asenfermidades j no eram mais tratadas com medicamentos de ao local,

    mas de acordo com a base profunda que as sustentava. Desse modo, para

    doenas iguais, Hahnemann comeou a prescrever medicamentos distintos,

    conforme as modalidades do terreno onde nasciam, e da mesma forma,

    enfermidades diferentes podiam receber, por vezes, iguais remdios, se a

    constituio mrbida que as mantinha se mostrava semelhante.

    A lei de similitude ento foi imposta no sintomatologia

    orgnica, mas ao campo vital, aquele que se revelava ser

    o verdadeiro manancial do distrbio local.

    A idiossincrasia levou a outro fato: aindividualizao. Vamos conhec-la?

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    Com a descoberta da patologia de terreno, base para o desenvolvimento

    subsequente de toda e qualquer enfermidade fsica, esta passou a ser vista

    como uma erva daninha que nasce na intimidade psicofsica, no por obra do

    acaso, mas por encontrar nesse campo o ambiente propcio ao seucrescimento, condio denominada em Homeopatia de suscetibilidade.

    Estabelecia-se assim uma nova e distinta metodologia de tratamento dentro da

    prpria Homeopatia, que ento deixava o campo fsico propriamente dito, para

    penetrar, de fato, na imponderabilidade humana. E evolua o pensamento

    homeoptico para o que se convencionou chamar de unicismo ou seja, o

    tratamento da unidade vital e no de suas partes isoladamente.

    3.9 Medicina Unicista A Medicina do Todo

    A Homeopat ia trouxe outra visoda doena e do ser humano.Af inal o que seria a doena?

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    Fundamentado por esses novos corolrios, o procedimento mdico

    homeoptico partiu no encalo dos fatores que determinam o adoecimento do

    terreno, buscando reconhec-los na histria de vida do doente, interessando-se

    muito mais pelos aspectos emocionais e as sutis linguagens subjetivas de seu

    mundo psquico do que a comum sintomatologia objetiva dos rgos doentes.

    A doena inseria-se em um contexto fenomenolgico a envolver todo o ser

    doente a dinmica mrbida do terreno onde se passou a procurar o incio e

    o fim de toda e qualquer patologia. O medicamento homeoptico comeou a

    ser empregado segundo esse enfoque unitrio do homem, que ento foi visto

    como um todo indivisvel e no esfacelado em partes como uma simples

    mquina, promovendo-se, de fato, uma revoluo no pensamento mdico

    vigente. A doutrina vitalista encontrava, enfim, um mtodo que a tornava prtica

    como ato teraputico, admitindo a existncia de um campo energtico, no s

    como o sustentculo em que se apoia a vida, mas tambm como a fonte

    mantenedora e indutora da enfermidade, seja fsica ou mesmo mental.

    A energia vital foi compreendida como o elemento de ligao entre a mente

    (que Hahnemann chamava esprito ou alma) e o seu veculo de manifestao

    fsica (a carne). Elo que em Homeopatia recebeu a denominao de vice-

    regente da alma.

    A despeito do imenso valor de suas descobertas iniciais,

    esse foi o gigantesco passo de Hahnemann, o qual fez o

    pensamento mdico penetrar efetivamente na essncia

    humana e perceb-la como um todo inseparvel, cujas

    partes somente podem adoecer em decorrncia da

    perturbao do conjunto. Aqui, de fato, a Homeopatia

    distanciava-se do pressuposto organicista e mecanicista

    da medicina, fixando-se como uma nova forma de ver e

    tratar o ser humano e suas enfermidades.

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    O mundo orgnico agora um simples palco de efeitos e no mais de causas.

    E toda doena foi ento compreendida como uma alterao psquica,

    energtica e fsica, conjuntamente, configurando-se a unidade esprito-energia-

    corpo fsico, base para uma medicina integral do ser humano.

    Considerada uma energia mrbida, a doena encontrava, enfim, um caminho

    para ser identificada nos veculos sutis dos pensamentos e das sensaes

    humanas, onde se poderiam encontrar as suas mais profundas causas,

    estabelecendo-se uma nova fisiopatologia, fundamentada nos mecanismos

    endgenos da unidade humana.

    O mtodo pragmtico de combate s doenas, arrancando-as ou expondo-as a

    substncias inibidoras, foi ento entendido como um extermnio de plantas

    nocivas que crescem em determinado ambiente. Prtica que, aos olhos

    materialistas, parece ser a mais lgica, porm agora se elucidava

    perfeitamente os seus insucessos a longo prazo, pois, o seu xito imediato, por

    no agir no terreno mrbido, no capaz de impedir que as mesmas ou outras

    novas enfermidades reapaream no mesmo doente, assim como surgiram pelaprimeira vez. A Homeopatia, ao contrrio, predispunha-se agora a estudar o

    terreno que propicia e fomenta o aparecimento das enfermidades humanas,

    aplicando um estmulo para que essas condies fundamentais fossem

    modificadas. Assim, esse novo mtodo passou a tratar, na verdade, o ambiente

    da doena e no esta propriamente. O ato mdico deixava, ento, de ser um

    mero extermnio de ervas daninhas para ser uma teraputica de terreno.

    Estabeleceram-se assim os fundamentos da medicina

    unicista aquela que considera e trata o ser humano

    como um todo indivisvel, compreendendo a doena

    como uma perturbao dinmica desse todo e no como

    um distrbio aleatrio de um rgo.

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    Essa nova e revolucionria medicina que nascia com os fundamentos unicistas

    da Homeopatia fez o mdico voltar os seus olhos para a essncia humana, o

    determinante da morbidez do terreno base sobre a qual se assenta a doena,compreendendo-se o corpo fsico como um quimrico campo de efeitos, onde

    qualquer atuao irrisria ou meramente paliativa. Dessa forma, doenas

    iguais passaram a receber tratamentos diferentes e doenas diferentes,

    tratamentos semelhantes, em decorrncia de se fixar a constituio como o

    alicerce da nova teraputica o sujeito visto como um todo, e no em partes

    isoladas.

    E ainda, vislumbrando que a doena projeo de algo mais profundo e

    invisvel do cosmo orgnico, passou-se a consider-la no um mal destitudo

    de finalidade, porm uma tentativa de se resolver a adulterao do terreno

    sobre o qual se assenta. Ou seja, compreendia-se que o meio fsico apenas

    absorve o potencial enfermio da pestilncia energtica gerada no campo

    psquico do ser. A doena orgnica no seria nada mais do que o reflexo da

    unidade humana enferma a satisfao da suscetibilidade mrbida, como a

    Homeopatia passou a v-la. Em ltima anlise, sempre um mal menor que

    visa defesa do equilbrio da mente e seus estratos mais sutis. O indivduo,

    uma vez doente, tenta localizar esse distrbio em seus planos superficiais, a

    fim de consumir nos rgos menos importantes o potencial enfermio de suas

    prprias pulses negativas.

    Estava estabelecido um maravilhoso mtodo que conduzia o raciocnio mdico

    a admitir a existncia de domnios imponderveis na unidade humana que a

    leva a adoecer. Buscando compreender como a energia vital se enferma,

    formou-se a base para uma nova corrente de especulaes puramente

    filosficas, de alto alcance espiritual, chegando-se a uma compreenso mais

    avanada dos mecanismos eminentemente sutis que levam, em uma ltima

    anlise, ao adoecimento do homem e seus veculos de manifestao, o

    energtico e o fsico. A Homeopatia tornou-se, assim, uma filosofia de

    consequncias mdicas e penetrou no conhecimento de leis que regem os

    equilbrios da vida consciencial, em suas expresses mais profundas. Voltando

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    suas perquiries para o reino das causas, o mdico deixou de ser um

    guerreiro da sade, combatente dos males que o indivduo produz para si

    mesmo, abandonando o chamado arsenal mdico de ataque, para se

    converter em um administrador da doena, retirando dela o seu mximo

    proveito e estimulando processos endgenos de cura para o homem integral.

    Ao iniciar o tratamento do doente como um todo e no do rgo enfermo,

    Hahnemann e seus primeiros seguidores depararam-se com um fato inusitado:

    os pacientes, sob o estmulo do medicamento dinamizado e aplicado agora

    segundo a similitude de terreno e no da doena fsica, voltaram a agravar

    antes de melhorar. As famosas reaes homeopticas se estabeleceram,

    suscitando ao mdico novos entendimentos do fenmeno mrbido.

    A genuna agravao homeoptica fazia-se acompanhar, no entanto, de uma

    estranha forma de reao: o doente manifestava, rapidamente e na ordeminversa, as diversas enfermidades que teve durante a vida. Esse intrigante fato,

    chamado retorno de sintomas antigos, tornou-se de tamanha importncia para

    a compreenso da ao do medicamento homeoptico e trouxe tais

    consideraes sobre a maneira como adoecemos que foi denominado, em seu

    conjunto, de Lei de Cura.

    3.10 A Lei da Cura

    A Homeopatia, por meio da

    observao definiu a Lei daCura. Mas o que seria isso?Vejamos a seguir .

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    Suponhamos um enfermo do corao, portandodistrbios ainda reversveis do rgo. Submetido ao

    tratamento do seu terreno mrbido, e no de sua

    doena isoladamente, reagir ao estmulo curativo

    da substncia energizada, melhorando

    surpreendentemente os sintomas cardacos atuais,

    porm reapresentar, pouco depois, antigas dores

    reumticas, que j julgava curadas. Seu joelho ir

    inchar-se novamente, suponhamos. Logo em

    seguida, ele queixar-se- de dores gstricas como

    se fosse a antiga lcera pptica que teve quando adulto jovem. Mais um pouco

    e o assistiremos adoecendo de leves chiados como se fosse sua bronquite de

    rapazote, para apresentar, na sequncia, irritao na garganta como se

    retrocedesse meninice, adoecendo de amigdalite. E, finalmente, manifestar

    erupes cutneas idnticas s que tinha quando beb. Esse fenmeno, uns

    dos mais espetaculares que o homeopata pode presenciar da ao do

    medicamento energizado, leva-nos a compreender que esse paciente cardaco

    jamais havia sido curado das diversas doenas que teve em sua vida. Elas

    foram simplesmente reprimidas e se direcionaram paulatinamente para

    rgos cada vez mais profundos na sua unidade orgnica.

    O enunciado dessa importante lei, descoberta pela

    Homeopatia, diz-nos que temos uma ordem para

    adoecer e outra para nos curar, revelando-nos que a

    cura se faz sempre retrocedendo dos ltimos sintomas

    para os primeiros e de dentro para fora do organismo,

    ou seja, da mente para a sua periferia.

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    A doena passou a ser entendida como algo que se deposita em um rgo,

    mas no tem nele a sua origem. Sendo um manancial mrbido de natureza

    vibratria, ela pode se deslocar de um local para outro, manifestando-se comsintomatologias distintas, prprias do funcionamento alterado do rgo onde

    incide, porm ela no exatamente o que se v. Desse ponto de vista, o rgo

    torna-se mero depositrio da doena, simplesmente o seu alvo. Esta tem ento

    sua origem nos mecanismos da vida consciencial de cada um, ou seja, toda e

    qualquer enfermidade, como fenmeno endgeno, gerada pela conscincia e

    absorvida pelo corpo fsico. O carter da doena foi ento considerado um

    distrbio energtico e sutil, algo como a perturbao de um campo dinmico,passvel de locomover-se de um rgo para outro, perturbando-os segundo

    suas sintomatologias prprias. Conceito que concorda com a noo de rgo-

    alvo da medicina psicossomtica moderna.

    Compreendia-se que o medicamento homeoptico mostrava-se capaz de

    excitar uma via curativa, levada a efeito pelo prprio organismo, guardando,portanto, relao direta com a capacidade individual de se curar. E, de modo

    geral, as reaes homeopticas so tanto mais intensas e duradouras quanto

    mais grave se apresenta o enfermo. Sendo sua enfermidade, porm, incurvel

    ou estando ele muito prximo da sade, essas reaes no ocorrem ou so to

    brandas a ponto de no se tornarem perceptveis, revelando-nos que a

    capacidade de reagir ao medicamento dinamizado diretamente proporcional

    intensidade do adoecimento e capacidade de cura. Esses novos fatoslevaram a cincia homeoptica a determinar uma metodologia prpria para a

    Destarte, para a Homeopatia, toda molstia, seja fsica ou

    no, desde que de origem endgena, uma emanao

    psquica a expressar-se como uma pulso energtica e

    capaz de projetar-se em qualquer stio do organismo.

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    conduo do enfermo e a previso de suas reaes no caminho de cura,

    denominados em seu conjunto de observaes prognsticas. Mediante tais

    conhecimentos, a genuna agravao homeoptica indicar-nos- sempre que

    haver uma melhora subsequente dos sintomas, com a possibilidade de se

    restabelecer completamente a sade do doente.

    FUNDAMENTOS BSICOS DA HOMEOPATIA

    Princpio de semelhana

    Medicamento dinamizado

    Experimentao no homem so

    Unidade ternria do homem

    Tratamento do enfermo como um todo

    Medicamento nicoIndividualizao teraputica

    Lei de cura

    Quadro 1: Os princpios fundamentais que caracterizama Homeopatia e seu peculiar procedimento teraputico denatureza vitalista, os quais visam ao enfoque do doentecomo um todo e o tratamento prioritrio de suasuscetibilidade mrbida, ou seja, de sua tendncia a

    enfermar-se.

    Devemos, contudo, considerar que h agravaes que

    no so reaes ao medicamento e sim evoluo da

    prpria enfermidade, exigindo do homeopata o bom

    senso e o conhecimento mdico para no as confundir,interferindo de forma inadequada no importante

    movimento da cura ou deixando de tomar condutas

    pertinentes evoluo da enfermidade.

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    A observao da lei de cura capacitou ainda Homeopatia a compreenso de

    que somos uma unidade hierarquizada em planos de manifestao, ou seja,

    uma entidade formada por camadas ou nveis diferenciados que vo da mente

    pele, sem soluo de continuidade. Configurava-se a morfologia energtica

    de todo ser vivo como um verdadeiro vrtice dinmico espiralado, em cujo

    centro est a conscincia e na periferia, a epiderme. No processo de enfermar-

    se, a mente utiliza essas camadas para desafogar suas pulses mrbidas, e o

    faz obedecendo aos planos hierrquicos. Quanto mais sade se tem, menos

    grave e mais superficial a enfermidade.

    A doena tornou-se, dessa forma, a satisfao de uma suscetibilidade do

    enfermo que, se no se esgota em um nvel, segue aprofundando-se

    paulatinamente em direo aos planos fsicos subsequentemente mais

    internos. Ao desafogar-se, a todo custo, no campo fsico, esgota-se assim o

    seu potencial mrbido, liberando as delicadas instncias superiores e internas

    do homem.

    4. A Nova Viso Do Ser Humano: Uma Unidade Hierarquizada

    A Homeopatia nos t rouxe outraviso do ser humano... Quer saber

    mais? Acompanhe a seguir.

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    Desse modo, comeamos a vida, como regra geral, depositando nossas

    molstias no rgo mais superficial, ou seja, a pele. Por isso, no beb mais

    saudvel predominam as dermatites, as mais diversas, e suas enfermidadesfebris e virticas terminam quase sempre em reaes cutneas, atravs dos

    processos chamados exantemas. Posteriormente, a criana passar a

    enfermar-se em nveis progressivamente mais internos se o processo mrbido

    energtico encistado no terreno constitucional no se esgotar nesses

    movimentos iniciais. Manifestar-se- nas mucosas das vias areas superiores,

    atravs de rinites, amigdalites, otites e, mais tarde um pouco, por exemplo, de

    bronquites. Chegando maioridade, ainda sem esgotar o seu manancialdistnico e tendo acrescido ao seu potencial mrbido novas pulses enfermias

    oriundas de seu metabolismo consciencial, as doenas tendero a alojar-se

    preferencialmente na mucosa do trato gastrointestinal, provocando gastrites,

    lceras e colites, prprias do adulto jovem. Posteriormente, assistiremos a seu

    avano para locais ainda mais profundos, pois, deixando as mucosas, o

    fenmeno mrbido locomover-se- para os rgos parenquimatosos, passando

    pelo sistema reprodutor, acomodando-se mais tarde no sistema vascular,quando ento se instala, por exemplo, uma hipertenso arterial. Um passo

    mais e veremos a doena impor-se s articulaes, expressando-se atravs de

    processos reumticos, para ento ocupar a intimidade de rgos nobres,

    chamados vitais, como glndulas endcrinas, rins e corao, progredindo,

    enfim, rumo ao sistema nervoso central. O trmino dessa estranha jornada do

    manancial enfermio ser na mente, onde a doena comparece destruindo o

    que temos de mais nobre em ns: a razo, a emoo, a conscincia e nossa

    vida de relaes. E uma vez que a se aloje,o corpo tender a no mais

    adoecer, demonstrando-nos o curioso paradoxo dos doentes mentais que

    guardam relativa sade fsica, mesmo na vigncia de enorme desestruturao

    do psiquismo.

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    Iniciando-se na mente, como um defluxo mrbido de energias, caminhar pelos

    diversos planos orgnicos em busca do esgotamento de seu potencial lesivo,

    terminando na mente, como desequilbrios psquicos graves, se no provocar

    antes a aniquilao do organismo, ao passar pelos rgos vitais.

    Essa regra geral do adoecimento humano pode ser facilmente identificada na

    prtica, em nossa prpria vida e nas daqueles que nos rodeiam, configurando-

    se uma incontestvel realidade. Entretanto, admitimos variaes individuais

    desse mecanismo, pois podemos identificar indivduos que j nascem com

    esse processo acentuadamente adulterado, apresentando em tenra idade

    graves adoecimentos de nveis profundos. Ao mesmo tempo em que outros

    atravessam a vida sustentando suas doenas em rgos superficiais,

    mantendo relativa sade emocional e fsica. A Homeopatia, contudo, no se

    aventurou a explicar as razes ltimas dessas distintas propenses individuais

    de manifestaes do processo mrbido, resumindo-se a reconhecer que cada

    um tem um diferenciado potencial enfermio, proporcional ao grau do distrbio

    energtico e endgeno alinhado em seu campo sutil.

    Dessa forma, vemos que a enfermidade, seguindo uma

    via de interiorizao, retrocede em direo mente, de

    onde veio, e por isso dizemos, em Homeopatia, que toda

    enfermidade comea na mente e termina na mente.

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    Aprendemos com a Homeopatia, desse modo, que a doena possui duas vias

    de manifestao: uma de exteriorizao ou centrfuga e outra de interiorizao

    ou centrpeta. A primeira, chamada de drenagem, a via da cura; a segunda

    representa o caminho do enfermar-se, atravs do qual acomodamos a doena

    em rgos paulatinamente mais internos. O medicamento homeoptico

    mostrou-se ser um potente auxiliar da drenagem mrbida, trazendo o

    adoecimento para fora, como popularmente passou a considerar-se. Portanto,seu mecanismo de ao seria colocar em vigncia a via centrfuga da

    enfermidade, tambm chamada exonerao ou superficializao.

    Assim, se uma dermatite desaparece sob a ao de inibidores tpicos da

    doena, como as pomadas de corticoide, para manifestar-se, logo a seguir,

    como uma enfermidade em nvel mais profundo, no houve de fato cura

    alguma a doena apenas aprofundou-se, pois seu manancial mrbido

    permaneceu retido no campo vital. Consequentemente, se no decurso de

    5. As Vias Centrfuga e Centrpeta da Doena

    H duas vias de manifestao dadoena. Vamos conhec-las?

    Segundo esse raciocnio, sempre que passamos de uma

    patologia mais interna para outra mais externa estamos

    nos curando, e adoecendo ainda mais quando

    realizamos o movimento contrrio.

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    molstias graves e profundas, como os distrbios emocionais, verificamos a

    presena de patologias cutneas, quaisquer que sejam, devemos v-las como

    um mecanismo de alvio do mal principal e profundo.

    Mediante esses novos e curiosos pressupostos, compreendemos que

    possvel atuar no fenmeno mrbido impondo-se simplesmente obstculos sua livre realizao, ou seja, impedindo que a drenagem energtica complete

    seu curso e cumpra o seu papel. Efeito possvel de realizar-se atravs da ao

    repressiva dos medicamentos habitualmente utilizados pela alopatia. Assim, a

    tcnica aloptica de uso do contrrio foi considerada inibidora do processo de

    desafogo do distrbio energtico interno.

    6. Supresso

    Tal ao foi denominada pelos homeopatas de

    supresso - fenmeno compreendido como a represso

    da manifestao fsica e local de uma doena, e no a

    cura dos impulsos profundos que a mantm.

    A viso da doena pelaHomeopatia bem diferenteda medicina tradicional no

    mesmo? Vamos entendermelhor como estas atuam?

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    O resultado de uma supresso eficaz a eliminao momentnea da

    sintomatologia fsica mediante a qual uma doena se expressa, ocasionando

    seu subsequente aprofundamento rumo a planos orgnicos mais internos. Ouseja, o organismo empreende sempre a tentativa de esgotar seu distrbio

    energtico preponderante, a qualquer custo, no local menos lesivo possvel.

    Esse movimento de interiorizao chamado na Homeopatia de metstase

    mrbida. O termo metstase, que significa mudana de lugar, usualmente

    empregado em medicina para se referir a um cncer que provoca

    manifestaes fora de seu stio de origem. Para a Homeopatia, no entanto,

    todas as doenas so passveis de provocarem metstases, pois se soinibidas em um rgo, o organismo vital lan-las- em outro.

    Como consequncia da supresso, o indivduo no s se enfermar em locais

    cada vez mais profundos e importantes como tambm introjetar agravaes

    consecutivas em seu mundo emocional, que podero exacerbar-se

    paulatinamente at a completa instalao de um distrbio psiquitrico. As

    pulses energticas so, assim, passveis de refluxos, acomodando-se de volta

    fonte de onde partiram, a mente, como j vimos.

    A medicina materialista, enxergando a doena como um fenmeno aleatrio e

    sem finalidade, incide com vigor sobre ela, extirpando-a e reprimindo-a a

    qualquer custo. Esforo heroico e, como veremos, necessrio em muitos

    casos, mas com isso apenas se agrava a condio do doente, deslocando-se

    seu processo enfermio para planos mais internos de sua unidade fsica.

    E, uma vez que o desequilbrio energtico se aloje na prpria mente, o corpo jno adoecer mais, pois a drenagem estar completamente aprofundada. Da

    o fato de os doentes psiquitricos pouco enfermarem seus rgos, e quando o

    fazem podem aliviar momentaneamente a doena mental, como j havia

    observado o clebre Philippe Pinel, o pai da psiquiatria.

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    Ante tais corolrios, deduz-se que o real alvio da doena reside na

    possibilidade de se locomover seu potencial mrbido para a superfcie

    orgnica. Por isso aprendemos, com a Homeopatia, a amar as doenas de pelecomo as manifestaes mais benignas, atravs das quais curamos nossos

    distrbios internos.

    O homeopata comparado a algum que busca conhecer as peculiaridades

    desse terreno e nele atua, expurgando-lhe a morbidez e sanando assim sua

    predisposio enfermia. Com isso, as ervas daninhas, no encontrando mais

    as condies necessrias para subsistir, simplesmente deixam de nascer ali. E

    compreende-se, enfim, que a verdadeira cura de nossos males reside

    unicamente na possibilidade de aplacar-se a genuna fonte geradora de todo e

    qualquer processo mrbido, ou seja, nosso metabolismo consciencial, atributo

    de nosso ser endgeno.

    Se compararmos o corpo fsico a uma casa entenderemos ainda melhor o

    funcionamento desse processo, tal como visto pela Homeopatia. Se no

    soubssemos que a casa tem um morador que produz dejetos indesejveis,acorreramos a obstaculizar toda impureza que brota dela. Assim, cimentamos

    e pintamos uma parede infiltrada, por exemplo, incapazes de compreender de

    onde vem e qual a natureza real dessa infiltrao. Com isso, promovemos um

    refluxo da sujeira, que se alojar em locais cada vez mais nobres da

    residncia, chegando, enfim, a perturbar o prprio morador. Dessa forma, a

    morbidez que emana da conscincia passa a refluir sobre ela mesma,

    desarranjando suas expresses emocionais e perturbando seu equilbrio. Ohomeopata algum que aprendeu que a casa tem um habitante e precisa

    O raciocnio homeoptico passou a considerar que a

    alopatia atua suprimindo sintomas, como algum que

    apenas combate ervas daninhas que nascem em certo

    local. Elas tendero a voltar sempre, desde que o terreno

    continue suscetvel e convidativo ao desenvolvimento delas.

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    livrar-se das impurezas que ele mesmo produz, a fim de viver em conforto e

    sade. Ento o profissional da medicina drenadora comparece como algum

    que, com uma vassoura, varre para fora toda a pestilncia acumulada,

    acomodando, no mximo sossego possvel, o morador e sua residncia.

    Admitimos, portanto, que, enquanto a Homeopatia exonera, a alopatia trata de

    reprimir a doena. Mas no somente a medicina aloptica que suprime. O

    processo pode ocorrer de forma espontnea, pois a mente capaz de realizar

    autossupresses, ao no admitir o adoecimento fsico em qualquer nvel que se

    apresente.

    E, igualmente, no unicamente a Homeopatia que exonera, pois, alm de

    realizar-se de forma espontnea e natural, h processos teraputicos seguros

    que estimulam drenagens curativas, como muitos tratamentos fitoterpicos,

    regimes dietticos, a acupuntura, a medicina ayurvdica e mesmo as

    psicoterapias.

    E precisamos ainda admitir a existncia de procedimentos teraputicos que

    apoiam nosso organismo sem obstaculizar o fluxo da doena, permitindo-nos a

    livre drenagem do processo mrbido. Favorecendo-nos com o maior confortopossvel, atuam como paliativo, sem levar-nos a futuras internalizaes

    mrbidas. A Homeopatia de baixa dinamizao seria um exemplo desse tipo de

    terapia. E compreenderemos tambm que a drenagem cirrgica de uma

    coleo purulenta igualmente eficaz e indispensvel auxiliar dessa verdadeira

    decantao de nossos distrbios energticos profundos.

    Por exemplo, as dermatites so sempre indesejveis, por

    deixar mostra nossas mazelas e preferimos, quase

    sempre, acomod-las em nossa intimidade, mesmo que

    nos inflijam danos maiores.

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    No esquema a seguir representamos a unidade humana por uma espiral, onde

    cada volta um de seus planos orgnicos. A enfermidade endgena, oriunda

    da mente, caminha por eles, sob o impulso centrfugo, curativo, expurgador dosmales endgenos. Uma medicina depuradora atua reforando essa via, e uma

    ao mdica supressiva age obstaculizando-a. E, como terceira opo,

    consideramos a possibilidade de uma terapia de apoio, a qual, como um

    impulso perpendicular ao raio da espiral, no inibe nem incentiva a pulso

    exoneratria do mal, apresentando ao puramente paliativa.

    Figura 1: A ao das trs vias teraputicas possveisna unidade hierrquica do ser: exonerativa,supressiva e paliativa, configurando as trspossibilidades de atuao mdica presumveis,

    caracterizadas pela Homeopatia de terreno, aalopatia e as terapias de suporte, respectivamente.

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    preciso compreender muito bem os princpios aqui expostos, a fim de no

    perdermos o bom senso, entregando-nos a uma inadequada apologia da dor.

    Comparemos a enfermidade a um esgoto que deve ser drenado de uma

    residncia, promovendo conforto, bem-estar e segurana ao seu morador. Se

    simplesmente detivermos o seu curso, a condio do morador ser perturbada

    e a estrutura de sua casa ficar ameaada a longo prazo. No entanto, se

    estivermos diante de uma enxurrada, admitimos que se deva cont-la

    momentaneamente, inibindo-a a qualquer custo, pois em sua marcha violenta

    ela poder provocar danos irrecuperveis moradia, impedindo-se a a

    permanncia do morador. Por isso, diante de molstias graves que ameacem a

    vida faz-se imprescindvel adotar medidas drsticas de suporte ao organismo e,

    em ltimo caso, severamente repressivas da doena. O que no podemos

    considerar tais procedimentos como curativos. So capazes de deter

    momentaneamente o fluxo da enfermidade, que retomar seu caminho de

    drenagem mais tarde, se no se esgotou ainda seu potencial mrbido. Isso

    muito evidente nos enfermos que passam rapidamente de uma doena a outra

    medida que so reprimidas, ou naqueles que jamais se curam pela simples

    extirpao de um tumor maligno, que continua a ser decantado do corpo

    6.1. No Suprimir Jamais?

    Ento as doenas, mesmo sendopenosas e graves, nunca podemser reprimidas? Devemos sofrer atodo custo os seus danos, semjamais lhes impor obstculo?

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    energtico, de forma cada vez mais intensa, at que sua morbidez se consuma

    completamente nos tecidos fsicos.

    A necessidade de processar-se uma drenagem comedida e orientada torna-se

    evidente e necessria para a segurana da casa orgnica. A Homeopatiapoder auxiliar o campo vital a realizar isso, promovendo uma evacuao do

    distrbio energtico da forma mais amena e mais superficial possvel. No

    entanto, temos de admitir que muitas vezes o processo no pode mais ser

    movido, no havendo recursos de reatividade vital para isso, requerendo-se

    medidas convencionais e heroicas para o sustento da vida. Assim que

    reconhecemos, sem sombra de dvidas, que um paciente com uma apendicite

    aguda deva ser imediatamente encaminhado a um centro cirrgico. Embora elepossa ser curado de seu campo vital pela Homeopatia, no podemos deix-lo

    entregue possibilidade de uma grave contaminao de sua cavidade

    peritoneal, colocando-se em risco sua vida, se o processo mrbido no for

    devidamente drenado por uma interveno cirrgica eficaz.

    E finalmente preciso considerar que determinadas condies orgnicas

    impem procedimentos mdicos insubstituveis que a Homeopatia no poder

    dispensar. Diante da falncia completa de um rgo evidente que temos de

    prover artificialmente o seu trabalho.

    Portanto, todo bom senso exigido do mdico homeopata no

    acompanhamento do enfermo que poder necessitar de

    recursos tradicionais de combate doena, como antibiticos

    ou intervenes cirrgicas, quando a gravidade do seu

    estado o impede de uma adequada reao ao estmulo de

    cura. Logo, admitimos que a medicina supressiva tem sua

    utilidade, tanto assim que um curioso axioma homeoptico,

    chamando a ateno para o fato, diz-nos que mais vale um

    doente suprimido que um doente morto.

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    A Homeopatia restringe-se capacidade de tratar o doente e sua tendncia

    mrbida de adoecer, mas os rgos podem se encontrar de tal forma lesados

    que um tratamento convencional torna-se imprescindvel. Isso no pressupe o

    fracasso da terapia hahnemanniana, que ento precisaria recorrer a um

    tratamento aloptico para corrigir suas falhas, como muitas vezes se considera.

    Simplesmente estamos diante de um quadro que no pode mais ser revertido.

    Sua leso fsica tal que no pode ser reconstituda pelo prprio organismo. O

    medicamento dinamizado, nesse caso, pode estimular o equilbrio dinmico do

    doente, promovendo sua cura energtica, porm no mais capaz de efetuar

    sua cura orgnica.

    Diante ainda de uma doena eminentemente exgena, justifica-se a utilizao

    de meios de igual natureza para a remoo e a cura dos males que implica.

    Compreende-se assim que uma afeco de origem mecnica deva sofrer a

    ao de meios igualmente mecnicos, sendo essa tambm uma extenso da

    lei dos semelhantes, apregoada pela Homeopatia. Por isso, deformidades e

    leses puramente fsicas requerem intervenes igualmente fsicas, no se

    podendo consider-las de efeitos supressivos.

    Por exemplo, um pncreas que j no tem clulas para

    produzir insulina necessita de sua reposio diria. Um rim

    que j no funciona deve contar com um processomecnico de dilise. Um corao que tem sua irrigao

    sangunea obstruda precisar de uma reconstituio

    cirrgica ou uma angioplastia, e assim por diante.

    Por isso, procedimentos conjugados devem ser decididos

    em cada caso particular, requerendo do mdico

    homeopata o conhecimento da histria natural das

    enfermidades, a fim de proporcionar o melhor para o seu

    paciente, evitando-lhe danos maiores.

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    Conclui-se, desse modo, que o bom senso deve nortear o exerccio da

    Homeopatia, permitindo-se que certos procedimentos mdicos convencionais,

    determinados pelo desenvolvimento cientfico moderno, sejam disponibilizadospara o suporte do homem que sofre na Terra.

    Os agentes infectantes, chamados apropriadamente de varredores pelos

    seguidores de Hahnemann, seriam, segundo esse interessante e avanado

    preceito, atrados por um campo vital propcio, atuando, na verdade, como

    auxiliares da drenagem mrbida, uma vez que agem convertendo emanaes

    biopsquicas degradadas, das quais se alimentam, em colees purulentas, asquais ento facilmente podem ser eliminadas da intimidade energtica do ser.

    7. A Varredura Microbiana segundo a Homeopatia

    Vejamos agora o que a Homeopatiatem a dizer das doenas infecciosas.Vamos l?

    Segundo a Homeopatia, as doenas infecciosas so

    tambm fenmenos oriundos do desequilbrio vital e

    no patologias causadas unicamente por bactrias e

    vrus patognicos.

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    Compreendemos assim que so seres convidados a comparecer em nosso

    organismo no por casualidade, mas para cumprir um importante papel em

    nossa economia vital. Podemos compar-los aos abutres, que na naturezarealizam a funo de lixeiros, digerindo restos biolgicos degradados e inteis.

    Espant-los, como o faz a medicina materialista, apenas por que esto

    presentes, implica que podero retornar assim que o ambiente se encontre

    novamente desguarnecido, se o convite para que voltem permanece ativo no

    campo mrbido do enfermo. Como muitas vezes se constata nas infeces

    insistentemente repetidas, simplesmente aniquil-los no soluo definitiva

    para o problema. Enquanto existir no organismo esse ambiente vibracionalincitando os patgenos tarefa de limpeza, continuaro assediando-o at que

    neste se esgote a necessidade da varredura vibracional.

    Com a ajuda da Homeopatia, contudo, compreendemos que h dois tipos de

    agentes biolgicos patognicos: aqueles que provocam enfermidade pela

    produo de toxinas nocivas e aqueles que causam doenas por invaso

    tecidual. No primeiro caso temos os agentes txico-infectantes, como o bacilo

    tetnico, o diftrico e o botulnico, por exemplo. No segundo caso classificamos

    os patgenos infecto-contagiantes, os agentes bacterianos e virais de nossas

    enfermidades infecciosas habituais, como o estafilococo, o estreptococo, entre

    os mais comuns, e tantos outros, muitos deles habitantes normais do

    organismo, como a Escherichia coli, por exemplo. Esses ltimos so os

    verdadeiros varredores, enquanto os primeiros, na verdade, provocam

    enfermidade exgena, sendo nada mais do que diminutos animais

    peonhentos que nos perturbam por suscetibilidade de espcie, configurando,na verdade, um genuno acidente biolgico.

    Compreende-se ainda que existem enfermidades infecciosas que so

    decorrentes de desequilbrios ambientais, acometendo todo ser humano que a

    elas se expe, como as protozoonoses e verminoses comuns falta de

    cuidados higinicos e distrbios ecolgicos. Diante de tais afeces

    oportunistas, cabe o adequado combate ao agente biolgico perturbador da

    sade. A Homeopatia, nesses casos, poder estabelecer maior equilbrio do

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    terreno vital, sendo uma promotora da sade global do indivduo, porm

    necessariamente no erradicar o parasita, que continuar espoliando o

    organismo, em obedincia aos princpios de sua natureza.

    Mais uma vez, admitimos que se o paciente tem ameaada a sua vida ou a

    integridade de um rgo importante por grave processo infeccioso, ento o

    bom senso justifica o emprego dos mais eficazes antibiticos da medicina

    moderna para permitir-lhe a continuidade da vida.

    8. O Verdadeiro Tratamento Homeoptico

    Diante do que vimos at aqui, vocdeve estar se perguntando: Afinalcomo o tratamento homeoptico?

    o que voc ver a seguir.

    E sabemos ainda que h casos em que o organismo

    acha-se to debilitado em suas defesas naturais, que

    no consegue mais reagir eficazmente contra

    determinado agente microbiano, mesmo diante de um

    estmulo teraputico acertado da Homeopatia,

    requerendo uma defesa artificial a fim de no sucumbir.

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    Como podemos concluir, a Homeopatia, em sua trajetria evolutiva, determinou

    dois modos distintos de trabalho, de forma que os postulados acima

    apresentados no se aplicam a qualquer de suas prticas. Ela se iniciou,conforme explicado, com o emprego da lei dos semelhantes no campo

    puramente orgnico e se dispunha a tratar rgos doentes, subordinando-se

    mesma filosofia que norteia o pensamento mdico materialista. Essa prtica,

    ainda muito comum nos nossos dias, utiliza medicamentos homeopticos em

    baixas dinamizaes, na quinta e na sexta diluies (CH 5 e CH 6), porm,

    emprega habitualmente mais de um remdio por vez, a fim de cobrir todas as

    queixas de um paciente em um determinado momento de sua vida. Tal modode proceder recebeu o nome de Homeopatia organicista, complexismo ou

    pluralismo e atua quase sempre de modo paliativo, pois raramente despertar

    a lei de cura, no promovendo retorno de sintomas antigos ou a

    superficializao do nvel da enfermidade.

    J o tratamento do paciente como um todo pressupe um conhecimento mais

    completo do terreno mrbido, ou seja, de todo o indivduo, seu processo de

    vida, peculiaridades de sua personalidade, seus traumas, fraquezas e

    pendores.

    Isso faz da Homeopatia uma teraputica que aborda o

    ser integral, e o tratamento torna-se um procedimento

    que considera no somente o conjunto das queixas

    fsicas do paciente, mas tambm sua bagagem tantoconsciente quanto inconsciente, seus sentimentos e sua

    histria de vida.

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    Esse modo de atuar foi denominado de Homeopatia unicista, por trabalhar o

    ser humano como uma unidade indivisvel. Ao exigir estudos mais cuidadosos,

    essa forma de aplicar a Homeopatia restringiu-se a uma formao acadmica,enquanto o seu emprego organicista afeioou-se a uma prtica popular, por ser

    de fcil aplicao e ao alcance de leigos. Alm disso, o mtodo unicista requer

    um maior envolvimento mdico-paciente, exigindo-se do mdico a interao em

    todos os nveis do doente, a fim de descobrir-lhe o chamado medicamento de

    fundo e acompanhar seu delicado caminho de cura.

    Para atingir o terreno e estimular os princpios curativos do campo vital, a

    Homeopatia unicista necessita empregar substncias em dinamizaes altas,

    comumente acima da trigsima, e preconiza, como regra geral, o uso de um

    medicamento de cada vez. Esse o chamado remdio de fundo e que satisfaz

    a totalidade sintomtica e no apenas a um rgo ou conjunto isolado de

    sintomas. Ele ser empregado para o tratamento de todo o quadro do paciente,

    mesmo que este tenha doenas muito diversas, pois atende ao seu terreno

    mrbido e no aos seus rgos enfermos, os quais, como vimos, so o

    resultado ltimo do seu desequilbrio e no a enfermidade em si mesma. Por

    isso, um paciente em tratamento de terreno tomar sempre o mesmo

    remdio, embora adoea de gripe, tenha diarreia ou sofra de uma cefaleia, por

    exemplo.

    Muito raramente o profissional homeopata desviar-se- da regra fundamental

    de usar um s medicamento por vez, preconizada nos postulados

    hahnemannianos bsicos de forma bastante enftica. Condena-se, de fato, o

    uso corriqueiro de associaes de muitos remdios homeopticos, pois,

    tratando-se de essncias energticas, podem agir, na mistura, com padres

    imprevisveis de atuao. Embora sejam capazes de auxiliar um organismo

    enfermo, livrando-o dos efeitos colaterais e danosos dos medicamentos

    alopticos, podem tambm demonstrar uma ao supressiva a longo prazo,

    levando o organismo a aprofundar seu nvel de adoecimento.

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    Entrementes, entendemos que, muitas vezes, no tem o mdico homeopata

    outra opo seno medicar a patologia fsica isoladamente. No se pode

    considerar, porm, tal prtica um legtimo tratamento homeoptico. Esse sergenuinamente aquele capaz de tratar o terreno mrbido e estimular sua prpria

    capacidade de curar-se, abordando-o como um todo e no somente

    silenciando momentaneamente um rgo doente.

    Ao descobrir que antes de um rgo doente, existe um terreno mrbido que

    leva esse rgo a adoecer, a Homeopatia predisps-se a pesquisar como esse

    terreno se desequilibra, como manifesta esse desequilbrio e atravs de quais

    mecanismos deixa-se perturbar, antes de conferir ao universo celular o seu

    desarranjo. Ou seja, a Homeopatia inicia o estudo da fisiopatologia do terreno,

    o que se convencionou denominar Dinmica Miasmtica.

    Hahnemann, nos oito ltimos anos de sua vida, havendo arquivado

    observaes clnicas ao largo de toda sua prtica mdica, ps-se a estudar

    essa fisiopatologia do terreno, chegando a interessantes concluses, as quais

    exps em sua ltima obra, Doenas Crnicas. Nesse importante e derradeiro

    trabalho, o fundador da Homeopatia compreende que o adoecimento humano

    obedece, na verdade, a um impulsor fundamental, de natureza imaterial oudinmico, o qual antecede e se responsabiliza pela manifestao fsica e local

    9. Dinmica Miasmtica A Fisiopatologia segundo a Homeopatia

    Voc sabe o que miasma? EDinmica Miasmtica? Vamosesclarecer na sequncia.

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    da doena. Por faltar-lhe palavras adequadas para denominar os novos

    conceitos que sua observao suscitava, o mestre de Meissen chamou de

    miasma a esse pulso de natureza imaterial. Definida por ele como uma

    perturbao dinmica, esse campo sutil impregnaria o organismo como uma

    emanao mrbida essencial, originando todo o posterior desenvolvimento das

    patologias orgnicas.

    Palavra em desuso no jargo mdico, se consultarmos o termo miasma nos

    dicionrios correntes encontraremos que designa espcie de emanao a que

    se atribua o contgio das doenas infecciosas e epidmicas, alm de referir-

    se exalao ptrida que emana de animais ou vegetais em decomposio

    (Dicionrio Eletrnico Houaiss da lngua portuguesa). A Homeopatiaincorporou-o, no entanto, com o significado de uma pulso ou fora enfermia,

    no pertinente ao domnio orgnico ou material do ser humano, porm

    energtico e indutor do subsequente adoecimento orgnico.

    O moderno conceito de campo da Fsica talvez possa socorrer-nos no

    entendimento do que seria o miasma homeoptico. definido como a regio

    sob influncia de alguma fora ou agente fsico por exemplo, campo

    eletromagntico, campo gravitacional etc. De igual modo, poderamos admitir a

    existncia de uma fora ou tendncia orgnica capaz de gerar em seu raio de

    manifestao um campo mrbido. Este seria o miasma hahnemanniano,

    passvel de impregnar uma determinada regio do organismo, induzindo ao

    mau funcionamento das clulas que o integram. Hahnemann introduz-nos

    assim no conceito de uma entidade dinmica ainda no identificada ou definida

    pela cincia atual, mas que pode ser constatada pelos seus efeitos, como

    veremos a seguir.

    Observando o comportamento da doena crnica natural, chamada endgena,

    em nossa espcie, o fundador da Homeopatia compreendeu que esta se

    manifesta de trs ntidas maneiras: existem aquelas que se restringem s

    perturbaes das funes celulares; outras produzem perda de massa

    orgnica, ocasionando ulceraes e eliminaes ptridas; e temos as que

    induzem o organismo a construes imprprias, alm de seus naturais limites.

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    As primeiras so as doenas funcionais, responsveis pelas disfunes

    orgnicas diversas; as segundas representam as enfermidades de carter

    destrutivo; e as ltimas, as molstias de aspecto neoformativo ou produtivo.

    O mestre de Meissen, mais uma vez, por falta de terminologia adequada,

    denominou o primeiro distrbio, a disfuno, de Psora termo grego que

    significa mancha; o segundo, a perturbao de carter destrutivo, de Sfilis, por

    ser esta, em sua poca, a mais comum das enfermidades que roubam massa

    do organismo; e ao adoecimento hiperformativo, aquele que leva ao

    crescimento exagerado dos tecidos orgnicos, de Sicose palavra tambm de

    origem grega que significa verruga, o mais comum dos crescimentos orgnicosinadequados. Notemos que, na atualidade, a medicina emprega o termo

    sicose, ainda que em desuso, para designar a inflamao dos folculos

    pilosos, especialmente os da barba, causada por bactrias ou fungos.

    Psora, Sfilis e Sicose passaram ento a designar, em Homeopatia, as trs

    doenas crnicas de carter miasmtico do homem, ou seja, as trs formas

    bsicas de se induzir o adoecimento humano. Ressaltemos que Hahnemann

    referia-se a foras mrbidas que levam o organismo a adoecer, e no deentidades clnicas propriamente ditas. Como o clebre mdico alemo no teve

    tempo de esclarecer-nos devidamente o seu pensamento, o tema mostrou-se

    inicialmente confuso, levando muitos de seus seguidores a interpretar a Sfilis

    miasmtica como a prpria enfermidade venrea e contagiosa, a Sicose, como

    sendo o condiloma acuminado (HPV), e a Psora foi relacionada escabiose,

    ou sarna, a mais frequente das enfermidades que, digamos assim, mancham

    a pele do homem.

    Em resumo, para Hahnemann existiriam ento trs

    formas bsicas de se produzir o adoecimento humano: a

    doena funcional, a degenerativa e a hiperformativa.

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    Mediante a colaborao de vrios estudiosos da Homeopatia, sendo os

    principais J ayme Tyler Kent, Henry Allen, N. Ghatak, Herbet A. Roberts e,

    sobretudo, o notvel homeopata argentino, Alfonso Masi Elizalde (1932-2003), que a temtica encontrou o seu desenvolvimento lgico e sua perfeita

    aderncia observao da realidade da vida. Com o auxlio desses autores

    que chegamos, como introduo ao tema, s concluses delineadas a seguir,

    as quais, no entanto, so ainda pouco conhecidas e no se acham, at ento,

    perfeitamente difundidas em todas as escolas que integram a Homeopatia no

    mundo atual.

    Falemos, portanto, de campo psrico, campo sifiltico e campo sictico,correspondentes ao adoecimento funcional, degenerativo e hiperformativo,

    respectivamente. Portanto, onde temos um distrbio funcional, ou quanto

    muito, segundo o conceito de Hahnemann, doenas cutneas, vemos o

    miasma psrico em ao. Se identificamos um carter hipotrfico ou destruidor

    de tecidos na ao mrbida, vemos o estigma sifiltico atuando. E se predomina

    o impulso de exagerado crescimento orgnico, temos a tara sictica agindo no

    campo orgnico. No entanto, esses trs modos de adoecimento no so

    fenmenos isolados, porm a progresso de um mesmo movimento que se

    inicia como um simples distrbio funcional para em seguida tomar o

    direcionamento do polo sifiltico ou do polo sictico. Assim, compreendemos

    que o adoecimento bsico a Psora, a perturbao fundamental, em base a

    qual o organismo ir escolher o caminho da Sfilis ou o da Sicose. Exatamente

    por isso, a Psora foi chamada a me de todas as doenas e, sem sua ao

    primria, no haveria o desenvolvimento dos outros dois subsequentes

    miasmas.

    Hoje os chamados miasmas crnicos so compreendidos

    como impulsos, foras-tendncias ou pulses mrbidas

    de que se veste a personalidade humana e que dirigem o

    seu adoecimento.

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    Figura 2: A inter-relao dinmica entre Psora, Sfilis eSicose, os trs estados miasmticos fundamentais, comoduas polaridades de um movimento nico de sentidosopostos.

    A clula ento, no mecanismo de adoecimento proposto pela Homeopatia,

    inicialmente perturba-se e adultera o seu funcionamento, sem, no entanto,

    estabelecer uma leso fsica. Apenas suas funes no se cumprem

    corretamente. Assim, a clula inicia sua trajetria mrbida sob a ao da Psora.

    A partir desse primeiro adoecimento, a clula deve eleger entre o caminho da

    degenerao ou o da hipertrofia, sob a orientao do pulso dinmico que a

    orienta. Assim, toda Sfilis e toda Sicose originam-se de uma base Psrica.

    Se concebermos que a vida animada por uma energia especial, como a

    crena corrente em Homeopatia, compreendemos que essa fora eutnica ou

    euritmica iniciar sua trajetria de adoecimento tornando-se distnica ou

    disrtmica. A partir dessa primeira manifestao, o campo energtico

    encaminha-se para a hipotonia ou a hipertonia de seus pulsos. Logo, a energia,

    assim como o corpo fsico, adoece de Psora, depois Sfilis e Sicose.

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    De igual maneira, podemos imaginar que uma mente humana em perfeito

    equilbrio adoea inicialmente manifestando perturbaes funcionais do

    psiquismo. A seguir, -nos possvel identificar estados psquicos de desalento edecaimento vital e, por outro lado, quadros psquicos de euforia e excessiva

    vitalidade. E teremos, assim, a manifestao da Psora, da Sfilis e da Sicose no

    plano mental do homem.

    Ora, como em Homeopatia somos levados a identificar no ser humano trs

    nveis de manifestaes, o mental, o energtico e o fsico, -nos claramente

    compreensvel a existncia de um pulso dinmico que, partido das instncias

    mais profundas do homem, o mental, orientar o campo dinmico, o qual, por

    sua vez, terminar atuando no fsico, segundo sua prpria tendncia. Assim, a

    Psora manifesta na mente que ir gerar a perturbao dinmica e,

    finalmente, a disfuno orgnica. A Sfilis mental configurar a hipotonia

    energtica e a consequente degradao fsica. E, enfim, a Sicose mental,

    igualmente, provocar a hiperdinamiada fora vital e sua consequente

    hipertrofia fsica. Assim, estabelece-se em Homeopatia a perfeita correlao

    mental, energtica e fsica do adoecimento humano. E, desse modo,

    compreende-se que a doena orgnica nada mais do que a configurao

    exterior do que vige no seu interior, ou seja, a perfeita adaptao de um

    mrbido gradiente mental transferido ao campo dinmico e deste ao campo

    orgnico.

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    Figura 3: Os desequilbrios fundamentais da mente(campo do ego) determinam as perturbaes do campodinmico, que terminam, por sua vez, impondo-se aocampo orgnico (representado pela clula), a qual seperturba, destri-se ou hipertrofia-se. No centro, vemos emao a egodistonia; esquerda, a egolise; e direita, aegotrofia, nos planos mental, dinmico e fsico, de cimapara baixo, respectivamente.

    Logo, tudo parte dos estados psquicos da mente humana, os quais se tornam

    ento o foco dos estudos dos miasmas homeopticos. Na Argentina, Masi

    Elizalde, a partir dos anos 80, props a denominao de Dinmica Miasmtica

    ao tema em questo, ao denotar a plasticidade e a pronta reversibilidade dos

    estados miasmticos no plano mental, de onde so deflagrados para o campo

    energtico e o fsico.

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    Se encontramos ento um ser humano padecendo pelas angstias prprias de

    nossa espcie, sentindo-se portador de carncias as mais diversas e sofrendo

    por elas de modo inadequado, identificamos a manifestao da Psora em sua

    mente. Se, no entanto, esse mesmo indivduo encontra-se dominado pelo

    desalento, com inteno de abandonar suas atividades e refugiar-se em

    estados depressivos, ele estar experimentando a manifestao do miasma

    sifiltico. E, pelo contrrio, se o entusiasmo lhe excede e ele parece

    estabelecer-se em um patamar de superioridade de foras psicofsicas, ento o

    veremos sob os embalos da Sicose. Identificamos assim um estado

    egoicodistnico fundamental, um hipotnico e outro hipertnico, a alimentar,

    respectivamente, a Psora, a Sfilis e a Sicose nos domnios dinmicos e fsicosdo ser humano, configurando suas correspondentes enfermidades.

    Masi Elizalde, ao perceber a patente realidade dos estados psquicos a

    moverem a instncia do ego, props ento que mudssemos a denominao

    da Sfilis homeoptica para egolise (do latimego, o eu de qualquer indivduo, +

    lsis, grego, que rotura ou quebra), representando os estados de

    degenerao do psiquismo humano; e egotrofia (ego+tropha, grego, nutrio

    ou desenvolvimento) para os quadros de manifesto exagero do eu.

    Assim, a Psora relaciona-se aos estados de ansiedade, instabilidade, angstia,

    medo e sensaes carenciais, as mais diversas possveis, como a carncia de

    afeto, de amparo, de fora, de justia, de paz, de segurana, de felicidade, por

    exemplo. Representa a distonia do ego, ou a egodistonia.

    A Psora mental foi compreendida como a instabilidade

    emocional, a vivncia inadequada das angstias

    existenciais humanas, em suas expresses de carncias,

    temores e culpas, vivida como ansiedades, inquietudes e

    inseguranas.

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    Evoluindo o tema, Masi Elizalde compreendeu que tanto a egolse quanto a

    egotrofia seriam nada mais que reaes defensivas do estado psrico

    fundamental. Ento, Sfilis e Sicose homeopticas caracterizam as duas

    possveis reaes de defesa da Psora. Sendo os sofrimentos humanos

    intolerveis, no seu estado puro, o psiquismo cuida de construir suas defesas,

    quase sempre imprprias, inicialmente evadindo-se delas, refugiando-se nosquadros depressivos e degenerativos da mente, que podem terminar com o

    suicdio. Ou, como segunda possibilidade, o ser decide, ainda que

    inconscientemente, enfrentar suas angstias, carncias e deficincias,

    hipertrofiando sua maneira de ser a fim de compens-las. Sfilis e Sicose,

    portanto, so atitudes e hbitos com que vestimos nossas personalidades na

    inteno de aplacar nossas mltiplas carncias e angstias, prprias da

    existncia. Chega-se, assim compreenso de que o homem adoece desde omais profundo ao superficial, sendo o fsico um espelho daquilo que se passa

    na sua intimidade. Se identificamos uma doena degenerativa, poderemos

    procurar pelo predomnio dos estados egolticos do enfermo. E se estamos

    diante de um ntido adoecimento hiperfuncionante e hiperformativo,

    reconheceremos que a egotrofia esteve atuante na maior parte da vida do

    indivduo.

    A egolise designa a degenerao do ego, a qual se

    manifesta atravs da perda da autoestima e as mrbidas

    tendncias autodestruio, que podem culminar com afuga esquizofrnica ou o suicdio. J a egotrofia assinala os

    quadros do comportamento humano caracterizados pela

    supervalorizao de si mesmo em relao aos demais, ou

    seja, o egosmo franco, a soberba e as atitudes autoritrias

    e imperialistas, prprias do ego que se posiciona acima dos

    demais, tendncia normalmente acompanhada de

    excessivo entusiasmo e desmedida vontade realizadora.

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    Facilmente entendemos que, se na mente, os estados miasmticos so

    altamente dinmicos e facilmente cambiveis, o plano fsico exige tempo para

    adaptar-se ao gradiente enrgico em pauta no momento. Fato que nospermitir identificar em um doente em franca egolise mental a presena de

    patologias sicticas. E entenderemos, sem muita dificuldade, que um

    organismo acomodado na posio egotrfica, ao mudar seu campo mental e

    dinmico, dever apresentar um rpido decrscimo de sua massa, o que faz

    atravs das chamadas exoneraes ou drenagens mrbidas, veiculadas pelas

    doenas agudas. E chega-se extraordinria compreenso de que h uma

    motivao para os episdios agudos que sofremos em vida no so mais queexoneraes do miasma dominante e uma tentativa de reequilbrio do

    organismo. Condio frequentemente vista nas crianas que comeam a

    apresentar doenas agudas no instante em que lhes so impostos os grandes

    desafios do crescimento humano.

    Curiosamente, ao mesmo tempo em que Hahnemann estabelecia sua

    classificao ternria do adoecimento humano, suas experimentaes de

    medicamentos revelavam a presena de um corpo sintomatolgico que, no

    plano mental, configuravam essa mesma exata manifestao trimiasmtica.

    Assim, cada medicamento homeoptico, com rica patogenesia, apresenta com

    nitidez um corpo de sintomas psricos, sifilticos e sicticos. E a Homeopatia

    passou ento a empregar um medicamento pela capacidade que ele detm de

    suscitar um desequilbrio dinmico de terreno idntico ao do doente. Com isso,

    imps-se ao homeopata o trabalho no s de conhecer a histria natural da

    enfermidade fsica que no momento porta seu paciente, mas igualmente a

    identificao de seus estados miasmticos e a procura de um medicamento

    homeoptico que corresponda exatido ao seu dinamismo mrbido. Ou seja,

    o homeopata, para medicar corretamente e seguir a evoluo de seu paciente

    deve entender como ele adoece na egodistrofia, como se revelam seus

    momentos de egolise