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HUMANISMO
(ou Segunda Época Medieval)
• Denomina-se Humanismo o movimento cultural predominante entre
meados do século XV e início de século XVI, período em que os
intelectuais e artistas focavam sua atenção em aspectos humanos e
reais do cotidiano, num estudo da natureza humana, suas qualidades
e potencialidades, bem como da valorização da cultura clássica, em
detrimento da visão religiosa dominante no mundo medieval. Trata-
se, portanto, de uma transição da ótica teocêntrica (em que Deus é
considerado o centro do universo) para uma visão antropocêntrica
(o homem como principal foco da cultura). Surgido na Itália do século
XIV, propagou-se por toda a Europa, contribuindo para a renovação
da educação, do ensino universitário e da cultura em geral. Nomes
como os de Dante Alighieri (ainda no século XIII – 1265 a 1321),
Francesco Petrarca (1304 a 1374), Giovanni Boccaccio (1313 a
1375) e Gil Vicente (1465? a 1537?) são relevantes para a
consolidação de um período que, se não representou uma ruptura
definitiva com o teocentrismo medieval, já que se percebia uma
conciliação de visões pagãs e cristãs, pelo menos abriu caminhos
para a explosão cultural do período seguinte, o Renascimento.
Crise do Feudalismo
Os senhores feudais
perdem a força com a
consolidação dos
estados nacionais,
com fronteiras
definidas e poder
centralizado na figura
do rei. O regime de
vassalagem é
substituído por novas
relações de trabalho
entre patrão e
empregado e por
atividades comerciais e
artesanais que
estimulam o trabalho
autônomo.
Banco no séc. XIV
As atividades comerciais se intensificam no
final da idades média.
A Imprensa de Gutemberg
Em 1452, o alemão Gutemberg desenvolve
uma máquina de imprensa* baseada em
tipos móveis (o tipógrafo), o que possibilitou
ampla e numerosa reprodução de obras
literárias. O público leitor se multiplicou e o
interesse pelo conhecimento dos antigos
gregos e romanos tomou conta do cenário
cultural.
Gutemberg não foi o inventor da imprensa,
como muito propagam. Ele apenas desenvolveu
a ideia já usada pelos chineses, criando os tipos
móveis. Isso simplificou e agilizou o processo
de impressão.
A chegada da invenção de Gutemberg ao país
possibilita o incremento da educação e o desenvolvimento
intelectual. A Universidade de Coimbra, por exemplo, era uma
das mais prestigiadas instituições de ensino da época.
Universidade de Coimbra
A expansão marítima foi o grande
passo para a hegemonia de
Portugal na região. Após a tomada
de Celta, no norte da África,
posição estratégica para a
circulação no mar Mediterrâneo e
no Oceano Atlântico, pois era uma
base de piratas mouros, as
navegações se expandem para
África, Ásia e América, tornando o
país uma das maiores potências
da época.
Tecnologia na Navegação
O desenvolvimento da tecnologia
de navegação facilitou as
“Grandes Navegações.
Rosa dos ventos
Astrolábio
O Mercantilismo
A reabertura do mar
Mediterrâneo pelas Cruzadas
possibilita o reaquecimento das
transações comerciais, com uso
mais intenso de moedas, a
criação de bancos, corporações
comerciais e de ofícios, feiras,
fazendo emergir, enfim, o
sistema capitalista e regras de
direito mercantil internacional.
Além disso, o contato com o
mundo árabe incrementa a
renovação cultural da Europa,
seja no campo artístico e
cultural como na tecnologia,
ciências, astronomia e
comércio.
Copérnico e a nova astronomia
Na astronomia, Copérnico desenvolve a teoria heliocêntrica, com
sistema planetário tendo o Sol como centro. Ele evita, porém, confrontar-
se com a Igreja, já que usa para justificar sua teoria alguns argumentos
religiosos.
A Igreja dividida
Grande parte da Igreja do
século XV tinha se afastado
dos princípios de pobreza
pregados por Cristo e pelos
primeiros apóstolos, e vivia no
luxo e na ostentação. Além
disso, a corrupção se
alastrava.
Motivos para o
descontentamento:
• Venda de cargos religiosos;
• Luxo, ostentação, vida
mundana e imoral dos
clérigos;
• Venda da Bula de
Indulgências.
A Igreja dividida
Grande parte da Igreja do
século XV tinha se
afastado dos princípios de
pobreza pregados por
Cristo e pelos primeiros
apóstolos, e vivia no luxo e
na ostentação. Além disso,
a corrupção se alastrava.
Motivos para o
descontentamento:
Venda de cargos
religiosos;
Luxo, ostentação, vida
mundana e imoral dos
clérigos;
Venda da Bula de
Indulgências.
• Período de transição entre Idade Média e
Renascimento;
• Valorização do ser humano;
• Surgimento da burguesia;
• Ênfase no antropocentrismo, ou seja, o homem no
centro do universo;
• As emoções humanas começaram a ser mais
valorizadas pelos artistas;
• Afastamento de dogmas;
• Valorização de debates e opiniões divergentes;
• Valorização do racionalismo e do método científico.
CARACTERÍSTICAS DO
HUMANISMO
5
PRECURSORES DO HUMANISMO
GIOVANNI
BOCCACCIO (1313-
1375) foi um poeta
italiano.
Sua obra-prima
"Decameron" - uma
coleção de cem contos
de amor inspirou
famosos pintores e
desenhistas do mundo
inteiro. Precursor do
Humanismo
renascentista era um
cronista do mundo
palpável, da
sensualidade dos
sentidos, dos prazeres
e dores carnais.
FRANCESCO
PETRARCA (1304-
1374) foi um poeta
italiano.
Humanista, foi um
dos precursores do
renascimento italiano.
Foi o inventor do
soneto, poema com
14 versos. É também
considerado o pai do
humanismo italiano.
DANTE ALIGHIERI
(1265-1321) foi o
maior poeta italiano da
literatura medieval.
Autor do poema épico
“A Divina Comédia”
onde relata sua
viagem imaginária ao
inferno, purgatório e
paraíso, encontrando
mortos ilustres do
passado ou de sua
época, discutindo fé e
razão, religião e
ciência, amor e
paixões.
Nas artes desse período, as cenas religiosas e a
vida dos santos deixam de merecer destaque. Dá-se
preferência para a representação da forma humana na
vida real, das cenas do cotidiano e dos personagens da
mitologia greco-romana. Os temas das obras, portanto,
realçam os valores antropocêntricos cultivados pelos
humanistas. Em vez de os artistas serem financiados
apenas pela igreja, o que explica a atenção quase
exclusiva para as cenas religiosas, a partir da expansão
mercantilistas eles serão também custeados pelos
burgueses, desejosos de verem retratados em obras
artísticas seu mundo e seus personagens.
O Humanismo na artes
Retrato de homem, de AntonelloRetrato de Margareta van
Eyck, de Jan van Eyck
O HUMANISMO EM PORTUGAL
Marco Inicial: 1434Designação de Fernão Lopes para Guardador-mor da Biblioteca da
Torre do Tombo (espécie de arquivo nacional), em que é nomeado
Cronista-mor do reino.
Marco Final: 1527Retorno de Sá de Miranda à Portugal depois de uma viagem de 5 anos
à Itália.
A moderna construção que
hoje abriga o Instituto dos
Arquivos Nacionais / Torre
do Tombo.
Em PORTUGAL...
A Revolução de Avis (1385) leva ao
poder D. João I, mestre de Avis, apoiado
pela burguesia mercantilista, e traz
grandes transformações ao país. O
período vai ser marcado pela
centralização política e pelo
desenvolvimento econômico, social e
cultural.
Entretanto, a produção poética passa
por uma crise. Entre 1350 e 1450 não se
tem notícias da circulação de texto
poéticos no país. A produção literária s
será retomada no reinado de D. Afonso
V, no século VI, já separada da música.
D. João I, o Mestre de Avis
Supõe-se que Fernão Lopes tenha escrito crônicas de todos os
reis de Portugal em sua função de Cronista-mor, porém apenas
três possuem autenticidade indiscutível. São elas:
• Crônica de El-Rei D. Pedro I
• Crônicas de El-Rei D. Fernando
• Crônicas de El-Rei D. João
33
A biografia de Gil Vicente é
imprecisa. Supõe-se que tenha
nascido em 1465 e morrido em 1537
e que tenha se dedicado à profissão
de ourives da rainha D. Leonor.
Provavelmente estudou em alguma
universidade da época, dada a gama
de conhecimentos revelados em sua
obra, em particular teológicos e
filosóficos. Viveu em ambiente
palaciano, trabalhando como mestre
de retórica de D. Manuel. Em 1502,
passa a trabalhar pra D. Leonor,
viúva de D. João II, na organização
dos espetáculos no palácio, dos
festejos reais de nascimento e
casamento, das comemorações de
datas cristãs e recepção de
convidados nobres.Estátua a Gil Vicente, em
Lisboa
38
Valeu-se do prestígio
que adquiriu na corte
para satirizar, por meio
de suas obras teatrais,
a hipocrisia e maus
costumes de alguns
nobres e membros do
clero. Sua obra,
contudo, retrata toda a
sociedade portuguesa
da época, desde o rico
comerciante da
próspera Lisboa ao
humilde camponês do
interior do país, com
seus costumes, sua
língua seu folclore. Como seria, na época de Gil
Vicente, a encenação de uma de
suas peças.
41
Poesia Palaciana
Os interesses materiais e
imediatistas do mercantilismo
enfraquecem a produção poética.
Os trovadores deixam de ser
financiados pela corte e subsiste
apenas produções de cunho
popular e informal. A literatura
passa a interessar-se mais por
produções de caráter prático, como
a prosa moralista, filosófica e as
crônicas.
45
POESIA PALACIANA
• O TEXTO SEPARA-SE DA MÚSICA;
• O POEMA É DECLAMADO;
• O POETA BUSCA RECURSOS COMO A
MÉTRICA EM 5 OU 7 SÍLABAS POÉTICAS, A
RIMA, A SONORIDADE – REDONDILHAS.
• Temas: influências trovadorescas e novidades
como o amor platônico.
• Reunidas no Cancioneiro Geral de Garcia de
Resende (1516)
CANTIGA
Acho que me deu Deus tudo
para mais meu padecer:
os olhos para vos ver,
coração para sofrer,
e língua para ser mudo.
Olhos com que vos olhasse,
coração que consentisse,
língua que me condenasse:
mas não já que me salvasse
de quantos males sentisse.
Assi que me deu Deus tudo
para mais meu padecer:
os olhos para vos ver,
coração para sofrer,
e língua para ser mudo.
Francisco de Sousa